Você está na página 1de 2

Em 1Cor 10: 4 Paulo não cita a passagem de Números 20;21 quando Moisés bate na

rocha e a pedra emana água do seu interior. O texto na carta aos coríntios se refere a
passagem contida em um livro apócrifo, considerado fábula judaica, atestada no
século 5. Observa-se que Paulo, além de ter contato com muitos textos que hoje são
considerados apócrifos ou pseudoepígrafos, também faz menção sobre trechos destes
como verdade ou como explicação para algum entendimento.

Midrash: Midrash este termo encontrado nas Escrituras, precisamente em II Crônicas


13:22, posteriormente atribuído à exposição (exegese) em especial das Escrituras. Em
contraste com a interpretação literal, subsequentemente chamada de peshaṭ, o termo
midrash designa uma exegese profunda e contrária ao método de peshat, tentando
penetrar e revelar o espirito das Escrituras, cercando por todos lados, examinando,
revelando às interpretações que não são óbvias na leitura superficial do texto

Sha´ul (Saulo), Paulo recorre aqui a uma rica tradição interpretativa judaica (Midrash).
Na descrição da Torah sobre a peregrinação de Israel no deserto, encontramos apenas
dois episódios descrevendo a provisão milagrosa de água – no início do período de
peregrinação no deserto (Êxodo 17) e no final do período de peregrinação (Números
20; 21). Naturalmente, surge a pergunta: como os israelitas conseguiam água no
período entre esses episódios na verdade, durante todos esses anos? Sabe o que
aconteceu? O milagre das águas dessedentando os judeus no deserto parece um “faz
de conta”, pois segundo a tradição, uma rocha os seguia e dava a eles toda a água
necessária para que ficassem saciados.

Quem era A rocha que deve tê-los acompanhado

A tradição interpretativa foi desenvolvida para explicar essa lacuna e dar uma
resposta sobrenatural a essa questão natural. De acordo com essa tradição, a rocha
de Números 20 é a mesma rocha que vimos em Êxodo 17, no começo da jornada;
portanto, essa rocha deve ter acompanhado os israelitas durante toda a jornada.

A Brit Hadasha e a Tradição Judaica

É provável que a concepção de rocha que acompanha os israelitas já tivesse sido


estabelecida pelo judaísmo na época de Sha´ul, então as palavras de Sha´ul são
baseadas nessa interpretação. No entanto, Sha´ul também desenvolveu e reinterpretou
essa tradição de uma maneira singular na Brit Hadasha. Agora quando associamos
todos estes escritos podemos entender que aquela Rocha era Yeshua! Então o
entendimento é que Yeshua sempre esteve com os judeus durante toda a sua
caminhada pelo deserto, e Ele está ali na forma de uma “Rocha” que não permitia que
seu povo perecesse.

É algo fantástico quando entendemos quem era esta Rocha! As palavras de Sha´ul nos
remetem à libertação do povo de Israel do Egito e a sua caminhada para a terra
prometida! Podemos então dizer que o que Sha´ul disse era justamente que nós
entendamos que há um cuidado dos céus com o povo do Eterno e que existe uma
“rocha” que nos acompanha em nossa caminhada pelo deserto e ali, mesmo que não
existam águas, o Eterno fará com que Sua Rocha nos dê de beber e nos faça ser
dessedentados até o momento em que pisaremos na terra que Ele mesmo nos
prometeu.
Os 4 caminhos

Pardes é um acróstico que descreve quatro diferentes abordagens da exegese bíblica


do Judaísmo rabínico, que ganhou reconhecimento no comentário do Pentateuco de
Baḥ ya ben Asher de Zaragoza (1291), mas, não conhecida por esse termo ainda, que
se tornou uma das obras exegéticas mais populares. Os quatro métodos enumerados
na introdução desse comentário do quais devem ser aplicados as passagens bíblicas:
[1]

O caminho de Pexat (Peshat);

O caminho do Midrax (Midrash);

O caminho da Razão (ou seja, a exegese filosófica),

O caminho da Cabalá.

Paralelamente ao comentário de Baḥ ya sobre o Pentateuco; apareceu na Espanha o


Livro que estava destinado a ser a pedra angular da Cabalá que tomou para si o título
de relíquia do misticismo antigo, devido ao fato dele fazer referência à Escola de sábios
(Tanna; Amora; Savora; Gaon, etc.) que produziu as antigas obras tradicionais, a
saber: a Mishná o Talmud e o Midrash. Este Livro o Zoar, usa a forma midraxista
percorrendo o Pentateuco, com interrupções, digressões e complementos adicionais
originais. Assim como o comentário de Baḥ ya, mas, em uma base diferente o Zoar
assume quatro tipos de exegese, ou melhor, significado quádruplo, que ganharam o
nome de PaRDeS, que são as siglas destas abordagens:

Pshat (‫ )פשט‬- Simplista, analise rudimentar de um versículo ou passagem.

Remez (‫ )רמז‬- Sugestivo, sentido tipológico, que alude ou exige uma exposição
ampliada do sentido literal.

Drash (‫ )דרש‬- Demandado, método midráxico, por comparação, ocorrências.

Sod (‫ )סֹוד‬- Oculto, sentido místico ou metafísico da passagem, geralmente uma


inspiração ou revelação alcançada por exegetas, rabinos, cabalistas e aspirante.

Ao formular essa doutrina de significado quádruplo, o modo cristão de exegese (que


era bem conhecido dos judeus espanhóis) provavelmente serviu de modelo. Nisto, o
sentido quádruplo (histórico ou literal, tropológico ou moral, alegórico e anagógico) já
havia sido formulado há muito tempo (pelo Venerável Bede, no século VIII e por
Rhabanus Maurus, no século IX). PaRDeS (‫ )פרדס‬tornou-se a designação padrão para a
interpretação quádrupla, o que fez o sentido místico da Cabalá ganhar um alto nível
de consideração. O princípio do significado quádruplo e sua designação, Pardes, foram
erroneamente atribuídos ao início da exegese bíblica judaica, no tempo dos Tanna, por
causa da expressão Pardes (Pomar ou jardim do prazer), que é usada metaforicamente
em um conto místico dos Tanna; mas na verdade a designação Pardes marca à prisão,
por muito tempo, do desenvolvimento da exegese bíblica judaica.

Você também pode gostar