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Minissimulado
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Processo Penal

“Se eu tivesse 8 horas para cortar uma árvore,


gastaria seis afiando meu machado” - Abraham Lincoln

O presente minissimulado contém 25 questões AUTORAIS de Direito Processual


Penal. Trata-se de um compilado de questões que retiramos das nossas turmas de
simulados (selecionamos questões de todas as turmas).
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Sobre o Projeto em Delta

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Direito Processual Penal

01) (Questão autoral – Projeto em Delta) descreverá o cadáver, com todos os sinais
Acerca das disposições do Código de Processo e indicações.
Penal Brasileiro no que diz respeito às provas, COMENTÁRIOS: A) INCORRETA, visto que, nos
assinale a alternativa CORRETA: termos do art. 155, parágrafo único, do Código de Processo
Penal “somente quanto ao estado das pessoas serão
A) Serão observadas as restrições
observadas as restrições estabelecidas na lei civil”. Dessa
estabelecidas na lei civil na produção de
forma, não há que se falar em tais restrições em toda e
quaisquer provas no âmbito processual qualquer prova no âmbito processual penal.
penal; B) INCORRETA, já que a definição trazida pela assertiva se
B) São inadmissíveis, devendo ser refere, na verdade, às provas ilícitas, definidas como
aquelas obtidas em violação a normas constitucionais ou
desentranhadas do processo, as provas
legais (violadoras de regras e princípios de direito material).
ilegítimas, assim entendidas as obtidas em
As provas ilegítimas, por outro lado, são aquelas
violação a normas constitucionais ou endoprocessuais, produzidas em desconformidade com a lei
legais; processual penal, como por exemplo o interrogatório de um
C) Quando houver indícios de morte violenta, acusado sem a presença de um advogado. Tratam-se,
portanto, de conceitos distintos.
a autópsia com exame externo e interno do
C) INCORRETA, visto que, nos termos do art. 162,
cadáver será sempre obrigatória, a ser
parágrafo único, do Código de Processo Penal, nos casos de
realizada por média legista, sendo que os morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver,
Serviços de Verificação de Óbitos (SVO’s) quando não houver infração penal que apurar, ou quando as
ficarão responsáveis por certificarem as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não
houver necessidade de exame interno para a verificação de
mortes não violentas;
alguma circunstância relevante. Dessa forma, é equivocado
D) A autoridade policial ou judicial e as
dizer que a autópsia com exames interno e externo será
partes poderão formular quesitos até o sempre necessária, visto que, em determinadas hipóteses,
prazo de 10 (dez) dias antes da diligência a ainda que se trate de morte violenta, o exame interno poderá
ser efetivada pelo perito; ser dispensado. As demais informações trazidas pela
assertiva estão corretas.
E) Em havendo dúvidas sobre a identidade do
D) INCORRETA, pois, conforme o art. 176 do Código de
cadáver exumado, proceder-se-á ao
Processo Penal, a autoridade e as partes poderão formular
reconhecimento pelo Instituto de quesitos até o ato da diligência. A assertiva buscou fazer
Identificação e Estatística ou repartição certa confusão com o art. 159, § 5º, inc. I, do Código de
congênere ou pela inquirição de Processo Penal, o qual dispõe que “durante o curso do
processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia,
testemunhas, lavrando-se auto de
requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou
reconhecimento e de identidade, no qual se
para responderem a quesitos, desde que o mandado de

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intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas C) O Prefeito de determinada cidade do Rio
sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez)
Grande do Norte, desviou verba pública
dias, podendo apresentar as respostas em laudo
federal, incorporando a mesma no
complementar. Tratam-se, contudo, de hipóteses distintas:
uma coisa é a formulação dos quesitos iniciais (que podem
patrimônio municipal. Neste caso, a
ser feitos até a data da diligência), outra é a formulação de Justiça Estadual é competente para
quesitos a serem esclarecidos pelos peritos em oitiva (prazo processar e julgar esse prefeito.
de 10 (dez) dias de antecedência em relação ao ato).
D) José, que participa de uma a pirâmide
E) CORRETA, devendo ser a assertiva a ser assinalada, pois
financeira em investimento de grupo em
traz a redação do art. 166, caput, do Código de Processo
Penal: “havendo dúvida sobre a identidade do cadáver
criptomoeda, pratica estelionato contra
exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de Maria, enganando-a a respeito do
Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela investimento com o fim de subtrair-lhe
inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de
dinheiro. Em regra, compete à Justiça
reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o
Estadual processar e julgar José.
cadáver, com todos os sinais e indicações”.
Gabarito E
E) Caio, Mévio e Tício foram presos
saqueando uma loja de conveniência
durante um protesto na rua, sabendo que

02) (Questão autoral – Projeto em Delta) entre eles não havia vínculo subjetivo

No tocante à competência no processo penal e voltado para a prática do crime em

entendimentos sumular e jurisprudencial sobre o concurso, a conexão subjetiva por

tema, não é correto afirmar que: simultaneidade ocasional é suficiente para

A) Recentemente, a Lei 13.964/2019 inovou autorizar a unidade de processo e

no ordenamento processual penal pátrio ao julgamento dos três sujeitos.

introduzir no CPP uma espécie inédita de


competência, a funcional por fase do Comentários: Gabarito: Alternativa “a”. Cuidado. O
enunciado pede a alternativa que NÃO é correta.
processo, qual seja, a divisão funcional
Devemos optar pelo item ERRADO.
entre o juiz das garantias e o juiz da
a) Errado. De fato, a Lei 13.964/2019 introduziu no CPP
instrução e julgamento. uma nova espécie de competência funcional por fase do
B) Ocorrendo um crime de roubo contra uma processo com a divisão funcional entre o juiz das garantias,
agência do Banco do Brasil, a competência cuja competência tem início com a deflagração da
investigação criminal e se estende até o recebimento da peça
será, em regra, da Justiça Estadual.
acusatória, e o juiz da instrução e julgamento, cuja
competência tem início tão logo recebida a denúncia (ou

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queixa) e se estende, eventualmente, até o trânsito em recursos decorrente de “pirâmide financeira” não se
julgado de eventual sentença condenatória ou absolutória. enquadra no conceito de atividade financeira, razão pela
Porém, essa competência funcional por fase do processo não qual o deslocamento do feito para a Justiça Federal se
é inédita no CPP, não houve inovação no ordenamento justifica apenas se demonstrada a prática de evasão de
processual penal no sentido de inserir competência divisas ou de lavagem de dinheiro em detrimento de bens e
inédita, uma vez o Tribunal do Júri é um exemplo, já serviços ou interesse da União. STJ. 3ª Seção. CC 170392-
consolidado no CPP, de procedimento bifásico com divisão SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 10/06/2020
funcional, na 1ª fase - sumário da culpa – quem atua é o juiz (Info 673).
sumariante; e na 2ª fase: indicium causae – quem atua é o e) Certo! A competência determinada pela conexão
juiz presidente juntamente com o conselho de sentença (7 intersubjetiva não se resume apenas no cometimento de duas
jurados). Ou seja, a competência funcional por fase do ou mais infrações por várias pessoas em concurso. E, de
processo já existia no CPP. acordo com o art. 79, caput, a conexão importa em unidade
b) Certo. Banco do Brasil é uma sociedade de economia de processo e julgamento. Veja nas tabelas a seguir os tipos
mista. de conexão para revisar o assunto:
Súmula 42 do STJ: Compete à Justiça Comum Estadual
processar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade
de economia mista e os crimes praticados em seu
detrimento.
c) Certo! Súmula 209/STJ - Compete à Justiça Estadual
processar e julgar Prefeito por desvio de verba transferida e
incorporada ao patrimônio municipal.
Atentem para a verba que já tenha sido incorporada ou
transferida ao patrimônio municipal. Pois, se as verbas
federais ainda estiverem sujeitas à prestação de contas, a
competência será da Justiça Federal.
Súmula 208 do STJ - Compete à Justiça Federal processar e
julgar Prefeito
Municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas
perante órgão federal (TRF).
d) Certo! Julgado recentíssimo do STJ (2020) que vale a
pena reproduzir o resumo do teor:
Os crimes relacionados com pirâmide financeira envolvendo
criptomoedas são, em princípio, de competência da Justiça
Estadual. Ausentes os elementos que revelem ter havido
evasão de divisas ou lavagem de dinheiro em detrimento de
interesses da União, compete à Justiça Estadual processar e
julgar crimes relacionados a pirâmide financeira em
investimento de grupo em criptomoeda. A captação de Gabarito A
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03) (Questão autoral Projeto em Delta – 2020) B) CORRETO! A decisão que, na audiência de custódia,
determina o relaxamento da prisão em flagrante sob o
De acordo com entendimentos jurisprudenciais
argumento de que a conduta praticada é atípica não faz
pátrios, assinale a alternativa INCORRETA:
coisa julgada. Assim, esta decisão não vincula o titular da
A) É incabível, em regra, a anulação de ação penal, que poderá oferecer acusação contra o
processo penal em razão de suposta indivíduo narrando os mesmos fatos e o juiz poderá receber
irregularidade verificada em inquérito essa denúncia. STF. 1ª Turma. HC 157.306/SP, Rel. Min.
Luiz Fux, julgado em 25/9/2018 (Info 917)
policial.
C) CORRETO! CPP, Art. 28. Ordenado o arquivamento do
B) A decisão proferida em audiência de
inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos
custódia reconhecendo a atipicidade do fato da mesma natureza, o órgão do Ministério Público
não faz coisa julgada. comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial
C) Com o advento da Lei 13.964/2019, a e encaminhará os autos para a instância de revisão
ministerial para fins de homologação, na forma da lei.
vítima passa a ter o direito de se insurgir
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
contra o arquivamento do inquérito
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar
policial. com o arquivamento do inquérito policial, poderá, no
D) Em caso de conexão entre crime de prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação,
competência da Justiça comum (federal ou submeter a matéria à revisão da instância competente do
órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei
estadual) e crime eleitoral, os delitos serão
orgânica.
julgados separadamente na justiça
Conforme Renato Brasileiro: Na verdade, há de se
respectiva. compreender o §1º do art. 28 do CPP como um verdadeiro
E) Compete à Justiça Estadual julgar crime consectário do direito de petição da vítima, nos exatos
cometido a bordo de balão. termos do art. 5º, XXXIV, alínea “a”, da Constituição
Federal, o qual se presta tanto à defesa de direitos
individuais contra eventuais abusos, como também para a
Comentários: A) CORRETO! A suspeição de
tutela de interesses gerais e coletivos. A propósito, segundo
autoridade policial não é motivo de nulidade do processo,
a doutrina, “no conceito de petição há de se compreender a
pois o inquérito é mera peça informativa, de que se serve o
reclamação dirigida à autoridade competente para que
Ministério Público para o início da ação penal. Assim, é
reveja ou eventualmente corrija determinada medida, a
inviável a anulação do processo penal por alegada
reclamação dirigida à autoridade superior com objetivo
irregularidade no inquérito, pois, segundo jurisprudência
idêntico, o expediente dirigido à autoridade sobre a conduta
firmada no STF, as nulidades processuais estão
de um subordinado, como também qualquer pedido ou
relacionadas apenas a defeitos de ordem jurídica pelos
reclamação relativa ao exercício ou à atuação do Poder
quais são afetados os atos praticados ao longo da ação
Público”.
penal condenatória. STF. 2ª Turma. RHC 131450/DF, Rel.
Quando a vítima submete a matéria à revisão da instância
Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/5/2016 (Info 824). competente do órgão ministerial, nada mais faz do que demonstrar

