Passo Fundo
2016
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Passo Fundo
2016
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RESUMO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 8
2GRAMSCI ............................................................................................................................. 10
2.1 Filosofia Gramscista e Hegemonia Cultural............................................................... 10
2.2 Quem foi Antônio Gramsci .......................................................................................... 13
2.3 Críticas ........................................................................................................................... 15
3REDES SOCIAIS ONLINE................................................................................................. 16
3.1Facebook ......................................................................................................................... 17
3.1.1 Recursos do Facebook ................................................................................................. 18
3.1.2 Ativismo Político no Facebook .................................................................................... 20
4METODOLOGIA E ANÁLISE .......................................................................................... 23
5ANÁLISE DAS POSTAGENS SOB UMA ÓTICA GRAMSCISTA .............................. 25
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................... Erro! Indicador não definido.32
REFERÊNCIAS ...................................................................... Erro! Indicador não definido.
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1 INTRODUÇÃO
A presente pesquisa tem como tema central o Ativismo Político no Facebook, mais
especificamente uma análise da atuação dos intelectuais e formadores de opinião na rede
social Facebooksob uma ótica Gramscista.
Utilizando como base as postagens feitas no Facebook de formadores de opinião e a
teoria Gramscista de hegemonia cultural e sua definição de intelectuais orgânicos, esta
pesquisa tem como objetivo relacionar as postagens dos formadores de opinião à teoria
Gramscista da guerra de posições, porém online, ou seja, oativismo Político nas Redes Sociais
Online, como uma forma de transformação do mundo.
Esta pesquisa é relevante, pois quem possui interesse na área de política, reconhece a
mesma como um importante meio de transformação social, ou seja, uma ferramenta para
transformar o mundo, portanto é imperativo o seu estudo quando houver uma inquietação em
relação ao estado das coisas, suas vicissitudes e a vontade da busca pelo crescimento pessoal e
melhora de sua realidade.
Esta pesquisa também é relevante para quem possui interesse em trabalhar na área de
marketing político e eleitoral, assessorando assim políticos e militância, que por muitas vezes
pecam na maneira de se expressar e na criação de sua imagem pessoal.
A ferramenta escolhida para análise é a Rede Social Online Facebook, pois a mesma é
a plataforma mais utilizada pelos Brasileiros na época da pesquisa. De acordo com o IBGE,
92 (noventa e dois) milhões de Brasileiros utilizam a ferramenta diariamente, algo em torno
de 45% (quarenta e cinco) da população Brasileira. O Facebook, como rede social online,
possui características descentralizada e horizontal, seus usuários se conectam por interesse
mútuo e trocam ideias e experiências. Formadores de opinião, políticos e partidos políticos,
utilizam da ferramenta como uma forma de expor suas ideias e abrir um canal de
comunicação direta com eleitores e pessoas que tem algum interesse em comum.
No primeiro capítulo éapresentada e explicada a teoria de Hegemonia Cultural, o
filósofo Marxista Antônio Gramsci que foi o criador da mesma, e seexplica o que Gramsci
entendia por intelectual e qual era sua função dentro da teoria da Hegemonia Cultural e nos
meios de criação cultural.
Para explicar melhor essa relação entre o intelectual e os meios de criação cultural o
segundo capítulo apresenta as redes sociais online, explicando o que são, os tipos de redes, e a
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ferramenta Facebook, sendo a mesma utilizada como referência de meio de criação cultural.
São apresentado também o grupo Movimento Brasil Livre e o economista Rodrigo
Constantino, como exemplo de intelectuais orgânicos que utilizam o Facebook como meio de
criação cultural para fazer ativismo e doutrinação de sua ideologia.
A metodologia aplicada é a pesquisa explicativa, buscando explicar a causa e os
efeitos da teoria analisada, assim como, suas razões, e é a pesquisa documental, já que os
dados a serem analisados são de fontes primárias, ainda não tratados de forma analítica,
pertencentes a arquivos públicos e que se encontram dispersos no espaço. Essa pesquisa se da
através de uma abordagem qualitativa, focando na análise dos significados e das percepções
da teoria a ser analisada. Ainda, será utilizada da observação para a coleta de dados, já que se
busca comprovar a aplicação de uma teoria com um impacto no inconsciente das pessoas.
