Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Apostila PCP
Apostila PCP
Faculdade de Tecnologia
Departamento de Engenharia de Produção
APOSTILA DA DISCIPLINA:
PLANEJAMENTO E CONTROLE DA
PRODUÇÃO
(versão 2011/1)
Programa da disciplina
Ementa
Planejamento. Programação e Controle da Produção nos Diversos Níveis. Previsão de
Vendas. Modelos de Programação da Produção e Mão-de-obra. Controle de Estoques.
Métodos Modernos de Gerenciamento da Produção.
Objetivos
Conteúdo programático
1. Introdução
1.1 Administração de Operações (definição)
1.2 Diferenças e semelhanças entre manufaturas e serviços
1.3 O rumo da gerência de operações
1.4 A gerência de operações e a organização
2. Gerenciamento dos processos e dos estoques
2.1 Gerenciamento de processos (definição)
2.2 Decisões no gerenciamento
2.3 Principais conceitos de estoques
2.4 Gerenciamento dos estoques
3. Sistemas de estoques – demanda independente
3.1 Lote econômico de encomenda
3.2 Estoques de segurança
3.3 Sistemas de revisão contínua
3.4 Sistema de revisão periódica
4. Planejamento agregado, planos de produção e mão de obra
4.1 Introdução
4.2 Conceitos principais
4.3 O processo de planejamento
4.4 Ilustrações práticas
5. Programa mestre da produção
5.1 Programa – mestre de produção (definição )
5.2 O processo de programa - mestre da produção
5.3 Desenvolvimento de um programa mestre
Metodologia
Exposição verbal dos conceitos e debates (discussão dirigida), com troca de experiências entre
os participantes. Exercícios para aplicação prática dos conceitos vistos, por meio de tarefas
individuais e em grupo.
Critério de Avaliação
Bibliografia recomendada
BUFFA, E. Modern Production/Operation Management. New York, USA: Jonh Wiley &
Sons, 1987.
CHASE, R. B,; JACOBS, R.; AQUILANO, N. J. Administração da produção para a
vantagem competitiva. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.
CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A., Administração da produção e operações: manufatura e
serviços – uma abordagem estratégica, 2. ed., São Paulo: Atlas, 2006.
CORREA, H.L. et al. MRPII / ERP – Conceitos, uso e implantação, São Paulo: Editora Atlas,
2000.
DAVIS, M.M. et al. Fundamentos da administração da produção. 3. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
LAUGENI, F. P.; MARTINS, P. G. Administração de produção. 2. ed. São Paulo: Saraiva,
2005.
MONKS, J. G. Administração da produção. São Paulo: McGraw Hill, 1987.
MOREIRA, D. A. Administração da produção e operações, 2. ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2008.
PAIVA, E. L.; CARVALHO JUNIOR, J. M.; FENSTERSEIFER, J. E. Estratégia de
produção e de operações. Porto Alegre: Bookman, 2004.
Henrique Martins Rocha é Doutor em Engenharia pela UNESP, com pós-doutorado na mesma
instituição, Mestre em Sistemas de Gestão (UFF), Especialista em Gestão Empresarial (FGV)
e em Finanças Corporativas (UFRRJ). Engenheiro Mecânico (UERJ) com aperfeiçoamento
em Engineering Excellence pelo Rochester Institute of Technology, foi avaliador líder do
PQRio. Sua experiência profissional de 27 anos na área industrial, em empresas como Xerox,
White Martins, Flextronics, Remington, CBV e Siemens, inclui funções como gerente de
Planejamento e Controle de Produção e Exportação, gerente de Customer Care, gerente de
Produção, gerente de Programas (novos produtos), gerente de Design Center, engenheiro de
Processos e Manufatura, etc. Participou da implementação de sistemas integrados de gestão,
implantação, balanceamento e realocação de diversas linhas de produção, desenvolvimento de
cadeias de suprimento, incluindo logística reversa, seleção de equipamentos, desenvolvimento
de processos produtivos e de novos produtos, manutenção industrial, etc. Atuou por 5 anos
nos USA e Canadá, integrando diversos times de desenvolvimento de produtos,
desenvolvendo fornecedores e coordenando grupo multinacional de design. Atua há dez anos
na área acadêmica, como professor, coordenador de cursos de graduação e pós-graduação e
pesquisador. Possui dezenas de publicações científicas: artigos em periódicos e anais de
eventos científicos e capítulos de livros. Endereço para acessar CV Lattes:
http://lattes.cnpq.br/0532941206355027.
1. INTRODUÇÃO
A presente apostila se presta a servir de fonte inicial de esclarecimento e orientação sobre
o conteúdo da disciplina Planejamento e Controle da Produção (PCP), não devendo, no
entanto, ser considerada a única fonte de informação e estudo. O aprofundamento
conceitual, bem como aplicações práticas, devem ser consultados nas obras indicadas na
Bibliografia da disciplina.
FORNECEDOR COMPRAS
Fluxo de materiais
e valor agregado
FABRICAÇÃO
Manufatura
! Geralmente o produto é concreto
! A posse é transferida quando uma compra é efetuada
! O produto pode ser revendido
! O produto pode ser demonstrado
! O produto pode ser estocado por vendedores e compradores
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia
Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha
DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO
6
Serviços
! Geralmente o serviço é intangível
! Geralmente a posse não é transferida
! O serviço não pode ser revendido
! Normalmente o serviço não pode se demonstrado
! com eficácia (ele não existe antes da compra)
! O serviço não pode ser estocado
! Produção e consumo geralmente coincidem
! Produção, consumo e, frequentemente, a venda, são feitos no mesmo local.
! O serviço não pode ser transportado (embora os “produtores” frequentemente
possam)
! O comprador/cliente participa diretamente da produção
! Na maioria dos casos, o contato direto é necessário
A abertura dos mercados criou uma nova ordem econômica, baseada fundamentalmente na
estruturação de novas formas de organização da produção, com ênfase na competitividade
e na inovação tecnológica. Novas formas de organização industrial são rapidamente
incorporadas à cultura das empresas, como resposta aos novos desafios de mercado
(TÁLAMO; CARVALHO, 2004).
