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ATUALIZADO E

TJ-SP
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO
REVISADO
2021

Escrevente
4 Língua Portuguesa
4 Direito Penal
4 Direito Processual Penal CONTEÚDO
4 Direito Processual Civil
4 Direito Constitucional
ON-LINE
4 Direito Administrativo
4 Normas da Corregedoria Geral da 10 horas de
4
Justiça
Estatuto da Pessoa com Deficiência e Videoaulas
Resolução 230/16 do CNJ
4 Matemática
4 Informática
4 Raciocínio Lógico
Tribunal de Justiça de São Paulo

TJ-SP
Escrevente

NV-005MR-21
Cód.: 7908428800338
Obra Produção Editorial

Carolina Gomes
Tribunal de Justiça de São Paulo Josiane Inácio

Escrevente Karolaine Assis

Organização

Autores Roberth Kairo


Saula Isabela Diniz
LÍNGUA PORTUGUESA • Monalisa Costa, Ana Cátia
Collares, Giselli Neves e Renato Philippini
Revisão de Conteúdo
DIREITO PENAL • Rodrigo Gonçalves Ana Cláudia Prado
Fernanda Silva
DIREITO PROCESSUAL PENAL • Eduardo Gigante
Jaíne Martins
DIREITO PROCESSUAL CIVIL • Nairo Lopes Maciel Rigoni
Nataly Ternero
DIREITO CONSTITUCIONAL • Samara Kich

DIREITO ADMINISTRATIVO • Samantha Rodrigues e Análise de Conteúdo


Fernando Paternostro Zantedeschi Ana Beatriz Mamede
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA • Eduardo Arthur de Carvalho
Gigante João Augusto Borges

ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA E RESOLUÇÃO


Diagramação
230/16 DO CNJ • Ana Philippini
Dayverson Ramon
MATEMÁTICA • Kairton Batista (Prof.º Kaká) e Sérgio Higor Moreira
Mendes
Willian Lopes
INFORMÁTICA • Fernando Nishimura
Capa
RACIOCÍNIO LÓGICO • Kairton Batista (Prof.º Kaká)
Joel Ferreira dos Santos

Projeto Gráfico

Daniela Jardim & Rene Bueno

Edição:

Março/2021

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos


pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total,
por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da
editora Nova Concursos.

Essa obra é vendida sem a garantia de atualização futura. No caso Dúvidas


de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no site
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Retificações”, no rodapé da página, e siga as orientações. sac@novaconcursos.com.br
APRESENTAÇÃO
Um bom planejamento de seus estudos é determinante para a
sua preparação de sucesso na busca pela tão almejada apro-
vação em um cargo público. Por isso, pensando no máximo
aproveitamento de seus estudos, esse livro foi organizado con-
siderando os itens relevantes do último edital para Escrevente
do TJ-SP – didaticamente reunidos em um sumário planejado
para otimizar o seu tempo e o seu aprendizado.

Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica


– com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobra-
dos nas provas, além de Questões Comentadas das principais
bancas para complementar seus estudos. E para treinar seus
conhecimentos, a seção Hora de Praticar, trazendo exercícios
gabaritados da banca organizadora do último certame.

A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência


de nosso time editorial e da vasta experiência de nossos profes-
sores e autores parceiros – muitos também responsáveis pelas
aulas que você encontra em nossos Cursos Online – o que será
um diferencial na sua preparação. Nosso time faz tudo pensan-
do no seu sonho de ser aprovado em um concurso público. Ago-
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à Língua Portuguesa - Colocação Pronominal

à Direito Penal - Dos Crimes Contra a Administração Pública: Conceitos Iniciais

à Direito Processual Penal - Sujeitos Processuais

à Direito Processual Civil - Da Tutela Provisória

à Direito Constitucional - Remédios Constitucionais

Direito Administrativo - Lei n° 8.429/1992: Lei da Improbidade Administrativa
à
à Matemática - Porcentagem

à Informática - Word 2016 - Fonte, Parágrafo e Estilo

à Raciocínio Lógico - Sequências e Sucessões

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VERSO DA APOSTILA
SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA....................................................................................................13
ANÁLISE, COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS TIPOS DE TEXTOS VERBAIS,
NÃO VERBAIS, LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS............................................................................. 13

INFORMAÇÕES LITERAIS E INFERÊNCIAS POSSÍVEIS ................................................................. 20

PONTO DE VISTA DO AUTOR............................................................................................................................22

ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO.............................................................................................................. 23

RELAÇÕES ENTRE IDEIAS E RECURSOS DE COESÃO ....................................................................................23

SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DE PALAVRAS E EXPRESSÕES...................................................... 28

SENTIDO PRÓPRIO............................................................................................................................................28

SENTIDO FIGURADO DAS PALAVRAS..............................................................................................................28

SINÔNIMOS........................................................................................................................................................29

ANTÔNIMOS......................................................................................................................................................29

CLASSES DE PALAVRAS.................................................................................................................... 30

ARTIGOS.............................................................................................................................................................30

NUMERAIS.........................................................................................................................................................30

SUBSTANTIVOS.................................................................................................................................................31

ADJETIVOS........................................................................................................................................................32

ADVÉRBIOS........................................................................................................................................................35

PRONOMES........................................................................................................................................................37

VERBOS..............................................................................................................................................................40

PREPOSIÇÕES...................................................................................................................................................44

CONJUNÇÕES....................................................................................................................................................46

INTERJEIÇÕES...................................................................................................................................................47

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL............................................................................................ 47

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL........................................................................................................ 53

CRASE.................................................................................................................................................. 55

PONTUAÇÃO....................................................................................................................................... 57
DIREITO PENAL...................................................................................................................65
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA............................................................................................... 65

DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS...........................................................................65

DA FALSIDADE DOCUMENTAL..........................................................................................................................66

DE OUTRAS FALSIDADES..................................................................................................................................72

DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO...............................................................................73

DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.................................................................... 74

DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL.......74

DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL..........................84

DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA..............................................................................88

DIREITO PROCESSUAL PENAL.....................................................................................97


DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E DEFENSOR, DOS ASSISTENTES E
AUXILIARES DA JUSTIÇA.................................................................................................................. 97

DO JUIZ...............................................................................................................................................................97

DO MINISTÉRIO PÚBLICO.................................................................................................................................97

DO ACUSADO E SEU DEFENSOR.......................................................................................................................98

DOS FUNCIONÁRIOS DA JUSTIÇA...................................................................................................................98

DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES......................................................................................................... 98

DOS PROCESSOS EM ESPÉCIE........................................................................................................100

DA INSTRUÇÃO CRIMINAL.............................................................................................................................100

DO PROCEDIMENTO RELATIVO AOS PROCESSOS DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI..............103

DOS PROCESSO ESPECIAIS ............................................................................................................114

DO PROCESSO SUMÁRIO................................................................................................................................114

DO PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS EXTRAVIADOS OU DESTRUÍDOS......................................114

DOS RECURSOS EM GERAL.............................................................................................................115

DISPOSIÇÕES GERAIS.....................................................................................................................................115

DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.............................................................................................................116

DA APELAÇÃO.................................................................................................................................................117

DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS RECURSOS EM SENTIDO ESTRITO E DAS APELAÇÕES, NOS


TRIBUNAIS DE APELAÇÃO.............................................................................................................................119
DOS EMBARGOS..............................................................................................................................................120

DA REVISÃO.....................................................................................................................................................120

DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO...................................................................................................................121

DA CARTA TESTEMUNHÁVEL........................................................................................................................122

DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO.......................................................................................................122

LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995..................................................................................124

DIREITO PROCESSUAL CIVIL..................................................................................... 135


DO JUIZ E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA......................................................................................135

DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO........................................................................................................135

DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA.......................................................................................................................136

DA FORMA, DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS.................................................138

DA FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS...........................................................................................................138

DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS.....................................................................................143

DOS PRAZOS....................................................................................................................................................144

DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS.............................................................................146

DISPOSIÇÕES GERAIS.....................................................................................................................................146

DA CITAÇÃO.....................................................................................................................................................147

DAS CARTAS....................................................................................................................................................152

DAS INTIMAÇÕES............................................................................................................................................153

DA TUTELA PROVISÓRIA.................................................................................................................155

DISPOSIÇÕES GERAIS.....................................................................................................................................155

DA TUTELA DE URGÊNCIA..............................................................................................................................156

DA TUTELA DA EVIDÊNCIA..............................................................................................................160

DO PROCEDIMENTO COMUM..........................................................................................................162

DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA................................................................................................194

DOS RECURSOS.................................................................................................................................205

LEI Nº 9.099 DE 26/09/1995............................................................................................................217

LEI Nº 12.153 DE 22/12/2009..........................................................................................................220


DIREITO CONSTITUCIONAL....................................................................................... 227
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS............................................................................227

DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS...............................................................................227

DOS DIREITOS SOCIAIS..................................................................................................................................235

DA NACIONALIDADE.......................................................................................................................................237

DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO......................................................................................................240

DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA......................................................................................................................240

Disposições Gerais......................................................................................................................................... 240


Dos Servidores Públicos................................................................................................................................. 245

DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES..................................................................................................249

DO PODER JUDICIÁRIO...................................................................................................................................249

Disposições Gerais......................................................................................................................................... 249

DIREITO ADMINISTRATIVO......................................................................................... 253


ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CIVIS DO ESTADO DE SÃO PAULO
(LEI Nº 10.261/1968)........................................................................................................................253

LEI FEDERAL Nº 8.429/1992 (LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA)...................................262

NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA....................................... 275


DA FUNÇÃO CORRECIONAL.............................................................................................................275

DAS ATRIBUIÇÕES (ART. 5)............................................................................................................................275

Da Corregedoria Permanente e Das Correições Ordinárias, Extraordinárias e Visitas


Correcionais (Art. 6)....................................................................................................................................... 275
Das Apurações Preliminares, Sindicâncias e Processos Administrativos (Art.15 a 18)...........................276

DOS OFÍCIOS DE JUSTIÇA EM GERAL............................................................................................277

DISPOSIÇÕES INICIAIS (ARTS. 26 A 27-A)....................................................................................................277

DAS ATRIBUIÇÕES (ARTS. 28 E 29)...............................................................................................................278

DO SISTEMA INFORMATIZADO OFICIAL (ARTS. 46 E 62)............................................................................278

DOS LIVROS E CLASSIFICADORES OBRIGATÓRIOS (ART. 63 A 79)............................................................280

DA ESCRITURAÇÃO (ART. 80 A 86)................................................................................................................282

DA ORDEM DOS SERVIÇOS DOS PROCESSOS EM GERAL...........................................................................283

Da Autuação, Abertura de Volumes e Numeração de Feitos (Arts. 87 a 91)..............................................283


Da Recepção e Juntada de Petições, Dos Atos e Termos Judiciais e Das Cotas nos
Autos (Art. 92 a 96)......................................................................................................................................... 284
Da Movimentação dos Autos (Art. 97 a 99).................................................................................................. 284

DOS PAPÉIS EM ANDAMENTO OU FINDOS (ART. 103).................................................................................285

DAS CERTIDÕES (ART. 104 E 104-A)..............................................................................................................285

DOS MANDADOS (ART. 105 A 110)................................................................................................................286

DOS OFÍCIOS (ART. 111).................................................................................................................................286

DAS COMUNICAÇÕES OFICIAIS, TRANSMISSÃO DE INFORMAÇÕES PROCESSUAIS E PRÁTICA


DE ATOS PROCESSUAIS POR MEIO ELETRÔNICO (ART. 112 A 121-C).......................................................286

DAS CARTAS PRECATÓRIAS, ROGATÓRIAS E ARBITRAIS (ART. 122 A 131).............................................287

DAS INTIMAÇÕES (ART. 132 A 142)...............................................................................................................288

DA CONSULTA E DA CARGA DOS AUTOS (ART. 157 A 169).........................................................................289

DO DESENTRANHAMENTO DE PEÇAS E DOCUMENTOS DOS AUTOS (ART. 170 A 175)...........................291

DO ARQUIVAMENTO, REARQUIVAMENTO, DESARQUIVAMENTO DE PROCESSOS E PESQUISA


HISTÓRICA DE ACERVO ARQUIVADO (ART. 176 A 189-G)...........................................................................292

DO PROCESSO ELETRÔNICO...........................................................................................................294

DO SISTEMA DE PROCESSAMENTO ELETRÔNICO (ART. 1189 A 1195).....................................................294

DO PROTOCOLO DE PETIÇÕES INTERMEDIÁRIAS (ART. 1220 A 1223)......................................................294

DA CONSULTA ÀS MOVIMENTAÇÕES PROCESSUAIS E DECISÕES (ART. 1224 A 1227)..........................295

DA TRAMITAÇÃO DOS PROCESSOS ELETRÔNICOS....................................................................................295

Disposição inicial (Art. 1228)......................................................................................................................... 295


Da Elaboração de Expedientes pelo Ofício de Justiça (Art. 1237 a 1239).................................................295
Do Cumprimento de Ordens Judiciais (Art. 1243)........................................................................................ 296
Da Expedição de Mandados de Levantamento (Art. 1265)......................................................................... 296

ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA E RESOLUÇÃO 23016 DO CNJ...299


ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA...................................................................................299

RESOLUÇÃO Nº 230/2016 DO CNJ.................................................................................................304

MATEMÁTICA.................................................................................................................... 311
OPERAÇÕES COM NÚMEROS REAIS..............................................................................................311

MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM E MÁXIMO DIVISOR COMUM.........................................................313

RAZÃO E PROPORÇÃO.....................................................................................................................314
PORCENTAGEM.................................................................................................................................317

REGRA DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA.......................................................................................318

MÉDIA ARITMÉTICA SIMPLES E PONDERADA..............................................................................322

JUROS SIMPLES ...............................................................................................................................323

SISTEMA DE EQUAÇÕES..................................................................................................................324

EQUAÇÃO DO 1º E 2º GRAUS..........................................................................................................................324

RELAÇÃO ENTRE GRANDEZAS.......................................................................................................328

TABELAS E GRÁFICOS....................................................................................................................................328

SISTEMAS DE MEDIDAS USUAIS....................................................................................................331

NOÇÕES DE GEOMETRIA.................................................................................................................332

FORMA, PERÍMETRO, ÁREA, VOLUME, ÂNGULO, TEOREMA DE PITÁGORAS.............................................332

RESOLUÇÃO DE SITUAÇÕES-PROBLEMA......................................................................................338

INFORMÁTICA.................................................................................................................. 347
MS-WINDOWS 10..............................................................................................................................347

CONCEITO DE PASTAS, DIRETÓRIOS, ARQUIVOS E ATALHOS....................................................................347

ÁREA DE TRABALHO.......................................................................................................................................349

ÁREA DE TRANSFERÊNCIA.............................................................................................................................352

MANIPULAÇÃO DE ARQUIVOS E PASTAS.....................................................................................................352

USO DOS MENUS.............................................................................................................................................356

PROGRAMAS E APLICATIVOS........................................................................................................................356

INTERAÇÃO COM O CONJUNTO DE APLICATIVOS......................................................................................359

MS-OFFICE 2016...............................................................................................................................361

MS-WORD 2016.................................................................................................................................362

ESTRUTURA BÁSICA DOS DOCUMENTOS, CABEÇALHOS, COLUNAS, CONTROLE DE QUEBRAS E


NUMERAÇÃO DE PÁGINAS, INSERÇÃO DE OBJETOS, CAMPOS PREDEFINIDOS E CAIXAS DE TEXTO...362

EDIÇÃO E FORMATAÇÃO DE TEXTOS............................................................................................................364

SELEÇÃO..........................................................................................................................................................364

EDIÇÃOE E FORMATAÇÃO DE FONTES..........................................................................................................365

EDIÇÃO E FORMATAÇÃO DE PARÁGRAFOS, MARCADORES SIMBÓLICOS E NUMÉRICOS......................365


TABELAS..........................................................................................................................................................366

ÍNDICES, SUMÁRIO, NOTAS DE RODAPÉ, NOTAS DE FIM, CITAÇÕES, BIBLIOGRAFIA E LEGENDAS........367

MS-EXCEL 2016................................................................................................................................368

USO DE FÓRMULAS, FUNÇÕES E MACROS, INSERÇÃO DE OBJETOS, CAMPOS PREDEFINIDOS,


CONTROLE DE QUEBRAS E NUMERAÇÃO DE PÁGINAS, OBTENÇÃO DE DADOS EXTERNOS E
CLASSIFICAÇÃO DE DADOS...........................................................................................................................368

ESTRUTURA BÁSICA DAS PLANILHAS, CONCEITOS DA CÉLULA, LINHAS, COLUNAS, PASTAS.............368

ELABORAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICOS......................................................................................................368

CORREIO ELETRÔNICO ...................................................................................................................377

USO DE CORREIO ELETRÔNICO ....................................................................................................................380

PREPARO E ENVIO DE MENSAGENS..............................................................................................................380

ANEXAÇÃO DE ARQUIVOS..............................................................................................................................381

INTERNET: NAVEGAÇÃO INTERNET, CONCEITOS DE URL, LINKS, SITES, BUSCA....................382

RACIOCÍNIO LÓGICO...................................................................................................... 397


ESTRUTURAS LÓGICAS E LÓGICAS DE ARGUMENTAÇÃO..........................................................397

DIAGRAMAS LÓGICOS.....................................................................................................................398

SEQUÊNCIAS.....................................................................................................................................402
Todos esses assuntos completam o estudo basilar
de semântica com foco em provas e concursos, sempre
de olho na sua aprovação. Por isso, convidamos você a
estudar com afinco e dedicação, sem esquecer de pra-
ticar seus conhecimentos realizando os exercícios de
LÍNGUA PORTUGUESA cada tópico, bem como, a seleção de exercícios finais,
selecionados especialmente para que este material
cumpra o propósito de alcançar sua aprovação.

DIFERENTES GÊNEROS E NÍVEIS DE FORMALIDADE


ANÁLISE, COMPREENSÃO E
INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS TIPOS A linguagem, em termos bem simples, é a capacida-
DE TEXTOS VERBAIS, NÃO VERBAIS, de que nós, seres humanos, possuímos de expressar nos-
sos pensamentos, ideias, sentimentos e opiniões. Ou seja,
LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS é um código utilizado para estabelecer comunicação.
Existem dois tipos principais de linguagem: a lin-
INTRODUÇÃO
guagem não verbal e a linguagem verbal. A lingua-
gem não verbal não utiliza palavras para constituir
A interpretação e a compreensão textual são aspec-
a comunicação: ela faz uso de formas de comunica-
tos essenciais a serem dominados por aqueles candida-
ção como gestos, sinais, símbolos, cores luzes etc. (por
tos que buscam a aprovação em seleções e concursos
exemplo, quando se observa um semáforo de trânsito,
públicos. Trata-se de um assunto que abrange questões
com suas luzes vermelha, amarela e verde e se enten-
específicas e de conteúdo geral nas provas; conhecer
de que se deve ou não avançar; ou ainda, quando se
e dominar estratégias que facilitem a apreensão desse
ouve o apito de um agente de trânsito).
assunto pode ser o grande diferencial entre o quase e
Já a linguagem verbal usa palavras para estabe-
a aprovação.
lecer a comunicação: esse uso pode se dar na forma
Além disso, seja a compreensão textual, seja a
oral ou na forma escrita (como, por exemplo, em uma
interpretação textual, ambas guardam uma relação de
entrevista na TV ou em um e-mail). Observe a tabela
proximidade com um assunto pouco explorado pelos
abaixo que traz exemplos que ajudam a diferenciar a
cursos de português: a semântica, que incide suas rela-
linguagem não verbal da linguagem verbal (em suas
ções de estudo sobre as relações de sentido que a forma
duas formas).
linguística pode assumir.
Portanto, neste material você encontrará recursos
para solidificar seus conhecimentos em interpreta- LINGUAGEM
LINGUAGEM VERBAL - ORAL
ção e compreensão textual, associando a essas temá- NÃO VERBAL
ticas as relações semânticas que permeiam o sentido
Telefonemas;
de todo amontoado de palavras, tendo em vista que,
Sinais de trânsito; Conversas;
qualquer aglomeração textual é, atualmente, consi-
Cores; Discursos;
derada texto e, dessa forma, deve ter um sentido que
Desenhos; Aulas;
precisa ser reconhecido por quem o lê.
Gestos; Entrevistas etc.
Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma
breve diferença entre os termos compreensão e Postura;
LINGUAGEM VERBAL - ESCRITA
interpretação textual. Placas;
Para muitos, essas palavras expressam o mesmo Pinturas; Livros;
sentido, mas, como pretendemos deixar claro neste Bandeiras; E-mails;
material, ainda que existam relações de sinonímia Buzinas; Jornais;
entre palavras do nosso vocabulário, a opção do autor Músicas etc. Cartas;
por um termo ao invés de outro reflete um sentido Leis etc.
que deve ser interpretado no texto, uma vez que a
interpretação realiza ligações com o texto a partir
das ideias que o leitor pode concluir com a leitura. A linguagem oral e a linguagem escrita são, pois,
Já a compreensão busca a análise de algo exposto no duas manifestações da linguagem verbal, cada uma
texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou uma com suas características próprias (a linguagem oral
expressão, e apresenta mais relações semânticas e sintáti- permite um contato direto com o destinatário, é mais
cas. A compreensão textual estipula aspectos linguísticos espontânea, mais livre, não requer escolarização,
essencialmente relacionados à significação das palavras renova-se permanentemente; já na linguagem escrita
há maior distância entre emissor e receptor, sendo o
LÍNGUA PORTUGUESA

e, por isso, envolve uma forte ligação com a semântica.


Sabendo disso, é importante separarmos os con- contato indireto e requer escolarização e aprendiza-
teúdos que tenham mais apelo interpretativo ou gem formal da escrita).
compreensivo. Neste material, você encontrará um Importante ressaltar que existem outros tipos de
forte conteúdo que relaciona semântica e interpreta- gêneros não verbais, que podem ser encontrados em
ção, contendo questões sobre os assuntos: inferência; tabelas, gráficos, fluxogramas, etc.
figuras de linguagem; vícios de linguagem; e intertex-
tualidade. No que se refere aos estudos que focam na GÊNEROS DIFERENTES: GRÁFICOS E INFOGRÁFICOS
compreensão e semântica, os principais tópicos são:
semântica dos sentidos e suas relações; coerência e A representação de sentido por meio de tabelas
coesão; gêneros textuais (mais abordados em provas e gráficos está sempre presente em nosso cotidiano,
de concursos); tipos textuais e, ainda, as variações lin- principalmente nos meios de comunicação, ainda
guísticas e suas consequências para o sentido. mais com as redes sociais. Isso está ligado à facilidade 13
com que podemos analisar e interpretar as informa- em outros predomina a argumentação – redação do
ções que estão organizadas de forma clara e objetiva ENEM, teses, dissertações, artigo de opinião etc.
e, além disso, ao fato de não exigir o uso de cálculos No intuito de conceituar melhor os tipos textuais,
complexos para a sua análise. A análise de gráficos inspiramo-nos em Cavalcante (2013) e apresentamos
auxilia na resolução de questões não apenas de portu- essa figura que demonstra como podemos identificar os
guês, assim, requer atenção. tipos textuais e suas principais características, tendo em
vista que cada sequência textual apresenta característi-
Gráfico cas próprias as quais, conforme mencionamos, pouco
ou nada sofrem em alterações, mantendo uma estrutu-
Componentes de um gráfico: ra linguística quase rígida que nos permite classificar os
tipos textuais em 5 categorias (Narrativo; Descritivo;
z Título: na maioria dos casos possuem um título Expositivo; Instrucional; Argumentativo).
que indica a que informação ele se refere;
z Fonte: a maioria dos gráficos contém uma fonte, GÊNERO TEXTUAL
ou seja, de onde as informações foram retiradas,
com o ano de publicação;
z Números: é deles que precisamos para comparar as
informações dadas pelos gráficos. Usados para repre- FRASES TIPO TEXTUAL TEXTO
sentar quantidade ou tempo (mês, ano, período);
z Legendas: ajudam na leitura das informações apre-
sentadas. Na maioria dos casos, o uso de cores des- A partir desse esquema, podemos identificar que a
taca diferentes informações. orientação gramatical mantida pelas frases apresen-
tam marcas linguísticas, assinalando o tipo textual
predominante que o texto deve manter, organizado
Gráfico de Exemplo pelas marcas do gênero textual a qual o texto pertence.
900
800 TIPO TEXTUAL
700
600 Classifica-se conforme as marcas linguísticas
500 apresentadas no texto. Também é chamado de
400 sequência textual
300
200 GÊNERO TEXTUAL
100 Classifica-se conforme a função do texto, atribuí-
0 da socialmente
Maçãs Laranjas Bananas
2013 2014 2015
Uma última informação muito importante sobre
tipos textuais que devemos considerar é que nem todos
Fonte: https://support.microsoft.com/pt-br/office/adicionar-uma-legenda- texto é composto apenas por um tipo textual, o que ocor-
a-um-gráfico-eccd4b70-30ec-429d-8600-6305e08862c7.
re é a existência de predominância de algumas sequên-
cias em detrimento de outras, de acordo com o texto.
Infográficos Dito isso, vamos seguir nossos estudos aprendendo a
diferenciar cada classe de tipos textuais, reconhecendo
Os infográficos são uma forma moderna de apre- suas principais características e marcas linguísticas.
sentar o sentido. Essa palavra une os termos info
(informação) e gráfico (desenho, imagem, representa- CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS TEXTUAIS E SUAS
ção visual), ou seja, um desenho ou imagem que, com o PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
apoio de um texto, informa sobre um assunto que não
seria muito bem compreendido somente com um texto. Narrativo
Para interpretar os dados informativos em um
infográfico, é preciso boa leitura e esta requer atenção Os textos compostos predominantemente por se-
aos detalhes. As representações neste formato aliam quências narrativas cumprem o objetivo de contar
ao texto uma série de atrativos visuais, cabendo ao uma história, narrar um fato, por isso precisam man-
leitor ser extremamente observador. Ter atenção ao ter a atenção do leitor/ouvinte. Para tal, lançam mão
título, ao tema e a fonte das informações é vital para de algumas estratégias, como a organização dos fatos
uma boa análise e interpretação. a partir de marcadores temporais, espaciais, inclusão
de um momento de tensão, chamado de clímax, e um
CONHECENDO OS TIPOS TEXTUAIS desfecho que poderá ou não apresentar uma moral.
Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrati-
Tipos ou sequências textuais são unidades que vo pode ser caracterizado por sete aspectos:
estruturam o texto. Para Bronckart (1999 apud CAVAL-
CANTE, 2013), “são unidades estruturais, relativamente z Situação inicial: envolve a “quebra” de um equi-
autônomas, organizadas em frases”. Os tipos textuais líbrio, o qual demanda uma situação conflituosa;
marcam uma forma de organização da estrutura do z Complicação: desenvolvimento da tensão apre-
texto que se molda a depender do gênero discursivo e sentada inicialmente;
da necessidade comunicativa. Por exemplo, há gêneros z Ações (para o clímax) – Acontecimentos que
que apresentam a predominância de narrações – con- ampliam a tensão;
14 tos, fábulas, romances, história em quadrinhos etc –, z Resolução: Momento de solução da tensão;
z Situação final: Retorno da situação equilibrada; narrativos, esses elementos são essenciais para mar-
z Avaliação: Apresentação de uma “opinião” sobre car o equilíbrio e a tensão da história, além de garan-
a resolução; tirem a coesão do texto. Exemplos de marcadores
z Moral: Apresentação de valores morais que a histó- temporais e espaciais: Atualmente, naquele dia, nesse
ria possa ter apresentado. momento, aqui, ali, então...
Um outro indicador do texto narrativo é a pre-
Esses sete passos podem ser encontrados no seguin- sença do narrador da história. Por isso, é importante
te exemplo, a canção Era um garoto que como eu... aprendermos a identificar os principais tipos de nar-
Vamos ler e identificar essas características, bem rador de um texto:
como aprender a identificar outros pontos do tipo tex-
tual narrativo. Narrador: também conhecido como foco narrativo é o
responsável por contar os fatos que compõem o texto
Era um garoto que como eu
1. Situação inicial: Narrador personagem: Verbos flexionados em 1ª pes-
Amava os Beatles e os Rolling Stones
predomínio de
Girava o mundo sempre a cantar soa. O narrador participa dos fatos
equilíbrio
As coisas lindas da América
Não era belo, mas mesmo assim Narrador observador: Verbos flexionados em 3ª pes-
Havia uma garota afim soa. O narrador tem propriedade dos fatos contados,
Cantava Help and Ticket to Ride porém não participa das ações
Oh Lady Jane, Yesterday
2. Complicação: Narrador onisciente: Os fatos podem ser contados em
Cantava viva à liberdade
início da tensão
Mas uma carta sem esperar 3ª ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece os fatos e
Da sua guitarra, o separou não participa das ações, porém o fluxo de consciência
Fora chamado na América do narrador pode ser exposto, levando o texto para a
Stop! Com Rolling Stones 1ª pessoa
Stop! Com Beatles songs
Mandado foi ao Vietnã 3. Clímax
Lutar com vietcongs Alguns gêneros são conhecidos por suas marcas
Era um garoto que como eu predominantemente narrativas, são eles: notícia, diá-
Amava os Beatles e os Rolling Stones 4. Resolução rio, conto, fábula, entre outros. É importante reafir-
Girava o mundo, mas acabou mar que o fato de esses gêneros serem essencialmente
Fazendo a guerra no Vietnã narrativos não significa que não possam apresentar
Cabelos longos não usa mais
outras sequências em sua composição.
Não toca a sua guitarra e sim
Um instrumento que sempre dá Para diferenciar os tipos textuais e proceder na
6. Situação final classificação correta, é sempre essencial prestar aten-
A mesma nota,
7. Avaliação
ra-tá-tá-tá ção nas marcas que predominam no texto.
Não tem amigos, não vê garotas Após demarcarmos as principais características do
Só gente morta caindo ao chão tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as mar-
Ao seu país não voltará
cas mais importantes da sequência textual classifica-
Pois está morto no Vietnã da como descritiva.
Stop! Com Rolling Stones
Stop! Com Beatles songs
8. Moral Descritivo
Stop! Com Beatles songs
No peito, um coração não há
Mas duas medalhas sim O tipo textual descritivo é marcado pelas formas
nominais que dominam o texto. Os gêneros que utili-
Essas sete marcas que definem o tipo textual narra- zam esse tipo textual, geralmente, utilizam a sequên-
tivo podem ser resumidas em marcas de organização cia descritiva como suporte para um propósito maior.
linguística caracterizadas por: presença de marcado- São exemplos de textos cujo tipo textual predominan-
res temporais e espaciais; verbos, predominante- te é a descrição: relato de viagem, currículo, anúncio,
mente, utilizados no passado; presença de narrador classificados, lista de compras etc. Veja um trecho da
e personagens. Carta de Pero Vaz de Caminha que relata suas impres-
sões a respeito de alguns aspectos do território que
viria a ser chamado de Brasil no ano de 1500.
Importante!
Os gêneros textuais que são, predominantemen- Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e
te, narrativos, apresentam outras tipologias tex- quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas,
LÍNGUA PORTUGUESA

que, certo, assim pareciam bem. Também andavam


tuais em sua composição, tendo em vista que
entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que
nenhum texto é composto exclusivamente por assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava
uma sequência textual. Por isso, devemos sem- uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a náde-
pre identificar as marcas linguísticas que são pre- ga, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto
dominantes em um texto, a fim de classificá-lo. da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos
com as curvas assim tintas, e também os colos dos
pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocên-
Para sua compreensão, também é preciso saber o cia assim descobertas, que não havia nisso desver-
que são marcadores temporais e espaciais. gonha nenhuma.
São formas linguísticas como advérbios, prono-
mes, locuções etc. utilizados para demarcar um espa- Fonte: https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz-de-
ço físico ou temporal em textos. Nos tipos textuais caminha 15
Note que apesar da presença pontual da sequência narrativa, há predominância da descrição do cenário e dos
personagens, evidenciada pela presença de adjetivos (galantes, preto, vermelho, nuas, tingida, descobertas etc). A
carta de Pero Vaz constitui uma espécie de relato descritivo para manter a comunicação entre a Corte Portuguesa
e os navegadores. Todavia, considerando as emergências comunicativas do mundo moderno, a carta tornou-se
um gênero menos usual e, aos poucos, substituído por outros gêneros como, por exemplo, o e-mail.
A sequência descritiva também pode se apresentar de forma esquemática em alguns gêneros, como podemos
ver no cardápio abaixo:

Fonte: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2020/07/12/filha-de-dono-de-cantina-faz-desenhos-para-divulgar-cardapio-e-ajudar-o-
16 pai-a-vender-na-web.ghtml
Note que há presença de muitos adjetivos, locu- O infográfico acima apresenta as informações per-
ções e substantivos que buscam levar o leitor a ima- tinentes sobre o panorama mundial da situação da
ginar o objeto descrito. O gênero acima apresenta a água no ano de 2016. O gênero foi construído com o
descrição das refeições (pão, croissant, feijão, carne objetivo de deixar o leitor informado a respeito do
etc) com uso de adjetivos ou locuções adjetivas (de tema tratado, e para isso, o autor dispõe, além da lin-
queijo, doce, salgado, com calabresa, moída etc). Ele guagem clara e objetiva, de recursos visuais para atin-
está organizado de forma esquematizada em seções gir esse objetivo.
(salgados, lanches, caldos e panquecas) de maneira Assim como os tipos textuais apresentados ante-
que facilita a leitura (o pedido, no caso) do cliente. riormente, os textos expositivos também apresentam
Organização do texto descritivo: uma estrutura que mistura elementos tipológicos de
outras sequências textuais, tendo em vista que, para
apresentar fatos e ideias, utilizamos aspectos descriti-
vos, narrativos e, por vezes, injuntivos.
É importante destacar que os textos expositivos
podem, muitas vezes, serem confundidos com textos
argumentativos, uma vez que existem textos argu-
mentativos que são classificados como expositivos,
pois utilizam exemplos e fatos para fundamentar uma
argumentação.
Outra importante diferença entre a sequência
expositiva e a argumentativa é que esta apresenta uma
opinião pessoal, enquanto aquela não abre margem
para a argumentação, uma vez que o fato exposto
é apresentado como dado, ou seja, o conhecimento
sobre uma questão não é posto em debate.
Apresenta-se um conceito e expõem-se as caracte-
rísticas desse conceito sem espaço para opiniões.
Marcas linguísticas do texto expositivo:
Expositivo

O texto expositivo visa apresentar fatos e ideias a z Apresenta informações sobre algo ou alguém, pre-
fim de deixar claro o tema principal do texto. Nesse tipo sença de verbos de estado;
textual, é muito comum a presença de dados, informa- z Presença de adjetivos, locuções e substantivos que
ções científicas, citações diretas e indiretas, que servem organizam a informação;
para embasar o assunto do qual o texto trata. Para lus- z Desenvolve-se mediante uso de recursos enumerativos;
trar essa explicação, veja o exemplo a seguir: z Presença de figuras de linguagem como metáfora
e comparação;
z Pode apresentar um pensamento contrastivo ao
final do texto.

Os textos expositivos são comuns em gêneros cien-


tíficos ou que desencadeiam algum aspecto de curiosi-
dade nos leitores, como o exemplo a seguir:

VEJA 10 MULHERES INVENTORAS QUE REVOLUCIO-


NARAM O MUNDO
08/03/2015 07h43 - Atualizado em 08/03/2015 07h43

Hedy Lamarr - conexão wireless

Além de atriz de Hollywood, famosa pelo longa “Ecstasy”


(1933), a austríaca naturalizada norte-americana Hedy
Lamarr foi a inventora de uma tecnologia que permitia
controlar torpedos à distância, durante a Segunda Guer-
ra Mundial, alterando rapidamente os canais de frequên-
LÍNGUA PORTUGUESA

cia de rádio para que não fossem interceptados pelo ini-


migo. Esse conceito de transmissão acabou, mais tarde,
permitindo o desenvolvimento de tecnologias como o
Wi-Fi e o Bluetooth.
Fonte: https://glo.bo/2Jgh4Cj Acessado em: 07/09/2020. Adaptado.

Instrucional ou Injuntivo

O tipo textual instrucional, ou injuntivo, é caracteri-


zado por estabelecer um “propósito autônomo” (CAVAL-
Fonte: https://www.boavontade.com/pt/ecologia/infografico-dados- CANTE, 2013, p. 73) que busca convencer o leitor a
mostram-panorama-mundial-da-situacao-da-agua realizar alguma tarefa. Esse tipo textual é predominante 17
em gêneros como: bula de remédio, tutoriais na internet, Outro aspecto importante dos textos argumentati-
horóscopos e também nos manuais de instrução. vos é que eles são compostos por estruturas linguísti-
A principal marca linguística dessa tipologia é a cas conhecidas como operadores argumentativos, que
presença de verbos conjugados no modo imperati- organizam as orações subordinadas, estruturas mais
vo e também em sua forma infinitiva. Isso se deve comuns nesse tipo textual.
ao fato de essa tipologia buscar persuadir o leitor e A seguir, apresentamos um quadro sintético com
levá-lo a realizar as ações mencionadas pelo gênero. algumas estruturas linguísticas que funcionam como
Para que possamos identificar corretamente essa operadores argumentativos e que facilitam a escrita e
tipologia textual, faz-se necessário observar um gêne- a leitura de textos argumentativos:
ro textual que apresente esse tipo de texto, como o
exemplo a seguir: OPERADORES ARGUMENTATIVOS
É incontestável que...
Como faço para criar uma conta do Instagram? Tal atitude é louvável, repudiável, notável...
Para criar uma conta do Instagram pelo aplicativo: É mister, é fundamental, é essencial...
1. Baixe o aplicativo do Instagram na App Store (iPhone)
ou Google Play Store (Android).
Essas estruturas, se utilizadas adequadamente no
2. Depois de instalar o aplicativo, toque no ícone
texto argumentativo, expõem a opinião do autor, aju-
para abri-lo.
dando na defesa de seu ponto de vista e construindo a
3. Toque em Cadastrar-se com e-mail ou número de
estrutura argumentativa desse tipo textual.
telefone (Android) ou Criar nova conta (iPhone) e insira
seu endereço de e-mail ou número de telefone (que exigi-
rá um código de confirmação), toque em Avançar. Tam-
bém é possível tocar em Entrar com o Facebook para se Importante!
cadastrar com sua conta do Facebook. O tipo textual argumentativo não pode ser
4. Se você se cadastrar com o e-mail ou número de te- confundido com o gênero textual dissertativo-
lefone, crie um nome de usuário e uma senha, preencha -argumentativo. Esse gênero é composto por
as informações do perfil e toque em Avançar. Se você sequências argumentativas, mas também há
se cadastrar com o Facebook, será necessário entrar na
a apresentação, dissertação de ideias, a fim de
conta do Facebook, caso tenha saído dela.
alcançar a persuasão do ouvinte/leitor. O Exame
Fonte: https://www.facebook.com/help/instagram/. Acessado em: Nacional do Ensino Médio – ENEM é um certame
07/09/2020.
que cobra esse gênero em sua prova de redação.
No exemplo acima, podemos destacar a presença
de verbos conjugados no modo imperativo, como: bai- Agora que já conhecemos os cinco principais tipos
xe, toque, crie, além de muitos verbos no infinitivo, textuais, vamos exercitar nossos conhecimentos com
como: instalar, cadastrar, avançar. Outra caracte- as seguintes questões de concurso:
rística dos textos injuntivos é a enumeração de passos
a serem cumpridos para a realização correta da tare-
fa ensinada e também a fim de tornar a leitura mais
didática. EXERCÍCIOS COMENTADOS
É importante lembrar que a principal marca
linguística dessa tipologia é a presença de verbos 1. (COMPERVE – 2017) A questão refere-se ao texto
conjugados no modo imperativo e em sua forma infi- abaixo.
nitiva. Isso se deve ao fato de essa tipologia buscar
persuadir o leitor e levá-lo a realizar as ações mencio- Há vida fora da Terra?
nadas pelo gênero.
1º Em 15 de agosto de 1977, um radiotelescópio do
Argumentativo Instituto Seti (“Busca por Inteligência Extraterrestre”,
na sigla em inglês), nos EUA, captou uma mensagem
O tipo textual argumentativo é sem dúvidas o mais estranha. Foi um sinal de rádio que durou apenas 72
complexo e, por vezes, pode apresentar um maior segundos, só que muito mais intenso que os ruídos
grau de dificuldade na identificação, bem como em comuns vindos do Cosmo. Ao analisar as impressões
sua análise. O texto argumentativo tem por objetivo em papel feitas pelo aparelho, o cientista Jerry Ehman
a defesa de um ponto de vista, portanto, envolve a tomou um susto. O sistema captara um sinal 30 vezes
defesa de uma tese e a apresentação de argumen- mais forte que o normal. Seria alguma civilização ten-
tos que visam sustentar essa tese. tando fazer contato? Ehman ficou tão impressionado
Um exemplo típico desse tipo de texto argumen- que circulou os dados do computador e escreveu ao
tativo são as redações do ENEM. Nesse tipo de texto, lado: “Wow!”. O caso ficou conhecido como Wow sig-
a introdução apresenta o ponto de vista (tese) a ser nal  (sinal “uau”!), e até hoje é o episódio mais mar-
defendido pelo autor de maneira contextualizada. No cante na busca por inteligência extraterrestre. O Seti
segundo e terceiro parágrafos, o autor pode utilizar e outras instituições tentaram detectar o sinal várias
estratégias argumentativas para sustentar o seu ponto vezes depois, mas ele nunca foi encontrado.
de vista, como dados estatísticos, definições, exempli- 2º Mesmo assim, hoje, muitos cientistas acreditam
ficações, alusões históricas e filosóficas, referências que o contato com extraterrestres é mera questão de
a outras áreas do conhecimento etc. Na conclusão, o tempo. “Numa escala de 1 (pouco provável) a 10 (mui-
autor conclui, ratificando seu ponto de vista, e apre- to provável), eu diria que nossa chance de fazer con-
18 senta possíveis soluções para o problema em questão. tato com ETs em meados deste século é 8”, acredita
o físico Michio Kaku, da City College de Nova York. No primeiro e no segundo parágrafos, predominam,
Esse otimismo tem justificativa. “Pelo menos 25% das respectivamente:
estrelas têm planetas. E, dessas estrelas, pelo menos
a metade tem planetas semelhantes à Terra”, explica a) Narração e descrição.
o físico Marcelo Gleiser. Isso significa que, na nossa b) Narração e explicação.
galáxia, podem existir até 10 bilhões de planetas pare- c) Explicação e descrição.
cidos com o nosso. Uma quantidade imensa. Ou seja: d) Explicação e injunção.
pela lei das probabilidades, é muito possível que haja
civilizações alienígenas. O satélite Kepler, da Nasa, já No primeiro parágrafo, há a narração de uma his-
catalogou 2740 planetas parecidos com a Terra, onde tória sobre um contato de possíveis extraterrestres
água líquida e vida talvez possam existir. Um dos mais com a Terra; para contar essa história, o autor
“próximos” é o Kepler 42d, a 126 anos -luz do Sol (um utilizou muitos verbos no passado, predominando
ano-luz equivale a 9,5 trilhões de quilômetros). trechos como este: “o cientista Jerry Ehman tomou
3º Kaku acredita que, para civilizações muito avan- um susto”. Já o segundo parágrafo apresenta a pre-
çadas, essa distância não seria um problema – pois dominância de informações que visam a explicar o
elas poderiam manipular o espaço-tempo e utilizar fenômeno narrado anteriormente, o que fica claro
por trechos assim: “Esse otimismo tem justificati-
portais no Cosmos, como nos filmes de ficção cientí-
va. ‘Pelo menos 25% das estrelas têm planetas. E,
fica. Ok, mas então por que até hoje esse pessoal não
dessas estrelas, pelo menos a metade tem planetas
veio aqui? “Se são mesmo tão avançados, talvez não
semelhantes à Terra’, explica o físico Marcelo Glei-
estejam interessados em nós”, opina Kaku. “É como a
ser”. Resposta: Letra B.
gente ir a um formigueiro e dizer às formigas: ‘Levem-
-nos a seu líder!’.” Para outros cientistas, contudo, a 2. (FUNDEP – 2019)
existência de civilizações avançadas é mera especula-
ção. E explicar por que elas não colonizaram a Terra já Circuito Fechado
é querer dar uma de psicólogo de aliens.
Ricardo Ramos
4º Tudo bem que existem bilhões de terras por aí. E
que a probabilidade de existir vida lá fora é muito gran-
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Esco-
de. Mas não significa que seja vida inteligente. “Você
va, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pin-
pode ter um planeta cheio de vida, mas formada por
cel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria,
amebas e outros seres unicelulares”, acredita Glei- água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca,
ser. Afinal, com a Terra foi assim. A vida aqui existe camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata,
há cerca de 3,5 bilhões de anos. Mas durante quase paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves,
todo esse tempo (3 bilhões de anos), só havia seres lenço. Relógio, maço de cigarros, caixa de fósforos, jor-
unicelulares: as cianobactérias, também chamadas de nal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres,
algas verdes e azuis. guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo.
5º Além disso, não basta o tempo passar para que as Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone,
formas de vida se tornem complexas e inteligentes. A agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas,
função essencial da vida é se adaptar bem ao ambiente espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso
onde ela está. A vida só muda – na esteira de alguma com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bande-
mutação genética – se uma mudança ambiental exigir ja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone,
que ela mude. Assim, se o ambiente não mudar e a vida relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos,
estiver bem adaptada, as mutações genéticas que, em bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cin-
geral, aparecem ao longo de gerações não vão fazer zeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro,
diferença. Tudo depende da história de cada planeta. Se fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes,
o asteroide que matou os dinossauros há 65 milhões de xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadronegro, giz,
anos não tivesse caído aqui na Terra, e os dinossauros papel. Mictório, pia. Água. Táxi, mesa, toalha, cadeiras,
copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara.
não tivessem sido extintos, não estaríamos aqui.
Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de den-
6º “Não temos nenhuma prova ou argumento forte
tes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone,
sobre a existência de vida inteligente fora da Terra”, diz
revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone inter-
Gleiser. “Existe vida? Certamente. Mas como não enten-
no, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel,
demos bem como a evolução varia de planeta para pla- relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta,
neta, é muito difícil prever ou responder se existe ou não telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xíca-
vida inteligente fora daqui”, completa. “Se existe, a vida ra, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço
LÍNGUA PORTUGUESA

inteligente fora da Terra é muito rara.” Decepcionante. de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Pol-
7º Mas antes de lamentar a solidão da humanidade trona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos,
no Cosmos, saiba que ela pode ser uma boa notícia. talheres, copos, guardanapos. Xícaras. Cigarro e fós-
Porque, se aliens inteligentes realmente existirem, não foro. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltro-
serão necessariamente bondosos. “Se eles algum dia na. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos,
nos visitarem, acho que o resultado será o mesmo que meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos.
quando Cristóvão Colombo chegou à América. Não foi Coberta, cama, travesseiro.
bom para os índios nativos”, afirmou, certa vez, o físi- Disponível em: <https://tinyurl.com/y4e7n4u7>. Acesso em: 17 jul.
co Stephen Hawking. 2019.

Disponível em:< http://super.abril.com.br/ciencia/ha-vida-fora-da- A respeito da tipologia desse texto, é correto afirmar


terra-2/>. Acesso em: 7 jul. 2017. [Adaptado] que ele é: 19
a) dissertativo-argumentativo.
DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR
b) dissertativo-expositivo.
c) descritivo. INFERÊNCIA
d) narrativo. INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA

O texto descritivo é caracterizado pela forte presen-


ça de formas nominais, conforme o texto em debate. A partir desse esquema, conseguimos visualizar
Resposta: Letra C. melhor como o processo de interpretação ocorre. Agora,
iremos detalhar esse processo, reconhecendo as estra-
tégias que compõem cada maneira de inferir informa-
ções de um texto. Por isso, vamos apresentar nos tópicos
seguintes como usar estratégias de cunho dedutivo, indu-
INFORMAÇÕES LITERAIS E tivo e, ainda, como articular a isso o nosso conhecimento
INFERÊNCIAS POSSÍVEIS de mundo na interpretação de textos.

A inferência é uma relação de sentido conhecida A INDUÇÃO


desde a Grécia Antiga e que embasa as teorias sobre
interpretação de texto. As estratégias de interpretação que observam
métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto
oferece e, posteriormente, reconhecem alguma certe-
Dica za na interpretação. Dessa forma, é fundamental bus-
Interpretar é buscar ideias, pistas do autor do tex- car uma ordem de eventos ou processos ocorridos no
to, nas linhas apresentadas. texto e que variam conforme o tipo textual.
Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos
Porém, apesar de, aparentemente, parecer algo identificar uma organização cronológica e espacial no
subjetivo, existem “regras” para se buscar essas pistas. desenvolvimento das ações marcadas, por exemplo,
A primeira e mais importante delas é identificar a pelo uso do pretérito imperfeito; na descrição, pode-
mos organizar as ideias do texto a partir da marcação
orientação do pensamento do autor do texto, que fica
de adjetivos e demais sintagmas nominais; na argu-
perceptível quando identificamos como o raciocínio
mentação, esse encadeamento de ideias fica marcado
dele foi exposto, se de maneira mais racional, a partir
pelo uso de conjunções e elementos que expõem uma
da análise de dados, informações com fontes confiáveis
ideia/ponto de vista.
ou se de maneira mais empirista, partindo dos efeitos,
No processo interpretativo indutivo, as ideias são
das consequências, a fim de se identificar as causas.
organizadas a partir de uma especificação para uma
Por isso, é preciso compreender como podemos generalização. Vejamos um exemplo:
interpretar um texto mediante estratégias de leitura.
Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema, Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa
que é intrigante e de grande profundidade acadêmica; espécie de animal. O que observei neles, no tempo
neste material, selecionamos as estratégias mais efica- em que estive na redação do O Globo, foi o bastan-
zes que podem contribuir para sua aprovação em sele- te para não os amar, nem os imitar. São em geral
ções que avaliam a competência leitora dos candidatos. de uma lastimável limitação de ideias, cheios de
A partir disso, apresentamos estratégias de leitura fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos
que focam nas formas de inferência sobre um texto. detalhados e impotentes para generalizar, cur-
Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre vados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas,
adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia-
o processo de inferência, que se dá por dedução ou
dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo
por indução. Para entender melhor, veja esse exemplo:
critério de beleza.
(BARRETO, 2010, p. 21)
O marido da minha chefe parou de beber.
O trecho em destaque na citação do escritor Lima
Observe que é possível inferir várias informações
Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías
a partir dessa frase. A primeira é que a chefe do enun-
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento
ciador é casada (informação comprovada pela expres- indutivo compõe a interpretação e decodificação de
são “marido”), a segunda é que o enunciador está um texto. Para deixar ainda mais evidente as estraté-
trabalhando (informação comprovada pela expressão gias usadas para identificar essa forma de interpretar,
“minha chefe”) e a terceira é que o marido da chefe do deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza-
enunciador bebia (expressão comprovada pela expres- ção cronológica de um texto.
são “parou de beber”). Note que há pistas contextuais
do próprio texto que induzem o leitor a interpretar
essas informações. A propriedade vocabular leva
o cérebro a aproximar as pa-
Tratando-se de interpretação textual, os processos PROCURE SINÔNIMOS
lavras que têm maior asso-
de inferência, sejam por dedução ou por indução, par-
ciação com o tema do texto
tem de uma certeza prévia para a concepção de uma
interpretação, construída pelas pistas oferecidas no Os conectivos (conjunções,
texto junto da articulação com as informações acessa- preposições, pronomes)
ATENÇÃO AOS
das pelo leitor do texto. são marcadores claros de
CONECTIVOS
A seguir, apresentamos um fluxograma que repre- opiniões, espaços físicos e
localizadores textuais
20 senta como ocorre a relação desses processos:
A DEDUÇÃO

A leitura de um texto envolve a análise de diversos


aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou de
maneira implícita no enunciado.
Em questões de concurso, as bancas costumam
procurar nos enunciados implícitos do texto aspectos
para abordar em suas provas.
No momento de ler um texto, o leitor articula seus
conhecimentos prévios a partir de uma informação
que julga certa, buscando uma interpretação; assim,
ocorre o processo de interpretação por dedução. Con-
forme Kleiman (2016, p. 47):

Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo


temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o
tema; ele estará também postulando uma possí-
vel estrutura textual; na predição ele estará ati-
vando seu conhecimento prévio, e na testagem
ele estará enriquecendo, refinando, checando esse
conhecimento.

Fique atento a essa informação, pois é uma das


primeiras estratégias de leitura para uma boa inter- Fonte: https://bit.ly/3kCyWoI. Acesso em: 22/09/2020.
pretação textual: formular hipóteses, a partir da
macroestrutura textual; ou seja, antes da leitura ini- Como é possível notar, o texto é uma peça publici-
cial, o leitor deve buscar identificar o gênero textual tária escrita em inglês, portanto, somente os leitores
ao qual o texto pertence, a fonte da leitura, o ano, proficientes nessa língua serão capazes de decodificar
entre outras informações que podem vir como “aces- e entender o que está escrito; assim, o conhecimento
sórios” do texto e, então, formular hipóteses sobre a linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas
leitura que deverá se seguir. Uma outra dica impor- são algumas estratégias de interpretação em que
tante é ler as questões da prova antes de ler o texto, podemos usar métodos dedutivos.
pois, assim, suas hipóteses já estarão agindo conforme
um objetivo mais definido. Conhecimento Textual
O processo de interpretação por estratégias de dedu-
ção envolve a articulação de três tipos de conhecimento: Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conheci-
mento linguístico e se desenvolve pela experiência
z Conhecimento Linguístico; leitora. Quanto maior exposição a diferentes tipos de
z Conhecimento Textual; textos, melhor se dá a sua compreensão. Nesse conhe-
z Conhecimento de Mundo. cimento, o leitor desenvolve sua habilidade porque
prepara sua leitura de acordo com o tipo de texto que
O conhecimento de mundo, por tratar-se de um
está lendo. Não se lê uma bula de remédio como se lê
assunto mais abrangente, será abordado mais adiante.
uma receita de bolo ou um romance. Não se lê uma
Os demais, iremos abordar detalhadamente a seguir.
reportagem como se lê um poema.
Em outras palavras, esse conhecimento relaciona-
Conhecimento Linguístico
-se com a habilidade de reconhecer diferentes tipos de
discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais.
Esse é o conhecimento basilar para compreensão
e decodificação do texto, envolve o reconhecimento
Conhecimento de Mundo
das formas linguísticas estabelecidas socialmente por
uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco-
O uso dos conhecimentos prévios é fundamental
nhecimento das regras de uma língua.
É importante salientar que as regras de reconhe- para a boa interpretação textual, por isso, é sempre
cimento sobre o funcionamento da língua não são, importante que o candidato a cargos públicos reserve
LÍNGUA PORTUGUESA

necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes
que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por- de informações fidedignas, para, dessa forma, aumen-
tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a, tar seu conhecimento de mundo.
que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver- Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso
bo-objeto (SVO) etc. conhecimento de mundo que é relevante para a com-
Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento preensão textual é ativado; por isso, é natural ao nosso
linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento cérebro associar informações, a fim de compreender
sobre como pronunciar português, passando pelo conhe- o novo texto que está em processo de interpretação.
cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer-
o conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15). cício para atestarmos a importância da ativação do
Um exemplo em que a interpretação textual é preju- conhecimento de mundo em um processo de interpre-
dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir: tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede: 21
Como gemas para financiá-lo, nosso herói desa- O pensamento dedutivo parte do conhecimento
fiou valentemente todos os risos desdenhosos que geral, visando ao conhecimento particular, assim,
tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga- para a lógica dedutiva as premissas verdadeiras
nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam
não podem gerar enunciados falsos. Resposta:
corretamente esse planeta inexplorado.” Então as
Certo.
três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de
provas, abrindo caminho, às vezes através de imen-
sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e 3. (UFPE – 2018 - Adaptada) Na temática da Lógica, leia
vales turbulentos (KLEIMAN, 2016, p. 24). o texto a seguir sobre os tipos de inferência:
A dedução e a indução são conhecidas com o nome
Agora tente responder as seguintes perguntas de inferência, isto é, concluir alguma coisa a partir
sobre o texto: de outra já conhecida. Sobre a indução e a dedução,
Quem é o herói de que trata o texto? entende-se como inferências mediatas.
Quem são as três irmãs? (CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1996, p. 68.)
Qual é o planeta inexplorado? Adaptado.
Certamente, você não conseguiu responder nenhu-
ma dessas questões, porém, ao descobrir o título des- A autora acima enfatiza a singularidade dos tipos de
se texto, sua compreensão sobre essas perguntas será inferência no âmbito da razão discursiva. Sobre isso,
afetada. O texto se chama “A descoberta da América observe a seguinte inferência:
por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque Sócrates é homem e mortal 
responder às questões; certamente você não terá mais Platão é homem e mortal 
as mesmas dificuldades. Aristóteles é homem e mortal  
Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao vol- Logo, todos os homens são mortais.  
tar seus olhos por uma segunda vez a ele, já sabendo
do que se trata, seu cérebro ativou um conhecimen- A inferência expressa o raciocínio:
to prévio que é essencial para a interpretação de
questões. a) Dialético.
b) Disjuntivo.
c) Indutivo.
EXERCÍCIOS COMENTADOS d) Conjuntivo.
e) Argumentativo.
1. (FGV – 2019) “Quando se julga por indução e sem o
necessário conhecimento dos fatos, às vezes chega- O raciocínio é indutivo porque parte de premissas
-se a ser injusto até mesmo com os malfeitores”. particulares para outras mais genéricas. Resposta:
Indução é um processo lógico que parte do particular Letra C.
para o geral, como ocorre no seguinte raciocínio:
PONTO DE VISTA DO AUTOR
a) Todos os dias o metrô está cheio; hoje deve estar
também; Nesse tópico, a banca busca avaliar a capacidade do
b) Após as chuvas, as ruas ficam alagadas; hoje deve ter
candidato de relacionar aspectos semânticos e inter-
chovido durante toda a noite;
pretativos com valores sintáticos, por isso é importante
c) A torcida do Corinthians está presente em todos os
jogos; domingo não deve ser diferente; estar atento aos operadores de sentido que organizam o
d) O estacionamento do restaurante está cheio de carros; significado de textos e orações. Como vamos fazer isso?
o lucro desse restaurante deve ser alto; Analisando aspectos sintáticos e recursos semânticos.
e) Os carros brasileiros ainda mostram deficiências; o
meu automóvel enguiçou ontem. RECURSOS QUE AUXILIAM A ANÁLISE TEXTUAL

Indução é um processo lógico que parte do particu- Quando interpretamos aqui-


Extrapolação e fuga do
lar para o geral. Se houver alguma dúvida na reso- lo que não está expresso no
texto
lução, é só ir por exclusão das alternativas texto
a) Todos os dias.../ hoje... Quando destacamos apenas
b) as ruas/ toda a noite Redução uma parte do texto e não sua
c) em todos os jogos/ domingo... totalidade
d) Resposta certa
e) Os carros.../ meu automóvel... Resposta: Letra D. Quando entendemos o opos-
Contradição
to das afirmações textuais
2. (CESPE-CEBRASPE – 2014) Julgue o item, relativo à
dedução e indução.
FATO OU OPINIÃO?
A conclusão de um argumento dedutivo é uma con-
sequência necessária da verdade da conjunção das
premissas, o que significa que, sendo verdadeiras as Fatos são acontecimentos que ocorreram indepen-
premissas, é impossível a conclusão ser falsa. dente da postura de quem narra ou apresenta.
Opinião é a representação de uma postura a partir
22 ( ) CERTO  ( ) ERRADO de um ponto de vista pessoal.
FATO OPINIÃO narrados no futuro provavelmente irão quebrar a
coerência desse texto, tornando-o ridículo.
Marcado por verbos no Marcada por verbos no Exemplo: “Ele ligou à noite para acalmar o deses-
modo indicativo subjuntivo pero dela. Sentou no sofá de couro já gasto, acendeu a
luz do abajur na sala já escura. Chamou por querida,
Apresenta-se em forma Apresenta estrutura com
clamou por perdão. Relatou o dia e prometeu reduzir
afirmativa dúvida
os hiatos que os separava. A conversa dará fome”.
Apresenta dados para Apresenta muitos Coerência argumentativa: apresenta fatos, opi-
comprovação adjetivos niões e dados a favor de um posicionamento que
concluirá o texto. Também é preciso apresentar uma
sequência lógica que respeite a ordem dos argumen-
CONCORDÂNCIA OU DISCORDÂNCIA tos apresentados no texto a quebra dessa ordem inci-
dirá em falta de coerência.
É necessário ficar atento ao texto, pois alguns marca- No texto a seguir, o autor menciona o Estado como
dores argumentativos são utilizados nele para apresen- o grande responsável pela redução da violência esco-
tar um ponto de vista em concordância ou discordância lar. Entretanto, na última frase do texto, o autor deixa
com o autor. Vamos conhecer alguns: de mencioná-lo, citando apenas a sociedade e a Justi-
ça. Assim, já uma quebra de raciocínio no texto.
Concordância Exemplo: “A violência escolar é um problema que
envolve toda a comunidade. Do núcleo familiar ao con-
Em consonância; conforme mencionado; não ape- vívio em sociedade, é o Estado, contudo, o responsável
nas..., mas também etc. por oferecer as condições necessárias para a redução do
Ex.: “... segmentos do comércio converteram-se problema até a sua quase eliminação. Cabe à socieda-
em verdadeiros bancos e ganham não apenas com o de interferir para que a escola desempenhe de maneira
natural porcentual de lucro, mas também nos juros satisfatória o seu papel e evite que problemas como a
altos que o crediário rende.” violência na escola prejudiquem o desenvolvimento da
No caso do exemplo mencionado, a expressão comunidade. Em suma, o problema só terá fim com o
“não apenas..., mas também” soma justificativas a envolvimento conjunto da sociedade e da Justiça.”
favor de um argumento defendido pelo autor, deno-
tando concordância.

Discordância ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO

Porém, mas, todavia, contudo, no entanto, embora, RELAÇÕES ENTRE IDEIAS E RECURSOS DE COESÃO
ainda que, posto que etc.
Ex.: “No Brasil ainda vigora uma memória de infla- Ao elaborarmos um texto, devemos buscar organi-
ção descontrolada e isto é como uma planta que está zar as ideias apresentadas de modo a torná-lo coeso e
sufocada, porém viva...” coerente. Porém, como fazer para que essa organiza-
O uso de “porém” orienta para conclusões contrá- ção mantenha esse padrão? Para descobrir, primeiro
rias ao que o autor do texto demonstra inicialmente, é preciso esclarecer o que é coesão e o que é coerência
e por que buscar esse padrão é importante.
marcado, inclusive pelo termo “ainda”.
Os textos não são somente um aglomerado de pala-
Veja no quadro abaixo alguns dos marcadores argu-
vras e frases escritas. Suas partes devem ser articula-
mentativos mais utilizados:
das e organizadas harmoniosamente de maneira que
o texto faça sentido como um todo. A ligação, a rela-
CONCORDÂNCIA DISCORDÂNCIA ção, os nexos entre essas partes estabelecem o que se
chama de coesão textual. Os articuladores responsá-
“portanto’, “logo”, “por “mas”, “porém”, “contudo”,
veis por essa “costura” do tecido (tessitura) do texto
conseguinte”, “pois”, “em “todavia”, “no entanto”, “em-
são conhecidos como recursos coesivos que devem ser
decorrência”, “consequen- bora”, “ainda que”, “posto
articulados de forma que garanta uma relação lógica
temente”, “e”, “também”, que”, “apesar de (que)”
entre as ideias, fazendo com que o texto seja inteli-
“ainda”, “nem” (= e não),
gível e faça sentido em determinado contexto. A res-
“não só...”, “mas também”,
peito disso, temos a coerência textual, que está ligada
“tanto...como”, “além dis-
diretamente à significação do texto, aos sentidos que
so”, “além de”, “a par de”
ele produz para o leitor.
LÍNGUA PORTUGUESA

SÉRIO OU RIDÍCULO COESÃO COERÊNCIA

Na realidade, o que a banca deseja avaliar no can- Utiliza-se de elementos su- Subjacente ao texto, enfa-
didato nesse tópico é a sua capacidade de analisar as perficiais, dando-se ênfase tiza-se o conteúdo e a pro-
relações lógico-semânticas do texto que constituem as na forma e na articulação dução de sentido/relação
relações de coerência entre as informações, os fatos e entre as ideias lógica
opiniões apresentados no texto, ou seja, se o conteúdo
dos enunciados tem sentido a partir do contexto. Fonte: Elaborado pela autora.
Sobre a coerência, devemos saber que ela pode ser:
Coerência narrativa: apresenta fatos em sequên- Podemos usar uma metáfora muito interessante
cia cronológica; logo, em um texto escrito predomi- quando se trata de compreender os processos de coe-
nantemente no tempo passado, a presença de fatos são e coerência. 23
Essa metáfora nos leva a comparar um texto com um seu treinamento, na primeira luta que fez com Apollo
prédio, tal qual uma boa construção precisa de um bom Creed.
alicerce para manter-se em pé; um texto bem construí-
do depende da organização das nossas ideias, da forma Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rocky_Balboa. Acessado em:
como elas estão dispostas no texto. Isso significa que pre- 30/09/2020. Adaptado.
cisamos utilizar adequadamente os processos coesivos,
a fim de defendermos nossas ideias adequadamente. A partir da leitura, podemos perceber que todos os
Por isso, neste capítulo, iremos apresentar as prin- termos destacados fazem referência a um mesmo refe-
cipais formas de marcação, em um texto, de processos rente: Rocky Balboa. O processo de referenciação utiliza-
que buscam organizar as ideias em um texto, princi- do foi o uso de anáforas que assumem variadas formas
palmente, os processos de coesão que, como dissemos, gramaticais e buscam conectar as ideias do texto.
apresentam um apelo mais forte às formas linguísti- Já os processos referenciais catafóricos apontam
cas que os processos envolvendo a coerência. para porções textuais que ainda não foram mencio-
Antes, porém, faz-se mister indicar mais algumas nadas anteriormente no texto, conforme o exemplo a
características da coerência em um texto e como esse seguir: “Os documentos requeridos para os candidatos
processo liga-se não apenas às formas gramaticais, são estes: Identidade, CPF, Título de eleitor e reservista”
mas, sobretudo, ao forte teor cognitivo. Tendo em
vista que a coerência é construída, tal qual o sentido, Dica
coletivamente, não por acaso, o grande linguista e
estudioso da língua portuguesa, Luis Antonio Marcus- Em provas de concursos e seleções, ainda se
chi (2007) afirmou que a coerência é “algo dinâmico encontra a terminologia “expressões referenciais
que se encontra mais na mente que no texto”. catafóricas”, remetendo ao uso já indicado no
Dito isso, usamos as palavras de Cavalcante (2013) material. No entanto, é importante salientar que,
para esclarecer ainda mais o conceito de coerência e para linguistas e estudiosos, as anáforas são os
passarmos ao estudo detalhado dos processos de coe- processos referenciais que recuperam e/ou apon-
são. A autora afirma que a coerência: tam para porções textuais.

[...] Não está no texto em si; não nos é possível USO DE PRONOMES OU PRONOMINALIZAÇÃO
apontá-la, destacá-la ou sublinha-la. Ela se constrói
[...] numa dada situação comunicativa, na qual o Utilizar pronomes para manter a coesão de um
leitor, com base em seus conhecimentos sociocogni-
texto é essencial, evitando-se repetições desnecessá-
tivos e interacionais e na materialidade linguística,
rias que tornam o texto cansativo para o leitor. Como
confere sentido ao que lê (2013, p.31).
a classe de pronomes é vasta, vamos enfatizar neste
estudo os principais pronomes utilizados em recursos
A seguir iremos nos deter aos processos de coesão
textuais para manter a coesão.
importantes para uma boa compreensão e elaboração
A pronominalização é a base de recursos anafóri-
textual. É importante destacar que esses processos
de coesão não podem ser dissociados da construção cos e recuperam porções textuais ou ainda um nome
de sentidos implícita no processo de organização da específico a que o autor faz referência no texto. Veja-
coerência. No entanto, como nossa finalidade é tornar mos dois exemplos:
seu aprendizado mais fácil, separamos esses conceitos O primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden
com fins estritamente didáticos. foi quente, com diversas interrupções e acusações
pesadas. […] O primeiro ponto discutido foi a indi-
COESÃO REFERENCIAL cação de Trump da juíza conservadora Amy Barrett
para a Suprema Corte, depois da morte de Ruth Bader
A coesão é marcada por processos referenciais Ginsburg. O presidente defendeu que tem esse direi-
to, pois os republicanos têm maioria no Senado [Casa
relaciona termos e ideias a partir de mecanismos que
que ratifica essa escolha] e criticou os democratas,
inserem ou retomam uma porção textual. Os pro-
dizendo “que eles ainda não aceitaram que perderam
cessos marcados pela referenciação caracterizam-se
a eleição”. […].
pela construção de referentes em um texto, os quais
O segundo ponto discutido foi a covid-19. Os EUA
se relacionam com as ideias defendidas no texto. Esse
são o país mais atingido pela pandemia - são 7 milhões
processo é marcado por vocábulos gramaticais e pode
de casos e mais de 200 mil mortos. O âncora Chris
ser reconhecido pelo uso de algumas classes de pala-
Wallace perguntou aos dois o que eles fariam até que
vras, das quais falaremos a seguir.
uma vacina aparecesse. Biden atacou o republicano
Antes, porém, faz-se mister reconhecer os proces-
dizendo que Trump “não tem um plano para essa
sos referenciais que envolvem o uso de expressões
tragédia”. Já Trump começou sua resposta atacando
anafóricas e catafóricas. Conforme Cavalcante (2013),
a China - “deveriam ter fechado suas fronteiras no
“as expressões que retomam referentes já apresenta-
começo” -, colocou em dúvida as estatísticas da Rússia
dos no texto por outras expressões são chamadas de e da própria China e, com pouca modéstia, disse que
anáforas”. Vejamos o exemplo a seguir: fez um “excelente trabalho” nesse momento dos EUA.
O Rocky Balboa era um humilde lutador de bair-
ro, que vivia de suas discretas lutas, no início de sua Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/eleicoes-eua-
carreira. Segundo seu treinador Mickey, Rocky era um debate-025314998.html. Acessado em: 30/09/2020. Adaptado.
jovem promissor, mas nunca se interessou realmente
em evoluir, preferiu trabalhar para um agiota italiano Após a leitura do texto, é possível notar que a recu-
chamado Tony Gazzo, com quem manteve uma certa peração da informação apresentada é feita a partir de
amizade. Gazzo gostava de Rocky por ele ser descen- muitos processos de coesão, porém, o uso dos prono-
24 dente de italiano e o ajudou dando US$ 500,00 para o mes destacados recupera o assunto informado e ajuda
o leitor a construir seu posicionamento. É importante incluindo substantivos, adjetivos e outras classes
buscar sempre o elemento a que o pronome faz refe- nominais.
rência; por exemplo, o primeiro pronome pessoal Essas expressões recuperam informações median-
destacado no texto refere-se ao termo “republicanos”, te novos nomes inseridos no texto, ou ainda, com o
já o segundo, faz referência aos presidenciáveis que uso de pronomes, conforme vimos anteriormente.
participavam do debate. Nota-se, com isso, que esses Vejamos um exemplo:
pronomes apontam para uma parcela objetiva do tex-
to, diferente do pronome “essa”, associado ao subs-
tantivo “tragédia”, que recupera uma parcela textual Antonio Carlos Belchior, mais conhecido como Bel-
maior, fazendo referência ao momento de pandemia chior foi um cantor, compositor, músico, produtor,
pelo qual o mundo passa. artista plástico e professor brasileiro. Um dos mem-
O uso de pronomes pode ser um aliado na construção bros do chamado Pessoal do Ceará, que inclui Fagner,
da coesão, porém, o uso inadequado pode gerar ambi- Ednardo, Amelinha e outros. Bel foi um dos primeiros
guidades, ocasionando o efeito oposto e prejudicando a cantores de MPB do nordeste brasileiro a fazer sucesso
coesão. Ex.: Encontrei Matheus, Pedro e sua mulher. internacional, em meados da década de 1970.
Não é possível saber qual dos homens estava Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Belchior. Acessado em:
acompanhado. 30/09/2020. Adaptado.
Por fim, destacamos que as classes de palavras
relacionadas neste capítulo com os processos de coe- Todas as marcações em negrito fazem referência ao
são não podem ser vistas apenas sob a ótica descriti- nome inicial Antônio Carlos Belchior; os termos que se
va-normativa, amplamente estudada nas gramáticas referem a esse nome inicial são expressões nominaliza-
escolares. O interesse das principais bancas de con- dores que servem para ligar ideias e construir o texto.
cursos públicos é avaliar a capacidade interpreta-
tiva e racional dos candidatos, dessa feita, a análise USO DE ADJETIVOS
de processos coesivos visa analisar a capacidade do
candidato de reconhecer a que e qual elemento está Os adjetivos também são considerados expressões
construindo as referências textuais. nominalizadoras que fazem referência a uma porção
textual ou a uma ideia referida no texto. No exemplo
USO DE NUMERAIS acima, a oração “Belchior foi um cantor, compositor,
músico, produtor, artista plástico e professor” apre-
Conforme mencionamos anteriormente, o uso de senta seis nomes que funcionam como adjetivos de
categorias gramaticais concorre para a progressão tex- Belchior e, ao mesmo tempo, acrescentam informações
tual; uma das classes gramaticais que auxilia esse pro- sobre essa personalidade, referida anteriormente.
cesso é o uso de numerais. É importante recordar que não podemos identifi-
Neste subtópico, iremos focar no valor coesivo que car uma classe de palavra sem avaliar o contexto em
essa classe promove, auxiliando na ligação de ideias que ela está inserida. No exemplo mencionado, as
em um texto. Dessa forma, as expressões quantitati- palavras cantor, compositor, músico, produtor, artis-
vas, em algumas circunstâncias, retomam dados ante- ta, professor são substantivos que funcionam como
riores numa relação de coesão.
adjetivos e colaboram na construção textual.
Ex.: Foram deixados dois avisos sobre a mesa: o pri-
meiro era para os professores, o segundo para os alunos.
As formas destacadas são numerais ordinais que USO DE VERBOS VICÁRIOS
recuperam informação no texto, evitando a repetição
de termos e auxiliando no desenvolvimento textual. O vocábulo vicário é oriundo do latim vicarius e
significa “fazer as vezes”; assim, os verbos vicários
USO DE ADVÉRBIOS são verbos usados em substituição de outros que já
foram muito utilizados no texto.
Muitos advérbios auxiliam no processo de recupe- Ex.: A disputa aconteceu, mas não foi como nós
ração e instauração de ideias no texto, auxiliando o esperávamos.
processo de coesão. As formas adverbias que marcam O verbo “acontecer” foi substituído na segunda
tempo e espaço podem também ser denominadas de oração pelo verbo “foi”.
marcadores dêiticos, caso dos seguintes elementos:
Hoje, aqui, acolá, amanhã, ontem...
Percebam que esses advérbios só podem ser asso- ALGUNS VERBOS VICÁRIOS IMPORTANTES
ciados a um referente se forem instaurados no discur- Ser - “Ele trabalha, porém não é tanto assim”
so, isto é, se mantiverem associação com as pessoas Fazer - “Poderíamos concordar plenamente, mas não o
que produzem as falas. Assim, uma pessoa que lê fizemos”
LÍNGUA PORTUGUESA

“hoje não haverá aula” em um cartaz na porta de uma Aceitar - “Se ele não acatar a promoção não aceita por
sala compreenderá que a marcação temporal refere- falta de interesse”
-se ao momento em que a leitura foi realizada. Por Foi - “Se desistiu da vaga, foi por motivos pessoais”
isso, esses elementos são conhecidos como dêiticos.
Independentemente de como são chamados, esses
USO DE ELIPSE
elementos colaboram para a ligação de ideias no tex-
to, auxiliando também a construção da coesão textual.
A elipse é uma forma de omissão de uma informa-
USO DE NOMINALIZAÇÃO ção já mencionada no texto. Geralmente, estudamos
a elipse mais detalhadamente na seção de figuras de
As expressões que retomam ideias e nomes, já apre- linguagem de uma gramática; neste material, iremos
sentados no texto, mediante outras formas de expressão, nos deter a maiores aspectos da elipse também nes-
podem ser analisadas como processos nominalizadores, sa seção. Aqui é importante salientar as propriedades 25
recategorizadoras e referenciais da elipse, com o pro- mas não vou à sua” estão equivocadas, pois as ideias
pósito de manter a coesão textual. ligadas não estabelecem uma relação de adversidade,
Conforme Antunes (2005, p. 118), a elipse como como demonstra a conjunção “mas”.
recurso coesivo “corresponde à estratégia de se omitir
um termo, uma expressão ou até mesmo uma sequên- Conjunções Subordinativas
cia maior (uma frase inteira, por exemplo) já introdu-
zidos anteriormente em outro segmento do texto, mas Tal qual as conjunções coordenativas, as subordi-
recuperável por marcas do próprio contexto verbal”. nativas estabelecem uma ligação entre as ideias apre-
Vejamos como ocorre, a partir do segmento abaixo: sentadas num texto, porém, diferentemente daquelas,
estas ligam ideias apresentadas em orações subordi-
nadas, ou seja, orações que precisam de outra para
“O Brasil evoluiu bastante desde o terem o sentido apreendido. Exemplos de conjunções
início do século XXI. O país propor- subordinativas atuando na coesão:
cionou a inclusão social de muitas
pessoas. A nação obteve notorieda- SEM ELIPSE
de internacional por causa disso. A Como não havia estudado
pátria, porém, ainda enfrenta certas CAUSAL suficiente, resolvi não fazer essa
adversidades...” prova.
“O Brasil evoluiu bastante desde o iní- Falaram tão mal do filme que ele
cio do século XXI e proporcionou a in- CONSECUTIVA
nem entrou em cartaz.
clusão social de muitas pessoas, por
COM ELIPSE
causa disso obteve notoriedade inter- COMPARATIVA Trabalhou como um escravo.
nacional, porém ainda enfrenta certas
adversidades...” Conforme o Ministro da Eco-
CONFORMATIVA nomia, os concursos não irão
acabar.
COESÃO SEQUENCIAL
Ainda que vivamos um período
A coesão sequencial é responsável por organi- CONCESSIVA de poucos concursos, não pode-
zar a progressão temática do texto, isto é, garantir a mos desanimar.
manutenção do tema tratado pelo texto de maneira a
promover a evolução do debate assumido pelo autor. Se estudarmos, conseguiremos
CONDICIONAL
Essa coesão pode ser garantida, em um texto, a par- ser aprovados!
tir de locuções que marcam tempo, conjunções, desi-
À proporção que aumentava
nências e modos verbais. Neste material, iremos nos
PROPORCIONAL seus horários de estudo, mais
deter, sobretudo, aos processos de conjunções que são
forte o candidato se tornava.
utilizadas para garantir a progressão textual.
Estudava sempre com afinco, a
Conjunções Coordenativas FINAL
fim de ser aprovado.

As conjunções coordenativas são aquelas que Quando o edital for publicado, já


ligam orações coordenadas, ou seja, orações de valor TEMPORAL estarei adiantado nos estudos.
semântico independente. Na construção textual, elas
são importantes, pois, com seus valores, adicionam
informações relevantes ao texto.
Exemplos de conjunções coordenativas atuando
Importante!
na coesão: Não confundir:
Afim de: Relativo à afinidade, semelhança: “Físi-
Não apenas conversava com os ca e Química são disciplinas afins”.
ADITIVA demais alunos como também A fim de: Relativo a ter finalidade, ter como objeti-
atrapalhava o professor. vo, com desejo de: “Estou a fim de comer pastel”.
Eram ideias interessantes, porém
ADVERSATIVA
ninguém concordou com elas. Conjunções Integrantes
Superou o estigma que pregava “ou
ALTERNATIVAS estuda, ou trabalha” e conseguiu ser As conjunções integrantes fazem parte das orações
aprovada. subordinadas, na realidade, elas apenas integram, ligam
uma oração principal a outra, subordinada. Como pode-
Ao final, faça os exercícios, pois
mos notar, o papel dessas conjunções é essencialmente
EXPLICATIVA é uma forma de praticar o que
coesivo, tendo em vista que elas são “peças” que unem
aprendeu.
as orações. Existem apenas dois tipos de conjunções
O candidato não cumpriu sua pro- integrantes: que e se.
CONCLUSIVA messa. Ficamos, portanto, desa-
pontados com ele.
Quando é possível subs-
Quero que a prova esteja
tituir o que pelo pronome
Perceba que as ideias ligadas pelas conjunções fácil.
isso, estamos diante de
precisam manter uma relação contextual, estabeleci- Quero = isso
uma conjunção integrante
da pela coerência e demonstrada pela coesão. Por isso,
26 orações como esta: “Não gosto de festas de aniversário,
Sempre haverá conjunção quer dizer, em resumo, em suma, em síntese etc. Essas
integrante em orações Perguntei se ele estava expressões indicam que algo foi dito e passará a ser
substantivas e, conse- em casa. ressignificado no texto, garantindo a informatividade
quentemente, em perío- Perguntei = isso do texto.
dos compostos
Uso de Paralelismo
COESÃO RECORRENCIAL
As ideias similares devem fazer a correspondência
entre si; a essa organização de ideias no texto, dá-se o
Uso de Repetições
nome de paralelismo. Quando as construções de frases
As recorrências de repetições em textos são comu- e orações são semelhantes, ocorre o paralelismo sin-
mente recusadas pelos mestres da língua portugue- tático. Quando há sequência de expressões simétricas
sa. Sobretudo, quando o assunto é redação, muitos no plano das ideias e coerência entre as informações,
professores recomendam em uníssono: evite repetir ocorre o paralelismo semântico ou paralelismo de
palavras e expressões! sentido.

No entanto, a repetição é um recurso coesivo essen-


cial para manter a progressão temática do texto, isto ESTRUTURAS QUE SEMPRE DEVEM SER USADAS
é, para que o tema debatido no texto não seja perdi- JUNTAS
do, levando o escritor a fugir da temática. Não só..., mas também; não apenas..., mas ainda; não
Embora também não recomendemos as repetições tanto...quanto; ora...ora; seja...seja, etc.
exageradas no texto, sabemos valorizar seu uso ade-
quado em um texto; por isso, apresentamos, a seguir, Além disso, é preciso respeitar a estrutura sintáti-
alguns usos comuns dessa estratégia coesiva. ca a qual a frase está inserida; vejamos um exemplo
em que houve quebra de paralelismo:
“É necessário estudar e que vocês se ajudem”
CONTEXTOS DE USO ADEQUADO DE REPETIÇÕES – Errado.
“É necessário que vocês se ajudem e que estudem”
O candidato foi encontra-
– Correto.
do com duzentos milhões
Marcar ênfase Devemos manter a organização das orações, pois
de reais na mala, duzen-
não podemos coordenar orações reduzidas com ora-
tos milhões!
ções desenvolvidas, é preciso manter o paralelismo
Marcar contraste Existem Políticos e políticos. e deixá-las ou somente desenvolvida ou somente
reduzidas.
“Agora que sentei na minha No tocante ao paralelismo semântico, a ideia é
cadeira de madeira, junto à a mesma, porém deixamos de analisar os pares no
minha mesa de madeira, âmbito sintático e passamos ao plano das ideias. Veja-
colocada em cima deste mos o seguinte exemplo:
assoalho de madeira, olho “Por um lado, os manifestantes agiram corre-
Marcar a continuidade
minhas estantes de ma- tamente, por outro podem não ter agido errado”
temática
deira e procuro um livro – Incorreto.
feito de polpa de madeira “Por um lado, os manifestantes agiram correta-
para escrever um artigo mente, por outro podem ter causado prejuízo à popu-
contra o desmatamento lação” – Correto.
florestal” Millôr Fernandes. “Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma
foi sua irmã e a outra estava bem” – Incorreto.
Uso de Paráfrase “Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma
foi sua irmã e a outra foi minha prima” – Correto.
A paráfrase é um recurso de reiteração que propor- Agora que já aprendemos um pouco mais sobre as
ciona maior esclarecimento sobre o assunto tratado no estratégias de coesão textual, vamos praticar nossos
texto. A paráfrase é utilizada para voltar a falar sobre conhecimentos com algumas questões de concurso.
algo utilizando-se de outras palavras. Conforme Antu-
nes (2005, p. 63), “alguma coisa é dita outra vez, em
outro ponto do texto, embora com palavras diferentes”.
Vejamos o seguinte exemplo: EXERCÍCIOS COMENTADOS
LÍNGUA PORTUGUESA

Ceará goleia Fortaleza no Fortaleza é goleado pelo 1. (QUADRIX – 2019) Quanto ao texto, julgue o item:
Castelão. Ceará no Castelão. Na linha 3, o pronome “ele” substitui o termo “modelo”.

( ) CERTO  ( ) ERRADO


Os textos acima poderiam ser manchetes de jornais
da capital cearense. A forma como o texto se apresen-
ta indica que a ênfase dada ao nome dos times, em 1 O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) é um
posições diferentes, cumpre um papel importante na sistema público que organiza os serviços de assistência
progressão temática do texto. social no Brasil. Com um modelo de gestão participativa, ele
Além dessa função, a paráfrase pode ser marcada
4 articula os esforços e os recursos dos três níveis de governo,
pelo uso de expressões textuais bem características,
isto é: os dos municípios, dos estados e da União, para a
como: em outras palavras, em outros termos, isto é, 27
execução e o financiamento da Política Nacional de por orações adjetivas explicativas, cuja marca de coe-
são referencial é o “que”.
7 Assistência Social, envolvendo diretamente estruturas e
marcos regulatórios nacionais, estaduais, municipais e do
A explicação correta está expressa na(s) proposi-
Distrito Federal. ção(ões) citada(s) na alternativa:

A questão requer conhecimentos sobre a articula- a) I e III.


ção textual, envolvendo aspectos de coesão textual. b) II e III.
É preciso localizar o elo que envolve o pronome ele e c) I.
o termo modelo, por isso, é eficaz retornar ao trecho d) I e II.
do texto. e) II.
A partir de sua leitura, podemos observar que o
termo modelo faz parte de uma locução preposi- I. A opção está incorreta, pois as informações reto-
tiva cujo valor semântico é de posse, logo, algo ou madas são acionadas no texto pelo uso de coesão
alguém possui um “modelo de gestão participativa”. sequencial e lexical. A coesão sequencial é usada
Quem possui essa gestão é o suas, que é retomado para manter a articulação textual; ela promove a
anaforicamente pelo pronome ele. progressão do texto mediante uso de conjunções,
pronomes, locuções etc.
Portanto, ele retoma o sintagma Sistema Único de
II. A opção está correta, pois há uma relação de opo-
Assistência Social. Resposta: Errado.
sição na oração: “O setor privado é muito mais efi-
ciente, criativo e flexível, mas está dirigido a quem
2. (CPCON – 2019)
pode pagar.”. Essa oposição é marcada pela conjun-
ção mas, que denota o uso de coesão sequencial.
O Ministério da Educação defende que a saída está na III. A opção está incorreta, pois na oração: “Sem
iniciativa privada. É por aí? contar a dificuldade de ter diretores que sejam
gestores e não executores de instruções” não
1 Num país tão injusto quanto o nosso, a educação deveria encontramos uma oração adjetiva explicativa, mas
2 ser totalmente pública. Mas, diante dessa impossibilidade, restritiva, tendo em vista que compreendemos pelo
contexto ser difícil encontrar diretores que também
3 não discordo da presença da iniciativa privada e penso nos
tenham a característica de gestores, restringindo a
4 benefícios que a opção trouxe para países como Chile e classe. Resposta: Letra E.
5 Coreia do Sul. Ou nas parcerias público-privadas que
6 existem na Holanda. Mas prefiro centrar a resposta nos
7 estilos de gestão que caracterizam os sistemas público e SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DE
8 privado. A História demonstra que o ensino público é o
PALAVRAS E EXPRESSÕES
9 único que atinge as classes desfavorecidas. Mas o faz de
10 forma ineficiente, e por vezes, excludente. O setor privado é SENTIDO PRÓPRIO
11 muito mais eficiente, criativo e flexível, mas está dirigido a
12 quem pode pagar. As características de cada setor deveriam
O sentido denotativo da linguagem compreende
o significado literal da palavra independente do seu
13 se completar. As bolsas oferecidas pelas privadas têm
contexto de uso. Preocupa-se com o significado mais
14 remediado o problema. Já introduzir dinamismo na gestão objetivo e literal associado ao significado que aparece
15 pública é bem mais difícil, diante do encruado corporativismo. nos dicionários. A denotação tem como finalidade dar
16 Sem contar a dificuldade de ter diretores que sejam gestores ênfase à informação que se quer passar para o recep-
tor de forma mais objetiva, imparcial e prática. Por
17 e não executores de instruções. Já no privado, é fundamental
isso, é muito utilizada em textos informativos, como
18 ter um controle rígido e punitivo sobre as universidades notícias, reportagens, jornais, artigos, manuais didá-
19 caça-níqueis, que roubam e enganam alunos pobres, além ticos, entre outros.
20 de desqualificar o sistema. (Isto É, 24/04/19) Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo: chamas)
O coração é um músculo que bombeia sangue para
A respeito dos vínculos estabelecidos no texto, eviden- o corpo. (coração: parte do corpo)
ciam-se diferentes mecanismos de coesão, pois
SENTIDO FIGURADO DAS PALAVRAS
I. O fato de a educação não ser totalmente pública e
O sentido conotativo compreende o significado
o da presença da iniciativa privada são informações
figurado e depende do contexto em que está inserido.
retomadas pelas expressões “dessa impossibilidade”
A conotação põe em evidência os recursos estilísticos
(2) e “opção” (4), respectivamente, caracterizando um
dos quais a língua dispõe para expressar diferen-
misto de coesão referencial e lexical.
tes sentidos ao texto de maneira subjetiva, afetiva e
II. A contraposição entre características atribuídas ao setor poética. A conotação tem como finalidade dar ênfase
privado (10 e 11), como “ser eficiente” e “restringir-se a à expressividade da mensagem de maneira que ela
quem pode pagar” é sinalizada pela conjunção coordenati- possa provocar sentimentos ou diferentes sensações
va “mas”, que atua como elemento de coesão sequencial. no leitor. Por esse motivo, é muito utilizada em poe-
III. As falhas quanto às gestões pública e privada, no caso, sias, conversas cotidianas, letras de músicas, anúncios
diretores não serem gestores, mas executores de ins- publicitários e outros.
truções (16 e 17), e certas universidades roubarem e Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”.
28 enganarem alunos (19) são informações introduzidas Você mora no meu coração.
O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS “prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nes-
se contexto.
Quando escolhemos determinadas palavras ou Em resumo, corresponde a palavras cujos signifi-
expressões dentro de um conjunto de possibilidades de cados são contrários.
uso, estamos levando em conta o contexto que influen- Ex.: Feliz x Triste
cia e permite o estabelecimento de diferentes relações Feio x Bonito
de sentido. Essas relações podem se dar por meio de:
sinonímia, antonímia, homonímia, paronímia, polisse-
mia, hiponímia e hiperonímia.
Dica
Os sinônimos são utilizados com importância,
z Léxico: Conjunto de todas as palavras e expres- visto que evitam repetições desnecessárias. O
sões de um idioma. que pode ser de grande utilidade em redações,
z Vocabulário: Conjunto de palavras e expres- por exemplo.
sões que cada falante seleciona do léxico para se
comunicar.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
SINÔNIMOS
1. (FUNDATEC – 2019) Assinale a alternativa na qual não
São palavras ou expressões que, empregadas em haja o emprego de linguagem figurada:
um determinado contexto, têm significados seme-
lhantes. É importante entender que a identidade dos a) “ela estava por dentro de tudo”.
sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos b) “logo se viu nadando em oportunidades”.
uma palavra pode ser empregada no lugar de outra, c) “a fez embarcar ‘numa viagem bonita e misteriosa’”.
o que pode não acontecer em outras situações. O d) “ganhava uma quantia realmente impressionante de
uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por dinheiro”.
exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti- e) “O mercado ficou saturado”.
lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade
de suas significações é diferente. A linguagem figurada é também chamada lingua-
O emprego dos sinônimos é um importante recur- gem conotativa, e a única alternativa em que encon-
so para a coesão textual, uma vez que essa estratégia tramos o oposto, ou seja, linguagem denotativa, é
revela, além do domínio do vocabulário do falante, a na alternativa D. Resposta: Letra D.
capacidade que ele tem de realizar retomadas coesi-
vas, o que contribuiu para melhor fluidez na leitura 2. (FUMARC – 2018) As palavras estão utilizadas em
do texto. Em resumo, corresponde a palavras que sentido conotativo em:
compartilham significados idênticos ou semelhantes.
Ex.: Feliz e alegre a) “Não lhe encostei a faca no peito cobrando algo.”
Após e depois. b) “Parecia pronto para morrer, já que sempre estivera
pronto para amar.”
ANTÔNIMOS c) “Se eu fosse rei ou prefeito teria mandado erguer-lhe
uma estátua.”
São palavras ou expressões que, empregadas em d) “Sim, porque sobre o amor há várias frases inquietan-
um determinado contexto, têm significados opostos. tes por aí...”
As relações de antonímia podem ser estabelecidas em
gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci- Em “não lhe encostei a faca no peito cobrando algo.”
dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é - temos um sentido figurado, pois “faca no peito” dá
casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir: sentido de cobrança. Resposta: Letra A.

REFERÊNCIAS

ANTUNES, Irandé. Lutar com palavras: coesão e


coerência. São Paulo: Parábola, 2005.

CAVALCANTE, Mônica Magalhães. Os sentidos do


texto. São Paulo: Contexto, 2013.

KLEIMAN, Angela. Texto e leitor: aspectos cogniti-


LÍNGUA PORTUGUESA

vos da leitura. 16. ed. Campinas: Pontes, 2016.

KOCH, Ingedore Grunfed Villaça; ELIAS, Vanda


Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto.
3. ed . São Paulo: Contexto, 2015.

SACCONI, Luiz. Antonio. Nossa Gramática Com-


Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16/10/2020. pleta Sacconi – Teoria e Prática. 30ª. ed. São Paulo:
Nova Geração, 2010.
A relação de sentido estabelecida na tirinha é
construída a partir dos sentidos opostos das palavras SCHLITTLER, José. Maria. Martins. Recursos de Estilo
em Redação Profissional. Campinas: Servanda, 2008. 29
z Ordinais: indicam a ordem de sucessão de uma
CLASSES DE PALAVRAS série. Ex.: foi o segundo colocado do concurso; che-
gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar.
INTRODUÇÃO
z Multiplicativos: indicam o aumento proporcio-
nal de uma quantidade. Ex.: Ele ganha o triplo no
A palavra morfologia refere-se ao estudo das for-
novo emprego.
mas; por isso, o termo é usado pelos linguistas e tam-
bém pelos médicos que estudam as formas dos órgãos z Fracionários: indicam a diminuição proporcio-
e suas funções. nal de uma quantidade. Ex.: Tomou um terço
Analogamente, para compreender bem as funções de vinho; o copo estava meio cheio; ele recebeu
de uma forma, seja ela uma palavra, seja um órgão, metade do pagamento.
precisamos conhecer como essa forma se classifica
e como se organiza. Por isso, em língua portuguesa, Um numeral ou um artigo?
estudamos as formas das palavras na morfologia, que
organiza as classes das palavras em dez categorias. A forma um pode assumir na língua a função de
A seguir, iremos estudar detalhadamente cada uma artigo indefinido ou de numeral cardinal; então, como
delas, e também acrescentamos um “bônus” para seus podemos reconhecer cada função? É preciso observar
estudos: as palavras denotativas, atualmente, muito o contexto em uso.
cobradas por bancas exigentes. Durante a votação, houve um deputado que se
posicionou contra o projeto.
ARTIGOS
z Durante a votação, apenas um deputado se posi-
Os artigos devem concordar em gênero e número cionou contra o projeto.
com os substantivos. São, por isso, considerados deter-
minantes dos substantivos. Na primeira frase, podemos substituir o termo um
Essa classe está dividida em artigos definidos e arti- por uma, realizando as devidas alterações sintáticas, e
gos indefinidos: os primeiros funcionam como deter- o sentido será mantido, pois o que se pretende defen-
minantes objetivos, individualizando a palavra, já os der é que a espécie do indivíduo que se posicionou
segundos funcionam como determinantes imprecisos. contra o projeto é um deputado e não uma deputada,
por exemplo.
z Artigos definidos: o, os; a, as. Já na segunda oração, a alteração do gênero não
implicaria em mudanças no sentido, pois o que se
z Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas.
pretende indicar é que o projeto foi rejeitado por UM
deputado, marcando a quantidade.
Os artigos podem ser combinados às preposições: são Outra forma de notarmos a diferença é ficarmos
as chamadas contrações. Algumas contrações comuns atentos com a aparição das expressões adverbiais, o
na língua são: em + a = na; a + o = ao; a + a = à; de + a = da. que sempre fará com que a palavra “um” seja numeral.
Toda palavra determinada por um artigo torna-se
Sobre o numeral milhão/milhares, importa desta-
um substantivo! Ex.: o não, o porquê, o cuidar etc.
car que sua forma é masculina, logo, o artigo que pre-
cede será sempre no masculino

EXERCÍCIO COMENTADO z Errado: As milhares de vacinas chegaram hoje.


z Correto: Os milhares de vacina chegaram hoje.
1. (SCT – 2020) Marque a alternativa cujo período apre-
senta apenas artigos indefinidos: Dica
a) Uma das vantagens de ser garçonete é que acabo A forma 14 por extenso apresenta duas for-
conhecendo todas as pessoas. mas aceitas pela norma gramatical: catorze e
b) A garota prefere lutar por ele, pois o considera uma quatorze.
boa pessoa.
c) A família está em festa com a chegada do bebê.
d) Poderia me passar a colher, por favor?
e) Mariana é uma mulher com um coração de ouro. EXERCÍCIO COMENTADO
Os artigos indefinidos são “um/uma” e suas flexões 1. (CONSESP – 2018) Analise os itens a seguir:
de plural. A única opção que apresenta somente
artigos indefinidos é a e Resposta: Letra E. I. A quadragésima quinta Feira do Livro foi um sucesso (45ª).
II. Pela milésima vez ele acenou positivamente (1000ª).
NUMERAIS III. Há uma década que não o vejo (10 anos).

Palavra que se relaciona diretamente ao substanti- Os numerais entre parênteses foram grafados correta-
vo, inferindo ideia de quantidade ou posição. mente, conforme apresentados em destaque, em:
Os numerais podem ser:
a) 1 e 2, apenas.
z Cardinais: indicam quantidade em si. Ex.: dois b) 2 e 3, apenas.
potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os c) 1 e 3, apenas.
30 meninos eram bons em português. d) 1, 2, e 3.
Todas as frases colocam adequadamente os nume- z Sobrecomuns: designam seres de forma geral que
rais nas frases, por extenso, e entre parênteses. Res- não são distinguidos por artigo ou adjetivo, o gêne-
posta: Letra D. ro pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.:
A criança; O monstro; A testemunha; O indivíduo.
SUBSTANTIVOS
Os substantivos biformes, como o nome indi-
Os substantivos classificam os seres em geral. Uma ca, designam os substantivos que apresentam duas
característica básica dessa classe é admitir um deter- formas para os gêneros masculino ou feminino. Ex.:
minante, artigo, pronome etc. Os substantivos flexio- professor/professora.
nam-se em gênero, número e grau. Destacamos que alguns substantivos apresentam
formas diferentes nas terminações para designar for-
Tipos de Substantivos mas diferentes no masculino e no feminino:

A classificação dos substantivos admite nove tipos Ex.: Ator/atriz; Ateu/ ateia; Réu/ré.
diferentes de substantivos. São eles:
Outros substantivos modificam o radical para
z Simples: Formados a partir de um único radical. designar formas diferentes no masculino e no femini-
Ex.: vento, escola; no, estes são chamados de substantivos heteroformes:
z Composto: Formados pelo processo de justaposi-
ção. Ex.: couve-flor, aguardente; Ex.: Pai/mãe; Boi/vaca; Genro/nora.

z Primitivo: Possibilitam a formação de um novo Gênero e Significação


substantivo. Ex.: pedra, dente;
z Derivado: Formados a partir dos primitivos. Ex.: É importante salientar que alguns substantivos
pedreiro, dentista; uniformes podem aparecer com marcação de gênero
diferente, ocasionando uma modificação no sentido.
z Concreto: Designam seres com independência Veja, por exemplo:
ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde-
pendente da sua conotação espiritual ou real. Ex.: z A testemunha: pessoa que presenciou um crime;
Deus, fada, carro; z O testemunho: relato de experiência, associado a
z Abstrato: Indica estado, sentimento, ação, quali- religiões.
dade. Ex.: coragem, Liberalismo;
Algumas formas substantivas mantêm o radical,
z Comum: Designam determinados seres e lugares. mas a alteração do gênero interfere no significado:
Ex.: homem, cidade;
z Próprio: Designam uma determinada espécie. Ex.: z O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo;
Maria, Fortaleza; z O moral: ânimo / a moral: costumes sociais;
z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão.
z Coletivo: Usados no singular, designam um con-
junto de uma mesma espécie. Ex: pinacoteca, Além disso, algumas palavras na língua causam
manada. dificuldade na identificação do gênero, pois são usa-
das em contextos informais com gêneros diferentes, é
É importante destacar que a classificação de um o caso de: a alface; a cal; a derme; a libido; a gênese;
substantivo depende do contexto em que ele está inse- a omoplata / o guaraná; o catolicismo; o formicida; o
rido. Vejamos: telefonema; o trema.
Judas foi um apóstolo (Judas = Próprio). Algumas formas que não apresentam, necessaria-
O amigo se mostrou um judas (judas = traidor/ mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no
comum). masculino quanto no feminino: O personagem / a per-
sonagem; O laringe / a laringe; O xerox / a xerox.
Flexão de Gênero
Flexão de Número
Os gêneros do substantivo são masculinos e femi-
ninos. Porém, alguns admitem apenas uma forma
Os substantivos flexionam-se em gênero, de manei-
para os dois gêneros, são, por isso, chamados de uni-
ra geral, pelo acréscimo do morfema -s: Casa / casas.
LÍNGUA PORTUGUESA

formes. Os substantivos uniformes podem ser:


Porém, podem apresentar outras terminações: males,
reais, animais, projéteis etc. Geralmente, devemos acres-
z Comuns-de-dois-gêneros: designam seres huma-
centar -es ao singular das formas terminadas em R ou Z,
nos e sua diferença é marcada pelo artigo. Ex.: o
como: flor / flores; paz / pazes. Porém, há exceções, como
pianista / a pianista; o gerente / a gerente; o cliente
mal/males.
/ a cliente; o líder / a líder.
Já os substantivos terminados em AL, EL, OL, UL
z Epicenos: designam animais ou plantas que apre- fazem plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral
sentam distinção entre masculino e feminino; a / corais; papel / papéis; anzol / anzóis. Mas também
diferença é marcada pelo uso do adjetivo macho há exceções. Ex.: a forma mel apresenta duas formas
ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea; onça aceitas meles e méis.
macho / onça fêmea; gambá macho / gambá fêmea; Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem
girafa macho / girafa fêmea. plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es. 31
Ex.: capelães, capitães, escrivães. Contudo, há subs- O emprego do grau aumentativo ou diminutivo
tantivos que admitem até três formas de plural: dos substantivos pode alterar o sentido das palavras,
podendo assumir um valor:
z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães. Exs.: Afetivo: filhinha;
Pejorativo: mulherzinha / porcalhão.
z Ancião: anciãos, anciões, anciães.
z Vilão: vilãos, vilões, vilães. O Novo Acordo Ortográfico e o Uso de Maiúsculas

O novo acordo ortográfico estabelece novas regras


Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas
para o uso de substantivos próprios, exigindo o uso
que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão / da inicial maiúscula. Dessa forma, devemos usar com
órgãos; órfão / órfãos. letra maiúscula as iniciais das palavras que designam:

Plural dos Substantivos Compostos z Nomes de instituições. Ex.: Embaixada do Brasil;


Ministério das Relações Exteriores; Gabinete da
Os substantivos compostos são aqueles formados Vice-presidência.
por justaposição; o plural dessas formas obedece às z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás
seguintes regras: Cubas. Caso a obra apresente em seu título um
nome próprio, este também deverá ser escrito com
z Variam os dois elementos: inicial maiúscula.
z Nomenclatura legislativa especificada deve ser
substantivo + substantivo: escrita com inicial maiúscula. Ex.: Lei de Diretri-
zes e Bases da Educação (LDB).
Ex.: mestre-sala / mestres-salas;
z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da
Substantivo + adjetivo: Vacina; Guerra Fria.
Ex.: guarda-noturno / guardas - noturnos;
Em palavras com hífen, podemos optar pelo uso
Adjetivo + substantivo: de maiúsculas ou minúsculas, portanto, são aceitas as
Ex.: boas-vindas; formas: Vice-Presidente; Vice-presidente e vice-pre-
sidente, porém é preciso manter a mesma forma em
Numeral + substantivo: todo o texto. Já nomes próprios compostos por hífen
Ex.: terça-feira / terças - feiras. devem ser escritos com as iniciais maiúsculas: Grã-
-Bretanha, Timor-Leste.
z Varia apenas um elemento:



Substantivo + preposição + substantivo.
Ex.: canas-de-açúcar;
EXERCÍCIO COMENTADO
Substantivo + substantivo (com função adjetiva). 1. (FCC – 2018) Julgue o item a seguir:
Ex.: navios-escola. Organiza-se o sentido, nos versos 1 e 3, por meio de
sequências verbais, das quais se destaca o uso recor-
Palavra invariável + palavra invariável. rente do substantivo “seco” devidamente flexionado.
Ex.: abaixo-assinados. Terra seca árvore seca
E a bomba de gasolina
Verbo + substantivo. Casa seca paiol seco
Ex.: guarda-roupas. E a bomba de gasolina
Redução + substantivo.
Ex.: bel-prazeres. ( ) CERTO  ( ) ERRADO

Destacamos, ainda, que os substantivos compostos A palavra “seco” no contexto mencionado não é
substantivo, e sim funciona como adjetivo. Respos-
formados por verbo + advérbio e verbo + substan-
ta: Errado.
tivo plural ficam invariáveis. Ex.: Os bota-fora; os
saca-rolha.
ADJETIVOS
Variação de Grau Os adjetivos associam-se aos substantivos garan-
tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos
A flexão de grau dos adjetivos exprime a variação podem indicar:
de tamanho dos seres, indicando um aumento ou uma
diminuição. z Qualidade: professor chato.
z Estado: aluno triste.
z Grau aumentativo: quando o acréscimo de sufi- z Aspecto, aparência: estrada esburacada.
xos aos substantivos indicar um grau aumentativo.
Ex.: bocarra, homenzarrão, gatalhão, cabeçorra, Locuções Adjetivas
fogaréu, boqueirão, poetastro.
As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor dos
z Grau diminutivo: quando o acréscimo de sufi- adjetivos, indicando as mesmas características deles.
xos aos substantivos indicar um grau diminutivo. Elas são formadas por preposição + substantivo,
Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta, referindo-se a outro substantivo ou expressão subs-
32 pequenina, papelucho. tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo.
A seguir, colocamos algumas locuções adjetivas Variação de Grau
com valores diferentes ao lado da forma adjetiva,
importantes para seu estudo: O adjetivo pode variar em dois graus: Compara-
tivo ou superlativo. Cada um deles apresenta suas
z Voo de águia / aquilino; respectivas categorias.
z Poder de aluno / discente;
z Cor de chumbo / plúmbeo; z Grau comparativo: exprime a característica de
z Bodas de cobre / cúprico; um ser, comparando-o com outro da mesma classe
nos seguintes sentidos:
z Sangue de baço / esplênico;
z Nervo do intestino / celíaco ou entérico;
„ Igualdade: igual a, como, tanto quanto, tão quanto;
z Noite de inverno / hibernal ou invernal.
„ Superioridade: mais do que;
É importante destacar que mais do que “decorar” „ Inferioridade: menos do que.
formas adjetivas e suas respectivas locuções, é funda- Ex.: Somos tão complexos quanto simplórios
mental reconhecer as principais características de uma (comparativo de igualdade);
locução adjetiva: caracterizar o substantivo e apresen- O amor é mais suficiente do que o dinheiro
tar valor de posse. Ex.: Viu o crime pela abertura da (comparativo de superioridade);
porta; A abertura de conta pode ser realizada on-line. Homens são menos engajados do que mulhe-
Quando a locução adjetiva é composta pela pre- res (comparativo de inferioridade).
posição “de”, ela pode ser confundida com a locução
adverbial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importan- z Grau superlativo: em relação ao grau superlati-
te perceber que a locução adjetiva apresenta valor de vo, é importante considerar que o valor semântico
posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para desse grau apresenta variações, podendo indicar:
ver “o crime”, indicado na frase, foi pela abertura da
porta. Além disso, a locução destacada está caracteri- „ Característica de um ser elevada ao último
zando o substantivo “abertura”. grau: Superlativo absoluto, que pode ser analí-
Já na segunda frase, a locução destacada é adver- tico (associado ao advérbio) ou sintético (asso-
bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con- ciação de prefixo ou sufixo ao adjetivo);
ta”, o que indica o valor de passividade da locução, „ Característica de um ser relacionada com
demonstrando seu caráter adverbial. outros indivíduos da mesma classe: Superla-
As locuções adjetivas também desempenham fun- tivo relativo, que pode ser de superioridade (O
ção de adjetivo e modificam substantivos, pronomes, mais) ou de inferioridade (O menos)
numerais, oração substantiva. Ex.: amor de mãe, café Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo
com açúcar. absoluto analítico).
Já as locuções adverbiais desempenham função O candidato é humílimo (Superlativo absoluto
de advérbio. Modificam advérbios, verbos, adjetivos, sintético).
orações adjetivas com esses valores. Ex.: morreu de O candidato é o mais humilde dos concorren-
fome; agiu com rapidez. tes? (Superlativo relativo de superioridade).
O candidato é o menos preparado entre os con-
correntes à prefeitura (Superlativo relativo de
Adjetivo de Relação
inferioridade).
No estudo dos adjetivos, é fundamental estudar
Ao compararmos duas qualidades de um mesmo
o aspecto morfológico designado como “adjetivo de
ser, devemos empregar a forma analítica (mais alta,
relação”, muito cobrado por bancas de concursos.
mais magra, mais bonito etc.).
Para identificar um adjetivo de relação, observe as
seguintes características:
Ex.: A modelo é mais alta que magra.
Porém, se uma mesma característica se referir
z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apre- a seres diferentes, empregamos a forma sintética
sentar meios de subjetividade. Ex.: Em “Menino (melhor, pior, menor etc.).
bonito”, o adjetivo não é de relação, já que é sub- Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria.
jetivo, pois a beleza do menino depende dos olhos
de quem o descreve. Formação dos Adjetivos
z Posição posterior ao substantivo: os adjetivos de
relação sempre são posicionados após o substanti- Os adjetivos podem ser primitivos, derivados,
LÍNGUA PORTUGUESA

vo. Ex.: casa paterna. simples ou compostos.


z Derivado do substantivo: derivam-se do substan-
tivo por derivação prefixal ou sufixal. z Primitivos: são os Adjetivos que não derivam de
z Não admitem variação de grau: os graus compa- outras palavras e, a partir deles, é possível formar
rativo e superlativo não são admitidos. novos termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc.
z Derivados: são formados a partir dos adjetivos pri-
Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presiden- mitivos. Ex.: bondade, lealdade, mulherengo etc.
te americano (não é subjetivo; posicionado após o z Simples: Os adjetivos simples apresentam um
substantivo; derivado de substantivo; não existe a único radical. Ex.: português, escuro, honesto etc.
forma variada em grau “americaníssimo”); platafor- z Compostos: são formados a partir da união de
ma petrolífera; economia mundial; vinho francês; dois ou mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-bra-
roteiro carnavalesco. sileiro, amarelo-ouro etc. 33
Dica
O plural dos adjetivos simples é realizado da mesma forma que o plural dos substantivos.

Plural dos adjetivos compostos

O plural dos adjetivos compostos segue as seguintes regras:

z Invariável: adjetivos compostos como azul-marinho, azul-celeste, azul-ferrete; locuções formadas de cor +
de + substantivo, como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui; adjetivo + substantivo, como tapetes azul-turquesa,
camisas amarelo-ouro.
z Varia o último elemento: 1º elemento é palavra invariável, como em mal-educados, recém-formados; adjeti-
vo + adjetivo, como em lençóis verde-claros, cabelos castanho-escuros.

Adjetivos Pátrios

Os adjetivos pátrios também são conhecidos como gentílicos e designam a naturalidade ou nacionalidade dos seres.
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: amazonense,
fluminense, cearense.
Uma outra curiosidade sobre os adjetivos pátrios diz respeito ao adjetivo brasileiro, formado com o sufixo -eiro,
costumeiramente usado para designar profissões.
O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que comercializavam o pau-brasil, esse
ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos em nosso país.
Veja abaixo alguns deles:

34
EXERCÍCIO COMENTADO
1. (FGV – 2017) Há, em língua portuguesa, um grupo de adjetivos chamados “adjetivos de relação”, que possuem marcas
diferentes de outros adjetivos, como a de não poder ser empregado antes do substantivo a que se refere, nem receber
grau superlativo. Assinale a opção que indica o adjetivo do texto que não está incluído nessa categoria:

a) Herói nacional.
b) Guerra mundial.
c) Diferença social.
d) Povo cordial.
e) Traço cultural.

Como vimos, uma outra característica dos adjetivos de relação é a objetividade. Esses adjetivos não denotam
questões subjetivas, tal qual o adjetivo “cordial”, na letra D, a única sem adjetivo de relação. Resposta: Letra D.

ADVÉRBIOS

Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Em alguns
casos, os advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando circunstância.
Os grandes cientistas da gramática da língua portuguesa apresentam uma lista exaustiva com as funções dos
advérbios, porém; decorar as funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na
resolução de questões de concurso.
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas por um advérbio e, a partir
delas, consiga interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras.
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio:

z Dúvida: Talvez, caso, porventura, quiçá etc.


z Intensidade: Bastante, bem, mais, pouco etc.
z Lugar: Ali, aqui, atrás, lá etc.
z Tempo: Jamais, nunca, agora etc.
z Modo: Assim, depressa, devagar etc.

Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos,
essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio; por isso, para identificar com mais pro-
priedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Como? Por quê?
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adverbiais ou
orações adverbiais.
Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:

z O homem morreu... de fome (causa); com sua família (companhia); em casa (lugar); envergonhado (modo).
z A criança comeu... demais (intensidade); ontem (tempo); com garfo e faca (instrumento); às claras (modo).

Locuções Adverbiais

As locuções adverbiais, como já mostramos anteriormente, são bem semelhantes às locuções adjetivas. É
importante saber que as locuções adverbiais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso.
Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se inverter-
mos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Vejamos:
Colapso foi ameaçado: essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destaca-
da anteriormente é adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
LÍNGUA PORTUGUESA

Nação foi característica*: essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
passiva em termos com função de posse, caso das locuções adjetivas. Isso torna tal estrutura agramatical, por
isso, inserimos um asterisco (*) para indicar essa característica.

Dica
Locuções adverbiais apresentam valor passivo.
Locuções adjetivas apresentam valor de posse.

Com essa dica, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões; ademais, buscamos
desenvolver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu valioso tempo decorando listas de locuções
adverbiais. Lembre-se: o sentido está no texto. 35
Advérbios Interrogativos

Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.

Exs.:
Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?

De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.

Grau do Advérbio

Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:

GRAU COMPARATIVO
NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE
Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem
Mal Pior (mais mal*) - Tão mal
Muito Mais - -
Pouco menos - -

Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.

GRAU SUPERLATIVO

NORMAL ABSOLUTO SINTÉTICO ABSOLUTO ANALÍTICO RELATIVO


Bem Otimamente Muito bem Inferioridade
Mal Pessimamente Muito mal Superioridade
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Pouco Pouquíssimo - Superioridade: o menos

Advérbios e Adjetivos

O adjetivo é, como vimos, uma classe de palavras variável, porém, quando se refere a um verbo, ele fica inva-
riável, confundindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural; caso
a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: A cerveja que desce redondo/ As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, trata-se de um advérbio.

Palavras Denotativas

São termos que apresentam semelhança aos advérbios, em alguns casos são até classificados como tal, mas
não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.
Sobre as palavras denotativas, é fundamental que você saiba identificar o sentido a elas atribuído, pois, geral-
mente, é isso que as bancas de concurso cobram.

z Eis: sentido de designação;


z Isto é, por exemplo, ou seja: sentido de explicação;
z Ou melhor, aliás, ou antes: sentido de ratificação;
z Somente, só, salvo, exceto: sentido de exclusão;
z Além disso, inclusive: sentido de inclusão.

Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma ser
+ que (é que). A principal característica dessas palavras é que podem ser retiradas sem causar prejuízo sintático
36 ou semântico na frase. Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, PRONOMES DO PRONOMES DO
não, é porque etc. PESSOAS
CASO RETO CASO OBLÍQUO

Algumas Observações Interessantes 3º pessoa do Se, si, consigo, o,


ELE/ELA
singular a, lhe

z O adjunto adverbial deve sempre vir posicionado 1ª pessoa do


NÓS Nos, conosco.
após o verbo ou complemento verbal, caso venha plural
deslocado, em geral, separamos por vírgulas.
2º pessoa do
z Em uma sequência de advérbios terminados com o plural
VÓS Vos, convosco
sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a
terminação destacada. 3º pessoa do Se, si, consigo, os,
ELES/ELAS
plural as, lhes

EXERCÍCIOS COMENTADOS Os pronomes pessoais do caso reto costumam


substituir o sujeito. Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito.
1. (SCT – 2020) Assinale a opção em que as palavras Já os pronomes pessoais oblíquos costumam funcio-
denotativas não foram bem classificadas: nar como complemento verbal ou adjunto. Ex.: Eu a vi
com o namorado; Maura saiu comigo.
a) A palavra SE, por exemplo, pode ter muitas funções
(explicação). z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto
b) Todos saíram exceto o vigia (exclusão). direto são: O, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Infor-
c) O pároco, isto é, o vigário da nossa paróquia, esteve mei-o sobre todas as questões.
aqui (de adição). z Já os que se relacionam com o objeto indireto são:
d) Mesmo eu não sabia de nada (exclusão). Lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados
e) Ele também participou da homenagem (inclusão). por preposição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo
a ele).
A expressão “isto é” designa explicação, portanto, o
item incorreto é a alternativa C. Resposta: Letra C. Devemos lembrar que todos os pronomes pessoais
são pronomes substantivos; além disso, é importan-
2. (FCC – 2018) Julgue o item a seguir: te saber que eu e tu não podem ser regidos por pre-
O antônimo de “bem-estar” se constrói com o adjetivo posição e que os pronomes ele(s), ela (s), nós e vós
mau. podem ser retos ou oblíquos, dependendo da função
que exercem.
( ) CERTO  ( ) ERRADO Os pronomes oblíquos tônicos são pronunciados
com força e precedidos de preposição. Costumam ter
O contrário de “bem-estar” é “mal-estar”, admitin- função de complemento:
do-se apenas a forma adverbial da palavra. Respos-
ta: Errado. z 1ª pessoa: Mim, comigo (singular); nós, conosco
(plural).
PRONOMES z 2ª pessoa: Ti, contigo (singular); vós, convosco
(plural).
Pronomes são palavras que representam ou acom- z 3ª pessoa: Si, consigo (singular ou plural); ele (s), ela (s)
panham um termo substantivo. Dessa forma, a função
dos pronomes é substituir ou determinar uma pala- Importante lembrar que não devemos usar prono-
vra. Os pronomes indicam: pessoas, relações de pos- mes do caso reto como objeto ou complemento ver-
se, indefinição, quantidade, localização no tempo, no bal, como em: “mate ele”. Contudo, o gramático Celso
espaço e no meio textual, entre tantas outras funções. Cunha destaca que é possível usar os pronomes do
Destacamos, ainda, que os pronomes exercem caso reto como complemento verbal, desde que ante-
papel importante na análise sintática e também na cedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou
interpretação textual, pois colaboram para a comple- “numeral”. Ex.: Encontrei todos eles na festa; Encon-
mentação de sentido de termos essenciais da oração, trei apenas ela na festa.
além de estruturar a organização textual, contribuindo Após a preposição “entre”, em estrutura de reci-
para a coesão e também para a coerência de um texto. procidade, devemos usar os pronomes oblíquos tôni-
cos. Ex.: Entre mim e ele não há segredos.
Pronomes Pessoais
LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes de Tratamento
Os pronomes pessoais designam as pessoas do dis-
curso; algumas informações relevantes sobre eles são: Os pronomes de tratamento são formas que expres-
sam uma hierarquia social institucionalizada linguis-
ticamente. As formas de pronomes de tratamento
PRONOMES DO PRONOMES DO
PESSOAS
CASO RETO CASO OBLÍQUO
apresentam algumas peculiaridades importantes:

1º pessoa do z Vossa: designa a pessoa a quem se fala (relativo a


EU Me, mim, comigo
singular 2ª pessoa), apesar disso, os verbos relacionados a
esse pronome devem ser flexionados na 3ª pessoa
2º pessoa do
singular
TU Te, ti, contigo do singular. Ex: Vossa excelência deve conhecer a
Constituição. 37
z Sua: designa a pessoa de quem se fala (relativo As palavras certo e bastante serão pronomes
a 3ª pessoa). Ex.: Sua excelência, o presidente do indefinidos quando vierem antes do substantivo, e
Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje serão adjetivos quando vierem depois. Ex.: Busco cer-
à noite. to modelo de carro (Pronome indefinido) / Busco o
modelo de carro certo (adjetivo).
Como mencionamos anteriormente, os pronomes A palavra bastante frequentemente gera dúvida
de tratamento estabelecem uma hierarquia social na quanto a ser advérbio, adjetivo ou pronome indefini-
linguagem, ou seja, a partir das formas usadas, pode- do, por isso, fique atento:
mos reconhecer o nível de discurso e o tipo de poder
instituídos pelos falantes. z Bastante (advérbio): será invariável e equivalen-
Por isso, é eficaz reconhecer que alguns pronomes te ao termo “muito”. Ex.: Elas são bastante famosas.
de tratamento só devem ser utilizados em contextos z Bastante (adjetivo): será variável e equivalente
cujos interlocutores sejam reconhecidos socialmen- ao termo “suficiente”. Ex.: A comida e a bebida não
te por suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre foram bastantes para a festa.
outras. Dessa forma, apresentamos alguns pronomes z Bastante (Pronome indefinido): “Bastantes ban-
de tratamento com as funções sociais que designam: cos aumentaram os juros”

z Vossa Alteza (V. A.): Príncipes, duques, arquidu- Pronomes Demonstrativos


ques e seus respectivos femininos;
z Vossa Eminência (V. Ema.): Cardeais; Os pronomes demonstrativos indicam a posição e
z Vossa Excelência (V. Exa.): Autoridades do governo apontam elementos a que se referem as pessoas do dis-
e das Forças Armadas membros do alto escalão; curso (1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designada por
eles no tempo, no espaço físico ou no espaço textual.
z Vossa Majestade (V. M.): Reis, imperadores e seus
respectivos femininos;
z 1ª pessoa: Este, Estes / Esta, Estas.
z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): Sacerdotes; z 2ª pessoa: Esse, Esses / Essa, Essas.
z Vossa Senhoria (V. Sa.): Funcionários públicos gra- z 3ª pessoa: Aquele, Aqueles / Aquela, Aquelas.
duados, oficiais até o posto de coronel, tratamento z Invariáveis: isto, isso, aquilo.
cerimonioso a comerciantes importantes;
Usamos este, esta, isto para indicar:
z Vossa Santidade (V. S.): Papa;
z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Revma.): z Referência ao espaço físico, indicando a proximi-
Bispos.
dade de algo ao falante. Ex.: Esta caneta aqui é
minha; Entreguei-lhe isto como prova.
Os exemplos acima fazem referência a pronomes
de tratamento e suas respectivas designações sociais z Referência ao tempo presente. Ex.: Esta semana
conforme indica o Manual de Redação Oficial da Pre- começarei a dieta; Neste mês, pagarei a última
sidência da República; portanto, essas designações prestação da casa.
devem ser seguidas com atenção quando o gênero z Referência ao espaço textual. Ex.: Encontrei Joana
textual abordado for um gênero oficial. e Carla no shopping, esta procurava um presente
Sobre o uso das abreviaturas das formas de trata- para o marido (o pronome refere-se ao último ter-
mento, é importante destacar: mo mencionado).
O plural de algumas abreviaturas é feito com letras
dobradas, como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA. Usamos esse, essa, isso para indicar:
Porém, na maioria das abreviaturas terminadas
com a letra a, por exemplo, o plural é feito com o z Referência ao espaço físico, indicando o afasta-
acréscimo do s: V. Exa. / V. Exas.; V. Ema. / V.Emas. mento de algo de quem fala. Ex.: Essa sua gravata
O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meri- combinou muito com você.
tíssimo Juiz. O tratamento dispensado ao Presidente
z Pode indicar distância que se deseja manter. Ex.:
da República nunca deve ser abreviado. Não me fale mais nisso; A população não confia
nesses políticos.
Pronomes Indefinidos
z Referência ao tempo passado. Ex.: Nessa semana,
eu estava doente; Esses dias estive em São Paulo.
Os pronomes indefinidos indicam quantidade de
maneira vaga e sempre devem ser utilizados na 3ª z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala.
pessoa do discurso. Os pronomes indefinidos podem Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter
variar e podem ser invariáveis, vejamos: falado sobre isso; Sinto uma energia negativa nes-
sa sua expressão.
z Variáveis: Algum, Alguma / Alguns, Algumas;
Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar:
Nenhum, Nenhuma / Nenhuns, Nenhumas; Todo,
Toda/ Todos, Todas; Outro, Outra / Outros, Outras;
z Referência ao espaço físico, indicando afastamen-
Muito, Muita / Muitos, Muitas; Tanto, Tanta / Tan-
to de quem fala e de quem ouve. Ex.: Margarete,
tos, Tantas; Quanto, Quanta / Quantos, Quantas; quem é aquele ali perto da porta?
Pouco, Pouca / Poucos, Poucas etc.
z Referência a um tempo muito remoto, um passado
z Invariáveis: Alguém; Ninguém; Tudo; Outrem; muito distante. Ex.: Naquele tempo, podíamos dor-
38 Nada; Cada; Quem; Menos; Mais; Que. mir com as portas abertas; Bons tempos aqueles!
z Referência a um afastamento afetivo. Ex.: Não z Emprego do relativo quem: seu antecedente deve
conheço aquela mulher. ser uma pessoa ou objeto personificado. Ex.: Fomos
z Referência ao espaço textual, indicando o primeiro nós quem fizemos o bolo.
termo de uma relação expositiva. Ex.: Saí para lan- O pronome relativo quem pode fazer referência a algo
char com Ana e Beatriz, esta preferiu beber chá, subentendido: Quem cala consente (aquele que cala).
aquela, refrigerante. z Emprego do relativo quanto: seu antecedente
deve ser um pronome indefinido ou demonstra-
tivo, pode sofrer flexões. Ex.: Esqueci-me de tudo
Dica quanto foi me ensinado; Perdi tudo quanto pou-
O pronome “mesmo” não pode ser usado em pei a vida inteira.
função demonstrativa referencial, veja: z Emprego do relativo cujo: deve ser empregado
O candidato fez a prova, porém o mesmo esque- para indicar posse e aparecer relacionando dois
ceu de preencher o gabarito. ERRADO. termos que devem ser um possuidor e uma coisa
O candidato fez a prova, porém esqueceu de possuída. Ex.: A matéria cuja aula faltei foi Língua
preencher o gabarito. CORRETO. portuguesa (o relativo cuja está ligando aula (pos-
suidor) a matéria (coisa possuída).

O relativo cujo deve concordar em gênero e núme-


EXERCÍCIO COMENTADO ro com a coisa possuída.
Jamais devemos inserir um artigo após o pronome
1. (FCC – 2018) “Tratando do estado de solidão ou da cujo: Cujo o, cuja a
necessidade de convívio, Sêneca vê no estado de soli- Não podemos substituir cujo por outro pronome
dão uma contrapartida da necessidade de convívio, relativo;
assim como vê na necessidade de convívio uma aber- O pronome relativo cujo pode ser preposiciona-
tura para encontrar satisfação no estado de solidão.” do. Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri.
Evitam-se as viciosas repetições do texto acima subs- Para encontrar o possuidor faça-se a seguinte per-
tituindo-se os elementos grifados, na ordem dada, por: gunta: “de quem/do que?” Ex.: Vi o filme cujo dire-
tor ganhou o Óscar (diretor do que? Do filme.); Vi o
a) naquele – desta – nesta – naquele. rapaz cujas pernas você se referiu (pernas de quem?
b) nisso – daquilo – naquela – deste. Do rapaz.)
c) este – do outro – na primeira – no último.
d) nisto – disso – naquela – desse. z Emprego do pronome relativo onde: empregado
e) na primeira – do segundo – numa – noutra. para indicar locais físicos. Ex.: Conheci a cidade
onde meu pai nasceu.
Devemos lembrar das regras de proximidade e dis- Em alguns casos, pode ser preposicionado, assumin-
tância que organizam o uso dos pronomes demons- do as formas aonde e donde. Ex.: Irei aonde você for.
trativos. Resposta: Letra A. O relativo onde pode ser empregado sem antece-
dente. Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém.
Pronomes Relativos z Emprego de o qual: o pronome relativo o qual e
suas variações (os quais, a qual, as quais) é usa-
Uma das classes de pronomes mais complexas, os do em substituição a outros pronomes relativos,
pronomes relativos têm função muito importante na sobretudo o que, a fim de evitar fenômenos lin-
língua, refletida em assuntos de grande relevância guísticos, como queísmo. Ex.: O Brasil tem um pas-
em concursos, como a análise sintática. Dessa forma, sado do qual (que) ninguém se lembra.
é essencial conhecer adequadamente a função desses
elementos a fim de saber utilizá-los corretamente. O pronome o qual pode auxiliar na compreensão
Os pronomes relativos referem-se a um substantivo textual, desfazendo estruturas ambíguas.
ou a um pronome substantivo, mencionado anterior-
mente. A esse nome (substantivo ou pronome mencio- Pronomes Interrogativos
nado anteriormente) chamamos de antecedente.
São pronomes relativos: São utilizados para introduzir uma pergunta ao tex-
to e se apresentam de formas variáveis (Que? Quais?
Quanto? Quantos?) e invariáveis (Que? Quem?). Ex.:
z Variáveis: O qual, os quais, cujo, cujos, quanto,
O que é aquilo? Quem é ela? Qual sua idade? Quantos
LÍNGUA PORTUGUESA

quantos / A qual, as quais, cuja, cujas, quanta,


anos tem seu pai?
quantas.
O ponto de exclamação só é usado nas interrogati-
z Invariáveis: Que, quem, onde, como. vas diretas. Nas indiretas, aparece apenas a intenção
z Emprego do pronome relativo que: pode ser asso- interrogativa, indicada por um verbo como: pergun-
ciado a pessoas, coisas ou objetos. Ex.: Encontrei tar, indagar etc. Ex.: Indaguei quem era ela.
o homem que desapareceu; O cachorro que esta- Os pronomes interrogativos que e quem são pro-
va doente morreu; A caneta que emprestei nunca nomes substantivos.
recebi de volta.
Pronomes Possessivos
Em alguns casos, há a omissão do antecedente do
relativo que. Ex.: Não teve que dizer (não teve nada Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do
que dizer). discurso e indicam posse: 39
1ª pessoa Meu, minha, meus, minhas Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato
SINGULAR 2ª pessoa Teu, tua, teus, tuas (errado) / Tinha se lembrado do fato (correto).
3ª pessoa Seu, sua, seus, suas
VERBOS
1ª pessoa Nosso, nossa, nossos, nossas
PLURAL 2ª pessoa Vosso, vossa, vossos, vossas
3ª pessoa Seu, sua, seus, suas Certamente, a classe de palavras mais complexa e
importante dentre as palavras da língua portuguesa é
o verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações
Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o,
e os agentes desses atos, além de ser uma importante
a, nos, vos) também podem atribuir valor possessivo
classe sempre abordada nos editais de concursos; por
a uma coisa. Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ain-
isso; fique atento às nossas dicas.
da que o pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a
Os verbos são palavras variáveis que se flexionam
relação do pronome é com o objeto da posse.
em número, pessoa, modo e tempo, além da designa-
Outras funções dos pronomes possessivos:
ção da voz que exprime uma ação, um estado ou um
fato.
z Delimitam o substantivo a que se referem; As flexões verbais são marcadas por desinências
z Concordam com o substantivo que vem depois dele; que podem ser: número-pessoal, indicando se o
z Não concordam com o referente; verbo está no singular ou plural, bem como em qual
pessoa verbal foi flexionado (1ª, 2ª ou 3ª); modo-tem-
z O pronome possessivo que acompanha o substan-
poral, que indica em qual modo e tempo verbais a
tivo exerce função sintática de adjunto adnominal.
ação foi realizada; iremos apresentar estas desinên-
cias a seguir. Antes, porém, de abordarmos as desi-
Colocação Pronominal
nências modo-temporais, precisamos explicar o que
são o modo e o tempo verbais:
Estudo da posição dos pronomes na oração.
Modos
z Próclise: pronome posicionado antes do verbo.
Indica a atitude da ação/sujeito frente a uma rela-
Casos que atraem o pronome para próclise: ção enunciada pelo verbo.

„ Palavras negativas: nunca, jamais, não. Ex.: z Indicativo: exprime atitude de certeza. Ex.: Estu-
Não me submeto a essas condições. dei muito para ser aprovado.
„ Pronomes indefinidos, demonstrativos, rela-
tivos. Ex: Foi ela que me colocou nesse papel. z Subjuntivo: exprime atitude de dúvida, desejo ou
„ Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se possibilidade. Ex.: Se eu estudasse, seria aprovado.
apresente como um rico investidor, ele nada tem. z Imperativo: designa ordem, convite, conselho, súpli-
„ Gerúndio precedido da preposição em. Ex: Em ca ou pedido. Ex.: Estuda! Assim, serás aprovado.
se tratando de futebol, Maradona foi um ídolo.
„ Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.: Tempos
Na esperança de sermos ouvidos, muito lhe
agradecemos. O tempo designa o recorte temporal em que a ação
„ Orações interrogativas, exclamativas, opta- verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar
tivas (exprimem desejo). Ex.: Como te iludes! o tempo dessa ação no Passado, Presente ou Futuro.
Porém, existem ramificações específicas.
z Mesóclise: pronome posicionado no meio do verbo.
z Presente: pode expressar não apenas um fato
Casos que atraem o pronome para mesóclise: atual, como também uma ação habitual. Ex.:
Os pronomes devem ficar no meio dos verbos que Estudo todos os dias no mesmo horário.
estejam conjugados no futuro, caso não haja nenhum Uma ação passada.
motivo para uso da próclise. Ex.: “Dar-te-ei meus bei- Ex.: Vargas assume o cargo e instala uma ditadura.
jos agora...” Uma ação futura.
Ex.: Amanhã, estudo mais! (equivalente a estudarei)
z Ênclise: pronome posicionado após o verbo.
z Pretérito perfeito: ação realizada plenamente no
passado. Ex.: Estudei até ser aprovado.
Casos que atraem o pronome para ênclise:
Pretérito imperfeito: ação inacabada, que pode
indicar uma ação frequentativa, vaga ou durativa.
„ Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me mui-
Ex.: Estudava todos os dias.
to honrada com esse título. Pretérito mais-que-perfeito: ação anterior à ou-
„ Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por favor. tra mais antiga. Ex.: Quando notei, a água já trans-
„ Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o bordara da banheira.
quanto sou importante.
z Futuro do presente: indica um fato que deve ser
Casos proibidos: Início de frase: Me dá esse cader- realizado em um momento vindouro. Ex.: Estuda-
no! (errado) / Dá-me esse caderno! (certo). rei bastante ano que vem.
Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lembrou z Futuro do pretérito: expressa um fato posterior
de nada (errado) / Falou pouco; lembrou-se de nada em relação a outro fato já passado. Ex.: Estudaria
40 (correto). muito, se tivesse me planejado.
A partir dessas informações, podemos também iden- determinados contextos. São chamadas nominais pois
tificar os verbos conjugados nos tempos simples e nos funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios.
tempos compostos. Os tempos verbais simples são for-
mados por uma única palavra, ou verbo, conjugado no z Gerúndio: é marcado pela terminação -NDO, seu
presente, passado ou futuro; já os tempos compostos são valor indica duração de uma ação e, por vezes,
formados por dois verbos, um auxiliar e um principal, pode funcionar como um advérbio ou um adjetivo.
nesse caso, o verbo auxiliar é o único a sofrer flexões. Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se
Agora, vamos conhecer as desinências modo-temporais compadeceu.
dos tempos simples e compostos, respectivamente: z Particípio: é marcado pelas terminações -ado,
Flexões modo-temporais – tempos simples -ido, -do, -to, -go, -so, corresponde nominalmente
ao adjetivo, pode flexionar-se, em alguns casos, em
número e gênero.
MODO MODO Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses.
TEMPO
INDICATIVO SUBJUNTIVO
z Infinitivo: forma verbal que indica a própria ação
-e(1ªconjugação) do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno desig-
Presente * e -a ( 2ª e 3ª nado. Pode ser pessoal ou impessoal.
conjugações)
Pretérito -ra(3ª pessoa do „ Pessoal: o infinitivo pessoal é passível de con-
*
perfeito plural) jugação, pois está ligado às pessoas do discurso.
-va (1ª conjuga- É usado na formação de orações reduzidas. Ex.:
Pretérito Comer eu; Comermos nós; É para aprenderem
ção) -ia (2ª e 3ª -sse
imperfeito que ele ensina.
conjugações)
„ Impessoal: não é passível de flexão. É o nome
Pretérito do verbo, servindo para indicar apenas a con-
mais-que-per- -ra * jugação. Ex.: Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª
feito conjugação; Partir - 3ª conjugação.
Futuro -rá e -re -r
O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou
Futuro do orações reduzidas.
-ria *
pretérito
„ Locuções verbais: sequência de dois ou mais ver-
* Nem todas as formas verbais apresentam desi- bos que funcionam como um verbo. Ex.: Ter de
nências modo-temporais. + verbo principal no infinitivo: Ter de trabalhar
para pagar as contas; Haver de + verbo principal
Flexões Modo-Temporais – Tempos Compostos no infinitivo: Havemos de encontrar uma solução.
(Indicativo)
Não confunda locuções verbais com tempos com-
z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER postos. O particípio formador de tempo composto na
(presente do indicativo) + verbo principal particí- voz ativa não se flexiona. Ex.: O homem teria realiza-
pio. Ex.: Tenho estudado. do sua missão.
z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxi-
liar: TER (pretérito imperfeito do indicativo) + ver- Classificação dos Verbos
bo principal no particípio. Ex.: Tinha passado.
z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro do Os verbos são classificados quanto a sua forma de
indicativo) + verbo principal no particípio. Ex.: conjugação e podem ser divididos em: regulares, irre-
Terei saído. gulares, anômalos, abundantes, defectivos, pronomi-
z Futuro do pretérito composto: Verbo auxiliar: TER nais, reflexivos, impessoais e os auxiliares, além das
(futuro do pretérito simples) + verbo principal no formas nominais. Vamos conhecer as particularida-
particípio. Ex.: Teria estudado. des de cada um a seguir:

z Regulares: os verbos regulares são os mais fáceis


Flexões Modo-Temporais – Tempos Compostos
de compreender, pois apresentam regularidade no
(Subjuntivo)
uso das desinências, ou seja, as terminações ver-
bais. Da mesma forma, os verbos regulares man-
z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER têm o paradigma morfológico com o radical, que
(presente o subjuntivo) + Verbo principal particí- permanece inalterado. Ex.: Verbo cantar.
LÍNGUA PORTUGUESA

pio. Ex.: (que eu) Tenha estudado.


z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxi-
liar: TER (pretérito imperfeito do subjuntivo) + verbo PRETÉRITO PERFEITO
PRESENTE INDICATIVO
principal no particípio. Ex.: (se eu) Tivesse estudado INDICATIVO
z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro sim- Eu canto Cantei
ples do subjuntivo) + verbo principal no particípio. Tu cantas Cantaste
Ex.: (quando eu) tiver estudado.
Ele/ você canta Cantou
Formas Nominais do Verbo e Locuções Verbais Nós cantamos Cantamos
Vós cantais Cantastes
As formas nominais do verbo são as formas infi-
nitiva, particípio e gerúndio que eles assumem em Eles/ vocês cantam Cantaram 41
z Irregulares: os verbos irregulares apresentam � Defectivos: são verbos que não apresentam algu-
alteração no radical e nas desinências verbais, por mas pessoas conjugadas em suas formas, gerando
isso recebem esse nome, pois sua conjugação ocor- um defeito na conjugação, por isso o nome. São
re irregularmente, seguindo um paradigma pró- defectivos os verbos colorir, precaver, reaver.
prio para cada grupo verbal. Perceba como ocorre Esses verbos não são conjugados na primeira pes-
uma sutil diferença na conjugação do verbo estar soa do singular do presente do indicativo. Bem
que utilizamos como exemplo, isso é importante como: Aturdir, exaurir, explodir, esculpir, extor-
para não confundir os verbos irregulares com os quir, feder, fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir,
verbos anômalos. Ex.: Verbo estar. computar, colorir, carpir, banir, brandir, bramir,
soer.
Verbos que expressam onomatopeias ou fenôme-
PRETÉRITO PERFEITO
PRESENTE INDICATIVO nos temporais também apresentam essa caracte-
INDICATIVO
rística, como latir, bramir, chover.
Eu estou Estive
� Pronominais: esses verbos apresentam um pro-
Tu estás Esteves nome oblíquo átono integrando sua forma verbal;
Ele/ você está Esteve é importante lembrar que esses pronomes não
apresentam função sintática. Predominantemen-
Nós estamos Estivemos te, os verbos pronominas apresentam transitivida-
Vós estais Estiveste de indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se
Eles/ vocês estão Estiveram
PRETÉRITO PERFEITO
PRESENTE INDICATIVO
z Anômalos: esses verbos apresentam profundas INDICATIVO
alterações no radical e nas desinências verbais, Eu me sento Sentei-me
consideradas anomalias morfológicas, por isso,
recebem essa classificação. Um exemplo bem Tu te sentas Sentaste-te
usual de verbos dessa categoria é o verbo ser. Na Ele/ você se senta Sentou-se
língua portuguesa, apenas dois verbos são classi-
Nós nos sentamos Sentamo-nos
ficados dessa forma, os verbos ser e ir. Vejamos a
conjugação do verbo ser: Vós vos sentais Sentastes-vos
Eles/ vocês se sentam Sentaram-se
PRETÉRITO PERFEITO
PRESENTE INDICATIVO z Reflexivos: são os verbos que apresentam pro-
INDICATIVO
nome oblíquo átono reflexivo, funcionando sinta-
Eu sou Fui
ticamente como objeto direto ou indireto. Nesses
Tu és Foste verbos, o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao
Ele/ você é Foi mesmo tempo. Ex.: Ela se veste mal; Nós nos cum-
primentamos friamente.
Nós somos Fomos
z Impessoais: são verbos que designam fenômenos
Vós sois Fostes
da natureza, como chover, trovejar, nevar etc.
Eles/ vocês são Foram
O verbo haver com sentido de existir ou marcando
Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresen- tempo decorrido também será impessoal. Ex.: Havia
tam uma forma específica de irregularidade, que oca- muitos candidatos e poucas vagas; Há dois anos, fui
siona uma anomalia em sua conjugação, por isso, são aprovado em concurso público.
classificados como anômalos. Os verbos ser e estar também são verbos impes-
soais, quando designam fenômeno climático ou tempo.
z Abundantes: são formas verbais abundantes os Ex.: Está muito quente!; Era tarde quando chegamos.
verbos que apresentam mais de uma forma de O verbo ser para indicar hora, distância ou data
particípio aceitas pela norma culta gramatical. concorda com esses elementos.
Geralmente, apresentam uma forma de particípio O verbo fazer também poderá ser impessoal,
regular e outra irregular; falaremos disso poste- quando indicar tempo decorrido ou tempo climáti-
riormente, quando trataremos das formas nomi- co. Ex.: Faz anos que estudo para concursos; Aqui faz
nais do verbo. Vejamos alguns verbos abundantes: muito calor.
Os verbos impessoais não apresentam sujeito; sin-
taticamente, classificamos como sujeito inexistente.
PARTICÍPIO PARTICÍPIO
INFINITIVO
REGULAR IRREGULAR
Dica
Acender Acendido Aceso
O verbo ser será impessoal quando o espaço
Afligir Afligido Aflito
sintático ocupado pelo sujeito não estiver preen-
Corrigir Corrigido Correto chido: “Já é natal”. Segue o mesmo paradigma
Encher Enchido Cheio do verbo fazer, podendo ser impessoal, tam-
bém, o verbo IR: “vai uns bons anos que não vejo
Fixar Fixado Fixo
42 Mariana”
z Verbos Auxiliares: os verbos auxiliares são A voz passiva é realizada a partir da troca de
empregados nas formas compostas dos verbos e funções entre sujeito e objeto da voz ativa; falamos
também nas locuções verbais. Os principais verbos melhor desse processo no capítulo funções do SE em
auxiliares dos tempos compostos são ter e haver. verbos transitivos direto.
Só podemos transformar uma frase da voz ativa
Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a para a voz passiva se o verbo for transitivo direto ou
transitivo direto e indireto, logo, só há voz passiva
concordância verbal, porém, o verbo principal deter-
com a presença do objeto direto.
mina a regência estabelecida na oração.
A voz reflexiva indica uma ação praticada e rece-
Apresentam forte carga semântica que indica bida pelo sujeito ao mesmo tempo; essa relação pode
modo e aspecto da oração; tratamos mais desse assun- ser alcançada com apenas um indivíduo que pratica e
to no tópico verbos auxiliares no final da gramática. sofre a ação. Ex.: O menino se agrediu.
São importantes na formação da voz passiva Ou a ação pode ser compartilhada entre dois ou mais
analítica. indivíduos que praticam e sofrem a ação. Ex.: Apesar
do ódio mútuo, os candidatos se cumprimentaram.
z Formas Nominais: na língua portuguesa, usamos No último caso, a voz reflexiva é também chamada
três formas nominais dos verbos: de recíproca, por isso, fique atento.
Não confunda os verbos pronominais com as
„ Gerúndio: terminação -NDO. Apresenta valor vozes verbais. Os verbos pronominais que indicam
sentimentos, como arrepender-se, queixar-se, dignar-
durativo da ação e equivale a um advérbio ou
-se, entre outros acompanham um pronome que faz
adjetivo. Ex.: Minha mãe está rezando.
parte integrante do seu significado, diferentemente
„ Particípio: terminações: -ADO, -IDO, -DO, -TO, das vozes verbais que acompanham o pronome SE
-GO, -SO. Apresenta valor adjetivo e pode ser com função sintática própria.
classificado em particípio regular e irregular,
sendo as formas regulares finalizadas em -ADO Outras funções do “SE”
e -IDO.
Como vimos, o SE pode funcionar como item essen-
cial na voz passiva; além dessa função, esse elemento
A norma culta gramatical recomenda o uso do par-
também acumula outras atribuições. Vejamos:
ticípio regular com os verbos ter e haver, já com os
verbos ser e estar, recomenda-se o uso do particípio z Partícula apassivadora: a voz passiva sintética é
irregular. Ex.: Os policiais haviam expulsado os ban- feita com verbos transitivos direto (TD) ou transiti-
didos / Os traficantes foram expulsos pelos policiais. vos direto indireto (TDI). Nessa voz, incluímos o SE
junto ao verbo, por isso o elemento SE é designado
„ Infinitivo: marca as conjugações verbais. partícula apassivadora, nesse contexto. Ex.: Busca-
AR: verbos que compõem a 1ª conjugação (AmAR, -se a felicidade (voz passiva sintética) – SE (partícu-
PasseAR); la apassivadora)
ER: verbos que compõem a 2ª conjugação (ComER, O SE exercerá essa função apenas:
pÔR);
IR: verbos que compõem a 3ª conjugação (Par- „ Com verbos cuja transitividade seja TD ou TDI;
„ Verbos concordam com o sujeito;
tIR, SaIR)
„ Com a voz passiva sintética.
O verbo pôr corresponde à segunda conjuga-
ção, pois origina-se do verbo poer, o mesmo Lembramos que na voz passiva nunca haverá objeto
acontece com verbos que deste derivam. direto (OD), pois ele se transforma em sujeito paciente.

Vozes verbais z Índice de indeterminação do sujeito: o SE fun-


cionará nessa condição quando não for possível
As vozes verbais definem o papel do sujeito na identificar o sujeito explícito ou subentendido.
oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação Além disso, não podemos confundir essa função
verbal ou se ele recebe a ação verbal. do SE com a de apassivador, já que para ser índi-
ce de indeterminação do sujeito a oração precisa
z Ativa: O sujeito é o agente, praticando a ação ver- estar na voz ativa.
bal. Ex.: O policial deteve os bandidos. Outra importante característica do SE como índi-
ce de indeterminação do sujeito ocorre em verbos
LÍNGUA PORTUGUESA

z Passiva: O sujeito é paciente, sofre a ação verbal. transitivos indiretos, verbos intransitivos ou verbos
Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial – pas- de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá estar
siva analítica; Detiveram-se os criminosos – pas- na 3ª pessoa do singular. Ex.: Acredita-se em Deus.
siva sintética.
z Pronome reflexivo: na função de pronome refle-
z Reflexiva: O sujeito é agente e paciente ao mesmo xivo, a partícula SE indicará reflexão ou recipro-
tempo, pois o sujeito pratica e recebe a ação ver- cidade, auxiliando a construção dessas vozes
bal. Ex.: Os bandidos se entregaram à polícia. verbais, respectivamente. Nessa função, suas prin-
z Recíproca: O sujeito é agente e paciente ao mesmo cipais características são:
tempo, porém percebemos que há uma ação com- „ Sujeito recebe e pratica a ação;
partilhada entre dois indivíduos. Ex.: Os bandidos „ funcionará, sintaticamente, como objeto direto
se olharam antes do julgamento. ou indireto; 43
„ o sujeito da frase poderá estar explícito ou Conjugação de Alguns Verbos
implícito. Ex.: Ele se via no espelho / Deu-se um
presente de aniversário. Vamos agora conhecer algumas conjugações de
verbos irregulares importantes, que sempre são obje-
z Parte integrante do verbo: nesses casos, o SE será to de questões em concursos.
parte integrante dos verbos pronominais, acompa- Fazem paradigma com o verbo aderir, mantendo
nhando-o em todas as suas flexões. Quando o SE as mesmas desinências desse verbo, as formas
exerce essa função, jamais terá uma função sin-
tática. Além disso, o sujeito da frase poderá estar PRESENTE - INDICATIVO
explícito ou implícito. Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da
mãe, quando olhou a filha. Eu Adiro
z Partícula de realce: será partícula de realce o SE
Tu Aderes
que puder ser retirado do contexto sem prejuízo no
sentido e na compreensão global do texto. A partícu- Ele/Você Adere
la de realce não exerce função sintática, pois é desne-
cessária. Ex.: Vão-se os anéis, ficam-se os dedos. Nós Aderimos
z Conjunção: o SE será conjunção condicional, Vós Aderis
quando sugerir a ideia de condição. A conjunção
SE exerce função de conjunção integrante, ape- Eles/Vocês Aderem
nas ligando as orações e poderá ser substituída
pela conjunção caso. Ex.: Se ele estudar, irá ser PRESENTE - INDICATIVO
aprovado.
Eu Ponho
Conjugação de Verbos Derivados Tu Pões
Ele/Você Põe
Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga-
ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com- Nós Pomos
preensão dessas conjugações verbais. Vós Pondes
O verbo criar é conjugado da mesma forma que os
Eles/Vocês Põem
verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais
que terminam em -iar. Os verbos com essa termina-
São conjugados da mesma forma os verbos: dispor,
ção são, predominantemente, regulares.
interpor, sobrepor, compor, opor, repor, transpor, en-
trepor, supor.
PRESENTE - INDICATIVO

Eu Crio EXERCÍCIO COMENTADO


Tu Crias
1. (FCC – 2018) “Uma tendência que já coroava as edi-
Ele/Você Cria ções anteriores do prêmio”.
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo do que
Nós Criamos se encontra acima está sublinhado em:
Vós Criais
a) Por meio do qual definia uma suposta obra de arte.
Eles/Vocês Criam b) O novo prêmio atenderia o mercado.
c) Ou o que o contraria.
Os verbos terminados em -ear, por sua vez, geral- d) O leitor elegerá títulos apenas entre os finalistas.
mente, são irregulares e apresentam alguma modi- e) Ele contempla os títulos com mais chance.
ficação no radical ou nas desinências. Assim como o
verbo passear, são derivados dessa terminação os “Coroava”, assim como “definia”, está conjugado no
verbos: pretérito imperfeito do indicativo. Resposta: Letra A.

PREPOSIÇÕES
PRESENTE - INDICATIVO

Eu Passeio Conceito

Tu Passeias São palavras invariáveis que ligam orações ou


outras palavras. As preposições apresentam funções
Ele/Você Passeia
importantes tanto no aspecto semântico quanto no
Nós Passeamos aspecto sintático, pois complementam o sentido de
verbos e/ou palavras cujo sentido pode ser alterado
Vós Passeais sem a presença da preposição, modificando a transiti-
vidade verbal e colaborando para o preenchimento de
Eles/Vocês Passeiam
sentido de palavras deverbais1.
1  Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação.
Exemplo: A filmagem, O pagamento, A falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o
44 termo que completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal.
As preposições essenciais são: a, ante, até, após, z Preposição + advérbio:
com, contra, de, desde, em, entre, para, per, peran- De + aqui, ali, além: daqui, dali, dalém.
te, por, sem, sob, trás.
Existem, ainda, as preposições acidentais, assim z Preposição + pronomes pessoais:
chamadas pois pertencem a outras classes gramaticais, Em + ele, ela, eles, elas: nele, nela, neles, nelas.
mas, ocasionalmente, funcionam como preposições. De + ele, ela, eles, elas: dele, dela, deles, delas.
Eis algumas: afora, conforme (quando equivaler a z Preposição + pronome relativo:
“de acordo com”), consoante, durante, exceto, salvo,
A + onde: aonde.
segundo, senão, mediante, que, visto (quando equi-
valer a “por causa de”). z Preposição + pronomes indefinidos:
De + outro, outras: doutro, doutros, doutra, doutras.
Locuções Prepositivas
Algumas Relações Semânticas Estabelecidas por
São grupos de palavras que equivalem a uma pre- Preposições
posição. Ex.: Falei sobre o tema da prova; Falei acerca
do tema da prova. É importante ressaltar que as preposições podem
A locução prepositiva na segunda frase substitui
apresentar valor relacional ou podem atribuir um
perfeitamente a preposição sobre. As locuções pre-
valor nocional. As preposições que apresentam um
positivas sempre terminam em uma preposição, e há
valor relacional cumprem uma relação sintática
apenas uma exceção: a locução prepositiva com sen-
tido concessivo “não obstante”. A seguir, elencamos com verbos ou substantivos, que, em alguns casos, são
alguns exemplos de locuções prepositivas: chamados deverbais, conforme já mencionamos ante-
Abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito riormente. Essa mesma relação sintática pode ocorrer
de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de; com adjetivos e advérbios, os quais também apresen-
graças a; junto de; perto de; por entre; por trás de; quan- tarão função deverbal.
to a; a fim de; a respeito de; por meio de; em virtude de. Ex.: Concordo com o advogado (preposição exigida
Algumas locuções prepositivas apresentam seme- pela regência do verbo concordar).
lhanças morfológicas, mas significados completamen- Tenho medo da queda (preposição exigida pelo
te diferentes, como: complemento nominal).
A opinião dos diretores vai ao encontro do pla- Estou desconfiado do funcionário (preposição exi-
nejamento inicial = Concordância. / As decisões do
gida pelo adjetivo).
público foram de encontro à proposta do programa
Fui favorável à eleição (preposição exigida pelo
= Discordância.
advérbio).
Em vez de comer lanches gordurosos, coma frutas
= substituição. / Ao invés de chegar molhado, chegou Em todos esses casos, a preposição mantém uma
cedo = oposição. relação sintática com a classe de palavras a qual se liga,
sendo, portanto, obrigatória sua presença na sentença.
Fonte: instagram.com/academiadotexto. Acessado em: 19/11/2020. De modo oposto, as preposições cujo valor nocio-
nal é preponderante apresentam uma modificação
Combinações e Contrações no sentido da palavra a qual se liga. Elas não são
componentes obrigatórios na construção da senten-
As preposições podem ser contraídas com outras
ça, divergindo das preposições de valor relacional.
classes de palavras, veja:
As preposições de valor nocional estabelecem uma
noção de posse, causa, instrumento, matéria, modo
z Preposição + artigo:
A + a, as, o, os: à, às, ao, aos. etc. Vejamos algumas:
De + a, as, o, os, um, uns, uma, umas: da, das, do,
dos, dum, duns, duma, dumas. VALOR NOCIONAL DAS
Por + a, as, o, os: pela, pelas, pelo, pelos. SENTIDO
PREPOSIÇÕES
Em + a, as, o, os, um, uns, uma, umas: na, nas, no,
nos, num, nuns, numa, numas. Posse Carro de Marcelo

z Preposição + pronome demonstrativo: O cachorro está sob a


Lugar
LÍNGUA PORTUGUESA

A + aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo: àque- mesa


le, àqueles, àquela, àquelas, àquilo. Votar em branco, chegar
Em + este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, esses, Modo
aos gritos
essas, isso, aquele, aquela, aqueles, aquelas, aqui-
lo: neste, nesta, nestes, nestas, nisto, nesse, nes- Causa Preso por estupro
sa, nesses, nessas, nisso, naquele, naquela, na-
Assunto Falar sobre política
queles, naquelas, naquilo.
De + este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, esses, es- Descende de família
Origem
sas, isso, aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo: simples
deste, desta, destes, destas, disto, desse, dessa,
Olhe para frente! Iremos
desses, dessas, disso, daquele, daquela, daque- Destino
a Paris
les, daquelas, daquilo. 45
„ Importante: Pois com sentido explicativo ini-
EXERCÍCIO COMENTADO cia uma oração e justifica outra. Ex.: Volte, pois
sinto saudades.
1. (FCC – 2018) Observe as seguintes passagens:
Pois conclusivo fica após o verbo, deslocado entre
I. Para o comitê, Brasília era um marco do desenvolvi-
vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará, pois, a
mento moderno.
II. Mas, para ganhar o título de patrimônio mundial, preci- subir.
sava de leis...
III. Criadas por Lucio Costa para organizar o sítio urbano... z Conclusiva: Logo, portanto, então, por isso, assim,
IV. Para muitos, o Plano Piloto lembra um avião. por conseguinte, destarte, pois (deslocado na fra-
se). Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui
Considerando-se o contexto, o vocábulo para exprime aprovado.
ideia de finalidade em:
As conjunções e, nem não devem ser empregadas
a) I e III, apenas. juntas (e nem), tendo em vista que ambas indicam a
b) I, II e IV, apenas. mesma relação aditiva o uso concomitante acarreta
c) III e IV, apenas. em redundância.
d) II e III, apenas.
e) I, II, III e IV. Conjunções Subordinativas

A preposição “para” indicará finalidade quando puder Tal qual as conjunções coordenativas, as subor-
ser substituída pela locução “a fim de”, como ocorre dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias
nos itens II e III. Resposta: Letra D. apresentadas em um texto; porém, diferentemente
daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações
CONJUNÇÕES subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra
para terem o sentido apreendido.
Assim como as preposições, as conjunções também
são invariáveis e também auxiliam na organização
z Causal: Haja vista, que, porque, pois, porquanto,
das orações, ligando termos e, em alguns casos, ora-
visto que, uma vez que, como (equivale a porque)
ções. Por manterem relação direta com a organização
etc. Ex.: Como não era vaidosa, nunca se arrumava.
das orações nas sentenças, as conjunções podem ser:
z Consecutiva: Que (depois de tal, tanto, tão), de
coordenativas ou subordinativas.
modo que, de forma que, de sorte que etc. Ex.:
Conjunções Coordenativas Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça.
z Comparativa: Como, que nem, que (depois de
As conjunções coordenativas são aquelas que mais, menos, melhor, pior, maior) etc. Ex.: Corria
ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não como um touro.
fazem parte de uma outra ou, em alguns casos, essas z Conformativa: Conforme, como, segundo, de
conjunções ligam núcleos de um mesmo termo da ora- acordo com, consoante etc. Ex.: Tudo ocorreu con-
ção. As conjunções coordenadas podem ser: forme o planejado.
z Concessiva: Embora, conquanto, ainda que, mes-
z Aditivas: E, nem, bem como, não só, mas também, mo que, em que pese, posto que etc. Ex.: Teve que
não apenas, como ainda, senão (após não só). Ex.: aceitar a crítica, conquanto não tivesse gostado.
Não fiz os exercícios nem revisei. O gato era o pre- z Condicional: Se, caso, desde que, contanto que,
ferido, não só da filha, senão de toda família. a menos que, somente se etc. Ex.: Se eu quisesse
z Adversativa: Mas, porém, contudo, todavia, entre- falar com você, teria respondido sua mensagem.
tanto, não obstante, senão (equivalente a mas). Ex.: z Proporcional: À proporção que, à medida que,
Não tenho um filho, mas dois. A culpa não foi a popu- quanto mais...mais, quanto menos...menos etc. Ex.:
lação, senão dos vereadores (equivale a “mas sim”). Quanto mais estudo, mais chances tenho de ser
aprovado.
„ Importante: a conjunção E pode apresentar z Final: Final, para que, a fim de que etc. Ex.: A pro-
valor adversativo, principalmente quando é
fessora dá exemplos para que você aprenda!
antecedido por vírgula: Estava querendo dor-
z Temporal: Quando, enquanto, assim que, até que,
mir, e o barulho não deixava.
mal, logo que, desde que etc. Ex.: Quando viajei
para Fortaleza, estive na Praia do Futuro. Mal che-
z Alternativas: Ou, ou...ou, quer...quer, seja...seja,
ora...ora, já...já. Ex.: Estude ou vá para a festa. Seja guei à cidade, fui assaltado.
por bem, seja por mal, vou convencê-la.
Os valores semânticos das conjunções não se
„ Importante: a palavra senão pode funcionar prendem às formas morfológicas desses elementos.
como conjunção alternativa: Saia agora, senão O valor das conjunções é construído contextualmen-
chamarei os guardas! (podemos trocá-la por ou). te, por isso, é fundamental estar atento aos sentidos
estabelecidos no texto. Ex.: Se Mariana gosta de você,
z Explicativas: Que, porque, pois, (se vier no início por que você não a procura? (SE = causal = já que);
da oração), porquanto. Estude, porque a caneta é Por que ficar preso na cidade, quando existe tanto ar
46 mais leve que a enxada! puro no campo. (quando = causal = já que).
Conjunções Integrantes de palavras, o candidato deve reler o trecho em que a
interjeição aparece, a fim de se certificar do sentido
As conjunções integrantes fazem parte das orações expresso no texto.
subordinadas e, na realidade, elas apenas integram Isso acontece pois qualquer expressão exclamati-
uma oração principal à outra, subordinada. Existem va que expresse sentimento ou emoção pode funcionar
apenas dois tipos de conjunções integrantes: que e se. como uma interjeição. Lembrem-se dos palavrões, por
exemplo, que são interjeições por excelência, mas, depen-
z Quando é possível substituir o que pelo pronome dendo do contexto, podem ter seu sentido alterado.
isso, estamos diante de uma conjunção integrante. Antes de concluirmos, é importante ressaltar o
Ex.: Quero que a prova esteja fácil. Quero = isso. papel das locuções interjetivas, conjunto de palavras
z Sempre haverá conjunção integrante em orações que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus!
substantivas e, consequentemente, em períodos Ora bolas! Valha-me Deus!
compostos. Ex.: Perguntei se ele estava em casa.
Perguntei = isso.
z Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver-
bo e uma conjunção integrante. Ex.: Sabe-se, que
o Brasil é um país desigual (errado). Sabe-se que o CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
Brasil é um país desigual (certo).
Na elaboração da frase, as palavras relacionam-se
umas com as outras. Ao se relacionarem, elas obede-
cem a alguns princípios: um deles é a concordância.
EXERCÍCIO COMENTADO Observe o exemplo:

1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) O uso da conjunção A pequena garota andava sozinha pela cidade.
“embora” pela conjunção “conquanto” prejudicaria o A: Artigo, feminino, singular;
sentido original do texto: Pequena: Adjetivo, feminino, singular;
Garota: Substantivo, feminino, singular.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos
Nem precisamos ler o texto mencionado pela ques- adnominais) concordam com o gênero (feminino) e o
tão para sabermos que o item está errado, pois número (singular) do substantivo.
conquanto, assim como embora, é uma conjunção Na língua portuguesa, há dois tipos de concordân-
concessiva. Resposta: Errado. cia: verbal e nominal.