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2GRAMSCI
O trabalho de Gramsci foi marcado por sua visão mais Humana e prática do Marxismo
e da Sociedade, sendo ele um dos maiores opositores do mesmo, negando-se a seguir a
corrente Positivista e Fatalista do Marxismo, comopor exemplo o próprio Marx(1980, p. 153)
que dizia que “o capitalismo está fadado a ruir, dando lugar a uma sociedade Socialista”,
diminuindo assim a ação humana e política de conscientização das massas, deixando tudo
pelo acaso.
Diferente de Lenin,à quem Gramsci creditava a criação da teoria de “Hegemonia”
como a maior contribuição ao Marxismo, Lenin (2007, p. 19) em seu livro "O Estado e a
Revolução" propunha que a tomada de poder deveria se dar por uma vanguarda armada, ou
seja, à força, para depois convencer as pessoas de sua causa. Gramsci (1999, p.103), no
entanto, acreditava em um caminho oposto, menos beligerante e mais democrático. Ele
acreditava que as pessoas deveriam ser convencidas, educadas sobre a Revolução, e, para isso,
creditava aos Intelectuais um valor maior sobre a tomada de poder do que Revolucionários
armados.
Através do que chamava de Hegemonia Cultural, pregava que os meios de criação
cultural, como Rádio, Jornais, Escolas, livros e hoje televisão e Internet, deveriam ser as
“armas” para combater uma “Guerra Cultural”, educando o povo, para o mesmo aceitar as
ideias revolucionárias. Os intelectuais deveriam subverter os valores e a cultura do povo,
preparando o terreno para a Revolução, ou seja, convencer, pois uma tomada a força gera
ressentimento e nenhum Governo se mantém sem apoio popular.
De acordo com Gramsci (1982, p.11),
11
O partido revolucionário precisa agir sobre a consciência coletiva das massas, sobre
a própria maneira de pensar dos indivíduos, precisa deslegitimar as crenças,
subverter os costumes e as opiniões tradicionalmente predominantes na mentalidade
popular, alterando o chamado senso comum desde as suas raízes mais profundas.
Para Gramsci (1982, p.20), a cultura tradicional deveria ser combatida, pois por culpa
da mesma, o modo de pensar, de reagir e de se comportar dos operários estaria totalmente
"contaminado por uma herança ideológica maldita", a qual fora incutida neles por forças
políticas contrárias ao seu interesse cujo único objetivo era domina-los.
De acordo com Gramsci (apud SILVA,2010, p. 15), "o proletariado pensa segundo
uma lógica que o leva a ser obediente e submisso à burguesia", pois os aparelhos culturais, no
caso a escola, a igreja e a televisão, reproduzem e legitimam sua ideologia hegemônica, assim
como, a influência dos chamados “intelectuais tradicionais” e dos “intelectuais orgânicos” a
serviço da burguesia.
De acordo com sua filosofia, apenas com a tomada dos aparelhos de hegemonia por
um partido que os representasse, os operários poderiam passar a agir e pensar segundos seus
próprios interesses, ou seja, livre do controle da burguesia. Se utilizando dos aparelhos de
hegemonia, o partido poderia então criar uma consciência de classe, que fosse mais coerente
com as aspirações do proletariado, criando dessa forma um novo senso comum.
Mudando assim a percepção básica da realidade, de forma a tornar viável a
implantação de uma nova ordem econômica e social. A tarefa dos “intelectuais orgânicos do
proletariado” deveria se agrupar em torno do “intelectual coletivo”, ou seja, o partido.