Conforme Rocha (2002), com a proliferação das técnicas japonesas, que mostraram ao
resto do mundo os conceitos de Kanban, Just-in-time, Círculos de Qualidade, Total
Productive Maintenance, etc., percebeu-se que a pulverização dos esforços não era a forma
mais eficaz de desenvolver e manufaturar produtos. Conceitos como Engenharia
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia
Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha
DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO
7
Talvez a primeira abordagem mais sistemática sobre gestão de operações deve-se aos
trabalhos de Frederick Taylor. Taylor analisou, usando estudos de micromovimentos, a
execução tarefas, no sentido de eliminar desperdícios de movimentos durante o período em
que o trabalhador estava de fato agregando valor ao produto. Deu origem ao estudo dos
tempos e movimentos que aprofundou as análises, ainda voltadas a tornar a tarefa mais
eficiente. Toda a área de conhecimento que derivou daí e tornou-se muito influente por boa
parte do século XX de certa forma os intervalos entre os períodos durante os quais
diferentes trabalhadores agregavam valor ao produto. Esses intervalos referem-se a
atividades como transporte, esperas e outros que, se não agregam valor ao produto,
certamente agregam custos.
Em meados do século XX, os processos produtivos haviam mudado em relação ao
paradigma de produção em massa vigente nos anos 10, 20 e 30. A variedade de produtos
ampliava-se e, com ela, a variedade de roteiros produtivos percorridos pelos diversos
produtos dentro das unidades produtivas. Isso fez com que, em certas situações, em
fábricas dos anos 40 e 50, em menos de 5% do tempo que um produto permanecia numa
unidade de operações houvesse de fato valor sendo agregado a ele. Ou seja, os custos
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia
Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha
DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO
8
Um hospital fornece serviços de saúde. Uma equipe esportiva profissional está organizada
para vencer jogos e ganhar dinheiro. Uma organização de caridade tenta angariar fundos
para aliviar certos problemas sociais. Os administradores dessas organizações são
responsáveis pelo atingimento desses objetivos.
Um processo é uma série de ações que geram um resultado (PMI, 2000), ou seja, vai
permitir a transformação de alguma(s) coisa(s) em outra(s). Vamos a um exemplo:
suponhamos a existência de uma parede sem qualquer tipo de acabamento; esta parede
pode ser transformada, através de um processo, por exemplo, um processo de pintura.
Desta forma, o que se tinha antes do processo (a parede sem acabamento) se transforma em
algo diferente (no caso, uma parede pintada). Pois bem, para que esse processo (pintura)
seja executado, seu executor (o pintor) precisará fazer uso de ferramentas, como, por
exemplo, pincel, rolo, etc., e também técnicas (a técnica de pintura propriamente dita).
A falta de qualquer destes elementos (ferramentas e técnicas) dificultará ou impossibilitará
a conclusão do processo. Vamos entender porque: pensemos em outro processo, o processo
de fazer um bolo. Neste processo, temos algo a ser transformado: os ingredientes (ovos,
farinha, etc) e no que eles se transformarão (o bolo propriamente dito). São necessárias as
ferramentas (forma, forno, etc), sem as quais não podemos fazer o bolo. Mas não é só isso:
a técnica precisa ser conhecida para que se possam transformar os ingredientes em um bolo
de verdade. Sem esse conhecimento, bem, digamos, é melhor nem experimentar um bolo
feito por quem não sabe cozinhar (ou que, pelo menos, não tenha seguido uma receita).
Aproveitaremos o exemplo para definirmos alguns componentes do processo, tendo como
base a Figura 3:
Ferramentas e Técnicas
Nem todos os processos serão de transformação de algo tangível. Ou seja, nem sempre se
perceberá tão facilmente a transformação de uma parede sem acabamento numa parede
pintada ou a transformação de ingredientes num bolo pronto: existem diversos processos
em que as entradas e saídas não são tangíveis. Por exemplo, neste exato momento você
está executando um processo de leitura, utilizando as ferramentas que você dispõe (seus
próprios olhos... às vezes com auxílio de óculos...) e a técnica de leitura, que lhe foi
ensinada há muitos anos. A entrada desse processo é o material de leitura, um
conhecimento disponível, porém não disseminado até que passe por um processo em que
esse conhecimento é absorvido pelo leitor.
Usualmente não existem processos isolados, mas o encadeamento de diversos processos.
Por exemplo, uma linha de montagem não tem um processo único para montagem dos
produtos que fornece, mas uma série de processos nas diversas estações. Por exemplo, a 1ª
estação de uma linha vai receber alguns componentes e o executor (montador) vai utilizar
ferramentas e técnicas para fazer uma montagem que é ainda parcial (não contempla o
produto completo); a 2ª estação vai também executar seus processos, e assim
sucessivamente até que no final da linha de montagem tenha-se o produto pronto. Mas os
processos não são somente estes: para que os componentes chegassem às estações de
montagem, uma série de pessoas, grupos e departamentos foram envolvidos: compradores,
inspetores, motoristas, almoxarifes, etc. Desta forma, percebe-se a existência de uma
infinidade de processos por toda a organização, processos estes que precisam estar
encadeados para que se possa gerar resultados satisfatórios para a empresa.
O gerente de operações procura criar estruturas e regras de decisão que permitam o sistema
desempenhar de acordo com o esperado. Isso é feito, por exemplo, através do
desenvolvimento e implementação de políticas que propiciem o uso eficaz e eficiente dos
recursos destinados à produção e entrega dos produtos e serviços aos clientes.
Em função da natureza dos objetos de decisão, pode-se dividir as operações em cinco áreas
de decisão:
! Qualidade (o que produzir – concepção e controle das características);
! Processo (como produzir – instalações, equipamento);
! Capacidade (quando produzir – planejamento e programação);
! Estoques (com o que produzir e quando - necessidades de matérias e do mercado);
! Força de Trabalho (com quem produzir – qualificação, desempenho, motivação).
