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CIMATEC

ALINHAMENTO DE
MÁQUINAS
(CONVENCIONAL)
CIMATEC

ALINHAMENTO DE
MÁQUINAS
(CONVENCIONAL)

Salvador
2004
Copyright 2004 por SENAI DR BA. Todos os direitos reservados

Área Tecnológica de Manutenção Industrial

Elaboração: Gaudênzio Erbertta

Revisão Técnica: Robson da Silva Magalhães

Revisão Pedagógica: Rita de Cássia Oliveira Cruz

Normalização: Alda Melânia César

Catalogação na fonte (NIT – Núcleo de Informação Tecnológica)


______________________________________________________

SENAI-DR BA. Alinhamento de Máquinas (Convencional).


Salvador, 2004. 54 p. il. (Rev.01)

1. Manutenção Industrial l. Título

CDD 621
_______________________________________________________

SENAI CIMATEC
Av. Orlando Gomes, 1845 - Piatã
Salvador – Bahia – Brasil
CEP 41650-010
Tel.: (71) 462-9500
Fax. (71) 462-9599
http://www.cimatec.fieb.org.br
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 7
2. PRINCÍPIOS BÁSICOS ...................................................................................... 7
2.1 DEFINIÇÃO ..................................................................................................... 7
2.2 CONCEITOS IMPORTANTES .............................................................................. 8
3. EFEITOS DO DESALINHAMENTO EM EQUIPAMENTOS ROTATIVOS.........10
3.1 VIBRAÇÃO .....................................................................................................10
3.2 ACOPLAMENTOS E MANCAIS ............................................................................10
3.3 SELAGENS AXIAIS E RADIAIS ............................................................................10
3.4 ENGRENAGENS ..............................................................................................10
3.5 EIXOS ...........................................................................................................10
4. DILATAÇÃO TÉRMICA .....................................................................................11
4.1 CONCEITOS BÁSICOS .....................................................................................11
4.2 CLASSIFICAÇÃO DA DILATAÇÃO TÉRMICA .........................................................11
4.3 CÁLCULOS DA DILATAÇÃO TÉRMICA LINEAR DOS SÓLIDOS ................................13
4.4 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS ..............................................................................13
4.5 EXERCÍCIOS PROPOSTOS ...............................................................................16
5. DETERMINAÇÃO DO ALINHAMENTO IDEAL A FRIO....................................16
5.1 MÁQUINAS SIMÉTRICAS ..................................................................................16
5.2 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS ..............................................................................18
5.3 EXERCÍCIOS PROPOSTOS ...............................................................................19
5.4 MÁQUINAS ASSIMÉTRICAS: .............................................................................21
6. INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS USADOS EM ALINHAMENTO ...............24
6.1 INSTRUMENTOS..............................................................................................23
7. PROCEDIMENTO E CUIDADOS GERAIS EM ALINHAMENTO ......................30
7.1 ANTES DO ALINHAMENTO ...............................................................................30
7.2 DURANTE O ALINHAMENTO .............................................................................31
7.3 APÓS O ALINHAMENTO....................................................................................33
8. ALINHAMENTO PELO MÉTODO “RIM AND FACE” .......................................34
8.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................34
8.2 DESCRIÇÃO DO PROCESSO ............................................................................34
9. ALINHAMENTO MÉTODO DE REVERSÃO PERIFÉRICA (GRÁFICO)...........41
9.1 DESCRIÇÃO DO PROCESSO ............................................................................42
9.2 EXEMPLO PRÁTICO ........................................................................................51
9.3 EXERCÍCIO PROPOSTO ...................................................................................54
Referências...............................................................................................................54
APRESENTAÇÃO

Com o objetivo de apoiar e proporcionar a melhoria contínua do padrão de qualidade


e produtividade da indústria, o SENAI BA desenvolve programas de educação
profissional e superior, além de prestar serviços técnico e tecnológicos.

Essas atividades, com conteúdos tecnológicos, são direcionadas para indústrias nos
diversos segmentos, através de programas de educação profissional,
consultorias e informação tecnológica, para profissionais da área industrial ou
para pessoas que desejam profissionalizar-se visando inserir-se no mercado de
trabalho.

Este material didático foi preparado para funcionar como instrumento de consulta.
Possui informações que são aplicáveis de forma prática no dia-a-dia do
profissional, e apresenta uma linguagem simples e de fácil assimilação. É um
meio que possibilita, de forma eficiente, o aperfeiçoamento do aluno através do
estudo do conteúdo apresentado no módulo.
1. INTRODUÇÃO

Máquinas rotativas industriais, tais como bombas, compressores, ventiladores, etc.,


são normalmente conectadas a seus acionadores através de acoplamentos
flexíveis. Esses tipos de acoplamentos são usados porque as mudanças de
temperaturas, partidas ou paradas dos equipamentos, podem causar movimentos
relativos entre seus eixos.

Todos os acoplamentos flexíveis trabalham sujeitos a limites de desalinhamento de


eixos. Ao operar fora desses limites, os acoplamentos estarão sujeitos a falhas
ou desgaste irregular. Mesmo operando dentro dos limites de seu projeto,
durante a operação desses acoplamentos são gerados esforços que atuam sobre
sua flexibilidade. Esses esforços (forças) normalmente aumentam, á medida que
o desalinhamento aumenta, decorrendo disso uma geração de cargas
indesejáveis sobre os elementos das maquinas. Esses esforços adicionais
provocam desgaste prematuro e/ou falhas inesperadas que causam, na maioria
das vezes, a redução ou paralisação do processo produtivo das industrias.

Com o intuito de facilitar o trabalho de alinhamento de eixos de maquinas, foram


desenvolvidos alguns processos de alinhamento, dos quais, escolhemos dois dos
mais abrangentes e incluímos neste trabalho, o qual, esperamos que seja grande
utilidade para os profissionais que trabalham em instalação de equipamentos
mecânicos rotativos.

2. PRINCÍPIOS BÁSICOS

2.1 Definição

Podemos definir o alinhamento de eixos, como sendo o processo pelo qual


posicionamos dois eixos, de forma que a linha de centro de um fique colinear em
relação à do outro (em condições normais de operação da máquina - Figura 1

Figura 1: Eixos Alinhados

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Pela definição acima, concluímos que na maioria dos casos, a posição a frio (com as
maquinas paradas e na temperatura ambiente) dos eixos alinhados não têm a
colinearidade entre suas linhas de centro.

Conceitos Importantes:

ALINHAMENTO A FRIO – procedimento de alinhamento feito com as maquinas


paradas nas condições do ambiente. Apesar de normalmente chamado de “a
frio”, a designação mais correta seria, “alinhamento nas condições do ambiente”,
pois, existem maquinas que em operação normal trabalham com temperaturas
abaixo da do ambiente.