Para Gramsci (1982, p.4),os intelectuais “orgânicos”eram aqueles que, "gerados
organicamente por uma classe em expansão, manifestam uma corrente de ideias viva e
ascendente historicamente", ou seja, seriam os intelectuais gerados pelo proletariado de forma
a dar legitimidade ao seu discurso e defender os seus interesses, e também aqueles gerados
pela burguesia. Já os intelectuais ditos ”tradicionais” não possuíam uma ideologia de classe
definida, pois seriam filósofos ligados às velhas escolas filosóficas tradicionais, motivados
por critérios e valores originários de outras épocas.
Para Gramsci (1982, p.5), os intelectuais tradicionais, por sua própria natureza, não
"afetariam as mudanças que delineiam o futuro das sociedades", sendo eles meros guardiões
de uma ordem social constituída e já naturalizada.
A medida do quão orgânico era um intelectual se dava porquão ligado aos interesses
de sua determinada classe de origem ele seria, ou seja, quanto mais ligado mais orgânico.
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Porém, ao mesmo tempo em que acreditava que toda classe cria seus próprios intelectuais
orgânicos, acreditava que ela também deseja assimilar os intelectuais tradicionais, pois entre
eles estão os advogados, tabeliães, médicos, literatos, juízes, professores e todo tipo de
profissionais oriundos de instituições pré-capitalistas.
De acordo com Macciochi (apud SILVA,2010, p. 17), “Gramsci foi o pensador
marxista que considerou de forma mais clarividente a importância da articulação dos
intelectuais na estratégia revolucionária, uma vez que, sem a participação deles, seria
impossível a formação de um bloco histórico operário.”.
Ou seja, um bloco histórico forte dirigido pelo partido do proletariado seria, enquanto
apropriação do aparato cultural, intelectual e moral, e do establishment1 político e econômico,
a culminância da guerra cultural. A conquista da superestrutura2 e da infra-estrutura3 são os
pontosalmejados pelo partido no que chamava de “guerra de posição” e na luta pela
hegemonia.
Os intelectuais são para os aparelhos de hegemonia os mediadores entre os
trabalhadores, o povo e o estado, sendo assim o elo entre o partido e a classe trabalhadora,
porém, para Gramsci, de nada adianta um filósofo, por exemplo, que apenas tenta
compreender o mundo, mas não tenta mudá-lo, assim, para ele (GRAMSCI, 1982, p.165) o
Intelectual era um militante a favor de uma determinada ideologia.
Sobre a “Guerra de posição”, Macciocchidiz:
Na prisão, o pensamento de Gramsci progride: é então que, com base nas diferenças
existentes entre a Rússia e o Ocidente, ele elabora sua estratégia de passagem da
guerra de movimento à guerra de posição. O primeiro termo designa para Gramsci
substancialmente o enfrentamento direto pela tomada do poder; e o segundo, o
conflito de classe que amadurece sob a direção do partido revolucionário, quando a
luta aberta não é possível, ou então para preservar suas condições. Mesmo nesse
segundo caso, a ação desenvolvida visa à subversão da estrutura e do bloco histórico
dominante. Não existe aí nenhum imobilismo, nenhuma pausa, nenhuma paz social,
mas um novo tipo de guerra, com um caráter totalmente distinto do enfrentamento
direto. (MACCIOCCHI, 1976, p. 86).
1
A ordem ideológica, econômica, política e legal que constitui uma sociedade ou um Estado.
2
Para Gramsci, a superestrutura é a união da sociedade civil com a sociedade Política, seus ideais, sua ideologia
e todo sistema de crença nele incutido.
3
A base real produtiva. O produtor e o maquinário.
13
Segundo a fundação que leva o seu nome e que tem como objetivo propagar os seus
ensinamentos (Fondazione Gramsci, 2016), Gramsci (Imagem 01: Antônio Gramsci) nasceu
em 22 de janeiro de 1891 na cidade de Ales, província de Sardenha. Filósofo, Jornalista e
Político, foi eleito em 1924 como deputado para a província de Veneto.
Segundo Coutinho (1999, p. 64), Gramsci viveu no auge do Fascismo Italiano, sendo
preso por Mussolini após o mesmo sofrer um atentado, o que levou o partido Fascista a adotar
“medidas excepcionais”.