Periodicidade
1.Encomenda única
2.Mais de uma encomenda
Origem
1.Exterior ao fornecedor
2.Do fornecedor
Demanda
1.Demanda constante
2.Demanda variável
3.Demanda independente
4.Demanda dependente
Sistemas de gestão
1.Revisão contínua
2.Revisão periódica
3.MRP
4.Quantidade ótima de encomenda
Estoque de produtos acabados: É o estoque composto pelo produto que teve seu processo
de fabricação finalizado. Em empresas comerciais é chamado de estoque de mercadorias.
Usualmente são materiais que se encontram em depósitos próprios para expedição. São
formados por materiais ou produtos em condições de serem vendidos.
Já, como inconveniente, há a própria fragilidade de certos produtos, que não possuem
condições de serem mantidos em stock ou poderão ser mantidos em períodos muito curtos.
Outro problema, diz respeito ao custo de posse traduzido no fato de existir material não
vendido que vai acabar por imobilizar capital sem acrescentar valor. A ruptura apresenta-se
como um enorme inconveniente, visto que a ocorrência desta irá provocar vendas perdidas
e em casos extremos poderá levar à perda de clientes.
Lote Econômico de Encomenda (ou de Compras) é a quantidade a ser comprada que vai
minimizar os custos de estocagem e de aquisição.
Para que o LEC seja considerado, algumas suposições precisam ser atendidas:
• A demanda considerada é conhecida e constante;
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia
Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha
DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO
13
! Não há restrições quanto ao tamanho dos lotes (os caminhões de transporte não têm
capacidade limitada e o fornecedor pode suprir tudo o que desejarmos);
! Os custos envolvidos são apenas de estocagem (por unidade) e de pedido (por
ordem de compra);
! O lead time é constante e conhecido;
! Não é considerada a possibilidade de agregar pedidos para mais de um produto do
mesmo fornecedor.
Algumas dessas suposições não são totalmente realistas, mas elas simplificam muito o
modelo do LEC, e, portanto, são consideradas para estimar a melhor quantidade a ser
comprada. Essa estimativa pode depois ser ajustada para que a quantidade realmente
comprada não esteja muito distante da melhor quantidade.
Assim, o custo total por um período é composto pelo número de pedidos feitos
(multiplicado pelo custo de pedido) mais o estoque médio (multiplicado pelo custo unitário
de manutenção de estoques), ou seja:
Resolvendo a equação, encontramos que o tamanho do lote Q que minimiza o custo total é
então:
Cabe observar que Ce é o custo unitário de estocagem e, desta forma, pode ser um dado
fixo (por exemplo, custa R$5/ano estocar cada unidade de determinado produto) ou uma
função financeira (exemplo: o custo anual de manter em estoque determinado item é de
15% de seu valor).
Vamos observar as figuras 4 e 5 e discutir o conceito de custo total e lote econômico em
sala de aula, quando abordaremos também o conceito de lote econômico de produção e
faremos exercícios de fixação, ok?
Figura 6 - Estoque de segurança para variâncias do lead time (OLIVEIRA et al., 2008)
A determinação dos estoques de segurança leva em consideração dois fatores que devem
ser equilibrados: os custos decorrentes do esgotamento do item e os custos de manutenção
dos estoques mínimos, como serão visto mais adiante.
O momento de emissão de uma ordem de ressuprimento vai depender do tipo de sistema
adotado para controle de estoque. Existem dois tipos de tipos de sistemas: sistema de
revisão contínua ou sistema de revisão periódica.
PR = D x LT + ES
Sendo,
PR " ponto de ressuprimento (pó ponto de pedido);
LT " lead time de ressuprimento; e
ES " estoque de segurança.
Quanto maiores forem os custos de falta atribuídos ao item, maiores serão os níveis de
estoques mínimos que deverão ser mantidos, e vice versa. Trabalharemos com o conceito e
o cálculo proposto por Corrêa e Corrêa (2004):
ES = FS x σ x LT1/2
Sendo:
FS " fator de segurança, que é uma função do nível de serviço que se pretende,
conforme constante na Tabela 1;
σ " desvio-padrão estimado para a demanda futura.
Obs: Chase et al. (2006) apontam uma forma alternativa para o cálculo do ES, utilizando a
função DIST.NORMP do Excel (distribuição cumulativa normal padrão): dado um valor z
(número de desvios-padrão para uma probabilidade de serviço especificada), multiplica-se
o mesmo pelo desvio-padrão de demanda durante o lead time.
Laugeni e Martins (2005) apresentam outro exemplo, quando a demanda segue uma lei de
probabilidades discreta, quando deve-se decidir o nível de serviço em se operará e calcular,
a partir daí o ponto de reposição (PR), calculando, em seguida a demanda média e o ES,
por diferença, como visto no exemplo que se segue.
Corrêa e Corrêa (2004) destacam ainda que existe outra fonte de variação, que é a
variabilidade a qual está sujeito o lead time de ressuprimento: em função do desempenho
passado do fornecedor, avaliar a distribuição de tempos que efetivamente levaram as
entregas, a partir dos pedidos colocados, caracterizá-la em termos de uma média e um
desvio-padrão. Neste caso, o estoque de segurança seria dado por:
ES = FS x σLT x D
Sendo,
σLT " desvio-padrão da distribuição dos lead times; e
D " demanda, considerada, para este caso, constante e conhecida.
Os autores destacam ainda que nas situações em que a variabilidade ocorre tanto na
demanda como no lead time, a formulação matemática do cálculo do estoque de segurança
é controversa. Sugere-se, portanto, que seja utilizada simulação computacional nestas
situações.