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seu inconformismo com a decisão de arquivamento ordenada pelo crimes ocorridos a bordo de balões de ar quente tripulados.
Promotor atuante na 1ª instância, fornecendo argumentos de fato Os balões de ar quente tripulados não se enquadram no
(ou de direito) àquele órgão com o objetivo de convencê-lo no conceito de “aeronave” (art. 106 da Lei nº 7.565/86), razão
sentido de não levar adiante a homologação da decisão de
pela qual não se aplica a competência da Justiça Federal
arquivamento, designando, então, outro órgão ministerial para
prevista no art. 109, IX, da CF/88). STJ. 3ª Seção. CC
oferecer denúncia. Aliás, não por outro motivo, o próprio caput do
143.400-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
art. 28 do CPP já prevê que, uma vez ordenado o arquivamento, é
cogente a comunicação da vítima, exatamente para que esta possa 24/04/2019 (Info 648).
optar pelo exercício (ou não) dessa faculdade, atentando-se, Gabarito: D
porém, ao prazo de 30 (trinta) dias contados do recebimento da
referida comunicação.
Em síntese, portanto, e na esteira das lições de Aury Lopes Jr. e
Alexandre Morais da Rosa,142 é possível subdividirmos o 04) (Questão autoral Projeto em Delta – 2020)
arquivamento, na sistemática conferida pela Lei n. 13.964/19 ao Mévio, Delegado Civil do Pará, decide promover
art. 28 do CPP, em duas fases distintas: a) primeira fase: o órgão
o arquivamento de um Inquérito Policial, alegando
ministerial atuante na 1ª instância determina o arquivamento,
comunicando formalmente ao investigado, à autoridade policial, que não existem provas suficientes acerca da
ao juiz das garantias e à vítima, devendo esta ser informada materialidade e autoria do crime, não sendo
quanto à possibilidade de apresentar razões de inconformismo no
possível, portanto, o oferecimento de denúncia.
prazo de 30 (trinta) dias, contados do recebimento da
comunicação, nos termos do art. 798 do CPP; b) segunda fase: Com base na situação acima e de acordo com o as
decorrido o prazo de 30 (trinta) dias, com ou sem a manifestação alterações promovidas pelo Pacote Anticrime (Lei
de inconformismo da vítima, os autos deverão ser encaminhados à
13.964/19), podemos afirmar que:
instância de revisão ministerial para fins de possível homologação.
Em fiel observância aos princípios da celeridade e economia A) Para promover o arquivamento do inquérito
processual, todos esses atos poderão ser realizados por meio policial, Mévio deverá requerer o
eletrônico.
arquivamento ao juiz e no caso de o
OBS: vale ressaltar que o dispositivo abordado na presente
magistrado considerar improcedentes as
alternativa se encontra com a eficácia suspensa pelo STF por
tempo indeterminado, porém, como está vigente (e não há razões invocadas, fará remessa do inquérito
nenhuma vedação no edital, pelo contrário, o mesmo cobra ou peças de informação ao procurador-
especificamente o Pacote Anticrime), ele pode ser objeto de geral, e este oferecerá a denúncia, designará
prova.
outro órgão do Ministério Público para
D) INCORRETO! Compete à Justiça Eleitoral julgar os
oferecê-la, ou insistirá no pedido de
crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos. Cabe
à Justiça Eleitoral analisar, caso a caso, a existência de arquivamento, ao qual só então estará o juiz
conexão de delitos comuns aos delitos eleitorais e, em não obrigado a atender;
havendo, remeter os casos à Justiça competente STF. B) Para promover o arquivamento do inquérito
Plenário. Inq 4435 AgR-quarto/DF, Rel. Min. Marco
policial, Mévio deverá comunicar a vítima
Aurélio, julgado em 13 e 14/3/2019 (Info 933)
e o investigado e encaminhar os autos para
E) CORRETO! Compete à Justiça Estadual o julgamento de
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a instância de revisão ministerial para fins 28, do CPP, que tratava do procedimento para o
arquivamento do Inquérito Policial.
de homologação, na forma da lei;
E é essencial saber que o artigo 28, caput, do CPP encontra-
C) Para promover o arquivamento do inquérito
se com a eficácia suspensa em função de decisão cautelar
policial, basta que Mévio comunique o juiz em sede de ADI proferida pelo Ministro Luiz Fux do STF.
e faça o procedimento administrativo de Porém, ressaltamos que a decisão ainda não foi
arquivamento dentro da própria delegacia; definitivamente julgada e que as alterações promovidas pelo
Pacote Anticrime estão vigentes (algumas alterações, como
D) Mévio não possui competência para
é a do art. 28 do CPP, só estão com a eficácia suspensa), de
promover o arquivamento do inquérito
modo que podem ser objeto de prova.
policial, somente o órgão do Ministério Por isso, devemos ter ciência das alterações legislativas
Público possui essa competência, e caso ele promovidas pelo pacote anticrime e prestar atenção ao
decida exercê-la, deverá requerer o comando da questão, para saber se ela pede para julgar as
alternativas com base, apenas, na literalidade da lei em vigor
arquivamento ao juiz e no caso de o
(devemos lembrar, que esse dispositivo, apesar de ter sua
magistrado considerar improcedentes as
eficácia suspensa, ainda está em vigor) ou se ela pede que
razões invocadas, fará remessa do inquérito façamos o julgamento das assertivas com base na
ou peças de informação ao procurador- Jurisprudência e na Doutrina, além da letra da lei.
geral, e este oferecerá a denúncia, designará Portanto, vejamos a redação atual e a redação antiga do art.
28 do CPP:
outro órgão do Ministério Público para
Redação Anterior
oferecê-la, ou insistirá no pedido de
“Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de
arquivamento, ao qual só então estará o juiz apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do
obrigado a atender; inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o
E) Mévio não possui competência para juiz, no caso de considerar improcedentes as razões
invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de
promover o arquivamento do inquérito
informação ao procurador-geral, e este oferecerá a
policial, somente o órgão do Ministério
denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para
Público possui essa competência, e caso oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual
ele decida exercê-la, deverá comunicar a só então estará o juiz obrigado a atender.”
vítima, o investigado e a autoridade Redação Atual
“Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito
policial e encaminhar os autos para a
policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma
instância de revisão ministerial para fins
natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à
de homologação, na forma da lei. vítima, ao investigado e à autoridade policial e
encaminhará os autos para a instância de revisão
COMENTÁRIOS: O pacote anticrime, através da lei ministerial para fins de homologação, na forma da

13.964/2019, promoveu grande alteração na redação do art lei. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

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§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não sede de ADI proferida pelo Ministro Luiz Fux do STF, os
concordar com o arquivamento do inquérito policial, seguintes artigos do CPP, alterados pela lei 13.964/2019:
poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da - Art.3-A ao 3-F;
comunicação, submeter a matéria à revisão da instância - Art. 157, parágrafo 5.
competente do órgão ministerial, conforme dispuser a - Art. 310, parágrafo 4.
respectiva lei orgânica. (Incluído pela Lei nº 13.964, de Gabarito E
2019)
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados
em detrimento da União, Estados e Municípios, a revisão do
05) (Questão autoral Projeto em Delta – 2020)
arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada
Ricardo, cometeu crime de furto contra seu irmão
pela chefia do órgão a quem couber a sua representação
judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)” Oliomar, que possui 59 anos de idade. Oliomar se
Uma leitura atenta nos permite reparar que uma coisa dirige à Delegacia e representa criminalmente contra
permaneceu exatamente a mesma, tanto na redação antiga Ricado. Portanto, Mévio, Delegado Civil titular da
quanto na redação atual, qual seja: o órgão do Ministério Delegacia, instaura imediatamente inquérito policial
Público é o único competente para requerer o arquivamento para apurar os fatos.
do inquérito policial. Além disso o art. 17 do CPP é Com base na situação acima, o conhecimento das leis e
cristalino ao afirmar que: “A autoridade policial não poderá
da jurisprudência dos Tribunais Superiores, podemos
mandar arquivar autos de inquérito.” Logo, as alternativas
afirmar que:
“A”, “B” e “C” estão incorretas, pois afirmam que o
A) Caso Oliomar se arrependa de ter representado
delegado de polícia poderá requerer o arquivamento do
contra o irmão, poderá se retratar antes do
Inquérito Policial.
Como o enunciado da questão é claro em pedir que as recebimento da denúncia pelo Judiciário.
alternativas sejam julgadas “de acordo com o as B) Caso Oliomar se arrependa de ter representado
alterações promovidas pelo Pacote Anticrime (Lei contra o irmão, poderá se retratar antes do
13.964/19)”, devemos considerar somente a alternativa que oferecimento da denúncia pelo Ministério
expressa fielmente aquilo disposto na nova redação do art. Público.
28 do CPP. Portanto, a alternativa “D” está incorreta e a C) Caso Oliomar se arrependa de ter representado
única alternativa integralmente correta é a letra “E”
contra o irmão, poderá se retratar antes do
(SERIA O CONTRÁRIO SE O ENUNCIADO DA
trânsito em julgado da sentença condenatória.
QUESTÃO DEIXASSE CLARO QUE A MESMA
D) Para se retratar da representação feita, Oliomar
DEVERIA SER JULGADA SEM LEVAR EM
deve se retratar de forma expressa, apenas.
CONSIDEÇÃO AS ALTERAÇÕES PROMOVIDAS
PELO PACOTE ANTICRIME QUE ESTEJAM E) O Ministério Público não fica vinculado aos
SUSPENSAS). fatos delitivos constantes da representação do
Não custa lembrar que também estão com a eficácia ofendido, podendo incluir outros que julgar
suspensa por tempo indeterminado, por decisão cautelar em pertinentes.

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Comentários: Vejamos a redação do art. 25 do CPP: 06) (Questão autoral Projeto em Delta – 2020)
“Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a Acerca da prisão e temas adjacentes, julgue os
denúncia.”
itens a seguir:
Portanto, nos termos do art. 25 do CPP poderá haver a retratação
da representação, desde que seja feita antes do oferecimento da I. A prisão domiciliar consiste no
denúncia pelo Ministério Público. Logo, as alternativas “A” e recolhimento do indiciado ou acusado
“C” estão incorretas e, consequentemente, a letra “B” é a
em sua residência, só podendo dela
alternativa correta.
Importantíssimo ressaltar o fato que a retratação, assim como a ausentar-se com autorização judicial.
própria representação, não necessita de formalidades para sua II. O juiz poderá relaxar a prisão
proposição, sendo admitida tanto de forma tácita, como de forma
preventiva se, no correr do processo,
expressa. Nessa toada, a alternativa “D” está incorreta, pois
condiciona a retratação à sua forma expressa, apenas. verificar a falta de motivo para que
E por último, devido à eficácia objetiva da representação, o subsista, bem como de novo decretá-
Ministério Público fica VINCULADO aos fatos delitivos
la, se sobrevierem razões que a
constantes da representação do ofendido, NÃO podendo incluir
outros. Entretanto, o MP pode definir tipificação penal diversa, justifiquem.
além disso, não existe a figura desta eficácia no aspecto subjetivo, III. No caso de investigado ou acusado
logo, a representação contra um dos autores abarca os demais
homem, poderá o juiz substituir a sua
envolvidos na prática delituosa. (STF, HC 54.083/SP). Portanto, a
alternativa “E” está incorreta por afirmar, exatamente, o oposto prisão preventiva pela domiciliar
do exposto acima. quando o agente for um dos
Gabarito B
responsáveis pelos cuidados do filho
de até 12 (doze) anos de idade
incompletos.
IV. Conforme previsão expressa do
Código de Processo Penal, será
admitida a prisão preventiva nos
crimes dolosos punidos com pena
privativa de liberdade máxima igual
ou superior a 4 (quatro) anos.
Estão corretos:
A) Apenas o item I
B) Apenas os itens I e IV
C) Apenas os itens I, II e III
D) Apenas os itens II, III e IV
E) Todos os itens
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Comentários: I – CORRETO! I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de

CPP, Art. 317. A prisão domiciliar consiste no liberdade MÁXIMA SUPERIOR a 4 (quatro) anos;

recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só Gabarito: A

podendo dela ausentar-se com autorização judicial.


II – INCORRETO! O termo correto seria “REVOGAR”,
tendo em vista que “Relaxamento” traz condão de
ilegalidade da constrição.
CPP, Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das
partes, revogar a prisão preventiva se, no correr da
investigação ou do processo, verificar a falta de motivo
para que ela subsista, bem como novamente decretá-la, se
sobrevierem razões que a justifiquem.
III - INCORRETO! Deve ser o ÚNICO responsável!
CPP, Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva
pela domiciliar quando o agente for: (Redação dada
pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - maior de 80 (oitenta) anos; (Incluído pela Lei nº
12.403, de 2011)
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave;
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor
de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência;
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
IV - gestante a partir do 7º (sétimo) mês de gravidez ou
sendo esta de alto risco. (Incluído pela Lei nº 12.403,
de 2011).
IV - gestante; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de
2016) 07) (Questão autoral Projeto em Delta)
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade Segundo a Lei n. 11.343 (Lei de drogas) e a
incompletos; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
jurisprudência do STJ, é correto afirmar:
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados
A) A folha de antecedentes criminais não é
do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos.
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
documento suficiente a comprovar os maus
IV – INCORRETO! antecedentes e a reincidência.
CPP, Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será B) A majorante do tráfico transnacional de
admitida a decretação da prisão preventiva:
drogas (art. 40, I, da Lei n. 11.343/2006)
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
configura-se com a prova da destinação

11

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internacional das drogas, ainda que não c) Errado. Cuidado. A alteração promovida pelo pacote
anticrime (Lei n º 13.964/19) diz exatamente o que prevê a
consumada a transposição de fronteiras.
alternativa, porém com um acréscimo essencial: “quando
C) Nas mesmas penas do art. 33 incorre quem presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal

vende ou entrega drogas ou matéria-prima, preexistente.”