Fonte: fondazionegramsci.org
Preso sob a lei de Segurança Pública, foi sentenciado a 5 anos na cadeia, mais tarde
estendido a 20 anos. Ainda segundo Coutinho (1999, p. 105), foi durante esse período que
Gramsci desenvolveu o seu mais importante trabalho, a teoria da “Hegemonia Cultural”, onde
15
descreve como as instituições privadas ou estatais, se utilizam dos meios de produção cultural
para se manter no poder.
Como político, Gramsci, segundo a fundação Fondazione Gramsci(2016), foi um dos
criadores do PCI ou Partido Comunista Italiano junto com Amadeo Bordiga, após uma cisão
do PSI ou Partido Socialista Italiano. Gramsci era contra a tomada violenta pelo poder, e, por
isso, mais tarde, expulsa Amadeo Bordiga do partido, pois o mesmo possuía ideias muito
radicais.
Segundo Gramsci (1999, p. 60), sua corrente de pensamento era oposta a corrente
Stalinista que tem como característica o “domínio absoluto de uma dada liderança” em que a
interpretação do Marxismo se dava apenas a Liderança ou o Líder, a qual a acusava de ser
Sectarista4.
Gramsci defendia o Pluralismo Político, pois acreditava da mesma forma que os
liberais, tal qual Mises (2010, p. 28), que o conhecimento estava disperso na Sociedade e não
apenas na liderança.
Segundo Nildo Viana (2016, p.32), graduado em ciências sociais pela Universidade
Federal de Goiás e mestre em Filosofia pela mesma, o trabalho de Gramsci não apresenta
desenvolvimento da análise da acumulação do capital e sua relação com a produção de ideias
e cultura, não há também análise dos interesses próprios dos intelectuais relacionadoà sua
condição de classe, o processo de mercantilização, entre outros.
Viana continua com sua crítica ao afirmar também que Gramsci inverteu a tese
fundamental de Marx, sua preocupação excessiva com a cultura e o problema da hegemonia
cujo objetivo era combater o economicismo presente em outros intelectuais Marxistas, mais
especificamente Amadeo Bordiga.Pois para Viana, Marx defendia que a sociedade se
fundamentava no modo de produção e nas lutas de classes, já Gramsci enfatizava a hegemonia
a qual ele definia como "direção moral e intelectual".
4
Apego exagerado a um ponto de vista, visão estreita, intolerante.
16
O estudo das redes sociais na Internet, assim, foca o problema de como as estruturas
sociais surgem, de que tipo são, como são compostas através da comunicação
mediada pelo computador e como essas interações mediadas são capazes de gerar
fluxos de informações e trocas sociais que impactam essas estruturas.
Em seu livro Redes Sociais na Internet, Recuero (2009, p.24) também cita que redes
são metáforas estruturais e, portanto, elas constituem-se em forma de analisar agrupamentos
sociais a partir de sua estrutura, estruturas essas construídas através dos laços sociais dos seus
atores. Concluiu então que, as redes sociais possuem três estruturas básicas possíveis:
distribuída, centralizada e descentralizada, conforme se verifica na Imagem 02: Tipos de
Estruturas abaixo:
5
CMC = Comunicação mediada por computadores.
17
Vale relembrar que essas estruturas são estudadas como difusores de informação, ou
seja, como a informação é espalhada na rede, e que são possíveis de serem encontradas em
redes sociais, podendo uma rede social apresentar característica de mais de um tipo de
estrutura.
3.1 Facebook
fonte: facebook.com
18
Fonte: facebook.com
6
Figuras que tem como objetivo imitar uma emoção.
7
Curtidas.