De acordo com Silva et al. (2008), em geral sistemas de revisão contínua operam com
níveis menores de estoque de segurança, porém em muitos casos os sistemas de intervalo
padrão são mais vantajosos por que nos permite emitir ordens de vários produtos ao
mesmo tempo, proporcionando economia de escala sobre os custos fixos de emissão de
pedido e permitindo consolidação de cargas. Sistemas de revisão periódica também se
tornam úteis em ambientes poucos informatizados, pois os custos de controle de estoque
são menores.
No sistema de revisão periódica, o nível de estoque tem seu ponto máximo pré-estipulado e
então a cada período, que pode ser semanal, mensal, entre outros, o estoque é revisado e
compra-se apenas a quantidade que somada ao que já existe atualmente, resultará na
quantidade máxima de estoque desejada. Ao contrário do sistema de revisão contínua, este
sistema tem o período de tempo invariável e o tamanho do lote variável. Segundo Ritzman
e Krajewski (2008), o sistema de revisão periódica, também chamado de sistema de
recolocação do pedido em intervalos fixos, revisa a posição de um determinado item em
estoque periodicamente ao invés de continuamente, estabelecendo uma rotina pela qual um
pedido novo é colocado ao final de cada revisão e o intervalo entre pedidos é fixo.
Conforme Silva et al. (2008), neste método de revisão, o gerenciamento dos estoques neste
método acontece da seguinte forma: Primeiro estabelece-se um intervalo para ser feita a
contagem dos estoques e um nível máximo de estoque para cada item a ser controlado.
Toda vez que for feita à contagem dos estoques, faz-se um pedido de ressuprimento para os
itens de forma que eles alcancem o nível máximo de estoque estipulado, conforme cálculo
mostrado a seguir.
Q = Dm x (P + LT) + ES – (E + QP)
Sendo,
Q " quantidade a pedir;
Dm " demanda média, ou taxa de demanda;
P " período de revisão;
E " estoque atual (ou seja, encontrado durante a contagem); e
QP " quantidade pendente (já pedida e não recebida).
Cabe destacar que, como o período em que não há o acompanhamento do consumo (ou
seja, a demanda) agora ocorre entre as contagens, a variação deve ser levada em
consideração não somente no lead time de suprimento, mas também entre contagens, ou
seja, entre pedidos. O cálculo do ES se dá então por:
ES = FS x σ x (P + LT)1/2
De acordo com Moreira (2008), não existe uma regra definida para se fixar o período entre
2 encomendas (revisões e pedidos),comas empresas procurando concentrar os pedidos dos
diferentes itens, otimizando os procedimentos envolvidos. No entanto, o autor aponta uma
forma empírica aproximada de se fixar o período entre revisões, de maneira que a
quantidade encomendada seja, em média, próxima ao LE, conforme demonstrado a seguir:
A quantidade de pedidos em 1 ano, caso a quantidade pedida de cada vez fosse o LEC seria
dado por:
A resposta é dada em anos (ou seja, intervalo em fração de ano), sendo, no entanto,
facilmente entendida e utilizada em dias ou semanas, devendo-se multiplicar o resultado
pela quantidade de dias ou de semanas consideradas no ano.
NS = L/(L + C – R)
Sendo,
L " lucro auferido em cada unidade de mercadoria vendida;
C " custo de cada unidade de mercadoria; e
R " valor residual de cada unidade não vendida (que pode ser ou não suficiente para
cobrir C).
condições especiais a $1,00 cada exemplar. Quantas revistas devem ser pedidas de cada
vez?
Resposta:
L = 3 - 2,5 = 0,50;
C = 2,5; e
R=1
4.1 INTRODUÇÃO
Esta escolha deve se basear em critérios para minimização dos custos de produção e
maximização dos lucros.
O Planejamento Agregado é considerado por Monks (1987, p. 230) como "uma decisão
negociada de alto nível que coordena as atividades de marketing, finanças e outras
funções". O Planejamento Agregado é o processo de planejamento das quantidades a
produzir a médio prazo, através do ajuste da velocidade de produção, mão-de-obra
disponível, estoques e outros, sendo seu objetivo atender às demandas irregulares,
empregando os recursos disponíveis na empresa (ibidem).
Os administradores têm à sua disposição algumas estratégias para a tomada de decisão no
Planejamento Agregado, sendo relacionadas por Monks (1987):
! Variação de tamanho de equipe de trabalho;
! Tempo extra e tempo ocioso;
! Variação de níveis de estoque;
! Aceite de pedidos para atendimento futuro;
! Subcontratação;
! Utilização da capacidade.
Atuação na Demanda
! Mudar demanda para outros períodos: incentivos, promoções de vendas, redução de
preços, campanhas publicitárias;
! Oferecer produtos ou serviços nos períodos de baixa demanda: criar demanda para
recursos ociosos.
Figura 9 – Modelo do sistema de PCP (adaptado de Stoner, 1985, apud Souza, 1996)
Previsões de demanda são utilizadas nas empresas em diversas situações (p.e. administração
de materiais, estudo de lançamento de novos produtos, planejamento da produção,
planejamento da capacidade etc.). Para tratar destas diferentes situações, vários métodos
foram desenvolvidos. Estes métodos podem ser classificados em quantitativos e qualitativos:
1. Métodos quantitativos: As técnicas quantitativas envolvem a análise numérica dos dados
passados, isentando-se de opiniões pessoais ou palpites. Empregam-se modelos matemáticos
para projetar a demanda futura. Podem ser subdivididas em dois grandes grupos: as técnicas
baseadas em séries temporais, e as técnicas causais.
# Séries Temporais (métodos de projeção): assumem que o futuro será uma reprodução
do passado. O princípio das previsões dos métodos de projeção está baseado na
extrapolação de padrões como estabilidade, tendência, sazonalidade e ciclicidade da
série temporal da demanda. Uma vez identificados um ou mais destes padrões, os
métodos supõem que eles irão se repetir no futuro. Assim, pode-se dizer que eles
tratam a demanda como uma caixa preta, na medida em que perpetuam o
comportamento de seus dados históricos, sem tentar descobrir os fatores que a
influenciam. Em geral, são métodos mais indicados para projeções de curto prazo. Os
modelos presumem que os dados históricos da demanda se ajustam a uma função
matemática, utilizada para projeção das demandas futuras Exemplos de métodos:
média móvel, suavização exponencial, autocorrelação.