O “alinhamento a frio”, deve prever as dilatações ocorridas nos equipamentos ao


atingem as condições de operação. Para compensação dessas dilatações,
normalmente não deixamos os eixos colineares, o que só vai acontecer (dentro
de determinadas tolerâncias) após as maquinas atingirem as condições normais
de operação (situação na qual, já se estabilizaram as dilatações ou contrações
térmicas, esforços internos e externos, etc.).

ALINHAMENTO A QUENTE – procedimento de alinhamento feito com as maquinas


paradas sob as condições de operação. Quando podemos executar o
alinhamento com as maquinas paradas sob as condições operacionais, o
“alinhamento a quente” è de extrema utilidade, pois, podemos deixar os eixos
colineares, porque não haverá mudança de posição relativa entre eles quando as
maquinas estiverem rodando.
Na grande maioria dos casos, isso não é possível, sendo apenas, em poucas
situações, feita uma verificação do alinhamento a quente, imediatamente após a
parada das maquinas nas condições normais de operação, com o intuito de
verificar se o alinhamento a frio foi feito corretamente.

DESALINHAMENTO PARALELO – também chamado de desalinhamento radial


,existe quando as linhas de centro dos eixos são paralelas entre si, mas, não
coincidentes (Figura 2).

Figura 2: Desalinhamento Paralelo

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DESALINHAMENTO ANGULAR – também chamado de desalinhamento axial ou
facial, é verificado quando as linhas de centro dos eixos são coplanares, porem,
formam um angulo entre si (Figura 3).

Figura 3: Desalinhamento Angular

DESALINHAMENTO COMBINADO – acontece quando temos a associação dos


dois anteriores, ou seja, as linhas de centro dos eixos não são coplanares e
formam um ângulo entre si (Figura 4).
Este é o tipo de desalinhamento normalmente encontrado na pratica.

Figura 4: Desalinhamento Combinado

SEPARAÇÃO AXIAL – é a distancia entre as faces dos cubos do acoplamento,


(Figura 5).

Figura 5: Separação Axial dos Eixos

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Essa distancia deve ser ajustada com os eixos das maquinas na posição axial
normal, ou seja, na posição assumida quando operando normalmente. Para
maiores detalhes, medidas e tolerância da “separação axial”, deve-se consultar o
manual de instruções da maquina ou do acoplamento.

3. EFEITOS DO DESALINHAMENTO EM EQUIPAMENTOS ROTATIVOS

Como vimos anteriormente, o desalinhamento entre eixos de maquinas rotativas


gera cargas adicionais sobre os seus elementos. Essas cargas podem causar os
seguintes efeitos:

3.1 Vibração

Alem de ser o principal efeito, a vibração é o primeiro sintoma que indica a


existência de um mau alinhamento entre eixos. Normalmente ela é caracterizada
por apresentar alta amplitude em uma freqüência de duas vezes a rotação,
principalmente na direção axial, que é igual ou maior que a metade da amplitude
na radial.

3.2 Acoplamentos e mancais

Esses elementos são as peças que primeiro sentirão os efeitos do desalinhamento,


pois, os movimentos relativos entre eixos geram cargas que serão absorvidas por
eles, causando desgaste prematuro e possível falha.

3.3 Selagens axiais e radiais

Nesses elementos, as folgas e paralelismo das superfícies de vedação são de


grande importância para seu perfeito funcionamento. Como o desalinhamento
causa vibração, esta por sua vez afeta diretamente o ajuste dessas peças,
causando atrito irregular, desgaste prematuro e vazamentos.

3.4 Engrenagens

Nessas peças, também, a vibração causada pelo desalinhamento gera problemas


ao engrenamento, o que alem de acelerar o desgaste dos dentes, aumenta
consideravelmente o nível de ruído.

3.5 Eixos

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Dependendo de sua robustez, quando sujeitos as cargas geradas pelo
desalinhamento, os eixos podem sofrer empenos, atrito com peças estacionárias
ou até mesmo vir a fraturar por fadiga.

4. DILATAÇÃO TÉRMICA

4.1 Conceitos Básicos

Um dos mais comuns efeitos da variação de temperatura sobre um corpo é a


mudança de suas dimensões. Quando aumentamos a temperatura de um corpo,
suas dimensões aumentam: é a “dilatação térmica”. Quando diminuímos a sua
temperatura, as dimensões são diminuídas: é a “contração térmica”.

A dilatação de um corpo que é promovida pelo aumento de sua temperatura é


conseqüência da agitação das moléculas do corpo: as mútuas colisões mais
intensas após o aquecimento causam maior separação entre as moléculas. De
maneira contraria, a diminuição da temperatura de um corpo reduz as colisões,
tornando as moléculas mais agregadas, o que promove uma redução nas
dimensões do corpo.

A partir daqui trataremos tanto a dilatação como a contração, apenas como


“Dilatação Térmica”, pois, como será visto adiante, os cálculos são os mesmos
para as duas.

4.2 Classificação da Dilatação Térmica

DILATAÇÃO LINEAR – aumento de uma dimensão, como por exemplo, o


comprimento de uma barra (Figura 6).

Figura 6: Dilatação Linear

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DILATAÇÃO SUPERFICIAL - Aumento de área de uma superfície, como a de uma
chapa (Figura 7).

Figura 7: Dilatação Superficial

DILATAÇÃO VOLUMETRICA – aumento de volume de um corpo (Figura 8).

Figura 8: Volumétrica

As três dilatações: linear, superficial e volumétrica sempre ocorrem


simultaneamente. Quando a barra da figura 6 tem seu comprimento aumentado,
sua secção e seu volume também aumentam. No entanto, na barra, o
comprimento é a dimensão predominante e sofre maior dilatação. Para o nosso
trabalho de alinhamento de eixos necessitamos basicamente do estudo da
dilatação linear dos sólidos.

12
4.3 Cálculos da Dilatação Térmica Linear dos Sólidos

Experiências físicas demonstraram que a variação de dimensões dos corpos é


diretamente proporcional à variação de temperatura, comprimento inicial e
depende do tipo de material. Com isso, chegou-se a seguinte fórmula:

∆L = αL0 ∆t

Onde:
L = Variação de comprimento
α = Coeficiente de dilatação linear, característico de cada material,
expresso em mm/ºC.,ver tabela Figura 9.
Lo = Comprimento inicial do corpo
t = Variação de temperatura (diferença entre a temperatura final e inicial).

