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O PECADO PARA MORTE DIZ RESPEITO À APOSTASIA

A ideia da carta de João às igrejas da Ásia identifica o pecado para


morte com a apostasia que leva à morte espiritual eterna. Isso quer
dizer que o pecado para a morte está relacionado ao pecado imperdoável
citado pelo Senhor Jesus Cristo (Mateus 12:31,32). A apostasia é
caracterizada pela negação deliberada de Jesus Cristo e pela
consequente blasfêmia contra o Espírito Santo.
Então a intercessão por quem está envolvido com o pecado para morte é
inútil, porque essa pessoa jamais poderá ser restaurada (Hebreus 6:4-
6). Falando de uma situação similar, o escritor de Hebreus basicamente
diz que para quem comete a apostasia já não resta sacrifício pelos
pecados; mas há somente uma horrível expectação de juízo. Isso porque
essa pessoa pisou o Filho de Deus, profanou o sangue da Aliança e
ultrajou o Espírito da graça (Hebreus 10:26-29).
Esta interpretação parece se harmonizar melhor ao contexto da
primeira carta de João. Sobre isto, S. Kistemaker observa que em sua
epístola João contrasta o crente que possui a vida eterna com aquelas
pessoas que negam que Jesus Cristo é o Filho de Deus (1João 2:22,23;
3:13-15).
Essas pessoas não compartilham da comunhão com o Pai e com o
Filho; elas são no máximo crentes nominais que, apesar de terem
recebido esclarecimento acerca do Evangelho, se introduzido na
comunidade cristã, e até participado dos meios de graça, jamais
pertenceram realmente à verdadeira Igreja de Cristo (João 1:13; 2:19;
4:12).
Aqui vale lembrar que em sua epístola o apóstolo João estava
combatendo justamente esse tipo de pecado. Muitas pessoas negavam
de forma persistente e inflexível a encarnação do Filho de Deus. Os
destinatários de João presenciavam a ação dos falsos mestres que com
seus ensinos gnósticos tentavam atacar a verdade do Evangelho. A
situação era tão grave que João chama essas pessoas de “anticristos”
(1João 2:18,19).
Teólogos como João Calvino, W. Hendriksen, John Stott, entre
outros, defendem esta posição de que o pecado para morte significa a
apostasia e diz respeito à morte eterna.
John MacAthur prefere adotar esta posição. Ele explica que o contraste
entre as expressões “pecado para morte” e “pecado não para morte”
indica uma distinção entre pecados que podem levar à morte física e
outros pecados; mas sem que isso implique numa identificação
específica de um determinado pecado em particular.
Entre outros autores, W. W. Wiersbe também endossa esta
interpretação. Ele diz que o versículo de 1João 5:16 é uma advertência
de que o pecado pode levar à morte física. Wiersbe ainda chama a
atenção para o versículo seguinte que diz: “Toda injustiça é pecada; e
há pecado que não é para morte” (1João 5:17). Para ele, esse versículo
é uma indicação de que apesar de todos os pecados serem abomináveis
para Deus, alguns pecados têm consequências mais graves do que
outros.

Geralmente os estudiosos que defendem este ponto de vista mencionam


os vários casos citados na Bíblia em que Deus puniu diretamente ou
imediatamente com a morte física algumas pessoas que cometeram
certos pecados. Alguns exemplos no Antigo Testamento são: Nadabe e
Abiú, filhos de Arão (Levítico 10:1-7); Corá e seu clã (Números 16);
Acã (Josué 6-7); Uzá (2Samuel 6); etc. Já no Novo Testamento há os
casos de Ananias e Safira (Atos 5:1-11) e de alguns crentes de Corinto
que desprezaram o significado da Ceia do Senhor (1Coríntios 11:30).
Vale salientar que a palavra original em grego “protanatus” significa,
que conduz ou que leva até a morte, ou seja, possivelmente apesar que
não adiantar medir esforços orando pelos que pecaram desta forma,
alguns acreditam que isto não impossibilitaria estes de se arrependerem
um dia desses maus caminhos, pois Deus poderia usar de outra
maneira para convence-los e que as palavras de João seria apenas um
desestímulo a oração por estes. Não creio nesta ideia, pois o próprio
João cita em sua epístola que se horarmos Deus atenderá as orações,
então porque ele diria que não adianta horar se fosse possível o alcance
da salvação para aqueles que pecaram desta maneira? Quando fazemos
esta pergunta observamos que a ideia de chance para aqueles que
cometem tal ato não é mais possível se salvar.

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