INTERJEIÇÕES Concordância Verbal

As interjeições também fazem parte do grupo de É a adaptação em número – singular ou plural – e


palavras invariáveis, tal como as preposições e as con- pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo sujeito.
junções. Sua função é expressar estado de espírito e “De todos os povos mais plurais culturalmente, o
emoções, por isso, apresenta forte conotação semânti- Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as quais
ca; ademais, uma interjeição sozinha pode equivaler insistem em desmentir que nosso país é cheio de ‘bra-
a uma frase. Ex.: Tchau! sis’ – digamos assim –, ganha disparando dos outros,
As interjeições, como mencionamos, indicam rela- pois houve influências de todos os povos aqui: euro-
ções de sentido diversas; a seguir, apresentamos um peus, asiáticos e africanos.”
quadro com os sentimentos e sensações mais expres- Esse período, apesar de extenso, constitui-se de
sos pelo uso de interjeições: um sujeito simples “o Brasil”, portanto o verbo cor-
respondente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar no
singular.
VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO Destrinchando o período, temos que os termos
essenciais da oração (sujeito e predicado) são apenas
Advertência Cuidado! Devagar! Calma!
“[...] o Brasil [...]” – sujeito – e “[...] ganha [...]” – predi-
Alívio Arre! Ufa! Ah! cado verbal.
Veja um caso de uso de verbo bitransitivo:
Alegria/satisfação Eba! Oba! Viva! Ex.: Prefiro natação a futebol.
Verbo bitransitivo: Prefiro
Desejo Oh! Tomara! Oxalá!
Objeto direto: natação
LÍNGUA PORTUGUESA

Repulsa Irra! Fora! Abaixo! Objeto indireto: a futebol


Popularmente, usa-se “do que” no lugar de “a”,
Dor/tristeza Ai! Ui! Que pena! o que tornaria a oração da seguinte forma: “Prefiro
natação do que futebol”. Porém, segundo a norma-pa-
Espanto Oh! Ah! Opa! Putz!
drão, a forma correta é como consta no exemplo.
Saudação Salve! Viva! Adeus! Tchau!
Concordância Verbal com o Sujeito Simples
Medo Credo! Cruzes! Uh! Oh!
Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do
É salutar lembrar que o sentido exato de cada sujeito.
interjeição só poderá ser apreendido diante do con- Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário
texto; por isso, em questões que abordem essa classe exorbitante. 47
Diferentes situações: Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é
viver bem.
z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem.
sentido coletivo, o verbo fica no singular. Ex.: A Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem.
multidão gritou entusiasmada. Os 30% da população não sabem o que é viver mal.
z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o ver-
bo posterior ao pronome relativo concorda com o
antecedente do relativo. Ex.: Quais os limites do
EXERCÍCIO COMENTADO
Brasil que se situam mais próximos do Meridiano?
1. (FGV – 2008) “... mostram que um terço dos pagamen-
z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o tos realizados por intermédio de instituições financei-
verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos nós ras foi tributado apenas por aquela contribuição...”
quem resolveu a questão. Assinale a alternativa em que, ao se alterar o termo
“um terço”, não se tenha mantido a concordância em
Por questão de ênfase, o verbo pode também con- conformidade com a norma culta. Desconsidere a
cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos possibilidade de concordância atrativa.
nós quem resolvemos a questão.
a) mostram que 0,27% dos pagamentos realizados por
z Quando o sujeito é um pronome interrogativo, intermédio de instituições financeiras foi tributado
demonstrativo ou indefinido no plural + de nós / apenas por aquela contribuição.
de vós, o verbo pode concordar com o pronome no b) mostram que menos de 2% dos pagamentos realiza-
plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resol- dos por intermédio de instituições financeiras foram
viam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos tributados apenas por aquela contribuição.
essa questão. c) mostram que grande parte dos pagamentos realiza-
dos por intermédio de instituições financeiras foi tribu-
z Quando o sujeito é formado por palavras plurali-
tado apenas por aquela contribuição.
zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias,
d) mostram que três quartos dos pagamentos realizados
Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou-
por intermédio de instituições financeiras foram tribu-
ver artigo definido antes de uma palavra plura-
tados apenas por aquela contribuição.
lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse
e) mostram que 1,6 milhão dos pagamentos realizados
artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados
por intermédio de instituições financeiras foi tributado
Unidos continuam uma potência.
Estados Unidos continua uma potência. apenas por aquela contribuição.
Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida-
de de Santos fica em São Paulo.”) Em “grande parte dos pagamentos realizados...
foi tributado”, não houve concordância adequada,
deveria ser “foi tributada”, para concordar com o
Importante! núcleo do sujeito, “parte”. Resposta: Letra C.

Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o � Os verbos bater, dar e soar concordam com o
verbo fica no singular ou no plural. número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a
Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões. palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não
chegou. (Duas horas deram...)
Bateu o sino duas vezes. (O sino bateu)
z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais Soaram dez badaladas no relógio da sala. (Dez
de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de, badaladas soaram)
obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.: Soou dez badaladas o relógio da escola. (O relógio
Mais de um aluno compareceu à aula. da escola soou dez badaladas)
Mais de cinco alunos compareceram à aula.
z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o
A expressão mais de um tem particularidades: verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven-
se a frase indica reciprocidade (pronome reflexivo dem-se casas de veraneio aqui.
recíproco se), se houver coletivo especificado ou se Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão
a expressão vier repetida, o verbo fica no plural. Ex.: interessada.
Mais de um irmão se abraçaram.
z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa
Mais de um grupo de crianças veio/vieram à festa.
Majestade está preocupada?
Mais de um aluno, mais de um professor esta-
Suas Excelências precisam de algo?
vam presentes.
z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou
z Quando o sujeito é formado po um número per- exclamativas. Ex.: Vivam os campeões!
centual ou fracionário, o verbo concorda com o
numerado ou com o número inteiro, mas pode Concordância Verbal com o Sujeito Composto
concordar com o especificador dele. Se o numeral
vier precedido de um determinante, o verbo con- � Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama-
cordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas 1/3 ticais diferentes
48 das pessoas do mundo sabe o que é viver bem. Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos.
� Núcleos do sujeito ligados pela preposição com � Em indicações de horas, datas, tempo, distância
Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che- (predicativo), o verbo concorda com o predicativo
garam ontem. Ex.: São nove horas.
É frio aqui.
� Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas?
ou nenhum
Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man- � O verbo fica no singular quando precede termos
ter o espírito esportivo. como muito, pouco, nada, tudo, bastante, mais,
menos etc. junto a especificações de preço, peso,
� Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no quantidade, distância, e também quando seguido
singular do pronome o
Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju- Ex.: Cem metros é muito para uma criança.
davam. (preferencialmente no singular) Divertimentos é o que não lhe falta.
� Gradação entre os núcleos do sujeito Dez reais é nada diante do que foi gasto.
Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para � Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora-
me acalmar. (preferencialmente no singular) ção não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser
� Núcleos do sujeito no infinitivo ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o
verbo concordará com o termo não preposiciona-
Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde.
do entre eles.
� Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu- Ex.: Eles é que sempre chegam cedo.
mitivo (nada, tudo, ninguém) São eles que sempre chegam cedo.
Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu. É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (cons-
trução adequada)
� Sujeito constituído pelas expressões um e outro,
São nessas horas que a gente precisa de ajuda.
nem um nem outro
(construção inadequada)
Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui.
� Núcleos do sujeito ligados por nem... nem CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL
Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão meu
foco nos estudos. Concordância do Infinitivo

� Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras z Exemplos com verbos no infinitivo pessoal:
como, menos, inclusive, exceto ou as expressões Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei-
bem como, assim como, tanto quanto to esclarecido)
Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito
final. implícito “nós”)
z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site.
aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim (dois pronomes implícitos: eu, nós)
como; não só... mas também etc.) Até me encontrarem, vocês terão de procurar
Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua muito. (preposição no início da oração)
popularidade em alta. Para nós nos precavermos, precisaremos de luz.
(verbos pronominais)
z Quando dois ou mais adjuntos modificam um úni- Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser
co núcleo, o verbo fica no singular concordando indicando tempo)
com o núcleo único. Mas, se houver determinante Estudo para me considerarem capaz de aprova-
após a conjunção, o verbo fica no plural, pois aí o ção. (pretensão de indeterminar o sujeito)
sujeito passa a ser composto. Para vocês terem adquirido esse conhecimento,
Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis foi muito tempo de estudo. (infinitivo pessoal com-
aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos posto: locução verbal de verbo auxiliar + verbo no
combustíveis aumentaram. particípio)
z Exemplos com verbos no infinitivo impessoal:
Concordância Verbal do Verbo Ser Devo continuar trabalhando nesse projeto. (locu-
ção verbal)
� Concorda com o sujeito Deixei-os brincar aqui. (pronome oblíquo átono
Ex.: Nós somos unha e carne. sendo sujeito do infinitivo)
LÍNGUA PORTUGUESA

� Concorda com o sujeito (pessoa)


Ex.: Os meninos foram ao supermercado. Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo
no plural, usa-se tanto o infinitivo pessoal quanto o
� Em predicados nominais, quando o sujeito for impessoal. “Mandei os garotos sair/saírem”.
representado por um dos pronomes tudo, nada,
isto, isso, aquilo ou “coisas”, o verbo ser concor- Navegar é preciso, viver não é preciso. (infinitivo
dará com o predicativo (preferencialmente) ou com valor genérico)
com o sujeito São casos difíceis de solucionar. (infinitivo prece-
Ex.: No início, tudo é/são flores. dido de preposição de ou para)
Soldados, recuar! (infinitivo com valor de imperativo)
� Concorda com o predicativo quando o sujeito for
que ou quem � Concordância do verbo parecer
Ex.: Quem foram os classificados? Flexiona-se ou não o infinitivo. 49
Pareceu-me estarem os candidatos confiantes. (o z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura
equivalente a “Pareceu-me que os candidatos esta- brasileira.
vam confiantes”, portanto o infinitivo é flexionado z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a
de acordo com o sujeito, no plural) ciência. (1,5% corresponde ao singular)
Eles parecem estudar bastante. (locução verbal,
z Chegaram/Chegou João e Maria.
logo o infinitivo será impessoal)
z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram
� Concordância dos verbos impessoais aqui.
São os casos de oração sem sujeito. O verbo fica
z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política
sempre na 3ª pessoa do singular. brasileira.
Ex.: Havia sérios problemas na cidade.
Fazia quinze anos que ele havia se formado. z O problema do sistema é/são os impostos.
Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo z Hoje é/são 22 de agosto.
auxiliar fica no singular) z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos
Trata-se de problemas psicológicos. a aprovação.
Geou muitas horas no sul. z Deixei os rapazes falar/falarem tudo.
� Concordância com sujeito oracional
Quando o sujeito é uma oração subordinada, o Silepse de Número e de Pessoa
verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do
singular. Conhecida também como “concordância irregular,
Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos. ideológica ou figurada”. Vejamos os casos:
Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados.
Ficou combinado que sairíamos à tarde. z Silepse de número: usa-se um termo discordando
Urge que você estude. do número da palavra referente, para concordar
Era preciso encontrar a verdade com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem
vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali-
Casos mais frequentes em provas dade: todas as flores)
z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do
Veja agora uma lista com os casos mais abordados processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa do plu-
em concursos: ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de
diversas etnias, somos multiculturais.
� Sujeito posposto distanciado
Ex.: Viviam o meio de uma grande floresta tropical Concordância Nominal
brasileira seres estranhos.
� Verbos impessoais (haver e fazer) Define-se como a adaptação em gênero e número
Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte. que ocorre entre o substantivo (ou equivalente, como
Havia problemas no setor. o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes,
Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir adjetivos, numerais).
vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável) O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em
gênero e número com o nome a que se referem.
� Verbo na voz passiva sintética Ex.: Parede alta. / Paredes altas.
Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta. Muro alto. / Muros altos.
� Verbo concordando com o antecedente correto
Casos com adjetivos
do pronome relativo ao qual se liga
Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que
tinham experiência. z Com função de adjunto adnominal: quando o
adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti-
� Sujeito coletivo com especificador plural ver após os substantivos, poderá concordar com
Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram. as somas desses ou com o elemento mais próximo.
Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. /
� Sujeito oracional
Encontrei colégios e faculdades ótimos.
Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no
singular)
Há casos em que o adjetivo concordará apenas
� Núcleo do sujeito no singular seguido de adjun- com o nome mais próximo, quando a qualidade per-
to ou complemento no plural tencer somente a este.
Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira.
atrito. (verbo no singular) Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho

Casos Facultativos Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno-


minal e estiver antes dos substantivos, poderá con-
z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.:
estádio. Existem complicadas regras e conceitos.
Quando houver apenas um substantivo qualifica-
z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/
do por dois ou mais adjetivos pode-se:
fizeram rir.
Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad-
z Fui eu quem faltou/faltei à aula. jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa,
50 z Quais de vós me ajudarão/ajudareis? francesa e alemã.
Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora).
os adjetivos (também no singular), antepor um artigo
� Grama
a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a
Quando significar “vegetação”, é feminino; quan-
língua inglesa, a francesa e a alemã.
do significar unidade de medida, é masculino.
z Com função de predicativo do sujeito Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha.
“A grama do vizinho sempre é mais verde.”
Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará � É proibido entrada / É proibida a entrada
com a soma dos elementos. Se o sujeito vier determinado, a concordância do
Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados. verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou
Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su- seja, tanto o verbo quanto o predicativo concorda-
jeito acompanhará a concordância do verbo, que por rão com o determinante.
sua vez concordará tanto com a soma dos elementos Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta cami-
quanto com o nome mais próximo. nhada está boa.
Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta-
É proibido entrada de crianças. / É proibida a
vam abandonados a casa e o quintal.
entrada de crianças.
Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun-
Pimenta é bom? / A pimenta é boa?
to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os
substantivos por um pronome: � Menos / pseudo
Ex.: Existem conceitos e regras complicados. São invariáveis.
(substitui-se por “eles”) Ex.: Havia menos violência antigamente.
Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen-
existem complicados”. to é pseudo-objetivo.
Como o adjetivo desapareceu com a substituição,
então é um adjunto adnominal. � Muito / bastante
Quando modificam o substantivo: concordam com
z Com função de predicativo do objeto ele.
Quando modificam o verbo: invariáveis.
Recomenda-se concordar com a soma dos substan- Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito
tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor- irritados.
dância com o termo mais próximo. Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas-
Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados. tante irritados.
Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e Se ambos os termos puderem ser substituídos por
seus subordinados. “vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substi-
tuídos por “bem”, ficarão invariáveis.
Algumas convenções
� Tal qual
� Obrigado / próprio / mesmo Tal concorda com o substantivo anterior; qual,
Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”. com o substantivo posterior.
A própria enfermeira virá para o debate. Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os
Elas mesmas conversaram conosco. pais.
Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais
quais os pais.
Dica
Silepse (também chamada concordância figurada)
O termo mesmo no sentido de “realmente” será É a que se opera não com o termo expresso, mas o
invariável. que está subentendido.
Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação. Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é
linda!)
z Só / sós Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos
Variáveis quando significarem “sozinho” / “sozinhos”. com o estabelecimento aberto no final de semana.)
Invariáveis quando significarem “apenas, somente”. Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasi-
Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas leiros, estamos esperançosos.)
apenas queriam ficar sozinhas.)
A locução “a sós” é invariável. � Possível
Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de Concordará com o artigo, em gênero e número, em
LÍNGUA PORTUGUESA

ficar a sós. frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”.


Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. / Conhe-
� Quite / anexo / incluso ci crianças as mais belas possíveis.
Concordam com os elementos a que se referem.
Ex.: Estamos quites com o banco.
Seguem anexas as certidões negativas.
Inclusos, enviamos os documentos solicitados. EXERCÍCIOS COMENTADOS
� Meio
Quando significar “metade”: concordará com o 1. (FAFIPA – 2020) Para que haja concordância, todos os
elemento referente. elementos que compõem a oração precisam estar em
Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa. harmonia. A partir disso, assinale a alternativa em que
Quando significar “um pouco”: será invariável. NÃO há erro de concordância nominal: 51
a) Sempre educada e prestativa, a menina olhou para Adjetivos
todos os convidados e disse: “Muito obrigado!”
b) As taxas inclusa no pacote de viagem são muito altas. Quando houver adjetivo composto, apenas o últi-
c) Os diretores mesmo realizaram a campanha na escola. mo elemento concordará com o substantivo referente.
d) Bebi meia garrafa de vinho e fiquei meia tonta. Os demais ficarão na forma masculina singular.
e) Gosto muito de ler Clarice Lispector. Na biblioteca há Se um dos elementos for originalmente um subs-
bastantes livros de sua autoria. tantivo, todo o adjetivo composto ficará invariável.
Ex.: Violetas azul-claras com folhas verde-musgo.
Na alternativa A, a frase enunciada pela menina No termo “azul-claras”, apenas “claras” segue o
deveria flexionar no feminino o adjetivo “obrigada”, plural, pois ambos são adjetivos.
portanto está incorreta. Na alternativa B, o adjeti- No termo “verde-musgo”, “musgo” permanece no
vo “inclusa” deve concordar em gênero e número, singular, assim como “verde”, por ser substantivo.
havendo a necessidade do plural, o mesmo ocorre
Nesse caso, o termo composto não concorda com o
em C, portanto mais duas alternativas incorretas.
plural do substantivo referente, “folhas”.
Na alternativa D a palavra “meia” é um advérbio,
Ex.: Calças rosa-claro e camisas verde-mar.
pois modifica o adjetivo tonta, sendo, portanto,
O termo “claro” fica invariável porque “rosa” tam-
invariável, acarretando o erro dessa alternativa. Já
bém pode ser um substantivo.
na alternativa E termos “bastantes” corretamente
empregado, pois assume valor de “muitos”. Respos- O termo “mar” fica invariável por seguir a mesma
ta: Letra E. lógica de “musgo” do exemplo anterior.

2. (TJ-SC – 2010) Assinale a frase correta em termos de Dica


concordância nominal:
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual-
quer adjetivo composto iniciado por “cor-de” são
a) Por essa razão se faz necessária a agilização de pro-
cedimentos como a apuração da base de cálculos. sempre invariáveis.
b) Julgo procedente em parte os pedidos promovidos O adjetivo composto pele-vermelha tem os dois ele-
por Maria e José. mentos flexionados no plural (peles-vermelhas).
c) As duplicatas apenso não foram resgatadas.
d) O veículo estará à sua disposição no local e hora Lista de Flexão dos dois elementos
aprazado.
e) Embora meia tonta, a moça conseguiu dizer “muito � Nos substantivos compostos formados por pala-
obrigado”. vras variáveis, especialmente substantivos e
adjetivos:
O trecho “[...] se faz necessária a agilização” está segunda-feira – segundas-feiras;
correto porque o termo “necessária” concorda com matéria-prima – matérias-primas;
o artigo definido feminino singular “a”. Resposta: couve-flor – couves-flores;
Letra A. guarda-noturno – guardas-noturnos;
primeira-dama – primeiras-damas.
3. (TJ-SC – 2010) “Ao meio-dia e ____ , encontrando a
porta da lancheria _____ aberta, Joana entrou e pediu � Nos substantivos compostos formados por
____ grama de sal e _____ porção de sanduíche.” O tex- temas verbais repetidos:
to fica gramaticalmente correto com a inserção de: corre-corre – corres-corres;
pisca-pisca – piscas-piscas;
a) meia – meio – meia – meia pula-pula – pulas-pulas.
b) meio – meia – meio – meia Nestes substantivos também é possível a flexão
c) meia – meia – meia – meia apenas do segundo elemento: corre-corres, pisca-
d) meia – meio – meio – meia -piscas, pula-pulas.
e) meio – meio – meio – meio
Flexão apenas do primeiro elemento
Ao meio-dia e [meia hora], [...] a porta da lancheria
[meio = um pouco] aberta, [...] pediu [meio = meta- z Nos substantivos compostos formados por subs-
de do termo masculino grama] grama de sal e meia tantivo + substantivo em que o segundo termo
porção [...]. Resposta: Letra D. limita o sentido do primeiro termo:
decreto-lei – decretos-lei;
PLURAL DE COMPOSTOS cidade-satélite – cidades-satélite;
público-alvo – públicos-alvo;
Substantivos elemento-chave – elementos-chave.
Nestes substantivos também é possível a flexão
O adjetivo concorda com o substantivo referen- dos dois elementos: decretos-leis, cidades-satélites,
te em gênero e número. Se o termo que funciona públicos-alvos, elementos-chaves.
como adjetivo for originalmente um substantivo fica
invariável. z Nos substantivos compostos preposicionados:
Ex.: Rosas vermelhas e jasmins pérola. (pérola cana-de-açúcar – canas-de-açúcar;
também é um substantivo; mantém-se no singular) pôr do sol – pores do sol;
Ternos cinza e camisas amarelas. (cinza também é fim de semana – fins de semana;
52 um substantivo; mantém-se no singular) pé de moleque – pés de moleque.
Flexão apenas do segundo elemento Há verbos que admitem mais de uma regência
sem que o sentido seja alterado.
� Nos substantivos compostos formados por tema
verbal ou palavra invariável + substantivo ou Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos.
adjetivo: V. T. D: esquecia
bate-papo – bate-papos; Objeto direto: os favores recebidos.
quebra-cabeça – quebra-cabeças; Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos.
arranha-céu – arranha-céus; V. T. I.: se esquecia
ex-namorado – ex-namorados; Objeto indireto: dos favores recebidos.
vice-presidente – vice-presidentes.
� Nos substantivos compostos em que há repeti- No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos
ção do primeiro elemento: que, mudando-se a regência, mudam de sentido,
zum-zum – zum-zuns; alterando seu significado.
tico-tico – tico-ticos;
lufa-lufa – lufa-lufas; Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos.
(aspiramos = sorvemos)
reco-reco – reco-recos.
V. T. D.: aspiramos
� Nos substantivos compostos grafados ligada- Objeto direto: ar poluídos.
mente, sem hífen: Os funcionários aspiram a um mês de férias.
girassol – girassóis; (aspiram = almejam)
pontapé – pontapés; V. T. I.: aspiram
mandachuva – mandachuvas; Objeto indireto: a um mês de férias
fidalgo – fidalgos.
A seguir, uma lista dos principais verbos que
� Nos substantivos compostos formados com
geram dúvidas quanto à regência:
grão, grã e bel:
grão-duque – grão-duques;
� Abraçar: transitivo direto
grã-fino – grã-finos;
Ex.: Abraçou a namorada com ternura.
bel-prazer – bel-prazeres.
O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço
Não flexão dos elementos
� Agradar: transitivo direto; transitivo indireto
� Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elementos Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire-
formadores, que se mantêm invariáveis. Isso ocor- to com sentido de “acariciar”)
re em frases substantivadas e em substantivos A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto
compostos por um tema verbal e uma palavra no sentido de “ser agradável a”)
invariável ou outro tema verbal oposto:
o disse me disse – os disse me disse; � Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto;
o leva e traz – os leva e traz; transitivo direto e indireto
o cola-tudo – os cola-tudo. Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não
personificado)
Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto
personificado)
Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi-
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL reto: refere-se a coisas e pessoas)

Regência é a maneira como o nome ou o verbo se � Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto
relacionam com seus complementos, com ou sem pre- Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da
posição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou preposição a, rege indiferentemente objeto direto
advérbio) exige complemento preposicionado, esse e objeto indireto.
nome é um termo regente, e seu complemento é um Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto)
termo regido, pois há uma relação de dependência Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo
entre o nome e seu complemento. indireto)
O nome exige um complemento nominal sempre ini- Se o infinitivo preposicionado for intransitivo,
ciado por preposição, exceto se o complemento vier em rege apenas objeto direto:
forma de pronome oblíquo átono. Ajudaram o ladrão a fugir.
Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto
LÍNGUA PORTUGUESA

foram leais. direto:


Observação: Complemento de “lhe”: predicativo do sujei- Ajudei-o muito à noite.
to (desprovido de preposição)
Pronome oblíquo átono: lhe � Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto
Foram leais: complemento de “lhe”, predicativo do Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (tran-
sujeito (desprovido de preposição). sitivo direto com sentido de “angustiar”)
Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com
sentido de “desejar muito” – não admite “lhe”
Regência Verbal
como complemento)
Relação de dependência entre um verbo e seu � Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto
complemento. As relações podem ser diretas ou indi- Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transiti-
retas, isto é, com ou sem preposição. vo direto com sentido de “respirar”) 53
Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo
indireto no sentido de “desejar”) indireto com sentido de “desejar muito”)
“Namorou-se dela extremamente.” (A. Gar-
� Assistir: transitivo direto; transitivo indireto
ret) (transitivo direto e indireto com sentido de
Ex.: - Transitivo direto ou indireto no sentido de
“encantar-se”)
“prestar assistência”
O médico assistia os acidentados. � Obedecer/desobedecer: transitivos indiretos
O médico assistia aos acidentados. Ex.: Obedeçam à sinalização de trânsito.
- Transitivo direto no sentido de “ver, presenciar” Não desobedeçam à sinalização de trânsito.
Não assisti ao final da série.
� Pagar: transitivo direto; transitivo indireto; transi-
O verbo assistir não pode ser empregado no particípio. tivo direto e indireto
É incorreta a forma “O jogo foi assistido por milha- Ex.: Você já pagou a conta de luz? (transitivo direto)
res de pessoas.” Você pagou ao dono do armazém? (transitivo
indireto)
� Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo Vou pagar o aluguel ao dono da pensão. (transitivo
direto e indireto direto e indireto)
Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo) � Perdoar: transitivo direto; transitivo indireto;
A jovem não queria casar com ninguém. (transiti- transitivo direto e indireto
vo indireto) Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto)
O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo dire- A mãe perdoou à filha. (transitivo indireto)
to e indireto) Ela perdoou os erros ao filho. (transitivo direto e
� Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de indireto)
predicativo do objeto � Suceder: intransitivo; transitivo direto
Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo dire- Ex.: O caso sucedeu rapidamente. (intransitivo no
to com sentido de “convocar”) sentido de “ocorrer”)
Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de pre- A noite sucede ao dia. (transitivo direto no sentido
dicativo do objeto com sentido de “denominar, de “vir depois”)
qualificar”)
� Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indi- Regência Nominal
reto; intransitivo
Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advér-
indireto com sentido de “ser difícil”) bios) exigem complementos preposicionados, exceto
A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti- quando vêm em forma de pronome oblíquo átono.
vo direto e indireto: sentido de “acarretar”)
Este vinho custou trinta reais. (intransitivo) Advérbios Terminados em “mente”
� Esquecer: admite três possibilidades
Os advérbios derivados de adjetivos seguem a
Ex.: Esqueci os acontecimentos.
regência dos adjetivos:
Esqueci-me dos acontecimentos.
Esqueceram-me os acontecimentos.
análoga / analogicamente a
� Implicar: transitivo direto; transitivo indireto; contrária / contrariamente a
transitivo direto e indireto compatível / compativelmente com
Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria. diferente / diferentemente de
(transitivo direto com sentido de “acarretar”) favorável / favoravelmente a
Mamãe sempre implicou com meus hábitos. paralela / paralelamente a
(transitivo indireto com sentido de “mostrar má próxima / proximamente a/de
disposição”) relativa / relativamente a
Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo
direto e indireto com sentido de envolver-se”) Preposições Prefixos Verbais
� Informar: transitivo direto e indireto
Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à Alguns nomes regem preposições semelhantes a
coisa: objeto indireto, com as preposições de ou seus “prefixos”:
sobre
Informaram o réu de sua condenação. dependente, dependência de
Informaram o réu sobre sua condenação. inclusão, inserção em
Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi- inerente em/a
sa: objeto indireto, com a preposição a descrente de/em
Informaram a condenação ao réu. desiludido de/com
desesperançado de
� Interessar-se: verbo pronominal transitivo indi-
desapego de/a
reto, com as preposições em e por
convívio com
Ex.: Ela interessou-se por minha companhia.
convivência com
� Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transi- demissão, demitido de
tivo direto e indireto encerrado em
Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intran- enfiado em
54 sitivo com sentido de “cortejar”) imersão, imergido, imerso em
instalação, instalado em Ex.: Entregue o relatório à diretoria.
interessado, interesse em Refiro-me àquele vestido que está na vitrine.
intercalação, intercalado entre
supremacia sobre Regra geral: haverá crase sempre que o termo
antecedente exija a preposição a e o termo conse-
quente aceite o artigo a.
EXERCÍCIOS COMENTADOS Ex.: Fui à cidade (a + a = preposição + artigo)
Conheço a cidade (verbo transitivo direto: não exi-
1. (CEPERJ – 2013) “...não passa de uma manifestação ge preposição).
de racismo, do qual, aliás, o brasileiro gosta de decla- Vou a Brasília (verbo que exige preposição a +
rar-se isento”. Nessa oração, o emprego da forma “do palavra que não aceita artigo).
qual” está ligado à presença do termo “isento”, que Essas dicas são facilitadoras quanto à orientação
solicita a presença da preposição de. A frase criada no uso da crase, mas existem especificidades que aju-
apresenta desvio da norma culta nesse mesmo tipo de dam no momento de identificação:
estrutura em:
Casos Convencionados
a) Os assaltos dos quais falam são cotidianos na cidade
de São Paulo. z Locuções adverbiais formadas por palavras
b) Os crimes contra os quais lutam os policiais oferecem femininas:
perigo à sociedade. Ex.: Ela foi às pressas para o camarim.
c) A pesquisa da qual foram submetidos revelou infor- Entregou o dinheiro às ocultas para o ministro.
mações novas.
Espero vocês à noite na estação de metrô.
d) As objeções contra as quais se levantaram não tinham
Estou à beira-mar desde cedo.
qualquer fundamento.
e) As leis às quais se referem foram julgadas pela
z Locuções prepositivas formadas por palavras
pesquisa.
femininas:
Ex.: Ficaram à frente do projeto.
O correto é “A pesquisa à qual foram submetidos”,
para respeitar a regência do nome “submetidos”. Faz- z Locuções conjuntivas formadas por palavras
-se a pergunta: “Submetidos a quem ou a quê?”. Res- femininas:
posta: Letra C. Ex.: À medida que o prédio é erguido, os gastos vão
aumentando.
2. (TJ-SC – 201) Analise as proposições sob o aspecto
da regência verbal: � Quando indicar marcação de horário, no plural
Ex.: Pegaremos o ônibus às oito horas.
I. Comunique aos candidatos de que as provas serão Fique atento ao seguinte: entre números teremos
realizadas em outro local. que de = a / da = à, portanto:
II. Fundação, pilares, lajes, vigas, caixas-d’água, escadas em Ex.: De 7 as 16 h. De quinta a sexta. (sem crase)
concreto armado devem obedecer às normas da ABNT. Das 7 às 16 h. Da quinta à sexta. (com crase)
III. Essa mudança de percepção dos riscos ambientais � Com os pronomes relativos aquele, aquela ou
implica maior influência da participação popular nos aquilo:
projetos industriais. Ex.: A lembrança de boas-vindas foi reservada
IV. Esperamos que cheguem logo a nossas mãos os àquele outono.
documentos visando a instruir o processo. Por favor, entregue as flores àquela moça que está
sentada.
a) Estão corretas somente as proposições II, III e IV. Dedique-se àquilo que lhe faz bem.
b) Estão corretas somente as proposições I, II e III.
c) Estão corretas somente as proposições I, III e IV. � Com o pronome demonstrativo a antes de que ou
d) Estão corretas somente as proposições I, II e IV. de:
e) Todas as proposições estão corretas. Ex.: Referimo-nos à que está de preto.
Referimo-nos à de preto.
A forma correta de I seria: “Comunique aos candida- � Com o pronome relativo a qual, as quais:
tos que as provas serão realizadas em outro local”. Ex.: A secretária à qual entreguei o ofício acabou
O verbo “comunicar” é transitivo direto e indireto, de sair.
e, no contexto, o objeto direto é a oração subordina-
As alunas às quais atribuí tais atividades estão de
LÍNGUA PORTUGUESA

da substantiva “que as provas serão realizadas em


férias.
outro local”. Resposta: Letra A.
Casos Proibitivos

CRASE Em resumo, seguem-se as dicas abaixo para melhor


orientação de quando não usar a crase.
Outro assunto que causa grande dúvida é o uso da
crase, fenômeno gramatical que corresponde à junção � Antes de nomes masculinos
da preposição a + artigo feminino definido a, ou da Ex.: “O mundo intelectual deleita a poucos, o mate-
junção da preposição a + os pronomes relativos aque- rial agrada a todos.” (MM)
le, aquela ou aquilo. Representa-se graficamente pela O carro é movido a álcool.
marcação (`) + (a) = (à). Venda a prazo. 55
� Antes de palavras femininas que não aceitam � Antes de pronomes possessivos no singular
artigos Ex.: Iremos a/à sua residência.
Ex.: Iremos a Portugal.
� Após preposição até, com ideia de limite
Ex.: Dirija-se até a/à portaria.
Macete de crase:
“Ouvindo isto, o desembargador comoveu-se até
Se vou a; Volto da = Crase há!
às (ou “as”) lágrimas, e disse com mui estranho
Se vou a; Volto de = Crase pra quê?
afeto.” (CBr. 1, 67)
Ex.: Vou à escola / Volto da escola.
Vou a Fortaleza / Volto de Fortaleza.
Casos Especiais
� Antes de forma verbal infinitiva
Veremos a seguir alguns casos que fogem à regra.
Ex.: Os produtos começaram a chegar.
Quando se relacionar a instrumentos cujos nomes
“Os homens, dizendo em certos casos que vão falar
forem femininos, normalmente a crase não será utili-
com franqueza, parecem dar a entender que o
zada. Porém, em alguns casos, utiliza-se a crase para
fazem por exceção de regra.” (MM)
evitar ambiguidades.
� Antes de expressão de tratamento Ex.: Matar a fome. (Quando “fome” for objeto direto)
Ex.: O requerimento foi direcionado a Vossa Matar à fome. (Quando “fome” for advérbio de
Excelência. instrumento)
Fechar a chave. (Quando “chave” for objeto direto)
� No a (singular) antes de palavra no plural, quando
Fechar à chave. (Quando “chave” for advérbio de
a regência do verbo exigir preposição
instrumento)
Ex.: Durante o filme assistimos a cenas chocantes.
� Antes dos pronomes relativos quem e cuja Quando Usar ou Não a Crase em Sentenças com
Ex.: Por favor, chame a pessoa a quem entregamos Nomes de Lugares
o pacote.
Falo de alguém a cuja filha foi entregue o prêmio. z Regidos por preposições de, em, por: não se usa crase
Ex.: Fui a Copacabana. (Venho de Copacabana,
� Antes de pronomes indefinidos alguma, nenhu- moro em Copacabana, passo por Copacabana)
ma, tanta, certa, qualquer, toda, tamanha
� Regidos por preposições da, na, pela: usa-se crase
Ex.: Direcione o assunto a alguma cláusula do
Ex.: Fui à Bahia. (Venho da Bahia, moro na Bahia,
contrato.
passo pela Bahia)
Não disponibilizaremos verbas a nenhuma ação
suspeita de fraude.
Macetes
Eles estavam conservando a certa altura.
Faremos a obra a qualquer custo.
A campanha será disponibilizada a toda a comunidade. z Haverá crase quando o “à” puder ser substituído
por ao, da na, pela, para a, sob a, sobre a, contra
� Antes de demonstrativos a, com a, à moda de, durante a;
Ex.: Não te dirijas a essa pessoa z Quando o de ocorre paralelo ao a, não há crase.
Quando o da ocorre paralelo ao à, há crase;
� Antes de nomes próprios, mesmo femininos, de
z Na indicação de horas, quando o “à uma” puder
personalidades históricas
ser substituído por às duas, há crase. Quando o a
Ex.: O documentário referia-se a Janis Joplin.
uma equivaler a a duas, não ocorre crase;
� Antes dos pronomes pessoais retos e oblíquos z Usa-se a crase no “a” de àquele(s), àquela(s) e àqui-
Ex.: Por favor, entregue as frutas a ela. lo quando tais pronomes puderem ser substituídos
O pacote foi entregue a ti ontem. por a este, a esta e a isto;
z Usa-se crase antes de casa, distância, terra e
� Nas expressões tautológicas (face a face, lado a
nomes de cidades quando esses termos estiverem
lado)
acompanhados de determinantes. Ex.: Estou à dis-
Ex.: Pai e filho ficaram frente a frente no tribunal
tância de 200 metros do pico da montanha.
de justiça.
� Antes das palavras casa, Terra ou terra, distância A compreensão da crase vai muito além da estética
sem determinante gramatical, pois serve também para evitar ambigui-
Ex.: Precisa chegar a casa antes das 22h. dades comuns, como o caso seguinte: Lavando a mão.
Astronauta volta a Terra em dois meses. Nessa ocasião, usa-se a forma “Lavando a mão”,
Os pesquisadores chegaram a terra depois da pois “a mão” é o objeto direto, e, portanto, não exi-
expedição marinha. ge preposição. Usa-se a forma “à mão” em situações
Vocês o observaram a distância. como “Pintura feita à mão”, já que “à mão” seria o
advérbio de instrumento da ação de pintar.
Crase Facultativa

Nestes casos, podemos escrever as palavras das


duas formas: utilizando ou não a crase. Para entender EXERCÍCIO COMENTADO
detalhadamente, observe as seguintes dicas:
1. (TJ-SC – 2010) Quanto ao uso da crase:
� Antes de nomes de mulheres comuns ou com quem
se tem proximidade I. O anúncio foi feito por meio da rede de miniblogs Twirter,
56 Ex.: Ele fez homenagem a/à Bárbara. à qual ele aderiu duas semanas atrás.
II. Estou esperando por você desde às 8 horas da manhã. Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar.
III. Alguns investigadores preferiram seguir a pista do Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço
dinheiro à da honra. em casa.
IV. Cabe a cada um decidir o rumo que dará à sua vida. Ontem choveu o esperado para o mês todo. /
Ontem, choveu o esperado para o mês todo.
a) Somente as proposições II e IV estão corretas. Ela acordou muito cedo. Por isso ficou com sono
b) Estão corretas somente as proposições I, III e IV. durante a aula. / Ela acordou muito cedo. Por isso,
c) Estão corretas somente as proposições II, III e IV. ficou com sono durante a aula.
d) Estão corretas somente as proposições I, II e III. Irei à praia amanhã se não chover. / Irei à praia
e) Todas as proposições estão corretas. amanhã, se não chover.

Justificativa do erro no item II: a palavra “desde” Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações
é uma preposição que “designa o ponto de partida
de um movimento ou extensão (no espaço, no tem-
� Entre o sujeito e o verbo
po ou numa série), para assinalar especialmente a
Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende-
distância” (ROCHA LIMA, 1997). Portanto, a forma
ram a explicação. (errado)
correta é “desde as 8h”.As outras alternativas estão
Muitas coisas que quebraram meu coração, con-
corretas: na I, cabe crase antes do pronome relativo;
sertaram minha visão. (errado)
na III, há paralelismo – no primeiro termo, “a pista”
tem artigo, no segundo, deverá ter também, além da � Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre-
preposição a, originando a crase. Resposta: Letra B. dicativo do sujeito:
Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica-
ção. (errado)
Os alunos precisam de, que os professores os aju-
PONTUAÇÃO dem. (errado)
Os alunos entenderam, toda aquela explicação.
Outro tópico que gera dúvidas é a pontuação. Vere- (errado)
mos a seguir as regras sobre seus usos. � Entre um substantivo e seu complemento nominal
ou adjunto adnominal.
Uso de Vírgula Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida
pelos alunos. (errado)
A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três
funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da � Entre locução verbal de voz passiva e agente da
voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e passiva:
orações; e esclarecer o significado da frase, afastando Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele
qualquer ambiguidade. professor para a feira. (errado)
Quando se trata de separar termos de uma mesma � Entre o objeto e o predicativo do objeto:
oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos: Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado)
Considero interessantes, as suas aulas. (errado)
� Para separar os termos de mesma função
Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta.

z Usa-se a vírgula para separar os elementos de EXERCÍCIO COMENTADO


enumeração.
Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi 1. (TJ-SC – 2011) Indique o período que não apresenta
arrastado pelo tsunami. erro de pontuação:

� Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que a) Morte de florestas; chuvas ácidas, e animais marinhos
já apareceu na frase) do verbo cobertos por petróleo, são questões ambientais que
Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate. teriam suficiente relevância para alarmar a população,
Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado, e automaticamente, motivar encontros e discussões.
filmes de terror. b) Ao final, conclui o autor, que todos esses elementos
� Para separar palavras ou locuções explicativas, apontados são faces de uma nova abordagem meto-
retificativas dológica para a proteção do meio ambiente.
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15 c) Não é justo e razoável que o servidor tenha que des-
anos. pender recursos financeiros com o recolhimento das
custas judiciais – que serão destinadas ao seu deve-
� Para separar datas e nomes de lugar
dor – para obter o que lhe é devido e, depois, reclamar
Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985.
a restituição, se julgada procedente a sua pretensão.
� Para separar as conjunções coordenativas, exceto d) Outra providência muito recomendada, é evitar polari-
e, nem, ou. zação entre os setores de planejamento e produção,
Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem. privilegiando o trabalho em equipe, realizado de forma
coordenada.
A vírgula também é facultativa quando a expres- e) Segundo Meirelles o ato administrativo – vinculado ou
são de tempo, modo e lugar não for uma expressão, discricionário –, há que ser praticado com a observân-
mas uma palavra só. Exemplos: cia formal e ideológica da lei. 57
No trecho “o que lhe é devido e, depois, reclamar a � Serve também para colocar em relevo certas
restituição, se julgada procedente a sua pretensão”, expressões, orações ou termos. Pode ser subs-
as duas primeiras vírgulas isolam o advérbio de tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou
tempo “depois”, que está deslocado; a última vírgula colchetes:
justifica-se pela condicional “se julgada procedente Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario-
a sua pretensão”. Resposta: Letra C. ca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que
Uso de Ponto e Vírgula vamos jantar. (oração intercalada)

É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui-
e vírgula (;): na de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”.

� Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas Parênteses


Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu,
ficou triste. Têm função semelhante à dos travessões e das
vírgulas no sentido que colocam em relevo certos ter-
� No lugar das conjunções coordenativas deslocadas
mos, expressões ou orações.
Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portan-
Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca)
to, exausto.
vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
� No lugar do e seguido de elipse do verbo (= zeugma) Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos
Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o jantar. (oração intercalada)
ouvinte.
Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai, Ponto-final
sorvete.
� Em enumerações, portarias, sequências É o sinal que denota maior pausa.
Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal: Usa-se:
o Procurador-Geral da República;
o Colégio de Procuradores da República; � Para indicar o fim de oração absoluta ou de período.
o Conselho Superior do Ministério Público Federal. Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.”
Carlos Drummond de Andrade
Dois-pontos � Nas abreviaturas
Ex.: apart. ou apto. = apartamento
Marcam uma supressão de voz em frase que ainda sec. = secretário
não foi concluída. a.C. = antes de Cristo
Servem para:
� Introduzir uma citação (discurso direto): Dica
Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um
homem mais pelas suas perguntas que pelas suas
Símbolos do sistema métrico decimal e elemen-
respostas”. tos químicos não vêm com ponto final:
Exemplos: km, m, cm, He, K, C
� Introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
distributivo ou uma oração subordinada substan- Ponto de Interrogação
tiva apositiva
Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes- Marca uma entonação ascendente (elevação da
sores, jornalistas, médicos. voz) em tom questionador.
� Introduzir uma explicação ou enumeração após Usa-se:
expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a
saber, como. � Em frase interrogativa direta:
Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens, Ex.: O que você faria se só lhe restasse um dia?
Filosofia, Ciências...
� Entre parênteses para indicar incerteza:
z Marcar uma pausa entre orações coordenadas
Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho
(relação semântica de oposição, explicação/causa
que havia palavra melhor no contexto.
ou consequência)
Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um � Junto com o ponto de exclamação, para denotar
homem culto. surpresa:
Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou !?)
cautela.
� E interrogações retóricas:
� Marcar invocação em correspondências Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro
Ex.: Prezados senhores: que não jogaremos comida fora à toa”).
Comunico, por meio deste, que...
Travessão Ponto de Exclamação

� Usado em discursos diretos, indica a mudança de � É empregado para marcar o fim de uma frase com
discurso de interlocutor: Ex.: entonação exclamativa:
– Bom dia, Maria! Ex.: Que linda mulher!
58 – Bom dia, Pedro! Coitada dessa criança!
� Aparece após uma interjeição: Usam-se nos seguintes casos:
Ex.: Nossa! Isso é fantástico.
� Para incluir num texto uma observação de nature-
� Usado para substituir vírgulas em vocativos enfáticos: za elucidativa:
Ex.: “Fernando José! onde estava até esta hora?” Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de
� É repetido duas ou mais vezes quando se quer Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”.
marcar uma ênfase: � Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”),
Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50 a fim de indicar que, por mais estranho ou errado
metros em 20 segundos!!! que pareça, o texto original é assim mesmo:
Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga-
Reticências do.” (Machado de Assis)
� Para indicar os sons da fala, quando se estuda
São usadas para:
Fonologia:
Ex.: mel: [mɛw]; nem: [bẽy]
� Assinalar interrupção do pensamento:
Ex.: ― Estou ciente de que... � Para suprimir parte de um texto (assim como
― Pode dizer... parênteses)
Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois
� Indicar partes suprimidas de um texto: desceu as escadas apressadamente. ou
Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois Na hora em que entrou no quarto (...) e depois des-
desceu as escadas apressadamente. (Também pode ceu as escadas apressadamente. (caso não preferí-
ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e vel segundo as normas da ABNT)
depois desceu as escadas apressadamente.)
� Para sugerir prolongamento da fala: Asterisco
Ex.: ―O que vocês vão fazer nas férias?
― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar... � É colocado à direita e no canto superior de uma
palavra do trecho para se fazer uma citação ou
� Para indicar hesitação: comentário qualquer sobre o termo em uma nota
Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha de rodapé:
vergonha. Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo
� Para realçar uma palavra ou expressão, normal- triste acrescido do sufixo -eza*.
mente com outras intenções: *-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti-
Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...! vo, o que origina um novo substantivo.
� Quando repetido três vezes, indica uma omissão
Uso das Aspas ou lacuna em um texto, principalmente em substi-
tuição a um substantivo próprio:
São usadas em citações ou em algum termo que Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami-
precisa ser destacado no texto. Pode ser substituído nhado aos responsáveis.
por itálico ou negrito, que têm a mesma função de
� Quando colocado antes e no alto da palavra, repre-
destaque.
senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto
Usam-se nos seguintes casos:
é, cuja existência é provável, mas não comprovada:
Ex.: Parecer, do latim *parescere.
� Antes e depois de citações:
Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”, � Antes de uma frase para indicar que ela é agrama-
afirma Dad Squarisi, 64. tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras
da gramática.
� Para marcar estrangeirismos, neologismos, arcaís- * Edifício elaborou projeto o engenheiro.
mos, gírias e expressões populares ou vulgares,
conotativas: Uso da Barra
Ex.: O home, “ledo” de paixão, não teve a fortuna
que desejava. A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado:
Não gosto de “pavonismos”.
Dê um “up” no seu visual. � Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser
substituída pela conjunção “ou”:
LÍNGUA PORTUGUESA

� Para realçar uma palavra ou expressão imprópria,


às vezes com ironia ou malícia Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta.
Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão. Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta.
Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não” � Para indicar inclusão, quando utilizada na separa-
sonoro. ção das conjunções e/ou.
� Para citar nomes de mídias, livros etc. Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais
Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”. e/ou escritos.
� Para indicar itens que possuem algum tipo de rela-
Colchetes ção entre si.
Ex.: A palavra será classificada quanto ao número
Representam uma variante dos parênteses, porém (plural/singular).
tem uso mais restrito. O carro atingiu os 220 km/h. 59
� Para separar os versos de poesias, quando escritos e) Faltou ombridade aos dirigentes da empresa, pois eles
seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas omitiram dos sócios o récorde de vendas.
barras para indicar a separação das estrofes.
Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que 2. (VUNESP – 2013) Leia o texto para responder à questão.
passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon- Conselho dado por alguém que entende muito de
te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi- ganhar dinheiro, Warren Buffett, um dos homens
te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles mais ricos do mundo: “Ouça alguém que discorda
� Na escrita abreviada, para indicar que a palavra ___________você”. No início de maio, Buffett convidou
não foi escrita na sua totalidade: um sujeito chamado Doug Kass para participar de um
Ex.: a/c = aos cuidados de; dos painéis que___________ a reunião anual de investi-
s/ = sem dores de sua empresa, a Berkshire Hathaway.
Como executivo de um fundo de hedge, ele havia
� Para separar o numerador do denominador nos
apostado contra as ações da Berkshire. Buffett que-
números fracionários, substituindo a barra da
ria entender o ____________. Kass foi o chato escolhido
fração:
para alertá-lo sobre eventuais erros que ninguém havia
Ex.: 1/3 = um terço
enxergado.
� Nas datas: Buffett conhece o valor desse tipo de pessoa. O chato
Ex.: 31/03/1983 é o sujeito que ainda acha que as perguntas simples
são o melhor caminho para chegar às melhores res-
� Nos números de telefone:
Ex.: 225 03 50/51/52 postas. Ele não tem medo.
Em norma-padrão da língua portuguesa, as lacunas do
� Nos endereços: texto devem ser preenchidas, respectivamente, com:
Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232
� Na indicação de dois anos consecutivos: a) de … compôs … por que
Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso. b) com … compôs … por quê
c) com … compuseram … por que
� Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua: d) ante … comporam … porque
Ex.: /s/ e) de … compuseram … porquê

Embora não existam regras muito definidas sobre 3. (VUNESP – 2013) Considere a norma-padrão da lín-
a existência de espaços antes e depois da barra oblí- gua portuguesa para responder à questão. Conside-
qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu- re as frases.
lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo. Os navios____________ as posições estabelecidas pelo
comando de guerra. Estas senhoras_____________ à
Identificação e Função do Parágrafo praça todos os dias e trazem seus cachorros. A locali-
zação desta loja não nos__________.
Um parágrafo é o conjunto de um ou mais períodos As lacunas devem ser preenchidas, correta e respecti-
cujas orações se prendem pelo mesmo grupo de ideias vamente, pelas formas verbais
e centro de interesse. Assim, um parágrafo é uma uni-
dade de sentido, inserida num todo textual coeso. a) mantêm … vem … convém
Como identificar um parágrafo? A primeira linha b) mantém … vêm … convêm
do parágrafo é iniciada um pouco à frente da margem
c) mantêm … vêm … convém
esquerda da folha, ponto onde se iniciam as restantes
d) mantém … vem … convém
linhas do parágrafo.
e) mantêm … vêm … convêm
Exemplos de parágrafos:
Meu dia começou como habitualmente. Acordei,
troquei de roupa, tomei o café da manhã e fui trabalhar. 4. (VUNESP – 2012) O texto desta questão será utilizado
Chegando ao trabalho, algo inesperado aconteceu: para responder as questões a seguir.
o escritório estava alagado. Todos os funcionários Ainda vamos ver sites como o Google com a mesma
foram dispensados, porque não havia condições para nostalgia que hoje dedicamos a máquinas de escrever
que fizéssemos nosso trabalho. e discos de vinil. Os atuais mecanismos de busca na
rede já estão ultrapassados por projetos inovadores,
que deixam esta tarefa mais fácil e precisa. Como
você ainda não foi informado? Ainda são iniciativas
HORA DE PRATICAR! experimentais. Falta mais dedicação dos pesquisado-
res e investidores dispostos a deixá-las acessíveis ao
1. (VUNESP – 2019) Assinale a alternativa em que a grande público.
acentuação e a grafia das palavras estão de acordo Em “iniciativas experimentais”, o adjetivo é uma pala-
com a norma-padrão da língua portuguesa. vra formada por sufixação. Outro adjetivo do texto
com essa mesma formação está destacado em:
a) A atendente da companhia aérea fez uma rúbrica na
passagem para retificar o horário do voo. a) Falta mais dedicação dos pesquisadores e investidores…
b) À excessão dos quibes, os salgados servidos na ceri- b) … dispostos a deixá-las acessíveis ao grande público.
mônia de inauguração estavam saborosos. c) … dispostos a deixá-las acessíveis ao grande público.
c) Atualmente, é mister acabar com privilégios concedi- d) Os atuais mecanismos de busca na rede já estão
dos a clãs inescrupulosos. ultrapassados...
d) Pela fronteira, tem entrado no país muitos refugiados, e) Ainda vamos ver sites como o Google com a mesma
60 e é imprecindível acolhê-los adequadamente. nostalgia...
5. (VUNESP – 2012) No texto, a expressão “esta tarefa” d) desafiaram ele ... soltar-lhes ... dar-lhes-á
diz respeito e) desafiaram-o ... soltar-nos ... os dará

a) às iniciativas experimentais. 10. (VUNESP – 2017) A regra de pontuação que determi-


b) à elaboração de projetos inovadores. na o emprego da vírgula em “Muita gente não gosta
c) à implementação de projetos inovadores. de Floriano Peixoto, o ‘Marechal de Ferro’.” também
d) à busca de informações na rede. se aplica ao trecho adaptado do editorial “Nem tão
e) ao propósito de acabar com o Google. livres” (Folha de S.Paulo, 04.04.2017):

6. (VUNESP – 2012) As informações textuais permi- a) Passou o tempo, diz o ativista Joel Simon, em que
tem inferir que muitas pessoas atualmente se acreditava ser impossível censurar ou controlar a
informação na internet.
a) desconhecem o que seja um mecanismo de busca b) Todavia, a própria sensação de que exista uma tão
como o Google. ampla liberdade se vê passível de contestações.
b) tornaram iniciativas experimentais acessíveis ao gran- c) A guerra da informação e da contrainformação, se não
de público.
ameaça diretamente a vida de jornalistas, não deixa,
c) sentem saudades das máquinas de escrever e dos dis-
entretanto, de pôr em risco a verdade dos fatos.
cos de vinil.
d) Notícias falsas e quantidade nauseante de calúnias e
d) trocaram o Google por máquinas de escrever e discos
ofensas circulam pelas redes sociais – tornando-as,
de vinil.
ainda que livres, inconfiáveis em larga medida.
e) substituíram o Google por mecanismos inovadores de
buscas. e) O diretor do Comitê de Proteção aos Jornalistas, ONG
com sede em Nova York, talvez surpreenda quem
7. (VUNESP – 2013) Assinale a alternativa cujas pala- comemora as facilidades dos meios eletrônicos.
vras se apresentam flexionadas de acordo com a
norma-padrão. 11. (VUNESP – 2012) O texto desta questão será utilizado
para responder as questões a seguir
a) Os tabeliãos devem preparar o documento.
b) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis. Leia o texto, para responder à questão.
c) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local.
d) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos. Nas últimas três décadas, as milícias, organizações
e) Cuidado com os degrais, que são perigosos! criminosas lideradas por policiais e ex-policiais, vêm
se alastrando no Rio de Janeiro. Elas avançaram
8. (VUNESP – 2017) Leia o poema de Mario Quintana sobre os domínios do tráfico, passaram a comandar
para responder à questão. territórios da cidade e consolidaram seu poder à base
Outra estatística Leio que certa cidade, do assistencialismo e do medo. Como têm centenas
E olhe que não das maiores, Tem quatro milhões de de milhares de pessoas sob seu jugo, essas gangues
almas... de farda ganham força em períodos eleitorais, quan-
Mas isso deve ser para atenuar a situação. O que a do são procuradas por candidatos em busca de apoio,
cidade tem, no duro, arbitram sobre quem faz campanha em seu pedaço e
São quatro milhões de bocas! lançam nomes egressos de suas próprias fileiras.
No poema, o eu lírico estabelece uma interlocução Observe a expressão destacada na passagem – Como
direta com o leitor, quando emprega o verbo no impe- têm centenas de milhares de pessoas sob seu jugo,
rativo em: essas gangues de farda ganham força em períodos
eleitorais
a) Mas isso deve ser para atenuar a situação. … – e assinale a alternativa contendo aquela que subs-
b) Tem quatro milhões de almas... titui a original, sem prejuízo de sentido.
c) São quatro milhões de bocas!
d) E olhe que não das maiores,
a) Porque.
e) Leio que certa cidade,
b) Contanto que.
c) Conforme.
9. (VUNESP – 2017) O texto desta questão será utilizado
d) Logo.
para responder as questões a seguir:
e) Por que.
Muita gente não gosta de Floriano Peixoto, o “Marechal
de Ferro”. Em 1892, um senador-almirante e políticos
sediciosos___________. Ele avisara: “Vão discutindo, 12. (VUNESP – 2012) A passagem do texto em que se
LÍNGUA PORTUGUESA

que eu vou mandando prender”. Encheu a cadeia, e o encontra adjunto adverbial expressando circunstân-
advogado Rui Barbosa bateu às portas do Supremo cia de modo é:
Tribunal Federal para___________. Floriano avisou: “Se
os juízes concederem habeas corpus aos políticos, eu a) …no Rio de Janeiro.
não sei quem amanhã_____________ o habeas corpus b) …em períodos eleitorais…
de que, por sua vez, necessitarão”. c) …à base do assistencialismo e do medo.
Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas do d) …de suas próprias fileiras.
texto devem ser preenchidas, respectivamente, com: e) …sobre os domínios do tráfico…

a) desafiaram-no ... soltá-los ... lhes dará 13. (VUNESP – 2012) Assinale a alternativa em que os
b) desafiaram-no ... soltar-os ... dá-los-á pronomes estão empregados e colocados na frase
c) desafiaram-lhe ... soltar eles ... dará à eles de acordo com a norma-padrão. 61
a) Nos surpreende, a cada dia, constatar a invasão das agora contínuo, uma tela diante passam mamadeira,
milícias, que espalham-se pelas favelas, ditando-as berço, carrinho, pudim, avó, banho, Lego, minhoca.
suas leis. Outro dia me meti numa encrenca ____________ resol-
b) Depois de invadir vários territórios da cidade, as milí- vi falar que “amanhã” seria aniversário dele e ele iria
cias dominaram eles e ali instalaram-se. ganhar presente. Ele abriu um sorriso, pediu o presen-
c) Há candidatos que usam as gangues: as procuram te. Eu disse“amanhã”. Ele pediu de novo, educadamen-
movidos pelo interesse em ter elas como aliadas. te, mas já sem o sorriso. Não entendia ______________
d) Quase nunca vê-se reação das comunidades diante do eu não lhe dava o presente. Repeti, educadamente (e
terror que as milícias as impõem. sorrindo muitíssimo), que o presente seria dado “ama-
e) Milicianos instalam-se nas comunidades e impõem nhã”. Foi aquela choradeira. Claro.
seu poder; consolidam-no pela prática do terror.
De acordo com a norma-padrão, as lacunas do texto
14. (VUNESP – 2013) Considere a norma-padrão da lín- devem ser preenchidas, correta e respectivamente,
gua portuguesa para responder à questão. com:
Analise o contexto e assinale a alternativa cujo termo
em destaque está correto.
a) de que … na qual … porquê … porquê
b) que … à qual … porquê … porque
a) Iremos à sessão de eletrodomésticos, pois precisa-
c) de que … da qual … porque … por que
mos de um novo micro-ondas.
d) em que … na qual … por que … por que
b) O rapaz agiu com boa intensão, porém não foi com-
e) que … a qual … porque … porque
preendido pela amiga.
c) Ao ver o paciente, o médico fez-lhe um comprimento
caloroso. 17. (VUNESP – 2013) Considere a norma-padrão da lín-
d) Assinou um cheque calção como garantia de que o gua portuguesa para responder à questão.
tratamento seria pago. Analise as expressões em destaque e assinale a corre-
d) Peça ao auxiliar para discriminar todos os produtos ta quanto à regência verbal.
odontológicos que foram entregues hoje.
a) Escolheu de viajar pelo Nordeste nas próximas férias.
15. (VUNESP – 2010) Assinale a alternativa correta b) Para um papa suceder em outro, fazem-se reuniões
quanto à pontuação. com integrantes do clero.
c) Muito esperançosos, os sócios procederam à escolha
a) Participe do 21.º Curso Estado de Jornalismo. Lá esta- do novo presidente do clube.
rão presentes, alguns dos mais importantes profissio- d) O banco opôs-se pela sustação dos cheques, pois o
nais da área do jornalismo, no Brasil e no mundo. É cliente não informou a agência.
bom lembrar esse é o último curso no gênero reconhe- e) Ele interveio para a discussão dando opiniões bastan-
cido, como extensão universitária. Por isso, atenção te sensatas.
focas o curso oferece 30 vagas gratuitas.
b) Participe, do 21.º Curso Estado de Jornalismo. Lá 18. (VUNESP – 2017) Leia o texto para responder à questão.
estarão presentes alguns dos mais importantes pro- Surgiu a Maria da Anália, pediu se eu podia vender um
fissionais da área do jornalismo no Brasil e, no mun- pedaço de toucinho.
do. É bom lembrar; esse é o último curso no gênero, Não vou vender. Quando você engordou e matou o teu
reconhecido como extensão universitária. Por isso porco, eu não fui aborrecer-te.
atenção focas, o curso oferece 30 vagas gratuitas. Ela começou a dizer que queria só o toucinho. Perpas-
c) Participe do 21.º Curso Estado de Jornalismo. Lá, sei o olhar no povo. Fitavam o toucinho igual a raposa
estarão presentes alguns dos mais importantes pro- quando fita uma galinha. Pensei: e se eles invadir o
fissionais da área do jornalismo, no Brasil e no mundo. quintal? Resolvi levar o toucinho para dentro de casa
É bom lembrar esse é o último curso, no gênero reco- o mais depressa possível. Fitei as tabuas do barraco,
nhecido, como extensão universitária. Por isso aten-
que já estão podres. Se eles invadir, adeus barraco.
ção, focas o curso oferece 30 vagas gratuitas.
Juro que fiquei com medo...
d) Participe do 21.º Curso Estado de Jornalismo. Lá
A Maria da Anália visava ________________ um pedaço
estarão presentes, alguns dos mais importantes pro-
de toucinho, mas seu pedido não chegou____________
fissionais da área do jornalismo no Brasil e no mundo.
sensibilizar a dona do porco que, vendo-se
É bom lembrar: esse é o último curso no gênero reco-
nhecido como extensão universitária. Por isso aten- _____________ mercê de uma invasão em seu quintal,
ção, focas o curso oferece, 30 vagas gratuitas. decidiu recolher-se____________ sua casa.
e) Participe do 21.º Curso Estado de Jornalismo. Lá esta-
rão presentes alguns dos mais importantes profissio- Assinale a alternativa cujos termos preenchem, corre-
nais da área do jornalismo, no Brasil e no mundo. É ta e respectivamente, as lacunas do enunciado confor-
bom lembrar: esse é o último curso no gênero reco- me a norma-padrão.
nhecido como extensão universitária. Por isso, aten-
ção, focas, o curso oferece 30 vagas gratuitas. a) a … a … à … à
b) à … à … à … à
16. (VUNESP – 2017) Leia o texto para responder à questão. c) a … a … a … a
d) a … à … a … à
Com quase quatro anos, minha filha começa a com- e) à … a … a … a
preender um elemento fundamental da existência:
o tempo. Meu filho, de dois, não tem a menor ideia 19. (VUNESP – 2017) O texto desta questão será utilizado
62 _________haja um antes e um depois. Sua vida é um para responder as questões a seguir
Na passagem “Perpassei o olhar no povo. Fitavam
18 A
o toucinho igual a raposa quando fita uma galinha.
Pensei: e se eles invadir o quintal?”, os termos desta- 19 D
cados denotam a seguinte figura de sintaxe:
20 B
a) pleonasmo, já que ocorre a repetição, para fins de cla-
reza, de um termo anteriormente expresso.
b) zeugma, já que o termo “povo” não aparece na última
oração, mas está implícito.
c) anacoluto, já que existe a quebra da estruturação lógi-
ANOTAÇÕES
ca e sintática da oração.
d) silepse de número, já que se alternam entre as expres-
sões o singular e o plural.
e) silepse de pessoa, já que se tem a terceira pessoa do
singular e a terceira do plural.

20. (VUNESP – 2014) Pato manco. O termo da política


norte-americana é usado para classificar executi-
vos eleitos cuja aprovação popular e minoria no
Legislativo os____________ incapacitados de alterar
significativamente a vida dos governados. Se tudo
correr como____________ as pesquisas de intenção
de voto, as eleições de novembro nos EUA, com
renovação completa da Casa dos Representantes
e um terço do Senado_____________ o presidente
Barack Obama refém de um Congresso dominado
pela oposição.
Em conformidade com a norma-padrão da língua por-
tuguesa, as lacunas do texto devem ser preenchidas,
respectivamente, com:

a) deixam … indicam … deixará


b) deixam … indicam … deixarão
c) deixa … indicam … deixarão
d) deixam … indica … deixarão
e) deixa … indica … deixará

9 GABARITO

1 C

2 E

3 C

4 B

5 D

6 C

7 D

8 D

9 A

10 E
LÍNGUA PORTUGUESA

11 A

12 C

13 E

14 E

15 E

16 C

17 C
63
ANOTAÇÕES

64
É um tipo penal bastante extenso, que irá se con-
figurar quando o agente falsificar, fabricando-os ou
alterando-os:

z Selo destinado a controle tributário, papel selado


DIREITO PENAL ou qualquer papel de emissão legal destinado à
arrecadação de tributo;
z Papel de crédito público, ou seja, apólices e títulos
da dívida pública;
z Vale postal;
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA z Cautela de penhor, ou seja, o título com o qual o
sujeito pode retirar o bem empenhado das mãos
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS do credor;
PÚBLICOS z Talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro docu-
mento relativo à arrecadação de rendas públicas
Falsificação de papéis públicos ou a depósito ou caução por que o poder público
seja responsável;
Art. 293 Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: z Bilhete, passe ou conhecimento de empresa de
I – selo destinado a controle tributário, papel sela- transporte de mercadorias administrada pela
do ou qualquer papel de emissão legal destinado à União, por Estado ou por Município.
arrecadação de tributo;
II - papel de crédito público que não seja moeda de Esse tipo penal poderá ser praticado com a falsifi-
curso legal; cação de quaisquer um dos documentos vistos acima,
III - vale postal; de duas formas: fabricando-os (neste caso, o agente
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de cai- cria um documento) ou alterando-os (o agente altera
xa econômica ou de outro estabelecimento mantido documento já existente).
por entidade de direito público; Existem formas equiparadas ao crime de falsifica-
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro ção de papéis públicos, incorrendo o agente nas mes-
documento relativo a arrecadação de rendas públi- mas penas deste.
cas ou a depósito ou caução por que o poder públi- Nas mesmas penas irá incorrer aquele que:
co seja responsável;
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de z Usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis
transporte administrada pela União, por Estado ou falsificados a que se refere este artigo;
por Município: z Importa, exporta, adquire, vende, troca, cede,
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação
§ 1º Incorre na mesma pena quem: selo falsificado destinado a controle tributário;
I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos z Importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda,
papéis falsificados a que se refere este artigo; mantém em depósito, guarda, troca, cede, empres-
II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, ta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em
empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
selo falsificado destinado a controle tributário;
comercial ou industrial, produto ou mercadoria:
III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda,
mantém em depósito, guarda, troca, cede, empres-
„ Em que tenha sido aplicado selo que se destine
ta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em
a controle tributário, falsificado;
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
„ Sem selo oficial, nos casos em que a legislação
comercial ou industrial, produto ou mercadoria:
tributária determina a obrigatoriedade de sua
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a
aplicação.
controle tributário, falsificado;
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação
tributária determina a obrigatoriedade de sua O tipo penal do crime de falsificação de papéis
aplicação. públicos apresenta três modalidades em que a pena
§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quan- será mais branda se comparado ao tipo penal prin-
do legítimos, com o fim de torná-los novamente cipal e às formas equiparadas, que têm como pena a
utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua reclusão de dois a oito anos e multa. Vejamos:
inutilização:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. z Aquele que suprimir, em qualquer dos papéis vis-
§ 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois tos logo acima, quando legítimos, com o fim de
de alterado, qualquer dos papéis a que se refere o torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal
parágrafo anterior. indicativo de sua inutilização, incorrerá na pena
§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora de reclusão de um a quatro anos e multa;
DIREITO PENAL

recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados z Aquele que usar os papéis, depois de alterados
ou alterados, a que se referem este artigo e o seu (após a supressão de carimbo ou sinal indicativo
§ 2º depois de conhecer a falsidade ou alteração, de inutilização, quando legítimos, com o fim de
incorre na pena de detenção, de seis meses a dois torna-los utilizáveis), incorrerá na pena de reclu-
anos, ou multa. são de um a quatro anos e multa;
§ 5º Equipara-se à atividade comercial, para os fins z Aquele que usar ou restituir à circulação, embora
do inciso III do § 1º, qualquer forma de comércio recebido de boa-fé, qualquer dos papeis falsifica-
irregular ou clandestino, inclusive o exercido em dos ou alterados, depois de conhecer a falsidade
vias, praças ou outros logradouros públicos e em ou alteração, incorrerá na pena de detenção, de
residências. seis meses a dois anos, ou multa. 65
DA FALSIDADE DOCUMENTAL
Qualquer forma de
comércio irregular ou De acordo com o art. 232, do CPP, documentos são
Equipara-se a clandestino, inclusive quaisquer escritos, instrumentos ou papéis públicos
atividade o exercido em vias, ou particulares.
comercial praças ou outros O CPP estabelece requisitos para que um papel
logradouros públicos e seja considerado documento: forma escrita, autor
em residências certo, possuir conteúdo de relevância jurídica e valor
probatório.

Sobre o crime de falsificação de papéis públicos, Falsificação do selo ou sinal público


é importante levar em consideração o seguinte:
Art. 296 Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
z É crime comum, que pode ser praticado por qual- I - selo público destinado a autenticar atos oficiais
quer pessoa;
da União, de Estado ou de Município;
z Só admite a modalidade dolosa – não pode ser pra-
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de
ticado culposamente;
direito público, ou a autoridade, ou sinal público de
z Caso a falsificação seja grosseira, haverá a atipici-
tabelião:
dade deste crime;
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
z Admite a tentativa;
§ 1º - Incorre nas mesmas penas:
z Se o papel for de emissão da União, será processa-
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
do e julgado pela Justiça Federal.
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal ver-
z Será de competência do Juizado Especial Criminal
Federal na hipóteses de crime privilegiado, defini- dadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito pró-
do no art. 293, §4º, do CP. prio ou alheio.
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de
marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros sím-
Petrechos de falsificação
bolos utilizados ou identificadores de órgãos ou
entidades da Administração Pública.
Art. 294 Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou
§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o
guardar objeto especialmente destinado à falsifi-
crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena
cação de qualquer dos papéis referidos no artigo
de sexta parte.
anterior:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Art. 295 Se o agente é funcionário público, e come- Configura-se com a prática da seguinte conduta
te o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a típica: falsificar, fabricando-os ou alterando-os selo
pena de sexta parte. público destinado a autenticar atos oficiais da União,
de Estado ou de Município ou selo ou sinal atribuído
Cometerá este crime, previsto no art. 294 do Código por lei a entidade de direito público, ou a autoridade,
Penal, o agente que fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou sinal público de tabelião.
ou guardar objeto especialmente destinado à falsifica-
ção de qualquer dos papeis previstos no crime de falsifi-
Falsificação de selo ou sinal público
cação de papéis públicos (art. 293 do Código Penal).
Sobre o crime de petrechos de falsificação, é
importante que você leve para a sua prova as seguin- Falsificar, fabricando ou alterando
tes informações:

z É crime de ação múltipla, que poderá ser praticado Selo ou sinal atribuído
Selo público destinado
mediante a execução de quaisquer um dos verbos por lei a entidade de
previstos no tipo penal: fabricar, adquirir, forne- a autenticar atos
direito público, ou a
cer, possuir ou guardar; oficiais da Uniâo, de
autoridade, ou sinal
z É crime comum, que poderá ser praticado por Estado ou de Município
público de tabelião
qualquer agente;
z Entretanto, caso o crime seja praticado por fun-
cionário público, prevalecendo-se este do cargo, a São condutas equiparadas ao crime de falsifica-
pena será aumentada da sexta parte (1/6). ção de selo ou sinal público, incorrendo nas mesmas
penas o agente que:
A pena do crime de petrechos de falsificação será
aumentada de 1/6 (um sexto) se o agente é funcionário z Faz uso de selo ou de sinal falsificado, isto é, não
público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo. sejam verdadeiros e que o uso seja indevido e que
sobrevenha o resultado, por exemplo, obter vanta-
z Assim como o crime de petrecho para falsificação gem econômica;
de moeda, o objeto deve ser destinado especial- z Utiliza indevidamente o selo ou o sinal verdadeiro
mente para falsificar os papéis previstos no art.
em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou
293, caso o objeto tenha outras finalidades (tem
alheio;
outras utilidades e também serve para falsificar
papéis), não há que se falar na prática deste tipo z Só incorre no uso do selo ou do sinal quem não foi
penal; a responsável pela falsificação;
z Só poderá ser praticado dolosamente; z Altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas,
z Admite a modalidade tentada; logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos uti-
z No verbo guardar, trata-se de crime permanente, lizados ou identificadores de órgãos ou entidades
66 protraindo-se a conduta no tempo. da Administração Pública.
Sobre esse crime, é importante que você leve em consideração as seguintes disposições:

z É crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa;


z Caso o crime seja praticado por funcionário público, prevalecendo-se do cargo, a pena será aumentada da
sexta parte (aumento de 1/6);
z Só pode ser praticado dolosamente;
z Admite a modalidade tentada, já que se trata de crime plurissubsistente, quando o delito para ser praticado
necessita de vários atos para atingir o resultado;
z A falsificação pode se dar de 2 (duas formas): com a fabricação (o agente cria o selo ou sinal) ou com a altera-
ção (o agente modifica o selo ou sinal).

Trata-se de crime de forma livre, que pode ser praticado de qualquer modo pelo agente.

Falsificação de documento público

Art. 297 Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao por-
tador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular.
§ 3° Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:
I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência
social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante
a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita;
III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a
previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado.
§ 4° Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3°, nome do segurado e seus dados
pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços.

A sua conduta típica é: falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público
verdadeiro.
O crime pode ser praticado das seguintes formas:

Falsificar, total
Alterar documento
ou parcialmente,
público verdadeiro
documento público

Aqui, o agente cria um Aqui, o agente


documento público modifica o documento
que não existia público que já existia

Trata-se de falsidade material, na qual o agente cria um documento público falso ou modifica o documento
público verdadeiro, tornando-se falsos em seu aspecto material, podendo o conteúdo ser verdadeiro ou não.
São condutas equiparadas ao crime de falsificação de documento público, incorrendo nas mesmas penas o
agente que insere ou faz inserir, estão descritas nos incisos do § 3º, do art. 297, do CP, vejamos:

Na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência
social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;
Na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a
previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita;
Em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a
previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado.
Incorre, também, nas mesmas penas, quem omite, nos documentos mencionados ao lado, nome do segurado e seus
DIREITO PENAL

dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços.

Importante!
Cleber Masson (2018) destaca que se a falsidade lançada na Carteira de Trabalho e Previdência Social
relacionar-se com os direitos trabalhistas do empregado, incidirá o crime definido no art. 49 do Decreto-lei
5.452/1943. Por seu turno, se a falsidade atingir a Previdência Social, estará caracterizado o crime tipificado
no art. 297, § 3º, II, do CP.
67
É de suma importância você saber que não se FALSIFICAÇÃO
pode confundir a falsidade material com a falsidade ALTERAÇÃO
PARCIAL
ideológica.
A falsidade diz respeito
às informações Parte do documento,
Falsidade Falsidade
falsamente inseridas ou que dele pode ser
Material Ideológica
retiradas do papel, o que individualizada, é criada
O agente cria O agente falsifica ocorre posteriormente falsamente.
um documento a declaração que à criação do documento.
falso ou modifica deveria constar no
um documento documento público
O título ao portador é documento de crédito que
verdadeiro. ou privado, que são não informa o seu beneficiário, a exemplo do cheque
verdadeiros. no valor de até R$ 100,00 (cem reais). O endosso é uma
O documento é
materialmente falso. O documento é forma de transferir a propriedade de um título (do
materialmente endossante para o endossatário), como os cheques em
Altera-se o geral e as notas promissórias, que constituem exem-
verdadeiro, com o
aspecto formal plos de títulos transmissíveis por endosso.
conteúdo falso.
do documento,
podendo o conteúdo Altera-se o Súmula 17
ser verdadeiro ou conteúdo do
não. documento, mas Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais
o aspecto formal potencialidade lesiva, é por este absorvido.
Crimes: falsificação
continua intacto.
de documento
Essa súmula se refere à aplicação do princípio da
público ou Crime: falsidade
consunção ou absorção. Quando o crime de falsifica-
particular. ideológica.
ção de documento público for meio para praticar o
Por exemplo, criar Por exemplo, alterar crime de estelionato, será por este absorvido.
uma certidão de data de nascimento Por exemplo, agente que, para obter ilícita van-
nascimento. em certidão de tagem em prejuízo de terceiro, altera sua carteira de
nascimento. identidade verdadeira, responderá apenas pelo crime
de estelionato caso a potencialidade lesiva da falsifica-
ção fique exaurida com a prática do estelionato.
Sobre o crime de falsificação de documento públi-
Caso a falsificação ou alteração sejam grosseiras,
co, é importante que você leve em consideração as
haverá atipicidade deste crime, podendo configurar
seguintes informações:
outra infração penal.
z O crime é comum, podendo ser praticado por qual-
Falsificação de documento particular   
quer pessoa;
z Na hipótese de o agente ser funcionário público e,
ainda, se prevaleça do cargo para praticar o delito, Art. 298 Falsificar, no todo ou em parte, documento
particular ou alterar documento particular verdadeiro:
a pena será aumentada em um sexto;
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
z O delito é doloso, não exige fim especial;
z Não admite a modalidade culposa;
z Admite a tentativa; O crime de falsificação de documento particular
z O objeto material do crime é o documento público. é praticado quando o agente age de acordo com o
núcleo do tipo, ou seja, falsifica, no todo ou em parte,
É muito importante que você saiba o que é docu- documento particular ou altera (segundo núcleo do
mento público, para fins de configuração deste crime, tipo) documento particular verdadeiro.
já que existe, também, o crime de falsificação de docu- A conduta é muito semelhante ao crime de falsifi-
mento particular, sendo os dois apenados de formas cação de documento público, sendo diferente no que
diferentes, sendo aquele mais grave do que este. se refere ao objeto material do crime. Estes crimes
Para fins de concurso público, pode-se conceituar também se diferenciam em relação à pena cominada.
documento público como aquele emitido por funcio-
nário público, no exercício de suas funções, a serviço FALSIFICAÇÃO OBJETO
PENA
da União, estados-membros, Distrito Federal ou muni- DE DOCUMENTO MATERIAL
cípios (emitido por órgãos ou entidades públicas).
Porém, o Código Penal equipara alguns outros Documento Reclusão, de dois a
Público
documentos, embora emitidos por particulares, a público seis anos, e multa
documento público.
Documento Reclusão, de um a
Particular
Particular cinco anos, e multa
z F alsificação total: criação de todo o material escri-
to que representa o documento.
z Falsificação parcial: há uma criação de uma par- Já estudamos o documento público e agora esta-
te falsa do documento público verdadeiro, a qual mos compreendendo o documento particular. Mas, o
pode dele ser individualizada. que é documento particular?
z Alteração de documento público: inserir ou supri- Documento particular é aquele que não é docu-
mir falsamente informações escritas no pró- mento público, nem equiparado a documento públi-
prio corpo do documento verdadeiro, após a sua co, por exemplo, cartão de identificação de veículo de
68 criação. moradores de condomínio residencial.
Neste delito, a falsidade também pode ser mate- z Documento particular: reclusão, de um a três anos,
rial, alterando-se a forma estrutural do documento, e multa.
podendo o conteúdo ser verdadeiro ou não.
É importante destacar sobre o crime de falsifica- O tipo penal deste crime apresenta causa de aumen-
ção de documento particular o seguinte: to de pena, um sexto.
É crime comum:
Se o agente é funcionário público, e comete o cri-
me prevalecendo-se do cargo.
z Admite a tentativa;
z É delito doloso, sem a necessidade de exigir especial
fim; z Se a falsificação ou alteração é de assentamento de
z Aplica-se a Súmula 17 do STJ: quando o falso se registo civil.
exaure no estelionato, sem mais potencialidade
lesiva, é por este absorvido; Em relação ao crime de falsidade ideológica, é
z Na hipótese de a falsificação ser grosseira, não irá importante que você leve em consideração as seguin-
se configurar este crime, mas poderá se configurar tes informações:
outro tipo penal.
z Não admite a modalidade culposa – só pode ser
Para fins de aplicação deste crime, equipara-se a praticado dolosamente;
documento público o cartão de crédito ou de débito.
z Exige-se dolo específico (especial fim de agir): fim
de prejudicar direito, criar, obrigação ou alterar a
Falsificação de cartão
verdade sobre fato juridicamente relevante.
z É crime comum;
Art. 298 [...]
Parágrafo único.   Para fins do disposto no caput,
equipara-se a documento particular o cartão de Atenção: se praticado por funcionário público, que
crédito ou débito. se prevalece do cargo, haverá aumento de pena de 1/6
(um sexto).
Falsidade ideológica Não basta que seja praticado por funcionário
público, para se aplicar a causa de aumento da pena,
Art. 299 Omitir, em documento público ou parti- mas, também, que ele se prevaleça do cargo para pra-
cular, declaração que dele devia constar, ou nele ticar o crime.
inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa Caso a conduta seja praticada sem uma das fina-
da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar lidades específicas vistas acima, o crime não irá se
direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre configurar.
fato juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
z Admite a modalidade tentada nas condutas comis-
documento é público, e reclusão de um a três anos,
e multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de
sivas, mas não admite, segundo posicionamen-
réis, se o documento é particular. to doutrinário majoritário, na conduta omissiva
Parágrafo único - Se o agente é funcionário públi- (omitir);
co, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou z Nesse crime, a forma do documento segue intacta;
se a falsificação ou alteração é de assentamento de o que se falsifica é o conteúdo das informações con-
registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte. tidas no documento público ou particular (com a
omissão de declaração ou com a declaração falsa).
Configura-se com a prática da seguinte conduta
típica: omitir, em documento público ou particular, Falso reconhecimento de firma ou letra
declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou
fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia Art. 300 Reconhecer, como verdadeira, no exercício
ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar, obri- de função pública, firma ou letra que o não seja:
gação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
relevante. documento é público; e de um a três anos, e multa,
se o documento é particular.

Importante! Este crime se configura com a prática da seguinte


conduta típica: reconhecer, como verdadeira, no exer-
A falsidade ideologica se configura das seguin-
cício de função pública, firma ou letra que o não seja.
tes formas:
Entendam da seguinte forma:
Omitir, em documento público ou particular,
declaração que dele devia constar.
z Firma = assinatura;
Inserir ou fazer inserir, em documento público
z Letra = manuscrito daquele que assina.
DIREITO PENAL

ou particular, declaração falsa ou diversa da que


devia constar.
A pena do crime será distinta conforme a natureza
do documento:
A falsidade ideológica pode ser praticada tanto em
documento público quanto em documento particular, SE DOCUMENTO SE DOCUMENTO
tendo como distinção, tão somente a pena, vejamos: PÚBLICO PRIVADO

Reclusão de um a cinco Reclusão de um a três


z Documento público: reclusão, de um a cinco anos,
anos, e multa anos, e multa
e multa; 69
Sobre o crime de falso reconhecimento de firma ou O crime de certidão ou atestado ideologicamente
letra, você deve ficar atento ao seguinte: falso irá se configurar quando o agente falsificar, no
todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o
z É crime próprio, que só poderá ser praticado pelo teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para pro-
funcionário público que pode reconhecer firma ou va de fato ou circunstância que habilite alguém a
letra; obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de
z Admite a participação de particular, desde que caráter público, ou qualquer outra vantagem.
conheça a condição de funcionário público do Sobre este crime, é importante levar em conside-
agente. ração o seguinte:
z Só poderá ser praticado dolosamente;
z Não exige fim especial de agir (dolo específico); z É crime comum, que poderá ser praticado por
z Segundo posicionamento que prevalece, trata-se qualquer pessoa;
de crime plurissubsistente, que admite, portanto, z Só pode ser praticado dolosamente – não admite a
a tentativa;
forma culposa;
z A ação penal será pública incondicionada.
z Admite a modalidade tentada;
z É crime de ação múltipla, que pode ser pratica-
Certidão ou atestado ideologicamente falso
do mediante a execuçxão de quaisquer uma das
seguintes condutas:
Art. 301 Atestar ou certificar falsamente, em razão
de função pública, fato ou circunstância que habi-
„ Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou
lite alguém a obter cargo público, isenção de ônus
ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra
certidão;
vantagem: „ Alterar o teor de certidão ou atestado
Pena - detenção, de dois meses a um ano. verdadeiro.

Conduta típica: atestar ou certificar falsamente,


em razão de função pública, fato ou circunstância que Importante!
habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus Caso o crime tenha como finalidade a obtenção
ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra
de lucro (finalidade específica), será aplicada,
vantagem.
Sobre este crime, é importante levar em conside-
também, a pena de multa.
ração o seguinte:
Falsidade de atestado médico
z Trata-se de crime próprio, que só pode ser prati-
cado por funcionário público, em razão da função
Art. 302 Dar o médico, no exercício da sua profis-
pública; são, atestado falso:
z Admite o concurso de pessoas com particulares, Pena - detenção, de um mês a um ano.
desde que estes conheçam sobre a situação de fun- Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim
cionário público; de lucro, aplica-se também multa.
z Não admite a modalidade culposa;
z Admite a forma tentada;
Este crime tem como figura típica a seguinte con-
z É crime de ação múltipla, que pode se configurar
duta: dar o médico, no exercício da sua profissão, ates-
com a prática de quaisquer um dos verbos previs-
tado falso.
tos no tipo penal: atestar ou certificar;
z Para a configuração deste crime, exige-se que a Sobre este crime, é importante levar em
certificação ou atestado se deem para as finali- consideração:
dades previstas no tipo penal: habilitar alguém a
obter cargo público; isentar de ônus ou de serviço z É crime próprio, que só poderá ser praticado por
de caráter público, ou qualquer outra vantagem; médico;
z Caso o crime tenha como finalidade a obtenção de z Não admite a forma culposa – deve ser praticado
lucro (finalidade específica), será aplicada, além dolosamente;
da pena privativa de liberdade, a pena de multa. z Não exige fim especial de agir (dolo específico), sal-
vo no caso de obtenção de lucro;
Falsidade material de atestado ou certidão z Admite a tentativa;
z Caso o médico pratique a conduta com finalidade
Art. 301 [...] de obter lucro (dolo específico), será aplicada a ele,
§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou além da pena privativa de liberdade, a pena de
certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atesta- multa;
do verdadeiro, para prova de fato ou circunstância z Exige-se que a conduta praticada pelo médico se
que habilite alguém a obter cargo público, isenção dê no exercício da função.
de ônus ou de serviço de caráter público, ou qual-
quer outra vantagem: Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica
Pena - detenção, de três meses a dois anos.
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, Art. 303 Reproduzir ou alterar selo ou peça filaté-
aplica-se, além da pena privativa de liberdade, a de lica que tenha valor para coleção, salvo quando a
multa. reprodução ou a alteração está visivelmente anota-
da na face ou no verso do selo ou peça:
Ainda no art. 301, do CP, em seu § 1º, temos um Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
outro tipo penal: Certidão ou Atestado Ideologicamen- Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para
70 te Falso. fins de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica.
O crime tipificado neste artigo foi tacitamente apresentado o documento. Caso o agente apresente
revogado pelo art. 39 da Lei nº 6.538/1978. o documento falso a um órgão ou entidade federais,
Trata-se de lei relacionada ao serviço postal e sua a exemplo da Polícia Rodoviária Federal e do INSS, a
redação é a seguinte: competência para processo e julgamento será da Jus-
tiça Federal. Se o documento falso for apresentado a
Art. 39 Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica órgão ou entidade estaduais, a exemplo das polícias
de valor para coleção, salvo quando a reprodução civis ou da SANEAGO, o processo e julgamento será de
ou a alteração estiver visivelmente anotada na face competência da Justiça Estadual.
ou no verso do selo ou peça: Sobre este crime é importante saber:
Pena: detenção, até dois anos, e pagamento de três
a dez dias-multa. z Para caracterização deste crime, não basta o mero
Forma assimilada porte do documento falso, exigindo-se que o agen-
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas, quem, te o use efetivamente, apresentando-o a alguém;
para fins de comércio, faz uso de selo ou peça fila- z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
télica de valor para coleção, ilegalmente reproduzi- quer pessoa;
dos ou alterados. z É crime formal;
z Não admite a modalidade culposa – só pode ser
Uso de documento falso praticado dolosamente;
z Não exige fim especial de agir (dolo específico);
Art. 304 Fazer uso de qualquer dos papéis falsifica- z Caso o agente desconheça sobre a falsidade do
dos ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: documento e o utilize, não há que se falar na confi-
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. guração deste tipo penal, já que, como visto acima,
o elemento subjetivo é somente o dolo;
O crime de uso de documento falso tem como figu- z Prevalece o entendimento de que não admite a
ra típica a seguinte conduta: fazer uso de qualquer modalidade tentada, já que se trata de crime unis-
dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem subsistente, perfazendo-se mediante a execução
os arts. 297 a 302 do Código Penal. de um único ato (ou o agente usa o documento e
Vamos recordar quais são os tipos penais previstos pratica o crime; ou o agente não usa o documento
entre os arts. 297 e 302 do Código Penal: e o fato será atípico);
z Segundo o STJ, se o documento usado for grosseira-
z Falsificação de documento público; mente falsificado, perceptível aos olhos do homem
z Falsificação de documento particular; comum, não irá se configurar o crime de uso de
z Falsidade ideológica; documento falso.
z Falso reconhecimento de firma ou letra;
z Certidão ou atestado ideologicamente falso; Supressão de documento
z Falsidade material de atestado ou certidão;
z Falsidade de atestado médico. Art. 305 Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício
próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, docu-
O uso de qualquer um dos documentos previstos mento público ou particular verdadeiro, de que não
acima configura o crime de uso de documento falso, podia dispor:
respondendo o agente com a mesma pena correspon- Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o
dente à falsificação ou alteração. documento é público, e reclusão, de um a cinco
Por exemplo, caso um agente seja surpreendido anos, e multa, se o documento é particular.
utilizando um documento público falso, será respon-
sabilizado com a pena de reclusão de dois a seis anos, Configura-se quando o agente destruir, suprimir
e multa, mesma pena aplicada ao crime de falsificação ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em
de documento público. prejuízo alheio, documento público ou particular ver-
Se o agente que fez uso do documento falso foi o dadeiro, de que não podia dispor.
mesmo que o falsificou? Trata-se de crime de ação múltipla, que poderá ser
Ele será responsabilizado de que forma? praticado com a execução das seguintes condutas:
Segundo entendimento que predomina no STJ,
neste caso, deverá o agente responder apenas por fal- Documento público ou
sificação de documento público. particular verdadeiro, de
Assim, caso o agente falsifique e use o documento DESTRUIR que não podia dispor
falso, deverá responder apenas por aquele. SUPRIMIR
OCULTAR Em benefício próprio ou
A Súmula 546 do STJ: de outrem, ou em prejuízo
alheio.
A competência para processar e julgar o crime de
DIREITO PENAL

uso de documento falso é firmada em razão da enti- A pena do crime será diferente, a depender da
dade ou órgão ao qual foi apresentado o documen-
natureza do documento destruído, suprimido ou
to público, não importando a qualificação do órgão
ocultado.
expedidor.

Assim, caso o agente utilize uma carteira de iden- Documento Público Documento Particular
tidade falsa, não será relevante para fins de análise
de competência para processo e julgamento o órgão Reclusão, de dois a Reclusão, de um a
expedidor do documento (unidade da federação que seis anos, e multa cinco anos, e multa
o expediu), mas sim o órgão ou entidade ao qual foi 71
Em relação aos tipos penais que apresentam penas Mas, o fato de Carlos Eduardo Diogo se atribuir fal-
como visto acima, você deve ter um cuidado redobra- sa identidade para evitar prisão não está de acordo
do ao analisar o tipo penal e possíveis questões de pro- com o princípio do Direito Processual Penal que per-
va sobre o tema. mite que o indivíduo não seja compelido a produzir
Sobre esse crime, faz-se necessário ficar atento às provas contra si mesmo, podendo, inclusive, mentir?
seguintes informações: Caso ele seja responsabilizado penalmente, não have-
ria violação ao princípio da não autoincriminação?
Por muito tempo, este assunto foi divergente.
z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
O entendimento que predomina atualmente é o de
quer agente;
que a responsabilização penal por falsa identidade,
z Não admite a modalidade culposa;
ainda que diante de situação de alegada autodefesa,
z É necessário que o agente pratique as condutas des- não viola o princípio da não autoincriminação, sendo,
critas no tipo penal em benefício próprio ou alheio portanto, fato típico.
ou em prejuízo alheio (finalidade específica);
z Exige-se, para configuração deste tipo penal, que o STJ - Súmula 522
agente não possa dispor do documento público ou
particular; A conduta de atribuir-se falsa identidade perante
z Admite a tentativa. autoridade policial é típica, ainda que em situação
de alegada autodefesa.
DE OUTRAS FALSIDADES
Sobre o crime de falsa identidade, é importante
Falsa identidade que você leve em consideração:

Art. 307 Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
quer pessoa;
identidade para obter vantagem, em proveito pró-
z Não admite a modalidade culposa – o elemento
prio ou alheio, ou para causar dano a outrem:
subjetivo exigido é sempre o dolo;
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa,
z Exige dolo específico: o agente deve praticar a con-
se o fato não constitui elemento de crime mais grave. duta com o fim de obter vantagem, em proveito
Art. 308 Usar, como próprio, passaporte, título de próprio ou alheio, ou para causar dano;
eleitor, caderneta de reservista ou qualquer docu- z Não admite tentativa. Parte da doutrina a admite,
mento de identidade alheia ou ceder a outrem, para ainda que de difícil configuração, caso o crime seja
que dele se utilize, documento dessa natureza, pró- praticado de forma escrita;
prio ou de terceiro: z Trata-se de crime subsidiário, respondendo o
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e agente por ele apenas se o fato não constituir ele-
multa, se o fato não constitui elemento de crime mento de crime mais grave;
mais grave. z Não se exige que o agente atribua a si ou a tercei-
ro nome de pessoa real, podendo ocorrer caso o
Figura típica: atribuir-se ou atribuir a terceiro fal- nome seja inexistente;
z É crime formal, que se consuma independente-
sa identidade para obter vantagem, em proveito pró-
mente de o agente conseguir obter a vantagem ou
prio ou alheio, ou para causar dano a outrem.
efetivamente causar dano.
O crime pode ser praticado das seguintes formas:
Conduta típica: usar, como próprio, passaporte,
Falsa identidade título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer
documento de identidade alheia ou ceder a outrem,
para que dele se utilize, documento dessa natureza,
Atribuir-se Atribuir a terceiro próprio ou de terceiros.
Esse crime pode ser praticado das seguintes
formas:
O agente atribui a O agente atribuiu
falsa identidade a si falsa identidade a z Quando o agente faz uso de documento de identi-
próprio uma outra pessoa ficação alheio;
z Quando o agente cede, para que outro utilize,
documento de identificação próprio ou alheio.
Nesse crime, o agente se passa por outra pessoa.
Por exemplo, um indivíduo, chamado Carlos O tipo penal apresenta hipótese de interpretação
Eduardo Diogo, sabendo que se encontra, em seu des- analógica, já que exemplifica quais são os documentos
favor, um mandado de prisão em aberto, com a fina- de identidade, a exemplo do passaporte, título de elei-
lidade de não ser preso e de que não se descubra a tor e caderneta de reservista (fórmulas casuísticas), e
por fim, amplia as possibilidades ao utilizar a expres-
sua condição de procurado, ao ser abordado por uma
são “qualquer documento de identidade (fórmula
equipe policial, atribui a si próprio o nome de Antô-
genérica)”.
nio Carlos dos Céus, contra quem não existe nenhuma Sobre esse crime, é importante que você leve para
medida judicial. a sua prova o seguinte:
No exemplo acima, configurou-se o crime de falsa
identidade, já que o agente, com a finalidade de obter z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
72 proveito próprio, atribuiu a si mesmo falsa identidade. quer indivíduo;
z Não admite a modalidade culposa – só pode ser divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si
praticado dolosamente; ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do
z Admite-se a modalidade tentada; certame, conteúdo sigiloso de:
z É crime subsidiário, não respondendo o agente
por ele se o fato constituir elemento de crime mais z Concurso público (segundo Sanches, instrumento
grave. de acesso a cargos e empregos públicos);
z Avaliação ou exame públicos (segundo Sanches,
Os crimes a seguir apresentam condutas bastante abrange, por exemplo, os exames psicotécnicos);
parecidas. Cuidado para não as confundir: z Processo seletivo para ingresso no ensino superior
(conforme Sanches, engloba vestibulares e outras
Falsificação de Uso de documento formas de avaliação para ingresso no ensino supe-
documento Público falso rior, a exemplo do ENEM);
ou Particular z Exame ou processo seletivo previstos em lei (con-
Conduta: fazer uso forme ensina Rogério Sanches, a exemplo do exa-
Conduta: falsificar, de qualquer dos me da OAB).
no todo ou em parte, papéis falsificados
documento público ou alterados, a que
ou particular ou se referem os artigos Fraudes em certames de interesse público
alterar documento 297 a 302 (incluindo
público ou particular documento público
Conduta: utilizar ou divulgar, indevidamente,
verdadeiro ou particular)
com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou
de comprometer a credibilidade do certame,
conteúdo sigiloso de

Processo
Falsa identidade Uso de documento de Exame ou
seletivo
identidade alheio Avaliação processo
Conduta: atribuir-se Concurso para
ou exame seletivo
ou atribuir a terceiro Conduta: usar, público ingresso
públicos previstos
falsa identidade para como próprio, no ensino
em lei
obter vantagem, em passaporte, título de superior
proveito próprio eleitor, caderneta
ou alheio, ou para de reservista ou
O crime de fraude em certames de interesse público
causar dano a qualquer documento
outrem de identidade alheia apresenta uma forma equiparada, uma forma qualifi-
ou ceder a outrem, cada e uma forma majorada (com aumento de pena):
para que dele se
utilize, documento z Forma equiparada: incorre nas mesmas penas o
dessa natureza, agente que permite ou facilita, por qualquer meio,
próprio ou de o acesso de pessoas não autorizadas às informa-
terceiro ções sigilosas relacionadas a concurso público;
avaliação ou exame públicos; processo seletivo
para ingresso no ensino superior; ou exame ou
DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE
PÚBLICO processo seletivo previstos em lei.
z Forma qualificada: se da ação ou omissão resultar
Fraudes em certames de interesse público dano à administração pública;
z Forma majorada: a pena será aumentada de 1/3
Art. 311-A Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o (um terço) se o fato é cometido por funcionário
fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer público.
a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de:
I - concurso público; Sobre esse crime, é importante ficar atento às
II - avaliação ou exame públicos;
seguintes informações:
III - processo seletivo para ingresso no ensino supe-
rior; ou
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: z Este crime se aplica a certames de interesse públi-
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. co de maneira geral, e não apenas a concursos
§ 1° Nas mesmas penas incorre quem permite ou públicos em sentido estrito.
facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
DIREITO PENAL

autorizadas às informações mencionadas no caput. quer pessoa;


§ 2° Se da ação ou omissão resulta dano à adminis-
tração pública:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. É comum acharem que se trata de crime próprio,
§ 3° Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é que só pode ser praticado por funcionário público.
cometido por funcionário público. Não é crime próprio. Na verdade, para este crime,
a condição de funcionário público não é elementar,
Esse tipo penal foi editado para proteger a lisura constituindo, contudo, causa de aumento de pena de
dos certames de interesse público. O crime tem como 1/3 (um terço).
figura típica a prática da seguinte conduta: utilizar ou Vejamos os pontos importantes deste crime: 73
z Não admite a modalidade culposa – só pode ser REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
praticado dolosamente;
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Vol . 1,
z Exige fim especial de agir (dolo específico): fim de 19ª. Ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a
credibilidade do certame; CUNHA, Rogério Sanches. Pacote Anticrimes – Lei
z Trata-se de crime formal, que se consuma com a 13.964/2019: Comentários às Alterações no CP, CPP
mera divulgação ou utilização das informações e LEP. Salvador: Juspodium, 2020.
sigilosas, ainda que o agente não consiga benefi- GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal
ciar a si ou a terceiro ou não consiga comprometer esquematizado: parte especial. 6ª ed. São Paulo:
a credibilidade do certame público; Saraiva, 2016.
z Admite a forma tentada;
z Caso o agente promova a utilização ou divulgação JESUS, Damásio de. Código Penal Anotado. 22ª. Ed.
das informações sigilosas devidamente (com justa São Paulo: Saraiva, 2017.
causa), não há que se falar na prática deste crime. MASSON, Cleber. Código Penal Comentado. 2ª. Ed.
São Paulo: Método, 2019.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
DOS CRIMES CONTRA A
1. (CESPE-CEBRASPE — 2020) Ainda com relação a
aspectos legais que concernem aos procedimentos ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
policiais, julgue o item seguinte. DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO
Para que o crime de falsidade ideológica se configure, PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
é necessário que o objeto da conduta seja a inserção
de declarações falsas em documentos públicos, não Trata-se de crimes próprios, que exigem uma con-
se configurando esse tipo penal no caso de documen- dição especial do sujeito ativo: ser funcionário público.
tos particulares. Nos crimes contra a Administração Pública, o bem
jurídico genericamente tutelado é a moralidade ou
probidade administrativa.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Os crimes praticados por funcionário público con-
tra a administração em geral são chamados de crimes
No crime de falsidade ideológica, o agente tem o funcionais. Os crimes funcionais são aqueles prati-
documento verdadeiro, mas inseriu dados falsos. O cados contra a administração pública por indivíduo
documento é formalmente perfeito e emana da pes- que se encontra investido em uma função pública. São
soa competente, mas o conteúdo ou a informação divididos em funcionais próprios ou puros e funcio-
é falsa. Assim dispõe o art. 299, do CP, omitir, em nais impróprios ou impuros.
documento público ou particular, declaração que Os crimes funcionais próprios são aqueles que
dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir serão atípicos caso não sejam praticados por funcio-
nários públicos. Segundo a doutrina, neste caso, ocor-
declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita,
rerá uma hipótese de atipicidade absoluta.
com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou Vejamos a conduta que define o crime de preva-
alterar a verdade sobre fato juridicamente relevan- ricação será atípica caso não seja praticada por um
te. Resposta: Errado. funcionário público.
Os crimes funcionais impróprios são aqueles que
serão desclassificados para outras infrações penais
2. (CESPE-CEBRASPE — 2018) Julgue o item seguin- caso não sejam praticados por funcionários públicos.
te, relativos a institutos complementares do direito Segundo a doutrina, neste caso, ocorrerá uma
empresarial, teoria geral dos títulos de crédito, res- hipótese de atipicidade relativa.
Já a conduta que define o crime de peculato-furto,
ponsabilidade dos sócios, falência e recuperação
praticada por meio do verbo subtrair, será desclassi-
empresarial. ficada para o crime de furto, caso não seja praticada
Os livros comerciais, os títulos ao portador e os trans- por um funcionário público.
missíveis por endosso equiparam-se, para fins penais, O Código Penal responde a esta pergunta em seu
a documento público, sendo a sua falsificação tipifica- art. 327.
da como crime.

( ) CERTO  ( ) ERRADO Importante!


Considera-se funcionário público, para os efeitos
Verifica-se que pode ser objeto deste crime o cheque, penais, quem, embora transitoriamente ou sem
carteira de trabalho, livros comerciais ou mercan- remuneração, exerce cargo, emprego ou função
tis, ações de sociedade comercial, título ao portador pública.
ou endosso e testamento particular ou testamento No artigo 327, § 1º, o Código Penal equipara a
holográfico. Neste sentido dispões o art. 297, § 2º, do funcionário público a quem exerce cargo, empre­
CP, que para os efeitos penais, equiparam-se a docu- go ou função em entidade paraestatal, e quem
mento público o emanado de entidade paraestatal, o trabalha para empresa prestadora de serviço
título ao portador ou transmissível por endosso, as contratada ou conveniada para a execução de
ações de sociedade comercial, os livros mercantis e atividade típica da Administração Pública.
74 o testamento particular. Resposta: Certo.
É importante diferenciar o conceito de funcionário Os crimes funcionais admitem a coautoria de
público do direito administrativo do conceito de fun- particular, sendo possível que este venha a ser res-
cionário público do direito penal. ponsabilizado por delito funcional contra a adminis-
No direito administrativo, considera-se funcio- tração pública, desde que pratique a infração penal
nário público apenas quem exerce cargo público na em concurso com funcionário público e conheça esta
administração direta, isto é, junto à União, Estados, qualidade.
Distrito Federal ou Municípios. Vamos exemplificar: José, funcionário público,
No direito penal, o conceito de funcionário públi- convida seu amigo de infância, Jonas, para juntos,
co é mais amplo, pois abrange quem exerce cargo, subtraírem um computador na repartição pública
emprego ou função pública, ainda que transitoria- que aquele trabalha. O funcionário público obteria
mente ou sem remuneração. facilidades para praticar o crime, já que havia ficado
O mesário de eleição, por exemplo, é funcionário com a chave da repartição naquele período. No dia
público para efeitos penais, à medida que exerce uma determinado, os agentes vão ao local e subtraem o
função pública. computador.
O art. 327, do CP, faz menção a cargo público, No exemplo apresentado, tanto José quanto Jonas
emprego público e função pública, vamos distinguir: responderão pelo crime de peculato (vamos estudar
suas características a seguir), já que praticaram a con-
Art. 327 Considera-se funcionário público, para os duta em concurso de pessoas e a condição de caráter
efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou pessoal (ser funcionário público) se comunica aos
sem remuneração, exerce cargo, emprego ou fun- demais agentes (é necessário que eles conheçam a
ção pública. condição).
§ 1º Equipara-se a funcionário público quem exerce Não podemos deixar de tratar do concurso de pes-
cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, soas nos crimes funcionais. Os crimes funcionais são
e quem trabalha para empresa prestadora de ser- crimes próprios, à medida que o autor deve ser fun-
viço contratada ou conveniada para a execução de cionário público.
atividade típica da Administração Pública. Em regra, não podem serem praticados por qual-
§ 2º A pena será aumentada da terça parte quan- quer pessoa.
do os autores dos crimes previstos neste Capítu- Mas, admitem a participação e a coautoria, bem
lo forem ocupantes de cargos em comissão ou de como a autoria mediata.
função de direção ou assessoramento de órgão da Observe que o particular sozinho não pratica cri-
administração direta, sociedade de economia mis- me funcional, mas desde que unido com outro funcio-
ta, empresa pública ou fundação instituída pelo nário público também responderá pelo delito.
poder público. Isso é decorrente da teoria monista ou unitária da
ação, prevista nos arts. 29 e 30, do CP, na qual todo
z Cargo público é o criado por lei, com nomenclatu- aquele que concorre para o crime responde para o
mesmo crime.
ra e número certo, junto à administração direta.
Nesse sentido, vamos exemplificar, pois responde
z Emprego público, por sua vez, é a função pública
por peculato o particular que, a mando do funcioná-
exercida em caráter temporário ou extraordiná- rio público, subtrai bens da repartição pública. Igual-
rio, por exemplo, diarista que presta serviço de mente, enquadra-se na corrupção passiva, a mulher
faxina numa repartição pública. Assim, obtém-se do funcionário público que instiga o marido a aceitar
por exclusão o conceito de emprego público como a propina.
sendo todo aquele que não se classifica como cargo
público. Peculato
z Função pública é toda e qualquer atividade que
realiza os fins próprios do Estado, por exemplo, Art. 312 Apropriar-se o funcionário público de
perito judicial, estagiário do Ministério Público ou dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, públi-
da Defensoria Pública ou de qualquer outro órgão co ou particular, de que tem a posse em razão do
público, juiz de direito, Presidente da Repúbli- cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
ca, Governador de Estado, escreventes, Prefeitos, Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
vereadores, faxineira do fórum etc. § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário públi-
co, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou
No § 2º do art. 327, o Código Penal apresenta uma bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído,
causa de aumento de pena aplicável a todos os crimes em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilida-
de que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
praticados por funcionário público contra a adminis-
Peculato culposo
tração em geral. Observe:
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para
A pena será aumentada de 1/3 (terça parte) quan- o crime de outrem:
do os autores dos crimes praticados por funcionário Pena - detenção, de três meses a um ano.
público contra a administração em geral forem ocu- § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do
DIREITO PENAL

pantes de cargos em comissão ou de função de direção dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a
ou assessoramento de órgão da administração direta, punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a
sociedade de economia mista, empresa pública ou pena imposta.
fundação instituída pelo poder público.
É importante saber que a pena não será aumen- O crime de peculato, previsto no art. 312, do CP, é
tada caso o funcionário público ocupe cargo em dividido da seguinte forma:
comissão ou função de direção ou assessoramento em
autarquias, por falta de previsão legal. Lembre-se que z Peculato-apropriação;
o nosso ordenamento jurídico não admite a analogia z Peculato-desvio;
para prejudicar o agente. z Peculato-furto; 75
z Peculato culposo; É importante mencionar que é necessário, para
z Peculato mediante erro de outrem. que não seja típica a conduta do peculato de uso, que
o bem seja infungível e não consumível, a exemplo de
Parte da doutrina apresenta, ainda, a seguinte um carro oficial ou de um computador.
divisão para o crime de peculato: Caso o bem seja fungível e consumível, a exemplo
do dinheiro, a conduta será típica.
z Próprio: peculato-apropriação e peculato-desvio; Se a conduta relacionada ao Peculato de Uso for
praticada por Prefeito, o fato será típico, independen-
z Impróprio: peculato-furto.
temente da natureza do bem, por expressa previsão
legal no Artigo 1º, II, do Decreto-Lei nº 201/1967.
O peculato-apropriação irá se configurar quando
O Peculato-furto irá se configurar quando o fun-
o funcionário público se apropriar de dinheiro, valor
cionário público, embora não tendo a posse do dinhei-
ou qualquer outro bem móvel, público ou particular,
ro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja
de que tem a posse em razão do cargo, por exemplo,
subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se
vereador que se apropria de bens (aparelho de celu-
de facilidade que lhe proporciona a qualidade de
lar, notebook) do qual tem posse em razão do cargo
funcionário.
(eletivo) que ocupa.
O peculato-furto pode ser praticado de duas
É muito importante que você fique atento, em rela-
formas:
ção ao peculato apropriação, ao seguinte:
z Subtraindo o dinheiro, valor ou bem;
z Para que se configure, é necessário que o agente
z Concorrendo para que seja subtraído o dinheiro,
tenha a posse do bem em razão do seu cargo;
valor ou bem.
z O bem pode ser público ou particular (imagine um
objeto particular apreendido numa delegacia de
É importante mencionar que:
polícia);
z O sujeito passivo é a administração pública, con-
z Para que se configure este crime, é necessário que
tudo, no caso de bem particular, o dono do bem
o funcionário público não tenha a posse da coisa;
também será sujeito passivo do delito.
z O primeiro é o verbo “subtrair”, que é o fato de
o bem ser arrebatado pelo próprio funcionário
O peculato-desvio irá se configurar quando o
público;
funcionário público desviar, em proveito próprio ou
z O segundo é o verbo “concorrer”, que significa
alheio, dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel,
induzir, instigar ou auxiliar uma outra pessoa a
público ou particular.
realizar a subtração, por exemplo, o funcionário
Segundo posicionamento majoritário, apesar de
público distrai os demais para que o seu amigo,
algumas posições jurisprudenciais em sentido con-
que é ladrão, ingresse na repartição para surru-
trário, para que se configure o peculato-desvio, é
piar os bens.
necessário que o bem seja desviado para integrar o
z Para que se configure o peculato-furto é necessário
patrimônio do próprio funcionário público ou de ter-
que o ato seja doloso;
ceiros, não se configurando o tipo penal caso ocorra
z A qualidade de funcionário público deve acarretar
mero desvio de finalidade.
alguma facilidade para a subtração da coisa. Caso
não haja facilidade, o agente responderá por furto
Importante! normalmente.

É importante que você saiba que parte da doutri- Vamos trazer dois exemplos:
na, minoritária, defende que, para que se configu- Exemplo 1: Carlos é funcionário público. Certo dia,
re o peculato-desvio, não é necessário a intenção na hora de sair, valendo-se do fato de estar sozinho
de assenhoramento (apoderar-se) por parte do na repartição, Carlos subtrai um notebook do órgão
funcionário público, podendo se configurar com público. Está certamente configurado o crime de pecu-
o mero uso irregular da coisa pública, em provei- lato-furto, já que a condição de funcionário público de
to próprio ou alheio. Carlos foi uma facilidade para que ele subtraísse o bem.
Exemplo 2: Michele é funcionária pública de Tri-
bunal Federal. Certo dia, ao passar em frente a uma
Com base no que foi exposto logo acima, é impor- escola que se encontra próxima a sua casa, Michele
tante mencionar que: o peculato de uso, em regra, é percebe que o vigilante esqueceu a porta dos fundos
considerado figura atípica. aberta, estando próximo um aparelho celular da esco-
Segundo Cleber Masson, o uso momentâneo de coi- la. Michele entra pela porta e subtrai o aparelho. Não
sa infungível, sem a intenção de incorporá-lo ao patri- há que se falar em peculato-furto, já que a qualidade
mônio pessoal ou de terceiro, seguido da sua integral de funcionária pública de Michele em nada contri-
restituição a quem de direito é atípico. buiu para a prática da subtração, podendo qualquer
É necessário sabermos o que se trata de infungível. pessoa, na mesma situação, praticar a conduta deli-
O art. 85, do CC, dispõe que são fungíveis os móveis tuosa apresentada pelo exemplo. Michele responderá
que podem substituir-se por outros da mesma espécie, pelo crime de furto.
qualidade e quantidade. Observe que:
O Código Civil não define os bens infungíveis,
mas podemos compreender que são os bens que não z Admite a modalidade tentada, já que se trata de
podem ser substituídos por outros da mesma espécie, crime plurissubsistente (atos múltiplos, ou seja, o
76 quantidade e qualidade. autor entra no local, o autor subtrai a coisa);
z O bem subtraído pode ser público ou particular. O elemento subjetivo do tipo é o dolo subsequente,
z O sujeito passivo é a administração pública. Caso isto é, posterior ao recebimento da coisa.
o bem seja particular, também será sujeito passivo Num primeiro momento, o funcionário público
da infração penal o dono do bem. toma posse do bem de boa-fé, sem constatar o erro
z É crime material. alheio, mas posteriormente, após detectar o erro,
apropria-se da coisa.
O peculato culposo, previsto no art. 312, § 2º, con- É importante levar em consideração as seguintes
figura-se quando o funcionário público concorre cul- características do crime de peculato mediante erro de
posamente para o crime de outrem. outrem:
Dos crimes praticados por funcionário público
contra a administração em geral, o peculato é o úni- z É crime material, que se consuma quando o agen-
co que prevê expressamente a possibilidade de ser te inverte a propriedade do dinheiro ou outra uti-
cometido na modalidade culposa. lidade, sabendo que eles chegaram ao seu poder
No peculato culposo, o funcionário público não por erro de outra pessoa, passando a agir como se
tem intenção em praticar o crime, contudo, por culpa, dono fosse;
acaba concorrendo para a subtração da coisa. z Segundo a doutrina majoritária, admite a modali-
Neste sentido, Damásio ensina que no peculato dade tentada;
culposo podem ocorrer as seguintes situações: z O funcionário público deve receber a coisa em
razão do cargo que exerce;
z u m funcionário, por culpa, concorre para que z O sujeito passivo é a administração pública. Caso o
outro funcionário cometa peculato (caput ou §1º); bem seja particular, também será sujeito passivo o
z um funcionário, por culpa, concorre para que outro dono do bem.
funcionário ou um particular cometam o fato; e z Parte da doutrina entende que se a pessoa for
z um funcionário, por culpa, concorre para que um induzida a erro, irá se configurar o crime de este-
particular cometa o fato (furto etc.). lionato, previsto no art. 171, do CP, sendo neces-
sário, portanto, para caracterização do crime de
peculato mediante erro de outrem, que a vítima
Vejamos: José, agente de polícia legislativa, esque-
entregue a coisa por erro próprio.
ce, por omissão, já que queria assistir a um jogo de
futebol, de trancar uma porta da Câmara Legislativa
do Distrito Federal, ao qual somente ele tem acesso. Inserção de dados falsos em sistemas de informação
No ambiente em que a porta se encontra, há vários
objetos de valor considerável para o Poder Legislativo O crime de inserção de dados falsos em sistemas
distrital. Simba, também policial legislativo, aprovei- de informação está previsto no art. 313-A, do CP.
tando-se do fato de a porta estar aberta, ingressa no
local e subtrai uma câmera fotográfica. Art. 313-A Inserir ou facilitar, o funcionário autori-
Neste exemplo, José poderá ser responsabiliza- zado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir
do criminalmente pelo crime de peculato culposo, já indevidamente dados corretos nos sistemas infor-
que concorreu culposamente para o crime de outrem matizados ou bancos de dados da Administração
(peculato-furto de Simba). O agente foi omisso ao dei- Pública com o fim de obter vantagem indevida para
xar de trancar a porta, fator que contribuiu para a si ou para outrem ou para causar dano:
prática da subtração. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
Sobre o peculato culposo, é importante saber que no § multa.
3º do art. 312, do CP, dispõe que:
Dica
z se a reparação do dano resultante do peculato cul-
poso ocorrer antes da sentença transitar em julga- Inserção de dados falsos em sistemas de infor-
do, extingue a punibilidade. mação é chamado de peculato eletrônico.
z se a reparação do dano resultante do peculato cul-
poso ocorrer após a sentença transitar em julgado, Sujeito ativo é apenas o funcionário público auto-
a pena será reduzida da metade. rizado a inserir ou excluir dados do sistema. Outros
funcionários, que não dispõem desta competência,
O peculato mediante erro de outrem respondem pelo crime do art. 313-B, do CP.
Está previsto no art. 313, do CP, configurando se A fraude no sistema informatizado ou em bancos
quando o funcionário público se apropriar de dinhei- de dados pelo funcionário competente, para obter
ro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, vantagem para si ou para outrem, caracteriza o delito
recebeu por erro de outrem. em análise, sendo que o estelionato, por ser um crime
menos grave, é absorvido.
A conduta que define este tipo penal é a seguinte:
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer uti-
lidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro
de outrem:
z Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a
inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevi-
DIREITO PENAL

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.


damente dados corretos nos sistemas informatiza-
dos ou bancos de dados da Administração Pública
Parte da doutrina chama esta modalidade de com o fim de obter vantagem indevida para si ou
peculato-estelionato. para outrem ou para causar dano.
Sujeito ativo é o funcionário público que, por erro
de outrem toma posse de um bem móvel, em razão Para que este crime se configure, é necessário que
da função, apropriando-se do mesmo. O terceiro que as condutas descritas no tipo penal sejam praticadas
induz o funcionário a apropriar-se do bem que rece- por funcionário público autorizado a operar os siste-
beu por erro será partícipe deste delito de peculato mas informatizados ou bancos de dados da adminis-
mediante erro. tração pública. 77
Trata-se de crime plurinuclear, já que o tipo penal Fique atento às diferenças entre os tipos penais do
descreve vários verbos que podem ser praticados crime de inserção de dados falsos em sistemas de infor-
para a sua configuração. mação e do crime de modificação ou alteração não
Condutas: autorizada de sistemas de informação.
Inserção de Dados Falsos em Sistemas de Informação:
z Inserir dados falsos;
z Verbos: Inserir, facilitar a inserção, alterar, excluir
z Facilitar a inserção de dados falsos;
indevidamente
z Alterar dados corretos; z Deve ser praticado por funcionário autorizado
z Excluir indevidamente dados corretos. z Exige dolo específico de obter vantagem indevida
ou de causar dano
É necessário, para a tipificação do delito, que as
condutas acima sejam realizadas em sistema informa- Modificação ou Alteração não Autorizada de Siste-
tizado (computador) ou bancos de dados (fichários, mas de Informação:
livros ou outro meio físico) da Administração Pública.
Objeto Material: z Verbos: modificar ou alterar
z Se praticado por funcionário autorizado, será fato
z Sistemas informatizados ou bancos de dados da atípico
Administração Pública z Não exige dolo específico

Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou


Finalidade (dolo específico): documento

z Obter vantagem indevida para si ou para outrem; Está previsto no artigo 314 do Código Penal.
z Causar dano.
Art. 314 Extraviar livro oficial ou qualquer docu-
O elemento subjetivo do tipo é o dolo específico, mento, de que tem a guarda em razão do cargo;
que consiste no fim de obter vantagem indevida para sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não
si ou para outrem ou causar dano à Administração
constitui crime mais grave.
Pública ou a uma terceira pessoa.
Sem esta finalidade de obter vantagem ou causar
Este crime se configurará quando o agente extra-
dano, haverá o crime do art. 313-B do CP.
viar livro oficial ou qualquer documento, de que tem
O crime se consuma com a conduta, independente-
a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo,
mente do resultado. Trata-se de crime formal, que se
total ou parcialmente.
caracteriza ainda que a vantagem ou o dano almejado
Os núcleos do tipo são os verbos extraviar (fazer
não se verifique. desaparecer), sonegar (não apresentar) e inutilizar
Admite-se a tentativa na hipótese de o agente ser (tornar imprestável).
surpreendido antes de ultimar a conduta, por exem- Sobre este crime, é importante que você saiba:
plo, agente é flagrado quando iniciava a supressão dos
dados corretos. z Trata-se de crime subsidiário (o crime fica absorvi-
do quando o fato constitui crime mais grave), res-
Modificação ou alteração não autorizada de pondendo por ele, o funcionário público, apenas se
sistemas de informação não se configurar crime mais grave;
z Não admite a modalidade culposa;
O crime de modificação ou alteração não autoriza- z Admite tentativa.
da de sistemas de informação está previsto no Artigo z O extravio, a sonegação e inutilização podem ser
313-B, do Código Penal. parciais ou totais.

Sujeito ativo é apenas o funcionário público res-


Art. 313-B Modificar ou alterar, o funcionário, sis-
ponsável pela guarda do livro oficial ou documen-
tema de informações ou programa de informáti- to. Se a conduta for praticada por outro funcionário
ca sem autorização ou solicitação de autoridade público o crime será o previsto no art. 337 do CP. Caso
competente: seja praticado por advogado ou procurador, que inu-
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, tiliza documento ou objeto do processo, o enquadra-
e multa. mento será no art. 356 do CP.
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um O delito em estudo é subsidiário, pois só será apli-
terço até a metade se da modificação ou alteração cado se não houver outro crime mais grave.
resulta dano para a Administração Pública ou para Assim, o funcionário público que recebe dinheiro
o administrado. para destruir livro ou documento responderá apenas
pelo crime de corrupção passiva, que é mais grave.
Esse tipo penal irá se configurar quando o agente Por fim, quando se tratar de livros ou documentos
modificar ou alterar sistema de informações ou pro- relativos a tributos, o funcionário que tinha a guarda
grama de informática sem autorização ou solicitação e praticou uma das condutas acima, responderá pelo
de autoridade competente. crime do art. 3º, I, da Lei nº 8.137/1990, quando o fato
Caso o funcionário público seja autorizado ou pra- acarretar pagamento indevido ou inexato de tributo.
tique a conduta por solicitação da autoridade compe-
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
tente, o fato será atípico.
A pena deste crime será aumentada de 1/3 (um Previsto no art. 315, do CP, o crime de emprego irre-
terço) até metade: caso da modificação ou alteração gular de verbas ou rendas públicas irá se configurar com
resulte dano para a Administração Pública ou para o a prática da seguinte conduta: dar às verbas ou rendas
78 administrado. públicas aplicação diversa da estabelecida em lei:
Art. 315 Dar às verbas ou rendas públicas aplica- É importante mencionar que a concussão se dará
ção diversa da estabelecida em lei: em razão da função do agente público, não se exigindo
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. que o fato seja praticado no efetivo desempenho das
atribuições do cargo. Sendo assim, este crime pode ser
Esse crime não se aplica ao Prefeito Municipal, res-
cometido por funcionário público de férias e, segundo
pondendo este pelo crime previsto em lei específica, o
a doutrina dominante, nomeado, mas não empossado
Decreto nº 201/1967.
Exige que o emprego irregular se dê em benefí- (antes de assumi-la).
cio da própria administração pública, contrariando a A violência ou grave ameaça (morte, prisão) não
legislação, não podendo o agente desviar as verbas ou são elementos integrantes do crime de concussão.
rendas em benefício próprio, sob pena de responder Se o funcionário público exigir o pagamento de
por outro crime. vantagem indevida, mediante violência ou grave
Vamos exemplificar: a Câmara Legislativa do ameaça, estará cometendo o crime de extorsão, pre-
Município XYZ aprova a utilização de um milhão de visto no Artigo 158 do Código Penal.
reais para construção de uma passarela. A autoridade Sobre a concussão, é importante que você conheça
pública competente utiliza a verba mencionada para as seguintes informações, frequentemente cobradas
a construção de uma escola. em prova:
Pronto, configurou-se o crime de emprego irregular
de verbas ou rendas públicas. O agente deu às verbas
z Não pode ser praticada na modalidade culposa;
públicas destinação diversa daquela estabelecida em lei.
z Trata-se de crime formal, que se consuma com a
Observe que a destinação da verba se deu no inte-
resse da administração, já que, caso se dê em benefí- prática da exigência, sendo o recebimento da van-
cio próprio, o agente responderá por outro crime. tagem mero exaurimento do crime;
É importante mencionar a aplicação da excludente
de ilicitude do estado de necessidade: caso o emprego „ O particular, de quem se exigiu a vantagem
se dê devido a uma situação de perigo iminente (uti- indevida, é sujeito passivo secundário deste cri-
lizou-se verba pública destinada ao esporte, para se me. A administração pública é o sujeito passivo
construir um abrigo durante perigo de chuvas que primário.
desabrigaram grande parte da população), o fato será „ Em regra, não admite a tentativa, salvo quando
típico, mas não será antijurídico. for possível fracionar o iter criminis, a exemplo
Sobre o emprego irregular de verbas ou rendas da concussão praticada mediante carta endere-
públicas, é importante mencionar:
çada à vítima;
„ É possível se praticar a concussão indiretamen-
z Este crime será praticado pelo funcionário público
te, quando, por exemplo, o funcionário público
que tem poder de decisão sobre as verbas ou ren-
das públicas, podendo delas dispor; exige a vantagem indevida por intermédio de
z Não exige nenhum fim específico; outra pessoa.
z Não admite a modalidade culposa;
z Admite a tentativa; É importante diferenciar concussão e corrupção
z Não exige a ocorrência de dano pela administra- passiva:
ção pública para a sua configuração.

Concussão Tem no núcleo do tipo


o verbo “exigir”, há um
caráter intimidativo na
Previsto no art. 316, do CP, a concussão é pratica-
CONCUSSÃO conduta.
da quando o agente público exigir, para si ou para
outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
O ato de exigir é algo
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, van-
impositivo.
tagem indevida.
tem os verbos “solicitar
Art. 316 Exigir, para si ou para outrem, direta ou ou receber, ou aceitar”.
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Solicitar é pedir, o que,
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. portanto, não pressupõe
intimidação.
No crime de concussão, o funcionário público,
valendo-se de sua autoridade, exige (conduta mais Receber e aceitar pressu-
forte do que apenas pedir) o pagamento de vantagem, põem uma conduta ativa
DIREITO PENAL

não devida pela pessoa. O particular, por temer qual- CORRUPÇÃO PASSIVA
do particular, ou seja,
quer represália por parte do funcionário público pode além de não ocorrer inti-
ou não pagar a vantagem indevida. midação, há uma conduta
Vamos exemplificar: funcionário público, agen- inicial do terceiro. Autor,
te de trânsito, exige de particular a quantia de R$ sugerimos que destaque
2.000,00 para que libere o seu veículo, sob pena de que há uma confusão
levá-lo indevidamente ao pátio do Detran. entre esses dois crimes,
A vantagem indevida, segundo posicionamento para melhor compreen-
majoritário, não necessita ser patrimonial, podendo são do leitor.
ser qualquer outra vantagem. 79
Excesso de exação Art. 316 [...]
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio
O excesso de exação, previsto no art. 316, § 1º, do ou de outrem, o que recebeu indevidamente para
CP, é uma forma de concussão. Configura-se quando recolher aos cofres públicos:
o funcionário público exige tributo ou contribuição Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
social, que sabe ou deveria saber indevido, ou, quan-
do devido, emprega na cobrança meio vexatório ou Quando observamos a forma qualificada do exces-
gravoso, que a lei não autoriza. so de exação, é possível compreender que o tipo penal
não exige que o funcionário público tenha a intenção
Art. 316 [...] de ficar para si ou para outro aquilo que recebeu. Caso
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição o faça, responderá pelo crime na forma qualificada.
social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quan- Na concussão propriamente dita, exige-se que o
do devido, emprega na cobrança meio vexatório ou funcionário público pratique a conduta visando obter
gravoso, que a lei não autoriza: a vantagem indevida para si ou para outrem, consti-
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. tuindo-se, assim, elemento de distinção entre os tipos
penais.
Exação significa correção, exatidão.
São dois os delitos que recebem o nome de excesso Corrupção passiva
de exação:
Art. 317 Solicitar ou receber, para si ou para
outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
z Exigência indevida de tributo ou contribuição social;
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
z Cobrança devida de tributo ou contribuição social,
vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
mas de forma vexatória ou gravosa.
vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
O núcleo do tipo é o verbo exigir que, diferente- multa.
mente do crime de concussão, não significa uma § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em con-
ameaça, mas sim a simples cobrança indevida. sequência da vantagem ou promessa, o funcionário
A cobrança é indevida quando o tributo ou con- retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou
tribuição social não existe ou então já foi pago, bem o pratica infringindo dever funcional.
como na hipótese em que a cobrança é excessiva, em § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou
valor maior que o devido. retarda ato de ofício, com infração de dever funcional,
O elemento subjetivo do tipo é o dolo, que consiste cedendo a pedido ou influência de outrem:
no fato de o agente ter consciência, ou dúvida, que se Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
trata de uma cobrança indevida.
Na segunda modalidade criminosa, cobrança A corrupção passiva, prevista no art. 317 do Código
vexatória ou gravosa, o tributo ou contribuição social Penal, irá se configurar quando o funcionário público
é devido. O problema reside no “modus operandi” da solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
cobrança, que é feita de forma vexatória, humilhante, indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
ou gravosa, vale dizer, com a imposição de medidas assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou
totalmente desnecessárias. aceitar promessa de tal vantagem.
O crime se consuma com a simples cobrança vexa- A doutrina classifica a corrupção passiva em pró-
tória ou gravosa, independentemente do recebimento. pria ou imprópria, antecedente ou subsequente.
Admite-se a tentativa quando a cobrança vexató- Corrupção passiva:
ria ou gravosa é realizada por escrito, mas, por cir-
cunstâncias alheias à vontade do agente, é descoberta z Própria: Quando o funcionário público pratica os
antes que a vítima tomasse conhecimento. verbos do tipo penal para praticar ato ilícito, por
Vejamos: exemplo, oficial de justiça recebe dinheiro para
José, funcionário público da prefeitura do Municí- retardar o cumprimento do mandado de citação.
pio de Simplicidade, sabendo que seu vizinho, Márcio, z Imprópria: Quando o funcionário público pratica
deve dez mil reais em tributo, para cobrá-lo, coloca os verbos do tipo penal para praticar ato lícito, por
uma faixa enorme na entrada da rua, com a seguinte exemplo, escrevente solicita dinheiro para que a
escrita: Márcio, deixe de ser irresponsável e pague os certidão seja expedida dentro do prazo.
dez mil reais que você deve de tributo à prefeitura. z Antecedente: Quando a vantagem indevida é
No exemplo, José cobrou imposto devido, fazendo entregue ao funcionário público antes de sua ação
uso de meio vexatório, não autorizado por lei, confi- ou omissão, por exemplo, juiz recebe vantagem
gurando-se, assim, o excesso de exação. indevida para prolatar sentença absolutória.
Sobre o excesso de exação, é importante mencionar: z Subsequente: Quando a vantagem indevida é
entregue ao funcionário público depois de sua
z Não admite a modalidade culposa, pois a expres- ação ou omissão, por exemplo, após retardar o
são “que sabe” é dolo direto, e a expressão “devia processo até levá-lo à prescrição, o juiz solicita
saber” é dolo eventual; vantagem indevida ao réu.
z Admite a tentativa quando for possível fracionar o
iter criminis, a exemplo do excesso de exação pra- Observe que a corrupção passiva pode ser direta
ticado mediante carta endereçada à vítima; ou indireta:
z Se o funcionário desviar, em proveito próprio ou
de outrem, o que recebeu indevidamente para z Direta: quando é o próprio funcionário público
recolher aos cofres públicos, responderá por que solicita, recebe ou aceita promessa de vanta-
80 excesso de exação na modalidade qualificada. gem indevida.
z Indireta: quando uma interposta pessoa, em con- O crime de prevaricação é dividido em:
luio com o funcionário público, solicita, recebe
ou aceita promessa de vantagem indevida. Nesse z Própria – prevista no art. 319 do Código Penal;
caso, tanto o “testa de ferro” quanto o funcionário z Imprópria – prevista no art. 319-A do Código
público responderão por corrupção passiva. Penal.

Entende a doutrina majoritária que o mero pre- A prevaricação própria irá se configurar quando
sente recebido pelo funcionário público, por grati- o funcionário público retardar ou deixar de praticar,
dão ou amizade, por exemplo, uma lembrancinha de indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra dis-
natal, não configura o crime de corrupção passiva. posição expressa de lei, para satisfazer interesse ou
A vantagem indevida, segundo posicionamento sentimento pessoal.
majoritário, não necessita ser patrimonial, podendo O crime em estudo não se confunde com a corrup-
ser qualquer outra vantagem. ção passiva privilegiada, em que o agente age ou deixa
Sobre a corrupção passiva, leve em consideração de agir cedendo a pedido ou influência de outrem.
que: Na prevaricação não existe este pedido ou influên-
cia. O agente toma a iniciativa de agir ou se omitir para
z Não pode ser praticada na modalidade culposa; satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Assim, se
z Trata-se de crime formal, quando praticada por um fiscal flagra um desconhecido cometendo irregu-
meio dos verbos solicitar e aceitar promessa, que laridade e deixa de autuá-lo em razão de insistentes
se consuma com a conduta, sendo o efetivo recebi- pedidos deste, há corrupção passiva privilegiada, mas,
mento da vantagem mero exaurimento do crime. se o fiscal deixa de autuar porque percebe que a pes-
Quando praticada por meio do verbo receber, é
soa é um antigo amigo, configura-se a prevaricação.
crime material, que exige o efetivo recebimento
A prevaricação poderá ser praticada de 3 (três) for-
para se consumar (at. 317, § 2º, do CP).
mas diferentes:
z Em regra, não admite a tentativa, salvo quando for
possível fracionar o iter criminis, a exemplo da cor-
rupção passiva praticada mediante emprego de carta; z Retardar indevidamente a prática de ato de ofício;
z É possível se praticar a corrupção passiva indireta- z Deixar de praticar indevidamente ato de ofício;
mente, quando, por exemplo, o funcionário públi- z Praticar ato de ofício contra disposição expressa
co exige a vantagem indevida por meio de outra de lei.
pessoa.
O crime de prevaricação exige um fim específico
O particular que paga a vantagem indevida soli- de agir: satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
citada pelo funcionário público não pratica crime Você pode entender interesse ou sentimento pes-
algum, por falta de tipicidade penal. soal de diversas formas: vingança, compaixão, ódio,
A corrupção passiva possui uma forma privilegiada. amizade, preguiça, entre outros.
Observe que na corrupção passiva privilegiada, Sobre a prevaricação, leve para a sua prova:
o agente pratica a conduta não com a finalidade de
conseguir alguma vantagem indevida, mas sim com z Não admite a forma culposa;
a finalidade de ceder a pedido ou influência de outro. z Pode ser praticado de forma omissiva (retardar ou
A pena da corrupção passiva será aumentada de deixar de praticar) ou comissiva (praticar);
1/3 (um terço): se, em consequência da vantagem ou z Admite tentativa apenas quando praticado de for-
promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar ma comissiva.
qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever z Tentativa na prevaricação:
funcional. z Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato
de ofício: não admite tentativa:
z Praticar ato de ofício contra disposição expressa
Importante! de lei: admite tentativa.
Não seja surpreendido por pegadinhas em pro-
va. A corrupção passiva e a concussão se dife- A prevaricação imprópria irá se configurar quan-
do o diretor de penitenciária e/ou agente público dei-
renciam nos verbos que configuram o tipo penal
xar de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a
incriminador.
aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita
� Corrupção passiva: solicitar, receber ou aceitar a comunicação com outros presos ou com o ambiente
promessa. externo.
� Concussão: exigir. A prevaricação imprópria só poderá ser pratica-
da pelo diretor de penitenciária ou pelo funcionário
público que tem o dever funcional de impedir que o
Prevaricação preso tenha acesso a aparelho de comunicação com
outros presos ou com o ambiente externo.
Art. 319 Retardar ou deixar de praticar, indevida-
DIREITO PENAL

Sobre a prevaricação imprópria, é importante


mente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição ressaltar:
expressa de lei, para satisfazer interesse ou senti-
mento pessoal:
z Não admite a forma culposa;
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
z Não admite tentativa.
Art. 319-A Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou
agente público, de cumprir seu dever de vedar ao
preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou Condescendência criminosa
similar, que permita a comunicação com outros
presos ou com o ambiente externo: A condescendência criminosa está prevista no art.
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. 320 do Código Penal. 81
Art. 320 Deixar o funcionário, por indulgência, de Modalidade simples: configura-se quando o fun-
responsabilizar subordinado que cometeu infração cionário público patrocinar, direta ou indiretamente,
no exercício do cargo ou, quando lhe falte compe- interesse privado perante a administração pública,
tência, não levar o fato ao conhecimento da autori- valendo-se da qualidade de funcionário.
dade competente: É necessário que a condição de funcionário públi-
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. co proporcione alguma facilidade ao sujeito ativo, que
patrocina interesse de terceiro, pessoa privada, caso
Observe a conduta que configura este tipo penal: não haja facilidade alguma proporcionada pelo cargo,
o fato será atípico.
z Deixar o funcionário, por indulgência, de responsa- O agente pode praticar este crime de diversas
bilizar subordinado que cometeu infração no exer- maneiras, como, por exemplo, fazendo uma petição,
cício do cargo ou, quando lhe falte competência, não solicitando um benefício.
levar Modalidade qualificada: o crime de advocacia
z o fato ao conhecimento da autoridade competente. administrativa será qualificado caso o interesse pri-
vado seja ilegítimo.
Este crime pode ser praticado de duas formas:
z Forma simples: interesse privado legítimo.
z Quando o funcionário público, por indulgência, z Forma qualificada: interesse privado ilegítimo.
deixa de responsabilizar o subordinado que come-
teu infração no exercício do cargo; Sobre a advocacia administrativa, fique atento em
z Quando o funcionário público, que não é compe- sua prova:
tente para responsabilizar aquele que cometeu
infração no exercício do cargo, por indulgência, z Não admite a modalidade culposa;
não levar o fato ao conhecimento da autoridade
z É crime formal, que se consuma com a conduta,
competente.
não se exigindo que se atinja o interesse priva-
do pleiteado;
A doutrina majoritária entende que o crime de
z Segundo doutrina majoritária, admite tentativa
condescendência criminosa só pode ser praticado por
superior hierárquico. quando for possível se fracionar o iter criminis.
Você pode entender indulgência como compaixão,
pena, piedade. Violência arbitrária
Há um requisito que deve ser cumprido para a
prática da condescendência criminosa: uma infração Este crime, previsto no art. 322, do CP, irá se confi-
funcional (que pode ser uma violação administrativa gurar quando o funcionário público praticar violência
ou penal) praticada por subordinado no exercício das no exercício de função ou a pretexto de exercê-la.
atribuições do seu cargo.
Sobre a condescendência criminosa, fique atento: Art. 322 Praticar violência, no exercício de função
ou a pretexto de exercê-la.
z Não admite a forma culposa; Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da
z É crime omissivo; pena correspondente à violência.
z Não admite tentativa.
Na vigência da antiga lei de abuso de autoridade,
Como é possível observar, os crimes de corrupção encontrávamos alguns posicionamentos jurispruden-
passiva privilegiada, prevaricação e condescendência ciais, tanto do STF quanto do STJ, entendendo que este
criminosa possuem características similares. crime continua em vigência.
Vejamos as diferenças: Agora, nova Lei de Abuso de Autoridade admite a
possibilidade de aplicação subsidiária do art. 322, do CP.
z Corrupção Passiva Privilegiada: O agente deixa de A prática da violência deve se dar em razão da fun-
praticar ato de ofício cedendo a pedido ou influên- ção pública, não havendo a exigência de que seja pra-
cia de outrem. ticado no efetivo desempenho das funções do cargo,
z Prevaricação: O agente deixa de praticar ato de ofí- podendo, portanto, ser praticada, por exemplo, por
cio para satisfazer sentimento ou interesse pessoal. um funcionário público que se encontre de folga.
z Condescendência Criminosa: O agente deixa de
O agente que fizer uso de violência arbitrária res-
praticar ato de ofício (responsabilizar o subalter-
ponderá por este crime e pelo crime correspondente a
no) por indulgência.
violência praticada.
Apesar da divergência existente sobre a revogação
Advocacia administrativa
ou não deste tipo penal, leve em consideração que:
O crime de advocacia administrativa, previsto no
art. 321 do Código Penal, pode ser praticado na moda- z A violência arbitrária não admite a forma culposa,
lidade simples ou qualificada. devendo ser praticado dolosamente;
z Admite tentativa;
Art. 321 Patrocinar, direta ou indiretamente, inte- z Segundo Rogério Greco, o objeto material será o
resse privado perante a administração pública, administrado contra o qual é praticada a violência
valendo-se da qualidade de funcionário arbitrária;
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa z A violência tem que ser praticada arbitrariamente,
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: não se enquadrando neste tipo penal as hipóteses
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da de uso necessário e progressivo da força, admiti-
82 multa. dos em lei.
Abandono de função Art. 324 Entrar no exercício de função pública
antes de satisfeitas as exigências legais, ou conti-
O crime de abandono de função está tipificado no nuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber
art. 323, do CP. oficialmente que foi exonerado, removido, substi-
tuído ou suspenso:
Art. 323 Abandonar cargo público, fora dos casos Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
permitidos em lei:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Tutela-se a Administração Pública, no tocante ao
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: seu normal funcionamento, pois o exercício ilegal de
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. função pública afeta a prestação de serviços públicos.
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na Conduta típica: entrar no exercício de função públi-
faixa de fronteira: ca antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficial-
mente que foi exonerado, removido, substituído ou
A conduta típica é: abandonar cargo público, fora suspenso:
dos casos permitidos em lei.
O nome do crime é abandono de função, porém, Esse crime pode ser praticado de duas formas:
o tipo penal fala em abandono de cargo público. É
importante que você saiba que o conceito de função
z Entrar no exercício de função pública antes de
pública é mais amplo que o de cargo público (não há
satisfeitas as exigências legais;
cargo sem função, mas há função sem cargo).
Sendo assim, não haverá crime se ocorrer mero z Continuar a exercer a função pública, sem autori-
abandono de função pública (apesar do nome) ou de zação, depois de saber oficialmente que foi exone-
emprego público, mas tão somente no caso de aban- rado, removido, substituído ou suspenso. É exigido
dono de cargo público (não se admite a analogia in que o funcionário público tenha sido oficialmente
malam partem). comunicado sobre sua exoneração, remoção, subs-
De acordo com posicionamento doutrinário majo- tituição ou suspensão.
ritário, as hipóteses de greve não configuram este tipo
penal. Observe que no exercício funcional ilegalmente
As hipóteses em que o agente abandona o cargo antecipado ou prolongado somente pode ser prati-
público, admitidas em lei, não configuram o crime de cado por funcionário público já nomeado, mas ainda
abandono de função. sem ter cumprido todas as exigências legais (1ª parte),
O crime de abandono de função tem circunstân- ou então pelo indivíduo que era funcionário público,
cias que o qualificam: porém deixou de sê-lo em razão de ter sido oficial-
mente exonerado, removido, substituído ou suspenso
z Se o fato resulta prejuízo público; (parte final).
z Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa Em ambas as hipóteses, o crime é de mão própria,
de fronteira. de atuação pessoal ou de conduta infungível, pois
somente pode ser cometido pela pessoa expressamen-
Cabe destacar a faixa de fronteira. Essa qualifi- te indicada no tipo penal.
cadora é uma norma penal em branco, visto que a Se um particular entrar no exercício da função
definição da faixa de fronteira é fornecida pela Lei pública, a ele deverá ser imputado o crime de usurpa-
nº 6.634/1979, compreendendo um raio de 150 (cen-
ção de função pública (art. 328 do CP).
to e cinquenta) quilômetros ao longo das fronteiras
Sobre o tipo penal em comento, é importante
nacionais.
saber:
O fundamento desta qualificadora é a proteção à
soberania nacional que, nas fronteiras, torna-se mais
vulnerável. z Não admite a forma culposa;
Exige-se que o abandono se dê por um prazo rele- z Admite tentativa.
vante, apesar de o Código Penal não fixar prazo determi-
nado. Entende a doutrina que o prazo será fixado pelo Violação de sigilo funcional
estatuto a que estiver submetido o funcionário público.
Em regra: o prazo será de 30 (trinta) dias – pra- O crime de violação de sigilo funcional se encontra
zo previsto na maioria dos estatutos de servidores previsto no art. 325 do Código Penal.
públicos.
Art. 325 Revelar fato de que tem ciência em razão
Dica do cargo e que deva permanecer em segredo, ou
facilitar-lhe a revelação:
Sobre o crime de abandono de função, leve para Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou mul-
a sua prova: ta, se o fato não constitui crime mais grave.
DIREITO PENAL

� É crime omissivo; § 1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:


� Não admite tentativa; I – permite ou facilita, mediante atribuição, forne-
cimento e empréstimo de senha ou qualquer outra
� Só pode ser praticado dolosamente – não
forma, o acesso de pessoas não autorizadas a siste-
admite a culpa. mas de informações ou banco de dados da Adminis-
tração Pública;
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
prolongado § 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Adminis-
tração Pública ou a outrem:
Este crime está previsto no art. 324, do CP. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 83
O delito irá se configurar quando o agente público Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação.
Esse crime pode ser praticado de duas formas: Usurpar = apoderar-se.
z Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo Inicialmente, é importante que você não confunda
e que deva permanecer em segredo; o usurpador de função com o funcionário ou agente
z Facilitar a revelação de fato de que tem ciência em público de fato. (Assunto bastante cobrado, tanto na
razão do cargo e que deva permanecer em segredo. disciplina Direito Penal, quanto na disciplina Direito
É importante mencionar que o agente toma conhe- Administrativo).
cimento do fato que deve permanecer em segredo em
razão do cargo que ocupa, não se exigindo que tenha z Usurpação de função pública: o agente exerce a
sido no efetivo desempenho das atribuições do cargo. função sem nenhum tipo de investidura, apode-
Logo, o crime pode ser praticado no caso de o rando-se dela. É crime.
agente tomar conhecimento do fato durante período z Funcionário ou agente de fato: o Agente exerce a
de licença, mas em razão do cargo. função pública, por ter ocorrido alguma irregula-
O Código Penal apresenta duas formas equiparada ridade. Não é crime
do crime de violação de sigilo funcional.
Observe:
Incorrerá nas mesmas penas o funcionário público
que: Importante!
z Permite ou facilita, mediante atribuição, forneci- Segundo posicionamento doutrinário majoritá-
mento e empréstimo de senha ou qualquer outra rio, é necessário, para fins de consumação, que
forma, o acesso de pessoas não autorizadas a siste- o agente execute algum ato inerente ao exercício
mas de informações ou banco de dados da Admi- da função, não configurando o crime a mera apre-
nistração Pública; sentação a terceiros como funcionário público.
z Utiliza-se, indevidamente, do acesso restrito.

Forma qualificada: se da ação ou omissão resulta Vamos exemplificar:


dano à Administração Pública ou a outrem.
Sobre este crime, fique atento:
Exemplo 1: Antônio se apresenta como policial
z Só será praticado dolosamente – não admite forma militar para seus conhecidos como forma de se
culposa; autovalorizar. Não há que se falar em configura-
z Em regra, não admite tentativa, salvo casos excep- ção do crime de usurpação de função pública, já
cionais, a exemplo de ser praticado na forma escrita. que o agente não praticou nenhum ato inerente ao
exercício da função policial militar, podendo, con-
Violação de sigilo de proposta de concorrência
forme o caso, configurar outra infração penal.
Este tipo penal está previsto no art. 326 do Código Exemplo 2: Antônio adquire, fraudulentamente,
Penal. uma farda da polícia militar. Em determinado dia,
ele promove uma falsa barreira e passa a abordar
Art. 326 Devassar o sigilo de proposta de concor-
as pessoas que nela passam. Há a prática do crime
rência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo
de usurpação de função pública, já que o agente
de devassá-lo:
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. praticou ato inerente ao exercício da função poli-
cial militar.
Conduta típica: devassar o sigilo de proposta de
concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o Você não pode confundir o crime de usurpação de
ensejo de devassá-lo. função pública com o crime exercício funcional ilegal-
É um crime relacionado ao procedimento licitatório. mente antecipado ou prolongado.
A doutrina dominante entende que o crime de vio-
Usurpação de Função Pública:
lação de sigilo de proposta de concorrência foi revoga-
do tacitamente pela Lei 8.666/1993 (Lei de Licitações).
z O agente não possui vínculo algum com a admi-
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR nistração pública (em relação à função usurpada)
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL z É crime praticado por particular contra a adminis-
tração pública
Os crimes praticados por particular contra a admi-
nistração pública estão previstos entre os arts. 328 e
337-A do Código Penal. Exercício Funcional Ilegalmente Antecipado ou
Trata-se de crimes comuns, que não exigem nenhu- Prolongado:
ma condição ou qualidade especial do sujeito ativo,
podendo ser praticados por qualquer pessoa. z O agente possui algum tipo de vínculo com a admi-
nistração pública
Usurpação de função pública z É crime praticado por funcionário público contra a
administração pública
O crime de usurpação de função pública irá se con-
figurar quando o agente usurpar o exercício de fun-
ção pública. Há uma forma qualificada do crime de usurpação
de função pública:
Art. 328 Usurpar o exercício de função pública:
84 Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. z Usurpação de função pública qualificada
Se do fato, o agente auferir vantagem (qualquer Por fim, leve para a sua prova: o agente responde-
tipo de vantagem e não necessariamente financeira). rá pela resistência e pela violência empregada.
Sobre o crime de usurpação de função pública, é Vejamos: se, para se opor à execução de ato legal
importante que você leve em consideração: praticado por funcionário competente, o particular
usa de violência, causando lesão corporal de nature-
z Não admite a modalidade culposa; za grave, responderá pelos dois crimes: resistência e
z Admite tentativa;
lesão grave.
z Pode ser praticado por funcionário público, segun-
do posicionamento que prevalece, mas a função
usurpada deve ser totalmente alheia à função dele Desobediência
(sendo ele considerado particular);
z É crime formal, não se exigindo para a sua confi- Este crime está previsto no art. 330 do Código
guração prejuízo ou dano à administração pública; Penal. Irá se configurar quando o agente desobedecer
z Ação penal pública incondicionada. a ordem legal de funcionário público.

Resistência Art. 330 Desobedecer a ordem legal de funcionário


público:
O crime de resistência está previsto no art. 329 do Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e
Código Penal. multa.

Art. 329 Opor-se à execução de ato legal, mediante Vitor Eduardo Rios Gonçalves destaca que:
violência ou ameaça a funcionário competente para
executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: a) Deve haver uma ordem: significa determinação,
Pena - detenção, de dois meses a dois anos. mandamento. O não atendimento de mero pedido
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se ou solicitação não caracteriza o crime.
executa: b) A ordem deve ser legal: material e formalmente.
Pena - reclusão, de um a três anos. Pode até ser injusta, só não pode ser ilegal.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem pre- c) Deve ser emanada de funcionário público com-
juízo das correspondentes à violência. petente para proferi-la. Ex.: delegado de polícia
requisita informação bancária e o gerente do ban-
A conduta típica deste crime é: opor-se à execução co não atende. Não há crime, pois o gerente só está
de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcio- obrigado a fornecer a informação se houver deter-
nário competente para executá-lo ou a quem lhe este-
minação judicial.
ja prestando auxílio.
d) É necessário que o destinatário tenha o dever jurí-
Sobre a conduta típica, três informações são muito
importantes: dico de cumprir a ordem. Além disso, não haverá
crime se a recusa se der por motivo de força maior
z Exige-se que o ato praticado pelo funcionário ou por ser impossível por algum motivo o seu
público seja legal; cumprimento.
z Se o ato praticado por funcionário público for ile-
gal, não há que se falar em resistência. A ordem deve ser legal. Caso de trate de ordem
z Exige-se que o funcionário público seja competen- ilegal, não há que se falar na configuração deste tipo
te para executar o ato; penal.
z Não se exige que a violência ou ameaça seja empre- Sobre a desobediência, é importante que você leve
gada diretamente contra o funcionário competen- em consideração:
te, podendo ser empregada contra o terceiro que
esteja auxiliando o funcionário. z Não admite a culpa;
z Pode ser praticado tanto na forma omissiva quan-
Sobre a resistência, é importante que você leve em to na forma comissiva;
consideração: z Na forma omissiva, não admite tentativa, na forma
comissiva, admite;
z Deve ser praticado dolosamente; z Deve haver ordem emanada por funcionário
z A oposição constitui um ato positivo, devendo o público, não caracterizando este crime a mera
agente empregar violência ou grave ameaça. solicitação.

O direito brasileiro não pune a resistência passiva, Desacato


que é aquela em que o agente resiste ao ato sem o uso
de violência ou ameaça, a exemplo daquele que, ao
O crime de desacato, previsto no art. 331 do Código
ser preso, deita-se no chão para impedir o ato.
Penal, tem como conduta típica: desacatar funcioná-
rio público no exercício da função ou em razão dela.
z A violência ou ameaça deve ser empregada con-
DIREITO PENAL

tra pessoa, não constituindo o crime se empregada


contra coisa (posição dominante); Art. 331 Desacatar funcionário público no exercí-
z É crime formal, que se consuma com a prática cio da função ou em razão dela:
da violência ou ameaça; Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
z Admite tentativa, nas hipóteses de fracionamento
do iter criminis. Desacatar = ofender, faltar com respeito.
Não se exige que o funcionário público esteja no
Resistência Qualificada: efetivo desempenho das atribuições do seu cargo para
caracterização do crime de desacato, mas sim que a
z Se, em razão da resistência, o ato não se executa. ofensa se dê em razão da função pública. 85
Exemplo 1: Diego Souza xinga Cássio, policial civil, O agente não tem influência sobre o funcionário
que estava no exercício de sua função, de “poli- público, mas passa a impressão de que a tem, com a fina-
cialzinho de merda”, quando este estava prestes a lidade de obter vantagem ou promessa de vantagem.
prender aquele. Caso o agente realmente tenha poder de influência
Exemplo 2: Diego Souza xinga Cássio, policial sobre o funcionário público que praticará o ato, não
civil, num restaurante em Porto Seguro, durante há que se falar em tráfico de influência, podendo, no
as férias deles, de “policialzinho de merda”, pelo entanto, configurar-se outro crime.
fato de Cássio tê-lo prendido no passado. Sobre o tráfico de influência, é importante que
Exemplo 3: Diego Souza xinga Cássio, policial civil, você tome cuidado com as seguintes informações:
de “babaca sem noção”, numa partida de futebol,
pelo fato deste ter pegado um pênalti daquele. z A pessoa que paga a vantagem pratica indiferente
penal, por falta de previsão legal desta conduta;
z Em regra, é crime formal, consumando-se com a
Nos exemplos 1 e 2, configura-se o crime de desa- solicitação, exigência ou cobrança.
cato, já que a ofensa proferida pelo agente se deu em z No caso do verbo obter, o crime é material;
razão da função exercida pelo funcionário público. z Só pode ser praticado dolosamente;
No exemplo 3, não há que se falar em desacato. z Exige um especial fim de agir: obter vantagem ou
Embora Cássio seja funcionário público, a ofensa pro- promessa de vantagem para si ou para outrem.
ferida pelo agente em nada tem a ver com a função
pública. A pena do crime de tráfico de influência será
Sobre o desacato, é importante que você fique aumentada de metade:
atento às seguintes considerações: Se o agente alega ou insinua que a vantagem é
também destinada ao funcionário.
z O desacato pode se dar por qualquer meio: insul-
tos, vias de fato, gestos, entre outros; Corrupção ativa
z O desacato deve ser praticado contra funcionário
público, não caracterizando este tipo penal a críti- O crime de corrupção ativa, previsto no art. 333 do
ca ou ofensa à repartição pública; Código Penal, é um dos tipos penais mais cobrados em
z É crime formal, que se consuma com a prática da con- relação aos crimes contra a administração pública.
duta descrita no tipo penal, independentemente de o
funcionário público se considerar ofendido ou não; Art. 333 Oferecer ou prometer vantagem indevida
z Só pode ser praticado dolosamente; a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
z Deve ser praticado na presença do funcionário omitir ou retardar ato de ofício
público – doutrina dominante. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço,
Em dezembro de 2016, a 5ª turma do STJ decidiu se, em razão da vantagem ou promessa, o funcio-
nário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica
pela descriminalização do crime de desacato, por
infringindo dever funcional.
entender que este crime viola a liberdade de expres-
são do indivíduo, em julgamento de Habeas Corpus.
Conduta típica: oferecer ou prometer vantagem
Contudo, a 3ª seção do STJ pacificou posicionamen-
indevida a funcionário público, para determiná-lo a
to do tribunal no sentido de que o desacato continua
praticar, omitir ou retardar ato de ofício.
sendo crime, que não viola a liberdade de expressão.
Fique atento às informações a seguir, muito impor-
tantes em relação à corrupção ativa:
Tráfico de influência
z Trata-se de crime plurinuclear, já que o tipo penal
O crime de tráfico de influência está previsto no
prevê mais de um verbo para sua prática: ofere-
art. 332 do Código Penal.
cer e prometer, por exemplo, João oferece uma
quantia em dinheiro ao policial rodoviário federal
Art. 332 Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou
para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, para não ser multado pela prática de infração de
a pretexto de influir em ato praticado por funcioná- trânsito. Pedro promete entregar uma quantia em
rio público no exercício da função: dinheiro ao guarda municipal quando retornar ao
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. seu veículo que está estacionado em local proibido;
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, z É crime formal, que se consuma com a prática da
se o agente alega ou insinua que a vantagem é tam- conduta delituosa, não se exigindo que o funcio-
bém destinada ao funcionário. nário público aceite a vantagem ou promessa de
vantagem;
Conduta típica: solicitar, exigir, cobrar ou obter, z Não admite a forma culposa;
para si ou para outrem, vantagem ou promessa de z Exige-se dolo específico: a intenção de determinar
vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por o funcionário público a praticar, omitir ou retar-
funcionário público no exercício da função. dar ato de ofício;
Trata-se de crime plurinuclear, que pode ser prati- z O verbo pagar não faz parte do tipo penal. Portan-
cado com o exercício de qualquer um dos verbos pre- to, caso o particular pague vantagem solicitada ou
vistos no tipo penal: exigida por funcionário público, não praticará cri-
me algum.
z Solicitar z A pena da corrupção ativa será aumentada de 1/3
z Exigir (um terço): se em razão da vantagem ou promessa,
z Cobrar o funcionário público retarda ou omite ato de ofí-
86 z Obter cio, ou o pratica infringindo dever funcional
Você não pode confundir os crimes de corrupção z Fraudar;
ativa, corrupção passiva e concussão: z Afastar;
z Procurar afastar.
CORRUPÇÃO ATIVA
Caso o crime seja praticado mediante violência, o
z verbos: oferecer e prometer; agente responderá também por ela (detenção, de seis
z praticado por particular contra a administração meses a dois anos, ou multa, além da pena correspon-
pública; dente à violência).
z é crime quando o agente, com oferta ou promes- Forma equiparada: responderá com a mesma pena
sa de vantagem, quer que o funcionário público do impedimento, perturbação ou fraude de concor-
retarde ato de ofício, omita ato de ofício ou pra- rência o agente que se abstém de concorrer ou licitar,
tique ato de ofício; em razão da vantagem oferecida.
z quando a corrupçãoativa é para obter voto, o Responderá pelo crime em sua forma equiparada
crime será o tipificado no art. 299 do Código o agente que se abster de concorrer ou licitar, devido
Eleitoral; à vantagem oferecida. Caso seja por algum outro moti-
z se o agente se lomitar a pedidos “dar um jeiti- vo, como por violência ou grave ameaça, aquele que
nho” ou “quebrar o galho”, não se configura cri- se abster não será responsabilizado criminalmente.
me de corrupção ativa por falta de elementares. Sobre este crime, é importante que você fique
atento ao seguinte:
CORRUPÇÃO PASSIVA
z Não admite forma culposa;
z verbos: solicitar, receber e aceitar promessa; z É crime comum;
z quando se tratar de corrupção passiva privilegia- z É crime material nas seguintes condutas: impe-
da, quando o funcionário público “dá o jeitiho” e dir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou
não pratica o ato que deveria, o particular figura venda em hasta pública, promovida pela adminis-
como partícipe por ter praticado o induzimento. tração federal, estadual ou municipal, ou por enti-
dade paraestatal;
z É crime formal nas seguintes condutas: afastar
CONCUSSÃO ou procurar afastar concorrente ou licitante, por
meio de violência, grave ameaça, fraude ou ofere-
z verbo: exigir;
cimento de vantagem;
z crime praticado por funcionário público contra
z Admite tentativa.
a administração pública;
z o agente exige, para si ou para outrem, vanta-
gem indevida, direta ou indireta, ainda que fora Inutilização de edital ou de sinal
da sua função pública, ou antes de assumi-la,
mas em razão dela. Art. 336 Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar
ou conspurcar edital afixado por ordem de fun-
cionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal
Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência empregado, por determinação legal ou por ordem
de funcionário público, para identificar ou cerrar
Art. 335 Impedir, perturbar ou fraudar concorrên- qualquer objeto:
cia pública ou venda em hasta pública, promovida Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
pela administração federal, estadual ou municipal,
ou por entidade paraestatal; afastar ou procurar Conduta típica: rasgar ou, de qualquer forma inu-
afastar concorrente ou licitante, por meio de vio- tilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de
lência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal
vantagem: empregado, por determinação legal ou por ordem de
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou mul- funcionário público, para identificar ou cerrar qual-
ta, além da pena correspondente à violência.
quer objeto.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se
O crime de inutilização de edital ou de sinal, pre-
abstém de concorrer ou licitar, em razão da vanta-
gem oferecida. visto no art. 336 do Código Penal, é de ação múltipla,
podendo ser praticado da seguinte forma:
Praticará o crime de impedimento, perturbação ou
fraude de concorrência, previsto no art. 335 do Códi- z Rasgar ou, de qualquer forma inutilizar ou cons-
go Penal, o agente que impedir, perturbar ou fraudar purcar (manchar ou tornar sujo, de forma que não
concorrência pública ou venda em hasta pública, pro- possa ser utilizado) edital afixado por ordem de
movida pela administração federal, estadual ou muni- funcionário público;
DIREITO PENAL

cipal, ou por entidade paraestatal. z Violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por
Afastar ou procurar afastar concorrente ou lici- determinação legal ou por ordem de funcionário
tante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou público, para identificar ou cerrar (encobrir) qual-
oferecimento de vantagem. quer objeto.
Trata-se de tipo penal misto alternativo (crime de
ação múltipla), que poderá ser praticado mediante a Sobre o crime de inutilização de edital ou de sinal,
execução de vários verbos: leve em consideração:

z Impedir; z É crime comum;


z Perturbar; z Admite tentativa; 87
z Segundo posicionamento doutrinário dominante, z Na hipótese de o documento se destinar a fazer pro-
caso a conduta seja praticada quando não mais va de relação jurídica, e o agente visar se beneficiar a
produz efeito o edital (fora do seu prazo de vali- si próprio ou a terceiro, o fato constituirá mais grave.
dade, por exemplo), não irá se configurar este tipo z Somente será praticado na modalidade dolosa.
penal;
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA
Subtração ou inutilização de livro ou documento JUSTIÇA

O crime de subtração ou inutilização de livro ou Os crimes contra a administração da justiça têm


documento, previsto no art. 337, do CP. como finalidade proteger uma regular fruição da
atividade judicial brasileira, incluindo atividades de
Art. 337 Subtrair, ou inutilizar, total ou parcial- natureza policial.
mente, livro oficial, processo ou documento confia- A atividade judicial é de fundamental importância
do à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou para a sociedade, necessitando, assim, de proteção
de particular em serviço público:
por parte do Direito Penal.
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não
constitui crime mais grave.
Denunciação caluniosa
Conduta típica: subtrair, ou inutilizar, total ou par- A denunciação caluniosa está prevista no art. 339
cialmente, livro oficial, processo ou documento con- do Código Penal.
fiado à custódia de funcionário, em razão de ofício ou
de particular em serviço público. Art. 339. Dar causa à instauração de investigação
Tutela-se a Administração Pública, relativamente policial, de processo judicial, instauração de inves-
ao normal funcionamento da atividade administrativa. tigação administrativa, inquérito civil ou ação de
Cabe destacar que o livro oficial, processo ou docu- improbidade administrativa contra alguém, impu-
mento (público ou particular) é confiado à custódia de
tando-lhe crime de que o sabe inocente:
funcionário, em razão de ofício, ou de particular em
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
serviço público.
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agen-
Por isso é dever confiar a custódia de funcioná-
rio, em razão de ofício, não se verificando este crime te se serve de anonimato ou de nome suposto.
quando alguém subtrai ou inutiliza, total ou parcial- § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação
mente, um livro oficial, processo ou documento de é de prática de contravenção.
quem não o guarda por conta da sua função.
É importante analisar que na parte final do precei- Tem como figura típica a seguinte conduta: dar
to primário do dispositivo em estudo tem a expressão causa direta ou indireta à instauração de investigação
“ou de particular em serviço público”, pois existem, policial, de processo judicial, instauração de investiga-
em certas hipóteses excepcionais, particulares que ção administrativa, inquérito civil ou ação de impro-
desempenham funções públicas, por exemplo, mesá- bidade administrativa contra alguém, imputando-lhe
rio nas eleições. Observe que se alguém subtrair ou crime de que o sabe inocente.
inutilizar, total ou parcialmente, algum documento Como é possível se extrair pela leitura da figu-
confiado a estas pessoas, a ele será imputado o crime ra típica que o crime pode ser praticado mesmo que
de subtração ou inutilização de livro ou documento.
o agente dê causa a outro procedimento, ainda que
Sobre o núcleo do tipo:
não seja processo judicial, a exemplo de investigação
policial ou administrativa. É importante compreender
z Subtrair: retirar o livro oficial, processo ou docu-
mento do local em que se encontra, dele se apode- isso. Muitas questões abordam esta situação.
rando o agente. Sobre o crime de denunciação caluniosa, é impor-
z Inutilizar: tornar imprestável o livro oficial, pro- tante ficar atento ao seguinte:
cesso ou documento, total ou parcialmente. Não se
reclama sua efetiva destruição. z Só pode ser praticado dolosamente;

Consuma-se o crime em estudo no instante em que Parte da doutrina não admite o dolo eventual nes-
o livro oficial, processo ou documento é subtraído, te crime, já que o tipo penal exige que o agente saiba
mediante seu apoderamento pelo agente, seguido da que o fato é imputado contra pessoa inocente.
inversão da sua posse e sua consequente retirada da A denunciação caluniosa poderá se configurar
esfera de vigilância da vítima, ou então inutilizado, quando o agente imputa crime que realmente acon-
total ou parcialmente. teceu contra pessoa que sabe ser inocente ou quando
Observe que se o documento se destina a fazer prova imputa a alguém a prática de crime que não existiu
de relação jurídica, e o agente visa beneficiar a si pró- (neste caso não há dúvidas sobre a inocência da pes-
prio ou a terceiro, o fato constituirá crime mais grave.
soa, já que o fato sequer aconteceu).
Sobre o este tipo penal, é importante que você
fique atento ao seguinte:
z É necessário que o fato imputado seja crime ou
z É crime comum; contravenção penal (no caso de contravenção
z Admite tentativa; penal, a pena será reduzida de metade), não se
z É crime subsidiário, respondendo o agente por ele configurando este tipo penal caso o agente impute
88 apenas caso não se configure um crime mais grave; infração administrativa ou civil;
z É crime comum; z É crime comum;
z Admite a forma tentada, por exemplo, o agente z Admite tentativa;
narra ao delegado de polícia que o autor de deter- z Se o fato imputado for infração administrativa ou
minado crime foi a pessoa A, mas o delegado não civil, não irá se configurar o crime;
inicia qualquer investigação porque o verdadeiro z A maioria da doutrina, não se configura o crime
autor do crime é B, que se apresenta e confessa ter quando o agente se limita a comunicar ilícito penal
cometido o delito antes mesmo de a autoridade ter diverso do que realmente ocorreu, desde que o
iniciado qualquer investigação;
fato comunicado e o que realmente ocorreu sejam
z A pessoa contra quem se imputa o crime deve
crimes da mesma natureza;
ser determinada, sendo ela, assim como o Estado,
sujeito passivo da prática delituosa; z Se o agente faz a comunicação falsa para tentar
z Em regra, a denunciação caluniosa absorve o cri- ocultar outro crime por ele praticado responde
me de calúnia. também pela comunicação falsa de crime.