Deste modo, a contrariu sensu, sem a presença dos
insumo ou produto químico destinado à
referidos elementos probatórios razoáveis não seria
preparação de drogas, sem autorização ou possível equiparar tal conduta à prática do art. 33.

em desacordo com a determinação legal ou d) Errado. Art. 50-A da Lei de drogas:


“A destruição das drogas apreendidas sem a ocorrência de
regulamentar, a agente policial disfarçado.
prisão em flagrante será feita por incineração, no prazo
D) A destruição das drogas apreendidas sem a máximo de 30 (trinta) dias contados da data da apreensão,

ocorrência de prisão em flagrante será feita guardando-se amostra necessária à realização do laudo
definitivo.”
por incineração, no prazo máximo de 15
e) Errado. Segundo o art. 61 da Lei de Drogas:
(quinze) dias contados da data da “A apreensão de veículos, embarcações, aeronaves e

apreensão, guardando-se amostra quaisquer outros meios de transporte e dos maquinários,


utensílios, instrumentos e objetos de qualquer natureza
necessária à realização do laudo definitivo.
utilizados para a prática dos crimes definidos nesta Lei será
E) A apreensão de veículos, embarcações, imediatamente comunicada pela autoridade de polícia

aeronaves e quaisquer outros meios de judiciária responsável pela investigação ao juízo


competente.”
transporte e dos maquinários, utensílios,
Gabarito B
instrumentos e objetos de qualquer natureza
utilizados para a prática dos crimes
definidos nesta Lei será imediatamente
comunicada pela autoridade de polícia
judiciária responsável pela investigação ao
Ministério Público.

Comentários:
a) Errado. Pelo teor da Súmula 636 STJ, temos:
“A folha de antecedentes criminais é documento suficiente a
comprovar os maus antecedentes e a reincidência.”
b) Correto. Esse é o teor da Súmula 607 do STJ:
“A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da
Lei n. 11.343/2006) configura-se com a prova da destinação
internacional das drogas, ainda que não consumada a
transposição de fronteiras.”

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08) (Questão autoral Projeto em Delta – 2020) D) I e IV
Referente ao Inquérito policial, julgue os itens a E) II, III e IV
seguir:
I. Se necessário à prevenção dos crimes Comentários: I – INCORRETO!
relacionados ao tráfico de pessoas, o CPP, Art. 13-B. Se necessário à PREVENÇÃO e à
REPRESSÃO dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas,
membro do Ministério Público ou o
o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia
delegado de polícia poderão requisitar,
poderão requisitar, mediante AUTORIZAÇÃO JUDICIAL,
independentemente de autorização às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações
judicial, às empresas prestadoras de e/ou telemática que disponibilizem IMEDIATAMENTE os
serviço de telecomunicações e/ou meios técnicos adequados – como sinais, informações e
outros – que permitam a localização da VÍTIMA ou dos
telemática que disponibilizem
SUSPEITOS do delito em curso
imediatamente os meios técnicos
II – CORRETO!
adequados – como sinais, informações e CPP, Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o
outros – que permitam a localização da indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será
vítima ou dos suspeitos do delito em realizada, ou não, a juízo da autoridade. (IP É
DISCRICIONÁRIO)
curso.
III – CORRETO!
II. O ofendido, ou seu representante legal,
CPP, Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a
e o indiciado poderão requerer qualquer devolução do inquérito à autoridade policial, senão para
diligência, que será realizada, ou não, a novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da
juízo da autoridade. denúncia.
IV – CORRETO!
III. O Ministério Público não poderá
CPP, Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo
requerer a devolução do inquérito à
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da
autoridade policial, senão para novas sociedade. (IP É SIGILOSO)
diligências, imprescindíveis ao Gabarito: E
oferecimento da denúncia
IV. A autoridade assegurará no inquérito o
sigilo necessário à elucidação do fato 09) (Questão autoral Projeto em Delta – 2020)
ou exigido pelo interesse da sociedade. Julgue os itens que seguem:
Estão corretos somente os itens: I. O condenado que cometeu crime
A) I, II, III e IV hediondo ou equiparado com resultado
B) I, III e IV morte não terá direito ao livramento
C) I, II e III condicional.
13

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II. De acordo com a Lei de Execução a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com
resultado morte, se for primário, vedado o livramento
Penal (LEP), somente se admitirá o
condicional;
recolhimento do beneficiário de regime VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for

aberto em residência particular (prisão reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado
morte, vedado o livramento condicional.
domiciliar) quando se tratar de
Lei 12.850/13. Art. 2º. § 9º O condenado expressamente em
condenado maior de 70 (setenta) anos. sentença por integrar organização criminosa ou por crime

III. De acordo com o Código de Processo praticado por meio de organização criminosa não poderá
progredir de regime de cumprimento de pena ou obter livramento
Penal, poderá o juiz substituir a prisão
condicional ou outros benefícios prisionais se houver elementos
preventiva pela domiciliar quando o probatórios que indiquem a manutenção do vínculo associativo.

agente for maior de 80 (oitenta) anos. II – CORRETO: LEP, Art. 117. Somente se admitirá o
recolhimento do beneficiário de regime aberto em residência
IV. Segundo entendimento jurisprudencial,
particular quando se tratar de: I - condenado maior de 70
recebida a denúncia, não será mais (setenta) anos.

cabível prisão temporária. III – CORRETO: CPP, Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão
preventiva pela domiciliar quando o agente for: I - maior de 80
A) Todos os itens estão corretos.
(oitenta) anos.
B) Somente os itens I, II, III estão incorretos.
C) Somente os itens I e IV estão corretos.
D) Somente os item I está correto.
E) Todos os itens estão incorretos.

Comentários: I – CORRETO: a Lei 13.964/19 alterou a LEP,


no Art. 112. VI, a. e VIII, passando a prever a vedação ao
livramento condicionado para quem foi condenado por crime
hediondo ou equiparado, com resultado morte.
Além disso, a Lei 13.964/19 inseriu na Lei 12.850/13 o § 9º em seu
Art. 2º a proibição do livramento condicionado para quem foi
condenado expressamente em sentença por fazer parte de
organização criminosa ou por crime praticado por meio de
organização criminosa, quando houver elementos probatórios que
indiquem a manutenção do vínculo associativo.
LEP. Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em
forma progressiva com a transferência para regime menos
rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver IV – CORRETO: Conforme o STJ, a prisão temporária não
cumprido ao menos: [...] pode ser mantida após o recebimento da denúncia pelo juiz.
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. INQUÉRITO
POLICIAL. ART. 12 DA LEI 6.368/76. PRISÃO

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TEMPORÁRIA. OFERECIMENTO DE DENÚNCIA. de tráfico de drogas (art. 33, caput, da Lei
INSUBSISTÊNCIA DO DECRETO. 1. Uma vez oferecida a
n° 11.343/06).
denúncia não mais subsiste o decreto de prisão temporária,
D) 30% do total da pena aplicada.
que visa resguardar, tão somente, a integridade das
investigações. 2. Ordem concedida para revogar a prisão
E) 40% da pena pelo crime de tráfico de
temporária decretada nos autos do processo n.º 274/2006, drogas (art. 33, caput, da Lei n° 11.343/06),
em trâmite na Vara Única da Comarca de Ipauçu/SP.(STJ - mais 16% da pena pelo crime de associação
HC: 78437 SP 2007/0050077-9, Relator: Ministra
para o tráfico de drogas (art. 35 da Lei n°
LAURITA VAZ, Data de Julgamento: 28/06/2007, T5 -
11.343/06).
QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJ 13/08/2007 p.
401).
Gabarito A Comentários: A Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime), além de
revogar expressamente o §2º do art. 2º, da Lei 8.072/90 (Lei de
Crimes Hediondos), alterou o art. 112 da Lei de Execuções Penais
(LEP – Lei 7.210/84), prevendo novos patamares para a progressão
10) (ADAPTADA – Ano: 2014 Banca: NC- de regime. Vejamos:

UFPR Órgão: DPE-PR Prova: NC-UFPR - Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em
forma progressiva com a transferência para regime
2014 - DPE-PR - Defensor Público)
menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o
Em 26.05.2020, Paulo, primário, foi preso em preso tiver cumprido ao menos:

flagrante sob a acusação de venda de drogas, em ****I - 16% (DEZESSEIS POR CENTO) DA PENA, se o
apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem
estável associação com outros quatro indivíduos,
violência à pessoa ou grave ameaça;
estando incurso nos crimes de tráfico de drogas II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for

(art. 33, caput, da Lei n° 11.343/06, sem a reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou
grave ameaça;
diminuição prevista no §4º do mesmo artigo) e
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado
associação para o tráfico (art. 35 da Lei n° for primário e o crime tiver sido cometido com violência à

11.343/06). Na data de hoje, foi simultaneamente pessoa ou grave ameaça;


IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for
condenado, em decisão definitiva, por ambos os
reincidente em crime cometido com violência à pessoa ou
delitos. A progressão de regime deverá ocorrer grave ameaça;

após o cumprimento de: ****V - 40% (QUARENTA POR CENTO) DA PENA, se


o apenado for condenado pela prática de crime hediondo
A) 50% do total da pena aplicada.
ou equiparado, se for primário;
B) 40% do total da pena aplicada. VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for:

C) 20% da pena pelo crime de associação para a) condenado pela prática de crime hediondo ou
equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado
o tráfico de drogas (art. 35 da Lei n°
o livramento condicional;
11.343/06), mais 40% da pena pelo crime

15

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b) condenado por exercer o comando, individual ou OBS: NÃO são todos os crimes da Lei de Drogas que são

coletivo, de organização criminosa estruturada para equiparados a hediondos!!!!

a prática de crime hediondo ou equiparado; ou


c) condenado pela prática do crime de constituição
de milícia privada;
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado
for reincidente na prática de crime hediondo ou
equiparado;
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado
for reincidente em crime hediondo ou equiparado
com resultado morte, vedado o livramento
condicional.
§ 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à
progressão de regime se ostentar boa conduta
carcerária, comprovada pelo diretor do
estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a
progressão.
§ 2º A decisão do juiz que determinar a progressão
de regime será sempre motivada e precedida de
manifestação do Ministério Público e do defensor,
procedimento que também será adotado na
concessão de livramento condicional, indulto e Temos no caso em tela, então, que Paulo, PRIMÁRIO,

comutação de penas, respeitados os prazos previstos cometeu dois crimes sem violência ou grave ameaça, dos

nas normas vigentes. quais, um É EQUIPRARADO A HEDIONDO (Tráfico

§ 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para de drogas – art. 33, caput, da Lei 11.343/06) e um NÃO É

os fins deste artigo, o crime de tráfico de drogas EQUIPARADO A HEDIONDO (Associação para o

previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de tráfico – art. 35 da Lei 11.343/06).

agosto de 2006. DESSE MODO, A PROGRESSÃO DE REGIME PARA

§ 6º O cometimento de falta grave durante a PAULO DEVERÁ OCORRER COM O

execução da pena privativa de liberdade interrompe CUMPRIMENTO DE 40% DA PENA NO CASO DO

o prazo para a obtenção da progressão no regime de CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS, NOS TERMOS

cumprimento da pena, caso em que o reinício da DO ART. 112, V, DA LEI 7.210/84; E COM O

contagem do requisito objetivo terá como base a CUMPRIMENTO 16% DA PENA NO CASO DO

pena remanescente. CRIME DE ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO, NOS


