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Brazilian Journal of Development 53147

ISSN: 2525-8761

Frequência de Hemoparasitos em Cães e Gatos Domésticos


Naturalmente Infectados, Provenientes de Zonas Urbanas no
Município de Araguaína, Região da Amazônia Legal- TO, Brasil

Frequency of Hemoparasites in Naturally Infected Dogs and Cats,


Coming from Urban Areas in the Municipality of Araguaína, Region
of the Legal Amazon - TO, Brazil

DOI:10.34117/bjdv7n5-630

Recebimento dos originais: 07/04/2021


Aceitação para publicação: 27/05/2021

Khayla Bianka Alves Rodrigues


Medica Veterinária - Universidade Federal do Tocantins
Endereço BR 153, Km 112, s/n,
CEP: 77804-970, Araguaína-TO
E-mail: eldadias@mail.uft.edu.br

Aurélio Ricardo Costa


Medico Veterinário - Universidade Federal do Tocantins
Endereço BR 153, Km 112, s/n,
CEP- 77804-970, Araguaína-TO
E-mail: aurelio-ricardo@hotmail.com

Samara Rocha Galvão


Doutora em Ciência Animal –UFG- Goiânia
Veterinária da Escola de medicina veterinária e zootecnia-UFT, Campus de Araguína
Endereço: BR 153, Km 112, s/n,
CEP: 77804-970, Araguaina – TO
E-mail: samavitor@yahoo.com.br

Helciléia Dias Santos


Doutora em Ciências Veterinárias – UFRRJ- RJ
Profa. da Escola de medicina veterinária e zootecnia-UFT, Campus de Araguína
Endereço: BR 153, Km 112, s/n,
CEP: 77804-970, Araguaina – TO
E-mail: hdsantos@uft.edu.br

Tânia Vasconcelos Cavalcante


Doutora em Medicina Veterinária UNESP, campus de Jaboticabal
UFPI, centro de ciências agrárias, depto de clínica e cirurgia veterinária
Endereço: Centro de Ciências Agrarias – CCA, R. Dirce Oliveira, 3397 - Ininga,
CEP: 64048-550, Teresina - PI
E-mail: cavalcante.tv@gmail.com

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Ana Kelen Felipe Lima


Doutora em Ciências Veterinárias – UECE- Fortaleza
Profa. da Escola de medicina veterinária e zootecnia-UFT, Campus de Araguína
Endereço: BR 153, Km 112, s/n,
CEP: 77804-970, Araguaina – TO
E-mail: anakelen@mail.uft.edu.br

Cleidson Manoel Gomes da Silva


Doutor em Ciências Veterinárias- UECE- Fortaleza
Prof. do Instituto de Estudos do Trópico Úmido, Universidade Federal do Sul e Sudeste
do Pará. Xinguara, Pará, Brasil
Endereço: Rua Alberto Santos Dumont, s/n, Bairro: Jardim Universitário,
CEP: 68557-335, Xinguara-PA.
E-mail: cleidson@unifesspa.edu.br

Francisca Elda Ferreira Dias


Doutora em Medicina Veterinária –UNESP- Jaboticabal
Profa. da Escola de medicina veterinária e zootecnia-UFT, Campus de Araguína
Endereço: BR 153, Km 112, s/n,
CEP: 77804-970, Araguaina – TO
E-mail: eldadias@mail.uft.edu.br

RESUMO
O objetivo deste trabalho será determinar a frequência de hemoparasitos em cães e gatos
da zona urbana do município de Araguaína-TO, através da pesquisa de hemoparasitas em
extensões sanguíneas. No estudo foram examinados laudos de pesquisa de
hemoparasitoses em cães e gatos atendidos na Clínica Veterinária-EMVZ/UFT Campus
de Araguaína, entre Maio de 2016 a Maio de 2017. Foram avaliados 379 laudos: 45 de
gato e 334 de cães de solicitações de exames para verificar a presença de hemoparasitos
para a busca dos dados de animais positivos, sexo, agentes etiológicos, idade, raça,
presença de ectoparasitismo, período do ano, Os dados foram processados utilizando o
Epi Info 7®. Nos cães um total 334 laudos 167 (50%) foram positivos para
homoparasitas: Ehrlichia canis, Anaplasma platys, Babesia spp. e Mycoplasma
haemocanis. Em gatos de 45 laudos 18 positivos (40%) e 27 negativos (60%), o
Anaplasma platys foi hemoparasito mais frequênte. As hemoparasitoses em cães e gatos
tem alta prevalência e continua sendo de extrema importância na clínica veterinária.
Existe baixa frequência de atendimento aos gatos na rotina da clínica, o que aponta a
necessidade de conscientização da população da necessidade da manutenção da sanidade
animal como cuidado a saúde publica e para o bem-estar dos animais.