A pena será aumentada de 1/6 (sexta parte), caso Comunicação Falsa de Crime ou Contravenção:
o agente se sirva de anonimato ou de nome suposto.
No caso de denunciação caluniosa privilegiada, a z O agente não aponta pessoa certa e determinada
pena será diminuída de metade, caso a imputação seja como autora da infração penal, mas apenas comu-
de prática de contravenção penal. nica fato inexistente.
Observe as principais diferenças entre a denuncia-
ção caluniosa e o crime de calúnia.
Denunciação Caluniosa
Denunciação Caluniosa:
z O agente aponta pessoa certa e determinada como
z É crime contra a administração da justiça; autora da infração penal.
z A ação penal é pública incondicionada, se discu-
te na doutrina e jurisprudência se o processo por Exemplo: José Carlos viu uma publicação no Face-
denunciação caluniosa pode ser iniciado antes do book relacionada a um aborto. De imediato, ligou em
desfecho do procedimento ou ação originários; uma delegacia de polícia e comunicou o crime ao dele-
z Punida pelo fato de o agente movimentar falsa- gado de polícia, que iniciou as investigações sobre o
mente o aparato estatal, tentando prejudicar a víti- fato. Entretanto, não sabia José Carlos que o aborto
ma perante o Estado; não existiu, já que a publicação se tratava de uma
z É admitida a imputação falsa de crime ou contra- brincadeira por parte daquele que a realizou.
venção penal.
Não há que se falar em figura típica da comunica-
Calúnia: ção falsa de crime, já que o agente não teve dolo de
comunicar falsamente o fato que não existiu.
z É crime contra a honra;
z A ação penal é privada; Autoacusação falsa
z Punida pelo fato de o agente ofender a honra obje-
tiva da vítima; Art. 341 Acusar-se, perante a autoridade, de crime
z É admitida a imputação falsa apenas de crime. inexistente ou praticado por outrem:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou
Comunicação falsa de crime ou contravenção
multa.
Art. 340 Provocar a ação de autoridade, comuni-
cando-lhe a ocorrência de crime ou de contraven- Este crime se configura quando o agente se acusar,
ção que sabe não se ter verificado: perante a autoridade, de crime inexistente ou pratica-
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. do por outrem.
É possível a configuração deste tipo penal quando
Configura-se este tipo penal quando o agente pro- o agente se acusar de:
vocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocor-
rência de crime ou de contravenção penal que sabe z Crime não existente (a conduta criminosa sequer
não se ter verificado. foi praticada, sequer existiu);
z Crime existente, mas praticado por outra pessoa
(a conduta criminosa foi realmente realizada, mas
Importante! foi outro indivíduo que a praticou).
Ao contrário do que ocorre no crime de denuncia-
ção caluniosa, no crime de falsa comunicação de Sobre a autoacusação falsa, é importante levar em
consideração:
crime ou contravenção, o agente não individualiza
o autor, imputando a alguém o fato que não existiu,
DIREITO PENAL

z Só pode ser praticado dolosamente;


mas apenas comunica à autoridade crime ou con-
z Admite a modalidade tentada na forma escrita,
travenção penal que sabe não ter ocorrido.
quando a confissão falsa remetida se extravia;
z Não se exige que seja praticado apenas perante a
Sobre esse crime, é importante mencionar que: autoridade policial, mas na presença de qualquer
autoridade competente (delegado de polícia, mem-
z Não admite a forma culposa. Assim, se o agente bro do Ministério Público, autoridade judicial etc.);
comunica à autoridade, sem intenção, crime ou z Não se exige a prática de qualquer ato por parte da
contravenção penal, provocando a ação desta, este autoridade para a consumação do crime, bastando
tipo penal não estará configurado; a autoacusação falsa. 89
Falso testemunho ou falsa perícia Se o agente se retratar ou falar a verdade poderá
ter extinta a punibilidade do crime, desde que:
O crime de falso testemunho ou falsa perícia está
previsto no art. 342 do Código Penal. z Seja realizada no processo em que ocorreu o ilícito
(no processo em que se deu o falso e não no proces-
Art. 342 Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar so referente ao falso);
a verdade como testemunha, perito, contador, tra- z Se realizada antes da sentença (ainda prevalece o
dutor ou intérprete em processo judicial, ou admi- entendimento de que se trata da sentença recorrível).
nistrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e Não irá responder pelo crime de falso testemu-
multa. nho a pessoa que praticar as condutas descritas no
§ 1° As penas aumentam-se de um sexto a um ter- tipo penal incriminador com a finalidade de não se
ço, se o crime é praticado mediante suborno ou se autoincriminar.
cometido com o fim de obter prova destinada a pro- Lembre-se que ninguém será prejudicado por não
duzir efeito em processo penal, ou em processo civil produzir provas contra si mesmo.
em que for parte entidade da administração pública Quando a testemunha mente por estar sendo
direta ou indireta. ameaçada de morte ou algum outro mal grave, não
§ 2° O fato deixa de ser punível se, antes da senten- responde pelo crime de falso testemunho.
ça no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se O art. 343 do Código Penal apresenta um outro tipo
retrata ou declara a verdade. penal, chamado por parte da doutrina de corrupção
Art. 343 Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou ativa de testemunha contador, perito, intérprete ou
qualquer outra vantagem a testemunha, perito, tradutor.
contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirma- A figura típica é: dar, oferecer ou prometer dinhei-
ção falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, ro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito,
perícia, cálculos, tradução ou interpretação: contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirma-
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa. ção falsa, negar ou calar a verdade em depoimento,
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sex- perícia, cálculos, tradução ou interpretação.
to a um terço, se o crime é cometido com o fim de
obter prova destinada a produzir efeito em proces-
z Verbos: dar, oferecer ou prometer;
so penal ou em processo civil em que for parte enti-
z Destinatário: testemunha, perito, contador, tradu-
dade da administração pública direta ou indireta.
tor ou intérprete;
z Finalidade: fazer com que as pessoas façam
O crime tem a seguinte conduta típica: fazer afir- afirmação falsa, neguem ou calem a verdade
mação falsa, ou negar ou calar a verdade, como tes- em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou
temunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em interpretação.
processo judicial, ou administrativo, inquérito poli-
cial, ou em juízo arbitral. As penas irão aumentar de 1/6 a 1/3 (um sexto a
Trata-se de crime plurinuclear, que poderá ser um terço), se o crime é:
praticado mediante a execução de quaisquer um dos
verbos previstos no tipo penal. z Cometido com o fim de obter prova destinada a
O tipo penal apresenta hipóteses que aumentarão produzir efeito em processo penal;
a pena do agente. As penas aumentam-se de 1/6 (um z Cometido com o fim de obter prova destinada a
sexto) a um terço, se o crime é produzir efeito em processo civil em que for par-
te entidade da administração pública direta ou
z Praticado mediante suborno indireta.
z Cometido com o fim de obter prova destinada a
produzir efeito em processo penal Sobre o crime de corrupção ativa de testemunha
z Cometido com o fim de obter prova destinada a contador, perito, intérprete ou tradutor, é importante
produzir efeito em processo civil em que for par- ficar atento ao seguinte:
te entidade da administração pública direta ou
indireta. z Não pode ser praticado culposamente;
z Nos verbos oferecer ou prometer, é crime formal;
Sobre o crime de falso testemunha ou falsa perícia, z No verbo dar, é crime material;
é importante levar para a sua prova: z Admite tentativa, quando for possível fracionar o
iter criminis;
z O fato deixa de ser punível se, antes da sentença
z Não admite a forma culposa;
no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se
z É crime de mão própria, que só poderá ser prati-
retrata ou declara a verdade.
cado por uma das pessoas previstas no tipo penal;
Coação no curso do processo
Segundo posicionamento doutrinário dominante:
Art. 344 Usar de violência ou grave ameaça, com
z O falso testemunho não admite coautoria, mas é o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, con-
possível a participação; tra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa
z A falsa perícia admite coautoria e participação. que funciona ou é chamada a intervir em proces-
so judicial, policial ou administrativo, ou em juízo
O ofendido (vítima) que praticar quaisquer dos arbitral:
verbos previstos no tipo penal não pratica o crime de Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além
90 falso testemunho, já que ele não é testemunha; da pena correspondente à violência.
Este crime, previsto no art. 344 do Código Penal, No art. 345 do Código Penal, o crime de exercício
configura-se com a seguinte conduta típica: usar de arbitrário das próprias razões tem como figura típica
violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer a seguinte conduta: fazer justiça pelas próprias mãos,
interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo
ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada quando a lei o permite.
a intervir em processo judicial, policial ou administra- Observe a parte final da figura típica: salvo quan-
tivo, ou em juízo arbitral.
do a lei o permite.
O crime de coação no curso do processo é aquele
Pode-se concluir que, quando houver permissão
em que, para beneficiar a si ou a terceiro, o agente
emprega de violência ou grave ameaça contra pessoas legal, o agente que fizer justiça com as próprias mãos
que participam do processo ou juízo arbitral. não será responsabilizado criminalmente. Assim, caso
o agente mate alguém em legítima defesa, não será ele
responsabilizado criminalmente.
Importante! Kelmon é proprietário de uma casa, que se encon-
tra alugada para Diogo. O inquilino está devendo
Observe as duas hipóteses: 6 (seis) meses de aluguel. Kelmon, indignado com a
1. Suponha que André tenha praticado um crime situação, vai até o local, troca todas as fechaduras e
de roubo a um supermercado, estando ele sendo coloca os objetos pessoais de Diogo do lado de fora.
processado por isso. Thais, funcionária do super- Kelmon praticou o crime de exercício arbitrário
mercado, é testemunha, tendo sido marcado um das próprias razões, já que fez justiça com as próprias
dia para que ela comparecesse em juízo para dar
mãos, para satisfazer pretensão legítima (ele tinha o
seu depoimento. André, com a finalidade de favo-
direito de receber os valores correspondentes ao alu-
recer seus próprios interesses, vai à casa de Thais
guel de seu imóvel).
e, utilizando-se de uma arma de fogo para amea-
çá-la, exige que ela diga que não foi ele quem A pretensão do agente deveria ter sido soluciona-
praticou o fato, mas outra pessoa. André praticou da pelos meios legais pertinentes.
o crime de coação no curso do processo, já que Sobre o exercício arbitrário das próprias razões,
empregou de grave ameaça contra a pessoa cha- deve-se ficar atento ao seguinte:
mada a intervir em processo judicial.
2. Aproveitando a mesma hipótese acima, porém, z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
agora André, sabendo sobre o que Thais disse na quer pessoa;
inquirição, vai à casa de Thais e, utilizando-se de z Só poderá ser praticado dolosamente;
uma arma de fogo para ameaçá-la, dizendo que z Admite tentativa;
irá matá-la por não dizer que foi outra pessoa que z Caso o agente pratique o crime com emprego de
praticou o crime, mas que o incriminou. André, violência, responderá também por ela.
nesta hipótese, praticou o crime de ameaça, uma
vez que empregou de grave ameaça contra a pes- No art. 346 do Código Penal, há uma outra figura
soa após o depoimento, exaurindo-se a participa- típica, bastante parecida com o crime de exercício
ção daquela na ação. arbitrário das próprias razões.
Observe: tirar, suprimir, destruir ou danificar
coisa própria, que se acha em poder de terceiro por
Caso o agente utilize de violência para praticar o
determinação judicial ou convenção
crime de coação no curso do processo, responderá por
este, além da pena correspondente à violência. Sobre este tipo penal, é importante salientar:
Sobre a coação no curso do processo, fique atento
às seguintes informações: z Só pode ser praticado dolosamente;
z É crime de ação múltipla, que irá se configurar com
z Pode ser praticado contra as autoridades respon- a prática de quaisquer um dos verbos previstos no
sáveis pela condução do processo, como: juízes, tipo penal: tirar, suprimir, destruiu ou danificar;
promotores, delegados de polícia, entre outros; z Exige-se que a coisa seja própria do agente que
z Só pode ser praticado dolosamente; praticou a conduta delituosa;
z Exige-se o dolo específico por parte do agente de z O objeto deve estar em poder de terceiro por deter-
favorecer interesse próprio ou alheio;
minação judicial ou convenção. Se for por outro
z É crime formal, que se consuma com o uso de vio-
lência ou grave ameaça, independentemente de o motivo, não se configurará este crime;
coagido ceder; z Admite tentativa.
z Admite a forma tentada na hipótese de o crime ser
praticou por escrito e há extravio. Para consumação deste crime, existem duas correntes:

Exercício arbitrário das próprias razões 1. o crime é formal e se consuma quando o agente
emprega o meio executório;
Art. 345 Fazer justiça pelas próprias mãos, para
DIREITO PENAL

2. o crime é material e só se consuma com a satisfa-


satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quan-
do a lei o permite: ção da pretensão visada.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa,
além da pena correspondente à violência. Fraude processual
Parágrafo único - Se não há emprego de violência,
somente se procede mediante queixa. Art. 347 Inovar artificiosamente, na pendência de
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coi- processo civil ou administrativo, o estado de lugar,
sa própria, que se acha em poder de terceiro por de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o
determinação judicial ou convenção: juiz ou o perito:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. 91
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produ- A pena do crime de exploração de prestígio será
zir efeito em processo penal, ainda que não inicia- aumentada de 1/3 (um terço):
do, as penas aplicam-se em dobro.
z Se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou
Com previsão legal no art. 347 do Código Penal, o utilidade também se destina ao juiz, ao jurado,
crime de fraude processual irá se configurar quando ao órgão do ministério público, ao funcionário de
o agente inovar artificiosamente, na pendência de justiça, ao perito, ao tradutor, ao intérprete ou à
processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de testemunha.
coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz
ou o perito. Sobre o crime de exploração de prestígio, leve para
Aplica-se a pena em dobro, se a inovação se desti- a sua prova:
na a produzir efeito em processo penal, ainda que não
indiciado o agente.
z É crime comum, que poderá ser praticado por
Carlos praticou o crime de homicídio, ao matar
qualquer pessoa;
Cláudio, que lhe devia uma quantia em dinheiro. Com
z Só poderá ser praticado dolosamente;
a finalidade de simular uma hipótese de legítima defe-
z No verbo solicitar é crime formal;
sa, para induzir o perito a erro, Carlos coloca, fraudu-
z No verbo receber é crime material;
lentamente, nas mãos da vítima, uma arma de fogo,
z Admite tentativa.
modificando o estado de pessoa.
Carlos praticou o crime de fraude processual, res-
pondendo pelo crime com a pena dobrada, já que ino- Violência ou fraude em arrematação judicial
vou artificiosamente, na pendência de processo penal.
Sobre o crime de fraude processual, fique atento Art. 358 Impedir, perturbar ou fraudar arrema-
ao seguinte: tação judicial; afastar ou procurar afastar con-
corrente ou licitante, por meio de violência, grave
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
z É crime comum;
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa,
z Não admite a modalidade culposa;
além da pena correspondente à violência.
z Exige dolo específico: fim de induzir a erro juiz ou
perito;
Previsto no art. 358, do CP, este crime irá se con-
z É crime formal, que se consuma com a prática da
figurar quando o agente impedir, perturbar ou frau-
conduta prevista no tipo penal, ainda que não seja
dar arrematação judicial; afastar ou procurar afastar
efetivamente induzido a erro o juiz ou o perito;
concorrente ou licitante, por meio de violência, grave
z Admite a modalidade tentada;
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem.
Exercício arbitrário ou abuso de poder Arrematação judicial, também conhecida como
leilão ou praça, é o ato de transferência dos bens
Art. 350 REVOGADO
penhorados do devedor, em que um funcionário da
justiça apregoa e um interessado os adquire, em hasta
Esse crime crime foi revogado com o advento da pública, pelo maior lance.
Nova Lei de Abuso de Autoridade (Lei nº. 13.869, de Trata-se de atividade inerente ao Poder Judiciário,
2019). consistente em verdadeira expropriação destinada à
Seguindo com o nosso estudo, em consonância ao satisfação de crédito não cumprido voluntariamente.
edital, vamos aos crimes dos artigos 357, 358 e 359, do Sobre este crime, é importante ficar atento ao
Código Penal. seguinte:

Exploração de prestígio z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
quer pessoa;
Está previsto no art. 357, do CP. z Não admite a forma culpada;
z Admite tentativa quando o agente não consegue,
Art. 357 Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer por circunstâncias alheias a sua vontade, impedir,
outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, perturbar ou fraudar a arrematação judicial.
órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, z As condutas relacionadas ao licitante foram revo-
perito, tradutor, intérprete ou testemunha: gadas pela Lei nº 8.666/1993, Lei de Licitações, com
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. possível tipificação nos arts. 93 e 95 da citada lei,
Parágrafo único - As penas aumentam-se de um vejamos:
terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro
ou utilidade também se destina a qualquer das pes- Art. 93 Impedir, perturbar ou fraudar a realização
soas referidas neste artigo. de qualquer ato de procedimento licitatório:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
O crime de exploração de prestígio tem como e multa.
figura típica a seguinte conduta: solicitar ou receber Art. 95 Afastar ou procurar afastar licitante, por
dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de meio de violência, grave ameaça, fraude ou ofereci-
influir em juiz, jurado, órgão do ministério público, mento de vantagem de qualquer tipo:
funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e mul-
testemunha. ta, além da pena correspondente à violência.
De forma alguma, você poderá confundir este tipo Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se
penal com o crime de tráfico de influência, previsto no abstém ou desiste de licitar, em razão da vantagem
92 art. 332 do CP. oferecida.
z No caso de emprego de violência, responderá o z Não admite a forma culposa;
agente, também, por ela. z É crime formal, que não exige o prejuízo;

Desobediência a decisão judicial sobre perda ou Patrocínio simultâneo ou tergiversação: defender,


suspensão de direito na mesma causa, o advogado ou procurador judicial,
simultânea (patrocínio simultâneo) ou sucessiva-
Art. 359 Exercer função, atividade, direito, autori- mente (tergiversação ou patrocínio sucessivo), partes
dade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por contrárias.
decisão judicial:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. z O patrocínio simultâneo se configura quando o advo-
gado patrocinar as partes contrárias simultaneamente;
Este crime está previsto no art. 359, do CP e irá se z A tergiversação se configura quando o advogado
configurar quando o agente exercer função, ativida- deixa de patrocinar o seu cliente para patrocinar
de, direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso a parte contrária.
ou privado por decisão judicial.
O crime de desobediência a decisão judicial sobre per- Sobre o crime de patrocínio simultâneo ou tergi-
da ou suspensão de direito, inserido no Código Penal entre versação é importante que você saiba que:
os crimes contra a Administração da justiça, representa
uma modalidade especial do delito de desobediência, capi-
z Crime doloso
tulado no art. 329 do CP entre os crimes praticados por par-
z Não admite a modalidade culposa
ticular contra a Administração em geral.
z A traição do advogado ou procurador deve produ-
Há, nos dois delitos, o descumprimento de ordem
zir prejuízo relevante de qualquer natureza, mate-
legal emanada de funcionário público. No entanto, o
rial ou moral, desde que lícito.
crime definido no art. 359, do CP, possui elementos
z Admite tentativa
especializantes, pois o agente não desobedece a uma
z A ação penal é pública incondicionada.
simples ordem legal emitida por qualquer funcioná-
rio público.
Neste crime vai além, exercendo função, atividade,
direito, autoridade ou múnus de que estava suspenso
ou privado por decisão judicial.
HORA DE PRATICAR!
Tutela-se a Administração da justiça.
Quanto ao sujeito ativo, verifica-se que se trata 1. (VUNESP – 2018) Sobre o crime de Moeda Falsa,
de crime próprio ou especial, pois somente pode ser previsto no Código Penal, é correto afirmar que
praticado pela pessoa que, por decisão judicial, foi
suspensa ou privada relativamente ao exercício de a) a lei não admite a punição da conduta praticada por
determinada função, atividade, direito, autoridade ou funcionário público.
múnus. b) o tipo comporta a conduta de fabricar ou alterar,
O sujeito passivo é o Estado. mediante falsificação, a moeda metálica ou papel-
Consuma-se com o simples exercício da função, -moeda, de curso legal no país ou no estrangeiro.
atividade, direito, autoridade ou múnus do qual o c) a lei admite a punição da conduta, na forma culposa.
agente foi suspenso ou privado por decisão judicial, d) a conduta típica consiste em reconhecer, como verda-
ainda que desta conduta não seja produzido nenhum deira, no exercício de função pública, moeda metálica
resultado naturalístico. ou papel-moeda de curso legal no estrangeiro.
Basta a prática de um único ato capaz de afrontar a e) consiste fato atípico a conduta de quem desvia e
determinação emanada do Poder Judiciário. faz circular moeda cuja circulação não estava ainda
Sobre este crime, é importante que você leve em autorizada.
consideração as seguintes informações:
2. (VUNESP – 2018) De acordo com o Código Penal,
z Só poderá ser praticado dolosamente; aquele que, tendo recebido de boa-fé, como verda-
z Admite a modalidade tentada; deira, moeda falsa ou alterada, restitui esta à circu-
z Exige-se que a suspensão ou privação se dê por lação, desconhecendo a falsidade,
decisão judicial. Caso se trate de decisão adminis-
trativa, não irá se configurar este tipo penal. a) pratica crime de moeda falsa.
b) pratica crime assimilado ao de moeda falsa.
z A competência é da Justiça Federal.
c) pratica crime apenas se for funcionário público ou
diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão.
Sobre o crime de patrocínio infiel, é importante d) é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e
que você saiba que: multa.
e) não comete crime algum.
DIREITO PENAL

z É crime próprio, que só será praticado pelo advo-


gado ou procurador que trair o dever funcional; 3. (VUNESP – 2017) A respeito dos crimes contra a fé
z É crime material, que se consuma quando se preju- pública, assinale a alternativa correta.
dicar o interesse do representado;
z Não admite forma culposa; a) Mévio, após receber, de boa-fé, nota falsa, para não
z Admite tentativa somente quando o advogado ou ficar no prejuízo, repassa a cédula em um posto de
procurador pretende cometer o crime na forma gasolina, praticando, em tese, o crime de falsa moeda.
comissiva, uma vez que na forma omissiva não se b) O crime de falsificação de documento público é crime
admite a tentativa; próprio, uma vez que só pode ser praticado por funcio-
z É crime próprio; nário público. 93
c) Mévio, empresário, tendo falsificado o Livro Diário, a) identificação de veículo automotor.
documento em que são registradas as operações diá- b) fé pública.
rias da empresa, em tese, pratica o crime de falsifica- c) idoneidade de documento público.
ção de documento particular. d) idoneidade de sinal público.
d) Mévio, em contrato de locação, utiliza selo notarial de e) idoneidade particular.
autenticação de firma falsificado, praticando, em tese,
o crime de falso reconhecimento de firma ou letra. 9. (VUNESP – 2018) No tocante às infrações previstas
e) Mévio, tendo inserido em carta de recomendação de nos artigos 307, 308 e 311-A, do Código Penal, assi-
ex-funcionário, atividade ou função por ele não exerci- nale a alternativa correta.
da, em tese, comete o crime de falsificação de docu-
mento particular.
a) O crime de fraude em certames de interesse público é
próprio de funcionário público.
4. (VUNESP – 2017) O crime denominado “petrechos
b) A conduta de ceder o documento de identidade a tercei-
de falsificação” (CP, art. 294) tem a pena aumenta-
da, de acordo com o art. 295 do CP, se ro, para que dele se utilize, é penalmente atípica, sendo
crime apenas o uso, como próprio, de documento alheio.
a) cometido em detrimento de órgão público ou da admi- c) O crime de fraude em certames de interesse público
nistração indireta. configura-se pela divulgação de conteúdo de certame,
b) o agente for funcionário público e cometer o crime pre- ainda que não sigiloso.
valecendo-se do cargo. d) O crime de fraude em certames de interesse público
c) causar expressivo prejuízo à fé pública. prevê a figura qualificada, se dele resulta dano à admi-
d) a vítima for menor de idade, idosa ou incapaz. nistração pública.
e) praticado com intuito de lucro. e) A conduta de atribuir a terceiro falsa identidade é
penalmente atípica, sendo crime apenas atribuir a si
5. (VUNESP – 2018) Sobre os delitos de falsidade próprio identidade falsa.
documental, é correto afirmar que
10. (VUNESP – 2018) Nos termos previstos expressa-
a) o cartão de crédito, embora possua natureza de docu- mente no Código Penal, é correto afirmar que
mento particular, é equiparado, para tipificação penal,
a documento público. a) se considera praticado o crime no momento da ação,
b) o crime de Uso de Documento Falso admite a modali- da omissão, ou no momento em que se produziu ou
dade culposa. deveria produzir-se o resultado.
c) para os efeitos penais, equipara-se a documento públi- b) quem trabalha para empresa prestadora de serviço
co o testamento particular. contratada ou conveniada para a execução de atividade
d) o crime de Falsidade de Atestado Médico pode ser típica da Administração Pública equipara-se a funcioná-
praticado por qualquer pessoa, ainda que sem o con- rio público para os efeitos penais.
curso necessário de um médico.
c) não se comunicam as circunstâncias e as condições de
e) para os efeitos penais, as ações de sociedade comer-
caráter pessoal, mesmo quando elementares do crime.
cial são consideradas documentos particulares.
d) a alteração realizada por funcionário de sistema de
informações ou programa de informática sem auto-
6. (VUNESP – 2018) A respeito dos crimes previstos
rização ou solicitação de autoridade competente só
nos artigos 293 a 305 do Código Penal, assinale a
alternativa correta. será caracterizara da como crime se resultar em dano
para a Administração Pública ou para o administrado.
a) O crime de falsificação de documento público (art. e) patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado
297 do CP) é próprio de funcionário público. perante a Administração Pública, valendo-se da quali-
b) No crime de falsidade de atestado médico (art. 302 do dade de funcionário caracteriza o crime de advocacia
CP), independentemente da finalidade de lucro do agen- administrativa, salvo se o interesse for legítimo.
te, além da pena privativa de liberdade, aplica-se multa.
c) A falsificação de livros mercantis caracteriza o crime de 11. (VUNESP – 2017) Funcionário público municipal,
falsificação de documento particular (art. 298 do CP). imprudentemente, deixa a porta da repartição aber-
d) O crime de falsidade ideológica (art. 299 do CP), em ta ao final do expediente. Assim agindo, mesmo
documento público, é próprio de funcionário público. sem intenção, concorre para que outro funcionário
e) O crime de supressão de documento (art. 305 do público, que trabalha no mesmo local, subtraia os
CP), para se caracterizar, exige que o documento seja computadores que guarneciam o órgão público. O
verdadeiro. Município sofre considerável prejuízo. A conduta do
funcionário que deixou a porta aberta traduz-se em
7. (VUNESP – 2017) O estrangeiro que utiliza como
seu nome alheio para ingressar no país comete o a) fato atípico.
crime de: b) prevaricação.
c) peculato-subtração.
a) uso de documento falso. d) mero ilícito funcional, sem repercussão na esfera penal.
b) estelionato. e) peculato culposo.
c) falsificação de documento público.
d) fraude de lei sobre estrangeiro. 12. (VUNESP – 2018) O Guarda Civil que se apropria de
e) falsa identidade. dinheiro ou de qualquer utilidade que, no exercício
do cargo, recebeu por erro de outrem
8. (VUNESP – 2017) A simples conduta de adulterar a
placa de veículo automotor, com arrependimento a) não comete crime, pois o erro de outrem afasta a tipi-
94 posterior, tem como bem jurídico tutelado a ficação penal.
b) comete o crime de peculato mediante erro de outrem. 16. (VUNESP – 2017) A falta de conduta ética e moral
c) comete o crime de corrupção passiva, apenado com na Administração Pública gera problemas coleti-
reclusão. vos e prejudica, em última instância, a população.
d) não comete crime, pois a conduta não está descrita no O caso de um vereador de uma cidade do interior
Código Penal. de SP chamou a atenção das autoridades locais
e) comete os crimes de furto e prevaricação. em função dos crimes cometidos por esse políti-
co. Nos quatro anos de mandato, ele (I) utilizou o
13. (VUNESP – 2017) Indivíduo aprovado para função públi- carro a que tinha direito para viajar com sua família
ca de policial militar exige, para si, diretamente, em e a estrutura da câmara de vereadores para come-
razão da função que irá assumir, vantagem indevida. morar festas de amigos e parentes; (II) utilizou de
Tal conduta configura crime de: sua posição para deixar de pagar aos comerciantes
locais; (III) ao mesmo tempo, solicitou dinheiro em
a) extorsão. troca de favores. Quais foram os crimes cometidos,
b) concussão. respectivamente, por esse vereador?
c) corrupção ativa.
d) corrupção passiva. a) I – prevaricação; II – peculato; III – corrupção passiva.
e) exercício funcional ilegal antecipado. b) I – peculato; II – concussão; III – corrupção passiva.
c) I – improbidade administrativa; II – peculato; III
14. (VUNESP – 2018) Servidor Municipal, que trabalha – concussão.
como fiscal de posturas públicas, durante fisca- d) I – corrupção passiva; II – peculato; III – improbidade
lização de rotina, encontra sérias irregularidades administrativa.
na construção de condomínio vertical (prédio resi- e) I – peculato; II – corrupção passiva; III – advocacia
dencial de apartamentos). Ao conversar com o administrativa.
construtor e proprietário do imóvel, o servidor ouve
dele sugestão de “fechar os olhos” para as irregu- 17. (VUNESP – 2018) Dar às verbas ou rendas públicas
laridades e receber em troca um apartamento, mas aplicação diversa da estabelecida em lei
apenas quando o prédio for concluído. O servidor
aceita a proposta e não toma qualquer providência a) é crime contra a Administração Pública, estabelecido
quanto às irregularidades. no art. 315 do Código Penal.
Ainda antes da entrega do apartamento é revelada a b) é crime de abuso de autoridade, estabelecido no art.
“combinação”. É correto afirmar que o servidor 3º da Lei nº 4.898/65.
c) é crime contra a ordem tributária, estabelecido no art.
a) não praticou crime algum, pois o fato criminoso apenas 1º da Lei nº 8.137/90.
se consumará com o recebimento do apartamento. d) embora não seja crime, sujeita o agente a perda do
b) não praticou crime algum, pois se trata de crime impos- mandato, nos termos da Lei nº 8.429/92.
sível, na modalidade impropriedade absoluta do meio. e) embora não seja crime, sujeita o agente a ação de
c) praticou corrupção passiva. improbidade administrativa, nos termos da Lei nº
d) praticou corrupção passiva, na modalidade tentada. 8.429/92.
e) é coautor em crime de corrupção ativa.
18. (VUNESP – 2017) Certos crimes têm suas penas
15. (VUNESP – 2018) Considere o seguinte caso hipo- estabelecidas em patamares superiores quando pre-
tético: Um funcionário da Câmara Municipal de São sentes circunstâncias que aumentam o desvalor da
Joaquim da Barra, responsável pelo registro dos conduta. São os denominados “tipos qualificados”.
protocolos de entrada de documentos, atendendo Assinale a alternativa que indica o crime que tem
a pedido de um advogado, deixa de praticar ato de como qualificadoras “resultar prejuízo público” e “ocor-
ofício, não registrando a entrada de uma requisição rer em lugar compreendido na faixa de fronteira”.
judicial, com infração de dever funcional.
a) Abandono de função.
É correto afirmar que o enunciado descreve um b) Exercício arbitrário das próprias razões.
c) Corrupção passiva.
a) crime de prevaricação, sendo possível a desistência d) Violência arbitrária.
voluntária e o arrependimento eficaz, respondendo o e) Abuso de poder.
servidor pelos atos praticados.
b) crime de corrupção passiva privilegiada, sendo possí- 19. (VUNESP – 2018) A respeito dos crimes praticados
vel a desistência voluntária e o arrependimento eficaz, por particulares contra a administração, em geral
respondendo o servidor pelos atos praticados. (arts. 328; 329; 330; 331; 332; 333; 335; 336 e 337
DIREITO PENAL

c) crime de advocacia administrativa, não sendo possível do CP), assinale a alternativa correta.
o arrependimento posterior, somente o arrependimen-
to eficaz, se o funcionário voluntariamente desistir de a) Para se configurar, o crime de usurpação de função
atender ao advogado e efetuar o registro. pública exige que o agente, enquanto na função, obte-
d) crime de prevaricação, sendo possível o arrependi- nha vantagem.
mento posterior até o recebimento da denúncia, redu- b) Não há previsão de modalidade culposa.
zindo- se a pena de um a dois terços. c) Aquele que se abstém de licitar em hasta pública, em
c) crime de advocacia administrativa, sendo possível o razão de vantagem indevida, não é punido pelo crime
arrependimento posterior até o recebimento da denún- de impedimento, perturbação ou fraude de concorrên-
cia, reduzindo-se a pena de um a dois terços. cia, já que se trata de conduta atípica. 95
d) O crime de desacato não se configura se o funcionário
público não estiver no exercício da função, ainda que o
ANOTAÇÕES
desacato seja em razão dela.
e) Para se configurar, o crime de corrupção ativa exige o
retardo ou a omissão do ato de ofício, pelo funcioná-
rio público, em razão do recebimento ou promessa de
vantagem indevida.

20. (VUNESP – 2017) De acordo com o Código Penal Bra-


sileiro, é correto afirmar, sobre os crimes praticados
por particulares contra a Administração Pública, que

a) o crime de usurpação de função pública somente se


caracteriza se o agente usurpador obtém vantagem
enquanto na função.
b) o crime de resistência caracteriza-se pela oposição à
execução de ato, ainda que ilegal, mediante violência
ou grave ameaça, a funcionário competente para exe-
cutá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio.
c) o crime de tráfico de influência caracteriza-se indepen-
dentemente de o agente influir em ato praticado por
funcionário público no exercício da função.
d) no crime de sonegação de contribuição previdenciária,
é extinta a punibilidade se o agente, espontaneamen-
te, declara e confessa as contribuições e presta as
informações devidas, antes do início da ação penal.
e) a reinserção no território brasileiro de mercadoria des-
tinada à exportação, em tese, caracteriza o crime de
descaminho.

9 GABARITO

1 B

2 E

3 A

4 B

5 C

6 E

7 D

8 B

9 D

10 B

11 E

12 B

13 B

14 C

15 B

16 B

17 A

18 A

19 B

20 C
96
z Suspeições: Consistem em circunstâncias subjeti-
vas que são relacionadas a fatos externos ao pro-
cesso, capazes de prejudicar a imparcialidade do
magistrado.

DIREITO PROCESSUAL Art. 254 O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o

PENAL
fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes:
I - Se for amigo íntimo ou inimigo capital de qual-
quer deles;
II - Se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente,
estiver respondendo a processo por fato análogo,
DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;
III - Se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo,
DO ACUSADO E DEFENSOR, DOS ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar
ASSISTENTES E AUXILIARES DA demanda ou responder a processo que tenha de ser
JUSTIÇA julgado por qualquer das partes;
IV - Se tiver aconselhado qualquer das partes;
V - Se for credor ou devedor, tutor ou curador, de
DO JUIZ
qualquer das partes;
VI - Se for sócio, acionista ou administrador de
No processo penal, o juiz é quem:
sociedade interessada no processo.
z Recebe a denúncia ou queixa;
z Cita o acusado; Ainda sobre o assunto impedimento e suspeição,
z Realiza a instrução do processo; importante se faz conhecer os seguintes dispositivos:
z Decide pela absolvição ou condenação.
Art. 255 O impedimento ou suspeição decorrente
Em suma, o juiz é quem aplica o direito ao caso de parentesco por afinidade cessará pela dissolu-
concreto, de maneira substitutiva (substitui a vontade ção do casamento que Ihe tiver dado causa, salvo
das partes) e imparcial. Sem o Estado-Juiz, não teria sobrevindo descendentes; mas, ainda que dissolvi-
fim o conflito entre a pretensão punitiva do Estado e o do o casamento sem descendentes, não funcionará
interesse do acusado na manutenção de sua liberdade. como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro
ou enteado de quem for parte no processo.
Art. 251 Ao juiz incumbirá prover à regularidade do Art. 256 A suspeição não poderá ser declarada nem
processo e manter a ordem no curso dos respectivos reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de
atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública. propósito der motivo para criá-la.

Além disso, o juiz possui a garantia da vitalicie- DO MINISTÉRIO PÚBLICO


dade (enquanto estiver vivo o cargo lhe pertence),
inamovibilidade (garantia de não ser removido do O Ministério Público (MP) é o órgão responsável
seu local de trabalho) e irredutibilidade de subsídio por promover, privativamente, a ação penal pública,
(garantia de não ver a sua remuneração ser diminuí- bem como fiscalizar a execução da lei. Ao Ministério
da). Tais garantias permitem que o juiz haja de forma Público aplicam-se as mesmas causas de impedimen-
imparcial e sem medo de retaliações. to e suspeição do juiz. De acordo com a Constituição
Federal,
z Impedimentos: Consistem em circunstâncias obje-
tivas que são relacionadas a fatos internos ao pro- Art. 127 O Ministério Público é instituição perma-
cesso, capazes de prejudicar a imparcialidade do nente, essencial à função jurisdicional do Estado,
magistrado. incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regi-
me democrático e dos interesses sociais e indivi-
Art. 252 O juiz não poderá exercer jurisdição no duais indisponíveis.
processo em que:
I - Tiver funcionado seu cônjuge ou parente, con-
DIREITO PROCESSUAL PENAL

O MP tem como princípios institucionais a unida-


sanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até
de, indivisibilidade e independência funcional. A uni-
o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advo-
gado, órgão do Ministério Público, autoridade poli- dade consiste na integralidade do órgão ministerial,
cial, auxiliar da justiça ou perito; sendo impedido o seu fracionamento enquanto insti-
II - Ele próprio houver desempenhado qualquer des- tuição pública – Ex.: promotores e procuradores têm
sas funções ou servido como testemunha; um único chefe (PGJ). A indivisibilidade significa que
III - Tiver funcionado como juiz de outra instância, pro- os integrantes da carreira podem ser substituídos uns
nunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão; pelos outros, nas hipóteses legais – Ex.: férias. Por fim,
IV - Ele próprio ou seu cônjuge ou parente, con- a independência funcional oferece liberdade ao MP,
sanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até
desde que fundamentada e dentro da lei – Ex.: delibe-
o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente
ra, de acordo com a sua convicção motivada.
interessado no feito.
Art. 253 Nos juízos coletivos, não poderão servir De acordo com o princípio do promotor natural, o
no mesmo processo os juízes que forem entre si indivíduo tem direito de ser processado pelo órgão de
parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta ou execução do MP, cujas atribuições estejam previamen-
colateral até o terceiro grau, inclusive. te fixadas por lei. 97
O artigo 257, do Código de Processo Art. 264 Salvo motivo relevante, os advogados e
solicitadores serão obrigados, sob pena de multa de
Art. 257 Ao Ministério Público cabe: cem a quinhentos mil-réis, a prestar seu patrocínio
I - promover, privativamente, a ação penal pública, aos acusados, quando nomeados pelo Juiz.
na forma estabelecida neste Código; e Art. 265 O defensor não poderá abandonar o pro-
II - fiscalizar a execução da lei. cesso senão por motivo imperioso, comunicado
Art. 258 Os órgãos do Ministério Público não fun- previamente o juiz, sob pena de multa de 10 (dez)
cionarão nos processos em que o juiz ou qualquer a 100 (cem) salários mínimos, sem prejuízo das
das partes for seu cônjuge, ou parente, consangüí-
demais sanções cabíveis.
neo ou afim, em linha reta ou colateral, até o tercei-
§ 1° A audiência poderá ser adiada se, por motivo
ro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que Ihes
justificado, o defensor não puder comparecer.
for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e
§ 2° Incumbe ao defensor provar o impedimento até
aos impedimentos dos juízes.
a abertura da audiência. Não o fazendo, o juiz não
DO ACUSADO E SEU DEFENSOR determinará o adiamento de ato algum do proces-
so, devendo nomear defensor substituto, ainda que
O acusado é o sujeito ativo da infração criminal provisoriamente ou só para o efeito do ato.
(autor, coautor ou partícipe). Para que a pretensão Art. 266 A constituição de defensor independerá
punitiva possa ser deduzida contra o acusado, este de instrumento de mandato, se o acusado o indicar
precisa ser maior de 18 anos de idade. por ocasião do interrogatório.
Art. 267 Nos termos do art. 252, não funcionarão
Art. 228 São penalmente inimputáveis os menores como defensores os parentes do juiz.
de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação
especial. DOS FUNCIONÁRIOS DA JUSTIÇA

Ademais, apenas o ser humano e a pessoa jurídica Os auxiliares da justiça são pessoas que, embora
(ex.: crimes ambientais) podem figurar como acusa- não façam parte da relação processual, intervêm no
dos no processo penal. Ou seja, os animais não podem curso do processo, mediante a prática de atos que per-
praticar infrações penais, porque lhes falta capacida- mitem o desenvolvimento regular do feito. Ex.: auxi-
de de entendimento e de autodeterminação. liam o juiz.
No processo penal, a defesa técnica é obrigató- De acordo com o Código de Processo Penal:
ria, pois a liberdade está em jogo, um dos bens mais
importantes do ser humano. Quando o acusado não Art. 274 As prescrições sobre suspeição dos juízes
tiver advogado, o juiz nomeará a ele um profissional estendem-se aos serventuários e funcionários da
com capacidade postulatória, para a sua defesa. justiça, no que lhes for aplicável.
A Defensoria Pública é figura essencial para a con-
cretização do devido processo legal, pois vale lembrar O CPP evita que pessoas influenciadas por suas
que grande parte da população carcerária não tem emoções hajam de forma parcial, o que contami-
condições de contratar um advogado. Nesse sentido,
naria a justiça do trâmite processual e da decisão
dispõe a Constituição Federal:
jurisdicional.
Art. 134 A Defensoria Pública é instituição perma-
nente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do
regime democrático, fundamentalmente, a orienta- DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES
ção jurídica, a promoção dos direitos humanos e a
defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial,
dos direitos individuais e coletivos, de forma inte- CITAÇÃO INTIMAÇÃO NOTIFICAÇÃO
gral e gratuita, aos necessitados, na forma do inci- Meio de ciência Consiste em Ciência dada quan-
so LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal. do acusado, para comunicação to à determinação
que tenha a opor- sobre um ato judicial que impõe o
Para complementar o exposto, veja o que dispõem tunidade de se já realizado, cumprimento de de-
os artigos 261 e seguintes: defender. Ou seja, ex.: as partes terminada providên-
a citação funciona são intimadas cia, ex.: notificação
Art. 261 Nenhum acusado, ainda que ausente ou como um chama- da sentença de testemunha para
foragido, será processado ou julgado sem defensor. mento a juízo. prolatada. que se compareça à
Parágrafo único. A defesa técnica, quando reali- audiência.
zada por defensor público ou dativo, será sempre
exercida através de manifestação fundamentada. A citação pode ser real (pessoal) ou ficta. Em regra,
Art. 262 Ao acusado menor dar-se-á curador. a citação real ocorre por meio de mandado judicial
Art. 263 Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomea-
judicial entregue por oficial de justiça. Já a citação por
do defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a
edital e a citação por hora certa são consideradas fic-
todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si
mesmo defender-se, caso tenha habilitação. tas, pois presumem a ciência do acusado.
Parágrafo único. O acusado, que não for pobre, A consequência do desatendimento da citação ficta
será obrigado a pagar os honorários do defensor possui duas situações diferentes no CPP. Veja a tabela
98 dativo, arbitrados pelo juiz. a seguir:
CITAÇÃO POR EDITAL CITAÇÃO POR HORA O prazo que terminar em domingo ou dia feriado
(ART. 361) CERTA (ART. 362) considerar-se-á prorrogado até o dia útil imediato.
Se o réu não for encontra- Verificando que o réu se Não correrão os prazos, se houver impedimento do
do, será citado por edital, oculta para não ser ci- juiz, força maior, ou obstáculo judicial oposto pela
com o prazo de 15 (quinze) tado, o oficial de justiça parte contrária.
dias. Se o acusado, citado certificará a ocorrência e Salvo os casos expressos, os prazos correrão:
por edital, não comparecer, procederá à citação com
nem constituir advogado, hora certa. Ao réu citado z da intimação;
ficarão suspensos o pro- por hora certa que não se z da audiência ou sessão em que for proferida a
cesso e o curso do prazo apresentar será nomeado decisão, se a ela estiver presente à parte;
prescricional, podendo o defensor dativo. z do dia em que a parte manifestar nos autos ciência
juiz determinar a produ- inequívoca da sentença ou despacho.
ção antecipada das provas
consideradas urgentes e, Feitas tais considerações é de fundamental impor-
se for o caso, decretar pri- tância saber o que dispõe os capítulos das Citações e
são preventiva. Intimações em mente. Vejamos:

Dica DAS CITAÇÕES

Quando o réu estiver fora do território da juris- Art. 351 A citação inicial far-se-á por mandado,
dição do juiz processante, será citado mediante quando o réu estiver no território sujeito à jurisdi-
precatória (Art. 353). ção do juiz que a houver ordenado.
Art. 352 O mandado de citação indicará:
De acordo com a Súmula nº 710 STF, o prazo no I - o nome do juiz;
Código de Processo Penal (CPP) é contado da data da II - o nome do querelante nas ações iniciadas por
intimação. Ou seja, diferente do Código de Processo queixa;
Civil (CPC), não se considera o prazo iniciado a partir III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus
da juntada do mandado. A intimação pode ocorrer: sinais característicos;
IV - a residência do réu, se for conhecida;
z Por publicação: quando direcionada a defensor V - o fim para que é feita a citação;
constituído, advogado e assistente de acusação.
VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu
z Por mandado, escrivão, via postal: quando não
deverá comparecer;
há órgão de publicação na comarca.
VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz.
Art. 353 Quando o réu estiver fora do território da
Vale lembrar que a intimação pessoal feita pelo
jurisdição do juiz processante, será citado median-
escrivão dispensa a intimação por publicação.
te precatória.
A intimação do Ministério Público e da Defenso-
ria Pública sempre é pessoal (entrega dos autos), sob Art. 354 A precatória indicará:
pena de nulidade. I - o juiz deprecado e o juiz deprecante;
A única ressalva feita é nos processos eletrônicos, II - a sede da jurisdição de um e de outro;
pois a comunicação eletrônica é inerente ao processo Ill - o fim para que é feita a citação, com todas as
digital. especificações;
IV - o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu
Embora o Ministério Público, na esfera ação crimi- deverá comparecer.
nal, não possua o benefício do prazo em dobro, a Art. 355 A precatória será devolvida ao juiz depre-
sua intimação, entretanto,  é sempre pessoal, na cante, independentemente de traslado, depois de
pessoa do agente do parquet com atribuições lançado o "cumpra-se" e de feita a citação por man-
para recebê-la. (STJ, REsp. no 192.049/DF Quinta dado do juiz deprecado.
Turma; Rel. Felix Fischer, m. v., RJSTJ no 115/461). § 1° Verificado que o réu se encontra em território
A intimação deve preponderar, inclusive, em rela- sujeito à jurisdição de outro juiz, a este remeterá o
ção a que é realizada mediante entrega do proces- juiz deprecado os autos para efetivação da diligên-
so em setor administrativo do Ministério Público, cia, desde que haja tempo para fazer-se a citação.
formalizada a carga pelo servidor. (Precedente: HC § 2° Certificado pelo oficial de justiça que o réu se
DIREITO PROCESSUAL PENAL

no 83.255/SP e HC no 83.391-SP, vide também infor- oculta para não ser citado, a precatória será ime-
mativo nº 284) diatamente devolvida, para o fim previsto no art.
362.
Diferente do CPC, todos os prazos correrão em Art. 356 Se houver urgência, a precatória, que con-
cartório e serão contínuos e peremptórios, não se terá em resumo os requisitos enumerados no art.
interrompendo por férias, domingo ou dia feriado. 354, poderá ser expedida por via telegráfica, depois
Todavia, igual o CPC, não se computará no prazo o dia de reconhecida a firma do juiz, o que a estação
do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento. Isso expedidora mencionará.
se justifica, uma vez que tanto o CPC quanto o CPP são Art. 357 São requisitos da citação por mandado:
diplomas processuais (disciplinam a marcha proces- I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e
sual), não se tratando de direito material, como é o entrega da contrafé, na qual se mencionarão dia e
código penal e o código civil. hora da citação;
A terminação dos prazos será certificada nos autos II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da
pelo escrivão; será, porém, considerado findo o prazo, contrafé, e sua aceitação ou recusa.
ainda que omitida aquela formalidade, se feita a pro- Art. 358 A citação do militar far-se-á por intermé-
va do dia em que começou a contagem. dio do chefe do respectivo serviço. 99
Art. 359 O dia designado para funcionário público Art. 368 Estando o acusado no estrangeiro, em
comparecer em juízo, como acusado, será notifica- lugar sabido, será citado mediante carta rogató-
do assim a ele como ao chefe de sua repartição. ria, suspendendo-se o curso do prazo de prescrição
Art. 360 Se o réu estiver preso, será pessoalmen- até o seu cumprimento. (Redação dada pela Lei nº
te citado. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de
9.271, de 17.4.1996)
1º.12.2003)
Art. 361 Se o réu não for encontrado, será citado Art. 369 As citações que houverem de ser feitas em
por edital, com o prazo de 15 (quinze) dias. legações estrangeiras serão efetuadas mediante
Art. 362 Verificando que o réu se oculta para não carta rogatória. (Redação dada pela Lei nº 9.271,
ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrên- de 17.4.1996)
cia e procederá à citação com hora certa, na forma
estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de DAS INTIMAÇÕES
11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
(Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 370 Nas intimações dos acusados, das tes-
Parágrafo único. Completada a citação com hora
temunhas e demais pessoas que devam tomar
certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á
nomeado defensor dativo. (Incluído pela Lei nº conhecimento de qualquer ato, será observado, no
11.719, de 2008). que for aplicável, o disposto no Capítulo anterior.
Art. 363 O processo terá completada a sua for- (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)
mação quando realizada a citação do acusado. § 1° A intimação do defensor constituído, do advo-
(Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). gado do querelante e do assistente far-se-á por
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.719, de publicação no órgão incumbido da publicidade dos
2008). atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de
II - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.719,
nulidade, o nome do acusado. (Incluído Lei nº 9.271,
de 2008).
§ 1° Não sendo encontrado o acusado, será pro- de 17.4.1996)
cedida a citação por edital. (Incluído pela Lei nº § 2° Caso não haja órgão de publicação dos atos
11.719, de 2008). judiciais na comarca, a intimação far-se-á direta-
§ 2° (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.719, de mente pelo escrivão, por mandado, ou via postal
2008). com comprovante de recebimento, ou por qualquer
§ 3° (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.719, de outro meio idôneo. (Redação dada pela Lei nº 9.271,
2008). de 17.4.1996)
§ 4° Comparecendo o acusado citado por edital, em § 3° A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dis-
qualquer tempo, o processo observará o disposto
pensará a aplicação a que alude o § 1°. Incluído
nos arts. 394 e seguintes deste Código. (Incluído
pela Lei nº 11.719, de 2008). pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)
Art. 364 No caso do artigo anterior, no I, o prazo § 4° A intimação do Ministério Público e do defen-
será fixado pelo juiz entre 15 (quinze) e 90 (noven- sor nomeado será pessoal. (Incluído pela Lei nº
ta) dias, de acordo com as circunstâncias, e, no 9.271, de 17.4.1996)
caso de no II, o prazo será de trinta dias. Art. 371 Será admissível a intimação por despacho
Art. 365 O edital de citação indicará: na petição em que for requerida, observado o dis-
I - o nome do juiz que a determinar; posto no art. 357.
II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus
Art. 372 Adiada, por qualquer motivo, a instrução
sinais característicos, bem como sua residência e
profissão, se constarem do processo; criminal, o juiz marcará desde logo, na presença
III - o fim para que é feita a citação; das partes e testemunhas, dia e hora para seu pros-
IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu seguimento, do que se lavrará termo nos autos.
deverá comparecer;
V - o prazo, que será contado do dia da publica-
ção do edital na imprensa, se houver, ou da sua
afixação.
Parágrafo único. O edital será afixado à porta do DOS PROCESSOS EM ESPÉCIE
edifício onde funcionar o juízo e será publicado
pela imprensa, onde houver, devendo a afixação ser DA INSTRUÇÃO CRIMINAL
certificada pelo oficial que a tiver feito e a publica-
ção provada por exemplar do jornal ou certidão do O procedimento será comum ou especial. O pro-
escrivão, da qual conste a página do jornal com a
data da publicação.
cedimento comum é a regra do Código de Processo
Art. 366 Se o acusado, citado por edital, não com- Penal, sendo o procedimento especial residual, por
parecer, nem constituir advogado, ficarão suspen- exemplo o Tribunal do Júri, crimes de responsabili-
sos o processo e o curso do prazo prescricional, dade dos funcionários públicos etc. O Procedimento
podendo o juiz determinar a produção antecipada Especial possui regras específicas dispostas no CPP ou
das provas consideradas urgentes e, se for o caso,
na lei especial. O procedimento comum é usado quan-
decretar prisão preventiva, nos termos do dispos-
to no art. 312. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de do no rito processual não exigir nenhuma especifici-
17.4.1996) dade para o crime sob análise. A seguir veja como é
§ 1° (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). feita a divisão procedimental no processo penal:
§ 2° (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 367 O processo seguirá sem a presença do acu- z Procedimento comum (regra): ordinário (san-
sado que, citado ou intimado pessoalmente para
ção máxima igual ou superior a 4 anos), sumário
qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo
justificado, ou, no caso de mudança de residência, (sanção máxima inferior a 4 anos), sumaríssimo
não comunicar o novo endereço ao juízo. (Redação (infrações penais de menor potencial ofensivo –
100 dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) contravenção é igual ou inferior a 2 anos).
z Procedimento especial. Inclusive, o Supremo Tribunal Federal, no Habeas
Corpus nº 84.580, relatado pelo Ministro Celso de Melo,
julgado em 25/08/2009, atualizou a sua jurisprudência
para deixar assentado em nosso ordenamento jurídi-
Procedimento comum ordinário. Ex.: roubo.
co, no referente à denúncia, os princípios sintetizados
na ementa a seguir:

Procedimento comum sumário. Ex.: crimes de menor “HABEAS CORPUS’” - CRIME CONTRA O SISTEMA
potencial ofensivo, quando a causa for complexa FINANCEIRO NACIONAL  - RESPONSABILIDADE
PENAL DOS CONTROLADORES E ADMINISTRA-
DORES DE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA - LEI Nº
Procedimento comum sumaríssimo. 7.492/86 (ART. 17) - DENÚNCIA QUE NÃO ATRIBUI
Ex.: Contravenção COMPORTAMENTO ESPECÍFICO E INDIVIDUALI-
ZADO AOS DIRETORES DA INSTITUIÇÃO FINAN-
CEIRA - INEXISTÊNCIA, OUTROSSIM, DE DADOS
Dentro do procedimento comum, existe a tríplice PROBATÓRIOS MÍNIMOS QUE VINCULEM OS
divisão: ordinário, sumário e sumaríssimo. Um cri- PACIENTES AO EVENTO DELITUOSO - INÉPCIA
me é enquadrado dentro do procedimento ordinário, DA DENÚNCIA - PEDIDO DEFERIDO. PROCESSO
quando a pena máxima for igual ou superior a 4 anos, PENAL ACUSATÓRIO - OBRIGAÇÃO DE O MINIS-
ou seja, trata-se de procedimento adequado para os TÉRIO PÚBLICO FORMULAR DENÚNCIA JURIDI-
crimes mais graves do ordenamento jurídico. O pro- CAMENTE APTA. - O sistema jurídico vigente no
cedimento sumário é um meio termo dentro do siste- Brasil - tendo presente a natureza dialógica do pro-
ma comum, uma vez que se aplica aos crimes de pena cesso penal acusatório, hoje impregnado, em sua
máxima inferior a 4 anos. Por fim, é previsto o proce- estrutura formal, de caráter essencialmente demo-
dimento sumaríssimo, considerado mais simplificado crático - impõe, ao Ministério Público, notadamen-
pela doutrina e pela jurisprudência. O procedimento te no denominado «reato societario”, a obrigação
sumaríssimo destina-se às infrações penais de menor de expor, na denúncia, de maneira precisa, objetiva
potencial ofensivo – ou seja, contravenções penais e e individualizada, a participação de cada acusa-
crimes com pena igual ou inferior a 2 anos. do na suposta prática delituosa. - O ordenamento
positivo brasileiro - cujos fundamentos repousam,
Dica dentre outros expressivos vetores condicionantes
da atividade de persecução estatal, no postulado
As disposições do procedimento ordinário apli- essencial do  direito penal  da culpa e no princípio
cam-se subsidiariamente aos procedimentos constitucional do «due process of law” (com todos
especial, sumário e sumaríssimo (Art. 394, § 5º). os consectários que dele resultam) - repudia as
imputações criminais genéricas e não tolera, por-
No procedimento ordinário e sumário, o juiz rece- que ineptas, as acusações que não individualizam
be a denúncia ou queixa e cita o acusado para res- nem especificam, de maneira concreta, a conduta
ponder à acusação no prazo de dez dias. Se a citação penal atribuída ao denunciado. Precedentes.
ocorrer por edital, o prazo de dez dias começa a cor-
rer a partir do comparecimento do acusado ou seu A falta de pressuposto processual e condição da
advogado. ação pode ser exemplificada pela falta de possibilida-
Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o de jurídica do pedido (fato atípico), falta de legitimida-
acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomea- de para agir (MP ajuizando queixa-crime ou ofendido
rá defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos ajuizando denúncia), ausência de interesse proces-
autos por dez dias (art. 396). Isso ocorre porque no sual (utilidade, necessidade, adequação da ação) ou
processo penal, à revelia, não existe confissão ficta/ falta de justa causa (indícios suficientes de autoria ou
presumida com a consequente presunção de veraci- materialidade do crime).
dade dos fatos narrados na peça acusatória. Assim, é
indispensável que a resposta à acusação seja apresen-
tada por advogado, sob pena de nulidade absoluta.           APÓS A RESPOSTA À ACUSAÇÃO, O JUIZ ABSOLVE
A denúncia ou queixa será rejeitada quando a peça SUMARIAMENTE NAS SEGUINTES HIPÓTESES:
DIREITO PROCESSUAL PENAL

acusatória for manifestamente inepta, faltar pressu- Manifesta causa excludente da ilicitude – Ex.: o agente
posto processual ou condição para o exercício da ação atuou em legítima defesa;
penal, ou  faltar justa causa para o exercício da ação
Manifesta causa excludente de culpabilidade, salvo
penal (art. 395).
inimputabilidade – Ex.: o agente agiu sob coação moral
irresistível;
REJEIÇÃO DA DENÚNCIA OU QUEIXA
Evidentemente, o fato não é crime – Ex.: crime impossível;
Por inépcia;
A punibilidade do agente já está extinta – Ex.: o crime
Falta de pressuposto processual ou condição da ação; prescreveu.
Falta de justa causa.
Caso recebida a denúncia ou queixa, e não sendo
Por exemplo, a denúncia ou queixa são considera- o caso de absolvição sumária, o juiz designará dia e
das ineptas quando não for devidamente individuali- hora para a audiência, ordenando a intimação do acu-
zada a conduta do acusado, bem como quando o fato sado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o
não for concretamente exposto. caso, do querelante e do assistente. 101
A audiência deve ser realizada em 60 dias, no procedimento ordinário, e em 30 dias, no procedimen-
PRAZO DA AUDIÊNCIA
to sumário.

ORDEM DE PRODUÇÃO DE Utilize do recurso (quadro abaixo): OTTARIO – ofendido, testemunha de acusação e testemunha
PROVA EM AUDIÊNCIA de defesa, antes do assistente técnico o perito, acareações, reconhecimento de pessoas e coi-
sas, interrogatório, outras diligências.
PROVAS QUE PODEM SER
Irrelevantes, impertinentes e protelatórias.
INDEFERIDAS PELO JUIZ
EVENTUAL
ESCLARECIMENTO DO Mediante requerimento da parte.
PERITO NA AUDIÊNCIA
8 testemunhas – não contam testemunhas que não prestam o compromisso de dizer a
verdade e testemunhas referidas.
Nº DE TESTEMUNHAS
Obs.: no procedimento sumário, o nº de testemunhas cai para 5 (cinco).
Obs.: a parte pode desistir da sua testemunha, salvo o juiz insistir em ouvi-la.
Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público, o querelante e o assistente e,
FINAL DA AUDIÊNCIA a seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias
ou fatos apurados na instrução.           
20 minutos para acusação e 20 minutos para a defesa (para cada acusado), prorrogável por
mais 10 minutos. Sentença a seguir.
Obs.: o assistente de acusação recebe 10 minutos, e nesse caso a defesa também receberá 10
ALEGAÇÕES FINAIS minutos.       
Substituição de alegações finais por memoriais, em caso complexo ou elevado, nº de acusados
(prazo de cinco dias sucessivos).
Prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença.

O procedimento sumaríssimo obedece ao que está estabelecido no Juizado Especial Criminal (JECRIM), assim,
a denúncia pode ser oral (reduzida a termo). O rol de testemunhas não pode ultrapassar 3 (três), busca-se a conci-
liação e a transação penal, caso o juiz rejeite a denúncia, cabe apelação e a sentença dispensa o relatório.

O fendido;
T estemunha de acusação;
T estemunha de defesa;
A ntes do assistente técnico o perito + acareação;
R econhecimento de pessoas e coisas;
I nterrogatório;
O utras diligências.

Feito estes apontamentos, vamos ao que dispõe o Código de Processo Penal:

Art. 394 O procedimento será comum ou especial. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1° O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo: (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos
de pena privativa de liberdade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena
privativa de liberdade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei. (Incluído pela Lei nº 11.719,
de 2008).
§ 2° Aplica-se a todos os processos o procedimento comum, salvo disposições em contrário deste Código ou de lei
especial. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 3° Nos processos de competência do Tribunal do Júri, o procedimento observará as disposições estabelecidas nos
arts. 406 a 497 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 4° As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os procedimentos penais de primeiro grau,
ainda que não regulados neste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 5° Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e sumaríssimo as disposições do procedi-
mento ordinário. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 394-A Os processos que apurem a prática de crime hediondo terão prioridade de tramitação em todas as ins-
tâncias. (Incluído pela Lei nº 13.285, de 2016).
Art. 395 A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
I - for manifestamente inepta; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou (Incluído pela Lei nº 11.719,
de 2008).
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Parágrafo único. (Revogado). (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 396 Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminar-
mente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez)
dias. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do comparecimento
102 pessoal do acusado ou do defensor constituído. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 396-A Na resposta, o acusado poderá argüir Art. 403 Não havendo requerimento de diligências,
preliminares e alegar tudo o que interesse à sua ou sendo indeferido, serão oferecidas alegações
defesa, oferecer documentos e justificações, especi- finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamen-
ficar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, te, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por
qualificando-as e requerendo sua intimação, quan- mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença.
do necessário. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
(Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1° A exceção será processada em apartado, nos
§ 1° Havendo mais de um acusado, o tempo previs-
termos dos arts. 95 a 112 deste Código. (Incluído
pela Lei nº 11.719, de 2008). to para a defesa de cada um será individual. (Incluí-
§ 2° Não apresentada a resposta no prazo legal, ou do pela Lei nº 11.719, de 2008).
se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz § 2° Ao assistente do Ministério Público, após a
nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe manifestação desse, serão concedidos 10 (dez)
vista dos autos por 10 (dez) dias. (Incluído pela Lei minutos, prorrogando-se por igual período o tem-
nº 11.719, de 2008). po de manifestação da defesa. (Incluído pela Lei nº
Art. 397 Após o cumprimento do disposto no art. 11.719, de 2008).
396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá § 3° O juiz poderá, considerada a complexidade do
absolver sumariamente o acusado quando verifi- caso ou o número de acusados, conceder às partes
car: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a
I - a existência manifesta de causa excludente da
apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o pra-
ilicitude do fato; (Incluído pela Lei nº 11.719, de
zo de 10 (dez) dias para proferir a sentença. (Incluí-
2008).
II - a existência manifesta de causa excludente da do pela Lei nº 11.719, de 2008).
culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; Art. 404 Ordenado diligência considerada impres-
(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). cindível, de ofício ou a requerimento da parte, a
III - que o fato narrado evidentemente não constitui audiência será concluída sem as alegações finais.
crime; ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
IV - extinta a punibilidade do agente. (Incluído pela Parágrafo único. Realizada, em seguida, a diligên-
Lei nº 11.719, de 2008). cia determinada, as partes apresentarão, no prazo
Art. 398 (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). sucessivo de 5 (cinco) dias, suas alegações finais,
Art. 399 Recebida a denúncia ou queixa, o juiz por memorial, e, no prazo de 10 (dez) dias, o juiz
designará dia e hora para a audiência, ordenando a
proferirá a sentença. (Incluído pela Lei nº 11.719,
intimação do acusado, de seu defensor, do Ministé-
de 2008).
rio Público e, se for o caso, do querelante e do assis-
tente. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). Art. 405 Do ocorrido em audiência será lavrado
§ 1° O acusado preso será requisitado para com- termo em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas
parecer ao interrogatório, devendo o poder público partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes
providenciar sua apresentação. (Incluído pela Lei nela ocorridos. (Redação dada pela Lei nº 11.719,
nº 11.719, de 2008). de 2008).
§ 2° O juiz que presidiu a instrução deverá proferir § 1° Sempre que possível, o registro dos depoimen-
a sentença. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). tos do investigado, indiciado, ofendido e testemu-
Art. 400 Na audiência de instrução e julgamento, nhas será feito pelos meios ou recursos de gravação
a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) magnética, estenotipia, digital ou técnica similar,
dias, proceder-se-á à tomada de declarações do inclusive audiovisual, destinada a obter maior
ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas
fidelidade das informações . (Incluído pela Lei nº
pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalva-
do o disposto no art. 222 deste Código, bem como 11.719, de 2008).
aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao § 2º No caso de registro por meio audiovisual, será
reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando- encaminhado às partes cópia do registro original,
-se, em seguida, o acusado. (Redação dada pela Lei sem necessidade de transcrição. (Incluído pela Lei
nº 11.719, de 2008). nº 11.719, de 2008).
§ 1° As provas serão produzidas numa só audiên-
cia, podendo o juiz indeferir as consideradas irre- DO PROCEDIMENTO RELATIVO AOS PROCESSOS
levantes, impertinentes ou protelatórias. (Incluído DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI
pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2° Os esclarecimentos dos peritos dependerão de
prévio requerimento das partes. (Incluído pela Lei Seção I – Da acusação e da instrução preliminar
nº 11.719, de 2008).
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 401 Na instrução poderão ser inquiridas até Nos crimes dolosos contra a vida, utiliza-se o pro-
8 (oito) testemunhas arroladas pela acusação e 8 cedimento especial do Código de Processo Penal rela-
(oito) pela defesa. (Redação dada pela Lei nº 11.719, tivo ao Tribunal do Júri.
de 2008). No procedimento especial do Tribunal do Júri, o
§ 1° Nesse número não se compreendem as que não
juiz recebe a denúncia ou queixa e cita o acusado para
prestem compromisso e as referidas. (Incluído pela
Lei nº 11.719, de 2008). responder à acusação em 10 (dez) dias.
§ 2° A parte poderá desistir da inquirição de qual- O prazo de 10 (dez) dias para responder à acusação
quer das testemunhas arroladas, ressalvado o dis- se inicia a partir do cumprimento do mandado ou do
posto no art. 209 deste Código. (Incluído pela Lei nº comparecimento em juízo.
11.719, de 2008). Na primeira fase do tribunal do júri, a acusação
Art. 402 Produzidas as provas, ao final da audiên- pode arrolar até 8 (oito) testemunhas na denúncia ou
cia, o Ministério Público, o querelante e o assistente
e, a seguir, o acusado poderão requerer diligências
queixa. O mesmo vale para o acusado na resposta à
cuja necessidade se origine de circunstâncias ou acusação.
fatos apurados na instrução. (Redação dada pela Vale lembrar que diante da ausência de advogado,
Lei nº 11.719, de 2008). o próprio juiz nomeia um defensor para o réu. 103
Após apresentada a defesa, o juiz ouve a acusação § 6° Ao assistente do Ministério Público, após a
em 5 (cinco) dias. Então, o juiz tem 10 (dez) dias para manifestação deste, serão concedidos 10 (dez)
ouvir as testemunhas e cumprir as diligências que minutos, prorrogando-se por igual período o tem-
foram requeridas pelas partes. po de manifestação da defesa. (Incluído pela Lei nº
11.689, de 2008)
Na audiência, o prazo de alegações orais é de 20
§ 7° Nenhum ato será adiado, salvo quando impres-
minutos para a acusação e 20 minutos para a defesa. O
cindível à prova faltante, determinando o juiz a
assistente de acusação recebe mais 10 minutos, e con- condução coercitiva de quem deva comparecer.
sequentemente a defesa também. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 8 A testemunha que comparecer será inquirida,
Art. 406 O juiz, ao receber a denúncia ou a quei- independentemente da suspensão da audiência,
xa, ordenará a citação do acusado para responder observada em qualquer caso a ordem estabelecida
a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.689,
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) de 2008)
§ 1° O prazo previsto no caput deste artigo será § 9° Encerrados os debates, o juiz proferirá a sua
contado a partir do efetivo cumprimento do man- decisão, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que
dado ou do comparecimento, em juízo, do acusa- os autos para isso lhe sejam conclusos. (Incluído
do ou de defensor constituído, no caso de citação pela Lei nº 11.689, de 2008)
inválida ou por edital. (Redação dada pela Lei nº Art. 412 O procedimento será concluído no prazo
11.689, de 2008) máximo de 90 (noventa) dias.
§ 2° A acusação deverá arrolar testemunhas, até o
máximo de 8 (oito), na denúncia ou na queixa. Seção II – Da pronúncia, da impronúncia e da
§ 3° Na resposta, o acusado poderá argüir preli- absolvição sumária
minares e alegar tudo que interesse a sua defesa,
oferecer documentos e justificações, especificar as Após os debates, o juiz dá imediatamente a sua deci-
provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o são ou em 10 (dez) dias. Todo o procedimento da pri-
máximo de 8 (oito), qualificando-as e requerendo meira fase do tribunal do júri deve acabar no total de
sua intimação, quando necessário. (Incluído pela 90 (noventa) dias. Ao final da primeira fase, o juiz pode:
Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 407 As exceções serão processadas em apar- � Pronunciar o réu;
tado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código. � Impronunciar o réu;
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) � Absolvição sumária;
Art. 408 Não apresentada a resposta no prazo � Desclassificar o crime.
legal, o juiz nomeará defensor para oferecê-la em
até 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos. O juiz pronuncia o acusado caso esteja convencido
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) da materialidade do crime e indícios da autoria. Se é
Art. 409 Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o um crime afiançável, o juiz arbitrará o valor da fiança
Ministério Público ou o querelante sobre prelimina- para que o indivíduo fique em liberdade provisória.
res e documentos, em 5 (cinco) dias. (Redação dada Aliás, o juiz precisa decidir motivadamente se é caso
pela Lei nº 11.689, de 2008)
manter/revogar/substituir a prisão anteriormente
Art. 410 O juiz determinará a inquirição das teste-
decretada, ou se é caso de iniciar uma prisão/medida
munhas e a realização das diligências requeridas
diversa.
pelas partes, no prazo máximo de 10 (dez) dias.
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 413 O juiz, fundamentadamente, pronunciará
Art. 411 Na audiência de instrução, proceder-se-á
o acusado, se convencido da materialidade do fato
à tomada de declarações do ofendido, se possível,
e da existência de indícios suficientes de autoria ou
à inquirição das testemunhas arroladas pela acu- de participação.
sação e pela defesa, nesta ordem, bem como aos § 1º A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à
esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao indicação da materialidade do fato e da existência
reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando- de indícios suficientes de autoria ou de participação,
-se, em seguida, o acusado e procedendo-se o deba- devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que
te. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) julgar incurso o acusado e especificar as circunstân-
§ 1° Os esclarecimentos dos peritos dependerão cias qualificadoras e as causas de aumento de pena.
de prévio requerimento e de deferimento pelo juiz. § 2º Se o crime for afiançável, o juiz arbitrará o
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) valor da fiança para a concessão ou manutenção
§ 2° As provas serão produzidas em uma só audiên- da liberdade provisória.
cia, podendo o juiz indeferir as consideradas irre- § 3º O juiz decidirá, motivadamente, no caso de
levantes, impertinentes ou protelatórias. (Incluído manutenção, revogação ou substituição da prisão
pela Lei nº 11.689, de 2008) ou medida restritiva de liberdade anteriormente
§ 3° Encerrada a instrução probatória, observar-se- decretada e, tratando-se de acusado solto, sobre a
-á, se for o caso, o disposto no art. 384 deste Código. necessidade da decretação da prisão ou imposição
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) de quaisquer das medidas previstas no Título IX do
§ 4° As alegações serão orais, concedendo-se a pala- Livro I deste Código.
vra, respectivamente, à acusação e à defesa, pelo
prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por mais Ocorre a impronúncia, se o juiz não se convenceu
10 (dez). (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) da materialidade do fato nem dos indícios de autoria.
§ 5° Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo pre- A decisão da impronúncia não é definitiva, podendo
visto para a acusação e a defesa de cada um deles ser formulada nova denúncia ou queixa assim que
será individual. (Incluído pela Lei nº 11.689, de aparecer nova prova (desde que ainda não extinta a
104 2008) punibilidade).
Neste sentido, veja o que dispõe o CPP: Sobre a decisão de pronúncia ainda é importante
saber:
Art. 414 Não se convencendo da materialidade do
fato ou da existência de indícios suficientes de auto- Art. 420 A intimação da decisão de pronúncia será
ria ou de participação, o juiz, fundamentadamente, feita:
impronunciará o acusado. I – pessoalmente ao acusado, ao defensor nomeado
Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção e ao Ministério Público;
da punibilidade, poderá ser formulada nova denún- II – ao defensor constituído, ao querelante e ao
cia ou queixa se houver prova nova. assistente do Ministério Público, na forma do dis-
Art. 415 O juiz, fundamentadamente, absolverá des- posto no § 1o do art. 370 deste Código.
de logo o acusado, quando: Parágrafo único. Será intimado por edital o acusa-
do solto que não for encontrado.
I – provada a inexistência do fato;
Art. 421 Preclusa a decisão de pronúncia, os autos
II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato;
serão encaminhados ao juiz presidente do Tribunal
III – o fato não constituir infração penal;
do Júri.
IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de
§ 1° Ainda que preclusa a decisão de pronúncia,
exclusão do crime. havendo circunstância superveniente que altere a
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso classificação do crime, o juiz ordenará a remessa
IV do caput deste artigo ao caso de inimputabilida- dos autos ao Ministério Público.
de prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei no § 2° Em seguida, os autos serão conclusos ao juiz
2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, sal- para decisão.
vo quando esta for a única tese defensiva.
Art. 416 Contra a sentença de impronúncia ou de Seção III – Da preparação do processo para
absolvição sumária caberá apelação. julgamento em plenário
Art. 417 Se houver indícios de autoria ou de partici-
pação de outras pessoas não incluídas na acusação, O procedimento especial do Tribunal do Júri é
o juiz, ao pronunciar ou impronunciar o acusado, repartido em duas fases, na primeira fase só há o juiz.
determinará o retorno dos autos ao Ministério Já na segunda fase, o juiz togado estará acompanhado
Público, por 15 (quinze) dias, aplicável, no que cou- do conselho de sentença, quem de fato julga o fato.
ber, o art. 80 deste Código. No momento em que o presidente do tribunal
do júri recebe os autos, ele determina a intimação
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA NO FIM DA 1ª FASE DO da acusação e da defesa para que em 5 (cinco) dias
TRIBUNAL DO JÚRI apresentem o rol de até 5 (cinco) testemunhas, apre-
sentem documentos, requeiram diligências. Depois, o
Se ficar provado que o fato não existiu.
juiz presidente ordena as diligências, sana nulidades,
Se ficar provado que ele não é autor/partícipe. esclarece fatos, faz relatório do processo e o incluem
Se o fato não for uma infração penal. em pauta.
Causa de isenção de pena ou exclusão do crime. Obs. Neste sentido, veja o que dispõe o Código de Pro-
A inimputabilidade só é usada caso seja vista como a cesso Penal:
única tese de defesa.
Art. 422 Ao receber os autos, o presidente do Tri-
bunal do Júri determinará a intimação do órgão
O CPP prevê a possibilidade de desclassificação na
do Ministério Público ou do querelante, no caso
primeira fase do Júri:
de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 (cin-
co) dias, apresentarem rol de testemunhas que
Art. 418 O juiz poderá dar ao fato definição jurídica
irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco),
diversa da constante da acusação, embora o acusa- oportunidade em que poderão juntar documentos e
do fique sujeito a pena mais grave. requerer diligência.
Art. 419 Quando o juiz se convencer, em discordân- Art. 423 Deliberando sobre os requerimentos de
cia com a acusação, da existência de crime diver- provas a serem produzidas ou exibidas no plenário
so dos referidos no § 1o do art. 74 deste Código e do júri, e adotadas as providências devidas, o juiz
DIREITO PROCESSUAL PENAL

não for competente para o julgamento, remeterá os presidente:


autos ao juiz que o seja. I – ordenará as diligências necessárias para sanar
Parágrafo único. Remetidos os autos do processo qualquer nulidade ou esclarecer fato que interesse
a outro juiz, à disposição deste ficará o acusado ao julgamento da causa;
preso. II – fará relatório sucinto do processo, determinan-
do sua inclusão em pauta da reunião do Tribunal
Se com a desclassificação o juiz perder a compe- do Júri.
tência, remeterá os autos ao juiz que seja competen- Art. 424 Quando a lei local de organização judi-
ciária não atribuir ao presidente do Tribunal do
te. Ex. o juiz percebe que não se trata de tentativa de
Júri o preparo para julgamento, o juiz competente
homicídio, mas sim de lesão corporal consumada.      
remeter-lhe-á os autos do processo preparado até
5 (cinco) dias antes do sorteio a que se refere o art.
z Contra impronúncia e absolvição sumária cabe 433 deste Código.
apelação. Parágrafo único. Deverão ser remetidos, também,
z Contra pronúncia e desclassificação cabe Recurso os processos preparados até o encerramento da
em Sentido Estrito. reunião, para a realização de julgamento. 105
JURISPRUDÊNCIA SOBRE O TRIBUNAL DO JÚRI Art. 426 A lista geral dos jurados, com indicação
das respectivas profissões, será publicada pela
Princípios do Tribunal do Júri: Plenitude de defesa, si- imprensa até o dia 10 de outubro de cada ano e
gilo das votações, soberania dos vereditos, competên- divulgada em editais afixados à porta do Tribunal
cia para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida do Júri.
(competência mínima) – art. 5º, XXXVIII da CF. § 1° A lista poderá ser alterada, de ofício ou median-
Júri x prerrogativa de função na CF = prevalece prerro- te reclamação de qualquer do povo ao juiz presiden-
gativa de função na CF te até o dia 10 de novembro, data de sua publicação
Júri x prerrogativa de função na CE = prevalece o Júri definitiva.
Nulidades absolutas: falta de quesito obrigatório; se os § 2° Juntamente com a lista, serão transcritos os
quesitos da defesa não vierem antes das agravantes; arts. 436 a 446 deste Código.
decisão de desaforamento sem audiência da defesa. § 3° Os nomes e endereços dos alistados, em cartões
Eventual julgamento é nulo se antes o mesmo jurado iguais, após serem verificados na presença do Minis-
participou de julgamento anterior do mesmo processo. tério Público, de advogado indicado pela Seção local
Latrocínio é julgado por juiz singular (crime contra o da Ordem dos Advogados do Brasil e de defensor
patrimônio). indicado pelas Defensorias Públicas competentes,
O efeito devolutivo da apelação contra decisões do Júri permanecerão guardados em urna fechada a chave,
é adstrito aos fundamentos da interposição, porque é sob a responsabilidade do juiz presidente.
um recurso de fundamentação vinculada. § 4° O jurado que tiver integrado o Conselho de
Sentença nos 12 (doze) meses que antecederem à
Seção IV – Do alistamento dos jurados publicação da lista geral fica dela excluído. (Incluí-
do pela Lei nº 11.689, de 2008)
Os jurados são alistados anualmente pelo presiden- § 5° Anualmente, a lista geral de jurados será, obri-
te do Tribunal do Júri, de acordo com a quantidade de gatoriamente, completada.
habitantes da comarca. Se for necessário na comarca,
pode ser aumentado o nº de jurados, organizada lista Seção V – Do desaforamento
de suplentes, depositadas cédulas em urna especial.
O juiz presidente pode requisitar a diversos núcleos O desaforamento consiste em transferir o julga-
comunitários a indicação de pessoas que reúnam as mento para outra localidade, de maneira justificada.
condições para exercerem a função de jurado.
A lista dos jurados será publicada até 10 de outu- � Interesse da ordem pública;
bro na imprensa e editais serão afixados na porta do � Dúvida sobre a imparcialida-
tribunal do júri. A lista poderá ser alterada, de ofí- de do Júri;
cio ou mediante reclamação de qualquer do povo ao � Em razão da segurança pes-
juiz presidente até o dia 10 de novembro, data de sua soal do acusado;
publicação definitiva (art. 426). � Comprovado excesso de ser-
Os nomes e endereços dos alistados são verifica- RAZÕES PARA O viço, se o julgamento não pu-
dos na presença do MP, advogado indicado pela OAB, DESAFORAMENTO der ser realizado no prazo de 6
defensor indicado pela Defensoria. Depois serão guar- (seis) meses, contado do trân-
dados em urna fechada à chave, sob a responsabilida- sito em julgado da decisão de
de do juiz presidente. O jurado que tiver integrado o pronúncia. Obs. não se compu-
Conselho de Sentença nos 12 (doze) meses que ante- tará o tempo de adiamentos,
cederem à publicação da lista geral fica dela excluído. diligências ou incidentes de
Anualmente, a lista geral de jurados será, obrigatoria- interesse da defesa.
mente, completada (art. 426). QUEM PODE MP, assistente de acusação,
Ainda sobre o alistamento dos jurados, vejamos o REQUERER O querelante, acusado, juiz.
que dispõe o CPP: DESAFORAMENTO
Desaforamento do julgamento
Art. 425 Anualmente, serão alistados pelo pre- para outra comarca da mesma
sidente do Tribunal do Júri de 800 (oitocentos) a região, onde não existam os
1.500 (um mil e quinhentos) jurados nas comarcas motivos elencados. Obs. prefe-
de mais de 1.000.000 (um milhão) de habitantes, de re-se a comarca mais próxima.
300 (trezentos) a 700 (setecentos) nas comarcas de O pedido de desaforamento
mais de 100.000 (cem mil) habitantes e de 80 (oiten- é distribuído imediatamente,
ta) a 400 (quatrocentos) nas comarcas de menor com preferência de julgamento
população. na Câmara ou Turma compe-
§ 1° Nas comarcas onde for necessário, poderá ser tente. O relator pode entender
aumentado o número de jurados e, ainda, organi- O QUE ACONTECE
pela suspensão do julgamento
zada lista de suplentes, depositadas as cédulas em
do júri. O juiz presidente é ouvi-
urna especial, com as cautelas mencionadas na
do se a medida não foi por ele
parte final do § 3o do art. 426 deste Código.
solicitada.
§ 2° O juiz presidente requisitará às autoridades
Não é admitido o pedido de
locais, associações de classe e de bairro, entidades
desaforamento em caso de
associativas e culturais, instituições de ensino em
recurso pendente sobre pro-
geral, universidades, sindicatos, repartições públi-
núncia ou já aconteceu o jul-
cas e outros núcleos comunitários a indicação de
gamento (exceção: julgamento
pessoas que reúnam as condições para exercer a
anulado).
106 função de jurado.
Art. 427 Se o interesse da ordem pública o recla- Seção VII – Do sorteio e da convocação dos jurados
mar ou houver dúvida sobre a imparcialidade do
júri ou a segurança pessoal do acusado, o Tribunal, O artigo 432 do CPP traz as providências posterio-
a requerimento do Ministério Público, do assisten- res à organização das pautas. Vejamos:
te, do querelante ou do acusado ou mediante repre-
sentação do juiz competente, poderá determinar o Art. 432 Em seguida à organização da pauta, o juiz
desaforamento do julgamento para outra comarca presidente determinará a intimação do Ministério
da mesma região, onde não existam aqueles moti- Público, da Ordem dos Advogados do Brasil e da
vos, preferindo-se as mais próximas. Defensoria Pública para acompanharem, em dia e
§ 1° O pedido de desaforamento será distribuído hora designados, o sorteio dos jurados que atuarão
imediatamente e terá preferência de julgamento na na reunião periódica.
Câmara ou Turma competente.
§ 2° Sendo relevantes os motivos alegados, o relator De acordo com o CPP, o sorteio dos 25 (vinte e cin-
poderá determinar, fundamentadamente, a suspen- co) jurados é feito da seguinte forma:
são do julgamento pelo júri.
§ 3° Será ouvido o juiz presidente, quando a medida Art. 433 O sorteio, presidido pelo juiz, far-se-á a
não tiver sido por ele solicitada. portas abertas, cabendo-lhe retirar as cédulas até
§ 4° Na pendência de recurso contra a decisão de completar o número de 25 (vinte e cinco) jurados,
pronúncia ou quando efetivado o julgamento, não para a reunião periódica ou extraordinária.
se admitirá o pedido de desaforamento, salvo, nesta § 1° O sorteio será realizado entre o 15° (décimo
última hipótese, quanto a fato ocorrido durante ou quinto) e o 10° (décimo) dia útil antecedente à ins-
talação da reunião.
após a realização de julgamento anulado.
§ 2° A audiência de sorteio não será adiada pelo
Art. 428 O desaforamento também poderá ser deter-
não comparecimento das partes.
minado, em razão do comprovado excesso de servi-
§ 3° O jurado não sorteado poderá ter o seu nome
ço, ouvidos o juiz presidente e a parte contrária, se
novamente incluído para as reuniões futuras.
o julgamento não puder ser realizado no prazo de 6 Art. 435 Serão afixados na porta do edifício do Tri-
(seis) meses, contado do trânsito em julgado da deci- bunal do Júri a relação dos jurados convocados, os
são de pronúncia. nomes do acusado e dos procuradores das partes,
§ 1° Para a contagem do prazo referido neste arti- além do dia, hora e local das sessões de instrução
go, não se computará o tempo de adiamentos, dili- e julgamento. 
gências ou incidentes de interesse da defesa.
§ 2° Não havendo excesso de serviço ou existência Os jurados sorteados serão convocados (por meio
de processos aguardando julgamento em quanti- hábil) para comparecerem no dia e hora designados
dade que ultrapasse a possibilidade de apreciação para a reunião, conforme dispõe o art. 434, do CPP:
pelo Tribunal do Júri, nas reuniões periódicas pre-
vistas para o exercício, o acusado poderá requerer Art. 434 Os jurados sorteados serão convocados
ao Tribunal que determine a imediata realização do pelo correio ou por qualquer outro meio hábil para
julgamento. comparecer no dia e hora designados para a reu-
nião, sob as penas da lei.
Seção VI – Da organização da pauta Parágrafo único. No mesmo expediente de convoca-
ção serão transcritos os arts. 436 a 446 deste Código.
De acordo com o CPP, a organização da pauta pri-
vilegia o preso, o preso a mais tempo e os que foram Seção VIII – Da função do jurado
pronunciados a mais tempo:
z Função do Jurado:
Art. 429 Salvo motivo relevante que autorize alte-
ração na ordem dos julgamentos, terão preferência:            „ O serviço do júri é obrigatório a partir dos 18
I - os acusados presos; anos (cidadãos de notória idoneidade). Não
II - dentre os acusados presos, aqueles que estive- pode ter nenhum tipo de discriminação. A
rem há mais tempo na prisão; recusa injustificada é penalizada com multa de
III - em igualdade de condições, os precedentemente 1 a 10 s.m.
pronunciados. „ O exercício efetivo da função de jurado consti-
§ 1° Antes do dia designado para o primeiro julga- tuirá serviço público relevante e estabelecerá
DIREITO PROCESSUAL PENAL

mento da reunião periódica, será afixada na porta presunção de idoneidade moral.


do edifício do Tribunal do Júri a lista dos processos „ Recebe preferência nas licitações públicas e no
a serem julgados, obedecida a ordem prevista no provimento, mediante concurso, de cargo ou
caput deste artigo. função pública, bem como nos casos de promo-
§ 2° O juiz presidente reservará datas na mesma ção funcional ou remoção voluntária.
reunião periódica para a inclusão de processo que „ Ao jurado que, sem causa legítima, deixar de
tiver o julgamento adiado. comparecer no dia marcado para a sessão ou
Art. 430 O assistente somente será admitido se retirar-se antes de ser dispensado pelo presi-
tiver requerido sua habilitação até 5 (cinco) dias dente será aplicada multa de 1 (um) a 10 (dez)
antes da data da sessão na qual pretenda atuar. salários mínimos, a critério do juiz, de acordo
Art. 431 Estando o processo em ordem, o juiz pre- com a sua condição econômica.          
sidente mandará intimar as partes, o ofendido, se „ A escusa precisa ser fundamentada e só pode
for possível, as testemunhas e os peritos, quando acontecer até o chamamento dos jurados. E a
houver requerimento, para a sessão de instrução e dispensa depende de decisão fundamentada do
julgamento, observando, no que couber, o disposto juiz presidente.            
no art. 420 deste Código. 107
„ O jurado, no exercício da função ou a pretexto Art. 443 Somente será aceita escusa fundada em
de exercê-la, será responsável criminalmen- motivo relevante devidamente comprovado e apre-
te nos mesmos termos em que o são os juízes sentada, ressalvadas as hipóteses de força maior,
togados.    até o momento da chamada dos jurados.
„ Todas essas disposições são aplicadas aos Art. 444 O jurado somente será dispensado por
suplentes convocados. decisão motivada do juiz presidente, consignada na
ata dos trabalhos.
As disposições concernentes às funções dos jura- Art. 445 O jurado, no exercício da função ou a pre-
dos se encontram nos artigos 436 e seguintes: texto de exercê-la, será responsável criminalmente
nos mesmos termos em que o são os juízes togados.
Art. 436 O serviço do júri é obrigatório. O alista- Art. 446 Aos suplentes, quando convocados, serão
mento compreenderá os cidadãos maiores de 18 aplicáveis os dispositivos referentes às dispensas,
(dezoito) anos de notória idoneidade.
faltas e escusas e à equiparação de responsabilida-
§ 1° Nenhum cidadão poderá ser excluído dos tra-
de penal prevista no art. 445 deste Código.
balhos do júri ou deixar de ser alistado em razão
de cor ou etnia, raça, credo, sexo, profissão, classe
social ou econômica, origem ou grau de instrução. Seção IX – Da composição do tribunal do júri e da
§ 2° A recusa injustificada ao serviço do júri acar- formação do conselho de sentença
retará multa no valor de 1 (um) a 10 (dez) salários
mínimos, a critério do juiz, de acordo com a condi- O que jamais pode ser esquecido é sobre a com-
ção econômica do jurado. posição do tribunal do júri, lembrando que o proce-
Art. 437 Estão isentos do serviço do júri: dimento tem dois momentos. No primeiro momento
I – o Presidente da República e os Ministros de
o juiz julga sozinho e no segundo o juiz togado estará
Estado;
II – os Governadores e seus respectivos Secretários; acompanhado dos jurados, quem de fato decide.
III – os membros do Congresso Nacional, das O mesmo Conselho de Sentença (sete jurados) pode
Assembleias Legislativas e das Câmaras Distrital e conhecer de processos diferentes no mesmo dia, se as
Municipais; partes aceitarem. Lembre-se que a cada atuação exis-
IV – os Prefeitos Municipais; te um novo compromisso. Neste sentido, veja o que
V – os Magistrados e membros do Ministério Públi-
dispõe o art. 452, do CPP:
co e da Defensoria Pública;
VI – os servidores do Poder Judiciário, do Ministé-
Art. 452 O mesmo Conselho de Sentença poderá
rio Público e da Defensoria Pública;
VII – as autoridades e os servidores da polícia e da conhecer de mais de um processo, no mesmo dia,
segurança pública; se as partes o aceitarem, hipótese em que seus inte-
VIII – os militares em serviço ativo; grantes deverão prestar novo compromisso.
IX – os cidadãos maiores de 70 (setenta) anos que
requeiram sua dispensa; O Tribunal do Júri é composto pelo juiz togado e
X – aqueles que o requererem, demonstrando justo 25 (vinte e cinco) jurados sorteados, dos quais 7 (sete)
impedimento. formam o Conselho de Sentença, conforme dispõe o
Art. 438 A recusa ao serviço do júri fundada em
art. 447, do CPP:
convicção religiosa, filosófica ou política importará
no dever de prestar serviço alternativo, sob pena
de suspensão dos direitos políticos, enquanto não Art. 447 O Tribunal do Júri é composto por 1 (um)
prestar o serviço imposto. juiz togado, seu presidente e por 25 (vinte e cinco)
§ 1° Entende-se por serviço alternativo o exercício jurados que serão sorteados dentre os alistados, 7
de atividades de caráter administrativo, assisten- (sete) dos quais constituirão o Conselho de Senten-
cial, filantrópico ou mesmo produtivo, no Poder ça em cada sessão de julgamento.
Judiciário, na Defensoria Pública, no Ministério
Público ou em entidade conveniada para esses fins. O artigo 448 trata dos impedimentos dos jurados:
§ 2° O juiz fixará o serviço alternativo atendendo aos
princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.
Art. 448 São impedidos de servir no mesmo Conselho:
Art. 439 O exercício efetivo da função de jurado
I – marido e mulher;
constituirá serviço público relevante e estabelecerá
presunção de idoneidade moral. II – ascendente e descendente;
Art. 440 Constitui também direito do jurado, na III – sogro e genro ou nora;
condição do art. 439 deste Código, preferência, em IV – irmãos e cunhados, durante o cunhadio;
igualdade de condições, nas licitações públicas e V – tio e sobrinho;
no provimento, mediante concurso, de cargo ou VI – padrasto, madrasta ou enteado.
função pública, bem como nos casos de promoção § 1° O mesmo impedimento ocorrerá em relação às
funcional ou remoção voluntária. pessoas que mantenham união estável reconhecida
Art. 441 Nenhum desconto será feito nos vencimen- como entidade familiar.
tos ou salário do jurado sorteado que comparecer § 2° Aplicar-se-á aos jurados o disposto sobre os
à sessão do júri. impedimentos, a suspeição e as incompatibilidades
Art. 442 Ao jurado que, sem causa legítima, deixar
dos juízes togados.
de comparecer no dia marcado para a sessão ou
retirar-se antes de ser dispensado pelo presidente
será aplicada multa de 1 (um) a 10 (dez) salários Inclusive, os jurados possuem os mesmos impedi-
mínimos, a critério do juiz, de acordo com a sua mentos, causas de suspeição e incompatibilidades dos
108 condição econômica. juízes togados.
O artigo 449 do CPP traz mais hipóteses de que serão submetidos a julgamento.  Todavia, se não
impedimentos: comparecerem pelo menos 15 (quinze) jurados, é feito
o sorteio de suplentes e é designada nova data para a
Art. 449 Não poderá servir o jurado que: sessão do júri. O juiz presidente sorteará 7 (sete) den-
I – tiver funcionado em julgamento anterior do tre eles para a formação do Conselho de Sentença.           
mesmo processo, independentemente da causa Antes do sorteio do conselho de sentença (sete
determinante do julgamento posterior; jurados), o juiz presidente esclarecerá sobre impedi-
II – no caso do concurso de pessoas, houver inte- mentos, suspeições e incompatibilidades, bem como
grado o Conselho de Sentença que julgou o outro alertará os jurados de que após sorteados não podem
acusado; se comunicar entre si nem com outros, nem mani-
III – tiver manifestado prévia disposição para con-
festar opinião sobre o processo. Consequência pelo
denar ou absolver o acusado.
descumprimento: exclusão do conselho de sentença e
multa de 1 a 10 s.m.
Por sua vez, o artigo 450 e 451 sanam algumas
dúvidas. Vejamos:
Dica
Art. 450 Dos impedidos entre si por parentesco ou Recusa imotivada de cada parte, primeiro da
relação de convivência, servirá o que houver sido defesa e, depois, do MP: até 3 (três).
sorteado em primeiro lugar.
Art. 451 Os jurados excluídos por impedimento,
Para complementar o entendimento, veja o que o
suspeição ou incompatibilidade serão considerados
para a constituição do número legal exigível para a CPP dispõe acerca da reunião e das sessões do tribu-
realização da sessão. nal do júri:

Seção X – Da reunião e das sessões do tribunal do júri Art. 453 O Tribunal do Júri reunir-se-á para as ses-
sões de instrução e julgamento nos períodos e na
forma estabelecida pela lei local de organização
Caso o MP não compareça, o juiz adia o julgamento
judiciária.
para o primeiro dia desimpedido e cientifica as partes Art. 454 Até o momento de abertura dos trabalhos
e testemunhas. Se a falta não tem motivo legítimo, o da sessão, o juiz presidente decidirá os casos de
fato é imediatamente comunicado ao PGJ. isenção e dispensa de jurados e o pedido de adia-
mento de julgamento, mandando consignar em ata
z Se a falta imotivada é do advogado, o fato é comu- as deliberações.
nicado ao presidente da OAB, com a data designa- Art. 455 Se o Ministério Público não comparecer, o
da para a nova sessão. Ademais, o julgamento só juiz presidente adiará o julgamento para o primei-
vai ser adiado uma vez, inclusive, o juiz intimará ro dia desimpedido da mesma reunião, cientifica-
a defensoria para o novo julgamento, pois se o das as partes e as testemunhas.
advogado não comparecer o defensor entra em seu Parágrafo único. Se a ausência não for justificada,
lugar. O julgamento adiado e o novo julgamento o fato será imediatamente comunicado ao Procura-
precisam de pelo menos 10 dias de distância entre dor-Geral de Justiça com a data designada para a
um e outro; nova sessão.
z O julgamento não é adiado pelo não compare- Art. 456 Se a falta, sem escusa legítima, for do
advogado do acusado, e se outro não for por este
cimento do acusado solto, nem de assistente ou
constituído, o fato será imediatamente comunicado
advogado de querelante;
ao presidente da seccional da Ordem dos Advoga-
z Eventuais pedidos de adiamento e justificações dos do Brasil, com a data designada para a nova
devem ser decididos pelo presidente do tribunal sessão.
do júri; § 1° Não havendo escusa legítima, o julgamento
z Se o acusado preso não for conduzido, o julgamen- será adiado somente uma vez, devendo o acusado
to deve ser adiado, salvo se há pedido de dispensa ser julgado quando chamado novamente.
subscrito por ele e seu advogado; § 2° Na hipótese do § 1o deste artigo, o juiz inti-
z Se a testemunha deixa de comparecer imotivada- mará a Defensoria Pública para o novo julgamento,
mente o juiz aplica multa (1 a 10 s.m.); que será adiado para o primeiro dia desimpedido,
z A falta de comparecimento da testemunha não observado o prazo mínimo de 10 (dez) dias.
adia o julgamento. Exceção: a parte requereu a Art. 457 O julgamento não será adiado pelo não
DIREITO PROCESSUAL PENAL

intimação da testemunha por mandado, declaran- comparecimento do acusado solto, do assistente ou


do não dispensá-la. O juiz presidente suspende os do advogado do querelante, que tiver sido regular-
trabalhos e manda conduzi-la ou adia o julgamen- mente intimado.
to e manda conduzi-la; § 1° Os pedidos de adiamento e as justificações de
z O julgamento deve ser realizado se o oficial de jus- não comparecimento deverão ser, salvo comprova-
do motivo de força maior, previamente submetidos
tiça não encontrar a testemunha;
à apreciação do juiz presidente do Tribunal do Júri.
§ 2° Se o acusado preso não for conduzido, o julga-
O julgamento não será adiado se a testemunha mento será adiado para o primeiro dia desimpedi-
deixar de comparecer, salvo se uma das partes tiver do da mesma reunião, salvo se houver pedido de
requerido a sua intimação por mandado, declarando dispensa de comparecimento subscrito por ele e seu
não prescindir do depoimento e indicando a sua loca- defensor.
lização (Art. 461).   Art. 458 Se a testemunha, sem justa causa, deixar
Dos 25 (vinte e cinco) jurados, 15 (quinze) preci- de comparecer, o juiz presidente, sem prejuízo da
sam comparecer. Se assim acontecer, o juiz presidente ação penal pela desobediência, aplicar-lhe-á a mul-
declara instalados os trabalhos e anuncia os processos ta prevista no § 2° do art. 436 deste Código. 109
Art. 459 Aplicar-se-á às testemunhas a serviço do § 2° Determinada a separação dos julgamentos,
Tribunal do Júri o disposto no art. 441 deste Código. será julgado em primeiro lugar o acusado a quem
Art. 460 Antes de constituído o Conselho de Senten- foi atribuída a autoria do fato ou, em caso de co-au-
ça, as testemunhas serão recolhidas a lugar onde toria, aplicar-se-á o critério de preferência disposto
umas não possam ouvir os depoimentos das outras. no art. 429 deste Código.
Art. 461 O julgamento não será adiado se a tes- Art. 470 Desacolhida a argüição de impedimento,
temunha deixar de comparecer, salvo se uma das de suspeição ou de incompatibilidade contra o juiz
partes tiver requerido a sua intimação por manda- presidente do Tribunal do Júri, órgão do Ministé-
do, na oportunidade de que trata o art. 422 deste rio Público, jurado ou qualquer funcionário, o jul-
Código, declarando não prescindir do depoimento e gamento não será suspenso, devendo, entretanto,
indicando a sua localização. constar da ata o seu fundamento e a decisão.
§ 1° Se, intimada, a testemunha não comparecer, o Art. 471 Se, em conseqüência do impedimento, sus-
juiz presidente suspenderá os trabalhos e mandará peição, incompatibilidade, dispensa ou recusa, não
conduzi-la ou adiará o julgamento para o primeiro houver número para a formação do Conselho, o jul-
dia desimpedido, ordenando a sua condução. gamento será adiado para o primeiro dia desimpe-
§ 2° O julgamento será realizado mesmo na hipótese dido, após sorteados os suplentes, com observância
de a testemunha não ser encontrada no local indi- do disposto no art. 464 deste Código.
cado, se assim for certificado por oficial de justiça. Art. 472 Formado o Conselho de Sentença, o presi-
Art. 462 Realizadas as diligências referidas nos dente, levantando-se, e, com ele, todos os presentes,
arts. 454 a 461 deste Código, o juiz presidente veri- fará aos jurados a seguinte exortação:
ficará se a urna contém as cédulas dos 25 (vinte e Em nome da lei, concito-vos a examinar esta cau-
cinco) jurados sorteados, mandando que o escrivão sa com imparcialidade e a proferir a vossa decisão
proceda à chamada deles. de acordo com a vossa consciência e os ditames da
Art. 463 Comparecendo, pelo menos, 15 (quinze) justiça.
jurados, o juiz presidente declarará instalados os Os jurados, nominalmente chamados pelo presi-
trabalhos, anunciando o processo que será subme- dente, responderão:
tido a julgamento. Assim o prometo.
§ 1° oficial de justiça fará o pregão, certificando a
Parágrafo único. O jurado, em seguida, receberá
diligência nos autos.
cópias da pronúncia ou, se for o caso, das decisões
§ 2° Os jurados excluídos por impedimento ou sus-
posteriores que julgaram admissível a acusação e
peição serão computados para a constituição do
do relatório do processo.
número legal.
Art. 464 Não havendo o número referido no art.
463 deste Código, proceder-se-á ao sorteio de tan- Seção XI – Da instrução em plenário e Seção XII –
tos suplentes quantos necessários, e designar-se-á Dos debates
nova data para a sessão do júri.
Art. 465 Os nomes dos suplentes serão consignados De acordo com a jurisprudência dos Tribunais
em ata, remetendo-se o expediente de convocação, Superiores, não se permitirá o uso de algemas no
com observância do disposto nos arts. 434 e 435 acusado durante o período em que permanecer no
deste Código. plenário do júri, salvo se absolutamente necessário à
Art. 466 Antes do sorteio dos membros do Conse- ordem dos trabalhos, à segurança das testemunhas ou
lho de Sentença, o juiz presidente esclarecerá sobre à garantia da integridade física dos presentes.
os impedimentos, a suspeição e as incompatibilida- A regras atinentes à instrução em plenário estão
des constantes dos arts. 448 e 449 deste Código.
positivadas nos artigos 473 a 475 do Código de Proces-
§ 1° O juiz presidente também advertirá os jurados
so Penal, vejamos:
de que, uma vez sorteados, não poderão comuni-
car-se entre si e com outrem, nem manifestar sua
opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do Art. 473 Prestado o compromisso pelos jurados,
Conselho e multa, na forma do § 2o do art. 436 des- será iniciada a instrução plenária quando o juiz
te Código. presidente, o Ministério Público, o assistente, o que-
§ 2° A incomunicabilidade será certificada nos relante e o defensor do acusado tomarão, sucessiva
autos pelo oficial de justiça. e diretamente, as declarações do ofendido, se pos-
Art. 467 Verificando que se encontram na urna as sível, e inquirirão as testemunhas arroladas pela
cédulas relativas aos jurados presentes, o juiz pre- acusação.
sidente sorteará 7 (sete) dentre eles para a forma- § 1° Para a inquirição das testemunhas arroladas
ção do Conselho de Sentença. pela defesa, o defensor do acusado formulará as
Art. 468 À medida que as cédulas forem sendo reti- perguntas antes do Ministério Público e do assis-
radas da urna, o juiz presidente as lerá, e a defesa tente, mantidos no mais a ordem e os critérios esta-
e, depois dela, o Ministério Público poderão recusar belecidos neste artigo.
os jurados sorteados, até 3 (três) cada parte, sem § 2° Os jurados poderão formular perguntas ao
motivar a recusa. ofendido e às testemunhas, por intermédio do juiz
Parágrafo único. O jurado recusado imotivadamen- presidente.
te por qualquer das partes será excluído daquela § 3° As partes e os jurados poderão requerer aca-
sessão de instrução e julgamento, prosseguindo-se reações, reconhecimento de pessoas e coisas e
o sorteio para a composição do Conselho de Senten- esclarecimento dos peritos, bem como a leitura de
ça com os jurados remanescentes. peças que se refiram, exclusivamente, às provas
Art. 469 Se forem 2 (dois) ou mais os acusados, as colhidas por carta precatória e às provas cautela-
recusas poderão ser feitas por um só defensor. res, antecipadas ou não repetíveis.
§ 1° A separação dos julgamentos somente ocorrerá Art. 474 A seguir será o acusado interrogado, se
se, em razão das recusas, não for obtido o número estiver presente, na forma estabelecida no Capítulo
mínimo de 7 (sete) jurados para compor o Conselho III do Título VII do Livro I deste Código, com as alte-
110 de Sentença. rações introduzidas nesta Seção.
§ 1° O Ministério Público, o assistente, o querelante Art. 478 Durante os debates as partes não poderão,
e o defensor, nessa ordem, poderão formular, dire- sob pena de nulidade, fazer referências:
tamente, perguntas ao acusado. I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores
§ 2° Os jurados formularão perguntas por intermé- que julgaram admissível a acusação ou à determi-
dio do juiz presidente. nação do uso de algemas como argumento de auto-
§ 3° Não se permitirá o uso de algemas no acusado ridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado;
durante o período em que permanecer no plenário II – ao silêncio do acusado ou à ausência de interro-
do júri, salvo se absolutamente necessário à ordem gatório por falta de requerimento, em seu prejuízo.
dos trabalhos, à segurança das testemunhas ou à
garantia da integridade física dos presentes. O CPP estabelece uma regra probatória própria
Art. 475 O registro dos depoimentos e do interro-
para a juntada de documentos no tribunal do júri:
gatório será feito pelos meios ou recursos de gra-
vação magnética, eletrônica, estenotipia ou técnica
Art. 479 Durante o julgamento não será permitida
similar, destinada a obter maior fidelidade e celeri-
dade na colheita da prova. a leitura de documento ou a exibição de objeto que
Parágrafo único. A transcrição do registro, após não tiver sido juntado aos autos com a antecedên-
feita a degravação, constará dos autos. cia mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência
à outra parte.
z Depois de encerrada a instrução, começam os deba- Parágrafo único. Compreende-se na proibição deste
tes. Primeiro, o MP faz a acusação (nos limites da artigo a leitura de jornais ou qualquer outro escri-
pronúncia e das decisões posteriores que julgaram to, bem como a exibição de vídeos, gravações, foto-
admissíveis a acusação + agravantes); grafias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro
z Depois que o MP falar, é a vez do assistente de acu- meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a
sação. Obs.: se é uma ação penal privada, o quere- matéria de fato submetida à apreciação e julga-
lante fala antes do MP; mento dos jurados.  
z Finda a acusação, vem a defesa; Art. 480 A acusação, a defesa e os jurados pode-
z Caso a acusação ofereça réplica, a defesa pode rão, a qualquer momento e por intermédio do juiz
fazer a tréplica. Inclusive, pode ser exigida a rein- presidente, pedir ao orador que indique a folha dos
quirição de testemunha já ouvida em Plenário; autos onde se encontra a peça por ele lida ou cita-
z Tempo para a acusação e defesa nos debates orais: da, facultando-se, ainda, aos jurados solicitar-lhe,
1 hora e meia (cada); pelo mesmo meio, o esclarecimento de fato por ele
z Tempo de réplica e tréplica: 1 hora (cada); alegado.
z Se tiver mais de um acusado acrescenta 1 hora no § 1º Concluídos os debates, o presidente indaga-
tempo de debates da acusação, da defesa, réplica rá dos jurados se estão habilitados a julgar ou se
e tréplica; necessitam de outros esclarecimentos.
z O que causa nulidade durante os debates? Fazer § 2º Se houver dúvida sobre questão de fato, o pre-
referência à decisão de pronúncia ou decisões sidente prestará esclarecimentos à vista dos autos.
posteriores que julgaram admissível a acusação, a § 3º Os jurados, nesta fase do procedimento, terão
determinação do uso de algemas (tanto para bene- acesso aos autos e aos instrumentos do crime se
ficiar quanto para prejudicar), o silêncio do acusa- solicitarem ao juiz presidente.
do ou a falta de interrogatório (para prejudicar); Art. 481 Se a verificação de qualquer fato, reconhe-
cida como essencial para o julgamento da causa,
Art. 476 Encerrada a instrução, será concedida a não puder ser realizada imediatamente, o juiz pre-
palavra ao Ministério Público, que fará a acusação, sidente dissolverá o Conselho, ordenando a realiza-
nos limites da pronúncia ou das decisões posterio- ção das diligências entendidas necessárias.
res que julgaram admissível a acusação, susten- Parágrafo único. Se a diligência consistir na produ-
tando, se for o caso, a existência de circunstância ção de prova pericial, o juiz presidente, desde logo,
agravante. nomeará perito e formulará quesitos, facultando
§ 1º O assistente falará depois do Ministério Públi- às partes também formulá-los e indicar assistentes
co. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) técnicos, no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 2º Tratando-se de ação penal de iniciativa pri-
vada, falará em primeiro lugar o querelante e, em
Seção XIII – Do questionário e sua votação
seguida, o Ministério Público, salvo se este houver
retomado a titularidade da ação, na forma do art.
Art. 482 O Conselho de Sentença será questiona-
29 deste Código.
do sobre matéria de fato e se o acusado deve ser
DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 3º Finda a acusação, terá a palavra a defesa.


(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) absolvido.
§ 4º A acusação poderá replicar e a defesa trepli- Parágrafo único. Os quesitos serão redigidos em
car, sendo admitida a reinquirição de testemunha proposições afirmativas, simples e distintas, de
já ouvida em plenário. modo que cada um deles possa ser respondido com
Art. 477 O tempo destinado à acusação e à defesa suficiente clareza e necessária precisão. Na sua ela-
será de uma hora e meia para cada, e de uma hora boração, o presidente levará em conta os termos da
para a réplica e outro tanto para a tréplica. pronúncia ou das decisões posteriores que julga-
§ 1º Havendo mais de um acusador ou mais de um ram admissível a acusação, do interrogatório e das
defensor, combinarão entre si a distribuição do alegações das partes.
tempo, que, na falta de acordo, será dividido pelo Art. 483 Os quesitos serão formulados na seguinte
juiz presidente, de forma a não exceder o determi- ordem, indagando sobre:
nado neste artigo. I – a materialidade do fato;
§ 2º Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo para II – a autoria ou participação;
a acusação e a defesa será acrescido de 1 (uma) III – se o acusado deve ser absolvido;
hora e elevado ao dobro o da réplica e da tréplica, IV – se existe causa de diminuição de pena alegada
observado o disposto no § 1º deste artigo. pela defesa; 111
V – se existe circunstância qualificadora ou causa Art. 490 Se a resposta a qualquer dos quesitos esti-
de aumento de pena reconhecidas na pronúncia ou ver em contradição com outra ou outras já dadas, o
em decisões posteriores que julgaram admissível a presidente, explicando aos jurados em que consiste
acusação. a contradição, submeterá novamente à votação os
§ 1º A resposta negativa, de mais de 3 (três) jura- quesitos a que se referirem tais respostas.
dos, a qualquer dos quesitos referidos nos incisos I Parágrafo único. Se, pela resposta dada a um dos
e II do caput deste artigo encerra a votação e impli- quesitos, o presidente verificar que ficam prejudi-
ca a absolvição do acusado. cados os seguintes, assim o declarará, dando por
finda a votação.
§ 2º Respondidos afirmativamente por mais de 3
Art. 491 Encerrada a votação, será o termo a que
(três) jurados os quesitos relativos aos incisos I e II
se refere o art. 488 deste Código assinado pelo pre-
do caput deste artigo será formulado quesito com a sidente, pelos jurados e pelas partes.
seguinte redação:
O jurado absolve o acusado?
§ 3º Decidindo os jurados pela condenação, o julga- QUESTIONÁRIO E VOTAÇÃO
mento prossegue, devendo ser formulados quesitos O Conselho de Sentença é questionado sobre os fatos e
sobre:
se o acusado deve ser absolvido. Os quesitos são feitos
I – causa de diminuição de pena alegada pela defesa;
de forma afirmativa. O juiz leva em consideração para a
II – circunstância qualificadora ou causa de
formulação dos quesitos o que foi decidido na pronúncia
aumento de pena, reconhecidas na pronúncia ou
e nas decisões posteriores que julgaram admissíveis a
em decisões posteriores que julgaram admissível a
acusação.
acusação + o interrogatório + as alegações das partes.
§ 4º Sustentada a desclassificação da infração para Ordem dos Quesitos: 1º Materialidade, 2º Autoria, 3º
outra de competência do juiz singular, será formu- Se deve ser absolvido, 4º Se há causa de diminuição de
lado quesito a respeito, para ser respondido após pena, 5º Se há qualificadora ou causa de aumento.
o 2º (segundo) ou 3o (terceiro) quesito, conforme o Atenção: Se mais de três jurados afirmarem negativa-
caso. mente para os 1º e 2º quesitos, acaba a votação e o réu
§ 5º Sustentada a tese de ocorrência do crime na é absolvido.
sua forma tentada ou havendo divergência sobre
a tipificação do delito, sendo este da competência Seção XIV – Da sentença
do Tribunal do Júri, o juiz formulará quesito acerca
destas questões, para ser respondido após o segun-
do quesito. SENTENÇA DE CONDENAÇÃO
§ 6º Havendo mais de um crime ou mais de um O juiz fixa a pena base, com circunstâncias agravantes/
acusado, os quesitos serão formulados em séries atenuantes alegadas nos debates, aumentos/diminui-
distintas.
ções admitidas pelo júri, e estabelecerá os efeitos gené-
Art. 484 A seguir, o presidente lerá os quesitos e
ricos e específicos da condenação.
indagará das partes se têm requerimento ou recla-
O juiz pode mandar o acusado recolher-se à prisão pre-
mação a fazer, devendo qualquer deles, bem como a
ventiva, ou, se a pena é igual ou superior a 15 anos de-
decisão, constar da ata.
Parágrafo único. Ainda em plenário, o juiz presi-
terminará a execução provisória.
dente explicará aos jurados o significado de cada O presidente poderá, excepcionalmente, deixar de auto-
quesito. rizar a execução provisória das penas, se houver ques-
Art. 485 Não havendo dúvida a ser esclarecida, o tão substancial cuja resolução pelo tribunal ao qual
juiz presidente, os jurados, o Ministério Público, o competir o julgamento possa plausivelmente levar à
assistente, o querelante, o defensor do acusado, o revisão da condenação.      
escrivão e o oficial de justiça dirigir-se-ão à sala
especial a fim de ser procedida a votação. SENTENÇA DE ABSOLVIÇÃO
§ 1º Na falta de sala especial, o juiz presidente Mandará colocar em liberdade o acusado (salvo se por
determinará que o público se retire, permanecen- outro motivo dever ficar preso) + revogar medidas restri-
do somente as pessoas mencionadas no caput deste tivas.Obs.: se for o caso aplicará medida de segurança.
artigo.
§ 2º O juiz presidente advertirá as partes de que Art. 492 Em seguida, o presidente proferirá senten-
não será permitida qualquer intervenção que possa ça que:
perturbar a livre manifestação do Conselho e fará I – no caso de condenação:
retirar da sala quem se portar inconvenientemente. a) fixará a pena-base;
Art. 486 Antes de proceder-se à votação de cada b) considerará as circunstâncias agravantes ou ate-
quesito, o juiz presidente mandará distribuir aos nuantes alegadas nos debates;
jurados pequenas cédulas, feitas de papel opaco c) imporá os aumentos ou diminuições da pena, em
e facilmente dobráveis, contendo 7 (sete) delas a atenção às causas admitidas pelo júri;
palavra sim, 7 (sete) a palavra não. d) observará as demais disposições do art. 387 des-
Art. 487 Para assegurar o sigilo do voto, o oficial te Código;
de justiça recolherá em urnas separadas as cédulas e) mandará o acusado recolher-se ou recomen-
correspondentes aos votos e as não utilizadas. dá-lo-á à prisão em que se encontra, se pre-
Art. 488 Após a resposta, verificados os votos e as sentes os requisitos da prisão preventiva, ou,
cédulas não utilizadas, o presidente determinará no caso de condenação a uma pena igual ou
que o escrivão registre no termo a votação de cada superior a 15 (quinze) anos de reclusão, deter-
quesito, bem como o resultado do julgamento. minará a execução provisória das penas, com
Parágrafo único. Do termo também constará a con- expedição do mandado de prisão, se for o caso,
ferência das cédulas não utilizadas. sem prejuízo do conhecimento de recursos que
Art. 489 As decisões do Tribunal do Júri serão vierem a ser interpostos; (Redação dada pela
112 tomadas por maioria de votos. Lei nº 13.964, de 2019)
f) estabelecerá os efeitos genéricos e específicos da O art. 495, do CPP, traz informações acerca da ata.
condenação; Já o art. 496 das consequências da ausência da ata:
II – no caso de absolvição:
a) mandará colocar em liberdade o acusado se por Art. 495 A ata descreverá fielmente todas as ocor-
outro motivo não estiver preso; rências, mencionando obrigatoriamente:
b) revogará as medidas restritivas provisoriamente I – a data e a hora da instalação dos trabalhos;
decretadas; II – o magistrado que presidiu a sessão e os jurados
c) imporá, se for o caso, a medida de segurança presentes;
cabível. III – os jurados que deixaram de comparecer, com
§ 1° Se houver desclassificação da infração para escusa ou sem ela, e as sanções aplicadas;
outra, de competência do juiz singular, ao presiden- IV – o ofício ou requerimento de isenção ou dispensa;
V – o sorteio dos jurados suplentes;
te do Tribunal do Júri caberá proferir sentença em
VI – o adiamento da sessão, se houver ocorrido,
seguida, aplicando-se, quando o delito resultante
com a indicação do motivo;
da nova tipificação for considerado pela lei como
VII – a abertura da sessão e a presença do Ministé-
infração penal de menor potencial ofensivo, o dis-
rio Público, do querelante e do assistente, se hou-
posto nos arts. 69 e seguintes da Lei no 9.099, de 26 ver, e a do defensor do acusado;
de setembro de 1995. VIII – o pregão e a sanção imposta, no caso de não
§ 2° Em caso de desclassificação, o crime conexo comparecimento;
que não seja doloso contra a vida será julgado pelo IX – as testemunhas dispensadas de depor;
juiz presidente do Tribunal do Júri, aplicando-se, no X – o recolhimento das testemunhas a lugar de
que couber, o disposto no § 1° deste artigo. onde umas não pudessem ouvir o depoimento das
§ 3º O presidente poderá, excepcionalmente, outras;
deixar de autorizar a execução provisória das XI – a verificação das cédulas pelo juiz presidente;
penas de que trata a alínea e do inciso I do XII – a formação do Conselho de Sentença, com o
caput deste artigo, se houver questão substan- registro dos nomes dos jurados sorteados e recusas;
cial cuja resolução pelo tribunal ao qual com- XIII – o compromisso e o interrogatório, com sim-
petir o julgamento possa plausivelmente levar ples referência ao termo;
à revisão da condenação. (Incluído pela Lei nº XIV – os debates e as alegações das partes com os
13.964, de 2019) respectivos fundamentos;
§ 4º A apelação interposta contra decisão con- XV – os incidentes;
XVI – o julgamento da causa;
denatória do Tribunal do Júri a uma pena
XVII – a publicidade dos atos da instrução plenária,
igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclu-
das diligências e da sentença.
são não terá efeito suspensivo. (Incluído pela
Art. 496 A falta da ata sujeitará o responsável a
Lei nº 13.964, de 2019)
sanções administrativa e penal.
§ 5º Excepcionalmente, poderá o tribunal atri-
buir efeito suspensivo à apelação de que trata
Seção XVI – Das atribuições do presidente do
o § 4º deste artigo, quando verificado cumula-
tribunal do júri
tivamente que o recurso: (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
O art. 497 do CPP, de forma exemplificativa, des-
I - não tem propósito meramente protelatório;
creve as atribuições do presidente do tribunal do júri.
e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Ex. dirige os debates, intervém em caso de excessos,
II - levanta questão substancial e que pode resultar
detém o poder de polícia, inclusive podendo exigir
em absolvição, anulação da sentença, novo julga-
auxílio policial.
mento ou redução da pena para patamar inferior a
15 (quinze) anos de reclusão.
Art. 497 São atribuições do juiz presidente do Tri-
§ 6º O pedido de concessão de efeito suspensivo bunal do Júri, além de outras expressamente referi-
poderá ser feito incidentemente na apelação das neste Código:           
ou por meio de petição em separado dirigida I – regular a polícia das sessões e prender os
diretamente ao relator, instruída com cópias desobedientes;           
da sentença condenatória, das razões da ape- II – requisitar o auxílio da força pública, que ficará
lação e de prova da tempestividade, das con- sob sua exclusiva autoridade;           
DIREITO PROCESSUAL PENAL

trarrazões e das demais peças necessárias à III – dirigir os debates, intervindo em caso de abu-
compreensão da controvérsia. (Incluído pela so, excesso de linguagem ou mediante requerimen-
Lei nº 13.964, de 2019) to de uma das partes;           
Art. 493 A sentença será lida em plenário pelo pre- IV – resolver as questões incidentes que não depen-
sidente antes de encerrada a sessão de instrução e dam de pronunciamento do júri;           
julgamento. V – nomear defensor ao acusado, quando conside-
rá-lo indefeso, podendo, neste caso, dissolver o Con-
selho e designar novo dia para o julgamento, com a
Seção XV – Da ata dos trabalhos
nomeação ou a constituição de novo defensor;           
VI – mandar retirar da sala o acusado que dificultar
A função da ata é conter todas as ocorrências, a realização do julgamento, o qual prosseguirá sem
como, por exemplo, data e hora da instalação dos tra- a sua presença;           
balhos, jurados que deixaram de comparecer etc. VII – suspender a sessão pelo tempo indispensável
à realização das diligências requeridas ou entendi-
Art. 494 De cada sessão de julgamento o escrivão das necessárias, mantida a incomunicabilidade dos
lavrará ata, assinada pelo presidente e pelas partes. jurados;  113
VIII – interromper a sessão por tempo razoável, Art. 532 Na instrução, poderão ser inquiridas até
para proferir sentença e para repouso ou refeição 5 (cinco) testemunhas arroladas pela acusação e 5
dos jurados; (cinco) pela defesa.
IX – decidir, de ofício, ouvidos o Ministério Público Art. 533 Aplica-se ao procedimento sumário o dis-
e a defesa, ou a requerimento de qualquer destes, a posto nos parágrafos do art. 400 deste Código.
arguição de extinção de punibilidade; Art. 534 As alegações finais serão orais, conceden-
X – resolver as questões de direito suscitadas no do-se a palavra, respectivamente, à acusação e à
curso do julgamento;  defesa, pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogá-
XI – determinar, de ofício ou a requerimento das veis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir,
partes ou de qualquer jurado, as diligências desti- sentença.
nadas a sanar nulidade ou a suprir falta que preju- § 1° Havendo mais de um acusado, o tempo previs-
dique o esclarecimento da verdade;  to para a defesa de cada um será individual.
XII – regulamentar, durante os debates, a interven- § 2° Ao assistente do Ministério Público, após a
ção de uma das partes, quando a outra estiver com manifestação deste, serão concedidos 10 (dez)
a palavra, podendo conceder até 3 (três) minutos minutos, prorrogando-se por igual período o tempo
para cada aparte requerido, que serão acrescidos de manifestação da defesa.
Art. 535 Nenhum ato será adiado, salvo quan-
ao tempo desta última.
do imprescindível a prova faltante, determinan-
do o juiz a condução coercitiva de quem deva
comparecer.
Art. 536 A testemunha que comparecer será inquiri-
DOS PROCESSOS ESPECIAIS da, independentemente da suspensão da audiência,
observada em qualquer caso a ordem estabelecida
no art. 531 deste Código.
DO PROCESSO SUMÁRIO
Art. 538 Nas infrações penais de menor potencial
ofensivo, quando o juizado especial criminal enca-
Em primeiro lugar é necessário lembrar da divisão minhar ao juízo comum as peças existentes para
feita pelo CPP: a adoção de outro procedimento, observar-se-á o
procedimento sumário previsto neste Capítulo.
Art. 394 O procedimento será comum ou especial.§
1º O procedimento comum será ordinário, sumário DO PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS
ou sumaríssimo: EXTRAVIADOS OU DESTRUÍDOS
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja
sanção máxima cominada for igual ou superior a 4
Este procedimento tem se tornado cada vez menos
(quatro) anos de pena privativa de liberdade;
utilizado, uma vez que os autos, atualmente, em sua
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja
maioria, são eletrônicos.
sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro)
anos de pena privativa de liberdade;
No entanto, vale conhecer a literalidade do CPP:
III - sumaríssimo, para as infrações penais de
menor potencial ofensivo, na forma da lei.  Art. 541 Os autos originais de processo penal
extraviados ou destruídos, em primeira ou segunda
instância, serão restaurados.
Após esse refresco de memória, vale apontar as
principais características do rito sumário:
O procedimento é voltado a recolher o máximo de
informações contidas nos autos originais:
z Prazo para a realização da AIDJ = 30 dias;
z Nº de testemunhas = até 5 (cinco); Art. 541 [...]
z Alegações finais em 20 minutos, prorrogáveis por § 1º Se existir e for exibida cópia autêntica ou cer-
mais 10 minutos (para cada acusado). O assistente tidão do processo, será uma ou outra considerada
de acusação tem 10 minutos e a defesa receberá o como original.
mesmo tempo para se defender; § 2º Na falta de cópia autêntica ou certidão do pro-
z Prazo de contestação = 10 dias; cesso, o juiz mandará, de ofício, ou a requerimento
z Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, de qualquer das partes, que:
quando o juizado especial criminal encaminhar ao a) o escrivão certifique o estado do processo, segun-
juízo comum as peças existentes para a adoção de do a sua lembrança, e reproduza o que houver a
outro procedimento, em razão da complexidade respeito em seus protocolos e registros;
da causa, será utilizado o procedimento sumário.    b) sejam requisitadas cópias do que constar a res-
peito no Instituto Médico-Legal, no Instituto de
Identificação e Estatística ou em estabelecimentos
As disposições atinentes ao procedimento sumário congêneres, repartições públicas, penitenciárias ou
estão elencadas nos artigos 531 a 538, do CPP. Vejamos: cadeias;
c) as partes sejam citadas pessoalmente, ou, se não
Art. 531 Na audiência de instrução e julgamento, a forem encontradas, por edital, com o prazo de dez
ser realizada no prazo máximo de 30 (trinta) dias, dias, para o processo de restauração dos autos.
proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, § 3º Proceder-se-á à restauração na primeira ins-
se possível, à inquirição das testemunhas arroladas tância, ainda que os autos se tenham extraviado na
pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalva- segunda.
do o disposto no art. 222 deste Código, bem como Art. 542 No dia designado, as partes serão ouvi-
aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao das, mencionando-se em termo circunstanciado os
reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando- pontos em que estiverem acordes e a exibição e a
-se, em seguida, o acusado e procedendo-se, final- conferência das certidões e mais reproduções do
114 mente, ao debate. processo apresentadas e conferidas.
Art. 543 O juiz determinará as diligências necessá- II - da que absolver desde logo o réu com fundamen-
rias para a restauração, observando-se o seguinte: to na existência de circunstância que exclua o cri-
I - caso ainda não tenha sido proferida a sentença, me ou isente o réu de pena, nos termos do art. 411.
reinquirir-se-ão as testemunhas podendo ser subs-
tituídas as que tiverem falecido ou se encontrarem Na Teoria Geral dos Recursos, é importante saber
em lugar não sabido; sobre a produção dos efeitos:
II - os exames periciais, quando possível, serão
repetidos, e de preferência pelos mesmos peritos; z Efeito Obstativo: a interposição do recurso tem o
III - a prova documental será reproduzida por meio condão de impedir a geração da preclusão tempo-
de cópia autêntica ou, quando impossível, por meio ral, com o consequente trânsito em julgado;
de testemunhas; z Efeito Devolutivo: transferência do conhecimen-
IV - poderão também ser inquiridas sobre os atos to da matéria impugnada ao órgão jurisdicional,
do processo, que deverá ser restaurado, as autori- objetivando a reforma, a invalidação, a integração
dades, os serventuários, os peritos e mais pessoas ou o esclarecimento da decisão impugnada;
que tenham nele funcionado; z Efeito Suspensivo: impossibilidade de a decisão
V - o Ministério Público e as partes poderão ofere- impugnada produzir seus efeitos regulares enquan-
cer testemunhas e produzir documentos, para pro- to não houver a apreciação do recurso interposto;
var o teor do processo extraviado ou destruído. z Efeito Regressivo/ Iterativo/ Diferido: devolução
Art. 544 Realizadas as diligências que, salvo motivo da matéria impugnada, para fins de reexame, ao
de força maior, deverão concluir-se dentro de vinte mesmo órgão jurisdicional que prolatou a decisão
dias, serão os autos conclusos para julgamento. recorrida, isto é, ao próprio juízo a qu;
Parágrafo único. No curso do processo, e depois de z Efeito Extensivo: possibilidade de se estender o resul-
subirem os autos conclusos para sentença, o juiz tado favorável do recurso interposto por um dos acu-
poderá, dentro em cinco dias, requisitar de autori- sados aos outros que não tenham recorrido;
dades ou de repartições todos os esclarecimentos z Efeito Substitutivo: o julgamento do recurso subs-
para a restauração.
titui a decisão recorrida, salvo se o recurso não for
recebido;
Art. 545 Os selos e as taxas judiciárias, já pagos nos
z Efeito Translativo: devolve à instância superior o
autos originais, não serão novamente cobrados.
conhecimento integral da causa, ou seja, todo o
Art. 546 Os causadores de extravio de autos res-
processo sobe para a segunda instância.
ponderão pelas custas, em dobro, sem prejuízo da
responsabilidade criminal.
De acordo com o princípio da vedação da reforma-
Art. 547 Julgada a restauração, os autos respecti-
tio in pejus, havendo recurso exclusivo da defesa, o
vos valerão pelos originais.
Tribunal não pode piorar a situação do acusado.
Parágrafo único. Se no curso da restauração apare-
Em prestígio à boa-fé, o CPP dispõe que:
cerem os autos originais, nestes continuará o pro-
cesso, apensos a eles os autos da restauração.
Art. 575 Não serão prejudicados os recursos que,
Art. 548 Até à decisão que julgue restaurados os
por erro, falta ou omissão dos funcionários, não
autos, a sentença condenatória em execução conti-
tiverem seguimento ou não forem apresentados
nuará a produzir efeito, desde que conste da respec-
dentro do prazo.
tiva guia arquivada na cadeia ou na penitenciária,
onde o réu estiver cumprindo a pena, ou de registro
Em decorrência da obrigatoriedade inerente à pro-
que torne a sua existência inequívoca.
positura da ação penal pelo Ministério Público, este
não poderá desistir do recurso interposto (art. 576).
Após julgada a restauração, os autos desta passam
a valer como se originais o fossem. Ademais, os causa-
Art. 576 O Ministério Público não poderá desistir
dores de extravio de autos responderão pelas custas, de recurso que haja interposto.
em dobro, sem prejuízo da responsabilidade criminal.
Todavia, o MP pode pedir a absolvição ao juiz, em
alegações finais, uma vez que é o fiscal da lei.
Sobre a legitimidade recursal:
DOS RECURSOS EM GERAL
Art. 577 O recurso poderá ser interposto pelo
DISPOSIÇÕES GERAIS Ministério Público, ou pelo querelante, ou pelo réu,
DIREITO PROCESSUAL PENAL

seu procurador ou seu defensor.


Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto,
Prezando pelo devido processo legal, pelo contra-
recurso da parte que não tiver interesse na reforma
ditório e ampla defesa, existe o duplo grau de jurisdi- ou modificação da decisão.
ção. Em outras palavras, a parte que se vê insatisfeita
com a decisão judicial tem o direito de recorrer, para Para prestigiar a boa-fé, o CPP assegura a fungibili-
reformar, invalidar, integrar ou esclarecer o pronun- dade dos recursos, desde que seja respeitado o menor
ciamento judicial. prazo e haja dúvida objetiva:
Contudo, o art. 574, do CPP, traz algumas exceções,
isto é, alguns casos em que não é necessário a parte Art. 579 Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será
insatisfeita recorrer da decisão. Vejamos: prejudicada pela interposição de um recurso por
outro.
Art. 574 Os recursos serão voluntários, excetuan- Parágrafo único. Se o juiz, desde logo, reconhecer
do-se os seguintes casos, em que deverão ser inter- a impropriedade do recurso interposto pela par-
postos, de ofício, pelo juiz: te, mandará processá-lo de acordo com o rito do
I - da sentença que conceder habeas corpus; recurso cabível. 115
Por oportuno, o artigo 578, do CPP, elenca as hipó- IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da pres-
teses de como o recurso poderá ser interposto: crição ou de outra causa extintiva da punibilidade;
O RESE se aplica tanto para a decisão que decreta a
Art. 578 O recurso será interposto por petição ou extinção da punibilidade, como a rejeita. Ex.: o juiz
por termo nos autos, assinado pelo recorrente ou entende que o crime não prescreveu.
por seu representante. X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;
§ 1° Não sabendo ou não podendo o réu assinar
o nome, o termo será assinado por alguém, a seu
A eventual concessão de HC também enseja o
rogo, na presença de duas testemunhas.
reexame necessário, ainda que a acusação não inter-
§ 2º A petição de interposição de recurso, com o
despacho do juiz, será, até o dia seguinte ao último ponha o RESE. Enquanto não é feito o reexame neces-
do prazo, entregue ao escrivão, que certificará no sário pela instância superior, não se opera o trânsito
termo da juntada a data da entrega. em julgado.
§ 3° Interposto por termo o recurso, o escrivão, sob
pena de suspensão por dez a trinta dias, fará con- XI  -  que conceder, negar ou revogar a suspensão
clusos os autos ao juiz, até o dia seguinte ao último condicional da pena;
do prazo.
Se a suspensão condicional da pena acontecer na
Por fim, o art. 580, do CPP, traz uma informação
sentença, o recurso adequado não será o RESE, mas
importante acerca do efeito extensivo:
sim a apelação. Se a decisão for proferida durante a
Art. 580 No caso de concurso de agentes (Código
execução, o recurso adequado é o agravo em execução.
Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto por
um dos réus, se fundado em motivos que não sejam XII  -  que conceder, negar ou revogar livramento
de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos condicional;
outros.
Dispositivo tacitamente revogado, sendo cabível,
DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO neste caso, o agravo em execução.

Mais conhecido como RESE, visa impugnar deci- XIII - que anular o processo da instrução criminal,
sões interlocutórias. O rol do art. 581 do CPP deve ser no todo ou em parte;
lido com calma, pois alguns dispositivos são impugna-
dos via embargos em execução. A interposição do RESE somente será possível se
essa anulação não ocorrer na sentença, uma vez que
Art. 581 Caberá recurso, no sentido estrito, da deci- é residual.
são, despacho ou sentença:
I - que não receber a denúncia ou a queixa;
XIV  -  que incluir jurado na lista geral ou desta o
Consiste na rejeição da peça acusatória, por falta
de justa causa, falta de condições da ação, pelo fato excluir;
narrado não constituir crime ou quando já estiver
extinta a punibilidade. Na verdade, a lista poderá ser alterada, de ofício
II - que concluir pela incompetência do juízo; ou mediante reclamação de qualquer um do povo ao
Provocado acerca de sua incompetência, o recurso juiz presidente até o dia 10 de novembro, data de sua
cabível contra a decisão que concluir pela incompe- publicação definitiva. Assim, a doutrina passa a ter
tência do juízo é o RESE, bem como quando o juiz de
dúvidas sobre a aplicabilidade do RESE neste caso. 
ofício declina sua competência.
III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de
suspeição; XV - que denegar a apelação (recusar o recurso) ou
Ex.: exceção de incompetência, litispendência, ile- a julgar deserta (por falta de pagamento das custas
gitimidade de parte e coisa julgada. A exceção de – preparo);
suspeição não cabe, porque é julgada pelo Tribunal,
o que é incompatível com a sistemática do RESE. Destina-se à impugnação da denegação da apela-
IV – que pronunciar o réu;            ção pelo juízo a quo, por ausência de pressupostos de
Válido para o Tribunal do Júri. admissibilidade recursal, ex.: é intempestiva.
V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar
inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão
XVI - que ordenar a suspensão do processo, em vir-
preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provi-
tude de questão prejudicial;
sória ou relaxar a prisão em flagrante;           
As decisões judiciais relativas à fiança somente
poderão ser impugnadas por meio de RESE. Ex.: é determinada a suspensão do processo, em
No caso de prisão é usado o habeas corpus, em razão de questão prejudicial relacionada ao estado
caso de indeferimento ou revogação da prisão, bem civil das pessoas, com a consequente suspensão da
como de liberdade provisória e relaxamento da pri- prescrição – o recurso cabível é o RESE.
são, o recurso adequado é o RESE.
VI - (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008)
XVII - que decidir sobre a unificação de penas;
VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu
valor;
Novamente, a questão da fiança é tratada por meio Por se tratar de uma decisão do juiz das execuções,
do RESE. o recurso cabível é o agravo em execução.
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro
116 modo, extinta a punibilidade; XVIII - que decidir o incidente de falsidade;
Tanto na hipótese de procedência como no caso de Parágrafo único. O recurso da pronúncia subirá em
improcedência do pedido do incidente de falsidade de traslado, quando, havendo dois ou mais réus, qual-
documento cabe o RESE. quer deles se conformar com a decisão ou todos
não tiverem sido ainda intimados da pronúncia.
XIX - que decretar medida de segurança, depois de Art. 584 Os recursos terão efeito suspensivo nos
transitar a sentença em julgado; casos de perda da fiança, de concessão de livramen-
to condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581.
Faz parte da execução penal, sendo cabível o agra- § 1º Ao recurso interposto de sentença de impro-
vo em execução. núncia ou no caso do no VIII do art. 581, aplicar-se-
-á o disposto nos arts. 596 e 598.
XX  -  que impuser medida de segurança por trans- § 2º O recurso da pronúncia suspenderá tão-somen-
gressão de outra; te o julgamento.
§ 3º O recurso do despacho que julgar quebrada a
fiança suspenderá unicamente o efeito de perda da
Faz parte da execução penal, sendo cabível o agra-
metade do seu valor.
vo em execução.
Art. 585 O réu não poderá recorrer da pronúncia
senão depois de preso, salvo se prestar fiança, nos
XXI - que mantiver ou substituir a medida de segu-
casos em que a lei a admitir.
rança, nos casos do art. 774;
Art. 586 O recurso voluntário poderá ser interpos-
to no prazo de cinco dias.
Faz parte da execução penal, sendo cabível o agra-
Parágrafo único. No caso do art. 581, XIV, o prazo
vo em execução. será de vinte dias, contado da data da publicação
definitiva da lista de jurados.
XXII - que revogar a medida de segurança; Art. 587 Quando o recurso houver de subir por ins-
trumento, a parte indicará, no respectivo termo, ou
Faz parte da execução penal, sendo cabível o agra- em requerimento avulso, as peças dos autos de que
vo em execução. pretenda traslado.
Parágrafo único. O traslado será extraído, conferi-
XXIII - que deixar de revogar a medida de seguran- do e concertado no prazo de cinco dias, e dele cons-
ça, nos casos em que a lei admita a revogação; tarão sempre a decisão recorrida, a certidão de
sua intimação, se por outra forma não for possível
Faz parte da execução penal, sendo cabível o agra- verificar-se a oportunidade do recurso, e o termo
vo em execução. de interposição.
Art. 588 Dentro de dois dias, contados da interposi-
XXIV  -  que converter a multa em detenção ou em ção do recurso, ou do dia em que o escrivão, extraí-
prisão simples. do o traslado, o fizer com vista ao recorrente, este
oferecerá as razões e, em seguida, será aberta vista
Não é mais possível converter multa em prisão. ao recorrido por igual prazo.
Parágrafo único. Se o recorrido for o réu, será inti-
XXV - que recusar homologação à proposta de acor- mado do prazo na pessoa do defensor.
do de não persecução penal, previsto no art. 28-A Art. 589 Com a resposta do recorrido ou sem ela,
desta Lei.        será o recurso concluso ao juiz, que, dentro de dois
dias, reformará ou sustentará o seu despacho,
Essa é uma novidade do Pacote Anticrime. mandando instruir o recurso com os traslados que
O RESE impugna decisões de juiz singular. Ade- Ihe parecerem necessários.
mais, prevalece o entendimento de que o rol deve ser Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho
interpretado extensivamente. O RESE é considerado recorrido, a parte contrária, por simples petição,
um recurso residual, utilizado quando não for hipó- poderá recorrer da nova decisão, se couber recur-
tese dos demais instrumentos recursais, ex.: apelação. so, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. Nes-
te caso, independentemente de novos arrazoados,
O RESE pode ser interposto por petição ou termo
subirá o recurso nos próprios autos ou em traslado.
nos autos, no prazo de 5 dias. Os autos seguintes são
Art. 590 Quando for impossível ao escrivão extrair
conclusos para que o juiz faça o juízo de admissibili-
o traslado no prazo da lei, poderá o juiz prorrogá-lo
dade. Denegado o RESE, cabe carta testemunhável. O
até o dobro.
DIREITO PROCESSUAL PENAL

prazo de razões e contrarrazões é de 48 horas.


Art. 591 Os recursos serão apresentados ao juiz ou
tribunal ad quem, dentro de cinco dias da publica-
Dica ção da resposta do juiz a quo, ou entregues ao Cor-
reio dentro do mesmo prazo.
O RESE possui efeito devolutivo, regressivo e
Art. 592 Publicada a decisão do juiz ou do tribunal
extensivo. ad quem, deverão os autos ser devolvidos, dentro
de cinco dias, ao juiz a quo.
Art. 582 Os recursos serão sempre para o Tribunal
de Apelação, salvo nos casos dos ns. V, X e XIV.
DA APELAÇÃO
Parágrafo único. O recurso, no caso do no XIV, será
para o presidente do Tribunal de Apelação.
Art. 583 Subirão nos próprios autos os recursos: É o recurso interposto contra a sentença de mérito,
I - quando interpostos de oficio; que permite ao Tribunal o reexame integral das ques-
II - nos casos do art. 581, I, III, IV, VI, VIII e X; tões suscitadas no primeiro grau, de fato e de direito.
III - quando o recurso não prejudicar o andamento Ou seja, o efeito devolutivo é amplo, com ressalva às
do processo. questões preclusas. 117
No Tribunal do Júri, o Tribunal não pode mudar a Exs.: A sentença vai contra o texto expresso de lei.
decisão dos jurados, a reforma se restringe ao que foi Dissonância entre o entendimento dos jurados e o
decidido pelo juiz presidente. texto da sentença.

Art. 5º c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação


(...) da pena ou da medida de segurança;                 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a
organização que lhe der a lei, assegurados: Ex.: o juiz erra na estipulação da pena; inadequada
a) a plenitude de defesa; individualização da pena.
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos; d) for a decisão dos jurados manifestamente con-
d) a competência para o julgamento dos crimes trária à prova dos autos.    
dolosos contra a vida;
Os parágrafos do artigo 593, trazem mais algumas
A apelação pode impugnar todo o julgado ou ape- disposições importantes. Vejamos:
nas algumas partes da decisão. Diante da inércia do
Ministério Público, o ofendido pode interpor apelação Art. 593 [...]
subsidiária. § 1º Se a sentença do juiz-presidente for contrária
à lei expressa ou divergir das respostas dos jura-
Art.  598 Nos crimes de competência do Tribunal dos aos quesitos, o tribunal ad quem fará a devida
do Júri, ou do juiz singular, se da sentença não for retificação.
interposta apelação pelo Ministério Público no pra- § 2º Interposta a apelação com fundamento no no
zo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas enume- III, c, deste artigo, o tribunal ad quem, se Ihe der
radas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado provimento, retificará a aplicação da pena ou da
como assistente, poderá interpor apelação, que não medida de segurança.
terá, porém, efeito suspensivo. § 3º Se a apelação se fundar no no III, d, deste arti-
Parágrafo único.  O prazo para interposição desse go, e o tribunal ad quem se convencer de que a
recurso será de quinze dias e correrá do dia em que decisão dos jurados é manifestamente contrária à
terminar o do Ministério Público. prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujei-
tar o réu a novo julgamento; não se admite, porém,
As hipóteses de cabimento de apelação são enume- pelo mesmo motivo, segunda apelação.
radas no CPP: § 4º Quando cabível a apelação, não poderá ser usa-
do o recurso em sentido estrito, ainda que somente
Art. 593 Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: de parte da decisão se recorra.
I  -  das sentenças definitivas de condenação ou
absolvição proferidas por juiz singular; Deve ser feito um novo julgamento, do qual não
A apelação é usada contra a sentença definitiva podem fazer parte os jurados que atuaram no Júri
de condenação ou absolvição, proferida pelo juiz anterior.
singular. Também cabe apelação no caso de absol- A apelação pode ser interposta por petição ou
vição sumária, ex.: reconhecimento de manifesta termo nos autos, no prazo de 5 (cinco) dias. A seguir,
causa de excludente de ilicitude (art. 397).
os autos são conclusos para que o juiz realize o juízo
II  -  das decisões definitivas, ou com força de defi-
de admissibilidade. Caso denegada a apelação, cabe
nitivas, proferidas por juiz singular nos casos não
previstos no Capítulo anterior;
RESE (recurso em sentido estrito).
O prazo de razões e contrarrazões é de 8 (oito)
dias, salvo no JECRIM (juizado especial criminal), pois
A apelação somente será cabível contra decisões
o prazo total é de 10 (dez) dias (interposição + razões).
definitivas, ou com força de definitiva, se tais decisões
De acordo com o art. 601 do CPP, depois do prazo
não forem impugnáveis através de RESE, por previsão
de razões e contrarrazões, com ou sem elas, os autos
legal expressa – Ex.: rejeição da denúncia.
são remetidos ao tribunal no prazo de 5 dias. Todavia,
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:                
o prazo é de 30 dias em caso de traslado. Se nem todos
os réus houverem sido julgados, ou nem todos tive-
rem apelado, o apelante deve extrair o traslado dos
Se a matéria impugnada diz respeito ao mérito da
autos e remeter ao tribunal em 30 dias. As despesas do
decisão proferida pelo júri, só se admite que o Tribu-
traslado correm por conta de quem solicita, salvo para
nal designe novo julgamento. Já as decisões proferi-
pessoa pobre e para o Ministério Público.
das pelo juiz-presidente, podem ser modificadas pelo
Tribunal. Súmula 713 do STF: O efeito devolutivo da
Art. 596 A apelação da sentença absolutória não
apelação contra as decisões do Júri é adstrito aos fun-
impedirá que o réu seja posto imediatamente em
damentos de sua interposição.
liberdade. (Redação dada pela Lei nº 5.941, de
22.11.1973)
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;                Parágrafo único. A apelação não suspenderá a
execução da medida de segurança aplicada pro-
Nulidade antes da pronúncia é impugnada por visoriamente. (Redação dada pela Lei nº 5.941, de
RESE. A parte só pode alegar vício anterior à pronún- 22.11.1973)
cia por meio da apelação, se não houve preclusão da Art. 597 A apelação de sentença condenatória terá
matéria. efeito suspensivo, salvo o disposto no art. 393, a
aplicação provisória de interdições de direitos e de
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei medidas de segurança (arts. 374 e 378), e o caso de
118 expressa ou à decisão dos jurados;                 suspensão condicional de pena.
Art. 598 Nos crimes de competência do Tribunal DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS RECURSOS
do Júri, ou do juiz singular, se da sentença não for EM SENTIDO ESTRITO E DAS APELAÇÕES, NOS
interposta apelação pelo Ministério Público no pra- TRIBUNAIS DE APELAÇÃO
zo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas enume-
radas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado De acordo com o CPP, o Tribunal é competente
como assistente, poderá interpor apelação, que não
para julgar recursos em geral:
terá, porém, efeito suspensivo.
Art. 609 Os recursos, apelações e embargos serão
Parágrafo único. O prazo para interposição desse
julgados pelos Tribunais de Justiça, câmaras ou
recurso será de quinze dias e correrá do dia em que
turmas criminais, de acordo com a competência
terminar o do Ministério Público.
estabelecida nas leis de organização judiciária.
Art. 599 As apelações poderão ser interpostas quer Parágrafo único.  Quando não for unânime a deci-
em relação a todo o julgado, quer em relação a par- são de segunda instância, desfavorável ao réu,
te dele. admitem-se embargos infringentes e de nulidade,
Art. 600 Assinado o termo de apelação, o apelante que poderão ser opostos dentro de 10 (dez) dias,
e, depois dele, o apelado terão o prazo de oito dias a contar da publicação de acórdão, na forma
cada um para oferecer razões, salvo nos processos do art. 613. Se o desacordo for parcial, os embargos
de contravenção, em que o prazo será de três dias. serão restritos à matéria objeto de divergência. 
§ 1º Se houver assistente, este arrazoará, no prazo
de três dias, após o Ministério Público. Os embargos infringentes e de nulidade impugnam
§ 2º Se a ação penal for movida pela parte ofendida, decisões não unânimes da 2ª instância. Ex.: no caso do
o Ministério Público terá vista dos autos, no prazo julgamento de apelação, RESE e agravo em execução.
do parágrafo anterior. O principal requisito deste recurso é que se trata de
§ 3º Quando forem dois ou mais os apelantes ou recurso exclusivo da defesa, logo, a decisão objeto de
apelados, os prazos serão comuns. impugnação precisa ser desfavorável ao acusado.
§ 4º Se o apelante declarar, na petição ou no ter- O prazo para a interposição do recurso é de 10
mo, ao interpor a apelação, que deseja arrazoar dias, contados da publicação do acórdão. Os embar-
na superior instância serão os autos remetidos ao
gos infringentes são cabíveis quando o acórdão pos-
suir divergência de matéria de mérito e os embargos
tribunal ad quem onde será aberta vista às partes,
de nulidade são cabíveis quando o acórdão possuir
observados os prazos legais, notificadas as partes
divergência sobre nulidade processual.
pela publicação oficial. O CPP dita o procedimento recursal, com vistas ao
Art. 601 Findos os prazos para razões, os autos procurador-geral no prazo de 5 dias:
serão remetidos à instância superior, com as
razões ou sem elas, no prazo de 5 (cinco) dias, salvo Art. 610 Nos recursos em sentido estrito, com exce-
no caso do art. 603, segunda parte, em que o prazo ção do de habeas corpus, e nas apelações interpos-
será de trinta dias. tas das sentenças em processo de contravenção ou
§ 1º Se houver mais de um réu, e não houverem de crime a que a lei comine pena de detenção, os
todos sido julgados, ou não tiverem todos apelado, autos irão imediatamente com vista ao procura-
caberá ao apelante promover extração do traslado dor-geral pelo prazo de cinco dias, e, em seguida,
dos autos, o qual deverá ser remetido à instância passarão, por igual prazo, ao relator, que pedirá
superior no prazo de trinta dias, contado da data designação de dia para o julgamento.
da entrega das últimas razões de apelação, ou do Parágrafo único. Anunciado o julgamento pelo pre-
vencimento do prazo para a apresentação das do sidente, e apregoadas as partes, com a presença
apelado. destas ou à sua revelia, o relator fará a exposição
§ 2º As despesas do traslado correrão por conta de do feito e, em seguida, o presidente concederá, pelo
quem o solicitar, salvo se o pedido for de réu pobre prazo de 10 (dez) minutos, a palavra aos advoga-
dos ou às partes que a solicitarem e ao procurador-
ou do Ministério Público.
-geral, quando o requerer, por igual prazo.
Art. 602 Os autos serão, dentro dos prazos do arti-
go anterior, apresentados ao tribunal ad quem ou
entregues ao Correio, sob registro.
Os recursos de HC são julgados na primeira sessão,
em razão da urgência. A pena de reclusão impõe as
seguintes formalidades:
De acordo com o art. 603 do CPP, em regra, a apela-
ção sobe nos autos originais e fica em cartório trasla-
Art. 612 Os recursos de habeas corpus, designado o
DIREITO PROCESSUAL PENAL

do dos termos essenciais do processo. Vejamos: relator, serão julgados na primeira sessão.
Art. 613 As apelações interpostas das sentenças
Art. 603 A apelação subirá nos autos originais e, proferidas em processos por crime a que a lei comi-
a não ser no Distrito Federal e nas comarcas que ne pena de reclusão, deverão ser processadas e jul-
forem sede de Tribunal de Apelação, ficará em car- gadas pela forma estabelecida no Art. 610, com as
tório traslado dos termos essenciais do processo seguintes modificações:
referidos no art. 564, n. III. I - exarado o relatório nos autos, passarão estes ao
revisor, que terá igual prazo para o exame do pro-
DO PROTESTO POR NOVO JÚRI cesso e pedirá designação de dia para o julgamento;
II - os prazos serão ampliados ao dobro;
III - o tempo para os debates será de um quarto de
O protesto por novo júri foi extinto pela Lei
hora.
11.689/04. Consistia em um recurso privativo da defe- Art. 614 No caso de impossibilidade de observân-
sa, com vistas à realização de novo julgamento, a ser cia de qualquer dos prazos marcados nos arts. 610
utilizado uma única vez, quando a condenação no Tri- e 613, os motivos da demora serão declarados nos
bunal do Júri superasse 20 anos de reclusão. autos. 119
Art. 615 O tribunal decidirá por maioria de votos. Art. 620 Os embargos de declaração serão deduzi-
§ 1º Havendo empate de votos no julgamento de dos em requerimento de que constem os pontos em
recursos, se o presidente do tribunal, câmara ou que o acórdão é ambíguo, obscuro, contraditório ou
turma, não tiver tomado parte na votação, proferi- omisso.
rá o voto de desempate; no caso contrário, prevale- § 1° O requerimento será apresentado pelo relator e
cerá a decisão mais favorável ao réu. julgado, independentemente de revisão, na primei-
§ 2º O acórdão será apresentado à conferência ra sessão.
na primeira sessão seguinte à do julgamento, ou § 2° Se não preenchidas as condições enumera-
no prazo de duas sessões, pelo juiz incumbido de das neste artigo, o relator indeferirá desde logo o
lavrá-lo. requerimento.
Art. 616 No julgamento das apelações poderá o
tribunal, câmara ou turma proceder a novo inter- DA REVISÃO
rogatório do acusado, reinquirir testemunhas ou
determinar outras diligências. Em situações excepcionais, a coisa julgada pode ser
Art. 617 O tribunal, câmara ou turma atenderá nas afastada pela revisão criminal. É ajuizada após o trân-
suas decisões ao disposto nos arts. 383, 386 e 387, sito em julgado e visa a desconstituição da coisa julga-
no que for aplicável, não podendo, porém, ser agra-
da (sentença condenatória ou absolutória imprópria).
vada a pena, quando somente o réu houver apelado
A revisão dos processos findos será admitida (art.
da sentença.
621):
Art. 618 Os regimentos dos Tribunais de Apelação
estabelecerão as normas complementares para o
processo e julgamento dos recursos e apelações. z Quando a sentença condenatória for contrária
ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos
O quórum de decisão do tribunal é de maioria autos;
dos votos, havendo empate de votos no julgamento z Quando a sentença condenatória se fundar em
de recursos. Se o presidente do tribunal, câmara ou depoimentos, exames ou documentos comprova-
turma não tiver tomado parte na votação, proferirá o damente falsos;
voto de desempate; caso contrário, prevalecerá a deci- z Quando, após a sentença, se descobrirem novas
são mais favorável ao réu. provas de inocência do condenado ou de circuns-
tância que determine ou autorize diminuição
DOS EMBARGOS especial da pena;
z Nulidades.
Os embargos de declaração são os recursos que
visam esclarecer e integrar a decisão judicial. As CASOS DE REVISÃO CRIMINAL
hipóteses de cabimento são obscuridade, ambigui- Quando a sentença condenatória for contra ao texto de
dade, contradição e omissão. O prazo dos embargos lei ou à evidência dos autos.
de declaração no processo penal é de 2 (dois) dias e
pode ser oferecido contra qualquer decisão judicial Quando a sentença condenatória tiver como fundamen-
to prova falsa.
(sentença, acórdão, decisão interlocutória). Com a
interposição dos embargos de declaração, o prazo dos Se após a sentença descobrirem novas provas de ino-
demais recursos fica interrompido, que só começará a cência ou que diminuam a pena.
fluir após a decisão do embargo. Momento de requerimento da revisão criminal: A qual-
quer tempo, antes ou depois da extinção da pena.
z Ambiguidade: a decisão permite diversas Não é permitida a reiteração do pedido, salvo se funda-
interpretações; do em novas provas.
� Obscuridade: a redação da decisão não é clara;
� Contradição: na decisão existem afirmações que A revisão criminal pode vir a ser requerida pelo
se contradizem; réu pessoalmente, seu advogado, seu representante
z Omissão: a decisão deixa de apreciar algum ponto; legal e pelo CADI – cônjuge, ascendente, descendente,
irmão, em caso de morte do réu. O processo e julga-
Alguns pontos que merecem atenção: mento da revisão criminal ocorre no STF, quando ele
proferir a condenação. Nos demais casos, ocorre no
z Os embargos de declaração podem ser utilizados TRF ou no TJ. O relator designado não pode ter se pro-
com a finalidade de prequestionamento, exigência nunciado no processo.
do RE e REsp; A revisão criminal só é admitida a favor do conde-
z No JECRIM o prazo é de 5 dias. nado e não pode agravar a situação dele.

