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O diagnóstico de retardo mental Transtornos Invasivos de Desenvolvi- educadores que estejam familiarizados
(RM) pode variar de acordo com as mento com idade média de 8,06 ± 1,08 com a criança ou através de observação
influências que o indivíduo sofre do anos, entre os meses de abril e maio de direta durante a execução das tarefas.
meio no qual foi estruturado, por isso 2008, todos inseridos em programas de Deve se considerar que a entrevista re-
é um quadro clínico de difícil precisão reabilitação diferenciados, há mais de 2 trata seu desempenho em casa, e a ava-
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. Está relacionado ao funcionamento anos, na Unidade Clínica AVAPE de São liação em consultório pode ser diferente
adaptativo, que se refere ao modo como Bernardo do Campo. uma vez que a criança pode reagir, inti-
o indivíduo enfrenta com eficiência, as Os participantes foram diagnostica- midada, a um ambiente estranho.
exigências do dia – a – dia e o grau em dos previamente por equipe multidis- O teste consiste em três partes, sen-
que atinge os critérios de independência ciplinar, sendo avaliados clinicamente do:
pessoal esperados quando comparados e através das escalas ATA(8) e CARS(9) - Parte I - retrata a funcionalidade da
aos demais de sua idade, bagagem só- , específicas para autismo, e Vineland, criança em ambiente doméstico, corres-
cio-cultural e contexto comunitário (5). visando avaliação de desenvolvimento. pondendo a realização de atividades e
Exceto em alguns casos genéticos, A escala Vineland é de fácil aplica- tarefas cotidianas, em três áreas: auto-
que já são conhecidos e sabe-se que ine- ção e por isso muito utilizada em popu- cuidado (73 itens), mobilidade (59 itens)
rente a eles está o Retardo Mental, estes lação com retardo mental. Avalia o nível e função social (65 itens);
diagnósticos só são definidos após os funcional da criança em quatro áreas, a - Parte II – retrata a quantidade de
primeiros anos de vida, depois das famí- saber, comunicação, atividades de vida ajuda fornecida pelo cuidador, infor-
lias observarem atrasos no desenvolvi- diária, socialização e habilidades moto- mando sobre a independência da crian-
mento, dificuldades em realizar algumas ras mensurando um quociente de desen- ça, na realização de 20 tarefas funcio-
tarefas ou alterações no comportamento, volvimento (10). nais nas mesmas áreas de autocuidado
ou ainda quando creches e escolas refe- O PEDI é um instrumento de ava- (8 itens), mobilidade (7 itens) e função
rem tais situações, pois nesta fase inicial liação infantil, que possui o objetivo de social (5 itens).
da vida, espera-se um desenvolvimento fornecer uma descrição detalhada do - Parte III - verifica se a criança uti-
contínuo, que favoreça a diminuição da desempenho funcional da criança, docu- liza alguma modificação no ambiente,
dependência materna e/ou cuidador, o mentando suas mudanças longitudinais que facilite sua execução/desempenho,
que muitas vezes não ocorre. O conceito em três áreas funcionais: autocuidado, em uma escala nominal que inclui qua-
de independência refere-se a desasso- mobilidade e função social. Fornece tro categorias: nenhuma, centrada na
ciação de um ser em relação a outro, do também, dados acerca do quão inde- criança (utilizadas por crianças com
qual dependia ou era por ele dominado. pendente o paciente é ou se precisa da desenvolvimento normal, como redu-
Seria o estado de quem ou do que tem intervenção de cuidadores, bem como se tor de vaso, utensílios de plástico, entre
liberdade ou autonomia. utiliza alguma modificação no ambiente outros), de reabilitação (para necessida-
Devido à dificuldade que pacien- para facilitar seu desempenho(7). Geral- des especiais, adaptações) ou extensiva
tes com Transtornos Invasivos ou com mente é um teste aplicado em crianças (para mudanças arquitetônicas).