Vale ressaltar que Paulo é réu PRIMÁRIO. TERMOS NO ART. 112, I, DA LEI 7.210/84.
Paulo foi condenado por dois crimes distintos, quais sejam: Tráfico OBS: nesse caso não seria necessário que o crime, diferente
de drogas (art. 33, caput, da Lei 11.343/06); e Associação para o da questão anterior, tivesse ocorrido após a entrada em vigor
tráfico (art. 35 da Lei 11.343/06). do Pacote Anticrime, uma vez que os patamares, nesse caso,

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não aumentaram (na verdade no caso dos 16% até diminuiu, da conduta do colega, faz uma denúncia anônima
conforme pode ser comprovado no quadro abaixo) – Não
à Raimundo, Delegado Civil competente para
seria uma novatio legis in pejus (de uma norma híbrida).
investigar o caso.
Gabarito E
Com base no conhecimento das leis, da
jurisprudência dos tribunais superiores e da
doutrina pátria, acerca do tema em discussão,
podemos afirmar que:
A) A denúncia anônima de Mévio é o
suficiente para que se instaure Inquérito
Policial para investigar a conduta de Tício.
E caso Tício seja denunciado pelo crime
narrado no enunciado, estando a denúncia
em devida forma, o juiz mandará autuá-la e
ordenará a notificação do acusado, para
responder por escrito, dentro do prazo de
15 dias.
B) A denúncia anônima de Mévio é o
suficiente para que se instaure Inquérito
Policial para investigar a conduta de Tício.
E caso Tício seja denunciado pelo crime
narrado no enunciado, estando a denúncia
em devida forma, o juiz mandará autuá-la e
ordenará a notificação do acusado, para
responder por escrito, dentro do prazo de
11) (Questão autoral – Projeto em Delta)
10 dias.
Tício, servidor público estadual, frauda, mediante
C) A denúncia anônima de Mévio é o
ajuste, o caráter competitivo de um
suficiente para que se instaure Inquérito
procedimento licitatório, com o intuito de obter
Policial para investigar a conduta de Tício.
para si, vantagem decorrente da adjudicação do
E caso Tício seja denunciado pelo crime
objeto da licitação que estava ocorrendo no órgão
narrado no enunciado, recebida a denúncia
em que trabalha. Mévio, servidor que trabalha na
e citado o réu, terá este o prazo de 10 dias
mesma repartição pública que Tício, desconfiado
para apresentação de defesa escrita.
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D) A denúncia anônima de Mévio não é obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da
adjudicação do objeto da licitação:
suficiente para que se instaure Inquérito
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
Policial para investigar a conduta de Tício,
multa.”
pois nestes casos, antes de instaurar o De início, poderemos pensar, que pelo fato de Tício ser
procedimento inquisitório, a autoridade servidor público, cometendo um crime contra a
policial deve realizar verificações de Administração Pública, estaria abarcado pelo procedimento
especial previsto nos arts. 513 a 518 do CPP ( DO
procedência da informação contida na
PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES DE
delatio criminis anônima. E caso Tício seja
RESPONSABILIDADE DOS FUNCIONÁRIOS
denunciado pelo crime narrado no PÚBLICOS ). Porém, segundo o próprio STJ, este
enunciado, estando a denúncia em devida pensamento está equivocado:
forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a “O procedimento especial previsto nos arts. 513 a 518
do CPP só se aplica aos delitos funcionais típicos previstos
notificação do acusado, para responder por
nos arts. 312 a 326 do CP. No caso dos autos, os
escrito, dentro do prazo de 15 dias.
recorrentes foram denunciados pelo crime de fraude à
E) A denúncia anônima de Mévio não é licitação, o que afasta a incidência do art. 514 do CPP (5ª
suficiente para que se instaure Inquérito T, RHC 37309, em 03/09/2013).”
Policial para investigar a conduta de Tício, Logo, Tício não fará jus ao instituto da DEFESA
PRELIMINAR, prevista no art. 514 do CPP:
pois nestes casos, antes de instaurar o
“Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia
procedimento inquisitório, a autoridade
ou queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la e
policial deve realizar verificações de ordenará a NOTIFICAÇÃO do acusado, para responder por
procedência da informação contida na escrito, dentro do prazo de 15 DIAS.”
delatio criminis anônima. E caso Tício seja Uma eventual denúncia contra Tício seguirá o previsto
no art. 104 da lei 8.666/1993:
denunciado pelo crime narrado no
“Art. 104. Recebida a denúncia e citado o réu, terá
enunciado, recebida a denúncia e citado o
este o prazo de 10 (dez) dias para apresentação de defesa
réu, terá este o prazo de 10 dias para escrita, contado da data do seu interrogatório, podendo
apresentação de defesa escrita. juntar documentos, arrolar as testemunhas que tiver, em
número não superior a 5 (cinco), e indicar as demais provas
que pretenda produzir.”
Comentários: Da leitura inicial do enunciado, podemos
E conforme os ensinamentos de Rogério Greco, que
perceber que a conduta de Tício se adequa ao crime de
faz coro à doutrina majoritária:
fraude à licitação tipificado no artigo 90 da lei 8.666/1993:
“Devemos ter em conta que o indiciamento de alguém,
“Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste,
que não praticou qualquer infração penal, simplesmente
combinação ou qualquer outro expediente, o caráter
pelo fato de ter sido denunciado anonimamente, ofende,
competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de
frontalmente, sua dignidade. Um inquérito policial, ou

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mesmo uma ação penal proposta em face de um homem de
bem, causa sequelas terríveis. Por isso, não podemos
brincar com a justiça penal. Assim, não entendemos como
possível a instauração de um inquérito policial baseada,
tão somente, nas informações trazidas por aquele que as
levou a efeito através do disque-denúncia. Poderá sim a
autoridade policial, iniciar uma investigação preliminar,
sem o formalismo exigido pelo inquérito policial para,
somente após, verificada a procedência das informações,
determinar sua abertura.”
E a jurisprudência dominante:
“Não serve à persecução criminal notícia de prática
criminosa sem identificação da autoria, consideradas a
vedação constitucional do anonimato e a necessidade de
haver parâmetros próprios à responsabilidade, nos campos
cível e penal, de quem a implemente.” (STF, HC 84827/TO,
Rel. Min. Marco Aurélio, T1 – p. DJe 22.11.2007).
“Conforme entendimento desta Corte Superior de Justiça,
em razão da vedação constitucional ao anonimato, as
informações de autoria desconhecida não podem servir, por
si sós, para embasar a interceptação telefônica, a
instauração de inquérito policial ou a deflagração de
processo criminal. Admite-se apenas que tais notícias levem
à realização de investigações preliminares pelos órgãos
competentes.” (STJ, HC 94546/RJ; Rel. Min. Maria Thereza
de Assis Moura, T6 – p. DJe 7.2.2011).”
12) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)
Podemos concluir, portanto, que a denúncia anônima, do
Utilize de seus conhecimentos referentes à
modo como foi realizada na situação narrada no enunciado
da questão, não é condição suficiente para instauração de
Persecução Penal para assinalar a alternativa
inquérito policial, caso não seja precedida por verificações CORRETA:
preliminares de informação. A) A persecução penal limita-se a fase
Logo, por todos os motivos acima, a única alternativa
investigatória preliminar, na maior parte
correta é a letra e.
das vezes marcada pela existência do
Gabarito E
Inquérito Policial.
B) A função preparatória do Inquérito Policial
se refere à inibição de possível instauração
de processo temerário, e infundado,
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resguardando a liberdade do indivíduo e c) INCORRETA. O acesso aos elementos de prova
em procedimento investigatório é amplo, e não
tornando mais eficiente a atuação estatal.
exige procuração, em regra.
C) É direito do defensor, desde que mediante
Estatuto da OAB, Art. 7º – São direitos do advogado:
procuração, ter acesso amplo aos elementos XIV – examinar, em qualquer instituição responsável por
de prova em procedimento investigatório conduzir investigação, MESMO SEM PROCURAÇÃO,
realizado por órgão com competência de autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza,
findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade,
polícia judiciária.
podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico
D) A discricionariedade do inquérito policial
ou digital.
não é absoluta, de modo que o Delegado de §10º. NOS AUTOS SUJEITOS A SIGILO, deve o
Polícia só poderá indeferir requerimentos advogado apresentar procuração para o exercício dos
impertinentes e protelatórios, não podendo direitos que trata o inciso XIV.
ATENÇÃO: O estatuto da OAB está previsto no Edital de
indeferir os requerimentos de diligências
Delta PCRN, por isso MUITA ATENÇÃO a esse
relevantes, como, por exemplo, o exame de
dispositivo acima!
corpo de delito. d) CORRETO. Trata-se de decorrência lógica da
E) A investigação sigilosa poderá ser acessada discricionariedade no IP. Vejamos o que diz o CPP:
pelo defensor em qualquer hipótese, desde Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado
poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou
que possua procuração com poderes
não, a juízo da autoridade.
especiais para tanto.
No entanto, tal discricionariedade não é ABSOLUTA,
haja vista o próprio CPP prever diligências obrigatórias à
Comentários: autoridade policial. Exemplo:
a) INCORRETA. A persecução penal não é limitada Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será
apenas a fase investigatória preliminar, mas indispensável o exame de
também a fase processual. corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a
b) INCORRETA. A assertiva traz o conceito da confissão do acusado.
função PRESERVADORA do Inquérito Policial, e e) INCORRETO. A incorreção da assertiva está no
não a função preparatória. A função preparatória, termo “em qualquer hipótese”, haja vista que a Lei
por sua vez, refere-se ao fornecimento de de ORCRIM (Lei 12.850/13) prevê situação em
elementos de informação para que o titular da ação que o acesso aos autos de investigação dependerá
penal possa de autorização judicial.
ingressar em juízo, além de acautelar meios de Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela
prova que poderiam desaparecer com o decurso do autoridade judicial competente, para garantia da celeridade e
tempo. da eficácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao
defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos
elementos de prova que digam respeito ao exercício do

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direito de defesa, devidamente precedido de autorização D) O indiciamento material ocorre quando
judicial, ressalvados os referentes às diligências em
houver a observância das três partes que
andamento.
formam a estrutura legal do indiciamento
Gabarito D
e com a realização pelo Delegado de
Polícia de um ato fundamentado que
exponha as suas razões.
13) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)
E) O desindiciamento ocorre quando a
O indiciamento é qualificado como um ato formal
Autoridade Policial verifica que após o
e exclusivo produzido pela Autoridade Policial e
inquérito policial ter sido regularmente
que pode ser feito a qualquer momento durante o
encaminhado ao Poder Judiciário e
curso do inquérito policial por meio de um
realizada a Opinio Delicti por parte do
despacho fundamentado ou no Relatório final do
titular da ação penal, a denúncia foi
inquérito policial. Com base nisso, marque a
oferecida e recebida pelo Poder Juiciário.
hipótese correta:
A) O indiciamento formal ocorre quando o
Comentários: A assertiva A está errada. O
Delegado de Polícia se depara com a
INDICIAMENTO FORMAL ocorre quando o Delegado de
prática de ato criminoso em flagrante
Polícia exprime a sua opinio delicti através de atos que
delito e através do auto de prisão em convergem a demonstração de provas de autoria e
flagrante (AP). materialidade do crime com indícios veementes que
B) O indiciamento indireto ocorre quando o resultarão na produção de documentos que caracterizarão o
sujeito ativo.
Delegado de Polícia exprime a sua opinio
A assertiva B também está errada. O INDICIAMENTO
delicti através de atos com a
INDIRETO ocorre quando incide contra o suspeito que se
demonstração de provas com indícios encontra em local ignorado e neste caso deverá ser feita a
veementes que resultarão na qualificação indireta do indiciado.
caracterização do sujeito ativo. A assertiva C também está errada. O INDICIAMENTO
COERCITIVO existe quando o Delegado de Polícia se
C) O indiciamento coercitivo ocorre quando
depara com a prática de ato criminoso em flagrante delito,
o Delegado de Polícia expede um ato
através do Auto de Prisão em Flagrante (APF). Cumpre
avulso de indiciamento e caso seja ressaltar que neste tipo de indiciamento NÃO SERÁ
necessário decreta o sigilo do NECESSÁRIA a expedição de ato avulso de indiciamento,
procedimento para o deslinde das contanto que haja nos autos do APF a estrutura do
indiciamento.
investigações.
A assertiva D é a correta. Traz o conceito de
INDICIAMENTO MATERIAL que pode ocorrer ínsito ao