Palavras-chave: Animais de companhia, Endoparasitos, Amazônia Legal.

ABSTRACT
The objective of this work will be to determine the frequency of hemoparasites in dogs
and cats in the urban area of the municipality of Araguaína-TO, through the investigation
of hemoparasites in blood extensions. The study examined hemoparasitic research reports
in dogs and cats attended at the Veterinary Clinic-EMVZ / UFT Campus de Araguaína,
between May 2016 and May 2017. 379 reports were evaluated: 45 from cat and 334 from
exam requests dogs to check for the presence of hemoparasites to search for data on
positive animals, sex, etiologic agents, age, race, presence of ectoparasitism, period of the

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year, The data were processed using Epi Info 7®. In dogs, a total of 334 reports 167 (50%)
were positive for homoparasites: Ehrlichia canis, Anaplasma platys, Babesia spp. and
Mycoplasma haemocanis. In cats of 45 reports, 18 positive (40%) and 27 negative (60%),
Anaplasma platys was the most frequent hemoparasite. Hemoparasitosis in dogs and cats
has a high prevalence and remains extremely important in veterinary clinic. There is a
low frequency of care for cats in the clinic's routine, which points to the need to make the
population aware of the need to maintain animal health as public health care and for the
welfare of animals.

Keywords: Companion animals, Endoparasites, Legal Amazon.

1 INTRODUÇÃO
Em uma escala mundial, o Brasil tem a segunda maior população de cães e gatos,
sendo 52,2 milhões e 22,1 milhões de animais respectivamente (ABINPET, 2013).
Atualmente a preocupação com o bem estar animal foi motivada por diversas razões, com
destaque para as novas formas de criação dos animais que passam cada vez mais a ter
espaço dentro dos lares, tornando-se parte da família, ao mesmo tempo que a população
de cães e gatos abandonados ou vivendo semi-domiciliados cresce a cada ano e se
tornaram um problema de saúde pública
Segundo Witter et al. (2013), as hemoparasitoses são enfermidades de grande
importância na clínica de animais de companhia, em especial da espécie canina, sendo
responsável por elevada casuísta em clínicas e hospitais veterinários. Essas doenças
causadas por patógenos transmitidos por vetores hematófagos durante o repasto
sanguíneo ou de forma iatrogênica. São diagnosticadas com grande frequência na rotina
médico-veterinária, sendo responsáveis por manifestações clínicas variáveis, desde
imperceptíveis até quadros clínicos mais graves que podem levar a óbito (Labarthe et al.,
2003).
Os canídeos domésticos são suscetíveis à infecção por vários agentes que
transmitem os ectoparasitas, como pulgas e carrapatos. Tais infecções incluem
principalmente a Babesia spp. protozoário responsável pela Babesiose, e as bactérias
Anaplasma spp. e Mycoplasma haemocanis, responsáveis pela anaplasmose e
micoplasmose, respectivamente (Ferreira, 2008; Figueiredo, 2011).
Os gatos domésticos, assim como os cães, estão susceptíveis à infecção por vários
agentes causadores de hemoparasitoses, tendo em sua maioria a transmissão vetorial por
artrópodes, como pulgas da espécie Ctenocephalides felis e carrapatos da espécie
Rhipicephalus sanguineus (Braga, 2010).

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Diagnosticar e tratar corretamente as hemoparasitoses são de grande importância