Retardo Mental tem em responder aos com incapacidades/dificuldades físi- Para cada item da Parte I é atribuído
testes psicométricos (6), e sabendo que cas(7), porém já se encontram na literatu- escore 1 se a criança for capaz de exe-
alguns quadros psiquiátricos são carac- ra, pesquisas com aplicação em crianças cutar a atividade funcional, ou o escore
terizados por alterações perceptivas e com retardo mental(11). 0 se não for capaz, sendo o escore total
cognitivas específicas (atenção, memó- Foi traduzido e adaptado no Brasil, , de cada área, obtido através da somató-
ria, planejamento) que prejudicam seu do original norte-americano “Pediatric ria de pontos.
desempenho, o uso de escalas e inventá- Evaluation of Disability Inventory” (12) Na Parte II, cada item é pontuado em
rios é de suma importância para se ava- seguindo todos os critérios e procedi- uma escala ordinal, que varia de 5 (se a
liar o nível funcional e adaptativo. mentos descritos na literatura, que in- criança desempenhar a tarefa de forma
Assim, o objetivo desta pesquisa foi cluíram as etapas de tradução, adaptação independente, sem qualquer ajuda) a 0
verificar, através do Inventário de Avalia- cultural e desenvolvimento de normas (se necessitar de assistência total, sendo
ção Pediátrica de Incapacidade (PEDI) brasileiras, sendo realizado pelos Depar- completamente dependente no desem-
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, se existem diferenças no desempenho tamentos de Terapia Ocupacional e de penho da tarefa funcional). Os escores
funcional e na necessidade de auxílio
Fisioterapia da Universidade Federal de intermediários descrevem as quanti-
do cuidador em crianças diagnosticadas
Minas Gerais. Seus dados normativos, dades variadas de ajuda fornecida, tais
com Transtornos Invasivos de Desenvol-
que constituíram a amostra de padroni- como supervisão (escore 4), assistência
vimento e com Retardo Mental.
zação brasileira, foram obtidos através mínima (escore3), assistência moderada
de 276 crianças da Região Metropolita- (escore 2) ou assistência máxima (esco-
Procedimentos metodológicos na de Belo Horizonte (7). re 1), sendo necessário conhecer os cri-
Foram avaliados 61 sujeitos, 27 É um questionário aplicado através térios definidos para pontuação de cada
apresentando retardo mental com idade de entrevista com o cuidador, pelo jul- item, segundo o manual e os escores de
média de 8,12 ± 1,37 anos, e 34 com gamento clínico de alguns terapeutas ou cada área também somados.
Na Parte III, não há escala quantita- Tabela 1 - Comparação entre os índices do PEDI, habilidades funcionais, nas populações porta-
tiva. doras de Retardo Mental e Transtornos Abrangentes de Desenvolvimento. Diferenças significa-
Os dados obtidos foram analisados tivas observadas somente na área referente a mobilidade para p=0,005
estatisticamente através do programa Autocuidado Mobilidade Função social n
Bioestat 5.0 (13), com as médias entre os RM 53,22 ± 13,7 53,04 ± 6,68 * 37,64 ± 13,31 27
diferentes escores comparadas através
TID 50,85 ± 15,51 57,47 ± 3,68 31,44 ± 13,1 34
do teste t de Student.
Resultados Tabela 2 - Comparação entre os índices do PEDI, assistência do cuidador, nas populações
portadoras de Retardo Mental e Transtornos Abrangentes de Desenvolvimento. Não foram
A partir das avaliações realizadas, observadas diferenças significativas, para p=0,005
observamos os resultados das Tabelas 1,
Autocuidado Mobilidade Função social n
2 e 3.
RM 26,3 ± 10,64 31,59 ± 5,58 12,78 ± 6,22 27
Discussão TID 22,76 ± 10,36 33,5 ± 3,97 11,12 ± 7,1 34
10. Sparrow SS, Balla DA, Ciccheti DV. Vine- 2 e 5 anos de idade. Arq Neuropsiquiatr. of Boston University , Health and Disabili-
land Adaptative Behaviour Scales. Mines- 2003; 61:409-15. ty Research Institute; 1992.
sota; American Guidance Service; 1984. 12. Haley S M, Coster WJ, Ludlow LH, Hal- 13. Ayres M, Ayres Jr M, Ayres DL, Santos AS.
11. Mancini MC, Silva PC, Gonçalves SCM, tiwanger JT, Andrellos PJ. Pediatric Evalu- Bioestat 5.0. Aplicações estatísticas das
Medeiros S. Comparação do desempenho ation of Disability Inventory: Development, áreas das ciências biológicas e médicas.
funcional de crianças portadoras de Sindro- Standardization, and Administration Ma- Belém; Sociedade Civil Mamiraua; 2007.
me de Down e desenvolvimento normal aos nual, Version 1.0. Boston , MA : Trustees 364p.
Instituição onde o trabalho foi realizado: Unidade Clínica de São Bernardo do Campo da AVAPE – Associação para Valorização de Pesso-
as com Deficiência.
Endereço para correspondência: Roseli Paicheco. Av. José Fornari, 1777 – São Bernardo do Campo – SP – (11) 4127-9333.