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interrogatório do suspeito, de forma avulsa nos autos ou constituição da organização criminosa, em
dentro do relatório final com a observância das três partes
geral, tem como objetivo a prática de
que formam a estrutura legal do indiciamento, nos termos do
crimes mais graves.
Artigo 2, §6º da Lei 12.830/2013, que são a autoria a
materialidade e as suas circunstâncias através de um ato
D) Como os crimes hediondos possuem uma
fundamentado. punibilidade mais severa, o regime inicial
A assertiva E está errada. O DESINDICIAMENTO ocorre no caso do cometimento desses crimes
quando, após a Autoridade Policial ter analisado a autoria de
será fechado.
uma infração penal típica, antijurídica e culpável de uma
E) O simples roubo com emprego arma de
pessoa determinada e procedido ao seu indiciamento durante
o inquérito policial, verificar que qualquer desses elementos
fogo não é caso de crime hediondo.
não mais se mantém, então, fará um despacho fundamentado
para proceder ao devido desindiciamento e isto nada tem a Comentários:
ver com o oferecimento da denúncia por parte do Ministério a) Errado. O pacote anticrime trouxe uma alteração e
Público ou com o recebimento da mesma pelo Poder incluiu o inciso V do roubo majorado para a hediondez.
Judiciário. Assim, temos a previsão do art 1º II, a da L 8072:
Gabarito D “Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes,
todos tipificados no Código Penal, consumados ou tentados:
II - roubo: a) circunstanciado pela restrição de liberdade da
vítima (art. 157, § 2º, inciso V)”
14) (Questão autoral Projeto em Delta)
b) Correto. Trata-se da previsão do artigo 1º, IX da Lei
Acerca dos crimes hediondos assinale a
dos crimes hediondos:
alternativa correta: “Art. 1º IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou
A) O roubo de um supermercado em que o de artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º-
sujeito ativo do crime mantém a vítima A)”
c) Errado. Cuidado! Não é qualquer caso em que a
trancada no depósito não constitui crime
organização criminosa é crime hediondo, segundo o art.
hediondo caso não ocorra o seu
2º, parágrafo único, da lei temos:
falecimento. “V - o crime de organização criminosa, quando direcionado
B) Constitui nova modalidade de crime à prática de crime hediondo ou equiparado.”
hediondo desde a Lei Anticrime o furto Perceba que apenas há hediondez quando a organização fora
criada para prática de crimes hediondos ou equiparados, mas
qualificado com emprego de explosivo que
não em qualquer caso.
cause perigo comum.
Deste modo, se uma organização criminosa, como trata-se
C) Considera-se hediondo o crime de de um crime autônomo, fora criado para prática de pequenos
organização criminosa da Lei nº furtos, não será o caso de crime hediondo.
12.850/13, justamente porque a

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d) Errado. Não são todos os casos em que o regime inicial Gabarito: B
dos crimes hediondos é fechado, somente nos casos do
artigo 2º:
“Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico
15) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)
ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são
Sobre o inquérito policial, ação penal, seus
insuscetíveis de:
I - anistia, graça e indulto; entendimentos legais, doutrinários e
II - fiança. jurisprudenciais, analise as opções a seguir:
§ 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida I- É vedado que a autoridade policial
inicialmente em regime fechado.”
indicie testemunhas que não tiverem
A antiga previsão acerca da progressão de regime fora
sido inquiridas.
revogada com o Pacote Anticrime e, portanto, mesmo a
Súmula Vinculante do STF não considerava o artigo 2º, II- Em razão de a autoridade policial ter
como um todo, inconstitucional. Justamente porque a SV 26 discrionariedade, justamente porque
diz no início “Para efeito de progressão de regime” e não define os rumos da investigação,
“Para efeito do regime inicial”.
assim, na condução do inquérito
Para a caracterização do regime inicial não se vê em si o
policial, ela poderá mandar arquivá-lo
crime, mas sim o art. 33 e ss. do CP.
e) Errado. Com a reforma trazida pelo Pacote Anticrime, a seu critério.
os roubos em que há o emprego de arma de fogo, per si, III- É vedada a utilização de inquéritos
são considerados hediondos: “Art. 1º São considerados policiais e ações penais em curso para
hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no
agravar a pena base.
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 -
IV- O Ministério Público com fundamento
Código Penal, consumados ou tentados:
II - roubo: na robustez da prova, poderá requerer
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, a devolução do inquérito policial para
§ 2º-A, inciso I)” novas diligências, com a finalidade de
Lembrando que a majoração acerca do emprego da arma de
dar mais substância ao oferecimento
fogo foi introduzida em 2018 e a referida circunstância de
da denúncia.
ser incluída como crime hediondo ocorreu só em 2019:
“Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para Estão corretas, apenas:
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou A) Somente a IV
depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à B) I, II e III
impossibilidade de resistência:
C) III e IV
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
D) Somente a III
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de E) I, III e IV
arma de fogo;”

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Comentários: IMPRESCINDÍVEIS (ou seja, ABSOLUTAMENTE

I. Errado. De acordo com o art. 10 do CPP: NECESSÁRIAS) para o oferecimento da denúncia.

“§ 2º No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas Assim, em síntese: no primeiro caso, há elementos

que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde necessários para o oferecimento da denúncia, mas o MP

possam ser encontradas.” devolve porque quer provar “mais e melhor”. Isso é vedado.

Deste modo, apesar de o inquérito não ser peça No segundo caso, não há elementos necessários para o

indispensável para a propositura da ação, poderá ocorrer oferecimento da denúncia, assim o MP solicita novas

indiciamento de testemunhas que não foram inquiridas pela diligências para tornar possível o oferecimento da denúncia.

autoridade policial. Gabarito: D

II. Errado. O inquérito policial é peça indisponível,


assim como também a denúncia e, por essa razão,
temos o art. 17:
16) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)
“Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar
Acerca do inquérito policial, assinale a alternativa
autos de inquérito."
Deste modo, o inquérito policial não está em disponibilidade
correta:
da autoridade policial mas, sim, cumpre uma função pública A) Entende-se por notitia criminis
de ver os fatos de eventual noticia criminis apurados. espontânea, quando a autoridade policial
III. Correto. Trata-se da Súmula 444 do STJ: É
toma conhecimento da prática da infração
VEDADA A UTILIZAÇÃO DE INQUÉRITOS
através da denúncia anônima.
POLICIAIS E AÇÕES PENAIS EM CURSO
PARA AGRAVAR A PENA-BASE.
B) Entende-se por notitia criminis congnição
Perceba que isso não tem nenhuma relação com as coercitiva, quando a autoridade policial
polêmicas sobre a prisão em segunda instância, cuidado! toma conhecimento da infração através da
Uma coisa é admitir o cumprimento da pena enquanto
representação do Ministério Público.
aguarda recurso sem efeito suspensivo, outra diversa é usar
C) Entende-se por notitia criminis
investigações ou condenações que não estão concluídas
como parâmetro para agravar a pena do indivíduo.
inqualificada, quando a autoridade policial
IV. Errado. Art.16 do CPP: toma conhecimento da infração penal
“O Ministério Público não poderá requerer a devolução do através de denúncia anônima.
inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências,
D) Entende-se por notícia criminis de
imprescindíveis ao oferecimento da denúncia”.
provocada, quando a autoridade policial
Perceba a diferença fundamental: em um caso (o da
assertiva) o Ministério Público devolve o inquérito policial
toma conhecimento da infração penal
porque pensa que ele não está suficientemente substancial e, através da prisão em flagrante.
portanto, precisa de mais investigações para ser mais E) Logo que estiver conhecimento da pratica
robusto. Nesse caso, o MP não poderá requerer a devolução
da infração penal, sendo de ação pública
do inquérito. No entanto, no segundo caso, o MP devolve o
ou pública condicionada, a autoridade
inquérito porque precisa que sejam feitas novas diligências
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policial, de oficio, procederá a instauração
do Inquérito Policial.

Comentários:
NOTITIA CRIMINIS – NOTÍCIA DO CRIME
É o conhecimento (notícia do crime) pela autoridade, de um fato
aparentemente criminoso.
ESPÉCIES
Espontâneo ou Ocorre quando a própria autoridade policial toma

de Cognição conhecimento do fato criminoso de forma direta, por


meio de suas atividades rotineiras.
Imediata ou
Ex.: quando se toma ciência da infração penal pela
Direta
imprensa, pela vítima, pelos comparsas do criminoso,
pela ronda policial, pela denúncia anônima (notitia
criminis inqualificada) ou pela delatio criminis
(comunicação feita por qualquer pessoa do povo, e não
pela vítima ou seu representante legal).
Provocada ou Ocorre quando a autoridade policial toma
de Cognição conhecimento do fato criminoso de forma
Mediata ou indireta, por meio de algum ato jurídico de
Indireta comunicação formal.
Ex.: requerimento ou representação da vítima ou
seu representante legal, requisição do MP ou da
autoridade judiciária.
Coercitiva Ocorre quando a autoridade policial toma
conhecimento do fato criminoso por meio de
uma prisão em flagrante.
Pode representar hipótese de notícia crime
espontânea, quando quem realizada a prisão é a
própria autoridade policial ou seus agentes, ou
provocada, quando quem realiza a prisão é um
particular (art. 301 do CPP).
17) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)
Inqualificada, Ocorre quando a autoridade policial toma
Delação conhecimento do fato criminoso através de uma Sobre o entendimento acerca das interceptações
Apócrifa ou denúncia anônima. telefônicas, bem como suas implicações em outras
Denúncia STF e STJ têm admitido a denúncia anônima
Anônima apenas quando precedida de diligências
legislações, temos como correto:
preliminares que atestem a verossimilhança dos A) A interceptação telefônica ocorre quando
fatos noticiados somente um dos interlocutores tem
ciência da gravação da conversa
Gabarito C
(colaborador).
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B) A interceptação, na classificação das Não confunda, portanto, a razão de ser de cada uma das
situações existentes, a depender da ciência dos interlocutores
provas no processo penal, constitui como
e qual é o sujeito que realizará a gravação.
meios de prova, ou seja, são instrumentos
b) Errado. Segundo Aury Lopes, há diferença entre meio
que permitem obter-se, chegar-se à prova. de prova e meio de obtenção de prova.
C) Caso, em um determinado contexto, No primeiro caso, meio de prova é o meio através do qual
poder-se-ia apurar por meio de se oferece ao juiz meios de conhecimento, de formação da
história do crime, cujos resultados probatórios podem ser
interceptação telefônica a existência de
utilizados diretamente na decisão. São exemplos de meios
um crime contra crianças e adolescentes,
de prova: a prova testemunhal, os documentos, as perícias
essa medida seria legal. etc;
D) Se a interceptação telefônica for Já no segundo, meio de obtenção de prova são
autorizada por juiz absolutamente instrumentos que permitem obter-se, chegar-se à prova.
Não é propriamente “a prova”, senão meios de obtenção.
incompetente será considerada prova
Explica MAGALHÃES GOMES FILHO que não são por si
ilícita ainda que os conteúdos das
fontes de conhecimento, mas servem para adquirir coisas
gravações não sejam prova exclusiva para materiais, traços ou declarações dotadas de força probatória,
a condenação. e que também podem ter como destinatários a polícia
E) Entre os requisitos para a realização da judiciária. Exemplos: delação premiada, buscas e
apreensões, interceptações telefônicas etc.
interceptação telefônica estão os indícios
Não são propriamente provas, mas caminhos para chegar-se
razoáveis de autoria ou participação da
à prova.
infração penal e a possibilidade de Na síntese de BADARÓ, “enquanto os meios de prova são
produzir prova por outros meios. aptos a servir, diretamente, ao convencimento do juiz
sobre a veracidade ou não de uma afirmação fática (p. ex., o
depoimento de uma testemunha, ou o teor de uma escritura
Comentários:
pública), os meios de obtenção de provas (p. ex.: uma
a) Errado. Não se deve confundir as situações. Há
busca e apreensão) são instrumento para a colheita de
diferentes nomes em razão de haver ou não ciência dos
elementos ou fontes de provas, estes sim, aptos a
interlocutores em relação à medida. Assim, temos:
convencer o julgador (p. ex.: um extrato bancário
1. No primeiro, quando há ciência da gravação por um dos
[documento] encontrado em uma busca e apreensão
interlocutores e ela é feita por terceira pessoa, temos a
domiciliar).
escuta telefônica.
Assim, interceptação telefônica é meio de obter prova e não
2. Já no caso de gravação telefônica, um dos interlocutores
meio de prova.
realiza a gravação da conversa, ou seja, não há participação
c) Errado. Alternativa difícil. Lembre-se: preparamos
de terceiros.
você para o pior cenário. Aqui é necessário não somente
3. Mas, o que seria a interceptação telefônica? Ocorre
o conhecimento acerca das interceptações telefônicas,
quando nenhum dos interlocutores tem ciência da gravação
que é realizada por terceira pessoa.
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mas, também, sobre os crimes contra criança e Primeiro temos a regra: se a medida for autorizada por
adolescentes (Título VII do ECA). juiz incompetente a prova é ilícita e não poderá ser
Pelo que se pode observar dos crimes desse título, várias são usada no processo, seja como prova subsidiária ou
as penas em que a punição é somente com detenção. qualquer outra razão de sua existência. Ponto.
Porém, pergunta-se: Qual a influência disso na resposta? E porque sempre o juiz deve ser o “competente”? Porque o
Temos a existência de basicamente três medidas de restrição artigo diz:
da liberdade: a reclusão, detenção e a prisão simples. A sua “Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de
principal diferença reside na admissão ou não do regime qualquer natureza, para prova em investigação criminal e em
inicial fechado. No primeiro caso, admite-se o regime inicial instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e
fechado; já no segundo, temos a inadmissão do regime dependerá de ordem do juiz competente da ação principal,
inicial fechado e, por fim, a prisão simples não admite, em sob segredo de justiça.”
hipótese alguma, o regime inicial fechado. Agora, o que deve ficar claro é como “funciona” essa
De acordo com o a Lei de Interceptações Telefônicas (Lei nº história de juízo aparente. Segundo o STF, quando a
9296/96), em seu artigo 2º: incompetência do juízo foi reconhecida em razão de fatos
“Art. 2° Não será admitida a interceptação de cujo conhecimento é posterior à decisão judicial, aí temos o
comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das juízo aparente. Que fique bem claro: vamos supor que
seguintes hipóteses: III - o fato investigado constituir determinada investigação tinha somente âmbito estadual e,
infração penal punida, no máximo, com pena de após o deferimento da interceptação, descobriu-se que havia
detenção.” transnacionalidade na operação. Veja que no primeiro caso,
Ora, se, portanto, o fato investigado for punido com os fatos que existiam à época da investigação era que a
detenção não haverá a possibilidade da realização da competência para a interceptação seria do juiz estadual e,
interceptação e, em sendo a prisão simples mais comum que após o meio de prova, descobriu-se sobre a sua
a detenção, com maior razão também não seria possível sua transnacionalidade e, portanto, competência da justiça
realização nessa hipótese. Assim, temos como “sobra” federal. A primeira interceptação não foi prova ilícita
apenas os crimes punidos como reclusão. Deste modo, justamente porque os fatos existentes à época mostravam
somente pode ser realizada a interceptação nessa aparência de competência da justiça estadual (em razão da
modalidade restrição de liberdade. Como vimos, vários os existência dos fatos à época).
crimes previstos contra as crianças e adolescentes do ECA Assim, muito cuidado! O juízo aparente não acontece em
possuem como modalidade a detenção e, por essa razão, não qualquer caso, vai depender do conhecimento da situação à
seria possível a realização de interceptação telefônica na época do pedido.
hipótese de essa medida ser necessária para a apuração de e) Errado. As vezes o texto parece todo certinho, mas
eventual crime. deve ser analisado com cuidado. Primeiro a alternativa
Obs: Apesar disso, há vários crimes punidos com reclusão fala “entre os requisitos e não todos os requisitos”,
(ex. art. 237), no entanto não podemos generalizar esses segundo, temos o artigo 2º: “Art. 2° Não será admitida a
casos como todo e qualquer crime cometido contra criança e interceptação de comunicações telefônicas quando
adolescentes, muito cuidado. ocorrer qualquer das seguintes hipóteses:
d) Correto. Tomem cuidado com a competência relativa e I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação
absoluta e também com a ideia do juízo aparente. em infração penal;