devido ao caráter zoonótico de algumas dessas enfermidades, crescente número de
animais nos domicílios e devido ao estreitamento de laços que os humanos vêm tendo
com animais como componentes da família.
O objetivo deste trabalho foi determinar a frequência de hemoparasitos em cães e
gatos em zona urbana no município de Araguaína-Tocantins, região da Amazonia Legal-
Brasil, através da pesquisa em arquivos de exames de hemoparasitos em extensões
sanguíneas.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo foi desenvolvido por meio de análise retrospectiva de dados contidos
em laudos de exames de cães e gatos emitidos pelo Laboratório de Parasitologia da Escalo
de Medicina Veterinária e Zootecnia/Universidade Federal do Tocantins (EMVZ-UFT).
No estudo foram incluídos laudos de pesquisa de hemoparasitoses em cães e gatos
atendidos na Clínica Veterinária-EMVZ/UFT Campus de Araguaína, no período de Maio
de 2016 a Maio de 2017.
Para a realização do trabalho foram avaliados 379 laudos (45 de gato e 334 de
cães) de solicitações de exames para verificar a presença de hemoparasitos no período
acima determinado para a busca dos dados de animais positivos, sexo, agentes
etiológicos, idade, raça, presença de ectoparasitismo, período do ano. Todas as fichas
analisadas foram de animais com suspeita de hemoparasitose, encaminhados pela Clínica
veterinária ao laboratório de Parasitologia.
Após seleção dos laudos arquivados no laboratório referentes ao período, fez-se
coleta de informações contidas nestes para cada espécie, e os mesmos foram tabulados:
nome, raça, sexo, idade, presença de ectoparasitos. O material analisado para o
diagnóstico da hemoparasitose foram lâminas com esfregaço de sangue capilar, corados
com coloração diferencial rápida em hematologia, os quais, após secagem, eram
submetidos à leitura em microscópio óptico utilizando as objetivas de 40X e 100X para
pesquisa de hemoparasitos e os laudos devidamente arquivados.
Calculou-se a prevalência de homoparasitismo (positivo ou negativo), a
frequência entre machos e fêmeas, estação seca e chuvosa, idade inferior e superior a um
ano e a frequência de ocorrência de cada agente etiológico dentre os animais positivos.
Os dados foram processados utilizando o Epi Info 7®.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 CÃES
Foram compilados os dados de 334 laudos de cães: machos (166) e fêmeas (168).
Deste total 167 (50%) foram positivos para homoparasitas identificados com sendo:
Ehrlichia canis, Anaplasma platys, Babesia spp. e Mycoplasma haemocanis. Do total de
animais positivos observou-se maior número de machos positivos 90 (54%) e foram
fêmeas 77 (46%) (Gráfico 1).

Gráfico 1- Frequência de hemoparasitos em cães naturalmente infectados da zona urbana do Município


de Araguaína-TO, no período de maio de 2016 a maio de 2017, considerando o sexo dos animais.

No gráfico 2, pode-se observar os percentuais de distribuição dos agentes


etiológicos de importantes hemoparasitose, mostrando que o hemoparasito que teve a
maior frequência foi Ehrlichia canis em 63% dos animais.

Gráfico 2- Frequência de hemoparasitos em cães naturalmente infectados da zona urbana do Município


de Araguaína-TO. Entre maio de 2016 a maio de 2017.

Witter et al. (2013) comparou diagnósticos direto pela visualização da mórula da


E. canis, com a reação em cadeia pela polimerase (PCR) e constatou a não confirmação
do diagnóstico pelo método direto, o autor fez a seguinte consideração “estruturas
semelhantes à corpúsculos de inclusão em células sanguíneas muitas vezes estão

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relacionados à ativação celular em processos inflamatórios e podem ser confundidos com


mórulas de E. canis”. Isso pode ser uma explicação para a maior frequência de
diagnóstico de E. canis nos animais de nosso estudo já que o diagnóstico foram baseados
a partir da visualização direta do corpúsculo de inclusão nas células sanguíneas do
esfregaço de sangue capilar.
Quando se analisou as demais variáveis: idade, raça, sexo, ectoparasitos e estação
do ano, estes dados podem ser observados na tabela 1. Observa-se que adultos, SRD,
machos, que apresentaram ectoparasito e estação chuvosa foram as variáveis de maior
percentual.

