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ISSN: 2525-8761
DOI:10.34117/bjdv7n5-630
RESUMO
O objetivo deste trabalho será determinar a frequência de hemoparasitos em cães e gatos
da zona urbana do município de Araguaína-TO, através da pesquisa de hemoparasitas em
extensões sanguíneas. No estudo foram examinados laudos de pesquisa de
hemoparasitoses em cães e gatos atendidos na Clínica Veterinária-EMVZ/UFT Campus
de Araguaína, entre Maio de 2016 a Maio de 2017. Foram avaliados 379 laudos: 45 de
gato e 334 de cães de solicitações de exames para verificar a presença de hemoparasitos
para a busca dos dados de animais positivos, sexo, agentes etiológicos, idade, raça,
presença de ectoparasitismo, período do ano, Os dados foram processados utilizando o
Epi Info 7®. Nos cães um total 334 laudos 167 (50%) foram positivos para
homoparasitas: Ehrlichia canis, Anaplasma platys, Babesia spp. e Mycoplasma
haemocanis. Em gatos de 45 laudos 18 positivos (40%) e 27 negativos (60%), o
Anaplasma platys foi hemoparasito mais frequênte. As hemoparasitoses em cães e gatos
tem alta prevalência e continua sendo de extrema importância na clínica veterinária.
Existe baixa frequência de atendimento aos gatos na rotina da clínica, o que aponta a
necessidade de conscientização da população da necessidade da manutenção da sanidade
animal como cuidado a saúde publica e para o bem-estar dos animais.
ABSTRACT
The objective of this work will be to determine the frequency of hemoparasites in dogs
and cats in the urban area of the municipality of Araguaína-TO, through the investigation
of hemoparasites in blood extensions. The study examined hemoparasitic research reports
in dogs and cats attended at the Veterinary Clinic-EMVZ / UFT Campus de Araguaína,
between May 2016 and May 2017. 379 reports were evaluated: 45 from cat and 334 from
exam requests dogs to check for the presence of hemoparasites to search for data on
positive animals, sex, etiologic agents, age, race, presence of ectoparasitism, period of the
year, The data were processed using Epi Info 7®. In dogs, a total of 334 reports 167 (50%)
were positive for homoparasites: Ehrlichia canis, Anaplasma platys, Babesia spp. and
Mycoplasma haemocanis. In cats of 45 reports, 18 positive (40%) and 27 negative (60%),
Anaplasma platys was the most frequent hemoparasite. Hemoparasitosis in dogs and cats
has a high prevalence and remains extremely important in veterinary clinic. There is a
low frequency of care for cats in the clinic's routine, which points to the need to make the
population aware of the need to maintain animal health as public health care and for the
welfare of animals.
1 INTRODUÇÃO
Em uma escala mundial, o Brasil tem a segunda maior população de cães e gatos,
sendo 52,2 milhões e 22,1 milhões de animais respectivamente (ABINPET, 2013).
Atualmente a preocupação com o bem estar animal foi motivada por diversas razões, com
destaque para as novas formas de criação dos animais que passam cada vez mais a ter
espaço dentro dos lares, tornando-se parte da família, ao mesmo tempo que a população
de cães e gatos abandonados ou vivendo semi-domiciliados cresce a cada ano e se
tornaram um problema de saúde pública
Segundo Witter et al. (2013), as hemoparasitoses são enfermidades de grande
importância na clínica de animais de companhia, em especial da espécie canina, sendo
responsável por elevada casuísta em clínicas e hospitais veterinários. Essas doenças
causadas por patógenos transmitidos por vetores hematófagos durante o repasto
sanguíneo ou de forma iatrogênica. São diagnosticadas com grande frequência na rotina
médico-veterinária, sendo responsáveis por manifestações clínicas variáveis, desde
imperceptíveis até quadros clínicos mais graves que podem levar a óbito (Labarthe et al.,
2003).
Os canídeos domésticos são suscetíveis à infecção por vários agentes que
transmitem os ectoparasitas, como pulgas e carrapatos. Tais infecções incluem
principalmente a Babesia spp. protozoário responsável pela Babesiose, e as bactérias
Anaplasma spp. e Mycoplasma haemocanis, responsáveis pela anaplasmose e
micoplasmose, respectivamente (Ferreira, 2008; Figueiredo, 2011).
Os gatos domésticos, assim como os cães, estão susceptíveis à infecção por vários
agentes causadores de hemoparasitoses, tendo em sua maioria a transmissão vetorial por
artrópodes, como pulgas da espécie Ctenocephalides felis e carrapatos da espécie
Rhipicephalus sanguineus (Braga, 2010).
2 MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo foi desenvolvido por meio de análise retrospectiva de dados contidos
em laudos de exames de cães e gatos emitidos pelo Laboratório de Parasitologia da Escalo
de Medicina Veterinária e Zootecnia/Universidade Federal do Tocantins (EMVZ-UFT).
No estudo foram incluídos laudos de pesquisa de hemoparasitoses em cães e gatos
atendidos na Clínica Veterinária-EMVZ/UFT Campus de Araguaína, no período de Maio
de 2016 a Maio de 2017.
Para a realização do trabalho foram avaliados 379 laudos (45 de gato e 334 de
cães) de solicitações de exames para verificar a presença de hemoparasitos no período
acima determinado para a busca dos dados de animais positivos, sexo, agentes
etiológicos, idade, raça, presença de ectoparasitismo, período do ano. Todas as fichas
analisadas foram de animais com suspeita de hemoparasitose, encaminhados pela Clínica
veterinária ao laboratório de Parasitologia.