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II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; o caso a ser solucionado não está
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no
compreendido na hipótese de incidência
máximo, com pena de detenção.”
da regra a ser aplicada, daí por que se
Perceba que entre os requisitos está a possibilidade de a
prova ser feita por outros meios, ora, a interceptação é
fala em aplicação analógica, e não em
medida subsidiária – se há outras possibilidades de produzir interpretação analógica.
a prova, a interceptação não poderá ser deferida. Assim, o II. Normas genuinamente processuais são
requisito é a impossibilidade de produzir prova por
aquelas que cuidam de procedimentos,
outros meios, ou seja, a interceptação deve ser o único meio
atos processuais, técnicas do processo.
disponível.
Gabarito: D
III. Normas heterotópicas são aquelas que
abrigam naturezas diversas, de caráter
penal e de caráter processual penal, ou
seja, no mesmo diploma legal estão
presentes ambas as normas.
IV. Normas mistas ou híbridas são aquelas
que comportam natureza diversa da
inicialmente prevista, ou seja, uma
norma processual versa sobre direito
material e vice-versa.
Estão corretos:
A) Apenas os itens I, II e IV
B) Apenas os itens III e IV
C) Apenas os itens I e II
D) Apenas os itens I, II e III
E) Apenas o item II

18) (Questão Autoral Projeto em Delta – 2020) Comentários: I – CORRETO! Primeiro ponto a
distinguir são quanto à natureza jurídica de tais normas. A
Quanto à norma processual penal e seus
analogia é uma forma integrativa de normas, ou seja, não há
procedimentos integrativos e interpretativos,
norma para o caso concreto, busca-se uma norma de
julgue os itens subsequentes: previsão semelhante e aplica. Já a interpretação extensiva,
I. Diferencia-se a analogia da como o próprio nome já refere, é uma interpretação
interpretação extensiva porque naquela elastecida de determinado conteúdo normativo, sem criar

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uma nova hipótese de incidência, apenas amplia o escopo do Gabarito: C
que já é previsto.
Nesse sentido, esposa Brasileiro:
Diferencia-se a analogia da interpretação extensiva porque
naquela o caso a ser solucionado não está compreendido na
hipótese de incidência da regra a ser aplicada, daí por que se
fala em aplicação analógica, e não em interpretação
analógica. A título de exemplo, como o Código de Processo
Penal nada dispõe acerca da superveniência de lei processual
alterando regras de competência, admite-se a aplicação
subsidiária do novo Código de Processo Civil, que dispõe
sobre a perpetuatio jurisdictionis em seu art. 43
(“Determina-se a competência no momento do registro ou
da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as
modificações do estado de fato ou de direito ocorridas
posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário
ou alterarem a competência absoluta”).
II – CORRETO! Conforme Brasileiro, a) normas
genuinamente processuais: são aquelas que cuidam de
procedimentos, atos processuais, técnicas do processo. A
elas se aplica o art. 2º do CPP;
III – INCORRETO! A questão trouxe o conceito de norma
Híbrida, que é a norma que comporta conteúdo material e
processual no mesmo diploma, não podemos confundir tal
fenômeno com a heterotopia. 19) (Questão autoral Projeto em Delta – 2020)
Conforme Renato Brasileiro, 2020 Com base na Lei 9.296/96 (Lei de Interceptação
Há determinadas regras que, não obstante previstas em
Telefônica), bem como nas alterações promovidas
diplomas processuais penais, possuem conteúdo material,
pelo Pacote Anticrime (Lei 13.964/19), analise as
devendo, pois, retroagir para beneficiar o acusado. Outras,
no entanto, inseridas em leis materiais, são dotadas de
afirmativas que seguem:
conteúdo processual, a elas sendo aplicável o critério da I. A inteceptação telefônica pode ser
aplicação imediata (tempus regit actum). É aí que surge o decretada de ofício pelo juiz.
fenômeno denominado de heterotopia, ou seja, situação em
II. A a captação ambiental de sinais
que, apesar de o conteúdo da norma conferir-lhe uma
eletromagnéticos, ópticos ou acústicos
determinada natureza, encontra-se ela prevista em diploma
de natureza distinta.
pode ser decretada de ofício pelo juiz.
IV – INCORRETO! Trata-se de uma norma heterotópica, III. A interceptação telefônica pode ser
vide comentários da questão anterior. utilizada quando o fato investigado
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constituir infração penal punida com, imprescindível a representação da Autoridade
Policial (durante a investigação criminal) ou
no máximo, pena de detenção.
requerimento do MP (durante a investigação
IV. A a captação ambiental de sinais
criminal ou durante a instrução processual penal).
eletromagnéticos, ópticos ou acústicos CAPTAÇÃO AMBIENTAL: NÃO pode ser decretada
pode ser utilizada quando houver de ofício pelo juiz!!
elementos probatórios razoáveis de INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA: PODE ser
decretada de ofício pelo juiz!!
autoria e participação em infrações
III – INCORRETO: Lei 9.296/96, Art. 2° Não será admitida
criminais cujas penas máximas sejam
a interceptação de comunicações telefônicas quando
iguais ou superiores a 4 (quatro) anos ocorrer qualquer das seguintes hipóteses:
ou em infrações penais conexas. [...]
A) Todos os itens estão incorretos. III - o fato investigado constituir infração penal punida, no
máximo, com pena de detenção.
B) Somente os itens I, II, III estão incorretos.
Ou seja, é necessário que a infração penal seja punida com
C) Somente o item I está correto.
reclusão.
D) Somente os itens I e IV estão corretos. IV – INCORRETO: Lei, 9296/96, Art. 8º-A. Para
E) Somente os itens III e IV estão incorretos. investigação ou instrução criminal, poderá ser autorizada
pelo juiz, a requerimento da autoridade policial ou do
Ministério Público, a captação ambiental de sinais
Comentários: I – CORRETO; II – INCORRETO: O art.
eletromagnéticos, ópticos ou acústicos, quando:
8-A da Lei 9.296/96, que trata da CAPTAÇÃO
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
AMBIENTAL, não possibilita a decretação de ofício pelo
[...]
juiz, sendo imprescindível o requerimento do MP ou a
II - houver elementos probatórios razoáveis de autoria e
representação da Autoridade Policial. Em contrapartida, o
participação em infrações criminais cujas penas máximas
art. 3° do referido diploma legal possibilita a decretação da
SEJAM SUPERIORES a 4 (quatro) anos ou em infrações
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA de ofício pelo juiz.
penais conexas.
Temos, então, o seguinte:
Ou seja, é necessário que a pena máxima SEJA SUPERIOR
• INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA: PODE ser
A 4 ANOS (não se inclui pena máxima igual a 4 anos).
decretada pelo juiz:
Gabarito C
• DE OFÍCIO;
• A requerimento do MP, na investigação
criminal ou na instrução processual penal;
OU 20) (Questão autoral Projeto em Delta - 2021)
• Mediante a representação da Autoridade No que se refere à prática de atos infracionais por
Policial, na investigação criminal.
crianças e adolescentes, assinale a alternativa
• CAPTAÇÃO AMBIENTAL: NÃO pode ser
incorreta:
decretada de OFÍCIO PELO JUIZ!!!! É

