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Lara T. de Matos2
RESUMO
Introdução
Despolitizar
Assim, o que primeiro me parece importante é pensar o papel “despolitizador”
ou neutralizador do pensamento político na sociedade brasileira: onde e como agiu a
ditadura para “amansar” o envolvimento político do cidadão e quais foram as
consequências surgidas desta investidura, sobre isto, Marcelo Ridenti diz:
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A primeira onda de repressão, no Brasil, foi, portanto, típica da maioria
dos golpes, no sentido de ter-se voltado contra os partidários do governo
deposto. A segunda onda de repressão ocorreu em fins da década de 1960,
com o surgimento de uma esquerda armada. Essa repressão foi mais brutal,
mais generalizada e mais centralizada que a onda anterior, mas ainda foi
bastante seletiva, uma vez, que a esquerda armada era pequena e
desprovida de apoio de massa. O regime militar criou as temidas unidades
especiais, policial-militares, os Departamentos de Operações Internas –
Comando Operacional de Defesa Interna (DOI-Codi), para erradicar a
“subversão” nos estados e trocar informações sobre a esquerda armada
com outros órgãos. [...]
Diferente da primeira onda que visou trabalhadores, militares, comunistas
e partidários de Goulart, esta nova onda concentrou-se nos obscuros
grupos da esquerda armada e suas supostas bases de apoio, que incluíam
estudantes, acadêmicos, jornalistas e clérigos. O Ato Institucional n. 5 (AI-
5), de fins de 1968, suspendeu o habeas corpus para crimes contra a
segurança nacional, conferindo às forças de segurança uma tremenda
liberdade de ação no tratamento dos presos. Os assassinatos e
desaparecimentos políticos aumentaram durante essa fase, que durou até
cerca de 1975. (PEREIRA, 2010 p. 56-57)
Parece que esta dinâmica paradoxal da política se estendeu também aos outros
mecanismos de repressão, assim, se estas diretrizes sobrevivem ao tempo, e
sobreviveram à abertura democrática, estão elas intimamente ligadas com o
pensamento social? Ou, para além disso, podemos trazer ainda algumas questões que
aparecem em alguns debates historiográficos: o que é a democracia restabelecida
depois do regime militar brasileiro? O que se esperaria de uma democracia depois de
vinte anos de ditadura? Quais as possibilidades democráticas vislumbradas sobre uma
sociedade sob um regime militar? O que é uma democracia? Quais as diferenças entre
a ditadura militar e a democracia no Brasil, no que diz respeito ao mecanismo sutil de
organização social política que se amplia e age no corpo?
Ahora bien, desde el teatro político de Erwin Piscator hasta las últimas
acciones urbanas, los acercamientos de la escena a la realidad y los modos
de entenderla no han dejado de variar. En respuesta a una realidad
mediatizada por las tecnologías de la imagen, en los últimos años se asiste
a una reivindicación de una realidad humana en bruto, que recupere al
individuo más allá de tecnologías mediáticas y discursos teóricos; se trata
de la defensa de una subjetividad más allá de intelectualismos, que vuelva
a presentarse, antes que nada, como una suerte de enigma, el enigma que
esconde toda vida humana en su expresión más irreductible como
presencia. Con el fin de acentuar esta dimensión física, sensorial e
inmediata, la escena se revela como un instrumento idóneo. El plano
político e histórico que aparecía de modo explícito en el teatro documental
de otras épocas queda ahora como telón de fondo de una realidad personal
y cotidiana, de las pequeñas realidades de personas anónimas en muchos
casos, esa intimidad azarosa y poética que Boris Vian bautizó como la
espuma de los días. (CORNAGO, 2005 p 3)
Acredito que a nudez na performance segue esta mesma lógica política atual
que acomete o teatro, a percepção de que a ideia sobre onde se concentra e como age
a política em nossos dias se amplia, ao mesmo tempo em que se complexifica,
deixando de se concentrar em um ambiente, ou à algumas pessoas, ou funções que
determinadas pessoas exercem.
A política se constrói em todos os lugares, por todas as pessoas, e é no corpo
que ela se mostra e se concentra cada vez mais fortemente. Principalmente porque o
corpo do indivíduo já não pode ser segmentado, o corpo e a identidade estão
completamente atrelados e a luta hoje se concentrar em liberar as percepções que
surgem do corpo e pintam a identidade e o comportamento, assim como aquelas que
fazem o caminho inverso, partem do comportamento e da identidade e são expressas
no corpo.
E neste sentido o primeiro conceito importante para embasar meu olhar sobre
essa nudez hoje é o de Biopolítica, no que diz respeito ao corpo como campo político
direto, e campo de controle direto, na primeira formulação sobre biopolítica Foucault
diz:
3
“Para refutar o viés revolucionário da liberação sexual, Foucault vai negar a validade dos dois
corolários da hipótese repressiva. Ele vai contestar a realidade histórica da interdição do discurso sobre
o sexo e a realidade histórica de que os mecanismos de poder operam no sentido de restringir a
sexualidade a alianças conjugais legítimas.”(86).
produzir as respostas adequadas a essas questões, que nos tornamos os
sujeitos do dispositivo de sexualidade. “ Ironia deste dispositivo – nota
Foucault - : ele nos faz crer que se trata de nossa ‘liberação’”. Quanto mais
nos debatemos na areia movediça da sexualidade, tanto mais nos
afundamos nela. (FARHI NETO, 2010 p 84-85)
O corpo esta no centro da discussão que os autores trazem, pois é ele que figura
neste limiar do público/social e privado/subjetivo, o enfoque dos dois autores, apesar
de não tocarem no conceito de biopolítica, complementa a discussão iniciada com
Foucault e apontando uma direção prática efetiva, rever as fronteiras do público e
privado na com olhares atentos aos domínios e intenções do mercado.
Efetivamente este percurso, ainda não fechado e bastante brumoso, é o que mais
parece contemplar todas as faces de uma ação simples mas potente, que é praticada
hoje em todo o mundo, em protestos e performances artísticas.
Referências bibliográficas
CORNAGO, Oscar. Biodrama. Sobre el teatro de la vida y la vida del teatro, Latin
American Theater Review (Kansas University) 39.1 (Fall 2005).
HARDT, Michael; NEGRI, Antonio. Multidão. 3a ed. - Rio de Janeiro: Record, 2014.