Para complementar o seu entendimento. Veja o


que dispõe os artigos 619 e 620, do CPP: � O Tribunal pode alterar a
classificação da infração;
Art. 619 Aos acórdãos proferidos pelos Tribunais � O Tribunal pode absolver
de Apelação, câmaras ou turmas, poderão ser opos- REVISÃO CRIMINAL o réu;
tos embargos de declaração, no prazo de dois dias JULGADA PROCEDENTE: � O Tribunal pode modifi-
contados da sua publicação, quando houver na car a pena;
sentença ambiguidade, obscuridade, contradição � O Tribunal pode anular o
120 ou omissão. processo.
Em caso de absolvição, há o restabelecimento de examinados os autos, sucessivamente, em igual
todos os direitos perdidos em virtude da condenação. prazo, pelo relator e revisor, julgar-se-á o pedido na
Se for o caso, o tribunal pode impor a aplicação de sessão que o presidente designar.
medida de segurança. Art. 626 Julgando procedente a revisão, o tribunal
Para complementar o seu entendimento, veja o poderá alterar a classificação da infração, absolver
que dispõe o Código de Processo Penal acerca da revi- o réu, modificar a pena ou anular o processo.
são criminal: Parágrafo único. De qualquer maneira, não poderá
ser agravada a pena imposta pela decisão revista.
Art. 621 A revisão dos processos findos será Art. 627 A absolvição implicará o restabelecimen-
admitida: to de todos os direitos perdidos em virtude da con-
I - quando a sentença condenatória for contrária ao denação, devendo o tribunal, se for caso, impor a
texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos; medida de segurança cabível.
II - quando a sentença condenatória se fundar em Art. 628 Os regimentos internos dos Tribunais de
depoimentos, exames ou documentos comprovada- Apelação estabelecerão as normas complemen-
mente falsos; tares para o processo e julgamento das revisões
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas criminais.
provas de inocência do condenado ou de circuns- Art. 629 À vista da certidão do acórdão que cassar
tância que determine ou autorize diminuição espe- a sentença condenatória, o juiz mandará juntá-la
cial da pena. imediatamente aos autos, para inteiro cumprimen-
Art. 622 A revisão poderá ser requerida em qual- to da decisão.
quer tempo, antes da extinção da pena ou após. Art. 630 O tribunal, se o interessado o requerer,
Parágrafo único. Não será admissível a reiteração poderá reconhecer o direito a uma justa indeniza-
do pedido, salvo se fundado em novas provas. ção pelos prejuízos sofridos.
Art. 623 A revisão poderá ser pedida pelo próprio § 1º Por essa indenização, que será liquidada no juí-
réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no zo cível, responderá a União, se a condenação tiver
caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, des- sido proferida pela justiça do Distrito Federal ou de
cendente ou irmão. Território, ou o Estado, se o tiver sido pela respec-
Art. 624 As revisões criminais serão processadas tiva justiça.
e julgadas: § 2º A indenização não será devida:
I - pelo Supremo Tribunal Federal, quanto às conde- a) se o erro ou a injustiça da condenação proceder
nações por ele proferidas; de ato ou falta imputável ao próprio impetrante,
II - pelo Tribunal Federal de Recursos, Tribunais de como a confissão ou a ocultação de prova em seu
Justiça ou de Alçada, nos demais casos. poder;
§ 1º No Supremo Tribunal Federal e no Tribunal b) se a acusação houver sido meramente privada.
Federal de Recursos o processo e julgamento obe- Art. 631 Quando, no curso da revisão, falecer a pes-
decerão ao que for estabelecido no respectivo regi- soa, cuja condenação tiver de ser revista, o presi-
mento interno. dente do tribunal nomeará curador para a defesa.
§ 2º Nos Tribunais de Justiça ou de Alçada, o jul-
gamento será efetuado pelas câmaras ou turmas
CASOS QUE NÃO CABE INDENIZAÇÃO
criminais, reunidas em sessão conjunta, quando
houver mais de uma, e, no caso contrário, pelo tri- � Se o erro judiciário ou a injustiça da condenação ocor-
bunal pleno. reu por ato ou falta imputável ao próprio requerente. Ex.:
§ 3º Nos tribunais onde houver quatro ou mais confessou, ocultou prova em seu poder.
câmaras ou turmas criminais, poderão ser consti- � Em caso de acusação privada (ação penal privada).
tuídos dois ou mais grupos de câmaras ou turmas
para o julgamento de revisão, obedecido o que for DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO
estabelecido no respectivo regimento interno.
Art. 625 O requerimento será distribuído a um rela-
Tanto o Recurso Extraordinário quanto o Recurso
tor e a um revisor, devendo funcionar como relator
um desembargador que não tenha pronunciado
Especial possuem previsão constitucional e o prazo
decisão em qualquer fase do processo. de interposição de 15 (quinze) dias corridos, tra-
§ 1º O requerimento será instruído com a certidão tando-se de matéria penal/processual penal, que
de haver passado em julgado a sentença condena- ocorre perante o presidente ou vice do tribunal a quo.
tória e com as peças necessárias à comprovação Os dois recursos são interpostos contra decisão de úni-
dos fatos argüidos. ca ou última instância e não podem visar rediscutir
DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 2º O relator poderá determinar que se apensem matéria de fato. Ademais, é exigência constitucional o
os autos originais, se daí não advier dificuldade à prequestionamento, isto é, que a questão já tenha sido
execução normal da sentença. discutida preteritamente.
§ 3º Se o relator julgar insuficientemente instruí- O REsp é de competência do STJ, cabendo nos
do o pedido e inconveniente ao interesse da justiça seguintes casos (art. 105, III, CF):
que se apensem os autos originais, indeferi-lo-á in
limine, dando recurso para as câmaras reunidas ou
z Contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes
para o tribunal, conforme o caso (art. 624, parágra-
vigência: Ex.: o acórdão não obedece a uma lei
fo único).
§ 4º Interposto o recurso por petição e independen-
federal;
temente de termo, o relator apresentará o processo z Julgar válido ato de governo local, contestado em
em mesa para o julgamento e o relatará, sem tomar face de lei federal: Ex.: o ato de governo contraria
parte na discussão. uma lei federal;
§ 5º Se o requerimento não for indeferido in limi- z Dar à lei federal interpretação divergente da que
ne, abrir-se-á vista dos autos ao procurador-geral, lhe foi atribuída em outro tribunal. Ex.: o tribunal
que dará parecer no prazo de dez dias. Em seguida, questionado contraria uma lei federal. 121
O RE é julgado pelo STF, nos seguintes casos (art. substituto do escrivão ou do secretário do tribunal.
102, III, CF): Se o testemunhante não for atendido, poderá recla-
mar ao presidente do tribunal ad quem, que avoca-
z Contrariar dispositivo da CF. Ex.: negar vigência; rá os autos, para o efeito do julgamento do recurso
z Declarar inconstitucionalidade de tratado ou lei e imposição da pena;
federal. Ex.: em controle de constitucionalidade Art. 643 Extraído e autuado o instrumento, obser-
difusa; var-se-á o disposto nos arts. 588 a 592, no caso de
z Julgar válida a lei ou o ato de governo local contes- recurso em sentido estrito, ou o processo estabe-
lecido para o recurso extraordinário, se deste se
tado em face da CF. Ex.: o acórdão declara a vali-
tratar.
dade de lei ou ato de governo local contestado em
Art. 644 O tribunal, câmara ou turma a que compe-
face da CF;
tir o julgamento da carta, se desta tomar conheci-
z Julgar válida lei local contestada em face de lei
mento, mandará processar o recurso, ou, se estiver
federal. Ex.: lei local x lei federal. suficientemente instruída, decidirá logo, de meritis.
Art. 645 O processo da carta testemunhável na
Ainda acerca do Recurso Extraordinário, veja o instância superior seguirá o processo do recurso
que dispõe o CPP: denegado.
Art. 646 A carta testemunhável não terá efeito
Art. 637 O recurso extraordinário não tem efeito suspensivo.
suspensivo, e uma vez arrazoados pelo recorrido os
autos do traslado, os originais baixarão à primeira O processo da carta testemunhável na instância
instância, para a execução da sentença.
superior seguirá o processo do recurso denegado, por
Art. 638 O recurso extraordinário e o recurso espe-
exemplo: se o objetivo da carta testemunhável é des-
cial serão processados e julgados no Supremo Tri-
bunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça na trancar o RESE, seguirá o rito do RESE. Ademais, a car-
forma estabelecida por leis especiais, pela lei proces- ta testemunhável não terá efeito suspensivo.
sual civil e pelos respectivos regimentos internos.
DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO

Importante! Habeas Corpus (HC) significa “exiba o corpo”,


“apresente a pessoa”, e se refere a quem está sofrendo
A repercussão geral é requisito específico de a ilegalidade na sua liberdade de locomoção. Nos ter-
admissibilidade dos recursos extraordinários. mos do art. 5º da CF:

LXVIII - conceder-se-á  habeas corpus  sempre que


DA CARTA TESTEMUNHÁVEL
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer vio-
lência ou coação em sua liberdade de locomoção,
É o recurso cabível contra a decisão que denegar
por ilegalidade ou abuso de poder.
o recebimento/seguimento de um recurso, nas hipó-
teses em que não haja previsão legal de outro recurso
O HC consiste em ação autônoma de impugnação,
adequado. Ex.: destranca o RESE.
de natureza constitucional. Para que seja utilizado,
exige-se que alguém sofra ou se ache ameaçado de
Art. 639 Dar-se-á carta testemunhável:
I - da decisão que denegar o recurso;
sofrer violência ou coação em sua liberdade de loco-
II  -  da que, admitindo embora o recurso, obstar à moção, em virtude de constrangimento ilegal. Ex.: não
sua expedição e seguimento para o juízo ad quem. cabe HC no caso do art. 28 da lei de drogas (consumo
pessoal), pois não prevê prisão como sanção.
O prazo da carta testemunhável é de 48 horas, con- O HC destina-se à tutela da liberdade de ir, vir e
tadas do despacho que denegar o recurso. O requeri- ficar, logo, não cabe HC em caso de persecução penal
mento é endereçado ao escrivão ou ao secretário do referente à infração penal, a qual seja cominada tão
tribunal. O requerente deve indicar as peças do pro- somente a pena de multa, quando já tiver sido cum-
cesso que deverão ser trasladadas. prida a pena privativa de liberdade, perda de função
pública, apreensão de veículo, direito de visitar um
Art. 640 A carta testemunhável será requerida ao detento, perda de direitos político e impeachment.
escrivão, ou ao secretário do tribunal, conforme o
caso, nas quarenta e oito horas seguintes ao despa-
CABIMENTO CASOS DE COAÇÃO
cho que denegar o recurso, indicando o requerente
ILEGAL
as peças do processo que deverão ser trasladadas.
Art. 641 O escrivão, ou o secretário do tribunal, Sempre que alguém sofrer � Se não há justa causa;
dará recibo da petição à parte e, no prazo máximo ou estiver na iminência de � Se ficar mais tempo pre-
de cinco dias, no caso de recurso no sentido estrito, sofrer violência ou coação so do que a lei determina;
ou de sessenta dias, no caso de recurso extraordi- ilegal na sua liberdade de � Se quem ordena a coa-
nário, fará entrega da carta, devidamente conferi- ir e vir. ção não tiver competência;
da e concertada; � Se já tiverem cessados
Art. 642 O escrivão, ou o secretário do tribunal, os motivos;
que se negar a dar o recibo, ou deixar de entregar, � Se não o deixarem pres-
sob qualquer pretexto, o instrumento, será suspen- tar a fiança;
so por trinta dias. O juiz, ou o presidente do Tri-
� Se o processo for nulo;
bunal de Apelação, em face de representação do
� Se já foi extinta a
testemunhante, imporá a pena e mandará que seja
punibilidade.
122 extraído o instrumento, sob a mesma sanção, pelo
Não caberá  habeas corpus  em relação a punições Para complementar o entedimento, é importante ter
disciplinares militares (mérito). Exceção: pode ser em mente as disposições do Código de Processo Penal:
analisado aspectos legais da medida.
O impetrante é quem pede a concessão da ordem, Art. 647 Dar-se-á habeas corpus sempre que
ao passo que o paciente é quem sofre ou está amea- alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer
çado a sofrer violência ou coação em sua liberdade violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e
de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder. Pode vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
Art. 648 A coação considerar-se-á ilegal:
ser a mesma pessoa ou não.
I - quando não houver justa causa;
Nos últimos tempos, tem se discutido a possibilida-
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do
de de habeas corpus coletivo, isto é, o paciente é uma que determina a lei;
coletividade determinada. Algumas decisões realça- III - quando quem ordenar a coação não tiver com-
ram que esse instrumento é capaz de garantir acesso petência para fazê-lo;
à justiça aos grupos mais vulneráveis da sociedade. IV - quando houver cessado o motivo que autorizou
O legitimado passivo é a autoridade coatora, que a coação;
não precisa ser necessariamente uma autoridade V - quando não for alguém admitido a prestar fian-
pública, visto que há casos de particulares que cer- ça, nos casos em que a lei a autoriza;
ceiam a liberdade de ir e vir de outrem. Ex.: HC para VI - quando o processo for manifestamente nulo;
sair de um hospital que prende o paciente por falta de VII - quando extinta a punibilidade.
Art. 649 O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da
pagamento.
sua jurisdição, fará passar imediatamente a ordem
No HC preventivo, a ordem é de salvo-conduto
impetrada, nos casos em que tenha cabimento, seja
(evitar a coação ilegal), no HC repressivo, a ordem é qual for a autoridade coatora.
alvará de soltura (superar a coação ilegal). Art. 650 Competirá conhecer, originariamente, do
pedido de habeas corpus:
Art.  649 O juiz ou o tribunal, dentro dos limites I - ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previs-
da sua jurisdição, fará passar imediatamente a tos no Art. 101, I, g, da Constituição;
ordem impetrada, nos casos em que tenha cabi- II - aos Tribunais de Apelação, sempre que os atos
mento, seja qual for a autoridade coatora. de violência ou coação forem atribuídos aos gover-
nadores ou interventores dos Estados ou Terri-
A concessão do HC não obsta eventual processo tórios e ao prefeito do Distrito Federal, ou a seus
que esteja em trâmite, desde que não haja conflito de secretários, ou aos chefes de Polícia.
fundamentos entre eles. Se o  habeas corpus  for con- § 1º A competência do juiz cessará sempre que a
cedido em virtude de nulidade do processo, este será violência ou coação provier de autoridade judiciá-
ria de igual ou superior jurisdição.
renovado. Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter
§ 2º Não cabe o habeas corpus contra a prisão
sido o paciente admitido a prestar fiança, o juiz arbi- administrativa, atual ou iminente, dos responsá-
trará o valor desta, que poderá ser prestada perante veis por dinheiro ou valor pertencente à Fazenda
ele. E, se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou Pública, alcançados ou omissos em fazer o seu
a violência ou coação ilegal, julgará prejudicado o recolhimento nos prazos legais, salvo se o pedido
pedido. for acompanhado de prova de quitação ou de depó-
Ordenada a soltura do paciente em virtude sito do alcance verificado, ou se a prisão exceder o
de habeas corpus, será condenada nas custas a autori- prazo legal.
dade que, por má-fé ou evidente abuso de poder, tiver Art. 651 A concessão do habeas corpus não obsta-
determinado a coação. Neste caso, será remetida ao rá, nem porá termo ao processo, desde que este não
Ministério Público cópia das peças necessárias para esteja em conflito com os fundamentos daquela.
Art. 652 Se o habeas corpus for concedido em vir-
ser promovida a responsabilidade da autoridade.
tude de nulidade do processo, este será renovado.
O  habeas corpus  poderá ser impetrado por qual- Art. 653 Ordenada a soltura do paciente em virtu-
quer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como de de habeas corpus, será condenada nas custas
pelo Ministério Público. Os juízes e os tribunais a autoridade que, por má-fé ou evidente abuso de
têm competência para expedir de ofício ordem poder, tiver determinado a coação.
de habeas corpus, quando no curso de processo veri- Parágrafo único. Neste caso, será remetida ao
ficarem que alguém sofre ou está na iminência de Ministério Público cópia das peças necessárias para
sofrer coação ilegal. ser promovida a responsabilidade da autoridade.
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 654 O habeas corpus poderá ser impetrado por


Art. 657 Se o paciente estiver preso, nenhum moti- qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem
vo escusará a sua apresentação, salvo: como pelo Ministério Público.
I - grave enfermidade do paciente; § 1º A petição de habeas corpus conterá:
Il  -  não estar ele sob a guarda da pessoa a a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada
quem se atribui a detenção; de sofrer violência ou coação e o de quem exercer a
III - se o comparecimento não tiver sido deter- violência, coação ou ameaça;
b) a declaração da espécie de constrangimento ou,
minado pelo juiz ou pelo tribunal.
em caso de simples ameaça de coação, as razões em
Parágrafo único.  O juiz poderá ir ao local em que
que funda o seu temor;
o paciente se encontrar, se este não puder ser apre-
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu
sentado por motivo de doença.
rogo, quando não souber ou não puder escrever, e a
designação das respectivas residências.
O juiz decide em 24 horas, após as diligências § 2º Os juízes e os tribunais têm competência para
necessárias. Se a decisão for favorável ao paciente, expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando
a sua libertação é imediata, salvo haja outro motivo no curso de processo verificarem que alguém sofre
para permanecer preso. ou está na iminência de sofrer coação ilegal. 123
Art. 655 O carcereiro ou o diretor da prisão, o Art. 662 Se a petição contiver os requisitos do art.
escrivão, o oficial de justiça ou a autoridade judi- 654, § 1º, o presidente, se necessário, requisitará
ciária ou policial que embaraçar ou procrastinar a da autoridade indicada como coatora informações
expedição de ordem de habeas corpus, as informa- por escrito. Faltando, porém, qualquer daqueles
ções sobre a causa da prisão, a condução e apresen- requisitos, o presidente mandará preenchê-lo, logo
tação do paciente, ou a sua soltura, será multado que Ihe for apresentada a petição.
na quantia de duzentos mil-réis a um conto de réis,
Art. 663 As diligências do artigo anterior não serão
sem prejuízo das penas em que incorrer. As multas
ordenadas, se o presidente entender que o habeas
serão impostas pelo juiz do tribunal que julgar o
habeas corpus, salvo quando se tratar de autorida- corpus deva ser indeferido in limine. Nesse caso,
de judiciária, caso em que caberá ao Supremo Tri- levará a petição ao tribunal, câmara ou turma,
bunal Federal ou ao Tribunal de Apelação impor as para que delibere a respeito.
multas. Art. 664 Recebidas as informações, ou dispensadas,
Art. 656 Recebida a petição de habeas corpus, o o habeas corpus será julgado na primeira sessão,
juiz, se julgar necessário, e estiver preso o paciente, podendo, entretanto, adiar-se o julgamento para a
mandará que este Ihe seja imediatamente apresen- sessão seguinte.
tado em dia e hora que designar. Parágrafo único. A decisão será tomada por maio-
Parágrafo único. Em caso de desobediência, será ria de votos. Havendo empate, se o presidente não
expedido mandado de prisão contra o detentor, que tiver tomado parte na votação, proferirá voto de
será processado na forma da lei, e o juiz providen- desempate; no caso contrário, prevalecerá a deci-
ciará para que o paciente seja tirado da prisão e
são mais favorável ao paciente.
apresentado em juízo.
Art. 665 O secretário do tribunal lavrará a ordem
Art. 657 Se o paciente estiver preso, nenhum moti-
vo escusará a sua apresentação, salvo: que, assinada pelo presidente do tribunal, câmara
I - grave enfermidade do paciente; ou turma, será dirigida, por ofício ou telegrama, ao
Il - não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se detentor, ao carcereiro ou autoridade que exercer
atribui a detenção; ou ameaçar exercer o constrangimento.
III - se o comparecimento não tiver sido determina- Parágrafo único. A ordem transmitida por telegra-
do pelo juiz ou pelo tribunal. ma obedecerá ao disposto no art. 289, parágrafo
Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em que o único, in fine.
paciente se encontrar, se este não puder ser apre- Art. 666 Os regimentos dos Tribunais de Apelação
sentado por motivo de doença. estabelecerão as normas complementares para o
Art. 658 O detentor declarará à ordem de quem o processo e julgamento do pedido de habeas corpus
paciente estiver preso.
de sua competência originária.
Art. 659 Se o juiz ou o tribunal verificar que já ces-
Art. 667 No processo e julgamento do habeas cor-
sou a violência ou coação ilegal, julgará prejudica-
do o pedido. pus de competência originária do Supremo Tribu-
Art. 660 Efetuadas as diligências, e interrogado o nal Federal, bem como nos de recurso das decisões
paciente, o juiz decidirá, fundamentadamente, den- de última ou única instância, denegatórias de
tro de 24 (vinte e quatro) horas. habeas corpus, observar-se-á, no que Ihes for apli-
§ 1º Se a decisão for favorável ao paciente, será cável, o disposto nos artigos anteriores, devendo o
logo posto em liberdade, salvo se por outro motivo regimento interno do tribunal estabelecer as regras
dever ser mantido na prisão. complementares.
§ 2º Se os documentos que instruírem a petição
evidenciarem a ilegalidade da coação, o juiz ou
o tribunal ordenará que cesse imediatamente o
constrangimento.
§ 3º Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE
o paciente admitido a prestar fiança, o juiz arbitra- 1995
rá o valor desta, que poderá ser prestada perante
ele, remetendo, neste caso, à autoridade os respec-
tivos autos, para serem anexados aos do inquérito A Lei nº 9.099/95 é uma das leis que trouxe mais
policial ou aos do processo judicial. impactos para o ordenamento jurídico brasileiro, tan-
§ 4º Se a ordem de habeas corpus for concedida para to na esfera cível quanto na área criminal. A chama-
evitar ameaça de violência ou coação ilegal, dar-se-á da Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais veio
ao paciente salvo-conduto assinado pelo juiz. regulamentar o art. 98, inc. I, da Constituição Federal,
§ 5º Será incontinenti enviada cópia da decisão à que previu, pela União, Estados e Distrito Federal (e
autoridade que tiver ordenado a prisão ou tiver o
Territórios, se houverem, a criação:
paciente à sua disposição, a fim de juntar-se aos
autos do processo.
§ 6º Quando o paciente estiver preso em lugar que z de juizados especiais cíveis: competentes para o
não seja o da sede do juízo ou do tribunal que con- julgamento e execução de causas cíveis de menor
ceder a ordem, o alvará de soltura será expedido complexidade; e
pelo telégrafo, se houver, observadas as formalida- z de juizados especiais criminais: competentes
des estabelecidas no art. 289, parágrafo único, in para conciliar julgamento e execução das infra-
fine, ou por via postal. ções penais de menor potencial ofensivo.
Art. 661 Em caso de competência originária do Tri-
bunal de Apelação, a petição de habeas corpus será
apresentada ao secretário, que a enviará imedia- Trata-se de Lei importantíssima e muito cobrada
tamente ao presidente do tribunal, ou da câmara em concursos, uma vez que representou uma verda-
criminal, ou da turma, que estiver reunida, ou pri- deira mudança de cultura e de paradigmas na esfera
124 meiro tiver de reunir-se. penal.
A Lei nº 9.099/95 pode ser dividida, didaticamente, O que são, então, “infrações de menor potencial
em duas partes: as disposições aplicáveis aos juizados ofensivo”?
especiais cíveis e as disposições relativas aos juizados
especiais criminais. São estas últimas que vamos estu- Art. 61 Consideram-se infrações penais de menor
dar, ou seja, a parte criminal da Lei nº 9.099/95: potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as
contravenções penais e os crimes a que a lei
comine pena máxima não superior a 2 (dois)
z Capítulo III (Dos Juizados Especiais Criminais)
anos, cumulada ou não com multa.
– arts. 60 ao 92;
z Capítulo IV (Disposições Finais Comuns) – art. Assim, de acordo com o a redação do art. 61 da
93 e seguintes. Lei nº 9.099/95 (após as alterações feitas pela Lei nº
11.313/06) infrações de menor potencial ofensivo são:

Importante!
A Lei 9.099/95 regula os juizados especiais cri- Infrações de menor
minais no âmbito dos Estados. O funcionamento potencial ofensivo
dos juizados especiais federais está previsto na
Lei nº 10.259/01.

CONCEITOS INICIAIS Crimes a que a lei


comine pena máxima
Art. 60 O Juizado Especial Criminal, provido por Contravenções Penais não superior a 2 anos,
juízes togados ou togados e leigos, tem compe- cumulada ou não com
tência para a conciliação, o julgamento e a exe- multa
cução das infrações penais de menor potencial
ofensivo, respeitadas as regras de conexão e
continência.
Quando a lei estabelece “cumulada ou não com
multa” quer dizer que basta olhar para a pena máxima,
Parágrafo único. Na reunião de processos, peran-
que não pode ser superior a 2 anos, independentemen-
te o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes
te de haver previsão da aplicação da pena de multa.
da aplicação das regras de conexão e continên- São exemplos de infrações de menor potencial
cia, observar-se-ão os institutos da transação ofensivo: a lesão corporal leve (art. 129, caput, CP); a
penal e da composição dos danos civis. lesão corporal culposa (art. 129, § 6º, CP); a omissão de
socorro (art. 135, CP); a injúria (art. 140, CP); a amea-
A Lei nº 9.099/95 dispõe que os juizados especiais ça (art. 147, CP), a desobediência (art. 330, CP), entre
criminais são compostos por juízes togados, somente, outros (a lista é grande).
ou por juízes togados e leigos. Juiz togado é o Juiz de De acordo com o art. 41 da Lei nº 11.340/06, Lei Maria
Direito de carreira, que goza de todas as prerrogati- da Penha, aos crimes cometidos com violência domés-
vas inerentes ao cargo de magistrado (art. 95, CF); por tica ou familiar contra a mulher, independentemen-
te da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099/95.
sua vez, juiz leigo é um auxiliar da Justiça, escolhido
Não se aplica, também, a Lei nº 9.099/95 aos crimes
pelo Tribunal de Justiça entre advogados com mais de militares (art. 90-A, da Lei nº 9.099/95).
5 anos de experiência. Os juízes leigos são restritos à Veja que, nessas situações, não se trata de mudança
conciliação entre autor e vítima, e as deciões deverão de competência, mas sim da não aplicação dos disposi-
ser homologadas pelos juízes togados. tivos da Lei nº 9.099/95 que é mais benéfica ao agente.

COMPOSIÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS Hipóteses de modificação da competência em


CRIMINAIS relação à matéria

z Juizes togados Existem três hipóteses em que ocorre a modifica-


ção da competência Juizado Especial Criminal:
z Juizes togados e leigos
z No caso de conexão e continência entre uma infra-
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Competência em relação à matéria ção de menor potencial ofensivo e um crime de


maior gravidade (veja o parágrafo único do art. 60).
A Lei nº 9.099/95 estabelece que compete aos jui-
zados especiais criminais conciliar, julgar e execu- Conexão é um mecanismo de unificação de pro-
tar as infrações de menor potencial ofensivo. cessos que tem entre si, alguma espécie de ligação.
Continência é a relação que impõe a reunião de pro-
COMPETÊNCIA MATERIAL DOS JUIZADOS cessos para julgamento em conjunto. O principal
ESPECIAIS CRIMINAIS efeito da conexão e da continência, é a reunião de pro-
cessos para julgamento simultâneo pelo juízo que tem
a chamada “força atrativa” (competente para julgar o
(art. 60, Lei nº 9.099/95)
crime mais grave: Juízo comum ou o Tribunal do Júri)
z Conciliar z Quando o acusado não puder ser citado pessoal-
z Julgar mente (art. 66 da Lei nº 9.099/95): no âmbito dos
z Executar juizados especiais criminais, a citação é pessoal,
z As Infrações de Menos Potencial Ofensivo sempre que possível, ou por mandado (por meio 125
de oficial de justiça). Se o acusado não for encon- vista os resultados desejados (o auto de prisão em
trado, não é possível a citação por edital; neste flagrante é substituído por um ato mais simples: o
caso os autos são encaminhados ao Juízo Comum, termo circunstanciado);
seguido o rito sumário, nos termos do art. 538 do z Economia processual: os atos dos juizados bus-
Código de Processo Penal; cam alcançar o máximo de resultado com o míni-
z Quando a causa for complexa (art. 77, § 2º da Lei nº mo de emprego da atividade jurisdicional;
9.099/95). Uma causa é complexa quando houver
z Celeridade: o processo nos juizados não deve
pluralidade de acusados (grande número de acusa-
dos, como por exemplo numa briga, que resultou demorar.
em lesão corporal leve, que foi cometida por dez
sujeitos) ou quando exigir perícias de maior com- (art. 62 da Lei nº 9.099/95)
plexidade (por exemplo, necessidade de perícias
em sistemas de informática) .
Informalidade
Assim, temos três hipóteses de modificação da
competência em relação à matéria.
Nas três hipóteses acima, quem vai julgar é o Juízo Simplicidade Economia
Comum ou o Tribunal do Júri. No entanto, guarde isso: Processual
mesmo havendo modificação de competência, apli-
cam-se os institutos benéficos (despenalizadores)
da Lei nº 9.099/95: a transação penal a composição
dos danos civis, que serão vistos mais adiante. Atos dos
Oralidade juizados Celeridade
especiais
Competência territorial
criminais

Agora que já sabemos qual é a competência dos


juizados em relação à matéria, vamos ver o que diz
a Lei sobre a fixação da competência territorial (tam- DOS ATOS PROCESSUAIS
bém chamada de competência do lugar, do foro, ou
ratione loci), isto é, em qual comarca vai tramitar o Vamos, agora, destacar os principais pontos relativos
processo (qual o juízo competente). aos atos processuais nos juizados especiais criminais.
Para fins de prova, basta se atentar para a reda-
ção do art. 63 da Lei nº 9.099/95: Art. 64 Os atos processuais serão públicos e pode-
rão realizar-se em horário noturno e em qual-
Art. 63 A competência do Juizado será determinada quer dia da semana, conforme dispuserem as
pelo lugar em que foi praticada a infração penal. normas de organização judiciária.
Art. 65 Os atos processuais serão válidos sempre
Dica que preencherem as finalidades para as quais
A orientação doutrinária que prevalece é que se foram realizados, atendidos os critérios indica-
aplica a teoria da ubiquidade (ou teoria mista), dos no art. 62 desta Lei.
sendo o foro competente tanto o do lugar da § 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que
ação/omissão como o do lugar onde ocorreu ou tenha havido prejuízo.
deveria ocorrer o resultado (art. 6º, CP). § 2º A prática de atos processuais em outras
comarcas poderá ser solicitada por qualquer
meio hábil de comunicação.
CRITÉRIOS (OU PRINCÍPIOS) APLICÁVEIS AOS
§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusiva-
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
mente os atos havidos por essenciais. Os atos
realizados em audiência de instrução e julgamen-
Os juizados especiais criminais são regidos pelos
to poderão ser gravados em fita magnética ou
seguintes critérios (princípios)
equivalente.

Art. 62 O processo perante o Juizado Especial orien-


Os atos, portanto:
tar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade,
informalidade, economia processual e celerida-
de, objetivando, sempre que possível, a reparação dos z são públicos, via de regra (salvo as restrições
danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não previstas na Constituição (art. 5º, LX e art. 92,IX) e
privativa de liberdade. na lei processual penal (art. 792, §1º, do Código de
Processo Penal);
z Oralidade: a regra, nos procedimentos criminais, z podem ser realizados à noite e em qualquer dia
é a da forma escrita; nos procedimentos dos juiza- da semana (conforme as normas de organização
dos especiais criminais, no entanto, a regra é que judiciária);
os atos são praticados, preferencialmente, na for- z para que um ato seja invalidado, deve ser pro-
ma oral (apenas os atos essenciais são reduzidos a vado o prejuízo. Se atingiu seu objetivo, é consi-
termo, ou seja, escritos); derado válido;
z Informalidade: os atos no processo nos juizados z não é necessária a expedição de carta precató-
especiais criminais são praticados sem rigidez (por ria para realização de atos em outras comarcas
exemplo não existe o auto de prisão em flagrante); (podem ser realizados por meio telefônico e via
z Simplicidade: foi incluída depois da redação origi- e-mail, por exemplo);
nal e guarda relação com a informalidade: os atos z somente serão reduzidos a termo (transcritos)
126 devem ser praticados com simplicidade, tendo em os atos essenciais.
Art. 66 A citação será pessoal e far-se-á no próprio Isso é o que consta do art. 69, da Lei nº 9.099/95:
Juizado, sempre que possível, ou por mandado.
Parágrafo único. Não encontrado o acusado Art. 69 A autoridade policial que tomar conheci-
para ser citado, o Juiz encaminhará as peças mento da ocorrência lavrará termo circunstan-
existentes ao Juízo comum para adoção do pro- ciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado,
cedimento previsto em lei. com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as
Art. 67 A intimação far-se-á por correspondência, requisições dos exames periciais necessários.
com aviso de recebimento pessoal ou, tratando-se Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavra-
de pessoa jurídica ou firma individual, median- tura do termo, for imediatamente encaminhado ao
te entrega ao encarregado da recepção, que será juizado ou assumir o compromisso de a ele com-
obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessário, parecer, não se imporá prisão em flagrante, nem
por oficial de justiça, independentemente de mandado se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica,
ou carta precatória, ou ainda por qualquer meio idô- o juiz poderá determinar, como medida de cautela,
neo de comunicação. seu afastamento do lar, domicílio ou local de convi-
Parágrafo único. Dos atos praticados em audiên- vência com a vítima.
cia considerar-se-ão desde logo cientes as par- Art. 70 Comparecendo o autor do fato e a vítima,
tes, os interessados e defensores. e não sendo possível a realização imediata da
Art. 68 Do ato de intimação do autor do fato e do audiência preliminar, será designada data
mandado de citação do acusado, constará a neces- próxima, da qual ambos sairão cientes.
sidade de seu comparecimento acompanhado de Art. 71 Na falta do comparecimento de qualquer
advogado, com a advertência de que, na sua falta, dos envolvidos, a Secretaria providenciará sua inti-
ser-lhe-á designado defensor público. mação e, se for o caso, a do responsável civil, na
forma dos arts. 67 e 68 desta Lei.
Ainda em relação aos atos, destaca-se:
Uma vez concluído o termo circunstanciado, os
z a citação (ato de chamamento do réu em juízo autos são remetidos ao Juizado Especial Criminal
para tomar ciência da ação penal e exercer sua (JECRIM), sendo designada audiência preliminar: é o
defesa) é sempre pessoal, preferencialmente, no início da fase preliminar judicial.
próprio juízo. Pode ser feita via oficial de justiça;
z não existe citação por edital; Audiência preliminar
z as intimações (ciência de um ato já praticado) e as
notificações (chamamento para participar de ato Art. 72 Na audiência preliminar, presente o repre-
processual) são permitidas por qualquer meio váli- sentante do Ministério Público, o autor do fato e
do, como por exemplo telefone ou e-mail (lembre-se a vítima e, se possível, o responsável civil, acom-
dos princípios da informalidade e da simplicidade) panhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá
z dos atos praticados em audiência, as partes são sobre a possibilidade da composição dos danos e
consideradas cientes, sem necessidade de outra da aceitação da proposta de aplicação imediata
comunicação. de pena não privativa de liberdade.
Art. 73 A conciliação será conduzida pelo Juiz ou
FASE PRELIMINAR por conciliador sob sua orientação.
Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Jus-
tiça, recrutados, na forma da lei local, preferentemente
As disposições encontram-se nos arts. 69 ao 76, da Lei. entre bacharéis em Direito, excluídos os que exerçam
A fase preliminar se desdobra em duas: fase preli- funções na administração da Justiça Criminal.
minar policial e fase preliminar judicial. Art. 74 A composição dos danos civis será reduzida
a escrito e, homologada pelo Juiz mediante senten-
(arts. 69 ao 76 da Lei nº 9.099/95) ça irrecorrível, terá eficácia de título a ser executa-
do no juízo civil competente.
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de ini-
ciativa privada ou de ação penal pública condiciona-
Fase Preliminar
da à representação, o acordo homologado acarreta
a renúncia ao direito de queixa ou representação.

Trata-se de audiência que exige o comparecimen-


to do:
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Policial Judicial
z autor do fato;
z vítima (caso haja, pode ser crime cuja vítima é o
A fase preliminar policial é a realizada pela Estado) e seus advogados;
autoridade policial: o Delegado de Polícia lavra o z membro do Ministério Público; e
Termo Circunstanciado (ou Termo Circunstanciado z Juiz.
de Ocorrência) que é um procedimento mais simples
e célere do que o inquérito policial (trata-se do resu- A audiência divide-se em dois momentos a compo-
mo das declarações dos envolvidos e testemunhas, sição civil dos danos e a transação penal.
acompanhados, eventualmente, de exames de corpo
de delito, nas infrações que deixam vestígios). Composição civil dos danos
Objetivo do termo é colher, de forma resumida,
elementos de autoria e materialidade. No termo cir- Nesta primeira fase o membro do MP não parti-
cipa (exceto se a vítima for incapaz). Nada mais é do
cunstanciado a autoridade policial toma o compro-
que uma tentativa de conciliação, realizada pelo Juiz
misso do envolvido em comparecer ao Juizado.
ou por colaborador, que visa obter um acordo entre 127
autor e vítima para a composição dos danos civis. Caso não importará em reincidência, sendo registra-
haja acordo, aí sim acompanhado pelo MP, é lavrado da apenas para impedir novamente o mesmo bene-
termo, que será homologado pelo juiz. fício no prazo de cinco anos.
A homologação do acordo de composição gera os § 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior
seguintes efeitos, dependendo do tipo de ação previs- caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.
ta (art. 74 da Lei nº 9.099/95): § 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º
deste artigo não constará de certidão de ante-
z Ação penal de inciativa privada cedentes criminais, salvo para os fins previs-
tos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis,
„ Provoca a renúncia ao direito de queixa (extin- cabendo aos interessados propor ação cabível no
gue a punibilidade do agente) juízo cível.

z Ação penal pública condicionada à representação A transação penal nada mais é que um acordo feito
entre o Ministério Público (titular da ação penal) e o
„ Gera a renúncia ao direito de representar (tam- autor do fato. Por meio desse acordo, o autor do fato
bém extingue a punibilidade) (que está acompanhado de advogado), se comprome-
te a cumprir imediatamente uma pena de multa ou
z Ação penal pública incondicionada restritiva de direitos e, por outro lado, o MP não dá
prosseguimento, deixando de deflagar a ação penal.
„ Não impede a continuidade: passa-se para Para que seja possível a transação, não pode ter
a segunda fase (pode servir para diminuir a
sido condenado anteriormente, pela prática de crime, à
pena, se configurar arrependimento posterior,
previsto no art. 16 do CP). pena privativa de liberdade e nem pode ter sido bene-
ficiado, nos útlimos 5 anos, pela transação penal. Além
disso, seus antecedentes, conduta social, personalida-
Dica de, assim como os motivos e circunstância da infração
A composição civil é o primeiro instituto despe- devem ser favoráveis ao agente (art. 76, § 2º, III). Por
nalizador da Lei nº 9.099/95 (note que o espírito fim, o autor da infração deve aceitar a transação (deve
da Lei nº 9.099/95 é despenalizar e desencarce- ser assinada, também por seu advogado).
rar: afastar a pena e evitar a restrição da liberda- Atente-se para o fato de que: a condenação ante-
de do agente). rior deve ser pela prática de crime, à pena privativa
de liberdade, por sentença definitiva. Deste modo,
Não havendo composição civil ou sendo o caso de caso o agente for condenado anteriormente por con-
ação penal pública incondicionada, passa-se para a travenção penal, mesmo que por pena restritiva de
segunda fase da audiência. direitos ou multa, não poderá esta, impedir a conces-
são da transação penal.
Transação Penal No caso de transação referente a crime ambiental
(de menor potencial ofensivo) deve, ainda, haver a pré-
Art. 75 Não obtida a composição dos danos civis, via composição do dano ambiental (exceto caso haja
será dada imediatamente ao ofendido a oportunidade impossibilidade comprovada de realizá-la). É o que pre-
de exercer o direito de representação verbal, que vê o art. 27 da Lei nº 9.605/98, Lei de Crimes Ambientais:
será reduzida a termo.
Parágrafo único. O não oferecimento da represen- Art. 27 Nos crimes ambientais de menor potencial
tação na audiência preliminar não implica deca- ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena
dência do direito, que poderá ser exercido no prazo restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76
previsto em lei. da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somen-
Art. 76 Havendo representação ou tratando-se de te poderá ser formulada desde que tenha havido a
crime de ação penal pública incondicionada, não prévia composição do dano ambiental, de que trata
sendo caso de arquivamento, o Ministério Público o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprova-
poderá propor a aplicação imediata de pena res- da impossibilidade.
tritiva de direitos ou multas, a ser especificada
na proposta.
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única
A transação deve ser homologada por sentença do
aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade. juiz (sentença condenatória imprópria).
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: Da sentença cabe o recurso de apelação.
I - ter sido o autor da infração condenado, pela
prática de crime, à pena privativa de liberdade, por A sentença:
sentença definitiva;
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no z impõe o cumprimento da pena imposta (multa
prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restri- ou restritiva de direitos);
tiva ou multa, nos termos deste artigo; z impede nova transação no prazo de 5 anos
III - não indicarem os antecedentes, a conduta z não gera efeito civil: se a vítima pretender indeni-
social e a personalidade do agente, bem como os
zação, deve ingressar com ação de conhecimento.
motivos e as circunstâncias, ser necessária e sufi-
ciente a adoção da medida.
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu Em casos de descumprimento da transação penal
defensor, será submetida à apreciação do Juiz. pelo agente, o Ministério Público poderá dar continui-
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Públi- dade a persecução penal, oferecendo a denúncia ou
co aceita pelo autor da infração, o Juiz aplica- realizando a requisição de inquérito policial. É o que
128 rá a pena restritiva de direitos ou multa, que rege a Súmula Vinculante n.35, vejamos:
Súmula Vinculante n. 35 STF A homologação da conciliação e de oferecimento de proposta pelo
transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 Ministério Público, proceder-se-á nos termos dos
não faz coisa julgada material e, descumpridas suas arts. 72, 73, 74 e 75 desta Lei.
cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitan- Art. 80 Nenhum ato será adiado, determinando o
do-se ao Ministério Público a continuidade da perse- Juiz, quando imprescindível, a condução coercitiva
cução penal mediante oferecimento de denúncia ou de quem deva comparecer.
requisição de inquérito policial. Art. 81 Aberta a audiência, será dada a palavra ao
defensor para responder à acusação, após o que o
PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; haven-
do recebimento, serão ouvidas a vítima e as teste-
munhas de acusação e defesa, interrogando-se a
Art. 77 Na ação penal de iniciativa pública, quando
seguir o acusado, se presente, passando-se imedia-
não houver aplicação de pena, pela ausência do autor
tamente aos debates orais e à prolação da sentença.
do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista
§ 1º Todas as provas serão produzidas na audiência
no art. 76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá de instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar
ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não hou- ou excluir as que considerar excessivas, imperti-
ver necessidade de diligências imprescindíveis. nentes ou protelatórias.
§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será ela- § 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado
borada com base no termo de ocorrência referido termo, assinado pelo Juiz e pelas partes, contendo
no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito poli- breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em
cial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito audiência e a sentença.
quando a materialidade do crime estiver aferida § 3º A sentença, dispensado o relatório, menciona-
por boletim médico ou prova equivalente. rá os elementos de convicção do Juiz.
§ 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso Art. 82 Da decisão de rejeição da denúncia ou quei-
não permitirem a formulação da denúncia, o Minis- xa e da sentença caberá apelação, que poderá ser
tério Público poderá requerer ao Juiz o encaminha- julgada por turma composta de três Juízes em exer-
mento das peças existentes, na forma do parágrafo cício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na
único do art. 66 desta Lei. sede do Juizado.
§ 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá § 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias,
ser oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz verifi- contados da ciência da sentença pelo Ministério
car se a complexidade e as circunstâncias do caso Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita,
determinam a adoção das providências previstas da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.
no parágrafo único do art. 66 desta Lei. § 2º O recorrido será intimado para oferecer res-
Art. 78 Oferecida a denúncia ou queixa, será redu- posta escrita no prazo de dez dias.
zida a termo, entregando-se cópia ao acusado, § 3º As partes poderão requerer a transcrição da
que com ela ficará citado e imediatamente gravação da fita magnética a que alude o § 3º do
cientificado da designação de dia e hora para art. 65 desta Lei.
a audiência de instrução e julgamento, da qual § 4º As partes serão intimadas da data da sessão de
também tomarão ciência o Ministério Público, o julgamento pela imprensa.
ofendido, o responsável civil e seus advogados. § 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios fun-
damentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão.
Se for, portanto, o caso de dar prosseguimen- Art. 83 Cabem embargos de declaração quando, em
sentença ou acórdão, houver obscuridade, contra-
to (caso proposta não seja aceita ou o autor do fato
dição ou omissão.
não preencha os requisitos legais), o oferecimento de § 1º Os embargos de declaração serão opostos por
denúncia se dará de forma oral (que será reduzida a escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias, conta-
escrito). O denunciado já sai citado e ciente da data dos da ciência da decisão.
audiência de instrução e julgamento. § 2º Os embargos de declaração interrompem o
À partir daí, o procedimento sumaríssimo se con- prazo para a interposição de recurso.
centra na audiência de instrução e julgamento, cujos 3º Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.
pontos principais vamos ver logo a seguir:
Por último, cabe tratar do art. 89 da Lei, que, con-
AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO forme visto nos tópicos acima, trata da suspensão
condicional do processo, também chamado de sur-
(arts. 79 ao 83 da Lei nº 9.099/95) sis processual.
DIREITO PROCESSUAL PENAL

z Se, na fase preliminar não foi tentada a composi- SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO
ção ou a transação, vai ser feita a tentativa de apli-
car esses dois institutos (art. 79) Art. 88 Além das hipóteses do Código Penal e da
z Não sendo o caso, a defesa responde a inicial legislação especial, dependerá de representação a
(denúncia ou a queixa). ação penal relativa aos crimes de lesões corporais
z Após apreciação, o juiz recebe ou rejeita a inicial; leves e lesões culposas.
z Recebida a inicial, verifica-se se é o caso da sus- Art. 89 Nos crimes em que a pena mínima comi-
pensão do processo (art. 89). nada for igual ou inferior a um ano, abrangi-
z Se não for o caso, o juiz ouve as testemunhas e inter- das ou não por esta Lei, o Ministério Público,
roga o acusado; na sequência, acusação e defesa se ao oferecer a denúncia, poderá propor a sus-
manifestam e o juiz prolata a sentença (cujo recurso pensão do processo, por dois a quatro anos,
cabível é a apelação, no prazo de 10 dias) desde que o acusado não esteja sendo proces-
sado ou não tenha sido condenado por outro
Art. 79 No dia e hora designados para a audiên- crime, presentes os demais requisitos que
cia de instrução e julgamento, se na fase prelimi- autorizariam a suspensão condicional da
nar não tiver havido possibilidade de tentativa de pena (art. 77 do Código Penal). 129
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defen- no § 1º do art. 89 (reparar o dano, salvo impossibili-
sor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, dade de fazê-lo; proibição de frequentar determina-
poderá suspender o processo, submetendo o acu- dos lugares; proibição de ausentar-se da comarca sem
sado a período de prova, sob as seguintes condições: autorização; e comparecimento mensal em juízo para
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de justificar as atividades), sem prejuízo de outras condi-
fazê-lo; ções fixadas pelo juiz.
II - proibição de freqüentar determinados lugares; Mas qual a vantagem de se aceitar o sursis proces-
III - proibição de ausentar-se da comarca onde resi-
sual? Se cumpridas as condições, ao final do período de
de, sem autorização do Juiz;
prova é declarada extinta a punibilidade do beneficiário.
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juí-
Se o beneficiário descumpre alguma condição a
zo, mensalmente, para informar e justificar suas
atividades. suspensão:
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a
que fica subordinada a suspensão, desde que ade- Art. 89 [...]
quadas ao fato e à situação pessoal do acusado. § 3º A suspensão será revogada se, no curso do
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do pra- prazo, o beneficiário vier a ser processado por
zo, o beneficiário vier a ser processado por outro outro crime ou não efetuar, sem motivo justifi-
crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a cado, a reparação do dano.
reparação do dano. § 4º A suspensão poderá ser revogada se o acu-
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier sado vier a ser processado, no curso do prazo,
a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, por contravenção, ou descumprir qualquer
ou descumprir qualquer outra condição imposta. outra condição imposta.
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz decla-
rará extinta a punibilidade.
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de
suspensão do processo. EXERCÍCIOS COMENTADOS
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista
neste artigo, o processo prosseguirá em seus ulte- 1. (IBADE — 2017) No que concerne à legislação que dis-
riores termos. põe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais
(Lei 9099/95), pode-se afirmar que
A suspensão condicional do processo consiste
em mais uma medida despenalizadora prevista na a) a composição dos danos civis será reduzida a escrito
Lei nº 9.099/95. e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrí-
Essa possibilidade, prevista no art. 89, é cabível vel, não pode ser executado no juízo civil competente.
no caso de crimes abrangidos ou não pela Lei nº
b) a autoridade policial que tomar conhecimento da ocor-
9.099/95, cuja pena MÍNIMA cominada seja igual ou
rência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará
inferior a um ano.
em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juizado, com o
O art. 89 da Lei nº 9.099/95 é de grande importância,
uma vez que se aplica não só aos crimes sujeitos ao rito autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisi-
dos juizados especiais criminais, mas a qualquer crime ções dos exames periciais necessários.
que se encaixe nos requisitos previstos no artigo. c) ao autor do fato que, após a lavratura do termo cir-
Para que se aplique o benefício, devem estar pre- cunstanciado , for imediatamente encaminhado ao jui-
sentes os seguintes requisitos: zado ou assumir o compromisso de a ele comparecer,
não se imporá prisão em flagrante, podendo-se exigir
z Pena mínima igual ou inferior a um ano (levan- fiança a critério da autoridade policial.
do-se em conta as causas de aumento e diminuição d) consideram-se infrações penais de menor potencial
de pena); ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções
z que o acusado não tenha sido condenado penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não
anteriormente; superior a 1 (um) ano, cumulada ou não com multa.
z que o acusado não esteja respondendo a outro e) havendo representação ou tratando-se de crime de
processo criminal; ação penal pública incondicionada, não sendo caso
z que as circunstâncias judiciais sejam favoráveis. de arquivamento, o Ministério Público poderá propor
a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou
Dica multas, a ser especificada na proposta.
As circunstâncias judiciais (ou inominadas) estão A alternativa E reproduz o que consta no art. 76,
previstas no art. 59 do Código Penal. São elas: caput, da Lei nº 9.099/95: “Art. 76. Havendo repre-
� Culpabilidade sentação ou tratando-se de crime de ação penal
� Antecedentes pública incondicionada, não sendo caso de arqui-
� Conduta social vamento, o Ministério Público poderá propor a
� Personalidade aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou
� Motivos do crime multas, a ser especificada na proposta.” A letra A
� Circunstâncias do crime está errada, pois a composição civil, uma vez homo-
logada, tem eficácia no juízo cível (art. 74, caput).
� Consequências do crime A alternativa B está incorreta, pois o art. 69 da Lei
� Comportamento da vítima estabelece o encaminhamento imediato do termo
circunstanciado, e não em 24 horas como consta. A
Aceitando a proposta de suspensão, o acusado fica letra C está errrada pois no caso do autor ser enca-
sujeito a um período de prova, ficando o processo sus- minhado imediatamente ao juizado ou assumir o
penso por um prazo de 2 a 4 anos, durante o qual o compromisso de comparecer, a ele não será impos-
130 beneficiário tem que cumprir as condições previstas ta a prisão em flagrante nem se exigirá fiança (art.
69, parágrafo único). Por fim, a alternativa D está Letra da lei. A alternativa B aponta corretamente
incorreta um vez que as infrações de menor poten- o que consta no art. 63, da Lei nº 9.099/95: “Art. 63.
cial ofensivo consistem nas infrações a que a lei A competência do Juizado será determinada pelo
comina pena máxima não superior a 2 anos, cumu- lugar em que foi praticada a infração penal.” Res-
lada ou não com multa (art. 61). Resposta: Letra E. posta: Letra B.
2. (VUNESP — 2015) Com relação aos Juizados Espe-
ciais Criminais, instituídos pela Lei no 9.099/95, pode–
se afirmar que
HORA DE PRATICAR!
a) têm competência para crimes e contravenções penais
cuja pena máxima não seja superior a um ano. 1. (VUNESP – 2018) A respeito das causas de impedi-
b) se o autor do fato não for localizado para sua citação pes- mento e suspeição do juiz, de acordo com o Código
soal, os autos serão redistribuídos para o juízo comum. de Processo Penal, assinale a alternativa correta.
c) têm competência para processar e julgar crime e con-
travenções penais que se iniciam por ação penal públi- a) Ainda que dissolvido o casamento, sem descenden-
ca, com exclusão das ações penais privadas. tes, que ensejava impedimento ou suspeição, não fun-
d) não têm competência para processar e julgar réus cionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o
reincidentes. genro ou enteado de quem for parte no processo.
e) não têm competência para processar e julgar delitos b) O juiz será impedido se for credor ou devedor de qual-
praticados com violência ou ameaça à pessoa. quer das partes.
c) A suspeição poderá ser reconhecida ou declarada ain-
A questão trata da hipótese prevista art. .66, pará- da que a parte injurie, de propósito, o juiz.
grafo único, da Lei nº 9.099/95: caso não seja possí- d) O juiz será suspeito, podendo ser recusado por qual-
vel a citação pessoal do autor (no próprio juizado quer das partes, se já tiver funcionado como juiz de
ou por meio de oficial de justiça), os autos serão outra instância, pronunciando-se de fato ou de direito
encaminhados ao Juízo Comum (não existe citação sobre a questão.
por edital). A letra A está errada, pois os juizados e) Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo
especiais criminais tem competência para conciliar, processo os juízes que forem entre si parentes, con-
julgar e executar infrações (crimes ou contraven- sanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o
ções) cuja pena máxima não seja superior a dois quarto grau.
anos (art. 61). A letra C está errada, não há qualquer
hipótese na Lei de exclusão de infração pela nature- 2. (VUNESP – 2017) Nos exatos termos do art. 253 do
za da ação penal (pública ou privada). A alternativa
CPP, nos juízos coletivos, não poderão servir no mes-
D está incorreta porque a Lei não exclui os reinci-
mo processo os juízes que forem entre si parentes,
dentes de sua competência (lembre-se que a reinci-
dência afasta benefícios). Por último, a letra E está
a) consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até
errada pois apenas estão excluídos da competência
o terceiro grau, inclusive, bem como amigos íntimos.
dos juizados especiais criminais as infrações come-
b) consanguíneos, excluídos os parentes afins.
tidas no âmbito da violência doméstica e familiar
c) consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até
contra a mulher, confome o art. 41 da Lei Maria da
o quarto grau, inclusive.
Penha. Resposta: Letra B.
d) consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até
3. (CESPE-CEBRASPE — 2020) Luís foi denunciado pela o terceiro grau, inclusive.
prática de crime de menor potencial ofensivo em um e) consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até
juizado especial criminal de Belém – PA, mas não foi o terceiro grau, inclusive, bem como amigos íntimos
encontrado para ser citado pessoalmente. ou inimigos capitais.
Nessa situação hipotética,
3. (VUNESP – 2015) Ao Ministério Público compete, de
a) será determinada a citação por edital, com prazo de acordo com o art. 257 do CPP, fiscalizar a execução
cinco dias. da lei e promover, privativamente, a ação penal
b) será nomeado defensor dativo para representar Luís
na audiência de conciliação. a) pública.
c) o processo ficará suspenso até que Luís seja encontrado. b) pública incondicionada, e manifestar-se como custos
d) o processo será encaminhado ao juízo comum. legis, nas ações penais públicas condicionadas.
DIREITO PROCESSUAL PENAL

e) a vítima será intimada para informar o endereço atua- c) privada, quando houver representação da vítima.
lizado de Luís. d) pública condicionada, e manifestar-se como custos
legis, nas ações penais públicas incondicionadas.
A alternativa D dá a solução correta, nos termo e) pública e, quando houver representação da vítima, pro-
do art. 66, parágrafo único, da Lei nº 9.099/95, que mover em seu nome a ação penal privada.
estabelece que, não sendo encontrado o acusado
para ser citado, o Juiz encaminha as peças existen-
4. (VUNESP – 2018) A respeito do acusado e do defen-
tes para o Juízo comum. Resposta: Letra D.
sor, é correto afirmar que
4. (CESPE-CEBRASPE — 2019) A competência do juiza-
do especial criminal será determinada pelo a) se o defensor constituído pelo acusado não puder
comparecer à audiência, por motivo justificado, prova-
a) domicílio do autor da infração penal. do até a abertura da audiência, nomear-se-á defensor
b) lugar em que foi praticada a infração penal. dativo, para a realização do ato, que não será adiado.
c) lugar em que foi encontrado o autor do fato. b) o acusado, ainda que tenha habilitação, não poderá a
d) lugar em que se consumou a infração penal. si mesmo defender, sendo-lhe nomeado defensor, pelo
e) domicílio da vítima da infração penal. juiz, caso não o tenha. 131
c) o acusado, ainda que possua defensor nomeado pelo Juiz, 8. (VUNESP – 2018) Com relação à citação do acusa-
poderá, a todo tempo, nomear outro, de sua confiança. do, assinale a alternativa correta.
d) o acusado ausente não poderá ser processado sem
defensor. Já o foragido, existindo sentença condena- a) Completada a citação por hora certa, não compare-
tória, ainda que não transitada em julgado, sim. cendo o réu, ser-lhe-á nomeado defensor dativo.
e) a constituição de defensor dependerá de instrumento b) A citação inicial do acusado far-se-á pessoalmente,
de mandato, ainda que a nomeação se der por ocasião por intermédio de mandado judicial, carta precatória
do interrogatório. ou hora certa.
c) A citação do réu preso far-se-á na pessoa do Diretor do
5. (VUNESP – 2018) Em relação ao acusado e seu estabelecimento prisional.
defensor, é correto afirmar que d) Estando o acusado no estrangeiro, suspende-se o pro-
cesso e o prazo prescricional até que retorne ao País.
a) se não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado um pelo juiz. e) Ao acusado, citado por edital, que não comparecer ou
constituir advogado, será nomeado defensor, prosse-
Porém, o acusado, que não for pobre, será obrigado
guindo o processo.
a pagar os honorários do defensor dativo, arbitrados
pelo juiz.
9. (VUNESP – 2018) O art. 366 do Código de Processo
b) a constituição de defensor dependerá de instrumento
Penal determina: “Se o acusado, citado por edital,
de mandato, mesmo se o acusado o indicar por oca-
não comparecer, nem constituir advogado, ficarão
sião do interrogatório.
suspensos o processo e o curso do prazo prescri-
c) o defensor não poderá abandonar o processo senão
cional, podendo o juiz determinar a produção ante-
por motivo imperioso, comunicado previamente o juiz, cipada das provas consideradas urgentes e, se for o
sob pena de multa de 1 (um) a 10 (dez) salários míni- caso, decretar prisão preventiva.”
mos, sem prejuízo das demais sanções cabíveis. Assinale a alternativa que contenha uma legislação
d) a impossibilidade de identificação do acusado com o que possui um regramento próprio, não se aplicando
seu verdadeiro nome ou outros qualificativos suspen- o citado dispositivo:
derá a ação penal.
e) se for nomeado defensor dativo ao acusado, este a) Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento).
deverá seguir no processo até o final, não podendo ser b) Lei nº 8.072/90 (Crimes Hediondos).
constituído novo defensor. c) Lei nº 12.850/13 (Organizações Criminosas).
d) Lei nº 11.340/06 (Violência Doméstica e Familiar con-
6. (VUNESP – 2017) Determina o art. 261 do CPP que tra Mulher).
e) Lei nº 9.613/98 (Lavagem ou Ocultação de Bens, Direi-
a) salvo nos processos contravencionais e nos de rito tos e Valores).
sumaríssimo, nenhum acusado será processado ou
julgado sem defensor. 10. (VUNESP – 2017) Estabelece o CPP em seu art. 353
b) salvo nos casos de força maior, nenhum acusado, ain- que, quando o réu estiver fora do território da juris-
da que ausente ou foragido, será processado ou julga- dição do juiz processante, será citado mediante
do sem defensor.
c) nenhum acusado, com exceção do foragido, será pro- a) qualquer meio que o juiz entenda idôneo.
cessado ou julgado sem defensor. b) edital.
d) nenhum acusado, com exceção do revel, será proces- c) precatória.
sado ou julgado sem defensor. d) carta com aviso de recebimento, “de mão própria”.
e) nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será e) videoconferência.
processado ou julgado sem defensor.
11. (VUNESP – 2017) A, indiciado nos autos do inqué-
7. (VUNESP – 2015) No que concerne à estruturação rito policial, no qual foi representado por defensor
da defesa de acusados em juízo criminal, é correto constituído, encerrada a investigação, foi denuncia-
afirmar (CPP, art. 263): do pelo Ministério Público pela prática de crime de
estelionato previdenciário. Residente em jurisdição
diversa de onde tramita o processo, teve a citação
a) o acusado que é Advogado pode apresentar defesa
ordenada por Carta Precatória. No Juízo deprecado,
“em nome próprio”, sem necessidade de constituição
o Oficial de Justiça tentou por diversas vezes citar
de outro profissional.
A, no endereço de sua residência e trabalho, sem
b) o acusado que não constituir Advogado será obriga-
êxito. Desconfiado de que A estaria se ocultando, o
toriamente defendido por Procurador Municipal ou Oficial de Justiça o citou, com hora certa. Devolvida
Estadual. a carta precatória, o Ministério Público Federal, por
c) o Juiz não pode indicar Advogado de forma compulsó- achar prematura a citação com hora certa, já que a
ria a um acusado, que sempre tem o direito inalienável informação dada nos endereços diligenciados pelo
de articular a própria defesa, ainda que não seja habili- Sr. Oficial de Justiça foi de que A estaria em viagem,
tado para tanto. no exterior, pleiteou a expedição de nova carta pre-
d) se for indicado um Defensor Público ao acusado, este catória, para mais uma tentativa de citação pessoal.
não pode desconstituí-lo para nomear um profissional Expedida nova Carta Precatória, A não foi citado.
de sua confiança. Desta feita, segundo certificou o Oficial de Justiça,
e) apenas nos crimes mais graves o acusado deve obri- A não mais trabalhava e residia nos endereços ante-
gatoriamente ser assistido por Advogado, podendo riormente diligenciados. A informação dada ao Ofi-
articular a própria defesa, mesmo sem habilitação, cial de Justiça foi de que A teria se mudado para os
132 nos casos em que não está em risco sua liberdade. Estados Unidos. Devolvida a carta precatória, após
expedição de ofícios, obteve-se o endereço de A, no c) Sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção
exterior. Expedida carta rogatória, o Juiz determi- máxima cominada seja inferior a 5 (cinco) anos de
nou a suspensão do prazo prescricional, aguardan- pena privativa de liberdade.
do-se o cumprimento da citação de A. d) Sumaríssimo, quando tiver por objeto crime cuja san-
A respeito da situação hipotética, nos termos do Códi- ção máxima cominada seja inferior a 3 (três) anos de
go de Processo Penal, é correto afirmar que: pena privativa de liberdade.
e) Ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção
a) a modalidade de citação com hora certa não se aplica máxima cominada for igual ou superior a 3 (três) anos
ao processo penal, sendo prevista apenas no proces- de pena privativa de liberdade.
so cível.
b) a citação com hora certa se aplica ao processo penal 15. (VUNESP – 2015) Nas infrações penais de menor
e, tal qual ocorre na modalidade de citação por Edital, potencial ofensivo, quando o juizado especial cri-
não comparecendo o acusado, suspende-se o proces- minal encaminhar ao juízo comum as peças exis-
so e o curso do prazo prescricional. tentes para a adoção de outro procedimento, de
c) uma vez que A foi representado no inquérito policial acordo com o art. 538 do CPP, o rito adotado será
por defensor constituído, sua citação poderia ter sido
feita na pessoa do advogado, mediante intimação no a) o ordinário.
Diário Oficial. b) o sumário.
d) a expedição de carta rogatória para citação do réu não c) livremente estabelecido pelo juiz.
implica suspensão do prazo prescricional. Tal se dá d) o sumaríssimo.
apenas nas modalidades de citação por Edital e com e) o especial.
hora certa.
e) enquanto não localizado o acusado, a formação do 16. (VUNESP – 2019) Assinale a alternativa cuja pena,
processo não estará completa. hipoteticamente, atrairia a competência dos Juiza-
dos Especiais Criminais, nos termos do art. 61 da
12. (VUNESP – 2015) Em que momento a lei processual Lei no 9.099/95.
penal (CPP, art. 363) considera que o processo com-
pleta sua formação? a) Reclusão de 1 a 2 anos.
b) Detenção de 1 a 3 anos.
a) Constituição de defensor após a citação. c) Reclusão de 1 a 3 anos, e multa.
b) Citação do acusado. d) Prisão simples de 2 a 4 anos, e multa.
c) Recebimento da denúncia. e) Detenção de 2 a 4 anos, e multa.
d) Apresentação de resposta escrita.
e) Juntada do mandado de citação aos autos. 17. (VUNESP – 2018) A respeito da Lei no 9.099/95 (arts.
60 a 83; 88 e 89), assinale a alternativa correta.
13. (VUNESP – 2015) Nos termos do artigo 366 do Códi-
go de Processo Penal, se o acusado, citado por edi- a) Reunidos os processos, por força de conexão ou con-
tal, não comparecer nem constituir advogado: tinência, perante o juízo comum ou tribunal do júri,
observar-se-ão os institutos da transação penal e da
a) será determinada vista ao Ministério Público, sob pena composição dos danos civis.
b) Nos crimes em que a pena mínima cominada for infe-
de nulidade absoluta.
rior a 02 (dois) anos, o Ministério Público, ao oferecer
b) os autos permanecerão arquivados em Cartório, por
denúncia, poderá propor a suspensão condicional do
período de 180 (cento e oitenta) dias, para renovação processo ao acusado que não esteja sendo processa-
de diligências de localização, pela imprescindibilidade do ou não tenha sido condenado por outro crime.
da citação pessoal no processo penal. c) O acordo de composição civil entre o acusado e a víti-
c) será determinada vista à Defensoria Pública, para ofe- ma, nos casos de ação penal pública, condicionada e
recimento de resposta, em respeito ao princípio da incondicionada, implica extinção da punibilidade ao
ampla defesa. autor do fato.
d) ficará suspenso o processo, podendo o juiz determi- d) Não sendo encontrado o acusado, o feito permanece-
nar a produção antecipada das provas consideradas rá no Juizado Especial Criminal, mas ficará suspenso,
urgentes e, se for o caso, decretar a prisão preventiva, até que seja localizado.
nos termos do artigo 312. e) São consideradas infrações de menor potencial ofen-
sivo as contravenções e os crimes a que a lei comine
DIREITO PROCESSUAL PENAL

e) ficarão suspensos o processo e o curso prescricional,


podendo o juiz determinar a produção antecipada das pena máxima não superior a 03 (três) anos, cumulada
provas consideradas urgentes e, se for o caso, decre- ou não com multa.
tar a prisão preventiva, nos termos do artigo 312.
18. (VUNESP – 2018) Nos termos da Lei no 9.099/95,
com as alterações feitas pela Lei no 11.313/06 (Lei
14. (VUNESP – 2017) Assinale a alternativa correta
dos Juizados Especiais Criminais), é correto afirmar
no que diz respeito ao procedimento comum dos
que
processos em espécie, consoante disposições do
Código de Processo Penal.
a) consideram-se infrações penais de menor potencial
ofensivo os crimes a que a lei comine pena máxima
a) Ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção não superior a um ano, prevendo ou não a lei procedi-
máxima cominada for igual ou superior a 2 (dois) anos mento especial.
de pena privativa de liberdade. b) consideram-se infrações penais de menor potencial
b) Sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção ofensivo as contravenções penais a que a lei comine
máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena máxima não superior a um ano, prevendo ou não
pena privativa de liberdade. a lei procedimento especial. 133
c) além das hipóteses do Código Penal e da legislação
especial, dependerá de representação a ação penal 10 C
relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões 11 E
culposas.
d) a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais 12 B
leves independe de representação da vítima lesionada,
entretanto, se o crime for de lesão corporal culposa, há 13 E
necessidade da representação.
14 B
e) além das hipóteses do Código Penal e da legislação
especial, dependerá de representação a ação penal 15 B
relativa aos crimes de lesões corporais dolosas e
lesões culposas leves. 16 A

19. (VUNESP – 2018) Acerca dos Juizados Especiais 17 A


Criminais, assinale a alternativa correta. 18 C

a) Os critérios orientadores do processo perante o Juiza- 19 B


do Especial previstos na lei são: oralidade, brevidade,
discricionariedade regrada e mitigação. 20 A
b) Uma contravenção penal cuja pena máxima ultrapas-
se o patamar de 2 (dois) anos será julgada no Juizado
Especial Criminal.
c) A competência do Juizado será determinada pelo
lugar em que foi praticada ou consumada a infração
ANOTAÇÕES
penal.
d) Segundo prevê a Lei nº 9.099/95, cabem embargos de
declaração quando, em sentença ou acórdão, houver
erro, obscuridade, contradição ou omissão.
e) Se não há previsão na Lei nº 9.099/95 sobre o núme-
ro de testemunhas que poderão ser ouvidas, deve ser
aplicado, por analogia, o quanto previsto para o proce-
dimento ordinário.

20. (VUNESP – 2018) Considere o seguinte caso hipo-


tético: o fornecedor de um determinado produto
faz afirmação falsa ou omite informação relevante
sobre a sua natureza, característica e qualidade. É
correto afirmar que

a) independentemente de ser dolosa ou culposa a condu-


ta, a infração penal é de menor potencial ofensivo.
b) sendo culposa a conduta do fornecedor, o fato será
atípico.
c) somente será considerado crime contra a relação de
consumo se a conduta for dolosa e houver representa-
ção do consumidor.
d) o fornecedor cometeu um crime doloso contra a rela-
ção de consumo, apenado com reclusão.
e) a pena aplicável à conduta é de multa e a ação penal
dependerá de representação do consumidor.

9 GABARITO

1 A

2 D

3 A

4 C

5 A

6 E

7 A

8 A

9 E
134
Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do
conhecimento do fato, a parte alegará o impedimen-
to ou a suspeição, em petição específica dirigida ao
juiz do processo, na qual indicará o fundamento da
recusa, podendo instruí-la com documentos em que
DIREITO PROCESSUAL se fundar a alegação e com rol de testemunhas.
§ 1º Se reconhecer o impedimento ou a suspeição

CIVIL ao receber a petição, o juiz ordenará imediatamen-


te a remessa dos autos a seu substituto legal, caso
contrário, determinará a autuação em apartado da
petição e, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentará
suas razões, acompanhadas de documentos e de rol
de testemunhas, se houver, ordenando a remessa
DO JUIZ E DOS AUXILIARES DA do incidente ao tribunal.
JUSTIÇA § 2º Distribuído o incidente, o relator deverá decla-
rar os seus efeitos, sendo que, se o incidente for
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO recebido:
I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a
O órgão judiciário (Juízo ou Tribunal) deve ser correr;
imparcial. Impedimento e suspeição são institutos II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá
que tratam das hipóteses em que a imparcialidade suspenso até o julgamento do incidente.
pode estar violada. § 3º Enquanto não for declarado o efeito em que é
recebido o incidente ou quando este for recebido
As causas de impedimento estão tipificadas no
com efeito suspensivo, a tutela de urgência será
art. 144, enquanto as de suspeição estão no art. 145,
requerida ao substituto legal.
ambos do CPC/2015. Vejamos:
§ 4º Verificando que a alegação de impedimento ou
de suspeição é improcedente, o tribunal rejeitá-la-á.
Art. 144 Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado § 5º Acolhida a alegação, tratando-se de impedi-
exercer suas funções no processo: mento ou de manifesta suspeição, o tribunal con-
I - em que interveio como mandatário da parte, denará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu
oficiou como perito, funcionou como membro do substituto legal, podendo o juiz recorrer da decisão.
Ministério Público ou prestou depoimento como § 6º Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o
testemunha; tribunal fixará o momento a partir do qual o juiz
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, não poderia ter atuado.
tendo proferido decisão; § 7º O tribunal decretará a nulidade dos atos do
III - quando nele estiver postulando, como defen- juiz, se praticados quando já presente o motivo de
sor público, advogado ou membro do Ministério impedimento ou de suspeição.
Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer
Art. 147 Quando 2 (dois) ou mais juízes forem
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou
parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou
colateral, até o terceiro grau, inclusive;
colateral, até o terceiro grau, inclusive, o primeiro
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu
que conhecer do processo impede que o outro nele
cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo
atue, caso em que o segundo se escusará, remeten-
ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
do os autos ao seu substituto legal.
grau, inclusive;
Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e
V - quando for sócio ou membro de direção ou de
de suspeição:
administração de pessoa jurídica parte no processo;
I - ao membro do Ministério Público;
VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou
II - aos auxiliares da justiça;
empregador de qualquer das partes;
III - aos demais sujeitos imparciais do processo.
VII - em que figure como parte instituição de ensino
§ 1º A parte interessada deverá arguir o impedi-
com a qual tenha relação de emprego ou decorrente
mento ou a suspeição, em petição fundamentada e
de contrato de prestação de serviços;
devidamente instruída, na primeira oportunidade
VIII - em que figure como parte cliente do escritó-
em que lhe couber falar nos autos.
rio de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou
§ 2º O juiz mandará processar o incidente em
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou
separado e sem suspensão do processo, ouvindo o
colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que
arguido no prazo de 15 (quinze) dias e facultando a
patrocinado por advogado de outro escritório;
produção de prova, quando necessária.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

IX - quando promover ação contra a parte ou seu


§ 3º Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1º
advogado.
será disciplinada pelo regimento interno.
Art. 145 Há suspeição do juiz:
§ 4º O disposto nos §§ 1º e 2º não se aplica à argui-
I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes
ção de impedimento ou de suspeição de testemunha.
ou de seus advogados;
II - que receber presentes de pessoas que tiverem
interesse na causa antes ou depois de iniciado o O impedimento relaciona-se a circunstâncias de
processo, que aconselhar alguma das partes acerca índole objetiva, muitas vezes relacionadas à existência
do objeto da causa ou que subministrar meios para de relações jurídicas entre o juiz e outros sujeitos do
atender às despesas do litígio; processo. Os incisos I, II e III, do art. 144, referem-se à
III - quando qualquer das partes for sua credora atuação do magistrado no processo, em qualquer posi-
ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de ção. As demais hipóteses são específicas, mas traduzem
parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, relações contratuais, de sucessão e trabalhistas, como
inclusive; as dos incisos V, VI e VII. Os incisos IV e VIII tratam das
IV - interessado no julgamento do processo em relações de parentesco (sobre os graus de parentes-
favor de qualquer das partes. co, ver tópico relacionado às causas de Impedimento 135
legal para a citação). E o inciso IX trata de litígio entre o São auxiliares permanentes: escrivão ou che-
magistrado contra a parte ou seu advogado. fe de secretaria; oficial de justiça; contador judicial;
Já as causas de suspeição referem-se a circunstân- distribuidor. Os auxiliares permanentes são servi-
cias marcadamente subjetivas, que revelam a proxi- dores do Poder Judiciário à disposição do juízo para
midade ou interesse do juiz na causa capaz de ferir atuar, quando necessário, em qualquer processo. Sua
sua imparcialidade. O impedimento induz presunção remuneração é a do próprio cargo que exercem no
absoluta de parcialidade, enquanto a suspeição apenas Judiciário.
presunção relativa, admitindo-se prova em contrário. São auxiliares eventuais: perito; intérprete; deposi-
Questão interessante diz respeito se a causa da sus- tário particular de bens; inventariante; administrador
peição é superveniente à atuação do magistrado. Ima- judicial; tradutor. Esses auxiliares não são servidores
gine a hipótese de que o juiz tenha concedido tutela de do Poder Judiciário, atuam mediante nomeação do
urgência nos autos, mas antes da sentença, passa a ter juiz e são remunerados por honorários a serem arbi-
relações de amizade com uma das partes, ou ocorra trados pelo próprio juiz.
qualquer causa de suspeição, vindo a declarar-se sus-
peito por motivo de foto íntimo. Indaga-se: as decisões DO ESCRIVÃO, DO CHEFE DE SECRETARIA E DO
por ele proferidas anteriormente serão afetadas pela OFICIAL DE JUSTIÇA
suspeição superveniente? O Superior Tribunal de Jus-
tiça disse que não, passando a incidir apenas depois A previsão das funções e atos praticados pelo
de efetivamente declarada pelo magistrado (STJ, 1ª escrivão ou chefe de secretaria, bem como pelo ofi-
Seção, PET no Resp 1.339.313-RJ, Rel. Min. Sérgio Kuki- cial de justiça está entre os arts. 150 e 155, além dos
na, Rel. para acórdão Min. Assusete Magalhães, julga- arts. 206 a 211, todos do CPC. Além dessas normas, as
do em 13/04/2016 – Informativo nº 587). leis de organização judiciárias podem dispor sobre as
Outro caso decidido, também, pelo STJ diz respei- funções desses profissionais.
to ao eventual impedimento de desembargador que Incumbe ao escrivão ou chefe de secretaria, nos
participa, como revisor, no julgamento de apelação, termos do art. 152, do CPC:
quando seu cônjuge, também desembargadora, pro-
feriu decisão em agravo de instrumento oriundo da I - redigir, na forma legal, os ofícios, os mandados,
mesma causa originária. Essa é a regra atual do art. as cartas precatórias e os demais atos que perten-
147, anteriormente citado, que visa evitar possível çam ao seu ofício;
II - efetivar as ordens judiciais, realizar citações
influência entre os magistrados em virtude de víncu-
e intimações, bem como praticar todos os demais
los afetivos e familiares. Entretanto, o STJ entendeu
atos que lhe forem atribuídos pelas normas de
que não se aplica o impedimento quando a decisão organização judiciária;
anterior não aprecia o mérito, já que extinta por per- III - comparecer às audiências ou, não podendo
da de objeto. fazê-lo, designar servidor para substituí-lo;
Imagine que o cônjuge tenha atuado no julgamen- IV - manter sob sua guarda e responsabilidade
to de agravo de instrumento, o qual não teve seu méri- os autos, não permitindo que saiam do cartório,
to analisado, sendo extinto por questões processuais exceto:
(perda do objeto por superveniência de sentença no a) quando tenham de seguir à conclusão do juiz;
processo de origem). Esse seria o caso, mas sem inci- b) com vista a procurador, à Defensoria Pública, ao
dir no impedimento, já que não apreciado o mérito Ministério Público ou à Fazenda Pública;
da causa. c) quando devam ser remetidos ao contabilista ou
ao partidor;
d) quando forem remetidos a outro juízo em razão
Importante! da modificação da competência;
V - fornecer certidão de qualquer ato ou termo do
O juiz pode declarar-se suspeito por motivo de processo, independentemente de despacho, obser-
foro íntimo, sem necessidade de expor suas vadas as disposições referentes ao segredo de
razões (§ 1º, do Art. 145, do CPC). justiça;
VI - praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios.

DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA O escrivão administra internamente o serviço den-


tro de sua serventia judicial, possuindo, como subor-
Os auxiliares da justiça compreendem todas as dinados, outros servidores, também auxiliares, como
funções, cargos ou profissionais que auxiliam direta oficiais de apoio, escreventes, estagiários do Poder
ou indiretamente o juiz em seu mister. Dividem-se Judiciário etc.
em auxiliares permanentes (servidores do Poder Judi- O art. 153, do CPC, sofreu alteração pela Lei nº
ciário) e eventuais (terceiros que, no cumprimento 13.256/2016 para, assim, prever: “Art. 153. O escrivão
de determinado encargo, exercem função específica ou o chefe de secretaria atenderá, preferencialmente,
e pontual no processo). O CPC/2015 arrola diversos à ordem cronológica de recebimento para publicação
auxiliares, totalizando 14 funções/profissionais: e efetivação dos pronunciamentos judiciais.” Veja que
a redação anterior dispunha que a ordem cronológi-
Art. 149 São auxiliares da Justiça, além de outros ca seria obrigatoriamente observada, mas a alteração
cujas atribuições sejam determinadas pelas nor- legislativa a tornou opcional.
mas de organização judiciária, o escrivão, o chefe Já o oficial de justiça é o executor das ordens
de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o depo- judiciais e diligências externas à sede do juízo, pos-
sitário, o administrador, o intérprete, o tradutor, o suindo atribuições essenciais para assegurar a efetivi-
mediador, o conciliador judicial, o partidor, o dis- dade da tutela jurisdicional. Seus atos são dotados de
136 tribuidor, o contabilista e o regulador de avarias. fé pública, consistente na presunção de legalidade e
veracidade de sua atuação. Assim, uma certidão lavra- Além de elecancar algumas atribuições, o capítulo
da pelo oficial de justiça somente pode ser descons- relativo aos auxiliares da justiça traz em seu esboço algu-
tituída por prova em sentido contrário, motivo pelo mas normas de organização e funcionamento. Vejamos:
qual a presunção é relativa (presunção iuris tantum).
Veja um exemplo a esse respeito conforme extraído Art. 150 Em cada juízo haverá um ou mais ofícios
da jurisprudência do TJMG: de justiça, cujas atribuições serão determinadas
pelas normas de organização judiciária.
Art. 151 Em cada comarca, seção ou subseção judi-
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRELI-
ciária haverá, no mínimo, tantos oficiais de justiça
MINAR SUSCITADA NAS RAZÕES RECURSAIS
quantos sejam os juízos.
- ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE FUNDAMENTA-
ÇÃO - NÃO CONSTATAÇÃO - REJEIÇÃO. AÇÃO DE
EXECUÇÃO. AVALIAÇÃO DO IMÓVEL REALIZADA
PELO OFICIAL DE JUSTIÇA - PROVA DE ERRO -
NÃO APRESENTAÇÃO DE ELEMENTOS CONVI-
EXERCÍCIOS COMENTADOS
CENTES - DESCONSTITUIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE. 1. (SEAP – 2018) São auxiliares da Justiça, além de
- Verificando-se que a decisão vergastada está fun- outros cujas atribuições sejam determinadas pelas
damentada, não há razão para anulá-la. normas de organização judiciária:
- Para a desconstituição da avaliação efetivada por
um Oficial de Justiça, que é dotado de fé pública, a) O escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de justiça,
necessária a apresentação de elementos convincen- o perito, o depositário, o administrador, o intérprete, o
tes de que este tenha, quando da avaliação, incor- tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor,
rido em erro; sem esta comprovação, não há como o distribuidor, o contabilista, o regulador de avarias, o
acolher a pretensão. porteiro e o motorista particular do juiz.
(TJMG - Agravo de Instrumento-Cv 1.0024.14.248122-5/002, b) O escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de justiça,
Relator(a): Des.(a) Pedro Bernardes de Oliveira, 9ª CÂMARA CÍVEL, o perito, o depositário, o administrador, o intérprete, o
julgamento em 16/06/2020, publicação da súmula em 25/06/2020) tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o
distribuidor, o contabilista e o regulador de avarias.
São exemplos de atos praticados pelo oficial: cita- c) O escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de justiça,
ção, intimação, penhora, avaliação, arresto de bens, o perito, o depositário, o administrador, o intérprete, o
certificar proposta de acordos quando do cumprimen- tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o
to de diligências etc. Suas atribuições estão elencadas distribuidor e o contabilista.
no art. 154: d) O escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de justiça,
o perito, o depositário, o administrador, o intérprete, o
tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o distribui-
Art. 154 Incumbe ao oficial de justiça:
dor, o contabilista e o regulador de avarias.
I - fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras,
arrestos e demais diligências próprias do seu ofício,
sempre que possível na presença de 2 (duas) teste- A alternativa correta arrola todos aqueles tipifica-
munhas, certificando no mandado o ocorrido, com dos no art. 149 do CPC: “São auxiliares da Justiça,
menção ao lugar, ao dia e à hora; além de outros cujas atribuições sejam determinadas
II - executar as ordens do juiz a que estiver pelas normas de organização judiciária, o escrivão,
subordinado; o chefe de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o
III - entregar o mandado em cartório após seu depositário, o administrador, o intérprete, o tradutor,
cumprimento; o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o distri-
IV - auxiliar o juiz na manutenção da ordem; buidor, o contabilista e o regulador de avarias”.
V - efetuar avaliações, quando for o caso; A letra “A” menciona, equivocadamente, o porteiro e o
VI - certificar, em mandado, proposta de autocom- motorista particular do juiz. A letra “C” omite alguns
posição apresentada por qualquer das partes, na auxiliares. A letra “D” também omite. Lembre-se de
ocasião de realização de ato de comunicação que que o CPC arrola 14 auxiliares. Resposta: Letra B.
lhe couber.
2. (VUNESP – 2018) Legalmente, incumbe ao escrivão
z Responsabilidade do Escrivão ou Chefe de Secreta- ou ao chefe de secretaria:
ria e do Oficial de Justiça:
a) Efetuar avaliações, quando for o caso.
Art. 155 O escrivão, o chefe de secretaria e o oficial b) Certificar proposta de autocomposição apresentada
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

de justiça são responsáveis, civil e regressivamente, por qualquer das partes, na ocasião de realização de
quando: ato de comunicação que lhe couber.
I - sem justo motivo, se recusarem a cumprir no c) Manter sob sua guarda e responsabilidade os bens
prazo os atos impostos pela lei ou pelo juiz a que móveis de pequeno valor penhorados.
estão subordinados; d) Auxiliar o juiz na manutenção da ordem.
II - praticarem ato nulo com dolo ou culpa. e) Comparecer às audiências ou, não podendo fazê-lo,
designar servidor para substituí-lo.
Da mesma forma que estabelece a responsabi-
lidade do juiz, o CPC/2015 também trata da respon- A função está no art. 152, III, do CPC. “Art. 152.
sabilidade desses auxiliares. Os atos passíveis de Incumbe ao escrivão ou ao chefe de secretaria
responsabilização decorrem de atuações dolosas [...] III - comparecer às audiências ou, não poden-
ou culposas, ativas ou omissivas. O inciso primeiro do fazê-lo, designar servidor para substituí-lo”. As
refere-se à atuação omissiva, enquanto o outro inci- demais funções citadas não se referem ao escrivão,
so refere-se às condutas ativas, pressupondo um agir mas ao oficial de justiça (A, B e D) ou do depositário.
contrário à lei, dolosa ou culposamente. Resposta: Letra E. 137
3. (CONSULPLAN – 2017) Relativamente aos deveres- e) Mesmo quando a lei exigir iniciativa das partes, deverá
-poderes do juiz e a forma de condução do processo, o juiz conhecer de quaisquer questões, ainda que não
julgue as afirmações: suscitadas por elas, em razão do princípio publicístico
do processo.
I. O juiz pode determinar, a qualquer tempo, o compa-
recimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre A hipótese está prevista no art. 139, IV, do CPC.
os fatos da causa, hipótese em que incidirá a pena de “Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as
confesso. disposições deste Código, incumbindo-lhe: [...] IV -
II. Prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à digni- determinar todas as medidas indutivas, coercitivas,
dade da justiça e indeferir postulações meramente mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para
protelatórias. assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusi-
III. Promover, a qualquer tempo, a autocomposição, prefe- ve nas ações que tenham por objeto prestação pecu-
rencialmente com auxílio de conciliadores e mediado- niária”. Resposta: Letra C.
res judiciais.
IV. Dilatar os prazos processuais, adequando-os às
necessidades do conflito de modo a conferir maior
efetividade à tutela do direito.
DA FORMA, DO TEMPO E DO LUGAR
Está correto o que se afirma em: DOS ATOS PROCESSUAIS
a) I e II, apenas. O procedimento – rito seguido pelo processo –
b) II, III e IV, apenas. estrutura-se em atos processuais. Isso quer dizer que
c) III e IV, apenas. a forma pela qual o processo aparece (realidade apa-
d) I, II, III e IV. rente do processo) é por meio dos atos processuais.
Assim, tanto as partes como o juiz e seus auxiliares
A questão exige conhecimento do art. 139 do CPC, (escrivão, oficial de justiça, distribuidor etc.) praticam
que estabelece os poderes do juiz. No item I da ques- atos processuais (exemplos: petição inicial, contesta-
tão, a referência é ao inciso VIII, contudo, pela lei, ção, certidões, termos, sentença, decisões interlocutó-
não incidirá a pena de confesso. Resposta: Letra B. rias, despachos etc.). Posto isso, podemos conceituar
ato processual como todo comportamento humano
4. (PREFEITURA DE MONDAÍ-SC – 2019) Com base no voluntário capaz de produzir efeitos jurídicos no
Código de Processo Civil, assinale a única alternativa processo.
que contém hipótese de impedimento do juiz: O estudo dos atos processuais leva em conta a for-
ma (as formalidades) pelas quais eles são praticados,
a) Quando qualquer das partes for sua credora ou deve- assim como o tempo e o lugar. Abordaremos todos
dora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes
esses pontos na sequência.
destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive.
b) Quando for interessado no julgamento do processo
DA FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS
em favor de qualquer das partes.
c) Quando for amigo íntimo ou inimigo de qualquer das
partes ou de seus advogados. Como se sabe, o processo obedece a alguns requisi-
d) Quando for sócio ou membro de direção ou de admi- tos, que são as formalidades. Para que o ato seja váli-
nistração de pessoa jurídica parte no processo. do, às vezes a lei estabelece quais requisitos devem
ser seguidos, por exemplo, quando fala dos requisitos
Hipótese prevista no art. 144, V, do CPC. “Art. 144. da petição inicial (art. 319) ou da sentença (art. 489).
Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer Assim, se tais requisitos são descumpridos, deve-se
suas funções no processo: [...] V - quando for sócio verificar se o ato deve ser anulado, o que será aborda-
ou membro de direção ou de administração de pes- do no tópico das nulidades processuais.
soa jurídica parte no processo”. As demais hipóte- Por ora, deve-se salientar que, como regra, preva-
ses referem-se à suspeição. Resposta: Letra D. lece a liberdade das formas, isto é: os atos não têm
forma específica, a não ser quando exigida por lei,
5. (FCC – 2018) Em relação aos poderes, deveres e à res- segundo o art. 188 do CPC: Os atos e os termos proces-
ponsabilidade do juiz, é correto afirmar: suais independem de forma determinada, salvo quando
a lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os
a) Quando houver lacuna ou obscuridade no ordenamen- que, realizados de outro modo, lhe preencham a finali-
to jurídico, caberá ao juiz remeter as partes ao juízo dade essencial. Caso a lei estabeleça a formalidade, o
arbitral, de ofício ou a requerimento da parte. critério será o da legalidade das formas.
b) Não é possível ao juiz diminuir ou dilatar os prazos Eles podem ser praticados em autos físicos ou na
processuais, que são peremptórios. forma eletrônica, como regulamentado a partir do
c) Cabe ao juiz determinar todas as medidas indutivas, art. 193. Como regra, os atos serão públicos, permitin-
coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessá- do que qualquer pessoa a eles tenha acesso. Mas há
rias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, processos que tramitam em segredo de justiça, como
inclusive nas ações que tenham por objeto prestação aqueles estabelecidos pelo art. 189 do CPC:
pecuniária.
d) O julgamento por equidade, no atual ordenamento Art. 189 Os atos processuais são públicos, todavia
processual civil, tornou-se regra geral, em busca da tramitam em segredo de justiça os processos:
138 melhor realização da justiça. I - em que o exija o interesse público ou social;
II - que versem sobre casamento, separação de cor- § 2º Dispensa-se a intimação das partes para a prá-
pos, divórcio, separação, união estável, filiação, ali- tica de ato processual ou a realização de audiência
mentos e guarda de crianças e adolescentes; cujas datas tiverem sido designadas no calendário.
III - em que constem dados protegidos pelo direito
constitucional à intimidade; Veja que o calendário vincula as partes e o juiz, tra-
IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre tando-se de ato que produz efeitos em relação a todos
cumprimento de carta arbitral, desde que a confi- os sujeitos do processo.
dencialidade estipulada na arbitragem seja com-
provada perante o juízo.
Art. 192 Em todos os atos e termos do processo é
obrigatório o uso da língua portuguesa.
Nesses casos, o acesso aos autos se dará somente Parágrafo único. O documento redigido em lín-
às partes e seus procuradores, além dos membros do gua estrangeira somente poderá ser juntado aos
Poder Judiciário (juiz e auxiliares). autos quando acompanhado de versão para a lín-
Uma questão interessante diz respeito aos negó- gua portuguesa tramitada por via diplomática ou
cios jurídicos processuais, espécie de ato processual pela autoridade central, ou firmada por tradutor
pela qual as partes dispõem sobre mudanças no pro- juramentado.
cedimento para ajustá-lo às particularidades de seu
caso. O art. 192 determina que nos atos e termos do pro-
Imagine que as partes queiram estipular a mudan- cesso se observe a língua portuguesa ou, caso assim
ça dos prazos, que todos que se derem no curso da não seja, deverão vir acompanhados da respectiva
fase de conhecimento – etapa destinada a certificar tradução.
o direito controvertido – sejam de cinco dias, ou que
não haverá recurso contra decisões interlocutórias Da Prática Eletrônica dos Atos Processuais
(como o agravo de instrumento), reservando o duplo
grau de jurisdição apenas para o recurso contra a sen- Os atos processuais podem ser praticados em
tença (apelação). autos físicos ou eletrônicos. Autos dizem respeito à
Veja a expressa disposição do art. 190 do CPC, que
documentação dos atos processuais, cabendo aqui
trata dos negócios jurídicos processuais:
diferenciar alguns termos já citados:
Art. 190 Versando o processo sobre direitos que
admitam autocomposição, é lícito às partes ple- z Processo: Instrumento pelo qual o Estado atua
namente capazes estipular mudanças no procedi- para aplicar o ordenamento jurídico;
mento para ajustá-lo às especificidades da causa z Procedimento: Algo mais formal, sendo visto
e convencionar sobre os seus ônus, poderes, facul- como a sequência de atos processuais que permi-
dades e deveres processuais, antes ou durante o tirão ao Estado aplicar o Direito. É a forma como o
processo. processo se exterioriza;
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz z Autos: Documentação dos atos processuais. Os autos
controlará a validade das convenções previstas
é que são consultados pelos sujeitos do processo.
neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos
casos de nulidade ou de inserção abusiva em con-
trato de adesão ou em que alguma parte se encon- Atualmente, os atos processuais podem ser prati-
tre em manifesta situação de vulnerabilidade. cados de forma eletrônica; o CPC/2015 trata dessa prá-
tica em seus arts. 193 a 199. Mas antes de o CPC/2015
Veja que o Código dá ao juiz o poder de controlar a tratar dessa questão, já existia a Lei nº 11.419/2006,
validade do negócio jurídico processual, que declara- regulando a informatização do processo judicial civil,
rá eventuais nulidades ou abusividades, além da desi- penal, trabalhista e nos juizados especiais, em qual-
gualdade caso uma das partes esteja em situação de quer grau de jurisdição.
manifesta vulnerabilidade. A prática eletrônica de atos processuais pode ser
O CPC/2015 ainda trata da calendarização proces- total ou parcial, como diz o art. 193 do CPC:
sual como mais uma oportunidade de as partes defi-
nirem o tempo para a prática de atos processuais. Art. 193 Os atos processuais podem ser total ou
As partes podem definir data para a prática de atos parcialmente digitais, de forma a permitir que
processuais, como uma audiência, a produção de uma sejam produzidos, comunicados, armazenados e
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

prova etc. Claramente, pode haver um ganho na efi- validados por meio eletrônico, na forma da lei.
ciência do processo, contribuindo decisivamente para Parágrafo único. O disposto nesta Seção aplica-se,
a garantia da razoável duração do processo, que é no que for cabível, à prática de atos notariais e de
princípio constitucional garantido no inciso LXXVIII registro.
do art. 5º da Constituição Federal de 1988.
Essa possibilidade de instituir calendário para a Esse tratamento misto do CPC deve-se, evidente-
prática de atos processuais está definida no art. 191 mente, à diversidade de níveis de informatização exis-
do CPC: tente no sistema jurisdicional. A duplicidade é notada,
inclusive, em regra do próprio CPC, como a do § 2º do
Art. 191 De comum acordo, o juiz e as partes
art. 229, que fixa prazo em dobro para o litisconsórcio
podem fixar calendário para a prática dos atos pro-
cessuais, quando for o caso. quando as partes tiverem diferente procuradores, o
§ 1º O calendário vincula as partes e o juiz, e os que se aplica apenas em autos físicos (de papel) (BAH-
prazos nele previstos somente serão modificados IA, A.; NUNES, D.; PEDRON, F. Q. Teoria geral do pro-
em casos excepcionais, devidamente justificados. cesso. Salvador: JusPodivm, 2020, p.741). 139
Dica É fato que o sistema utilizado para o processo ele-
trônico pode apresentar erros ou problemas técnicos,
As disposições sobre a prática eletrônica dos
tornando-se temporariamente indisponível. Se isso
atos processuais podem ser aplicadas aos ser- ocorrer, haverá a denominada justa causa, permitin-
viços notariais e de registro. do que a prática do ato ocorra em momento posterior.
O CPC/2015 diz que, verificada a justa causa, o juiz per-
Nessa temática, é importante conhecer alguns ter- mitirá à parte a prática do ato no prazo que lhe assinar
mos próprios do processo eletrônico, como os mencio- (§ 2º do art. 223,). Já a Lei nº 11.419/2006 diz que a
nados no § 2º do art. 1º da Lei nº 11.419/2006: indisponibilidade do sistema prorroga o prazo para o
próximo dia útil subsequente à resolução do proble-
Art. 1º O uso de meio eletrônico na tramitação de ma (§ 2º do art. 10).
processos judiciais, comunicação de atos e trans-
missão de peças processuais será admitido nos ter- Art. 197 Os tribunais divulgarão as informações
mos desta Lei. constantes de seu sistema de automação em pági-
[...] na própria na rede mundial de computadores,
§ 2º Para o disposto nesta Lei, considera-se: gozando a divulgação de presunção de veracidade
I - meio eletrônico qualquer forma de armazenamen- e confiabilidade.
to ou tráfego de documentos e arquivos digitais; Parágrafo único. Nos casos de problema técnico do
II - transmissão eletrônica toda forma de comu- sistema e de erro ou omissão do auxiliar da justiça
nicação a distância com a utilização de redes de responsável pelo registro dos andamentos, poderá
comunicação, preferencialmente a rede mundial de ser configurada a justa causa prevista no art. 223,
computadores; caput e § 1º.
III - assinatura eletrônica as seguintes formas de
identificação inequívoca do signatário: O processo eletrônico, como medida eficaz de pres-
a) assinatura digital baseada em certificado digital tação jurisdicional, é um direito não só das partes, mas
emitido por Autoridade Certificadora credenciada,
de todos os jurisdicionados, isto é, de todos aqueles que
na forma de lei específica;
se servem do Poder Judiciário na busca de seus direi-
b) mediante cadastro de usuário no Poder Judiciá-
tos. Por isso, o CPC/2015 ainda trata da acessibilidade
rio, conforme disciplinado pelos órgãos respectivos.
ampla ao sistema, como se dá nos arts. 198 e 199:
Vale destacar a importância dos arts. 194 e 195 do Art. 198 As unidades do Poder Judiciário deverão
CPC, no sentido de que a forma eletrônica dos atos pro- manter gratuitamente, à disposição dos interessa-
cessuais deve garantir o devido processo legal, princí- dos, equipamentos necessários à prática de atos
pio máximo do Direito Processual. Assim dispõem: processuais e à consulta e ao acesso ao sistema e
aos documentos dele constantes.
Art. 194 Os sistemas de automação processual Parágrafo único. Será admitida a prática de atos por
respeitarão a publicidade dos atos, o acesso e a meio não eletrônico no local onde não estiverem dis-
participação das partes e de seus procuradores, ponibilizados os equipamentos previstos no caput.
inclusive nas audiências e sessões de julgamento, Art. 199 As unidades do Poder Judiciário assegu-
observadas as garantias da disponibilidade, inde- rarão às pessoas com deficiência acessibilidade
pendência da plataforma computacional, acessibi- aos seus sítios na rede mundial de computadores,
lidade e interoperabilidade dos sistemas, serviços, ao meio eletrônico de prática de atos judiciais, à
dados e informações que o Poder Judiciário admi- comunicação eletrônica dos atos processuais e à
nistre no exercício de suas funções. assinatura eletrônica.
Art. 195 O registro de ato processual eletrônico
deverá ser feito em padrões abertos, que atenderão Veja que a prática do ato processual por meio
aos requisitos de autenticidade, integridade, tempo- eletrônico exige da parte ainda mais um requisito: o
ralidade, não repúdio, conservação e, nos casos que certificado emitido por Autoridade Certificadora cre-
tramitem em segredo de justiça, confidencialidade, denciada na forma da lei específica.
observada a infraestrutura de chaves públicas uni-
ficada nacionalmente, nos termos da lei. Atos das Partes

A interoperabilidade entre os sistemas ainda é As partes praticam diversos atos processuais,


um entrave no Poder Judiciário, isso porque há uma necessários para defender seus direitos. As postu-
diversidade de sistemas que podem eventualmente lações das partes são o meio pelo qual elas “conver-
prejudicar o trânsito dos atos processuais entre um e sam” com o juiz. Tendo elas uma demanda ou não
outro. Essa compatibilidade entre sistemas deve ser pretendendo que sua esfera jurídica seja afetada, evi-
regulamentada tanto pelo Conselho Nacional de Justi- dentemente devem buscar convencer o juiz de seus
ça e, supletivamente, pelos Tribunais, como estabele- argumentos. Isso se dá pelos atos processuais.
cido pelo art. 196 do CPC: Os atos das partes podem ser unilaterais ou bila-
terais, sendo aqueles os mais comuns. Como atos
Art. 196 Compete ao Conselho Nacional de Justiça unilaterais, podemos lembrar dos atos de postulação
e, supletivamente, aos tribunais, regulamentar a das partes, como petição inicial, contestação, réplica,
prática e a comunicação oficial de atos processuais requerimento para produção de provas e interposição
por meio eletrônico e velar pela compatibilidade de recursos. São atos que, para sua formação, basta a
dos sistemas, disciplinando a incorporação pro- vontade da parte que os pratica. Já a transação (quan-
gressiva de novos avanços tecnológicos e editando, do as partes fazem um acordo sobre o direito discu-
para esse fim, os atos que forem necessários, respei- tido no processo) é um ato bilateral, pois pressupõe
140 tadas as normas fundamentais deste Código. manifestação de vontade de ambos os envolvidos. Do
mesmo modo, lembre-se do negócio jurídico proces- por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts.
sual, que vimos há pouco. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento
Como regra, os atos iniciam a produção de efeitos comum, bem como extingue a execução.
logo que praticados: § 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento
judicial de natureza decisória que não se enquadre
no § 1º.
Art. 200 Os atos das partes consistentes em decla- § 3º São despachos todos os demais pronunciamen-
rações unilaterais ou bilaterais de vontade produ- tos do juiz praticados no processo, de ofício ou a
zem imediatamente a constituição, modificação ou requerimento da parte.
extinção de direitos processuais. § 4º Os atos meramente ordinatórios, como a junta-
Parágrafo único. A desistência da ação só produzi- da e a vista obrigatória, independem de despacho,
rá efeitos após homologação judicial. devendo ser praticados de ofício pelo servidor e
revistos pelo juiz quando necessário.
Art. 204 Acórdão é o julgamento colegiado proferi-
Importante! do pelos tribunais.
Art. 205 Os despachos, as decisões, as sentenças e
O pedido de desistência da ação produz efeitos os acórdãos serão redigidos, datados e assinados
somente depois de homologação judicial. Se o pelos juízes.
autor, por exemplo, pretende desistir da ação, § 1º Quando os pronunciamentos previstos no
caput forem proferidos oralmente, o servidor os
deverá formular o respectivo requerimento nos
documentará, submetendo-os aos juízes para revi-
autos, mas a desistência deve passar pela homo- são e assinatura.
logação judicial, a partir da qual produzirá efei- § 2º A assinatura dos juízes, em todos os graus de
tos. Se já ocorrida a contestação (defesa do réu), jurisdição, pode ser feita eletronicamente, na forma
o autor somente poderá desistir com a anuência da lei.
(concordância) da parte contrária. § 3º Os despachos, as decisões interlocutórias, o
dispositivo das sentenças e a ementa dos acórdãos
serão publicados no Diário de Justiça Eletrônico.
Os atos das partes podem ser assim classificados:
A sentença é o provimento jurisdicional que resol-
z Atos postulatórios: Atos nos quais as partes ve a lide, tanto na fase de conhecimento quanto na de
pedem ou requerem algo ao Juízo a fim de buscar a execução. As ações de conhecimento buscam consti-
sua pretensão ou defender seu direito. Dividem-se, tuir um direito em favor do autor, afastando a contro-
então, em pedidos e requerimentos. São exemplos: vérsia que paira sobre a relação das partes. Imagine
petição inicial, contestação, requerimento para uma ação de indenização na qual o autor busca com-
produção de provas, dentre outros; provar a ocorrência de ato ilícito e a condenação do
z Atos dispositivos: Aqueles pelos quais as partes réu à obrigação de indenizar. Trata-se de uma ação de
dispõem de um direito que possuem. Exemplos: conhecimento, a qual será resolvida mediante senten-
renúncia ao prazo recursal, renúncia a um meio
ça. Já na execução, a sentença coloca fim ao processo
probatório;
em virtude de alguma causa extintiva da obrigação,
z Atos instrutórios: Destinados a comprovar suas
alegações, a instruir o processo com a compro- como as arroladas no art. 924 do CPC.
vação dos fatos. Exemplos: oitiva de testemunha,
requisição de documentos. Art. 924 Extingue-se a execução quando:
I - a petição inicial for indeferida;
II - a obrigação for satisfeita;
É direito das partes exigir recibo dos atos que pra-
III - o executado obtiver, por qualquer outro meio, a
ticam em juízo quando entregam petições ou quais-
extinção total da dívida;
quer outros documentos.
IV - o exequente renunciar ao crédito;
V - ocorrer a prescrição intercorrente.
Art. 201 As partes poderão exigir recibo de peti-
ções, arrazoados, papéis e documentos que entre-
garem em cartório. Já os acórdãos são decisões judiciais colegiadas
Art. 202 É vedado lançar nos autos cotas marginais proferidas pelos Tribunais (TJMG, TJSP, STJ, STF etc.)
ou interlineares, as quais o juiz mandará riscar, no julgamento de recursos ou de ações originárias de
impondo a quem as escrever multa correspondente sua competência.
à metade do salário-mínimo. As decisões interlocutórias são aquelas proferidas
no decorrer do procedimento e que não configurem
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Pronunciados do Juiz sentenças. São interlocutórias as decisões que deci-


direm tutela de urgência, julgarem o incidente de
Os pronunciamentos judiciais são atos processuais desconsideração de personalidade jurídica, determi-
praticados pelo juiz que consistem na apreciação de narem a exibição de documento, versarem sobre a
alguma questão (de fato ou de direito), além de terem distribuição dos ônus da prova, dentre outras.
como objetivo também o mero andamento do proces- Já os despachos de mero expediente buscam ape-
so. Por meio de tais atos, o juiz exerce sua jurisdição, nas dar andamento ao processo, determinando pro-
dispondo sobre algo que foi requerido pelas partes ou
vidências acessórias não relacionadas diretamente à
determinando os atos subsequentes do procedimento.
solução da lide, como um despacho que determine a
Vejamos o que diz o CPC com relação aos pronun-
ciamentos judiciais: citação do réu, determine a juntada de um documen-
to, a expedição de um ofício etc.
Art. 203 Os pronunciamentos do juiz consistirão Entretanto, existem atos que sequer dependem de
em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. pronunciamento judicial, como os atos meramente
§ 1º Ressalvadas as disposições expressas dos pro- ordinatórios. São aqueles atos executados pelos auxi-
cedimentos especiais, sentença é o pronunciamento liares da justiça, os servidores do Judiciário, como a 141
juntada de um documento nos autos (anexação de Depois de distribuída a petição inicial, ela chega
documento aos autos do processo), a remessa dos ao escrivão, que deverá autuá-la. A autuação é ato de
autos ao Ministério Público nos casos em que deva documentação para a formação dos autos do processo,
intervir no processo, a certificação de um fato, como o pelo qual se mencionará o juízo onde tramita a ação,
decurso de prazo. o número do registro dessa ação, as partes e a data
Caso algum desses atos seja praticado oralmente, de seu início. Assim também ocorrerá em relação aos
volumes que por acaso se formarem. Nos processos
o servidor deverá reduzi-los a termo, submetendo-o
físicos, cada volume deve possuir um número deter-
ao juiz para revisão e assinatura. Reduzir a termo sig- minado de folhas (geralmente, 200 folhas). Dessa for-
nifica transcrever o ato, isto é, reproduzir por escrito ma, se o processo tiver 400 folhas, deverá ser autuado
aquilo que foi praticado oralmente. em dois volumes, de modo a facilitar seu manuseio.
Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e Na abertura e no fechamento dos volumes deve-se
a vista obrigatória, independem de despacho, deven- utilizar de certidão, como as abaixo reproduzidas,
do ser praticados de ofício pelo servidor e revistos previstas na Instrução de Trabalho ITSEJ0005 do TJSP:
pelo juiz quando necessário.
CERTIDÃO DE ENCERRAMENTO DE VOLUME
Dica
Juntada é o ato de anexar algum documento ao CERTIFICO e dou fé de que em cumprimento às
processo, daí utilizar-se o “termo de juntada”; já Normas de Serviço da E. Corregedoria Geral da Jus-
a “vista” diz respeito a levar ao conhecimento de tiça, encerrei o « nº »º volume dos autos do proces-
algum ato. so nº « nº » às folhas « nº ». Nada mais. São Paulo, «
dia » de « mês » de « ano ». Eu, _________ « nome » («
O ato de pedir vista implica na disposição do pro-
matrícula »), « cargo », subscrevi.
cesso a alguém para análise. Se a vista for às
partes, caberá a elas, por seus advogados, mani-
festarem-se dentro do prazo concedido.

Atos do Escrivão ou do Chefe de Secretaria CERTIDÃO DE ABERTURA DE VOLUME

A previsão das funções e atos praticados pelo escri- CERTIFICO e dou fé de que em cumprimento às
vão ou chefe de secretaria está entre os arts. 150 e 153, Normas de Serviço da E. Corregedoria Geral da Jus-
além dos arts. 206 a 211, todos do CPC. Além dessas tiça, formei o « nº »º volume dos autos do processo
normas, as leis de organização judiciárias podem dis- nº « nº » que se inicia às folhas « nº ». Nada mais.
por sobre as funções desses profissionais. São Paulo, « dia » de « mês » de « ano ». Eu, _________
Incumbe ao escrivão ou chefe de secretaria, nos « nome » (« matrícula »), « cargo », subscrevi.
termos do art. 152 do CPC:

I - redigir, na forma legal, os ofícios, os mandados,


as cartas precatórias e os demais atos que perten- A referida instrução atribui esse ato ao cargo deno-
çam ao seu ofício; minado Escrevente Técnico Judiciário.
II - efetivar as ordens judiciais, realizar citações
e intimações, bem como praticar todos os demais
atos que lhe forem atribuídos pelas normas de Art. 207 O escrivão ou o chefe de secretaria nume-
organização judiciária; rará e rubricará todas as folhas dos autos.
III - comparecer às audiências ou, não podendo Parágrafo único. À parte, ao procurador, ao mem-
fazê-lo, designar servidor para substituí-lo; bro do Ministério Público, ao defensor público e aos
IV - manter sob sua guarda e responsabilidade os auxiliares da justiça é facultado rubricar as folhas
autos, não permitindo que saiam do cartório, exceto: correspondentes aos atos em que intervierem.
a) quando tenham de seguir à conclusão do juiz;
b) com vista a procurador, à Defensoria Pública, ao Além da autuação, caberá ao escrivão ou chefe de
Ministério Público ou à Fazenda Pública; secretaria numerar e rubricar todas as folhas. Ade-
c) quando devam ser remetidos ao contabilista ou
mais, diz o CPC:
ao partidor;
d) quando forem remetidos a outro juízo em razão
da modificação da competência; Art. 208 Os termos de juntada, vista, conclusão e
V - fornecer certidão de qualquer ato ou termo do outros semelhantes constarão de notas datadas e
processo, independentemente de despacho, observa- rubricadas pelo escrivão ou pelo chefe de secretaria.
das as disposições referentes ao segredo de justiça;
VI - praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios. Como dito, termo é o ato que documenta um fato
processual, como uma petição dirigida ao processo.
O escrivão administra internamente o serviço dentro Essa petição deve ser anexada aos autos (juntada)
de sua serventia judicial, possuindo como subordinados mediante o “termo de juntada”. O termo de vista, como
outros servidores, também auxiliares, como oficiais de vimos, diz respeito à disponibilização dos autos para
apoio, escreventes, estagiários do Poder Judiciário etc. alguém, como quando é concedido um prazo às partes
Além disso, o escrivão pratica diversos atos, como para manifestação, daí se falar em “vista às partes”. A
exposto a partir do art. 206 do CPC: conclusão é o ato que remete os autos ao juiz para se
pronunciar. Então, somente no art. 208 podemos perce-
Art. 206 Ao receber a petição inicial de processo, o
ber os termos de juntada, de vista e de conclusão.
escrivão ou o chefe de secretaria a autuará, men-
cionando o juízo, a natureza do processo, o número
de seu registro, os nomes das partes e a data de seu
início, e procederá do mesmo modo em relação aos
142 volumes em formação.
Diante disso, é possível classificar os atos do escri- Art. 212 Os atos processuais serão realizados em
vão da seguinte maneira: dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas.
§ 1º Serão concluídos após as 20 (vinte) horas os
z De documentação: Materializam atos processuais atos iniciados antes, quando o adiamento prejudi-
(certidões e termos); car a diligência ou causar grave dano.
§ 2º Independentemente de autorização judicial, as
z De movimentação: Buscam dar andamento ao
citações, intimações e penhoras poderão realizar-
processo (expedição de ofícios, conclusão ao juiz);
-se no período de férias forenses, onde as houver, e
z De comunicação: Procuram dar ciência às partes nos feriados ou dias úteis fora do horário estabele-
ou terceiros de algum ato processual (citação e cido neste artigo, observado o disposto no art. 5º,
intimação). inciso XI, da Constituição Federal.
§ 3º Quando o ato tiver de ser praticado por meio
É importante ter em mente ainda o que dispõem os de petição em autos não eletrônicos, essa deverá
arts. 209 e seguintes do CPC: ser protocolada no horário de funcionamento do
fórum ou tribunal, conforme o disposto na lei de
Art. 209 Os atos e os termos do processo serão assi- organização judiciária local.
nados pelas pessoas que neles intervierem, todavia, Art. 213 A prática eletrônica de ato processual
quando essas não puderem ou não quiserem firmá- pode ocorrer em qualquer horário até as 24 (vinte e
-los, o escrivão ou o chefe de secretaria certificará quatro) horas do último dia do prazo.
a ocorrência. Parágrafo único. O horário vigente no juízo perante
§ 1º Quando se tratar de processo total ou parcial- o qual o ato deve ser praticado será considerado
mente documentado em autos eletrônicos, os atos para fins de atendimento do prazo.
processuais praticados na presença do juiz poderão Art. 214 Durante as férias forenses e nos feriados,
ser produzidos e armazenados de modo integralmen- não se praticarão atos processuais, excetuando-se:
te digital em arquivo eletrônico inviolável, na forma I - os atos previstos no art. 212, § 2º;
da lei, mediante registro em termo, que será assina- II - a tutela de urgência.
do digitalmente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de
secretaria, bem como pelos advogados das partes. O curso dos prazos processuais suspende-se no
§ 2º Na hipótese do § 1º, eventuais contradições período de 20 de dezembro e 20 de janeiro (art. 220),
na transcrição deverão ser suscitadas oralmente mas poderão ser praticadas nesse período tutelas de
no momento de realização do ato, sob pena de pre- urgência, citações, intimações e penhoras (§ 2º do art.
clusão, devendo o juiz decidir de plano e ordenar o 212 e art. 214 do CPC). Entretanto, observe que o art.
registro, no termo, da alegação e da decisão. 215 estabelece exceções:
Art. 210 É lícito o uso da taquigrafia, da estenotipia
ou de outro método idôneo em qualquer juízo ou Art. 215 Processam-se durante as férias forenses,
tribunal. onde as houver, e não se suspendem pela superve-
Art. 211 Não se admitem nos atos e termos pro- niência delas:
cessuais espaços em branco, salvo os que forem I - os procedimentos de jurisdição voluntária e
inutilizados, assim como entrelinhas, emendas ou os necessários à conservação de direitos, quando
puderem ser prejudicados pelo adiamento;
rasuras, exceto quando expressamente ressalvadas.
II - a ação de alimentos e os processos de nomeação
ou remoção de tutor e curador;
DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS III - os processos que a lei determinar.
Art. 216 Além dos declarados em lei, são feriados,
Tempo dos Atos Processuais para efeito forense, os sábados, os domingos e os
dias em que não haja expediente forense.
A prática dos atos processuais deve ocorrer dentro
da época e dos prazos fixados em lei. Então, a lei esta-
belece os dias em que podem ser praticados atos pro- Importante!
cessuais, além dos prazos para cada ato processual, a Lembre-se de que as ações relativas à loca-
fim de assegurar seu adequado andamento.
ção, como especificamente a de despejo, revi-
Os atos processuais serão realizados em dias úteis,
sional de aluguel, consignação em pagamento
das 6 às 20 horas, podendo ser concluídos após esse
de aluguel e acessórios da locação, também
horário desde que iniciados antes, quando o adiamen-
se processam durante as férias forenses, con-
to prejudicar a diligência ou causar grave dano (art.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

forme redação do inciso I do art. 58 da Lei nº


212 do CPC).
8.245/1990. Veja que o dispositivo legal nada
Os atos praticados na forma eletrônica poderão
menciona sobre as ações de cobrança de alu-
ser realizados em qualquer horário até as 24 horas
guéis e encargos, que estariam abrangidas pela
do último dia do prazo. Falando-se em autos físicos, a
suspensão do expediente.
petição deverá ser protocolada dentro do horário de
funcionamento do Judiciário local.
Na contagem por dias úteis, excluem-se sábados, Lugar dos Atos Processuais
domingos e feriados. Dias úteis são aqueles em que há
expediente forense. Essa contagem difere-se da conta- Além do tempo, é preciso estabelecer o espaço da
gem por dias corridos, que englobaria dias não úteis. prática dos atos processuais, isto é, o seu local. É possí-
Assim, um prazo de cinco dias, por exemplo, iniciado vel constatar que a maior parte dos atos são praticados
na quinta-feira, teria seu curso normal durante o fim dentro dos órgãos judiciários, o que podemos chamar
de semana. O CPC/2015 previu a contagem em dias de “sede do juízo”. O juiz e seus auxiliares exercem a
úteis. função na sede do órgão, motivo pelo qual os atos são 143
praticados lá. Mas, evidentemente, há alguns atos que Art. 222 Na comarca, seção ou subseção judiciária
podem ser praticados fora da sede do juízo. onde for difícil o transporte, o juiz poderá prorro-
gar os prazos por até 2 (dois) meses.
Art. 217 Os atos processuais realizar-se-ão ordina- § 1º Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios
riamente na sede do juízo, ou, excepcionalmente, sem anuência das partes.
em outro lugar em razão de deferência, de interes- § 2º Havendo calamidade pública, o limite previsto
se da justiça, da natureza do ato ou de obstáculo no caput para prorrogação de prazos poderá ser
arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz. excedido.

Assim, os atos de citação, penhora, avaliação, bus- São prazos materiais aqueles que se relacionam ao
ca e apreensão, por exemplo, poderão ser realizados exercício de um direito material, como o de reclamar
fora da sede do juízo. Já as audiências, juntada de a anulação de um contrato ou vício em um produto.
documentos, expedição de mandados e ofícios são Também são de direito material os prazos prescricio-
praticados, em regra, na sede do juízo. nais (arts. 205 e 206 do Código Civil) e decadenciais
(art. 26 do Código de Defesa do Consumidor). Já os pra-
DOS PRAZOS zos processuais referem-se às providências a serem
tomadas dentro do processo, como o prazo de contes-
O processo se movimenta por impulso oficial, isto tação, de impugnação, de indicar assistente técnico,
é, o órgão judiciário tem o dever de dar andamento ao de pagar a quantia objeto da execução etc.
processo, uma vez iniciado. Para possibilitar isso, a lei Um instituto a ser levado em conta em matéria de
estabelece prazos para a prática dos atos processuais. prazos é a chamada preclusão. A preclusão pode ser
Prazo é o lapso temporal (compreendido entre o definida como “a perda de uma situação jurídica ati-
termo inicial e o termo final) para a prática dos atos va processual: seja a perda de poder processual das
processuais. Os prazos legais são estabelecidos pela partes, seja a perda de um poder do juiz” (DIDIER JR.,
lei. Caso nem a lei nem o juiz estipulem o prazo, ele 2016, p. 425). Considerando que o processo se desen-
será de 5 dias para a prática do ato processual. volve progressivamente (isto é, para frente, visando
um fim, que é o provimento jurisdicional), a preclusão
Art. 218 Os atos processuais serão realizados nos funciona como um meio de manter essa marcha.
prazos prescritos em lei. A preclusão refere-se à impossibilidade, por exem-
§ 1º Quando a lei for omissa, o juiz determinará os plo, de praticar um ato processual, seja porque já se
prazos em consideração à complexidade do ato. praticou (preclusão consumativa), seja porque decor-
§ 2º Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as reu o prazo ou momento para sua prática (preclusão
intimações somente obrigarão a comparecimento temporal). Esta pode ser verificada no art. 223 do CPC:
após decorridas 48 (quarenta e oito) horas.
§ 3º Inexistindo preceito legal ou prazo determina- Art. 223 Decorrido o prazo, extingue-se o direito de
do pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a praticar ou de emendar o ato processual, indepen-
prática de ato processual a cargo da parte. dentemente de declaração judicial, ficando assegu-
§ 4º Será considerado tempestivo o ato praticado rado, porém, à parte provar que não o realizou por
antes do termo inicial do prazo. justa causa.

Uma inovação trazida pelo CPC/2015 diz respeito A preclusão consumativa impede que a parte cor-
à contagem de prazo somente em dias úteis (art. 219), rija, modifique, altere ou complemente o ato proces-
o que se aplica somente a prazos de natureza proces- sual já praticado. O CPC possui alguns dispositivos dos
sual, não aos de natureza material. quais é possível extrair essa noção:

Art. 219 Na contagem de prazo em dias, estabeleci- Art. 200 Os atos das partes consistentes em decla-
do por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os rações unilaterais ou bilaterais de vontade produ-
dias úteis. zem imediatamente a constituição, modificação ou
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se extinção de direitos processuais.
somente aos prazos processuais. Art. 494 Publicada a sentença, o juiz só poderá
Art. 220 Suspende-se o curso do prazo processual alterá-la:
nos dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20 I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da
de janeiro, inclusive. parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo;
§ 1º Ressalvadas as férias individuais e os feriados II - por meio de embargos de declaração.
instituídos por lei, os juízes, os membros do Minis-
tério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia Há, ainda, a chamada preclusão lógica, que veda
Pública e os auxiliares da Justiça exercerão suas comportamento contraditório no processo, ou seja,
atribuições durante o período previsto no caput . afasta a possibilidade de se postular algo em afron-
§ 2º Durante a suspensão do prazo, não se realiza-
ta ou incompatibilidade com posição anteriormen-
rão audiências nem sessões de julgamento.
te adotada ou ato praticado. Podemos verificar essa
Art. 221 Suspende-se o curso do prazo por obstá-
culo criado em detrimento da parte ou ocorrendo noção no art. 276 do CPC:
qualquer das hipóteses do art. 313 , devendo o pra-
zo ser restituído por tempo igual ao que faltava Art. 276 Quando a lei prescrever determinada for-
para sua complementação. ma sob pena de nulidade, a decretação desta não
Parágrafo único. Suspendem-se os prazos durante pode ser requerida pela parte que lhe deu causa.
a execução de programa instituído pelo Poder Judi-
ciário para promover a autocomposição, incum- É importante saber que, também se fala na pre-
bindo aos tribunais especificar, com antecedência, clusão para o juiz pro judicato, no sentido de que
144 a duração dos trabalhos. não poderia o juiz modificar seu entendimento sem
motivo ou fundamentação idônea, pois isso ofende- juízo. Além disso, tais entidades não possuem a auto-
ria a segurança jurídica. A questão é polêmica. De nomia de escolherem as causas em que vão litigar,
um lado, deve sim o juiz evitar comportamentos con- pois sua atuação decorre da lei e da Constituição.
traditórios, que traduzam insegurança jurídica, caso Assim, é uma forma de otimizar o fluxo de trabalho
revise decisões já proferidas. Mas, por outro, há pre- desses profissionais.
visão legal para, por exemplo, o juiz rever decisões de A contagem do prazo respeita o art. 231 do CPC,
natureza provisória, como a tutela de urgência, desde que assim estabelece:
que o faça fundamentadamente e em observância ao
devido processo legal. Art. 231 Salvo disposição em sentido diverso, con-
A contagem dos prazos deve ser orientada pelo art. sidera-se dia do começo do prazo:
223 do CPC, segundo o qual, em regra, os prazos serão I - a data de juntada aos autos do aviso de recebi-
contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia mento, quando a citação ou a intimação for pelo
do vencimento. O § 3º do mencionado dispositivo esta- correio;
belece que a contagem do prazo terá início no primei- II - a data de juntada aos autos do mandado cum-
ro dia útil que seguir ao da publicação. Tratamos de prido, quando a citação ou a intimação for por ofi-
exemplificar por completo essa contagem no calendá- cial de justiça;
rio adiante reproduzido, no qual é possível verificar a III - a data de ocorrência da citação ou da intima-
data da intimação, o termo inicial do prazo e o termo ção, quando ela se der por ato do escrivão ou do
final. chefe de secretaria;
Os prazos podem ser classificados da seguinte IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada
forma: pelo juiz, quando a citação ou a intimação for por
edital;
z Peremptórios: São imperativos e não admitem V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação
prorrogação. Exemplos: contestar, recorrer; ou da intimação ou ao término do prazo para que
z Dilatórios: Admitem prorrogação; a consulta se dê, quando a citação ou a intimação
z Próprios: Das partes, sujeitos à preclusão; for eletrônica;
z Impróprios: Do juiz e seus auxiliares. VI - a data de juntada do comunicado de que trata
o art. 232 ou, não havendo esse, a data de juntada
Nessa última hipótese, veja-se o disposto no art. da carta aos autos de origem devidamente cumpri-
226 do CPC: da, quando a citação ou a intimação se realizar em
cumprimento de carta;
Art. 226 O juiz proferirá: VII - a data de publicação, quando a intimação se
I - os despachos no prazo de 5 (cinco) dias; der pelo Diário da Justiça impresso ou eletrônico;
II - as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por
dias; meio da retirada dos autos, em carga, do cartório
III - as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias.
ou da secretaria.
Art. 218 [...] § 4º. Será considerado tempestivo o ato
§ 1º Quando houver mais de um réu, o dia do come-
praticado antes do termo inicial do prazo.
ço do prazo para contestar corresponderá à última
das datas a que se referem os incisos I a VI do caput.
Exemplo do art. 218: se a parte apresentar o
recurso depois de prolatada a sentença, mas antes
A forma de computar o prazo está estabelecida
de sua publicação oficial, o recurso será considerado
tempestivo. no art. 224 do CPC, dispondo que, em regra, os prazos
Os prazos para os litisconsortes que tiverem dife- serão contados excluindo o dia do começo e incluindo
rentes procuradores, de escritórios de advocacia dis- o dia do vencimento, não se iniciando ou encerrando
tintos, serão contados em dobro para todas as suas em dia não útil.
manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, inde-
pendentemente de requerimento. Litisconsórcio é a Art. 224 Salvo disposição em contrário, os prazos
pluralidade de partes na relação processual. Ele pode serão contados excluindo o dia do começo e incluin-
ser ativo (pluralidades de autores), passivo (pluralida- do o dia do vencimento.
de de réus) ou misto (pluralidade de autores e réus) § 1º Os dias do começo e do vencimento do prazo
quando: serão protraídos para o primeiro dia útil seguinte,
se coincidirem com dia em que o expediente forense
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

z Entre as partes houver comunhão de direitos ou for encerrado antes ou iniciado depois da hora nor-
de obrigações relativamente à lide; mal ou houver indisponibilidade da comunicação
z Entre as causas houver conexão pelo pedido ou eletrônica.
pela causa de pedir; § 2º Considera-se como data de publicação o pri-
z Ocorrer afinidade de questões por ponto comum meiro dia útil seguinte ao da disponibilização da
de fato ou de direito. informação no Diário da Justiça eletrônico.
§ 3º A contagem do prazo terá início no primeiro
Porém, a regra do prazo em dobro não se aplica se dia útil que seguir ao da publicação.
o processo for eletrônico, pois, evidentemente, o aces-
so pode se dar simultaneamente. Suponha o seguinte exemplo: o dia do começo do
Já os prazos para a Fazenda Pública, o Ministério prazo, contemplando alguma das hipóteses do art. 231,
Público e a Defensoria Pública são contados em dobro como a juntada do mandado, se deu em 08/03/2021.
(arts. 180, 183 e 186). Trata-se de uma prerrogativa Considerando um prazo de 15 dias, o termo inicial do
concedida pela lei a determinados sujeitos, devido prazo se dará no próximo dia útil seguinte, 09/03/2021,
ao interesse público que, como regra, defendem em e seu termo final, em 29/03/2021. 145
◄ FEVEREIRO MARÇO ABRIL ► § 1º Constatada a falta, o juiz ordenará a instau-
ração de processo administrativo, na forma da lei.
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb § 2º Qualquer das partes, o Ministério Público ou a
1 2 3 4 5 6 Defensoria Pública poderá representar ao juiz con-
tra o serventuário que injustificadamente exceder
7 8 9 10 11 12 13
os prazos previstos em lei.
14 15 16 17 18 19 20 Art. 234 Os advogados públicos ou privados, o
defensor público e o membro do Ministério Públi-
21 22 23 24 25 26 27 co devem restituir os autos no prazo do ato a ser
praticado.
28 29 30 31
§ 1º É lícito a qualquer interessado exigir os autos
do advogado que exceder prazo legal.
É importante salientar que o CPC ainda prevê a § 2º Se, intimado, o advogado não devolver os autos
no prazo de 3 (três) dias, perderá o direito à vista
possibilidade da parte renunciar prazo que somente
fora de cartório e incorrerá em multa correspon-
a ele aproveita. Vejamos: dente à metade do salário-mínimo.
§ 3º Verificada a falta, o juiz comunicará o fato à
Art. 225 A parte poderá renunciar ao prazo esta- seção local da Ordem dos Advogados do Brasil para
belecido exclusivamente em seu favor, desde que o procedimento disciplinar e imposição de multa.
faça de maneira expressa. § 4º Se a situação envolver membro do Ministério
Público, da Defensoria Pública ou da Advocacia
Pública, a multa, se for o caso, será aplicada ao
Outras disposições do Código de Processo Civil
agente público responsável pelo ato.
ralativas aos prazos que são essenciais para o seu § 5º Verificada a falta, o juiz comunicará o fato ao
estudo: órgão competente responsável pela instauração
de procedimento disciplinar contra o membro que
Art. 227 Em qualquer grau de jurisdição, havendo atuou no feito.
motivo justificado, pode o juiz exceder, por igual Art. 235 Qualquer parte, o Ministério Público ou a
tempo, os prazos a que está submetido. Defensoria Pública poderá representar ao correge-
dor do tribunal ou ao Conselho Nacional de Justiça
Art. 228 Incumbirá ao serventuário remeter os
contra juiz ou relator que injustificadamente exce-
autos conclusos no prazo de 1 (um) dia e executar der os prazos previstos em lei, regulamento ou regi-
os atos processuais no prazo de 5 (cinco) dias, con- mento interno.
tado da data em que: § 1º Distribuída a representação ao órgão compe-
I - houver concluído o ato processual anterior, se tente e ouvido previamente o juiz, não sendo caso
lhe foi imposto pela lei; de arquivamento liminar, será instaurado proce-
II - tiver ciência da ordem, quando determinada dimento para apuração da responsabilidade, com
pelo juiz. intimação do representado por meio eletrônico
para, querendo, apresentar justificativa no prazo
§ 1º Ao receber os autos, o serventuário certificará
de 15 (quinze) dias.
o dia e a hora em que teve ciência da ordem referida § 2º Sem prejuízo das sanções administrativas cabí-
no inciso II. veis, em até 48 (quarenta e oito) horas após a apre-
§ 2º Nos processos em autos eletrônicos, a juntada sentação ou não da justificativa de que trata o § 1º,
de petições ou de manifestações em geral ocorrerá se for o caso, o corregedor do tribunal ou o relator
de forma automática, independentemente de ato de no Conselho Nacional de Justiça determinará a inti-
serventuário da justiça. mação do representado por meio eletrônico para
Art. 229 Os litisconsortes que tiverem diferentes que, em 10 (dez) dias, pratique o ato.
§ 3º Mantida a inércia, os autos serão remetidos ao
procuradores, de escritórios de advocacia distin-
substituto legal do juiz ou do relator contra o qual
tos, terão prazos contados em dobro para todas as se representou para decisão em 10 (dez) dias.
suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal,
independentemente de requerimento.
§ 1º Cessa a contagem do prazo em dobro se, haven-
do apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa por ape-
nas um deles.
DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS
§ 2º Não se aplica o disposto no caput aos proces- PROCESSUAIS
sos em autos eletrônicos.
Art. 230 O prazo para a parte, o procurador, a DISPOSIÇÕES GERAIS
Advocacia Pública, a Defensoria Pública e o Minis-
tério Público será contado da citação, da intimação Como decorrência do princípio do devido processo
ou da notificação. legal, o processo se dá em contraditório, necessitando
comunicar às partes para que possam se manifestar.
Além disso, poderá ser necessária a intimação de ter-
Da Verificação dos Prazos e das Penalidades
ceiros para que compareçam ou atuem no processo,
como as testemunhas e os peritos. Para que se efetive
Dos artigos 233 artigos até 235 estão expressas as esses princípios, é necessária a comunicação dos atos
disposições relativas à verificação dos prazos e das processuais.
penalidades aplicáveis às partes. Vejamos: Como regra, os atos processuais serão cumpridos
por ordem judicial. Por vezes, é necessária a prática
Art. 233 Incumbe ao juiz verificar se o serventuário de ato fora dos limites territoriais da unidade onde
excedeu, sem motivo legítimo, os prazos estabeleci- o juiz atua. Se possível, poderão ser praticados por
146 dos em lei. videoconferência ou recurso tecnológico equivalente
de transmissão de áudio e imagem em tempo real (art. DA CITAÇÃO
236 do CPC).
Conceito
Art. 236 Os atos processuais serão cumpridos por
ordem judicial. A citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o
§ 1º Será expedida carta para a prática de atos fora executado ou o interessado para integrar a relação pro-
dos limites territoriais do tribunal, da comarca, da cessual (Art. 238). A relação jurídica processual será,
seção ou da subseção judiciárias, ressalvadas as então, formada pelos sujeitos parciais (autor e réu) e
hipóteses previstas em lei. pelo Estado-juiz (sujeito imparcial). Com a citação, for-
§ 2º O tribunal poderá expedir carta para juízo a ele ma-se a relação jurídica processual:
vinculado, se o ato houver de se realizar fora dos
limites territoriais do local de sua sede.
Juiz
§ 3º Admite-se a prática de atos processuais por
meio de videoconferência ou outro recurso tecno-
lógico de transmissão de sons e imagens em tempo
real.
Autor Réu
Todavia, poderá também ser necessária a expedi-
ção das seguintes cartas (art. 237):
Indispensabilidade da Citação
a) carta de ordem, pelo tribunal, na hipótese do § 2º
do art. 236. É a carta expedida por órgãos judiciá- A citação é ato de comunicação diretamente rela-
rio superior para ser cumprida por órgãos inferior cionado ao contraditório e à ampla defesa, pois, por
a ele vinculado. meio dela, dá-se a oportunidade à parte demandada
de integrar a relação processual. Por isso, o CPC/2015
Exemplo: o Ministro do STF expede carta de ordem considera-a indispensável, exceto se for o caso de
para que o juízo da Comarca de São Paulo ouça uma indeferimento da petição inicial (art. 331) ou rejeição
testemunha localizada nessa cidade; liminar do pedido (art. 332).
Acerca da citação é importante saber:
b) carta rogatória, para que órgão jurisdicional
estrangeiro pratique ato de cooperação jurídica Art. 239 Para a validade do processo é indispensá-
internacional, relativo a processo em curso perante vel a citação do réu ou do executado, ressalvadas
órgão jurisdicional brasileiro. as hipóteses de indeferimento da petição inicial ou
de improcedência liminar do pedido.
Exemplo: juízo da Comarca de São Paulo expede § 1º O comparecimento espontâneo do réu ou do
uma carta rogatória para que seja ouvida uma teste- executado supre a falta ou a nulidade da citação,
munha residente na Alemanha, pela autoridade judi- fluindo a partir desta data o prazo para apresen-
ciária alemã; tação de contestação ou de embargos à execução.
§ 2º Rejeitada a alegação de nulidade, tratando-se
c) carta precatória, para que órgão jurisdicional de processo de:
brasileiro pratique ou determine o cumprimento, I - conhecimento, o réu será considerado revel;
na área de sua competência territorial, de ato rela- II - execução, o feito terá seguimento.
tivo a pedido de cooperação judiciária formulado
por órgão jurisdicional de competência territorial O indeferimento da petição inicial ocorre quando
diversa. a postulação do autor não satisfizer requisitos míni-
mos, como estudaremos no tópico relativo à petição
Exemplo: juízo da Comarca de São Paulo expede inicial. A rejeição liminar do pedido ocorrerá quando
carta precatória para oitiva de testemunha na Comar- a pretensão do autor contrariar entendimentos vincu-
ca de Ribeirão Preto; lantes dos tribunais. Também trataremos dessas hipó-
teses no item relativo ao procedimento comum.
d) carta arbitral, para que órgão do Poder Judi- O comparecimento espontâneo do réu ou executa-
ciário pratique ou determine o cumprimento, na do supre a falta ou nulidade de citação, bem como dá
área de sua competência territorial, de ato objeto início à fluência do prazo de defesa (§ 1º do art. 239).
de pedido de cooperação judiciária formulado por Entende-se por comparecimento espontâneo quando
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

juízo arbitral, inclusive os que importem efetivação o réu apresenta defesa ou constitui procurador nos
de tutela provisória.
autos, presumindo-se que tomou conhecimento da
pretensão do autor.
Exemplo: juízo arbitral solicita cooperação do
Judiciário a fim de oficiar órgão público para obten- Efeitos da Citação
ção de valores em instituição financeira para integrar
inventário ou negociação. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo
Se o ato relativo a processo em curso na justiça incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a
federal ou em tribunal superior houver de ser pratica- coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o dis-
do em local onde não haja vara federal, a carta poderá posto nos arts. 397 e 398 do Código Civil (caput do art.
ser dirigida ao juízo estadual da respectiva comarca. 240, do CPC).
(Parágrafo único, do art. 237, do CPC). Outro importante efeito decorre do despacho
A citação e a intimação são os mais importantes judicial que ordena a citação, capaz de interromper
atos de comunicação, sobre os quais passaremos a tra- o curso do prazo prescricional, sendo a interrupção
tar adiante. retroativa à data da propositura da ação. 147
Art. 240 [...] Art. 202 A interrupção da prescrição, que somente
§ 1º A interrupção da prescrição, operada pelo des- poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
pacho que ordena a citação, ainda que proferido I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que
por juízo incompetente, retroagirá à data de pro- ordenar a citação, se o interessado a promover no
positura da ação. prazo e na forma da lei processual;
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
§ 2º Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez)
III - por protesto cambial;
dias, as providências necessárias para viabilizar a IV - pela apresentação do título de crédito em juízo
citação, sob pena de não se aplicar o disposto no de inventário ou em concurso de credores;
§ 1º. V - por qualquer ato judicial que constitua em mora
§ 3º A parte não será prejudicada pela demora impu- o devedor;
tável exclusivamente ao serviço judiciário. VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extraju-
§ 4º O efeito retroativo a que se refere o § 1º aplica-se dicial, que importe reconhecimento do direito pelo
à decadência e aos demais prazos extintivos previs- devedor.
tos em lei. Parágrafo único. A prescrição interrompida reco-
Art. 241. Transitada em julgado a sentença de meça a correr da data do ato que a interrompeu, ou
do último ato do processo para a interromper.
mérito proferida em favor do réu antes da cita-
ção, incumbe ao escrivão ou ao chefe de secretaria
O efeito, como se vê, é o recomeço da contagem
comunicar-lhe o resultado do julgamento.
do prazo, desde seu início. Imagine um prazo de cin-
co anos para exercício da cobrança de uma dívida. No
A citação válida é aquela realizada com conformi- quarto ano desse prazo, ocorre uma das causas inter-
dade aos requisitos legais. A seguir, serão abordadas ruptivas, motivo pelo qual o prazo quinquenal mencio-
as diversas espécies de citação; em cada uma delas, nado volta a correr do início. E uma das hipóteses de
há alguns requisitos a serem observados. Para que a interrupção é justamente pelo despacho que ordena a
citação se aperfeiçoe, devem ser observadas as forma- citação, desde que esta se materialize no prazo assina-
lidades inerentes a cada modalidade citatória. lado e de forma válida. É evidente que eventuais atra-
O Código ainda trata da citação ordenada por juízo sos decorrentes do próprio judiciário não prejudicarão
incompetente. As regras de competência definem qual a parte autora pela consumação da prescrição.
órgão judiciário é subjetivamente capaz a analisar o Assim, proferido o despacho ordenando a citação e
litígio, conforme regras estabelecidas na Constituição sendo esta realizada, seu efeito interruptivo retroagi-
Federal e na lei. Se for incompetente, haverá descum- rá à dada da propositura da ação. Vejamos: se a consu-
mação do prazo prescricional de uma pretensão esteja
primento de um pressuposto processual de validade.
prevista para 16/04/2021 e a parte propõe a ação em
Entretanto, mesmo o juízo incompetente poderá orde-
15/04/2021, mas o despacho e a citação somente ocor-
nar a citação do réu, até porque, em alguns casos, a rem, respectivamente em 23 e 30/04/2021, podemos
incompetência poderá ser arguida (alegada) pelo réu falar em interrupção da prescrição? É certo que sim,
quando comparecer ao processo. pois o efeito interruptivo retroage (retorna a momen-
Com a citação, forma-se a relação jurídica processual, to passado) à data da propositura da ação.
consolidando-se os elementos da ação: parte, causa de
pedir e pedido. Com isso, é possível verificar se existem Impedimento Legal para a Citação
ações idênticas em andamento, envolvendo os mesmos
elementos. Se houver, estaremos diante da litispendên- Apesar de ser um dos atos mais importantes do
cia, devendo a ação posterior ser extinta em virtude da processo, a citação não poderá ser realizada em qual-
identidade com ação anteriormente proposta. quer ocasião. O CPC/2015 dispõe de alguns casos em
O bem eventual objeto do litígio é a mencionada “coi- que não poderá ser realizada a citação, exceto para
sa litigiosa”, a qual estará sujeita aos rumos que forem evitar o perecimento do direito.
tomados no processo, como, por exemplo, a partilha, a O perecimento é a perda do direito que leva à
reintegração de posse e a busca e apreensão, que são inutilidade do processo, pois já não é mais capaz de
atos que atingem o bem. Assim, eventual mudança na tutelá-lo. O perecimento de um bem pode ser enten-
titularidade da coisa litigiosa não tem o condão de afetar dido como sua deterioração ou inutilidade depois de
o processo e os direitos das partes sobre esse bem. decorrido certo tempo. Em relação ao direito, pode-
A constituição em mora é efeito decorrente do mos lembrar da prescrição e da decadência, que são
atraso no cumprimento de uma obrigação. Sendo ela causas extintivas de uma pretensão e do próprio direi-
dependente da provocação do autor, eventuais juros to, respectivamente.
moratórios (encargo decorrente da mora no importe
de 1% sobre o valor da obrigação, por exemplo) somen- Art. 244. Não se fará a citação, salvo para evitar o
te incidirão a partir da citação, momento em que, caso perecimento do direito:
confirmada a pretensão do autor ao final, poderá mar- I - de quem estiver participando de ato de culto
car o momento em que o réu está em atraso. religioso;
Do mesmo modo, a citação dá causa para a inter- II - de cônjuge, de companheiro ou de qualquer
parente do morto, consanguíneo ou afim, em linha
rupção do prazo prescricional. A prescrição é o prazo
reta ou na linha colateral em segundo grau, no dia
dado pela lei (normalmente, normas de direito mate-
do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes;
rial, como o Código Civil, Código de Defesa do Consu- III - de noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes
midor etc.) para o exercício de uma pretensão, a qual ao casamento;
será extinta pela prescrição (art. 189 do Código Civil). IV - de doente, enquanto grave o seu estado;
A interrupção da prescrição ocorrerá antes de con- Art. 245 Não se fará citação quando se verificar que
sumado seu prazo, nas hipóteses estabelecidas pelo o citando é mentalmente incapaz ou está impossibi-
148 Código Civil, a saber: litado de recebê-la.
Por parentes consanguíneos, deve-se entender Neste sentido, vejamos o que dispõe o CPC:
aqueles que têm vínculo biológico e natural, pois liga
as pessoas de mesmo sangue. A seguir, exemplifica- Art. 246 A citação será feita:
mos os diversos graus de parentesco, salientando que I - pelo correio;
o CPC/2015 faz referência apenas até o segundo grau: II - por oficial de justiça;
III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citan-
LINHA RETA LINHA RETA do comparecer em cartório;
LINHA COLATERAL
(ASCENDENTES) (DESCENDENTES) IV - por edital;
1º grau: não existe V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei.
4º grau: trisavós 1º grau: filhos parente de primeiro § 1º Com exceção das microempresas e das empre-
grau sas de pequeno porte, as empresas públicas e priva-
3º grau: bisavós 2º grau: netos 2º grau: irmãos das são obrigadas a manter cadastro nos sistemas
3º grau: tios e de processo em autos eletrônicos, para efeito de
2º grau: avós 3º grau: bisnetos recebimento de citações e intimações, as quais
sobrinhos
4º grau: tios avós,
serão efetuadas preferencialmente por esse meio.
1º grau: pais 4º grau: trinetos primos, sobrinhos § 2º O disposto no § 1º aplica-se à União, aos Esta-
netos dos, ao Distrito Federal, aos Municípios e às entida-
des da administração indireta.
§ 3º Na ação de usucapião de imóvel, os confinan-
Já o parentesco por afinidade é constituído com o
tes serão citados pessoalmente, exceto quando tiver
casamento ou união estável, e se limita aos ascenden- por objeto unidade autônoma de prédio em condo-
tes, descendentes e irmãos do cônjuge. mínio, caso em que tal citação é dispensada.

z Em linha reta: Sogros, genro e nora; Antes de adentrar ás modalidades de citações os


z Em linha colateral: Cunhados. seguintes artigos merecem especial atenção:
Somente para fins de fundamentação dessas hipó- Art. 242. A citação será pessoal, podendo, no entan-
teses, veja o que estabelece o Código Civil: to, ser feita na pessoa do representante legal ou do
procurador do réu, do executado ou do interessado.
Art. 1.591 São parentes em linha reta as pessoas § 1º Na ausência do citando, a citação será feita na
que estão umas para com as outras na relação de pessoa de seu mandatário, administrador, preposto
ascendentes e descendentes. ou gerente, quando a ação se originar de atos por
Art. 1.592 São parentes em linha colateral ou trans- eles praticados.
versal, até o quarto grau, as pessoas provenientes § 2º O locador que se ausentar do Brasil sem cienti-
de um só tronco, sem descenderem uma da outra. ficar o locatário de que deixou, na localidade onde
Art. 1.593 O parentesco é natural ou civil, confor- estiver situado o imóvel, procurador com poderes
me resulte de consangüinidade ou outra origem. para receber citação será citado na pessoa do admi-
Art. 1.594 Contam-se, na linha reta, os graus de
nistrador do imóvel encarregado do recebimento
parentesco pelo número de gerações, e, na colate-
dos aluguéis, que será considerado habilitado para
ral, também pelo número delas, subindo de um dos
representar o locador em juízo.
parentes até ao ascendente comum, e descendo até
§ 3º A citação da União, dos Estados, do Distrito
encontrar o outro parente.
Federal, dos Municípios e de suas respectivas autar-
Art. 1.595 Cada cônjuge ou companheiro é aliado
quias e fundações de direito público será realizada
aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade.
perante o órgão de Advocacia Pública responsável
§ 1º O parentesco por afinidade limita-se aos ascen-
por sua representação judicial.
dentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge
ou companheiro. Art. 243. A citação poderá ser feita em qualquer
§ 2º Na linha reta, a afinidade não se extingue com lugar em que se encontre o réu, o executado ou o
a dissolução do casamento ou da união estável. interessado.
Parágrafo único. O militar em serviço ativo será
citado na unidade em que estiver servindo, se
Modalidades de Citação
não for conhecida sua residência ou nela não for
encontrado.
A citação poderá se realizar de diferentes modos,
os quais podem ser classificados da seguinte forma:
z Citação por Correio
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Pelo Correio Trata-se de citação real pois sua validade está con-
dicionada à entrega de correspondência à pessoa a
Real
Por Oficial de ser citada. Pode se realizar para qualquer comarca do
Justiça
país, exceto (art. 247):
Por Meio
Eletrônico Art. 247 A citação será feita pelo correio para qual­
MODALIDADES DE quer comarca do país, exceto:
CITAÇÃO I - Nas ações de estado, observado o disposto no §
Por Edital
3º do art. 695;
II - Quando o citando for incapaz;
Ficta Por Hora Certa III - Quando o citando for pessoa de direito público;
IV - Quando o citando residir em local não atendido
pela entrega domiciliar de correspondência;
Por Escrivão ou
Chefe de Secretária
V - Quando o autor, justificadamente, a requerer de
outra forma. 149
A citação por correio deve observar alguns requi- Para que o oficial de justiça cumpra essa citação, é
sitos (caput do art. 248): cópias da petição inicial e do necessária a expedição de um mandado de citação,
despacho do juiz e comunicar o prazo para resposta, o ato de comunicação que será objeto de cumprimento
endereço do juízo e o respectivo cartório. pelo referido auxiliar.
Como já previsto pelo CPC/2015, cabe ressaltar a Os requisitos do mandado estão no art. 250 do CPC:
aplicação da Súmula nº 429 do Superior Tribunal de
Justiça: A citação postal, quando autorizada por lei, Art. 250 O mandado que o oficial de justiça tiver de
exige o aviso de recebimento. cumprir conterá:
E complementa o Código de Processo Civil: I - os nomes do autor e do citando e seus respectivos
domicílios ou residências;
Art. 248 Deferida a citação pelo correio, o escrivão II - a finalidade da citação, com todas as especifi-
ou o chefe de secretaria remeterá ao citando cópias cações constantes da petição inicial, bem como a
da petição inicial e do despacho do juiz e comuni- menção do prazo para contestar, sob pena de reve-
cará o prazo para resposta, o endereço do juízo e o lia, ou para embargar a execução;
respectivo cartório. III - a aplicação de sanção para o caso de descum-
§ 1º A carta será registrada para entrega ao citan- primento da ordem, se houver;
do, exigindo-lhe o carteiro, ao fazer a entrega, que IV - se for o caso, a intimação do citando para com-
assine o recibo; parecer, acompanhado de advogado ou de defensor
§ 2º Sendo o citando pessoa jurídica, será váli- público, à audiência de conciliação ou de media-
da a entrega do mandado a pessoa com poderes ção, com a menção do dia, da hora e do lugar do
de gerência geral ou de administração ou, ainda, comparecimento;
a funcionário responsável pelo recebimento de V - a cópia da petição inicial, do despacho ou da
correspondências; decisão que deferir tutela provisória;
§ 3º Da carta de citação no processo de conheci- VI - a assinatura do escrivão ou do chefe de secre-
mento constarão os requisitos do art. 250; taria e a declaração de que o subscreve por ordem
§ 4º Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos do juiz.
com controle de acesso, será válida a entrega do
mandado a funcionário da portaria responsável A citação será por mandado quando não puder ser
pelo recebimento de correspondência, que, entre- realizada por correio (exceções do art. 247) ou quando
tanto, poderá recusar o recebimento, se declarar,
frustrada a citação por correio (art. 249), assim enten-
por escrito, sob as penas da lei, que o destinatário
dida aquela que não é recebida pelo citando ou, por
da correspondência está ausente.
qualquer outro motivo, não se faz exitosa devido à
mudança de endereço, como visto acima.
Condomínio edilício diz respeito aos condomínios
verticais e aos horizontais, ou seja, coexistem partes
Art. 249 A citação será feita por meio de oficial de
comuns (de uso de todos, como ruas, recepções, ele-
justiça nas hipóteses previstas neste Código ou em
vadores, áreas de lazer) e áreas exclusivas (unidades
lei, ou quando frustrada a citação pelo correio.
autônomas pertencentes a cada proprietário). Já em
relação aos loteamentos com controle de acesso, a lei
Ações de estado, referidas no inciso primeiro
contempla qualquer tipo de habitação cujo ingresso
supra, dizem respeito aos direitos da personalidade,
dependa de autorização, como ocorre em portarias ou
como alteração de nome, sexo, nacionalidade etc.,
qualquer outro mecanismo de limitação de acesso.
cabendo referenciar o § 3º do art. 695, (A citação será
feita na pessoa do réu), que trata das ações de família.
z Citação por Oficial de Justiça (por Mandado)
A citação do incapaz, assim considerado pela lei civil
(arts. 3º e 4º do Código Civil), também será realizada
O oficial de justiça é um auxiliar do juízo, cujas pessoalmente.
atribuições estão arroladas no art. 154 do CPC: A citação das pessoas jurídicas de direito público
(União, Estados, Distrito Federal e Municípios, além
Art. 154 Incumbe ao oficial de justiça: das autarquias e fundações públicas de direito públi-
I - fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras,
co) não poderá ser realizada pelos correios. O inciso
arrestos e demais diligências próprias do seu ofício,
IV diz respeito à impossibilidade fática ou material
sempre que possível na presença de 2 (duas) teste-
munhas, certificando no mandado o ocorrido, com
da citação postal, em locais não atendidos pelo servi-
menção ao lugar, ao dia e à hora; ço de correio. E o último inciso trata da manifestação
II - executar as ordens do juiz a que estiver do autor pela citação de outro modo, ainda que a lei
subordinado; admita a citação postal.
III - entregar o mandado em cartório após seu A lei ainda estabelece a forma de cumprimento do
cumprimento; mandado de citação:
IV - auxiliar o juiz na manutenção da ordem;
V - efetuar avaliações, quando for o caso; Art. 251 Incumbe ao oficial de justiça procurar o
VI - certificar, em mandado, proposta de autocom- citando e, onde o encontrar, citá-lo:
posição apresentada por qualquer das partes, na I - lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé;
ocasião de realização de ato de comunicação que II - portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé;
lhe couber. III - obtendo a nota de ciente ou certificando que o
citando não a apôs no mandado.
Veja que dentre as funções está a de realizar pes-
soalmente as citações. Desse fato, conclui-se que a Ainda se permite a citação por oficial de justiça
citação realizada pelo oficial de justiça é uma das em comarcas contíguas de fácil comunicação e nas
modalidades de citação pessoal, já que vai ao encontro que se situem na mesma região metropolitana. Con-
150 do citando, deixando-o ciente da pretensão do autor. tíguas são as comarcas que fazem fronteira, tanto as
vizinhas quanto as que compõem uma mesma região z Citação por Edital
metropolitana.
Há casos em que a citação pessoal ou por carta não
Art. 255 Nas comarcas contíguas de fácil comuni- se consuma, mas o processo não pode tramitar sem a
cação e nas que se situem na mesma região metro- citação, que é requisito de validade da relação proces-
politana, o oficial de justiça poderá efetuar, em sual. Por isso, a lei traz modalidade de citação ficta,
qualquer delas, citações, intimações, notificações, pela qual se publica edital de citação, nas hipóteses do
penhoras e quaisquer outros atos executivos. art. 256 do CPC:

O oficial de justiça possui fé-pública, pelo que se Art. 256 A citação por edital será feita:
presume a legalidade e a veracidade de seus atos. I - quando desconhecido ou incerto o citando;
Assim, eventual questionamento sobre o certificado II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar
pelo Oficial de Justiça deve ser provado pela parte que em que se encontrar o citando;
III - nos casos expressos em lei.
alega, já que o mencionado auxiliar possui a presun-
ção em seu favor.
A citação é ficta porque não se dá pessoalmente ao
citando, baseando-se em uma presunção de conheci-
z Citação por Meio Eletrônico
mento por ele.
Desconhecido será o réu quando não se souber
A citação por meio eletrônico pretende ser mais efi- quem deverá ser citado. Incerto, quando não se sabe
ciente, já que a comunicação ao citando torna-se faci- sequer se haverá réu, como ocorre em usucapião
litada, dispensando a expedição de carta ou mandado, (DIDIER JR., 2016).
por exemplo. O processo em autos eletrônicos foi regula- Local ignorado baseia-se no desconhecimento de
mentado pela Lei nº 11.419/2006, a qual previu a comu- onde se encontra o réu. Incerto, quando não se sabe
nicação dos atos por meio eletrônico, assim dispondo: o endereço, apesar do conhecimento de que ele possa
estar em determinado território ou localidade. Ina-
Art. 9º No processo eletrônico, todas as citações, cessível será quando, por fatores alheios, não se possa
intimações e notificações, inclusive da Fazenda chegar onde o réu se encontra. No caso de ser inaces-
Pública, serão feitas por meio eletrônico, na forma sível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de
desta Lei. sua citação será divulgada também pelo rádio, se na
§ 1º As citações, intimações, notificações e remes- comarca houver emissora de radiodifusão.
sas que viabilizem o acesso à íntegra do processo O réu será considerado em local ignorado ou incer-
correspondente serão consideradas vista pessoal
to se infrutíferas as tentativas de sua localização, inclu-
do interessado para todos os efeitos legais.
sive mediante requisição pelo juízo de informações
§ 2º Quando, por motivo técnico, for inviável o uso
sobre seu endereço nos cadastros de órgãos públi-
do meio eletrônico para a realização de citação,
intimação ou notificação, esses atos processuais
cos ou de concessionárias de serviços públicos. Aqui,
poderão ser praticados segundo as regras ordiná- poderá haver requisição de informações a instituições
rias, digitalizando-se o documento físico, que deve- financeiras, prestadores de serviços de energia elétri-
rá ser posteriormente destruído. ca, de fornecimento de água, empresas de telefonia etc.
Além das hipóteses acima, a lei exige a publicação
Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o de edital nos casos do art. 259 do CPC:
executado ou o interessado para integrar a relação
Art. 259 Serão publicados editais:
processual. A intimação é o ato pelo qual se dá ciência
I - na ação de usucapião de imóvel;
a alguém dos atos e dos termos do processo. Notifica-
II - na ação de recuperação ou substituição de título
ção é o ato que dá ciência a alguém de uma intenção ao portador;
ou propósito capaz de produzir efeitos jurídicos, como III - em qualquer ação em que seja necessária,
o previsto no art. 726 do CPC. Fala-se em notificação, por determinação legal, a provocação, para par-
ainda, no mandado de segurança (inciso I do art. 7º da ticipação no processo, de interessados incertos ou
Lei nº 12.016/2009), à qual a jurisprudência dá o mes- desconhecidos.
mo efeito da citação. A remessa diz respeito ao envio
de documentos (remessa dos autos). Usucapião é a ação destinada a promover a aquisi-
Já o Código de Processo Civil adota a citação prefe- ção de propriedade móvel ou imóvel em virtude da pos-
rencialmente por esse meio para as empresas públi- se prolongada e sem interrupção, durante determinado
cas e privadas, bem como aos entes e entidades da prazo fixado em lei. A ação de recuperação ou substitui-
Administração Pública Direta – União, Estados, Dis- ção de título ao portador destina-se a resguardar o direi-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

trito Federal e Municípios – e Indireta – autarquias, to daquele que, sendo portador de um título de crédito,
fundações públicas, empresas públicas e sociedades o tenha perdido ou teve a posse dele retirada.
de economia mista. Há a presunção de que o réu tomou conhecimento
pela publicação de edital, daí falar em citação ficta. O
prazo para defesa inicia-se, assim, no dia útil seguinte
Importante! ao fim da dilação assinada pelo juiz (inciso IV do art.
231 do CPC). Os requisitos do edital estão arrolados no
A citação preferencial por meio eletrônico não se art. 257 do CPC:
aplica às microempresas e empresas de peque-
no porte (§ 1º art. 246 do CPC), assim definidas Art. 257 São requisitos da citação por edital:
pela Lei Complementar 123/2006. Essa lei define I - a afirmação do autor ou a certidão do ofi-
que a microempresa (ME) deve ter o faturamento cial informando a presença das circunstâncias
de até R$ 360 mil por ano, enquanto a empresa autorizadoras;
de pequeno porte (EPP) deve possuir como limi- II - a publicação do edital na rede mundial de com-
te de faturamento até R$ 4,8 milhões por ano. putadores, no sítio do respectivo tribunal e na 151
plataforma de editais do Conselho Nacional de Jus- se tenha ocultado em outra comarca, seção ou sub-
tiça, que deve ser certificada nos autos; seção judiciárias.
III - a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará § 2º A citação com hora certa será efetivada mes-
entre 20 (vinte) e 60 (sessenta) dias, fluindo da data mo que a pessoa da família ou o vizinho que houver
da publicação única ou, havendo mais de uma, da sido intimado esteja ausente, ou se, embora presen-
primeira; te, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a
IV - a advertência de que será nomeado curador receber o mandado.
especial em caso de revelia. § 3º Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça
Parágrafo único. O juiz poderá determinar que a deixará contrafé com qualquer pessoa da família ou
publicação do edital seja feita também em jornal vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome.
local de ampla circulação ou por outros meios, con- § 4º O oficial de justiça fará constar do mandado a
siderando as peculiaridades da comarca, da seção advertência de que será nomeado curador especial
ou da subseção judiciárias. se houver revelia.