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A) Há possibilidade de as medidas Para a aplicação das medidas protetivas o conselho tutelar
NÃO PRECISA DA INTERVENÇÃO DO PODER
socioeducativas do ECA serem aplicadas às
JUDICIÁRIO, que somente será necessária nas hipóteses de
pessoas entre 18 e 21 anos.
“inclusão em programa de acolhimento familiar” (inciso
B) A aplicação de medidas protetivas às VIII) e “colocação em família substituta” (inciso IX).
crianças não está adstrita aos Juízes de c) Certo. É o teor da súmula n° 492 do STJ. Vale a pena a
Direito ou à intervenção judicial. leitura de uma parte de um julgado sobre o tema:
“Dentre esses, destaca-se o princípio da excepcionalidade,
C) O ato infracional análogo ao tráfico de
que assegura ao adolescente a inaplicabilidade da medida de
drogas, por si só, não conduz
internação quando houver a possibilidade de aplicação de
obrigatoriamente à imposição de medida outra medida menos onerosa ao seu direito de liberdade. E
socioeducativa de internação do adolescente. mais, tal medida, que importa na privação da liberdade do
D) Chegando ao Ministério Público as peças de adolescente, somente pode ser aplicada quando este incide
nas hipóteses previstas no artigo 122 da Lei n.º 8.069/90, ou
informação de ato infracional praticado por
seja, quando o ato infracional é praticado mediante grave
adolescente, como o boletim de ocorrência
ameaça ou violência a pessoa; pela reiteração no
circunstanciado ou o auto de apreensão, o cometimento de outras infrações graves; ou por
órgão ministerial fará uma oitiva informal do descumprimento reiterado e injustificável da medida
adolescente onde não são aplicados os anteriormente imposta. Perante esta Corte, é pacífico o
entendimento no sentido de que, não verificada qualquer
princípios do contraditório e ampla defesa,
dessas hipóteses, a medida de internação mostra-se
não sendo necessário que o adolescente
incabível, mormente no ato infracional análogo ao delito de
esteja acompanhado de advogado. tráfico ilícito de entorpecentes, que não pressupõe violência
E) A criança que comete ato infracional não ou grave ameaça a pessoa.” (HC 157364 SP, Rel. Ministra
responde criminalmente, devendo ser MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA, julgado em 16/06/2011, DJe 28/06/2011).
aplicada a ela medida socioeducativa.
d) Certo. O art. 179 do ECA afirma que essa oitiva do
adolescente, feita pelo MP, é informal. O STJ, em sua
Comentários: a) Certo. Na hipótese em que o ato jurisprudência mais recente entende que a oitiva informal
infracional for praticado antes da pessoa ter completado 18 tem natureza de procedimento administrativo, que antecede
anos. a fase judicial, ou seja, é um procedimento extrajudicial. Em
Ex.: A tem 17 anos e esfaqueia B, que é internado e falece face disso, nessa oitiva informal não são aplicados os
quando A já possui 18 anos. Nessa hipótese, o ECA será princípios do contraditório e ampla defesa, não sendo
aplicado ao agente, pela prática de ato infracional análogo necessário que o adolescente esteja acompanhado de
ao crime de homicídio, considerando que é aplicada a data advogado. Nesse sentido, o STJ, HC 109.402.
da conduta (teoria da atividade). e) Errado. Não se aplica medida socioeducativa à criança.
b) Certo. O Conselho Tutelar poderá aplicar à criança as Ela recebe apenas medidas protetivas. Atenção! Criança (até
medidas protetivas previstas no art. 101, I a VII, do ECA. 12 anos incompletos) recebe medida protetiva. Adolescente

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(de 12 anos completos até 18 anos) recebe medida instrumentos, armas, objetos ou papéis que
socioeducativa.
façam presumir ser ele o autor da infração.
Gabarito E
E) Flagrante urdido é aquele em que a
situação de flagrância é totalmente
formatada por terceira pessoa,
21) (Questão autoral – Projeto em Delta)
configurando hipótese de atipicidade da
A expressão “flagrante” deriva do latim flagrare
conduta de quem é imputada a prisão em
(queimar), e flagrans, flagrantes (ardente,
flagrante.
brilhante, resplandecente), que no léxico, significa
acalorado, evidente, notório, visível, manifesto.
Comentários:
Tendo em vista tratar-se de tema intimamente
A – CORRETA: Conforme art. 301 do Código de Processo
ligado à rotina do Delegado de Polícia, assinale a Penal, em sua última parte, as autoridades policiais e seus
alternativa incorreta acerca das modalidades de agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em
prisão em flagrante: flagrante delito. Trata-se do flagrante obrigatório,
compulsório ou coercitivo.
A) Entende-se por flagrante coercitivo aquele
B – INCORRETA: Conforme classificação clássica,
realizado por autoridades policiais e seus
entende-se por flagrante próprio, propriamente dito, perfeito,
agentes, tratando-se em verdade de uma verdadeiro ou real aquele em que o agente está cometendo
obrigação, sob pena de responder ou acaba de cometer uma infração penal. Noutro giro,
criminalmente pela desídia. flagrante impróprio, quase flagrante, irreal ou imperfeito é
aquele em que o agente é perseguido, logo após, pela
B) Chama-se flagrante perfeito aquele em que
autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em
o agente está cometendo a infração penal,
situação que faça presumir ser o autor da infração.
e de flagrante imperfeito aquele em que o C – CORRETA: Flagrante preparado, também chamado de
agente acaba de cometer uma infração provocado, delito de experiência, delito putativo por obra do
penal. agente provocador ou delito de ensaio se dá quando alguém,
de forma insidiosa, instiga o agente à prática do delito com o
C) Caso alguém, de forma insidiosa, instiga o
objetivo de prendê-lo em flagrante, ao mesmo tempo em que
agente à prática de um delito com o
adota todas as providências para que o delito não se
objetivo de prendê-lo em flagrante, terá consume.
lugar o chamado delito de ensaio, desde D – CORRETA: Previsto no art. 302, IV do Código de
que também adote providências no sentido Processo Penal, a alternativa apresenta o conceito exato de
flagrante presumido, ficto ou assimilado.
de evitar a consumação do crime.
E – CORRETA: Na lição de Cleyson Brene e de Nestor
D) Flagrante assimilado é aquele em que o
Távora, flagrante forjado, urdido, fabricado, maquinado ou
agente é encontrado, logo depois, com artificial é aquele em que a situação de flagrância é

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totalmente formatada por terceira pessoa e se trata de 22) (Questão autoral Projeto em Delta - 2021)
modalidade ilícita de prisão em flagrante. Sobre a Lei 7.960/1989 (Prisão temporária)
Gabarito B.
assinale a alternativa correta:
A) Com a nova disciplina dada pelos crimes
contra a dignidade sexual, o estupro de
vulnerável poderá ser enquadrado como
hipótese autorizadora da prisão
temporária, acaso atendido os requisitos
legais para sua admissão.
B) Com a prisão temporária sendo
considerada ilegal, por consequência,
deve-se desentranhar dos autos toda e
qualquer medida como provas, diligências
e interrogatórios que decorreram da
prisão.
C) A prisão temporária poderá ser decretada
a qualquer tempo desde que atendidos os
requisitos previstos em lei.
D) Caso a prisão temporária esteja em curso
por ocasião do oferecimento da denúncia,
ao receber a referida peça o juiz deverá
converter a prisão temporária em
preventiva.
E) O prazo da prisão temporária é de dez
dias, podendo ser prorrogado por igual
período.

Comentários:
a) Correto. De acordo com Avena (2020), temos:
“Inicialmente, deve-se ter em vista que o estupro de
vulnerável, punido com pena de 8 a 15 anos de
reclusão, caracteriza-se pela prática de qualquer ato

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libidinoso, conjunção carnal ou não, com menor de 14 d) Errado. São duas as alternativas que pode seguir o juiz
anos (art. 217-A, caput, do CP), ou com pessoa de quando acontece essa situação – receber a denúncia
qualquer idade que, por enfermidade ou deficiência com a prisão temporária em voga: Ou revoga a prisão
mental, não tenha o necessário discernimento, ou não temporária; ou altera o para prisão preventiva, desde
possa oferecer resistência (art. 217-A, § 1.º, do CP). que não seja possível sua conversão por outra medida
Considerando que o estupro de vulnerável insere-se no diversa da prisão (art. 282 § 6º do CPP), bem como os
contexto do que, antes da mencionada alteração requisitos da prisão preventiva estejam presentes.
legislativa, rotulava-se estupro mediante violência Deste modo, não é obrigatória a referida ação contida
presumida, compreendemos que não há qualquer óbice na alternativa pelo juiz, motivo pelo qual ela está
ao decreto da prisão temporária diante desta errada.
modalidade delituosa, com base no art. 1.º, III, da Lei e) Errado. O prazo da prisão temporária é de cinco dias,
7.960/1989.” de acordo com a Lei n. 7.960/89:
Portanto, ainda com as alterações sofridas, é admissível “Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz,
a prisão temporária com fundamento no estupro de em face da representação da autoridade policial ou de
vulnerável. requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de
b) Errado. Essa é a típica afirmação que depende da prova 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso
que você está fazendo. Em sendo polícia/mp parte da de extrema e comprovada necessidade.”
acusação, deve-se adotar a corrente que segue o viés Gabarito A
acusatório. Assim, afirma Avena (2020) que:
“A eventual ilegalidade no decreto de segregação
temporária não tem o condão de anular os demais atos
que dele decorram, mas apenas o de restabelecer a
liberdade do indivíduo, porquanto a prisão só atinge a
liberdade ambulatorial, não refletindo nas provas
porventura derivadas da segregação (STJ, HC
96.245/RJ, DJ 16.11.2010). Neste contexto, mesmo que
seja considerada ilegal a prisão temporária, descabe
extirpar dos autos os atos, provas e diligências
decorrentes da prisão, tais como interrogatórios,
acareações, reconhecimentos etc.”
c) Errado. A prisão temporária tem como objetivo a
assegurar o êxito nas investigações. Em sendo a ação
penal ajuizada e a denúncia recebida, não há interesse
na referida custódia, assim afirma o STJ:
“Uma vez recebida a denúncia não mais subsiste o
decreto de prisão temporária, que visa resguardar, tão
somente, a integridade das investigações” (STJ, HC
44.987/BA, 5.ª Turma, DJ 13.03.2006).”

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23) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021) b) Incorreta: Súmula 351 do STF preconiza que “é nula a
citação por edital de réu preso na mesma unidade da
Sobre as nulidades, assinale a alternativa correta:
Federação em que o juiz exerce a sua jurisdição”.
A) No Processo Penal, não é nulo o
c) Correta: “No processo penal, a falta da defesa constitui
julgamento da apelação se, após a nulidade absoluta, mas a deficiência só o anulará se
manifestação nos autos da renúncia do houver prova de prejuízo para o réu”, nos termos do que
único defensor, o réu não foi previamente afirma a Súmula 523 do STF.
d) Incorreta: Nos termos do entendimento do Supremo,
intimado para constituir outro.
“não é nula a citação por edital que indica o dispositivo
B) É válida a citação por edital de réu preso
da lei penal, embora não transcreva a denúncia ou
na mesma unidade da Federação em que o queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia”, nos
juiz exerce a sua jurisdição. termos da Súmula 366.
C) A falta de defesa é considerada uma e) Incorreta: Em se tratando de intimação, a Súmula 155
do STF prevê que “é relativa a nulidade do processo
nulidade absoluta, embora a sua
criminal por falta de intimação da expedição de
deficiência não seja, devendo esta ser
precatória para inquirição de testemunha”.
analisada e somente considerado nulo Gabarito C.
aquilo comprovadamente prejudicial ao
réu.
D) Em se tratando de citação, é nula a 24) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)
realizada por edital que indica apenas o Acerca da Lavagem ou ocultação de bens, o
dispositivo da lei penal, não transcrevendo entendimento jurisprudencial, legal e doutrinário,
a denúncia ou queixa, ou não resumindo assinale a correta:
os fatos em que se baseia. A) Como o crime de lavagem de dinheiro é
E) É correto afirmar que a nulidade do complexo, faz-se necessário que o MP faça
processo criminal por falta de intimação uma denúncia exaustiva e pormenorizada
da expedição de precatória para inquirição da infração penal antecedente que se liga
de testemunha é absoluta. ao crime de lavagem de dinheiro.
Comentários: B) É inconstitucional a determinação de
a) Incorreta: Segundo entendimento sumulado, “é nulo o
afastamento automático de servidor
julgamento da apelação se, após a manifestação nos
público indiciado em inquérito policial
autos da renúncia do único defensor, o réu não foi
previamente intimado para constituir outro”, conforme
instaurado para apuração de crimes de
Enunciado 708 do STF. lavagem ou ocultação de bens, direitos e
valores.