Figura 9: Tabela com coeficientes de dilatação térmica linear

4.4 Exercícios Resolvidos

a) Uma barra a 10°C, comprimento de 500 mm, sendo feita de um material cujo
coeficiente de dilatação linear vale 0,000010 é aquecida até 50°C. Determine:
1º) A dilatação ocorrida
2º) O comprimento final da barra
Solução:

α = 0,000010
13
Lo = 500 mm
= 50 – 10 = 40ºC

1º) Substituindo os dados na formula, temos:


L = 0,000010 x 500 x 40
L = 0,20 mm

2º) O comprimento final “L” vale:


L = Lo + L
L = 500 + 0,20
L = 500,20 mm

b) Um compressor de refrigeração opera com sua carcaça que é de aço fundido, a


uma temperatura de – 5º; sendo a distância da linha de centro do eixo à base,
350 mm e considerando-se a temperatura ambiente igual a 30ºC, determine:
1º) Quanto será a medida do deslocamento do eixo, na direção vertical, quando a
maquina chegar na condição normal de operação.
2º) Em que sentido será esse deslocamento.

Figura 10: Esquema de Montagem de um compressor

Solução:

α = 0,00012
(valor de tabela, vida figura 9)
Lo = 350 mm
t = - 5 – 30 = -35º C (o sinal “-“ indica que teremos uma contração térmica)

1º) Substituindo os dados na formula, temos:


L = 0,000012 x 350 x (-35)
L = - 0,147 mm
Logo, a distancia do eixo à base reduziu em 0,147 mm. Esse será também o
deslocamento vertical do eixo.

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2º) Já que tivemos uma contração da carcaça, o eixo se deslocou verticalmente
para baixo.

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4.5 Exercícios Propostos

a) Determine a dilatação linear que ocorrerá em uma barra de alumínio a 20ºC que
tem um comprimento inicial de 600 mm, se a mesma for aquecida até 100ºC.

b) Qual o valor do coeficiente de dilatação linear de um material que aquecido de 28


a 80ºc aumenta de 100 para 100,1mm o seu comprimento?

5. DETERMINAÇÃO DO ALINHAMENTO IDEAL A FRIO

As maquinas rotativas normalmente operam com temperaturas acima ou abaixo da


temperatura ambiente, logo, estão sujeitas às dilatações ou contrações térmicas,
o que tem como conseqüência uma diferença na posição dos seus eixos quando
passam à condição normal de operação. A direção e medida dessa mudança na
posição dos eixos, em algumas maquinas, poderão ser encontradas no seu
manual de instruções ou conseguidas através de uma consulta ao fabricante. Se
isso não for possível, poderão ser usadas as orientações básicas que daremos
neste capitulo.

Após a obtenção das direções e medidas podemos determinar qual a melhor


posição a frio para os eixos de duas maquinas que trabalham acopladas, para
que os mesmos fiquem com suas linhas de centro colineares quando elas
estiverem na condição normal de operação.

Na determinação dos valores da dilatação ou contração térmica são usadas, como


referencia, duas direções básicas que são, a vertical e a horizontal. Damos a
seguir os principais casos encontrados na pratica:

5.1 Máquinas Simétricas

São máquinas cujo movimento do eixo na direção horizontal é desprezível, por


apresentarem simetria construtiva e térmica em suas carcaças, ex.: bombas
centrifugas, turbinas a vapor, compressores centrífugos multi-estágios de um só
eixo, motores elétricos, entre outras.

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A diferença de altura entre os eixos dessas maquinas pode ser calculada através de
uma composição da formula de dilatação térmica linear vista no capitulo anterior:

∆H = α a H a ∆Ta − α m H m ∆Tm
Onde:

H = Diferença de altura entre o acionador e a maquina movida, em mm, na


condição a quente.
α a = Coeficiente de dilatação da carcaça do acionador.
α m = Coeficiente de dilatação da carcaça da maquina movida.
Ha = Distância vertical entre a linha de centro do eixo do acionador e o ponto da
base que trabalha à temperatura ambiente, em mm.
Hm = Distância vertical entre a linha de centro do eixo da maquina movida e o ponto
da base que trabalha a temperatura ambiente, em mm.
Ta = Diferença entre a temperatura de trabalho e a temperatura ambiente da
carcaça ou caixas de mancal (caso a mesma seja separada da carcaça e
assentada em pedestais) do acionador, em ºC.
Tm = Diferença entre a temperatura de trabalho e a temperatura ambiente da
carcaça ou caixa de mancal (caso a mesma seja separada da carcaça e
assentada em pedestais) da maquina movida, em ºC.

Figura 11: Esquema de Montagem Máquina Simétrica

OBSERVAÇÕES:

Nos casos onde a carcaça ou caixas externas de mancal com pedestal (na condição
normal de operação) tenham pontos de temperaturas diferentes deverá ser
considerada a temperatura média.

• Quando o valor calculado de H é positivo o acionador deverá ser


posicionado, a frio, com a linha de centro de seu eixo abaixo da linha de
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centro do eixo da maquina movida. Quando o valor for negativo à posição
será o inverso.

• Esta formula só se aplica a equipamentos cujos eixos se deslocam


verticalmente com a dilatação da carcaça, mantendo-se na mesma posição
horizontal.

5.2 Exercícios Resolvidos

a) Caso de uma turbina a vapor, acionando uma bomba centrífuga de multi-estágio,


ambas com a carcaça de aço fundido. Dados:
Altura da linha de centro do mancal da turbina = 400 mm
Altura da linha de centro do mancal da bomba = 300 mm
Temperatura da caixa de mancal da turbina = 60ºC
Temperatura ambiente = 20ºC
Temperatura da carcaça e pedestais da bomba = 40ºC

Aplicando a formula, temos:

H = 0,000012 x 400 x (60 – 20) – [0,000012 x 300 x (40 – 20)]


H = 0,192 x 0,072
H = 0,120 mm

A linha de centro do eixo da turbina deverá ser posicionada, a frio, 0,12 mm abaixo
da linha de centro do eixo da bomba.

b) Motor elétrico acionado a uma bomba centrífuga. Dados:

Ha = 500 mm
Hm = 600 mm
Temperatura da carcaça do motor = 60ºC
Temperatura da carcaça e pedestais da bomba = 230ºC
Temperatura ambiente = 30ºC
Carcaça da bomba em aço fundido
Carcaça do motor em ferro fundido

Aplicando a formula temos:


H = 0,000011 x 500 x (60 – 30) – [0,000012 x 600 x (230-30)]
H = 0,165 – 1,44
H = - 1,275 mm

A linha de centro do eixo do motor elétrico devera ficar, a frio, 1,275 mm mais alta
que a linha de centro do eixo da bomba.