19
Dilma Rousseff. Segue um exemplo de partido político atuante na rede, na Imagem 05:
Página do Facebook do PSL – Partido Social Liberal:
Fonte: https://www.facebook.com/PSLnacional17/
fonte: https://www.facebook.com/ronaldocaiado25/
Dessa forma, o Facebook, sendo uma Rede Social Online, é uma ferramenta poderosa
de Marketing Político e Eleitoral, pois sua estrutura descentralizada e horizontal permite uma
maior acessibilidade dos atores (os políticos em questão), pois os mesmos são tão importantes
20
quanto os seus eleitores. Exemplo de eleitor presente na ferramenta Facebook na Imagem 07:
Página de usuário do Facebook abaixo:
Fonte: https://www.facebook.com/profile.php?id=100008882679043
Através do Facebook, o movimento busca transmitir seus ideais que são "imprensa
livre e independente, liberdade econômica, separação de poderes, eleições livres e idôneas e
fim de subsídios diretos e indiretos a ditaduras". Também divulgam sua filosofia liberal, e o
fazem através de postagens, "memes", compartilham artigos, vídeos, entrevistas, restando
claro, dessa forma, o compartilhamento de material que tem como objetivo doutrinar quanto a
sua posição política e o que acreditam ser um ideal de mundo.
Voltando aoGramsci(1982, p.20), ele acreditava que a cultura tradicional deveria ser
combatida, pois por culpa da mesma o modo de pensar, de reagir e de se comportar dos
operários, estaria totalmente "contaminado por uma herança ideológica maldita", a qual fora
incutida neles por forças políticas contrárias ao seu interesse, cujo único objetivo era dominá-
los. O Movimento Brasil Livre, busca fazer a mesma coisa, busca educar seus seguidores de
forma a mudar a cultura tradicional e inverter os valores já enraizados fazendo assim com que
as pessoas aceitem o liberalismo.
O intelectual, para Gramsci(1982, p.4), era aquele que buscava combater "a cultura
tradicional", ou seja, era um militante. Portanto, apesar de o grupo Movimento Brasil Livre
possuir ideais políticos diferentes dos defendidos por Gramsci, seus membros seriam
considerados intelectuais por defenderem uma causa e se utilizar dos meios de hegemonia (o
Facebook no caso) para educar o proletariado.Outro fato que deve ser levado em conta é
que,em seu livro Cadernos do Cárcere, Gramsci(1999, p.241) diz odiar as pessoas
indiferentes, pois quem vive não pode deixar de ser cidadão e partidário. Assim, para Gramsci
ser indiferente era ser covarde.
Outro Intelectual e ativista que se utiliza do Facebook para doutrinar é o Economista
liberal Rodrigo Constantino, Imagem 09: Rodrigo Constantino.Formado em Economia pela
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PUC-RJ, antigo colunista da revista Veja,é presidente do Instituto Liberal uma organização
não governamental sem fins lucrativos que tem como objetivo difundir o liberalismo.Escritor
de livros político econômico, tem como sua maior característica o desdém pelo politicamente
correto.
Fonte: facebook.com/rodrigo.constantino.90?fref=ts
4 METODOLOGIA E ANÁLISE
hegemonia, a pesquisa buscou fazer uma relação entre as postagensdos intelectuais escolhidos
e Gramsci.
Para tal pesquisa, o primeiro passo foi escolher um grupo de intelectuais para se fazer
a análise,para isso foi escolhido o grupo Movimento Brasil Livre, mais especificamente os
membros Kim Kataguiri, Renan Santos e Fábio Ostermann, e também o economista e escritor
Rodrigo Constantino. A escolha se deupelo seu ativismo e sua posição ideológica firme, e
também por uma questão de afinidade.
O segundo passo da pesquisa foi escolher um meio de criação cultural, um exemplo de
meio de criação cultural é jornal, televisão, rádio, blogs, redes sociais online. Para tal pesquisa
foi escolhida a rede social online Facebook, pois, segundo o IBGE é a rede social online mais
usada pelos Brasileiros e é também onde os intelectuais escolhidos tem uma maior atividade.
O terceiro passo da pesquisa foi delimitar uma data e contexto histórico, para melhor
entender a análise. O contexto é o afastamento da até então Presidente Dilma Rousseff, até o
dia de hoje 13 de junho de 2016, tendo sido a presidente afastada no dia 12 de maio de 2016,
portanto as postagens escolhidas estão entre o dia 12 de maio 2016 até o dia 13 de junho
2016.