# Causais (modelos de regressão): baseiam-se na premissa de que as mesmas leis de
dependência entre variáveis explicativas e a demanda permanecerá no futuro. Buscam
estabelecer uma função matemática, correlacionando a demanda com uma série de
variáveis independentes (VI’s), e utilizam esta função para gerar novas previsões.
Existe a preocupação em se estabelecer correlações da demanda com outras variáveis.
A vantagem destes métodos é que eles podem servir como ferramenta para o
entendimento mais amplo da demanda, pois tentam identificar e quantificar os
principais fatores que a influenciam. Para previsões de médio/longo prazo estes são os
métodos mais recomendados. Exemplos de métodos: regressão (simples e múltipla),
modelos econométricos.
2. Métodos qualitativos: as previsões são baseadas em julgamento de especialistas.
Diferentemente dos modelos quantitativos, a demanda não é explicada matematicamente. As
técnicas qualitativas privilegiam principalmente dados subjetivos, os quais são difíceis de
representar numericamente. Estão baseadas na opinião e no julgamento de pessoas chaves,
especialistas nos produtos ou nos mercados onde atuam estes produtos. Exemplos de
métodos: Delphi, composto de forças de vendas.
Estes métodos são aplicados de acordo com a realidade de demanda de cada empresa, por
meio da análise de dados históricos. Gerentes em todas as organizações fazem previsões de
muitas variáveis distintas da demanda futura, como estratégias dos concorrentes, alterações na
regulamentação, mudanças tecnológicas, tempos de processamento, prazos de entrega dos
fornecedores e perdas de qualidade.
O processo de previsão por toda organização abrange todas as áreas funcionais. A previsão da
demanda geral normalmente começa com marketing, porém, os clientes internos na
organização inteira dependem de previsões para formular e executar seus planos.
Previsões são insumos importantes para planos de negócios, planos anuais e orçamentos.
Finanças precisam de previsões para projetar fluxos de caixa e necessidades de capital.
Recursos humanos precisam de previsões para prever as necessidades de contratação e
treinamentos. Marketing é uma fonte primária para as informações sobre previsão de vendas,
por estar mais próxima dos clientes externos.
A área de operações precisa de previsões a fim de planejar níveis de produção, aquisições de
materiais e serviços, programação da mão-de-obra e da produção, estoques e capacidade a
longo prazo.
Um processo adequado de previsão gera:
# Melhor planejamento orçamentário e de capital, com menor variação entre o custo
previsto e o realizado
# Melhor alocação dos recursos físicos nos processos operacionais
Partem do princípio de que a demanda futura será uma projeção dos seus valores passados,
não sofrendo influência de outras variáveis. É o método mais simples e usual de previsão, e
quando bem elaborado oferece bons resultados.
Para se montar o modelo de previsão, é necessário plotar os dados passados e identificar os
fatores que estão por trás das características da curva obtida (Previsão final = composição dos
fatores). Uma curva temporal de previsão pode conter tendência, sazonalidade, variações
irregulares e variações randômicas (há técnicas para tratar cada um destes aspectos).
# Média Móvel Dupla (MMD) – Previsão de séries que apresentam tendência. Devem-
se efetuar os cálculos:
Obs: Ao utilizar o AED deve-se atentar aos valores iniciais “A0” e “A’0”, pois a
utilização da primeira observação para estes valores implica em subestimar a tendência
existente em uma série. Usar:
Conforme relaciona Monks (1987) o Plano Mestre da Produção apresenta como inputs:
! Previsões - entre as estimativas utilizadas no Plano Mestre encontram-se aquelas
relacionadas a itens finais, peças de serviço e demanda interna, sendo esta última,
determinante para a produção de itens destinados a suprir os estoques.
! Pedidos de Clientes - Para empresas que fabricam por encomenda, os pedidos
minimizam os riscos de excesso de produção. Contudo, como a fabricação
baseada na previsão de pedidos aumenta o grau de competitividade da
organização, é também utilizada por este tipo de empresa.
Giannesi e Correia (1993) sugerem a análise de algumas questões para uma eficiente
gestão de estoques:
! Incertezas de demanda - Geralmente a opção de manter certos níveis de estoque de
segurança é adequada quando há incerteza da demanda;
! Importância estratégica da minimização de atrasos e não atendimento de pedidos -
É necessária a avaliação das consequências do não cumprimento dos pedidos, tanto
a curto prazo quanto a longo prazo.
6.1 INTRODUÇÃO
Figura 12 - Fluxo de informações de um Sistema MRP (Martins, 1993, apud Moura Jr, 1996)
Figura 13 - Circuito fechado de informações do MRP II (Martins, 1993, apud Moura Jr, 1996)
Sabidos:
! Quantidade atual de funcionários: 16;
! Capacidade de produção: 100 milheiros/mês por funcionário;
! Capacidade máxima de produção: 2,3M de tijolos/mês;
! Custo de contratação de pessoal: $1.000/funcionário;
! Custo de demissão de pessoal: $3.500/funcionário;
! Custo de estocar: $5/milheiro por mês;
! Custo regular de produção: $20/milheiro ($10 por material e $10 por mão-de-
obra)1;
! Custo de produção em horas extras: $24/milheiro ($10 por material e $14 por
mão-de-obra).
Estratégia 1
Nivela-se a produção em 1,6M de tijolos/mês, sendo necessário, para isso o uso pleno dos
atuais 16 funcionários. Tem-se, desta forma, o seguinte cenário planejado:
Estratégia 2
Admitir e demitir funcionários, tanto quanto seja necessário para cumprir a demanda,
para o que se tem:
1
Observar que como o custo da mão de obra é de $10/milheiro e cada funcionário produz 100 milheiros/mês, o
custo de cada funcionário é de $1.000 por mês.