Tabela 1- Frequência de Hemoparasitose Canina no período de janeiro de 2016 à maio de 2017,


relacionando variáveis do animal e do ambiente. Srd – sem raça definida, crd – com raça definida.
Variável N Positivo OR IC 95% P
Sexo
macho 166 (100%) 90 (54,22%) 1,399 0,909-2,152% 0,154
fêmea 168 (100%) 77 (45,83%)
total 334 (100%) 167 (50%)
Estação
seca 117 (100%) 49 (41,88%) 1,671 1,060-2,632% 0,035
chuvosa 216 (100%) 118 (54,63%)
total 333 (100%) 167 (50,15%)
Idade
<1 ano 147 (100%) 72 (48,98%) 0,888 0,565-1,395% 0,689
>1ano 154 (100%) 80 (51,95%)
total 301 (100%) 152 (50,50%)
Raça
srd 189(100%) 88 (46,56%) 0,694 0,448-1,076% 0,127
crd 142 (100%) 79 (55,63%)
total 331 (100%) 167 (50,45%)
Ectoparasito
presente 120 (100%) 68 (56,67%) 1,089 0,673-1,861% 0,858
ausente 99 (100%) 54 (54,55%)
total 219 (100%) 122 (55,71%)

A incidência da erliquiose é maior nos meses mais quentes onde há um maior


desenvolvimento do carrapato, podendo ser diagnosticada todo o ano, além disso, não
existe uma predileção etária para a erliquiose. Fatores epidemiológicos relacionados às
condições climáticas, distribuição do vetor, população sob estudo, comportamento animal
e habitat, assim como a metodologia empregada na investigação do agente podem afetar
os níveis de prevalência da erliquiose canina no Brasil (Santos, 2011)

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Segundo dado da literatura, a micoplasmose canina tem sido esporadicamente


reconhecida no Brasil. Pouco se sabe sobre a doença em nosso país, porque os relatos
sobre a ocorrência desta são muito escassos (Scherer et al., 2014). Nossos dados mostram-
se coerente com a literatura uma vez que no número de animais que tiveram seus laudos
analisados neste estudo um total de 334, foi diagnosticado apenas um caso de
micoplasmose.
Coelho et al. (2011) confirmam também a maior prevalência da micoplasmose no
período em que as chuvas são mais frequentes, quando os vetores têm aumento em sua
população. Isso não condiz com o período que o parasito foi encontrado neste estudo que
foi realizado em junho de 2016, período seco.
Quanto aos parâmetros idade e sexo não foram observados diferenças
estatisticamente significativas sobre a frequência das hemoparasitoses, que corrobora
com resultados da literatura (Scherer, 2014).
A prevalência da anaplasmose tende a aumentar com a idade. Contudo, a
babesiose e a micoplasmose seriam as hemoparasitoses que acometem, em maior
frequência, cães mais jovens (Scherer et al,, 2014). Os valores de P para esses parâmetros
deram acima de 0,05, não indicando diferença estatística significativa.
O único parâmetro que a variável P foi estatisticamente significativa foi para a
estação do ano, demostrando que a estação chuvosa tem relação com a maior frequência
de hemoparasitos encontrados. Já que a maior frequência de carrapatos está no período
chuvoso, onde se tem temperatura e umidade ideal para o seu desenvolvimento, e quanto
mais carrapatos maiores as chances de eles picarem animais doentes e saudáveis e, entres
estes, transmitir as hemoparsitoses.
As hemoparasitoses continuam sendo de extrema importância na clínica
veterinária, com sua alta prevalência. Ainda são poucas as informações epidemiológicas
regionais sobre essas patologias, tornando importantes os dados obtidos neste estudo.
Dando uma ênfase nos testes diagnósticos, que é sabido a importância de testes mais
sensíveis e de menor custo quando se fala da relação clínica-laboratório.

3.2 GATOS
No estudo foram compilados dados de 45 fichas de gatos das quais 18 positivos
(40%) e 27 negativos (60%). Observou-se na pesquisa que há baixa frequência de

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atendimento da espécie felina na rotina da Clínica da EMVZ e consequentemente no


laboratório de parasitologia se comparados aos cães.
Nos gráficos 3 e 4 pode ser observado à prevalência de gatos infectados
naturalmente e atendidos no período do estudo e a frequência dos agentes identificados.

Gráfico 3- Prevalência de Hemoparasitose em gatos domésticos naturalmente infectados, provenientes de


Zonas Urbanas no Município de Araguaína-TO, entre maio de 2016 a maio de 2017.

Grafico 4- Frequência de hemoparasitos em gatos naturalmente infectados da Zona Urbana do Município


de Araguaína-TO. Entre maio de 2016 a maio de 2017.

O hemoparasito mais frequênte observado foi o Anaplasma platys (Gráfico 4),


encontrado em oito gatos (44%), seguido do Mycoplasma haemofelis em 7 animais
(39%), Ehrlichia spp. em dois gatos (11%) e Cytauxzoon felis em um animal (6%).
Na Tabela 2, pode-se se observar a frequência da hemoparasitose felina quanto
a váriaveis animal e ambiente.

