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De facto, considera-se que esta imagem nos transmite que o presente e o futuro são
tempos tristes, escuros e de pouca felicidade, provavelmente tempos de passividade e
observação sem grandes alegrias e sobressaltos, estando, assim, o ser humano entregue à
solidão e à frustração, de nada mais ter conquistado do que uma simples janela onde observa
o decorrer da vida só e infeliz que tem. Ainda, crê-se que a família que se apresenta na zona
mais luminosa do cartoon pode representar o passado de cada um de nós, e a infância feliz
que todos tivemos, pois apesar de todas as mágoas que possamos ter vivido serão sempre
tempos alegres de rememorar, mas que já não farão parte do presente nem do futuro.
Esta imagem e toda a sua carga simbólica pode nos remeter a inúmeros escritores e
poetas portugueses, nomeadamente a Fernando Pessoa. Este poeta, normalmente, nas suas
obras demonstrava a nostalgia perante a infância que teve outrora e todos aqueles momentos
de êxtase (“E toda aquela infância/Que não tive me vem, /Numa onda de alegria/ Que não foi
de ninguém”) que teve e, no seu, presente apenas sente angústia pela efemeridade da vida.
Além disso, Pessoa vive numa constante descrença do real e do sonho, vendo tudo sempre
pelo lado mais escuro e cinzento.