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5.3 Exercícios Propostos

a) Qual o posicionamento vertical a frio para o eixo de um motor elétrico que aciona
uma bomba centrifuga com os dados abaixo?
Ha = 300 mm
Hm = 150 mm
Temperatura do motor = 63ºC
Temperatura da bomba = 98ºC
Temperatura ambiente = 28ºC
Carcaça da bomba em ferro fundido
Carcaça do motor em ferro fundido

b) Qual o posicionamento vertical, a frio, para o eixo de uma turbina a vapor que
aciona um ventilador com os dados abaixo?
Ha = 400 mm
Hm = 200 mm
Temperatura dos pedestais das caixas de mancal da turbina = 60ºc
Temperatura das caixas de rolamento do ventilador = 55ºC
Temperatura ambiente = 30ºC
Carcaça da turbina e das caixas de rolamento do ventilador em ferro fundido.

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c) Os pedestais dos mancais de um compressor de refrigeração trabalham a 0ºC.
Esse compressor é acionado por um motor elétrico que trabalha a 50ºC. Sendo
Ha = Hm = 350 mm e a temperatura ambiente 30ºC, determine como deve ser o
alinhamento vertical, a frio, entre esses dois equipamentos, sabendo-se que os
pedestais do compressor são de aço fundido e carcaça do motor é em ferro
fundido.

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5.4 Máquinas Assimétricas

Máquinas que não apresentam simetria construtiva e/ou térmica na horizontal, em


suas carcaças: redutores e multiplicadores de velocidade, compressores de
parafusos, entre outras.

Nessas maquinas a linha de centro de seus eixos se deslocam tanto vertical como
horizontalmente, devido à dilatação térmica e movimentos mecânicos. Dado a
dificuldade nos cálculos para determinação das direções e valores desses
deslocamentos geralmente os fabricantes fornecem as informações necessárias
para o alinhamento a frio dessas maquinas. Como exemplo fornecemos a seguir
dois casos particulares conforme orientação de fabricantes:

MULTIPLICADOR DE VELOCIDADE:
A folga nos mancais e a dilatação térmica da carcaça, tanto na altura como na
largura, devem ser consideradas na determinação dos valores e direções dos
deslocamento dos eixos (Figura 12).

Figura 12: Diagrama de Dilatação e Movimentos Mecânicos

VALORES PARA ALINHAMENTO


----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Temperatura ambiente 25 C
----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Temperatura de funcionamento 60 C
----------------------------------------------------------------------------------------------------------
* e1 (mm) 0,039
* e2 (mm) 0,129
* h1 (mm) 0,035
* h2 (mm) 0,112
----------------------------------------------------------------------------------------------------------
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Dilatação da carcaça
----------------------------------------------------------------------------------------------------------
* h (mm) 0,106
* a1 (mm) 0,012
* a2 (mm) 0,095
----------------------------------------------------------------------------------------------------------

* Incluída a dilatação da carcaça.


De posse dos valores citados anteriormente é só calcular os deslocamentos dos
eixos das maquinas que estão acopladas aos eixos de entrada e saída do
multiplicador para determinar as posições do alinhamento a frio.

COMPRESSOR CENTRÍFUGO DE QUATRO ESTÁGIOS E 3 EIXOS

A carcaça dessa maquina, como na anterior, possui na sua base um ponto fixo, o
qual, faz com que a expansão térmica horizontal atue somente em um sentido
(Figura 13). A diferença nas linhas de centro dos eixos, entre a condição a
quente e a condição a frio, esta representada pela letra “a”.

Figura 13: Expansão térmica do Compressor

A = linha de centro do conjunto durante o funcionamento


B = linha de centro do compressor na condição a frio
C = linha de centro do acionador
D = sentido da dilatação
E = ponto fixo
“a” = diferença entre a condição a frio e a condição a quente

A dimensão “a” será obtida através do gráfico mostrado na Figura 14. Para isso
precisamos conhecer a distância do ponto fixo à linha de centro do compressor
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na condição a frio que é encontrada no manual da maquina. Vejamos um
exemplo:

Determine a dimensão “a” para o alinhamento horizontal de um compressor cuja


distancia do ponto fixo à linha de centro da carcaça é 2150 mm.

Solução:

Em primeiro lugar, marcamos no eixo horizontal o valor da distância do ponto fixo


(2150 mm), conforme mostrado na Figura 14; e em seguida levantamos uma
perpendicular por este ponto, ate atingirmos a reta inclinada.

Figura 14: Gráfico para determinação da Medida ‘’a’’

Feito isso, traçamos uma linha horizontal do ponto encontrado sobre a reta inclinada
ate atingir o eixo vertical, obtendo assim, o valor de 0,71 mm.

Esse valor será fisicamente encontrado quando o compressor dilatar na direção


horizontal; logo, devemos deixar, no alinhamento a frio, a linha de centro do
acionador deslocada 0,71 mm para a esquerda da linha de centro do compressor,
usando como referencia a Figura 13.

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Nota:
Os exemplos acima são informações de fabricantes para determinados modelos e
tamanhos para equipamentos, logo, não devem ser usados de forma geral.

6. INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS USADOS EM ALINHAMENTO

6.1 Instrumentos

RELÓGIO COMPARADOR:

Este instrumento (Figura 15) é usado para obtenção de leituras dos


desalinhamentos e para medição de deslocamentos laterais do equipamento que
será movido durante o alinhamento (Figura 16).

Devemos escolher relógios comparadores de boa qualidade com o maior mostrador


possível e com a menor divisão em centésimos de milímetro.

Figura 15: Relógios Comparadores.

24
Figura 16: Utilização dos relógios comparadores

MICROMETRO PARA MEDIDAS INTERNAS (TUBULAR):

Instrumento normalmente usado para medir a separação axial entre as faces dos
cubos de acoplamento das maquinas em processo de alinhamento (Figura 17).

Figura 17: Micrômetro Interno

Figura 18: Uso do micrômetro interno

25
MICROMETRO PARA MEDIDAS EXTERNAS:

Esse instrumento (Figura 19) é usado para medirmos a espessura dos calços
utilizados no alinhamento.

Figura 19: Micrometro Externo

CALIBRADOR DE LAMINAS (Figura 20)

Instrumento usado na medição da separação axial das faces dos cubos de


acoplamento quando essa medida for bastante reduzida, figura 18. Ele também
pode ser usado para realização de pré-alinhamento axial.

Figura 20: Calibrador de Lâminas e seu uso.

26
TRENAS (Figura 21)

Este instrumento é usado para a mediação das distancias entre os pés e cubos de
acoplamento dos equipamentos a serem alinhados. Para esta mesma finalidade
podemos utilizar as réguas de precisão. Essas medições serão detalhadas nos
processos de alinhamento.

Figura 21: Trenas

DISPOSITIVOS:

a) SUPORTES DE ALINHAMENTO
São dispositivos usados para fixar o relógio comparador ao cubo de acoplamento
ou eixo permitindo a tomada de leitura durante o alinhamento.