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia
Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha
DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO
38
Estratégia 3
Manter força de trabalho atual, não deixar estoque e usar horas extras sempre que
necessário, o que resultaria em:
Observa-se que, neste exemplo, mesmo mantendo os funcionários ociosos durante grande
parte do ano, a terceira estratégia se mostrou vantajosa com relação às outras duas.
Para fixação: verifique no livro de Moreira (2008, p.353-356) outro exemplo (exercício
2), que utiliza também a opção de subcontratação (terceirização da manufatura),
estabelecendo também limites máximos para as alternativas de produção regular e com
horas extras.
Chase, Jacobs e Aquilano (2006) e Moreira (2008) listaram nove diferentes regras para
definir o sequenciamento de operações, tendo por base um único recurso produtivo
O produto V deve ser programado em 1º lugar: serão produzidas 2.800 unidades dele, no
período de 1 semana (duração da rodada), sendo necessário refazer os cálculos para
estabelecer o que deve ser produzido a seguir. Isto é feito, considerando-se o que será
consumido no prazo citado e adicionando-se o que será produzido, como mostrado na
Tabela 9.
Agora, o produto III deve ser o próximo: serão produzidas 5.000 unidades, ao longo de 1,5
semana. Consequentemente, deve-se refazer os cálculos considerando o consumo neste
período (a taxa de consumo está em unidades por semana), como se segue.
Observa-se agora que o produto II será o próximo a ser processado (2.300 unidades), sendo
que seu processamento estará terminado no final da semana 3,5.
Resposta:
Tabela 12 – PEPS
Trabalho TP (dias) DD (dias) TE TT AT
A 5 14 0 5 0
B 8 9 5 13 4
C 2 10 13 15 5
D 4 20 15 19 0
E 1 7 19 20 13
Totais 52 72 22
Médias 10,4 14,4 4,4
Fonte: adaptado de Moreira (2008, p.372)
Tabela 13 – MTP
Trabalho TP (dias) DD (dias) TE TT AT
E 1 7 0 1 0
C 2 10 1 3 0
D 4 20 3 7 0
A 5 14 7 12 0
B 8 9 12 20 11
Totais 23 43 11
Médias 4,6 8,6 2,2
Fonte: adaptado de Moreira (2008, p.374)
Pelo DD, os trabalhos são sequenciados na ordem crescente de suas datas devidas. Logo,
temos:
Tabela 14 - DD
Trabalho TP (dias) DD (dias) TE TT AT
E 1 7 0 1 0
B 8 9 1 9 0
C 2 10 9 11 1
A 5 14 11 16 2
D 4 20 16 20 0
Totais 37 57 3
Médias 7,4 11,4 0,6
Fonte: adaptado de Moreira (2008, p.374)
Pela RC, partindo da data zero, vamos caminhar ao longo do tempo para sequenciar os
trabalhos:
Tabela 19 – RC
Trabalho TP (dias) DD (dias) TE TT AT
B 8 9 0 8 0
E 1 7 8 9 2
C 9 11 9 11 1
A 5 14 11 16 2
D 4 20 16 20 0
Totais 44 64 5
Médias 8,8 12,8 1
Fonte: adaptado de Moreira (2008, p.380)
Pergunta a ser discutida em sala de aula: qual o melhor método? Dica: veja comparação
dos métodos na página 380 de Moreira (2008).
8. TÓPICO ESPECIAL
Num ambiente JIT, o planejamento da produção se faz tão necessário quanto em qualquer
outro ambiente, já que um sistema de manufatura JIT precisa saber quais os níveis
necessários de materiais, mão-de-obra e equipamentos.
O princípio básico da filosofia JIT, no que diz respeito a produção é atender de forma
rápida e flexível à variada demanda do mercado, produzindo normalmente em lotes de
pequena dimensão. O planejamento e programação da produção dentro do contexto da
filosofia JIT procura adequar a demanda esperada às possibilidades do sistema produtivo.
Este objetivo é alcançado através da utilização da técnica de produção nivelada.
Através do conceito de produção nivelada, as linhas de produção podem produzir vários
produtos diferentes a cada dia, atendendo à demanda do mercado. É fundamental para a
utilização da produção nivelada que se busque à redução dos tempos envolvidos nos
processos.
Corrêa e Gianesi (1993) observam que a utilização do conceito de produção nivelada
envolve duas fases:
• a programação mensal, adaptando a produção mensal às variações da demanda ao
longo do ano;
• a programação diária da produção, que adapta a produção diária às variações da
demanda ao longo do mês.
A filosofia JIT coloca a ênfase da gerência no fluxo de produção, procurando fazer com
que os produtos fluam de forma suave e contínua através das diversas fases do processo
produtivo. A ênfase prioritária do sistema JIT para as linhas de produção é a
flexibilidade, ou seja, espera-se que as linhas de produção sejam balanceadas muitas
vezes, para que a produção esteja ajustada às variações da demanda.
A busca pela flexibilidade da produção e da redução dos tempos de preparação de
equipamentos, reflete-se na ênfase dada à produção de modelos mesclados de produtos,
permitindo uma produção adaptável à mudanças de curto prazo e obtendo ganhos de
produtividade.
Uma vez estabelecido o Plano Mestre de Produção e balanceadas as linhas de produção, é
necessário "puxar" a produção dos componentes através de todos os estágios do processo
produtivo para a montagem final dos produtos, ou seja, do final ao início da produção de
um produto. O sistema de "puxar" consiste em retirar as peças necessárias do processo
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – Faculdade de Tecnologia
Departamento de Engenharia de Produção– Prof. Henrique M. Rocha
DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO
47
precedente, iniciando o ciclo na linha de montagem final, pois é aqui que chega a
informação com exatidão de tempo e quantidades necessárias de peças para satisfazer à
demanda. O processo anterior, então, produz somente as peças retiradas pelo processo
subsequente, e assim, cada estágio de fabricação retira as peças necessárias dos processos
anteriores ao longo da linha.