Veja que, no inciso III, estabelece-se o prazo do edi- Para entender o conceito de domicílio, deve-se
tal, cujo término dará início ao prazo para a defesa, na observar o que diz o Código Civil a partir do art. 70,
forma do citado inciso IV do art. 231 do CPC. cabendo mencionar que domicílio é onde a pessoa
estabelece sua residência (elemento objetivo) com
Dica ânimo definitivo (elemento subjetivo).
Na hora designada, o oficial retornará ao local a
O juiz nomeará curador especial ao réu revel fim de efetuar a citação e, se o citando não estiver pre-
citado por edital ou com hora certa, enquanto sente, o oficial de justiça procurará informar-se sobre
não for constituído advogado. Revelia é o fato as razões da ausência, dando por feita a citação, ainda
processual decorrente da não apresentação de que o citando se tenha ocultado em outra comarca,
seção ou subseção judiciárias. Comarca é a unidade
defesa pelo réu. Logo, se ele for citado por edital
judiciária da justiça estadual, enquanto seções ou sub-
e não apresentar defesa, deve-se nomear cura- seções são unidades judiciárias da justiça federal.
dor especial, que consiste na nomeação de um
defensor para que o defenda no processo. Art. 254 Feita a citação com hora certa, o escrivão
ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou
Por fim, o art. 258 do CPC traz uma punição para interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da
aquele que requerer a citação por edital de má-fé. data da juntada do mandado aos autos, carta, tele-
Vejamos: grama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de
tudo ciência.
Art. 258 A parte que requerer a citação por edital,
alegando dolosamente a ocorrência das circuns- z Citação pelo Escrivão ou Chefe de Secretaria
tâncias autorizadoras para sua realização, incor-
rerá em multa de 5 (cinco) vezes o salário-mínimo. Além de todas as hipóteses citadas, a citação pode-
Parágrafo único. A multa reverterá em benefício do rá ser realizada pelo escrivão ou chefe de secretaria
citando. sempre que o citando comparecer em cartório (inciso
III do art. 246 do CPC).
z Citação por Hora Certa
DAS CARTAS
A citação por hora certa também é realizada por
oficial de justiça, mas baseia-se em pressupostos O CPC/2015 trata dos requisitos das cartas acima
diversos da citação pessoal. Decorre, na verdade, da citadas:
frustração da citação pessoal por suspeita de oculta-
ção do citando. A questão está bem regulamentada no Art. 260 São requisitos das cartas de ordem, preca-
tória e rogatória:
CPC:
I - a indicação dos juízes de origem e de cumpri-
mento do ato;
Art. 252 Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de II - o inteiro teor da petição, do despacho judicial e
justiça houver procurado o citando em seu domicí- do instrumento do mandato conferido ao advogado;
lio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo III - a menção do ato processual que lhe constitui
suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da o objeto;
família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, IV - o encerramento com a assinatura do juiz.
no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a cita- § 1º O juiz mandará trasladar para a carta quais-
ção, na hora que designar. quer outras peças, bem como instruí-la com mapa,
Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos desenho ou gráfico, sempre que esses documentos
loteamentos com controle de acesso, será válida a devam ser examinados, na diligência, pelas partes,
intimação a que se refere o caput feita a funcioná- pelos peritos ou pelas testemunhas.
rio da portaria responsável pelo recebimento de § 2º Quando o objeto da carta for exame pericial
sobre documento, este será remetido em original,
correspondência.
ficando nos autos reprodução fotográfica.
Art. 253 No dia e na hora designados, o oficial de § 3º A carta arbitral atenderá, no que couber, aos
justiça, independentemente de novo despacho, com- requisitos a que se refere o caput e será instruída
parecerá ao domicílio ou à residência do citando a com a convenção de arbitragem e com as provas da
fim de realizar a diligência. nomeação do árbitro e de sua aceitação da função.
§ 1º Se o citando não estiver presente, o oficial de Art. 261. Em todas as cartas o juiz fixará o pra-
justiça procurará informar-se das razões da ausên- zo para cumprimento, atendendo à facilidade das
152 cia, dando por feita a citação, ainda que o citando comunicações e à natureza da diligência.
§ 1º As partes deverão ser intimadas pelo juiz do ou no cartório do juízo deprecante, a importância
ato de expedição da carta. correspondente às despesas que serão feitas no juí-
§ 2º Expedida a carta, as partes acompanharão zo em que houver de praticar-se o ato.
o cumprimento da diligência perante o juízo des-
tinatário, ao qual compete a prática dos atos de O juiz poderá recusar-se ao cumprimento da carta
comunicação.
§ 3º A parte a quem interessar o cumprimento da
precatória ou arbitral, devolvendo-a com decisão fun-
diligência cooperará para que o prazo a que se refe- damentada. As hipóteses de recusa estão arroladas no
re o caput seja cumprido. art. 267 do CPC:

Veja que em todas as cartas temos dois tipos de juízos: Art. 267 O juiz recusará cumprimento a carta
o de origem (aquele que expede a carta e solicita a coope- precatória ou arbitral, devolvendo-a com decisão
ração), e o de cumprimento do ato (destinatário da solici- motivada quando:
tação, que cumprirá o ato preestabelecido). Por exemplo, I - a carta não estiver revestida dos requisitos
podemos falar em juízo deprecante (que expede a carta) e legais;
juízo deprecado (incumbido de cumprir o ato). II - faltar ao juiz competência em razão da matéria
Em todas as cartas, o juiz fixará o prazo para cum- ou da hierarquia;
primento, atendendo à facilidade das comunicações e III - o juiz tiver dúvida acerca de sua autenticidade.
à natureza da diligência. Esse prazo pode ser dilata- Parágrafo único. No caso de incompetência em
do, diante das dificuldades do ato. Se for constatado razão da matéria ou da hierarquia, o juiz depreca-
que o ato deva ser praticado em localidade diversa da do, conforme o ato a ser praticado, poderá remeter
destinatária da carta, esta assumirá caráter itineran- a carta ao juiz ou ao tribunal competente.
te, podendo ser remetida ao novo juízo que lhe dará
cumprimento, comunicando-se ao órgão expedidos Por fim, dispõe o art. 268 sobre a procedência após
(art. 262 do CPC). atingida a finalidade da carta:
Portanto, as cartas podem possuir caráter itineran-
te, isto é, tramitar por mais de um juízo. Imagine uma Art. 268. Cumprida a carta, será devolvida ao juízo
carta precatória expedida de São Paulo para Campi- de origem no prazo de 10 (dez) dias, independente-
nas destinada à citação do réu. O juízo de Campinas mente de traslado, pagas as custas pela parte.
constata a mudança de endereço do réu, que passou a
residir em Belo Horizonte. Em vez de devolver a carta DAS INTIMAÇÕES
ao juízo de origem (São Paulo) poderá remeter ao juí-
zo de Belo Horizonte, pelo que passará a carta a pos- Conceito
suir caráter itinerante. Veja o art. 262 do CPC:
O conceito de intimação está expresso no artigo
Art. 262 A carta tem caráter itinerante, podendo, 269 do CPC, que assim dispõe:
antes ou depois de lhe ser ordenado o cumprimen-
to, ser encaminhada a juízo diverso do que dela Art. 269 Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a
consta, a fim de se praticar o ato. alguém dos atos e dos termos do processo.
Parágrafo único. O encaminhamento da carta a § 1º É facultado aos advogados promover a intima-
outro juízo será imediatamente comunicado ao ção do advogado da outra parte por meio do cor-
órgão expedidor, que intimará as partes. reio, juntando aos autos, a seguir, cópia do ofício de
intimação e do aviso de recebimento.
Preferencialmente, as cartas devem ser expedidas § 2º O ofício de intimação deverá ser instruído com
por meio eletrônico, além do telefone ou telegrama, cópia do despacho, da decisão ou da sentença.
na forma dos arts. 263 do CPC e seguintes: § 3º A intimação da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios e de suas respectivas autar-
Art. 264 A carta de ordem e a carta precatória por quias e fundações de direito público será realizada
meio eletrônico, por telefone ou por telegrama con- perante o órgão de Advocacia Pública responsável
terão, em resumo substancial, os requisitos mencio- por sua representação judicial.
nados no art. 250, especialmente no que se refere à
aferição da autenticidade. Veja-se que a intimação pode se dirigir a qualquer
Art. 265 O secretário do tribunal, o escrivão ou o pessoa, seja às partes e seus procuradores, seja tercei-
chefe de secretaria do juízo deprecante transmiti- ros alheios ao processo, como a testemunha, o perito
rá, por telefone, a carta de ordem ou a carta preca- etc. Assim, a intimação diferencia-se da citação, a qual
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

tória ao juízo em que houver de se cumprir o ato, é dirigida ao réu (polo passivo). A intimação é ato de
por intermédio do escrivão do primeiro ofício da comunicação de qualquer ato processual, como desig-
primeira vara, se houver na comarca mais de um nação de audiência, publicação de sentença ou acór-
ofício ou de uma vara, observando-se, quanto aos dão, ordens judiciais dirigidas às partes, intimação de
requisitos, o disposto no art. 264. testemunhas para comparecimento em audiência ou
§ 1º O escrivão ou o chefe de secretaria, no mesmo de perito para atuar no processo etc.
dia ou no dia útil imediato, telefonará ou enviará O advogado pode promover a intimação do advo-
mensagem eletrônica ao secretário do tribunal, ao gado da outra parte por meio do correio, juntando aos
escrivão ou ao chefe de secretaria do juízo depre- autos, a seguir, cópia do ofício de intimação e do aviso
cante, lendo-lhe os termos da carta e solicitando- de recebimento.
-lhe que os confirme.
§ 2º Sendo confirmada, o escrivão ou o chefe de Intimação da Fazenda Pública
secretaria submeterá a carta a despacho.
Art. 266. Serão praticados de ofício os atos requisi- A intimação da União, dos Estados, do Distrito Fede-
tados por meio eletrônico e de telegrama, devendo a ral, dos Municípios e de suas respectivas autarquias e
parte depositar, contudo, na secretaria do tribunal fundações de direito público será realizada perante o 153
órgão de Advocacia Pública responsável por sua repre- Art. 272. Quando não realizadas por meio eletrôni-
sentação judicial. Os órgãos de advocacia pública co, consideram-se feitas as intimações pela publica-
podem ser a própria Advocacia Geral da União ou dos ção dos atos no órgão oficial.
Estados, e as Procuradorias dos respectivos órgãos. § 1º Os advogados poderão requerer que, na inti-
Por exemplo, nos processos em que o Municí- mação a eles dirigida, figure apenas o nome da
pio for parte, será representado pela respetiva pro- sociedade a que pertençam, desde que devidamente
curadoria jurídica, enquanto nos estados tem-se a registrada na Ordem dos Advogados do Brasil.
advocacia geral do respectivo estado como órgão de § 2º Sob pena de nulidade, é indispensável que da
representação. publicação constem os nomes das partes e de seus
advogados, com o respectivo número de inscrição
Forma das Intimações na Ordem dos Advogados do Brasil, ou, se assim
requerido, da sociedade de advogados.
Como ato garantidor do contraditório e da ampla § 3º A grafia dos nomes das partes não deve conter
defesa, as intimações também possuem requisitos a abreviaturas.
serem observados, sobretudo com relação ao meio de § 4º A grafia dos nomes dos advogados deve cor-
comunicação do ato aos interessados. responder ao nome completo e ser a mesma que
Conforme o art. 270 do CPC, as intimações realizam- constar da procuração ou que estiver registrada na
-se, sempre que possível, por meio eletrônico, na forma
Ordem dos Advogados do Brasil.
da lei, sendo exigido do Ministério Público, da Defen-
§ 5º Constando dos autos pedido expresso para que
soria Pública e da Advocacia Pública que mantenham
as comunicações dos atos processuais sejam feitas
cadastro atualizado junto aos sistemas de processos
em nome dos advogados indicados, o seu desaten-
eletrônicos para recebimento de suas intimações.Em
regras o juiz determinará as intimações pendentes de ofí- dimento implicará nulidade.
cio, conforme dispõe o art. 271, do CPC: § 6º A retirada dos autos do cartório ou da secre-
taria em carga pelo advogado, por pessoa creden-
ciada a pedido do advogado ou da sociedade de
Art. 271 O juiz determinará de ofício as intima-
ções em processos pendentes, salvo disposição em advogados, pela Advocacia Pública, pela Defenso-
contrário. ria Pública ou pelo Ministério Público implicará
intimação de qualquer decisão contida no processo
retirado, ainda que pendente de publicação.
Não sendo possível a intimação por meio eletrôni-
§ 7º O advogado e a sociedade de advogados deve-
co, poderá ser realizada por uma das formas de cita-
rão requerer o respectivo credenciamento para a
ção estudadas, especificamente por carta, oficial de
retirada de autos por preposto.
justiça ou pelo próprio escrivão ou chefe de secreta-
§ 8º A parte arguirá a nulidade da intimação em
ria. Assim dispõe o CPC/2015:
capítulo preliminar do próprio ato que lhe caiba
praticar, o qual será tido por tempestivo se o vício
Art. 273 Se inviável a intimação por meio eletrôni-
co e não houver na localidade publicação em órgão for reconhecido.
oficial, incumbirá ao escrivão ou chefe de secreta- § 9º Não sendo possível a prática imediata do ato
ria intimar de todos os atos do processo os advoga- diante da necessidade de acesso prévio aos autos, a
dos das partes: parte limitar-se-á a arguir a nulidade da intimação,
I - pessoalmente, se tiverem domicílio na sede do caso em que o prazo será contado da intimação da
juízo; decisão que a reconheça.
II - por carta registrada, com aviso de recebimento,
quando forem domiciliados fora do juízo. Uma inovação trazida pelo CPC/2015, anterior-
[...] mente já contemplada na jurisprudência, é a que se
Art. 275 A intimação será feita por oficial de justiça
refere ao pedido expresso das partes e procuradores
quando frustrada a realização por meio eletrônico
ou pelo correio. para que as comunicações dos atos processuais sejam
§ 1º A certidão de intimação deve conter: feitas em nome dos advogados indicados, ocasião em
I - a indicação do lugar e a descrição da pessoa que seu desatendimento implicará nulidade.
intimada, mencionando, quando possível, o núme- No caso dos autos físicos, a retirada dos autos do
ro de seu documento de identidade e o órgão que cartório ou da secretaria em carga (o ato de retirar
o expediu; o processo da secretaria do juízo) pelo advogado,
II - a declaração de entrega da contrafé; por pessoa credenciada a pedido do advogado ou da
III - a nota de ciente ou a certidão de que o interes-
sociedade de advogados, pela Advocacia Pública, pela
sado não a apôs no mandado.
§ 2º Caso necessário, a intimação poderá ser efe- Defensoria Pública ou pelo Ministério Público implica-
tuada com hora certa ou por edital. rá intimação de qualquer decisão contida no processo
retirado, ainda que pendente de publicação. Trata-se
A contrafé é uma cópia autêntica e fiel da intima- de hipótese de presunção da intimação, pois a retira-
ção que reproduz exatamente os termos da via que da dos autos induz conhecimento inequívoco dos atos
será devolvida ou juntada aos autos do processo. e termos do processo, dando-se por intimada a parte.
Dispõe ainda o art. 272 que se consideram realiza- O CPC/2015 estabelece a forma de arguir (alegar)
das as intimações pela publicação dos atos no órgão a nulidade de intimação, devendo esta ser feita em
oficial, quando não realizadas por meio eletrônico. capítulo preliminar do próprio ato que lhe caiba pra-
Para assegurar a validade do ato de intimação, sob ticar, o qual será tido por tempestivo se o vício for
pena de nulidade, é indispensável que da publicação reconhecido. Não sendo possível a prática imediata do
constem os nomes das partes e de seus advogados, ato diante da necessidade de acesso prévio aos autos,
com o respectivo número de inscrição na Ordem dos a parte limitar-se-á a arguir a nulidade da intimação,
Advogados do Brasil, ou, se assim requerido, da socie- caso em que o prazo será contado da intimação da
154 dade de advogados. decisão que a reconheça.
Aqui, deve-se ficar atento, pois a decisão que em provisória, porque, evidentemente, poderá ser
eventualmente reconhecer a nulidade dará início à modificada ao longo da tramitação do processo, caso
contagem do prazo para a prática do ato que ficara deixem de existir os requisitos que a fundamentaram,
impossibilitado diante do vício. A alegação se dá em o que pode ocorrer após a instrução probatória, por
preliminar, isto é, como tópico inaugural da mani- exemplo, ou na sentença, ocasião em que o juiz torna-
festação da parte, antes que sejam discutidas outras rá sem efeito a tutela concedida, revogando-a. Aqui,
questões pertinentes. nota-se o efeito do tempo no processo, que poderá ser
Não dispondo a lei de outro modo, as intimações danoso à utilidade dos bens jurídicos e dos direitos
serão feitas às partes, aos seus representantes legais, perseguidos pelas partes. Veja o que diz o CPC (2015):
aos advogados e aos demais sujeitos do processo pelo
correio ou, se presentes em cartório, diretamente pelo Art. 296 A tutela provisória conserva sua eficácia
escrivão ou chefe de secretaria (art. 274). Estando a na pendência do processo, mas pode, a qualquer
parte representada por advogado, a intimação será, tempo, ser revogada ou modificada.
por regra, dirigida ao seu procurador. É interessan- Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrá-
te notar nesse ponto uma cláusula que remete à boa- rio, a tutela provisória conservará a eficácia duran-
te o período de suspensão do processo.
-fé da parte, que deverá comunicar ao juízo eventual
mudança de endereço, sob pena de serem considera-
das válidas as intimações dirigidas ao endereço cons- A tutela provisória é o gênero, do qual decorrem
tante dos autos: duas espécies:

Art. 274 [...] z Tutela de urgência;


Parágrafo único. Presumem-se válidas as intima- z Tutela de evidência.
ções dirigidas ao endereço constante dos autos,
ainda que não recebidas pessoalmente pelo inte- Sobre isso, dispõe o CPC:
ressado, se a modificação temporária ou definitiva
não tiver sido devidamente comunicada ao juízo, Art. 294 A tutela provisória pode fundamentar-se
fluindo os prazos a partir da juntada aos autos do em urgência ou evidência.
comprovante de entrega da correspondência no Parágrafo único. A tutela provisória de urgência,
primitivo endereço. cautelar ou antecipada, pode ser concedida em
caráter antecedente ou incidental.
Dica
Adiante, serão aprofundadas essas espécies, inclusive
Tanto a citação quanto a intimação são atos contextualizando e explicando o significado de expres-
garantidores do contraditório, de modo que, se sões importantes, como as tutelas cautelares e anteci-
houver nulidade nesses atos de comunicação, padas, antecedentes e incidentais. Por ora, observe, em
pode-se dizer que há violação também do prin- aspecto geral, como se dividem as tutelas provisórias:
cípio constitucional em questão, o que prejudica
também o exercício da ampla defesa. Antecedente
Cautelar
Incidental
Urgência
Tutela
DA TUTELA PROVISÓRIA Provisória
Evidência
Antecedente
Antecipada
Incidental
DISPOSIÇÕES GERAIS

Toda ação busca a tutela de um direito material, isto Quanto ao momento das tutelas de urgência,
é, um direito subjetivo ou fundamental, útil aos sujeitos podem ser anteriores à propositura da ação princi-
do processo. Sabe-se que algumas questões podem cau- pal ou serem formuladas juntamente com a petição
sar grave risco à parte, caso se aguarde o provimento inicial ou durante o curso da ação. No primeiro caso,
jurisdicional. Neste sentido, a tutela provisória consti- fala-se em tutela antecedente.
tui um mecanismo processual bastante eficiente. Nos demais, em tutela incidental, a qual ocorre
Imagine um autor que necessite da concessão de quando já está em curso a ação. Mas, se for formula-
um medicamento ou tratamento cuja falta o levará, da concomitantemente à propositura da ação, deve a
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

rapidamente, à morte ou ao agravamento da saúde. tutela de urgência vir formulada em tópico próprio da
Imagine, ainda, um consumidor que teve seu nome petição inicial.
inscrito nos órgãos de proteção ao crédito, mesmo a
dívida estando paga ou, pior, quando sequer existiu Dica
contrato entre as partes. Essas duas hipóteses são
comuns no Poder Judiciário, assim como o são os pedi- Admite-se a tutela de urgência antecipada recur-
dos de tutela de urgência relativos a elas, seja para a sal quando se busca antecipar o provimento
concessão liminar de um medicamento, seja para jurisdicional a ser concedido no recurso.
autorizar a retirada liminar do nome de um consumi-
dor dos órgãos restritivos. Quando a tutela for requerida em caráter ante-
A tutela provisória é o “provimento jurisdicional cedente, a parte deve recolhê-la no início do proce-
que visa adiantar os efeitos da decisão final no pro- dimento, enquanto que, se for em caráter incidental,
cesso para assegurar o seu resultado prático.”1 Fala-se dispensam-se as custas processuais (Art. 295).
1  DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2017, p. 418). 155
Art. 295 A tutela provisória requerida em caráter Art. 300 A tutela de urgência será concedida quan-
incidental independe do pagamento de custas. do houver elementos que evidenciem a probabili-
dade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
O recolhimento das custas processuais constitui resultado útil do processo.
requisito processual objetivo de validade, pois, sem o
devido preparo da ação, não podem as partes deman- A probabilidade do direito é o primeiro requisito,
darem. Assim, a regra é a onerosidade do processo, segundo o qual se deve concluir pela plausibilidade
do direito invocado pela parte, de modo que, ainda em
sendo a gratuidade admitida excepcionalmente.
análise inicial e perfunctória, o juiz se permita con-
O poder geral de cautela está presente nas tutelas
vencer de que é provável que a parte, ao final, ven-
provisórias, sendo que o juiz poderá determinar as
cerá a ação. Essa probabilidade traz a robusta ideia
medidas que considerar adequadas para sua efetiva-
de um direito suficientemente comprovado e seguro,
ção (Art. 297). ao contrário de uma alegação frágil, duvidosa e por
demais controvertida.
Art. 297 O juiz poderá determinar as medidas que O segundo requisito relaciona-se aos efeitos preju-
considerar adequadas para efetivação da tutela diciais que a demora do provimento final pode causar
provisória. à parte e seu direito. O perigo de dano remete à ideia
Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória de que a demora no desenrolar do processo poderá
observará as normas referentes ao cumprimento agravar ou ceifar por completo o direito da parte, cor-
provisório da sentença, no que couber. rendo-se o risco de o direito invocado não mais poder
ser protegido ao final. A questão assemelha-se ao ris-
Como de praxe, qualificando-se como elemento co ao resultado útil do processo. Nesse caso, “a tutela
para a validade do pronunciamento judicial, na deci- do direito corre o perigo de não poder ser realizada
são que conceder, negar, modificar ou revogar a tute- – daí a necessidade de satisfazer ou acautelar imedia-
la provisória, o juiz motivará seu convencimento de tamente o direito.”2
modo claro e preciso (Art. 298). A tutela de urgência pode ser concedida liminar-
mente (sem oitiva da parte contrária) ou após justi-
Art. 298 Na decisão que conceder, negar, modificar ficação prévia, ocasião em que poderá ser designada
ou revogar a tutela provisória, o juiz motivará seu audiência para esse fim. É importante destacar que a
convencimento de modo claro e preciso. decisão liminar, embora tomada sem a oitiva da par-
te adversa, estará sujeita ao contraditório diferido no
A competência para o requerimento de tutela pro- tempo ou postergado. Nesse caso, a intimação ocor-
visória se estrutura da seguinte forma: rerá após a decisão tomada, ocasião em que a parte
poderá se manifestar e interpor recurso.
z Quando antecedente, deve ser dirigida do juí- A exigência de prévia garantia do juízo está disci-
zo ou tribunal competente para a causa/pedido plina pelo art. 300, § 1º, do CPC, que assim dispõe:
principal;
Art. 300 [...]
z Quando incidental, deve ser dirigida do juízo ou
§ 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz
tribunal em que tramita a causa principal.
pode, conforme o caso, exigir caução real ou fide-
jussória idônea para ressarcir os danos que a outra
Em matéria de recursos, são cabíveis: parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser disci-
plinada se a parte economicamente hipossuficiente
z Agravo de instrumento, se concedida no curso da não puder oferecê-la.
ação como decisão interlocutória;
z Apelação, se concedida na sentença. Dica
Art. 299 A tutela provisória será requerida ao juízo Evidentemente, se a parte é hipossuficiente, a
da causa e, quando antecedente, ao juízo competen- exigência de caução (garantia de valor econômi-
te para conhecer do pedido principal. co) pode ser um obstáculo à tutela de seu direito,
Parágrafo único. Ressalvada disposição especial, a qual, durante o nosso estudo, temos verificado
na ação de competência originária de tribunal e que se trata de uma tutela urgente.
nos recursos a tutela provisória será requerida ao
órgão jurisdicional competente para apreciar o A tutela de urgência de natureza antecipada não
mérito. será concedida quando houver perigo de irreversibili-
dade dos efeitos da decisão.
DA TUTELA DE URGÊNCIA Isso significa que a tutela de urgência será concedi-
da se for possível o retorno ao status quo ante em caso
de revogação ou reforma da decisão que a concedeu.
Disposições Gerais
Reversível é aquela tutela que pode ser desfeita, caso
revogada ou modificada. Assim, a ação que pede a bai-
Conforme o art. 300 do CPC, a tutela de urgência xa de restrição nos órgãos de proteção ao crédito em
será concedida quando houver elementos que eviden- nome do consumidor é reversível, pois, uma vez não
ciem a probabilidade do direito (fumus boni iuris) e o constatada a sua alegação ao longo do processo, é pos-
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo sível novamente inserir o gravame. No entanto, não
(periculum in mora). seria reversível a decisão que concede tratamento ou
2  MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. O novo processo civil. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p.
156 231.
procedimento médico cirúrgico. Por isso, atente-se ao § 3º O aditamento a que se refere o inciso I do § 1º
fato de que o requisito da irreversibilidade não pode deste artigo dar-se-á nos mesmos autos, sem inci-
ser visto como absoluto, sob pena de ferir o acesso à dência de novas custas processuais.
justiça e à tutela adequada dos direitos. § 4º Na petição inicial a que se refere o caput deste
De qualquer modo, o CPC (2015) é claro ao regular artigo, o autor terá de indicar o valor da causa, que
a recomposição de eventuais danos causados à parte deve levar em consideração o pedido de tutela final.
adversa em virtude de prejuízo decorrente da conces- § 5º O autor indicará na petição inicial, ainda, que
são da tutela de urgência: pretende valer-se do benefício previsto no caput deste
artigo.
Art. 302 Independentemente da reparação por § 6º Caso entenda que não há elementos para a con-
dano processual, a parte responde pelo prejuízo cessão de tutela antecipada, o órgão jurisdicional
que a efetivação da tutela de urgência causar à par- determinará a emenda da petição inicial em até 5
te adversa, se: (cinco) dias, sob pena de ser indeferida e de o pro-
I - a sentença lhe for desfavorável; cesso ser extinto sem resolução de mérito.
II - obtida liminarmente a tutela em caráter ante-
cedente, não fornecer os meios necessários para a z Procedimento
citação do requerido no prazo de 5 (cinco) dias;
III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em A petição inicial da tutela antecipada requerida em
qualquer hipótese legal; caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a
IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou pres- exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e
crição da pretensão do autor.
o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
Parágrafo único. A indenização será liquidada nos
O autor também terá de indicar o valor da causa, que
autos em que a medida tiver sido concedida, sem-
pre que possível. deve levar em consideração o pedido de tutela final.
Nos casos em que a urgência for contemporânea à
propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se
Do Procedimento da Tutela Antecipada Requerida
ao requerimento da tutela antecipada e à indicação
em Caráter Antecedente
do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do
direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do
z Definição da tutela antecipada
risco ao resultado útil do processo. Nesse caso, o autor
limita-se a formular o pedido de tutela de urgência,
A tutela antecipada refere-se à proteção do direito relatando as circunstâncias que tornam seu direito
material em caráter antecipado ao provimento final. provável e o motivo pelo qual a demora do processo
Trata-se da proteção de um direito feito de forma adian- pode lhe causar grave prejuízo. Aqui, ele não elabora
tada à sentença, ou seja, a tutela vem antes do provi- a petição inicial por completo, devendo informar ao
mento jurisdicional definitivo, desde que preenchidos juiz, o qual trará a totalidade das questões fáticas e
os requisitos anteriormente estudados. O que se anteci- jurídicas em momento posterior. Assim, a tutela é for-
pa é a própria tutela jurisdicional, no todo ou em parte. mulada antes de se propor a ação principal.
Embora assim seja, não significa que a tutela será Imagine que houve o protesto indevido de um
definitiva, pois, como vimos, trata-se de uma medida título em nome do autor. Imediatamente, ele propõe
caracterizada pela provisoriedade. Tutela definitiva a tutela antecipada para sustar (suspender) os efeitos
somente ocorrerá quando a cognição por exauriente, do protesto, informando, na petição de tutela, que for-
o que ocorre na sentença. Por cognição exauriente mulará, posteriormente, o pedido principal de anula-
entenda-se a possibilidade de o juiz aprofundar-se no ção do título e eventual indenização por danos morais.
caso, conhecer do direito discutido e todas as contro- Pode, ainda, ser formulada essa tutela para submeter
vérsias a ele relacionadas e, somente ao final, estar uma pessoa à cirurgia de urgência, garantindo, desde
apto a julgar plenamente o caso. logo, o seu direito. Desse caso hipotético, surgem duas
Na tutela provisória, a cognição é perfunctória, possibilidades:
superficial, baseada em elementos indicativos de que
o direito do autor prevalecerá sobre o do réu.
„ Se concedida a tutela antecipada;
Art. 303 Nos casos em que a urgência for contem-
O autor deverá aditar a petição inicial, com a com-
porânea à propositura da ação, a petição inicial
plementação de sua argumentação, a juntada de novos
pode limitar-se ao requerimento da tutela anteci-
documentos e a confirmação do pedido de tutela final,
pada e à indicação do pedido de tutela final, com a
em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior que o
exposição da lide, do direito que se busca realizar e
juiz fixar, o que deverá ocorrer nos mesmos autos,
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do


processo.
não sendo necessário instaurar nova relação proces-
§ 1º Concedida a tutela antecipada a que se refere o sual. Se não realizado o aditamento (complemento), o
caput deste artigo: processo será extinto, sem resolução do mérito (sem
I - o autor deverá aditar a petição inicial, com a julgamento do direito material e dos fatos discutidos
complementação de sua argumentação, a juntada na ação); o réu será citado e intimado para a audiên-
de novos documentos e a confirmação do pedido de cia de conciliação ou de mediação, na forma do art.
tutela final, em 15 (quinze) dias ou em outro prazo 334; não havendo autocomposição, o prazo para con-
maior que o juiz fixar; testação será contado na forma do art. 335.
II - o réu será citado e intimado para a audiência de
conciliação ou de mediação na forma do art. 334 ; „ Se não concedida a tutela antecipada;
III - não havendo autocomposição, o prazo para
contestação será contado na forma do art. 335 . O órgão jurisdicional determinará a emenda da
§ 2º Não realizado o aditamento a que se refere o petição inicial em até 5 (cinco) dias, sob pena de ser
inciso I do § 1º deste artigo, o processo será extinto indeferida e de o processo ser extinto sem resolução
sem resolução do mérito. de mérito. 157
z Estabilização da tutela antecipada Do Procedimento da Tutela Cautelar Requerida em
Caráter Antecedente
Um dos objetivos do CPC (2015) é a solução do
mérito em tempo razoável, motivo pelo qual introdu- z Definição
ziu a possibilidade de estabilização da tutela antecipa-
A tutela cautelar vem substituir as antigas ações
da, caso não haja recurso da decisão que a concedeu.
cautelares autônomas, existentes no CPC de 1973.
A estabilização somente se aperfeiçoa se, nesse
Assim, as ações autônomas, antes tipificadas, podem
ínterim, o autor promover o aditamento do pedido,
ser objeto dessa tutela cautelar, caso inexista proibi-
como vimos. Além disso, a estabilização ocorre na
ção legal.
hipótese de tutela de natureza antecipada em caráter
Enquanto a tutela antecipada se dirige, precipua-
antecedente. mente, à proteção tempestiva e razoável do direito
No exemplo dado anteriormente, a tutela anteci- material, a tutela cautelar tem relação, primeiramen-
pada para suspender os efeitos do protesto indevido te, com assegurar a efetividade da tutela jurisdicional.
se tornará consolidada em caso de inexistência de Em outras palavras, a tutela cautelar se presta a asse-
recurso da parte adversa. A estabilidade reproduz um gurar o processo.
aspecto imodificável à tutela concedida. Nesse ponto, torna-se necessário diferenciar a
Importante observar que a tutela antecipada con- tutela antecipada antecedente da tutela cautelar, já
servará seus efeitos enquanto não revista, reformada que ambas são espécies de tutela de urgência, basea-
ou invalidada por decisão de mérito proferida na ação das nos mesmos requisitos do art. 300 do CPC. A tutela
própria e autônoma. Sobre isso, complementa o CPC antecipada antecedente possui caráter satisfativo, na
(2015) ao dispor que o direito de rever, reformar ou medida em que assegura o próprio direito de forma
invalidar a tutela antecipada por ação autônoma extin- antecipada. Já a tutela cautelar, como veremos melhor
gue-se após 2 (dois) anos, contados da ciência da deci- adiante, assegura o resultado útil do processo, espe-
são que extinguiu o processo. Não ocorrendo qualquer cificamente do pedido principal que será formulado
impugnação, a tutela se torna irreversível. A possibili- posteriormente no prazo previsto em lei.
dade de discutir a tutela encontra-se no art. 304. As tutelas cautelares não estão sujeitas à estabili-
zação, o que somente ocorre com a tutela antecipada
Art. 304 A tutela antecipada, concedida nos termos antecedente. Do mesmo modo, os prazos dos procedi-
do art. 303 , torna-se estável se da decisão que a mentos são diferenciados. Na tutela antecipada ante-
conceder não for interposto o respectivo recurso. cedente, o autor deve aditar (complementar) a petição
§ 1º No caso previsto no caput , o processo será inicial no prazo de 15 dias, além do que a resposta do
extinto. réu observará o prazo de 15 dias; na tutela cautelar, o
§ 2º Qualquer das partes poderá demandar a outra pedido principal deve ser formulado no prazo de 30
com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tute- dias, sendo que a resposta do réu deverá ser apresen-
la antecipada estabilizada nos termos do caput . tada no prazo de 5 dias.
§ 3º A tutela antecipada conservará seus efeitos
enquanto não revista, reformada ou invalidada por z Cabimento
decisão de mérito proferida na ação de que trata
o § 2º. A tutela cautelar respeita os requisitos inerentes
§ 4º Qualquer das partes poderá requerer o desar- às tutelas de urgência. Lembre-se de que ela também
quivamento dos autos em que foi concedida a medi- é uma espécie de tutela de urgência, ao lado das tute-
da, para instruir a petição inicial da ação a que se las antecipadas, embora tenha, como objeto, algumas
refere o § 2º, prevento o juízo em que a tutela ante- medidas cautelares, previstas no art. 301 do CPC.
cipada foi concedida. Vejamos:
§ 5º O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela
antecipada, previsto no § 2º deste artigo, extingue-se Art. 301 A tutela de urgência de natureza caute-
após 2 (dois) anos, contados da ciência da decisão lar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro,
que extinguiu o processo, nos termos do § 1º. arrolamento de bens, registro de protesto contra
§ 6º A decisão que concede a tutela não fará coisa alienação de bem e qualquer outra medida idônea
julgada, mas a estabilidade dos respectivos efeitos para asseguração do direito.
só será afastada por decisão que a revir, reformar
ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma O sentido da expressão cautelar é o de resguardar,
das partes, nos termos do § 2º deste artigo. proteger, conservar. Entretanto, o que se busca con-
servar efetivamente? Quer-se conservar ou resguar-
Veja que o Código somente tratará, como definiti- dar o futuro pedido principal, ou seja, destina-se à
va, a tutela depois de decorridos dois anos da extin- proteção do direito. É como se a tutela cautelar tivesse
ção do processo em que foi concedida, já que, dentro a função de sustentar a efetividade do futuro pedido
principal, servindo-lhe de acessório.
desse prazo, a parte poderá promover ação própria,
Sobre as medidas citadas no art. 301 do CPC, ensi-
buscando rever, reformar ou invalidar a tutela con-
na Elpídio Donizetti (2017, passim):
cedida. Nesse caso, deverá a parte interessada fazer
prova dos fatos e fundamentos capazes de rechaçar
“Arresto é a medida de apreensão de bens que tem
a tutela. por fim garantir futura execução por quantia cer-
No entanto, se a parte interpor o recurso cabível ta. [...] Por outro lado, sequestro é medida que visa
contra a decisão que concede a tutela antecipada, não garantir execução para a entrega de coisa, ou seja,
se falará em estabilização. Do mesmo modo, dentro do sua incidência é sobre bens determinados. [...] O
prazo de dois anos, poderá a parte propor ação, visan- arrolamento de bens, por sua vez, tem a finalidade
158 do rever, reformar ou invalidar a tutela. de conservar bens sobre os quais incide o interesse
do requerente da medida, como, por exemplo, do - O juiz pode ordenar que a parte exiba documento
cônjuge para resguardar sua meação na partilha; ou coisa que se encontre em poder dela, preenchi-
do herdeiro em relação aos bens da herança; do dos os requisitos dos arts. 396 e ss do CPC.
sócio em relação aos bens sociais etc. [...] A medi- - A concessão da tutela jurisdicional provisória,
da [protesto contra alienação de bens] consiste na de urgência, com natureza satisfativa ou cautelar
averbação, pelo oficial do registro de imóveis, na pressupõe a presença cumulativa de dois requisi-
matrícula do imóvel, do protesto contra a aliena- tos: probabilidade do direito (“fumus boni iuris”) e
ção de bens, com a finalidade de tornar pública a perigo da demora (“periculum in mora”).
discordância do credor quanto á alienação de bem
do devedor.” (TJMG - Agravo de Instrumento-Cv  1.0003.17.002798-5/001,
Relator(a): Des.(a) Alice Birchal , 7ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em
16/10/2018, publicação da súmula em 23/10/2018)
Além dela, podemos citar, como exemplo, a produ-
ção antecipada de provas:
z Procedimento
Art. 381 A produção antecipada da prova será
admitida nos casos em que:
O procedimento da tutela cautelar está previsto
I - haja fundado receio de que venha a tornar-se desde o art. 305 ao art. 310 do CPC. Diz o art. 305, sobre
impossível ou muito difícil a verificação de certos a petição inicial:
fatos na pendência da ação;
II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabi- Art. 305 A petição inicial da ação que visa à presta-
lizar a autocomposição ou outro meio adequado de ção de tutela cautelar em caráter antecedente indi-
solução de conflito; cará a lide e seu fundamento, a exposição sumária
III - o prévio conhecimento dos fatos possa justifi- do direito que se objetiva assegurar e o perigo de
car ou evitar o ajuizamento de ação. dano ou o risco ao resultado útil do processo.
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO DE Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que
INSTRUMENTO - AÇÃO REIVINDICATÓRIA PARCIAL se refere o caput tem natureza antecipada, o juiz
- TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA CAUTELAR observará o disposto no art. 303.
INCIDENTAL - PLEITO DE IMPOSIÇÃO, AOS RÉUS,
DE SE ABSTEREM DE REALIZAR MODIFICAÇÕES Imagine que o autor pretenda propor ação demar-
OU CONSTRUÇÕES NO CURRAL CONSTANTE NO catória dos limites de uma propriedade rural, mas os
IMÓVEL RURAL OBJETO DO LITÍGIO - DEFERIMEN- marcos naturais dessa propriedade estão se perden-
TO PELO JUIZ - REQUISITOS DO ARTIGO 300 DO do rapidamente pela ação de invasores ou do próprio
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - FUMUS BONI IURIS E vizinho. Claramente, a prova que seria produzida na
PERICULUM IN MORA - PRESENÇA - DEMONSTRA- ação principal será inútil, caso se aguarde o desenro-
ÇÃO DE RISCO CONCRETO AO RESULTADO ÚTIL DO lar do processo. Surge a possibilidade de uma tutela
PROCESSO - OCORRÊNCIA - RECURSO NÃO PROVI- cautelar demonstrar essa urgência e necessidade de
DO - DECISÃO AGRAVADA MANTIDA. antecipar a produção de uma prova relevante ao futu-
- Nos termos do disposto no artigo 300 do vigente ro processo. Daí que o CPC determina que o autor indi-
Código de Processo Civil, a concessão de tutela pro- que a lide e seu fundamento, expondo resumidamente
visória de urgência - de natureza cautelar ou satis- (sumariamente) seu direito.
fativa - requer a presença, de forma cumulativa, A citação do réu será para contestar a tutela caute-
dos requisitos da probabilidade do direito invocado lar no prazo de cinco dias, concedida ou não eventual
pela parte requerente e da existência de perigo de
liminar. O réu deverá indicar as provas que preten-
dano, caso o provimento jurisdicional reclamado
de produzir e, caso não constem, incidem os efeitos
somente seja concedido em decisão final.
da revelia, podendo ser considerados verdadeiros os
- Presentes os indispensáveis requisitos relativos
fatos alegados pelo autor. Se contestado o pedido no
ao fumus boni juris e ao periculum in mora, tra-
duzidos na probabilidade do direito invocado pela
prazo legal, observar-se-á o procedimento comum.
parte requerente e demonstração de perigo de dano
ou comprometimento da utilidade do resultado Art. 306 O réu será citado para, no prazo de 5 (cin-
final do processo, a decisão pela qual concedida co) dias, contestar o pedido e indicar as provas que
tutela provisória de urgência cautelar incidental, pretende produzir.
consistente na imposição, aos Réus, de se absterem Art. 307 Não sendo contestado o pedido, os fatos
de realizar modificações ou construções no curral alegados pelo autor presumir-se-ão aceitos pelo réu
constante no imóvel rural objeto do litígio, até solu- como ocorridos, caso em que o juiz decidirá dentro
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

de 5 (cinco) dias.
ção final da demanda, ou ulterior decisão judicial,
Parágrafo único. Contestado o pedido no prazo
deve ser mantida.
legal, observar-se-á o procedimento comum.
(TJMG - Agravo de Instrumento-Cv  1.0396.18.005374-8/002,
Relator(a): Des.(a) Márcio Idalmo Santos Miranda , 9ª CÂMARA
CÍVEL, julgamento em 03/03/2020, publicação da súmula em z Pedido principal
10/03/2020)
Ponto importante a se destacar diz respeito à
Além disso, pode ser utilizada para a exibição de formulação do pedido principal. Pela sistemática do
documentos: Código revogado, havia necessidade de instaurar
nova relação processual, ou seja, propor a ação prin-
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXIBIÇÃO cipal autônoma. Já com o CPC (2015) aboliu-se essa
INCIDENTAL DE DOCUMENTOS - ART. 397 DO CPC exigência, determinando que:
- DOCUMENTOS PESSOAIS - TUTELA DE URGÊNCIA
- PROBABILIDADE DO DIREITO - PERIGO DE DANO Art. 308 Efetivada a tutela cautelar, o pedido prin-
- ART. 300 DO CPC - REQUISITOS - PRESENÇA. cipal terá de ser formulado pelo autor no prazo de 159
30 (trinta) dias, caso em que será apresentado nos Entretanto, não impede que, sob novo fundamen-
mesmos autos em que deduzido o pedido de tute- to (fato ou alegação nova), seja formulada nova tutela
la cautelar, não dependendo do adiantamento de cautelar.
novas custas processuais.
Como vimos, essas tutelas podem se dar em cará-
§ 1º O pedido principal pode ser formulado conjun-
tamente com o pedido de tutela cautelar.
ter antecedente ou incidental. Nesses casos, a causa
§ 2º A causa de pedir poderá ser aditada no momen- para a formulação do pedido nasce durante a trami-
to de formulação do pedido principal. tação do processo. As tutelas de urgência podem ser
§ 3º Apresentado o pedido principal, as partes anteriores à propositura da ação principal ou serem
serão intimadas para a audiência de conciliação ou formuladas juntamente com a petição inicial ou
de mediação, na forma do art. 334, por seus advo- durante o curso da ação. No primeiro caso, fala-se em
gados ou pessoalmente, sem necessidade de nova
tutela antecedente e, nos demais, em tutela incidental,
citação do réu.
que ocorre quando já está em curso a ação. Mas, se for
§ 4º Não havendo autocomposição, o prazo para
contestação será contado na forma do art. 335. formulada concomitantemente à propositura da ação,
deve a tutela de urgência vir formulada em tópico
A tutela cautelar pode ser formulada conjunta- próprio da petição inicial.
mente ao próprio pedido principal. Além do que
poderá o autor, quando do pedido principal, comple-
mentar sua narrativa, trazendo fatos, fundamentos
jurídicos, circunstâncias e relatos pertinentes à defesa DA TUTELA DA EVIDÊNCIA
do seu direito.
De acordo com o art. 308 do CPC, apresentado o
As tutelas de evidência constituem medidas que
pedido principal, as partes serão intimadas para
têm por objetivo dar maior efetividade aos direitos e
a audiência de conciliação ou de mediação e, não
havendo autocomposição, se for o caso, o prazo para à própria tutela jurisdicional, garantindo maior cele-
contestação será contado na forma do art. 335 do CPC. ridade se levarmos em conta seus requisitos. Para a
O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que concessão da tutela de evidência, dispensa-se a prova
a parte formule o pedido principal, nem influi no jul- do periculum in mora, consistente no perigo de dano
gamento desse, salvo se o motivo do indeferimento for ou de risco ao resultado útil do processo. Essa é sua
o reconhecimento de decadência ou de prescrição. Por principal característica. Entretanto, a lei estabelece as
lógica, o pedido principal poderá ser formulado nos condições em que isso será possível, a saber:
próprios autos, por medida de economia e celeridade.
Se não formulado o pedido principal no prazo Art. 311 A tutela da evidência será concedida, inde-
legal, o processo será extinto e estará cessada a eficá- pendentemente da demonstração de perigo de dano
cia da tutela eventualmente concedida. ou de risco ao resultado útil do processo, quando:
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa
Art. 310 O indeferimento da tutela cautelar não ou o manifesto propósito protelatório da parte;
obsta a que a parte formule o pedido principal, nem II - as alegações de fato puderem ser comprovadas
influi no julgamento desse, salvo se o motivo do
apenas documentalmente e houver tese firmada
indeferimento for o reconhecimento de decadência
em julgamento de casos repetitivos ou em súmula
ou de prescrição.
vinculante;
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em
z Causas que fazem cessar a eficácia da tutela
prova documental adequada do contrato de depósi-
cautelar
to, caso em que será decretada a ordem de entrega
do objeto custodiado, sob cominação de multa;
O CPC (2015) trata das hipóteses que extinguem a
IV - a petição inicial for instruída com prova docu-
tutela cautelar concedida:
mental suficiente dos fatos constitutivos do direito
Art. 309 Cessa a eficácia da tutela concedida em do autor, a que o réu não oponha prova capaz de
caráter antecedente, se: gerar dúvida razoável.
I - o autor não deduzir o pedido principal no prazo Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o
legal; juiz poderá decidir liminarmente.
II - não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias;
III - o juiz julgar improcedente o pedido principal A tutela de evidência é uma espécie de tutela
formulado pelo autor ou extinguir o processo sem provisória, cabível quando o direito for ou se tor-
resolução de mérito. nar evidente pelos elementos do caso, nas hipóteses
Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a
já delineadas. Seguindo o que diz Elpídio Donizetti,
eficácia da tutela cautelar, é vedado à parte reno-
var o pedido, salvo sob novo fundamento. inverte-se o ônus do tempo do processo, que passa a
ser suportado pela parte demandada, já que garantido
O CPC prevê que, se por qualquer motivo, cessar o direito de forma antecipada (ob. cit., p. 461).
a eficácia da tutela cautelar, é vedado à parte reno-
var o pedido, salvo sob novo fundamento (Art. 309, Dica
parágrafo único). Veja que impede que a parte, a qual
teve sua tutela sem efeito, repita o pedido, tratando-se A tutela de evidência prescinde (dispensa) de
de efetiva punição àquele que deu causa ou teve seu demonstração de perigo de dano ou de risco ao
160 direito negado. resultado útil do processo.
revogada. A letra D está incorreta, pois poderá ser
EXERCÍCIOS COMENTADOS concedida a tutela de urgência liminarmente ou
após justificação prévia. Resposta: Letra E.
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Paulo ajuizou demanda
contra determinada empresa, com pedido de tute- 3. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Caio ajuizou ação contra
la provisória de urgência antecipada na modalidade determinada sociedade empresária e apresentou pedi-
antecedente, referente ao cumprimento de obrigação do único de repetição de valor decorrente de cobrança
de fazer. A ação foi distribuída a uma vara cível da indevida, requerendo, ainda, a concessão de tutela de
comarca de Salvador – BA, e, ao examinar a petição urgência. Após a apresentação de defesa pela ré, o juiz
inicial, o juiz concedeu a tutela requerida. Posterior- prolatou sentença em que concedeu a tutela provisó-
mente, o réu, devidamente comunicado do ocorrido, ria e, no mesmo pronunciamento, julgou o pedido pro-
não apresentou recurso nem qualquer outra medida cedente de forma definitiva. A sociedade empresária
que demonstrasse seu inconformismo. interpôs recurso de apelação requerendo a reforma
Nessa situação hipotética, de acordo com o CPC, a total da sentença.
decisão interlocutória prolatada pelo magistrado Considerando essa situação hipotética, julgue o item
seguinte.
a) Tornou-se estável e o processo deve ser extinto, mas O juiz está autorizado pelo ordenamento processual a
qualquer das partes poderá demandar a outra para conceder a tutela provisória no momento de prolação
rever, reformar ou invalidar a tutela estabilizada. de sua sentença.
b) Fez coisa julgada material e somente poderá ser des-
constituída com o ajuizamento de ação rescisória pela ( ) CERTO  ( ) ERRADO
parte interessada.
c) Produzirá seus regulares efeitos apenas até sua con- A tutela provisória pode ser concedida na sentença,
firmação em sentença de mérito, que deve ser obriga- ocasião em que será atacada por recurso de apela-
toriamente prolatada pelo magistrado.
ção (art. 1.012, §1º, V, do CPC). Resposta: Certo.
d) É nula de pleno direito: a tutela provisória antecedente
somente pode ser deferida no caso de medida caute-
lar, e não em caso de tutela antecipada. 4. (CONSULPLAN – 2019) Sabe-se que a tutela provisó-
e) É válida, porém ineficaz: a sua implementação somen- ria pode fundamentar-se em urgência ou evidência.
te pode ocorrer após a devida confirmação em senten- Sendo uma tutela provisória de urgência, cautelar ou
ça ou pelo tribunal. antecipada, pode ser concedida em caráter antece-
dente ou incidental. Neste diapasão, é correto afirmar
Trata-se de aplicação do art. 304 do CPC: “Art. 304. que:
A tutela antecipada, concedida nos termos do art.
303, torna-se estável se da decisão que a conceder a) Uma vez antecipada a tutela, ela conserva sua eficácia
não for interposto o respectivo recurso”. A questão até o trânsito em julgado da sentença, não podendo
trata da estabilização da tutela antecipada. Veja ser revogada ou modificada.
que, mesmo depois de concedida e intimado o réu, b) Não cabe recurso de agravo de instrumento contra a
não houve interposição do recurso. Esse é o caso decisão que concede, denega ou posterga indevida-
que autoriza a estabilização. Resposta: Letra A. mente a apreciação do pedido de tutela provisória.
c) Apenas pode ser concedido provisoriamente aquilo
2. (FCC – 2020) A tutela provisória que pode sê-lo definitivamente; entretanto, a técnica
antecipatória pode se prestar a uma tutela do direito
a) da evidência será concedida sempre e unicamente que se encontra fora da moldura da tutela final.
quando caracterizado o abuso do direito de defesa ou
d) Como o código prevê a possibilidade de estabilização
o manifesto propósito protelatório da parte.
da tutela satisfativa de urgência, o conceito de provi-
b) observará o rol taxativo previsto na norma processual.
c) conserva sua eficácia na pendência do processo, mas soriedade adequado ao direito brasileiro deve sofrer
pode a qualquer tempo ser modificada, embora não um acréscimo: provisória é aquela decisão que ten-
revogada. dencialmente não dura para sempre e potencialmente
d) de urgência de natureza antecipada só poderá ser con- será substituída por outra com objeto coincidente no
cedida após justificação prévia. todo ou em parte.
e) de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada
mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, A tutela provisória perdura enquanto tramitar o
registro de protesto contra alienação de bem e qual-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

processo até a sentença. Nesse ínterim, poderá ser


quer outra medida idônea para asseguração do direito. revista, caso deixem de existir os fundamentos que
lhe deram causa. Caso persista durante todo o pro-
Trata-se de aplicação do art. 301 do CPC: “Art. 301. cesso, poderá ser confirmada, no todo ou em parte,
A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser ou mesmo revogada na sentença. Resposta: Letra D.
efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento
de bens, registro de protesto contra alienação de
5. (VUNESP – 2018) As tutelas provisórias têm como
bem e qualquer outra medida idônea para assegu-
objetivo minimizar as consequências nefastas que o
ração do direito”. A letra A está incorreta, pois exis-
tem outras hipóteses, além da citada, que autorizam tempo do processo pode causar no direito da parte.
a concessão da tutela de evidência (art. 311). A letra No entanto, sua efetivação poderá causar prejuízos à
B está incorreta, pois não se trata de rol taxativo parte adversa.
para se conceder a tutela provisória, admitindo A respeito do tema, assinale a alternativa correta.
para qualquer direito cuja necessidade de proteção
se adéque aos requisitos legais. A Letra C está incor- a) A indenização será liquidada nos autos em que a
reta, pois poderá ser a tutela provisória também medida tiver sido concedida, sempre que possível. 161
b) A sentença que reconhece a prescrição ou decadência de indenização. O processo de conhecimento busca
da pretensão do autor não tem o condão de gerar a reconhecer a existência de um ato ilícito, cuja prática
responsabilidade daquele que se beneficiou da efeti- obriga alguém a indenizar a vítima. Somente depois
vação da tutela de urgência. de certificado, será possível exigir a satisfação dessa
c) Por se tratar de dano decorrente de decisão judicial, obrigação de indenizar. Eis o processo de conheci-
não há que se falar em responsabilidade pela efetiva- mento, aquele que se destina a reconhecer um direito.
ção da tutela provisória de urgência, salvo em caso de O processo de execução baseia-se em um direito
culpa do requerente. já reconhecido em título executivo (judicial ou extra-
d) A responsabilidade do requerente pela efetivação da judicial). O processo de conhecimento se desenvolve
tutela provisória que ao final do processo foi cassada pelo procedimento comum, que comporta em si diver-
é subjetiva, depende de apuração da culpa e do prejuí- sas ações.
zo, devendo ser realizada em autos apartados. Procedimento (ou rito) é a forma pela qual se
e) O prejudicado pela tutela de urgência infundada desenvolve o processo, a sequência de atos previa-
necessita propor ação de indenização contra o reque- mente estabelecida por lei. Já o processo é o instru-
rente para obter o reconhecimento de seu direito e a mento de tutela de direitos, os quais são tutelados pelo
condenação do responsável. Estado. Assim, o procedimento comum é o padrão a
ser utilizado nas lides civis, aplicando-se, subsidiaria-
Aplicação do art. 302, parágrafo único, do CPC: mente, aos demais procedimentos especiais e ao pró-
“A indenização será liquidada nos autos em que a prio processo de execução.
medida tiver sido concedida, sempre que possível”. O procedimento percorre determinadas fases,
etapas nas quais se praticarão um conjunto de atos.
A letra B está incorreta, porque o reconhecimento Cada fase possui um foco. A fase postulatória desti-
de prescrição ou decadência está arrolado no art. na-se a estabelecer a pretensão do autor e as razões
302, IV, tendo, sim, o condão de gerar a reparação pelas quais o réu não quer ser afetado por aquela pre-
por dano processual se for o caso. tensão. É o momento no qual as partes apresentam
A letra C está incorreta, porque o simples fato de seus pedidos. Nela, compreendem-se a petição inicial,
estar respaldada em decisão judicial não exime o o despacho inicial do juiz, a audiência de conciliação/
responsável pelo dano que eventualmente causar. mediação, a contestação do réu e a réplica do autor,
A letra D está incorreta, já que a indenização será também denominada de impugnação à contestação.
liquidada nos autos em que a medida tiver sido con- Consolidada a postulação das partes, o juiz precisa
cedida, sempre que possível. organizar o processo e sanar eventuais vícios ou nuli-
A letra E está incorreta pelo mesmo motivo da D. dades até então constatadas. Sendo sanadas as nuli-
Resposta: Letra A. dades, o juiz verificará os pontos divergentes entre as
partes, denominados de objeto litigioso ou questões
controvertidas.
Basta identificar sobre quais pontos as partes
DO PROCEDIMENTO COMUM divergem, se confrontam, não concordam. Feito isso,
ainda na fase organizatória/saneadora, o juiz iden-
DISPOSIÇÕES GERAIS tificará quais questões necessitam (carecem) de prova
oral ou outro meio probatório (por exemplo, perícia)
O processo se desenvolve mediante um proce- e dará sequência, adentrando na fase instrutória/
dimento, um rito, um caminho que a lei traça para probatória.
a prática dos atos processuais. Trata-se da “espinha Nessa fase, o objetivo é colher provas além da-
dorsal” do processo, como lembra Daniel Mitidiero3 quelas já apresentadas pelas partes. Via de regra, ou-
(p. 123), fazendo referência a Carlos Alberto Alvaro de vem-se testemunhas, realiza-se a prova pericial, se
Oliveira. necessária, além de outras provas que veremos em tó-
O procedimento denominado “comum” é a base pico próprio. Encerrada a instrução, caminha-se para
pela qual se desenrola a maioria das ações, podendo a a fase decisória.
parte alegar qualquer direito, desde que baseada em A fase decisória destina-se à solução do litígio
alegação e prova de violação ou ameaça (Art. 5º, XXXV, por meio de sentença. Busca-se, predominantemente,
CRFB/1988). proferir sentença de mérito, aquela que efetivamen-
te resolve o direito material, o cerne da questão. Por
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção outro lado, a sentença pode não julgar o mérito, vindo
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- a extinguir o processo por defeito processual grave
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola- e insanável. A sentença encerra a prestação jurisdi-
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, cional do juízo de primeira instância, de modo que,
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: uma vez decorridos os prazos de recurso, passa a sua
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder decisão a ser a disposição que rege o caso concreto.
Judiciário lesão ou ameaça a direito; As fases do procedimento comum vão, então, desde
a postulação até a sentença. Entretanto, a parte que
O processo (ou a fase do processo) pode ser de perdeu a ação poderá recorrer.
conhecimento ou de execução. A fase recursal trata da apreciação dos recursos
Processo de conhecimento é aquele que visa o interpostos em relação às decisões proferidas em ins-
reconhecimento de um direito ainda controvertido, tância inferior, tendo por foco examinar eventuais
isto é, sobre o qual paira dúvida acerca de sua exis- erros cometidos pelo juiz, que podem ser de nature-
tência, titularidade e efeitos. Veja, por exemplo, a ação za processual (como cercear o direito de defesa das
162 3  MATIDIERO, Daniel. Processo Civil. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021.
partes por indeferir inadequadamente a produção de competência sempre é estabelecida em lei, ao atribuir
uma prova) ou de natureza material, dizendo respeito que determinado órgão do Poder Judiciário seja o res-
à própria análise do mérito da ação (entende-se por ponsável por processar e julgar determinada ação.
inexistente o ato ilícito, o direito à reintegração de Veja que o CPC (2015) inova ao tratar o órgão judiciá-
posse e o direito aos alimentos por exemplo). rio como “juízo”, de maneira impessoal, diferente do
O procedimento comum está regulado nos arts. que fazia o CPC de 1973 (juiz ou tribunal).
318 a 512 do CPC. Vejamos o art. 318:
Art. 319 [...]
Art. 318 Aplica-se a todas as causas o procedimen- II- os nomes, os prenomes, o estado civil, a existên-
to comum, salvo disposição em contrário deste cia de união estável, a profissão, o número de inscri-
Código ou de lei. ção no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro
Parágrafo único. O procedimento comum aplica-se Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico,
subsidiariamente aos demais procedimentos espe- o domicílio e a residência do autor e do réu;
ciais e ao processo de execução.
A adequada identificação das partes é necessária,
O procedimento comum está incluído no Livro I do para a individualização, refletindo na própria legiti-
CPC (do processo de conhecimento e do cumprimen- midade dos sujeitos da ação. Interessante observar
to de sentença), especificado no Título I. A partir do que o CPC (2015) relativiza o excessivo formalismo,
art. 513, o Código cuida do Cumprimento de Sentença possibilitando que o autor requeira ao juiz diligências
(Título II). As fases podem assim ser resumidas: para descobrir dados necessários da qualificação do
réu, caso não disponha de todas as informações:
Probatória/
Postulatória Instrutória Art. 319 [...]
§ 1º Caso não disponha das informações previstas
no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, reque-
rer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção).
Organizatória/ Decisória
Saneadora
Ainda, privilegia o acesso à justiça, já que, mesmo
que as informações não estejam completas, poderá
DA PETIÇÃO INICIAL
deferir o processamento da ação, desde que possível a
identificação da parte:
A petição inicial é a peça que dá início ao processo.
Por meio dela, o autor exercerá seu direito de ação,
Art. 319 [...]
rompendo com a inércia da jurisdição. É o ato proces-
§ 2º A petição inicial não será indeferida se, a des-
sual pelo qual a parte propõe sua demanda, a fim de peito da falta de informações a que se refere o inci-
buscar a tutela de seu direito. Está compreendida na so II, for possível a citação do réu.
fase postulatória. § 3º A petição inicial não será indeferida pelo não
atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se
a obtenção de tais informações tornar impossível
ATITUDES DO JUIZ
ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.
� Deferimento do
AÇÃO processamento da ação
� Emenda da inicial Prossigamos com a análise dos demais requisitos
� Petição inicial
(determinar) da petição inicial:
� Indeferimento da inicial
� Improcedência liminar Art. 319 [...]
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

Trata-se de especificar a causa de pedir, elemen-


ATITUDES DO RÉU to da ação que diz respeito aos fatos e fundamentos
Audiência de Contestação
� jurídicos que sustentam a demanda. A causa de pedir
Conciliação ou Reconvenção
� assim se subdivide:
Mediação Reconhecimento do

pedido
Revelia

z Causa de pedir remota: são os fatos que deram ori-
gem àquela relação jurídica;
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

z Causa de pedir próxima: são os fundamentos jurí-


Dos Requisitos da Petição inicial dicos que deram origem ao conflito.

O CPC (2015) estabelece os requisitos da petição A causa de pedir compõe os “elementos da ação”, ao
inicial, cujo descumprimento poderá levar ao seu lado das partes e do pedido. Veja o esquema a seguir:
indeferimento, caso não emendada. Os requisitos
estão dispostos no art. 319 do CPC, os quais passare-
Partes
mos a tratar de forma detalhada:

Art. 319 A petição inicial indicará: ELEMENTOS


I - o juízo a que é dirigida; Causa de Pedir
DA AÇÃO

Esse inciso trata do endereçamento da petição


inicial, a qual se obtém pela conclusão de qual será Pedido
o juízo competente para processar e julgar a ação. A 163
Art. 319 [...] Art. 319 [...]
IV - o pedido com as suas especificações; VI - as provas com que o autor pretende demons-
trar a verdade dos fatos alegado.
O pedido é, efetivamente, o provimento jurisdi-
cional de que necessita a delimitação da providência Na petição inicial, o autor deve apresentar as
esperada do Judiciário para tutelar adequadamente o provas então existentes quando de sua postulação,
direito lesado ou ameaçado. O pedido se subdivide em: além de formular o protesto genérico pela utilização
de eventuais meios de prova necessários que poderão
z Pedido imediato: o tipo de provimento jurisdicio- ser utilizados na fase instrutória/probatória oportu-
nal (sentença que resolva a lide);
namente. O protesto genérico é uma espécie de reque-
z Pedido mediato: o bem da vida (direito material)
rimento que se faz sobre a possibilidade de outras
que se quer ver tutelado.
provas serem necessárias, normalmente assim redigi-
Os requisitos do pedido estão entre os arts. 322 a do: “Protesta provas o alegado por todos os meios de
327 do CPC, os quais serão estudados mais à frente, de provas em direito admitidos, caso necessário.” Ainda,
modo aprofundado. dispõe o art. 320:
Vamos, agora, ao estudo do valor da causa.
Art. 320 A petição inicial será instruída com os
Art. 319 [...] documentos indispensáveis à propositura da ação.
V- o valor da causa
Veja que é um requisito o fato de a petição ser
Nos termos do art. 291 do CPC, a toda causa será instruída com os documentos necessários e indispen-
atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo sáveis à prova dos fatos alegados. Claro que os docu-
econômico imediatamente aferível. Trata-se de um mentos são os existentes quando da distribuição da
requisito da petição inicial que deve reproduzir o con- ação, sendo possível a juntada de documentos novos,
teúdo ou proveito econômico buscado pela parte no cuja existência se deu posteriormente à petição ini-
processo. Se não houve conteúdo econômico direta-
cial. Então, se estou cobrando um crédito constituído
mente vinculado ou mensurável, ainda assim deve-se
em um contrato, devo apresentar desde logo o con-
atribui-lo um valor.
O Código trata dos parâmetros para se definir o trato; se pretendo reivindicar a propriedade de um
valor da causa: imóvel, devo apresentar desde logo a certidão de pro-
priedade etc.
Art. 292 O valor da causa constará da petição ini-
cial ou da reconvenção e será: Art. 319 [...]
I - na ação de cobrança de dívida, a soma moneta- VII - a opção do autor pela realização ou não de
riamente corrigida do principal, dos juros de mora audiência de conciliação ou de mediação.
vencidos e de outras penalidades, se houver, até a
data de propositura da ação; O incentivo aos meios autocompositivos (consen-
II - na ação que tiver por objeto a existência, a vali-
suais) de resolução de conflitos fica evidente desde a
dade, o cumprimento, a modificação, a resolução,
a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do postulação inicial, devendo a parte informar se dese-
ato ou o de sua parte controvertida; ja realizar a audiência de tentativa de conciliação ou
III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) pres- mediação. Tais meios são os amigáveis, baseados no
tações mensais pedidas pelo autor; acordo entre as partes.
IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivin- A Autocomposição trata da solução criada pelas
dicação, o valor de avaliação da área ou do bem
próprias partes de modo consensual. São três as espé-
objeto do pedido;
V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em cies de autocomposição, as quais repercutem ainda
dano moral, o valor pretendido; nos dias atuais: a desistência, pela qual há renúncia a
VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quan- uma pretensão pelo seu titular; a submissão, median-
tia correspondente à soma dos valores de todos eles; te a qual o sujeito afetado pela pretensão a reconhe-
VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o ce ou, ainda, deixa de a ela oferecer resistência; e a
de maior valor;
transação, que se baseia em uma decisão consensual
VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o
valor do pedido principal. mediante a qual os sujeitos manifestam concessões
§ 1º Quando se pedirem prestações vencidas e vin- recíprocas, reproduzindo verdadeira transação.
cendas, considerar-se-á o valor de umas e outras. As ações que tenham, por objeto, a revisão de obri-
§ 2º O valor das prestações vincendas será igual a uma gação decorrente de empréstimo, de financiamento
prestação anual, se a obrigação for por tempo indeter- ou de alienação de bens merecem atenção. Imagine
minado ou por tempo superior a 1 (um) ano, e, se por a discussão de um contrato bancário com a institui-
tempo inferior, será igual à soma das prestações.
ção financeira, sendo necessário ao autor, sob pena
de inépcia da petição inicial, discriminar quais obri-
Dica gações pretende controverter, além de quantificar o
O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor incontroverso do débito. Deverá o autor dizer
valor da causa quando verificar que ele não cor- quais cláusulas, especificamente, são as discutidas e,
responde ao conteúdo patrimonial em discussão se houver, por exemplo, pretensão para redução de
ou ao proveito econômico perseguido pelo autor, juros, deve realizar o pagamento do valor por ele pre-
caso em que se procederá ao recolhimento das tendido para a prestação. Essa regra está no art. 330,
164 custas correspondentes. § 2º, do CPC.
z Emenda da petição inicial dinheiro ou a troca do produto por outro equivalente,
com abatimento do preço.
Caso alguns dos requisitos da petição inicial seja Vejamos os arts. 323 e 327:
descumprido, o juiz deve dar a oportunidade para
emendá-la, indicando qual vício constatou. É o que Art. 323 Na ação que tiver por objeto cumprimento
dispõe o art. 321 do CPC: de obrigação em prestações sucessivas, essas serão
consideradas incluídas no pedido, independente-
Art. 321 O juiz, ao verificar que a petição inicial mente de declaração expressa do autor, e serão
não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou incluídas na condenação, enquanto durar a obriga-
que apresenta defeitos e irregularidades capazes de ção, se o devedor, no curso do processo, deixar de
dificultar o julgamento de mérito, determinará que pagá-las ou de consigná-las.
o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou Art. 325 O pedido será alternativo quando, pela
a complete, indicando com precisão o que deve ser natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a
corrigido ou completado.
prestação de mais de um modo.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligên-
Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato,
cia, o juiz indeferirá a petição inicial.
a escolha couber ao devedor, o juiz lhe assegurará
o direito de cumprir a prestação de um ou de outro
Do Pedido
modo, ainda que o autor não tenha formulado pedi-
do alternativo.
O pedido é elemento da ação no qual a parte espe-
cifica sua demanda, dizendo o que espera do Poder
z Cumulação de Pedidos
Judiciário, bem como o que pretende em relação à
outra parte.
O pedido deve ser certo e determinado. Vejamos os É possível que exista a formulação de pedidos
arts. 322 e 324: cumulativos, desde que, entre eles, exista compatibi-
lidade, o rito utilizado seja adequado e o juízo compe-
Art. 322 O pedido deve ser certo. tente para todos.
§ 1º Compreendem-se no principal os juros legais, Classifica-se a cumulação em:
a correção monetária e as verbas de sucumbência,
inclusive os honorários advocatícios. „ Cumulação simples: o autor formula diversos
§ 2º A interpretação do pedido considerará o con- pedidos e pretende que todos sejam acolhidos
junto da postulação e observará o princípio da (ex.: dano moral cumulado com dano material);
boa-fé. „ Cumulação alternativa: formulação de dois
Art. 324 O pedido deve ser determinado. pedidos, mas sem indicação de qual prefere o
§ 1º É lícito, porém, formular pedido genérico: autor, podendo ser um ou outro (ex.: devolução
I - nas ações universais, se o autor não puder indi- do produto ou o valor em dinheiro);
viduar os bens demandados;
II - quando não for possível determinar, desde logo,
Veremos esse artigo como consta na lei para um
as consequências do ato ou do fato;
III - quando a determinação do objeto ou do valor melhor entendimento :
da condenação depender de ato que deva ser prati-
cado pelo réu. Art. 326 É lícito formular mais de um pedido em
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção. ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça do
posterior, quando não acolher o anterior.
Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedi-
Assim, deve-se especificar exatamente o que se pre-
do, alternativamente, para que o juiz acolha um
tende com a propositura da ação, como, por exemplo,
deles.
a anulação de determinado contrato, a indenização Art. 327. É lícita a cumulação, em um único proces-
em determinada quantia, a revisão de determinada so, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda
cláusula etc. que entre eles não haja conexão.
É lícito, porém, à parte formular pedido genérico: § 1º São requisitos de admissibilidade da cumula-
ção que:
z Nas ações universais, se o autor não puder indivi- I - os pedidos sejam compatíveis entre si;
duar os bens demandados, sendo impossível deter- II - seja competente para conhecer deles o mesmo
minar quais ou quantos são os bens demandados juízo;
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

(um rebanho, uma biblioteca); III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de
z Quando não for possível determinar, desde logo, as procedimento.
consequências do ato ou do fato, como a extensão § 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo
de um dano, o qual deverá ser especificado durante diverso de procedimento, será admitida a cumula-
a instrução ou em fase de liquidação de sentença; ção se o autor empregar o procedimento comum,
sem prejuízo do emprego das técnicas proces-
z Quando a determinação do objeto ou do valor da
suais diferenciadas previstas nos procedimentos
condenação depender de ato que deva ser pratica-
especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos
do pelo réu.
cumulados, que não forem incompatíveis com as
disposições sobre o procedimento comum.
É importante saber que, o Código admite a formu- § 3º O inciso I do § 1º não se aplica às cumulações
lação de pedido alternativo. O pedido será alternativo de pedidos de que trata o art. 326 .
quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder Art. 328 Na obrigação indivisível com pluralidade
cumprir a prestação de mais de um modo. Exemplo: de credores, aquele que não participou do processo
ao comprar um produto que se verifica, posterior- receberá sua parte, deduzidas as despesas na pro-
mente, avariado, poderá o autor exigir a devolução do porção de seu crédito. 165
„ Cumulação sucessiva: o segundo pedido ou outro Não sendo possível o deferimento, aplica-se o art.
posterior depende da procedência do primeiro 330 do CPC:
(ex.: investigação de paternidade e alimentos);
„ Cumulação subsidiária: trata-se de utilização Art. 330 A petição inicial será indeferida quando:
do princípio da eventualidade, na hipótese de o I - for inepta;
juízo não acolher o pedido principal, pede-se o II - a parte for manifestamente ilegítima;
acolhimento do(s) subsidiário(s) (ex.: anulação III - o autor carecer de interesse processual;
de cláusula contratual ou, na impossibilidade, a IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e
redução dos juros). 321.

Inépcia da petição inicial:


Simples
As hipóteses de inépcia estão elencadas no § 1º do
art. 330:
Alternativa
Art. 330 [...]
ESPÉCIES DE § 1º Considera-se inepta a petição inicial quando:
CUMULAÇÃO I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
Sucessiva II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipó-
teses legais em que se permite o pedido genérico;
III - da narração dos fatos não decorrer logicamen-
te a conclusão;
Subsidiária IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
§ 2º Nas ações que tenham por objeto a revisão de
obrigação decorrente de empréstimo, de financia-
z Aditamento do Pedido mento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob
pena de inépcia, discriminar na petição inicial, den-
É possível a modificação do pedido após a proposi- tre as obrigações contratuais, aquelas que pretende
controverter, além de quantificar o valor incontro-
tura da ação, alterando o objeto litigioso. O CPC (2015)
verso do débito.
especifica as hipóteses:
§ 3º Na hipótese do § 2º, o valor incontroverso deverá
continuar a ser pago no tempo e modo contratados.
Art. 329 O autor poderá:
I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a cau-
Exemplos:
sa de pedir, independentemente de consentimento
do réu;
II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar z Ausência de pedido: discorrer sobre o inadimple-
o pedido e a causa de pedir, com consentimento do mento de parcela de um contrato e deixar de for-
réu, assegurado o contraditório mediante a possi- mular o pedido para seu pagamento;
bilidade de manifestação deste no prazo mínimo de z Ausência de causa de pedir: formula-se pedido
15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova de pagamento de parcela, mas não discorre sobre
suplementar. a existência de contrato ou de inadimplemento;
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à z Pedido indeterminado: formula-se pedido de
reconvenção e à respectiva causa de pedir. condenação em danos materiais sem especificar o
valor pretendido;
O aditamento é possível até o saneamento, sendo z Incongruência entre causa de pedir e pedido:
que, se o réu tiver sido citado, poderá ocorrer apenas alega-se inexistência de relação jurídica por ausên-
com seu consentimento. Antes da citação, trata-se de cia de qualquer contratação, mas se pede revisão
ato unilateral, pois não depende do consentimento de multa ou juros;
do réu. Por dedução, entende-se que, depois da fase z Pedidos incompatíveis: pedir a rescisão de um
saneadora, não é possível o aditamento, pois já contrato de locação e, ao mesmo tempo, a revisão
foram fixadas as questões controvertidas e encami- dos aluguéis vencidos;
nhado o processo para a fase probatória, se necessária. z A parte for manifestamente ilegítima: trata-se
de ausência de pressuposto processual subjetivo
Do Indeferimento da Petição Inicial ou, para alguns, causa de carência de ação, já que
a legitimidade é tratada por determinada parte da
O juízo de admissibilidade da petição inicial pode doutrina jurídica como condição da ação. O pro-
ser positivo ou negativo. Se positivo, determina-se o cesso baseia-se em uma relação jurídica própria
processamento da ação com a citação do réu e even- cujos pressupostos são distintos daqueles que
tual intimação para audiência de conciliação/media- regem a relação jurídica material. Por isso, se fala
ção. Se verificado o descumprimento dos requisitos, da existência dos pressupostos de constituição e
determina-se sua emenda (Art. 321). desenvolvimento válido do processo;

Art. 321 O juiz, ao verificar que a petição inicial Conforme Fredie Didier Jr. (2016), os pressupostos
não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou processuais podem ser classificados em:
que apresenta defeitos e irregularidades capazes de
dificultar o julgamento de mérito, determinará que z Subjetivos
o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou
a complete, indicando com precisão o que deve ser „ Juiz: órgão investido de jurisdição;
166 corrigido ou completado „ Parte: capacidade de ser parte.
z Objetivos § 1º Se não houver retratação, o juiz mandará citar
o réu para responder ao recurso.
„ Existência de demanda. § 2º Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o
prazo para a contestação começará a correr da
Quanto aos requisitos de validade: intimação do retorno dos autos, observado o dis-
posto no art. 334.
z Subjetivos § 3º Não interposta a apelação, o réu será intimado
do trânsito em julgado da sentença.
„ Competência e imparcialidade do Juízo;
„ Partes: capacidade processual, capacidade pos-
tulatória, legitimidade. Importante!
Em caso de indeferimento da petição inicial, o
z Objetivos recurso de apelação contra a sentença extinti-
va possui efeito regressivo. Isso quer dizer que
„ Intrínsecos: respeito ao formalismo processual;
poderá o juiz que indeferiu a inicial se retratar,
„ Extrínsecos: negativos e positivos
„ Negativos: inexistência de perempção, litispen- reconsiderando seu entendimento e acatando o
dência, coisa julgada ou convenção de arbitragem; processamento da inicial (Art. 331 do CPC).
„ Positivos: interesse de agir.
Essa análise da petição inicial diz respeito à
z O autor carecer de interesse processual: do
apreciação de seus elementos formais, isto é, seus
mesmo modo, trata-se de ausência de pressuposto
requisitos aparentes, consistentes nos requisitos esta-
processual ou, para alguns, causa de carência de
belecidos pela lei para a formatação da postulação
ação, já que o interesse processual é tratado por
inicial. Contudo, se no aspecto substancial (quanto ao
determinada parte da doutrina jurídica como con-
dição da ação; próprio direito material, aquilo que se pretende com a
ação) a postulação for flagrantemente improcedente,
Condição da ação compreende alguns requisitos o juiz poderá rejeitar liminarmente o pedido. É o caso
necessários para que o autor possa exercer valida- de aplicação do art. 332, que cuida da improcedência
mente a ação. Esses requisitos seriam, pela dicção do liminar do pedido:
antigo CPC (1973), a possibilidade jurídica do pedido,
o interesse de agir e a legitimidade. O interesse e a Art. 332 Nas causas que dispensem a fase instru-
legitimidade, ainda hoje, são necessários à postula- tória, o juiz, independentemente da citação do réu,
ção. Já se o pedido for juridicamente impossível (ex.: julgará liminarmente improcedente o pedido que
cobrar dívida de jogo), deve ser a ação julgada impro- contrariar:
cedente, com análise do mérito. I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Fede-
ral ou do Superior Tribunal de Justiça;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Fede-
z Não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321:
ral ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julga-
o art. 106 trata das hipóteses em que o advogado
mento de recursos repetitivos;
postula em causa própria (o advogado pode ser
III - entendimento firmado em incidente de reso-
parte se postular em causa própria). Nesses casos,
lução de demandas repetitivas ou de assunção de
deverá:
competência;
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça
I - declarar, na petição inicial ou na contestação,
sobre direito local.
o endereço, seu número de inscrição na Ordem
§ 1º O juiz também poderá julgar liminarmente
dos Advogados do Brasil e o nome da sociedade de
improcedente o pedido se verificar, desde logo, a
advogados da qual participa, para o recebimento
ocorrência de decadência ou de prescrição.
de intimações;
II - comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço. § 2º Não interposta a apelação, o réu será intimado
do trânsito em julgado da sentença, nos termos do
art. 241 .
O art. 321 trata da determinação de emenda da
§ 3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se
petição inicial. Vejamos:
em 5 (cinco) dias.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

§ 4º Se houver retratação, o juiz determinará o


Art. 321 O juiz, ao verificar que a petição inicial
prosseguimento do processo, com a citação do réu,
não preenche os requisitos dos  arts. 319 e 320  ou
e, se não houver retratação, determinará a citação
que apresenta defeitos e irregularidades capazes de
do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de
dificultar o julgamento de mérito, determinará que
15 (quinze) dias.
o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou
Art. 333 (VETADO)
a complete, indicando com precisão o que deve ser
corrigido ou completado.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligên- Nesses casos, o autor poderá recorrer, sendo que
cia, o juiz indeferirá a petição inicial. a apelação interposta possuirá efeito regressivo, sen-
do possível ao juiz retratar-se no prazo de 5 (cinco)
Vejamos, agora, o art. 331: dias. Se houver retratação, o juiz determinará o pros-
seguimento do processo, com a citação do réu, e, se
Art. 331 Indeferida a petição inicial, o autor poderá não houver retratação, determinará a citação do réu
apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quin-
retratar-se. ze) dias. 167
DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO bem como as disposições da lei de organização
judiciária.
Conciliação e Mediação são meios autocompositi- § 2º Poderá haver mais de uma sessão destinada à
vos de solução de conflitos, baseados no consenso das conciliação e à mediação, não podendo exceder a 2
partes. Tratam-se de meios incentivados pelo atual (dois) meses da data de realização da primeira ses-
CPC (Art. 3º), os quais ocorrem somente nos casos em são, desde que necessárias à composição das partes.
que o direito ou interesse discutido for disponível, § 3º A intimação do autor para a audiência será fei-
como a propriedade, posse, direito de crédito, obriga- ta na pessoa de seu advogado.
ções etc. Já em matéria de direito indisponível é dis- § 4º A audiência não será realizada:
pensável a audiência, como nos casos envolvendo a I - se ambas as partes manifestarem, expressamen-
capacidade das pessoas naturais. te, desinteresse na composição consensual;
Os conflitos de interesses/direitos também podem II - quando não se admitir a autocomposição.
ser classificados segundo o grau de disponibilidade. § 5º O autor deverá indicar, na petição inicial, seu
Quando disponíveis, referem-se aos de natureza não desinteresse na autocomposição, e o réu deverá fazê-
penal, principalmente os de natureza estritamente -lo, por petição, apresentada com 10 (dez) dias de
patrimonial. Nesses se admite qualquer tipo de tran- antecedência, contados da data da audiência.
sação e acordo, haja vista sua ampla disponibilidade. § 6º Havendo litisconsórcio, o desinteresse na reali-
Já os interesses/direitos indisponíveis referem-se, zação da audiência deve ser manifestado por todos
como regra, aos casos em que não se admite a transação. os litisconsortes.
São direitos irrenunciáveis, portanto, indisponíveis, § 7º A audiência de conciliação ou de mediação pode
como os relacionados à personalidade do sujeito. Tam- realizar-se por meio eletrônico, nos termos da lei.
bém se referem aos relacionados ao estado e à capaci- § 8º O não comparecimento injustificado do autor
dade das pessoas, sendo, portanto, irrenunciáveis. ou do réu à audiência de conciliação é considerado
Há, contudo, casos recentes que fogem à regra aci- ato atentatório à dignidade da justiça e será sancio-
ma exposta. Um deles diz respeito à Lei nº 13.140/2015, nado com multa de até dois por cento da vantagem
que trata da autocomposição com órgão da Adminis- econômica pretendida ou do valor da causa, rever-
tração Pública. O Superior Tribunal de Justiça admitiu, tida em favor da União ou do Estado.
em 2006, a transação em matéria de direitos difusos § 9º As partes devem estar acompanhadas por seus
que seriam, a princípio, indisponíveis: advogados ou defensores públicos.
§ 10. A parte poderá constituir representante, por
PROCESSO CIVIL – AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR meio de procuração específica, com poderes para
DANO AMBIENTAL – AJUSTAMENTO DE CON- negociar e transigir.
DUTA – TRANSAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO – § 11. A autocomposição obtida será reduzida a ter-
POSSIBILIDADE. 1. A regra geral é de não serem mo e homologada por sentença.
passíveis de transação os direitos difusos. 2. Quan- § 12. A pauta das audiências de conciliação ou de
do se tratar de direitos difusos que importem obri- mediação será organizada de modo a respeitar o
gação de fazer ou não fazer deve-se dar tratamento intervalo mínimo de 20 (vinte) minutos entre o iní-
distinto, possibilitando dar à controvérsia a melhor cio de uma e o início da seguinte.
solução na composição do dano, quando impossível
o retorno ao status quo ante. 3. A admissibilidade A audiência está incluída na fase postulatória.
de transação de direitos difusos é exceção à regra. Caso não realizado o acordo, caminha-se para a con-
4. Recurso especial improvido. testação do réu, ainda na fase postulatória. Poderá
haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à
(BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 299.400 mediação, não podendo exceder a dois meses da data
– RJ. Segunda Turma. Recorrente: Ministério Público do Estado de realização da primeira sessão, desde que necessá-
do Rio de Janeiro. Recorridos: Município de Volta Redonda, Banco rias à composição das partes.
Bamerindus do Brasil S/A., Companhia Siderúrgica Nacional. Relator: Há casos em que não se realizará essa audiência:
Ministro Francisco Peçanha Martins. Relatora para acórdão: Ministra
Eliana Calmon. Brasília, 01 de junho de 2006) z Se ambas as partes manifestarem, expressamente,
desinteresse na composição consensual;
O que precisa ser destacado é que, muitas vezes, z Quando não se admitir a autocomposição.
não ocorre a mera transação sobre a essência desses
direitos indisponíveis, mas, sim, sobre as vantagens
ou questões a eles conexas. Observemos, por exemplo, Importante!
os direitos da personalidade, que são irrenunciáveis, Para que a audiência não seja realizada por
entretanto a cessão da imagem ou da voz, para fins desinteresse das partes, é necessário que
determinados, é completamente possível. ambas se manifestem nesse sentido. O autor na
O art. 334 do CPC estabelece a necessidade de inicial e, o réu, nos autos. Se houver mais de um
designar audiência de conciliação/mediação: sujeito como autor ou réu, o desinteresse deve
ser manifestado por todos.
Art. 334 Se a petição inicial preencher os requisitos
essenciais e não for o caso de improcedência limi-
nar do pedido, o juiz designará audiência de con- O CPC (2015) entende que o não comparecimento
ciliação ou de mediação com antecedência mínima injustificado do autor ou do réu à audiência de con-
de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com ciliação é considerado ato atentatório à dignidade da
pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência. justiça, prevendo multa de até 2% da vantagem eco-
§ 1º O conciliador ou mediador, onde houver, atua- nômica pretendida ou do valor da causa, revertida
rá necessariamente na audiência de conciliação ou em favor da União (se justiça federal) ou do Estado (se
168 de mediação, observando o disposto neste Código, justiça estadual).
Nessa audiência de conciliação/mediação, a parte apresente defesa, incorrerá na revelia. Esses institu-
poderá constituir representante, por meio de procura- tos serão tratados adiante.
ção específica, com poderes para negociar e transigir.
Se realizado o acordo, a autocomposição obtida será Prazo
reduzida a termo (transcrito em ata) e homologada
por sentença. A principal defesa do réu é a contestação, a qual
deverá ser oferecida por petição no prazo de 15 (quin-
Atividades do Conciliador e do Mediador ze) dias, cujo termo inicial será:

Esses auxiliares da justiça possuem funções impor- z A data da audiência de conciliação ou de media-
tantes e bem definidas em lei, a saber: ção, ou da última sessão de conciliação, quando
qualquer parte não comparecer ou, comparecen-
Art. 165 [...] do, não houver autocomposição;
§ 2º O conciliador, que atuará preferencialmen- z A data do protocolo do pedido de cancelamento
te nos casos em que não houver vínculo anterior da audiência de conciliação ou de mediação, apre-
entre as partes, poderá sugerir soluções para o lití- sentado pelo réu quando ocorrer a hipótese do art.
gio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de 334, § 4º, inciso I;
constrangimento ou intimidação para que as par- z A data prevista no art. 231, de acordo com o modo
tes conciliem. como foi feita a citação nos demais casos.
§ 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos
casos em que houver vínculo anterior entre as par-
O Ministério Público e a Advocacia Pública terão
tes, auxiliará aos interessados a compreender as
prazo em dobro, conforme o art. 180 e o art. 183 do CPC.
questões e os interesses em conflito, de modo que
eles possam, pelo restabelecimento da comunica-
ção, identificar, por si próprios, soluções consen- Concentração da Defesa e Ônus da Impugnação
suais que gerem benefícios mútuos. Específica dos Fatos

DA RESPOSTA DO RÉU Toda a defesa possível ao réu deve ser alegada na


contestação, sob pena de preclusão. A preclusão pode
Conceito ser definida como “a perda de uma situação jurídica
ativa processual, seja a perda de poder processual das
A resposta do réu representa a garantia e o poder partes, seja a perda de um poder do juiz” (DIDIER JR.,
de se opor à ação e seus pedidos. É exercida para que 2016, p. 425). Considerando que o processo se desen-
a tutela ao direito do autor seja negada e para que a volve progressivamente, isto é, para frente, visando
esfera jurídica do demandado não seja indevidamente um fim, que é o provimento jurisdicional, a preclusão
atingida. O processo acontece mediante contraditório, funciona como um meio de manter essa marcha.
pelo que deve se oportunizar à parte requerida a apre- Assim é que o CPC (2015) estabelece que incum-
sentação de resposta, efetiva resistência à pretensão do be ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de
autor, evitando que sua esfera jurídica seja atingida. defesa, expondo as razões de fato e de direito com que
A principal defesa do réu é a contestação, regula- impugna o pedido do autor e especificando as provas
mentada a partir do art. 335 do CPC. Vejamos: que pretende produzir, conforme o art. 336.

Art. 335 O réu poderá oferecer contestação, por Art. 336 Incumbe ao réu alegar, na contestação,
petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato
e de direito com que impugna o pedido do autor e
inicial será a data:
especificando as provas que pretende produzir.
I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou
da última sessão de conciliação, quando qualquer
parte não comparecer ou, comparecendo, não hou- Se o réu não se atentar a essa regra, a consequên-
ver autocomposição; cia será a preclusão e a presunção de veracidade das
II - do protocolo do pedido de cancelamento da questões de fato não impugnadas. Se o autor discor-
audiência de conciliação ou de mediação apresen- re sobre um fato (culpa no acidente de trânsito por
tado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art. exemplo) e o réu não o questiona, não apresenta dis-
334, § 4º, inciso I; cordância, presume-se verdadeira a alegação. Entre-
III - prevista no art. 231, de acordo com o modo tanto, ainda pode haver uma saída quanto a questões:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

como foi feita a citação, nos demais casos.


§ 1º No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a z Relativas a direito ou ao fato superveniente, isto é,
hipótese do  art. 334, § 6º, o termo inicial previsto
surgidos após a contestação;
no inciso II será, para cada um dos réus, a data de
z Que o juiz puder conhecer de ofício, sempre asse-
apresentação de seu respectivo pedido de cancela-
mento da audiência.
gurado o contraditório;
§ 2º Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4º, z Que, por expressa autorização legal, puderem
inciso II, havendo litisconsórcio passivo e o autor ser formuladas em qualquer tempo e grau de
desistir da ação em relação a réu ainda não citado, jurisdição.
o prazo para resposta correrá da data de intimação
da decisão que homologar a desistência. Justamente por isso é que o réu deve se atentar às
alegações de fato formuladas pelo autor, pois o Código
Existem, ainda, outras atitudes que o réu pode estabelece grave prejuízo para as questões não impug-
tomar na ação, como a reconvenção, o reconhecimen- nadas especificamente pelo demandado, a saber, a
to jurídico do pedido formulado pelo autor. Caso não presunção de veracidade das alegações não impugna-
adote quaisquer das atitudes e, principalmente, não das. Essa consequência não ocorre se: 169
z Não for admissível, a seu respeito, a confissão (por § 2º Uma ação é idêntica a outra quando possui as
exemplo, referentes a direito indisponível, como a mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo
capacidade da pessoa, à personalidade); pedido.
z A petição inicial não estiver acompanhada de ins- § 3º Há litispendência quando se repete ação que
trumento que a lei considerar da substância do ato está em curso.
(como um contrato que perfaz o fato constitutivo § 4º Há coisa julgada quando se repete ação que já
foi decidida por decisão transitada em julgado.
do direito do autor);
§ 5º Excetuadas a convenção de arbitragem e a
z Estiverem em contradição com a defesa, conside-
incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício
rada em seu conjunto (se, ainda que indiretamen- das matérias enumeradas neste artigo.
te, o réu se manifestar contrário à pretensão do § 6º A ausência de alegação da existência de con-
autor, trazendo fatos e alegações que tornam pos- venção de arbitragem, na forma prevista neste
sível concluir pela discordância de um fato especí- Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e
fico não impugnado). renúncia ao juízo arbitral.

A arbitragem se trata de meio heterocompositivo


Importante! não estatal, regulada pela Lei nº 9.307/1996, recente-
mente alterada pela Lei nº 13.129/2015. Na arbitragem,
O ônus da impugnação especificada dos fatos
as partes manifestam interesse mútuo de participar e
não se aplica ao defensor público, ao advogado
deverão acatar a decisão do juízo arbitral, a qual, para
dativo e ao curador especial, sendo-lhes possível ter efeitos jurídicos, não necessita de homologação
oferecer contestação por negativa geral. judicial. Somente pode versar sobre conflitos relativos
a direitos patrimoniais disponíveis.
Conforme o art. 3º, da Lei nº 9.307/96:
Espécies de Defesa
Art. 3º As partes interessadas podem submeter a
As defesas possíveis ao réu podem ser proces- solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante
suais ou de mérito. Processuais quando houver convenção de arbitragem, assim entendida a cláu-
questões preliminares a serem arguidas, as quais, em sula compromissória e o compromisso arbitral.
regra, impedirão a análise de mérito. As defesas de
mérito dizem respeito ao próprio direito material A arbitragem se desenvolve, portanto, em ambien-
controvertido. te diverso do Poder Judiciário, existindo somente
São defesas processuais as arroladas no art. 337 do com a anuência das partes envolvidas no conflito,
CPC. Vejamos: incluindo a própria escolha do árbitro ou órgão arbi-
tral. Outra característica marcante se refere à decisão
Art. 337 Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, arbitral, que se reveste de definitividade em relação
alegar: às partes, podendo ser revista pelo Judiciário somente
I - inexistência ou nulidade da citação; em caso de nulidade. Contudo, na arbitragem, não é
II - incompetência absoluta e relativa; permitida a utilização de técnicas expropriatórias de
III - incorreção do valor da causa;
bens do devedor, razão pela qual, caso não cumprida
IV - inépcia da petição inicial;
voluntariamente a obrigação fixada na sentença arbi-
V - perempção;
tral, poderá o interessado executá-la judicialmente, se
VI - litispendência;
VII - coisa julgada; valendo, nesse caso, de todos os meios adequados à
VIII - conexão; satisfação de seu crédito.
IX - incapacidade da parte, defeito de representação
ou falta de autorização; z Impróprias ou Dilatórias: não extinguem a ação,
X - convenção de arbitragem; apenas retardam a tramitação do processo para
XI - ausência de legitimidade ou de interesse regularização do vício processual sanável, como
processual; é o caso das alegações de incompetência (quan-
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei do se propõe a ação perante juízo incompetente),
exige como preliminar; da incorreção do valor da causa (quando o valor
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade atribuído à causa destoa do proveito econômico
de justiça. pretendido na ação), da nulidade de citação (vício
no ato citatório, por inobservância dos requisitos
As defesas processuais podem ser de duas legais) por exemplo.
espécies:
Interessa notar que, na segunda hipótese, admi-
z Próprias ou Peremptórias: essas dão causa à te-se a correção do vício, mas, em alguns casos, se o
extinção da ação sem resolução do mérito, como, vício não for sanado, poderá a ação ser extinta.
por exemplo, a inépcia da petição inicial (hipóteses Já as defesas de mérito podem ser:
do Art. 330, § 1º, tratadas anteriormente), a exis-
tência de litispendência, a coisa julgada e a con- z Diretas: quando atacam a própria pretensão do
venção de arbitragem. autor, o fundamento central de seu pedido, negan-
do a existência dos fatos narrados na inicial. Ex.:
O CPC (2015) conceitua os termos aqui citados nos inexistência de ato ilícito; inexistência de nulidade
parágrafos do art. 337: contratual;
z Indiretas: quando o réu opõe fatos impeditivos,
§ 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada modificativos ou extintivos do direito do Autor.
170 quando se reproduz ação anteriormente ajuizada. Exemplos:
„ Impeditivo: vício do consentimento (induzi- Art. 341 Incumbe também ao réu manifestar-se
mento do contratante em erro, dando causa à precisamente sobre as alegações de fato constan-
anulação do contrato); tes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as
„ Modificativo: cessão de crédito (transferência não impugnadas, salvo se:
do crédito a terceiros, modificando a parte legí- I - não for admissível, a seu respeito, a confissão;
tima da ação), novação (repactuação de uma II - a petição inicial não estiver acompanhada de ins-
trumento que a lei considerar da substância do ato;
dívida);
III - estiverem em contradição com a defesa, consi-
„ Extintivo: pagamento, prescrição, remissão
derada em seu conjunto.
(perdão da dívida), compensação (quando Parágrafo único. O ônus da impugnação especifica-
ambas as partes são, reciprocamente, credoras da dos fatos não se aplica ao defensor público, ao
de devedoras de créditos da mesma natureza e advogado dativo e ao curador especial.
valor, podendo ser compensados). Art. 342 Depois da contestação, só é lícito ao réu
deduzir novas alegações quando:
Própria ou I - relativas a direito ou a fato superveniente;
peremptória II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;
Processual III - por expressa autorização legal, puderem ser
Imprópria ou formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição.
dilatória
ESPÉCIES DE
DEFESA
Da Reconvenção
Direta
De Mérito Outra defesa possível ao réu é a reconvenção, a
Indireta qual constitui, também, um meio de formular preten-
são própria.
Imagine que o réu é demandado por inadimple-
Para complementar o entendimento, é necessário mento de obrigação relacionada a um contrato, porém
ter em mente as seguintes disposições: ele possui pretensão contra o autor relacionada a esse
contrato, como perdas e danos, ou uma cobrança abu-
Art. 338 Alegando o réu, na contestação, ser par- siva que lhe causou dano à honra.
te ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo Neste sentido, prevê o CPC:
invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze)
dias, a alteração da petição inicial para substitui- Art. 343 Na contestação, é lícito ao réu propor
ção do réu. reconvenção para manifestar pretensão própria,
Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor conexa com a ação principal ou com o fundamento
reembolsará as despesas e pagará os honorários ao da defesa.
procurador do réu excluído, que serão fixados entre § 1º Proposta a reconvenção, o autor será intima-
três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo do, na pessoa de seu advogado, para apresentar
este irrisório, nos termos do art. 85, § 8º . resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
Art. 339 Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe § 2º A desistência da ação ou a ocorrência de cau-
ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica sa extintiva que impeça o exame de seu mérito não
discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena obsta ao prosseguimento do processo quanto à
de arcar com as despesas processuais e de indeni- reconvenção.
§ 3º A reconvenção pode ser proposta contra o
zar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de
autor e terceiro.
indicação.
§ 4º A reconvenção pode ser proposta pelo réu em
§ 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no
litisconsórcio com terceiro.
prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição
§ 5º Se o autor for substituto processual, o recon-
inicial para a substituição do réu, observando-se, vinte deverá afirmar ser titular de direito em face
ainda, o parágrafo único do art. 338 . do substituído, e a reconvenção deverá ser propos-
§ 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar ta em face do autor, também na qualidade de subs-
por alterar a petição inicial para incluir, como litis- tituto processual.
consorte passivo, o sujeito indicado pelo réu. § 6º O réu pode propor reconvenção independente-
Art. 340 Havendo alegação de incompetência rela- mente de oferecer contestação.
tiva ou absoluta, a contestação poderá ser proto-
colada no foro de domicílio do réu, fato que será Atualmente, a reconvenção é deduzida na própria
imediatamente comunicado ao juiz da causa, prefe- contestação e não em peça apartada. Da reconvenção,
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

rencialmente por meio eletrônico.


será intimado o autor, na pessoa de seu advogado,
§ 1º A contestação será submetida a livre distri-
para apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
buição ou, se o réu houver sido citado por meio de
A reconvenção é vista como defesa autônoma de
carta precatória, juntada aos autos dessa carta,
modo que a desistência da ação ou a ocorrência de
seguindo-se a sua imediata remessa para o juízo da
causa extintiva que impeça o exame de seu mérito
causa.
não obsta ao prosseguimento do processo quanto à
§ 2º Reconhecida a competência do foro indicado
pelo réu, o juízo para o qual for distribuída a con-
reconvenção. Ainda, o réu pode propor reconvenção
testação ou a carta precatória será considerado independentemente de oferecer contestação.
prevento.
§ 3º Alegada a incompetência nos termos do caput DA REVELIA (ARTS. 344 A 346 DO CPC)
, será suspensa a realização da audiência de conci-
liação ou de mediação, se tiver sido designada. Conceito
§ 4º Definida a competência, o juízo competente
designará nova data para a audiência de concilia- Revelia é um ato-fato processual, a qual decor-
ção ou de mediação. re da não apresentação de defesa ou apresentação 171
intempestiva da contestação. Diz-se ato-fato porque JURÍDICA. PRETENSÃO RECURSAL QUE É OBS-
seus efeitos decorrem da inação do sujeito no processo, TADA PELA SÚMULA Nº 7 DO STJ. VIOLAÇÃO DO
mas repercute na ordem jurídico-processual. ART. 1.022 DO NCPC. ERRO MATERIAL E OMISSÃO.
NÃO CONFIGURADOS. PRESUNÇÃO RELATIVA DA
VERACIDADE DOS FATOS NÃO CONTESTADOS.
Art. 344 Se o réu não contestar a ação, será consi-
PRECEDENTES. MULTA DO ART. 1.021, § 4º, DO
derado revel e presumir-se-ão verdadeiras as alega-
NCPC. AFASTADA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
ções de fato formuladas pelo autor.
PARCIALMENTE ACOLHIDOS.
[...]
Se o autor propõe ação de indenização, alegando a 3. A revelia enseja a presunção relativa da veraci-
ocorrência de ato ilícito, a ausência de defesa conduz dade dos fatos narrados pelo autor da ação, poden-
à presunção de veracidade desse fato. Explicaremos do ser infirmada pelas provas dos autos, motivo
os efeitos logo adiante. pelo qual não determina a imediata procedência do
pedido. Precedentes.
Efeitos da Revelia 4. Embargos de declaração parcialmente acolhidos.

A revelia produz algumas consequências proces- (STJ, EDcl no AgInt nos EDcl no AREsp 1562715/SP, Rel. Ministro
suais consistentes em certos efeitos jurídicos danosos MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 01/03/2021, DJe
04/03/2021)
ao réu, como a presunção de veracidade das alegações
de fato formuladas pelo autor (efeito material). Além
dessas, há, ainda, efeitos processuais, como a fluência Para que ocorra revelia, o réu deve ser citado.
dos prazos contra o revel que não tenha patrono nos Então, somente é possível falar em todos esses efeitos
autos a partir da data de publicação do ato decisório se o réu for validamente citado.
no órgão oficial, conforme art. 346, CPC. Vejamos:
Art. 348. Se o réu não contestar a ação, o juiz, veri-
Art. 346 Os prazos contra o revel que não tenha ficando a inocorrência do efeito da revelia previsto
patrono nos autos fluirão da data de publicação do no art. 344 , ordenará que o autor especifique as
ato decisório no órgão oficial. provas que pretenda produzir, se ainda não as tiver
Parágrafo único. O revel poderá intervir no proces- indicado.
so em qualquer fase, recebendo-o no estado em que Art. 349 Ao réu revel será lícita a produção de pro-
se encontrar. vas, contrapostas às alegações do autor, desde que
se faça representar nos autos a tempo de praticar
Quer dizer que fica dispensada a intimação do réu os atos processuais indispensáveis a essa produção.
de cada ato processual para que se inicie a fluência
do prazo, o que ocorrerá, automaticamente, depois da Esse dispositivo permite que o réu produza pro-
publicação do ato no diário oficial, ou seja, indepen- vas, desde que participe do processo tempestivamen-
dentemente da intimação pessoal do réu. te, isto é, antes ou durante a fase probatória.
No entanto, há exceções em que os efeitos não inci- De todo modo, o revel poderá intervir no processo
dirão, as quais estão dispostas nos incisos do art. 345 em qualquer fase, recebendo-o no estado em que se
encontrar.
Art. 345 A revelia não produz o efeito mencionado
no art. 344 se: DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES E DO
I - havendo pluralidade de réus, algum deles con- SANEAMENTO (INSERIR ESSE ARTIGO NO
testar a ação; SUMÁRIO)
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - a petição inicial não estiver acompanhada de Art. 347 Findo o prazo para a contestação, o juiz
instrumento que a lei considere indispensável à
tomará, conforme o caso, as providências prelimi-
prova do ato;
nares constantes das seções deste Capítulo.
IV - as alegações de fato formuladas pelo autor
forem inverossímeis ou estiverem em contradição
com prova constante dos autos. DA RÉPLICA

O simples fato de o réu ser revel não significa que Diante dos fatos e fundamentos trazidos pelo réu na
será sucumbente ou que o autor terá sua pretensão aco- contestação, o autor poderá ser intimado para manifestar-
lhida. Inicialmente, a presunção de veracidade ocorre -se, oferecendo a réplica ou a impugnação à contestação.
somente sobre as questões de fato, não as de Direito. O CPC (2015) admite essa providência nos seguin-
Então, se o autor formula pretensão não respaldada tes dispositivos:
pelo ordenamento jurídico, ainda que seja o réu revel,
não terá seu pedido acolhido. Já com relação às ques- Art. 350 Se o réu alegar fato impeditivo, modificati-
tões de fato, importa observar as hipóteses do art. 345. vo ou extintivo do direito do autor, este será ouvido
Além disso, a presunção é relativa, conforme firmado no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe o juiz
em entendimento do Superior Tribunal de Justiça: a produção de prova.
Art. 351 Se o réu alegar qualquer das matérias enu-
meradas no art. 337, o juiz determinará a oitiva do
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARA-
autor no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe
ÇÃO NO AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE
a produção de prova.
DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM RECURSO ESPE-
CIAL. RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE DO
NCPC. AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESCONSI- Os dispositivos tratam do teor das defesas de méri-
DERAÇÃO INVERSA DA PERSONALIDADE JURÍ- to e processuais. Pela leitura do art. 350, o réu pode
DICA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL alegar o objetivo litigioso, trazendo fatos novos para o
NÃO CONFIGURADA. TRIBUNAL ESTADUAL QUE debate. Já na hipótese do art. 351, a referência é sobre
NÃO RECONHECEU OS REQUISITOS PARA A DES- as defesas processuais, as quais podem impedir ou
172 CONSIDERAÇÃO INVERSA DA PERSONALIDADE retardar a análise do mérito. Nessa fase, poderá o juiz
identificar eventuais nulidades e providenciar sua I - mostrar-se incontroverso;
correção desde logo. Na forma do art. 352, do CPC: II - estiver em condições de imediato julgamento,
nos termos do art. 355.
Art. 352 Verificando a existência de irregularidades § 1º A decisão que julgar parcialmente o mérito
ou de vícios sanáveis, o juiz determinará sua corre- poderá reconhecer a existência de obrigação líqui-
ção em prazo nunca superior a 30 (trinta) dias. da ou ilíquida.
§ 2º A parte poderá liquidar ou executar, desde logo,
Por outro lado, cumpridass as providências preli- a obrigação reconhecida na decisão que julgar par-
cialmente o mérito, independentemente de caução,
minares ou sendo elas desnecessárias, o juiz seguirá
ainda que haja recurso contra essa interposto.
para o Julgamento Conforme o Estado do Processo.
§ 3º Na hipótese do § 2º, se houver trânsito em jul-
gado da decisão, a execução será definitiva.
Art. 353 Cumpridas as providências preliminares § 4º A liquidação e o cumprimento da decisão que
ou não havendo necessidade delas, o juiz proferirá julgar parcialmente o mérito poderão ser proces-
julgamento conforme o estado do processo, obser- sados em autos suplementares, a requerimento da
vando o que dispõe o Capítulo X. parte ou a critério do juiz.
§ 5º A decisão proferida com base neste artigo é
Do Julgamento Conforme o Estado do Processo impugnável por agravo de instrumento.

Ultrapassada a fase postulatória, chega-se ao Não sendo o caso de julgamento parcial, poderá
momento no qual o juiz deve observar se há causas proferir sentença pela plena apreciação do litígio, deci-
que justificam o julgamento antecipado da ação, na dindo todas as questões de direito material pertinen-
forma dos arts. 485 e 487, II e III, do CPC. tes, efetivamente solucionando a controvérsia, ocasião
Conforme dispõe o art. 354: na qual se fala em julgamento antecipado do mérito.
O julgamento é antecipado, pois contornará a fase
Art. 354 Ocorrendo qualquer das hipóteses previs- instrutória/probatória, ante sua dispensabilidade. O
tas nos arts. 485 e 487, incisos II e III , o juiz profe-
art. 355 prevê essa hipótese:
rirá sentença.
Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput
Art. 355 O juiz julgará antecipadamente o pedi-
pode dizer respeito a apenas parcela do proces-
do, proferindo sentença com resolução de mérito,
so, caso em que será impugnável por agravo de
quando:
instrumento.
I - não houver necessidade de produção de outras
provas;
Na hipótese desse artigo, pode ocorrer que apenas II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art.
uma parcela do pedido possa estar em condições de 344 e não houver requerimento de prova, na forma
imediato julgamento e a outra parcela ainda demande do art. 349 .
dilação probatória (produção de outras provas neces-
sárias). Nesse caso, poderá ocorrer o julgamento par-
Se não for o caso das hipóteses anteriores, sendo
cial (inclusive do mérito). Cabe frisar que os incisos II
impossível ou inaplicável o julgamento antecipado do
e III do art. 487 referem-se, respectivamente, ao reco-
nhecimento de decadência e prescrição, bem como às feito, deverá, então, o juiz cumprir com a providência
hipóteses de autocomposição. do art. 357 do CPC, que trata do saneamento e da orga-
Somente esclarecendo, prescrição é a extinção da nização do processo.
pretensão à prestação devida em função da violação Trata-se de medida essencial para a adequada ins-
de um direito ou interesse. Pela prescrição, esvai-se trução processual, efetivando-se o devido processo
o direito de exigir um posicionamento da parte con- legal. Ressalta-se a importância dessa etapa, porque,
trária (como, por exemplo, o pagamento da dívida, o além de resolver questões processuais pendentes
cumprimento de obrigação de fazer, de entregar coisa (como as expostas no art. 357), o juiz pode planejar
como seguirá a instrução. Vejamos:
etc). Já a decadência é a perda efetiva de um direito
que não foi requerido no prazo legal, esvaindo-se o
Art. 357 Não ocorrendo nenhuma das hipóteses
próprio direito, como o de requerer a anulação de um
deste Capítulo, deverá o juiz, em decisão de sanea-
contrato em virtude de vício, como o prazo estabele-
mento e de organização do processo:
cido no art. 178 do Código Civil (Art. 178 É de quatro I - resolver as questões processuais pendentes, se
anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação houver;
do negócio jurídico [...]). II - delimitar as questões de fato sobre as quais
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

recairá a atividade probatória, especificando os


Dica meios de prova admitidos;
III - definir a distribuição do ônus da prova, obser-
Contra a decisão de julgar antecipadamente par- vado o art. 373;
cela do processo, caberá a interposição do recur- IV - delimitar as questões de direito relevantes para
so de agravo de instrumento. a decisão do mérito;
V - designar, se necessário, audiência de instrução
e julgamento.
Também o art. 356 trata o julgamento parcial do
§ 1º Realizado o saneamento, as partes têm o direi-
mérito, hipótese de efetivação dos princípios da cele- to de pedir esclarecimentos ou solicitar ajustes, no
ridade e da duração razoável do processo com a tutela prazo comum de 5 (cinco) dias, findo o qual a deci-
adequada do direito. são se torna estável.
§ 2º As partes podem apresentar ao juiz, para
Art. 356 O juiz decidirá parcialmente o mérito quan- homologação, delimitação consensual das questões
do um ou mais dos pedidos formulados ou parcela de fato e de direito a que se referem os incisos II e
deles: IV, a qual, se homologada, vincula as partes e o juiz. 173
§ 3º Se a causa apresentar complexidade em maté- Para tanto, caso exista interesse na autocomposi-
ria de fato ou de direito, deverá o juiz designar ção o juiz poderá:
audiência para que o saneamento seja feito em
cooperação com as partes, oportunidade em que o Art. 362. A audiência poderá ser adiada:
juiz, se for o caso, convidará as partes a integrar ou
I - por convenção das partes;
esclarecer suas alegações.
II - se não puder comparecer, por motivo justifica-
§ 4º Caso tenha sido determinada a produção de
do, qualquer pessoa que dela deva necessariamente
prova testemunhal, o juiz fixará prazo comum não
superior a 15 (quinze) dias para que as partes apre- participar;
sentem rol de testemunhas. III - por atraso injustificado de seu início em tempo
§ 5º Na hipótese do § 3º, as partes devem levar, superior a 30 (trinta) minutos do horário marcado.
para a audiência prevista, o respectivo rol de § 1º O impedimento deverá ser comprovado até a
testemunhas. abertura da audiência, e, não o sendo, o juiz proce-
§ 6º O número de testemunhas arroladas não pode derá à instrução.
ser superior a 10 (dez), sendo 3 (três), no máximo, § 2º O juiz poderá dispensar a produção das provas
para a prova de cada fato. requeridas pela parte cujo advogado ou defensor
§ 7º O juiz poderá limitar o número de testemunhas público não tenha comparecido à audiência, apli-
levando em conta a complexidade da causa e dos cando-se a mesma regra ao Ministério Público.
fatos individualmente considerados. § 3º Quem der causa ao adiamento responderá
§ 8º Caso tenha sido determinada a produção de pelas despesas acrescidas.
prova pericial, o juiz deve observar o disposto
no art. 465 e, se possível, estabelecer, desde logo,
calendário para sua realização. Na audiência, o juiz exerce poder de polícia, con-
§ 9º As pautas deverão ser preparadas com inter- forme previsto no art. 360:
valo mínimo de 1 (uma) hora entre as audiências.
Art. 360 O juiz exerce o poder de polícia,
O saneamento pode ser feito por ato do juiz ou incumbindo-lhe:
mediante designação de audiência para que o sanea- I - manter a ordem e o decoro na audiência;
mento seja feito em cooperação com as partes, caso II - ordenar que se retirem da sala de audiência os
seja de grande complexidade. A decisão de saneamen- que se comportarem inconvenientemente;
to tornar-se-á estável, sujeita à preclusão se, no prazo III - requisitar, quando necessário, força policial;
IV - tratar com urbanidade as partes, os advogados,
comum de cinco dias, as partes não pedirem esclare-
os membros do do processo;
cimentos ou a impugnarem.
V - registrar em ata, com exatidão, todos os reque-
rimentos apresentados em audiência.
z Prova Testemunhal: caso tenha sido determina-
da a produção de prova testemunhal, o juiz fixa-
Como vimos, a audiência se destina à produção da
rá prazo comum não superior a 15 (quinze) dias
prova oral, cuja ordem de colheita será a prevista no
para que as partes apresentem rol de testemunhas,
art. 361 do CPC:
as quais não poderão ultrapassar o número de 10
(dez), sendo 3 (três) testemunhas, no máximo, para
Art. 361 As provas orais serão produzidas em audiên-
a prova de cada fato;
cia, ouvindo-se nesta ordem, preferencialmente:
z Prova Pericial: caso tenha sido determinada a
I - o perito e os assistentes técnicos, que responde-
produção de prova pericial, o juiz deve observar o
rão aos quesitos de esclarecimentos requeridos no
disposto no art. 465 e, se possível, estabelecer, des-
prazo e na forma do art. 477 , caso não respondidos
de logo, o calendário para a sua realização.
anteriormente por escrito;
II - o autor e, em seguida, o réu, que prestarão
Encerrada a fase organizatória e de saneamen- depoimentos pessoais;
to, inicia-se a fase instrutória ou probatória, tratada III - as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu,
pelo CPC (2015) do art. 358 ao art. 488. O Código ini- que serão inquiridas.
cia, tratando da audiência de instrução e julgamento, Parágrafo único. Enquanto depuserem o perito, os
passando, posteriormente, a regulamentar cada meio assistentes técnicos, as partes e as testemunhas,
probatório especificamente. não poderão os advogados e o Ministério Público
intervir ou apartear, sem licença do juiz.
Da Audiência de Instrução e Julgamento
Como a denominação sugere, a audiência não é
Este é o início da fase probatória ou instrutória, apenas de instrução, mas também de julgamento.
momento em que serão produzidas, sobretudo, as pro- Para que o julgamento ocorra, ainda cabe às partes
vas orais. A audiência de instrução, que será pública, uma última oportunidade de manifestação antes da
deverá ser previamente designada e, nela, o juiz pode- sentença: os chamados memoriais. Quando apresen-
rá, mais uma vez, buscar a autocomposição entre as tados oralmente, seguem o disposto no art. 364:
partes.
Art. 364 Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao
Art. 358. No dia e na hora designados, o juiz decla- advogado do autor e do réu, bem como ao membro
rará aberta a audiência de instrução e julgamento e do Ministério Público, se for o caso de sua inter-
mandará apregoar as partes e os respectivos advo- venção, sucessivamente, pelo prazo de 20 (vinte)
gados, bem como outras pessoas que dela devam minutos para cada um, prorrogável por 10 (dez)
participar. minutos, a critério do juiz.
Art. 359. Instalada a audiência, o juiz tentará con- § 1º Havendo litisconsorte ou terceiro intervenien-
ciliar as partes, independentemente do emprego te, o prazo, que formará com o da prorrogação um
anterior de outros métodos de solução consensual só todo, dividir-se-á entre os do mesmo grupo, se
174 de conflitos, como a mediação e a arbitragem. não convencionarem de modo diverso.
Os memoriais raramente são apresentados em e dos órgãos julgadores, observada a legislação
audiência, sendo que o juiz remete ao § 2º do art 364, o específica.
qual admite a apresentação de memoriais (as alegações § 6º A gravação a que se refere o § 5º também pode
finais) por escrito, quando a causa apresentar questões ser realizada diretamente por qualquer das partes,
complexas de fato ou de direito, prazos sucessivos de independentemente de autorização judicial.
15 (quinze) dias, assegurada vista dos autos. Art. 368 A audiência será pública, ressalvadas as
exceções legais.
Art. 364 [...]
§ 2º Quando a causa apresentar questões comple- DAS PROVAS
xas de fato ou de direito, o debate oral poderá ser
substituído por razões finais escritas, que serão
apresentadas pelo autor e pelo réu, bem como pelo
O processo lida com questões de direito e questões
Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, de fato, as quais demandam comprovação. Fato ale-
em prazos sucessivos de 15 (quinze) dias, assegura- gado e não provado é o mesmo que fato não alegado,
da vista dos autos. como diz uma conhecida máxima do Direito. Sobre
isso, ensina Daniel Mitidiero (p. 197):
O julgamento, por sua vez, pode ocorrer na
audiência. Entretanto, se não ocorrer, os autos serão As partes têm o direito de provar todas as alegações
conclusos ao juiz, que proferirá sentença no prazo de pertinentes, controversas e relevantes. Pertinentes,
30 (trinta) dias, sendo esse prazo impróprio. aquelas que dizem respeito ao mérito da causa.
A audiência poderá ser integralmente gravada em Controversas, aquelas sobre as quais existem mais
imagem e em áudio, em meio digital ou analógico, de uma versão nos autos. Relevantes cuja natureza
desde que assegure o rápido acesso das partes e dos permite demonstração pela prova postulada.
órgãos julgadores, observada a legislação específica.
A referida gravação também pode ser realizada dire- Com a prova, busca-se apontar ao juiz a veracida-
tamente por qualquer das partes, independentemente de de um fato, o qual dará subsídio para o julgador
de autorização judicial. formar seu convencimento. A prova destina-se ao pro-
Caso haja adiamento ou antecipação da audiência cesso como um todo, às partes e, também, ao juiz, pois
o juiz procederá da forma como dispõe o art. 363: ele é o sujeito (imparcial) que deve ser convencido
pela veracidade das alegações. É o que se percebe no
Art. 363 Havendo antecipação ou adiamento da texto do art. 371 do CPC.
audiência, o juiz, de ofício ou a requerimento da A questão da verdade é importante quando se
parte, determinará a intimação dos advogados ou pensa em provas, pois, como vimos, a prova busca
da sociedade de advogados para ciência da nova demonstrar a verdade de um fato alegado. Tradicio-
designação. nalmente, parte da literatura jurídica diferencia a
verdade em real e formal. A verdade real pode ser
Para complementar o entendimento é essencial a entendida como aquela que demonstra os fatos tais
leitura dos seguintes artigos: como ocorreram na realidade, o que pode ser trazido
por depoimentos de testemunhas, perícias, documen-
Art. 365 A audiência é una e contínua, podendo ser tos, filmagens etc. Já a verdade formal é a denomina-
excepcional e justificadamente cindida na ausência da verdade constante dos autos, de modo que não será
de perito ou de testemunha, desde que haja concor- real aquilo que não estiver efetivamente comprovado,
dância das partes.
por isso a máxima “o que não está nos autos, não está
Parágrafo único. Diante da impossibilidade de rea-
lização da instrução, do debate e do julgamento no mundo”. Essa expressão diz respeito ao ônus da
no mesmo dia, o juiz marcará seu prosseguimen- prova, que trataremos adiante. Assim, imagine que o
to para a data mais próxima possível, em pauta réu alegue ter adimplido uma dívida, deixando de tra-
preferencial. zer aos autos o comprovante de pagamento. Por mais
Art. 366 Encerrado o debate ou oferecidas as razões que seja verdadeira a sua afirmação, somente será
finais, o juiz proferirá sentença em audiência ou no assim considerada se provada.
prazo de 30 (trinta) dias.
Art. 367 O servidor lavrará, sob ditado do juiz, Conceito
termo que conterá, em resumo, o ocorrido na
audiência, bem como, por extenso, os despachos, as
Prova é o meio pelo qual as partes comprovarão
decisões e a sentença, se proferida no ato.
suas alegações. As provas relacionam-se às questões
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

§ 1º Quando o termo não for registrado em meio


eletrônico, o juiz rubricar-lhe-á as folhas, que serão de fato, pois são essas que devem ser comprovadas
encadernadas em volume próprio. pelas partes. Diz-se que a prova busca trazer a verda-
§ 2º Subscreverão o termo o juiz, os advogados, o de sobre o fato controvertido.
membro do Ministério Público e o escrivão ou chefe
de secretaria, dispensadas as partes, exceto quando
houver ato de disposição para cuja prática os advo- Importante!
gados não tenham poderes.
§ 3º O escrivão ou chefe de secretaria trasladará Excepcionalmente, exige-se a prova do Direito,
para os autos cópia autêntica do termo de audiência. conforme estabelece o art. 376 do CPC: Art. 376
§ 4º Tratando-se de autos eletrônicos, observar-se-á A parte que alegar direito municipal, estadual,
o disposto neste Código, em legislação específica e estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o
nas normas internas dos tribunais. teor e a vigência, se assim o juiz determinar.
§ 5º A audiência poderá ser integralmente gravada
em imagem e em áudio, em meio digital ou analógi-
co, desde que assegure o rápido acesso das partes Atipicidade dos Meios de Prova 175
Apesar de a lei apresentar diversos meios de pro- e local para a execução dos trabalhos; se documental,
va, impera a atipicidade desses meios, de modo que as autoriza-se sua juntada aos autos etc.
partes têm o direito de empregar todos os meios legais, Por último, ocorre a valoração da prova pelo juiz.
bem como os moralmente legítimos, ainda que não Em nosso ordenamento, as provas não possuem valo-
especificados no Código de Processo Civil, para provar res predefinidos por lei. Cabe ao juiz, fundamentada-
a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defe- mente, apreciar cada prova produzida e relacioná-la
sa e influir eficazmente na convicção do juiz (Art. 369). aos fatos. Assim diz o CPC (2015):

Art. 369 As partes têm o direito de empregar todos Art. 371 O juiz apreciará a prova constante dos
os meios legais, bem como os moralmente legíti- autos, independentemente do sujeito que a tiver
mos, ainda que não especificados neste Código, promovido, e indicará na decisão as razões da for-
para provar a verdade dos fatos em que se funda o mação de seu convencimento.
pedido ou a defesa e influir eficazmente na convic-
ção do juiz. Requerimento Produção

Etapas do Procedimento Probatório Admissão Valoração

Podemos afirmar que há um procedimento proba- Ônus da Prova


tório, o qual inicia com o seu requerimento pela parte,
passando pela produção e, por último, pela valoração
A prova incumbe a quem? Quando indagamos isso,
do juiz.
Inicialmente, a regra é que a parte requeira a pro- devemos identificar quem deve provar o quê. Segun-
dução da prova que julgar conveniente à prova dos do Bonizzi, ônus é “um ‘imperativo do próprio inte-
fatos controvertidos. Por exemplo, em uma alegação resse’, ou seja, uma ‘carga processual’, intimamente
de danos em imóvel por obra de prédio vizinho, deve- relacionadas com as ‘possibilidades’ que as partes
-se requerer a produção de prova pericial nesse sen- possuem no processo” (2017, p. 48).
tido. Alegando a ocorrência de ato ilícito violador da Do descumprimento de um ônus, não há uma
honra (difamação), deve-se requerer a oitiva da teste- pena ou sanção, mas poderão haver prejuízos à par-
munha que presenciou o fato. te que não comprovar o fato que lhe beneficia.
Esse requerimento ocorre tanto na petição inicial A matriz da distribuição do ônus está no art. 373
ou na contestação, quanto na especificação das pro- do CPC:
vas pelas partes, ocorrida posteriormente. Entretanto,
é efetivamente na especificação de provas que a par- Art. 373 O ônus da prova incumbe:
te deve requerê-las, justificando sua pertinência. Não
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
basta o protesto genérico por provas nas postulações
II - ao réu, quanto à existência de fato impe-
anteriores, deve-se indicar em momento oportuno
(início da fase instrutória) aquelas que pretende pro- ditivo, modificativo ou extintivo do direito do
duzir. Lembre-se de que, na decisão de saneamento, o autor.
juiz fixa os pontos controvertidos, distribui o ônus da § 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculia-
prova e designa audiência. ridades da causa relacionadas à impossibilidade ou
Após, ocorre a admissão dessa prova pelo juiz, à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos
aplicando-se o disposto no art. 370 do CPC: termos do caput ou à maior facilidade de obtenção
da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir
Art. 370 Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça
da parte, determinar as provas necessárias ao jul- por decisão fundamentada, caso em que deverá dar
gamento do mérito. à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus
Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fun- que lhe foi atribuído.
damentada, as diligências inúteis ou meramente § 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode
protelatórias.
gerar situação em que a desincumbência do encar-
go pela parte seja impossível ou excessivamente
Veja que o juiz possui o poder para indeferir a pro- difícil.
dução da prova inútil ou que servirá, apenas, para § 3º A distribuição diversa do ônus da prova tam-
retardar o processo. Evidentemente, caberá recurso
bém pode ocorrer por convenção das partes, salvo
dessa decisão, caso incorra em cerceamento de defesa.
quando:
O juiz pode, até mesmo de ofício, determinar a pro-
I - recair sobre direito indisponível da parte;
dução de uma prova que aproveite ao processo, para
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o
que solucione adequadamente o mérito. Para que não
exercício do direito.
incorra em práticas violadoras da imparcialidade e da
§ 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser cele-
igualdade, é preciso que o juiz não assuma o protago-
brada antes ou durante o processo.
nismo exagerado (BONIZZI, Marcelo José Magalhães.
Fundamentos da prova civil. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2017, p. 41). Trata-se da distribuição estática do ônus da prova
Poderá ocorrer ainda a prova emprestada: (distribuição legal do ônus da prova), sendo a regra
na lei processual. No entanto, admite-se a distribui-
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de ção dinâmica nos casos previstos em lei ou diante de
prova produzida em outro processo, atribuindo- peculiaridades da causa relacionadas à impossibilida-
-lhe o valor que considerar adequado, observado o de ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo
contraditório. nos termos do caput ou à maior facilidade de obten-
ção da prova do fato contrário, podendo o juiz atribuir
Após a admissão da prova, haverá a sua produção. o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça
A produção varia conforme a espécie da prova. Se tes- por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à
temunhal, designa-se audiência para produzi-la; se parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que
176 pericial, nomeia-se o perito, que designará dia, hora lhe foi atribuído.
Um típico exemplo é o de relação de consumo, em Art. 379 Preservado o direito de não produzir pro-
que o consumidor, parte vulnerável (hipossuficiente) va contra si própria, incumbe à parte:
da relação, muitas vezes, não tem meios de provar o I - comparecer em juízo, respondendo ao que lhe for
defeito de um produto ou serviço, razão pela qual o interrogado;
ônus será invertido para que o fornecedor/prestador II - colaborar com o juízo na realização de inspeção
judicial que for considerada necessária;
prove a correção de sua conduta ou segurança de seu
III - praticar o ato que lhe for determinado.
produto.
Art. 380 Incumbe ao terceiro, em relação a qual-
A eventual inversão do ônus da prova deve ser rea- quer causa:
lizada na fase instrutória, conforme posicionamento I - informar ao juiz os fatos e as circunstâncias de
do STJ (EREsp 422.778/SP). que tenha conhecimento;
A distribuição diversa do ônus da prova também II - exibir coisa ou documento que esteja em seu
pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando: poder.
Parágrafo único. Poderá o juiz, em caso de descum-
z Recair sobre direito indisponível da parte; primento, determinar, além da imposição de multa,
z Tornar excessivamente difícil a uma parte o exer- outras medidas indutivas, coercitivas, mandamen-
cício do direito. tais ou sub-rogatórias.

Há fatos que não dependem de prova, como: Da Produção Antecipada da Prova

z Os fatos notórios; A produção antecipada de provas poderá ser uti-


z Os afirmados por uma parte e confessados pela lizada como tutela de urgência, a fim de resguardar a
parte contrária; instrução em futuro processo. Seu cabimento está no
z Os admitidos no processo como incontroversos; art. 381 do CPC. Vejamos:
z Fatos cujo favor milita presunção legal de existên-
cia ou de veracidade. Art. 381 A produção antecipada da prova será
admitida nos casos em que:
I - haja fundado receio de que venha a tornar-se
Interessante notar, ainda, a questão da prova dia-
impossível ou muito difícil a verificação de certos
bólica, isto é, não é dado à parte fazer prova de fato fatos na pendência da ação;
negativo, como a inexistência de uma relação jurídica. II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabi-
Imagine que o autor ajuíze ação, visando a declara- lizar a autocomposição ou outro meio adequado de
ção de inexistência de um fato (negócio jurídico por solução de conflito;
exemplo) que lhe gerou restrição de crédito. Como ele III - o prévio conhecimento dos fatos possa justifi-
provaria a inexistência de um contrato? Impossível. car ou evitar o ajuizamento de ação.
Por isso, justifica-se a inversão do ônus da prova, atri- § 1º O arrolamento de bens observará o disposto
buindo à parte adversa a incumbência de provar a nesta Seção quando tiver por finalidade apenas a
existência da relação jurídica. realização de documentação e não a prática de atos
Por fim e não menos importante, a fim de comple- de apreensão.
mentar o entendimento, veja o que dispõe os artigos § 2º A produção antecipada da prova é da compe-
tência do juízo do foro onde esta deva ser produzi-
374 e seguintes:
da ou do foro de domicílio do réu.
§ 3º A produção antecipada da prova não previne a
Art. 374 Não dependem de prova os fatos:
competência do juízo para a ação que venha a ser
I - notórios;
proposta.
II - afirmados por uma parte e confessados pela
§ 4º O juízo estadual tem competência para pro-
parte contrária; dução antecipada de prova requerida em face da
III - admitidos no processo como incontroversos; União, de entidade autárquica ou de empresa públi-
IV - em cujo favor milita presunção legal de existên- ca federal se, na localidade, não houver vara federal.
cia ou de veracidade. § 5º Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que
Art. 375 O juiz aplicará as regras de experiência pretender justificar a existência de algum fato ou
comum subministradas pela observação do que relação jurídica para simples documento e sem
ordinariamente acontece e, ainda, as regras de caráter contencioso, que exporá, em petição cir-
experiência técnica, ressalvado, quanto a estas, o cunstanciada, a sua intenção.
exame pericial. Art. 382 Na petição, o requerente apresentará as
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 376 A parte que alegar direito municipal, esta- razões que justificam a necessidade de antecipação
dual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á da prova e mencionará com precisão os fatos sobre
o teor e a vigência, se assim o juiz determinar. os quais a prova há de recair.
Art. 377 A carta precatória, a carta rogatória e o § 1º O juiz determinará, de ofício ou a requerimento
auxílio direto suspenderão o julgamento da cau- da parte, a citação de interessados na produção da
sa no caso previsto no art. 313, inciso V, alínea prova ou no fato a ser provado, salvo se inexistente
“b”, quando, tendo sido requeridos antes da deci- caráter contencioso.
são de saneamento, a prova neles solicitada for § 2º O juiz não se pronunciará sobre a ocorrência
imprescindível. ou a inocorrência do fato, nem sobre as respectivas
Parágrafo único. A carta precatória e a carta roga- consequências jurídicas.
tória não devolvidas no prazo ou concedidas sem § 3º Os interessados poderão requerer a produção
efeito suspensivo poderão ser juntadas aos autos a de qualquer prova no mesmo procedimento, desde
qualquer momento. que relacionada ao mesmo fato, salvo se a sua pro-
Art. 378 Ninguém se exime do dever de colaborar dução conjunta acarretar excessiva demora.
com o Poder Judiciário para o descobrimento da § 4º Neste procedimento, não se admitirá defe-
verdade. sa ou recurso, salvo contra decisão que indeferir 177
totalmente a produção da prova pleiteada pelo Ocorre que tais hipóteses não se aplicam às ações
requerente originário. de estado e de família, ocasião em que deverá a parte
Art. 383 Os autos permanecerão em cartório duran- depor.Para complementar o entendimento é de extre-
te 1 (um) mês para extração de cópias e certidões ma relevãncia ter as seguintes disposições em mente:
pelos interessados.
Parágrafo único. Findo o prazo, os autos serão Art. 385 Cabe à parte requerer o depoimento pes-
entregues ao promovente da medida. soal da outra parte, a fim de que esta seja interro-
gada na audiência de instrução e julgamento, sem
Na petição, o requerente apresentará as razões prejuízo do poder do juiz de ordená-lo de ofício.
que justificam a necessidade de antecipação da prova § 1º Se a parte, pessoalmente intimada para prestar
depoimento pessoal e advertida da pena de confes-
e mencionará, com precisão, os fatos sobre os quais a
so, não comparecer ou, comparecendo, se recusar a
prova há de recair. O juiz determinará, de ofício ou a depor, o juiz aplicar-lhe-á a pena.
requerimento da parte, a citação de interessados na § 2º É vedado a quem ainda não depôs assistir ao
produção da prova ou no fato a ser provado, salvo se interrogatório da outra parte.
inexistente caráter contencioso. Nesse procedimento, § 3º O depoimento pessoal da parte que residir
não se admitirá defesa ou recurso, salvo contra deci- em comarca, seção ou subseção judiciária diversa
são que indeferir totalmente a produção da prova daquela onde tramita o processo poderá ser colhido
pleiteada pelo requerente originário. por meio de videoconferência ou outro recurso tec-
nológico de transmissão de sons e imagens em tem-
Meios de Prova po real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a
realização da audiência de instrução e julgamento.
Art. 386 Quando a parte, sem motivo justificado,
z Da Ata Notarial deixar de responder ao que lhe for perguntado ou
empregar evasivas, o juiz, apreciando as demais
A ata notarial foi introduzida no CPC (2015) como circunstâncias e os elementos de prova, declarará,
meio de prova autônomo, assim tipificada: na sentença, se houve recusa de depor.
Art. 387 A parte responderá pessoalmente sobre os
Art. 384 A existência e o modo de existir de algum fatos articulados, não podendo servir-se de escritos
fato podem ser atestados ou documentados, a anteriormente preparados, permitindo-lhe o juiz,
requerimento do interessado, mediante ata lavrada todavia, a consulta a notas breves, desde que objeti-
por tabelião. vem completar esclarecimentos.
Parágrafo único. Dados representados por imagem Art. 388 A parte não é obrigada a depor sobre fatos:
ou som gravados em arquivos eletrônicos poderão I - criminosos ou torpes que lhe forem imputados;
constar da ata notarial. II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva
guardar sigilo;
Veja que ela pode ser utilizada para a prova de III - acerca dos quais não possa responder sem
desonra própria, de seu cônjuge, de seu companhei-
qualquer fato, desde que seja possível atestá-lo ou
ro ou de parente em grau sucessível;
documentá-lo. Atualmente, tem sido muito utilizada
IV - que coloquem em perigo a vida do depoente ou
para a degravação de áudio e vídeo, qualificando-se
das pessoas referidas no inciso III.
como um meio idôneo para esse fim. Parágrafo único. Esta disposição não se aplica às
ações de estado e de família.
z Do Depoimento Pessoal
Da Confissão
O depoimento pessoal é prestado pelas próprias
partes. Somente ocorrerá o depoimento pessoal se a A confissão é um meio de prova, a qual poderá ser
parte contrária requerer. Assim, cabe ao autor reque- judicial (se obtida em juízo, como em uma audiência)
rer o depoimento pessoal do réu e vice-versa. No ou extrajudicial (se obtida fora do processo, como em
entanto, pode, também, o juiz ordenar o depoimento um documento no qual o devedor confesse a dívida).
de ofício. Configura-se quando a parte admite a verdade de fato
Se a parte pessoalmente intimada a prestar depoi- contrário ao seu interesse e favorável ao do adversá-
mento pessoal e advertida da pena de confesso não rio. Como a confissão induz à renúncia, ela não atinge
comparecer ou, comparecendo, se recusar a depor, o fatos relativos a direitos indisponíveis, bem como será
juiz aplicar-lhe-á a pena. ineficaz se feita por quem não for capaz de dispor do
Apesar do direito de não produzir prova contra si direito a que se referem os fatos confessados.
mesmo, o juiz pode entender que houve recusa em
depor quando a parte, sem motivo justificado, deixar Art. 389 Há confissão, judicial ou extrajudicial,
de responder ao que lhe for perguntado ou empregar quando a parte admite a verdade de fato contrário
evasivas ao juiz. Entretanto, a parte não é obrigada a ao seu interesse e favorável ao do adversário.
depor sobre fatos: Art. 390 A confissão judicial pode ser espontânea
ou provocada.
§ 1º A confissão espontânea pode ser feita pela pró-
z Criminosos ou torpes que lhe forem imputados;
pria parte ou por representante com poder especial.
z Dos quais, por segredo de estado ou profissão, § 2º A confissão provocada constará do termo de
deva guardar sigilo; depoimento pessoal.
z Acerca dos quais não possa responder sem deson- Art. 391 A confissão judicial faz prova contra o con-
ra própria, de seu cônjuge, de seu companheiro ou fitente, não prejudicando, todavia, os litisconsortes.
de parente em grau sucessível; Parágrafo único. Nas ações que versarem sobre
z Que coloquem em perigo a vida do depoente ou bens imóveis ou direitos reais sobre imóveis
178 das pessoas referidas no item anterior. alheios, a confissão de um cônjuge ou companheiro
não valerá sem a do outro, salvo se o regime de II - o requerido tiver aludido ao documento ou à coi-
casamento for o de separação absoluta de bens. sa, no processo, com o intuito de constituir prova;
Art. 392 Não vale como confissão a admissão, em III - o documento, por seu conteúdo, for comum às
juízo, de fatos relativos a direitos indisponíveis. partes.
§ 1º A confissão será ineficaz se feita por quem não
for capaz de dispor do direito a que se referem os Se não houver exibição ou a recusa for ilegítima, o
fatos confessados. juiz admitirá como verdadeiros os fatos que, por meio
§ 2º A confissão feita por um representante somen- do documento ou da coisa, a parte pretendia provar
te é eficaz nos limites em que este pode vincular o
representado. Art. 400 Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como
Art. 393 A confissão é irrevogável, mas pode ser verdadeiros os fatos que, por meio do documento
anulada se decorreu de erro de fato ou de coação. ou da coisa, a parte pretendia provar se:
Parágrafo único. A legitimidade para a ação pre- I - o requerido não efetuar a exibição nem fizer
vista no caput é exclusiva do confitente e pode ser nenhuma declaração no prazo do art. 398 ;
transferida a seus herdeiros se ele falecer após a
II - a recusa for havida por ilegítima.
propositura.
Parágrafo único. Sendo necessário, o juiz pode
Art. 394 A confissão extrajudicial, quando feita
oralmente, só terá eficácia nos casos em que a lei adotar medidas indutivas, coercitivas, mandamen-
não exija prova literal. tais ou sub-rogatórias para que o documento seja
Art. 395 A confissão é, em regra, indivisível, não exibido.
podendo a parte que a quiser invocar como prova Art. 401 Quando o documento ou a coisa estiver em
aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no poder de terceiro, o juiz ordenará sua citação para
que lhe for desfavorável, porém cindir-se-á quando responder no prazo de 15 (quinze) dias.
o confitente a ela aduzir fatos novos, capazes de Art. 402 Se o terceiro negar a obrigação de exibir
constituir fundamento de defesa de direito material ou a posse do documento ou da coisa, o juiz desig-
ou de reconvenção. nará audiência especial, tomando-lhe o depoimen-
to, bem como o das partes e, se necessário, o de
Da Exibição de Documento ou Coisa testemunhas, e em seguida proferirá decisão.
Art. 403 Se o terceiro, sem justo motivo, se recu-
Antes de falarmos da prova documental em si, sar a efetuar a exibição, o juiz ordenar-lhe-á que
importa observar o que diz o CPC (2015) sobre a exi- proceda ao respectivo depósito em cartório ou em
bição de documento ou coisa. Os documentos, como outro lugar designado, no prazo de 5 (cinco) dias,
regra, devem ser apresentados pela própria parte na impondo ao requerente que o ressarça pelas despe-
sua postulação. Entretanto, pode ocorrer da parte não sas que tiver.
os possuir, o que justificará a determinação para que Parágrafo único. Se o terceiro descumprir a ordem,
a outra o exiba. o juiz expedirá mandado de apreensão, requisitan-
do, se necessário, força policial, sem prejuízo da
responsabilidade por crime de desobediência, paga-
Art. 396 O juiz pode ordenar que a parte exiba
mento de multa e outras medidas indutivas, coerci-
documento ou coisa que se encontre em seu poder.
tivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias
para assegurar a efetivação da decisão.
Trata-se da determinação judicial para que a parte
Art. 404 A parte e o terceiro se escusam de exibir,
apresente o objeto da prova que será útil ao proces-
em juízo, o documento ou a coisa se:
so, como um contrato por exemplo. Mas, para que a I - concernente a negócios da própria vida da
determinação seja viável, deve conter o que dispõe o família;
art. 397. Vejamos: II - sua apresentação puder violar dever de honra;
III - sua publicidade redundar em desonra à parte
Art. 397 O pedido formulado pela parte conterá: ou ao terceiro, bem como a seus parentes consan-
I - a individuação, tão completa quanto possível, do guíneos ou afins até o terceiro grau, ou lhes repre-
documento ou da coisa; sentar perigo de ação penal;
II - a finalidade da prova, indicando os fatos que se IV - sua exibição acarretar a divulgação de fatos a
relacionam com o documento ou com a coisa; cujo respeito, por estado ou profissão, devam guar-
III - as circunstâncias em que se funda o requerente dar segredo;
para afirmar que o documento ou a coisa existe e se V - subsistirem outros motivos graves que, segundo
acha em poder da parte contrária. o prudente arbítrio do juiz, justifiquem a recusa da
exibição;
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Logo, se a determinação para a exibição for genéri- VI - houver disposição legal que justifique a recusa
ca, não haverá obrigação para a parte em apresentá-lo. da exibição.
Do mesmo modo, poderá haver recusa se o requerido Parágrafo único. Se os motivos de que tratam os
afirmar que não possui o documento ou a coisa, então incisos I a VI do caput disserem respeito a apenas
o juiz permitirá que o requerente prove, por qualquer uma parcela do documento, a parte ou o terceiro
meio, que a declaração não corresponde à verdade. A
exibirá a outra em cartório, para dela ser extraí-
recusa não produzirá efeitos, contudo, se:
da cópia reprográfica, de tudo sendo lavrado auto
circunstanciado.
Art. 398 O requerido dará sua resposta nos 5 (cin-
co) dias subsequentes à sua intimação.
Da Prova Documental
Parágrafo único. Se o requerido afirmar que não
possui o documento ou a coisa, o juiz permitirá que
o requerente prove, por qualquer meio, que a decla- Da Força Probante dos Documentos
ração não corresponde à verdade.
Art. 399 O juiz não admitirá a recusa se: Tratando da prova documental em si, o CPC (2015)
I - o requerido tiver obrigação legal de exibir; discorre, inicialmente, sobre a força probante dos 179
documentos. Importante observar que documento III - não houver impugnação da parte contra quem
não é somente um documento escrito, mas poderá ser: foi produzido o documento.
Art. 412 O documento particular de cuja autenti-
z Uma fotografia; cidade não se duvida prova que o seu autor fez a
z Um e-mail ou; declaração que lhe é atribuída.
z Um print de documentos eletrônicos; Parágrafo único. O documento particular admitido
expressa ou tacitamente é indivisível, sendo vedado
Os documentos podem ser públicos (elaborados à parte que pretende utilizar-se dele aceitar os fatos
por agente público no exercício da função) ou parti- que lhe são favoráveis e recusar os que são contrá-
culares (produzidos por particulares). Sobre ambos, é rios ao seu interesse, salvo se provar que estes não
importante o que dispõem os seguintes dispositivos: ocorreram.
Art. 413 O telegrama, o radiograma ou qualquer
outro meio de transmissão tem a mesma força
Art. 405 O documento público faz prova não só da
sua formação, mas também dos fatos que o escri- probatória do documento particular se o original
vão, o chefe de secretaria, o tabelião ou o servidor constante da estação expedidora tiver sido assina-
declarar que ocorreram em sua presença. do pelo remetente.
[...] Parágrafo único. A firma do remetente poderá
Art. 424 A cópia de documento particular tem o mes- ser reconhecida pelo tabelião, declarando-se essa
mo valor probante que o original, cabendo ao escri- circunstância no original depositado na estação
vão, intimadas as partes, proceder à conferência e expedidora.
certificar a conformidade entre a cópia e o original. Art. 414 O telegrama ou o radiograma presume-se
conforme com o original, provando as datas de sua
Há, ainda, os documentos solenes, os quais exigem expedição e de seu recebimento pelo destinatário.
forma especial, como a escritura pública e os não sole- Art. 415 As cartas e os registros domésticos pro-
nes (sem forma especial). vam contra quem os escreveu quando:
I - enunciam o recebimento de um crédito;
Art. 406 Quando a lei exigir instrumento público II - contêm anotação que visa a suprir a falta de
como da substância do ato, nenhuma outra prova, título em favor de quem é apontado como credor;
por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta. III - expressam conhecimento de fatos para os quais
não se exija determinada prova.
Ainda, sobre a prova documental: Art. 416 A nota escrita pelo credor em qualquer
parte de documento representativo de obrigação,
ainda que não assinada, faz prova em benefício do
Art. 407 O documento feito por oficial público
devedor.
incompetente ou sem a observância das formalida-
Parágrafo único. Aplica-se essa regra tanto para o
des legais, sendo subscrito pelas partes, tem a mes-
documento que o credor conservar em seu poder
ma eficácia probatória do documento particular.
quanto para aquele que se achar em poder do deve-
Art. 408 As declarações constantes do documento
dor ou de terceiro.
particular escrito e assinado ou somente assinado
Art. 417 Os livros empresariais provam contra seu
presumem-se verdadeiras em relação ao signatário.
autor, sendo lícito ao empresário, todavia, demons-
Parágrafo único. Quando, todavia, contiver decla-
trar, por todos os meios permitidos em direito, que
ração de ciência de determinado fato, o documento
os lançamentos não correspondem à verdade dos
particular prova a ciência, mas não o fato em si,
fatos.
incumbindo o ônus de prová-lo ao interessado em Art. 418 Os livros empresariais que preencham os
sua veracidade. requisitos exigidos por lei provam a favor de seu
Art. 409 A data do documento particular, quando a autor no litígio entre empresários.
seu respeito surgir dúvida ou impugnação entre os Art. 419. A escrituração contábil é indivisível, e, se
litigantes, provar-se-á por todos os meios de direito. dos fatos que resultam dos lançamentos, uns são
Parágrafo único. Em relação a terceiros, conside- favoráveis ao interesse de seu autor e outros lhe
rar-se-á datado o documento particular: são contrários, ambos serão considerados em con-
I - no dia em que foi registrado; junto, como unidade.
II - desde a morte de algum dos signatários; Art. 420 O juiz pode ordenar, a requerimento da
III - a partir da impossibilidade física que sobreveio parte, a exibição integral dos livros empresariais e
a qualquer dos signatários; dos documentos do arquivo:
IV - da sua apresentação em repartição pública ou I - na liquidação de sociedade;
em juízo; II - na sucessão por morte de sócio;
V - do ato ou do fato que estabeleça, de modo certo, III - quando e como determinar a lei.
a anterioridade da formação do documento. Art. 421 O juiz pode, de ofício, ordenar à parte
Art. 410. Considera-se autor do documento a exibição parcial dos livros e dos documentos,
particular: extraindo-se deles a suma que interessar ao litígio,
I - aquele que o fez e o assinou; bem como reproduções autenticadas.
II - aquele por conta de quem ele foi feito, estando Art. 422 Qualquer reprodução mecânica, como a
assinado; fotográfica, a cinematográfica, a fonográfica ou
III - aquele que, mandando compô-lo, não o firmou de outra espécie, tem aptidão para fazer prova dos
porque, conforme a experiência comum, não se cos- fatos ou das coisas representadas, se a sua confor-
tuma assinar, como livros empresariais e assentos midade com o documento original não for impug-
domésticos. nada por aquele contra quem foi produzida.
Art. 411 Considera-se autêntico o documento quando: § 1º As fotografias digitais e as extraídas da rede
I - o tabelião reconhecer a firma do signatário; mundial de computadores fazem prova das ima-
II - a autoria estiver identificada por qualquer outro gens que reproduzem, devendo, se impugnadas, ser
meio legal de certificação, inclusive eletrônico, nos apresentada a respectiva autenticação eletrônica
180 termos da lei; ou, não sendo possível, realizada perícia.
§ 2º Se se tratar de fotografia publicada em jornal Art. 429 Incumbe o ônus da prova quando:
ou revista, será exigido um exemplar original do I - se tratar de falsidade de documento ou de preen-
periódico, caso impugnada a veracidade pela outra chimento abusivo, à parte que a arguir;
parte. II - se tratar de impugnação da autenticidade, à
§ 3º Aplica-se o disposto neste artigo à forma parte que produziu o documento.
impressa de mensagem eletrônica.
Art. 423 As reproduções dos documentos particu- Da Arguição de Falsidade
lares, fotográficas ou obtidas por outros processos
de repetição, valem como certidões sempre que o Art. 430 A falsidade deve ser suscitada na contes-
escrivão ou o chefe de secretaria certificar sua con- tação, na réplica ou no prazo de 15 (quinze) dias,
formidade com o original. contado a partir da intimação da juntada do docu-
Art. 424 A cópia de documento particular tem o mento aos autos.
mesmo valor probante que o original, cabendo ao Parágrafo único. Uma vez arguida, a falsidade será
escrivão, intimadas as partes, proceder à confe- resolvida como questão incidental, salvo se a parte
rência e certificar a conformidade entre a cópia e requerer que o juiz a decida como questão princi-
o original. pal, nos termos do inciso II do art. 19.
Art. 425 Fazem a mesma prova que os originais: Art. 431 A parte arguirá a falsidade expondo os
motivos em que funda a sua pretensão e os meios
I - as certidões textuais de qualquer peça dos autos,
com que provará o alegado.
do protocolo das audiências ou de outro livro
Art. 432 Depois de ouvida a outra parte no prazo
a cargo do escrivão ou do chefe de secretaria, se de 15 (quinze) dias, será realizado o exame pericial.
extraídas por ele ou sob sua vigilância e por ele Parágrafo único. Não se procederá ao exame peri-
subscritas; cial se a parte que produziu o documento concor-
II - os traslados e as certidões extraídas por oficial dar em retirá-lo.
público de instrumentos ou documentos lançados Art. 433. A declaração sobre a falsidade do docu-
em suas notas; mento, quando suscitada como questão principal,
III - as reproduções dos documentos públicos, desde constará da parte dispositiva da sentença e sobre
que autenticadas por oficial público ou conferidas ela incidirá também a autoridade da coisa julgada.
em cartório com os respectivos originais;
IV - as cópias reprográficas de peças do próprio Pode ser arguida a falsidade de documento, a qual
processo judicial declaradas autênticas pelo advo- será resolvida como questão incidental, isto é, deve-
gado, sob sua responsabilidade pessoal, se não lhes -se primeiro certificar a falsidade ou a veracidade do
for impugnada a autenticidade; documento para que seja possível, então, analisar as
V - os extratos digitais de bancos de dados públicos demais questões.
e privados, desde que atestado pelo seu emitente,
sob as penas da lei, que as informações conferem Da Produção da Prova Documental
com o que consta na origem;
VI - as reproduções digitalizadas de qualquer docu- A prova documental deverá ser juntada no ato da
mento público ou particular, quando juntadas aos petição inicial ou da contestação, sob pena de preclu-
autos pelos órgãos da justiça e seus auxiliares, pelo são. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos
Ministério Público e seus auxiliares, pela Defenso- autos documentos novos, quando destinados a fazer
ria Pública e seus auxiliares, pelas procuradorias, prova de fatos ocorridos depois dos articulados ou
pelas repartições públicas em geral e por advoga-
para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.
dos, ressalvada a alegação motivada e fundamen-
Admite-se, também, a juntada posterior de documen-
tada de adulteração.
tos formados após a petição inicial ou a contestação,
§ 1º Os originais dos documentos digitalizados
mencionados no inciso VI deverão ser preservados
bem como dos que se tornaram conhecidos, acessíveis
pelo seu detentor até o final do prazo para proposi- ou disponíveis após esses atos, cabendo à parte que os
tura de ação rescisória. produzir comprovar o motivo que a impediu de juntá-
§ 2º Tratando-se de cópia digital de título executivo -los anteriormente e incumbindo ao juiz, em qualquer
extrajudicial ou de documento relevante à instru- caso, avaliar a conduta da parte.
ção do processo, o juiz poderá determinar seu depó-
sito em cartório ou secretaria. Art. 434 Incumbe à parte instruir a petição inicial
Art. 426 O juiz apreciará fundamentadamente a fé ou a contestação com os documentos destinados a
que deva merecer o documento, quando em pon- provar suas alegações.
to substancial e sem ressalva contiver entrelinha, Parágrafo único. Quando o documento consistir em
emenda, borrão ou cancelamento. reprodução cinematográfica ou fonográfica, a par-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 427 Cessa a fé do documento público ou parti- te deverá trazê-lo nos termos do caput , mas sua
cular sendo-lhe declarada judicialmente a falsidade. exposição será realizada em audiência, intimando-
Parágrafo único. A falsidade consiste em: -se previamente as partes.
I - formar documento não verdadeiro; Art. 435 É lícito às partes, em qualquer tempo,
II - alterar documento verdadeiro. juntar aos autos documentos novos, quando desti-
Art. 428 Cessa a fé do documento particular nados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos
quando: articulados ou para contrapô-los aos que foram
I - for impugnada sua autenticidade e enquanto não produzidos nos autos.
se comprovar sua veracidade; Parágrafo único. Admite-se também a juntada
II - assinado em branco, for impugnado seu conteú- posterior de documentos formados após a petição
do, por preenchimento abusivo. inicial ou a contestação, bem como dos que se tor-
Parágrafo único. Dar-se-á abuso quando aquele que naram conhecidos, acessíveis ou disponíveis após
recebeu documento assinado com texto não escrito esses atos, cabendo à parte que os produzir com-
no todo ou em parte formá-lo ou completá-lo por si provar o motivo que a impediu de juntá-los ante-
ou por meio de outrem, violando o pacto feito com riormente e incumbindo ao juiz, em qualquer caso,
o signatário. avaliar a conduta da parte de acordo com o art. 5º . 181
Art. 436 A parte, intimada a falar sobre documento quando houver começo de prova por escrito, ema-
constante dos autos, poderá: nado da parte contra a qual se pretende produzir
I - impugnar a admissibilidade da prova documental; a prova.
II - impugnar sua autenticidade; Art. 445 Também se admite a prova testemunhal
III - suscitar sua falsidade, com ou sem deflagração quando o credor não pode ou não podia, moral ou
do incidente de arguição de falsidade; materialmente, obter a prova escrita da obriga-
IV - manifestar-se sobre seu conteúdo. ção, em casos como o de parentesco, de depósito
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, necessário ou de hospedagem em hotel ou em razão
a impugnação deverá basear-se em argumentação das práticas comerciais do local onde contraída a
específica, não se admitindo alegação genérica de obrigação.
falsidade. Art. 446 É lícito à parte provar com testemunhas:
Art. 437 O réu manifestar-se-á na contestação I - nos contratos simulados, a divergência entre a
sobre os documentos anexados à inicial, e o autor vontade real e a vontade declarada;
manifestar-se-á na réplica sobre os documentos II - nos contratos em geral, os vícios de consentimento.
anexados à contestação.
§ 1º Sempre que uma das partes requerer a jun- A prova testemunhal será obtida pela inquirição
tada de documento aos autos, o juiz ouvirá, a seu
do juiz às testemunhas, ou seja, pessoas diversas das
respeito, a outra parte, que disporá do prazo de 15
partes no processo.
(quinze) dias para adotar qualquer das posturas
Dispensa-se a prova testemunhal sobre fatos já
indicadas no art. 436 .
§ 2º Poderá o juiz, a requerimento da parte, dilatar provados por documento ou confissão da parte, bem
o prazo para manifestação sobre a prova documen- como os que somente por documento ou por exame
tal produzida, levando em consideração a quanti- pericial puderem ser provados.
dade e a complexidade da documentação.
Art. 438 O juiz requisitará às repartições públicas, Art. 447 Podem depor como testemunhas todas
em qualquer tempo ou grau de jurisdição: as pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou
I - as certidões necessárias à prova das alegações suspeitas.
das partes; I - o interdito por enfermidade ou deficiência mental;
II - os procedimentos administrativos nas causas II - o que, acometido por enfermidade ou retarda-
em que forem interessados a União, os Estados, mento mental, ao tempo em que ocorreram os fa-
o Distrito Federal, os Municípios ou entidades da tos, não podia discerni-los, ou, ao tempo em que
administração indireta. deve depor, não está habilitado a transmitir as
§ 1º Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, percepções;
no prazo máximo e improrrogável de 1 (um) mês, III - o que tiver menos de 16 (dezesseis) anos;
certidões ou reproduções fotográficas das peças IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato de-
que indicar e das que forem indicadas pelas partes, pender dos sentidos que lhes faltam.
e, em seguida, devolverá os autos à repartição de § 2º impedidos são:
origem. I - o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o des-
§ 2º As repartições públicas poderão fornecer todos cendente em qualquer grau e o colateral, até o ter-
os documentos em meio eletrônico, conforme dis- ceiro grau, de alguma das partes, por consangui-
posto em lei, certificando, pelo mesmo meio, que se nidade ou afinidade, salvo se o exigir o interesse
trata de extrato fiel do que consta em seu banco de público ou, tratando-se de causa relativa ao estado
dados ou no documento digitalizado. da pessoa, não se puder obter de outro modo a pro-
va que o juiz repute necessária ao julgamento do
Dos Documentos Eletrônicos mérito;
II - o que é parte na causa;
III - o que intervém em nome de uma parte, como
Art. 439 A utilização de documentos eletrônicos no
o tutor, o representante legal da pessoa jurídica, o
processo convencional dependerá de sua conversão
juiz, o advogado e outros que assistam ou tenham
à forma impressa e da verificação de sua autentici-
assistido as partes.
dade, na forma da lei.
Art. 440 O juiz apreciará o valor probante do docu-
mento eletrônico não convertido, assegurado às E os suspeitos:
partes o acesso ao seu teor.
Art. 441 Serão admitidos documentos eletrônicos Art. 447 [...]
produzidos e conservados com a observância da § São suspeitos:
legislação específica. I - o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo;
II - o que tiver interesse no litígio.
Da Prova Testemunhal § 4º Sendo necessário, pode o juiz admitir o depoi-
mento das testemunhas menores, impedidas ou
Da Admissibilidade e do Valor da Prova Testemunhal suspeitas.
§ 5º Os depoimentos referidos no § 4º serão pres-
tados independentemente de compromisso, e o juiz
Art. 442 A prova testemunhal é sempre admissível,
não dispondo a lei de modo diverso. lhes atribuirá o valor que possam merecer.
Art. 443 O juiz indeferirá a inquirição de testemu-
nhas sobre fatos: A testemunha pode se escusar de depor? Sobre
I - já provados por documento ou confissão da isso, prevê o art. 448 que:
parte;
II - que só por documento ou por exame pericial Art. 448 A testemunha não é obrigada a depor sobre
puderem ser provados. fatos:
Art. 444 Nos casos em que a lei exigir prova escri- I - que lhe acarretem grave dano, bem como ao
182 ta da obrigação, é admissível a prova testemunhal seu cônjuge ou companheiro e aos seus parentes
consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, Eleitoral, do Tribunal Superior do Trabalho e do
até o terceiro grau; Tribunal de Contas da União;
II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva IV - o procurador-geral da República e os conselhei-
guardar sigilo. ros do Conselho Nacional do Ministério Público;
V - o advogado-geral da União, o procurador-ge-
Onde devem ser ouvidas? Salvo disposição espe- ral do Estado, o procurador-geral do Município, o
cial em contrário, as testemunhas devem ser ouvidas defensor público-geral federal e o defensor público-
na sede do juízo. -geral do Estado;
Em qual ato processual serão ouvidas as testemu- VI - os senadores e os deputados federais;
nhas? As testemunhas depõem, na audiência de ins- VII - os governadores dos Estados e do Distrito
trução e julgamento, perante o juiz da causa, exceto Federal;
as que prestam depoimento antecipadamente e as que VIII - o prefeito;
são inquiridas por carta. IX - os deputados estaduais e distritais;
X - os desembargadores dos Tribunais de Justiça,
dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais
Art. 449 Salvo disposição especial em contrário, as
Regionais do Trabalho e dos Tribunais Regionais
testemunhas devem ser ouvidas na sede do juízo.
Eleitorais e os conselheiros dos Tribunais de Contas
Parágrafo único. Quando a parte ou a testemunha,
dos Estados e do Distrito Federal;
por enfermidade ou por outro motivo relevante,
estiver impossibilitada de comparecer, mas não de XI - o procurador-geral de justiça;
prestar depoimento, o juiz designará, conforme as XII - o embaixador de país que, por lei ou tratado,
circunstâncias, dia, hora e lugar para inquiri-la. concede idêntica prerrogativa a agente diplomático
do Brasil.
§ 1º O juiz solicitará à autoridade que indique dia,
Da Produção da Prova Testemunhal
hora e local a fim de ser inquirida, remetendo-lhe
cópia da petição inicial ou da defesa oferecida pela
Nos artigos seguintes constam as informações parte que a arrolou como testemunha.
acerca do procedimento de produção das provas tes- § 2º Passado 1 (um) mês sem manifestação da auto-
temunhais. Vejamos: ridade, o juiz designará dia, hora e local para o
depoimento, preferencialmente na sede do juízo.
Art. 450 O rol de testemunhas conterá, sempre que § 3º O juiz também designará dia, hora e local para
possível, o nome, a profissão, o estado civil, a idade, o depoimento, quando a autoridade não compare-
o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físi- cer, injustificadamente, à sessão agendada para a
cas, o número de registro de identidade e o endere- colheita de seu testemunho no dia, hora e local por
ço completo da residência e do local de trabalho. ela mesma indicados.
Art. 451 Depois de apresentado o rol de que tratam Art. 455 Cabe ao advogado da parte informar ou
os §§ 4º e 5º do art. 357 , a parte só pode substituir intimar a testemunha por ele arrolada do dia, da
a testemunha: hora e do local da audiência designada, dispensan-
I - que falecer; do-se a intimação do juízo.
II - que, por enfermidade, não estiver em condições § 1º A intimação deverá ser realizada por carta
de depor; com aviso de recebimento, cumprindo ao advo-
III - que, tendo mudado de residência ou de local de
gado juntar aos autos, com antecedência de pelo
trabalho, não for encontrada.
menos 3 (três) dias da data da audiência, cópia da
Art. 452 Quando for arrolado como testemunha, o
correspondência de intimação e do comprovante de
juiz da causa:
recebimento.
I - declarar-se-á impedido, se tiver conhecimento de
§ 2º A parte pode comprometer-se a levar a teste-
fatos que possam influir na decisão, caso em que
munha à audiência, independentemente da inti-
será vedado à parte que o incluiu no rol desistir de
mação de que trata o § 1º, presumindo-se, caso a
seu depoimento;
testemunha não compareça, que a parte desistiu de
II - se nada souber, mandará excluir o seu nome.
Art. 453 As testemunhas depõem, na audiência de sua inquirição.
instrução e julgamento, perante o juiz da causa, § 3º A inércia na realização da intimação a que se
exceto: refere o § 1º importa desistência da inquirição da
I - as que prestam depoimento antecipadamente; testemunha.
II - as que são inquiridas por carta. § 4º A intimação será feita pela via judicial quando:
§ 1º A oitiva de testemunha que residir em comarca, I - for frustrada a intimação prevista no § 1º deste
seção ou subseção judiciária diversa daquela onde artigo;
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

tramita o processo poderá ser realizada por meio II - sua necessidade for devidamente demonstrada
de videoconferência ou outro recurso tecnológico pela parte ao juiz;
de transmissão e recepção de sons e imagens em III - figurar no rol de testemunhas servidor públi-
tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante co ou militar, hipótese em que o juiz o requisitará
a audiência de instrução e julgamento. ao chefe da repartição ou ao comando do corpo em
§ 2º Os juízos deverão manter equipamento para a que servir;
transmissão e recepção de sons e imagens a que se IV - a testemunha houver sido arrolada pelo Minis-
refere o § 1º. tério Público ou pela Defensoria Pública;
Art. 454 São inquiridos em sua residência ou onde V - a testemunha for uma daquelas previstas no art.
exercem sua função: 454 .
I - o presidente e o vice-presidente da República; § 5º A testemunha que, intimada na forma do § 1º
II - os ministros de Estado; ou do § 4º, deixar de comparecer sem motivo justi-
III - os ministros do Supremo Tribunal Federal, ficado será conduzida e responderá pelas despesas
os conselheiros do Conselho Nacional de Justiça do adiamento.
e os ministros do Superior Tribunal de Justiça, do Art. 456 O juiz inquirirá as testemunhas separada
Superior Tribunal Militar, do Tribunal Superior e sucessivamente, primeiro as do autor e depois as 183
do réu, e providenciará para que uma não ouça o Art. 463 O depoimento prestado em juízo é conside-
depoimento das outras. rado serviço público.
Parágrafo único. O juiz poderá alterar a ordem Parágrafo único. A testemunha, quando sujeita ao
estabelecida no caput se as partes concordarem. regime da legislação trabalhista, não sofre, por
Art. 457 Antes de depor, a testemunha será qualifi- comparecer à audiência, perda de salário nem des-
cada, declarará ou confirmará seus dados e infor- conto no tempo de serviço.
mará se tem relações de parentesco com a parte ou
interesse no objeto do processo. Uma inovação trazida pelo CPC (2015) foi a de que
§ 1º É lícito à parte contraditar a testemunha, o advogado da parte deve intimar a testemunha da
arguindo-lhe a incapacidade, o impedimento ou a
audiência (art. 455).
suspeição, bem como, caso a testemunha negue os
O juiz inquirirá as testemunhas separada e suces-
fatos que lhe são imputados, provar a contradita
com documentos ou com testemunhas, até 3 (três), sivamente, primeiro as do autor e, depois, as do réu e
apresentadas no ato e inquiridas em separado. providenciará para que umas não ouçam o depoimen-
§ 2º Sendo provados ou confessados os fatos a que to das outras. É lícito à parte contraditar a testemu-
se refere o § 1º, o juiz dispensará a testemunha ou nha, arguindo-lhe a incapacidade, o impedimento ou
lhe tomará o depoimento como informante. a suspeição, bem como, caso a testemunha negue os
§ 3º A testemunha pode requerer ao juiz que a escu- fatos que lhe são imputados, provar a contradita com
se de depor, alegando os motivos previstos neste documentos ou com testemunhas, até 3 (três), apre-
Código, decidindo o juiz de plano após ouvidas as sentadas no ato e inquiridas em separado.
partes.
Art. 458 Ao início da inquirição, a testemunha pres- Da Prova Pericial
tará o compromisso de dizer a verdade do que sou-
ber e lhe for perguntado.
Parágrafo único. O juiz advertirá à testemunha que A prova pericial destina-se à prova fato que exija
incorre em sanção penal quem faz afirmação falsa, conhecimento técnico, como de engenheiros, contado-
cala ou oculta a verdade. res, médicos etc.
Art. 459 As perguntas serão formuladas pelas par- Antes de adentrar na explicação, vamos à leitura
tes diretamente à testemunha, começando pela que do que dispõem os artigos 464 ao 471:
a arrolou, não admitindo o juiz aquelas que pude-
rem induzir a resposta, não tiverem relação com as Art. 464 A prova pericial consiste em exame, visto-
questões de fato objeto da atividade probatória ou ria ou avaliação.
importarem repetição de outra já respondida. § 1º O juiz indeferirá a perícia quando:
§ 1º O juiz poderá inquirir a testemunha tanto antes I - a prova do fato não depender de conhecimento
quanto depois da inquirição feita pelas partes. especial de técnico;
§ 2º As testemunhas devem ser tratadas com urba- II - for desnecessária em vista de outras provas
nidade, não se lhes fazendo perguntas ou conside- produzidas;
rações impertinentes, capciosas ou vexatórias. III - a verificação for impraticável.
§ 3º As perguntas que o juiz indeferir serão trans- § 2º De ofício ou a requerimento das partes, o juiz
critas no termo, se a parte o requerer. poderá, em substituição à perícia, determinar a
Art. 460 O depoimento poderá ser documentado produção de prova técnica simplificada, quando o
por meio de gravação. ponto controvertido for de menor complexidade.
§ 1º Quando digitado ou registrado por taquigrafia, § 3º A prova técnica simplificada consistirá apenas
estenotipia ou outro método idôneo de documen- na inquirição de especialista, pelo juiz, sobre pon-
tação, o depoimento será assinado pelo juiz, pelo to controvertido da causa que demande especial
depoente e pelos procuradores. conhecimento científico ou técnico.
§ 2º Se houver recurso em processo em autos não
§ 4° Durante a arguição, o especialista, que deverá
eletrônicos, o depoimento somente será digitado
ter formação acadêmica específica na área objeto
quando for impossível o envio de sua documenta-
de seu depoimento, poderá valer-se de qualquer
ção eletrônica.
recurso tecnológico de transmissão de sons e ima-
§ 3º Tratando-se de autos eletrônicos, observar-se-á
gens com o fim de esclarecer os pontos controver-
o disposto neste Código e na legislação específica
tidos da causa.
sobre a prática eletrônica de atos processuais.
Art. 465 O juiz nomeará perito especializado no
Art. 461 O juiz pode ordenar, de ofício ou a reque-
rimento da parte: objeto da perícia e fixará de imediato o prazo para
I - a inquirição de testemunhas referidas nas decla- a entrega do laudo.
rações da parte ou das testemunhas; § 1º Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias
II - a acareação de 2 (duas) ou mais testemunhas contados da intimação do despacho de nomeação
ou de alguma delas com a parte, quando, sobre fato do perito:
determinado que possa influir na decisão da causa, I - arguir o impedimento ou a suspeição do perito,
divergirem as suas declarações. se for o caso;
§ 1º Os acareados serão reperguntados para que II - indicar assistente técnico;
expliquem os pontos de divergência, reduzindo-se a III - apresentar quesitos.
termo o ato de acareação. § 2º Ciente da nomeação, o perito apresentará em
§ 2º A acareação pode ser realizada por videocon- 5 (cinco) dias:
ferência ou por outro recurso tecnológico de trans- I - proposta de honorários;
missão de sons e imagens em tempo real. II - currículo, com comprovação de especialização;
Art. 462 A testemunha pode requerer ao juiz o III - contatos profissionais, em especial o endereço
pagamento da despesa que efetuou para compare- eletrônico, para onde serão dirigidas as intimações
cimento à audiência, devendo a parte pagá-la logo pessoais.
que arbitrada ou depositá-la em cartório dentro de § 3º As partes serão intimadas da proposta de hono-
184 3 (três) dias. rários para, querendo, manifestar-se no prazo comum
de 5 (cinco) dias, após o que o juiz arbitrará o valor, § 3º A perícia consensual substitui, para todos os
intimando-se as partes para os fins do art. 95 . efeitos, a que seria realizada por perito nomeado
§ 4º O juiz poderá autorizar o pagamento de até pelo juiz.
cinquenta por cento dos honorários arbitrados a
favor do perito no início dos trabalhos, devendo o A perícia pode ser:
remanescente ser pago apenas ao final, depois de
entregue o laudo e prestados todos os esclareci- z Exame: pode recair sobre bens móveis, semoven-
mentos necessários. tes, livros comerciais, documentos e pessoas, como
§ 5º Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente,
o exame de DNA;
o juiz poderá reduzir a remuneração inicialmente
z Vistoria: recai sobre imóveis;
arbitrada para o trabalho.
z Avaliação: destina-se a mensurar o valor de um
§ 6º Quando tiver de realizar-se por carta, poder-se-
-á proceder à nomeação de perito e à indicação de
bem, direito ou obrigação.
assistentes técnicos no juízo ao qual se requisitar
a perícia. A produção da prova pericial será indeferida quando:
Art. 466 O perito cumprirá escrupulosamente o
encargo que lhe foi cometido, independentemente z A prova do fato não depender de conhecimento
de termo de compromisso. especial de técnico;
§ 1º Os assistentes técnicos são de confiança da par- z For desnecessária, em vista de outras provas
te e não estão sujeitos a impedimento ou suspeição. produzidas;
§ 2º O perito deve assegurar aos assistentes das z A verificação for impraticável.
partes o acesso e o acompanhamento das diligên-
cias e dos exames que realizar, com prévia comu- Se deferida, o juiz nomeará perito especializado no
nicação, comprovada nos autos, com antecedência objeto da perícia e fixará de imediato o prazo para a
mínima de 5 (cinco) dias. entrega do laudo. As partes serão intimadas do des-
Art. 467 O perito pode escusar-se ou ser recusado
pacho de nomeação, momento em que, dentro de 15
por impedimento ou suspeição.
(quinze) dias, poderão:
Parágrafo único. O juiz, ao aceitar a escusa ou ao
julgar procedente a impugnação, nomeará novo
perito. z Arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se
Art. 468 O perito pode ser substituído quando: for o caso;
I - faltar-lhe conhecimento técnico ou científico; z Indicar assistente técnico;
II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encar- z Apresentar quesitos.
go no prazo que lhe foi assinado.
§ 1º No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará Os assistentes técnicos são de confiança da par-
a ocorrência à corporação profissional respectiva, te e não estão sujeitos a impedimento ou suspeição.
podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada ten- Os quesitos são das indagações feitas ao perito, no
do em vista o valor da causa e o possível prejuízo sentido de esclarecer as questões técnicas, objeto da
decorrente do atraso no processo. prova pericial. Poderão ser formulados quesitos com-
§ 2º O perito substituído restituirá, no prazo de 15 plementares se necessário. O juiz poderá indeferir os
(quinze) dias, os valores recebidos pelo trabalho quesitos que julgar impertinentes ou mesmo formular
não realizado, sob pena de ficar impedido de atuar outros que entender serem necessários ao esclareci-
como perito judicial pelo prazo de 5 (cinco) anos. mento da causa.
§ 3º Não ocorrendo a restituição voluntária de que
trata o § 2º, a parte que tiver realizado o adianta- Art. 472 O juiz poderá dispensar prova pericial
mento dos honorários poderá promover execução quando as partes, na inicial e na contestação, apre-
contra o perito, na forma dos arts. 513 e seguin- sentarem, sobre as questões de fato, pareceres téc-
tes deste Código , com fundamento na decisão que nicos ou documentos elucidativos que considerar
determinar a devolução do numerário. suficientes.
Art. 469 As partes poderão apresentar quesitos
suplementares durante a diligência, que poderão São requisitos do laudo pericial:
ser respondidos pelo perito previamente ou na
audiência de instrução e julgamento. z A exposição do objeto da perícia;
Parágrafo único. O escrivão dará à parte contrária z A análise técnica ou científica realizada pelo perito;
ciência da juntada dos quesitos aos autos. z A indicação do método utilizado, esclarecendo-o
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 470 Incumbe ao juiz: e demonstrando ser, predominantemente, aceito