Finalmente, a análise, onde a pesquisa buscará relacionar as postagens dos intelectuais
escolhidos com a teoria de Gramsci.
A escolha de um grupo, que segundo o diagrama de Nolan (2016), se encontra no
âmbito Liberal e não à esquerda não é um problema, pois de acordo com Viana(2016, p.32) a
teoria de Gramsci não se limita a uma visão política apenas, mas sim ela abrange como criar
um senso comum através dos aparelhos de criação cultural.
25
Voltando a Gramsci, diferente de Lênin (2007, p.19) que buscava a tomada do poder
por uma vanguarda armada para depois doutrinar, ou seja, convencer sobre sua ideologia,
Gramsci (1999, p.103) acreditava em um caminho inverso, menos beligerante, acreditava que
a Guerra deveria ser travada não em um campo de batalha, com rifles e canhões, mas no
campo das ideias, uma guerra travada nos costumes e na cultura. Seu ideal buscava a
emancipação do cidadão comum através do conhecimento, acreditava que para a tomada do
poder pelo seu partido, o país precisaria não apenas de intelectuais e políticos, líderes
Marxistas, precisaria de professores Marxistas, mecânicos Marxistas, trabalhadores, médicos,
enfim, toda a sociedade deveria acreditar no seu ideal.
Divergia da mentalidade Stalinista onde a interpretação do Marxismo, ou a
interpretação do que acreditava serem os ideais da revolução, dava-se a apenas ao líder do
partido, acreditava que todos deveriam participar e creditava aos intelectuais maior valor na
tomada de poder do que aos soldados.
Apesar de ser um filósofo Marxista, os escritos e estudos de Gramsci não se
aprofundaram no Marxismo (VIANA, p. 32), mas sim na tomada do poder e relações com a
cultura, sendo seus escritos enquanto encarcerado comparado com “O Príncipe” de
Maquiavel, podendo, portanto, ter seus ensinamentos aplicados por seguidores de outras
ideologias, não precisando se limitar a seguidores de ideologias que de acordo com o
diagrama de Nolan se encontram no espectro político da esquerda.
Gramsci (MACCIOCCHI apud SILVA,2010, p. 17) acreditava que a tomada de poder
pelo partido deveria se dar de forma gradual e deveria ser travada na área das ideias, no que
ele chamava de Guerra de posições. Sua tese propunha que os intelectuais através do uso dos
meios de Criação Cultural deveriam se infiltrar nas mentes, costumes e sociedade.
O Movimento Brasil Livre (2016) um grupo político apartidário, que tem como
objetivo difundir o ideal liberal na sociedade Brasileira, utiliza-se das redes sociais online
para comentar sobre atualidades na política, educar quanto a causa liberal, criticar políticos
que não são da mesma linha ideológica, enfim, militar a favor da causa liberal. O grupo possui
conta no Twitter, Facebook e Youtube, porém para essa pesquisa foi analisado apenas
algumas postagens de sua página do Facebook, durante o período do afastamento da até então
presidente do Brasil Dilma Rousseff, ou seja, 12 de maio até o dia 16 de junho.
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Em vídeo postado em sua página principal, cujo título é "Renan Santos comenta o
cenário atual da política Brasileira, erros e acertos de Temer, como a esquerda está
explorando o novo governo e o que devemos fazer" conforme Imagem 10: Vídeo MBL
abaixo, e que possui 6 minutos e 7 segundos de duração, o membro do grupo MBL Renan
Santos, começa o vídeo com a frase "nós conseguimos o afastamento da Presidente Dilma
Rousseff, mas a batalha claramente continua",estimulando a militância a não parar de atuar.
Continuando o vídeo ele explica que o novo governo fez concessões para o "senado corrupto",
utilizando como argumento contra o senado o argumentum ad hominem, que segundo o site
EncyclopediaBritannica(2016) é uma falácia que busca negar uma proposição com uma
crítica ao seu autor e não ao seu conteúdo, ou seja, buscando descreditar qualquer ação ou
argumento do Senado tachando os mesmos de corruptos.