Neste sistema de "puxar" a produção, o controle é feito pelo sistema kanban, que é um
sistema de informação através do qual um posto de trabalho informa suas necessidades de
mais peças para a seção precedente, iniciando o processo de fabricação entre estações de
trabalho apenas quando houver necessidade de produção, garantindo assim a eficiência
do sistema de "puxar" a produção.
O fluxo e o controle da produção em um ambiente JIT, controlado por Kanban, é mais
simples que num ambiente de produção tradicional. As peças são armazenadas em
recipientes padronizados, contendo um número definido destas, acompanhado do cartão
Kanban de identificação correspondente. Cada cartão Kanban representa uma autorização
para fabricação de um novo conjunto de peças em quantidades estabelecidas. Cada setor é
responsável pelo fornecimento das peças requisitadas, no prazo de reposição, na
quantidade estipulada no cartão Kanban e com a qualidade garantida para evitar paradas
desnecessárias do processo produtivo.
Algumas empresas no ocidente, que estão utilizando a filosofia JIT, não abandonaram
seus sistemas MRP ou MRPII. Entretanto, os mesmos foram simplificados ou alguns de
seus módulos foram adaptados ou trocados por outros sistemas. Os sistemas MRP e
MRPII passaram a ser utilizados mais como ferramentas de planejamento.
A Teoria das Restrições (TOC - Theory of Constraints) foi proposta pelo físico israelense
Eliyahu Moshe Goldratt. Sua primeira aparição pública deu-se através do livro "A Meta"
(The Goal), em 1984, cujo estilo é o de novela/romance de negócio.
Trata-se de uma filosofia de pensamento gerencial que analisa os recursos que geram
restrições (gargalos). Sua premissa básica é que são as restrições (que surgem a partir da
capacidade finita dos recursos) que determinam o desempenho do sistema e, portanto,
influenciam diretamente na rentabilidade das organizações.
A TOC usa a analogia com uma corrente, que é tão forte quanto o seu elo mais fraco.
Qualquer tentativa de melhoria em pontos que não são as restrições (ou gargalos),
geralmente não trará benefícios para o sistema como um todo. Muitas empresas adotam
modelos tradicionais de melhoria contínua em todos os setores da empresa. A TOC
advoga, no entanto, que nem sempre conseguir o melhor de cada recurso, analisado
individualmente, levará a empresa ao seu objetivo final.
Uma das grandes contribuições da TOC é o seu processo de otimização contínua. Usando
esse processo podemos enfocar nossos esforços nos poucos pontos de um sistema que
determinam seu desempenho (nas suas restrições), e assim podemos melhorar
significativamente seu desempenho no curto prazo. Restrição aqui quer dizer: "qualquer
coisa que impeça um sistema de atingir um desempenho maior em relação à sua meta."
Com essa definição podemos dizer que todo sistema tem uma restrição, caso contrário
seu desempenho seria infinito (a lucratividade da empresa seria infinita).Esse processo
contém 5 etapas:
1. IDENTIFICAR a restrição do sistema.
2. EXPLORAR a restrição do sistema.
3. SUBORDINAR tudo o mais à decisão acima.
Regras:
# Regra 1: A taxa de utilização de um recurso não-gargalo não é determinada por
sua capacidade de produção, mas sim por alguma outra restrição do sistema.
# Regra 2: A TOC advoga que os recursos devem ser ativados apenas na medida em
que incrementarem o fluxo produtivo, ficando parados sempre que atingirem as
limitações dos gargalos.
# Regra 3: Uma hora perdida num recurso gargalo é uma hora perdida em todo o
sistema produtivo.
# Regra 4: Uma hora ganha num recurso não-gargalo não representa nada.
# Regra 5: Os lotes de processamento devem ser variáveis e não fixos. Em um
recurso gargalo, os lotes devem ser grandes para diluir os tempos de preparação,
transformando-os em tempos produtivos. Já nos recursos não-gargalos, os lotes
devem ser pequenos para reduzir os custos dos estoques em processo e agilizar o
fluxo de produção dos gargalos.
# Regra 6: Os lotes de processamento e de transferência não necessitam ser iguais.
# Regra 7: Os gargalos governam tanto o fluxo como os estoques do sistema.
Devem-se projetar estoques de segurança na frente dos gargalos, buscando evitar
interrupções no fluxo e dando-se tempo para corrigir eventuais problemas antes
que os mesmos afetem o fluxo destes gargalos.
# Regra 8: A capacidade do sistema e a programação das ordens devem ser
consideradas simultaneamente, e não seqüencialmente.
# Regra 9: Balanceie o fluxo e não a capacidade. O importante em um sistema
produtivo em lotes, sujeito a passar por recursos gargalos, é buscar um fluxo
contínuo destes lotes, acelerando a transformação de matérias-primas em produtos
acabados. A utilização dos recursos, aqui chamada de ativação, deve se dar no
sentido de maximizar o fluxo, justificando todas as decisões que
convencionalmente são consideradas improdutivas (movimentar pequenos lotes,
duplicar setups, deixar recursos parados, etc.).
# Regra 10: A soma dos ótimos locais não é igual ao ótimo global. Em um sistema
produtivo, as soluções devem ser pensadas de forma global (em relação ao fluxo),
pois um conjunto de soluções otimizadoras individuais para cada recurso ou
grupos de recursos (departamentos) geralmente não leva ao ótimo global.