I - indeferir quesitos impertinentes; pelos especialistas da área do conhecimento da
II - formular os quesitos que entender necessários qual se originou;
ao esclarecimento da causa. z Resposta conclusiva a todos os quesitos apresenta-
Art. 471 As partes podem, de comum acordo, esco- dos pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministé-
lher o perito, indicando-o mediante requerimento, rio Público;
desde que: z Linguagem simples e com coerência lógica, indi-
I - sejam plenamente capazes; cando como alcançou suas conclusões.
II - a causa possa ser resolvida por autocomposição. z Respeitar os limites de sua designação, sendo veda-
§ 1º As partes, ao escolher o perito, já devem indi- do emitir opiniões pessoais que excedam o exame
car os respectivos assistentes técnicos para acom- técnico ou científico do objeto da perícia.
panhar a realização da perícia, que se realizará em
data e local previamente anunciados. Art. 473 O laudo pericial deverá conter:
§ 2º O perito e os assistentes técnicos devem entre- I - a exposição do objeto da perícia;
gar, respectivamente, laudo e pareceres em prazo II - a análise técnica ou científica realizada pelo
fixado pelo juiz. perito; 185
III - a indicação do método utilizado, esclarecendo- Art. 478 Quando o exame tiver por objeto a auten-
-o e demonstrando ser predominantemente aceito ticidade ou a falsidade de documento ou for de
pelos especialistas da área do conhecimento da natureza médico-legal, o perito será escolhido, de
qual se originou; preferência, entre os técnicos dos estabelecimentos
IV - resposta conclusiva a todos os quesitos apre- oficiais especializados, a cujos diretores o juiz auto-
sentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do rizará a remessa dos autos, bem como do material
Ministério Público. sujeito a exame.
§ 1º No laudo, o perito deve apresentar sua funda-
§ 1º Nas hipóteses de gratuidade de justiça, os
mentação em linguagem simples e com coerência
órgãos e as repartições oficiais deverão cumprir
lógica, indicando como alcançou suas conclusões.
a determinação judicial com preferência, no prazo
§ 2º É vedado ao perito ultrapassar os limites de
sua designação, bem como emitir opiniões pessoais estabelecido.
que excedam o exame técnico ou científico do obje- § 2º A prorrogação do prazo referido no § 1º pode
to da perícia. ser requerida motivadamente.
§ 3º Para o desempenho de sua função, o perito e § 3º Quando o exame tiver por objeto a autentici-
os assistentes técnicos podem valer-se de todos os dade da letra e da firma, o perito poderá requisitar,
meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo para efeito de comparação, documentos existentes
informações, solicitando documentos que estejam em repartições públicas e, na falta destes, poderá
em poder da parte, de terceiros ou em repartições requerer ao juiz que a pessoa a quem se atribuir a
públicas, bem como instruir o laudo com planilhas, autoria do documento lance em folha de papel, por
mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros cópia ou sob ditado, dizeres diferentes, para fins de
elementos necessários ao esclarecimento do objeto comparação.
da perícia. Art. 479 O juiz apreciará a prova pericial de acordo
com o disposto no art. 371 , indicando na sentença
A valoração da prova pericial ocorrerá na senten- os motivos que o levaram a considerar ou a deixar
ça, momento em que o juiz apreciará a prova de acor- de considerar as conclusões do laudo, levando em
do com o disposto no art. 371, indicando os motivos conta o método utilizado pelo perito.
que o levaram a considerar ou a deixar de considerar
Art. 480 O juiz determinará, de ofício ou a reque-
as conclusões do laudo, levando em conta o método
rimento da parte, a realização de nova perícia
utilizado pelo perito. Se a perícia não esclarecer sufi-
quando a matéria não estiver suficientemente
cientemente os fatos, poderá ser designada nova perí-
cia, que não substituirá a primeira, cabendo ao juiz esclarecida.
apreciar o valor de uma e de outra. § 1º A segunda perícia tem por objeto os mesmos
Para complementar o entendimento é essencial fatos sobre os quais recaiu a primeira e destina-se a
a leitura do disposto nos artigos 474 e seguintes. corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resul-
Vejamos: tados a que esta conduziu.
§ 2º A segunda perícia rege-se pelas disposições
Art. 474 As partes terão ciência da data e do local estabelecidas para a primeira.
designados pelo juiz ou indicados pelo perito para § 3º A segunda perícia não substitui a primeira,
ter início a produção da prova. cabendo ao juiz apreciar o valor de uma e de outra.
Art. 475 Tratando-se de perícia complexa que
abranja mais de uma área de conhecimento espe- Da Inspeção Judicial
cializado, o juiz poderá nomear mais de um perito,
e a parte, indicar mais de um assistente técnico. A inspeção judicial é o exame realizado diretamen-
Art. 476 Se o perito, por motivo justificado, não te pelo juiz em pessoas ou coisas, a fim de esclarecer
puder apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz
os fatos, podendo, se necessário, servir-se do auxílio
poderá conceder-lhe, por uma vez, prorrogação
de peritos.
pela metade do prazo originalmente fixado.
Art. 477 O perito protocolará o laudo em juízo, no
prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias Art. 481 O juiz, de ofício ou a requerimento da par-
antes da audiência de instrução e julgamento. te, pode, em qualquer fase do processo, inspecionar
§ 1º As partes serão intimadas para, querendo, pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato
manifestar-se sobre o laudo do perito do juízo no que interesse à decisão da causa.
prazo comum de 15 (quinze) dias, podendo o assis- Art. 482 Ao realizar a inspeção, o juiz poderá ser
tente técnico de cada uma das partes, em igual pra- assistido por um ou mais peritos.
zo, apresentar seu respectivo parecer. Art. 483 O juiz irá ao local onde se encontre a pes-
§ 2º O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 soa ou a coisa quando:
(quinze) dias, esclarecer ponto: I - julgar necessário para a melhor verificação ou
I - sobre o qual exista divergência ou dúvida de interpretação dos fatos que deva observar;
qualquer das partes, do juiz ou do órgão do Minis- II - a coisa não puder ser apresentada em juízo sem
tério Público; consideráveis despesas ou graves dificuldades;
II - divergente apresentado no parecer do assistente III - determinar a reconstituição dos fatos.
técnico da parte. Parágrafo único. As partes têm sempre direito a
§ 3º Se ainda houver necessidade de esclarecimen- assistir à inspeção, prestando esclarecimentos e
tos, a parte requererá ao juiz que mande intimar fazendo observações que considerem de interesse
o perito ou o assistente técnico a comparecer à para a causa.
audiência de instrução e julgamento, formulando, Art. 484 Concluída a diligência, o juiz mandará
desde logo, as perguntas, sob forma de quesitos. lavrar auto circunstanciado, mencionando nele
§ 4º O perito ou o assistente técnico será intimado tudo quanto for útil ao julgamento da causa.
por meio eletrônico, com pelo menos 10 (dez) dias Parágrafo único. O auto poderá ser instruído com
186 de antecedência da audiência. desenho, gráfico ou fotografia.
DA SENTENÇA E DA COISA JULGADA São terminativas as sentenças cujo fundamento
está arrolado no art. 485 do CPC:
Os pronunciamentos judiciais são atos processuais
praticados pelo juiz, os quais consistem na apreciação Art. 485 O juiz não resolverá o mérito quando:
de alguma questão (de fato ou de direito), além de I - indeferir a petição inicial;
terem, como objetivo, o mero andamento do proces- II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um)
so. Por meio de tais atos, o juiz exerce sua jurisdição,
ano por negligência das partes;
dispondo sobre algo que foi requerido pelas partes ou
III - por não promover os atos e as diligências que
determinando os atos subsequentes do procedimento.
lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais
Vejamos o que diz o CPC com relação aos pronun-
de 30 (trinta) dias;
ciamentos judiciais: IV - verificar a ausência de pressupostos de cons-
tituição e de desenvolvimento válido e regular do
Art. 203 Os pronunciamentos do juiz consistirão processo;
em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.
V - reconhecer a existência de perempção, de litis-
§ 1º Ressalvadas as disposições expressas dos pro-
pendência ou de coisa julgada;
cedimentos especiais, sentença é o pronunciamento
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interes-
por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts.
se processual;
485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento
VII - acolher a alegação de existência de convenção
comum, bem como extingue a execução.
de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhe-
§ 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento
cer sua competência;
judicial de natureza decisória que não se enquadre
VIII - homologar a desistência da ação;
no § 1º.
§ 3º São despachos todos os demais pronunciamen- IX - em caso de morte da parte, a ação for conside-
tos do juiz praticados no processo, de ofício ou a rada intransmissível por disposição legal; e
requerimento da parte. X - nos demais casos prescritos neste Código.
§ 4º Os atos meramente ordinatórios, como a junta- § 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a
da e a vista obrigatória, independem de despacho, parte será intimada pessoalmente para suprir a fal-
devendo ser praticados de ofício pelo servidor e ta no prazo de 5 (cinco) dias.
revistos pelo juiz quando necessário. § 2º No caso do § 1º, quanto ao inciso II, as partes
Art. 204 Acórdão é o julgamento colegiado proferi- pagarão proporcionalmente as custas, e, quanto ao
do pelos tribunais. inciso III, o autor será condenado ao pagamento
das despesas e dos honorários de advogado.
A sentença é o provimento jurisdicional que resol- § 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante
ve a lide, tanto na fase de conhecimento quanto na de dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau
execução. As ações de conhecimento buscam consti- de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em
tuir um direito em favor do autor, afastando a contro- julgado.
§ 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá,
vérsia que paira sobre a relação das partes. Imagine
sem o consentimento do réu, desistir da ação.
uma ação de indenização em que o autor busca com-
§ 5º A desistência da ação pode ser apresentada até
provar a ocorrência de ato ilícito e, sobre a condena-
a sentença.
ção do réu, a obrigação de indenizar. Trata-se de uma
§ 6º Oferecida a contestação, a extinção do proces-
ação de conhecimento, a qual será resolvida median-
so por abandono da causa pelo autor depende de
te sentença. Já na execução, a sentença coloca fim ao
requerimento do réu.
processo em virtude de alguma causa extintiva da § 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos
obrigação, como as arroladas no art. 924 do CPC. de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5
A sentença é o ato que caracteriza a fase decisória, (cinco) dias para retratar-se.
na qual se resolve o litígio.
Veja-se que, em tais casos, o juiz não promove a
Conceito tutela do direito material, por isso se fala que a senten-
ça tem natureza meramente processual, pois encontra
Sentença é o pronunciamento por meio do qual o óbice na admissibilidade da ação. Normalmente, as
juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à
causas relacionam-se aos pressupostos processuais.
fase cognitiva do procedimento comum, bem como
Nos casos dos incisos II e III, a parte será intimada pes-
extingue a execução. A sentença é o provimento juris-
soalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

dicional pelo qual o juiz promove a solução do conflito


O juiz conhecerá de ofício (independentemente de
e a tutela do direito material, objeto da ação.
provocação ou alegação das partes) da matéria cons-
tante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e
Espécies de sentença
grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito
em julgado, sendo garantido o prévio contraditório às
As sentenças podem ser terminativas (quando não
partes para tomar sua decisão, sob pena de incorrer
resolvem o mérito) ou definitivas (quando resolvem
na decisão surpresa, vedada pelo CPC (2015).
o mérito).
A extinção, com base na desistência da ação, pos-
sui alguns detalhes. Se oferecida a contestação, o
Terminativa autor não poderá, sem o consentimento do réu, desis-
tir da ação. A desistência pode ser apresentada até a
SENTENÇA
sentença.
Definitiva A extinção por abandono de causa pelo autor, se já ofe-
recida a contestação, depende de requerimento do réu. 187
referência aos diversos casos de autocomposição no
Importante! inciso III, a saber: a submissão, a transação e a renún-
cia à pretensão.
Efeito regressivo do recurso de apelação que
Além disso, é importante informar que as sentença
ataca sentenças terminativas: pode ser parcial também. Vejamos:
Art. 485, § 7º Interposta a apelação em qualquer
dos casos de que tratam os incisos deste artigo, Art. 490 O juiz resolverá o mérito acolhendo ou
o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se. rejeitando, no todo ou em parte, os pedidos formu-
lados pelas partes.
As sentenças terminativas não produzem coisa jul-
z Primazia do mérito
gada material, pela qual a parte poderá propor nova
ação (Art. 486).
Art. 488 Desde que possível, o juiz resolverá o
mérito sempre que a decisão for favorável à parte
Art. 486 O pronunciamento judicial que não resol-
ve o mérito não obsta a que a parte proponha de a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos
novo a ação. termos do art. 485.
§ 1º No caso de extinção em razão de litispendência
e nos casos dos incisos I, IV, VI e VII do art. 485 , a Elementos e Efeitos da Sentença
propositura da nova ação depende da correção do
vício que levou à sentença sem resolução do mérito. A sentença possui seus elementos ou partes, os
§ 2º A petição inicial, todavia, não será despachada quais estão dispostos no art. 489. Vejamos:
sem a prova do pagamento ou do depósito das cus-
tas e dos honorários de advogado. Art. 489 São elementos essenciais da sentença:
§ 3º Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sen- I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a
tença fundada em abandono da causa, não poderá identificação do caso, com a suma do pedido e da
propor nova ação contra o réu com o mesmo obje-
contestação, e o registro das principais ocorrências
to, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilida-
havidas no andamento do processo;
de de alegar em defesa o seu direito.
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as
questões de fato e de direito;
Entretanto, no caso de extinção em razão de litis- III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as ques-
pendência e nos casos dos incisos I, IV, VI e VII do art. tões principais que as partes lhe submeterem.
485, a propositura da nova ação depende da correção
do vício que levou à sentença sem resolução do mérito.
A fundamentação é de extrema relevância, pois, a
A perempção ocorrerá quando o autor der causa,
partir dela, que o juiz exporá os fatos e fundamentos
por 3 (três) vezes, a sentença fundada em abandono
que formaram seu convencimento, permitindo às par-
da causa, não podendo propor nova ação contra o réu
tes impugná-los em eventual recurso. Devido à impor-
com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entre-
tanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direi- tância dada à fundamentação, o legislador inovou ao
to (Art. 486, § 3º). incluir o § 1º, arrolando hipóteses de nulidade das
Já as sentenças definitivas ou de mérito estão arro- decisões judiciais por vício de fundamentação.
ladas no art. 487 do CPC. Vejamos:
Art. 489 [...]
Art. 487 Haverá resolução de mérito quando o juiz: § 1º Não se considera fundamentada qualquer deci-
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação são judicial, seja ela interlocutória, sentença ou
ou na reconvenção; acórdão, que:
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a I - se limitar à indicação, à reprodução ou à pará-
ocorrência de decadência ou prescrição; frase de ato normativo, sem explicar sua relação
III - homologar: com a causa ou a questão decidida;
a) o reconhecimento da procedência do pedido for- II - empregar conceitos jurídicos indeterminados,
mulado na ação ou na reconvenção; sem explicar o motivo concreto de sua incidência
b) a transação; no caso;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na III - invocar motivos que se prestariam a justificar
reconvenção. qualquer outra decisão;
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1º do IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos
art. 332, a prescrição e a decadência não serão no processo capazes de, em tese, infirmar a conclu-
reconhecidas sem que antes seja dada às partes são adotada pelo julgador;
oportunidade de manifestar-se. V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de
súmula, sem identificar seus fundamentos determi-
Perceba que as sentenças de mérito vão muito nantes nem demonstrar que o caso sob julgamento
além da procedência ou improcedência da pretensão se ajusta àqueles fundamentos;
do autor. O inciso segundo, ao falar da decadência ou VI - deixar de seguir enunciado de súmula, juris-
da prescrição, é taxativo ao relacionar tais institutos à prudência ou precedente invocado pela parte, sem
questão do mérito. Na defesa, normalmente, a argui- demonstrar a existência de distinção no caso em
ção de prescrição ou decadência aparece como preju- julgamento ou a superação do entendimento.
dicial de mérito. Mas o legislador, levando em conta § 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve
a natureza desses institutos, entendeu corretamente justificar o objeto e os critérios gerais da pondera-
por inclui-los na sentença definitiva (de mérito). ção efetuada, enunciando as razões que autorizam
Além disso, a sentença é de mérito quando resol- a interferência na norma afastada e as premissas
188 ve a controvérsia de direito material. Por isso que faz fáticas que fundamentam a conclusão.
§ 3º A decisão judicial deve ser interpretada a par- Nas ações condenatórias, poderá haver efeitos
tir da conjugação de todos os seus elementos e em retroativos desde a propositura da ação, como a con-
conformidade com o princípio da boa-fé. denação aos juros moratórios desde a citação;

Princípio da Congruência, Adstrição ou Correlação z Ex nunc: ocorre nas sentenças constitutivas, sendo
seus efeitos dali em diante (Ex.: ação de divórcio).
Tais princípios mencionados são sinônimos e utili-
zados para falar do mesmo objeto. O juiz deve ater sua
decisão ao objetivo litigioso, sobre as questões efetiva-
Dica
mente levadas pelas partes e colocas em debate, sob Ex tunc: bate na testa (a cabeça vai para trás.
pena de ofender o princípio da congruência, confor- Logo, retroage);
me dispõe o art. 492. Ex nunc: bate na nuca (a cabeça vai para frente.
Logo, não retroage).
Art. 492 É vedado ao juiz proferir decisão de natu-
reza diversa da pedida, bem como condenar a parte
em quantidade superior ou em objeto diverso do Para complementar o entendimento:
que lhe foi demandado.
Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda Art. 492 É vedado ao juiz proferir decisão de natu-
que resolva relação jurídica condicional. reza diversa da pedida, bem como condenar a parte
em quantidade superior ou em objeto diverso do
Ainda sobre a extensão das sentenças: que lhe foi demandado.
Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda
Art. 491 Na ação relativa à obrigação de pagar que resolva relação jurídica condicional.
quantia, ainda que formulado pedido genérico, Art. 493 Se, depois da propositura da ação, algum
a decisão definirá desde logo a extensão da obri- fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direi-
gação, o índice de correção monetária, a taxa de to influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz
juros, o termo inicial de ambos e a periodicidade da tomá-lo em consideração, de ofício ou a requeri-
capitalização dos juros, se for o caso, salvo quando: mento da parte, no momento de proferir a decisão.
I - não for possível determinar, de modo definitivo, Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo,
o montante devido; o juiz ouvirá as partes sobre ele antes de decidir.
II - a apuração do valor devido depender da produ- Art. 494 Publicada a sentença, o juiz só poderá
ção de prova de realização demorada ou excessiva- alterá-la:
mente dispendiosa, assim reconhecida na sentença. I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, seguir-se-á a parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo;
apuração do valor devido por liquidação. II - por meio de embargos de declaração.
§ 2º O disposto no caput também se aplica quando Art. 495 A decisão que condenar o réu ao paga-
o acórdão alterar a sentença.
mento de prestação consistente em dinheiro e a que
determinar a conversão de prestação de fazer, de
Podem, ainda, surgir alguns vícios: não fazer ou de dar coisa em prestação pecuniá-
ria valerão como título constitutivo de hipoteca
z Sentença “ultra petita”: quando o juiz dá algo judiciária.
além do pedido pelo autor. Ex.: pede-se indeniza- § 1º A decisão produz a hipoteca judiciária:
ção por danos morais de R$10.000,00 e o juiz con- I - embora a condenação seja genérica;
dena em R$15.000,00; II - ainda que o credor possa promover o cumpri-
z Sentença “extra petita”: o juiz dá algo diverso do mento provisório da sentença ou esteja pendente
que foi pedido. Ex.: pede a devolução do dinheiro, arresto sobre bem do devedor;
mas o juiz condena ao conserto do produto; III - mesmo que impugnada por recurso dotado de
z Sentença “citra petita”: quando há omissão do efeito suspensivo.
juiz em relação a algum dos pedidos. Ex.: pede-se § 2º A hipoteca judiciária poderá ser realizada
indenização por danos morais e materiais, mas, na mediante apresentação de cópia da sentença peran-
sentença, o juiz aprecia apenas os danos morais e te o cartório de registro imobiliário, independente-
se omite sobre os materiais. mente de ordem judicial, de declaração expressa do
juiz ou de demonstração de urgência.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

A alteração da sentença pelo próprio juiz somente § 3º No prazo de até 15 (quinze) dias da data de
ocorrerá para corrigir, de ofício ou a requerimento da realização da hipoteca, a parte informá-la-á ao juí-
parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo, bem zo da causa, que determinará a intimação da outra
como por meio de embargos de declaração. parte para que tome ciência do ato.
Para estudo dos tipos de ação, remetemos à classi- § 4º A hipoteca judiciária, uma vez constituída,
ficação das ações, que corresponderá à classificação implicará, para o credor hipotecário, o direito
das sentenças (meramente declaratória, constitutiva, de preferência, quanto ao pagamento, em rela-
condenatória, mandamental, executiva lato sensu). ção a outros credores, observada a prioridade no
Os principais efeitos da sentença são: registro.
§ 5º Sobrevindo a reforma ou a invalidação da deci-
z Ex tunc: ocorre nas sentenças de natureza decla- são que impôs o pagamento de quantia, a parte res-
ratória, pois seus efeitos são retroativos ao fato ponderá, independentemente de culpa, pelos danos
ou situação que se pretende declará-la existente que a outra parte tiver sofrido em razão da consti-
ou inexistente (Ex.: investigação de paternidade; tuição da garantia, devendo o valor da indenização
declaração de nulidade absoluta de um contrato); ser liquidado e executado nos próprios autos. 189
Da Remessa Necessária Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, julgado
em 16/9/2014, DJe 24/9/2014.
Existem sentenças cujos efeitos somente se pro- IV - Recurso especial parcialmente provido.
duzirão depois de confirmadas pelo tribunal. São as
hipóteses do art. 496 do CPC, que se referem à remessa (stj, REsp 1745633/PR, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA
necessária: TURMA, julgado em 12/03/2019, DJe 18/03/2019)

Art. 496 Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, Do Julgamento das Ações Relativas às Prestações
não produzindo efeito senão depois de confirmada de Fazer, de Não Fazer e de Entregar Coisa
pelo tribunal, a sentença:
I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito A obrigação de fazer impõe uma conduta ativa ao
Federal, os Municípios e suas respectivas autar- devedor, como a construção de um muro, de uma cer-
quias e fundações de direito público; ca. A obrigação de não fazer impõe uma abstenção,
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os como não ofender, cessar agressão, cessar a difama-
embargos à execução fiscal. ção, não oferecer obstáculo ao exercício de um direito.
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, não inter- Já a obrigação de entregar coisa impõe a transferência
posta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará a
da posse ou da propriedade de um bem. Nesse tipo
remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o
de obrigação (fazer, não fazer ou de entregar coisa), a
presidente do respectivo tribunal avocá-los-á.
decisão do juiz deve se preocupar em conceder tutela
§ 2º Em qualquer dos casos referidos no § 1º, o tri-
bunal julgará a remessa necessária.
específica ou determinar providências que assegurem
§ 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalen-
a condenação ou o proveito econômico obtido na te. Sendo o caso, deverá fixar o prazo para o cumpri-
causa for de valor certo e líquido inferior a: mento da obrigação.
I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e Se for impossível a tutela específica ou o resul-
as respectivas autarquias e fundações de direito tado prático equivalente, a obrigação se converterá
público; em perdas e danos, o que pode ocorrer, também, por
II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Esta- requerimento do próprio credor.
dos, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e Feitos estes apontamentos, vamos às disposições
fundações de direito público e os Municípios que do CPC:
constituam capitais dos Estados;
III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os Art. 497 Na ação que tenha por objeto a prestação
demais Municípios e respectivas autarquias e fun- de fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o
dações de direito público. pedido, concederá a tutela específica ou determina-
§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo rá providências que assegurem a obtenção de tutela
quando a sentença estiver fundada em: pelo resultado prático equivalente.
I - súmula de tribunal superior; Parágrafo único. Para a concessão da tutela espe-
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Fede- cífica destinada a inibir a prática, a reiteração ou
ral ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julga- a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é
mento de recursos repetitivos; irrelevante a demonstração da ocorrência de dano
III - entendimento firmado em incidente de reso-
ou da existência de culpa ou dolo.
lução de demandas repetitivas ou de assunção de
Art. 498 Na ação que tenha por objeto a entrega de
competência;
coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará
IV - entendimento coincidente com orientação vin-
culante firmada no âmbito administrativo do pró- o prazo para o cumprimento da obrigação.
prio ente público, consolidada em manifestação, Parágrafo único. Tratando-se de entrega de coisa
parecer ou súmula administrativa. determinada pelo gênero e pela quantidade, o autor
individualizá-la-á na petição inicial, se lhe couber a
Conforme entendimento do STJ, é proibido ao tri- escolha, ou, se a escolha couber ao réu, este a entre-
bunal agravar a decisão quando do julgamento da gará individualizada, no prazo fixado pelo juiz.
remessa necessária, logo sua decisão poderá manter a Art. 499 A obrigação somente será convertida em
de instância inferior ou melhorar a situação da Fazen- perdas e danos se o autor o requerer ou se impossí-
da Pública. Mas, nunca agravar. vel a tutela específica ou a obtenção de tutela pelo
resultado prático equivalente.
PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO POR INCAPACIDA- Art. 500 A indenização por perdas e danos dar-se-
DE CONCEDIDO JUDICIALMENTE. PAGAMENTO -á sem prejuízo da multa fixada periodicamente
DE PARCELAS PRETÉRITAS DO BENEFÍCIO COIN- para compelir o réu ao cumprimento específico da
CIDENTES COM PERÍODO EM QUE HOUVE EXER- obrigação.
CÍCIO DE ATIVIDADE REMUNERADA. CABIMENTO. Art. 501 Na ação que tenha por objeto a emissão de
PRECEDENTES. REEXAME NECESSÁRIO. AGRAVA- declaração de vontade, a sentença que julgar proce-
MENTO DA SITUAÇÃO DA FAZENDA NACIONAL. dente o pedido, uma vez transitada em julgado, pro-
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 45/STJ. duzirá todos os efeitos da declaração não emitida.
[...]
III - De acordo com o Enunciado n. 45 da Súmula do
Da Coisa Julgada
STJ, “no reexame necessário, é defeso, ao Tribunal,
agravar a condenação imposta a Fazenda Pública”.
Nesse sentido são os julgados: REsp n. 1.600.115/ A coisa julgada é um instituto garantidor de segu-
GO, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Tur- rança jurídica, com guarida constitucional.
ma, julgado em 18/8/2016, DJe 12/9/2016; AgRg no
AREsp n. 762.129/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell Art. 5º [...]
Marques, Segunda Turma, julgado em 17/11/2015, XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o
190 DJe 24/11/2015; e AgRg no AREsp n. 522.357/SP, Rel. ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
Segundo Rennan Thamay4, “a coisa julgada se Limites da Coisa Julgada
traduz na imutabilidade do comando decisório da
decisão de mérito, sendo efetivamente a res iudicata A coisa julgada material dá à sentença a mesma
substancial, ou seja, a coisa julgada material.” força da lei, tornando-se imperativa nos seus limites.
Veja que o conceito é semelhante ao adotado pelo Vejamos:
CPC (2015):
Art. 502 Denomina-se coisa julgada material a
Art. 502 Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a deci-
autoridade que torna imutável e indiscutível a deci- são de mérito não mais sujeita a recurso.
são de mérito não mais sujeita a recurso. Art. 503 A decisão que julgar total ou parcialmen-
te o mérito tem força de lei nos limites da questão
principal expressamente decidida.
Tal conceito trata, efetivamente, da coisa julgada
§ 1º O disposto no  caput  aplica-se à resolução de
material, ou seja, da efetiva coisa julgada.
questão prejudicial, decidida expressa e incidente-
mente no processo, se:
Coisa Julgada Material e Formal I - dessa resolução depender o julgamento do
mérito;
II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio
Material
e efetivo, não se aplicando no caso de revelia;
COISA JULGADA III - o juízo tiver competência em razão da matéria
e da pessoa para resolvê-la como questão principal.
Formal
§ 2º A hipótese do § 1º não se aplica se no processo
houver restrições probatórias ou limitações à cog-
nição que impeçam o aprofundamento da análise
A coisa julgada material é a que decorre da senten- da questão prejudicial.
ça de mérito, impedindo a rediscussão do comando
decisório. Implica dizer que não poderá a parte pro- Assim, a coisa julgada ocorre sobre o dispositivo
por ação sobre questão já abrangida pela coisa julga- da sentença, mas poderá abranger a fundamentação
da, por isso se fala em garantia de segurança jurídica. para contemplar questão prejudicial na hipótese do §
É o que se depreende, também, do art. 508 do CPC, 1º mencionado. Nesse caso, fala-se em limites objeti-
o qual faz referência à eficácia preclusiva da coisa vos da coisa julgada.
julgada. Tais efeitos não se projetam sobre:
Art. 508 Transitada em julgado a decisão de méri- Art. 504 Não fazem coisa julgada:
to, considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas I - os motivos, ainda que importantes para deter-
as alegações e as defesas que a parte poderia opor minar o alcance da parte dispositiva da sentença;
tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido. II - a verdade dos fatos, estabelecida como funda-
mento da sentença.
Já a coisa julgada formal decorre das sentenças que Art. 505 Nenhum juiz decidirá novamente as ques-
não resolvem o mérito (sentenças terminativas). Nesse tões já decididas relativas à mesma lide, salvo:
caso, não se impede a propositura de nova ação, até mes- I - se, tratando-se de relação jurídica de trato conti-
mo porque o mérito não se resolverá. O que se impede nuado, sobreveio modificação no estado de fato ou
é a reabertura da ação extinta, por isso é que podemos de direito, caso em que poderá a parte pedir a revi-
falar que a coisa julgada formal produz efeitos apenas são do que foi estatuído na sentença;
em relação à ação em que foi proferida a decisão. II - nos demais casos prescritos em lei.
Há casos em que, mesmo sendo proferida sentença
de mérito, ainda haverá possibilidade de propositura Já os limites subjetivos da coisa julgada atingem as
de nova ação. É o caso da improcedência por falta de partes da relação jurídica processual, não prejudican-
provas. Vejamos as legislações seguintes: do terceiros (Art. 506).

z Lei nº 7.347/1985 (Lei da Ação Civil Pública): Art. 506 A sentença faz coisa julgada às partes
entre as quais é dada, não prejudicando terceiros.
Art. 16 A sentença civil fará coisa julgada erga Art. 507 É vedado à parte discutir no curso do pro-
omnes, nos limites da competência territorial cesso as questões já decididas a cujo respeito se
operou a preclusão.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado


improcedente por insuficiência de provas, hipótese Art. 508 Transitada em julgado a decisão de méri-
em que qualquer legitimado poderá intentar outra to, considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas
ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova as alegações e as defesas que a parte poderia opor
prova. tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido.

z Lei nº 4.717/1965 (Lei da Ação Popular): Da Liquidação de Sentença

Art. 18 A sentença terá eficácia de coisa julgada Como regra, a sentença condenatória deve contem-
oponível “erga omnes”, exceto no caso de haver plar uma obrigação líquida (cujo valor encontra-se
sido a ação julgada improcedente por deficiência de definido), passível de pronta satisfação. Entretanto,
prova; neste caso, qualquer cidadão poderá inten- pode ocorrer da obrigação ser ilíquida, caso em que
tar outra ação com idêntico fundamento, valendo- será necessária sua liquidação. Imagine a hipótese na
-se de nova prova. qual o juiz constata que o dano causado a um imóvel
4  THAMAY, R. Coisa julgada. 2. ed. São Paulo. Thomson Reuters Brasil, 2020, p. 89. 191
deve ser atribuído ao proprietário vizinho, condenan-
do-o à reparação em valor a ser obtido em liquidação.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Nesse caso, será necessário avançar para a fase de
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito do procedi-
liquidação, destinada a definir o quantum debeatur (o
mento comum, julgue os itens a seguir, de acordo com
valor devido). A liquidação pode ser:
o Código de Processo Civil (CPC).
Art. 509 Quando a sentença condenar ao pagamen-
I. Para que ocorra a cumulação de pedidos na petição
to de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquida-
inicial, é imprescindível que entre eles haja conexão.
ção, a requerimento do credor ou do devedor:
II. O magistrado é autorizado a julgar a demanda impro-
I - por arbitramento, quando determinado pela sen-
cedente de forma liminar se o pedido do autor con-
tença, convencionado pelas partes ou exigido pela
trariar enunciado de súmula de tribunal de justiça
natureza do objeto da liquidação;
sobre direito local e se a causa dispensar instrução
II - pelo procedimento comum, quando houver ne-
probatória.
cessidade de alegar e provar fato novo.
III. A intimação para réplica do autor é prevista na hipó-
§ 1º Quando na sentença houver uma parte líquida
tese de o réu apresentar, em sua contestação, defesa
e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simul-
taneamente a execução daquela e, em autos aparta-
indireta. Na hipótese de o demandado utilizar somente
dos, a liquidação desta.
defesa direta, não deve haver intimação para réplica.
§ 2º Quando a apuração do valor depender apenas
de cálculo aritmético, o credor poderá promover, Assinale a opção correta.
desde logo, o cumprimento da sentença.
§ 3º O Conselho Nacional de Justiça desenvolverá e a) Apenas o item I está certo.
colocará à disposição dos interessados programa b) Apenas o item III está certo.
de atualização financeira. c) Apenas os itens I e II estão certos.
Art. 510 Na liquidação por arbitramento, o juiz in- d) Apenas os itens II e III estão certos.
timará as partes para a apresentação de pareceres e) Todos os itens estão certos.
ou documentos elucidativos, no prazo que fixar, e,
caso não possa decidir de plano, nomeará perito, Trata-se de interpretação e aplicação dos arts. 327,
observando-se, no que couber, o procedimento da 332, IV, 350, todos do CPC.
prova pericial. Art. 327. É lícita a cumulação, em um único proces-
Art. 511 Na liquidação pelo procedimento comum, so, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda
o juiz determinará a intimação do requerido, na que entre eles não haja conexão.
pessoa de seu advogado ou da sociedade de advoga- Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instru-
dos a que estiver vinculado, para, querendo, apre- tória, o juiz, independentemente da citação do réu,
sentar contestação no prazo de 15 (quinze) dias, julgará liminarmente improcedente o pedido que
observando-se, a seguir, no que couber, o disposto contrariar:
no Livro I da Parte Especial deste Código . I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Fede-
Art. 512 A liquidação poderá ser realizada na pen- ral ou do Superior Tribunal de Justiça;
dência de recurso, processando-se em autos apar- II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Fede-
tados no juízo de origem, cumprindo ao liquidante ral ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julga-
instruir o pedido com cópias das peças processuais mento de recursos repetitivos;
pertinentes. III - entendimento firmado em incidente de reso-
§ 4º Na liquidação é vedado discutir de novo a lide lução de demandas repetitivas ou de assunção de
ou modificar a sentença que a julgou. competência;
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça
Observe-se que a iliquidez não se supre por meros sobre direito local.
cálculos aritméticos, hipótese em que o credor pode- Art. 350. Se o réu alegar fato impeditivo, modificati-
ria promover, desde logo, o cumprimento da sentença vo ou extintivo do direito do autor, este será ouvido
Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará as no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe o juiz a
partes para a apresentação de pareceres ou documen- produção de prova. Resposta: Letra D.
tos elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não possa
decidir de plano, nomeará perito, observando-se, no 2. (FCC – 2020) Indeferida a inicial, o autor
que couber, o procedimento da prova pericial. Seria
o caso de avaliar um imóvel ou mensurar eventuais a) poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de cinco
dias, retratar-se; se não houver retratação, o juiz man-
danos ocorridos por ato ilícito.
dará citar o réu para responder ao recurso.
Já na liquidação pelo procedimento comum, o juiz
b) poderá apelar, subindo os autos ao Tribunal imediata-
determinará a intimação do requerido, na pessoa de
mente, sem citação do réu para resposta ao recurso.
seu advogado ou da sociedade de advogados a que c) poderá impetrar mandado de segurança, pelo direito
estiver vinculado, para, querendo, apresentar contes- líquido e certo à prestação jurisdicional.
tação no prazo de 15 (quinze) dias, observando-se, no d) deverá aguardar o trânsito em julgado, se quiser ajui-
que couber, o disposto no Livro I da Parte Especial do zar nova demanda sobre a mesma matéria, não sendo
CPC (2015). Aqui, seria um caso de comprovação de possível o juízo de retratação.
fato relacionado ao quantum debeatur. e) poderá apelar, com possibilidade de retratação
A liquidação poderá ser realizada na pendência de do juiz em cinco dias; não havendo retratação, os
recurso, processando-se em autos apartados no juízo autos subirão imediatamente, não havendo citação
de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido do réu porque não chegou a se constituir a relação
192 com cópias das peças processuais pertinentes. jurídico-processual.
Trata-se de aplicação do art. 331, § 1º, do CPC: Se vencimento, pois prestações sucessivas consideram-
não houver retratação, o juiz mandará citar o réu -se incluídas no pedido. Resposta: Letra B.
para responder ao recurso. A letra “B” está errada,
porque a subida dos autos ao Tribunal não se dá de 5. (TJ-AP – 2019) Considerando que duas pessoas
imediato, sendo necessária, ainda, a citação do réu envolvidas em um acidente de trânsito sem vítimas
antes disso. A letra “C” está incorreta, porque não tenham, em razão do estresse e dos danos causados
é o caso de impetração de mandado de segurança, aos veículos, discutido, assinale a opção correta no
já que o CPC prevê recurso cabível. A letra “D” está que se refere aos métodos extrajudiciais de soluções
incorreta, porque cabe recurso com juízo de retra- de conflitos:
tação. A letra “E” está incorreta, porque exige a
citação do réu para responder ao recurso. Resposta: a) O conciliador busca a solução para o conflito, mas
Letra A. não pode tomar decisões, que cabem às partes,
cooperativamente;
3. (FGV – 2019) Vencida e não cumprida determinada b) O papel do conciliador, que deverá atuar na resolução
obrigação contratual, o credor ajuizou ação em que desse conflito, é questionar os envolvidos na tentativa
pleiteava a condenação do devedor a pagá-la. Depois de investigar aspectos intrínsecos que poderiam inter-
de contestada a demanda, e encerrada a fase instrutó- ferir no acordo;
ria, o juiz reputou configurados os fatos constitutivos c) A aceitação das diferenças pessoais deve ser priorida-
do direito alegado pelo autor, vindo a acolher a sua pre- de na resolução desse conflito;
tensão. Além do pagamento da obrigação contratual, d) A mediação é um processo inadequado para solucio-
foi o réu condenado a pagar juros moratórios legais, nar esse conflito.
correção monetária e honorários de sucumbência,
itens que não haviam sido objeto de pedido na inicial. Trata-se de aplicação do art. 165, § 2º, do CPC (O
Nesse quadro, a sentença proferida foi: conciliador, que atuará preferencialmente nos casos
em que não houver vínculo anterior entre as partes,
a) nula, por ultra petita. poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada
b) nula, por extra petita. a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou
c) nula, por citra petita. intimidação para que as partes conciliem).
d) válida. O conciliador não toma decisão, a qual cabe exclusi-
e) válida, embora o seu excesso deva ser podado pelo vamente às partes, com fundamento no princípio da
tribunal. autonomia da vontade, considerando tratar-se de
meio autocompositivo, cuja resolução é construída
Trata-se de aplicação do art. 332, § 1º, do CPC, pois pelos próprios envolvidos. Resposta: Letra A.
compreendem-se os juros legais, a correção monetá-
ria e as verbas de sucumbência, inclusive os honorá- 6. (CESPE-CEBRASPE – 2019) No curso de ação cível, é
rios advocatícios. Resposta: Letra D. defeso ao juiz conhecer de ofício

4. (NC-UFPR – 2019) O pedido é núcleo essencial da a) convenção de arbitragem.


petição inicial, pois sobre ele deve incidir a decisão b) falta de caução.
judicial. Sobre a petição inicial e o pedido nela formu- c) ausência de interesse processual.
lado, assinale a alternativa incorreta. d) conexão.
e) perempção.
a) O pedido deve ser certo, e a certeza diz respeito à cla-
reza do pedido. Se a petição inicial não estiver suficien- Trata-se de aplicação do art. 337, §5º, do CPC (Exce-
temente clara, contendo irregularidades no pedido, o tuadas a convenção de arbitragem e a incompetên-
juiz determinará que o autor a emende, indicando com cia relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias
precisão o que deve ser corrigido. enumeradas neste artigo). Havendo convenção de
b) Nas relações jurídicas de trato sucessivo, o pedido arbitragem, que é causa para a extinção da ação,
deve ser aditado a cada vencimento das futuras pres- eis que já resolvida perante esse outro meio (alter-
tações periódicas. nativo), a parte deve arguir (alegar) sua existência,
c) A alternatividade quanto ao pedido pode decorrer dando causa à extinção da ação. Resposta: Letra A.
da própria natureza da obrigação, ou por estraté-
gia processual, em que o autor cumula pretensões
7. (FGV – 2018) Citado em uma ação de cobrança, o réu
alternativas.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

admitiu, em sua contestação, a existência do débito,


d) Pode haver pedidos subsidiários, em que o autor
alegando, porém, ter realizado o seu pagamento no
formula um ou mais pedidos subsequentes, que só
deverão ser examinados pelo juiz se não acolhidos os tempo e modo devidos. Esse argumento constitui:
pedidos antecedentes.
e) Para que se admita a cumulação de pedidos, não se a) uma questão preliminar;
exige que os pedidos cumulados sejam conexos. b) uma questão prejudicial;
c) uma defesa direta de mérito;
Trata-se de aplicação inversa do art. 323 do CPC (Na d) uma defesa indireta de mérito;
ação que tiver por objeto cumprimento de obriga- e) um reconhecimento de procedência do pedido.
ção em prestações sucessivas, essas serão conside-
radas incluídas no pedido, independentemente de Na defesa de mérito indireta, o réu traz mais alguns
declaração expressa do autor, e serão incluídas na fatos para a discussão, como fatos modificativos,
condenação, enquanto durar a obrigação, se o deve- impeditivos ou extintivos do direito do autor. Na ques-
dor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de tão, ele admitiu a existência de uma obrigação, mas
consigná-las). O CPC dispensa o aditamento a cada trouxe fato novo, o pagamento. Resposta: Letra D. 193
8. (TJ-PR – 2019) No processo civil verifica-se a litispen- a) a prescrição ou a decadência devem ser alegadas em
dência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação contestação, como preliminares processuais.
anteriormente ajuizada. Uma ação é idêntica à outra b) a reconvenção pode ser proposta contra o autor e ter-
quando tem as mesmas partes, a mesma causa de ceiro, vedando-se o litisconsórcio no seu polo ativo.
pedir e o mesmo pedido. Há litispendência, quando c) quando o réu, em contestação, alegar sua ilegitimida-
se repete ação, que está em curso. Há coisa julgada de, deverá indicar o sujeito passivo da relação jurídica
quando se repete ação que já foi decidida por decisão discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena
transitada em julgado. Excetuadas a convenção de de arcar com as despesas processuais e de indeni-
arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhece- zar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de
rá de ofício as matérias referentes a litispendência e indicação.
coisa julgada. d) se o réu não contestar a ação, será considerado revel,
e não tendo patrono nos autos, os prazos contra ele
( ) CERTO  ( ) ERRADO fluirão da data de sua intimação pessoal.
Trata-se de aplicação do art. 337, parágrafos 1º ao Trata-se de aplicação do art. 339 do CPC (Art. 339.
5º, do CPC.
Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu
§ 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada
indicar o sujeito passivo da relação jurídica discu-
quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.
tida sempre que tiver conhecimento, sob pena de
§ 2º Uma ação é idêntica a outra quando possui as
arcar com as despesas processuais e de indenizar o
mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo
pedido. autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indica-
§ 3º Há litispendência quando se repete ação que ção). Prescrição e decadência são matérias de méri-
está em curso. to, não processuais, sendo que a doutrina entende
§ 4º Há coisa julgada quando se repete ação que já que elas devem ser formuladas como prejudiciais de
foi decidida por decisão transitada em julgado. mérito. A reconvenção é proposta contra o autor.
§ 5º Excetuadas a convenção de arbitragem e a Já na Letra “D”, os prazos fluirão não da intimação
incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício pessoal, mas da publicação em órgão oficial. Res-
das matérias enumeradas neste artigo. Resposta: posta: Letra C.
Certo.

9. (FCC – 2019) Manoel oferece no quinto dia contesta-


ção em uma ação de cobrança contra ele proposta.
DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA
Posteriormente, ainda dentro dos quinze dias para
defesa, apresenta petição complementando suas
Inicialmente, poucas ações admitiam a execução
razões, com argumentos outros que havia esquecido após o trânsito em julgado sem a necessidade de um
de exteriorizar. Essa conduta processo autônomo. Após alterações relevantes na
legislação, passou a ser possível a utilização da execu-
a) não é possível, tendo ocorrido preclusão consumativa. ção nos mesmos autos com relação à grande maioria
b) é possível por se ainda estar no prazo de defesa, não dos títulos executivos judiciais fundados em obriga-
tendo ocorrido preclusão temporal. ções de fazer, não fazer, entregar coisa e pagar.
c) não é possível, tendo ocorrido preclusão-sanção ou Fundou-se a regra do processo sincrético, em que
punitiva. a execução assume o papel de fase processual, sendo
d) é possível pelo direito da parte ao contraditório amplo, assim, uma execução imediata, denominada cumpri-
não sujeito à preclusão. mento de sentença. Tal regra fica bem clara no CPC/2015,
e) não é possível, tendo ocorrido preclusão lógica. que disciplina o cumprimento de sentença do art. 513 ao
538, aplicando-se subsidiariamente as regras gerais da
A resposta exige conhecimento das hipóteses do art. execução autônoma. Nesta disciplina legal, do art. 513
ao 519 se colacionam as disposições gerais.
342 do CPC, que trata de quando o réu poderá dedu-
zir novas alegações depois de oferecida a contesta-
Art. 513 O cumprimento da sentença será feito
ção. A questão trazida no enunciado, de que o réu segundo as regras deste Título, observando-se, no
“se lembrou” que poderia alegar outras questões que couber e conforme a natureza da obrigação, o
não é possível, eis que já praticado o ato e ultrapas- disposto no Livro II da Parte Especial deste Código.
sada a oportunidade de alegar tudo que podia. Isso § 1o O cumprimento da sentença que reconhece o
configura a preclusão consumativa a qual impede dever de pagar quantia, provisório ou definiti-
que a parte corrija, modifique, altere ou complemen- vo, far-se-á a requerimento do exequente.
te o ato processual já praticado.
Art. 342. Depois da contestação, só é lícito ao réu É indispensável o requerimento do exequente
deduzir novas alegações quando: para que se promova o cumprimento da sentença.
I - relativas a direito ou a fato superveniente; Logo, não se cumpre de ofício. Após requerimento do
II - competir ao juiz conhecer delas de ofício; exequente, será providenciada a intimação do execu-
III - por expressa autorização legal, puderem ser tado para cumprir a sentença.
formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição.
Resposta: Letra A. § 2o O devedor será intimado para cumprir a
sentença:
I – pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu
10. (VUNESP – 2019) Uma vez frustrada a audiência
advogado constituído nos autos;
de conciliação ou mediação, abre-se ao réu, no pro- II – por carta com aviso de recebimento, quan-
cesso civil, a possibilidade de manifestar-se acerca do representado pela Defensoria Pública ou
dos termos do quanto constante na petição inicial, quando não tiver procurador constituído nos
194 observando-se: autos, ressalvada a hipótese do inciso IV;
III – por meio eletrônico, quando, no caso do § 1o VI - a sentença penal condenatória transitada em
do art. 246, não tiver procurador constituído nos julgado;
autos (pela via do cadastro eletrônico de empresas); VII - a sentença arbitral;
IV – por edital, quando, citado na forma do art. VIII - a sentença estrangeira homologada pelo
256, tiver sido revel na fase de conhecimento. Superior Tribunal de Justiça;
§ 3o Na hipótese do § 2o, incisos II e III, conside- IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a
ra-se realizada a intimação quando o devedor concessão do exequatur à carta rogatória pelo
houver mudado de endereço sem prévia comu-
Superior Tribunal de Justiça;
nicação ao juízo, observado o disposto no pará-
X - (VETADO).
grafo único do art. 274.
§ 4o Se o requerimento a que alude o § 1o for formu- § 1º Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será
lado após 1 (um) ano do trânsito em julgado citado no juízo cível para o cumprimento da sen-
da sentença, a intimação será feita na pessoa tença ou para a liquidação no prazo de 15 (quinze)
do devedor, por meio de carta com aviso de dias.
recebimento encaminhada ao endereço constante § 2º A autocomposição judicial pode envolver sujei-
dos autos, observado o disposto no parágrafo único to estranho ao processo e versar sobre relação jurí-
do art. 274 e no § 3o deste artigo. dica que não tenha sido deduzida em juízo.

A intimação pode ser direcionada ao advogado, em Quando é atribuída classificação judicial ao títu-
regra. Caberá, excepcionalmente, intimação pessoal lo que se origina de esfera diversa, como a criminal,
por carta com AR (notadamente se for representado arbitral ou estrangeira (incisos VI, VII, VIII, IX), ainda
pela Defensoria, não tiver procurador constituído ou será caso de cumprimento de sentença, mas será pre-
já tiver se passado um ano da decisão sem nenhuma ciso citação, devido a não existência do processo de
providência do credor), por meio eletrônico (no caso
conhecimento cível. É a única distinção em relação ao
de empresa cadastrada que não tenha procurador
procedimento do cumprimento de sentença vincula-
constituído nos autos), ou por edital (no caso de réu
revel na fase de conhecimento). do à fase de conhecimento, que em regra começa com
a intimação do devedor, conforme o art. 513.
§ 5o O cumprimento da sentença não poderá ser
promovido em face do fiador, do coobrigado Da Competência
ou do corresponsável que não tiver participa-
do da fase de conhecimento. Em regra, a competência da fase de conhecimento
vinculará, obviamente, sua fase posterior – a de exe-
Não significa que não é cabível a execução, mas cução –, já que se trata de um só processo (processo
será necessário promover, antes dela, processo de sincrético). Assim, presume-se que a fase de execução
conhecimento autônomo, sempre que o fiador, o coo- permanecerá na do local da fase de conhecimento,
brigado ou o corresponsável não tiverem participado havendo, portanto, competência absoluta. Entretanto,
da fase de conhecimento. o CPC traz dois tipos de exceção, os títulos executivos
judiciais provenientes de outras esferas judiciais – vis-
Art. 514 Quando o juiz decidir relação jurídica to no tópico anterior – e a hipótese do parágrafo único
sujeita a condição ou termo, o cumprimento da do art. 516.
sentença dependerá de demonstração de que se
realizou a condição ou de que ocorreu o termo. Art. 516 O cumprimento da sentença efetuar-se-á
perante:
Do Cumprimento de Sentença e a Fase de I - os tribunais, nas causas de sua competência
Conhecimento originária;
II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de
Como já mencionado, a regra é que haja cumpri- jurisdição;
mento de sentença se houver a fase de conhecimen- III - o juízo cível competente, quando se tratar
to, contudo, há ainda a possibilidade da existência de de sentença penal condenatória, de sentença
um processo autônomo de cumprimento de sentença, arbitral, de sentença estrangeira ou de acór-
dão proferido pelo Tribunal Marítimo.
ou seja, sem que tenha havido sua respectiva fase de
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II
conhecimento, isso se dá devido à classificação atri-
e III, o exequente poderá optar pelo juízo do
buída ao título executivo, vejamos o art. 515.
atual domicílio do executado, pelo juízo do
local onde se encontrem os bens sujeitos à exe-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 515 São títulos executivos judiciais, cujo cum- cução ou pelo juízo do local onde deva ser exe-
primento dar-se-á de acordo com os artigos previs- cutada a obrigação de fazer ou de não fazer,
tos neste Título: casos em que a remessa dos autos do processo
I - as decisões proferidas no processo civil que será solicitada ao juízo de origem.
reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar
quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa;
II - a decisão homologatória de autocomposição
O parágrafo único traz uma faculdade unilateral,
judicial; ou seja, a competência somente poderá ser alterada
III - a decisão homologatória de autocomposição por conveniência do exequente.
extrajudicial de qualquer natureza;
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamen- Do Protesto da Decisão Objeto de Cumprimento
te em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos
sucessores a título singular ou universal; Art. 517 A decisão judicial transitada em jul-
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as cus- gado poderá ser levada a protesto, nos termos
tas, emolumentos ou honorários tiverem sido apro- da lei, depois de transcorrido o prazo para paga-
vados por decisão judicial; mento voluntário previsto no art. 523. 195
§ 1o Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente Cumprimento de Sentença de Obrigação de Pagar
apresentar certidão de teor da decisão. Quantia Certa
§ 2o A certidão de teor da decisão deverá ser for-
necida no prazo de 3 (três) dias e indicará o A obrigação de pagar quantia certa é aquela que
nome e a qualificação do exequente e do execu- se quantifica em dinheiro, que é devido pelo devedor
tado, o número do processo, o valor da dívida ao credor. Se o título executivo for judicial, caberá o
e a data de decurso do prazo para pagamento cumprimento de sentença, que pode ser provisório ou
voluntário. definitivo. Se o título executivo for extrajudicial, cabe-
§ 3o O executado que tiver proposto ação resci- rá a ação de execução. É importante frisar que embo-
sória para impugnar a decisão exequenda pode ra existam distinções entre os procedimentos, os atos
requerer, a suas expensas e sob sua responsabi- essenciais da execução por quantia certa – penhora,
lidade, a anotação da propositura da ação à
avaliação e expropriação – seguem as mesmas regras,
margem do título protestado.
as quais serão estudadas no capítulo 3 deste módulo.
§ 4o A requerimento do executado, o protesto será
cancelado por determinação do juiz, median-
Em suma, o objetivo da execução por quantia cer-
te ofício a ser expedido ao cartório, no prazo de 3 ta, tanto feita em ação autônoma, quanto em cum-
(três) dias, contado da data de protocolo do reque- primento de sentença é a expropriação de bens do
rimento, desde que comprovada a satisfação executado, com vistas a pagar o crédito devido. Há
integral da obrigação. outras formas de execução por quantia, como as de
prestação de alimentos e contra a Fazenda Pública,
O art. 517 disciplina a possibilidade de protesto do mas nelas o pagamento do crédito se sujeita a regras
título executivo judicial, sendo mais uma forma de próprias.
constranger o devedor a arcar com a sua obrigação. A execução por quantia certa realiza-se pela expro-
priação de bens do executado. A expropriação consis-
te na retirada do bem ou de frutos e rendimentos de
Importante! tal bem da propriedade do devedor, podendo ocorrer
por adjudicação (transferência do bem do patrimônio
A publicidade, em regra se dá a todas as deci- do devedor para o patrimônio do credor), por aliena-
sões, assim como a possibilidade dos exe- ção (venda do bem em particular ou em hasta pública
quentes protestá-las (meio este de divulgação). e utilização do valor obtido na venda para pagamento
Entretanto, às decisões provenientes de proces- do credor) e por apropriação de frutos e rendimentos
so que tramitam em segredo de justiça não se (frutos e rendimentos que seriam devidos ao devedor
dão publicidade. Faz-se, portanto, pensar que a vão para o credor até que satisfeito esteja o débito). A
decisão que tem por objeto alimentos (ação esta expropriação apenas irá ocorrer se o executado não
que tramita em segredo de justiça), não pode- remir a execução, isto é, se não efetuar o pagamento
ria ser protestada, contudo, tal hipótese foge à ou consignar a importância devida ao credor, devida-
regra. mente atualizada.

z Cumprimento de Sentença Provisório


Das Demais Disposições Gerais
O cumprimento de sentença provisório é baseado
Art. 518 Todas as questões relativas à validade do em sentença/acórdão não transitado em julgado, do
procedimento de cumprimento da sentença e dos qual ainda pende recurso e ao qual não foi atribuí-
atos executivos subsequentes poderão ser argui- do efeito suspensivo (se houvesse o efeito suspensivo
das pelo executado nos próprios autos e nestes da decisão, a sentença/acórdão não poderia ser exe-
serão decididas pelo juiz. cutada, nem mesmo provisoriamente), ou ainda em
decisão concessiva de tutela antecipada de mérito e
É possível interpor petições nos autos arguindo de tutela cautelar, cujo cumprimento poderá se dar
sobre seu funcionamento, de modo a propor objeções desde logo devido à natureza jurídica da tutela.
e exceções. No cumprimento provisório, o credor é obriga-
do a indenizar pelos danos que causar, isto porque
Art. 519 Aplicam-se as disposições relativas ao aquele que a promove está ciente da possibilidade
cumprimento da sentença, provisório ou definitivo, de reversão dos resultados e deve se comprometer a
e à liquidação, no que couber, às decisões que con- reparar eventuais danos causados ao executado – a
cederem tutela provisória. responsabilidade, no caso, é objetiva, pois não depen-
de da demonstração de culpa. Até mesmo em razão da
O cumprimento provisório das decisões que conce- responsabilidade objetiva do exequente que o cum-
dam tutela provisória também se dá nos termos des- primento provisório deverá, em regra, ser garantido
tes dispositivos. (embora a exigência de caução não possa ser obstá-
culo à efetivação do direito, em especial diante de
DAS MODALIDADES DE CUMPRIMENTO DE situação de necessidade ou de créditos de alimentos,
SENTENÇA ou diante de consonância com entendimento juris-
prudencial uniforme).
O cumprimento de sentença é um gênero do qual
decorre suas espécies, quais sejam: obrigação de Art. 520 O cumprimento provisório da senten-
pagar quantia certa; obrigação de não fazer; obriga- ça impugnada por recurso desprovido de efei-
ção de entregar coisa; obrigação de prestar alimentos; to suspensivo será realizado da mesma forma
obrigação de pagar quantia certa contra a Fazenda que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao
196 Pública. seguinte regime:
I – corre por iniciativa e responsabilidade do Há a possibilidade de haver cumprimento de senten-
exequente, que se obriga, se a sentença for refor- ça provisório de decisão interlocutória, segundo o STJ.
mada, a reparar os danos que o executado haja
sofrido; z Cumprimento de Sentença Definitivo
II – fica sem efeito, sobrevindo decisão que modi-
fique ou anule a sentença objeto da execução, No cumprimento de sentença definitivo referente
restituindo-se as partes ao estado anterior e à obrigação de pagar quantia certa, há um devedor
liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos que foi condenado a pagar a um credor uma quantia
autos; certa e, mesmo com uma condenação transitada em
III – se a sentença objeto de cumprimento provisó-
julgado o determinando, não o fez no prazo de quin-
rio for modificada ou anulada apenas em par-
ze dias (em regra, por depósito judicial). Afinal, com o
te, somente nesta ficará sem efeito a execução;
trânsito em julgado da decisão se forma o título exe-
IV – o levantamento de depósito em dinheiro e a
cutivo judicial definitivo e a partir dele é devido o seu
prática de atos que importem transferência
pagamento. De tal modo, a partir do trânsito em julga-
de posse ou alienação de propriedade ou de
do o exequente pode apresentar o requerimento para
outro direito real, ou dos quais possa resultar
grave dano ao executado, dependem de caução
que se inicie o cumprimento de sentença definitivo.
suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e Feito o requerimento, o devedor será intimado
prestada nos próprios autos. para cumprir a obrigação no prazo de 15 dias. A inti-
§ 1o No cumprimento provisório da sentença, o exe- mação do devedor diante do requerimento do credor,
cutado poderá apresentar impugnação, se qui- em regra, será feita apenas ao advogado pela impren-
ser, nos termos do art. 525. sa oficial, sendo dever dele comunicar o seu cliente,
§ 2o A multa e os honorários a que se refere o § 1o respondendo se não o fizer.
do art. 523 são devidos no cumprimento provi- Após o prazo de 15 dias, incidirá multa de 10% (tan-
sório de sentença condenatória ao pagamento de to sob o valor devido quanto sob os honorários), sem
quantia certa. prejuízo do acréscimo de juros e correção monetária,
§ 3o Se o executado comparecer tempestiva- caso não seja feito o pagamento voluntário. Destaca-se
mente e depositar o valor, com a finalidade de que no requerimento feito pelo credor já deve cons-
isentar-se da multa, o ato não será havido como tar, desde logo, o cálculo da multa que será desconta-
incompatível com o recurso por ele interposto. da pelo devedor, caso efetue o pagamento no prazo.
§ 4o A restituição ao estado anterior a que se O cálculo da multa e outros elementos obrigatórios
refere o inciso II não implica o desfazimento da constam do demonstrativo de cálculo, cuja apresenta-
transferência de posse ou da alienação de pro- ção é de exclusiva responsabilidade do exequente. Em
priedade ou de outro direito real eventualmen- caso de pagamento parcial, também haverá desconto
te já realizada, ressalvado, sempre, o direito à parcial da multa e dos juros.
reparação dos prejuízos causados ao executado. Não havendo pagamento voluntário, há possi-
§ 5o Ao cumprimento provisório de sentença que bilidade de apresentação de defesa, consistente em
reconheça obrigação de fazer, de não fazer ou impugnação à execução. O prazo para a impugnação é
de dar coisa aplica-se, no que couber, o disposto de 15 dias, contados do fim do prazo para pagamento
neste Capítulo. voluntário. Contudo, a apresentação da impugnação
Art. 521 A caução prevista no inciso IV do art. 520 não impede que sejam praticados os atos de constri-
poderá ser dispensada nos casos em que: ção dos bens do devedor, a partir do momento em que
I – o crédito for de natureza alimentar, indepen- falhe com o pagamento voluntário. Assim, será feita
dentemente de sua origem; a penhora, que segue o mesmo rito independente da
II – o credor demonstrar situação de necessidade;
natureza do título (se judicial ou extrajudicial). Des-
III – pender o agravo do art. 1.042;
taca-se que no requerimento do credor para que seja
IV – a sentença a ser provisoriamente cumprida esti-
dado início ao cumprimento já deve constar, se possí-
ver em consonância com súmula da jurisprudên-
vel, a indicação de bens à penhora.
cia do Supremo Tribunal Federal ou do Superior
Tribunal de Justiça ou em conformidade com acór-
Art. 523 No caso de condenação em quantia cer-
dão proferido no julgamento de casos repetitivos.
ta, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão
Parágrafo único. A exigência de caução será manti-
sobre parcela incontroversa, o cumprimento defi-
da quando da dispensa possa resultar manifesto ris-
nitivo da sentença far-se-á a requerimento do exe-
co de grave dano de difícil ou incerta reparação.
quente, sendo o executado intimado para pagar
Art. 522 O cumprimento provisório da senten-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acresci-


ça será requerido por petição dirigida ao juízo do de custas, se houver.
competente. § 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no
Parágrafo único. Não sendo eletrônicos os autos, a prazo do caput, o débito será acrescido de multa
petição será acompanhada de cópias das seguintes de dez por cento e, também, de honorários de
peças do processo, cuja autenticidade poderá ser advogado de dez por cento.
certificada pelo próprio advogado, sob sua respon- § 2o Efetuado o pagamento parcial no prazo pre-
sabilidade pessoal: visto no caput, a multa e os honorários previstos no
I – decisão exequenda; § 1o incidirão sobre o restante.
II – certidão de interposição do recurso não dotado § 3o Não efetuado tempestivamente o pagamen-
de efeito suspensivo; to voluntário, será expedido, desde logo, mandado
III – procurações outorgadas pelas partes; de penhora e avaliação, seguindo-se os atos de
IV – decisão de habilitação, se for o caso; expropriação.
V – facultativamente, outras peças processuais con- Art. 524 O requerimento previsto no art. 523 será
sideradas necessárias para demonstrar a existên- instruído com demonstrativo discriminado e
cia do crédito. atualizado do crédito, devendo a petição conter: 197
I – o nome completo, o número de inscrição no Com efeito, as disposições de procedimento do
Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro cumprimento de sentença definitivo se aplicam ao
Nacional da Pessoa Jurídica do exequente e do cumprimento de sentença provisório
executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1o
a 3o; Art. 527 Aplicam-se as disposições deste Capítulo
II – o índice de correção monetária adotado; ao cumprimento provisório da sentença, no que
III – os juros aplicados e as respectivas taxas; couber.
IV – o termo inicial e o termo final dos juros e da
correção monetária utilizados; Aplica-se inclusive as disposições quanto à forma
V – a periodicidade da capitalização dos juros, de requerimento, com as diferenças quanto ao regime
se for o caso; de responsabilidade e quanto à necessidade de autos
VI – especificação dos eventuais descontos obri- apartados (afinal, no cumprimento provisório, o pro-
gatórios realizados; cesso ainda está em curso, não havendo trânsito em
VII – indicação dos bens passíveis de penhora, julgado).
sempre que possível.
§ 1o Quando o valor apontado no demonstrativo
Cumprimento de Sentença de Obrigação de Fazer e
aparentemente exceder os limites da condena-
ção, a execução será iniciada pelo valor preten- de Não Fazer
dido, mas a penhora terá por base a importân-
cia que o juiz entender adequada. No caso das obrigações específicas de fazer ou não
§ 2o Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá fazer, a execução poderá ser mediata ou imediata,
valer-se de contabilista do juízo, que terá o prazo mas sempre será específica devido à natureza da obri-
máximo de 30 (trinta) dias para efetuá-la, exceto se gação. A propósito, na obrigação de fazer, o devedor
outro lhe for determinado. compromete-se a uma prestação, consistente em atos
§ 3o Quando a elaboração do demonstrativo depen- ou serviços. Difere-se da obrigação de dar, porque o
der de dados em poder de terceiros ou do executa- interesse do credor recai sobre a conduta do devedor
do, o juiz poderá requisitá-los, sob cominação do e não sobre a coisa em si. Deste modo, havendo dife-
crime de desobediência. rença, as obrigações de fazer ou não fazer são trata-
§ 4o Quando a complementação do demonstrativo
das de forma separada das obrigações de entrega de
depender de dados adicionais em poder do exe-
coisa no CPC.
cutado, o juiz poderá, a requerimento do exequen-
te, requisitá-los, fixando prazo de até 30 (trinta)
A seção que aborda o cumprimento de sentença
dias para o cumprimento da diligência. das obrigações de fazer ou não fazer se inicia no art.
§ 5o Se os dados adicionais a que se refere o § 4o não 536, CPC.
forem apresentados pelo executado, sem justificati-
va, no prazo designado, reputar-se-ão corretos os Art. 536 No cumprimento de sentença que reconhe-
cálculos apresentados pelo exequente apenas ça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não
com base nos dados de que dispõe. fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimen-
to, para a efetivação da tutela específica ou a
Além do requerimento do credor, para que seja obtenção de tutela pelo resultado prático equi-
dado início ao cumprimento de sentença, também valente, determinar as medidas necessárias à
é possível que antes dele o réu compareça em juízo satisfação do exequente.
e ofereça pagamento no valor que entender devido,
juntando memória discriminada do cálculo. O autor A começar pela primeira seção, voltada ao cumpri-
será ouvido no prazo de 5 dias e poderá impugnar mento de obrigações de fazer e não fazer, se destaca des-
o valor depositado, sem prejuízo de levantar desde de logo uma distinção essencial: as obrigações poderão
logo tal valor, por ser incontroverso. Se o autor não ser fungíveis (com possibilidade de cumprimento por
impugnar, o juiz declarará satisfeita a obrigação. Se um terceiro, que não o devedor) ou infungíveis (somen-
impugnar e o juiz entender que o depósito, de fato, te podendo ser cumpridas pelo devedor). Nas fungíveis,
foi insuficiente, determinará o pagamento do valor é possível usar meios de coerção e de sub-rogação; nas
remanescente sobre o qual se acrescerá a multa de infungíveis, somente meios de coerção.
10% sobre o valor e honorários. Se a obrigação é personalíssima (infungível) e os
meios falharem, nada resta senão a conversão em
Art. 526 É lícito ao réu, antes de ser intimado para perdas e danos. Logo, quando no art. 536 se menciona
o cumprimento da sentença, comparecer em juízo que o juiz pode conceder “tutela pelo resultado prá-
e oferecer em pagamento o valor que entender tico equivalente” isso não se aplica nos casos em que
devido, apresentando memória discriminada a obrigação for infungível – nestas situações apenas
do cálculo. caberá a obrigação propriamente devida ou a conver-
§ 1o O autor será ouvido no prazo de 5 (cinco) são em perdas e danos.
dias, podendo impugnar o valor depositado, sem Se o devedor é condenado a uma obrigação de
prejuízo do levantamento do depósito a título de
fazer ou não fazer, não cumprindo a obrigação espe-
parcela incontroversa.
cífica, o juiz determinará providências que assegurem
§ 2o Concluindo o juiz pela insuficiência do depó-
sito, sobre a diferença incidirão multa de dez por o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
cento e honorários advocatícios, também fixa- Eventualmente, caberá conversão em perdas e danos,
dos em dez por cento, seguindo-se a execução com que somente ocorrerá se não for possível o cumpri-
penhora e atos subsequentes. mento nos moldes específicos ou de forma equivalen-
§ 3o Se o autor não se opuser, o juiz declarará te, embora o credor não precise esgotar os meios de
198 satisfeita a obrigação e extinguirá o processo. coerção/sub-rogação.
§ 1o Para atender ao disposto no caput, o juiz pode- Quanto à multa, será devida mesmo quando ocor-
rá determinar, entre outras medidas, a imposição rer a conversão em perdas e danos pelo tempo que
de multa, a busca e apreensão, a remoção de perdurou; que poderá ser determinada em tutela ante-
pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o cipada, na sentença ou no curso da execução. Exige-se
impedimento de atividade nociva, podendo, caso da multa que ela seja: necessária e compatível. O juiz
necessário, requisitar o auxílio de força policial. não deve então determinar caso não haja necessidade
§ 2o O mandado de busca e apreensão de pessoas e ela deve guardar compatibilidade e proporcionali-
e coisas será cumprido por 2 (dois) oficiais de dade com a obrigação a ser cumprida. Como a multa
justiça, observando-se o disposto no art. 846, §§ 1o pode se tornar desnecessária, excessiva ou incompa-
a 4o, se houver necessidade de arrombamento.
tível no curso de sua vigência, o juiz poderá revogá-
-la. Não sendo revogada, a multa incide do momento
Além da multa, outras medidas poderão ser ado- em que a decisão for descumprida até o momento em
tadas pelo juiz para assegurar o exato adimplemento que é cumprida. No caso da multa excessiva, é muito
da obrigação: busca e apreensão, remoção de pessoas importante a possibilidade de revogação para evitar o
e coisas, desfazimento de obras e impedimento de ati- enriquecimento ilícito do exequente, afinal, a multa é
vidade nociva, se necessário com requisição de força paga a ele.
policial.
Cumprimento de Sentença de Obrigação de Entregar
§ 3o O executado incidirá nas penas de litigância Coisa
de má-fé quando injustificadamente descum-
prir a ordem judicial, sem prejuízo de sua res-
No caso de obrigações específicas, como a de entre-
ponsabilização por crime de desobediência.
gar coisa, a execução poderá ser mediata ou imediata.
Entretanto, sempre será específica devido à natureza
O descumprimento de ordem judicial para cum-
da obrigação, que envolve uma coisa específica.
prir a obrigação acarreta em pena de litigância de
Na obrigação de entregar coisa, também conheci-
má-fé (sanção processual) e em crime de desobediên-
da como obrigação de dar, o devedor se compromete
cia (sanção penal). a uma prestação consistente na entrega de determi-
nado objeto. Não importam os atos e serviços por trás
§ 4o No cumprimento de sentença que reconheça a
da confecção ou criação da coisa, nem a conduta do
exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer,
devedor, mas sim a entrega da coisa em si.
aplica-se o art. 525, no que couber.
A disciplina sobre o cumprimento de sentença de
obrigação de entregar coisa é bastante sumária, sen-
Quanto ao exercício do direito de defesa no cum-
do complementada, no que couber, pelas disposições
primento de obrigação de fazer ou não fazer, vale
sobre o cumprimento de sentença de obrigação de
a mesma regra sobre a impugnação à execução,
fazer ou não fazer. Tal disciplina está descrita no art.
mecanismo de defesa que será estudado no final deste 538, CPC.
capítulo.
Art. 538 Não cumprida a obrigação de entregar
§ 5o O disposto neste artigo aplica-se, no que cou- coisa no prazo estabelecido na sentença, será expe-
ber, ao cumprimento de sentença que reconheça dido mandado de busca e apreensão ou de
deveres de fazer e de não fazer de natureza imissão na posse em favor do credor, conforme
não obrigacional. se tratar de coisa móvel ou imóvel.
Art. 537 A multa independe de requerimento § 1o A existência de benfeitorias deve ser alega-
da parte e poderá ser aplicada na fase de conhe- da na fase de conhecimento, em contestação, de
cimento, em tutela provisória ou na sentença, forma discriminada e com atribuição, sempre que
ou na fase de execução, desde que seja suficiente possível e justificadamente, do respectivo valor.
e compatível com a obrigação e que se determine § 2o O direito de retenção por benfeitorias deve ser
prazo razoável para cumprimento do preceito. exercido na contestação, na fase de conhecimento.
§ 1o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, § 3o Aplicam-se ao procedimento previsto neste
modificar o valor ou a periodicidade da multa artigo, no que couber, as disposições sobre o cum-
vincenda ou excluí-la, caso verifique que: primento de obrigação de fazer ou de não fazer.
I – se tornou insuficiente ou excessiva;
II – o obrigado demonstrou cumprimento parcial Neste sentido, não havendo o cumprimento da
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

superveniente da obrigação ou justa causa obrigação de entregar coisa no prazo assinalado, cabe
para o descumprimento. a expedição de mandado de busca e apreensão para
§ 2o O valor da multa será devido ao exequente.
bens móveis e de imissão na posse para bens imóveis
§ 3º A decisão que fixa a multa é passível de cum-
em favor do credor.
primento provisório, devendo ser depositada em
Não é possível neste momento apresentar defesa
juízo, permitido o levantamento do valor após
quanto a eventuais benfeitorias realizadas, questão
o trânsito em julgado da sentença favorável à
parte.
que deveria ter sido discutida na fase de conhecimen-
§ 4o A multa será devida desde o dia em que se to – o mesmo quanto ao direito de retenção que pode
configurar o descumprimento da decisão e eventualmente ser exercido pelo possuidor de boa-fé.
incidirá enquanto não for cumprida a decisão
que a tiver cominado. Cumprimento de Sentença de Obrigação de Prestar
§ 5o O disposto neste artigo aplica-se, no que cou- Alimentos
ber, ao cumprimento de sentença que reconheça
deveres de fazer e de não fazer de natureza A execução de alimentos é outra espécie de execu-
não obrigacional. ção sujeita a regime especial. O credor de alimentos 199
tem duas possibilidades: a de promover a execução A prisão não pode ser domiciliar, em regra, mas o
por quantia certa comum e a de executar pelo rito da devedor não pode ficar com os presos comuns.
prisão civil. O CPC aborda uma terceira forma de exe-
cução da pensão alimentícia, mediante expedição de § 5o O cumprimento da pena não exime o execu-
ofício ao empregador para efetuar o desconto na folha tado do pagamento das prestações vencidas e
de pagamento do alimentante. vincendas.
O quarto capítulo do título que trata do cumpri- § 6o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspen-
mento de sentença aborda o cumprimento de senten- derá o cumprimento da ordem de prisão.
ça que reconheça a exigibilidade de prestar alimentos.
Esta prisão civil não é uma pena, mas um meio de
Art. 528 No cumprimento de sentença que conde- coerção, de modo que será suspenso o cumprimento
ne ao pagamento de prestação alimentícia ou de da ordem de prisão assim que o devedor pagar o débi-
decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, to. Também por isso que o cumprimento da prisão
a requerimento do exequente, mandará intimar o não exime o devedor de pagar pela dívida, apesar de
executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, não ser possível novo decreto de prisão pelas mesmas
pagar o débito, provar que o fez ou justificar a prestações.
impossibilidade de efetuá-lo.
§ 1o Caso o executado, no prazo referido no caput, § 7o O débito alimentar que autoriza a prisão
não efetue o pagamento, não prove que o efe- civil do alimentante é o que compreende até as 3
tuou ou não apresente justificativa da impossi- (três) prestações anteriores ao ajuizamento
bilidade de efetuá-lo, o juiz mandará protestar da execução e as que se vencerem no curso do
o pronunciamento judicial, aplicando-se, no que processo.
couber, o disposto no art. 517.

Nota-se que o procedimento é o mesmo para ali- Importante!


mentos definitivos, determinados em sentença, e pro-
visórios, determinados em decisão interlocutória. Se Os alimentos não precisam estar atrasados há
o devedor, uma vez intimado (não há citação, pois 3 (três) meses, mas somente poderá cobrar os
anteriormente já foi citado), não pagar e nem justifi- alimentos dos últimos 3 meses pelo rito da pri-
car a impossibilidade de fazê-lo, o juiz determinará o são. Ou seja, é possível a execução de alimen-
protesto judicial da dívida e decretará a prisão civil. tos vencidos há apenas 1 dia por meio do rito
É válido saber que os únicos alimentos que serão da prisão; e, estando o devedor há mais de 3
executados por esta modalidade são os de direito de meses em débito, os meses que antecipam o
família, não os decorrentes de atos ilícitos (previstos antepenúltimo mês deverá ser cobrado pelo rito
nos arts. 948, 950 e 951 do CC). Quanto aos últimos da expropriação.
cabem os outros ritos.
Contra a decisão que determina a prisão cabe agra-
vo de instrumento (sem o efeito suspensivo, o deve- Sobre as prestações abrangidas, sempre deve ser
dor pode ser preso até o julgamento do recurso) ou observado o teor da súmula 309, STJ: “o débito alimen-
“habeas corpus” se houver ilicitude no decreto (ilega- tar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que
lidade da prisão ou ausência de contraditório). compreende as três prestações anteriores à citação e as
que vencerem no curso do processo”. As demais presta-
§ 2o Somente a comprovação de fato que gere a ções devem ser executadas pelo rito de penhora.
impossibilidade absoluta de pagar justificará
o inadimplemento. § 8o O exequente pode optar por promover o
cumprimento da sentença ou decisão desde
No tocante à justificativa do devedor, se plausível, logo, nos termos do disposto neste Livro, Título
ela não exime o devedor do pagamento, mas da pri- II, Capítulo III, caso em que não será admissível
são, prosseguindo à execução pelo rito de penhora. a prisão do executado, e, recaindo a penhora
Se necessário, o juiz pode determinar a produção de em dinheiro, a concessão de efeito suspensivo à
provas no bojo da execução, como a audiência de ins- impugnação não obsta a que o exequente levante
trução. Deve-se buscar a verdade sobre a situação do mensalmente a importância da prestação.
devedor, de modo a não decretar uma prisão injusta.
É possível optar desde logo pelo rito da penhora,
§ 3o Se o executado não pagar ou se a justificativa previsto no capítulo anterior sobre cumprimento
apresentada não for aceita, o juiz, além de man- definitivo de sentença que reconhece a exigibilidade
dar protestar o pronunciamento judicial na de obrigação de pagar quantia certa. Feita a escolha,
forma do § 1o, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo não se admitirá a prisão civil. Ainda que se suspenda
de 1 (um) a 3 (três) meses. o cumprimento por impugnação, caberá o levanta-
mento mensal das prestações que forem vencendo no
Quanto ao prazo, nos termos do CPC, é de 1 a 3 curso da suspensão.
meses; nos termos da Lei de Alimentos é de até 60
dias. Na prática, é comum o decreto por 30 dias. § 9o Além das opções previstas no art. 516, pará-
grafo único, o exequente pode promover o cum-
§ 4o A prisão será cumprida em regime fecha- primento da sentença ou decisão que condena ao
do, devendo o preso ficar separado dos presos pagamento de prestação alimentícia no juízo de
200 comuns. seu domicílio.
Quanto ao local da propositura, a competência é do Disciplina o Código Penal:
juízo da sentença, do domicílio do credor ou, no caso
da execução por penhora, do local dos bens, conforme Art. 244 Deixar, sem justa causa, de prover a subsis-
opção do credor. O fato de o credor optar por cumprir tência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito)
a sentença em juízo diverso, em seu domicílio, não anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente
gera mudanças no rito de cumprimento de sentença – inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes
exceto pelo fato de ser preciso citar o devedor. proporcionando os recursos necessários ou faltan-
do ao pagamento de pensão alimentícia judicial-
Art. 529 Quando o executado for funcionário mente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem
público, militar, diretor ou gerente de empresa justa causa, de socorrer descendente ou ascenden-
ou empregado sujeito à legislação do traba- te, gravemente enfermo:
lho, o exequente poderá requerer o desconto em Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e mul-
folha de pagamento da importância da prestação ta, de uma a dez vezes o maior salário mínimo
alimentícia. vigente no País.
§ 1o Ao proferir a decisão, o juiz oficiará à autori- Parágrafo único - Nas mesmas penas incide quem,
dade, à empresa ou ao empregador, determinando, sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo,
sob pena de crime de desobediência, o descon- inclusive por abandono injustificado de emprego
to a partir da primeira remuneração posterior do ou função, o pagamento de pensão alimentícia judi-
executado, a contar do protocolo do ofício. cialmente acordada, fixada ou majorada.
§ 2o O ofício conterá o nome e o número de
inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do A responsabilidade penal não excluirá o dever de
exequente e do executado, a importância a ser pagar os alimentos.
descontada mensalmente, o tempo de sua dura-
ção e a conta na qual deve ser feito o depósito. Art. 533 Quando a indenização por ato ilícito
§ 3o Sem prejuízo do pagamento dos alimentos
incluir prestação de alimentos, caberá ao executa-
vincendos, o débito objeto de execução pode
ser descontado dos rendimentos ou rendas do do, a requerimento do exequente, constituir capi-
executado, de forma parcelada, nos termos do tal cuja renda assegure o pagamento do valor
caput deste artigo, contanto que, somado à par- mensal da pensão.
cela devida, não ultrapasse cinquenta por cen- § 1o O capital a que se refere o caput, representado
to de seus ganhos líquidos. por imóveis ou por direitos reais sobre imó-
veis suscetíveis de alienação, títulos da dívida
Esta modalidade é utilizada sempre que possível, pública ou aplicações financeiras em banco ofi-
pois assegura o adimplemento da pensão alimentícia cial, será inalienável e impenhorável enquanto
de maneira eficaz. Há grande inovação do CPC neste durar a obrigação do executado, além de consti-
ponto ao permitir que mesmo os alimentos que estão tuir-se em patrimônio de afetação.
sendo cobrados judicialmente já vencidos possam ser § 2o O juiz poderá substituir a constituição do
descontados em folha. capital pela inclusão do exequente em folha de
Ex.: se um alimentante tem desconto em folha de pagamento de pessoa jurídica de notória capa-
30%, mas tem dívidas pretéritas com relação ao ali- cidade econômica ou, a requerimento do execu-
mentado, é possível descontar o débito de forma par- tado, por fiança bancária ou garantia real, em
celada, limitado a 50% dos ganhos líquidos do devedor valor a ser arbitrado de imediato pelo juiz.
empregado (isto é, 20% naquele mês). § 3o Se sobrevier modificação nas condições eco-
nômicas, poderá a parte requerer, conforme as cir-
Art. 530 Não cumprida a obrigação, observar-se-á cunstâncias, redução ou aumento da prestação.
o disposto nos arts. 831 e seguintes. § 4o A prestação alimentícia poderá ser fixada
tomando por base o salário-mínimo.
Não cumprida a obrigação, mesmo adotado o rito § 5o Finda a obrigação de prestar alimentos, o juiz
de prisão, converte-se o rito para penhora com rela- mandará liberar o capital, cessar o desconto
ção às parcelas em que houve decreto de prisão. em folha ou cancelar as garantias prestadas.

Art. 531 O disposto neste Capítulo aplica-se aos A constituição de capital pode ser representada
alimentos definitivos ou provisórios. por imóveis, títulos da dívida pública ou aplicações
§ 1o A execução dos alimentos provisórios, bem
financeiras em banco oficial, cuja renda assegure o
como a dos alimentos fixados em sentença ainda
pagamento do valor mensal da pensão. Estes bens
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

não transitada em julgado, se processa em


autos apartados. permanecerão no domínio do alimentante, mas se tor-
§ 2o O cumprimento definitivo da obrigação de narão impenhoráveis e inalienáveis para os demais
prestar alimentos será processado nos mesmos credores.
autos em que tenha sido proferida a sentença. A referida técnica pode ser substituída pela inclu-
são do beneficiário em folha de pagamento de enti-
Cabe execução provisória dos alimentos, caso em dade de direito público ou empresa de notória capa-
que o processamento deve se dar em separado dos cidade econômica, ou ainda, por fiança bancária ou
autos principais para não ser prejudicado o andamen- garantia real.
to regular destes. No cumprimento definitivo, o proce-
O valor pode sofrer alterações, tanto para majo-
dimento é fase nos mesmos autos.
ração quanto para redução, sendo ainda permitida a
Art. 532 Verificada a conduta procrastinatória utilização do salário mínimo como indexador. Uma
do executado, o juiz deverá, se for o caso, dar ciên- vez extinta a obrigação alimentar, o juiz mandará, a
cia ao Ministério Público dos indícios da prática requerimento ou de ofício, liberar o capital, fazendo
do crime de abandono material. cessar a sua inalienabilidade e impenhorabilidade. 201
Cumprimento de Sentença de Obrigação de Pagar prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos,
Quantia Certa Contra a Fazenda Pública impugnar a execução, podendo arguir:
[...] (a impugnação à execução será tratada ao final
A execução contra a Fazenda Pública tem no polo do capítulo).
passivo pessoa jurídica de direito público (autarquias, § 3o Não impugnada a execução ou rejeitadas
fundações públicas, UEDFM...). Um aspecto essencial as arguições da executada:
desta modalidade de execução é o de que não é possí- I – expedir-se-á, por intermédio do presidente do tri-
vel a penhora de bens, considerada a natureza públi- bunal competente, precatório em favor do exe-
ca do débito (art. 100, CF). quente, observando-se o disposto na Constituição
Nas execuções de maior valor, a execução é feita Federal;
por meio de precatórios judiciais, sem a prática de atos II – por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pes-
soa de quem o ente público foi citado para o proces-
de constrição e expropriação de bens. Assim, precató-
so, o pagamento de obrigação de pequeno valor
rio é o instrumento pelo qual o Poder Judiciário requi-
será realizado no prazo de 2 (dois) meses con-
sita, à Fazenda Pública, o pagamento a que esta tenha
tado da entrega da requisição, mediante depó-
sido condenada em processo judicial. Grosso modo, é sito na agência de banco oficial mais próxima da
o documento pelo qual o Presidente de Tribunal, por residência do exequente.
solicitação do Juiz da causa, determina o pagamento
de dívida da União, de Estado, Distrito Federal ou do O CPC traz aqui as duas situações introduzidas na
Município, por meio da inclusão do valor do débito no explicação: precatórios e RPV.
orçamento público.
Os créditos alimentícios têm preferência (súmula § 4o Tratando-se de impugnação parcial, a parte
144, STJ). Assim, existem os precatórios ordinários não questionada pela executada será, desde
para as dívidas comuns e os extraordinários para as logo, objeto de cumprimento.
alimentares. O desrespeito a esta ordem autoriza o
judiciário a tomar providências para a efetiva execu- Havendo parte incontroversa, será desde logo pro-
ção. O art. 100 da CF trata de maneira pormenorizada cessado o pagamento.
da matéria, esclarecendo que o Presidente do Tribu-
nal só atuará nas questões relacionadas à expedição § 5o Para efeito do disposto no inciso III do caput
do precatório, à ordem cronológica, ao sequestro e à deste artigo, considera-se também inexigível a
eventual proposta de intervenção. obrigação reconhecida em título executivo judi-
cial fundado em lei ou ato normativo consi-
O quinto capítulo do título que trata do cumpri-
derado inconstitucional pelo Supremo Tribunal
mento de sentença aborda o cumprimento de sen- Federal, ou fundado em aplicação ou interpreta-
tença que reconheça a exigibilidade de obrigação de ção da lei ou do ato normativo tido pelo Supre-
pagar quantia certa pela Fazenda Pública. mo Tribunal Federal como incompatível com a
Constituição Federal, em controle de constitu-
Art. 534 No cumprimento de sentença que impuser cionalidade concentrado ou difuso.
à Fazenda Pública o dever de pagar quantia certa, o § 6o No caso do § 5o, os efeitos da decisão do Supre-
exequente apresentará demonstrativo discrimi- mo Tribunal Federal poderão ser modulados no
nado e atualizado do crédito contendo: tempo, de modo a favorecer a segurança jurídica.
I – o nome completo e o número de inscrição § 7o A decisão do Supremo Tribunal Federal referi-
no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro da no § 5o deve ter sido proferida antes do trânsi-
Nacional da Pessoa Jurídica do exequente; to em julgado da decisão exequenda.
§ 8o Se a decisão referida no § 5o for proferida após
II – o índice de correção monetária adotado;
o trânsito em julgado da decisão exequenda, cabe-
III – os juros aplicados e as respectivas taxas;
rá ação rescisória, cujo prazo será contado do
IV – o termo inicial e o termo final dos juros e da trânsito em julgado da decisão proferida pelo
correção monetária utilizados; Supremo Tribunal Federal.
V – a periodicidade da capitalização dos juros,
se for o caso;
Do 5º ao 8º repete-se a disciplina dos §§ 12 a 15 do
VI – a especificação dos eventuais descontos obri-
art. 525, CPC, aplicável ao procedimento geral de cum-
gatórios realizados.
primento de sentença de obrigação de pagar quantia.
§ 1o Havendo pluralidade de exequentes, cada
um deverá apresentar o seu próprio demonstra-
DO MEIO DE DEFESA AO CUMPRIMENTO DE
tivo, aplicando-se à hipótese, se for o caso, o dis-
SENTENÇA
posto nos §§ 1o e 2o do art. 113.
§ 2o A multa prevista no § 1o do art. 523 não se apli-
ca à Fazenda Pública. Embora nas vias executivas não exista propria-
mente um direito de defesa que se equipare ao asse-
gurado nos processos de conhecimento, é necessário
A primeira exigência no procedimento é que o exe-
garantir o mínimo de contraditório. Sendo assim, o
quente apresente demonstrativo do crédito com todos devedor tem acesso a mecanismos de defesa, tanto
os elementos especificados nos incisos do art. 534. Tal por meios próprios, como a impugnação e os embar-
demonstrativo deve ser individual mesmo quando gos, quanto por petições incidentais nos autos. Neste
houver litisconsórcio. ponto, parece seguro dizer que existe contraditório na
Não se aplica multa de 10%, típica das demais execução, ainda que este seja mitigado.
formas de cumprimento de sentença que determina Prova disso é a observação do rol taxativo de
pagamento de quantia. matérias que podem ser alegadas na impugnação à
execução (art. 525, § 1o, CPC). Basicamente, embora
Art. 535 A Fazenda Pública será intimada na o executado possa se opor ao requerimento do exe-
pessoa de seu representante judicial, por car- quente para dar início ao cumprimento de sentença,
202 ga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no tal oposição encontra limite cognitivo, isto é, não é
qualquer matéria que pode ser alegada. O motivo é § 1o Na impugnação, o executado poderá alegar:
claro, se há cumprimento de sentença significa que se I – falta ou nulidade da citação se, na fase de
formou título executivo judicial, o qual passou pelo conhecimento, o processo correu à revelia;
crivo do Poder Judiciário, que já examinou as maté-
rias de fato e de direitos inerentes à sua formação. Se o executado não foi citado no processo de conhe-
Assim, se o título executivo for judicial, o contradi- cimento ou se a citação foi nula e, em razão disso, foi
tório será reduzido devido à taxatividade do rol de revel, poderá alegar na impugnação à execução. Como
matérias alegáveis na impugnação à execução. consequência, se acolhida a alegação teria faltado
pressuposto de existência do processo e devem ser
Da Impugnação retornados os atos processuais para que o réu possa
apresentar sua defesa, garantindo o contraditório.
A impugnação ao cumprimento de sentença, que
popularmente se denomina impugnação à execução, II – ilegitimidade de parte;
é o meio de defesa do executado para obstar o cumpri-
mento da sentença, ainda que tal óbice seja limitado É uma alegação comum nos casos em que o execu-
devido à restrição de matérias que podem ser debati- tado não tenha participado do processo de conheci-
das. Tal restrição se justifica pelo fato de que o título mento, por exemplo, um fiador.
executivo se formou judicialmente, já se apurando
questões de fato e de direito relevantes anteriormente III – inexequibilidade do título ou inexigibilidade
no processo de conhecimento. da obrigação;
Embora a previsão legal se encontre no art. 525,
CPC, isto é, entre os dispositivos que abordam o cum- O título executivo deve conter obrigação certa,
primento de sentença definitivo de obrigação de pagar líquida e exigível.
quantia certa, a impugnação é cabível no cumprimento
de sentença provisório de obrigação de pagar quantia § 12 Para efeito do disposto no inciso III do § 1o deste
certa, conforme o art. 520, § 1o, CPC. Além disso, o art. artigo, considera-se também inexigível a obrigação
536, § 4o, CPC, estabelece que: “no cumprimento de sen- reconhecida em título executivo judicial fundado
em lei ou ato normativo considerado inconstitu-
tença que reconheça a exigibilidade de obrigação de
cional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em
fazer ou de não fazer, aplica-se o art. 525, no que cou-
aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo
ber”, sendo que por força do art. 538, § 3o, CPC, pode-se
tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatí-
entender que a impugnação também é cabível no cum-
vel com a Constituição Federal, em controle de consti-
primento de sentença que reconheça a exigibilidade de tucionalidade concentrado ou difuso.
obrigação de entregar coisa. § 13 No caso do § 12, os efeitos da decisão do Supre-
Como particularidades devidas, aplicáveis na obri- mo Tribunal Federal poderão ser modulados no
gação de fazer, não fazer e entregar coisa, pode-se tempo, em atenção à segurança jurídica.
destacar a impossibilidade de aplicação da multa de § 14 A decisão do Supremo Tribunal Federal referi-
10% sob o quantum debeatur. Quanto à contagem de da no § 12 deve ser anterior ao trânsito em jul-
prazo para impugnação, será de 15 (quinze) dias a gado da decisão exequenda.
partir do final do prazo para cumprimento voluntário § 15 Se a decisão referida no § 12 for proferida após
da obrigação de fazer, não fazer ou entregar coisa, o o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá
qual é fixado no próprio título ou pelo juízo. ação rescisória, cujo prazo será contado do trân-
No caso de cumprimento de sentença de obrigação sito em julgado da decisão proferida pelo Supremo
de pagar prestação de alimentos pelo rito da prisão civil, Tribunal Federal.
a impugnação não é o meio adequado de defesa, sendo
substituída pela justificativa do devedor. Já se o cum- O CPC/2015 inova ao considerar que a inexigibili-
primento de sentença de obrigação de pagar prestação dade pode se fazer presente sempre que a obrigação
de alimentos correr pelo rito da penhora, também é a reconhecida no título executivo judicial for fundada
impugnação o meio adequado para a defesa (art. 528, em lei ou ato normativo declarado inconstitucional ou
§ 8o, CPC), sendo que a concessão de efeito suspensivo à reinterpretado como incompatível com a CF em con-
trole de constitucionalidade difuso ou concentrado
impugnação não impede que o exequente alimentando
pelo STF. Destaca-se que se o STF modular os efeitos
levante mensalmente a importância da prestação.
da decisão no tempo, o título executivo fora dos mol-
Em todos os casos, ultrapassado o prazo para cum-
des temporais não será atingido. Se o título executivo
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

primento voluntário, automaticamente começa a cor- judicial for apenas provisório, isto é, se não tiver ain-
rer o prazo para a impugnação à execução, em todas da transitado em julgado a decisão, basta a alegação
modalidades de obrigação, não sendo necessária nova de inexigibilidade do título no cumprimento. Contu-
intimação do executado. do, se o título executivo judicial for definitivo, tendo
transitado em julgado a decisão que o formou, será
Art. 525 Transcorrido o prazo previsto no art. preciso propor ação rescisória para, então, questionar
523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o pra- a inexigibilidade do título.
zo de 15 (quinze) dias para que o executado,
independentemente de penhora ou nova intimação, IV – penhora incorreta ou avaliação errônea;
apresente, nos próprios autos, sua impugnação. § 11 As questões relativas a fato superveniente ao
término do prazo para apresentação da impugna-
Além disso, no caso específico do cumprimento ção, assim como aquelas relativas à validade e à
de sentença para obrigação de pagar quantia certa, a adequação da penhora, da avaliação e dos atos exe-
apresentação da impugnação à execução não impede cutivos subsequentes, podem ser arguidas por sim-
que os atos de penhora prossigam. ples petição, tendo o executado, em qualquer dos 203
casos, o prazo de 15 (quinze) dias para formular § 7o A concessão de efeito suspensivo a que se refe-
esta arguição, contado da comprovada ciência do re o § 6o não impedirá a efetivação dos atos
fato ou da intimação do ato. de substituição, de reforço ou de redução da
penhora e de avaliação dos bens
A penhora pode já ter acontecido no momento da § 8o Quando o efeito suspensivo atribuído à impug-
impugnação, bem como da avaliação do bem penhora- nação disser respeito apenas a parte do objeto da exe-
do. Neste caso, o executado deve aproveitar a impug- cução, esta prosseguirá quanto à parte restante.
nação para questionar os atos. Contudo, se os atos de § 9o A concessão de efeito suspensivo à impug-
penhora e avaliação forem posteriores à impugnação, nação deduzida por um dos executados não
será possível questionar mediante exceção de pré- suspenderá a execução contra os que não
-executividade, isto é, petição simples nos autos. impugnaram, quando o respectivo fundamento
disser respeito exclusivamente ao impugnante.
§ 10. Ainda que atribuído efeito suspensivo à
V – excesso de execução ou cumulação indevi-
impugnação, é lícito ao exequente requerer o
da de execuções;
prosseguimento da execução, oferecendo e pres-
tando, nos próprios autos, caução suficiente e idô-
Uma das mais comuns alegações na impugnação nea a ser arbitrada pelo juiz.
à execução é justamente a de excesso de execução,
isto é, a de que o valor apresentado pelo credor no
A impugnação, em regra, não tem efeito suspensi-
demonstrativo anexo ao seu requerimento está incor-
vo. Tal efeito pode ser atribuído pelo juiz se ficar pro-
reto, acima do devido. Sobre esta alegação, os §§ 4o e
vado que o prosseguimento da execução pode gerar
5o do artigo destacam que deve ser acompanhada de
grave dano de difícil reparação ao executado. O efei-
demonstrativo que declare o valor que pensa o execu-
to pode ser concedido total ou parcialmente. Atos de
tado ser o devido.
substituição, reforço ou redução da penhora não são
afetados pelo efeito suspensivo, mas apenas os atos de
§ 4o Quando o executado alegar que o exequente,
expropriação.
em excesso de execução, pleiteia quantia superior
Se for concedido o efeito suspensivo, a impugnação
à resultante da sentença, cumprir-lhe-á decla-
será autuada nos próprios autos. Ainda que seja conce-
rar de imediato o valor que entende correto,
apresentando demonstrativo discriminado e atua-
dido, o exequente poderá optar por garantir a execução
lizado de seu cálculo. mediante caução e dar seguimento. Se não for concedi-
§ 5o Na hipótese do § 4o, não apontado o valor do, será autuada em autos apartados, prosseguindo o
correto ou não apresentado o demonstrativo, cumprimento simultaneamente à impugnação.
a impugnação será liminarmente rejeitada, se
o excesso de execução for o seu único fundamento, Da Impugnação à Execução no Cumprimento de
ou, se houver outro, a impugnação será processa- Sentença por Obrigação de Pagar Quantia contra a
da, mas o juiz não examinará a alegação de Fazenda Pública
excesso de execução.
No caso de cumprimento de sentença de obrigação
Se o executado não juntar à impugnação o demons- de pagar quantia contra a Fazenda Pública, o meca-
trativo de cálculo, apontando especificamente qual nismo de defesa também é a impugnação à execução,
valor entende ser excessivo, haverá rejeição liminar sendo idênticos os argumentos que podem ser levan-
da impugnação em caso de impugnação fundada ape- tados, exceto quanto à penhora incorreta ou avaliação
nas no excesso de execução ou então não será exami- errônea, eis que o sistema de cumprimento contra a
nada tal alegação se houverem outros fundamentos Fazenda não tem tais atos, substituídos por precató-
na impugnação. rios e requisições de pequeno valor.
Também devido à natureza específica do cumpri-
VI – incompetência absoluta ou relativa do juí- mento contra a Fazenda Pública não há possibilida-
zo da execução; de de rejeição liminar da impugnação, caso o único
VII – qualquer causa modificativa ou extinti- argumento levantado pela Fazenda seja excesso de
va da obrigação, como pagamento, novação,
execução.
compensação, transação ou prescrição, desde que
Enquanto pendente a impugnação, atos executivos
supervenientes à sentença.
não poderão ser praticados. Noutras palavras, não
§ 2o A alegação de impedimento ou suspeição
observará o disposto nos arts. 146 e 148.
será expedido o precatório e nem ordenado o paga-
§ 3o Aplica-se à impugnação o disposto no art. 229. mento de obrigação de pequeno valor enquanto pen-
dente de julgamento a impugnação apresentada pela
Para alegação de impedimento ou suspeição do juiz Fazenda Pública.
e dos auxiliares da justiça será seguida a regra geral. Em que pese a permanência de certas prerrogati-
É válida a regra do prazo em dobro para litisconsortes vas, nota-se uma evolução na disciplina. A maior ino-
com advogados diversos, de escritórios distintos. vação nas execuções contra a Fazenda Pública está na
vedação à apresentação de embargos quando houver
§ 6o A apresentação de impugnação não impe- título executivo judicial.
de a prática dos atos executivos, inclusive os A impugnação à execução, cujo rol de matérias ale-
de expropriação, podendo o juiz, a requerimento gáveis é limitado, será interposta pela Fazenda Públi-
do executado e desde que garantido o juízo com ca com respeito à regra do prazo processual em dobro
penhora, caução ou depósito suficientes, atribuir- (terá 30 dias, em vez de 15 dias).
-lhe efeito suspensivo, se seus fundamentos forem
relevantes e se o prosseguimento da execução for Art. 535 A Fazenda Pública será intimada na
manifestamente suscetível de causar ao executado pessoa de seu representante judicial, por car-
204 grave dano de difícil ou incerta reparação. ga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no
prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos, PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE
impugnar a execução, podendo arguir:
I – falta ou nulidade da citação se, na fase de z Legitimidade: O recurso pode ser interposto pela
conhecimento, o processo correu à revelia; parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo
II – ilegitimidade de parte; Ministério Público, como parte ou como fiscal da
III – inexequibilidade do título ou inexigibilida- ordem jurídica (art. 996). A legitimidade tem rela-
de da obrigação; ção também com o interesse recursal, já que traduz
IV – excesso de execução ou cumulação indevi- na necessidade de ainda se buscar o direito não
da de execuções; reconhecido, por quem legitimamente o persiga;
V – incompetência absoluta ou relativa do juízo
da execução; Art. 996 O recurso pode ser interposto pela parte
VI – qualquer causa modificativa ou extintiva vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministé-
da obrigação, como pagamento, novação, compen- rio Público, como parte ou como fiscal da ordem
sação, transação ou prescrição, desde que superve- jurídica.
nientes ao trânsito em julgado da sentença. Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a
§ 1o A alegação de impedimento ou suspeição ob- possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica
servará o disposto nos arts. 146 e 148 (regra geral). submetida à apreciação judicial atingir direito de
§ 2o Quando se alegar que o exequente, em excesso que se afirme titular ou que possa discutir em juízo
de execução, pleiteia quantia superior à resultan- como substituto processual.
te do título, cumprirá à executada declarar de
imediato o valor que entende correto, sob pena
z Interesse: Para se recorrer, deve ter havido um pre-
de não conhecimento da arguição. juízo, ainda que parcial. A parte que aceitar expres-
sa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer;
z Tempestividade: O recurso deve ser interposto no
prazo legal, sob pena de preclusão temporal. Exce-
DOS RECURSOS tuados os embargos de declaração, o prazo para
interpor os recursos e para responder-lhes é de 15
Verificou-se até aqui o procedimento inicial da dias. Sobre a tempestividade, convém observar o
fase de conhecimento, desde a postulação até a fase termo inicial do prazo recursal, tratado pelo CPC
decisória. Na sentença, o Poder Judiciário entrega a nas disposições gerais sobre os recursos:
prestação jurisdicional, esgotando a jurisdição dessa
instância originária (na qual tramitou inicialmente a Art. 1.003 O prazo para interposição de recurso con-
ação). As decisões, por sua vez, podem conter erros ta-se da data em que os advogados, a sociedade de
que desafiam a interposição de recursos, que, como se advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Públi-
conceituará a seguir, são instrumentos que garantem ca ou o Ministério Público são intimados da decisão.
o direito a uma nova análise sobre a questão decidida. § 1º Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão
Mas, para o recurso, depende de provocação da intimados em audiência quando nesta for proferida
parte, isto é: o ato de interposição do recurso provoca a decisão.
o exercício da jurisdição pelo órgão hierarquicamente § 2º Aplica-se o disposto no art. 231, incisos I a VI,
superior. É certo que existem exceções, como decisões ao prazo de interposição de recurso pelo réu contra
que somente produzem eficácia depois de confirma- decisão proferida anteriormente à citação.
das em instância superior, ou mesmo recursos des- § 3º No prazo para interposição de recurso, a peti-
tinados ao próprio juiz da causa. Contudo, o recurso ção será protocolada em cartório ou conforme as
será o meio adequado para se impugnar uma decisão, normas de organização judiciária, ressalvado o
a forma pela qual a parte manifesta sua irresignação disposto em regra especial.
contra uma decisão judicial. § 4º Para aferição da tempestividade do recurso
remetido pelo correio, será considerada como data
Conceito de interposição a data de postagem.
§ 5º Excetuados os embargos de declaração, o pra-
zo para interpor os recursos e para responder-lhes
Recurso é o meio processual próprio para se impug-
é de 15 (quinze) dias.
nar uma decisão judicial. O recurso trata do exercício
§ 6º O recorrente comprovará a ocorrência de feria-
do duplo grau de jurisdição, incluído na cláusula do
do local no ato de interposição do recurso.
devido processo legal. O duplo grau de jurisdição está
previsto no art. 8º da Convenção Americana dos Direi-
tos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica): alínea Dois pontos aqui merecem atenção. Um deles diz
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

“h” do inciso 2 do art. 8º: respeito à interposição ou protocolo por correio, sen-
do considerada a data da postagem. Muitos tribunais
Art. 8º Garantias judiciais regulamentaram o denominado “protocolo postal” a
2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a fim de dar maior segurança a eventuais protocolos
que se presuma sua inocência, enquanto não for realizados pelo correio.
legalmente comprovada sua culpa. Durante o pro- Outro ponto refere-se à comprovação do feriado
cesso, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, local no ato da interposição. Assim, juntamente com
às seguintes garantias mínimas:
o recurso e demais pressupostos pertinentes à admis-
[...]
h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal sibilidade, deve-se instruir com o ato oficial que esta-
superior. beleceu o feriado local, sob pena de ser considerado o
dia como útil, integrando, assim, a contagem do prazo.
Já o direito de recorrer decorre da própria estrutu- Ainda no que se refere à tempestividade, o CPC/2015
ração dos órgãos judiciários na Constituição Federal de dispõe sobre eventuais fatos que possam impossibilitar
1988, atribuindo a eles competência recursal, ou seja, a interposição tempestiva do recurso, garantindo ao in-
para apreciar recursos oriundos de instâncias inferiores. teressado a restituição do prazo: 205
Art. 1.004 Se, durante o prazo para a interposição recolhimento insuficiente, o que implicará a deserção
do recurso, sobrevier o falecimento da parte ou de sem oportunidade de complementar.
seu advogado ou ocorrer motivo de força maior
que suspenda o curso do processo, será tal prazo PROCESSAMENTO E DISPOSIÇÕES GERAIS
restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do
sucessor, contra quem começará a correr nova-
mente depois da intimação.
Uma vez interposto o recurso, será necessário pro-
cessá-lo, isto é, dar o devido andamento para que seja
z Cabimento (singularidade): O recurso deve ter apreciado pelo órgão competente. O processamento
previsão legal de cabimento. Dos despachos, não se dá em duas etapas: primeiro, admitindo-o, pela
cabe recurso; análise de seus pressupostos, ocasião em que será
z Adequação: Em regra, para cada espécie de deci- conhecido para julgamento. Uma vez conhecido, será
são há um recurso adequado previsto em lei; apreciado seu mérito, ocasião em que se falará no seu
z Motivação/fundamentação: A parte deve expor provimento ou não. Assim, tem-se que:
as razões de seu inconformismo. A decisão pode
ser impugnada no todo ou em parte; z Juízo de admissibilidade: Incumbido de verificar o
z Preparo: O recorrente deve recolher as despesas preenchimento dos pressupostos de admissibilidade;
processuais relativas ao processamento do recurso. z Juízo de mérito: Incumbido da análise da preten-
são recursal, podendo dar ou negar provimento ao
Art. 1.007 No ato de interposição do recurso, o recurso.
recorrente comprovará, quando exigido pela legis-
lação pertinente, o respectivo preparo, inclusive Dica
porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção.
§ 1º São dispensados de preparo, inclusive porte de Juízo a quo é o órgão judiciário que proferiu a
remessa e de retorno, os recursos interpostos pelo decisão recorrida. Juízo ad quem é o órgão judi-
Ministério Público, pela União, pelo Distrito Fede-
ciário incumbido de apreciar o recurso.
ral, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas
autarquias, e pelos que gozam de isenção legal.
§ 2º A insuficiência no valor do preparo, inclusive A interposição do recurso não impede que a deci-
porte de remessa e de retorno, implicará deserção são produza efeitos, a não ser que a lei diga o contrá-
se o recorrente, intimado na pessoa de seu advoga- rio ou que decisão judicial atribua ao recurso o efeito
do, não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias. suspensivo, impossibilitando a produção dos efeitos
§ 3º É dispensado o recolhimento do porte de remes- da decisão recorrida enquanto discutida em instância
sa e de retorno no processo em autos eletrônicos. superior. Sobre essa questão, veja o que dispõe o CPC:
§ 4º O recorrente que não comprovar, no ato de
interposição do recurso, o recolhimento do prepa- Art. 995 Os recursos não impedem a eficácia da
ro, inclusive porte de remessa e de retorno, será decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial
intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar em sentido diverso.
o recolhimento em dobro, sob pena de deserção. Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida
§ 5º É vedada a complementação se houver insu- poderá ser suspensa por decisão do relator, se da
ficiência parcial do preparo, inclusive porte de imediata produção de seus efeitos houver risco de
remessa e de retorno, no recolhimento realizado na
dano grave, de difícil ou impossível reparação, e
forma do § 4º.
ficar demonstrada a probabilidade de provimento
§ 6º Provando o recorrente justo impedimento, o
do recurso.
relator relevará a pena de deserção, por decisão
irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias
para efetuar o preparo. O recurso deve ser interposto por cada parte inte-
§ 7º O equívoco no preenchimento da guia de cus- ressada, dentro do prazo e em observância aos demais
tas não implicará a aplicação da pena de deserção, pressupostos de admissibilidade. Mas imagine a situa-
cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ção em que ambas as partes são sucumbentes, isto é,
ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar o nem o autor conseguiu tudo que queria, nem o réu
vício no prazo de 5 (cinco) dias. conseguiu afastar totalmente a pretensão do autor; o
exemplo pode ser uma ação de indenização em que
Fala-se em recurso deserto quando não satisfeito o foram pedidos dez mil, mas acolhidos apenas cinco
preparo. Mas há questões importantes sobre o prepa- mil pelo juiz (caso de procedência parcial). E se, nes-
ro, que veremos agora. São dispensados de preparo, sa hipótese, apenas uma das partes recorre, enquan-
inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos to a outra deixa passar seu prazo? Nada poderá fazer
interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo além de apresentar suas contrarrazões? Bem, poderá
Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e ela apresentar, no prazo das contrarrazões, o recurso
respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção adesivo. Veja o que diz o CPC:
legal. Tratando-se de pessoa jurídica de direito públi-
co interno, dispensa-se o preparo, não havendo que se Art. 997 Cada parte interporá o recurso indepen-
falar em deserção. dentemente, no prazo e com observância das exi-
Se o valor do preparo for insuficiente, o recorrente gências legais.
será intimado na pessoa de seu advogado para supri- § 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso inter-
-lo no prazo de 5 dias, sob pena de deserção. Mas e posto por qualquer deles poderá aderir o outro.
se sequer houver preparo para o recurso, isso impli- § 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recur-
cará na sua imediata inadmissibilidade? Não, pois o so independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas
CPC/2015 determina a intimação do advogado para regras deste quanto aos requisitos de admissibili-
recolhê-lo em dobro, sob pena de deserção. Mas, nessa dade e julgamento no tribunal, salvo disposição
206 hipótese de recolhimento em dobro, não poderá haver legal diversa, observado, ainda, o seguinte:
I - será dirigido ao órgão perante o qual o recur- § 2º Aplica-se o disposto no art. 231 , incisos I a VI,
so independente fora interposto, no prazo de que a ao prazo de interposição de recurso pelo réu contra
parte dispõe para responder; decisão proferida anteriormente à citação.
II - será admissível na apelação, no recurso extraor- § 3º No prazo para interposição de recurso, a peti-
dinário e no recurso especial; ção será protocolada em cartório ou conforme as
III - não será conhecido, se houver desistência normas de organização judiciária, ressalvado o
do recurso principal ou se for ele considerado disposto em regra especial.
inadmissível. § 4º Para aferição da tempestividade do recurso
remetido pelo correio, será considerada como data
O recurso adesivo será apreciado como recurso de interposição a data de postagem.
autônomo, mas ficará subordinado à admissibilidade § 5º Excetuados os embargos de declaração, o pra-
do recurso principal. E somente poderá ser interposto zo para interpor os recursos e para responder-lhes
adesivamente ao recurso de apelação, extraordinário é de 15 (quinze) dias.
e ao especial. § 6º O recorrente comprovará a ocorrência de feria-
O CPC/2015 admite a desistência do recurso, moda- do local no ato de interposição do recurso.
lidade de ato dispositivo unilateral pelo qual o recor- Art. 1.004. Se, durante o prazo para a interposição
rente abre mão do recurso já interposto. Mas essa do recurso, sobrevier o falecimento da parte ou de
faculdade não surtirá efeitos nos casos em que a ques- seu advogado ou ocorrer motivo de força maior
tão tenha repercussão geral já reconhecida ou sido que suspenda o curso do processo, será tal prazo
objeto de julgamento de recursos extraordinários ou restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do
especiais repetitivos. sucessor, contra quem começará a correr nova-
mente depois da intimação.
Art. 998 O recorrente poderá, a qualquer tempo,
sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, Uma vez sendo dado provimento ao recurso (aco-
desistir do recurso. lhida a pretensão recursal), o julgamento proferido
Parágrafo único. A desistência do recurso não pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que
impede a análise de questão cuja repercussão geral tiver sido objeto de recurso de acordo com art. 1.008:
já tenha sido reconhecida e daquela objeto de jul-
gamento de recursos extraordinários ou especiais Art. 1.008 O julgamento proferido pelo tribunal
repetitivos. substituirá a decisão impugnada no que tiver sido
Art. 999 A renúncia ao direito de recorrer indepen- objeto de recurso.
de da aceitação da outra parte.
Art. 1.000 A parte que aceitar expressa ou tacita-
Vejamos, agora, as disposições dos arts. 1.005 e 1.006,
mente a decisão não poderá recorrer.
Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a costumam ser abordados em provas pela letra da lei:
prática, sem nenhuma reserva, de ato incompatível
com a vontade de recorrer. Art. 1.005 O recurso interposto por um dos litis-
Art. 1.001 Dos despachos não cabe recurso. consortes a todos aproveita, salvo se distintos ou
opostos os seus interesses.
Mas não confunda desistência com renúncia. En- Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o
quanto a desistência opera efeitos sobre o recurso já recurso interposto por um devedor aproveitará aos
interposto, pela renúncia a parte abre mão do direito outros quando as defesas opostas ao credor lhes
de recorrer, antes de interposto o recurso. Existe ain- forem comuns.
Art. 1.006 Certificado o trânsito em julgado, com
da a renúncia tácita, que ocorre quando a parte prati-
menção expressa da data de sua ocorrência, o escri-
ca ato não condizente ou incompatível com o direito
vão ou o chefe de secretaria, independentemente de
de recorrer, como o cumprimento da decisão.
despacho, providenciará a baixa dos autos ao juízo
A decisão pode ser total ou parcialmente impug-
de origem, no prazo de 5 (cinco) dias.
nada. Lembre-se que dissemos que o recurso exige
nova provocação da parte, aqui denominada de inter-
posição (o ato de apresentar o recurso). Nessa inter-
RECURSOS EM ESPÉCIE
posição, a parte pode tratar de todos os pontos objeto
da decisão, ou apenas de alguns deles. Imagine que a
O Código tipifica as espécies de recurso, que tra-
sentença tenha condenado o réu em danos morais e
materiais. No recurso, o réu diverge apenas dos danos taremos na sequência, valendo destacar que os des-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

morais, razão pela qual se tornará incontroversa a pachos são irrecorríveis, ou seja, os recursos abaixo
condenação sobre os danos materiais, transitando em arrolados buscam impugnar decisões interlocutória,
julgado essa parte da decisão. O CPC/2015 dispõe nes- sentenças ou acórdãos, observado o cabimento de
se sentido: cada um deles.

Art. 1.002 A decisão pode ser impugnada no todo Art. 994 São cabíveis os seguintes recursos:
ou em parte. I - apelação;
Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso II - agravo de instrumento;
conta-se da data em que os advogados, a sociedade III - agravo interno;
de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria IV - embargos de declaração;
Pública ou o Ministério Público são intimados da V - recurso ordinário;
decisão. VI - recurso especial;
§ 1º Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão VII - recurso extraordinário;
intimados em audiência quando nesta for proferida VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;
a decisão. IX - embargos de divergência. 207
Recurso de Apelação I - homologa divisão ou demarcação de terras;
II - condena a pagar alimentos;
É o recurso cabível contra sentença, contemplando III - extingue sem resolução do mérito ou julga
ainda as questões resolvidas na fase de conhecimento, improcedentes os embargos do executado;
se a decisão a seu respeito não comportar agravo de IV - julga procedente o pedido de instituição de
instrumento, devendo ser suscitadas em preliminar arbitragem;
de apelação. A fase de conhecimento vai desde a pos- V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;
tulação inicial, passando pelas fases organizatória e VI - decreta a interdição.
instrutória, findando na decisória. § 2º Nos casos do § 1º, o apelado poderá promo-
Antes da sentença (fase decisória), podem ser ver o pedido de cumprimento provisório depois de
proferidas decisões dispondo sobre questões inter- publicada a sentença.
mediária, que normalmente comportam agravo de § 3º O pedido de concessão de efeito suspensivo nas
instrumento. hipóteses do § 1º poderá ser formulado por requeri-
mento dirigido ao:
Art. 1.009 Da sentença cabe apelação. I - tribunal, no período compreendido entre a inter-
§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimen- posição da apelação e sua distribuição, ficando o
to, se a decisão a seu respeito não comportar agra- relator designado para seu exame prevento para
vo de instrumento, não são cobertas pela preclusão julgá-la;
e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, II - relator, se já distribuída a apelação.
eventualmente interposta contra a decisão final, ou § 4º Nas hipóteses do § 1º, a eficácia da sentença
nas contrarrazões. poderá ser suspensa pelo relator se o apelante
§ 2º Se as questões referidas no § 1º forem suscita- demonstrar a probabilidade de provimento do
das em contrarrazões, o recorrente será intimado recurso ou se, sendo relevante a fundamentação,
para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito houver risco de dano grave ou de difícil reparação.
delas.
§ 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mes- O cumprimento de sentença pode ser:
mo quando as questões mencionadas no art. 1.015
integrarem capítulo da sentença. z Definitivo: Quando a decisão judicial já houver
transitado em julgado;
Ocorre que o CPC/2015 prevê hipóteses de cabi- z Provisório: Quando pendente o trânsito em julga-
mento do agravo de instrumento, sendo possível que do e o recurso de eventual decisão não for recebi-
algumas outras questões não estejam contempladas do no efeito suspensivo.
nessas hipóteses. Para possibilitar o reexame dessas
questões, o CPC/2015 garante o direito de a parte invo- O efeito suspensivo atribuído ao recurso impedirá
cá-las no próprio recurso de apelação, como questão que a decisão recorrida produza efeitos de imediato.
preliminar, ou seja, antes de discutir o próprio mérito Consequentemente, impedirá a exigibilidade dessa
recursal relacionado à sentença. decisão por meio do cumprimento ou execução da
São requisitos da apelação: sentença.
O efeito devolutivo, comum a todos os recursos,
Art. 1.010 A apelação, interposta por petição diri-
transfere ao tribunal o conhecimento da matéria im-
gida ao juízo de primeiro grau, conterá:
pugnada na apelação. Diz-se devolutivo porque retor-
I - os nomes e a qualificação das partes;
II - a exposição do fato e do direito; na ao Judiciário a apreciação das questões objeto do
III - as razões do pedido de reforma ou de decreta- recurso. Abre-se nova oportunidade de discussão des-
ção de nulidade; sas questões. Como todo recurso pretende o reexame
IV - o pedido de nova decisão. de alguma questão, todo recurso possuirá efeito devo-
§ 1º O apelado será intimado para apresentar con- lutivo. Aqui, utiliza-se a expressão tantum devolutum
trarrazões no prazo de 15 (quinze) dias. quantum apellatum.
§ 2º Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz Em relação à extensão e à profundidade do efeito
intimará o apelante para apresentar contrarrazões. devolutivo, o CPC/2015 possibilita que o tribunal apre-
§ 3º Após as formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, cie todas as questões suscitadas e discutidas no pro-
os autos serão remetidos ao tribunal pelo juiz, inde- cesso, ainda que não tenham sido solucionadas, desde
pendentemente de juízo de admissibilidade. que relativas ao capítulo impugnado. Imagine que ao
apreciar o pedido de condenação em dano moral, o
juízo recorrido tenha deixado de apreciar questões e
Importante! fatos relevantes, mas que, pelo fato de esse pedido ser
O juízo de admissibilidade da apelação será reali- objeto do recurso, cabe ao tribunal a análise das ques-
zado pelo tribunal (juízo ad quem), e não pelo juiz tões relativas ao dano moral, assim como dos fatos
que proferiu a decisão recorrida (juízo a quo). que o autor trouxe para possivelmente comprová-lo.
O processamento do recurso de apelação no tribu-
nal deve observar o art. 1.011 do CPC:
A apelação terá efeito suspensivo, impedindo a
execução provisória da sentença, salvo em relação a Art. 1.011 Recebido o recurso de apelação no tribu-
sentença que: nal e distribuído imediatamente, o relator:
I - decidi-lo-á monocraticamente apenas nas hipóte-
Art. 1.012 A apelação terá efeito suspensivo. ses do art. 932, incisos III a V;
§ 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, II - se não for o caso de decisão monocrática, ela-
começa a produzir efeitos imediatamente após a borará seu voto para julgamento do recurso pelo
208 sua publicação a sentença que: órgão colegiado.
Se o processo estiver em condições de imediato jul- 2. Não cabe, em recurso especial, reexaminar maté-
gamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito ria fático-probatória (Súmula 7/STJ).
quando: 3. Agravo interno a que se nega provimento.

Art. 1.013 A apelação devolverá ao tribunal o (STJ, AgInt no REsp 1779371/PR, Rel. Ministra MARIA ISABEL
conhecimento da matéria impugnada. GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 08/02/2021, DJe
11/02/2021)
§ 1º Serão, porém, objeto de apreciação e julga-
mento pelo tribunal todas as questões suscitadas
e discutidas no processo, ainda que não tenham Vejamos, agora, uma exceção a regra geral da proi-
sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo bição de inovar na apelação. Isto é, quando as ques-
impugnado. tões de fato não foram possíveis serem arguidos no
§ 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um processo, por motivo de força maior, as questões de
fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a fatos poderão ser alegadas nas razões recursais:
apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos
demais. Art. 1.014 As questões de fato não propostas no juí-
§ 3º Se o processo estiver em condições de imedia- zo inferior poderão ser suscitadas na apelação, se
to julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de
mérito quando: força maior.
I - reformar sentença fundada no art. 485 ;
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela Recurso de Agravo de Instrumento
congruente com os limites do pedido ou da causa
de pedir;
O recurso de agravo visa atacar decisões interlocu-
III - constatar a omissão no exame de um dos pedi-
tórias, nas hipóteses de cabimento estabelecida pelo
dos, hipótese em que poderá julgá-lo;
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de art. 1.015 do CPC, junto às quais serão mencionados
fundamentação. exemplos relacionados a cada inciso:
§ 4º Quando reformar sentença que reconheça a
decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, Art. 1.015 Cabe agravo de instrumento contra as
julgará o mérito, examinando as demais questões, decisões interlocutórias que versarem sobre:
sem determinar o retorno do processo ao juízo de I - tutelas provisórias (decisões provisórias proferi-
primeiro grau. das no curso da ação ou mesmo em caráter liminar
§ 5º O capítulo da sentença que confirma, conce- – no início da ação – baseadas na urgência ou na
de ou revoga a tutela provisória é impugnável na evidência);
apelação. II - mérito do processo (decisões que julgam ques-
Art. 1.014. As questões de fato não propostas no tões de direito material no curso do processo, como
juízo inferior poderão ser suscitadas na apelação, prescrição e decadência);
se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo III - rejeição da alegação de convenção de arbi-
de força maior. tragem (se houver convenção de arbitragem, não
poderá haver interferência do Poder Judiciário; a
Nesses casos, não se cogita supressão de instância, inexistência de convenção de arbitragem é pressu-
que seria o caso do tribunal decidir questão não apre- posto processual);
ciada pelo juízo a quo. A supressão de instância seria IV - incidente de desconsideração da personalidade
a análise, por um tribunal, de uma matéria não apre- jurídica (pedido que busca afastar a proteção patri-
ciada em instância inferior, violando o duplo grau de monial de pessoa jurídica a fim de atingir bens dos
sócios);
jurisdição. Assim, é possível recorrer daquilo que foi
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou
objeto de pronunciamento na decisão recorrida.
acolhimento do pedido de sua revogação (quando
As hipóteses acima elencadas, nas quais não incide
houver pedido da parte para não exigibilidade de
a supressão de instância, estão arroladas no § 3º do custas processuais e outras verbas);
art. 1.013 do CPC. Tais decisões comportam o denomi- VI - exibição ou posse de documento ou coisa (deci-
nado efeito translativo. são que determine a apresentação de documento ou
Uma questão que demanda discussão diz respei- coisa);
to à apresentação de documento novo na apelação. VII - exclusão de litisconsorte (decisão que retira da
Como regra, os documentos devem ser apresentados lide um sujeito quando houver litisconsórcio – plu-
na petição inicial, na contestação ou na fase instrutó- ralidade de partes);
ria. Mas a jurisprudência tem reconhecido o direito à
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

VIII - rejeição do pedido de limitação do litis-


juntada de documento na apelação, desde que ausen- consórcio (para evitar embaraço no processo,
te má-fé e garantido o contraditório. Veja o julgado do o litisconsórcio poderá ser limitado, inclusive a
Superior Tribunal de Justiça: requerimento da parte);
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de ter-
AGRAVO INTERNO. RECURSO ESPECIAL. REVISIO- ceiros (a intervenção de terceiros é uma modalida-
NAL. ARRENDAMENTO MERCANTIL. DEVOLUÇÃO de de sujeitos não integrantes da lide participarem
DE VALOR PAGO. VALOR RESIDUAL GARANTIDO da ação);
(VRG). DOCUMENTO. APRESENTAÇÃO (JUNTA- X - concessão, modificação ou revogação do efeito
DA) EM APELAÇÃO. POSSIBILIDADE. ACÓRDÃO suspensivo aos embargos à execução (os embargos
EM HARMONIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO STJ. à execução – defesa do executado no processo de
AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. REEXAME DE MATÉRIA execução – poderão ter efeito suspensivo, nas hipó-
FÁTICA. teses do § 1º do art. 919 do CPC);
1. É possível a juntada de documento com a apela- XI - redistribuição do ônus da prova nos ter-
ção, desde que ausente má-fé e respeitado o contra- mos do art. 373, § 1º (o ônus da prova está esta-
ditório. Precedentes. belecido no caput do art. 373, mas poderá ser 209
modificado, atribuindo diversamente às partes os § 1º Acompanhará a petição o comprovante do
ônus probatórios); pagamento das respectivas custas e do porte de
XII - (VETADO); retorno, quando devidos, conforme tabela publica-
XIII - outros casos expressamente referidos em lei. da pelos tribunais.
Parágrafo único. Também caberá agravo de instru- § 2º No prazo do recurso, o agravo será interposto
mento contra decisões interlocutórias proferidas por:
na fase de liquidação de sentença ou de cumpri- I - protocolo realizado diretamente no tribunal
mento de sentença, no processo de execução e no competente para julgá-lo;
processo de inventário. II - protocolo realizado na própria comarca, seção
ou subseção judiciárias;
Inicialmente, esse rol era visto como taxativo, mas III - postagem, sob registro, com aviso de recebimento;
o Superior Tribunal de Justiça, ao concluir o julgamen- IV - transmissão de dados tipo fac-símile, nos ter-
to dos Recursos Especiais 1.704.520/MT e 1.696.396/ mos da lei;
MT, sob o rito dos recursos repetitivos, definiu o con- V - outra forma prevista em lei.
§ 3º Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso
ceito de taxatividade mitigada do rol previsto no art.
de algum outro vício que comprometa a admissi-
1.015 do CPC, abrindo caminho para a interposição do
bilidade do agravo de instrumento, deve o relator
agravo de instrumento em diversas hipóteses além
aplicar o disposto no art. 932, parágrafo único .
daquelas listadas expressamente no texto legal. § 4º Se o recurso for interposto por sistema de trans-
Isso não quer dizer que o rol se tornou meramente missão de dados tipo fac-símile ou similar, as peças
exemplificativo, mas possibilitou que, no caso concre- devem ser juntadas no momento de protocolo da
to, verifique-se a urgência da interposição do recurso, petição original.
de modo que, se a parte tivesse que aguardar até o § 5º Sendo eletrônicos os autos do processo, dispen-
momento da apelação para sua interposição, o direito sam-se as peças referidas nos incisos I e II do caput
estaria obsoleto. , facultando-se ao agravante anexar outros docu-
Assim, estabeleceu o STJ como tese 988 no julga- mentos que entender úteis para a compreensão da
mento de recursos repetitivos: O rol do art. 1.015 do controvérsia.
CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a inter- Art. 1.018 O agravante poderá requerer a juntada,
posição de agravo de instrumento quando verificada a aos autos do processo, de cópia da petição do agra-
urgência decorrente da inutilidade do julgamento da vo de instrumento, do comprovante de sua interpo-
questão no recurso de apelação. sição e da relação dos documentos que instruíram
o recurso.
O rol taxativo (numerus clausus) impede que
§ 1º Se o juiz comunicar que reformou inteiramen-
sejam contempladas outras hipóteses no caso concre-
te a decisão, o relator considerará prejudicado o
to. Já o rol exemplificativo (numerus apertus) possi-
agravo de instrumento.
bilita que se verifiquem hipóteses ou circunstâncias § 2º Não sendo eletrônicos os autos, o agravante
semelhantes àquelas estabelecidas pela lei, cabendo tomará a providência prevista no caput , no prazo
essa verificação no caso concreto. de 3 (três) dias a contar da interposição do agravo
No agravo, haverá efeito regressivo, podendo o de instrumento.
órgão que proferiu a decisão se retratar. Diz-se regres- § 3º O descumprimento da exigência de que trata
sivo o efeito porque permite ao juiz que proferiu a o § 2º, desde que arguido e provado pelo agravado,
decisão se retratar, reconsiderar seu entendimento. importa inadmissibilidade do agravo de instrumento.
Caso isso ocorra, o recurso perderá seu objeto, dei- Art. 1.019 Recebido o agravo de instrumento no
xando de ser necessária sua apreciação pelo órgão tribunal e distribuído imediatamente, se não for o
superior. caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV , o rela-
Ainda acerca do recurso de agravo de instrumento: tor, no prazo de 5 (cinco) dias:
I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou
Art. 1.016 O agravo de instrumento será dirigido deferir, em antecipação de tutela, total ou parcial-
diretamente ao tribunal competente, por meio de mente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz
petição com os seguintes requisitos: sua decisão;
I - os nomes das partes; II - ordenará a intimação do agravado pessoalmen-
II - a exposição do fato e do direito; te, por carta com aviso de recebimento, quando não
III - as razões do pedido de reforma ou de invalida- tiver procurador constituído, ou pelo Diário da Jus-
ção da decisão e o próprio pedido; tiça ou por carta com aviso de recebimento dirigida
IV - o nome e o endereço completo dos advogados ao seu advogado, para que responda no prazo de
constantes do processo. 15 (quinze) dias, facultando-lhe juntar a documen-
Art. 1.017 A petição de agravo de instrumento será tação que entender necessária ao julgamento do
instruída: recurso;
I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, III - determinará a intimação do Ministério Público,
da contestação, da petição que ensejou a decisão preferencialmente por meio eletrônico, quando for
agravada, da própria decisão agravada, da certi- o caso de sua intervenção, para que se manifeste no
dão da respectiva intimação ou outro documento prazo de 15 (quinze) dias.
oficial que comprove a tempestividade e das procu- Art. 1.020 O relator solicitará dia para julgamento
rações outorgadas aos advogados do agravante e em prazo não superior a 1 (um) mês da intimação
do agravado; do agravado.
II - com declaração de inexistência de qualquer dos
documentos referidos no inciso I, feita pelo advoga- Recurso de Agravo Interno
do do agravante, sob pena de sua responsabilidade
pessoal; Além do agravo de instrumento, há outra espécie
III - facultativamente, com outras peças que o agra- de agravo cujo cabimento será em relação a decisões
210 vante reputar úteis. proferidas nos tribunais. Como se sabe, as decisões
proferidas nos tribunais são colegiadas, eis que for- § 1º Na petição de agravo interno, o recorrente
madas por mais de um magistrado (Desembargadores impugnará especificadamente os fundamentos da
ou Ministros). decisão agravada.
Há, entretanto, casos que a lei faculta ao relator do § 2º O agravo será dirigido ao relator, que intima-
recurso proferir monocraticamente uma decisão. O rá o agravado para manifestar-se sobre o recurso
relator elaborará o relatório da ação levada ao tribu- no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não
havendo retratação, o relator levá-lo-á a julgamen-
nal, resumindo as principais alegações do recorrente
to pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta.
e recorrido, além de ocorrências processuais posterio-
§ 3º É vedado ao relator limitar-se à reprodução
res ao recurso. Mas o CPC/2015 também deu poderes dos fundamentos da decisão agravada para julgar
ao relator para decidir monocraticamente os recursos improcedente o agravo interno.
em alguns casos. Observe a seguir: § 4º Quando o agravo interno for declarado mani-
festamente inadmissível ou improcedente em
Art. 932 Incumbe ao relator: votação unânime, o órgão colegiado, em decisão
I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclu- fundamentada, condenará o agravante a pagar ao
sive em relação à produção de prova, bem como, agravado multa fixada entre um e cinco por cento
quando for o caso, homologar autocomposição das do valor atualizado da causa.
partes; § 5º A interposição de qualquer outro recurso está
II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recur- condicionada ao depósito prévio do valor da multa
sos e nos processos de competência originária do prevista no § 4º, à exceção da Fazenda Pública e do
tribunal; beneficiário de gratuidade da justiça, que farão o
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudi- pagamento ao final.
cado ou que não tenha impugnado especificamente
os fundamentos da decisão recorrida; Um exemplo a considerar seria o caso do relator
IV - negar provimento a recurso que for contrário a: que nega seguimento ao recurso interposto, desa-
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Supe- fiando o agravo interno para possibilitar a análise
rior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; do recurso pelo colegiado. No agravo, haverá efeito
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Fede- regressivo, podendo o órgão que proferiu a decisão se
ral ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julga- retratar.
mento de recursos repetitivos; É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos
c) entendimento firmado em incidente de resolu- fundamentos da decisão agravada para julgar impro-
ção de demandas repetitivas ou de assunção de
cedente o agravo interno. Isso quer dizer que, quando
competência;
o agravo interno for levado ao colegiado, o relator não
V - depois de facultada a apresentação de contrar-
poderá simplesmente repetir seu voto, mas deverá
razões, dar provimento ao recurso se a decisão
abordar a totalidade da pretensão recursal, além de
recorrida for contrária a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Supe- enfrentar as questões levantadas no próprio agravo
rior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; interno que pretendem o conhecimento do recurso
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Fede- negado monocraticamente.
ral ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julga-
mento de recursos repetitivos; Recurso de Embargos de Declaração
c) entendimento firmado em incidente de resolu-
ção de demandas repetitivas ou de assunção de As decisões judiciais devem ser fundamentadas
competência; sob pena de nulidade. Além disso, o CPC/2015 estabe-
VI - decidir o incidente de desconsideração da per- lece requisitos para uma adequada fundamentação,
sonalidade jurídica, quando este for instaurado ori- como se viu no § 1º do art. 489 do CPC.
ginariamente perante o tribunal; A fundamentação deve conter alguns requisitos,
VII - determinar a intimação do Ministério Público, como:
quando for o caso;
VIII - exercer outras atribuições estabelecidas no z Ser expressa, pois não existe fundamentação tá-
regimento interno do tribunal. cita de uma decisão, devendo o juiz ou tribunal
Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível expor os fundamentos de fato e de direito que for-
o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) maram seu convencimento;
dias ao recorrente para que seja sanado vício ou z Ter clareza, evitando decisões obscuras, furtivas,
complementada a documentação exigível. que não exponham de forma transparente e preci-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

sa as razões de convencimento;
Os incisos citados resumem à apreciação do pedi- z Mostrar-se congruente, no sentido de que a deci-
do de tutela de urgência recursal, além de recursos são deve observar a compatibilidade entre seus
manifestamente inadmissíveis, bem como aqueles elementos, de modo a evitar contradições. Por
que estejam contrários aos precedentes judiciais. isso, os embargos de declaração serão julgados
Assim, o agravo interno é um recurso aplicável aos pelo próprio juiz ou tribuna que proferiu a deci-
tribunais contra decisão proferida pelo relator, cuja são, tratando-se de uma oportunidade para suprir
análise será realizada pelo órgão colegiado, observadas, os vícios de fundamentação.
quanto ao processamento, as regras do regimento inter-
no do tribunal, conforme dispõe o art. 1.021 do CPC: Logo, os embargos de declaração são o recurso cabí-
vel contra qualquer decisão judicial para (art. 1.022):
Art. 1.021 Contra decisão proferida pelo relator
caberá agravo interno para o respectivo órgão Art. 1.022 Cabem embargos de declaração contra
colegiado, observadas, quanto ao processamento, qualquer decisão judicial para:
as regras do regimento interno do tribunal. I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; 211
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre decisão unipessoal proferida em tribunal, o órgão
o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a prolator da decisão embargada decidi-los-á
requerimento; monocraticamente.
III - corrigir erro material. § 3º O órgão julgador conhecerá dos embargos de
Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão declaração como agravo interno se entender ser este
que: o recurso cabível, desde que determine previamente
I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cin-
julgamento de casos repetitivos ou em incidente co) dias, complementar as razões recursais, de modo
de assunção de competência aplicável ao caso sob a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º.
julgamento; § 4º Caso o acolhimento dos embargos de declara-
II - incorra em qualquer das condutas descritas no
ção implique modificação da decisão embargada,
art. 489, § 1º
o embargado que já tiver interposto outro recurso
contra a decisão originária tem o direito de com-
Os embargos serão opostos, no prazo de 5 dias, em plementar ou alterar suas razões, nos exatos limi-
petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obs- tes da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias,
curidade, contradição ou omissão, e não se sujeitam contado da intimação da decisão dos embargos de
a preparo. declaração.
§ 5º Se os embargos de declaração forem rejeitados
Art. 1.023 Os embargos serão opostos, no prazo de ou não alterarem a conclusão do julgamento ante-
5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indi- rior, o recurso interposto pela outra parte antes da
cação do erro, obscuridade, contradição ou omis- publicação do julgamento dos embargos de decla-
são, e não se sujeitam a preparo. ração será processado e julgado independentemen-
§ 1º Aplica-se aos embargos de declaração o art.
te de ratificação.
229 .
§ 2º O juiz intimará o embargado para, querendo,
manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os O § 1º diz respeito aos embargos opostos em relação
embargos opostos, caso seu eventual acolhimento a decisões colegiadas, ocasião em que também serão
implique a modificação da decisão embargada. julgados pelo colegiado. Já o § 2º trata dos embargos
em relação a decisões monocráticas, que serão julga-
Os embargos de declaração não possuem efeito dos também monocraticamente. O § 3º trata expres-
suspensivo e interrompem o prazo para a interposi- samente da fungibilidade recursal, ao verificar que o
ção de recurso. A interrupção devolve a integralida- recurso cabível seria não os embargos de declaração,
de do prazo interrompido à parte, que reiniciará no mas o agravo interno, conforme vimos anteriormen-
dia útil subsequente à decisão judicial que apreciar os te. Isso não levará automaticamente à inadmissibili-
embargos. dade do recurso, mas à intimação do recorrente para
que complemente suas razões recursais.
Art. 1.026 Os embargos de declaração não pos- Os embargos podem surtir efeitos infringentes,
suem efeito suspensivo e interrompem o prazo para consistentes na modificação da decisão recorrida.
a interposição de recurso. Normalmente, os embargos de declaração não impli-
§ 1º A eficácia da decisão monocrática ou colegiada cam modificação drástica e considerável na decisão
poderá ser suspensa pelo respectivo juiz ou relator
recorrida, mas visam simplesmente suprir os erros
se demonstrada a probabilidade de provimento do
constantes no art. 1.022 do CPC. Porém, quando pos-
recurso ou, sendo relevante a fundamentação, se
houver risco de dano grave ou de difícil reparação. suírem efeitos infringentes, o embargado que já tiver
§ 2º Quando manifestamente protelatórios os interposto outro recurso contra a decisão originária
embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, em tem o direito de complementar ou alterar suas razões,
decisão fundamentada, condenará o embargante nos exatos limites da modificação, no prazo de 15
a pagar ao embargado multa não excedente a dois dias, contado da intimação da decisão dos embargos
por cento sobre o valor atualizado da causa. de declaração. Isso porque a decisão que a outra par-
§ 3º Na reiteração de embargos de declaração te considerou em seu recurso já não é mais a mesma,
manifestamente protelatórios, a multa será eleva- tendo sido modificada posteriormente por força dos
da a até dez por cento sobre o valor atualizado da embargos de declaração.
causa, e a interposição de qualquer recurso ficará Essa hipótese pode ocorrer quando ambas as par-
condicionada ao depósito prévio do valor da multa,
tes recorrem da mesma decisão, uma por meio de
à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de
recurso de apelação e a outra apresentando apenas
gratuidade da justiça, que a recolherão ao final.
§ 4º Não serão admitidos novos embargos de decla- os embargos de declaração, que serão apreciados pri-
ração se os 2 (dois) anteriores houverem sido con- meiro, já que julgados pelo mesmo juiz que proferiu
siderados protelatórios. a decisão.
Mas, se dos embargos não resultar modificação da
O CPC/2015 dispõe acerca do processamento dos decisão, a outra parte não necessitará ratificar (confir-
embargos de declaração nos tribunais: mar) o recurso que haja interposto.
O art. 1.025 trata dos embargos de declaração para
Art. 1.024 O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) fins de pré-questionamento:
dias.
§ 1º Nos tribunais, o relator apresentará os embar- Art. 1.025 Consideram-se incluídos no acórdão os
gos em mesa na sessão subsequente, proferindo elementos que o embargante suscitou, para fins
voto, e, não havendo julgamento nessa sessão, será de pré-questionamento, ainda que os embargos de
o recurso incluído em pauta automaticamente. declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o
§ 2º Quando os embargos de declaração forem tribunal superior considere existentes erro, omis-
212 opostos contra decisão de relator ou outra são, contradição ou obscuridade.
O pré-questionamento é requisito para interposi- a) os mandados de segurança decididos em única
ção do recurso especial ou do extraordinário, e trata, instância pelos tribunais regionais federais ou pelos
em suma, da necessidade prévia alegação e análise tribunais de justiça dos Estados e do Distrito Fede-
pelo órgão julgador da matéria que será levada ao ral e Territórios, quando denegatória a decisão;
órgão superior (STJ ou STF). Dizem as súmulas 282 e b) os processos em que forem partes, de um lado,
356 do STF e súmula 211 do STJ: Estado estrangeiro ou organismo internacional e,
de outro, Município ou pessoa residente ou domici-
Súmula 282: É inadmissível o recurso extraordiná- liada no País.
rio, quando não ventilada, na decisão recorrida, a
questão federal suscitada. Sobre os remédios constitucionais aqui citados,
Súmula 356: O ponto omisso da decisão, sobre o
qual não foram opostos embargos declaratórios,
veja a tabela a seguir:
não pode ser objeto de recurso extraordinário, por
faltar o requisito do prequestionamento. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS
Súmula 211 (STJ): Inadmissível recurso especial Remédio Constitucio-
quanto à questão que, a despeito da oposição de Liberdade/Direito Assegurado
nal (art. 5º)
embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tri-
bunal a quo. Direito à informação pessoal
constante em órgão público Habeas data (LXXII)
É importante notar que os embargos de declara- Direito à regulamentação de
ção não podem ser utilizados como medida meramen- Mandado de injunção
norma constitucional quando
te protelatória, a fim de apenas retardar o trânsito (LXXI)
a omissão lhe viola direitos
em julgado de decisões. Caso isso ocorra, poderá ser
imposta multa na forma do § 2º do art. 1.026 do CPC Direito líquido e certo contra
Mandado de seguran-
(Quando manifestamente protelatórios os embargos de ato ilegal ou abuso de poder
ça (LXIX)
declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamen- de autoridade pública
tada, condenará o embargante a pagar ao embargado
multa não excedente a dois por cento sobre o valor Recursos Especial e Extraordinário
atualizado da causa).
Na reiteração de embargos de declaração mani- São recursos também destinados ao STF e ao
festamente protelatórios, a multa será elevada a até
STJ, em casos de afronta à normas constitucional ou
dez por cento sobre o valor atualizado da causa, e a
federal, respectivamente. Tais recursos possibilitam
interposição de qualquer recurso ficará condicionada
ao depósito prévio do valor da multa, à exceção da apreciação apenas de questões de direito, não sendo
Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da cabíveis para análise de matéria fática ou apreciação
justiça, que a recolherão ao final. de provas (Súmula 7 do STJ e Súmula 279 do STF).
É possível a oposição de sucessivos embargos de As questões de fato dizem respeito às matérias pas-
declaração, mas esse direito encontra limite no § 4º síveis de comprovação por testemunhas, documentos
do art. 1.026: Não serão admitidos novos embargos de perícia etc. Logo, a esses tribunais não é possível levar
declaração se os 2 (dois) anteriores houverem sido con- discussões que demandem apreciação de matéria fáti-
siderados protelatórios. ca. A competência para julgar o recurso extraordiná-
rio e o especial está prevista na própria Constituição
Dica Federal de 1988, nos arts. 102 e 105, respectivamente:
Embargos de declaração manifestados com
Art. 102 Compete ao Supremo Tribunal Federal, pre-
notório propósito de prequestionamento não
cipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
têm caráter protelatório.
[...]
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as
Recurso Ordinário Constitucional
causas decididas em única ou última instância,
quando a decisão recorrida:
Há processo cuja competência originária (para
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
processar como instância inicial) é dos Tribunais
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou
(Tribunais de Justiça ou Tribunais Regionais Fede-
lei federal;
rais, além dos próprios tribunais superiores, assim
c) julgar válida lei ou ato de governo local contesta-
entendidos o Superior Tribunal de Justiça, o Tribunal
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

do em face desta Constituição.


Superior do Trabalho, Tribunal Superior Eleitoral e
Superior Tribunal Militar). Nesses casos, o duplo grau d) julgar válida lei local contestada em face de lei
de jurisdição será exercido ao dirigir o recurso (equi- federal. 
valente à uma apelação, mas respeitando requisitos Art. 105 Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
próprios) ao órgão judiciário superior. [...]
Assim, o recurso ordinário é o cabível para impug- III - julgar, em recurso especial, as causas decididas,
nar decisões proferidas, em grau originário, pelos em única ou última instância, pelos Tribunais Regio-
Tribunais. Podem se dirigir ao STJ ou ao STF, sendo nais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Dis-
julgados (art. 1.027): trito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes
I - pelo Supremo Tribunal Federal, os mandados de vigência;
segurança, os habeas data e os mandados de injun- b) julgar válido ato de governo local contestado em
ção decididos em única instância pelos tribunais face de lei federal;
superiores, quando denegatória a decisão; c) der a lei federal interpretação divergente da que
II - pelo Superior Tribunal de Justiça: lhe haja atribuído outro tribunal. 213
O CPC/2015 trata deles em conjunto, nos arts. 1.029 §1º Da decisão de inadmissibilidade proferida com
ao 1.041. A interposição, perante o juízo a quo, se dará fundamento no inciso V caberá agravo ao tribunal
perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal superior, nos termos do art. 1.042.
recorrido. Esses recursos também podem ser inter- § 2º Da decisão proferida com fundamento nos inci-
postos em caso de dissídio (divergência) jurispruden- sos I e III caberá agravo interno, nos termos do art.
1.021.
cial entre tribunais (hipótese da alínea “c” do inciso III
do art. 105 da CF/88).
Para esse fim, estabelece o CPC/2015 que, A Emenda Constitucional nº 45/2004 incluiu a
necessidade de que a questão constitucional discuti-
Art. 1.029 [...]
da nos recursos extraordinários possua repercussão
§ 1 º quando o recurso fundar-se em dissídio juris- geral para que seja analisada pelo Supremo Tribunal
prudencial, o recorrente fará a prova da divergên- Federal. A demonstração da repercussão geral deve
cia com a certidão, cópia ou citação do repositório constar da própria peça de interposição do recurso,
de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive eis que compõe pressuposto de admissibilidade. A
em mídia eletrônica, em que houver sido publicado repercussão geral diz respeito a uma questão capaz
o acórdão divergente, ou ainda com a reprodução de produzir efeitos à toda a sociedade, não somente
de julgado disponível na rede mundial de computa- sobre aspectos jurídicos, mas econômicos, sociais,
dores, com indicação da respectiva fonte, devendo- políticos, jurídicos, que ultrapassem o mero interesse
-se, em qualquer caso, mencionar as circunstâncias individual das partes.
que identifiquem ou assemelhem os casos confron-
tados (§1º do art. 1.029).
Importante!
Há previsão do princípio da instrumentalidade Poderão ser interpostos, em relação à mesma
das formas nesses recursos, como se vê no § 3º do art. decisão, recurso especial e recurso extraordiná-
1.029: O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tri- rio, tratando-se de exceção ao princípio da unir-
bunal de Justiça poderá desconsiderar vício formal de recorribilidade (unicidade ou singularidade), já
recurso tempestivo ou determinar sua correção, desde que possuem objeto distinto. Então, se a decisão
que não o repute grave. recorrida viola norma constitucional e legislação
O prazo para interposição e apresentação de contrar- federais, é o caso de interposição de ambos os
razões é de 15 dias. Apresentadas as contrarrazões ou recursos, mas sempre em petições distintas.
decorrido o prazo para sua apresentação, o presidente
ou o vice-presidente do tribunal recorrido, deverá:
Interessa observar que o CPC/2015 faz referências
I – negar seguimento: aos recursos extraordinário e especial repetitivos
a) a recurso extraordinário que discuta questão (julgamento em bloco), consistente na constatação de
constitucional à qual o Supremo Tribunal Federal multiplicidade de recursos dessa espécie com funda-
não tenha reconhecido a existência de repercussão mento em idêntica questão de direito. Nesses casos,
geral ou a recurso extraordinário interposto contra o presidente ou o vice-presidente de tribunal de jus-
acórdão que esteja em conformidade com entendi- tiça ou de tribunal regional federal selecionará 2 ou
mento do Supremo Tribunal Federal exarado no mais recursos representativos da controvérsia, que
regime de repercussão geral; serão encaminhados ao Supremo Tribunal Federal ou
b) a recurso extraordinário ou a recurso especial ao Superior Tribunal de Justiça para fins de afetação,
interposto contra acórdão que esteja em confor- determinando a suspensão do trâmite de todos os pro-
midade com entendimento do Supremo Tribunal
cessos pendentes, individuais ou coletivos, que trami-
Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, respec-
tem no Estado ou na região, conforme o caso.
tivamente, exarado no regime de julgamento de
Analisando o papel do STF e do STJ no julgamento
recursos repetitivos;
II – encaminhar o processo ao órgão julgador para dos recursos especial e extraordinário, Marinoni, Are-
realização do juízo de retratação, se o acórdão nhart e Mitidiero afirmam:
recorrido divergir do entendimento do Supremo
Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça Com o redimensionamento do papel dessas cortes, o
exarado, conforme o caso, nos regimes de repercus- controle das decisões tomadas no caso concreto (a
são geral ou de recursos repetitivos; aplicação do direito à espécie, como menciona o art.
III – sobrestar o recurso que versar sobre contro- 1.034) é apenas um meio a fim de que a real finalidade
vérsia de caráter repetitivo ainda não decidida pelo dessas cortes possa ser desempenhada: o oferecimen-
Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribu- to de razões capazes de diminuir a indeterminação do
nal de Justiça, conforme se trate de matéria consti- direito mediante adequada interpretação. Se antes
tucional ou infraconstitucional; a interpretação era o meio e o controle do caso era o
IV – selecionar o recurso como representativo de fim, agora o controle do caso é o meio que proporcio-
controvérsia constitucional ou infraconstitucional, na o atingimento do fim da interpretação
nos termos do § 6º do art. 1.036;
V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, (MARINONI, L. G.; ARENHART, S. C.; MITIDIERO, D. O novo processo
remeter o feito ao Supremo Tribunal Federal ou ao civil. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 530).
Superior Tribunal de Justiça, desde que:
a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao
regime de repercussão geral ou de julgamento de O processamento está disposto no art. 1.037 do CPC:
recursos repetitivos;
b) o recurso tenha sido selecionado como represen- Art. 1.037 Selecionados os recursos, o relator, no
tativo da controvérsia; ou tribunal superior, constatando a presença do pres-
c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de suposto do caput do art. 1.036, proferirá decisão de
214 retratação. afetação, na qual:
I - identificará com precisão a questão a ser subme- O cabimento está no art. 1.043, segundo o qual os
tida a julgamento; embargos de divergência são o recurso cabível para
II - determinará a suspensão do processamento de impugnar o acórdão proferido:
todos os processos pendentes, individuais ou cole-
tivos, que versem sobre a questão e tramitem no I - em recurso extraordinário ou em recurso espe-
território nacional; cial, divergir do julgamento de qualquer outro
III - poderá requisitar aos presidentes ou aos vice- órgão do mesmo tribunal, sendo os acórdãos,
-presidentes dos tribunais de justiça ou dos tribu- embargado e paradigma, de mérito;
nais regionais federais a remessa de um recurso III - em recurso extraordinário ou em recurso
representativo da controvérsia. especial, divergir do julgamento de qualquer outro
órgão do mesmo tribunal, sendo um acórdão de
Os recursos afetados deverão ser julgados no prazo mérito e outro que não tenha conhecido do recurso,
de um ano e terão preferência sobre os demais feitos, embora tenha apreciado a controvérsia.
ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos
de habeas corpus. E, uma vez decididos os recursos Conforme, Marinoni, Arenhart e Mitidiero:
afetados, os órgãos colegiados declararão prejudica-
dos os demais recursos versando sobre idêntica con- “Quando esse dispositivo arrola as hipóteses de
trovérsia ou os decidirão aplicando a tese firmada. cabimento dos embargos de divergência, o que está
Veja a importância dessa questão como medida de por detrás dessa previsão é a viabilização de uma
uniformização de jurisprudência em casos cuja maté- oportunidade de debate institucional para que
uma determinada questão constitucional ou fede-
ria de direito discutida seja a mesma do recurso esco-
ral possa ser definida pela corte responsável em
lhido (afetado). Um exemplo disso é a matéria relativa
dar a última palavra a respeito do significado do
a juros em contratos bancários, com tese firmada em
direito para toda a administração da Justiça Civil”
recurso repetitivo pelo STJ. Assim, casos que versa-
rem sobre esse mesmo assunto devem ter seu desfe- (MARINONI, L. G.; ARENHART, S. C.; MITIDIERO, D. O novo processo
cho idêntico ao da tese firmada. civil. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 544).