27
Figura 22 Dispositivos

FIXADOR DE EIXOS

É o dispositivo usado para fazer com que o eixo de uma maquina, gire ao mesmo
tempo em que o outro, durante as tomadas das medidas com os relógios
comparadores (Figura 23).

28
Esse procedimento evita que a falta de concentricidade ou irregularidades na
superfície dos cubos de acoplamento causem medidas errôneas durante o
alinhamento.

Esse dispositivo pode ter as formas mais variadas dependendo do tipo do


acoplamento e da distancia entre as faces dos cubos.

Obs.: Da forma mostrada na Figura 23, o dispositivo também é usado com a


intenção de manter a separação axial durante o alinhamento.

Figura 23: Fixador de Eixos.

MACACOS DE PARAFUSO

São dispositivos normalmente permanentes que servem para mover lateralmente as


maquinas durante o processo de alinhamento (Figura 24).

Caso a maquina a ser alinhada não possua esses dispositivos é recomendável sua
instalação, pois, alem de facilitar, reduzirá consideravelmente o tempo do
alinhamento.

Figura 24: Macacos de Parafusos.

29
7. PROCEDIMENTO E CUIDADOS GERAIS EM ALINHAMENTO

7.1 Antes do Alinhamento

a. Antes de folgarmos os parafusos dos pés e desconectarmos alguma tubulação


de um equipamento que vai ser retirado para manutenção devemos armar os
relógios comparadores e tomar uma leitura do seu atual alinhamento. Esta leitura
servirá para verificarmos o estado de alinhamento da maquina e poderá ser
utilizada como referencia para o realinhamento da mesma.

b. Devemos, sempre que possível, verificar se alguma tubulação conectada ao


equipamento esta exercendo esforços demasiados sobre o mesmo, pois, a não
correção dessa possível irregularidade poderá provocar desalinhamento quando
da maquina em operação. A rigor, em grandes maquinas, devemos soltar todas
as suas tubulações antes de iniciarmos o alinhamento.

c. Quando retiramos um determinado equipamento para manutenção, os seus


calços de alinhamento devem ser identificados quanto as suas localizações na
base e guardados para posterior utilização. Esse procedimento facilitará
consideravelmente o serviço de alinhamento.

d. Escolha o método de alinhamento a ser utilizado e anote os valores de


alinhamento ideal a frio e as tolerâncias de desalinhamento. Essas informações
podem ser obtidas nos manuais de fabricantes dos equipamentos / acoplamentos
ou através do pessoal de manutenção a partir de cálculos teóricos e experiência
pratica.

e. Providencie os materiais necessários ao alinhamento, ou seja: ferramentas,


dispositivos, instrumentos, material de consumo, papel milimetrado, régua,
prancheta, lapiseira, borracha, etc. Estes matérias devem estar todos a mão para
que não percamos tempo durante o alinhamento.

f. O uso de calços de aços carbono em alinhamento é desaconselhado devido a


sua rápida corrosão, o que pode provocar o desalinhamento dos equipamentos.
Por esse motivo devemos sempre usar calços de aços inoxidáveis, ou, na falta
destes, calços de latão.

g. Cada instrumento a ser usado no alinhamento deve ser inspecionado para


verificação de possíveis defeitos. Os relógios devem ser observados quanto a
emperramentos, os micrômetro aferidos, etc.

h. Devemos verificar se os suportes de alinhamento a serem usados são realmente


rígidos para não tornarem falsas as leituras executadas. Essa verificação é
possível usando-se um eixo robusto, ao qual é fixado o suporte com o relógio e o
conjunto apoiado entre pontas num torno, ou, como mostrado na Figura 25. Zera-

30
se o relógio no ponto superior e gira-se o conjunto de 180º, se houver
movimentos no ponteiro do relógio, significa que o suporte precisa ser enrijecido.

Figura 25: Verificação da rigidez do suporte

i. Antes do assentamento de um equipamento sobre sua base metálica devemos


nos certificar de que seus pés estejam limpos, planos e paralelos entre si. A base
também deve ser inspecionada quanto à rigidez, nivelamento, planicidade e
limpeza.

j. Verifique a existência de “pé manco” e corrija com calços.

k. Monte os dispositivos e instrumento conforme o método utilizado.

l. Devemos marcar as faces dos cubos de acoplamento, a cada 90º, para facilitar a
localização dos corretos pontos de tomada de leitura com o relógio. Uma
referencia feita no ponto fixo da carcaça garantirá que todas as leituras serão
tomadas sempre na mesma posição. Esse ponto fixo pode ser o plano de junta
da caixa de mancal.

7.2 Durante o Alinhamento

a. Antes de começarmos o alinhamento propriamente dito devemos fazer um pré-


alinhamento e posicionar as maquinas com as corretas separações axiais. Esse
pré-alinhamento pode ser feito usando-se régua de precisão ou até mesmo os
relógios e tem como finalidade deixarmos os desalinhamentos com, no máximo,
3 mm, dependendo da faixa de leitura dos relógios que serão utilizados.

b. Antes de cada tomada de medidas devemos apertar firmemente os parafusos


dos pés dos equipamentos que estão sendo alinhados.

31
c. As medidas tomadas com os relógios comparadores devem ser feitas girando os
dois eixos ao mesmo tempo, para que a falta de concentricidade e/ou
irregularidades nas superfícies dos cubos, não mascarem os calores obtidos. Se
de alguma forma não for possível girarmos os eixos ao mesmo tempo, temos que
ter certeza de que o cubo que vai ficar parado esteja com sua face perpendicular
e/ou sua periferia concêntrica em relação a seu eixo.

d. Devemos sempre, antes de iniciarmos uma tomada de leituras, tocar levemente


no suporte a fim de verificar se os relógios estão firmemente fixados ao mesmo.

e. As medições com os relógios devem ser feitas o mais próximo possível das
linhas de centro vertical e horizontal dos cubos do acoplamento. Usar o
referencial citado no item ‘’l’’ na página nº 31.

f. O giro para tomada de leituras deve parar no ponto de partida onde os relógios
devem marcar o zero inicial. Caso isso não ocorra, refaça as leituras até obter
uma repetição de 3 vezes com o relógio retornando ao zero inicial.

g. Nas medidas tomadas com o relógio, à soma algébrica das leituras verticais deve
ser igual a soma algébrica das leituras horizontais, exemplo:

Soma das leituras verticais:


0 + 0,05 = +0,05
Soma das leituras horizontais:
+ 0,08 + (- 0,03) = + 0,05

h. Quando o desalinhamento é muito grande pode ser tolerável até uma diferença
de 0,02 mm entre as somas acima. Caso seja encontrada uma diferença maior,
refaça as leituras até obter uma repetição de 3 vezes com a diferença igual ou
menor que 0,02 mm.

i. Durante o alinhamento normalmente fixamos uma máquina e alinhamos a outra


em relação a esta. A escolha de qual máquina será fixa e qual será a movida,
depende do arranjo das tubulações, tipo das máquinas, facilidade de
movimentação, entre outros fatores. Para cada caso devemos fazer uma previa
análise e escolher a maneira mais adequada. Como guia, damos a seguir
algumas sugestões gerais:
Motor elétrico acoplado a outros equipamentos – normalmente move-se o
motor.
Turbina a vapor acoplada a bomba – depende das tubulações, mas
normalmente movemos a turbina.
Turbina a vapor acoplada a compressor centrifugo – analisar.
Multiplicador (ou redutor) entre acionador e maquina acionada – fixar o
multiplicador (ou redutor) e mover as outras duas maquinas.