Figura 15 – TOC
Restrições do sistema:
RECURSO A
P: 100 UNIDADES X 15 MIN = 1.500 MIN
Q: 50 UNIDADES X 10 MIN = 500 MIN
TOTAL SEMANAL = 2.000 MIN < DISPONIBILIDADE 2.400 MIN
RECURSO B
P: 100 UNIDADES X 15 MIN = 1.500 MIN
Q: 50 UNIDADES X 30 MIN = 1.500 MIN
TOTAL SEMANAL = 3.000 MIN > DISPONIBILIDADE 2.400 MIN
RECURSOS C & D
P: 100 UNIDADES X 15 MIN = 1.500 MIN
Q: 50 UNIDADES X 5 MIN = 250 MIN
TOTAL SEMANAL = 1.750 MIN < DISPONIBILIDADE 2.400 MIN
Calculando:
Produto Q: R$60 X 50 unidades = R$3.000
Produto P: R$45 X 60 unidades = R$2.700
Ganho Total = R$2.700 + R$3.000= R$5.700
Lucro líquido (Ganho - Despesa Operacional) = R$5.700 - R$6.000= (R$300)
Mix ideal
Produto P = 100 unidades
Sobram 2.400-1.500=900 min na restrição B
Produto Q: 900 min / 30 min = 30 unidades
Calculando:
Produto P: R$45 X 100 unidades = R$4.500
Produto Q: R$60 X 30 unidades = R$1.800
Ganho Total= R$4.500 + R$1.800= R$6.300
Lucro líquido (Ganho - despesa operacional) = R$6.300 - R$6.000 = R$300
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATEMAN, Thomas; SNELL, Scott. Administração: Construindo Vantagens Competitivas.
São Paulo: Atlas, 1998, 539 p.
CHASE, R. B.; JACOBS, R.; AQUILANO, N. J. Administração da produção para a
vantagem competitiva. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.
CORRÊA, Henrique L.; CORRÊA, Carlos A. Administração de produção e operações. São
Paulo: Atlas, 2004, 690p.
CORRÊA, Henrique L.; GIANESE, Irineu G.N. Just in time, MRP II e OPT. São Paulo:
Atlas, 1993, 186p.
LAUGENI, F. P.; MARTINS, P. G. Administração de produção. 2. ed. São Paulo: Saraiva,
2005.
LAURINDO, Fernando José Barbin; CARVALHO, Marly Monteiro de; PESSOA, Marcelo
Schneck de Paula; SHIMIZU, Tamio. Selecionando uma Aplicação de Tecnologia da
Informação com Enfoque na Eficácia: um estudo de caso de um sistema para PCP. In:
Revista Gestão & Produção, vol.9 n.3, São Carlos, pp. 377-396, Dez. 2002.
MAIA, Jonas Lucio; CERRA, Aline Lamon; ALVES FILHO, Alceu Gomes. Inter-relações
entre Estratégia de Operações e Gestão da Cadeia de Suprimentos: estudos de caso no
segmento de motores para automóveis. Revista Gestão & Produção, São Carlos, v. 12, n. 3,
Dec. 2005.
MARINS. Fernando Augusto Silva. Técnicas de previsões. Material do curso de MBA em
Gestão da Produção (PowerPoint). Guaratinguetá: Universidade Estadual Paulista – UNESP,
2009.
MOREIRA, D. A. Administração da produção e operações, 2. ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2008.
MOURA JÚNIOR, Armando Noé Carvalho. Novas tecnologias e sistemas de
administração da produção - análise do grau de integração e informatização nas
empresas catarinenses. Dissertação (Mestrado em Engenharia da Produção), 1996.
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Florianópolis, 1996,
OLIVEIRA, Evandro Silva; MOULIN, Fabrício Bittencourt; BIAZATI, Larissa Brunhara;
LOUREIRO, Maurício; MARINATO, Tatiana Guimarães; OLIVEIRA, Vivian Furtado;
CHIABAI, Wender Krauze. Estoque de segurança. Faculdades Integradas Espíritosantenses.
Trabalho escolar. Engenharia de Produção, Vitória, 2008, 18p.
PMI. Project Management Body of Knowledge. Tradução livre do PMBOK, V 1.0, Project
Management Institute, Minas Gerais Chapter, 2000.
REID, Dan; SANDERS, Nada. Gestão de Operações. Rio de Janeiro: LTC, 2005
RITZMAN, L. P.; KRAJEWSKI, L.J. Administração da produção e operações. 2. ed. São
Paulo: Prentice Hall, 2008.
ROCHA, Henrique Martins. Modos de Impacto e Efeitos dos Produtos nas Organizações, In:
V Simpósio da Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais – SIMPOI,
2002, São Paulo, Anais, FGV-EAESP, 2002.
SANTOS, Fernando César Almada; PIRES, Sílvio Roberto Ignácio; GONÇALVES, Marilson
Alves. Prioridades competitivas na administração estratégica da manufatura: estudo de casos.
RAE - Revista de Administração de Empresas, v. 39, n. 4, Out./Dez. 1999.
SANTOS, Luciano Costa; VARVAKIS, Gregório; GOHR, Cláudia Fabiana. Por que a
estratégia de operações de serviços deveria ser diferente? Em busca de um modelo conceitual.
In: XXIV Encontro Nac. de Eng. de Produção - Florianópolis, SC, Brasil, 03 a 05 de nov de
2004, Anais...
SILVA, Thiago Gomes; BARBOZA, Fabiano; MARUJO, Lino G. Análise dos impactos das
diferentes políticas de gestão dos estoques de suprimentos em uma empresa do setor de
bebidas através de simulação. Revista Gestão Industrial, Ponta Grossa, v. 04, n. 04: p. 34-
75, 2008.
SHULER, Eric. Changing New Products/Process Development – Paradigms in Du Pont –
Time-to-Market Symposium, Jun, 1994.
SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção, 2. ed. São
Paulo: Atlas, 2002.
SOUZA, Eliane Moreira Sá. Uma estrutura de agentes para assessoria na Internet.
Dissertação (Mestrado em Engenharia da Produção), 1996. Universidade Federal de Santa
Catarina – UFSC. Florianópolis, 1996.
TÁLAMO; José; CARVALHO, Marly. Seleção dos objetivos fundamentais de uma rede de
cooperação empresarial. In: Revista Gestão & Produção, v.11, n.2, São Carlos, Aug. 2004.