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Tabela 2- Frequência de Hemoparasitose Felina no período de janeiro de 2016 à maio de 2017,


relacionando variáveis ambientais e do animal.
VARIAVEL N POSITIVO OR IC 95% P
sexo
macho 22 (100%) 12 (54,55%) 3,4 0,971-11,90% 0,1
fêmea 23 (100%) 6 (26,09%)
total 45 (100%) 18 (40%)
estação
seca 17 (100%) 7 (41,18%) 0,924 0,270-3,156% 0,85
chuvosa 28 (100%) 11 (39,29%)
total 45(100%) 18 (40%)
idade
<1 ano 13 (100%) 5 (38,46%) 0,902 0,221-3,675% 0,045
>1ano 22 (100%) 9 (40,91%)
total 35 (100%) 14 (40%)

Dos 22 machos suspeitos, 12 (55%) foram positivos e das 23 fêmeas 6 (26%)


foram positivas. A Odds Ratio (OR) teve valor maior que um, indicando que as chances
de machos serem doentes são maiores. Porém o valor de P é maior que 0,05 não indicando
diferença estatisticamente significativa entre esses grupos.
Dos 45 animais, 17 (38%) deles foram suspeitos no período seco e destes 7
(41%) eram positivos. Os outros 28 (62%) animais foram suspeitos no período chuvoso
e 11 (39%) positivos. O clima seco indica possível papel protetor, porém o valor de P
maior que 0,05 não indica diferença estatisticamente significativa entre esses grupos.
Dos 45 felinos, 35 tiveram as idades informadas. Dentre os 35, 13 (37%) tinham
idade igual ou inferior a um ano e 5 (38%) deles foram positivos. Dos 22 (63%) restantes
com idade superior a um ano, 9 (41%) deles foram positivos. A OR indica que os animais
com idade menor que um ano tem menor chance de adoecer e o valor de P apesar de
próximo de 0,05 ainda é inferior a este valor, indicando diferença estatística significativa.
Mas esta interpretação permite viés devido ao baixo número de animais componentes do
grupo.
No grupo dos animais infectados constatou-se que dois deles possuíam também
laudo positivo para pesquisa de fungos, um destes para Trichosporon spp. e Malassezia
spp. A presença de ectoparasitismo só foi confirmada em um animal dentre os 45, mas o
tipo do parasitismo, ixodidiose ou puliciose, não foi informado.
Para auxiliar na suspeita de hemoparasitose os resultados de hemogramas são
comumente utilizados pelos clínicos. Assim em felinos com erlichiose, anaplasmose,
micoplasmose e cytauxzoonose espera-se verificar anemia (Braga, 2010; Santarém, 2005;

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Maia, 2007). Em divergência com a literatura, dos animais positivos nenhum apresentou
anemia, os três valores da hematimetria que estão abaixo da referência são de animais
negativos.
Na interpretação da leucometria global, o resultado foi superior ao valor de
referência deste parâmetro, leucocitose, em seis animais, mas apenas quatro eram
positivos. Sendo dois para M. haemofelis, um para Ehlichia spp. e um para A. platys.
Porém em casos de erlichiose, anaplasmose e cytauxzoonose há comumente leucopenia
(Santarém, 2005) e de acordo com Coelho et al. (2011) não se pode afirmar isso na
micoplasmose, pois o leucograma não dá informações concisas para se utilizar nesta
infecção.
Quanto à avaliação do trombograma, houve trombocitopenia em nove dos gatos
do estudo, mas apenas quatro eram positivos. Sendo dois para M. haemofelis, um para A.
platys e um para Cytauxzoon felis. Em gatos e cães com anaplasmose a trombocitopenia
é um achado comum (Santarém, 2005). Na cytauxzoonose e micoplasmose não foi citado
o trombograma como um parâmetro de importância para a tais patologias.
Como descrito por Braga (2010) e Coelho et al. (2011) há maior prevalência de
micoplasmose em gatos machos. No presente estudo dos sete animais com micoplasmose,
cinco eram machos. Maia (2007) e Coelho et al. (2011) confirmam também a maior
prevalência da micoplasmose e cytauxzoonose no período em que as chuvas são mais
frequentes, quando os vetores têm aumento em sua população. Mas como se sabe, esses
vetores artrópodes têm potencial para veicular as outras hemoparasitoses já citadas. Como
notado no estudo, à prevalência das infecções foi maior na estação chuvosa.
Notou-se maior prevalência de hemoparasitos em gatos adultos e este grupo teve
um número de animal integrante maior que o de gatos jovens. Talvez por esse motivo
haja divergência com o que diz Coelho et al. (2011), que afirmou que a prevalência em
gatos adultos é menor que em animais mais jovens.
Um achado que consideramos relevante neste estudo, foi o diagnóstico de erlichiose
em dois animais, se considerarmos que esta importante zoonose é ainda pouco investigada
em felinos, o que torna o achado deste estudo relevante haja visto o pequeno número de
animais no estudo. Segundo Braga (2010), os sinais clínico-laboratoriais são semelhantes
aos da erliquiose canina. Este, afirma a necessidade de estudo da patogênese e a rota de
transmissão da erliquiose em gatos que não são bem conhecidas e estes podem ser
reservatórios para erliquias que infectam outros animais, inclusive humanos.