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C) Os crimes de lavagem de dinheiro são do suposto crime prévio (infração penal antecedente),
bastando a presença de indícios suficientes de que o objeto
meramente formais, razão pela qual não
material da lavagem (bens, direitos ou valores) seja
admitem tentativa. proveniente, direta ou indiretamente, desta infração penal

D) A ordem de prisão de pessoas ou as antecedente. STJ. Corte Especial. APn 923-DF, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 23/09/2019 (Info 657).”
medidas assecuratórias de bens, direitos ou
b) Correto. O STF declarou a inconstitucionalidade do art. 17-D
valores poderão ser suspensas pelo juiz, a da lei de lavagem de dinheiro ao entender que o mero

requerimento do Ministério Público, indiciamento não seria possível para afastar servidor público.
O afastamento do servidor somente se justifica quando ficar
quando a sua execução imediata puder
demonstrado nos autos que existe risco caso ele continue no
comprometer as investigações. desempenho de suas funções e que o afastamento é medida

E) Para se admitir como possível a denúncia eficaz e proporcional para se tutelar a investigação e a própria
Administração Pública. Tais circunstâncias precisam ser
por lavagem de dinheiro é necessária que a
apreciadas pelo Poder Judiciário. Assim o art. 17-D:
infração anterior seja de crime, não “Art. 17-D. Em caso de indiciamento de servidor público, este

admitindo, por exemplo, a contravenção. será afastado, sem prejuízo de remuneração e demais direitos
previstos em lei, até que o juiz competente autorize, em
decisão fundamentada, o seu retorno. (Incluído pela Lei nº
Comentários: 12.683/2012)”
a) Errado. Segundo o STJ não é necessária a descrição minuciosa É inconstitucional a determinação de afastamento automático
do crime anterior, bastando a existência de indícios e que a de servidor público indiciado em inquérito policial instaurado
lavagem seja oriunda dessa infração. para apuração de crimes de lavagem ou ocultação de bens,
Se o Ministério Público oferece denúncia por lavagem de direitos e valores. O art. 17-D da Lei de lavagem de capitais
dinheiro, ele deverá narrar, além do crime de lavagem (art. 1º foi declarado inconstitucional pelo STF. Alternativa correta.
da Lei nº 9.613/98), qual foi a infração penal antecedente c) Errado. Existem dois erros. Primeiro que é possível a tentativa
cometida. em crimes formais, basta que eles sejam plurissubsistentes. Os
Importante esclarecer, contudo, que não é necessário que o crimes plurissubsistentes (a grande maioria), de sua parte,
Ministério Público faça uma descrição exaustiva e contêm uma conduta que admite cisão (fracionamento). O
pormenorizada da infração penal antecedente, bastando comportamento descrito no verbo nuclear pode ser dividido
apontar a existência de indícios suficientes de que ela tenha em vários atos. O homicídio é plurissubsistente, porquanto o
sido praticada e que os bens, direitos ou valores que foram autor do crime pode cindir sua conduta em momentos
“lavados” (ocultados ou dissimulados) sejam provenientes distintos (por exemplo, sacar a arma, efetuar um disparo,
desta infração. Assim, a aptidão da denúncia relativa ao aproximar‐se ainda mais da vítima, efetuar outro disparo etc.,
crime de lavagem de dinheiro não exige uma descrição até consumar seu intento letal).
exaustiva e pormenorizada do suposto crime prévio, bastando Além disso a própria lei de lavagem de dinheiro admite a
a presença de indícios suficientes de que o objeto material tentativa:
da lavagem seja proveniente, direta ou indiretamente, de “Art. 1º § 3º A tentativa é punida nos termos do parágrafo
infração penal. único do art. 14 do Código Penal.”
Na decisão o STJ: Portanto, alternativa incorreta.
“A aptidão da denúncia relativa ao crime de lavagem de d) Errado. Segundo o art. 4º-B não há a necessidade de
dinheiro não exige uma descrição exaustiva e pormenorizada requerimento para tanto. Tal medida pode ser determinada de

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ofício pelo juízo, apenas com a necessidade da oitiva do MP 25) (Questão autoral Projeto em Delta – 2020)
ao caso, conforme temos.
Julgue as afirmativas que seguem:
“Art. 4o-B. A ordem de prisão de pessoas ou as medidas
assecuratórias de bens, direitos ou valores poderão ser I. A prisão temporária pode decretada de
suspensas pelo juiz, ouvido o Ministério Público, quando a ofício pelo Juiz;
sua execução imediata puder comprometer as investigações.”
II. A interceptação telefônica pode ser
Há benefício para o réu a suspensão das medidas
assecuratórias, por essa razão não há a necessidade do decretada de ofício pelo juiz;
requerimento pelo MP. Por isso, alternativa incorreta. III. A prisão preventiva pode ser decretada
e) Errado. A partir das alterações inseridas pela Lei 12.683/2012,
de ofício pelo juiz;
a Lei 9.613/1998 passou a ser considerada como sendo de
terceira geração, justamente por não mais apresentar um rol IV. A captação ambiental pode ser
taxativo das infrações penais antecedentes. Por conseguinte, é decretada de ofício pelo juiz.
possível a configuração do crime de lavagem de dinheiro a
Estão incorretos:
partir do produto de qualquer infração penal anteriormente
praticada. A) Todos os itens.
O art. 2º em seu parágrafo 1º da Lei n. 9613/98 diz: B) Somente os itens I e III.
“§ 1o A denúncia será instruída com indícios suficientes da
C) Somente o item IV.
existência da infração penal antecedente, sendo puníveis os
fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de D) Somente os itens I, III e IV.
pena o autor, ou extinta a punibilidade da infração penal E) Somente os itens I, II e III.
antecedente.”
Fala-se, portanto, em infração penal antecedente e não em
crime antecedente. Comentários: Em relação aos itens II e IV, segue os

Alternativa incorreta. comentários: O art. 8-A da Lei 9.296/96, que trata da CAPTAÇÃO
Gabarito B AMBIENTAL, não possibilita a decretação de ofício pelo juiz,
sendo imprescindível o requerimento do MP ou a representação da
Autoridade Policial. Em contrapartida, o art. 3° do referido
diploma legal possibilita a decretação da INTERCEPTAÇÃO
TELEFÔNICA de ofício pelo juiz.
Temos, então, o seguinte:
• INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA: PODE ser
decretada pelo juiz:
• DE OFÍCIO;
• A requerimento do MP, na investigação
criminal ou na instrução processual penal;
OU
• Mediante a representação da Autoridade
Policial, na investigação criminal.
• CAPTAÇÃO AMBIENTAL: NÃO pode ser
decretada de OFÍCIO PELO JUIZ!!!! É
imprescindível a representação da Autoridade Policial

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(durante a investigação criminal) ou requerimento do Imediatamente surgiu na doutrina a discussão se a Lei 11719/08 teria ou não revogado
tais dispositivos, o que inicialmente foi rechaçado pela jurisprudência, que em razão do
MP (durante a investigação criminal ou durante a princípio da especialidade, e continuou a aplicar as leis especiais e o interrogatório como

instrução processual penal). primeiro ato da instrução.


O argumento contrário era que, as leis especiais que tratavam do interrogatório no início
CAPTAÇÃO AMBIENTAL: NÃO pode ser decretada de ofício da instrução, apenas reproduziram o modelo até então vigente, ou seja, eram reflexo do

pelo juiz!! procedimento estabelecido no próprio código de processo penal e, com a sua mudança,
deveriam também passar a reproduzir o novo modelo, qual seja, o interrogatório como
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA: PODE ser decretada de último ato da instrução. Por todos, cito a posição do Aury Lopes Jr: “Por isso,

ofício pelo juiz!! sustentamos que a Lei n. 11.343 deve contemplar os novos institutos inseridos pela
reforma processual de 2008, com possibilidade de absolvição sumária após a resposta à
Em relação ao item I, segue os comentários: A prisão temporária acusação (defesa escrita) e, principalmente, deslocando-se o interrogatório para o

NÃO pode ser decretada pelo juiz de ofício, conforme preconiza o último ato da instrução. Tal adequação é necessária à luz do disposto no art. 394, §§ 4º
e 5º, do CPP, que determinam aplicação dos novos dispositivos a todos os
art. 2º da Lei de Prisão Temporária (Lei 7.960/89), o qual exige procedimentos de primeiro grau, ainda que não regulados pelo CPP.

representação da Autoridade Policial ou requerimento do MP. Paulatinamente, a jurisprudência foi mudando de entendimento e passou a entender que o
interrogatório é o último ato da instrução (nesse sentido: STF, HC 127900/AM, rel. Min.
Por fim, em relação ao item III, segue os comentários: A Lei Dias Toffoli, 3.3.2016. (HC-127900); STF, AP 1027 AgR, Relator(a): Min. MARCO

13.964/19 (Pacote Anticrime) alterou o art. 311 do CPP, excluindo AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma,
julgado em 02/10/2018, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-227 DIVULG 24-10-2018
a possibilidade de o juiz decretar a prisão preventiva de ofício PUBLIC 25-10-2018); STJ. 6ª Turma. HC 403.550/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis

(a redação anterior permitia que fosse decretada a prisão preventiva Moura, julgado em 15/08/2017).
Assim, com a mudança do entendimento jurisprudencial, a exigência da realização do
de ofício pelo juiz durante a fase processual). interrogatório ao final da instrução criminal, conforme o Art. 400 do CPP, é aplicável os

Desse modo, o juiz NÃO poderá DECRETAR A PRISÃO processos penais militares, aos processos eleitorais e a todos os procedimentos penais
regidos por legislação especial (ex.: lei de drogas, lei de licitações).
PREVENTIVA DE OFÍCIO, ainda que no curso da ação penal. Perceba que estamos diante da mesma divergência, motivo pelo qual, nos leva a crer que

● Quanto ao tema, vale abrir uma discussão específica em relação a a solução dada será a mesma, isto é, “Ubi eadem ratio ibi idem jus”, onde houver o
mesmo fundamento haverá o mesmo direito.
Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06): O disposto no Art. 20 da Lei 11.340/06 reproduzia o modelo vigente à época de sua
O art. 20 da Lei Maria da Penha tem a seguinte redação: Em qualquer fase do inquérito edição, que permitia o atuar de ofício do juiz na fase pré-processual e processual, modelo
policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada que, com o advento da lei anticrime, tornou-se superado, devendo ser afastada a solução
pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da de antinomias com base no princípio da especialidade, conforme já sedimentou o STJ,
autoridade policial. em questão análoga, como vimos acima.
O referido dispositivo era basicamente uma cópia do art. 311 do CPP antes do advento da Aqui, não se trata de antinomia entre dispositivos e sim da superação de um sistema
Lei 12.403/11, a qual alterou o art. 311 e passou a vedar a decretação da prisão processual (antes tarde do que nunca) e a necessária reinterpretação dos institutos
preventiva de ofício na fase pré-processual. vigentes à luz do sistema acusatório.
Com o avento da Lei 12.403/11, uma corrente doutrinária, defendida por Eugênio Pacelli, Essa é uma discussão que não deve aparecer tão cedo em provas objetivas,
Aury Lopes Júnior, Paulo Rangel (um dos examinadores da matéria de Processo Penal no entretanto, nas provas discursivas, é de suma importância a apresentação dos
concurso de Delegado da PC/RJ), Nestor Távora, entre outros, passou a defender que o argumentos acima.
art. 20 da Lei Maria da Penha teria sido parcialmente revogado pela referida lei. Porém, a Não obstante, por enquanto (enquanto não houver um posicionamento
doutrina majoritária afirmava que o Art. 20 da L. 11340/06 não teria sido revogado jurisprudencial e doutrinário sedimentado) podemos dizer que o art. 20 da Lei
tacitamente, em razão do princípio da especialidade, o qual continuou, portanto, sendo Maria da Penha é uma exceção expressa ao art. 311 do CPP.
aplicado.
Temos, então, o seguinte:
Ora, se o Pacote Anticrime modificou o art. 311 do CPP, exatamente como a lei
12403/11, terá novamente a discussão em relação ao art. 20 da L.11.340/06. Ademais, o I – NÃO pode ser decretada de ofício pelo juiz!
Pacote Anticrime trouxe inúmeras outras alterações (além de vedar que o juiz decrete a
prisão preventiva de ofício no curso da ação penal) que ratificaram ainda mais o sistema
II – PODE ser decretada de ofício pelo juiz!
acusatório (prevendo o referido sistema expressamente no art. 3-A do CPP, o qual por
III – NÃO pode ser decretada de ofício pelo juiz!
sua vez se encontra suspendo pelo STF).
Para entender melhor o tema, precisamos lembrar da solução dada pelos Tribunais IV – NÃO pode ser decretada de ofício pelo juiz!
Superiores quando tratou do interrogatório como último ato da instrução.
A lei 11719/08, alterou o Art. 400 do CPP, fixando o interrogatório como último ato da
Desse modo, somente os itens I, III e IV estão
instrução: Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo
INCORRETOS!!
máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à
inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, Gabarito D
ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos
peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em
seguida, o acusado. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
O problema é que deixou de alterar os dispositivos nas leis especiais que previam
procedimentos, como a lei de drogas (L.11343/06), código de processo penal militar,
procedimentos originários dos tribunais (L.8038/90) e lei de licitações (L.8666/93).

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