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COMPLETO
Maria Clara Machado
organizador
Luiz Raul Machado
ilustrações
Rui de Oliveira
ISBN 978-85-209-2240-8
1. Teatro infantojuvenil brasileiro. I. Título.
CDD: 028.5
CDU: 087.5
NOTA EDITORIAL 05
INTRODUÇÃO 07
Este Teatro infantil completo de Maria Clara Machado reúne, em ordem cro-
nológica, as vinte e quatro peças que a autora publicou originalmente pela
Editora Agir, em seis volumes, além de A coruja Sofia (cuja primeira edição
saiu em livro separado) e quatro peças inéditas até 2009: A Bela Adormecida,
O Alfaiate do rei, Passo a passo no Paço e Jonas e a baleia.
Nele figura uma peça considerada por alguns críticos para adultos (Um
tango argentino), mas que, segundo a autora, pode ser dirigida a jovens. Esta
categoria (teatro juvenil) foi inaugurada por Maria Clara em 1962, com A
menina e o vento, e retomada em 1983, com O dragão verde. Optou-se por
manter a seleção da autora.
As ilustrações que abrem o texto de cada peça são do artista Rui de
Oliveira.
Uma família nada comum numa casa original. O pai, mineiro radicado no
Rio, fica viúvo com cinco filhas para criar, a maior com nove anos. Casa-se com a
cunhada e as meninas veem a tia, que já cuidava tanto delas, se transformar numa
jovem e dedicada madrasta. E ainda ganham uma irmã. Aníbal Machado, o pai,
reinava naquela casa feminina: eram seis Marias e mais Selma, a mãedrasta.
Ele, figura chave da cultura brasileira, presidente da Associação Brasileira
de Escritores, organizador do primeiro Congresso de Escritores (1945), autor
de alguns dos mais belos contos da literatura brasileira, passou a vida toda es-
crevendo e reescrevendo um livro que só veio à luz depois de sua morte em
1964. João Ternura é o retrato da alma de Aníbal. Carlos Drummond de Andra-
de, numa comovida Balada em prosa, diz que Aníbal Machado era “uma casa, de
mesa posta e luz acesa, (...) a provar que a cidade não é o labirinto do inferno, se
nela florescem o domingo feérico dentro do domingo, a paciência e o sorriso”.
De fato, aos domingos, a família Machado abria as portas da casa da
rua Visconde de Pirajá 487, em Ipanema, para receber poetas, jornalistas,
intelectuais, atrizes e curiosos para uma tertúlia artística e cultural. Princi-
palmente para um bom papo. As meninas ouviam as conversas e, mais tarde,
participavam delas. A mais atrevida preparava pequenos esquetes de teatro
de bonecos para apresentar.
Surgia ali a mais importante criadora da história do teatro para crianças no
Brasil. Na mesma Balada, evocando a morte de Aníbal, Drummond diz: “e pen-
sávamos nas seis Marias: Celina, Clara, Ana, Luiza, Ethel, Araci; especialmente
em Maria Clara, arte-maior de Aníbal, que lhe passou a vara de prodígios”.
Bandeirante
Pioneira
Prestígio continuado
Envoi
No dia do enterro de Maria Clara, Ana Maria Machado não estava no Rio.
Mandou para Cacá Mourthé, herdeira da tia no Tablado, um “texto / lembrança /
evocação”. Afirma a contribuição única de Maria Clara à dramaturgia brasileira,
“pela qualidade da escrita, pelo sopro poético, pelo senso de humor, pela exímia