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Devido à escassez de informações, seja de estudos quantitativos, relatos de caso ou


revisões de literatura acerca das hemoparasitoses em gatos domésticos, os achados
laboratoriais são em muitas das vezes comparados aos dos cães. A demanda por estes
trabalhos existe, e com esta pesquisa observamos que alguns pontos divergem da
literatura, como os achados laboratoriais.
Caninos e felinos desempenham importante função na sociedade, principalmente
na pós-modernidade, sendo incalculáveis os privilégios do convívio humano animal, para
o melhoramento de condições físicas, emocionais e de relacionamento, em especial para
crianças, pessoas idosas e portadoras de necessidades especiais (Youssef et al., 2020).
Neste contexto, deve-se reforçar a importância do tema para a medicina veterinária,
para que se conheça sobre o potencial zoonótico de algumas dessas enfermidades,
conhecimento acerca da epidemiologia e patogenia, assim contribuir para a clínica
veterinária e para a saúde pública.

4 CONCLUSÕES
As hemoparasitoses caninas com alta prevalência continuam sendo de extrema
importância na clínica veterinária. Fazem-se necessários mais estudos sobre o tema na
região e são poucas as informações epidemiológicas regionais sobre essas patologias,
elevando a importância do atual trabalho.
Verificou-se alta prevalência de hemoparasitose em gatos no período da pesquisa.
O hemoparasito mais frequente foi o Anaplasma platys. Foi posivel identificar uma
importante hemoparasitose a erliquiose que ainda é pouco estudada em felinos. O
pequeno número de felinos não permitiu uma relação estatística significativa, porém
houve maior prevalência em fêmeas, no período chuvoso e animais com idade acima de
ano. Notou-se baixa frequência de atendimento aos gatos rotina da clínica, o que aponta
a necessidade de conscientização da população da necessidade da manutenção da
sanidade animal como cuidado a saúde publica e para o bem-estar dos animais.
Faz-se necessário busca de testes diagnósticos, sabe-se a importância de testes
mais sensíveis e de menor custo quando se fala da relação clínica-laborarório.

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REFERÊNCIAS
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disponível em: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/camaras-setoriais-
tematicas/documentos/camaras-tematicas/insumos-agropecuarios/anos-anteriores/ibge-
populacao-de-animais-de-estimacao-no-brasil-2013-abinpet-79.pdf.
BRAGA, M.S.C.O. Diagnóstico molecular de hemoparasitas e frequência de anticorpos
Anti-Toxoplasma gondii E Anti-neospora caninum, em gatos peridomiciliados na cidade
de São Luís-MA. Dissertação- Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”
UNESP-Jaboticabal, 2010. 90 p.
CARNEIRO, M.P.M. Ocorrência de infecções por Babesia spp. e Hepatozoon spp. em
gatos domésticos (Felis domesticus) do Estado de São Paulo e do Distrito Federal.
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia de Botucatu, 2007, 64p.
COELHO, P.C.M.S.; ANGRIMANI, D.S.R.; MARQUES, E.S. Micoplasmose em felinos
doméstico: revisão de literatura. Revista científica eletrônica de Medicina Veterinária,
Ano IX- número 16- Janeiro de 2011.
FIGUEIREDO, M.R. Babesiose e erliquiose caninas. Monografia (Especialização) –
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