Agravo em Recursos Especial e Extraordinário A divergência pode ser a respeito de questões pro-
cessuais ou de questões de direito material (§ 2º do
Trata-se de mais uma espécie de agravo, agora com art. 1.043), além de teses contidas tanto em julgamen-
a finalidade de contornar a inadmissibilidade de um tos de recursos quanto de ações de competência ori-
recurso especial ou extraordinário. ginária, ou seja, iniciadas nessas Cortes. A prova da
O cabimento está previsto no art. 1.042, segundo divergência está prevista no § 4º do art. 1.043:
o qual cabe agravo contra decisão do presidente ou
do vice-presidente do tribunal recorrido que inadmi- Art. 1.043 [...]
tir recurso extraordinário ou recurso especial, salvo § 4º O recorrente provará a divergência com cer-
quando fundada na aplicação de entendimento firma- tidão, cópia ou citação de repositório oficial ou
do em regime de repercussão geral ou em julgamento credenciado de jurisprudência, inclusive em mídia
de recursos repetitivos. Trata-se de recurso para des- eletrônica, onde foi publicado o acórdão divergente,
trancar o Recurso Especial (RESP) ou Recurso Extraor- ou com a reprodução de julgado disponível na rede
dinário (REXT) inadmitido pelo tribunal. mundial de computadores, indicando a respectiva
Esse recurso será interposto no prazo de 15 dias, fonte, e mencionará as circunstâncias que identifi-
sendo esse o prazo para contrarrazões (§ 3º do art. cam ou assemelham os casos confrontados.
1.042). Será dirigido ao presidente ou ao vice-presi-
dente do tribunal de origem e independe do pagamen- O procedimento será definido nos regimentos
to de custas e despesas postais, aplicando-se a ele o internos do STF e do STJ.
regime de repercussão geral e de recursos repetitivos,
inclusive quanto à possibilidade de sobrestamento e
do juízo de retratação.
Uma vez apresentadas as contrarrazões e não EXERCÍCIOS COMENTADOS
havendo a retratação (efeito regressivo), serão os
autos remetidos ao tribunal superior competente. 1. (MS-CONCURSOS – 2020) Assinale a alternativa cor-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Sendo admitido, poderá ser o agravo julgado em con- reta, no que diz respeito aos Recursos expressos no
junto ao recurso especial ou ao extraordinário inad- Código de Processo Civil.
mitido, assegurando-se a sustentação oral.
Na hipótese de interposição conjunta de recursos a) A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de
extraordinário e especial, o agravante deverá inter- primeiro grau, conterá: I- os nomes e a qualificação
por um agravo para cada recurso não admitido. Nesse das partes; II- a exposição do fato e do direito; III- as
caso, o recurso será remetido primeiramente ao STJ e, razões do pedido de reforma, ou de decretação de nuli-
depois, remetido ao STF, caso ainda pertinente a dis- dade; IV- o pedido de novo processo.
cussão constitucional. b) O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao
tribunal competente, por meio de carta com os seguin-
Embargos de Divergência tes requisitos: I- os nomes das partes; II- a exposição
do fato e do direito; III- as razões do pedido de reforma,
Trata-se de mais uma espécie de embargos, ou de invalidação da decisão e o próprio pedido; IV- o
porém, com finalidade de uniformizar entendimentos nome e o endereço completo dos advogados constan-
jurisprudenciais. tes do processo. 215
c) Contra decisão proferida pelo juiz caberá agravo inter- infrutífera, apenas Maria constituiu procurador, que
no para juiz de instância superior, observadas, quanto apresentou contestação. O juiz decretou a revelia de
ao processamento, as regras do regimento interno do Fátima e, finda a fase instrutória, julgou procedente o
tribunal. pedido formulado por João em face de ambas as rés.
d) Cabem embargos de declaração contra qualquer deci- Maria, para interpor o recurso de apelação, deverá
são judicial: I- esclarecer obscuridade, ou eliminar observar o prazo:
contradição; II- suprir omissão de ponto, ou questão
sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício, ou a a) Simples de 10 dias úteis.
requerimento; III- corrigir erro material. b) Simples de 15 dias úteis.
e) Os embargos de declaração possuem efeito suspensi- c) Dobrado de 20 dias úteis.
vo e não interrompem o prazo para a interposição de d) Dobrado de 30 dias úteis.
recurso. e) Dobrado de 30 dias corridos.

Trata-se de aplicação do art. 1.022 do CPC: “Art. Trata-se de aplicação do § 5º do art. 1.003 do CPC.
1.022 Cabem embargos de declaração contra qual- A questão exige o conhecimento do prazo geral dos
quer decisão judicial para: recursos, uniformizado pelo CPC em quinze dias.
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; Resposta: Letra B.
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre
o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a
4. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Tanto nos recursos de
requerimento;
apelação quanto nos de agravo de instrumento, disci-
III - corrigir erro material.”
plinados pelo CPC,
A letra “A” erra ao mencionar o “pedido de novo
processo”. A letra “B”, ao falar que o recurso será
dirigido por meio de carta. A Letra “C” erra, pois a) O julgamento de mérito é realizado na forma cole-
não se refere à hipótese de cabimento do agravo giada, sendo vedado o exame monocrático desses
interno. A letra “E” erra porque o efeito é interrupti- recursos.
vo e não suspensivo. Resposta: Letra D. b) A forma de interposição é efetivada junto ao órgão
prolator da decisão.
2. (FGV – 2020) Tendo sido ajuizada demanda em que c) O juízo de admissibilidade é realizado diretamente
se pedia a condenação do réu ao pagamento de obri- pelo tribunal.
gação contratual no montante de cem mil reais, o juiz d) Há efeito suspensivo imediato, por decorrência de pre-
da causa, depois de concluída a instrução, acolheu em visão legal.
parte o pedido do autor, condenando o demandado a e) É sempre permitido o juízo de retratação pelo órgão
lhe pagar a importância de oitenta mil reais. prolator da decisão.
Inconformado, o réu interpôs apelação, pugnando pela
reforma integral do julgado, ao passo que o deman- O juízo de admissibilidade dos recursos citados
dante não recorreu. Todavia, ao ser intimado para será realizado pelo juízo ad quem. Nos dois recur-
ofertar contrarrazões recursais, o autor, no prazo de sos citados (apelação e agravo de instrumento), o
que dispunha para tanto, optou por também aviar a juízo de admissibilidade é realizado pelo tribunal e
apelação, na modalidade adesiva, em que requeria ao não pelo juízo prolator da decisão. Hipótese diver-
tribunal o acolhimento integral de seu pleito, isto é, a sa ocorre que o recurso especial e o extraordinário,
condenação do réu ao pagamento do débito de cem cuja admissibilidade será apreciada pelo próprio
mil reais. órgão prolator. Resposta: Letra C.
Levando-se em conta que, após a interposição do
recurso adesivo pela parte autora, o réu desistiu de 5. (FGV – 2020) Quanto ao agravo de instrumento, é cor-
seu apelo, e que os elementos de prova carreados reto afirmar que:
aos autos demonstravam que o débito do devedor era
mesmo de cem mil reais, o tribunal deverá: a) É recurso manejável perante o juízo a quo, que, sem
exercer o controle de admissibilidade, o encaminhará
a) Deixar de conhecer de ambos os recursos. ao tribunal.
b) Conhecer de ambos os recursos, negando-lhes b) É cabível para impugnar decisões interlocutórias pro-
provimento.
feridas na fase de cumprimento de sentença.
c) Conhecer de ambos os recursos, dando provimento ao
c) É interponível no prazo de 10 (dez) dias, a contar da
do autor, mas negando provimento ao do réu.
intimação da decisão interlocutória.
d) Conhecer do recurso do autor, dando-lhe provimento,
d) O seu desfecho, por votação não unânime que con-
mas deixando de conhecer do recurso do réu.
firme a decisão, enseja a técnica do julgamento
e) Conhecer do recurso do autor, negando-lhe provimen-
to, mas deixando de conhecer do recurso do réu. complementar.
e) É cabível para impugnar decisão indeferitória da gra-
tuidade de justiça, ainda que este tema conste em
Trata-se de aplicação do§ 2º do art. 997 do CPC: O
recurso adesivo fica subordinado ao recurso inde- tópico da sentença.
pendente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras
deste quanto aos requisitos de admissibilidade e jul- Trata-se de aplicação do parágrafo único do art.
gamento no tribunal, salvo disposição legal diversa. 1.015 do CPC: “Também caberá agravo de instru-
Como o apelo principal sofreu desistência, o recurso mento contra decisões interlocutórias proferidas na
adesivo fica a ele subordinado, impossibilitado de fase de liquidação de sentença ou de cumprimento
análise. Resposta: Letra A. de sentença, no processo de execução e no processo
de inventário”. Decisões interlocutórias proferidas
3. (FGV – 2018) Maria e Fátima foram citadas em uma no curso da fase satisfativa (cumprimento de sen-
demanda indenizatória proposta por João, sob o rito tença ou execução) são impugnáveis por agravo de
216 comum. Após audiência de mediação, que restou instrumento. Resposta: Letra B.
procedimento dos juizados especiais dispensa a cita-
LEI Nº 9.099 DE 26/09/1995 ção por edital, ou seja, a citação será sempre pessoal.

A Lei 9.099/1995 é a grande responsável pela dis- DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
posição referente aos Juizados Especiais Cíveis e Cri-
minais. Ela foi criada com o objetivo de dar celeridade O Juizado Especial Criminal será composto por
aos procedimentos judiciais menores, uma vez que, juízes leigos ou togados, que possuem competência
desprovidos de complexidade, são passíveis de ser para julgamento, conciliação e execução das infrações
submetidos a uma legislação especial. penais, possuindo menor potencial ofensivo, respeita-
Para iniciarmos, é de suma importância seu conhe- das as regras de conexão e continência. 
cimento referente ao disposto no texto constitucional,
em especial no artigo 98, inciso I e parágrafo 1º: z Juiz Togado: é um magistrado de carreira, lotado
no Juizado Especial.
Art. 98 A União, no Distrito Federal e nos Territó- z Juiz Leigo: é um auxiliar da justiça recrutado, sen-
rios, e os Estados criarão: do advogados com mais de cinco anos de experiên-
I - juizados especiais, providos por juízes togados,
cia, em regra.
ou togados e leigos, competentes para a concilia-
ção, o julgamento e a execução de causas cíveis de
Na reunião de processos, perante o juízo comum ou
menor complexidade e infrações penais de menor
potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral
o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras
e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas de conexão e continência, observar-se-ão os institutos
em lei, a transação e o julgamento de recursos por da transação penal e da composição dos danos civis,
turmas de juízes de primeiro grau; (...) conforme é dito no artigo 60, parágrafo único.
§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados Portanto, qual a composição do Juizado Especial
especiais no âmbito da Justiça Federal. (...) Criminal? Lembrem-se: é composto por juízes leigos
Nota-se que para disciplinar o texto constitucional, ou togados.
criou-se a Lei 9.099/1995.
Competência do Juizado Especial Criminal
Diante da base constitucional, podemos adentrar
na Lei em estudo, partindo do artigo 1º: Com relação à competência do Juizado Especial
Criminal, trata-se de uma atribuição, visando o jul-
Art. 1º Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, gamento, a execução e a conciliação das infrações
órgãos da Justiça Ordinária, serão criados pela penais que possuam o menor potencial ofensivo,
União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos respeitadas as regras de conexão e continência.
Estados, para conciliação, processo, julgamento e Consideram-se infrações penais de menor potencial
execução, nas causas de sua competência. ofensivo os crimes em que a Lei apresente pena máxi-
ma não superior a 2 anos, cumulada ou não com mul-
Com isso, orientar-se-á os processos pelos crité- ta. Além disso, há, também, contravenções penais.
rios da simplicidade, oralidade, economia processual, Para te ajudar na assimilação do conteúdo, obser-
informalidade e celeridade, buscando, sempre que ve a tabela a seguir:
possível, a conciliação ou a transação. Para que você
assimile bem tais critérios, observe o fluxograma:
INFRAÇÃO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO

Crimes com pena máxima


Critérios até 2 (dois) anos
Exemplo: Desacato - Art.
As Contravenções Penais 331 - Desacatar funcioná-
Exemplo: Jogo do bicho. rio público no exercício da
Informalidade Simplicidade função ou em razão dela:
Pena - detenção, de seis me-
ses a dois anos, ou multa.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Ademais, é de suma importância ver os critérios


orientadores do Juizado Especial Criminal, que será
guiado pelo critério da informalidade, simplicidade,
Economia oralidade, economia processual, celeridade processual,
Oralidade tendo, como grande enfoque, a reparação dos danos
Processual
que foram sofridos pelas vítimas e, como consequên-
cia, a aplicação de pena não privativa de liberdade.
Importante destacar que a Lei nº 9.099/95 cria os
Celebridade Juizados Especiais Cíveis e Criminais e possui a com-
petência, conforme já estudado, para processar e jul-
gar as infrações de menor potencial ofensivo. Nesse
O critério da simplicidade reflete, dentre outras mesmo sentido, a Lei nº 10.259/01 cria o Juizado Espe-
características, a desnecessidade de expedição de cial Criminal Federal, que tratará das infrações de
cartas precatórias para realizar diligências em loca- menor potencial ofensivo, de competência da Justiça
lidades distintas. Outro ponto importante é que o Federal, nos termos: 217
Art. 2º Compete ao Juizado Especial Federal Cri- § 2º Ficam excluídas da competência do Juizado
minal processar e julgar os feitos de competência Especial as causas de natureza alimentar, falimen-
da Justiça Federal relativos às infrações de menor tar, fiscal e de interesse da Fazenda Pública, e tam-
potencial ofensivo, respeitadas as regras de cone- bém as relativas a acidentes de trabalho, a resíduos
xão e continência e ao estado e capacidade das pessoas, ainda que de
Parágrafo único. Na reunião de processos, peran- cunho patrimonial.
te o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrente § 3º A opção pelo procedimento previsto nesta Lei
da aplicação das regras de conexão e continência, importará em renúncia ao crédito excedente ao
observar-se-ão os institutos da transação penal e limite estabelecido neste artigo, excetuada a hipó-
da composição dos danos civis. tese de conciliação.
Art. 4º É competente, para as causas previstas nes-
ta Lei, o Juizado do foro:
I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do
EXERCÍCIO COMENTADO local onde aquele exerça atividades profissionais
ou econômicas ou mantenha estabelecimento, filial,
1. (CESPE-CEBRASPE – 2011) As contravenções penais agência, sucursal ou escritório;
e os crimes a que a lei comine pena máxima não supe- II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita;
III - do domicílio do autor ou do local do ato ou
rior a dois anos, desde que não cumulada com multa,
fato, nas ações para reparação de dano de qualquer
são considerados infrações penais de menor poten-
natureza.
cial ofensivo, para fins de aplicação da lei de regência.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a
ação ser proposta no foro previsto no inciso I deste
( ) CERTO  ( ) ERRADO artigo.

Conforme artigo 61, consideram-se infrações penais Do Juiz, dos Conciliadores e dos Juízes Leigos
de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta
Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei Art. 5º O Juiz dirigirá o processo com liberdade
comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, para determinar as provas a serem produzidas,
cumulada ou não com multa. Resposta: Errado. para apreciá-las e para dar especial valor às regras
de experiência comum ou técnica.
Competência Territorial do Juizado Especial Criminal Art. 6º O Juiz adotará em cada caso a decisão que
reputar mais justa e equânime, atendendo aos fins
A competência do Juizado deverá ser determinada sociais da lei e às exigências do bem comum.
pelo lugar em que foi praticada a infração penal, con- Art. 7º Os conciliadores e Juízes leigos são auxi-
forme o artigo 63. Portanto, a teoria adotada para a fixa- liares da Justiça, recrutados, os primeiros, pre-
ção da competência dos Juizados Especiais Criminais é ferentemente, entre os bacharéis em Direito, e os
a teoria da atividade, a qual leva em conta o lugar em segundos, entre advogados com mais de cinco anos
de experiência.
que foi praticada a ação e não a ocorrência do resultado.
Parágrafo único. Os Juízes leigos ficarão impedidos
Como exemplo, imagine que Pedregundo, imputá-
de exercer a advocacia perante os Juizados Espe-
vel, escreve uma carta, em Cascavel/PR, contendo pala-
ciais, enquanto no desempenho de suas funções.
vras injuriosas contra Frenesvalda, que mora em Foz
de Iguaçu/PR. Em ato contínuo, o sujeito ativo (Pedre-
Das Partes
gundo) remete a carta ao destinatário, Frenesvalda, a
qual é sujeito passivo do crime de injúria. Verifica-se, Art. 8º Não poderão ser partes, no processo insti-
portanto, que Pedregundo praticou a ação em Casca- tuído por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas
vel/PR, então a justiça competente é o Juizado Especial jurídicas de direito público, as empresas públicas
Criminal de Cascavel/PR, tendo em vista que o crime da União, a massa falida e o insolvente civil.
de injúria é uma infração de menor potencial ofensivo, § 1° Somente serão admitidas a propor ação peran-
por ter uma pena de detenção de um a seis meses. te o Juizado Especial: (Redação dada pela Lei nº
12.126, de 2009)
Da Competência I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessio-
nários de direito de pessoas jurídicas; (Incluído
Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência pela Lei nº 12.126, de 2009)
para conciliação, processo e julgamento das causas II - as pessoas enquadradas como microempreen-
cíveis de menor complexidade, assim consideradas: dedores individuais, microempresas e empresas de
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes pequeno porte na forma da Lei Complementar no
o salário mínimo; 123, de 14 de dezembro de 2006; (Redação dada
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
de Processo Civil; III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organi-
III - a ação de despejo para uso próprio; zação da Sociedade Civil de Interesse Público, nos
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de termos da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999;
valor não excedente ao fixado no inciso I deste (Incluído pela Lei nº 12.126, de 2009)
artigo. IV - as sociedades de crédito ao microempreende-
§ 1º Compete ao Juizado Especial promover a dor, nos termos do art. 1o da Lei no 10.194, de 14
execução: de fevereiro de 2001. (Incluído pela Lei nº 12.126,
I - dos seus julgados; de 2009)
II - dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de § 2º O maior de dezoito anos poderá ser autor, inde-
até quarenta vezes o salário mínimo, observado o pendentemente de assistência, inclusive para fins
218 disposto no § 1º do art. 8º desta Lei. de conciliação.
Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários míni- Art. 68 A de intimação do autor do fato e do man-
mos, as partes comparecerão pessoalmente, podendo dado de citação do acusado, deverá ser constado
ser assistidas por advogado; nas de valor superior, a a necessidade do comparecimento, além de uma
assistência é obrigatória. informação referente a conduta de levar advogado,
§ 1º Sendo facultativa a assistência, se uma das com a finalidade de ser acompanhado, tendo como
partes comparecer assistida por advogado, ou se o a advertência de que, na sua falta, ser-lhe-á desig-
réu for pessoa jurídica ou firma individual, terá a nado defensor público.
outra parte, se quiser, assistência judiciária presta-
da por órgão instituído junto ao Juizado Especial,
Ainda sobre os atos processuais, veja o que dispõe
na forma da lei local.
a Lei 9.009, de 1995:
§ 2º O Juiz alertará as partes da conveniência do patro-
cínio por advogado, quando a causa o recomendar.
§ 3º O mandato ao advogado poderá ser verbal, sal- Art. 12 Os atos processuais serão públicos e pode-
vo quanto aos poderes especiais. rão realizar-se em horário noturno, conforme dis-
§ 4° O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma puserem as normas de organização judiciária.
individual, poderá ser representado por preposto Art. 12-A Na contagem de prazo em dias, estabe-
credenciado, munido de carta de preposição com lecido por lei ou pelo juiz, para a prática de qual-
poderes para transigir, sem haver necessidade de quer ato processual, inclusive para a interposição
vínculo empregatício.(Redação dada pela Lei nº de recursos, computar-se-ão somente os dias úteis.
12.137, de 2009) (Incluído pela Lei nº 13.728, de 2018)
Art. 10 Não se admitirá, no processo, qualquer for- Art. 13 Os atos processuais serão válidos sempre
ma de intervenção de terceiro nem de assistência. que preencherem as finalidades para as quais forem
Admitir-se-á o litisconsórcio. realizados, atendidos os critérios indicados no art.
Art. 11 O Ministério Público intervirá nos casos 2º desta Lei.
previstos em lei. § 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que
tenha havido prejuízo.
Dos Atos Processuais § 2º A prática de atos processuais em outras comar-
cas poderá ser solicitada por qualquer meio idôneo
Serão validados os atos processuais sempre que de comunicação.
existirem e preencherem as finalidades para as quais § 3º Apenas os atos considerados essenciais serão
foram realizados, valendo ressaltar que deverão aten- registrados resumidamente, em notas manuscritas,
der aos critérios de oralidade, simplicidade, informa- datilografadas, taquigrafadas ou estenotipadas. Os
lidade, economia processual e celeridade (art. 65). demais atos poderão ser gravados em fita magnéti-
ca ou equivalente, que será inutilizada após o trân-
Artigo 65 [...] sito em julgado da decisão.
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que § 4º As normas locais disporão sobre a conserva-
tenha havido prejuízo. Poderá ser solicitado por ção das peças do processo e demais documentos
qualquer meio hábil de comunicação, a prática de que o instruem.
atos processuais, como por exemplo, correios.
Do pedido
Ademais, em regra, será objeto de registro escri-
to, exclusivamente, os atos havidos por essenciais. No Art. 14 O processo instaurar-se-á com a apresen-
entanto, possuímos uma exceção que corresponde à tação do pedido, escrito ou oral, à Secretaria do
audiência de instrução e julgamento, que autoriza Juizado.
que o ato seja gravado em fita magnética ou equi- § 1º Do pedido constarão, de forma simples e em
valente (§ 3º). linguagem acessível:
Com relação à citação do acusado, ela se dará de I - o nome, a qualificação e o endereço das partes;
forma pessoal e far-se-á no próprio Juizado quando II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta;
existir a possibilidade de sua realização em cartório. III - o objeto e seu valor.
Mas, quando não for possível, será realizada por meio § 2º É lícito formular pedido genérico quando não
de oficial de justiça. for possível determinar, desde logo, a extensão da
obrigação.
Art. 65 [...] § 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para Secretaria do Juizado, podendo ser utilizado o sis-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes tema de fichas ou formulários impressos.
ao Juízo comum para adoção do procedimento pre- Art. 15 Os pedidos mencionados no art. 3º desta Lei
visto em lei. poderão ser alternativos ou cumulados; nesta últi-
ma hipótese, desde que conexos e a soma não ultra-
A intimação será expedida na forma de corres- passe o limite fixado naquele dispositivo.
pondência, devendo conter o aviso de recebimento Art. 16 Registrado o pedido, independentemente
pessoal ou, no caso de pessoa jurídica ou firma indi- de distribuição e autuação, a Secretaria do Juizado
vidual, será efetuado mediante entrega ao encarrega- designará a sessão de conciliação, a realizar-se no
do da recepção, que deverá, de forma obrigatória, ser prazo de quinze dias.
identificado ou, sendo necessário, por oficial de jus- Art. 17 Comparecendo inicialmente ambas as partes,
tiça, no entanto, independentemente de mandado ou instaurar-se-á, desde logo, a sessão de conciliação,
carta precatória, ou ainda por qualquer meio idôneo dispensados o registro prévio de pedido e a citação.
de comunicação, conforme dispõe o art. 67. Os atos Parágrafo único. Havendo pedidos contrapostos,
praticados em audiência considerar-se-ão desde logo poderá ser dispensada a contestação formal e
cientes as partes, os interessados e defensores. ambos serão apreciados na mesma sentença. 219
Das Citações e Intimações z Interesses difusos e coletivos;
z Causas sobre bens imóveis;
Art. 18. A citação far-se-á: z Impugnação de pena de demissão de servidor;
I - por correspondência, com aviso de recebimento z Sanção disciplinar aplicada a militares.
em mão própria;
II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma indivi- Também não é de competência dos Juizados Espe-
dual, mediante entrega ao encarregado da recep-
ciais da Fazenda obrigações vincendas em que a soma
ção, que será obrigatoriamente identificado;
de 12 parcelas vincendas (e eventuais parcelas venci-
III - sendo necessário, por oficial de justiça, inde-
pendentemente de mandado ou carta precatória. das) ultrapassem 60 salários mínimos.
§ 1º A citação conterá cópia do pedido inicial, dia Os autores, no Juizado, são pessoas físicas, ME e
e hora para comparecimento do citando e adver- EPP. Os réus, do outro lado, são os entes federativos
tência de que, não comparecendo este, conside- – Estados, DF, Municípios, autarquias, fundações e
rar-se-ão verdadeiras as alegações iniciais, e será empresas públicas. Não há prazo diferenciado. A par-
proferido julgamento, de plano. te ré deverá fornecer ao Juizado a documentação de
§ 2º Não se fará citação por edital. que disponha para o esclarecimento da causa, até a
§ 3º O comparecimento espontâneo suprirá a falta audiência.
ou nulidade da citação. A citação para a audiência de conciliação preci-
Art. 19. As intimações serão feitas na forma previs- sa ser feita com 30 dias de antecedência. Em caso de
ta para citação, ou por qualquer outro meio idôneo exame técnico, o laudo precisa ser apresentado 5 dias
de comunicação.
antes da audiência. Ademais, não há reexame neces-
§ 1º Dos atos praticados na audiência, considerar-
sário em nenhuma hipótese desta lei.
-se-ão desde logo cientes as partes.
§ 2º As partes comunicarão ao juízo as mudanças A obrigação de pagar deve ser concretizada em 60
de endereço ocorridas no curso do processo, repu- dias, se não for caso de precatório. Por outro lado, se
tando-se efica o montante da condenação exceder o valor definido
como obrigação de pequeno valor o pagamento é feito
por precatório. Desatendida a ordem de pagamento,
Das Citações e Intimações
é legítimo o juiz determinar o sequestro de bens, dis-
pensada a audiência da Fazenda.
Art. 18 A citação far-se-á:
O pagamento não pode ser feito de modo parcela-
I - por correspondência, com aviso de recebimento
em mão própria; do (metade em requisição de pequeno valor e metade
II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma indivi- em precatório). Todavia, o exequente pode renunciar
dual, mediante entrega ao encarregado da recep- ao crédito do valor excedente, para que consiga rece-
ção, que será obrigatoriamente identificado; ber o pagamento sem necessidade de precatório.
III - sendo necessário, por oficial de justiça, inde- Os conciliadores são preferencialmente bacharéis
pendentemente de mandado ou carta precatória. em Direito. Os juízes leigos são advogados com mais
§ 1º A citação conterá cópia do pedido inicial, dia de 2 anos de experiência, que não podem advogar
e hora para comparecimento do citando e adver- em nenhum Juizado Especial da Fazenda. Ambos são
tência de que, não comparecendo este, conside- auxiliares da justiça. O conciliador, sob supervisão do
rar-se-ão verdadeiras as alegações iniciais, e será juiz, conduz a audiência de conciliação. Quando não
proferido julgamento, de plano.
for obtida a conciliação o juiz presidirá a instrução. O
§ 2º Não se fará citação por edital.
juiz pode dispensar novos depoimentos, caso entenda
§ 3º O comparecimento espontâneo suprirá a falta
ou nulidade da citação.
suficiente para o julgamento o que já consta nos autos
Art. 19 As intimações serão feitas na forma previs- e não haja impugnação das partes.
ta para citação, ou por qualquer outro meio idôneo As Turmas Recursais são compostas por juízes do
de comunicação. 1º grau, com mandato de 2 anos, em regra, sem recon-
§ 1º Dos atos praticados na audiência, considerar- dução. Cabe pedido de uniformização de interpreta-
-se-ão desde logo cientes as partes. ção da lei em caso de divergência entre decisões das
§ 2º As partes comunicarão ao juízo as mudanças de Turmas Recursais, sobre questões de direito material.
endereço ocorridas no curso do processo, reputan- O pedido fundado em divergência entre Turmas do
do-se eficazes as intimações enviadas ao local ante- mesmo Estado será julgado em reunião conjunta das
riormente indicado, na ausência da comunicação. Turmas em conflito, sob a presidência de desembarga-
dor indicado pelo TJ. Quando as Turmas de diferentes
Estados derem a lei federal interpretações divergen-
tes, ou quando a decisão proferida estiver em contra-
LEI Nº 12.153 DE 22/12/2009 riedade com súmula do Superior Tribunal de Justiça,
o pedido será por este julgado.
A finalidade dos Juizados Especiais da Fazenda Os pedidos de uniformização fundados em ques-
Pública é conciliar, processar, julgar e executar as cau- tões idênticas e recebidos subsequentemente em
sas cíveis de interesse dos Estados, Municípios e DF, até quaisquer das Turmas Recursais ficarão retidos nos
o valor de 60 salários mínimos (competência absoluta). autos, aguardando pronunciamento do STJ.
Não está inserida na competência do Juizado: Se houver receio de dano de difícil reparação,
poderá o relator conceder, de ofício ou a requeri-
z Mandado de Segurança; mento do interessado, medida liminar determinando
z Desapropriação; a suspensão dos processos nos quais a controvérsia
z Divisão e demarcação de terras; esteja estabelecida.
z Ação popular por improbidade administrativa; Publicado o acórdão, os pedidos serão apreciados
220 z Execuções fiscais; pelas Turmas Recursais, que poderão exercer juízo de
retratação ou os declararão prejudicados (se veicula- Art. 8° Os representantes judiciais dos réus pre-
rem tese não acolhida pelo STJ). sentes à audiência poderão conciliar, transigir ou
Os instrumentos processuais, nos últimos anos, desistir nos processos da competência dos Juizados
observaram a necessidade de uniformizar o entendi- Especiais, nos termos e nas hipóteses previstas na
mento dos tribunais, em prol da segurança jurídica lei do respectivo ente da Federação.
dos jurisdicionais, isso também foi pensado pelos Jui- Art. 9° A entidade ré deverá fornecer ao Juizado a
zados Especiais da Fazenda Pública. documentação de que disponha para o esclareci-
Feitos estes apontamentos, vamos às disposições mento da causa, apresentando-a até a instalação
da audiência de conciliação.
da Lei 12.153, de 2009:
Art. 10 Para efetuar o exame técnico necessário
à conciliação ou ao julgamento da causa, o juiz
Art. 1° Os Juizados Especiais da Fazenda Pública,
nomeará pessoa habilitada, que apresentará o lau-
órgãos da justiça comum e integrantes do Sistema
do até 5 (cinco) dias antes da audiência.
dos Juizados Especiais, serão criados pela União,
Art. 11 Nas causas de que trata esta Lei, não have-
no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Esta-
rá reexame necessário.
dos, para conciliação, processo, julgamento e exe-
Art. 12 O cumprimento do acordo ou da sentença,
cução, nas causas de sua competência.
com trânsito em julgado, que imponham obriga-
Parágrafo único. O sistema dos Juizados Especiais
ção de fazer, não fazer ou entrega de coisa certa,
dos Estados e do Distrito Federal é formado pelos
será efetuado mediante ofício do juiz à autoridade
Juizados Especiais Cíveis, Juizados Especiais Crimi-
citada para a causa, com cópia da sentença ou do
nais e Juizados Especiais da Fazenda Pública.
acordo.
Art. 2° É de competência dos Juizados Especiais da
Art. 13 Tratando-se de obrigação de pagar quan-
Fazenda Pública processar, conciliar e julgar cau-
tia certa, após o trânsito em julgado da decisão, o
sas cíveis de interesse dos Estados, do Distrito Fede-
pagamento será efetuado:
ral, dos Territórios e dos Municípios, até o valor de
60 (sessenta) salários mínimos. I – no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado
§ 1º Não se incluem na competência do Juizado da entrega da requisição do juiz à autoridade cita-
Especial da Fazenda Pública: da para a causa, independentemente de precató-
I – as ações de mandado de segurança, de desapro- rio, na hipótese do § 3º do art. 100 da Constituição
priação, de divisão e demarcação, populares, por Federal; ou
improbidade administrativa, execuções fiscais e II – mediante precatório, caso o montante da con-
as demandas sobre direitos ou interesses difusos e denação exceda o valor definido como obrigação de
coletivos; pequeno valor.
II – as causas sobre bens imóveis dos Estados, Dis- § 1º Desatendida a requisição judicial, o juiz, ime-
trito Federal, Territórios e Municípios, autarquias e diatamente, determinará o sequestro do numerário
fundações públicas a eles vinculadas; suficiente ao cumprimento da decisão, dispensada
III – as causas que tenham como objeto a impug- a audiência da Fazenda Pública.
nação da pena de demissão imposta a servidores § 2º As obrigações definidas como de pequeno valor
públicos civis ou sanções disciplinares aplicadas a a serem pagas independentemente de precatório
militares. terão como limite o que for estabelecido na lei do
§ 2º Quando a pretensão versar sobre obrigações respectivo ente da Federação.
vincendas, para fins de competência do Juizado § 3º Até que se dê a publicação das leis de que trata
Especial, a soma de 12 (doze) parcelas vincendas e o § 2º, os valores serão:
de eventuais parcelas vencidas não poderá exceder I – 40 (quarenta) salários mínimos, quanto aos
o valor referido no caput deste artigo. Estados e ao Distrito Federal;
§ 3º (VETADO) II – 30 (trinta) salários mínimos, quanto aos
§ 4º No foro onde estiver instalado Juizado Especial Municípios.
da Fazenda Pública, a sua competência é absoluta. § 4º São vedados o fracionamento, a repartição ou
Art. 3° O juiz poderá, de ofício ou a requerimento a quebra do valor da execução, de modo que o paga-
das partes, deferir quaisquer providências caute- mento se faça, em parte, na forma estabelecida no
lares e antecipatórias no curso do processo, para inciso I do caput e, em parte, mediante expedição
evitar dano de difícil ou de incerta reparação. de precatório, bem como a expedição de precatório
Art. 4° Exceto nos casos do art. 3o, somente será complementar ou suplementar do valor pago.
admitido recurso contra a sentença. § 5º Se o valor da execução ultrapassar o estabe-
Art. 5° Podem ser partes no Juizado Especial da lecido para pagamento independentemente do pre-
Fazenda Pública: catório, o pagamento far-se-á, sempre, por meio
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

I – como autores, as pessoas físicas e as microem- do precatório, sendo facultada à parte exequen-
presas e empresas de pequeno porte, assim defini- te a renúncia ao crédito do valor excedente, para
das na Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro que possa optar pelo pagamento do saldo sem o
de 2006; precatório.
II – como réus, os Estados, o Distrito Federal, os § 6º O saque do valor depositado poderá ser fei-
Territórios e os Municípios, bem como autarquias, to pela parte autora, pessoalmente, em qualquer
fundações e empresas públicas a eles vinculadas. agência do banco depositário, independentemente
Art. 6° Quanto às citações e intimações, aplicam-se de alvará.
as disposições contidas na Lei no 5.869, de 11 de § 7º O saque por meio de procurador somente pode-
janeiro de 1973 – Código de Processo Civil. rá ser feito na agência destinatária do depósito,
Art. 7° Não haverá prazo diferenciado para a prá- mediante procuração específica, com firma reco-
tica de qualquer ato processual pelas pessoas jurí- nhecida, da qual constem o valor originalmente
dicas de direito público, inclusive a interposição de depositado e sua procedência.
recursos, devendo a citação para a audiência de Art. 14 Os Juizados Especiais da Fazenda Públi-
conciliação ser efetuada com antecedência mínima ca serão instalados pelos Tribunais de Justiça dos
de 30 (trinta) dias. Estados e do Distrito Federal. 221
Parágrafo único. Poderão ser instalados Juizados § 3º Se necessário, o relator pedirá informações
Especiais Adjuntos, cabendo ao Tribunal designar ao Presidente da Turma Recursal ou Presidente da
a Vara onde funcionará. Turma de Uniformização e, nos casos previstos em
Art. 15 Serão designados, na forma da legislação lei, ouvirá o Ministério Público, no prazo de 5 (cin-
dos Estados e do Distrito Federal, conciliadores co) dias.
e juízes leigos dos Juizados Especiais da Fazenda § 4º (VETADO)
Pública, observadas as atribuições previstas nos § 5º Decorridos os prazos referidos nos §§ 3º e 4o, o
arts. 22, 37 e 40 da Lei no 9.099, de 26 de setembro relator incluirá o pedido em pauta na sessão, com
de 1995. preferência sobre todos os demais feitos, ressalva-
§ 1º Os conciliadores e juízes leigos são auxiliares da
dos os processos com réus presos, os habeas corpus
Justiça, recrutados, os primeiros, preferentemente,
e os mandados de segurança.
entre os bacharéis em Direito, e os segundos, entre
§ 6º Publicado o acórdão respectivo, os pedidos reti-
advogados com mais de 2 (dois) anos de experiência.
§ 2º Os juízes leigos ficarão impedidos de exercer a dos referidos no § 1º serão apreciados pelas Turmas
advocacia perante todos os Juizados Especiais da Recursais, que poderão exercer juízo de retratação
Fazenda Pública instalados em território nacional, ou os declararão prejudicados, se veicularem tese
enquanto no desempenho de suas funções. não acolhida pelo Superior Tribunal de Justiça.
Art. 16 Cabe ao conciliador, sob a supervisão do Art. 20 Os Tribunais de Justiça, o Superior Tribunal
juiz, conduzir a audiência de conciliação. de Justiça e o Supremo Tribunal Federal, no âmbi-
§ 1º Poderá o conciliador, para fins de encami- to de suas competências, expedirão normas regu-
nhamento da composição amigável, ouvir as par- lamentando os procedimentos a serem adotados
tes e testemunhas sobre os contornos fáticos da para o processamento e o julgamento do pedido de
controvérsia. uniformização e do recurso extraordinário.
§ 2º Não obtida a conciliação, caberá ao juiz pre- Art. 21 O recurso extraordinário, para os efeitos
sidir a instrução do processo, podendo dispensar desta Lei, será processado e julgado segundo o
novos depoimentos, se entender suficientes para o estabelecido no art. 19, além da observância das
julgamento da causa os esclarecimentos já cons- normas do Regimento.
tantes dos autos, e não houver impugnação das Art. 22 Os Juizados Especiais da Fazenda Pública
partes. serão instalados no prazo de até 2 (dois) anos da
Art. 17 As Turmas Recursais do Sistema dos Juiza- vigência desta Lei, podendo haver o aproveitamen-
dos Especiais são compostas por juízes em exercício
to total ou parcial das estruturas das atuais Varas
no primeiro grau de jurisdição, na forma da legisla-
da Fazenda Pública.
ção dos Estados e do Distrito Federal, com manda-
Art. 23 Os Tribunais de Justiça poderão limitar,
to de 2 (dois) anos, e integradas, preferencialmente,
por juízes do Sistema dos Juizados Especiais. por até 5 (cinco) anos, a partir da entrada em vigor
§ 1º A designação dos juízes das Turmas Recursais desta Lei, a competência dos Juizados Especiais da
obedecerá aos critérios de antiguidade e merecimento. Fazenda Pública, atendendo à necessidade da orga-
§ 2º Não será permitida a recondução, salvo quando nização dos serviços judiciários e administrativos.
não houver outro juiz na sede da Turma Recursal. Art. 24 Não serão remetidas aos Juizados Especiais
Art. 18 Caberá pedido de uniformização de inter- da Fazenda Pública as demandas ajuizadas até a
pretação de lei quando houver divergência entre data de sua instalação, assim como as ajuizadas
decisões proferidas por Turmas Recursais sobre fora do Juizado Especial por força do disposto no
questões de direito material. art. 23.
§ 1º O pedido fundado em divergência entre Turmas Art. 25 Competirá aos Tribunais de Justiça prestar
do mesmo Estado será julgado em reunião conjun- o suporte administrativo necessário ao funciona-
ta das Turmas em conflito, sob a presidência de mento dos Juizados Especiais.
desembargador indicado pelo Tribunal de Justiça. Art. 26 O disposto no art. 16 aplica-se aos Juizados
§ 2º No caso do § 1º, a reunião de juízes domicilia- Especiais Federais instituídos pela Lei no 10.259, de
dos em cidades diversas poderá ser feita por meio 12 de julho de 2001.
eletrônico. Art. 27 Aplica-se subsidiariamente o disposto nas
§ 3º Quando as Turmas de diferentes Estados derem Leis nos 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de
a lei federal interpretações divergentes, ou quando
Processo Civil, 9.099, de 26 de setembro de 1995, e
a decisão proferida estiver em contrariedade com
10.259, de 12 de julho de 2001.
súmula do Superior Tribunal de Justiça, o pedido
Art. 28 Esta Lei entra em vigor após decorridos 6
será por este julgado.
Art. 19 Quando a orientação acolhida pelas Tur- (seis) meses de sua publicação oficial.
mas de Uniformização de que trata o § 1º do art. 18 Brasília, 22 de dezembro de 2009; 188o da Indepen-
contrariar súmula do Superior Tribunal de Justiça, dência e 121o da República.
a parte interessada poderá provocar a manifesta-
ção deste, que dirimirá a divergência.
§ 1º Eventuais pedidos de uniformização fundados
em questões idênticas e recebidos subsequente- HORA DE PRATICAR!
mente em quaisquer das Turmas Recursais ficarão
retidos nos autos, aguardando pronunciamento do 1. (VUNESP – 2018) Legalmente, incumbe ao escrivão
Superior Tribunal de Justiça. ou ao chefe de secretaria:
§ 2º Nos casos do caput deste artigo e do § 3º do
art. 18, presente a plausibilidade do direito invo-
cado e havendo fundado receio de dano de difícil
a) auxiliar o juiz na manutenção da ordem.
reparação, poderá o relator conceder, de ofício ou b) manter sob sua guarda e responsabilidade os bens
a requerimento do interessado, medida liminar móveis de pequeno valor penhorados.
determinando a suspensão dos processos nos quais c) comparecer às audiências ou, não podendo fazê-lo,
222 a controvérsia esteja estabelecida. designar servidor para substituí-lo.
d) certificar proposta de autocomposição apresentada b) o réu tem interesse em pleitear a provisória de evidên-
por qualquer das partes, na ocasião de realização de cia, independentemente da presença dos requisitos da
ato de comunicação que lhe couber. e) efetuar avalia- verossimilhança, da alegação e do risco de dano.
ções, quando for o caso. c) por se tratar de assunto que deve aguardar a cognição
exauriente, o pedido de tutela provisória do réu deverá
2. (VUNESP – 2018) Processa(m)-se durante as férias ser indeferido.
forenses, onde as houver, e não se suspendem pela d) o réu não tem legitimidade para requerer tutela provi-
superveniência delas: sória nesse caso, pois esse pedido deve ser formulado
exclusivamente pelo autor dessa demanda.
a) a realização de audiência cujas datas tiverem sido e) para que seja concedida a tutela pretendida, será
designadas. necessária a presença dos requisitos da verossimi-
b) o registro de ato processual eletrônico e a respectiva lhança, da alegação e do risco de dano.
intimação eletrônica da parte.
c) a homologação de desistência de ação. 6. (VUNESP – 2018) Nas causas que dispensem a fase
d) os processos que versem sobre arbitragem, inclusive instrutória, o juiz, independentemente da citação do
sobre cumprimento de carta arbitral. réu, poderá julgar liminarmente improcedente o pedido
e) os procedimentos de jurisdição voluntária e os neces-
sários à conservação de direitos, quando puderem ser a) que não indicar o fundamento legal.
prejudicados pelo adiamento. b) que contraria enunciado de súmula de tribunal de jus-
tiça sobre direito local
3. (VUNESP – 2017) Luís ingressou com uma ação contra c) que tiver petição inicial inepta.
Mirela. Em 09.03 (sexta-feira), na audiência de instru- d) que tenha parte manifestamente ilegítima
ção e julgamento, o juiz julgou a ação improcedente, e) cujo autor carecer de interesse processual.
saindo as partes intimadas de tal decisão nessa data. A
parte sucumbente pretende recorrer da decisão do juiz. 7. (VUNESP – 2017) Numa audiência de instrução e jul-
Levando em consideração que, durante o prazo do gamento, o juiz determinou que primeiro se ouvissem
recurso, não há qualquer feriado, é correto afirmar que
as testemunhas das partes, e, após isso, fossem pres-
tados os esclarecimentos dos peritos. Além disso, no
a) o recurso a ser manejado por Luís é o de agravo de momento dos debates orais, numa ação em que havia
instrumento, e ele terá 15 dias úteis para fazer tal peça
interesse de menores, concedeu prazo de 40 minutos
processual, contados a partir de 09.03.
para o advogado do autor e de 30 minutos para o advo-
b) tanto Luís quanto Mirela têm interesse de agir no
gado do réu e para o promotor de justiça se pronun-
recurso de apelação, e eles terão prazo comum de 15
ciarem. Diante dessa situação, é correto afirmar que
dias úteis, contados de 12.03 (segunda-feira), para
o juiz
apresentar tal peça processual.
c) Luís deverá interpor recurso de agravo de instrumento,
a) somente errou ao inverter a ordem de oitiva do peri-
e terá, para isso, prazo fatal até 30.03 (sexta- -feira).
to, tento em vista que a lei determina que, obrigato-
d) Luís deverá interpor recurso de apelação, e terá, para
isso, prazo fatal até 30.03 (sexta-feira). riamente, sejam ouvidos primeiro o perito e depois as
e) Mirela deverá manejar recurso de apelação no pra- testemunhas.
zo de 15 dias corridos, contados a partir de 12.03 b) acertou em todos os seus atos, pois a ordem da oitiva
(segunda-feira). é passível de modificação a critério do juiz, bem como
os prazos para debates orais devem ser estipulados
4. (VUNESP – 2018) Se a tutela antecipada for concedi- pelo magistrado.
da nos casos em que a urgência for contemporânea c) errou na questão da inversão da ordem das provas em
à propositura da ação e a petição inicial limitar-se ao audiência, bem como ao conceder prazo maior para
requerimento da tutela antecipada e à indicação do uma das partes em detrimento das outras, ferindo o
pedido de tutela final, com a exposição da lide, do princípio da igualdade processual.
direito que se busca realizar e do perigo de dano ou d) errou unicamente ao conceder prazo para o minis-
do risco ao resultado útil do processo, e a decisão se tério público, tendo em vista que somente as partes
tornar estável, o juiz deverá devem participar dos debates orais, cabendo ao pro-
motor apenas manifestar-se por escrito por meio de
a) sanear o feito. memoriais.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

b) julgar extinto o processo. e) acertou ao inverter a ordem da colheita de provas em


c) mandar emendar a inicial. audiência, pois não há uma obrigatoriedade nesse
d) suspender a ação até seu efetivo cumprimento. roteiro; mas errou ao fixar limite de tempo de 40minu-
e) determinar a contestação da ação. tos para o pronunciamento em razões finais do advo-
gado do autor, prazo superior ao estabelecido em lei.
5. (VUNESP – 2017) Determinada lide esbarra numa
súmula vinculante que favorece o réu na sua inter- 8. (VUNESP – 2018) Com relação ao direito de recorrer,
pretação. Assim, pretende o réu que essa discussão assinale a alternativa correta.
seja imediatamente solucionada, requerendo tute-
la provisória nesse sentido, pelas vias processuais a) O recorrente, para desistir do recurso, necessitará da
adequadas. anuência de seus litisconsortes.
Nesse caso, é correto afirmar que b) A renúncia ao direito de recorrer depende da aceitação
da outra parte.
a) só será concedida a tutela caso o réu a tenha pleitea- c) A desistência do recurso não impede a análise de ques-
do na forma de urgência antecipada antecedente. tão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida. 223
d) A parte que aceitar tacitamente a decisão poderá 12. (VUNESP – 2018) Citação é o ato pelo qual são con-
recorrer, se ainda no prazo recursal. vocados o réu, o executado ou o interessado para
e) Dos despachos cabem os recursos de agravo de ins- integrar a relação processual. No que concerne ao ato
trumento ou embargos de declaração. citatório, cabe asseverar que

9. (VUNESP – 2017) Lucas Bastos propôs ação contra a a) para a validade do processo é indispensável a citação
empresa Limiar Ltda., pois teve seu nome negativado do réu ou do executado, ainda que seja caso de indefe-
indevidamente. Requereu liminar, que foi indeferida rimento da petição inicial ou de improcedência liminar
pelo juiz de primeiro grau. Fez agravo de instrumento do pedido.
contra a decisão do juiz singular e requereu a declara- b) o comparecimento espontâneo do réu supre a falta
ção de efeito ativo ao recurso, pois estava pretendendo ou a nulidade da citação, fluindo a partir da decisão
comprar uma casa e precisava de seu nome sem restri- de deferimento de seu ingresso no feito o prazo para
ções. O relator indeferiu monocraticamente esse efeito. apresentação de contestação.
c) a citação dos Estados, e de suas respectivas autar-
Diante dessa decisão do relator, é correto afirmar que
quias e fundações de direito público, será realizada
Lucas
perante o órgão de Advocacia Pública responsável por
sua representação judicial.
a) poderá manejar agravo retido, pois, apenas com o jul-
d) poderá ser realizado pelo correio, em se tratando de
gamento de outro recurso, essa situação poderá ser
ações de estado.
rediscutida. e) a citação válida, desde que ordenada por juízo com-
b) tem como única forma recursal à sua disposição o petente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e
pedido de retratação, claramente prescrito na nova constitui em mora o devedor.
sistemática processual.
c) poderá manejar agravo interno, que é recurso cabível 13. (VUNESP – 2017) Quanto ao procedimento da ação de
contra as decisões proferidas pelo relator. usucapião de bem imóvel, assinale a alternativa correta.
d) poderá manejar outro agravo de instrumento, por se
tratar de decisão interlocutória que analisa tutela a) É ação de jurisdição voluntária, destinada a declarar a
provisória. propriedade, cuja sentença terá efeito ex tunc.
e) por estar diante de uma decisão irrecorrível, não tem b) Tratando-se de unidade autônoma situada em condo-
meios de rediscutir a decisão do relator. mínio, a citação dos confinantes é dispensada.
c) Sendo cabível usucapião extrajudicial, não será possí-
10. (VUNESP – 2018) Conforme o Código de Processo Civil vel a propositura de ação judicial.
vigente, é correto afirmar, sobre os atos processuais, d) O procedimento é especial e a sentença tem natureza
que constitutiva.
e) A citação dos confinantes poderá ser feita pessoal-
a) o direito de consultar os autos de processo que tramite mente ou por edital, se o caso.
em segredo de justiça e de pedir certidões de seus atos
é restrito e exclusivo aos procuradores das partes. 14. (VUNESP – 2017) Sobre as nulidades processuais,
b) tramitam em segredo de justiça os processos em que assinale a alternativa correta.
constem dados protegidos pelo direito constitucional
à propriedade. a) É anulável o processo quando o Ministério Público não
c) quando o ato tiver de ser praticado por meio de petição for intimado a acompanhar feito em que deveria intervir.
em autos não eletrônicos, essa deverá ser protocolada b) A nulidade do ato deve ser alegada em qualquer caso
no horário de funcionamento do fórum ou tribunal,con- na primeira oportunidade em que couber à parte falar
forme o disposto na lei de organização judiciária local. nos autos, sob pena de preclusão.
d) é preferencial o uso da língua portuguesa, sendo c) O erro de forma do processo acarreta a nulidade dos atos
admitida a juntada de documento redigido em língua que já foram praticados, sem qualquer aproveitamento.
estrangeira, por pedido justificado de forma funda- d) As citações e as intimações serão nulas quando feitas
sem observância das prescrições legais.
mentada pela parte.
e) A nulidade de uma parte do ato prejudicará as outras,
e) serão realizados em dias úteis, das 6 (seis) às 19 (deze-
mesmo que delas seja independente.
nove) horas.
15. (VUNESP – 2018) Considerando as regras do Código
11. (VUNESP – 2018) Com relação aos prazos proces-
de Processo Civil de 2015, o instituto de tutela provisó-
suais, é correto afirmar que
ria de urgência define que

a) inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo a) são suas espécies: a tutela de urgência, na modalida-
juiz, será de 10 (dez) dias o prazo para a prática de ato de cautelar e antecipada; e a tutela de evidência.
processual a cargo da parte. b) a tutela de urgência deve ser concedida pelo magis-
b) não será considerado tempestivo o ato praticado trado em nível de cognição sumária, sendo que os
antes do termo inicial do prazo. requisitos para o deferimento da tutela antecipada são
c) na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou diversos da cautelar.
pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis, seja c) o magistrado deverá apreciar a tutela de urgência, ape-
prazo processual ou material. nas após a prévia manifestação das partes, de acordo
d) quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos com o princípio da cooperação.
em consideração à complexidade do ato. d) a tutela cautelar antecedente possui o mesmo rito pro-
e) se interrompe o curso do prazo processual nos dias cedimental em todo o seu trâmite, que o previsto no
224 compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro. Código de Processo Civil de 1973.
e) a sentença que confirma, concede ou revoga a tutela c) Deverá ser concedida, se caracterizado o abuso do direito
provisória de urgência, pode ser impugnada pelo preju- de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte.
dicado por meio de recurso de apelação a serrecebido d) Caberá, se a petição inicial for instruída com prova
nos efeitos devolutivo e suspensivo. documental suficiente dos fatos constitutivos do direi-
to do autor a que o réu não oponha prova capaz de
16. (VUNESP – 2018) Na decisão que conceder a tute- gerar dúvida razoável.
la provisória, o juiz motivará seu convencimento de e) Tornar-se-á estável, se da decisão que a conceder não
modo claro e preciso, ressaltando-se que: for interposto o respectivo recurso.

a) salvo decisão judicial em contrário, a tutela provisória 20. (VUNESP – 2017) Sobre as tutelas provisórias descri-
vigente conservará a eficácia durante eventual período tas no Código de Processo Civil, é certo afirmar que:
de suspensão do processo
b) a tutela provisória pode fundamentar-se em urgência a) dentre as tutelas de urgência estão as antecipadas e
ou estabilidade. as de evidência, sendo que as cautelares formam um
c) a tutela provisória de urgência pode ser concedida em grupo específico de tutelas provisórias que indepen-
caráter antecedente ou evidente. dem de risco para serem concedidas.
d) a tutela provisória requerida em caráter antecedente b) quando a tutela antecipada for deferida em caráter ante-
independe do pagamento de custas. cedente, poderá se estabilizar desde que não seja inter-
e) a tutela de urgência de natureza antecipatória pode ser posto recurso de apelação, sendo que se for deferida em
efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de caráter incidental essa estabilização jamais ocorrerá.
bens e registro de protesto contra alienação debem. c) após o prazo de dois anos, contados da data da ciên-
cia da decisão que extinguiu o processo, a tutela ante-
17. (VUNESP – 2018) Sobre as tutelas provisórias, assina- cipada concedida em caráter antecedente, caso tenha
le a alterativa correta. estabilizado, não mais poderá ser discutida.
d) a sistemática do atual Código de Processo Civil con-
a) A tutela de urgência será concedida quando houver templa a possibilidade de ser distribuída tutela provi-
elementos que evidenciem a probabilidade do direi- sória de evidência nominada.
to e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do e) se após o deferimento de liminar em tutela provisória de
processo. urgência antecipada antecedente o autor não emendar a
b) Em regra, a tutela de urgência de natureza antecipada petição em 15 dias, o processo será extinto por sentença
poderá ser concedida mesmo nos casos em que hou- definitiva, revogando-se a liminar outrora deferida.
ver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.
c) A tutela da evidência será concedida desde que 9 GABARITO
demonstrado perigo de dano ou de risco ao resulta-
do útil do processo e restar caracterizado o abuso do
direito de defesa. 1 C
d) Na tutela de evidência, o juiz não poderá decidir liminar-
2 E
mente se se tratar de pedido reipersecutório fundado em
prova documental adequada do contrato de depósito. 3 D
e) Em regra, o indeferimento da tutela cautelar obsta que
a parte formule o pedido principal. 4 B

5 B
18. (VUNESP – 2018) A tutela de evidência será concedi-
da quando 6 B

a) ficar caracterizado o abuso do direito de defesa, desde 7 E


que demonstrado o perigo de dano ao processo. 8 C
b) as alegações de fato puderem ser comprovadas ape-
nas documentalmente, não podendo, nesse caso, o 9 C
juiz decidir liminarmente.
c) ficar caracterizado o manifesto propósito protelatório 10 C
da parte, independentemente da demonstração de peri- 11 D
go de dano ou de risco ao resultado útil do processo.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

d) se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova 12 C


documental, não podendo, nesse caso, o juiz decidir
liminarmente. 13 B
e) a petição inicial for instruída com prova documental 14 D
suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor,
podendo, nesse caso, o juiz decidir liminarmente. 15 B

19. (VUNESP – 2018) Quanto à tutela antecipada requerida 16 A


em caráter antecedente, assinale a alternativa correta. 17 A

a) Concedida, o autor deverá aditar a petição inicial em 18 C


cinco dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar.
b) Poderá ser concedida, independentemente da 19 E
demonstração de perigo de dano ou de risco ao resul- 20 C
tado útil do processo. 225
ANOTAÇÕES

226
Note que, a constituição ao determinar o direito à
vida, possui dois aspectos, direito à integridade física
e psíquica.
Importante mencionar que o STF já se posicionou

DIREITO CONSTITUCIONAL sobre gravidez de feto anencéfalo, decidindo, em


julgamento de grande repercussão, que não constitui
crime a interrupção da gravidez nestes casos. Ainda, o
julgamento somente autorizou a interrupção da gravi-
dez de feto portador de anencefalia, não se estenden-
DOS DIREITOS E GARANTIAS do a nenhuma outra deficiência.1
É importante ressaltar também que o STF decidiu
FUNDAMENTAIS pela legitimidade da realização de pesquisas com
a utilização de células-tronco2 embrionárias, obti-
Os direitos fundamentais estão localizados no títu- das de embriões humanos produzidos por fertilização
lo II da CF/88, do art. 5º ao art. 17, e estão classifica- in vitro e não utilizados no respectivo procedimento,
dos em cinco grupos: direitos individuais e coletivos, atendidas as condições estipuladas no art. 5º da Lei
direitos sociais, direitos de nacionalidade, direitos 11.105/2005, que estabelece as normas de segurança
políticos e direitos relacionados à existência, organi- e maneiras de fiscalização das atividades que envol-
zação e participação em partidos políticos. vam organismos geneticamente modificados. Nesse
Também são classificados em três dimensões de sentido, o STF considerou que as mencionadas pesqui-
direito, pois surgiram em épocas diferentes. sas não violam direito à vida, vejamos o dispositivo
mencionado:
DIREITOS DIREITOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS FUNDAMENTAIS FUNDAMENTAIS Lei 11.105 de 25 de março de 2005
DE 1º DIMENSÃO DE 2º DIMENSÃO DE 3º DIMENSÃO
Direitos civis e po- Direitos sociais, eco- Art. 5º É permitida, para fins de pesquisa e terapia,
Fraternidade.
líticos. nômicos e culturais. a utilização de células-tronco embrionárias obtidas
de embriões humanos produzidos por fertilização
in vitro e não utilizados no respectivo procedimen-
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E to, atendidas as seguintes condições:
COLETIVOS I – sejam embriões inviáveis; ou
II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou
Conforme prevê o art. 5º da CF/88 todos são iguais mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, congelados na data da publicação desta Lei, depois
garantindo aos brasileiros direito à vida, à liberdade, de completarem 3 (três) anos, contados a partir da
à igualdade, à segurança e à propriedade. data de congelamento.
§ 1º Em qualquer caso, é necessário o consentimen-
Direito à vida to dos genitores.
§ 2º Instituições de pesquisa e serviços de saúde
A Constituição protege a vida, extrauterina e que realizem pesquisa ou terapia com células-tron-
intrauterina – neste caso, com a proibição do aborto. co embrionárias humanas deverão submeter seus
Entretanto, o art. 128 do Código Penal prevê a autori- projetos à apreciação e aprovação dos respectivos
comitês de ética em pesquisa.
zação do aborto como exceção em duas hipóteses, são
§ 3º É vedada a comercialização do material bioló-
eles como único meio para salvar a vida da mulher e
gico a que se refere este artigo e sua prática implica
no caso de gravidez resultante de estupro.
o crime tipificado no art. 15 da Lei nº 9.434, de 4 de
fevereiro de 1997.
Art. 128 Não se pune o aborto praticado por
médico:
Importante!
Aborto necessário
As decisões do STF também são objeto de ques-
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; tionamento em provas.

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro


DIREITO CONSTITUCIONAL

Direito à liberdade
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é
precedido de consentimento da gestante ou, quando Trata-se de direito fundamental de primeira
incapaz, de seu representante legal dimensão, ou seja, são os direitos fundamentais que
estão ligados ao valor liberdade, sendo eles: os direi-
tos civis e os direitos políticos.
Subentende-se direito à saúde, na vedação à pena
Liberdade de pensamento, prevista no inciso IV
de morte, proibição do aborto e, por fim, direito às da CF, determina a livre manifestação do pensamento,
condições mínimas necessárias para uma existência porém, é importante se atentar à parte final do inciso,
digna, conforme também prevê o princípio da digni- que veda o anonimato, por exemplo: um indivíduo vai
dade da pessoa humana, apresentado no art. 1º, inciso até uma manifestação nas ruas com panos no rosto e
III da CF/88. comete atos ilícitos (como furto).
1 ADPF 54/DF Min Marco Aurélio, julgado em 11.04.2012, DJe 24.04.2013.
2 ADI 3.510/DF, rel. Min. Carlos Brito, julgamento em 29.05.2008, DJe em 05.06.2008 227
Questão muito cobrada em provas. vista a situação excepcional de emergência de saúde.
Ainda sobre a liberdade de pensamento, é impor- Para você entender melhor, vamos estudar por etapas.
tante mencionar que no Brasil a denúncia anônima
é permitida. Contudo, o poder público não pode ini- O que é calamidade pública?
ciar o procedimento formal tendo como base única
uma denúncia anônima. O dicionário Aurélio assim define calamidade:
O STF considerou desnecessária a utilização “desgraça pública; grande infortúnio; catástrofe”. Ou
de diploma de jornalismo e registro profissional no seja, é um estado anormal resultante de um desastre
Ministério do Trabalho como condição para o exercí- de natureza, pandemia ou até financeiro, situações
cio da profissão de jornalista, pois tem na sua essên- em que o Governo Federal deve intervir nos outros
cia a manifestação do pensamento.3 Entes Federativos (entenda entes: Estados - DF e Muni-
Liberdade de consciência e crença está localiza- cípios) para auxiliar no combate à situação.
do nos incisos VI, VII e VIII do art. 5º da CF. É impor- Conforme o Governo Federal, o reconhecimento
tante mencionar que o Brasil não tem religião oficial, do estado de calamidade pública estava previsto para
sendo considerado um Estado laico que tem como durar até 31 de dezembro de 2020, prologando-se
base o pluralismo político. até o início de 2021. Ele é necessário “em virtude do
monitoramento permanente da pandemia Covid-19,
Art. 5° [...] da necessidade de elevação dos gastos públicos para
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de proteger a saúde e os empregos dos brasileiros e da
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cul- perspectiva de queda de arrecadação”4
tos religiosos e garantida, na forma da lei, a prote- Entenda a explicação sobre calamidade pública:
ção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de z D ecretado estado de Calamidade Pública, através
assistência religiosa nas entidades civis e militares de aprovação das duas casas: Senado Federal e
de internação coletiva; Câmara dos Deputados. Permite que o Executivo
VIII - ninguém será privado de direitos por moti- gaste mais do que o previsto e desobedeça às metas
vo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou fiscais para custear ações de combate à pandemia.
política, salvo se as invocar para eximir-se de obri- z O Governo Federal já pode determinar quais medi-
gação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir das de apoio serão tomadas, com base na lei com-
prestação alternativa, fixada em lei; plementar 101/2020.
z Governo Federal poderá:
Liberdade de locomoção, localizado no inciso
XV da CF, é um tópico muito importante e está ligado „ Liberar recursos; enviar defesa civil militar;
ao direito de ir e vir. Esse não é um direito absolu- enviar kits emergenciais.
to, pois temos os casos de prisão previstos na lei, ou
z Estados podem:
seja, as diversas situações em que prisões são necessá-
rias deixam claro que o direito a locomoção não é um „ Parcelar dívidas; atrasar execução de gastos;
direito absoluto. não precisa fazer licitações.

Atualidade! Direito de ir e vir x Coronavírus Agora que entendemos como funciona o estado
(Covid-19) de calamidade pública, vamos à análise do direito de
locomoção que foi restringido.
Aqui temos um tema muito comentado, o isola- Primeiramente, é importante mencionar que
mento, ou seja, a proibição das pessoas de abrirem nenhum direito fundamental pode ser considerado
suas próprias empresas, de permanecerem em pra- absoluto (quando dizemos isso, significa que esse direito
ças, lugares públicos, isto é, seu direito de ir e vir limi- pode ser violado, desde que se cumpra alguns requi-
tado.. entenda: sitos), e a proporcionalidade de cada situação deve ser
observada.
O interesse da coletividade deve ser sempre
Somente grupo de risco deve observado e ter preferência em relação ao direito
ficar isolado em casa. (idosos do particular, com o objetivo de aplicar o denomina-
Vertical
e pessoas com problemas de
saúde) do princípio da supremacia do interesse público
sobre o particular, que inclusive é um dos principais
Isolamento princípios do direito administrativo.
Aqui cabe mencionar também o art. 196 da CF, que
Toda população deve ficar
prevê o direito à saúde como sendo um dever do Esta-
Horizontal isolada em casa e empresas
fechadas do (no sentido de nação politicamente organizada, ou
seja, é um dever do País/Governo Federal).

Se o direito à liberdade de locomoção é um direito Art. 196 A saúde é direito de todos e dever do Esta-
fundamental de ir e vir, pode-se proibir que a pessoas do, garantido mediante políticas sociais e econômi-
se locomovam? Mas e a constituição? cas que visem à redução do risco de doença e de
No caso do covid-19, em 18 de março de 2020, foi outros agravos e ao acesso universal e igualitário
aprovado pelo Congresso Nacional o decreto que colo- às ações e serviços para sua promoção, proteção e
ca o país em estado de calamidade pública, tendo em recuperação.

3 STF RE/511961, Min. Gilmar Mendes, 17.06.2009.


4 Disponível em <https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-planalto/notas-oficiais/2020/copy_of_nota-a-imprensa> Acesso em: 10 out
228 2020.
Ainda, cabe mencionar o princípio da propor- Igualdade formal x igualdade material
cionalidade, que tem como finalidade equilibrar os
direitos individuais com os da sociedade, exatamente A igualdade formal, também chamada de igual-
como no caso que aqui estamos analisando. dade jurídica, significa que todos devem ser tratados
Ou seja, no caso em tela, pode-se proibir, confor- da mesma forma. Já a igualdade material significa
me os requisitos demonstrados na situação atual para tratar igual os iguais e os desiguais com desigualda-
provas: direito de ir e vir é um direito fundamen- de, na medida de suas desigualdades, ou seja, é uma
tal, mas fique atento: não é um direito absoluto! No forma de proteção a certos grupos sociais, certos gru-
caso da violação desse direito em face do covid-19, pos de pessoas que foram discriminadas ao longo da
foi observado o princípio da proporcionalidade história do Brasil. Isso ocorre por meio das chamadas
e o princípio da supremacia do interesse público ações afirmativas, que visam, por meio da política
sobre o particular. pública, reduzir os prejuízos. Por exemplo, temos o
Lembrando que o desrespeito a qualquer medida sistema de cotas para os afrodescendentes nas univer-
imposta configura como crime contra a saúde públi- sidades públicas. Sobre o tema, o STF já se posicionou
ca prevista no art. 268 do código penal, que pune cri- pela constitucionalidade, e a decisão foi tomada no
minalmente a conduta de “infringir determinação do julgamento do Recurso Extraordinário (RE 597285),
poder público, destinada a impedir introdução ou pro- com repercussão geral, em que um estudante questio-
pagação de doença contagiosa”. nava os critérios adotados pela UFRGS para reserva
A liberdade de reunião, prevista no inciso XVI de vagas.5
do art. 5º da CF, deve ser pacífica e sem armas, bem
como não deve frustrar outra reunião anteriormente Igualdade nos concursos públicos
convocada para aquele local. Tem preferência quem
avisar primeiro, chamado o aviso prévio à autoridade Tem como base o também chamado princípio da
competente, o que é diferente de autorização, pois a isonomia, o qual deve ser rigorosamente observado
reunião não depende de autorização. sob pena de nulidade da prova a ser realizada pelo
Liberdade de associação tem previsão no inci- respectivo concurso público.
so XVII até o XXI do art. 5º da CF. É importante men-
Entretanto, alguns concursos exigem, por exem-
cionar que todos esses incisos já foram cobrados em
plo, idade, altura etc. Note que todas as exigências
provas em geral. Cuidado com o texto constitucional,
contidas no edital que façam distinção entre as pes-
como por exemplo:
soas somente serão lícitas e constitucionais desde
que preencham dois requisitos:
Art. 5º [...]
XVII - é plena a liberdade de associação para fins
z Deve estar previsto em lei – igualdade formal;
lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
z Deve ser necessário ao cargo.
A expressão "plena", utilizada no dispositivo, tem o
mesmo sentido de ser considerada livre a liberdade Como por exemplo, concurso para contratação de
de associação, desde que para fins lícitos. agente penitenciário para presídio feminino e o edi-
tal constar que é permitido somente mulheres para
Por conseguinte, o texto constitucional prevê a investidura do cargo.
possibilidade de criação de associações e cooperati- Exemplo muito comentado também é sobre a proi-
vas, independente de autorização. Ainda, só pode- bição de tatuagem contida nos editais de concurso
rão ser dissolvidas ou ter suspensas as atividades público. Sobre o tema o STF assim entendeu:
por decisão judicial. Ninguém pode ser obrigado a
associar-se ou permanecer associado. Por fim, o tex- Editais de concurso público não podem estabelecer
to constitucional autoriza, desde que expressamente restrição a pessoas com tatuagem, salvo situações
autorizada, a representação dos associados pelas enti- excepcionais, em razão de conteúdo que viole valores
dades associativas. constitucionais”.

Igualdade Entenda: como situação excepcional tatuagem que


viole os princípios constitucionais e os princípios do
Princípio da igualdade, previsto também no caput Estado brasileiros. Ex.: tatuagem de suástica nazista.
do art. 5º da CF, é muito importante, e, deste princípio,
inúmeros outros decorrem diretamente, conforme União Estável Homoafetiva
DIREITO CONSTITUCIONAL

veremos a seguir.
Tema muito comentado e, em 2011, o STF se posi-
Igualdade na lei x igualdade perante a lei cionou sobre o reconhecimento da união estável para
casais do mesmo sexo, decisão tomada sob o argu-
A igualdade na lei obriga o legislador a tratar mento que o artigo 3º, inciso IV, da CF veda qual-
todos da mesma forma ao criar as normas; já a igual- quer discriminação em virtude de sexo, raça, cor e
dade perante a lei significa que quem administra o que, nesse sentido, ninguém pode ser diminuído ou
Estado também deve observar o princípio da igual- discriminado em função de sua orientação sexual.
dade, por exemplo, o poder executivo ao adminis- “O sexo das pessoas, salvo disposição contrária, não
trar e o poder judiciário ao julgar. Importante frisar se presta para desigualação jurídica”: conclui-se, por-
que o princípio da igualdade também tem efeitos aos tanto, que qualquer depreciação da união estável
particulares. homoafetiva colide, com o inciso IV do artigo 3º da CF.6
5 RE 597285, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 09.05.2012, DJe 21.05.2012.
6 STF. ADI 4277 e ADPF 132, rel. Min. Ayres Britto, julgado em 05.05.2011, DJe 06.05.2011. 229
Legalidade mesmo no período noturno – fundamentada e
devidamente justificada, se indicado que no interior
Princípio da legalidade está previsto no art. 5º, na casa se está praticando algum crime, ou seja, em
inciso II da CF, e preceitua que “ninguém será obriga- estado de flagrante delito.
do a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em É importante frisar que, se o agente policial entrar
virtude de lei”. Note que, quando se fala em princípio na residência e não constatar a ocorrência de crime
da legalidade, se está falando no âmbito particular e em flagrante, não haverá ilicitude na conduta dos
não da administração pública. agentes policiais se forem apresentadas fundadas
No tocante aos particulares, o princípio da lega- razões que os levaram a invadir aquela casa, o que,
lidade quer dizer que apenas a lei tem legitimidade sem dúvida, deve ser objeto de controle – mesmo que
para criar obrigações de fazer, também chamadas de posterior – por parte da própria polícia e, claro, pelo
obrigações positivas, e também as chamadas obriga- Ministério Público (a quem compete exercer o con-
ções de não fazer, chamadas obrigações negativas, e, trole externo da atividade policial, nos termos do art.
nos casos em que a lei não dispuser obrigação algu- 129, VII, da CF) ou mesmo pelo Judiciário, ao analisar-
ma, é dado ao particular fazer o que bem entender, -se a legitimidade de eventual prova colhida durante
ou seja, não havendo qualquer proibição disposta em essa entrada à residência.
lei, o particular está livre para agir, vigorando nesse Sobre a entrada forçada em domicílio, o STF assim
ponto o princípio da autonomia da vontade. considerou:
Em refêrencia ao poder público, o conteúdo do A entrada forçada em domicílio sem mandado
princípio da legalidade é outro: tem a ideia de que o judicial só é lícita, mesmo em período noturno,
Estado se sujeita às leis e, ao mesmo tempo, de que quando amparada em fundadas razões, devida-
governar é atividade cuja realização exige a edição mente justificadas “a posteriori”, que indiquem
de leis; assim, o poder público não pode atuar nem que dentro da casa ocorre situação de flagrante
contrário às leis, nem na ausência da lei. delito, sob pena de responsabilidade disciplinar,
civil e penal do agente ou da autoridade, e de nuli-
Inviolabilidade dade dos atos praticados.
Essa a orientação do Plenário, que reconheceu a
Inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da repercussão geral do tema e, por maioria, negou pro-
honra e da imagem das pessoas tem previsão no art. vimento ao recurso extraordinário em que se discutia,
5º, inciso X da CF; vejamos: à luz do art. 5º, XI, LV e LVI, da Constituição, a legalida-
de das provas obtidas mediante invasão de domicílio
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, por autoridades policiais sem o devido mandado de
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o busca e apreensão. O acórdão impugnado assentou
direito a indenização pelo dano material ou moral o caráter permanente do delito de tráfico de drogas
decorrente de sua violação; e manteve condenação criminal fundada em busca
domiciliar sem a apresentação de mandado de busca
Essa proteção se refere às pessoas físicas ou jurí- e apreensão. A Corte asseverou que o texto constitu-
dicas, abrangendo inclusive a proteção necessária à cional trata da inviolabilidade domiciliar e de suas
própria imagem frente aos meios de comunicação em exceções no art. 5º, XI (“a casa é asilo inviolável do
massa (televisão, jornais etc.). indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consen-
Inviolabilidade domiciliar tem previsão no inciso timento do morador, salvo em caso de flagrante delito
XI do art. 5º da CF: ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
por determinação judicial”). Seriam estabelecidas, por-
Art. 5º [...] tanto, quatro exceções à inviolabilidade:
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
nela podendo penetrar sem consentimento do a - flagrante delito;
morador, salvo em caso de flagrante delito ou b -desastre;
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o c) - prestação de socorro; e
dia, por determinação judicial; d) - determinação judicial.

A interpretação adotada pelo STF seria no sentido


Importante! de que, se dentro da casa estivesse ocorrendo um cri-
me permanente, seria viável o ingresso forçado pelas
Memorize que como dia entende-se o período forças policiais, independentemente de determinação
das 6h às 18h. judicial. Isso se daria porque, por definição, nos cri-
mes permanentes haveria um interregno entre a con-
sumação e o exaurimento. Nesse interregno, o crime
Note que existem exceções à inviolabilidade: fla- estaria em curso. Assim, se dentro do local protegido o
grante delito, desastre, prestação de socorro e deter- crime permanente estivesse ocorrendo, o perpetrador
minação judicial. Convém lembrar também que, de estaria cometendo o delito. Caracterizada a situação
acordo com o magistério jurisprudencial do STF, o de flagrante, seria viável o ingresso forçado no domi-
conceito de “casa” é amplo, abarcando qualquer com- cílio. (RE 603616/RO, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
partimento habitado (casa, apartamento, trailer ou em 5.11.2015 e DJe 13.11.2015)
barraca); qualquer aposento ocupado de habitação A inviolabilidade das correspondências e comu-
coletiva (hotel, apart-hotel ou pensão), bem como nicações tem como previsão o inciso XII do art. 5º da
qualquer compartimento privado onde alguém exerça CF, vejamos.
profissão ou atividade, incluindo as pessoas jurídicas.
O STF, em relevante julgamento com repercus- XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das
são geral (art. 102, § 3° da CF), firmou compreensão comunicações telegráficas, de dados e das comuni-
230 no sentido de que pode ocorrer a inviolabilidade cações telefônicas, salvo, no último caso, por
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei O direito de propriedade assegurado na constitui-
estabelecer para fins de investigação criminal ou ção como direito constitucional abrange tanto os bens
instrução processual penal; corpóreos quanto os incorpóreos.
Bens corpóreos Os bens possuidores de existência
As correspondências são invioláveis, com exce- física, concretos e visíveis, como por exemplo, uma
ção nos casos de decretação de estado de defesa casa, um automóvel etc. Já os bens incorpóreos são
e de sítio (arts. 136 e seguintes da CF). É importante bens abstratos que não possuem existência física, ou
mencionar também que o STF já reconheceu a possi- seja, não são concretos, mas possuem um valor eco-
bilidade de interceptar carta de presidiário, pois a
nômico, como por exemplo, propriedade intelectual,
inviolabilidade de correspondência não pode ser usa-
direitos do autor etc.
da como defesa para atividades ilícitas.7
Em relação à propriedade de bens incorpóreos,
Possibilidade de interceptação telefônica: inter-
ceptação telefônica é a captação e gravação de conver- existe a específica proteção constitucional denomina-
sa telefônica, no momento em que ela se realiza, por da propriedade intelectual, que abrange os direitos de
terceira pessoa sem o conhecimento de qualquer um autor e os direitos relativos à propriedade industrial,
dos interlocutores, conforme prevê exceção do inciso como a proteção de marcas e patentes.
XII do art. 5º da CF acima mencionado, que para ser
lícita deve obedecer três requisitos: Desapropriação

Como característica dos direitos fundamentais, o


Ordem Judicial;
Para fins de investigação
direito de propriedade também não é um direito abso-
Interceptação telefônica criminal; luto. Apesar da exigência de que a propriedade aten-
Hipóteses e formas que a da uma função social, há outras hipóteses em que
lei estabelecer. o interesse público pode justificar a imposição de
limitações.
Ao elaborar a Constituição, o legislador se preo-
Ainda, a interceptação telefônica dependerá de
cupou em atribuir tratamento especial à política de
ordem judicial, conforme art. 1º da Lei 9.926/96.
desenvolvimento urbano. Referente à desapropria-
ção de imóvel rural, somente é lícita para fins de
Art. 1º A interceptação de comunicações telefôni-
interesse social, ou seja, imóvel rural que não esti-
cas, de qualquer natureza, para prova em investi-
gação criminal e em instrução processual penal,
ver cumprindo sua função social é desapropriado.
observará o disposto nesta Lei e dependerá de Nesse sentido, é importante verificar a importân-
ordem do juiz competente da ação principal, sob cia do art. 5°, XXIV, que determina o poder geral de
segredo de justiça. desapropriação por interesse social. Ora, desde que
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à seja paga a indenização mencionada neste artigo,
interceptação do fluxo de comunicações em siste- qualquer imóvel poderá ser desapropriado por inte-
mas de informática e telemática. resse social para fins de reforma agrária.

O segundo requisito necessário exige que a pro- Defesa do consumidor


dução desse meio de prova seja dirigida para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal; Conforme prevê o art. 5º, inciso XXXII da CF “o
assim, não é possível a autorização da interceptação estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consu-
telefônica em processos civis, administrativos, disci- midor”. Tema também mencionado no art. 170, inciso
plinares etc. V da CF, que estabeleceu como princípio fundamental
Já o último requisito refere-se a uma lei que deve de nossa ordem econômica a “defesa do consumidor”.
prever as hipóteses e a forma em que pode ocorrer a
interceptação telefônica, obrigatoriamente no âmbito Art. 170 A ordem econômica, fundada na valoriza-
de investigação criminal ou instrução processual penal.
ção do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
A regulamentação deste dispositivo veio com a Lei
por fim assegurar a todos existência digna, con-
9.296/1996, que legitimou a interceptação das comu-
forme os ditames da justiça social, observados os
nicações como meio de prova, estendendo também
a sua regulamentação à interceptação de fluxo de seguintes princípios:
comunicações em sistemas de informática e telemáti- [...]
ca (combinação de meios eletrônicos de comunicação V - defesa do consumidor;
com informática, e-mail e outros).
DIREITO CONSTITUCIONAL

Assim que foi promulgada a Constituição em 1988,


Direito de propriedade o legislador se preocupou em estipular um prazo de
cento e vinte dias para que fosse elaborado o Código
Está amparado junto ao caput e inciso XXII do art. de Defesa do Consumidor, exigência estipulada por
5º, bem como no inciso II do art. 170, ambos da CF. meio do nº 48 da ADCT. (Ato das Disposições Consti-
tucionais Transitórias. São regras que estabelecem
Art. 5º [...] XXII - é garantido o direito de propriedade;
a harmonia da transição do regime constitucional
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valoriza-
ção do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
anterior – 1969, para o novo regime - 1988).
por fim assegurar a todos existência digna, con- Entretanto, o prazo exigido não foi observado e o
forme os ditames da justiça social, observados os Código de Defesa do Consumidor foi publicado ape-
seguintes princípios: nas dois anos após a publicação da Constituição – Lei
II - propriedade privada; 8.078/1990.
7 STF. HC 70.814-5/SP, rel. Min. Celso de Mello, julgado em 24.06.1994. 231
Direito de informação Júri popular

Instrumento de natureza administrativa derivado A nossa carta magna reconhece no seu inciso XXX-
do princípio da publicidade da atuação da adminis- VIII a instituição do júri, que é visto como uma prerro-
tração pública, tem como objetivo a atuação transpa- gativa democrática do cidadão, e que exige que o réu
rente em decorrência da própria indisponibilidade deve ser julgado pelos seus semelhantes. O tribunal
do interesse público, disciplinado nos incisos XXXIII é composto por um juiz togado e vinte cinco jurados
e LXXII do art. 5º da CF e Lei 9507/1997 que regula o que serão sorteados dentre os alistados.
direito de acesso a informações e disciplina o rito pro-
cessual do habeas data. XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a
organização que lhe der a lei, assegurados:
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos a) a plenitude de defesa;
públicos informações de seu interesse parti- b) o sigilo das votações;
cular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão c) a soberania dos veredictos;
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabi- d) a competência para o julgamento dos crimes
lidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja impres- dolosos contra a vida;
cindível à segurança da sociedade e do Estado;
Destarte, a competência mencionada na alínea “d”
Direito de certidão não é absoluta, pois não abrange os crimes pratica-
dos contra a vida perpetrados por detentores de foro
O Estado é obrigado a fornecer as informações especial por prerrogativa de função, que deverão ser
solicitadas, com exceção nas hipóteses de proteção julgados por tribunais específicos conforme previsto
por sigilo. Caso haja uma violação desse direito, que na Constituição.
é líquido e certo, o remédio constitucional cabível é o Ainda, o foro especial por prerrogativa de fun-
mandado de segurança, tema que também será abor- ção se refere ao órgão competente para julgar ações
penais contra certas autoridades públicas, levando-se
dado no título Garantias Constitucionais.
em conta o cargo ou a função que elas ocupam, de
O direito de certidão tem previsão no inciso XXXIV,
modo a proteger a função e a coisa pública, ou seja,
“b” do art. 5º da CF, e assegura a todos, independente
por ligar-se à função e não à pessoa, essa forma de
do pagamento de taxas, o seguinte: determinar o órgão julgador competente não acompa-
nha a pessoa após o fim do exercício do cargo.
XXXIV - são a todos assegurados, independente-
mente do pagamento de taxas:
Princípio da legalidade penal e da retroatividade da
[...]
lei
b) a obtenção de certidões em repartições públi-
cas, para defesa de direitos e esclarecimento de
Princípio da legalidade penal, com previsão no
situações de interesse pessoal;
inciso XXXIX do art. 5º da CF, também chamado de
princípio da reserva legal, refere-se à aplicação do
Importante frisar aqui que, conforme entendi- princípio da legalidade, de forma mais específica no
mento dos Tribunais, já se consolidou o entendimen- âmbito do direito penal.
to no sentido de que não se exige do administrado a Nesse sentido, crime será a conduta delituosa pre-
demonstração da finalidade específica do pedido. vista exclusivamente em lei, da mesma forma que a
cominação da pena, que não é admissível à configura-
Direito adquirido, coisa julgada e ato jurídico perfeito ção de crime baseado nos costumes.

Assim prevê o inciso XXXVI do art. 5º da CF: “a lei XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina,
não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico per- nem pena sem prévia cominação legal;
feito e a coisa julgada”. Entenda:
Direito adquirido é aquele direito que cumpriu Princípio da retroatividade da lei tem previsão no
todos os requisitos previstos em lei, como por exem- inciso XL do art. 5º da CF, consiste em analisar um fato
plo, o homem que cumpriu todos os requisitos exi- passado à luz de um direito presente, estabelece que
gidos para concessão da aposentadoria por idade, os fatos sejam apreciados com base na lei em vigor no
conforme determina o art. 201, § 7º, I da CF, tem o tempo do crime. Assim, a lei aplicável é a lei do tem-
direito adquirido para requerer seu benefício. po do crime, ou seja, na regra geral, as normas penais
não retroagem, salvo se trouxerem algum tipo de
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral benefício para o réu.
de previdência social, nos termos da lei, obedecidas
as seguintes condições: XL - a lei penal não retroagirá, salvo para benefi-
I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e ciar o réu;
62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, obser-
vado tempo mínimo de contribuição; Cuidado, aqui temos um exemplo de "exceção da
exceção":
Ato jurídico perfeito é o ato já realizado, confor- Crimes praticados durante a vigência de lei tempo-
me a lei vigente ao tempo que se realizou, pois nes- rária ou excepcional não podem ser beneficiados pela
te caso já cumpriu todos os requisitos conforme a lei retroatividade da lei mais benéfica.
vigente na época, tornando-se, portanto, completo. Lei excepcional é a lei criada para regular fatos
Coisa julgada ocorre no âmbito do processo judi- ocorridos dentro de uma situação irregular, a qual
cial, decisão judicial a qual não cabe mais recurso, tor- perde seus efeitos após findar situação irregular que
232 nando-a imutável e indiscutível. a motivou.
Lei temporária vigorou até extinguir-se o prazo de IX – furto qualificado pelo emprego de explo-
duração fixado pelo legislador, por exemplo, uma lei sivo ou de artefato análogo que cause perigo
que fixa a tabela de preços de artigos de consumo. comum (art. 155, § 4º-A).
III – o crime de comércio ilegal de armas de
Crimes fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de
dezembro de 2003;
IV – o crime de tráfico internacional de arma de
O legislador originário também se preocupou em
fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18
mencionar e observar crimes de tortura, tráfico ilíci- da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
to de drogas, terrorismo e a ação de grupos armados V – o crime de organização criminosa, quando
contra ordem constitucional. direcionado;

XLII - a prática do racismo constitui crime Fique atento com os artigos mencionados acima
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de e as novidades legislativas,pois são temas utilizados
reclusão, nos termos da lei;
com frequência pelas bancas examinadoras.
A pena de reclusão é a pena prevista para os casos GARANTIAS CONSTITUCIONAIS
mais graves, o qual o regime inicial será fechado, em
prisão de segurança máxima.
É importante não confundir direitos fundamentais
com garantias fundamentais. Os direitos fundamen-
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e
tais são vantagens, proteção em favor das pessoas,
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tor-
como por exemplo o direito de informação. Já as
tura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
garantias fundamentais são instrumentos processuais
afins, o terrorismo e os definidos como crimes
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os para defesa daqueles direitos, conhecidos como ações
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; ou remédios constitucionais, como por exemplo:
habeas data, habeas corpus, Mandado de Segurança,
Crimes hediondos são aqueles que a legislação Mandado de Injunção e a Ação Popular, conforme
entende que geram maior reprovação por parte da veremos a seguir.
sociedade, assim merecem uma rigidez maior. Não
são necessariamente crimes cometidos com alto grau Habeas corpus
de violência ou crueldade, mas sim os crimes previs-
tos expressamente no art. 1º da Lei 8.072/90. Tem como objetivo proteger o direito de ir e vir,
O homicídio qualificado é o primeiro mencionado ou seja, pode ser requerido sempre que alguém sofrer
na legislação, ou seja, quando praticado em circuns- ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação
tância que revele perversidade – por exemplo, se o em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
abuso de poder; está fundamentado no art. 5º, LXVIII
crime é praticado por motivo fútil ou torpe.
da CF e art. 647 a 667 do CPP,
Bem como, o homicídio praticado por grupo de
Pode ser habeas corpus preventivo para evitar
extermínio também está no rol dos crimes hediondos,
uma futura violação à liberdade, ou habeas corpus
mesmo que cometido por uma só pessoa do grupo.
repressivo, o qual busca o fim de uma coação já
cometida. Importante frisar também que não existe a
XLIV - constitui crime inafiançável e impres-
necessidade de um advogado para entrar com a ação.
critível a ação de grupos armados, civis ou mili-
tares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático; z Sujeito ativo (impetrante): qualquer pessoa.
z Vítima (paciente): qualquer pessoa, brasileiro ou
estrangeiro.
Entenda: prescrição é a perda do direito de punir
z Sujeito passivo (coator): autoridade ou agen-
do Estado pelo seu não exercício em determinado lap-
te público que cometeu ilegalidade ou abuso de
so de tempo.
poder contra particular.
Em 2015, duas leis incluíram, no rol de cri-
mes hediondos, o assassinato de policiais e o
Habeas corpus também pode ser impetrado por
feminicídio.
estrangeiro (desde que na língua portuguesa) contra
Em 2019, houve alterações na legislação penal e
particular.
processual diante da aprovação da Lei nº 13.964, tam- Não cabe habeas corpus contra punição disciplinar
DIREITO CONSTITUCIONAL

bém chamada de Pacote Anticrime; nessa oportuni- militar, salvo se imposta pela autoridade competente.
dade houve a inclusão de crimes no rol dos crimes Destacamos a seguir algumas Súmulas importan-
hediondos. tes do STF sobre o tema:
Veja quais foram os crimes incluídos:
Súmula 395: Não se conhece de recurso de habeas
II – roubo: corpus cujo objeto seja resolver sobre o ônus das
a) circunstanciado pela restrição de liberdade custas, por não estar mais em causa à liberdade de
da vítima (art. 157, § 2º, inciso V); locomoção.
b) circunstanciado pelo emprego de arma de Súmula 431: É nulo o julgamento de recurso crimi-
fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de nal, na segunda instância, sem prévia intimação, ou
arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. publicação da pauta, salvo em habeas corpus.
157, § 2º-B); Súmula 692: Não se conhece de habeas corpus con-
III – extorsão qualificada pela restrição da liber- tra omissão de relator de extradição, se fundado em
dade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava
morte (art. 158, § 3º); dos autos, nem foi ele provocado a respeito. 233
Súmula 693: Não cabe habeas corpus contra deci- jurídico-processuais, deverá ter seu mérito aprecia-
são condenatória a pena de multa, ou relativo a do”. (EDcl no MS 22.157/DF, Rel. Ministro Herman
processo em curso por infração penal a que a pena Benjamin, Rel. p/ Acórdão Ministro Luis Felipe Salo-
pecuniária seja a única cominada. mão, julgado em 14.03.2019, DJe 11.06.2019)
Súmula 694: Não cabe habeas corpus contra a
imposição da pena de exclusão de militar ou de per- „ Agente ativo: Pessoa física ou jurídica. Agentes
da de patente ou de função pública. políticos podem ser sujeitos ativo ou passivo.
Súmula 695: Não cabe habeas corpus quando já „ Agente passivo: autoridade, pessoa física
extinta a pena privativa de liberdade. revestida de poder público. União, Estados e
DF ingressarão como litisconsortes necessá-
Habeas data rios, por meio de seus procuradores; no caso do
município, através de seu Prefeito.
A previsão no art. 5º, LXXII da CF e Lei 9507/1997 „ Liminar: cabimento conforme art. 7º, III da Lei
regula o direito de acesso às informações e discipli- 12.016/2009, o juiz poderá determinar a suspen-
na o rito processual do habeas data tem o objetivo são do ato (que causou a violação do direito),
de acessar e retificar informações do impetrante que desde que exista motivo relevante, vejamos:
estão em um órgão público ou de caráter público8,
como por exemplo: entidade privada de caráter públi- Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:
co = SPC/SERASA. III - que se suspenda o ato que deu motivo ao
Note que, neste caso, precisa ser demonstrado pedido, quando houver fundamento relevante e
que foram solicitadas as informações em um pri- do ato impugnado puder resultar a ineficácia da
meiro momento, ou seja, precisa-se esgotar a via medida, caso seja finalmente deferida, sendo facul-
tado exigir do impetrante caução, fiança ou depósi-
administrativa.
to, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à
A doutrina e jurisprudência admitem que cônjuge,
pessoa jurídica.
ascendente, descendente ou irmão podem impetrar
habeas data em favor de terceiro, caso este esteja inca-
z Mandado de Segurança Coletivo
pacitado ou ausente.
Previsto no art. 5º, LXX da CF e no art. 21 da Lei
Mandado de Segurança
12.016/2009, tem o objetivo de proteger certo grupo de
pessoas (corporativo). Os requisitos e o prazo deca-
Agora passaremos à análise do mandado de segu- dencial são os mesmos do Mandado de Segurança
rança, sendo que este pode ser individual ou coletivo: individual.

z Mandado de Segurança Individual „ Agente ativo: Partido político com representa-


ção no Congresso Nacional; ou organização sindi-
Previsto no art. 5º LXIX da CF e Lei 12.016/2009, cal, entidade de classe ou associação legalmente
tem o objetivo de proteger direito líquido e certo constituída e em funcionamento há pelo menos
(requerido no prazo de 120 dias do conhecimento da um ano, em defesa de seus membros ou associa-
lesão), devidamente comprovado com provas docu- dos; deve demonstrar pertinência temática.
mentais; não há prova testemunhal nem pericial. Tem „ Agente passivo: autoridade coatora.
caráter subsidiário, ou seja, quando não for caso de „ Liminar: cabimento conforme art. 7º, III e art. 22§2º
habeas corpus e nem habeas data. da Lei 12.016/2009. Basta representar os requisitos
Cabível quando existe abuso ou ilegalidade de “fumus boni iuris” e “periculum in mora”.
autoridade pública. A súmula 625 do STF dispõe que
“Controvérsia sobre matéria de direito não impede con- Súmulas importantes do STF sobre o tema:
cessão de mandado de segurança”, ou seja, caso houver
dúvida a respeito de interpretação da lei não impede Súmula 629 do STF: A impetração de mandado de
o deferimento do mandado de segurança. segurança coletivo por entidade de classe em favor
Não cabe Mandado de segurança nos seguintes dos associados independe da autorização destes.
casos: Súmula 630 do STF: A entidade de classe tem legi-
timação para o mandado de segurança ainda quan-
„ Atos meramente informativos; do a pretensão veiculada interesse apenas a uma
„ Atos que transitaram em julgado; parte da respectiva categoria.
„ Ato administrativo que comporte recurso com
efeito suspensivo; e Mandado de Injunção
„ Ato judicial em fase recursal.
Tem previsão no art. 5º, LXXI da CF e Lei 13.300/2016
Cuidado! Referente aos atos que transitaram em (lei do MS), não tem lei específica própria; devem ser
julgado hoje, a jurisprudência entende por uma possí- observadas as normas da lei do Mandado de Seguran-
vel mitigação da súmula 268 do STF. Vejamos: ça, conforme prevê o art. 24, parágrafo único da lei
8.038/1990.
“No entanto, sendo a impetração do mandado
de segurança anterior ao trânsito em julga- Art. 24 [...]
do da decisão questionada, mesmo que venha Parágrafo único - No mandado de injunção e
a acontecer, posteriormente, não poderá ser no habeas data, serão observadas, no que couber,
invocado o seu não cabimento ou a sua perda as normas do mandado de segurança, enquanto
de objeto, mas preenchidas as demais exigências não editada legislação específica.

234 8 Caso a banca da sua prova for a FGV, esta entende que o habeas data é uma ação personalíssima.
z Aplicabilidade: falta de uma norma regulamen- A Ação popular é isenta de custas judiciais e do
tadora de direito, liberdade constitucional e das ônus de sucumbência.
prerrogativas inerentes a nacionalidade, sobera- Sobre o tema, vejamos também art. 5º, §4º da Lei
nia e cidadania. Buscar o exercício do direito para 4.717/1965:
uma pessoa ou certo grupo de pessoas.
Exemplo: Conseguir se aposentar ou exercer o Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado, é
direito de greve. competente para conhecer da ação, processá-la e
z Agente ativo: Qualquer pessoa. julgá-la o juiz que, de acordo com a organização
z Liminar: Mandado de Injunção não tem liminar. judiciária de cada Estado, o for para as causas que
interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado
Ação Popular ou ao Município.
§ 4º Na defesa do patrimônio público caberá à sus-
É um direito fundamental e individual de todo pensão liminar do ato lesivo impugnado.
cidadão, fundamentado no art. 5º, LXXIII e regulado
pela lei 4.717/1965, e tem como objetivo a proteção Ainda, é possível requerer a condenação por per-
do patrimônio público (erário), histórico, cultural, do das e danos dos responsáveis pela lesão. Cabe a todos
meio ambiente e da moralidade administrativa. Pro- os cidadãos a fiscalização da vida pública, auxiliando
tege o patrimônio público contra, por exemplo, obras o Estado na boa gestão da vida pública.
superfaturadas.
Ação popular pode ter duas formas, a preventi- DOS DIREITOS SOCIAIS
va, que é ajuizada antes da consumação dos efeitos
do ato, e repressiva, que visa corrigir os atos danosos Os direitos sociais têm previsão no art. 6º ao 11º
consumados. da Constituição, e também podem ser encontrados no
título VIII da Constituição Federal, que trata da ordem
z Agente ativo: Qualquer cidadão brasileiro. Se este social.
abandonar ação, outro cidadão poderá assumir. São direitos que pertencem à segunda geração dos
direitos fundamentais, ou seja, da dimensão que tra-
O Ministério Público não pode propor, mas ta dos direitos da democracia e informação, e alguns
pode assumir andamento e dar execução à decisão doutrinadores também os chamam de liberdades
da ação popular (legitimidade extraordinária ou positivas, quando o Estado precisa deixar de ser omis-
superveniente). so com o objetivo de assegurar uma compensação
resultante da desigualdade entre as pessoas.
z Agente passivo: administrador da entidade que Os direitos sociais exigem uma atuação do Estado
lesionou. em face da desigualdade social e tem aplicabilidade
imediata. Nesse sentido, com o objetivo de garantir a
Lei 4.717/1965 igualdade formal (ou também chamada de igualdade
jurídica, conforme prevê na CF/88, significa que todos
Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas devem ser tratados da mesma forma).
públicas ou privadas e as entidades referidas no art. Ainda, a Constituição dividiu os direitos sociais em
1º, contra as autoridades, funcionários ou adminis- três espécies:
tradores que houverem autorizado, aprovado, rati-
ficado ou praticado o ato impugnado, ou que, por z D ireitos sociais destinados a toda sociedade; (Art.
omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e con- 6º da CF)
tra os beneficiários diretos do mesmo.
z Direitos sociais para os trabalhadores; (Art.7° da
CF)
Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para plei- z Direitos sociais coletivos dos trabalhadores. (Art.
tear a anulação ou a declaração de nulidade de atos 8º ao 11º da CF)
lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos
Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de Direitos sociais destinados a toda sociedade
sociedades de economia mista (Constituição, art. 141,
§ 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a
represente os segurados ausentes, de empresas públicas, alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte,
de serviços sociais autônomos, de instituições ou funda- o lazer, a segurança, a previdência social, a prote-
DIREITO CONSTITUCIONAL

ções para cuja criação ou custeio o tesouro público haja ção à maternidade e à infância, a assistência aos
concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cen- desamparados, na forma desta Constituição.
to do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incor-
poradas ao patrimônio da União, do Distrito Federal,
Direitos garantidos para toda sociedade brasileira,
dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas
jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres com exceção, por exemplo, da previdência social, pois
públicos. neste caso só terá benefício quem for contribuinte e
preencher todos os requisitos legais exigidos.
z Liminar: Basta representar os requisitos “fumus
boni iuris” e “periculum in mora”. Direito à propriedade x direito à moradia

Súmula 101 do STF: O mandado de segurança não Direito de propriedade é um direito individual,
substitui a ação popular. conforme já estudado neste material, já o direito à
Súmula 365 do STF: Pessoa jurídica não tem legiti- moradia é um direito social, localizado no caput do
midade para propor ação popular. art. 6º da CF/88. 235
Direito à segurança, localizado no art. 5º (direi- XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes
to individual) e art. 6º (direito social), entenda a desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em
diferença: creches e pré-escolas;
Segurança mencionada no art. 5º da CF se refere à XXVI - reconhecimento das convenções e acordos
segurança jurídica, já a segurança mencionada no art. coletivos de trabalho;
6º da CF refere-se ao direito à segurança pública. XXVII - proteção em face da automação, na forma
da lei;
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a
Direitos sociais para os trabalhadores
cargo do empregador, sem excluir a indenização a
que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e
culpa;
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das
condição social:
relações de trabalho, com prazo prescricional de
I - relação de emprego protegida contra despedida
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais,
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
até o limite de dois anos após a extinção do contra-
complementar, que preverá indenização compensa-
to de trabalho;
tória, dentre outros direitos;
XXX - proibição de diferença de salários, de exercí-
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego
cio de funções e de critério de admissão por motivo
involuntário;
de sexo, idade, cor ou estado civil;
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente
tocante a salário e critérios de admissão do traba-
unificado, capaz de atender a suas necessidades
lhador portador de deficiência;
vitais básicas e às de sua família com moradia, ali-
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,
mentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higie-
técnico e intelectual ou entre os profissionais
ne, transporte e previdência social, com reajustes
respectivos;
periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
insalubre a menores de dezoito e de qualquer traba-
V - piso salarial proporcional à extensão e à com-
lho a menores de dezesseis anos, salvo na condição
plexidade do trabalho;
de aprendiz, a partir de quatorze anos;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador
convenção ou acordo coletivo;
com vínculo empregatício permanente e o trabalha-
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo,
dor avulso
para os que percebem remuneração variável;
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
VIII - décimo terceiro salário com base na remune-
trabalhadores domésticos os direitos previstos
ração integral ou no valor da aposentadoria;
nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII,
IX - remuneração do trabalho noturno superior à
XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e
do diurno;
XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em
X - proteção do salário na forma da lei, constituin-
lei e observada a simplificação do cumprimento
do crime sua retenção dolosa;
das obrigações tributárias, principais e acessórias,
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvin-
decorrentes da relação de trabalho e suas peculiari-
culada da remuneração, e, excepcionalmente, par-
dades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV
ticipação na gestão da empresa, conforme definido
e XXVIII, bem como a sua integração à previdência
em lei;
social.
XII - salário-família pago em razão do dependente
do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
XIII - duração do trabalho normal não superior a O mencionado dispositivo aborda os direitos dos
oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, trabalhadores de uma forma genérica, pois todos são
facultada a compensação de horários e a redução tratados de forma específica em legislação especial.
da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva Cabe ressaltar neste tópico que os examinadores
de trabalho; das bancas costumam perguntar datas e questões
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realiza- numéricas. Por exemplo, um tema sempre muito
do em turnos ininterruptos de revezamento, salvo cobrado em provas é sobre a prescrição trabalhista,
negociação coletiva; ou seja, o prazo máximo para entrar com a reclama-
XV - repouso semanal remunerado, preferencial- ção trabalhista após o término do contrato de trabalho
mente aos domingos; para discutir os últimos cinco anos; ou seja, os crédi-
XVI - remuneração do serviço extraordinário tos trabalhistas prescrevem nos últimos cinco anos.
superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do
normal;
z Prazo para entrar com reclamação trabalhista: 2
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo
menos, um terço a mais do que o salário normal;
anos. Prescrição dos créditos: últimos 5 anos.
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego z Direitos sociais coletivos dos trabalhadores
e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; DIREITOS SOCIAIS COLETIVOS DOS
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, TRABALHADORES
mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical,
sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; observado o seguinte:
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por I - a lei não poderá exigir autorização do Estado
meio de normas de saúde, higiene e segurança; para a fundação de sindicato, ressalvado o regis-
XXIII - adicional de remuneração para as atividades tro no órgão competente, vedadas ao Poder Públi-
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; co a interferência e a intervenção na organização
236 XXIV - aposentadoria; sindical;
II - é vedada a criação de mais de uma organização A nacionalidade é considerada pela CF/88 um
sindical, em qualquer grau, representativa de cate- direito fundamental, e tem previsão no título II da CF.
goria profissional ou econômica, na mesma base O Brasil adota dois critérios para definir a aquisi-
territorial, que será definida pelos trabalhadores ção da nacionalidade brasileira:
ou empregadores interessados, não podendo ser
inferior à área de um Município; z jus solis: atribui nacionalidade ao território onde
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes- o indivíduo nasce.
ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive z jus sanguinis: atribui a nacionalidade ao vínculo
em questões judiciais ou administrativas; sanguíneo.
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que,
em se tratando de categoria profissional, será des-
Brasileiro nato
contada em folha, para custeio do sistema con-
federativo da representação sindical respectiva,
Conforme prevê o art. 12, inciso I da CF, é conside-
independentemente da contribuição prevista em lei;
rado brasileiro nato:
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
filiado a sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas z Nascidos no Brasil, ainda que de pais estrangeiros,
negociações coletivas de trabalho; desde que estes não estejam a serviço de seu
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser país.
votado nas organizações sindicais;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicali- No que diz respeito à necessidade de ambos os
zado a partir do registro da candidatura a cargo de genitores estrangeiros estarem a serviço do país,
direção ou representação sindical e, se eleito, ainda entende-se que deve haver a verificação do fato do
que suplente, até um ano após o final do mandato, deslocamento desse Estado (país) ao Brasil ter ocorri-
salvo se cometer falta grave nos termos da lei. do em virtude de interesse do seu país. Ainda que um
Parágrafo único. As disposições deste artigo apli- deles não exerça função governamental, por exemplo:
cam-se à organização de sindicatos rurais e de Pais argentinos, a serviço da Argentina – nesse
colônias de pescadores, atendidas as condições que caso o filho nascido no Brasil não será brasileiro nato9.
a lei estabelecer. Pais argentinos a serviço do Uruguai – nesse caso o
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo filho nascido no Brasil será brasileiro nato, pois os pais
aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de não estão a serviço de seu país (no exemplo, Argentina).
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio
dele defender. z Nascidos no estrangeiro, de pai ou mãe brasileira,
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essen- desde que qualquer um deles esteja a serviço
ciais e disporá sobre o atendimento das necessida- do Brasil;
des inadiáveis da comunidade.
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis Neste caso o termo a “serviço da República Federati-
às penas da lei. va do Brasil” engloba a serviço da administração direta e
Art. 10 É assegurada a participação dos trabalha- indireta da União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
dores e empregadores nos colegiados dos órgãos
públicos em que seus interesses profissionais z Nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe
ou previdenciários sejam objeto de discussão e
brasileira, desde que sejam registrados em repar-
deliberação.
tição brasileira competente (embaixada ou con-
Art. 11 Nas empresas de mais de duzentos empre-
sulado) ou venham a residir no Brasil e optem,
gados, é assegurada a eleição de um representante
em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira.
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes
o entendimento direto com os empregadores.
O filho poderá optar pela nacionalidade brasileira
observando três requisitos cumulativos:
As garantias deste último grupo de direitos sociais
estão divididas em: direito de associação sindical,
z I dade mínima: 18 anos;
direito de greve e direito de representação.
z Residência no Brasil;
Direito de associação sindical tem relação com o
z Obedecendo aos dois requisitos acima, deve-
princípio da liberdade de associação. Direito de gre- -se optar a qualquer tempo pela nacionalidade
ve, citado no art. 9º, não é o mesmo direito de greve
DIREITO CONSTITUCIONAL

brasileira.
assegurado ao servidor público no art. 37 da CF, ou
seja, a greve mencionada no art. 9º é autoaplicável A Constituição Federal em seu art. 12 §3º determi-
(norma de eficácia contida), não sendo necessária lei na quais os cargos que são PRIVATIVOS para brasilei-
para regulamentar o direito de greve. Já o direito de ro nato, vejamos:
representação, está presente no art. 11 da CF.
z �Presidente e Vice-Presidente da República;
DA NACIONALIDADE z �Presidente da Câmara dos Deputados;
z �Presidente do Senado Federal;
Ligação que une um indivíduo a cada território. z �Ministro do STF;
Grande parte dos países determina o modo de aqui- z �Carreira Diplomática;
sição e perda da nacionalidade em suas respectivas z �Oficial das Forças Armadas;
constituições. z �Ministro de Estado da Defesa.
9 Observe nos exemplos como pode ser cobrada a matéria na prova. 237
Naturalizados Importante frisar que o brasileiro nato não pode
ser extraditado. Se for o caso, deve ser entregue ao
Neste caso, o indivíduo não tem vínculo nem de TPI-Tribunal Penal Internacional, sendo que; podem
solo nem de sangue com o Brasil, mas quer tornar- ser entregues ao TPI os brasileiros natos, naturaliza-
-se brasileiro, simplesmente por vontade, ou seja, é o dos e estrangeiros.
estrangeiro que optou pela nacionalidade brasileira Ainda, o Estatuto de Roma do Tribunal Penal
(art. 12, inciso II da CF). Internacional, decreto Lei nº 4388/2002, em seu art.
102, define a diferença entre a entrega e extradição,
vejamos:
z Estrangeiros provenientes de países de língua
portuguesa devem ter um ano de residência no
z P
or “entrega”, entende-se a entrega de uma pessoa
Brasil e idoneidade moral.
por um Estado ao Tribunal nos termos do presente
Ex.: Portugal, Angola, Cabo Verde e etc.
Estatuto.
z Nacionalidade extraordinária: para os demais z
Por “extradição”, entende-se a entrega de uma
estrangeiros, deve-se ter 15 anos de residência pessoa por um Estado a outro Estado, conforme
ininterrupta e ausência de condenação penal. previsto em um tratado, em uma convenção ou no
direito interno.
O Supremo Tribunal Federal entende que a natu-
ralização extraordinária é ato declaratório do Brasil. CONSIDERAÇÕES REFERENTES À NACIONALIDADE
Estrangeiro que provar os requisitos necessários,
ou seja, possuir 15 anos de residência ininterrupta e Extradição
ausência de condenação penal, tem o direito subjetivo
à naturalização. Negado este pedido, caberá Mandado Entrega de um Estado (país) a outro Estado (país)
de Segurança. de pessoa acusada de delito ou já condenada. Note
Importante mencionar também a leitura do Esta- que, conforme a súmula 421 do STF, não há impedi-
tuto do Estrangeiro, a Lei nº 6.815/1980. mento à extradição o fato de o extraditado ser casado
com brasileira ou ter filho brasileiro.
Conforme prevê o art. 22, inciso XV da CF, compete
Perda da Nacionalidade
à União legislar sobre extradição.
A constituição brasileira também dispõe que
Conforme art. 14 §4º da CF/88, tanto o brasilei-
ro nato quanto o naturalizado poderá perder a sua “nenhum brasileiro será extraditado, salvo o
nacionalidade. naturalizado, em caso de crime comum, praticado
Existem dois instrumentos que podem ser usados antes da naturalização, ou de comprovado
para decretar a perda da nacionalidade brasileira: envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins, na forma da lei.” Bem como, “não será
z S
entença Judicial transitada em julgado: esta concedida extradição de estrangeiro por crime político
alcança apenas o brasileiro naturalizado que feriu ou de opinião” (art. 5º, incisos LI e LII da CF).
o interesse nacional. Neste caso, o indivíduo que
perdeu a nacionalidade poderá apenas readqui- Ainda, o art. 102, I, g da CF dispõe que o Supremo
ri-la por meio de uma ação, chamada de Ação Tribunal Federal será o responsável por processar e
Rescisória.10 julgar a extradição solicitada pelo Estado estrangeiro.
z
Brasileiro nato e naturalizado que adquire
voluntariamente outra nacionalidade; este ato Expulsão
engloba tanto a aceitação quanto o pedido da natu-
Modo de tirar o estrangeiro do Brasil de modo
ralização oferecida por outro país. Neste caso, exis-
coativo, por infração ou ato que o torne inconve-
tem duas exceções, ou seja, existem dois casos em niente à defesa e à conservação da ordem interna do
que é permitida a dupla cidadania: Estado.
Neste caso, a União é responsável para legislar
„ R econhecimento da nacionalidade pela lei sobre expulsão, conforme art. 22, inciso XV da CF.
estrangeira; Não ocorrerá a expulsão em duas hipóteses: dife-
„ Imposição por outro país, como condição de rente da extradição, a expulsão não será admitida
permanência em seu território ou para exer- quando o indivíduo tiver cônjuge brasileiro (desde
cício dos direitos civis. Exemplo: atletas/joga- que não esteja divorciado ou separado de fato) e o
casamento tiver sido celebrado há mais de cinco anos,
dores de futebol quando são “vendidos” e
ou que tenha filho brasileiro, desde que este esteja sob
representam times estrangeiros.
sua guarda e dependência econômica.

Atualmente compete ao Ministro da Justiça decla- Deportação


rar a perda e a requisição da nacionalidade.
Ainda, o art. 5º, inciso LI da CF, dispõe que nenhum Refere-se ao estrangeiro que ingressou ou perma-
brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, neceu de forma irregular no território nacional, ou
em caso de crime comum, praticado antes da natura- seja, é a devolução do estrangeiro por entrar no Brasil
lização, ou se comprovado envolvimento em tráfico de forma irregular. Assim, não há deportação de brasi-
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei. leiros no Brasil (art. 5º, inciso XV da CF).
238 10 Ação rescisória é um meio processual que tem o objetivo de desconstituir ou revogar acórdão ou sentença transitada em julgado.
XV - é livre a locomoção no território nacional em
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos ter- EXERCÍCIOS COMENTADOS
mos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair
com seus bens; 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Servidores públicos de
determinado estado da Federação iniciaram movi-
Note que a deportação não tem relação com a prática mento grevista, motivados pelo atraso no pagamen-
do estrangeiro em território brasileiro, mas sim, do não to de seus vencimentos, na tentativa de regularizar
cumprimento dos requisitos legais para sua entrada. a situação salarial. Inconformado com a paralisação
Não existe mais o instituto do banimento, que era de atividades que julgava essenciais, o gestor público
o envio compulsório de brasileiros para o exterior. expediu ato administrativo determinando o desconto
Observe também que há vedação constitucional de do salário dos servidores grevistas, bem como o pro-
seu reestabelecimento no art. 5º, XLVII, d, da CF. cessamento da devida anotação funcional.
Para complementar o entendimento é de extrema Nessa situação hipotética, o instrumento processual
relevância ter as disposições dos artigos 12 e 13 da CF
de controle judicial que o sindicato dos servidores
em mente. Vejamos:
deverá invocar para suspender o ato administrativo de
desconto e anotação dos dias não trabalhados é o
Art. 12 São brasileiros:
I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, a) mandado de injunção.
ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não b) recurso ordinário.
estejam a serviço de seu país; c) habeas corpus.
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou d) habeas data.
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a e) mandado de segurança.
serviço da República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou No caso em tela, houve uma violação de um direito
de mãe brasileira, desde que sejam registrados em líquido e certo previsto na constituição; uma afron-
repartição brasileira competente ou venham a resi- ta a esse direito de greve dá causa ao Mandado de
dir na República Federativa do Brasil e optem, em Segurança. Sobre o tema, o STF já se posicionou
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, sobre a ilegalidade do desconto, em virtude de greve
pela nacionalidade brasileira; motivada por ilicitude do poder público – STF. RE n.
II - naturalizados: 693.456 - Tema 531. Resposta: Letra E.
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionali-
dade brasileira, exigidas aos originários de países
de língua portuguesa apenas residência por um ano
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item seguinte,
ininterrupto e idoneidade moral; relativo ao direito de nacionalidade.
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, resi- Os indivíduos que possuem multinacionalidade vincu-
dentes na República Federativa do Brasil há mais de lam-se a dois requisitos de aquisição de nacionalidade
quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, primária: o direito de sangue e o direito de solo.
desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
§ 1º Aos portugueses com residência permanente ( )CERTO  ( )ERRADO
no País, se houver reciprocidade em favor de brasi-
leiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao bra- O Brasil adota dois critérios para definir a aquisição
sileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. da nacionalidade brasileira: direito de solo (na sua
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre prova também pode ser chamada de jus solis), que
brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos atribui nacionalidade ao território onde o indivíduo
previstos nesta Constituição. nasce, e direito de sangue (também pode ser chama-
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
do de jus sanguinis), que atribui a nacionalidade ao
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
vínculo sanguíneo. Resposta: Certo.
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; 3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A respeito dos direitos e
V - da carreira diplomática; garantias fundamentais, julgue o item que se segue,
VI - de oficial das Forças Armadas. tendo como referência a jurisprudência do Supremo Tri-
VII - de Ministro de Estado da Defesa bunal Federal.
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do É vedado ao legislador editar lei em que se exija o
brasileiro que: pagamento de custas processuais para a impetração
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença de habeas corpus.
DIREITO CONSTITUCIONAL

judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse


nacional; ( )CERTO  ( )ERRADO
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária O habeas corpus não tem custas processuais, é gra-
pela lei estrangeira; tuito e também não tem necessidade de advogado,
b) de imposição de naturalização, pela norma
conforme prevê o art. 5º, inciso LXXVII da Constitui-
estrangeira, ao brasileiro residente em estado
ção. Resposta: Certo.
estrangeiro, como condição para permanência em
seu território ou para o exercício de direitos civis;
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da 4. (FCC – 2019) Acerca do que dispõe a Constituição
República Federativa do Brasil. Federal sobre nacionalidade,
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil
a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. a) são brasileiros natos os nascidos na República Fede-
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios rativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde
poderão ter símbolos próprios. que estes não estejam a serviço de seu país. 239
b) a lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros A Constituição Federal de 1988 estabeleceu regras
natos e naturalizados, salvo nos casos previstos em gerais e preceitos específicos no Título III, Capítulo
lei complementar. VII. São normas que tratam da organização, diretrizes,
c) é privativo de brasileiro nato o cargo de membro da remuneração e atuação dos servidores, acesso aos car-
Câmara dos Deputados. gos públicos etc. Assim, a seguir passaremos a estudar as
d) será declarada a perda da nacionalidade do brasilei- regras e preceitos específicos da Administração Pública.
ro que tiver cancelada sua naturalização, por decisão
administrativa, em virtude de atividade nociva ao inte- NATUREZA E ELEMENTOS
resse nacional.
e) é fator impeditivo de aquisição da nacionalidade bra-
O Título III, da Constituição Federal refere-se às nor-
sileira a condenação, por improbidade administrativa,
mas das orientações de atuação dos agentes adminis-
de cidadão estrangeiro residente no Brasil por período
trativos, empregos públicos, responsabilidade civil etc.,
superior a quinze anos ininterruptos.
ou seja, trata-se da administração de bens e interesse
público, assim, conclui-se que a administração públi-
Sim, são brasileiros natos os nascidos na República
ca tem natureza de “múnus público”. Por exemplo,
Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros,
os agentes públicos são obrigados a velar pela estrita
desde que estes não estejam a serviço de seu país.
observância dos princípios de legalidade, impessoa-
Atente-se, sempre que a questão mencionar que os
lidade, moralidade e publicidade no trato dos assun-
pais estão a serviço do seu país de origem: o filho
tos que lhe são afetos, caso contrário o agente estará
nascido no Brasil não será brasileiro nato. Respos-
cometendo ato de improbidade administrativa sujeito
ta: Letra A.
as sanções e penalidades previstas na Lei nº 8429/1992.
5. (FGV – 2019) João, servidor público, preencheu todos
os requisitos exigidos para o recebimento de determi- Dica
nado benefício pecuniário, mas decidiu que iria reque- A palavra múnus tem origem no latim e signifi-
rê-lo somente na semana seguinte. Ocorre que, no dia ca dever, obrigação etc. O múnus público é uma
anterior àquele em que apresentaria o seu requerimen-
obrigação imposta por lei, em atendimento ao
to, foi editada a Lei nº XX, que extinguiu o benefício.
poder público, que beneficia a coletividade e não
À luz da sistemática constitucional, a edição da Lei nº
XX: pode ser recusado, exceto nos casos previstos
em lei. Por exemplo: dever de votar, depor como
a) impede que João receba o benefício; testemunha, atuar como mesário eleitoral, servi-
b) não impede que João receba o benefício, pois a lei ço militar, entre outros.12
não pode prejudicar a coisa julgada;
c) não impede que João receba o benefício, pois a lei Toda vez que a administração pública pratica uma
não pode prejudicar o direito adquirido; ação que produz um efeito jurídico, chamamos de ato
d) não impede que João receba o benefício, pois a lei administrativo que produz efeitos que podem criar,
não pode prejudicar o ato jurídico perfeito; modificar ou extinguir direitos.
e) somente impedirá que João receba o benefício Os elementos dos atos administrativos são com-
caso não o requeira no dia imediato à promulga- petência, objeto, motivo, finalidade e forma. Toda
ção da lei. vez que um ato é praticado deve se observar qual é a
competência da pessoa que o praticou, ou seja, a com-
João deve receber o benefício, pois a lei, na data em petência é a função atribuída a cada órgão ou autori-
que foi editada, já garantia seu direito adquirido. Cui- dade por lei, tem como característica ser irrenunciável,
dado para não confundir coisa julgada com direito imprescritível, inderrogável e improrrogável.
adquirido, sendo que na coisa julgada é conferida a O art. 12 da Lei nº 9.784/1999 (Lei que regula o
sentença quando não cabem mais recursos e o direi- processo administrativo no âmbito da administração
to adquirido se dá quando o indivíduo já preencheu pública), permite a delegação de competência, vejamos:
todos os requisitos exigidos por lei (no tempo em que
determinada lei era vigente) para se beneficiar de Art. 12 Um órgão administrativo e seu titular pode-
determinado direito. Resposta: Letra C. rão, se não houver impedimento legal, delegar par-
te da sua competência a outros órgãos ou titulares,
ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente
subordinados, quando for conveniente, em razão de
circunstâncias de índole técnica, social, econômica,
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO jurídica ou territorial.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA aplica-se à delegação de competência dos órgãos
colegiados aos respectivos presidentes.
Disposições Gerais
O resultado do ato administrativo é o objeto, ou
Segundo José Afonso da Silva (2017), adminis- seja, é aquilo que o ato decide, por exemplo, a puni-
tração pública é o conjunto de meios institucionais, ção decorrente de uma multa de trânsito. O elemento
financeiros e humanos destinados à execução das motivo são as razões de fato e de direito que levaram
decisões políticas11. a Administração Pública a praticar determinado ato,
11  SILVA, op. cit, p. 665.
12 Disponível em <https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/edicao-semanal/munus-publico.> Acesso
240 em: 12 out 2020.
por exemplo, é a infração de trânsito que deu origem própria autoridade que aplicou a penalidade, que
a multa. A finalidade deve objetivar alcançar sempre será concedida sempre que o contratado ressarcir
o interesse público (definido em lei), é o resultado a Administração pelos prejuízos resultantes e após
que a Administração Pública pretende alcançar com decorrido o prazo da sanção aplicada com base no
determinado ato, por exemplo, a desapropriação por inciso anterior.
utilidade pública. Por fim, a forma é manifestação do
ato, por exemplo, publicar no Diário Oficial da União O poder hierárquico atribui a distribuição de
a nomeação do Servidor Público. competências no âmbito da Administração Pública,
ou seja, é o escalonamento de competências e funções.
Já o poder de polícia é quando o Estado coloca con-
COMPETÊNCIA Atribuição legal para praticar o ato. dições (limites) ao exercício de direitos individuais,
para garantia da ordem pública, segurança pública,
OBJETO Resultado do ato, o que o ato decide. interesse público e saúde pública. Por exemplo, a
MOTIVO Razões fáticas e jurídicas. determinação pela autoridade competente de fecha-
mento de um estabelecimento comercial por vender
Resultado que o ato deseja (interesse produtos com prazo de validade vencido.
FINALIDADE
público). Cuidado para não confundir poder de polícia com
a prestação de serviço público que são ações positi-
FORMA Manifestação do ato. vas, fazeres do Estado. O art. 78 do Código Tributário
Nacional traz o conceito do poder de polícia, observe:
PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 78 Considera-se poder de polícia atividade
Os poderes que a Administração Pública possui são da administração pública que, limitando ou dis-
exercidos quando o Estado assume a sua função admi- ciplinando direito, interesse ou liberdade, regula
nistrativa. A função administrativa é exercida pelos a prática de ato ou abstenção de fato, em razão
três poderes da República, de forma típica pelo exe- de interesse público concernente à segurança, à
cutivo e de forma atípica pelo legislativo e judiciário. higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da
Ainda, a Administração Pública não pode renun- produção e do mercado, ao exercício de atividades
ciar os poderes, sendo exercício obrigatório. Assim, econômicas dependentes de concessão ou autoriza-
ção do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao
agora vamos falar sobre cada um dos poderes atribuí-
respeito à propriedade e aos direitos individuais ou
dos à Administração Pública.
coletivos.
Temos a princípio o poder vinculado que é o Parágrafo único. Considera-se regular o exercício
poder que a Administração Pública deve exercer nos do poder de polícia quando desempenhado pelo
termos da lei. órgão competente nos limites da lei aplicável, com
Quanto ao poder discricionário, a Administração observância do processo legal e, tratando-se de
possui uma margem de escolha entre as opções exis- atividade que a lei tenha como discricionária, sem
tentes na lei. abuso ou desvio de poder.
Por sua vez, o poder normativo é aquele conferi-
do ao Poder Executivo para editar normas, por exem- ORGANIZAÇÃO
plo, conforme art. 84 da CF/88, inciso IV, vejamos:
A organização no Estado Federal é complexa, por-
Art. 84 Compete privativamente ao Presidente da que a função administrativa é institucionalmente
República: imputada a diversas entidades governamentais
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, autônomas, que, no caso brasileiro estão expressa-
bem como expedir decretos e regulamentos para mente referidas no próprio art. 37, de onde decorre
sua fiel execução; a existência de várias Administrações Públicas: a
federal (da União), a de cada Estado (Administra-
Por conseguinte, o poder disciplinar é o poder ção estadual), a do Distrito Federal e a de cada
que fundamenta a Administração Pública a aplicar Município (Administração municipal ou local),
sanção disciplinar e apurar possíveis infrações dos cada qual submetida a um Poder político próprio,
servidores públicos. Importante frisar que os parti- expresso por uma organização governamental
autônoma. (SILVA, 2017, p. 665).
culares contratados pela administração pública tam-
bém se sujeitam ao poder disciplinar, por exemplo,
Conforme o art. 4º do Decreto-Lei 200/1967 a Admi-
estão sujeitos às penalidades impostas no art. 87 da
DIREITO CONSTITUCIONAL

nistração Pública no Brasil compreende em adminis-


Lei 8.666/1993.
tração direta e administração indireta.
Art. 87 Pela inexecução total ou parcial do con-
Art. 4º A Administração Federal compreende:
trato a Administração poderá, garantida a prévia
I - A Administração Direta, que se constitui dos
defesa, aplicar ao contratado as seguintes sanções:
serviços integrados na estrutura administrativa da
I - advertência;
Presidência da República e dos Ministérios.
II - multa, na forma prevista no instrumento convo- Exemplo: São os também os chamados entes políti-
catório ou no contrato; cos com autonomia para se organizar e editar suas
III - suspensão temporária de participação em lici- normas.
tação e impedimento de contratar com a Adminis- II - A Administração Indireta, que compreende
tração, por prazo não superior a 2 (dois) anos; as seguintes categorias de entidades, dotadas de
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou personalidade jurídica própria:
contratar com a Administração Pública enquanto a) Autarquias;
perdurarem os motivos determinantes da punição b) Empresas Públicas;
ou até que seja promovida a reabilitação perante a c) Sociedades de Economia Mista. 241
d) fundações públicas. z A Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista
Parágrafo único. As entidades compreendidas na na prova também podem ser chamadas de: Empre-
Administração Indireta vinculam-se ao Ministério sas Estatais.
em cuja área de competência estiver enquadrada
sua principal atividade.
ADM. PÚBLICA ADM. PÚBLICA
DIRETA INDIRETA
A Administração Pública direta é composta por Entidade
pessoas jurídicas de direito público regidas pelos administrativa.
princípios da supremacia do interesse público sobre o Entes políticos
Autarquias-fundações
FORMAÇÃO União - Estados - DF
particular e da indisponibilidade do interesse público. públicas-sociedade de
- Municípios
Ainda, tem autonomia política (para editar normas), economia mista – em-
administrativa (organização) e financeira (podem presas públicas.
realizar auditoria das próprias contas, além da lei de Pessoas jurídicas de
responsabilidade fiscal), sendo que os Entes da Admi- direito público, com Pessoas jurídicas de
nistração Pública direta não possuem hierarquia. O autonomia política, direito público e priva-
NATUREZA administrativa e fi- do, com autonomia ad-
texto constitucional no art. 18 dispõe da administra-
nanceira. Entes po- ministrativa, técnica e
ção direta, vejamos: líticos são PJ de DP financeira.
interno.
Art. 18 A organização político-administrativa da Não existe hierarquia
República Federativa do Brasil compreende a União, Não tem subordinação
ESPECIFIDADES entre os entes, esses
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos entre elas.
têm autonomia.
autônomos, nos termos desta Constituição.
PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DA ADMINISTRAÇÃO
A banca examinadora ao formular uma questão PÚBLICA
também pode se referir aos entes da Administração
Direta pelos seguintes nomes: Os princípios específicos da Administração Pública
estão fundamentados no caput do art. 37 da Constitui-
z �Entes Federados; ção, são os chamados princípios constitucionais explí-
z �Entes Políticos; citos da administração pública, vejamos:
z �Pessoas Políticas;
Art. 37 A administração pública direta e indireta
z �Administração Centralizada.
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
Já as entidades da Administração Pública indire- princípios de legalidade, impessoalidade, moralida-
ta são entidades criadas pela administração pública de, publicidade e eficiência [...].
direta (por meio de lei, tendo uma finalidade espe-
cífica), que tem autonomia administrativa (para se Vamos à análise de cada um dos princípios expres-
organizar), técnica (atribuições especificadas em lei) sos no caput dispositivo em comento.
e financeira, ou seja, a Administração Pública indireta No princípio da legalidade o agente público está
é quando o serviço público é prestado pelo estado de restringido ao que a lei o autoriza a fazer (compe-
forma descentralizada. tência de atuação), ou seja, deve atuar somente den-
Fazem parte da Administração Pública indireta as tro dos limites estabelecidos em lei, assim, quando o
Autarquias, Fundações Públicas, Sociedade de Econo- agente pratica um ato que não está previsto em lei,
mia Mista e Empresas Públicas: este pratica um ato inválido. Por exemplo, o agente
público recebe vantagem econômica de qualquer
z A utarquias Federais: são responsáveis pela fisca- natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração
lização e regulamentação de atividades ligadas à ou a prática de jogos de azar.
telecomunicação, energia elétrica e petróleo. Ex.: No princípio da impessoalidade (ou princípio da
ANATEL, ANEEL, ANP; finalidade) o agente público sempre deve prezar pela
z Fundações: são entidades que executam ativida- defesa do interesse público, ainda objetiva a isonomia
des sociais (pesquisa/saúde/ensino) sem fins lucra- (tratar a todos sem privilégio) no exercício das fun-
tivos. Ex.: FUNASA, FUNAI etc.; ções públicas.
z Empresas Públicas: são entidades em que 100% Já o princípio da moralidade está relacionado à
do capital é público, podendo ser tanto uma socie- ideia de boa fé e probidade, sendo que o agente deve
dade anônima como uma sociedade limitada. Ex.: atuar buscando o interesse público e evitar se valer do
Correios e Caixa Econômica Federal; cargo público e do poder incumbido para se promover
z Sociedade de Economia Mista: deve ser criada ou atender algum interesse individual.
necessariamente sobre a forma de uma sociedade No que tange ao princípio da publicidade, este
anônima (S.A). Seu capital é formado por dinheiro exige que a atuação do poder público seja transparen-
público e privado. Ex.: Banco do Brasil e Petrobras. te e com acesso à informação a toda população, sendo
que as informações devem ser claras e publicadas no
A administração direta exerce o chamado controle Diário Oficial, ou em canais oficiais de publicidade
finalístico ou supervisão ministerial sobre a adminis- (editais) conforme a lei de acesso à informação, assim
tração indireta. os cidadãos podem fiscalizar os atos praticados pelos
Ainda, a banca examinadora ao formular uma agentes públicos.
questão também pode se referir aos entes da Admi- No que concerne aos princípios, o princípio da
nistração Indireta com os seguintes nomes: eficiência, como o próprio nome já demonstra, refe-
re-se à atuação da administração pública com preste-
z Entidade Administrativa; za e da maneira mais eficiente possível, por exemplo,
242 z Administração Pública Descentralizada; a presteza do agente público no atendimento em um
hospital, objetivando garantir o atendimento mais PRINCÍPIOS DA
rápido possível aos pacientes, garantindo a estes ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
o acesso ao médico e medicamentos de maneira
eficiente. EXPLÍCITOS IMPLÍCITOS

z Princípios implícitos Expressos art. 37 CF/88


“L I M P E”
Ainda, além dos princípios expressos no art. 37 da � Supremacia do Inte-
z Legalidade; resse Público;
Constituição, a Administração Pública também deve
z Impessoalidade; � Razoabilidade;
observar os da supremacia do interesse público,
z Moralidade; z Proporcionalidade;
princípio da razoabilidade, princípio da propor-
z Publicidade; z Autotutela;
cionalidade, princípio da autotutela e princípio da z Eficiência. z Segurança Jurídica.
segurança jurídica. Essas são as prerrogativas cha-
madas de “princípios implícitos” que, apesar de não
O Agente público deve observar os princípios
estarem expressos na Constituição, também devem administrativos explícitos do art. 37 da CF e também
ser observados pela Administração Pública. os princípios implícitos da Administração Pública,
Os princípios implícitos são obtidos por meio de sendo que a não observância do mesmo resultará em
uma construção lógica e doutrinária, ora, estão implí- responsabilização criminal, civil e administrativa.
citos no texto mesmo não aparecendo expressamente. Para complementar o seu entendimento, é de
Por exemplo, o princípio da razoabilidade, não está essencial importância ter as disposições gerais da
escrito (expresso) na Constituição Federal, mas ele Administração Pública em mente, especialmente aos
também pode ser observado a partir do que dispõe o destaques, que sinalizam inovações legislativas.
art. 5º, inciso LXXVIII da CF, vejamos:
Art. 37 A administração pública direta e indireta de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distri-
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administra-
to Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
tivo, são assegurados a razoável duração do pro- de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida-
cesso e os meios que garantam a celeridade de sua de e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada
tramitação. pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - os cargos, empregos e funções públicas são aces-
Referente ao princípio da razoabilidade e pro- síveis aos brasileiros que preencham os requisitos
porcionalidade o agente público quando vai agir estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros,
deve praticar os atos de forma proporcional, para na forma da lei; (Redação dada pela Emenda Cons-
evitar os excessos, serve de limite para os atos discri- titucional nº 19, de 1998)
cionários. Por exemplo, o art. 132, VII, da Lei nº Lei II - a investidura em cargo ou emprego público
depende de aprovação prévia em concurso público
8.112/90, prevê a demissão do servidor público em
de provas ou de provas e títulos, de acordo com a
caso de ofensa física, em serviço, entretanto no caso natureza e a complexidade do cargo ou emprego,
das carreiras policiais esse dispositivo deve ser anali- na forma prevista em lei, ressalvadas as nomea-
sado com cautela, até pelo fato da necessidade do uso ções para cargo em comissão declarado em lei de
de força física em alguns casos, sendo que esta não é livre nomeação e exoneração; (Redação dada pela
uma regra e deve ser analisada junto ao caso concreto. Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Já o princípio da supremacia do interesse público III - o prazo de validade do concurso público será de
se refere ao interesse público, devendo este sempre até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edi-
sobressair ao interesse particular, ou seja, interesse
tal de convocação, aquele aprovado em concurso
da sociedade prevalece sobre o interesse individual.
público de provas ou de provas e títulos será con-
Por exemplo, como ocorreu no Brasil em março de vocado com prioridade sobre novos concursados
2020 com a pandemia (Covid-19) e a determinação para assumir cargo ou emprego, na carreira;
pelo poder público para que ocorresse o isolamento V - as funções de confiança, exercidas exclusiva-
(lockdown) horizontal, ou seja, a população teve seu mente por servidores ocupantes de cargo efetivo,
direito fundamental de ir e vir restrito, diante da cala- e os cargos em comissão, a serem preenchidos
midade pública decretada, note que, o interesse da por servidores de carreira nos casos, condições e
coletividade deve ser sempre observado e ter prefe- percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se
DIREITO CONSTITUCIONAL

apenas às atribuições de direção, chefia e assesso-


rência em relação ao direito do particular.
ramento; (Redação dada pela Emenda Constitucio-
No que tange ao princípio da autotutela, esse
nal nº 19, de 1998)
se refere ao poder que a Administração Pública tem VI - é garantido ao servidor público civil o direito à
para anular seus próprios atos, ou seja, não depende livre associação sindical;
do poder judiciário para dar eficácia às suas práticas. VII - o direito de greve será exercido nos termos e
Por exemplo, a Previdência Social defere a con- nos limites definidos em lei específica; (Redação
cessão de benefício previdenciário (por força de uma dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
interpretação errônea) a um determinado cidadão, VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empre-
entretanto após identificar o erro à própria Previdên- gos públicos para as pessoas portadoras de defi-
ciência e definirá os critérios de sua admissão;
cia Social pode cancelar esse benefício.
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação
Por fim, o Princípio da segurança jurídica tem por tempo determinado para atender a neces-
por objetivo proteger o cidadão, ou seja, é a garantia sidade temporária de excepcional interesse
de que o agente público irá desempenhar sua função público; (Vide Emenda constitucional nº 106,
observando as diretrizes da Administração Pública. de 2020) 243
X - a remuneração dos servidores públicos e o sub- XIX – somente por lei específica poderá ser criada
sídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão autarquia e autorizada a instituição de empresa
ser fixados ou alterados por lei específica, observa- pública, de sociedade de economia mista e de fun-
da a iniciativa privativa em cada caso, assegurada dação, cabendo à lei complementar, neste último
revisão geral anual, sempre na mesma data e sem caso, definir as áreas de sua atuação; (Redação
distinção de índices; (Redação dada pela Emenda dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Constitucional nº 19, de 1998) (Regulamento) XX - depende de autorização legislativa, em cada
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de caso, a criação de subsidiárias das entidades men-
cargos, funções e empregos públicos da administra- cionadas no inciso anterior, assim como a partici-
ção direta, autárquica e fundacional, dos membros pação de qualquer delas em empresa privada;
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do XXI - ressalvados os casos especificados na legisla-
Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de ção, as obras, serviços, compras e alienações serão
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os contratados mediante processo de licitação públi-
proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, ca que assegure igualdade de condições a todos os
percebidos cumulativamente ou não, incluídas as concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obri-
vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, gações de pagamento, mantidas as condições efeti-
não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, vas da proposta, nos termos da lei, o qual somente
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, apli- permitirá as exigências de qualificação técnica e
cando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do econômica indispensáveis à garantia do cumpri-
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o sub- mento das obrigações. (Regulamento)
sídio mensal do Governador no âmbito do Poder XXII - as administrações tributárias da União,
Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o sub- atividades essenciais ao funcionamento do Esta-
sidio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, do, exercidas por servidores de carreiras específi-
limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centési- cas, terão recursos prioritários para a realização
mos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos de suas atividades e atuarão de forma integrada,
Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito inclusive com o compartilhamento de cadastros e
do Poder Judiciário, aplicável este limite aos mem- de informações fiscais, na forma da lei ou convê-
bros do Ministério Público, aos Procuradores e aos nio. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
Defensores Públicos; (Redação dada pela Emenda 19.12.2003)
Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, ser-
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislati-
viços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
vo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores
caráter educativo, informativo ou de orientação
aos pagos pelo Poder Executivo;
social, dela não podendo constar nomes, símbolos
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de
ou imagens que caracterizem promoção pessoal de
quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de
autoridades ou servidores públicos.
remuneração de pessoal do serviço público; (Reda-
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e
ção dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
III implicará a nulidade do ato e a punição da auto-
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por
ridade responsável, nos termos da lei.
servidor público não serão computados nem acu-
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do
mulados para fins de concessão de acréscimos ulte-
usuário na administração pública direta e indire-
riores; (Redação dada pela Emenda Constitucional
ta, regulando especialmente: (Redação dada pela
nº 19, de 1998)
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressal- I - as reclamações relativas à prestação dos servi-
vado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo ços públicos em geral, asseguradas a manutenção
e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; de serviços de atendimento ao usuário e a avalia-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, ção periódica, externa e interna, da qualidade dos
de 1998) serviços; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos 19, de 1998)
públicos, exceto, quando houver compatibilidade II - o acesso dos usuários a registros administrati-
de horários, observado em qualquer caso o dispos- vos e a informações sobre atos de governo, obser-
to no inciso XI: (Redação dada pela Emenda Cons- vado o disposto no art. 5º, X e XXXIII; (Incluído
titucional nº 19, de 1998) pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
a) a de dois cargos de professor; (Redação dada III - a disciplina da representação contra o exercício
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou na administração pública. (Incluído pela Emenda
científico; (Redação dada pela Emenda Constitucio- Constitucional nº 19, de 1998)
nal nº 19, de 1998) § 4º - Os atos de improbidade administrativa impor-
c) a de dois cargos ou empregos privativos de pro- tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
fissionais de saúde, com profissões regulamenta- função pública, a indisponibilidade dos bens e o res-
das; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº sarcimento ao erário, na forma e gradação previs-
34, de 2001) tas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
XVII - a proibição de acumular estende-se a empre- § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para
gos e funções e abrange autarquias, fundações, ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou
empresas públicas, sociedades de economia mista, não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas
suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta as respectivas ações de ressarcimento.
ou indiretamente, pelo poder público; (Redação § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) direito privado prestadoras de serviços públicos
XVIII - a administração fazendária e seus servido- responderão pelos danos que seus agentes, nes-
res fiscais terão, dentro de suas áreas de compe- sa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
tência e jurisdição, precedência sobre os demais direito de regresso contra o responsável nos casos
244 setores administrativos, na forma da lei; de dolo ou culpa.
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restri- próprio de previdência social. (Incluído pela
ções ao ocupante de cargo ou emprego da adminis- Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
tração direta e indireta que possibilite o acesso a § 16. Os órgãos e entidades da administração
informações privilegiadas. (Incluído pela Emenda pública, individual ou conjuntamente, devem
Constitucional nº 19, de 1998) realizar avaliação das políticas públicas, inclu-
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e finan- sive com divulgação do objeto a ser avaliado
ceira dos órgãos e entidades da administração e dos resultados alcançados, na forma da lei.
direta e indireta poderá ser ampliada mediante (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de
contrato, a ser firmado entre seus administradores 2021)
e o poder público, que tenha por objeto a fixação Art. 38. Ao servidor público da administração direta,
de metas de desempenho para o órgão ou entidade, autárquica e fundacional, no exercício de mandato
cabendo à lei dispor sobre: (Incluído pela Emenda eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: (Reda-
Constitucional nº 19, de 1998) ção dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - o prazo de duração do contrato; I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual
II - os controles e critérios de avaliação de desem-
ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego
penho, direitos, obrigações e responsabilidade dos
ou função;
dirigentes;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado
III - a remuneração do pessoal."
do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas
optar pela sua remuneração;
públicas e às sociedades de economia mista, e suas
subsidiárias, que receberem recursos da União, dos III - investido no mandato de Vereador, havendo
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para compatibilidade de horários, perceberá as vanta-
pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em gens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo
geral. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo
de 1998) compatibilidade, será aplicada a norma do inciso
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proven- anterior;
tos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos IV - em qualquer caso que exija o afastamento para
arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, empre- o exercício de mandato eletivo, seu tempo de servi-
go ou função pública, ressalvados os cargos acu- ço será contado para todos os efeitos legais, exceto
muláveis na forma desta Constituição, os cargos para promoção por merecimento;
eletivos e os cargos em comissão declarados em V - na hipótese de ser segurado de regime pró-
lei de livre nomeação e exoneração. (Incluído pela prio de previdência social, permanecerá filia-
Emenda Constitucional nº 20, de 1998) do a esse regime, no ente federativo de origem.
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
remuneratórios de que trata o inciso XI do caput 103, de 2019)
deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório
previstas em lei. (Incluído pela Emenda Constitu- Dos Servidores Públicos
cional nº 47, de 2005)
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput
Nesse tópico de estudo é importante não confundir
deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distri-
agente público, agente político e agente administrati-
to Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda
às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como vo, pois a troca de uma simples palavra pode mudar
limite único, o subsídio mensal dos Desembarga- todo contexto e definição.
dores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a A utilização da expressão agente público é um
noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cen- termo genérico, pois abrange a todos que tem vínculo
to do subsídio mensal dos Ministros do Supremo com o Estado, inclusive aqueles que têm um vínculo
Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste temporário e não remunerado.
parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Agentes políticos são os detentores de manda-
Distritais e dos Vereadores. (Incluído pela Emenda to eletivo, chamados também de agentes de primeiro
Constitucional nº 47, de 2005) escalão, cargos previstos na CF/88, por exemplo: o Pre-
§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo sidente da República, Senadores, Deputados, Ministros
poderá ser readaptado para exercício de cargo do STJ, Membros do Ministério Público etc. Bem como,
cujas atribuições e responsabilidades sejam os agentes administrativos são aqueles que exercem
compatíveis com a limitação que tenha sofrido uma atividade sujeita a hierarquia funcional, ocupan-
em sua capacidade física ou mental, enquanto tes dos cargos públicos, empregos públicos e funções
permanecer nesta condição, desde que possua públicas na administração direta ou indireta da Fede-
a habilitação e o nível de escolaridade exigi-
DIREITO CONSTITUCIONAL

ração. O acesso ao cargo ocorrerá a partir de nomea-


dos para o cargo de destino, mantida a remu-
ção, concurso público ou designação, cabendo exercer
neração do cargo de origem. (Incluído pela
atividade de forma remunerada e profissional.
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
José Afonso da Silva (2017) preleciona que, confor-
§ 14. A aposentadoria concedida com a utili-
me a Constituição Federal, os agentes administrativos se
zação de tempo de contribuição decorrente de
cargo, emprego ou função pública, inclusive
repartem em dois grupos: servidores públicos e militares.
do Regime Geral de Previdência Social, acar-
retará o rompimento do vínculo que gerou o z Servidores públicos
referido tempo de contribuição. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Os servidores públicos compreendem outras
§ 15. É vedada a complementação de aposenta- quatro categorias: 1) Servidores investidos em cargos
dorias de servidores públicos e de pensões por (estatutário); 2) Servidores públicos investidos em
morte a seus dependentes que não seja decor- empregos (empregados públicos); 3) Servidores admi-
rente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou tidos em funções públicas (comissionados); 4) Servido-
que não seja prevista em lei que extinga regime res contratados por tempo determinado (temporários). 245
AGENTES PÚBLICOS z Servidores temporários: Os servidores temporá-
rios são contratados por tempo determinado em
PARTICULARES situações excepcionais de interesse público, exer-
AGENTE AGENTE
EM cem função pública remunerada de caráter tem-
POLÍTICO ADMINISTRATIVO
COLABORAÇÃO porário, o vínculo com a administração pública
� Servidores Públi- � Militares � Agentes é contratual (contrato de direito público – não de
cos (estatutário) � Emenda Constitu- Honoríficos natureza trabalhista). Ex.: Professores, conforme
� Empregados Pú- cional 18/1998 � Agente a Lei nº 8745/1993 que dispõe sobre a contratação
blicos (celetista) Delegado por tempo determinado para atender à necessida-
� Servidores � Agentes de temporária de excepcional interesse público.
Comissionados Credenciados
� Servidores Já os particulares em colaboração são pessoas
Temporários que transitoriamente prestam serviços para o Estado,
vejamos:
z Servidores públicos estatutários:
z Agentes Honoríficos: Solicitado para designar um
Estão sujeitos ao regime jurídico de direito públi- serviço específico, em função de sua honra para
co, ingresso por meio de concurso público, titulares de colaborar com o Estado, sem remuneração e sem
cargos efetivos. Ex.: Delegado e Analista. vínculo. Ex.: Mesários eleitorais e Jurado.
O prazo de validade do concurso público será de z Agente Delegado: É um particular autorizado a
até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período realizar um determinado serviço público, remune-
(art. 37, III da CF). Bem como, durante o prazo impror- rado pela atividade executada, sem vínculo com a
rogável previsto no edital de convocação, o candidato administração. Ex.: Leiloeiro.
aprovado em concurso público de provas ou de pro- z Agentes Credenciados: Representam o Estado
vas e títulos será convocado com prioridade sobre com um objetivo específico, sendo remunerado
novos concursados para assumir cargo ou emprego. para executar a atividade determinada. Ex.: Pessoa
(Art. 37, IV da CF). competente para representar o Brasil em deter-
Ainda, conforme art. 37, VI da CF é assegurado ao ser- minado evento em função de seu conhecimento
vidor público civil o direito à livre associação sindical. sobre tema específico.
O art. 41 da CF consagra estabilidade para os ser-
vidores públicos após três anos de efetivo exercício
Para complementar o seu entendimento, é de
(estágio probatório), desde que cumpram os seguin-
essencial importância ter as disposições relativas aos
tes requisitos: a) aprovação em concurso público;
servidores públicos na ponta da língua. Para tanto,
b) nomeação; c) avaliação especial de desempenho.
leia atenciosamente os artigos a seguir, dando espe-
Vejamos o § 4º do mencionado dispositivo que deter-
cial atenção aos destaques que sinalizam inovações
mina a obrigatoriedade de comissão com a finalidade
legislativas e após, resolva os exercícios de fixação.
de avaliação para estabilidade:

§ 4º Como condição para a aquisição da estabilida- Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os
de, é obrigatória a avaliação especial de desempe- Municípios instituirão, no âmbito de sua competên-
nho por comissão instituída para essa finalidade. cia, regime jurídico único e planos de carreira para
os servidores da administração pública direta, das
Após o estágio probatório o servidor público só autarquias e das fundações públicas. (Vide ADIN
perderá o cargo em virtude de sentença transitada em nº 2.135-4)
julgado, mediante processo administrativo, assegura- Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os
do a ampla defesa, ou mediante procedimento de ava- Municípios instituirão conselho de política de admi-
liação periódica de desempenho, assegurada ampla nistração e remuneração de pessoal, integrado por
defesa. Sobre esse tema, é importante a observância servidores designados pelos respectivos Poderes
do art. 41, § 2º da CF, sobre eventual invalidade da (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
demissão do servidor estável: de 1998) (Vide ADIN nº 2.135-4)
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do demais componentes do sistema remuneratório
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual observará: (Redação dada pela Emenda Constitu-
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo cional nº 19, de 1998)
de origem, sem direito a indenização, aproveitado I - a natureza, o grau de responsabilidade e a com-
em outro cargo ou posto em disponibilidade com plexidade dos cargos componentes de cada carreira;
remuneração proporcional ao tempo de serviço. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - os requisitos para a investidura; (Incluído pela
z Empregados públicos: Os servidores investidos Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
em empregos têm regime jurídico de natureza III - as peculiaridades dos cargos. (Incluído pela
trabalhista, ou seja, são regidos pela CLT (Conso- Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
lidação das Leis do Trabalho). O ingresso também § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal mante-
é por meio de concurso público, entretanto não rão escolas de governo para a formação e o aperfei-
adquirem a estabilidade do art. 41 da CF. Ex.: Ban- çoamento dos servidores públicos, constituindo-se
cário da Caixa Econômica Federal. a participação nos cursos um dos requisitos para a
z Servidores comissionados: Os servidores investi- promoção na carreira, facultada, para isso, a cele-
dos em funções públicas são os que ocupam car- bração de convênios ou contratos entre os entes
go em comissão e são livremente nomeados ou federados. (Redação dada pela Emenda Constitu-
exonerados por autoridade competente (art. 37, V cional nº 19, de 1998)
da CF). Cabe ressaltar que os ocupantes de cargos § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo
comissionados têm caráter transitório, ou seja, não público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII,
246 gozam de estabilidade. XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a
lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão Constituições e Leis Orgânicas, observados o tempo
quando a natureza do cargo o exigir. (Incluído pela de contribuição e os demais requisitos estabeleci-
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) dos em lei complementar do respectivo ente federa-
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato tivo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários 103, de 2019)
Estaduais e Municipais serão remunerados exclu- § 2º Os proventos de aposentadoria não poderão
sivamente por subsídio fixado em parcela única, ser inferiores ao valor mínimo a que se refere o §
vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adi- 2º do art. 201 ou superiores ao limite máximo esta-
cional, abono, prêmio, verba de representação ou belecido para o Regime Geral de Previdência Social,
outra espécie remuneratória, obedecido, em qual- observado o disposto nos §§ 14 a 16. (Redação
quer caso, o disposto no art. 37, X e XI. (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) § 3º As regras para cálculo de proventos de apo-
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e sentadoria serão disciplinadas em lei do respectivo
dos Municípios poderá estabelecer a relação entre ente federativo. (Redação dada pela Emenda Cons-
a maior e a menor remuneração dos servidores titucional nº 103, de 2019)
públicos, obedecido, em qualquer caso, o disposto § 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios
no art. 37, XI. (Incluído pela Emenda Constitucio- diferenciados para concessão de benefícios em regi-
nal nº 19, de 1998) me próprio de previdência social, ressalvado o dis-
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário posto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação dada
publicarão anualmente os valores do subsídio e pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
da remuneração dos cargos e empregos públicos. § 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei comple-
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) mentar do respectivo ente federativo idade e tempo
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal de contribuição diferenciados para aposentadoria
e dos Municípios disciplinará a aplicação de recur- de servidores com deficiência, previamente sub-
sos orçamentários provenientes da economia com metidos a avaliação biopsicossocial realizada por
despesas correntes em cada órgão, autarquia e fun- equipe multiprofissional e interdisciplinar. (Incluí-
dação, para aplicação no desenvolvimento de pro- do pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
gramas de qualidade e produtividade, treinamento § 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei comple-
e desenvolvimento, modernização, reaparelhamen- mentar do respectivo ente federativo idade e tempo
to e racionalização do serviço público, inclusive de contribuição diferenciados para aposentadoria
sob a forma de adicional ou prêmio de produtivi- de ocupantes do cargo de agente penitenciário, de
dade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de
de 1998) que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso
§ 8º A remuneração dos servidores públicos orga- XIII do caput do art. 52 e os incisos I a IV do caput
nizados em carreira poderá ser fixada nos termos do art. 144. (Incluído pela Emenda Constitucional
do § 4º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº nº 103, de 2019)
19, de 1998) § 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei comple-
§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de cará- mentar do respectivo ente federativo idade e tempo
ter temporário ou vinculadas ao exercício de função de contribuição diferenciados para aposentadoria
de confiança ou de cargo em comissão à remunera- de servidores cujas atividades sejam exercidas com
ção do cargo efetivo. (Incluído pela Emenda Cons- efetiva exposição a agentes químicos, físicos e bio-
titucional nº 103, de 2019) lógicos prejudiciais à saúde, ou associação desses
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos agentes, vedada a caracterização por categoria
servidores titulares de cargos efetivos terá caráter profissional ou ocupação. (Incluído pela Emenda
contributivo e solidário, mediante contribuição do Constitucional nº 103, de 2019)
respectivo ente federativo, de servidores ativos, de § 5º Os ocupantes do cargo de professor terão ida-
aposentados e de pensionistas, observados critérios de mínima reduzida em 5 (cinco) anos em relação
que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. às idades decorrentes da aplicação do disposto
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, no inciso III do § 1º, desde que comprovem tempo
de 2019) de efetivo exercício das funções de magistério na
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de educação infantil e no ensino fundamental e médio
previdência social será aposentado: (Redação dada fixado em lei complementar do respectivo ente fede-
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) rativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional
I - por incapacidade permanente para o trabalho, nº 103, de 2019)
no cargo em que estiver investido, quando insus- § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos
cetível de readaptação, hipótese em que será obri- cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é
gatória a realização de avaliações periódicas para vedada a percepção de mais de uma aposentado-
DIREITO CONSTITUCIONAL

verificação da continuidade das condições que ria à conta de regime próprio de previdência social,
ensejaram a concessão da aposentadoria, na forma aplicando-se outras vedações, regras e condições
de lei do respectivo ente federativo; (Redação dada para a acumulação de benefícios previdenciários
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) estabelecidas no Regime Geral de Previdência
II - compulsoriamente, com proventos proporcio- Social. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) nº 103, de 2019)
anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de § 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quan-
idade, na forma de lei complementar; (Redação do se tratar da única fonte de renda formal auferida
dada pela Emenda Constitucional nº 88, de 2015) pelo dependente, o benefício de pensão por morte
(Vide Lei Complementar nº 152, de 2015) será concedido nos termos de lei do respectivo ente
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) federativo, a qual tratará de forma diferenciada a
anos de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) hipótese de morte dos servidores de que trata o §
anos de idade, se homem, e, no âmbito dos Estados, 4º-B decorrente de agressão sofrida no exercício ou
do Distrito Federal e dos Municípios, na idade míni- em razão da função. (Redação dada pela Emenda
ma estabelecida mediante emenda às respectivas Constitucional nº 103, de 2019) 247
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios titulares de cargos efetivos. (Incluído pela Emenda
para preservar-lhes, em caráter permanente, o Constitucional nº 41, 19.12.2003) (Vide ADIN 3133)
valor real, conforme critérios estabelecidos em lei. (Vide ADIN 3143) (Vide ADIN 3184)
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, § 19. Observados critérios a serem estabelecidos
19.12.2003) em lei do respectivo ente federativo, o servidor titu-
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, dis- lar de cargo efetivo que tenha completado as exi-
trital ou municipal será contado para fins de aposen- gências para a aposentadoria voluntária e que opte
tadoria, observado o disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. por permanecer em atividade poderá fazer jus a um
201, e o tempo de serviço correspondente será conta- abono de permanência equivalente, no máximo, ao
do para fins de disponibilidade. (Redação dada pela valor da sua contribuição previdenciária, até com-
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) pletar a idade para aposentadoria compulsória.
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer for- (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103,
ma de contagem de tempo de contribuição fictício. de 2019)
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de § 20. É vedada a existência de mais de um regime pró-
15/12/98) prio de previdência social e de mais de um órgão ou
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma entidade gestora desse regime em cada ente federati-
total dos proventos de inatividade, inclusive quando vo, abrangidos todos os poderes, órgãos e entidades
decorrentes da acumulação de cargos ou empregos autárquicas e fundacionais, que serão responsáveis
públicos, bem como de outras atividades sujeitas pelo seu financiamento, observados os critérios, os
a contribuição para o regime geral de previdência parâmetros e a natureza jurídica definidos na lei com-
social, e ao montante resultante da adição de pro- plementar de que trata o § 22. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ventos de inatividade com remuneração de cargo
§ 21. (Revogado). (Redação dada pela Emenda
acumulável na forma desta Constituição, cargo em
Constitucional nº 103, de 2019)
comissão declarado em lei de livre nomeação e exo-
§ 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios
neração, e de cargo eletivo. (Incluído pela Emenda
de previdência social, lei complementar federal esta-
Constitucional nº 20, de 15/12/98)
belecerá, para os que já existam, normas gerais de
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão observa-
organização, de funcionamento e de responsabilida-
dos, em regime próprio de previdência social, no
de em sua gestão, dispondo, entre outros aspectos,
que couber, os requisitos e critérios fixados para
sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103,
o Regime Geral de Previdência Social. (Redação de 2019)
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) I - requisitos para sua extinção e consequente
§ 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusi- migração para o Regime Geral de Previdência
vamente, de cargo em comissão declarado em lei de Social; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
livre nomeação e exoneração, de outro cargo tem- 103, de 2019)
porário, inclusive mandato eletivo, ou de empre- II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utili-
go público, o Regime Geral de Previdência Social. zação dos recursos; (Incluído pela Emenda Consti-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, tucional nº 103, de 2019)
de 2019) III - fiscalização pela União e controle externo e
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os social; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
Municípios instituirão, por lei de iniciativa do res- 103, de 2019)
pectivo Poder Executivo, regime de previdência IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial;
complementar para servidores públicos ocupantes (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
de cargo efetivo, observado o limite máximo dos
2019)
benefícios do Regime Geral de Previdência Social
V - condições para instituição do fundo com finali-
para o valor das aposentadorias e das pensões em
dade previdenciária de que trata o art. 249 e para
regime próprio de previdência social, ressalvado
vinculação a ele dos recursos provenientes de con-
o disposto no § 16. (Redação dada pela Emenda
tribuições e dos bens, direitos e ativos de qualquer
Constitucional nº 103, de 2019)
natureza; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
§ 15. O regime de previdência complementar de que
103, de 2019)
trata o § 14 oferecerá plano de benefícios somente
VI - mecanismos de equacionamento do deficit atua-
na modalidade contribuição definida, observará o
disposto no art. 202 e será efetivado por intermédio rial; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
de entidade fechada de previdência complementar 2019)
ou de entidade aberta de previdência complementar. VII - estruturação do órgão ou entidade gestora
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, do regime, observados os princípios relacionados
de 2019) com governança, controle interno e transparência;
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
opção, o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser apli- VIII - condições e hipóteses para responsabilização
cado ao servidor que tiver ingressado no serviço daqueles que desempenhem atribuições relaciona-
público até a data da publicação do ato de institui- das, direta ou indiretamente, com a gestão do regime;
ção do correspondente regime de previdência com- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
plementar. (Incluído pela Emenda Constitucional IX - condições para adesão a consórcio público;
nº 20, de 15/12/98) (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados 2019)
para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão X - parâmetros para apuração da base de cálculo e
devidamente atualizados, na forma da lei. (Incluído definição de alíquota de contribuições ordinárias e
pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) extraordinárias. (Incluído pela Emenda Constitu-
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de cional nº 103, de 2019)
aposentadorias e pensões concedidas pelo regime Art. 41 São estáveis após três anos de efetivo exer-
de que trata este artigo que superem o limite máxi- cício os servidores nomeados para cargo de pro-
mo estabelecido para os benefícios do regime geral vimento efetivo em virtude de concurso público.
de previdência social de que trata o art. 201, com (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
248 percentual igual ao estabelecido para os servidores de 1998)
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: 2. (FCC – 2020) De acordo com o artigo 37 da Consti-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, tuição Federal de 1988, os princípios da Administra-
de 1998) ção pública da
I - em virtude de sentença judicial transitada em
julgado; (Incluído pela Emenda Constitucional nº a) moralidade e publicidade devem ser obedecidas por
19, de 1998) uma autarquia estadual.
b) legalidade e universalidade devem ser obedecidas por
II - mediante processo administrativo em que lhe
uma assembleia legislativa estadual.
seja assegurada ampla defesa; (Incluído pela
c) eficiência e competência devem ser obedecidas por
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
empresas públicas estaduais.
III - mediante procedimento de avaliação periódi- d) exclusividade e impessoalidade devem ser obe-
ca de desempenho, na forma de lei complementar, decidas por instituições sem fins lucrativos não
assegurada ampla defesa. (Incluído pela Emenda governamentais.
Constitucional nº 19, de 1998) e) prudência e eficiência devem ser obedecidas pelos
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do órgãos da administração direta estadual.
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo Conforme art. 37 da CF/88 a Administração pública indi-
de origem, sem direito a indenização, aproveitado reta também deve obediência aos princípios da mora-
em outro cargo ou posto em disponibilidade com lidade e publicidade conforme caput do art. 37 da CF.
remuneração proporcional ao tempo de serviço. Resposta: Letra A.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998)
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessi-
dade, o servidor estável ficará em disponibilidade,
com remuneração proporcional ao tempo de ser-
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
viço, até seu adequado aproveitamento em outro
DO PODER JUDICIÁRIO
cargo. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)
Disposições Gerais
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilida-
de, é obrigatória a avaliação especial de desempe-
O poder judiciário está consagrado no texto cons-
nho por comissão instituída para essa finalidade.
titucional do art. 92 ao 126 da CF, tem o objetivo de
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de exercer a jurisdição (administrar justiça, aplicar o
1998) direito com o objetivo de solucionar conflito de inte-
resses), bem como, no âmbito de sua função atípica
administrativa, como exemplo, podemos citar o art.
92, inciso I - A da CF, incluído pela emenda Constitu-
EXERCÍCIOS COMENTADOS cional nº 45/2004, criando como órgão do poder judi-
ciário também o “Conselho Nacional de Justiça”.
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) De acordo com os prin-
cípios e valores que regem a administração pública, o Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
servidor público. I - o Supremo Tribunal Federal;
I-A o Conselho Nacional de Justiça;
II - o Superior Tribunal de Justiça;
a) deverá zelar pelo princípio da supremacia do interesse
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho;
público, que veda, ao servidor, o questionamento da III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
validade do ato a ser praticado. IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
b) deverá impor a penalidade cabível àquele que deixar V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
de observar a legislação aplicável a um caso concreto, VI - os Tribunais e Juízes Militares;
sendo irrelevante a comprovada boa-fé demonstrada VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito
pelo particular. Federal e Territórios.
c) deverá zelar pelos princípios que regem a adminis- § 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacio-
nal de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na
tração pública e deles não poderá se afastar, sob
Capital Federal. (Vide ADIN 3392)
pena de eventual responsabilização criminal, civil e
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Supe-
administrativa. riores têm jurisdição em todo o território nacional.
d) poderá afastar o comando da lei diante de uma
DIREITO CONSTITUCIONAL

injustiça. De acordo com a Constituição Federal, compete ao


e) poderá deixar de entregar documentos sigilosos soli- CNJ zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo
citados pelas autoridades competentes que possam cumprimento do Estatuto da Magistratura, definir os
comprometer a administração pública e o interesse planos, metas e programas de avaliação institucional
público. do Poder Judiciário, receber reclamações, petições
eletrônicas e representações contra membros ou
órgãos do Judiciário, julgar processos disciplinares e
O agente público deve observar os princípios admi-
melhorar práticas e celeridade, publicando semestral-
nistrativos explícitos do art. 37 da CF e também mente relatórios estatísticos referentes à atividade
os princípios implícitos da Administração Pública, jurisdicional em todo o país13, composto por membros
sendo que a não observância do mesmo resultará do Ministério Público, Advogados e representantes da
em responsabilização criminal, civil e administrati- sociedade civil. O Poder judiciário é dividido em duas
va. Resposta: Letra C. esferas: Justiça Federal e a Justiça Estadual.
13 Disponível em <http://www.cnj.jus.br/sobre-o-cnj>. Acesso em 20 de set. de 2020. 249
c) de expulsão.
PODER JUDICIÁRIO
d) de banimento.
e) de morte.