32
Trem de três ou mais maquinas – fixar a maquina mais central e mover as
outras a partir desta.

j. Os calços usados no alinhamento devem estar completamente planos, limpos,


cortados sem rebarbas e com suas quinas arredondadas, para facilitar e evitar
dobras durante sua colocação (Figura 26).

Figura 26: Corte dos calços de alinhamento

Os calços devem ser cortados de tal forma que preencham toda a superfície do pé
do equipamento onde estão sendo colocados.

Devemos evitar a utilização de muitos calços em um só pé, pois, isso poderá


provocar um “efeito de mola”. Recomendamos que a partir de uma espessura de
3mm, seja confeccionado um calço único, em aço inoxidável, devidamente
usinado e trocado pelo feixe existente.

k. No final do alinhamento, quando já estivermos com as maquinas nas posições


desejadas, devemos fazer o aperto final dos parafusos dos pés de todos os
equipamentos envolvidos e novamente conferir, com os relógios, os valores
finais. Caso tenha havido alguma alteração continuar o processo de alinhamento.

l. Nos casos em que hajam tubulações para serem conectadas, após a conclusão
do alinhamento, este serviço deve ser feito monitorando-se, com os relógios,
possíveis desalinhamentos decorrentes de esforços demasiados das tabulações,
os quais indicam falta de paralelismo e / ou concentricidade das mesmas.

7.3 Após o alinhamento

a. Montar e lubrificar corretamente os acoplamentos (quando aplicável), colocar as


vedações e fixar os parafusos dos seus flanges. Caso haja recomendação do
fabricante, devemos apertar os parafusos com torquímetro.

b. Instalar a proteção do acoplamento

33
c. Com a maquina funcionando, verificar se as condições operacionais são as
especificadas. Temperaturas de trabalho acima ou abaixo das normas afetam
diretamente o alinhamento.

d. Medir ou se necessário executar uma análise de vibração para verificar se o


alinhamento foi executado corretamente.

8. ALINHAMENTO PELO MÉTODO “RIM AND FACE”

8.1 Introdução

Esse é o método de alinhamento entre eixos mais usado em nossa vida prática.
Com a determinação dos desalinhamentos (angular e radial) é perfeitamente
possível calcularmos os calços (“shim”) ou deslocamentos laterais necessários ao
alinhamento entre dois eixos.

8.2 Descrição do Processo

CUIDADOS ANTERIORES AO ALINHAMENTO.

Como vimos anteriormente, antes de iniciarmos qualquer alinhamento, devemos


determinar que método ou processo será usado. Se optarmos pelo método “Rim
and Face”, devemos observar os seguintes pontos:

Esse método torna-se mais preciso quando a distância entre os cubos do


acoplamento é menor ou igual que 1,5 vezes o diâmetro do acoplamento, ver
Figura 27.

Ex.: Ø (diâmetro) do acoplamento = 200 mm


d = distancia max. entre cubos = 300 mm

Figura 27: Distância entre eixos

Quanto maior for o diâmetro de leitura do desalinhamento angular, teremos maior


precisão no resultado dos cálculos finais.
34
O melhor seria estipularmos em um mínimo de 1,5 vezes o diâmetro do
acoplamento, mas, como sabemos, em alguns casos se torna impossível
conseguirmos isto por problemas de espaço ou mesmo de dispositivos,
nestes casos, devemos aumentar o diâmetro de leitura (ØL) o mais que
pudermos. Ver figura 26.

Figura 28: Medida Desalinhamento Angular

PARÂMETROS, CONVENÇÕES E MONTAGEM DOS RELÓGIOS

O método “RIM AND FACE” (Figura 29) utiliza relógios comparadores na face e na
periferia do cubo, os quais medem respectivamente o desalinhamento axial
(angular) e radial (paralelo).

Figura 29: “RIM AND FACE” - Montagem dos Relógios

ØL = Diâmetro de leitura do desalinhamento axial;


L1 = Distancia do plano de leitura do desalinhamento axial ate os pés
dianteiros da maquina móvel
L2 = Distancia do plano de leitura do desalinhamento axial ate os pés
traseiros da maquina móvel;
35
P1 = Espessura dos calços ou deslocamento horizontal dos pés dianteiros
da maquina móvel;
P2 = Idem dos pés traseiros da maquina móvel;
Ra = Relógio das leituras axiais;
Rr = Relógio das leituras radiais;

DESENVOLVIMENTO DA FÓRMULA

Figura 30: Desalinhamento Angular

Figura 31: Transposição das Medidas para os pés

Acima, os ângulos A e B são iguais, daí temos que por semelhança de triângulos:

ΦL Da Da × L1 L1
= onde P 1= ou P1=Da ×
L1 P1 ΦL ΦL

Devemos observar que durante todo o alinhamento, L1 e ØL são constantes, o que


muda são as leituras tomadas nos relógios, “Rr” e “Ra”, com isso, podemos
determinar a constante C1:

C1 = L1/ØL

Então nossa fórmula fica: P1 = Da x C1

36
Com o que já vimos ate agora, podemos corrigir o desalinhamento axial, mas, só
isso não basta, porque sabemos que na maioria dos casos os desalinhamentos
axial e radial são conjugados. Para que a correção total seja feita, devemos
incluir a parcela do desalinhamento radial na formula, ou seja:

P1 = Da x C1 - Dr

Onde a referida parcela (Dr), é a leitura do desalinhamento radial dividido por 2, pois,
o desalinhamento radial medido com os relógios é o dobro do real.