Fonte: facebook.com/mblivre/
Mais tarde busca convencer os seus seguidores a apoiar a "Lava Jato", que segundo o
site do Ministério Público Federal é a "maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro
que o Brasil já teve", argumentando que "o Brasil" quer ver os corruptos na cadeia, quer ver
quem é que está usando dinheiro público para comprar o senado, já que a
corrupçãobasicamente quebrou o país, e, continua afirmando que a política brasileira está em
um lamaçal moral.
Ou seja, no vídeo que até o dia 4 de junho estava em destaque na página principal do
Facebook, o membro Renan Santos, após explicar a situação política atual estimulava a
27
militância a não parar as cobranças ao novo governo, não contar o afastamento como uma
vitória final e aproveitava para desacreditar seus opositores políticos.
Outra postagem na página principal feita no dia 3 de julho de 2016, o MBL ataca o
jornal Folha de São Paulo, alcunhando-o de mentiroso e petista, como verifica-se na Imagem
11: Postagem do MBL abaixo. Na postagem se lê, "Hoje, até o MBL caiu no conto do vigário
da Folha, que buscava atingir o governo e fortalecer o PT. Tivemos a humildade de
reconhecer nosso erro. Esperamos que a Folha tenha hombridade para fazer o mesmo",
através de ataques diretos a quem o MBL vê como aliados de seus opositores políticos, mais
especificamente o PT, seus integrantes buscam novamente através do argumentum ad
hominem desacreditar frente a seus seguidores, quem não concorda com sua ideologia.
fonte: facebook.com/mblivre/
Como pode se notar, o MBL busca desacreditar seus adversários políticos e seus
apoiadores, buscando se infiltrar nas instituições para assim promover a sua agenda, que é a
ideologia Liberal. Kim Kataguiri um dos membros fundadores do MBL aproveitou de sua
fama para se associar com EmpiricusResearsch (2016), uma consultoria independente de
investimentos Brasileira, cuja atividade é a venda de análises do mercado de ações, de acordo
com sua página possui mais de 2 milhões de assinantes. Sua parceria tem como objetivo,
escrever artigos sobre o liberalismo para seus assinantes, educando os mesmos sobre a
ideologia.
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palestras. Tal qual a teoria de Gramsci, o grupo criado por Fabio tem como objetivo criar
militantes e lideranças, que defendam a sua ideologia, o liberalismo.
Fonte: epl.org.br/
Fonte: facebook.com/paginadofabio/
Porém, ele peca ao ser, o que Gramsci definia como sectarismo, tendo ojeriza pela
filosofia “de esquerda”, o socialismo, taxando seus seguidores e apoiadores de “ditadores em
potenciais”. Gramsci acreditava que a paixão cega era um erro cometido pelos intelectuais.
Rodrigo Constantino, em sua página própria, escreve opiniões sobre economia e
cultura tal qual divulgações de livros, palestras e cursos. Sua ideologia é bem definida, e é
também como os outros intelectuais analisados, um defensor do liberalismo e da liberdade de
opinião, econômica e social. Em suas postagens ele compartilha artigos de outros sites, todos
relevantes a sua ideologia própria, sua linguagem é mais moderada que os outros intelectuais
31
analisados e sua argumentação é mais técnica, embasada sempre por bibliografias, podendo
ser percebido um grande domínio do assunto.
Fonte: facebook.com/rconstantinoliberal/?fref=ts
6CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1999.
MARX, Karl, O Capital. Rio de Janeiro:Editora LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora
S.A., 1980.
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. Caso Lava Jato – entenda o caso. Disponível em:
<http://lavajato.mpf.mp.br/entenda-o-caso>.Acesso em: 04 jun. 2016.
MISES, Ludvig Von. Liberalismo. São Paulo: EditoraLudvig Von Mises Brasil, 2010.
RECUERO, Raquel. Redes Sociais na Internet. Porto Alegre: Editora Sulina, 2009.