Após seleção dos laudos arquivados no laboratório referentes ao período, fez-se
coleta de informações contidas nestes para cada espécie, e os mesmos foram tabulados:
nome, raça, sexo, idade, presença de ectoparasitos. O material analisado para o
diagnóstico da hemoparasitose foram lâminas com esfregaço de sangue capilar, corados
com coloração diferencial rápida em hematologia, os quais, após secagem, eram
submetidos à leitura em microscópio óptico utilizando as objetivas de 40X e 100X para
pesquisa de hemoparasitos e os laudos devidamente arquivados.
Calculou-se a prevalência de homoparasitismo (positivo ou negativo), a
frequência entre machos e fêmeas, estação seca e chuvosa, idade inferior e superior a um
ano e a frequência de ocorrência de cada agente etiológico dentre os animais positivos.
Os dados foram processados utilizando o Epi Info 7®.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 CÃES
Foram compilados os dados de 334 laudos de cães: machos (166) e fêmeas (168).
Deste total 167 (50%) foram positivos para homoparasitas identificados com sendo:
Ehrlichia canis, Anaplasma platys, Babesia spp. e Mycoplasma haemocanis. Do total de
animais positivos observou-se maior número de machos positivos 90 (54%) e foram
fêmeas 77 (46%) (Gráfico 1).
3.2 GATOS
No estudo foram compilados dados de 45 fichas de gatos das quais 18 positivos
(40%) e 27 negativos (60%). Observou-se na pesquisa que há baixa frequência de
Maia, 2007). Em divergência com a literatura, dos animais positivos nenhum apresentou
anemia, os três valores da hematimetria que estão abaixo da referência são de animais
negativos.
Na interpretação da leucometria global, o resultado foi superior ao valor de
referência deste parâmetro, leucocitose, em seis animais, mas apenas quatro eram
positivos. Sendo dois para M. haemofelis, um para Ehlichia spp. e um para A. platys.
Porém em casos de erlichiose, anaplasmose e cytauxzoonose há comumente leucopenia
(Santarém, 2005) e de acordo com Coelho et al. (2011) não se pode afirmar isso na
micoplasmose, pois o leucograma não dá informações concisas para se utilizar nesta
infecção.
Quanto à avaliação do trombograma, houve trombocitopenia em nove dos gatos
do estudo, mas apenas quatro eram positivos. Sendo dois para M. haemofelis, um para A.
platys e um para Cytauxzoon felis. Em gatos e cães com anaplasmose a trombocitopenia
é um achado comum (Santarém, 2005). Na cytauxzoonose e micoplasmose não foi citado
o trombograma como um parâmetro de importância para a tais patologias.
Como descrito por Braga (2010) e Coelho et al. (2011) há maior prevalência de
micoplasmose em gatos machos. No presente estudo dos sete animais com micoplasmose,
cinco eram machos. Maia (2007) e Coelho et al. (2011) confirmam também a maior
prevalência da micoplasmose e cytauxzoonose no período em que as chuvas são mais
frequentes, quando os vetores têm aumento em sua população. Mas como se sabe, esses
vetores artrópodes têm potencial para veicular as outras hemoparasitoses já citadas. Como
notado no estudo, à prevalência das infecções foi maior na estação chuvosa.
Notou-se maior prevalência de hemoparasitos em gatos adultos e este grupo teve
um número de animal integrante maior que o de gatos jovens. Talvez por esse motivo
haja divergência com o que diz Coelho et al. (2011), que afirmou que a prevalência em
gatos adultos é menor que em animais mais jovens.
Um achado que consideramos relevante neste estudo, foi o diagnóstico de erlichiose
em dois animais, se considerarmos que esta importante zoonose é ainda pouco investigada
em felinos, o que torna o achado deste estudo relevante haja visto o pequeno número de
animais no estudo. Segundo Braga (2010), os sinais clínico-laboratoriais são semelhantes
aos da erliquiose canina. Este, afirma a necessidade de estudo da patogênese e a rota de
transmissão da erliquiose em gatos que não são bem conhecidas e estes podem ser
reservatórios para erliquias que infectam outros animais, inclusive humanos.
4 CONCLUSÕES
As hemoparasitoses caninas com alta prevalência continuam sendo de extrema
importância na clínica veterinária. Fazem-se necessários mais estudos sobre o tema na
região e são poucas as informações epidemiológicas regionais sobre essas patologias,
elevando a importância do atual trabalho.
Verificou-se alta prevalência de hemoparasitose em gatos no período da pesquisa.
O hemoparasito mais frequente foi o Anaplasma platys. Foi posivel identificar uma
importante hemoparasitose a erliquiose que ainda é pouco estudada em felinos. O
pequeno número de felinos não permitiu uma relação estatística significativa, porém
houve maior prevalência em fêmeas, no período chuvoso e animais com idade acima de
ano. Notou-se baixa frequência de atendimento aos gatos rotina da clínica, o que aponta
a necessidade de conscientização da população da necessidade da manutenção da
sanidade animal como cuidado a saúde publica e para o bem-estar dos animais.
Faz-se necessário busca de testes diagnósticos, sabe-se a importância de testes
mais sensíveis e de menor custo quando se fala da relação clínica-laborarório.
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