Na formula anterior temos:

P1 = Correção nos pés dianteiros da maquina móvel;


Da = Desalinhamento axial (vertical ou horizontal);
C1 = Constante igual a L1/ØL
Dr = Desalinhamento radial (vertical ou horizontal)

Por analogia, temos para os pés traseiros:

P2 = Da x C2 - Dr

Onde:

C2 = L2/ØL
P2 = Correção nos pés traseiros da maquina móvel

Nota importante:

Na correção vertical quando P1 ou P2 são positivos significa que devemos


acrescentar calços nos pés da maquina móvel e quando são negativos devemos
retirar calços dos pés da maquina móvel.

Na correção horizontal quando P1 ou P2 são positivos significa que devemos


deslocar a maquina móvel para a esquerda e quando são negativos devemos
deslocar a maquina móvel para a direita. Ver Figura 33.

EXECUÇÃO DAS LEiTURAS

As leituras devem ser feitas a cada 90º, tanto no relógio da axial (Ra) como no
relógio da radial (Rr) e considerado o lado direito e esquerdo conforme o
referencial da Figura 33. Veja exemplo a seguir:

37
Figura 32: Medidas registradas em um durante um alinhamento

Onde:

S = Leitura do lado superior;


I = Leitura do lado inferior;
E = Leitura do lado esquerdo;
D = Leitura do lado direito;
Ra = Relógio da axial
Rr = Relógio da radial

CÁLCULO DOS DESALINHAMENTOS

Com as leituras executadas calculamos os desalinhamentos axiais e radiais, tanto


na vertical como na horizontal, usando as seguintes fórmulas:

a. Vertical

Dav = I–S (desalinhamento axial na vertical)

I −S
Drv = (desalinhamento radial na vertical)
2

b. Horizontal

Dah = D – E (desalinhamento axial na horizontal)

D−E
Drv = (desalinhamento radial na horizontal)
2

38
EXEMPLOS:

ØL = 200 mm
L1 = 250 mm
L2 = 425 mm

a. CÁLCULO DAS CONSTANTES C1 E C2

C1 = L1/ØL = 250/200 = 1,25


C2 = L2/ØL = 425/200 = 2,125

b. PREPARAÇAO DAS FORMULAS

P1 = Da x 1,25 - Dr
P2 = Da x 2,125 - Dr

c. CÁLCULOS DAS CORREÇÕES CONSIDERANDO AS LEITURAS ABAIXO

CORREÇÃO NA HORIZONTAL

Dah = D - E = - 0,08 (- 0,03) = -0,05

39
D − E − 0,08 − (−0,04)
Drh = = = −0,02
2 2

P1 = Dah x 1,25 - Drh


P1 = - 0,05 x 1,25 - (- 0,02)
P1 = - 0,062 + 0,02
P1 = - 0,042 mover para direita

P2 = Dah x 2,125 - Drh


P2 = -0,05 x 2,125 - (- 0,02)
P2 = -0,106 + 0,2
P2 = -0,086 mover para direita

CORREÇÃO NA VERTICAL

Dav = I - S = - 0,11 - 0 = - 0,11


I − S − 0,12 − 0
Drv = = = −0,06
2 2

P1 = Dav x 1,25 - Drv


P1 = - 0,11 x 1,25 - (- 0,06)
P1 = - 0,137 + 0,06
P1 = - 0,077 retirar calço

P2 = Dav x 2,125 - Drv


P2 = - 0,11 x 2,125 - (- 0,06)
P2 = -0,233 + 0,06
P2 = - 0,173 retirar calço

d. CÁLCULOS DAS CORREÇÕES CONSIDERANDO AS LEITURAS ABAIXO

CORREÇÃO NA HORIZONTAL
Dah = D - E = + 0,02 - (- 0,06) = + 0,08
40
D − E + 0,06 − ( −0,18)
Drh = = = +0,12
2 2

P1 = Dah x 1,25 - Drh


P1 = + 0,08 x 1,25 - 0,12
P1 = + 0,10 - 0,12
P1 = - 0,02 mover para direita

P2 = Dah x 2,125 - Drh


P2 = + 0,08 x 2,125 - 0,12
P2 = + 0,17 - 0,12
P2 = + 0,05 mover para esquerda

CORREÇÃO NA VERTICAL

Dav = I - S = - 0,04 - 0 = -0,04


I − S − 0,12 − 0
Drv = = = −0,06
2 2

P1 = Dav x 1,25 - Drv


P1 = - 0,04 x 1,25 - (-0,06)
P1 = - 0,05 + 0,06
P1 = + 0,01 colocar calço

P2 = Dav x 2,125 - Drv


P2 = - 0,04 x 2,125 - (-0,06)
P2 = - 0,085 + 0,06
P2 = - 0,025 retirar calço

9. ALINHAMENTO MÉTODO DE REVERSÃO PERIFÉRICA (GRÁFICO)

Este processo é recomendado para os casos em que a distancia entre as faces dos
cubos é igual ou maior que 1,5 vezes o diâmetro do acoplamento.
Neste método não há necessidade de fazermos leituras nas faces dos cubos.

41
9.1 Descrição do Processo

A Figura 33 e a Figura 34 , mostram os parâmetros, convenções e montagem dos


relógios utilizados nesse método.

Figura 33: Parâmetros e conversões para o alinhamento

42
Figura 34 Método Reverso – Montagem dos Relógios

a. Inicialmente tome as medidas L, L1 e L2, com o auxilio de uma trena ou régua de


precisão. Essas dimensões devem ser tomadas com uma precisão de +/- 4 mm.
Ver Figura 33.

b. Monte o suporte e relógios como mostrado na Figura 34. Zere o relógio do cubo
da maquina fixa na posição superior e gire os cubos ao mesmo tempo de 360º,
fazendo leituras a cada 90º. Repita o procedimento com o relógio do cubo da
maquina móvel.

Para facilitar os cálculos e a manipulação dos dados utilize a unidade de centésimos


de milímetro para expressar os valores obtidos com os relógios comparadores.

A referencia para a anotação das leituras é considerado um observador posicionado


atrás da maquina fixa e olhando para a maquina móvel, conforme mostrado na
figura 30. Um exemplo de tomadas de leituras é mostrado a seguir:

Onde:
43
S =lado superior
I =lado inferior
E =lado esquerdo
D =lado direito
F =cubo maquina fixa
M =cubo maquina móvel

c. Agora que você já tem as leituras tomadas com os relógios calcule os


desalinhamentos vertical e horizontal como mostrado a seguir:

Use as seguintes formulas:

Dv =(I-S)/2 Dh = (D-E)/2

Onde:

Dv = desalinhamento vertical
Dh = desalinhamento horizontal
I = leitura inferior
S = leitura superior
D = leitura da direita
E = leitura da esquerda

Usando o exemplo do item anterior, temos:

MAQUINA FIXA MAQUINA MÓVEL


Dvf = [(- 8) - (0)] / 2 = - 4 Dvm = [(+ 10) - (0)] / 2 = + 5
Dhf = [(- 2) - (- 6)] / 2 = + 2 Dhm = [(+ 6) - (+ 4)] / 2 = + 1

d. De posse dos valores de desalinhamento represente graficamente a posição


relativa das linhas de centro dos eixos no plano vertical.

44
Em uma folha de papel milimetrado trace duas linhas retas horizontais que
representarão a linha de centro do eixo da maquina fixa e serão chamadas
de linhas de zero, Figura 35.
Em uma das linhas será traçado o gráfico do plano vertical e na outra, o
plano horizontal. É importante centralizar as linhas no papel para que ao
traçarmos os gráficos, as linhas de um, não se cruzem com as do outro,
ver Figura 35.

Usando os valores medidos de L, L1, L2, trace quatro linhas verticais que
representarão, da esquerda para a direita, os seguintes planos:
- Plano de leitura do cubo da maquina fixa;
- Plano de leitura do cubo da maquina móvel;
- Plano que contem o centro dos parafusos dos pés dianteiros da
maquina móvel;
- Plano que contem o centro dos parafusos dos pés traseiro da
maquina móvel;

Deve ser usada uma escala adequada para esta representação. Como
sugestão, use 20 mm por divisão do papel milimetrado.
Vamos usar como exemplo os valores, L = 350 mm, L1 = 810 mm e L2 =
2260 mm, Figura 35.

Obs.: A linhas verticais devem cruzar as abscissas do “plano vertical” e


“plano horizontal”.

e. Represente o valor do desalinhamento vertical obtido no cubo da maquina fixa


(Dvf = - 4). Valores positivos são marcados acima da linha de zero e valores
negativos são marcados abaixo da linha de zero.

Use uma escala adequada para esta representação. Como sugestão, use 0,01 mm
por divisão. Ver
Figura 36 .

Represente agora o valor do desalinhamento vertical obtido no cubo da maquina


móvel (Dvm = + 5). Neste caso, valores positivos são marcados abaixo da linha de
zero e valores negativos são marcados acima da linha de zero. Ver.

Trace uma linha reta passando pelos pontos marcados e prolongue a mesma até
cruzar a linha vertical que representa o plano que contem os pés traseiros da
maquina móvel. Essa reta representa a posição da linha de centro do eixo da
maquina móvel, no plano vertical. Ver Figura 36.

45
Figura 35: Traçado das Linhas

46
Figura 36: Traçado das Leituras Eixo Plano Vertical

47
f. Represente agora a posição relativa das linhas de centro dos eixos, no plano
horizontal.

Como as coordenadas do gráfico para o plano horizontal já estão


traçadas, basta agora fazer a representação gráfica dos desalinhamentos
neste plano, ver Figura 37.

Represente o valor do desalinhamento horizontal, obtido no cubo da


maquina fixa (Dhf = + 2). Valores positivos são marcados acima da linha de
zero (lado esquerdo) e valores negativos são marcados abaixo da linha de
zero (lado direito).
A escala deverá ser a mesma usada na representação do desalinhamento
vertical, ver Figura 37.

Agora, represente o valor do desalinhamento horizontal obtido no cubo da


maquina móvel (Dhm = + 1). Lembre-se que neste caso, valores positivos
são marcados abaixo da linha do zero (lado direito) e valores negativos
são marcados acima da linha do zero (lado esquerdo). Ver Figura 37.

Trace uma linha reta passando pelos pontos marcados e prolongue a


mesma até cruzar a linha vertical que representa o plano que contem os
pés traseiros da maquina móvel. Essa reta representa a posição da linha
de centro do eixo da maquina móvel, no plano horizontal. Ver Figura 37.

g. Agora que você traçou graficamente as posições relativas dos eixos das
maquinas falta apenas determinar as correções necessárias para deslocar a
maquina móvel, ate a posição desejada (a frio).

Caso em que o eixo da maquina móvel deve ficar colinear (“zerado”) com
o eixo da maquina fixa.

- No plano vertical – colocar um calço com 0,06 mm de espessura em


cada pé dianteiro e colocar um calço com 0,10 mm de espessura em
cada pé traseiro. Ver Figura 38.

- No plano horizontal – deslocar 0,04 mm para esquerda na direção dos


pés dianteiros e deslocar 0,16 mm para a esquerda na direção dos
pés traseiros. Ver Figura 38.
Para deslocar a maquina no plano horizontal, você deve colocar 2
relógios comparadores como mostrado na Figura 16 e acionar
lentamente os macacos de parafusos.

48
Figura 37: Traçado das Leituras Eixo Plano Horizontal

49
Figura 38: Dimensões dos Calços

50
9.2 Exemplo Prático

O caso anterior foi apenas uma ilustração para facilitar o entendimento do processo,
pois, na pratica, não é comum que na condição a frio as linhas de centro dos
eixos devam estar colineares (“zero-zero”), logo, você deve então obter junto ao
fabricante do equipamento ou calcular, a correta posição a frio para os eixos das
maquinas.

Considere que o alinhamento, a frio, ideal neste caso seja:

-34

Utilizando o mesmo processo descrito anteriormente, represente esta condição no


mesmo papel milimetrado, com uma única diferença, suas linhas devem ser
tracejadas. Ver Figura 39.

Agora que você tem a condição encontrada e a condição desejada, é só verificar


quais são as correções necessárias para deslocar o eixo da maquina móvel, ate
a condição ideal a frio.

Observando no gráfico da Figura 39, as correções são as seguintes:

a. No plano vertical – retirar 0,04 mm da espessura dos calços dos pés dianteiros e
colocar um calço de 0,12 mm de espessura em cada pé traseiro.

b. No plano horizontal – deslocar 0,13 mm para esquerda na direção dos pés


dianteiros e 0,46 mm, também para a esquerda na direção dos pés traseiros.

Depois de executar as correções realize novas leituras com os relógios para


verificar os resultados obtidos. Caso a maquina movida não esteja na posição
desejada, o que normalmente acontece devido a erros diversos, repita o
processo usando as novas leituras, quantas vezes sejam necessárias para
chegar até as tolerâncias pré-estabelecidas para o desalinhamento.

51
Figura 39: Exemplo prático

52
Para facilitar a execução e registro deste processo de alinhamento, mostramos na
Figura 40 uma sugestão para mapa de registro de alinhamento.

Figura 40

53
9.3 Exercício Proposto

Determine as correções necessárias para o alinhamento de um motor elétrico


acoplado a uma bomba, considerando:

Alinhamento encontrado:

Alinhamento desejado:

L = 200 mm, L1 = 600 mm, L2 = 1200 mm

Referências

54
SENAI-DR/BA (DENDEZEIROS). Alinhamento de equipamentos rotativos.
Salvador, 2000.

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