2. (VUNESP – 2018) A Constituição da República Fede-


JUSTIÇA FEDERAL JUSTIÇA ESTADUAL
rativa do Brasil estabelece, entre os Direitos e Deve-
res Individuais e Coletivos, que

COMUM a) no caso de iminente perigo público, a autoridade compe-


Art. 109 da CF ESPECIALIZADA tente poderá usar de propriedade particular, assegurada
ao proprietário indenização ulterior, se houver dano.
b) a criação de associações e, na forma da lei, a de coo-
perativas dependem de autorização, vedada a interfe-
TRABALHO ELEITORAL MILITAR JUIZADOS ESPECIAIS
rência estatal em seu funcionamento.
Art. 111 Art. 118 Art. 124 Art. 98, inciso I e II
Autorização cons- c) as entidades associativas, independentemente de
titucional para a autorização, têm legitimidade para representar seus
criação dos Juizados filiados judicial ou extrajudicialmente.
Especiais e a Justiça d) é livre a expressão da atividade intelectual, artística, cien-
de paz.
tífica e de comunicação, condicionada a licença prévia.
e) a prestação de assistência religiosa nas entidades
1. Órgãos do poder judiciário civis e militares de internação coletiva será facultada
e condicionada à disponibilidade orçamentária, inde-
Como previsão no art. 92 da CF/88, vejamos os pendentemente de lei.
órgãos que compõem o Poder Judiciário:
3. (VUNESP – 2018) Com relação à publicidade dos atos
STF. Supremo Tribunal Federal processuais, a Constituição Federal estabelece que
CNJ. Conselho Nacional de Justiça
STJ. Superior Tribunal de Justiça a) não pode ser restringida.
TJ. Tribunal de Justiça (Estados) b) pode ser restringida quando a defesa da intimidade ou
TRF. Tribunal Regional Federal (Justiça Federal) o interesse social o exigirem.
TST. Tribunal Superior do Trabalho c) pode ser restringida a critério da autoridade adminis-
TRT. Tribunal Regional do Trabalho trativa competente.
TSE. Tribunal Superior Eleitoral d) somente pode ser restringida pelo Poder Judiciário.
TRE. Tribunal Regional Eleitoral e) o legislador é quem definirá quando ela poderá ser
STM. Superior Tribunal Militar restringida.

ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO 4. (VUNESP – 2018) A ação de grupos armados, civis


ou militares, contra a ordem constitucional e o Esta-
STF CNJ do Democrático constitui crime

a) inafiançável, porém prescritível.


JUSTIÇA COMUM b) hediondo, inafiançável, porém prescritível.
c) imprescritível, porem afiançável.
STF d) hediondo, imprescritível, porem afiançável.
JUSTIÇA ESPECIALIZADA
e) inafiançável e imprescritível.

ESTADUAL FEDERAL TST TSE STM


5. (VUNESP – 2018) Nos termos da Constituição da
República Federativa do Brasil, a lei só poderá res-
TJ TRF TRT TRE JUÍZES tringir a publicidade dos atos processuais quando
MILITARES

a) a parte interessada requerer.


Juízes Juízes Juízes do Juiz b) o Ministério Público ajuizar ação específica, requeren-
Estaduais Federais Trabalho Eleitoral do a restrição.
c) o Delegado de Polícia representar pela restrição.
d) a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem.
e) o juiz determinar.
Importante!
CNJ não tem competência jurisdicional. 6. (VUNESP – 2018) A Constituição da República Fede-
rativa do Brasil determina que

a) ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando


a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança.
HORA DE PRATICAR! b) a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela auto-
ridade de polícia judiciária.
1. (VUNESP – 2018) Salvo em caso de guerra declarada, c) ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando
nos termos expressos da Constituição da República a lei admitir a anistia ou fiança.
Federativa do Brasil (CRFB/88), não haverá penas d) a prisão ilegal será imediatamente relaxada pelo Minis-
tério Público.
a) de trabalhos forçados. e) ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando
250 b) de caráter perpétuo. a lei admitir a liberdade provisória e indulto.
7. (VUNESP – 2017) Nos termos do que dispõe a Cons- c) ou formarem novos Estados ou Territórios Federais,
tituição Federal a respeito dos direitos dos traba- mediante aprovação da população diretamente inte-
lhadores urbanos e rurais, é correto afirmar que o ressada, por meio de referendo, e do Senado Federal,
menor de idade por lei complementar.
d) desde que não formem novos Estados, mediante apro-
a) pode trabalhar legalmente em qualquer tipo de serviço, vação da população diretamente interessada, por meio
a partir de dezesseis anos, incluído o trabalho noturno. de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei ordinária.
b) está proibido de exercer qualquer trabalho antes de e) ou formarem novos Estados ou Territórios Federais,
dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a par- mediante aprovação da população diretamente inte-
tir de doze anos. ressada, por meio de plebiscito, e do Congresso Nacio-
c) está proibido de exercer qualquer trabalho antes de nal, por lei complementar.
dezoito anos, salvo na condição de aprendiz, a partir
de dezesseis anos. 11. (VUNESP – 2018) Suponha que determinado ente
d) não pode exercer trabalho noturno, perigoso ou insalu- federativo pretenda instituir lei que obrigue o uso
bre antes de completar dezoito anos de idade. de cinto de segurança em perímetro urbano. É
e) é livre para exercer qualquer tipo de trabalho, diurno competente para legislar sobre o assunto
ou noturno, exceto insalubre ou perigoso, a partir de
dezesseis anos de idade. a) União, Estados, Distrito-Federal e Municípios.
b) União.
8. (VUNESP – 2017) Nos termos do artigo 6º da Cons- c) Estados, Distrito-Federal e Municípios.
tituição Federal, é/são direito(s) social(is): d) Municípios.
e) Estados e Distrito-Federal.
a) a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, e a assistência aos desamparados. 12. (VUNESP – 2018) No eventual caso de um prefeito
b) a livre expressão da atividade intelectual, artística, municipal cometer um crime comum, a Constitui-
científica e de comunicação. ção Federal prevê que ele será julgado pelo
c) a obtenção de certidões em repartições públicas, para
defesa de direitos e esclarecimento de situações de a) Tribunal de Justiça do respectivo Estado.
interesse pessoal. b) Superior Tribunal de Justiça.
d) a aquisição da nacionalidade brasileira, exigidas aos c) Supremo Tribunal Federal.
originários de países de língua portuguesa. d) Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
e) o alistamento dos estrangeiros como eleitores e, e) órgão judicial de primeira instância, em qualquer hipótese.
durante o período do serviço militar obrigatório, dos
conscritos. 13. (VUNESP – 2018) O Presidente de uma Câmara
Municipal, no competente exercício financeiro, gas-
9. (VUNESP – 2018) Com relação à nacionalidade, é tou sessenta e cinco por cento de sua receita com
a sua folha de pagamento, incluído o gasto com o
correto afirmar que, para a Constituição brasileira
subsídio de seus Vereadores. Nessa situação, con-
de 1988,
siderando o disposto na Constituição Federal, é cor-
reto afirmar que
a) os estrangeiros originários de países de língua portu-
guesa que queiram naturalizar-se brasileiros deverão
a) houve excesso de gastos, excedendo o teto constitu-
cumprir os requisitos de residência por um ano ininter-
cional, devendo o Presidente da Casa responder pelo
rupto e de idoneidade moral.
crime de responsabilidade.
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes
b) agiu corretamente o Presidente da Casa, uma vez que
no Brasil há pelo menos 10 anos, sem condenação
não excedeu o limite de gastos previsto na Constitui-
criminal, poderão ser naturalizados mediante requeri- ção Federal, não devendo sofrer qualquer pena.
mento de sua parte. c) o Presidente da Casa violou o texto constitucional, por
c) será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro exceder o limite de gastos, devendo ser suspenso de
que tiver a sua naturalização cancelada, por sentença suas funções até a devida apuração dos fatos.
judicial, em virtude de condenação criminal por crimes d) não houve violação do limite de gastos com a folha de
comuns. pagamento de pessoal, uma vez que o teto constitu-
d) é permitida a distinção entre brasileiros natos e natu- cional exclui os subsídios dos Vereadores.
ralizados desde que mediante lei complementar. e) houve excesso nos gastos com a folha de pagamen-
e) é permitida, em regra, a extradição do brasileiro nato to, mas o Presidente da Câmara não responde, nesse
por crime comum praticado no exterior, desde que caso, por crime de responsabilidade, por falta de previ-
DIREITO CONSTITUCIONAL

exista cláusula de reciprocidade com o país em que a são constitucional.


infração se consumou.
14. (VUNESP – 2018) Conforme o que estabelece a
10. (VUNESP – 2018) Os Estados podem incorporar-se Constituição Federal, as contas dos Municípios
entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se ficarão à disposição de qualquer contribuinte, para
anexarem a outros, exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes
a legitimidade, nos termos da lei. Nesse diapasão,
a) ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, obrigatoriamente, as contas municipais devem ficar
mediante aprovação da população diretamente inte- disponíveis, aos contribuintes, durante
ressada, por meio de referendo, e do Congresso Nacio-
nal, por lei delegada. a) trinta dias, semestralmente.
b) desde que não formem novos Estados ou Territórios b) trinta dias, anualmente.
Federais, mediante aprovação da população direta- c) sessenta dias, semestralmente.
mente interessada, por meio de plebiscito, e da Câma- d) sessenta dias, anualmente.
ra dos Deputados, por lei complementar. e) noventa dias, anualmente. 251
15. (VUNESP – 2018 A partir da Constituição Federal, é d) garantir que o planejamento municipal seja efetuado pelos
correto afirmar sobre a fiscalização orçamentária representantes eleitos para compor o Poder Legislativo.
realizada no âmbito municipal que e) dispor sobre a iniciativa popular de projetos de lei de
interesse específico do Município, por meio de manifes-
a) o controle externo da Câmara Municipal será exercido
tação de, pelo menos, 10% (dez por cento) do eleitorado.
com o auxílio dos Tribunais de Contas da União, dos
Estados, ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas 19. (VUNESP – 2018) Nos termos da Constituição Federal,
dos Municípios, onde houver. se o Tribunal de Justiça der provimento a representa-
b) o parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre ção para assegurar a observância de princípios indica-
as contas que o Prefeito deve semestralmente prestar, dos na Constituição Estadual,
só deixará de prevalecer por decisão de maioria sim-
ples dos membros da Câmara Municipal. a) a União poderá intervir no Estado.
c) o parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre b) a Assembleia Legislativa apreciará o provimento em
as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só 48 horas.
deixará de prevalecer por decisão de maioria absoluta c) o Estado não poderá intervir no Município, mas apre-
dos membros da Câmara Municipal. ciará o provimento.
d) as contas dos Municípios ficarão, durante noventa d) a União poderá intervir no Município.
dias, semestralmente, à disposição de qualquer contri- e) o Estado poderá intervir no Município.
buinte, para exame e apreciação, o qual poderá ques-
tionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei. 20. (VUNESP – 2017) Na hipótese de o Município não
e) é proibida a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos cumprir uma ordem judicial transitada em julgado,
de Contas Municipais. a Constituição Federal prevê, expressamente, como
possível consequência,
16. (VUNESP – 2018) Assinale a alternativa correta, nos
termos da Constituição Federal. a) a intervenção Federal, a ser decretada pelo Supremo
a) A fiscalização do Município será exercida exclusiva- Tribunal Federal.
mente pelo Poder Legislativo Municipal, mediante con- b) a suspensão dos direitos políticos do Prefeito Municipal.
trole externo. c) a intervenção do Estado a ser determinada pelo Tribu-
b) As contas ficarão, anualmente, à disposição dos con- nal de Justiça por deferimento de representação.
tribuintes domiciliados no Município, para exame e d) a suspensão de repasses de recursos federais ao
apreciação, os quais poderão, no primeiro semestre, Município até que seja cumprida a ordem judicial.
e) a intervenção estadual, em decorrência de reclamação
questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei.
constitucional, a ser determinada pelo Superior Tribu-
c) O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre
nal de Justiça.
as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só
deixará de prevalecer por decisão da maioria absoluta
dos membros da Câmara Municipal. 9 GABARITO
d) As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta
dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuin- 1 E
te, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-
lhes a legitimidade, nos termos da lei. 2 A
e) A fiscalização do Município será exercida exclusiva-
mente pelo Poder Judiciário, mediante controle externo. 3 B

17. (VUNESP – 2018) Ao tratar dos Municípios, a Cons- 4 E


tituição Federal estabelece, entre outros, o seguinte
preceito: 5 D

a) o total da despesa com a remuneração dos Vereado- 6 A


res não poderá ultrapassar o montante de três por cen-
to da receita do município. 7 D
b) inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões,
8 A
palavras e votos no exercício do mandato e na circuns-
crição do respectivo Estado. 9 A
c) o julgamento do Prefeito se dará perante o Superior
Tribunal de Justiça. 10 E
d) iniciativa popular de projetos de lei de interesse espe-
cífico do Município, da cidade ou de bairros, acontece- 11 B
rá através de manifestação de, pelo menos, cinco por
12 A
cento do eleitorado.
e) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, 13 B
o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a
oitenta e cinco por cento do subsídio dos Deputados 14 D
Estaduais.
15 E
18. (VUNESP – 2018) Nos termos da Constituição Federal,
o Município rege-se por uma lei orgânica que deve 16 D
a) observar a regra de que o julgamento do Prefeito será 17 D
perante o Superior Tribunal de Justiça.
b) ser votada em dois turnos, com o interstício mínimo 18 C
de dez dias, e aprovada por maioria absoluta dos
membros da Câmara Municipal. 19 E
c) prever que a posse do Prefeito e do Vice-Prefeito será 20 C
252 no dia 1º de janeiro do ano subsequente ao da eleição.
O direito de petição é uma garantia constitucio-
nal, sendo aplicável tanto no processo administrativo
como no processo judicial. É absolutamente vedado
exigir uma contraprestação quando um cidadão resol-

DIREITO ADMINISTRATIVO
ve peticionar contra o Estado, exigindo que ele apre-
sente uma resposta ao seu requerimento. As regras
específicas a respeito do processo disciplinar serão
vistas posteriormente.

DO REGIME DISCIPLINAR: DEVERES, VEDAÇÕES,


ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS
RESPONSABILIDADES E SANÇÕES APLICÁVEIS
PÚBLICOS CIVIS DO ESTADO DE SÃO
PAULO (LEI Nº 10.261/68) A matéria referente ao regime disciplinar aparece
em destaque no edital. É muito provável que apareça
LEI Nº 10.261/1968 - (ESTATUTO DOS alguma questão sobre esse tópico em sua prova. Por
FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CIVIS DO ESTADO DE isso, vamos analisar mais atentamente os dispositi-
SÃO PAULO) vos sobre o regime disciplinar, bem como o processo
administrativo disciplinar.
Uma vez analisados os aspectos gerais referentes Os servidores públicos, dada a sua grande impor-
aos agentes públicos, podemos finalmente adentrar tância para as funções estatais, possuem uma grande
na legislação estadual pertinente para os cargos da gama de deveres e de vedações, isso é, de condutas
Polícia Civil de São Paulo. que deve fazer, e de condutas que está proibido de
A Lei nº 10.261, de 28 de outubro de 1968, é a Lei fazer.
Estadual que dispõe sobre o Regime Jurídico dos Ser-
O art. 241 trata do rol de deveres dos funcionários
vidores Públicos Civis do referido Estado. Os dispositi-
públicos. A melhor forma de ver e memorizar os refe-
vos trazidos neste material dizem respeito aos cargos
ridos deveres é pela leitura da lei seca, in verbis:
públicos, forma de provimento e vacância, os direitos
e garantias gerais, os deveres, responsabilidades e o
direito de petição conferido a todos esses servidores Art. 241 São deveres do funcionário:
estaduais. I - ser assíduo e pontual;
É verdade que os policiais civis são uma espécie II - cumprir as ordens superiores, representando
de funcionário público, mas eles também apresentam quando forem manifestamente ilegais;
uma Lei Orgânica especial, que disciplina em maiores III - desempenhar com zelo e presteza os trabalhos
detalhes sobre o seu regime jurídico. Veremos essa de que for incumbido;
Legislação Especial em momento posterior. Por ora, é IV - guardar sigilo sobre os assuntos da reparti-
importante saber as regras que se aplicam a todos os ção e, especialmente, sobre despachos, decisões ou
servidores estaduais, de modo amplo e geral. providências;
Dada a multiplicidade de leis, em âmbitos diferen- V - representar aos superiores sobre todas as irre-
tes da Federação, é comum ao candidato questionar gularidades de que tiver conhecimento no exercício
qual lei deve utilizar para responder questões de pro- de suas funções;
vas. Primeiramente, é importante ressaltar que lei VI - tratar com urbanidade as pessoas;
federal não se sobrepõe a lei estadual e vice-versa. VII - residir no local onde exerce o cargo ou, onde
autorizado;
Durante a prova, o candidato deve se ater ao que
VIII - providenciar para que esteja sempre em
a pergunta diz. A grande maioria das questões de pro-
ordem, no assentamento individual, a sua declara-
vas delineia a legislação que deve ser utilizada para
ção de família;
responder à questão. Procure por expressões como
IX - zelar pela economia do material do Estado e
“nos termos da Constituição Federal”, “segundo a Lei
pela conservação do que for confiado à sua guarda
nº 8.112/1990”, e “com base no Estatuto dos Servidores
ou utilização;
estaduais [...]”, entre outras.
X - apresentar -se convenientemente trajado em
Vejamos agora os arts. 339 e 240 sobre o direito
serviço ou com uniforme determinado, quando for
de petição:
o caso;
XI - atender prontamente, com preferência sobre
Art. 239 É assegurado a qualquer pessoa, física ou
qualquer outro serviço, às requisições de papéis,
jurídica, independentemente de pagamento, o direi-
documentos, informações ou providências que lhe
to de petição contra ilegalidade ou abuso de poder
DIREITO ADMINISTRATIVO

forem feitas pelas autoridades judiciárias ou admi-


e para defesa de direitos. (NR)
nistrativas, para defesa do Estado, em Juízo;
§ 1º - Qualquer pessoa poderá reclamar sobre abu-
XII - cooperar e manter espírito de solidariedade
so, erro, omissão ou conduta incompatível no ser-
com os companheiros de trabalho;
viço público.(NR)
XIII - estar em dia com as leis, regulamentos, regi-
§ 2º - Em nenhuma hipótese, a Administração pode-
mentos, instruções e ordens de serviço que digam
rá recusar-se a protocolar, encaminhar ou apreciar
respeito às suas funções; e
a petição, sob pena de responsabilidade do agente.
(NR) igual ao vencimento ou remuneração e demais XIV - proceder na vida pública e privada na forma
vantagens pecuniárias incorporadas para esse que dignifique a função pública.
efeito:
Art. 240 Ao servidor é assegurado o direito de As proibições ou vedações, por sua vez, estão dis-
requerer ou representar, bem como, nos termos postas nos arts. 242, 243 e 244, in verbis:
desta lei complementar, pedir reconsideração e
recorrer de decisões, no prazo de 30 (trinta) dias, Art. 242 Ao funcionário é proibido:
salvo previsão legal específica. I – (Revogado). 253
II - retirar, sem prévia permissão da autoridade O funcionário será responsabilizado por qualquer
competente, qualquer documento ou objeto existen- dano causado a fazenda pública, seja por dolo ou cul-
te na repartição; pa, conforme se depreende artigo 245. Vejamos:
III - entreter-se, durante as horas de trabalho, em
palestras, leituras ou outras atividades estranhas Art. 245 O funcionário é responsável por todos os
ao serviço; prejuízos que, nessa qualidade, causar à Fazenda
IV - deixar de comparecer ao serviço sem causa Estadual, por dolo ou culpa, devidamente apurados.
justificada; Parágrafo único - Caracteriza-se especialmente a
V - tratar de interesses particulares na repartição; responsabilidade:
VI - promover manifestações de apreço ou desapreço I - pela sonegação de valores e objetos confiados à
dentro da repartição, ou tornar-se solidário com elas; sua guarda ou responsabilidade, ou por não prestar
VII - exercer comércio entre os companheiros de contas, ou por não as tomar, na forma e no prazo
serviço, promover ou subscrever listas de donati- estabelecidos nas leis, regulamentos, regimentos,
vos dentro da repartição; e instruções e ordens de serviço;
VIII - empregar material do serviço público em ser- II - pelas faltas, danos, avarias e quaisquer outros
viço particular. prejuízos que sofrerem os bens e os materiais sob
Art. 243 É proibido ainda, ao funcionário: sua guarda, ou sujeitos a seu exame ou fiscalização;
I - fazer contratos de natureza comercial e indus- III - pela falta ou inexatidão das necessárias aver-
trial com o Governo, por si, ou como representante bações nas notas de despacho, guias e outros docu-
de outrem; mentos da receita, ou que tenham com eles relação; e
II - participar da gerência ou administração de IV - por qualquer erro de cálculo ou redução contra
empresas bancárias ou industriais, ou de socieda- a Fazenda Estadual.
des comerciais, que mantenham relações comer-
ciais ou administrativas com o Governo do Estado, Agora vejamos o artigo 246, in verbis:
sejam por este subvencionadas ou estejam direta-
mente relacionadas com a finalidade da repartição Art. 246 O funcionário que adquirir materiais em
ou serviço em que esteja lotado; desacordo com disposições legais e regulamenta-
III - requerer ou promover a concessão de privilé- res, será responsabilizado pelo respectivo custo,
gios, garantias de juros ou outros favores seme- sem prejuízo das penalidades disciplinares cabí-
lhantes, federais, estaduais ou municipais, exceto veis, podendo-se proceder ao desconto no seu ven-
privilégio de invenção própria; cimento ou remuneração.
IV - exercer, mesmo fora das horas de trabalho,
emprego ou função em empresas, estabelecimentos A responsabilidade administrativa não exime o
ou instituições que tenham relações com o Gover-
funcionário da responsabilidade civil ou criminal que
no, em matéria que se relacione com a finalidade da
no caso couber, nem do pagamento da indenização a
repartição ou serviço em que esteja lotado;
que ficar obrigado, na forma dos artigos 247 e 248, nem
V - aceitar representação de Estado estrangeiro,
sem autorização do Presidente da República;
do exame da pena disciplinar em que incorrer (artigo
VI - comerciar ou ter parte em sociedades comer- 250), vejamos portanto os arts. 247, 248, 249 e 250:
ciais nas condições mencionadas no item II deste
artigo, podendo, em qualquer caso, ser acionista, Art. 247 Nos casos de indenização à Fazenda Esta-
quotista ou comanditário; dual, o funcionário será obrigado a repor, de uma
VII - incitar greves ou a elas aderir, ou praticar atos só vez, a importância do prejuízo causado em vir-
de sabotagem contra o serviço público; tude de alcance, desfalque, remissão ou omissão em
VIII - praticar a usura; efetuar recolhimento ou entrada nos prazos legais.
IX - constituir-se procurador de partes ou servir de Art. 248 Fora dos casos incluídos no artigo anterior,
intermediário perante qualquer repartição pública, a importância da indenização poderá ser desconta-
exceto quando se tratar de interesse de cônjuge ou da do vencimento ou remuneração não excedendo o
parente até segundo grau; desconto à 10ª (décima) parte do valor destes.
X - receber estipêndios de firmas fornecedoras ou de Parágrafo único - No caso do item IV do parágra-
entidades fiscalizadas, no País, ou no estrangeiro, fo único do art. 245, não tendo havido má-fé, será
mesmo quando estiver em missão referente à compra aplicada a pena de repreensão e, na reincidência, a
de material ou fiscalização de qualquer natureza; de suspensão.
XI - valer-se de sua qualidade de funcionário para Art. 249 Será igualmente responsabilizado o fun-
desempenhar atividade estranha às funções ou cionário que, fora dos casos expressamente previs-
tos nas leis, regulamentos ou regimentos, cometer
para lograr, direta ou indiretamente, qualquer pro-
a pessoas estranhas às repartições, o desempe-
veito; e
nho de encargos que lhe competirem ou aos seus
XII - fundar sindicato de funcionários ou deles fazer
subordinados.
parte.
Art. 250 A responsabilidade administrativa não
Art. 244 É vedado ao funcionário trabalhar sob as
exime o funcionário da responsabilidade civil ou cri-
ordens imediatas de parentes, até segundo grau,
minal que no caso couber, nem o pagamento da inde-
salvo quando se tratar de função de confiança
nização a que ficar obrigado, na forma dos arts. 247
e livre escolha, não podendo exceder a 2 (dois) o
e 248, o exame da pena disciplinar em que incorrer.
número de auxiliares nessas condições.
§ 1º - A responsabilidade administrativa é indepen-
dente da civil e da criminal.(NR)
Sobre a sessão “das Responsabilidades”, o Estatu- § 2º - Será reintegrado ao serviço público, no cargo
to apresenta o que a doutrina gosta de denominar de que ocupava e com todos os direitos e vantagens
tríplice responsabilidade dos servidores públicos. devidas, o servidor absolvido pela Justiça, median-
Ela é tríplice porque o servidor responde civil, penal e te simples comprovação do trânsito em julgado de
administrativamente pelo exercício irregular de suas decisão que negue a existência de sua autoria ou do
254 atribuições. fato que deu origem à sua demissão.(NR)
§ 3º - O processo administrativo só poderá ser A pena de suspensão, que não pode exceder a 90
sobrestado para aguardar decisão judicial por des- dias, será aplicada em caso de falta grave ou de reinci-
pacho motivado da autoridade competente para dência A autoridade que aplicar a pena de suspensão
aplicar a pena.(NR) poderá converter essa penalidade em multa, na base
de 50% por dia de vencimento ou remuneração, sendo
A responsabilidade administrativa é independen- o funcionário, nesse caso, obrigado a permanecer em
te da civil e da criminal, e não se comunicam.
serviço (§ 2º do artigo 254).
Há, contudo, uma importante exceção a essa
regra: o servidor não pode se responsabilizar na esfe-
Art. 254 A pena de suspensão, que não excederá de
ra administrativa ou civil quando restar comprovado
90 (noventa) dias, será aplicada em caso de falta
que não praticou um crime, ou que tenha sido negada
grave ou de reincidência.
a sua autoria em matéria penal.
§ 1º - O funcionário suspenso perderá todas as van-
Assim, podemos dividir as três esferas de respon-
tagens e direitos decorrentes do exercício do cargo.
sabilidade, destacando-se sua natureza, os tipos de § 2º - A autoridade que aplicar a pena de suspen-
sanções que são impostas e a possibilidade delas se são poderá converter essa penalidade em multa, na
comunicarem entre si: base de 50% (cinqüenta por cento) por dia de venci-
mento ou remuneração, sendo o funcionário, nesse
z Responsabilidade Civil caso, obrigado a permanecer em serviço.

„ Natureza indenizatória (reparação de danos)


A pena de multa será aplicada na forma e nos
„ Sanção: restituição de valores ao erário
casos expressamente previstos em lei ou regulamen-
„ Não se comunica
to.(art. 255).
z Responsabilidade Administrativa
Art. 255 A pena de multa será aplicada na forma
e nos casos expressamente previstos em lei ou
„ Natureza disciplinar (apurar transgressões
regulamento.
disciplinares)
„ Sanção: advertência, repreensão, suspensão,
A pena de demissão, prevista no artigo 256, é
demissão, cassação de aposentadoria
uma das sanções mais graves, porque enseja o desli-
„ Não se comunica
gamento forçado do servidor. Não se confunde com
z Responsabilidade Criminal a exoneração, pois esta não tem caráter de sanção,
podendo até mesmo ser requerida a pedido do pró-
„ Natureza penal (apurar crimes e contravenções) prio servidor.
„ Sanção: decretação de prisão, restrição de A demissão será aplicada nos casos de:
direitos
„ Não se comunica exceto quando não se configu- Art. 256 Será aplicada a pena de demissão nos casos
ra crime ou seja negada autoria do agente. de:
I - abandono de cargo;
Por fim, o artigo 251 apresenta o rol de sanções II - procedimento irregular, de natureza grave;
aplicáveis aos funcionários que ou deixam de cum- III - ineficiência no serviço;
prir um de seus deveres, ou cometem uma das proi- IV - aplicação indevida de dinheiros públicos, e
bições também dispostas no Estatuto. São penas V - ausência ao serviço, sem causa justificável, por
disciplinares: mais de 45 (quarenta e cinco) dias, interpoladamen-
te, durante 1 (um) ano.
Art. 251 São penas disciplinares: § 1º - Considerar-se-á abandono de cargo, o não
I - repreensão; comparecimento do funcionário por mais de (30)
II - suspensão; dias consecutivos ex-vi do art. 63.
III - multa; § 2º - A pena de demissão por ineficiência no servi-
IV - demissão; ço, só será aplicada quando verificada a impossibi-
V - demissão a bem do serviço público; e lidade de readaptação.
VI - cassação de aposentadoria ou disponibilidade.
Dica
Agora vejamos o artigo 252, in verbis:
DIREITO ADMINISTRATIVO

Um pequeno macete para decorar as hipóteses


Art. 252 Na aplicação das penas disciplinares de demissão simples: ao pegar a primeira letra
serão consideradas a natureza e a gravidade da de cada inciso, forma-se a expressão “A PIA A”
infração e os danos que dela provierem para o ser- Abandono de cargo
viço público.
Procedimento irregular
Ineficiência intencional e reiterada no serviço
Dentre as sanções aplicáveis, a pena de repreen-
Aplicação indevida de dinheiros públicos
são será aplicada por escrito, desde que o agente
tenha se portado com indisciplina ou falta de cumpri- Ausência ao serviço
mento dos deveres (artigo 253).
Conforme o artigo 257, a demissão a bem do ser-
Art. 253 A pena de repreensão será aplicada por viço público possui nome parecido, mas é distinta da
escrito, nos casos de indisciplina ou falta de cum- demissão simples. Será aplicada a pena de demissão a
primento dos deveres. bem do serviço público ao funcionário que: 255
Art. 257 - Será aplicada a pena de demissão a bem IV - os Coordenadores, até a de suspensão limitada
do serviço público ao funcionário que: a 60 (sessenta) dias; e
I - for convencido de incontinência pública e escan- V - os Diretores de Departamento e Divisão, até a de
dalosa e de vício de jogos proibidos; suspensão limitada a 30 (trinta) dias.
II - praticar ato definido como crime contra a admi-
nistração pública, a fé pública e a Fazenda Esta- O artigo 261 trata de algo também bastante
dual, ou previsto nas leis relativas à segurança e à importante, que é a prescrição da punibilidade, ou
defesa nacional; prescrição do direito de exercer o poder disciplinar.
III - revelar segredos de que tenha conhecimento Extingue-se a punibilidade pela prescrição:
em razão do cargo, desde que o faça dolosamente e
com prejuízo para o Estado ou particulares;
Art. 261 - Extingue-se a punibilidade pela prescrição:
IV - praticar insubordinação grave;
I - da falta sujeita à pena de repreensão, suspensão
V - praticar, em serviço, ofensas físicas contra funcio-
ou multa, em 2 (dois) anos;
nários ou particulares, salvo se em legítima defesa;
II - da falta sujeita à pena de demissão, de demissão
VI - lesar o patrimônio ou os cofres públicos;
a bem do serviço público e de cassação da aposen-
VII - receber ou solicitar propinas, comissões, pre-
tadoria ou disponibilidade, em 5 (cinco) anos;
sentes ou vantagens de qualquer espécie, direta-
III - da falta prevista em lei como infração penal, no
mente ou por intermédio de outrem, ainda que fora
de suas funções mas em razão delas; prazo de prescrição em abstrato da pena criminal,
VIII - pedir, por empréstimo, dinheiro ou quaisquer se for superior a 5 (cinco) anos.
valores a pessoas que tratem de interesses ou o tenham § 1º - A prescrição começa a correr:
na repartição, ou estejam sujeitos à sua fiscalização; 1 - do dia em que a falta for cometida;
IX - exercer advocacia administrativa; e 2 - do dia em que tenha cessado a continuação ou a
X - apresentar com dolo declaração falsa em maté- permanência, nas faltas continuadas ou permanentes.
ria de salário-família, sem prejuízo da responsabili- § 2º - Interrompem a prescrição a portaria que instaura
dade civil e de procedimento criminal, que no caso sindicância e a que instaura processo administrativo.
couber. § 3º - O lapso prescricional corresponde:
XI - praticar ato definido como crime hediondo, tor- 1 - na hipótese de desclassificação da infração, ao
tura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins da pena efetivamente aplicada;
e terrorismo; 2 - na hipótese de mitigação ou atenuação, ao da
XII - praticar ato definido como crime contra o Sis- pena em tese cabível.
tema Financeiro, ou de lavagem ou ocultação de § 4º - A prescrição não corre:
bens, direitos ou valores; 1 - enquanto sobrestado o processo administrativo
XIII - praticar ato definido em lei como de para aguardar decisão judicial, na forma do § 3º do
improbidade. artigo 250;
2 - enquanto insubsistente o vínculo funcional que
Como pode se depreender da leitura do disposi- venha a ser restabelecido.
tivo, a demissão a bem do serviço público apresenta § 5º - Extinta a punibilidade pela prescrição, a auto-
hipóteses que, muitas vezes, não se relacionam com ridade julgadora determinará o registro do fato nos
o exercício do cargo público. Mesmo assim, é do inte- assentamentos individuais do servidor.
resse público que esse agente seja desligado de seu § 6º - A decisão que reconhecer a existência de pres-
cargo, pois claramente se mostra incompatível com o crição deverá desde logo determinar, quando for o
mesmo. caso, as providências necessárias à apuração da
Vejamos agora o artigo 258: responsabilidade pela sua ocorrência.

Art. 258 O ato que demitir o funcionário menciona- Agora vejamos, os artigos 262 e 263, in verbis:
rá sempre a disposição legal em que se fundamenta.
Art. 262 O funcionário que, sem justa causa, deixar
De acordo com o artigo 259, será aplicada a pena de atender a qualquer exigência para cujo cumpri-
de cassação de aposentadoria ou disponibilidade, mento seja marcado prazo certo, terá suspenso o
se ficar provado que o inativo: pagamento de seu vencimento ou remuneração até
que satisfaça essa exigência.
Parágrafo único - Aplica-se aos aposentados ou em
Art. 259 - Será aplicada a pena de cassação de apo-
sentadoria ou disponibilidade, se ficar provado que disponibilidade o disposto neste artigo.
o inativo: Art. 263 Deverão constar do assentamento indivi-
I - praticou, quando em atividade, falta grave para dual do funcionário todas as penas que lhe forem
a qual é cominada nesta lei a pena de demissão ou impostas.
de demissão a bem do serviço público;
II - aceitou ilegalmente cargo ou função pública; DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES
III - aceitou representação de Estado estrangeiro sem
prévia autorização do Presidente da República; e Vejamos os artigos 264, 265, 266 e 267:
IV - praticou a usura em qualquer de suas formas.
Art. 264 A autoridade que, por qualquer meio, tiver
O artigo 260 trata das pessoas competentes para a conhecimento de irregularidade praticada por ser-
aplicação das penalidades previstas anteriormente. vidor é obrigada a adotar providências visando à
São eles: sua imediata apuração, sem prejuízo das medidas
urgentes que o caso exigir.
I - o Governador; Art. 265 A autoridade realizará apuração prelimi-
II - os Secretários de Estado, o Procurador Geral do nar, de natureza simplesmente investigativa, quando
Estado e os Superintendentes de Autarquia; a infração não estiver suficientemente caracterizada
256 III - os Chefes de Gabinete, até a de suspensão; ou definida autoria.
§ 1º - A apuração preliminar deverá ser concluída A seguir, apresentamos um fluxograma mostrando
no prazo de 30 (trinta) dias. como corre o Processo Administrativo Disciplinar:
§ 2º - Não concluída no prazo a apuração, a autori-
dade deverá imediatamente encaminhar ao Chefe de
Procedimento
Gabinete relatório das diligências realizadas e defi-
Sindicância Administrativo Recursos
nir o tempo necessário para o término dos trabalhos. Ordinário
§ 3º - Ao concluir a apuração preliminar, a auto-
ridade deverá opinar fundamentadamente pelo
arquivamento ou pela instauração de sindicância Da sindicância
ou de processo administrativo.
Art. 266 Determinada a instauração de sindicân- A sindicância é o procedimento sumário através
cia ou processo administrativo, ou no seu curso, do qual o Estado ou suas autarquias reúnem elemen-
havendo conveniência para a instrução ou para o tos informativos para determinar a verdade em torno
serviço, poderá o Chefe de Gabinete, por despacho de possíveis irregularidades que possam configurar,
fundamentado, ordenar as seguintes providências: ou não, ilícitos administrativos.
I - afastamento preventivo do servidor, quando o
recomendar a moralidade administrativa ou a apu- Art. 269 Será instaurada sindicância quando a fal-
ração do fato, sem prejuízo de vencimentos ou van- ta disciplinar, por sua natureza, possa determinar
tagens, até 180 (cento e oitenta) dias, prorrogáveis as penas de repreensão, suspensão ou multa.
uma única vez por igual período; Art. 270 Será obrigatório o processo administra-
II - designação do servidor acusado para o exercí- tivo quando a falta disciplinar, por sua natureza,
cio de atividades exclusivamente burocráticas até possa determinar as penas de demissão, de demis-
decisão final do procedimento; são a bem do serviço público e de cassação de apo-
III - recolhimento de carteira funcional, distintivo, sentadoria ou disponibilidade
armas e algemas; Art. 271 Os procedimentos disciplinares punitivos
IV - proibição do porte de armas; serão realizados pela Procuradoria Geral do Esta-
V - comparecimento obrigatório, em periodicidade do e presididos por Procurador do Estado confir-
a ser estabelecida, para tomar ciência dos atos do mado na carreira.
Art. 272 São competentes para determinar a ins-
procedimento.
tauração de sindicância as autoridades enumera-
§ 1º - A autoridade que determinar a instauração
das no artigo 260.
ou presidir sindicância ou processo administrativo
Parágrafo único - Instaurada a sindicância, o Pro-
poderá representar ao Chefe de Gabinete para pro-
curador do Estado que a presidir comunicará o fato
por a aplicação das medidas previstas neste artigo, ao órgão setorial de pessoal.
bem como sua cessação ou alteração.
§ 2º - O Chefe de Gabinete poderá, a qualquer Comparando com o processo penal, pode-se afir-
momento, por despacho fundamentado, fazer ces- mar que a sindicância seria a “fase investigativa”, pois
sar ou alterar as medidas previstas neste artigo. seu fim não resulta em uma sentença ou decisão: ela
Art. 267 O período de afastamento preventivo com- serve primordialmente para apurar o que ocorreu, e
puta-se como de efetivo exercício, não sendo descon- se é necessário instaurar o processo posteriormente.
tado da pena de suspensão eventualmente aplicada. Apesar disso, é possível que a sindicância resulte na
aplicação de pena de repreensão ou de suspensão
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR: (mas nunca de demissão).
SINDICÂNCIA E PROCEDIMENTO ORDINÁRIO O artigo 273 apresenta algumas regras especiais
sobre a sindicância. No mais, aplicam-se as mesmas
Já vimos que o servidor está sujeito a aplicação regras do procedimento administrativo ordinário.
de diversas penas, devido ao seu rigoroso regime Essas regras especiais são as seguintes:
disciplinar. Resta-nos ver agora como essa sanção é Art. 273 Aplicam-se à sindicância as regras previstas
imposta. Para isso, temos o Processo Administrativo nesta lei complementar para o processo administrati-
Disciplinar (ou PAD). vo, com as seguintes modificações:
O PAD é o meio perante o qual a autoridade com- I - a autoridade sindicante e cada acusado poderão
petente apura as transgressões cometidas pelos agen- arrolar até 3 (três) testemunhas;
tes públicos, aplicando a eles as respectivas sanções. O II - a sindicância deverá estar concluída no prazo
PAD é também garantido para os servidores policiais de 60 (sessenta) dias; (
civis do Estado de São Paulo. III - com o relatório, a sindicância será enviada à
A autoridade que tiver ciência de irregularidade autoridade competente para a decisão.
DIREITO ADMINISTRATIVO

no serviço público é obrigada a promover sua apura-


Atenção: a sindicância é uma etapa que pode ocor-
ção imediata, mediante sindicância ou processo admi- rer antes do curso do procedimento ordinário, mas
nistrativo disciplinar, assegurada ao acusado ampla não é, necessariamente, uma etapa obrigatória do
defesa. É sob esse fundamento que corre o processo processo ordinário. A sindicância não é essencial para
administrativo disciplinar. o curso do procedimento ordinário se a transgressão
O processo administrativo é o instrumento desti- for considerada gravíssima, sujeita a uma pena que é
nado a apurar as responsabilidades do servidor por incompatível com a sindicância, ou se a transgressão
infração praticada no exercício de suas atribuições ou configura-se automaticamente, não havendo necessi-
relacionada com o cargo que ocupa. O processo pode dade de sua investigação.
ocorrer em procedimento ordinário ou em sindicância. Da sindicância poderá resultar um de três cami-
nhos: o arquivamento do processo; a aplicação de
Art. 268 A apuração das infrações será feita penalidade de repreensão ou suspensão; ou ainda a
mediante sindicância ou processo administrativo, instauração de processo disciplinar.
assegurados o contraditório e a ampla defesa. Agora vejamos o artigo 274, in verbis: 257
Art. 274 São competentes para determinar a ins- § 1º - O mandado de citação deverá conter:
tauração de processo administrativo as autori- 1 - cópia da portaria;
dades enumeradas no artigo 260, até o inciso IV, 2 - data, hora e local do interrogatório, que poderá
inclusive. (NR) ser acompanhado pelo advogado do acusado; (NR)
3 - data, hora e local da oitiva do denunciante, se
Do processo administrativo disciplinar ordinário houver, que deverá ser acompanhada pelo advoga-
do do acusado;
O processo disciplinar ordinário (pode aparecer 4 - esclarecimento de que o acusado será defendido
também como procedimento administrativo discipli- por advogado dativo, caso não constitua advogado
nar) é o instrumento destinado a apurar responsa- próprio;
bilidade do servidor público pela infração praticada 5 - informação de que o acusado poderá arrolar tes-
no exercício de suas atribuições ou que tenha relação temunhas e requerer provas, no prazo de 3 (três)
com as atribuições do cargo em que se encontre inves- dias após a data designada para seu interrogatório;
tido. Todo o conteúdo apurado na sindicância (quan- 6 - advertência de que o processo será extinto se
do houver) será posto em apenso ao processo. o acusado pedir exoneração até o interrogatório,
São competentes para determinar a instauração de quando se tratar exclusivamente de abandono de
processo administrativo as autoridades enumeradas cargo ou função, bem como inassiduidade.
no artigo 260, até o inciso IV; são as mesmas pessoas § 2º - A citação do acusado será feita pessoalmen-
que aplicam as sanções disciplinares. te, no mínimo 2 (dois) dias antes do interrogatório,
por intermédio do respectivo superior hierárquico,
Dica ou diretamente, onde possa ser encontrado.
§ 3º - Não sendo encontrado em seu local de traba-
O processo disciplinar é dividido em três fases:
lho ou no endereço constante de seu assentamento
I - instauração, com a publicação do ato que individual, furtando-se o acusado à citação ou igno-
constituir a comissão; rando-se seu paradeiro, a citação far-se-á por edi-
II - instrução, em que se tem o inquérito adminis- tal, publicado uma vez no Diário Oficial do Estado,
trativo, a defesa do acusado, e relatório; e no mínimo 10 (dez) dias antes do interrogatório.
III - julgamento, que envolve a peça decisória e
os eventuais recursos. A citação do acusado deverá ser realizada pessoal-
mente, no mínimo 2 dias antes do interrogatório, por
O artigo 275 dispõe algumas regras sobre impedi- intermédio do respectivo superior hierárquico, ou
mento durante o procedimento administrativo: diretamente, onde o mesmo possa ser encontrado (§
2º do artigo 278).
Art. 275 Não poderá ser encarregado da apuração,
nem atuar como secretário, amigo íntimo ou ini- Art. 279 Havendo denunciante, este deverá prestar
migo, parente consanguíneo ou afim, em linha reta declarações, no interregno entre a data da citação
ou colateral, até o terceiro grau inclusive, cônjuge, e a fixada para o interrogatório do acusado, sendo
companheiro ou qualquer integrante do núcleo notificado para tal fim.
familiar do denunciante ou do acusado, bem assim § 1º - A oitiva do denunciante deverá ser acompa-
o subordinado deste. nhada pelo advogado do acusado, próprio ou dativo.
Art. 276 A autoridade ou o funcionário designado § 2º - O acusado não assistirá à inquirição do
deverão comunicar, desde logo, à autoridade com- denunciante; antes porém de ser interrogado, pode-
petente, o impedimento que houver.
rá ter ciência das declarações que aquele houver
Art. 277 O processo administrativo deverá ser instau-
prestado.
rado por portaria, no prazo improrrogável de 8 (oito)
Art. 280 Não comparecendo o acusado, será, por
dias do recebimento da determinação, e concluído no
despacho, decretada sua revelia, prosseguindo-se
de 90 (noventa) dias da citação do acusado.
§ 1º - Da portaria deverão constar o nome e a iden- nos demais atos e termos do processo.
tificação do acusado, a infração que lhe é atribuída, Art. 281 Ao acusado revel será nomeado advogado
com descrição sucinta dos fatos, a indicação das dativo.
normas infringidas e a penalidade mais elevada em Art. 282 O acusado poderá constituir advogado
tese cabível. que o representará em todos os atos e termos do
§ 2º - Vencido o prazo, caso não concluído o proces- processo.
so, o Procurador do Estado que o presidir deverá § 1º - É faculdade do acusado tomar ciência ou assis-
imediatamente encaminhar ao seu superior hierár- tir aos atos e termos do processo, não sendo obriga-
quico relatório indicando as providências faltantes tória qualquer notificação.
e o tempo necessário para término dos trabalhos. § 2º - O advogado será intimado por publicação no
§ 3º - O superior hierárquico dará ciência dos fatos Diário Oficial do Estado, de que conste seu nome e
a que se refere o parágrafo anterior e das providên- número de inscrição na Ordem dos Advogados do
cias que houver adotado à autoridade que determi- Brasil, bem como os dados necessários à identifica-
nou a instauração do processo. ção do procedimento.
§ 3º Não tendo o acusado recursos financeiros ou
De acordo com o artigo 278, uma vez autuada a negando-se a constituir advogado, o presidente
portaria e demais peças preexistentes, designará o nomeará advogado dativo.
presidente dia e hora para audiência de interrogató- § 4º O acusado poderá, a qualquer tempo, consti-
rio, determinando a citação do acusado e a notificação tuir advogado para prosseguir na sua defesa.
do denunciante, se houver.
A fase instrutória tem por início com a produção
Art. 278 Autuada a portaria e demais peças pree- de um inquérito. Comparecendo ou não o acusado ao
xistentes, designará o presidente dia e hora para interrogatório, inicia-se o prazo de 3 dias para reque-
audiência de interrogatório, determinando a citação rer a produção de provas, ou apresentá-las (artigo
258 do acusado e a notificação do denunciante, se houver. 283).
Art. 283 Comparecendo ou não o acusado ao inter- § 1º - Deverá constar da precatória a síntese da
rogatório, inicia-se o prazo de 3 (três) dias para imputação e os esclarecimentos pretendidos, bem
requerer a produção de provas, ou apresentá-las. como a advertência sobre a necessidade da presen-
§ 1º - O presidente e cada acusado poderão arrolar ça de advogado.
até 5 (cinco) testemunhas. § 2º - A expedição da precatória não suspenderá a
§ 2º - A prova de antecedentes do acusado será feita instrução do procedimento.
exclusivamente por documentos, até as alegações § 3º - Findo o prazo marcado, o procedimento pode-
finais. rá prosseguir até final decisão; a todo tempo, a pre-
§ 3º - Até a data do interrogatório,será designada a catória, uma vez devolvida, será juntada aos autos.
audiência de instrução. Art. 287 As testemunhas arroladas pelo acusado
Art. 284 Na audiência de instrução, serão ouvidas, comparecerão à audiência designada independente
pela ordem, as testemunhas arroladas pelo presi- de notificação.
dente e pelo acusado. (NR) § 1º - Deverá ser notificada a testemunha cujo
Parágrafo único - Tratando-se de servidor públi- depoimento for relevante e que não comparecer
co, seu comparecimento poderá ser solicitado ao espontaneamente.
respectivo superior imediato com as indicações § 2º - Se a testemunha não for localizada, a defesa
necessárias. poderá substituí-la, se quiser, levando na mesma
Art. 285 A testemunha não poderá eximir-se de data designada para a audiência outra testemunha,
depor, salvo se for ascendente, descendente, cônju- independente de notificação.
ge, ainda que legalmente separado, companheiro, Art. 288 Em qualquer fase do processo, poderá o
irmão, sogro e cunhado, pai, mãe ou filho adotivo presidente, de ofício ou a requerimento da defesa,
do acusado, exceto quando não for possível, por ordenar diligências que entenda convenientes.
§ 1º - As informações necessárias à instrução do
outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato
processo serão solicitadas diretamente, sem obser-
e de suas circunstâncias.
vância de vinculação hierárquica, mediante ofício,
§ 1º - Se o parentesco das pessoas referidas for com
do qual cópia será juntada aos autos.
o denunciante, ficam elas proibidas de depor, obser-
§ 2º - Sendo necessário o concurso de técnicos ou
vada a exceção deste artigo.
peritos oficiais, o presidente os requisitará, obser-
§ 2º - Ao servidor que se recusar a depor, sem justa
vados os impedimentos do artigo 275.
causa, será pela autoridade competente adotada a
Art. 289 Durante a instrução, os autos do procedi-
providência a que se refere o artigo 262, mediante mento administrativo permanecerão na repartição
comunicação do presidente. competente.
§ 3º - O servidor que tiver de depor como teste- § 1º - Será concedida vista dos autos ao acusado,
munha fora da sede de seu exercício, terá direito mediante simples solicitação, sempre que não pre-
a transporte e diárias na forma da legislação em judicar o curso do procedimento.
vigor, podendo ainda expedir-se precatória para § 2º - A concessão de vista será obrigatória, no pra-
esse efeito à autoridade do domicílio do depoente. zo para manifestação do acusado ou para apresen-
§ 4º - São proibidas de depor as pessoas que, em tação de recursos, mediante publicação no Diário
razão de função, ministério, ofício ou profissão, Oficial do Estado.
devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela § 3º - Não corre o prazo senão depois da publicação
parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. a que se refere o parágrafo anterior e desde que os
autos estejam efetivamente disponíveis para vista.
O presidente e cada acusado poderão arrolar até § 4º - Ao advogado é assegurado o direito de retirar
5 testemunhas. É um número superior do que na sin- os autos da repartição, mediante recibo, durante o
dicância, uma vez que estamos diante de uma condu- prazo para manifestação de seu representado, salvo
ta que pode ser punida com uma sanção mais grave, na hipótese de prazo comum, de processo sob regi-
me de segredo de justiça ou quando existirem nos
como a demissão.
autos documentos originais de difícil restauração
O artigo 285 trata sobre a pessoa da testemunha. Ela ou ocorrer circunstância relevante que justifique a
permanência dos autos na repartição, reconhecida
não poderá eximir-se de depor, salvo se for ascen- pela autoridade em despacho motivado.
dente, descendente, cônjuge, ainda que legalmente Art. 290 Somente poderão ser indeferidos pelo
separado, companheiro, irmão, sogro e cunhado, presidente, mediante decisão fundamentada, os
pai, mãe ou filho adotivo do acusado, exceto quan- requerimentos de nenhum interesse para o escla-
do não for possível, por outro modo, obter-se ou recimento do fato, bem como as provas ilícitas,
integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. impertinentes, desnecessárias ou protelatórias.
Art. 291 Quando, no curso do procedimento, sur-
girem fatos novos imputáveis ao acusado, poderá
Encerrada a fase probatória, dar-se-á vista dos
ser promovida a instauração de novo procedimento
autos à defesa, que poderá apresentar alegações
DIREITO ADMINISTRATIVO

para sua apuração, ou, caso conveniente, aditada a


finais, no prazo de 7 dias. Não apresentadas no prazo portaria, reabrindo-se oportunidade de defesa.
as alegações finais, o presidente designará advogado Art. 292 Encerrada a fase probatória, dar-se-á vis-
dativo, assinando-lhe novo prazo. É importante que ta dos autos à defesa, que poderá apresentar alega-
haja o respeito ao contraditório e a ampla defesa, pois ções finais, no prazo de 7 (sete) dias.
para todos os fatos alegados deve o acusado apresen- Parágrafo único - Não apresentadas no prazo as
tar uma defesa, mesmo que seja uma defesa ampla alegações finais, o presidente designará advogado
e geral (apenas dizer que “não cometeu nenhuma dativo, assinando-lhe novo prazo.
Art. 293 O relatório deverá ser apresentado no pra-
transgressão”). zo de 10 (dez) dias, contados da apresentação das
alegações finais.
Art. 286 A testemunha que morar em comarca § 1º - O relatório deverá descrever, em relação a
diversa poderá ser inquirida pela autoridade do cada acusado, separadamente, as irregularidades
lugar de sua residência, expedindo-se, para esse imputadas, as provas colhidas e as razões de defe-
fim, carta precatória, com prazo razoável, intima- sa, propondo a absolvição ou punição e indicando,
da a defesa. nesse caso, a pena que entender cabível. 259
§ 2º - O relatório deverá conter, também, a sugestão Art. 306 É defeso fornecer à imprensa ou a outros
de quaisquer outras providências de interesse do meios de divulgação notas sobre os atos proces-
serviço público. suais, salvo no interesse da Administração, a juízo
Art. 294 Relatado, o processo será encaminhado à do Secretário de Estado ou do Procurador Geral do
autoridade que determinou sua instauração. Estado.

O artigo 295 trata do início da fase de julgamento: O artigo 307 trata do prazo prescricional após a
decretação da sanção disciplinar, para fins de compu-
Art. 295 Recebendo o processo relatado, a auto- tação de reincidência. Não pode ser decretada rein-
ridade que houver determinado sua instauração cidência quando, dentre uma transgressão e outra,
deverá, no prazo de 20 (vinte) dias, proferir o jul- decorreram 5 anos de efetivo exercício contados da
gamento ou determinar a realização de diligência, data da publicação da sanção disciplinar. A reincidên-
sempre que necessária ao esclarecimento de fatos. cia somente será computada quando a primeira infra-
ção for punível ou com repreensão ou suspensão.
A diligência referida no artigo deverá ser cumpri- De acordo com o parágrafo único do artigo 307, a
da em até 15 dias (artigo 296). demissão e a demissão a bem do serviço público cau-
sam a incompatibilidade para nova investidura em
Art. 296 Determinada a diligência, a autoridade cargo, função ou emprego público, pelo prazo de 5 e
encarregada do processo administrativo terá prazo 10 anos, respectivamente.
de 15 (quinze) dias para seu cumprimento, abrindo
vista à defesa para manifestar-se em 5 (cinco) dias. Art. 307 Decorridos 5 (cinco) anos de efetivo exer-
Art. 297 Quando escaparem à sua alçada as pena- cício, contados do cumprimento da sanção discipli-
lidades e providências que lhe parecerem cabíveis, nar, sem cometimento de nova infração, não mais
a autoridade que determinou a instauração do poderá aquela ser considerada em prejuízo do
processo administrativo deverá propô-las, justifica- infrator, inclusive para efeito de reincidência. (NR)
damente, dentro do prazo para julgamento, à auto- Parágrafo único - A demissão e a demissão a bem
ridade competente. do serviço público acarretam a incompatibilidade
Art. 298 A autoridade que proferir decisão deter- para nova investidura em cargo, função ou empre-
minará os atos dela decorrentes e as providências go público, pelo prazo de 5 (cinco) e 10 (dez) anos,
necessárias a sua execução. respectivamente.
Art. 299 As decisões serão sempre publicadas no Art. 308 Verificada a ocorrência de faltas ao ser-
Diário Oficial do Estado, dentro do prazo de 8 (oito) viço que caracterizem abandono de cargo ou fun-
dias, bem como averbadas no registro funcional do ção, bem como inassiduidade, o superior imediato
servidor. comunicará o fato à autoridade competente para
determinar a instauração de processo disciplinar,
As decisões serão sempre publicadas no Diário Ofi- instruindo a representação com cópia da ficha fun-
cial do Estado, dentro do prazo de 8 dias, bem como cional do servidor e atestados de freqüência.
averbadas no registro funcional do servidor (artigo 299). Art. 309 Não será instaurado processo para apurar
abandono de cargo ou função, bem como inassidui-
Art. 300 Terão forma processual resumida, quando dade, se o servidor tiver pedido exoneração.
possível, todos os termos lavrados pelo secretário, Art. 310 Extingue-se o processo instaurado exclu-
quais sejam: autuação, juntada, conclusão, intima- sivamente para apurar abandono de cargo ou fun-
ção, data de recebimento, bem como certidões e ção, bem como inassiduidade, se o indiciado pedir
compromissos. exoneração até a data designada para o interroga-
§ 1º - Toda e qualquer juntada aos autos se fará na tório, ou por ocasião deste.
ordem cronológica da apresentação, rubricando o Art. 311 A defesa só poderá versar sobre força maior,
presidente as folhas acrescidas. coação ilegal ou motivo legalmente justificável.
§ 2º - Todos os atos ou decisões, cujo original não
conste do processo, nele deverão figurar por cópia. Se, por exemplo, um funcionário do Estado de São
Art. 301 Constará sempre dos autos da sindicância Paulo for condenado a pena de demissão (por qual-
ou do processo a folha de serviço do indiciado. quer motivo), no ano de 2021, ele somente poderá a
Art. 302 Quando ao funcionário se imputar crime, voltar a ter alguma chance de ingressar em outro car-
praticado na esfera administrativa, a autoridade go público ou em 2026, se a pena for de demissão sim-
que determinou a instauração do processo admi- ples, ou em 2031, se a pena for de demissão a bem do
nistrativo providenciará para que se instaure, serviço público. Não poderá, também, tentar ingres-
simultaneamente, o inquérito policial. sar em um cargo público fora do Estado de São Pau-
Parágrafo único - Quando se tratar de crime pratica- lo, pois a incompatibilidade abrange a Administração
do fora da esfera administrativa, a autoridade poli- Pública como um todo.
cial dará ciência dele à autoridade administrativa. O Art. 312 trata dos recursos dentro do procedi-
Art. 303 As autoridades responsáveis pela condu- mento administrativo, os quais caberão, por uma única
ção do processo administrativo e do inquérito poli- vez, contra a decisão que aplicar penalidade. O prazo
cial se auxiliarão para que os mesmos se concluam para recorrer é de 30 dias, contados da publicação da
dentro dos prazos respectivos. decisão impugnada no Diário Oficial do Estado ou da
Art. 304 Quando o ato atribuído ao funcionário for intimação pessoal do servidor, quando for o caso.
considerado criminoso, serão remetidas à autori- O recurso será apresentado à autoridade que apli-
dade competente cópias autenticadas das peças cou a pena, que terá o prazo de 10 dias para, motiva-
essenciais do processo. damente, manter sua decisão ou reformá-la (§ 3º do
Art. 305 Não será declarada a nulidade de nenhum artigo 312).
ato processual que não houver influído na apura-
ção da verdade substancial ou diretamente na deci- Art. 312 Caberá recurso, por uma única vez, da
260 são do processo ou sindicância. decisão que aplicar penalidade.
§ 1º - O prazo para recorrer é de 30 (trinta) dias, § 3º - Os pedidos formulados em desacordo com
contados da publicação da decisão impugnada no este artigo serão indeferidos.
Diário Oficial do Estado ou da intimação pessoal do § 4º - O ônus da prova cabe ao requerente.
servidor, quando for o caso.
§ 2º - Do recurso deverá constar, além do nome e O Art. 316 apresenta um conteúdo importante: a
qualificação do recorrente, a exposição das razões pena imposta não poderá ser agravada pela revisão. É
de inconformismo. o que se costuma chamar de proibição da reformatio
§ 3º - O recurso será apresentado à autoridade in pejus, pois, se a revisão foi solicitada pelo próprio
que aplicou a pena, que terá o prazo de 10 (dez) servidor transgressor, seria injusto que da revisão
dias para, motivadamente, manter sua decisão ou resultasse em um agravamento de sua pena.
reformá-la.
§ 4º - Mantida a decisão, ou reformada parcialmen- Art. 316 A pena imposta não poderá ser agravada
te, será imediatamente encaminhada a reexame pela revisão.
pelo superior hierárquico.
§ 5º - O recurso será apreciado pela autoridade
A revisão não precisa ser requerida pessoalmente
competente ainda que incorretamente denominado
pelo funcionário. Segundo o artigo 317, a instauração
ou endereçado.
de processo revisional poderá ser requerida, se faleci-
do o funcionário ou incapaz, por seu curador, cônju-
O Art. 313, por sua vez, trata do pedido de recon- ge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão,
sideração, contra decisão tomada pelo Governador do sempre por intermédio de advogado.
Estado em única instância, no prazo de 30 dias.
Art. 317 A instauração de processo revisional pode-
Art. 313 Caberá pedido de reconsideração, que
rá ser requerida fundamentadamente pelo interes-
não poderá ser renovado, de decisão tomada pelo
sado ou, se falecido ou incapaz, por seu curador,
Governador do Estado em única instância, no pra-
cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou
zo de 30 (trinta) dias.
irmão, sempre por intermédio de advogado.
Parágrafo único - O pedido será instruído com as
O Art. 314 apresenta que os recursos de que trata provas que o requerente possuir ou com indicação
esta lei complementar não têm efeito suspensivo; os daquelas que pretenda produzir.
que forem providos darão lugar às retificações neces- Art. 318 A autoridade que aplicou a penalidade,
sárias, retroagindo seus efeitos à data do ato puniti- ou que a tiver confirmado em grau de recurso,
vo. Todavia, isso não é totalmente verdadeiro: pode o será competente para o exame da admissibilida-
recorrente, desde que esteja expresso e o recurso seja de do pedido de revisão, bem como, caso deferido
interposto dentro do prazo corretamente (tempestivo), o processamento, para a sua decisão final.
requerer a suspensão da decisão que corre contra ele. Art. 319 Deferido o processamento da revisão,
será este realizado por Procurador de Estado
Art. 314 Os recursos de que trata esta lei comple- que não tenha funcionado no procedimento dis-
mentar não têm efeito suspensivo; os que forem ciplinar de que resultou a punição do requerente.
providos darão lugar às retificações necessárias, Art. 320 Recebido o pedido, o presidente provi-
retroagindo seus efeitos à data do ato punitivo. denciará o apensamento dos autos originais e
notificará o requerente para, no prazo de 8 (oito)
O que o texto do dispositivo expõe é que os recur- dias, oferecer rol de testemunhas, ou requerer
sos não têm efeito suspensivo de ofício. O efeito sus- outras provas que pretenda produzir.
pensivo deve ser concedido toda vez que houver justo Parágrafo único - No processamento da revisão
receio de prejuízo, de reparação difícil ou incerta. serão observadas as normas previstas nesta lei
Apenas o pedido de reconsideração é que não pode, complementar para o processo administrativo.
em hipótese nenhuma, suspender a decisão.
Por fim, a Lei Complementar faz menção à revisão. O Art. 321 dispõe sobre os poderes da decisão que
Poderá ser requerida, a qualquer tempo, a revisão de
julgar procedente a revisão. Ela poderá alterar a clas-
punição disciplinar de que não caiba mais recurso, se
sificação da infração, absolver o punido, modificar a
surgirem fatos ou circunstâncias ainda não aprecia-
pena ou anular o processo, restabelecendo os direitos
dos, ou vícios insanáveis de procedimento, que pos-
atingidos pela decisão reformada.
sam justificar redução ou anulação da pena aplicada
(artigo 315).
A simples alegação da injustiça da decisão não Art. 321 A decisão que julgar procedente a revisão
poderá alterar a classificação da infração, absolver
DIREITO ADMINISTRATIVO

constitui fundamento do pedido. Na revisão, o ônus


da prova cabe sempre ao requerente da revisão. Não o punido, modificar a pena ou anular o processo,
será admitida reiteração de pedido pelo mesmo fun- restabelecendo os direitos atingidos pela decisão
damento (§§§1°, 2° e 4° do artigo 315). reformada.

Art. 315 Admitir-se-á, a qualquer tempo, a revisão Vejamos agora os artifo 322 e 323, in verbis:
de punição disciplinar de que não caiba mais recur-
so, se surgirem fatos ou circunstâncias ainda não Art. 322 O dia 28 de outubro será consagrado ao
apreciados, ou vícios insanáveis de procedimento, "Funcionário Público Estadual".
que possam justificar redução ou anulação da pena Art. 323 Os prazos previstos neste Estatuto serão
aplicada. todos contados por dias corridos.
§ 1º - A simples alegação da injustiça da decisão Parágrafo único - Não se computará no prazo o dia
não constitui fundamento do pedido. inicial, prorrogando-se o vencimento, que incidir
§ 2º - Não será admitida reiteração de pedido pelo em sábado, domingo, feriado ou facultativo, para o
mesmo fundamento. primeiro dia útil seguinte. 261
O parágrafo único do art. 1° da Lei estende o alcan-
LEI FEDERAL Nº 8.429/92 (LEI DE ce os atos de improbidade administrativa quando pra-
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA) ticados contra o patrimônio de entidade que receba
subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício,
DISPOSIÇÕES INICIAIS de órgão público bem como daquelas para cuja cria-
ção ou custeio o erário haja concorrido ou concorra
com menos de cinquenta por cento do patrimônio
A Lei de Improbidade Administrativa dispõe sobre
ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a
as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre
de improbidade administrativa no exercício de a contribuição dos cofres públicos.
mandato, cargo, emprego ou função na administração Agentes públicos, segundo o art. 2º da Lei n°
pública direta, indireta ou fundacional e dá outras 8.429/92 é todo aquele que exerce, ainda que tran-
providências. Sendo assim, o grande foco desta ati- sitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
vidade legislativa é seguir os valores empregados de nomeação, designação, contratação ou qualquer
forma ilícita. O administrador emprega esforços no outra forma de investidura ou vínculo, mandato, car-
controle das verbas e no seu uso. É uma lei que visa, go, emprego ou função nas entidades no art. 1º.
objetivamente, “moralizar” o serviço público. De acordo com o artigo 2°, é possível a aplicação
A improbidade administrativa possui base consti- dessa lei àquele que, mesmo não sendo agente públi-
tucional, na forma do § 4º do art. 37: co, induza ou concorra para a prática do ato de impro-
bidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta
Art. 37 [...] ou indireta. Estamos falando do particular. Estamos
§ 4º Os atos de improbidade administrativa impor- falando da pessoa que não sendo funcionária pública
tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda induza ou concorra para a improbidade.
da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, na forma e gradação pre- Art. 3° Os agentes públicos de qualquer nível ou
vistas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. hierarquia são obrigados a velar pela estrita obser-
vância dos princípios de legalidade, impessoalida-
O estudo de leis esparsas precisa passar pela leitu- de, moralidade e publicidade no trato dos assuntos
ra do texto da lei, desta forma, vamos conciliar a lei- que lhe são afetos.
tura da lei com os esquemas para melhorar o seu
entendimento sobre o conteúdo da Lei 8.429/92.
O art. 1º da Lei estabelece quem são os agentes que Agentes públicos que exerçam
poderão incorrer nas sanções decorrentes de impro- função pública, ainda que transi-
bidade administrativa. toriamente e sem remuneração

Art. 1° Os atos de improbidade praticados por Sujeitos


qualquer agente público, servidor ou não, contra Ativos
Terceiro que mesmo não sendo
a administração direta, indireta ou fundacional de
agente público, induza ou con-
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
corra para a prática do ato de
Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de
empresa incorporada ao patrimônio público ou de improbidade ou dele se benefi-
entidade para cuja criação ou custeio o erário haja cie sob qualquer forma direta
concorrido ou concorra com mais de cinquenta ou indireta
por cento do patrimônio ou da receita anual, serão
punidos na forma desta lei. Parágrafo único. Estão
também sujeitos às penalidades desta lei os atos Importante!
de improbidade praticados contra o patrimônio de
entidade que receba subvenção, benefício ou incen- Após algumas mudanças de posicionamento,
tivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como em 2018, o STF pacificou o assunto ao concluir
daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja que os agentes políticos, com exceção do Pre-
concorrido ou concorra com menos de cinqüen- sidente da República, encontram-se sujeitos a
ta por cento do patrimônio ou da receita anual,
duplo regime sancionatório, podendo responder,
limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial
à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos ao mesmo tempo por improbidade administrati-
cofres públicos. va e crime de responsabilidade.

Agente público, servidor ou não O art. 6º estabelece que no caso de enriqueci-


mento ilícito, perderá o agente público ou tercei-
ro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao
seu patrimônio, nesse caso, haverá no mínimo uma
Adm. Direta, Ind. e Fund. “devolução” dos valores ilicitamente acrescidos.
De acordo com o art. 7°, quando o ato de improbi-
dade causa lesão ao patrimônio público ou enseja enri-
De qualquer dos poderes da quecimento ilícito, cabe à autoridade administrativa
União, dos Estados, do DF e dos responsável pelo inquérito representar ao Ministério
Municípios Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
Essa indisponibilidade recairá sobre bens que
assegurem o integral ressarcimento do dano, ou
Erário concorrido com + de 50% sobre o acréscimo patrimonial resultante do enri-
262 quecimento ilícito.
O art. 8° aponta para os casos de sucessão em que o Enriquecimento ilícito
valor ilícito se torna parte de uma herança “o sucessor
daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se Que causem prejuízo ao erário
Atos de
enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações des- improbidade
ta lei até o limite do valor da herança”. administrativa Concessão ou aplicação indevida de
A responsabilidade do agente, portanto, limita- benefício financeiro ou tributário
-se ao valor da herança, isto para que se respeite a
intranscendência da pena, a qual não pode passar da
Contra os princípios da adminis-
pessoa do condenado de acordo com o que estabelece tração pública
a Constituição Federal, art. 5º, inciso XLV.

Atos de Improbidade Administrativa que Importam


Enriquecimento Ilícito
EXERCÍCIO COMENTADO
De acordo com o artigo 9°, constituem ato de
1. (VUNESP — 2020) Apolo é a autoridade administra- improbidade administrativa importando enriqueci-
tiva responsável por um inquérito, nos termos da Lei mento ilícito obter qualquer tipo de vantagem patri-
monial indevida em razão do exercício de cargo,
de Improbidade Administrativa (Lei n° 8.429/1992), no
mandato, função, emprego ou atividade nas enti-
qual apura-se conduta ilícita de Hermes, que é servi-
dades mencionadas no art. 1° da Lei de Improbidade.
dor público, bem como de Dionísio que é um particu- Quando a Lei fala sobre enriquecimento ilícito, a
lar, empresário da construção civil. Na conclusão do referência que deve fazer parte do raciocínio do aluno
inquérito, restou comprovado que ambos acusados é a seguinte: enriquecer importa, sempre, em aumen-
praticaram atos que redundaram em lesão ao patri- to de patrimônio e, dessa forma deve acontecer de for-
mônio público e enriquecimento ilícito, não cabendo ma dolosa, ou seja, precisa de vontade e consciência o
mais recursos no inquérito. No entanto, antes de Apo- enriquecimento ilícito.
lo tomar qualquer providência, Hermes veio a falecer. Nesse ponto parece muito importante esclarecer
Nessa situação hipotética, segundo o disposto na Lei o significado de alguns termos que serão importantes
nº 8.429/1992, Apolo deverá no decorrer do estudo. Para compreendermos melhor
a lei de improbidade é necessário saber com alguma
a) Mandar arquivar o inquérito em relação a Hermes em profundidade alguns pontos:
razão do seu falecimento e representar ao Ministério
z Dolo: o dolo é a ação realizada com vontade e
Público para a indisponibilidade dos bens de Dionísio.
consciência, voltada a um fim.
b) Representar ao Ministério Público, para a indisponibili-
z Culpa: sem maiores aprofundamentos quando
dade dos bens de ambos os indiciados, sendo que, no realizamos alguma conduta de forma culposa não
caso de Hermes, seus sucessores é que responderão temos a presença da vontade e da consciência,
até o limite do valor da herança. ou seja, os atos de enriquecimento ilícito, não
c) Determinar o arquivamento do inquérito em relação a poderão ser culposos. Entendeu? Esse é um deta-
Hermes, por este ter falecido, e remeter cópias do inqué- lhe absolutamente relevante e pode rapidamente
rito à Justiça para abertura de processo contra Dionísio. decidir uma questão. E uma questão pode decidir
d) Pedir à Justiça o arquivamento do inquérito para uma prova inteira.
ambos, tendo em vista o falecimento de Hermes e z Trânsito em julgado: As decisões transitam em jul-
pelo fato de Dionísio não ser funcionário público, que gado e ocorrido esse evento são definitivas e não
deverá responder processo próprio na Justiça comum. se sujeitam a novas mudanças ou recursos. O trân-
e) Arquivar o inquérito em relação a Hermes, que faleceu sito em julgado poderá ocorrer após o esgotamento
de todas as instâncias judiciais ou quando publicada a
antes da aplicação da pena e remeter o inquérito ao
decisão as partes não impuserem recurso.
Delegado de Polícia para abertura de processo criminal
z Rol exemplificativo: sempre que tivermos situa-
contra Dionísio. ções que não puderem ser limitadas e citadas
integralmente, criaremos um rol exemplifica-
O art. 8° aponta para os casos de sucessão em que o tivo de situações. Essa técnica de redação traz
valor ilícito se torna parte de uma herança “o suces-
DIREITO ADMINISTRATIVO

assertividade para a lei, evitando que o legislador


sor daquele que causar lesão ao patrimônio público diga menos do que pretendia. Ou seja, sempre que
ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às comi- encontrar um rol exemplificativo em alguma reda-
nações desta lei até o limite do valor da herança”. ção use-o como vetor de interpretação.
Resposta: Letra B.
Os incisos do art. 9º estabelece o rol de condutas
ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA que são consideradas como enriquecimento ilícito.

Constituem atos de improbidade administrativa: I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem
móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem eco-
os que importam em enriquecimento ilícito, os que
nômica, direta ou indireta, a título de comissão,
causam lesão ao erário, os decorrentes de conces- porcentagem, gratificação ou presente de quem
são ou aplicação indevida de benefício financeiro ou tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser
tributário e os que atentam contra os princípios da atingido ou amparado por ação ou omissão decor-
administração pública. rente das atribuições do agente público; 263
II - perceber vantagem econômica, direta ou indire- causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão (cui-
ta, para facilitar a aquisição, permuta ou locação dado com as omissões – “não fazer”), dolosa ou culpo-
de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de ser- sa (lembre-se que as condutas culposas são divididas
viços pelas entidades referidas no art. 1° por preço em imperícia, imprudência e negligência), que enseje
superior ao valor de mercado; perda patrimonial, desvio, apropriação, malbarata-
III - perceber vantagem econômica, direta ou indi- mento ou dilapidação dos bens ou haveres das enti-
reta, para facilitar a alienação, permuta ou locação dades referidas no art. 1º desta Lei. Fique atento aos
de bem público ou o fornecimento de serviço por termos que a lei apresenta:
ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veí-
culos, máquinas, equipamentos ou material z Perda patrimonial
de qualquer natureza, de propriedade ou à z Desvio
disposição de qualquer das entidades mencio- z Apropriação
nadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho z Malbaratamento
de servidores públicos, empregados ou tercei- z Dilapidação dos bens ou haveres
ros contratados por essas entidades;
V - receber vantagem econômica de qualquer natu- Quando tratamos de atos que causam prejuízo ao
reza, direta ou indireta, para tolerar a exploração erário temos que ficar bastante atentos, pois, neste
ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de nar- caso a lei se apresenta com outra formatação. A pri-
cotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer meira situação que deve ser anotada é que diferen-
outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal temente dos atos que geram enriquecimento ilícito,
vantagem; aqui podemos responder por uma ação praticada
VI - receber vantagem econômica de qualquer natu- de forma culposa.
reza, direta ou indireta, para fazer declaração falsa Ou seja, em alguma das modalidades de culpa
sobre medição ou avaliação em obras públicas ou incorremos e criamos um prejuízo para o erário. Por
qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso, exemplo, quando um policial bate uma viatura ele
medida, qualidade ou característica de mercado-
age de forma culposa, ocorre um acidente de trânsito,
rias ou bens fornecidos a qualquer das entidades
porém esse acidente trouxe prejuízo ao erário e deve-
mencionadas no art. 1º desta lei;
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exer- rá ser indenizado. Dessa forma, fica claro que um ato
cício de mandato, cargo, emprego ou função que gera prejuízo ao erário poderá ocorrer também
pública, bens de qualquer natureza cujo valor de forma culposa.
seja desproporcional à evolução do patrimô- É importante saber que o prejuízo ao erário é a
nio ou à renda do agente público; única espécie de conduta que admite ação na moda-
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer lidade culposa.
atividade de consultoria ou assessoramento Novamente a lei nos apresenta uma listagem de
para pessoa física ou jurídica que tenha inte- atos (art. 10, incisos I ao XXI) que, se praticados,
resse suscetível de ser atingido ou amparado serão considerados como atos de improbidade capa-
por ação ou omissão decorrente das atribui- zes de causar prejuízo ao erário. O termo erário, ou
ções do agente público, durante a atividade; erário público é o conjunto do patrimônio do Estado,
IX - perceber vantagem econômica para interme- sejam valores, sejam bens.
diar a liberação ou aplicação de verba pública de
qualquer natureza; I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a
X – receber vantagem econômica de qualquer incorporação ao patrimônio particular, de pessoa
natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valo-
de ofício, providência ou declaração a que esteja
res integrantes do acervo patrimonial das entida-
obrigado;
des mencionadas no art. 1º desta lei;
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patri-
II - permitir ou concorrer para que pessoa física
mônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes
do acervo patrimonial das entidades mencionadas ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou
no art. 1° desta lei; valores integrantes do acervo patrimonial das enti-
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas dades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a obser-
ou valores integrantes do acervo patrimonial das vância das formalidades legais ou regulamentares
entidades mencionadas no art. 1° desta lei. aplicáveis à espécie;
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao
ente despersonalizado, ainda que de fins educativos
Dica ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do
Atente-se para o fato de que na maioria dos inci- patrimônio de qualquer das entidades mencionadas
sos é citada a expressão “receber vantagem eco- no art. 1º desta lei, sem observância das formalida-
des legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
nômica”. Preste atenção nas condutas que não
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou
expressam claramente que consistem em enri- locação de bem integrante do patrimônio de qual-
quecimento ilícito. Elas estão em negrito para quer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou
facilitar o seu estudo e memorização. ainda a prestação de serviço por parte delas, por
preço inferior ao de mercado;
As sanções para o enriquecimento ilícito são as V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou
mais graves. locação de bem ou serviço por preço superior ao
de mercado;
Atos de Improbidade Administrativa que Causam VI - realizar operação financeira sem observância
Prejuízo ao Erário das normas legais e regulamentares ou aceitar
garantia insuficiente ou inidônea;
Os atos de improbidade que causam prejuízo ao erá- VII - conceder benefício administrativo ou fiscal
rio são longamente listados no art. 10 da Lei 8.429/92 sem a observância das formalidades legais ou regu-
264 - constituindo ato de improbidade administrativa que lamentares aplicáveis à espécie;
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou Exemplo: dois municípios desejam atrair um polo
de processo seletivo para celebração de parcerias de tecnologia, para isso começam uma guerra fiscal
com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los e acabam oferecendo vantagens indevidas para as
indevidamente;
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas
empresas que comporiam esse conglomerado.
não autorizadas em lei ou regulamento; Muito bem, dito isso, passamos a tratar dos atos de
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo improbidade administrativa decorrentes de conces-
ou renda, bem como no que diz respeito à conserva- são ou aplicação indevida de benefício financeiro
ção do patrimônio público; ou tributário;
XI - liberar verba pública sem a estrita observância
das normas pertinentes ou influir de qualquer for-
ma para a sua aplicação irregular;
z Benefício financeiro: desembolsos efetivos.
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que tercei- Exemplo – subvenções sociais (uma ajuda para a
ro se enriqueça ilicitamente; manutenção de instituições públicas ou privadas,
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço normalmente ligadas à arte, cultura ou assistência
particular, veículos, máquinas, equipamentos ou – sem fins lucrativos).
material de qualquer natureza, de propriedade ou à z Benefício tributário: são vantagens tributárias.
disposição de qualquer das entidades mencionadas
no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servi- Por exemplo, diminuição das alíquotas de ISSQN.
dor público, empregados ou terceiros contratados
por essas entidades. Os atos de improbidade administrativa, de acor-
XIV - celebrar contrato ou outro instrumento que do com o art. 10-A, consistem em qualquer ação ou
tenha por objeto a prestação de serviços públicos omissão para conceder, aplicar ou manter benefício
por meio da gestão associada sem observar as for- financeiro ou tributário contrário ao que dispõem
malidades previstas na lei;
XV - celebrar contrato de rateio de consórcio públi- o  caput  e o  parágrafo 1º do art. 8º-A da Lei Comple-
co sem suficiente e prévia dotação orçamentária, mentar nº 116, de 31 de julho de 2003.  
ou sem observar as formalidades previstas na lei. É necessário saber que em se tratando de ato dolo-
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, so de improbidade administrativa, o STF estabelece
para a incorporação, ao patrimônio particular de que o ressarcimento ao erário é imprescritível.
pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou
valores públicos transferidos pela administração
pública a entidades privadas mediante celebração Atos de Improbidade Administrativa que Atentam
de parcerias, sem a observância das formalidades Contra os Princípios da Administração Pública (art.
legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; 11 da Lei 8.429/92)
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física
ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou A administração pública precisa defender seus
valores públicos transferidos pela administração princípios e valores, por este motivo estabeleceu san-
pública a entidade privada mediante celebração
de parcerias, sem a observância das formalidades ções para aqueles que realizem atos que atentem con-
legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; tra estes princípios.
XVIII - celebrar parcerias da administração pública Qualquer ação ou omissão que viole os deveres de
com entidades privadas sem a observância das forma- honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealda-
lidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; de às instituições consiste em violação aos princípios
XIX - agir negligentemente na celebração, fiscaliza- da administração pública.
ção e análise das prestações de contas de parcerias
firmadas pela administração pública com entida-
des privadas; Art. 11 Constitui ato de improbidade administrati-
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela va que atenta contra os princípios da administra-
administração pública com entidades privadas sem a ção pública qualquer ação ou omissão que viole os
estrita observância das normas pertinentes ou influir deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade,
de qualquer forma para a sua aplicação irregular. e lealdade às instituições, e notadamente: [...]
XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela
administração pública com entidades privadas sem a O art. 37, caput, da Constituição Federal prevê:
estrita observância das normas pertinentes ou influir
de qualquer forma para a sua aplicação irregular.
Art. 37 A administração pública direta e indireta
A leitura do texto da lei é inevitável e a verdade é de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
que tendo conhecimento da “letra da lei” o candidato Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
DIREITO ADMINISTRATIVO

já estaria apto a responder diversas questões. Sendo princípios de legalidade, impessoalidade, moralida-
assim, deve existir um equilíbrio entre doutrina e de, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
posições de tribunais ou questões e o estudo da lei. [...]
Lembre-se que a prova cobrará em muito maior grau
o conhecimento da lei. Portanto, o texto constitucional prevê como prin-
cípios da administração pública o famoso LIMPE:
Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade
de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício e eficiência.
Financeiro ou Tributário (art. 10-A da Lei 8.429/92)
Entretanto, você deve estar sempre atento ao que a
literalidade da questão cobra, uma vez que em caso de
Finalmente alcançamos o art. 10-A. Este é o mais
novo dos artigos da lei e acaba sendo menos cobrado esta exigir os princípios expressos da Lei de Impro-
nas provas, porém devemos lembrar que uma das for- bidade Administrativa, o aluno deve ter em mente
mas de cobrança desse ponto é a concessão de vanta- que são os seguintes: honestidade, imparcialidade,
gens tributárias para a implementação de empresas. legalidade, e lealdade às instituições. 265
DAS PENAS
Honestidade
O art. 12 estabelece as sanções aplicadas no caso de
Imparcialidade cometimento de ato de improbidade administrativa.
Princípios
As espécies de sanções são a mesmas, mas serão gra-
da LIA Legalidade duadas de acordo com a modalidade de ato praticado.
A constituição prevê em seu art. 37, § 4º:
Legalidade às Instituições
Os atos de improbidade administrativa importarão
a suspensão dos direitos políticos, a perda da
Nos incisos do art. 11 estão previstas as condutas função pública, a indisponibilidade dos bens e o
que atentam contra os princípios da administração ressarcimento ao erário, na forma e gradação pre-
pública. vistas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regu- Dica


lamento ou diverso daquele previsto, na regra de
competência; Sanções – Constituição Federal
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, “Improbidade Administrativa – vai a PARIS”
ato de ofício; Perda da função pública
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência Ação penal (sem prejuízo da ação penal cabível)
em razão das atribuições e que deva permanecer Ressarcimento ao erário
em segredo; Indisponibilidade de bens
IV - negar publicidade aos atos oficiais; Suspensão dos direitos políticos
V - frustrar a licitude de concurso público; Muita atenção! A banca examinadora do certame
VI - deixar de prestar contas quando esteja obriga- gosta de confundir o aluno trocando a palavra
do a fazê-lo; suspensão por cassação dos direitos políticos.
VII - revelar ou permitir que chegue ao conheci-
mento de terceiro, antes da respectiva divulgação A LIA acrescentou ainda dois tipos sanções: a)
oficial, teor de medida política ou econômica capaz pagamento de multa civil; e (b) proibição de con-
de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço. tratar com o Poder Público ou de receber benefí-
VIII - descumprir as normas relativas à celebração, cios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
fiscalização e aprovação de contas de parcerias fir- indiretamente, ainda que por intermédio de pes-
madas pela administração pública com entidades soa jurídica da qual seja sócio majoritário.
privadas.
IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de Art. 12 Independentemente das sanções penais,
civis e administrativas previstas na legislação espe-
acessibilidade previstos na legislação.
cífica, está o responsável pelo ato de improbidade
X - transferir recurso a entidade privada, em razão
sujeito às seguintes cominações, que podem ser
da prestação de serviços na área de saúde sem a pré- aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo
via celebração de contrato, convênio ou instrumento com a gravidade do fato: (Redação dada pela Lei nº
congênere, nos termos do parágrafo único do art. 24 12.120, de 2009).
da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valo-
res acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarci-
Atualmente o STJ tem aceitado a imposição de cau- mento integral do dano, quando houver, perda da
telares de indisponibilidade de bens, não só para os função pública, suspensão dos direitos políticos de
atos de enriquecimento ilícito ou de prejuízo ao erá- oito a dez anos, pagamento de multa civil de até
rio, mas também para os atos que atentem contra os três vezes o valor do acréscimo patrimonial e proi-
princípios da administração pública. bição de contratar com o Poder Público ou receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, dire-
Importante ressaltar ainda a diferença entre frus-
ta ou indiretamente, ainda que por intermédio de
trar a licitude de procedimento licitatório ou de
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo
processo seletivo para celebração de parcerias com prazo de dez anos;
entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevi- II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do
damente e frustrar a licitude de concurso público. dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicita-
Aquela conduta causa lesão ao erário, enquanto esta mente ao patrimônio, se concorrer esta circunstân-
é um ato que atenta contra os princípios da Adminis- cia, perda da função pública, suspensão dos direitos
tração Pública. políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa
civil de até duas vezes o valor do dano e proibição
de contratar com o Poder Público ou receber bene-
Frustrar a licitude
de procedimento fícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
licitatório ou de indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
processo seletivo jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo
Lesão ao erário
ou dispensá-los de cinco anos;
indevida III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral
Condutas
do dano, se houver, perda da função pública, sus-
Frustrar a Atenta contra os pensão dos direitos políticos de três a cinco anos,
licitude de princípios da admi- pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da
concurso público nistração pública remuneração percebida pelo agente e proibição de
266 contratar com o Poder Público ou receber benefícios
ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja
sócio majoritário, pelo prazo de três anos.
IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito)
anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício financeiro ou tributário concedido. (Incluído pela Lei
Complementar nº 157, de 2016)
Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim
como o proveito patrimonial obtido pelo agente.

Em primeiro lugar, importa atentar para o fato de que há independência entre as sanções penais, civis e admi-
nistrativas. Enriquecimento ilícito serão aplicadas as seguintes sanções:

z Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio;


z Ressarcimento integral do dano, quando houver;
z Perda da função pública;
z Suspensão dos direitos políticos de 8 (oito) a 10 (dez) anos;
z Pagamento de multa civil de até 3 (três) vezes o valor do acréscimo patrimonial;
z Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta
ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de
dez anos.

Prejuízo ao erário, o agente estará sujeito a:

z Ressarcimento integral do dano;


z Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio;
z Perda da função pública;
z Suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito) anos;
z Pagamento de multa civil de até 2 (duas) vezes o valor do dano;
z Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta
ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 5
(cinco) anos.

Na hipótese de o agente atentar contra os princípios da administração pública, estará sujeito ao:

z Ressarcimento integral do dano se houver;


z Perda da função pública;
z Suspensão dos direitos políticos de 3 (três) a 5 (cinco) anos;
z Pagamento de multa civil de até 100 (cem) vezes o valor da remuneração percebida pelo agente;
z Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta
ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 3
(três) anos.

E, finalmente, na hipótese prevista no art. 10-A (ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter benefício
financeiro ou tributário), o agente estará sujeito à:

z Perda da função pública;


z Suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito) anos;
z Multa civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício financeiro ou tributário concedido.

Vamos resumir estas informações com o seguinte quadro:

SUSPENSÃO DOS DIREITOS PROIBIÇÃO DE


MODALIDADES MULTA
POLÍTICOS CONTRATAR

Enriquecimento ilícito 8 a 10 anos Até 3x o valor do dano 10 anos

Prejuízo ao erário 5 a 8 anos Até 2x o valor do dano 5 anos

Atentar contra os princípios da


3a5 Até 100x a remuneração 3 anos
Adm. Pública.
DIREITO ADMINISTRATIVO

Concessão de benefício indevido 5a8 Até 3x o valor do dano

Importante!
Na fixação das penas previstas na Lei de Improbidade Administrativa o juiz levará em conta a extensão do
dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente.

DECLARAÇÃO DE BENS

Atenção, sempre a posse e o exercício de agente público, de acordo com o art. 13, ficam condicionados à apre-
sentação de declaração dos bens e valores que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada
no serviço de pessoal competente.  Isso servirá para analisar a evolução patrimonial do agente público. Essa 267
declaração compreenderá imóveis, móveis, semoven- De acordo com o art. 16, havendo fundados indícios
tes (animais como bovinos ou equinos), dinheiro, títu- de responsabilidade, a comissão representará ao MP
los, ações, e qualquer outra espécie de bens e valores ou à procuradoria do órgão para que requeira ao juízo
patrimoniais, localizado no País ou no exterior, e, competente a decretação do sequestro dos bens do
quando for o caso, abrangerá os bens e valores patri- agente ou de terceiro que tenha enriquecido ilicita-
moniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de mente ou causado danos ao patrimônio público.
outras pessoas que vivam sob a dependência econô-
mica do declarante, excluídos apenas os objetos e
utensílios de uso doméstico. Indícios fundados
Muitas instituições, sobretudo federais, aceitam que de
seja utilizada cópia do imposto de renda do servidor. responsabilidade
Dessa maneira se alcança o acompanhamento do desen-
O Ministério Público, se
volvimento patrimonial do servidor de forma simples. não intervir no processo
De acordo com o § 1° do art. 13, a declaração de Representação como parte, atuará
bens será anualmente atualizada (e analisada) na MP ou obrigatoriamente, como
data em que o agente público deixar o exercício do Procuradoria fiscal da lei, sob pena de
mandato, cargo, emprego ou função. nulidade (§ 4° do art. 17).

Art. 13 [...]
§ 3° Será punido com a pena de demissão, a bem Pedido de
do serviço público, sem prejuízo de outras san- sequestro dos
ções cabíveis, o agente público que se recusar a bens - tudo de
prestar declaração dos bens, dentro do prazo forma cautelar.
determinado, ou que a prestar falsa.
§ 4° O declarante, a seu critério, poderá entregar
cópia da declaração anual de bens apresentada à
Delegacia da Receita Federal na conformidade da Em 30 dias deve
legislação do Imposto sobre a Renda e proventos ser proposta a
de qualquer natureza, com as necessárias atualiza- ação.
ções, para suprir a exigência contida no caput e no
§ 2° deste artigo.
É possível, quando necessário, que o pedido inclua a
investigação, o exame e o bloqueio de bens, contas ban-
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E DO
PROCESSO JUDICIAL cárias e aplicações financeiras do indiciado no exterior,
nos termos da lei e dos tratados internacionais (§2°).
O art. 14 estabelece que qualquer pessoa pode De acordo com o art. 17, a ação principal, que terá
representar à autoridade administrativa competen- o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Públi-
te para que seja instaurada investigação destinada a co ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de 30
apurar a prática de ato de improbidade. (trinta) dias da efetivação da medida cautelar.
A representação, escrita ou reduzida a termo e
assinada, conterá os dados de qualificação do repre-
sentante, as informações sobre o fato e sua autoria Importante!
e a apontará as provas de que tenha conhecimento,
de acordo com o § 1° do art. 14. As ações de improbidade administrativa admi-
Tendo em vista o disposto no § 2°, a autoridade tem a celebração de acordo de não persecução
administrativa poderá rejeitar a representação, em cível, nos termos da Lei de Improbidade Adminis-
despacho fundamentado, se a representação não trativa (§1° do art. 17).    
apresentar os requisitos mínimos elencados pela lei.
A rejeição da representação não impede que esta
seja realizada pelo Ministério Público (§ 2°). Fique atento ao uso das medidas cautelares! Elas são
Realizada a representação e atendidos os seus adotadas para evitar um prejuízo irrecuperável ou de
requisitos, a autoridade determinará a imediata apu- difícil recuperação, por isso, sempre será necessário que
ração dos fatos, vide § 3° do art. 14. estejam presentes para sua decretação dois elementos:
No caso de servidores federais será processada na
forma da Lei 8.112/90 e tratando-se de servidor mili- z Fumus Boni Iuris: indícios de ocorrência – Com-
tar, de acordo com os respectivos regulamentos disci- provado.
plinares, consoante dispõe o § 3° do art. 14. z Periculum In Mora: risco da demora – Presumido.
Por conseguinte, uma vez estabelecida a comissão
processante, essa dará conhecimento ao Ministério A Fazenda Pública, em determinados casos promo-
Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da exis- verá as ações necessárias à complementação do ressar-
tência de procedimento administrativo para apurar a cimento ao erário (§2°). A propositura da ação enseja a
prática de ato de improbidade, vejamos: prevenção da jurisdição do juízo para as ações poste-
riormente promovidas, desde que, possuam a mesma
Art. 15 A comissão processante dará conhecimento causa de pedir ou o mesmo objeto (§5°). 
ao Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de
Contas da existência de procedimento administra- §6° A ação deve ser instruída com documentos ou
tivo para apurar a prática de ato de improbidade. justificações que contenham indícios suficientes da
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal existência do ato de improbidade ou com razões
ou Conselho de Contas poderá, a requerimento, fundamentadas da impossibilidade de apresenta-
designar representante para acompanhar o ção de qualquer dessas provas, observada a legis-
procedimento administrativo. lação vigente [...].
268
Art. 20 A perda da função pública e a suspensão
dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito
em julgado da sentença condenatória.
PROPOSITURA DA AÇÃO
Parágrafo único. A autoridade judicial ou admi-
nistrativa competente poderá determinar o afas-

PROPOSITURA DA AÇÃO
Documento ou Ou, com razões tamento do agente público do exercício do cargo,
justificação que fundamentadas da emprego ou função, sem prejuízo da remuneração,
contenham indícios impossibilidade de quando a medida se fizer necessária à instrução
suficientes da exis- apresentação de
processual.
tência do ato de qualquer dessas
Art. 21 A aplicação das sanções previstas nesta lei
improbidade. provas
independe:
I - Da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio
público, salvo quanto à pena de ressarcimento;
II - Da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão
de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho
de Contas.
Caso a inicial esteja em devida forma, o juiz man-
dará autuá-la e ordenará a notificação do requerido, De acordo com o art. 22, para apurar qualquer ilí-
para, por rescrito, oferecer manifestação. A manifes- cito previsto na lei de improbidade administrativa, o
tação poderá ser instruída com documentos e justifi- MP, de ofício, ou a requerimento de autoridade admi-
cações, tudo no prazo de 15 dias (§ 7°). nistrativa, ou ainda, mediante representação, poderá
Após o recebimento da manifestação, o juiz, em 30 requisitar a instauração de inquérito policial ou
dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se procedimento administrativo.
convencido da inexistência do ato de improbidade,
da improcedência da ação ou da inadequação da
via eleita (§ 8°). EXERCÍCIO COMENTADO
Art. 17 [...] 1. (UFU-MG — 2020) Sobre as penas da Lei de Improbi-
§ 9° Recebida a petição inicial, o réu será citado dade (Lei 8.429/92), é correto afirmar que a perda da
para apresentar a contestação. função pública e a suspensão dos direitos políticos
§ 10° Da decisão que receber a petição inicial, cabe
agravo de instrumento.
a) são efeitos automáticos da sentença condenatória.
§ 11° Havendo a possibilidade de solução consen-
b) somente poderão ser aplicadas quando ocorrer dano
sual, poderão as partes pedir ao juiz a interrupção
do prazo para a contestação. Essa interrupção será efetivo ao patrimônio público.
por prazo não superior a 90 dias. c) só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença
§ 11° Em qualquer fase do processo, reconhecida a condenatória.
inadequação da ação de improbidade, o juiz extin- d) somente poderão ser aplicadas quando se tratar de
guirá o processo sem julgamento do mérito. atos que atentam contra os princípios da Administração
[...] Pública.
Art. 18 A sentença que julga procedente a ação civil
de reparação do dano ou decreta a perda dos bens A perda da função pública e a suspensão dos direitos
havidos ilicitamente determinará o pagamento ou políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da
a reversão dos bens, conforme o caso, em favor da sentença condenatória (art. 20). Resposta: Letra C.
pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.
PRESCRIÇÃO
DISPOSIÇÕES PENAIS
O Art. 23, que dispõe sobre a prescrição, estabele-
No que se refere às disposições penais, constitui ce que as ações destinadas a levar a efeitos as sanções
crime a representação por ato de improbidade con- previstas na LIA podem ser propostas de acordo com
tra agente público ou terceiro beneficiário, quando o o estabelecido no fluxograma seguinte:
autor da denúncia o sabe inocente (Art. 19).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Art. 19 Constitui crime a representação por ato de
improbidade contra agente público ou terceiro bene-
DIREITO ADMINISTRATIVO

PLANALTO. Lei nº 8.429, de 02 de junho de 1992.


ficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/>
Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denuncian- Acesso em: 10 de nov. 2020.
te está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos
materiais, morais ou à imagem que houver provocado.
HORA DE PRATICAR!
Importante! 1. (VUNESP – 2019) A Lei nº 8.429/1992, nas suas dis-
A perda da função pública e a suspensão dos posições gerais determina que
direitos políticos só se efetivarão com o com a
decisão final irrecorrível – trânsito em julgado – a) quando o ato de improbidade administrativa causar lesão
da sentença condenatória. ao patrimônio público, caberá a autoridade administrativa
Não esqueça que jamais os direitos políticos serão responsável pelo inquérito representar ao Juiz competen-
perdidos, podendo, somente, ser suspensos. te, para a indisponibilidade dos bens do indiciado. 269
b) a indisponibilidade recairá sobre os bens que assegu- 5. (VUNESP – 2018) Constitui ato de improbidade admi-
rem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acrés- nistrativa importando enriquecimento ilícito auferir
cimo patrimonial resultante do enriquecimento ilícito. qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em
c) as disposições desta Lei não são aplicáveis àqueles razão do exercício de cargo, mandato, função, empre-
que não são agentes públicos e prestam serviços go ou atividade nas entidades mencionadas no artigo
voluntários nas Fundações. 1º da Lei de Improbidade a seguinte hipótese:
d) o sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio
público ou se enriquecer ilicitamente não está sujeito a) ordenar ou permitir a realização de despesas não
às penas desta Lei. autorizadas em lei ou regulamento.
e) agente público é todo aquele que exerce, com remu- b) aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de
neração, por nomeação em decorrência de aprovação consultoria ou assessoramento para pessoa física ou
em concurso público, cargo público nas entidades da jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido
Administração Direta ou Indireta. ou amparado por ação ou omissão decorrente das
atribuições do agente público, durante a atividade.
2. (VUNESP – 2018) Nos termos da Lei nº 8.429/1992, c) realizar operação financeira sem observância das nor-
é correta a seguinte afirmação: mas legais e regulamentares ou aceitar garantia insu-
ficiente ou inidônea.
a) Se a lesão ao patrimônio decorrer de ação ou omissão
d) permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação
culposa do agente ou do terceiro, não se fará necessá-
de bem ou serviço por preço superior ao de mercado.
rio o integral ressarcimento do dano.
e) permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídi-
b) Esta Lei se aplica apenas aos funcionários públicos
ca privada utilize bens, rendas, verbas ou valores inte-
que pratiquem ato lesivo ao erário da administração
grantes do acervo patrimonial das entidades públicas
direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Pode-
protegidas por esta Lei, sem observância das formali-
res da União, dos Estados ou do Distrito Federal.
c) As disposições desta Lei poderão ser aplicadas àque- dades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie.
le que, mesmo não sendo agente público, induza ou
concorra para a prática do ato de improbidade ou dele 6. (VUNESP – 2018) Constitui ato de improbidade admi-
se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta. nistrativa que atenta contra os princípios da adminis-
d) Para os fins desta Lei, não se reputa agente público tração pública qualquer ação ou omissão que viole os
aquele que, por designação, exerça função de confian- deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e
ça junto a órgão da administração direta ou indireta, lealdade às instituições, e notadamente,
sem recebimento de remuneração.
e) O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio a) liberar verba pública sem a estrita observância às nor-
público ou enriquecer ilicitamente em razão do serviço
mas pertinentes ou influir, de qualquer forma, para a
público não se sujeita às cominações desta Lei, ainda
sua aplicação irregular.
que o falecido tenha deixado herança.
b) agir negligentemente na arrecadação de tributo ou
3. (VUNESP – 2019) José, médico judiciário do Tribu- renda, bem como no que diz respeito à conservação
nal de Justiça do Estado de São Paulo, deixou de do patrimônio público.
emitir um laudo médico com o devido parecer, que c) revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão
deveria fazê-lo para instruir um processo judicial. das atribuições e que deva permanecer em segredo.
Nos termos do que determina a Lei nº 8.429/1992, d) permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enri-
a conduta e José que deixou de praticar, indevida- queça ilicitamente.
mente, ato de ofício configurou um ato de improbi- e) perceber vantagem econômica para intermediar a libera-
dade administrativa que ção ou aplicação de verba pública de qualquer natureza

a) contribuiu para enriquecimento ilícito de terceiros inte- 7. (VUNESP – 2017) A Lei de Improbidade Administra-
ressados no processo judicial. tiva prevê que
b) atentou contra os princípios da Administração Pública.
c) causou prejuízo ao erário.
d) importou no seu próprio enriquecimento ilícito, pois rece- a) a utilização de trabalho de servidores públicos na exe-
beu uma gratificação para omissão de sua atribuição. cução de obra ou serviço particular, de interesse privado
e) favoreceu terceiro interessado para frustrar a licitude da autoridade a que estão subordinados, não configura
do processo judicial. ato de improbidade pela ausência de lesividade.
b) frustrar a licitude de concurso público configura ato de
4. (VUNESP – 2019) Constitui um ato de improbidade improbidade administrativa que causa prejuízo ao erário.
administrativa que atenta contra os princípios da c) suas disposições são aplicáveis, no que couber, àque-
administração pública, dentre outros, le que, mesmo não sendo agente público, induza ou
concorra para a prática do ato de improbidade ou dele
a) revelar fato ou circunstância de que tenha ciência em se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
razão das atribuições e que deva permanecer em segredo. d) não configura ato de improbidade a aquisição, para si,
b) praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamen- no exercício de mandato, cargo, emprego ou função
to previsto na sua área de competência.
pública, de bens cujo valor seja desproporcional à evo-
c) celebrar parcerias da administração pública com entida-
lução do patrimônio ou à renda do agente público, pois
des privadas sem a observância das formalidades legais.
d) conceder benefício administrativo sem a observância não importa enriquecimento ilícito.
das formalidades legais ou regulamentos diversos. e) estão sujeitos às suas penas somente os agentes
e) perceber vantagem econômica para intermediar a libe- públicos investidos em cargos efetivos que causem
ração ou aplicação de verba pública para compras de lesão ao erário de forma dolosa e com o propósito de
270 materiais específicos da área de saúde. enriquecer ilicitamente.
8. (VUNESP – 2017) Assinale a alternativa que correta- b) lavrará o protesto no primeiro dia útil subsequente e
mente discorre sobre as penas previstas na Lei de suspenderá os benefícios do art. 73 da Lei Comple-
Improbidade Administrativa. mentar no 123/2006 por um ano.
c) lavrará o protesto no mesmo dia e suspenderá os bene-
a) Na fixação das penas previstas na Lei de Improbida- fícios do art. 73 da Lei Complementar no 123/2006 por
de Administrativa, o juiz levará em conta a extensão um ano.
do dano causado, assim como o proveito patrimonial d) lavrará o protesto no primeiro dia útil subsequente e
obtido pelo agente. suspenderá os benefícios do art. 73 da Lei Comple-
b) A pena de proibição de contratar com o Poder Público mentar no 123/2006 por um ano, salvo na hipótese de
ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou credití- pagamento em dinheiro, pelo devedor, dentro do referi-
cios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio do prazo.
de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, terá
o prazo máximo de 2 (dois) anos. 12. (VUNESP – 2018) De acordo com as Normas de Ser-
c) A aplicação das penas previstas na Lei de Improbi- viço da Corregedoria Geral da Justiça do Estado de
dade Administrativa impede a aplicação das demais São Paulo, leia as afirmações a seguir com relação
sanções penais, civis e administrativas previstas em ao inventário extrajudicial:
legislação específica.
d) As penas previstas na Lei de Improbidade Administra- I. é possível a sua promoção por cessionários de direi-
tiva deverão ser aplicadas cumulativamente, exceto tos hereditários, mesmo na hipótese de cessão de par-
quando se tratar de ato de improbidade administrati-
te do acervo, desde que todos os herdeiros estejam
va que atente contra os princípios da Administração
presentes e concordes.
Pública.
II. é obrigatória a nomeação de inventariante extrajudi-
e) No caso de condenação por ato de improbidade admi-
cial na escritura pública de inventário e partilha, para
nistrativa decorrente de concessão ou aplicação inde-
vida de benefício financeiro ou tributário, não cabe a representar o espólio com poderes de inventariante,
aplicação da pena de perda da função pública. no cumprimento das obrigações ativas ou passivas
pendentes, observando-se a ordem prevista na legis-
9. (VUNESP – 2019) O Senhor X, servidor público esta- lação processual civil.
dual, recusa-se a prestar a declaração de seus bens III. para a lavratura de escritura de nomeação de inventa-
no prazo determinado, sob a alegação de que essa riante, será obrigatória a apresentação dos documen-
informação está acobertada pelo sigilo fiscal. Con- tos previstos no item 114, do Capítulo XIV, das Normas
siderando-se as disposições da Lei nº 8.429/92, de Serviço da Corregedoria Geral da Justiça do Estado
pode-se afirmar que, nesse caso, o Senhor X de São Paulo (partes e respectivos cônjuges devem
estar nomeados e qualificados: nacionalidade, profis-
a) será punido, pois o sigilo fiscal é garantia constitucional. são, idade, estado civil, regime de bens, data do casa-
b) será punido com a pena de demissão, a bem do servi- mento, pacto antenupcial e seu registro imobiliário, se
ço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.
houver, número do documento de identidade; número
c) não pratica ato de improbidade, pois sua recusa não
de inscrição no CPF/MF, domicílio e residência).
importa em enriquecimento ilícito ou dano ao erário, nem
atenta contra os princípios da Administração Pública.
d) não será punido com multa civil de até cem vezes o A partir da análise, assinale a alternativa com afirma-
valor da remuneração por ele percebida. ções corretas.
e) será punido com suspensão dos direitos políticos de 5
(cinco) a 8 (oito) anos. a) I e II estão corretas.
b) I e III estão corretas.
10. (VUNESP – 2017) No processo judicial de improbi- c) II e III estão corretas.
dade administrativa, o Ministério Público d) Todas as afirmativas estão corretas.

a) é o único legitimado a propor a ação ordinária, dentro 13. (VUNESP – 2018) Conforme as Normas da Corregedo-
de trinta dias da efetivação da medida cautelar. ria Geral da Justiça do Estado de São Paulo, ao Tabe-
b) poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar
lião de Notas é facultado lavrar os atos notariais
ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao inte-
resse público, a juízo do Procurador Geral de Justiça.
c) se não intervir no processo como parte, atuará obriga- a) nos dias e horários definidos por Provimento da Corre-
toriamente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade. gedoria Geral da Justiça do Estado de São Paulo, que
DIREITO ADMINISTRATIVO

d) atuará somente como fiscal da lei, mas promoverá as atenderá às necessidades e peculiaridades locais e ao
ações necessárias à complementação do ressarci- mínimo de oito horas de atendimento ao público.
mento do patrimônio público. b) apenas nos dias e horários definidos por meio de Por-
e) atuará somente como autor, não intervindo se a pes- taria do Juiz Corregedor Permanente, que atenderá às
soa jurídica interessada propuser a ação ordinária. peculiaridades locais e ao mínimo de seis horas de
atendimento ao público.
11. (VUNESP – 2018) Devedor microempresário efetua c) fora do horário e dos dias estabelecidos na Portaria do
pagamento de título no tabelionato de protesto com
Juiz Corregedor Permanente para o atendimento ao
cheque de sua emissão. Comprovada a devolução
do cheque, sem a devida provisão de fundos (alínea público, salvo expressa proibição motivada pelo Juiz
11), no décimo segundo dia útil seguinte, o Tabelião Corregedor Permanente, a ser submetida à Corregedo-
ria Geral da Justiça do Estado de São Paulo.
a) informará ao apresentante sobre o decurso de prazo d) nos dias úteis, assim considerados aqueles nos quais
para eventuais reclamações, restituindo imediatamen- há expediente forense no Foro Judicial de 1 a e 2 a
te o cheque ao apresentante. Instâncias do Estado de São Paulo. 271
14. (VUNESP – 2018) No Estado de São Paulo, de acor- b) revisar as decisões dos Juízes Corregedores Perma-
do com as Normas da Corregedoria Geral da Justi- nentes somente se houver interposição de recurso
ça, nos inventários extrajudiciais, administrativo.
c) revisar as decisões dos Juízes Corregedores Perma-
a) os ônus incidentes sobre os imóveis e os débitos tri- nentes para correção de atos eivados de ilegalidade
butários municipais e da Receita Federal (certidões ou desconformes com a orientação administrativa e/
positivas fiscais municipais ou federais) impedem a ou precedentes administrativos da Corregedoria Geral
lavratura da escritura pública. da Justiça.
b) apenas os ônus reais incidentes sobre os imóveis d) substituir o Juiz Corregedor Permanente e decidir dire-
impedem a lavratura da escritura pública; os débitos tamente a questão posta, desde que não seja de com-
tributários municipais e da Receita Federal (certidões petência exclusiva daquele, por meio do instituto da
positivas fiscais municipais ou federais) não impedem delegação.
a lavratura da escritura pública.
c) os ônus incidentes sobre os imóveis e os débitos tri- 18. (VUNESP – 2018) A reabilitação, de acordo com as
butários municipais (certidões positivas fiscais muni- Normas de Serviço da Corregedoria Geral da Justi-
cipais) não impedem a lavratura da escritura pública; ça, alcançará somente
apenas os débitos tributários da Receita Federal (cer-
tidões positivas fiscais federais) impedem a lavratura a) as penas de multa e suspensão.
da escritura pública. b) as penas de repreensão, multa e suspensão.
d) os ônus incidentes sobre os imóveis não impedem c) as penas de repreensão e multa.
a lavratura da escritura pública; mas os débitos tri- d) a pena de repreensão.
butários municipais e da Receita Federal (certidões
positivas fiscais municipais ou federais) impedem a
19. (VUNESP – 2018) De acordo com as Normas de Ser-
lavratura da escritura pública.
viço da Corregedoria Geral da Justiça, a recepção
de títulos e outros documentos encaminhados por
15. (VUNESP – 2018) Sobre a lavratura de escrituras
via postal é
públicas de separação e divórcio consensuais, e de
acordo com as Normas de Serviço da Corregedoria
a) vedada.
Geral da Justiça do Estado de São Paulo, é correto
b) possível, desde que a firma do apresentante constante
afirmar:
do formulário de apresentação esteja reconhecida por
autenticidade.
a) na partilha em que houver transmissão de propriedade
c) possível, desde que o formulário esteja acompanhado
individual de um cônjuge ao outro, ou a partilha desi-
de xerocópia simples da cédula de identidade do sig-
gual de patrimônio comum, está dispensada a com-
natário, dispensado o reconhecimento de firma.
provação do recolhimento de tributo eventualmente
devido sobre a fração transferida. d) possível, desde que a firma do apresentante constante
b) as partes devem declarar ao Tabelião que o cônjuge do formulário de apresentação esteja reconhecida, por
virago não se encontra em estado gravídico, ou, ao semelhança ou por autenticidade.
menos, que não tenham conhecimento sobre essa
condição. 20. (VUNESP – 2018) Conforme previsão das Normas
c) as escrituras públicas serão levadas a registro no Livro de Serviço da Corregedoria Geral da Justiça, o
“E” do Registro Civil das Pessoas Naturais. Oficial de Registro de Títulos e Documentos que
d) não é necessário constar que as partes foram orienta- pretenda utilizar sistema de microfilmagemna ser-
das sobre a necessidade de apresentação de seu tras- ventia deverá
lado no Registro Civil do assento de casamento, para
a averbação devida. a) efetuar comunicação ao Juiz Corregedor Permanente.
b) efetuar comunicação ao órgão competente do Minis-
16. (VUNESP – 2018) Nos termos das Normas de Serviço tério da Justiça e ao Juiz Corregedor Permanente.
da Corregedoria da Justiça do Estado de São Paulo, é c) obter autorização do Juiz Corregedor Permanente.
correto afirmar: d) estar autorizado pelo órgão competente do Ministério
da Justiça.
a) não é possível lavrar ata notarial quando o objeto nar-
rado constitua fato ilícito. 9 GABARITO
b) é dispensado o arquivamento dos documentos apre-
sentados para a lavratura da ata notarial.
c) a ata notarial deverá conter a assinatura do solicitante 1 B
e das testemunhas.
2 C
d) a ata notarial é a narração objetiva, fiel e detalhada de
fatos jurídicos presenciados ou verificados pessoal- 3 B
mente pelo Tabelião de Notas.
4 A
17. (VUNESP – 2018) A Corregedoria Geral da Justiça
5 B
do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, em
razão da hierarquia perante às Corregedorias Per- 6 C
manentes do Serviço Extrajudicial, pode
7 C
a) revisar as decisões dos Juízes Corregedores Perma-
8 A
272 nentes apenas para correlação de ilegalidades.
9 B

10 C

11 A

12 B

13 C

14 D

15 B

16 D

17 C

18 B

19 B

20 D

ANOTAÇÕES

DIREITO ADMINISTRATIVO

273
ANOTAÇÕES

274
Entretanto, perceba que essa sistemática não
desobriga a visita mensal às Cadeias Públicas, sob
responsabilidade tanto dos Juízes de Varas Privativas
de Execuções Criminais como daqueles que acumulem
outros serviços anexos (art. 14).
NORMAS DA CORREGEDORIA Perante as explicações, importa para a sua prova,
a leitura da letra da lei. Vejamos:
GERAL DA JUSTIÇA Art. 5º A função correcional consiste na orienta-
ção, reorganização e fiscalização dos órgãos e ser-
viços judiciários de primeira instância, bem como
na fiscalização da polícia judiciária, dos estabele-
DA FUNÇÃO CORRECIONAL cimentos prisionais e dos demais estabelecimentos
em relação aos quais, por imposição legal, esses
Esse instrumento normativo é essencial para a prova deveres forem atribuídos ao Poder Judiciário e é
de escrevente do TJ-SP, pois revela um pouco do poder dis- exercida, no Estado de São Paulo, pelo Corregedor
ciplinar do órgão e é objeto de várias questões de prova. Geral da Justiça e, nos limites de suas atribuições,
pelos Juízes de Primeiro Grau.
A Corregedoria é o órgão que zela pela ética e dis-
§ 1º No desempenho da função correcional, pode-
ciplina da instituição. Por exemplo, existem inspeções
rão ser editadas ordens de serviço e demais atos
cotidianas no Tribunal e extraordinárias, em razão de administrativos de orientação e disciplina, corrigi-
algum ponto específico que exija atenção. dos os erros e sancionadas as infrações, após regu-
Assim, vale conhecer as regras a respeito da fun- lar procedimento administrativo disciplinar, sem
ção correcional, fiscalização e controle do Tribunal. prejuízo de apurações civis e criminais.
§ 2º As ordens de serviço e demais atos adminis-
DAS ATRIBUIÇÕES (ART. 5) trativos editados pelo Juiz Corregedor Permanente
serão encaminhados à Corregedoria Geral da Justi-
A primeira subseção trata sobre a Corregedoria ça para revisão hierárquica.
§ 3º Consultas sobre aplicação ou interpretação
Permanente e Correições Ordinárias, Extraordinárias
destas Normas de Serviço serão apreciadas pelo
e Visitas Correcionais.
Juiz Corregedor Permanente que, a requerimento
A atividade correcional é fundamental para o bom do interessado ou de ofício se houver dúvida fun-
desempenho das atividades públicas, como mecanis- dada devidamente justificada, submeterá suas deci-
mo de fiscalização e controle, prezando pelo princípio sões à Corregedoria Geral da Justiça.
da eficiência, legalidade, moralidade, entre outros.
Se não existisse nenhuma fiscalização no Tribunal, Da Corregedoria Permanente e Das Correições
imagine quantos atos de corrupção e desordem even- Ordinárias, Extraordinárias e Visitas Correcionais
tualmente poderiam ocorrer. A função correcional é (Art. 6)
permanente, mas se divide em (art. 6):
Art. 6º A função correcional será exercida em cará-
z Ordinária: Atividade correcional de rotina, já pre- ter permanente e mediante correições ordinárias
vista pelas normas de organização judiciária; ou extraordinárias e visitas correcionais.
§ 1º A correição ordinária consiste na fiscalização
z Extraordinária: Considerada excepcional, realizada
prevista e efetivada segundo estas normas e leis de
a qualquer momento, independente de aviso prévio;
organização judiciária.1
z Visitas Correcionais: Fiscalização no Tribunal dire- § 2º A correição extraordinária consiste em fiscali-
cionada à verificação da regularidade de funciona-

NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA


zação excepcional, realizada a qualquer momento
mento da unidade, do saneamento de irregularidades e sem prévio anúncio e poderá ser geral ou parcial,
constatadas em correições ou ao exame de algum conforme as necessidades e conveniência do servi-
aspecto da regularidade ou da continuidade dos ser- ço correcional.
viços e atos praticados. Exemplo: as varas recebem § 3º A visita correcional consiste na fiscalização
visitas periódicas para a correição. direcionada à verificação da regularidade de fun-
cionamento da unidade, do saneamento de irregu-
laridades constatadas em correições ou ao exame
Em todos os casos, a ata é dirigida à Corregedoria
de algum aspecto da regularidade ou da continui-
Geral de Justiça, que gradativamente deve implemen-
dade dos serviços e atos praticados.
tar a correição virtual como ferramenta de controle. § 4º As atas das correições e visitas serão encami-
É Importante saber que, durante os serviços cor- nhadas à Corregedoria Geral da Justiça nos prazos
recionais, todos os funcionários da unidade perma- que seguem:
necerão à disposição do Corregedor Geral da Justiça, I - correição ordinária – até 60 (sessenta) dias após
dos Juízes Assessores da Corregedoria Geral ou do Juiz realizada;
Corregedor Permanente, sem prejuízo de requisição II - correição extraordinária ou visita correcional –
de auxílio externo ou de requisição de força policial até 15 (quinze) dias após
(art. 11). realizada.
§ 5º A Corregedoria Geral da Justiça implementará,
Os estabelecimentos prisionais possuem visitas regu-
gradativamente, a correição virtual, com vistas ao
ladas pela Lei de Execuções Penais. Todavia, mensalmen- controle permanente das atividades subordinadas
te a atividade correcional deve ser desempenhada nesses à sua disciplina.
lugares (art. 13). Quem realiza tal visita é o Juiz Correge- Art. 7º A Corregedoria Permanente será exercida
dor Permanente ou o juiz a quem, por decisão do Corre- pelo juiz a que a normatividade correcional come-
gedor Geral da Justiça, essa atribuição for delegada. ter tal atribuição. 275
§ 1º O Corregedor Geral da Justiça, com aprovação § 3º Ressalvado o afastamento deferido por prazo
do Conselho Superior da Magistratura, poderá, por igual ou superior a trinta dias, ou motivo relevante
motivo de interesse público ou conveniência da devidamente comunicado à Corregedoria Geral da
administração, alterar a designação do Corregedor Justiça, o Juiz Corregedor Permanente realizará,
Permanente.1 pessoalmente, as visitas mensais, vedada a atribui-
§ 2º Se não houver alteração no início do ano judi- ção dessa atividade ao juiz que estiver respondendo
ciário, prevalecerão as designações do ano anterior. pela vara por período inferior.
Art. 8º O Juiz Corregedor Permanente efetuará, Art. 14 A sistemática prevista no art. 13 não deso-
uma vez por ano, de preferência no mês de dezem- briga a visita mensal às Cadeias Públicas, sob res-
bro, correição ordinária em todas as serventias, ponsabilidade tanto dos Juízes de Varas Privativas
repartições e demais estabelecimentos sujeitos à de Execuções Criminais como daqueles que acumu-
sua fiscalização correcional, lavrando-se o corres- lem outros serviços anexos.
pondente termo no livro próprio.
§ 1º A correição ordinária será anunciada por edi-
Diante do exposto, vamos ler todos os artigos da
tal, afixado no átrio do fórum e publicado no Diário
da Justiça Eletrônico, com pelo menos quinze dias subseção II
de antecedência, bem como comunicada à Ordem
dos Advogados do Brasil da respectiva subseção. Das Apurações Preliminares, Sindicâncias e
§ 2º O Juiz Corregedor Permanente seguirá o termo Processos Administrativos (Art.15 a 18)
padrão de correição disponibilizado pela Correge-
doria Geral da Justiça. A subseção II ocupa-se das apurações prelimina-
Art. 9º Em até 30 (trinta) dias depois de assumir res, sindicâncias e dos processos administrativos. O
a corregedoria permanente em caráter definiti- art. 15 traz a definição de cada um de tais aspectos.
vo, o juiz fará visita correcional às unidades sob Assim, é imprescindível a memorização das seguintes
sua corregedoria, com o intuito de constatar a informações:
regularidade dos serviços, observado o modelo
disponibilizado.3
§ 1º A visita correcional independe de edital ou qual-
z Apuração preliminar: Ocorre quando a infração
quer outra providênciae dela se lançará sucinto ter- não estiver suficientemente caracterizada ou defi-
mo no livro de visitas e correições, no qual também nida a autoria. Ao final, poderá ser arquivada ou
constarão as determinações que o Juiz Corregedor ensejar a instauração de Sindicância ou Processo
Permanente eventualmente fizer no momento. Administrativo;
§ 2º Se o juiz assumir a corregedoria permanente z Sindicância: Ocorre quando a falta disciplinar,
em caráter definitivo a partir do mês de novembro, por sua natureza, possa determinar as penas de
a correição geral ordinária prescindirá da visita repreensão, suspensão ou multa;
correcional. z Processo administrativo: Ocorre quando a fal-
Art. 10 O escrivão auxiliará o Juiz Corregedor Per- ta disciplinar, por sua natureza, possa determinar
manente nas diligências correcionais, facultada a as penas de demissão ou dispensa, demissão ou
nomeação de escrivão ‘ad hoc’ entre os demais ser-
dispensa a bem do serviço público e cassação de
vidores da unidade.
Art. 11 Durante os serviços correcionais, todos os
aposentadoria.
funcionários da unidade
permanecerão à disposição do Corregedor Geral da Todos esses procedimentos são instaurados por
Justiça, dos Juízes Assessores portaria e tramitam em formato digital, revelando-se
da Corregedoria Geral ou do Juiz Corregedor Per- um verdadeiro procedimento eletrônico.
manente, sem prejuízo de requisição É importante também memorizar determinados
de auxílio externo ou de requisição de força policial. poderes do Corregedor Geral da Justiça; por exemplo,
Art. 12 Os livros e classificadores obrigatórios pre- ele pode avocar procedimento disciplinar em qual-
vistos nestas Normas de Serviço serão submetidos quer fase, ou instaurá-lo originariamente, a pedido
ao Juiz Corregedor Permanente para visto por oca- ou de ofício, designar Juiz Corregedor Processante
sião das correições ordinárias ou extraordinárias e
para todos os atos pertinentes e atribuir serviços auxi-
sempre que forem por este requisitados.
liares a unidade diversa daquela a que estiver vincu-
Parágrafo único. No caso de registros controlados
exclusivamente pela via eletrônica, os relatórios
lado o servidor (art. 15 §5°).
de pendências gerados pelo sistema informatizado Lembre-se de que avocar significa “pegar para si”, pois
serão vistados pelo juiz. a atuação no procedimento está fora dos conformes. Ins-
Art. 13 Os estabelecimentos prisionais e outros taurá-lo significa dar início ao procedimento disciplinar.
destinados ao recolhimento de pessoas, sujeitos à Os Juízes Corregedores Permanentes comunica-
atividade correcional do juízo, serão visitados uma rão à Corregedoria Geral da Justiça a instauração e a
vez por mês (art. 66, inciso VII, da LEP).1 decisão final de qualquer procedimento administra-
§ 1º Realizará a visita o Juiz Corregedor Permanen- tivo de natureza disciplinar (art. 16). Isso faz sentido,
te ou o juiz a quem, por uma vez que a Corregedoria Geral da Justiça precisa
decisão do Corregedor Geral da Justiça, essa atri- se manter informada sobre a tramitação dos procedi-
buição for delegada.
mentos disciplinares.
§ 2º A inspeção mensal será registrada em termo
Eventuais recursos serão interpostos eletronicamente
sucinto no Livro de Visitas e Correições, podendo
conter unicamente o registro da presença, sem pre-
e, após mantida a decisão, ou reformada parcialmente,
juízo do cadastro eletrônico da inspeção perante o remetidos à Corregedoria Geral da Justiça, excepcional-
Conselho Nacional de Justiça e, após sua lavratura, mente por funcionalidade de redistribuição (art. 17).
cópia será encaminhada à autoridade administra- Quanto ao duplo grau obrigatório, nos casos de pro-
tiva da unidade prisional, para arquivamento em posta de demissão ou dispensa, demissão ou dispensa a
276 livro de folhas soltas. bem do serviço público, ou cassação de aposentadoria,
os autos serão sempre redistribuídos à Corregedoria designar Juiz Corregedor Processante para todos
Geral para apreciação, independentemente da não os atos pertinentes e atribuir serviços auxiliares a
interposição de recurso. unidade diversa daquela a que estiver vinculado o
Perceba a importância dada à Corregedoria duran- servidor.
te toda a tramitação, especialmente na via recursal e Art. 16. Os Juízes Corregedores Permanentes comu-
no reexame necessário. nicarão à Corregedoria Geral da Justiça a instau-
Sem prejuízo da atribuição ao Juiz Corregedor Per- ração e a decisão final de qualquer procedimento
manente, o Corregedor Geral da Justiça poderá apli- administrativo de natureza disciplinar, por meio de
mensagem eletrônica, informando o número do pro-
car, originariamente, as sanções cabíveis e, enquanto
cesso (e a senha de acesso aos autos digitais, no caso
não prescrita a infração, reexaminar, de ofício ou
de instauração) para processamento do expediente
mediante provocação, decisões absolutórias ou de
de acompanhamento:
arquivamento (art. 18). I - das apurações preliminares, pela Diretoria da
Diante do exposto, vamos ler todos os artigos da Corregedoria – DICOGE;
subseção II II - das sindicâncias e dos processos administrati-
vos, pela Secretaria de Gestão de Pessoas – SGP.
Art. 15 As apurações preliminares, as sindicâncias Parágrafo único. Revogado.8
e os processos administrativos relativos ao pes- Art. 16-A Havendo alteração do posto de trabalho
soal das serventias judiciais tramitarão no forma- dos servidores a que se refere o artigo 15, com pro-
to digital e serão instaurados e processados pelos cedimento disciplinar digital em curso, este será
Juízes Corregedores Permanentes a que, na atuali- redistribuído ao Juiz Corregedor respectivo, obser-
dade do procedimento, estiverem subordinados os vadas as seguintes regras:
servidores de que trata o artigo 1°, incisos I e II, do I – Se o novo posto de trabalho corresponder a uma
Provimento CSM nº 2.460/2017, alterado pelo Pro- das unidades de que trata o artigo 1°, incisos I, II e
vimento CSM nº 2.496/2019, devendo ser observado VI do Provimento CSM nº 2.460/2017, alterado pelo
o tipo de procedimento disciplinar: Provimento CSM nº 2.496/2019, os procedimentos
I – Apuração preliminar: quando a infração não disciplinares deverão ser encaminhados ao distri-
estiver suficientemente caracterizada ou definida a buidor em fila própria para envio à unidade de des-
autoria. Ao final, poderá ser arquivada ou ensejar a tino utilizando a funcionalidade de redistribuição,
Instauração de Sindicância ou Processo Administrativo; preservando-se o número do processo, os andamen-
II – Sindicância: quando a falta disciplinar, por sua tos já inseridos pela unidade de origem e a tramita-
natureza, possa determinar as penas de repreen- ção digital.
são, suspensão ou multa; II – Se o novo posto de trabalho corresponder a uma
III – Processo Administrativo: quando a falta dis- das Unidades de que trata o artigo 1°, incisos III, IV
ciplinar, por sua natureza, possa determinar as e V do Provimento CSM nº 2.460/2017, alterado pelo
penas de demissão ou dispensa, demissão ou dis- Provimento CSM nº 2.496/2019, a Unidade de trami-
pensa a bem do serviço público e cassação de tação deverá materializar, imprimir e encaminhar
aposentadoria. os procedimentos disciplinares, mediante carga ao
§ 1° Os procedimentos disciplinares previstos nos
distribuidor, que providenciará o envio à Unidade
incisos I, II e III serão instaurados por Portaria,
de destino utilizando-se da funcionalidade de movi-
dispensado o registro em livro, com a descrição dos
mentação unitária para as anotações necessárias.
fatos e a identificação do servidor (nome completo,
Art. 17 Eventuais recursos serão interpostos ele-
matrícula, cargo e posto de trabalho), exceto nas
tronicamente e, após mantida a decisão, ou refor-
apurações preliminares em que não houver autoria
mada parcialmente (art. 312, § 3°, da Lei Estadual
definida.
n° 10.261/68), remetidos à Corregedoria Geral da
§ 2° Instaurado o procedimento, o Juiz Corregedor
Justiça, excepcionalmente por funcionalidade de
Permanente determinará o encaminhamento do
redistribuição.

NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA


ofício de comunicação ao distribuidor, por e-mail
Parágrafo único. Nos casos de proposta de demis-
institucional e no formato pdf, com as seguintes
são ou dispensa, demissão ou dispensa a bem do
informações: dados de qualificação do servidor
serviço público, ou cassação de aposentadoria, os
(nome completo, número de inscrição no CPF, ende-
autos serão sempre redistribuídos à Corregedoria
reço residencial ou domiciliar – inclusive CEP) e
Geral para apreciação, independentemente da não
classe processual de acordo com o procedimento
interposição de recurso.
§ 3° Recebido o ofício, o Distribuidor providencia-
Art. 18 Sem prejuízo da atribuição ao Juiz Corre-
rá o cadastro no sistema informatizado com dis-
gedor Permanente, o Corregedor Geral da Justiça
tribuição por direcionamento, cabendo à Unidade
poderá aplicar, originariamente, as sanções cabí-
Judicial inserir no processo digital a Portaria devi-
veis e, enquanto não prescrita a infração, reexa-
damente instruída. Em razão da natureza da ação,
minar, de ofício ou mediante provocação, decisões
a anotação de segredo de justiça será gerada auto-
maticamente pelo sistema informatizado na distri- absolutórias ou de arquivamento
buição dos procedimentos disciplinares.
§ 4° Nos procedimentos disciplinares decorrentes
de reclamação apresentada fisicamente, após a ins-
tauração e a distribuição do procedimento a Uni-
dade de tramitação digitalizará e juntará as peças
DOS OFÍCIOS DE JUSTIÇA EM GERAL
devidamente categorizadas no sistema informati-
zado, concedendo-se o prazo de 45 dias para sua DISPOSIÇÕES INICIAIS (ART. 26 A 27-A)
retirada pelo reclamante, sob pena de inutilização,
vedado o peticionamento eletrônico inicial. A primeira seção traz as disposições iniciais do
§ 5° O Corregedor Geral da Justiça poderá avocar tema. A primeira informação essencial é a respeito do
procedimento disciplinar em qualquer fase, ou ins- atendimento prioritário que deve ser dado a algumas
taurá-lo originariamente, a pedido ou de ofício, pessoas, em razão de suas vulnerabilidades (art. 27): 277
z Às pessoas portadoras de deficiência; § 2º Nas comarcas em que existir uma única vara e
z Aos idosos; um único ofício de justiça, a este competem as atri-
z Às gestantes; buições dos serviços de distribuição, de contadoria
z Às lactantes; e partidoria.
z Às pessoas acompanhadas por crianças de colo.
DO SISTEMA INFORMATIZADO OFICIAL (ARTS. 46
O atendimento prioritário ocorre mediante garantia E 62)
de lugar privilegiado em filas, distribuição de senhas com
numeração adequada ao atendimento preferencial, alo- Nessa seção, fala-se um pouco sobre o sistema
cação de espaço para atendimento exclusivo no balcão, informatizado oficial. De acordo com o art. 46, os pro-
ou implantação de qualquer outro sistema que, observa- cedimentos de registro e documentação dos processos
das as peculiaridades existentes, assegure a prioridade. judiciais e administrativos realizar-se-ão diretamente
A prioridade também se aplica às advogadas públi- no sistema informatizado oficial ou em livros e classifi-
cas e privadas, promotoras e procuradoras do Ministério cadores. A finalidade é (art. 46):
Público gestantes ou lactantes, e a qualquer pessoa com
criança de colo, inclusive para preferência nas audiências z Preservar a memória de dados extraídos dos feitos
de primeiro grau de jurisdição e nas sessões de julgamen- e da respectiva movimentação processual;
to dos Colégios Recursais, desde que haja requerimento z Realizar o controle dos processos, de modo a garan-
prévio, observada a ordem dos requerimentos e respei- tir a segurança, assegurar a pronta localização físi-
tados os demais beneficiários da Lei nº 10.048/2000 que ca, verificar o andamento e permitir a elaboração
disciplina o atendimento prioritário (art. 27-A). de estatísticas e outros instrumentos de aprimora-
Para reforçar o seu estudo, vamos ler a letra da lei: mento da prestação jurisdicional.

Art. 26 As disposições deste capítulo têm caráter Art. 47 Os servidores dos ofícios de justiça deverão
geral e aplicam-se a todos os ofícios de justiça, no se adaptar continuamente às evoluções do sistema
que não contrariarem as disposições específicas informatizado oficial, utilizando plenamente as fun-
contidas em capítulo próprio. cionalidades disponibilizadas para a realização dos
Art. 27 Os servidores da justiça darão atendimen- atos pertinentes ao serviço (emissão de certidões, ofí-
to prioritário às pessoas portadoras de deficiência, cios, mandados, cargas de autos etc.).
aos idosos, às gestantes, às lactantes e às pessoas Parágrafo único. Para efeito de divisão do trabalho
acompanhadas por crianças de colo, mediante entre os escreventes técnicos judiciários, oficiais de
garantia de lugar privilegiado em filas, distribui- justiça e juízes, e outras providências necessárias à
ção de senhas com numeração adequada ao aten- ordem do serviço, o sistema informatizado atribuirá
dimento preferencial, alocação de espaço para a cada processo distribuído um número de controle
atendimento exclusivo no balcão, ou implantação
interno da unidade judicial, sem prejuízo do número
de qualquer outro sistema que, observadas as pecu-
do processo (número do protocolo que seguirá série
liaridades existentes, assegure a prioridade.
única).
Art. 27-A A prioridade de que trata o artigo 27 se
Art. 48 Iniciada a operação do SAJ/PG, de utilização
aplica às advogadas públicas e privadas, promoto-
obrigatória pelas varas e ofícios de justiça, serão
ras e procuradoras do Ministério Público gestantes
excluídos todos os programas eventualmente em uso.
ou lactantes, e a qualquer pessoa com criança de
colo, inclusive para preferência nas audiências de
primeiro grau de jurisdição e nas sessões de jul- Conforme o art. 49: Os níveis de acesso às informa-
gamento dos Colégios Recursais, desde que haja ções e o respectivo credenciamento (senha) dos funcio-
requerimento prévio, observada a ordem dos reque- nários, para operação do SAJ/PG, serão estabelecidos em
rimentos e respeitados os demais beneficiários da expediente interno pela Corregedoria Geral da Justiça,
Lei nº 10.048/2000 que disciplina o atendimento com a participação da Secretaria de Tecnologia da Infor-
prioritário. mação – STI.

DAS ATRIBUIÇÕES (ARTS. 28 E 29) § 1º É vedado ao funcionário credenciado ceder a


respectiva senha ou permitir que outrem, funcioná-
A segunda seção trata sobre as atribuições dos rio ou não, use-a para acessar indevidamente o sis-
ofícios. Em linhas gerais, os ofícios de justiça desem- tema informatizado.
penham os serviços de competência das varas e da § 2º Os escrivães judiciais comunicarão pronta-
Corregedoria Permanente. mente à STI as alterações no quadro funcional da
unidade, para o processamento da revogação ou
Art. 28 Atribuir-se-ão aos ofícios de justiça os servi- novo credenciamento.
ços inerentes à competência das respectivas varas e Art. 50 As alterações, exclusões e retificações feitas
da Corregedoria Permanente. de modo geral nos dados registrados pelo sistema
Art. 29 Competem aos ofícios de justiça os serviços serão definidas por níveis de criticidade, cujo aces-
do foro judicial, atribuindo-se-lhes a numeração so a Corregedoria Geral da Justiça estabelecerá. Os
ordinal e a denominação da respectiva vara, onde dados retificados, alterados ou excluídos serão con-
houver mais de uma. servados pelo sistema e todas as operações realiza-
§ 1º Nas comarcas e foros distritais com mais de das vinculadas ao usuário que as realiza.
uma vara, haverá um ofício ou seção de distribui- Art. 51 Os escrivães judiciais do serviço de distri-
ção judicial, ao qual incumbem os serviços de dis- buição e dos ofícios de justiça realizarão auditoria
tribuição, de contadoria e partidoria e, nos termos semanal no sistema, comunicando à Corregedoria
278 da lei, do arquivo geral. Geral da Justiça qualquer irregularidade.
São deveres dos distribuidores de ofícios de justiça III - nos processos de execução criminal: o nome
no sistema informatizado (art. 52): e qualificação do sentenciado, com a filiação e
sempre que possível o número do RG; as guias de
I - Cadastrar todos os feitos distribuídos ao respec- recolhimento registradas, a discriminação das
tivo juízo; penas impostas em ordem sequencial; os inciden-
II - Anotar a movimentação e a prática dos atos tes de execução da pena; anotações sobre recursos;
processuais (citações, intimações, juntadas de o inteiro teor dos julgamentos; as progressões de
mandados e respectiva data, termos, despachos, regime; o cadastro de comparecimento de alberga-
cargas, sentenças, remessas à instância superior dos; os benefícios concedidos; as remições de pena
para recurso, entrega ou remessa de autos que não e outras observações que se entenderem relevantes;
importem em devolução etc.); IV - nas cartas precatórias, especialmente: indica-
III - Consignar os serviços administrativos perti- ção completa do juízo deprecante, com número do
nentes (desarquivamentos, inutilização ou destrui- processo de origem conforme padrão estabelecido
ção de autos etc.). pela Resolução nº 65 do CNJ, da natureza da ação e
da diligência deprecada.
O art. 53 postula que a inserção dos dados no sis- § 1º Todos os litisconsortes, intervenientes e tercei-
tema informatizado deve ser completa e abrangente, ros interessados, bem como seus respectivos repre-
para que todas as ocorrências da versão física do pro- sentantes, serão cadastrados.
cesso constem também na versão virtual. Isso formará § 2º Não será admitida exclusão de parte no proces-
bancos de dados que servirão de memória permanen- so, procedendo-se à sua baixa, quando necessário.3
te. Assim, o processo deve ser individualizado com exa- Art. 55 A qualificação das partes será lançada no
sistema informatizado oficial da forma mais com-
tidão, movimentações processuais claras e atualizadas.
pleta possível, com os seguintes dados disponíveis
nas postulações iniciais ou intermediárias:
Art. 53 A inserção de dados no sistema informati-
I - em relação às partes nos procedimentos cíveis e
zado oficial será a mais completa e abrangente pos-
aos autores de ação penal privada:
sível, de modo que todas as ocorrências do processo
a) se pessoa natural, o nome completo, o número
físico constem do ambiente virtual, formando ban-
de inscrição no CPF, nacionalidade, o estado civil,
co de dados que servirá de memória permanente.
a profissão, bem como o endereço residencial ou
§ 1º O cadastro conterá as principais informações
domiciliar completo, inclusive CEP;
a respeito do processo, de modo a individualizá-lo
b) se pessoa jurídica ou assemelhada, sua firma ou
com exatidão (qualificação das partes e de even-
denominação, o número de inscrição no CNPJ e o
tuais representantes, advogados e os respectivos
endereço da sede, inclusive CEP;
números de inscrição na OAB, valor da causa, obje-
to da ação etc). II - em relação aos acusados em ações penais públi-
§ 2º As anotações de movimentação processual cas ou privadas:
devem ser fidedignas, claras e atualizadas, de for- a) se pessoa natural, o nome completo, a filiação,
ma a refletir o atual estado do processo e a garantir a data de nascimento, nacionalidade, naturalidade,
a utilidade do sistema. sexo, cor, estado civil, profissão, o endereço com-
§ 3º O arquivamento dos autos será precedido da pleto da residência e trabalho, ou dos locais em
conferência e eventual atualização do cadastro, que o réu possa ser encontrado, acompanhados
para que nele figurem os dados necessários à extra- do respectivo CEP, bem como, se houver, o número
ção de certidão. de inscrição no CPF, o número do RG, o número do
Art. 54 Constarão do sistema informatizado: RGC (disponível na folha de antecedentes do réu),
I - nos processos cíveis, de família e sucessões, da além de outros nomes e alcunhas utilizadas pelo
fazenda pública, da infância e juventude, de aciden- acusado;
tes do trabalho e do juizado especial cível: o número b) se pessoa jurídica ou assemelhada, sua firma ou

NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA


do processo; o nome e a qualificação do autor e do denominação, o número de inscrição no CNPJ, e o
réu; a natureza do feito; a data da distribuição; o endereço da sede, inclusive CEP.
número, livro e folhas do registro da sentença, quan- § 1º Quaisquer outros dados de qualificação que
do adotado; o inteiro teor de pronunciamentos judi- auxiliem na precisa identificação das partes (RG,
ciais (despachos, decisões interlocutórias, sentenças título de eleitor, nome da mãe etc) também serão
e acórdãos); anotações sobre recursos; a data do lançados no sistema informatizado oficial.
trânsito em julgado; o arquivamento (data e caixa) § 2º Incumbirá aos distribuidores e aos ofícios de
e outras observações que se entenderem relevantes; justiça o cadastramento dos dados constantes das
II - nos processos criminais, do júri e do juizado petições iniciais.1
especial criminal: o número do processo; o nome § 3º As vítimas identificadas na denúncia ou queixa,
e qualificação do réu; a data do fato; a data do e também as testemunhas de processo criminal –
recebimento ou rejeição da denúncia; o artigo de sejam estas de acusação, defesa ou comuns –, terão
lei em que o réu foi incurso; a data da suspensão suas qualificações lançadas no sistema informa-
do processo (art. 366 do Código de Processo Penal tizado oficial, exceto quando, ao darem conta de
e juizado especial criminal); a data da prisão; o coação ou grave ameaça, após deferimento do juiz,
número, livro e folhas do registro da sentença, pedirem para não haver identificação de seus dados
quando adotado; o inteiro teor de pronunciamen- de qualificação e endereço.
tos judiciais (despachos, decisões interlocutórias, Art. 56. Os dados obrigatórios previstos no art. 55
sentenças e acórdãos); anotações sobre recursos; a serão apresentados pelos requerentes, na petição
data da decisão confirmatória da pronúncia; a data inicial, e pelos requeridos, na primeira oportuni-
do trânsito em julgado; a data da expedição da guia dade de postulação em juízo (contestação, juntada
de recolhimento, de tratamento ou de internação; o de procuração, pedido de vista, defesa preliminar,
arquivamento (data e caixa) e outras observações pedido de revogação de prisão preventiva etc.).
que se entenderem relevantes; § 1º Não se impõe a obrigação prevista neste artigo: 279
I - para as ações nas quais essas exigências com- único, do CPC) ou em razão da estabilização da tute-
prometam o acesso à Justiça, conforme prudente la (art. 304 do CPC), e a extinção do processo de
arbítrio do juiz a quem for distribuído o feito; execução, por força de procedência de embargos
II - quando a parte não estiver inscrita no CPF de devedor, serão cadastradas no sistema direta-
ou CNPJ, caso em que deverá firmar declaração mente pelo ofício de justiça assim que as respecti-
expressa nesse sentido, respondendo pela veracida- vas sentenças transitarem em julgado (ou quando
de da afirmação. retornarem de superior instância com trânsito em
§ 2º Em qualquer hipótese prevista no § 1º, caberá julgado).No mais, a extinção será cadastrada ape-
às partes o fornecimento de outros dados condu- nas quando encerrado definitivamente o processo,
centes à sua perfeita individualização (por exem- nada restando a ser deliberado ou cumprido pelo
plo, RG, título de eleitor, filiação etc.), para que o ofício de justiça (sentença ou acordo), consideran-
ofício de justiça efetue o devido cadastramento. do-se isoladamente, para tanto, a ação principal, a
Art. 57 Nos ofícios de justiça, o registro e con- reconvenção, o pedido contraposto, a ação declara-
trole da movimentação dos feitos realizar-se-ão tória incidental, a oposição, os embargos de devedor
exclusivamente pelo sistema informatizado ofi- (à execução, à execução fiscal, à adjudicação, à alie-
cial, vedadas a elaboração de fichário por nome de nação ou à arrematação) e os embargos de terceiro.
autor e a utilização de fichas individuais materia-
lizadas em papel ou constantes de outros sistemas
Sobre o cadastro de documentos em processos físi-
informatizados.
§ 1º Os ofícios de justiça conservarão as fichas que cos (não digitais) a lei ainda especifica que:
compõem o fichário por nome de autor, até então
materializadas em papel, podendo inutilizá-las Art. 60 A entrega definitiva dos autos de notifica-
desde que todos os dados que delas constem sejam ção, interpelação, protesto ou produção antecipada
anotados no sistema, de forma a possibilitar a de provas, quando os processos ainda tramitarem
extração de certidões. sob a forma física, será cadastrada pelo ofício de
§ 2º As fichas individuais serão encerradas e man- justiça, no sistema informatizado, em campos
tidas em local próprio no oficio de justiça, até a distintos, observada a permanência em cartório
extinção dos processos a que se referem, e serão durante 1 (um) mês para extração de cópias e certi-
grampeadas na contracapa dos autos, por ocasião dões pelos interessados no caso de produção ante-
de seu arquivamento, podendo, no entanto, ser inu- cipada de prova.
tilizadas desde que anotados no sistema informa-
tizado oficial todos os dados que delas constem de São competências dos ofícios de justiça, segundo
forma a possibilitar a extração de certidões. o art. 61:
§ 3º O procedimento de inutilização das fichas em
nome do autor e das fichas individuais será reali- I - cadastrar diretamente no sistema informatizado
zado no âmbito e sob a responsabilidade do Juiz oficial dados que, quando forem conhecidos, neces-
Corregedor Permanente, o qual verificará a perti- sitarem de retificação ou sofrerem alteração após
nência da medida, a presença de registro eletrônico a distribuição;
de todas as fichas, conservação dos documentos de II - na hipótese de expedição de certidão de homoní-
valor histórico, a segurança de todo o processo em
mia, a inserção, no sistema informatizado oficial,
vista das informações contidas nos documentos e
dos eventuais dados de qualificação ainda não lan-
demais providências administrativas correlatas.
çados no sistema, também certificando a adoção
dessa providência no documento;
Sobre as cartas precatórias, é importante saber que: III - cadastrar, no sistema informatizado oficial, a
decretação do segredo de justiça, a concessão da
Art. 58 [...] justiça gratuita, o deferimento da tramitação prio-
[...] Serão cadastradas no sistema informatizado ritária do processo (idosos, pessoa com deficiência,
seguindo as mesmas regras dos processos comuns, portadores de doenças graves), ou o reconhecimen-
consignando-se, ainda, a indicação completa do juí- to de qualquer benefício processual a alguma das
zo deprecante, e não apenas da comarca de origem, partes;
os nomes das partes, a natureza da ação e a diligên- IV - proceder às alterações devidas no sistema, na
cia deprecada.
hipótese de determinação judicial de retificação do
Parágrafo único. As movimentações pertinentes,
procedimento da ação para ordinário ou sumário.
como a devolução à origem ou o retorno para novas
diligências, e respectivas datas, também serão ano-
tadas no sistema. O segredo de justiça pode ser gerado automati-
camente pelo sistema informatizado, a depender da
Vale recapitular que a carta precatória é um instru- natureza da ação. Todavia, se a mesma parte for vin-
mento de cooperação entre juízes da mesma instância culada a processos tramitando em outros ofícios de
que estão em comarcas diferentes. Por exemplo: o juiz justiça, as retificações que possam ser feitas de seus
de São Paulo precisa de um depoimento de uma pessoa dados não serão aplicadas automaticamente aos feitos
que está no Rio de Janeiro; por meio da carta precatória, de outro juízo, conforme dita o art. 62.
o juízo deprecado do Rio colhe o depoimento da pessoa e
coopera com o juízo deprecante de São Paulo. DOS LIVROS E CLASSIFICADORES OBRIGATÓRIOS
É interessante conhecer na letra da lei sobre o (Art. 63 A 79)
cadastro no sistema, visto que faz parte da atuação
dos serventuários do Tribunal: Nessa seção, dispõe-se sobre os livros. Os arts. 63 e
64 listam alguns livros dos ofícios de justiça:
Art. 59 A extinção do processo, em caso de improce-
dência total da demanda, por força do acolhimento I - Visitas e Correições;
280 de impugnação do devedor (art. 1.015, parágrafo II - Protocolo de Autos e Papéis em Geral;
IV - Registro de Feitos Administrativos (sindicâncias, § 2° O Livro de Visitas e Correições não excederá
procedimentos disciplinares, representações etc.); 100 (cem) folhas, salvo determinação judicial em
V - Registro das decisões terminativas proferidas contrário ou para a manutenção da continuidade
em feitos administrativos; da peça correcional, podendo, nestes casos, ser
VI - Pertinentes à Corregedoria Permanente, [...] encerrado por termo contemporâneo à última ata,
quando for o caso e no que couber. com mais ou menos folhas.
Art. 64 [...]
I - Livro de Cargas de Mandados, salvo se as respec- Como se vê, o limite do livro é de 100 folhas, em
tivas varas forem atendidas pelas Seções Adminis- regra. Exceção: determinação judicial ou caso surja a
trativa de Distribuição de Mandados; necessidade de manter a continuidade.
II - controle, pela utilização de livros de folhas soltas
ou outro meio idôneo, da remessa e recebimento de Art. 68. O Livro Protocolo de Autos e Papéis em
feitos aos Tribunais, até que seja implementado no Geral, com tantos desdobramentos quantos reco-
sistema informatizado oficial o controle eletrônico; mendem a natureza e o movimento do ofício de jus-
III - controle do horário de entrada e saída por tiça, destina-se ao registro da entrega ou remessa,
intermédio do livro ponto ou do relógio mecânico, que não impliquem devolução e, excepcionalmente,
caso existam servidores não cadastrados no siste- para o uso estabelecido no artigo 69, § 3
ma de ponto biométrico; Art. 69 A carga e descarga de autos entre os usuá-
IV - Livro de Registro Geral de Feitos, com índice, se rios internos do sistema informatizado oficial serão
não estiverem integrados ao sistema informatizado feitas eletronicamente e controladas exclusivamen-
oficial; te por intermédio do sistema, onde serão registra-
V - Livro de Registro de Sentença, salvo se cadas- dos, obrigatoriamente, no campo próprio, o envio,
trada no sistema informatizado oficial, com assi- o recebimento e a devolução, com indicação de data
natura digital ou com outro sistema de segurança e de usuário responsável por cada ato.
aprovado pela Corregedoria Geral da Justiça e que
também impeça a sua adulteração. Assim, o sistema controla a carga e descarga dos
autos. Para os usuários externos (Ministério Público,
Defensoria Pública, Procuradorias etc.) as cargas serão
Importante! efetuadas no sistema informatizado e terão recebi-
Segundo o art. 65, Nos ofícios de justiça inte- mento automático, devendo ser impresso relatório da
grados ao sistema informatizado oficial, os carga em duas vias para que haja o lançamento efe-
tivo do recebimento pelo destinatário, com posterior
registros de remessa e recebimento de feitos e
arquivamento no classificador ou juntada aos autos.
petições formalizar-se-ão exclusivamente pelas
O juiz pode indicar servidor autorizado a receber as
vias eletrônicas. Isso faz sentido, uma vez que cargas de autos remetidos à conclusão no sistema infor-
o sistema informatizado tem correspondência matizado. E, em caso de indisponibilidade do sistema
com a via eletrônica/digital. informatizado as cargas serão registradas no Livro Pro-
tocolo de Autos e Papéis em Geral. Quando o sistema for
reestabelecido, será feito o registro da carga no sistema
Sobre o procedimento, o art. 66 esclarece que todos
para controle, anotando-se no livro (§ 2° e § 3°, art. 69).
os livros, inclusive aqueles de folhas soltas, deverão
ser abertos, numerados, autenticados e encerrados
Art. 70 O Livro de Carga de Mandados poderá ser
pelo escrivão judicial sempre na mesma vez; com esse desdobrado em número equivalente ao dos oficiais
objetivo, pode ser utilizada autenticação mecânica de justiça em exercício, destinando-se um para
previamente aprovada pelo Juiz Corregedor Perma- cada qual. Serão também registradas no Livro de

NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA


nente. A substituição de folhas é proibida. O parágra- Carga de Mandados as petições que, por despacho
fo único dispõe que uma vez completado o uso das judicial, sirvam como tal.
folhas soltas, elas serão encaminhadas para encader-
nação imediatamente. Sobre as baixas, fixe que, de acordo com o art. 71,
Acerca do livro de visitas e correições, o art. 67 todas as cargas receberão as correspondentes baixas,
dispõe: assim que restituídos os autos ou mandados, na pre-
sença do interessado, sempre que possível ou por este
Art. 67 O Livro de Visitas e Correições será organi- exigido. O parágrafo único postula que quando não
zado em folhas soltas, iniciado por termo padrão utilizada a carga eletrônica, será lançada certidão nos
de abertura, disponibilizado no Portal da Correge- autos, mencionado a data da carga e da restituição, de
doria - modelos e formulários -, lavrado pelo Escri- acordo com os assentamentos do livro protocolo.
vão e formado gradativamente pelos originais das
atas de correições e visitas realizados na unidade, Art. 72 O Livro Registro de Sentenças formar-se-
devidamente assinadas e rubricadas pelo Juiz Cor- -á pelas vias emitidas para tal fim, numeradas em
regedor Permanente, Escrivão e demais funcioná- série anual renovável (1/80, 2/80, 3/80, ..., 1/82, 2/82
rios da unidade. etc.) e autenticadas pelo escrivão judicial, o qual
certificará sua correspondência com o teor da sen-
Exemplo: Se for realizada uma correição em uma tença constante dos autos.
vara, isso será anotado no livro. § 1° O registro previsto neste artigo far-se-á em até
5 (cinco) dias após a baixa dos autos em cartório
§ 1° Os originais das atas que formarão o Livro de pelo juiz.
Visitas e Correições serão numeradas e chancela- § 2° A decisão relativa a embargos de declaração
das pelo Escrivão Judicial após a sua anexação ao e a que liquidar sentença condenatória cível, pro-
Livro. ferida no âmbito do Poder Judiciário do Estado de 281
São Paulo, serão averbadas ao registro da sentença VIII - para petições e documentos desentranhados;
embargada ou liquidada, com utilização do sistema IX - para autorizações e certidões de inutilização de
informatizado. livros e classificadores obrigatórios.
§ 3° A decisão que liquidar outros títulos executivos
judiciais (por exemplo, a sentença penal condenató- Eventuais atos normativos, bem como decisões e
ria) será registrada no livro de registro de sentença, comunicados do Conselho Superior da Magistratura
porquanto impossível, neste caso, a averbação. e da Corregedoria, devem ser arquivados no sistema:
§ 4° Todas as sentenças terão seu teor integralmen-
te registrado no sistema informatizado oficial e no Art. 76 Os atos normativos, decisões e comunica-
livro tratado neste artigo. dos do Conselho Superior da Magistratura e da
§ 5° O registro da sentença, com indicação do núme- Corregedoria Geral da Justiça de interesse do ofício
ro de ordem, do livro e da folha em que realizado o de justiça serão arquivados e indexados, com índice
assento, será certificado nos autos, na última folha por assunto, mediante utilização do sistema infor-
da sentença registranda. matizado, facultada a manutenção de classificado-
§ 6° As sentenças cadastradas no sistema informa- res próprios.
tizado oficial com assinatura digital ficam dispen- Art. 77 O classificador referido no inciso II do art.
sadas da funcionalidade do registro, bem como da 75 destina-se ao arquivamento, em ordem cronoló-
elaboração de livro próprio e da certidão prevista gica, das cópias de ofícios que não se refiram a feito
no § 5º deste artigo. do próprio ofício de justiça.
§ 7° Aplicam-se as disposições deste artigo, no que § 1º Esse classificador será aberto com folha(s)
couber, às decisões terminativas proferidas em fei- para o registro de todos os ofícios, com numeração
tos administrativos. sequencial e renovável anualmente, na(s) qual(is)
§ 8° Registra-se como sentença a decisão que extin- consignar-se, ao lado do número de registro, o
gue o processo em que houve estabilização da lide, número do processo ou a circunstância de não se
na forma do artigo 304 do Código de Processo Civil. referir a nenhum feito e o destino.
§ 2º No presente classificador poderão ser arquiva-
O art. 73 prevê rigoroso controle sobre os livros em dos os respectivos recibos de correspondência, se
geral, incumbindo-se o Juiz Corregedor Permanente for o caso.
de coibir eventuais abusos ou excessos. Art. 78 Os ofícios e mensagens eletrônicas expedi-
dos e recebidos, mencionados nos incisos II, III e VI
Art. 74 Os livros em andamento ou findos serão do art. 75, serão conservadas pelo prazo de 1 (um)
bem conservados, em local adequado e seguro den- ano, a partir da data de expedição ou do recebimen-
tro do ofício de justiça, devidamente ordenados e, to pelo ofício de justiça.
quando for o caso, encadernados, classificados ou Paragrafo único. Decorrido o prazo estabelecido,
catalogados. e desde que reputados sem utilidade para conser-
§1° O desaparecimento e a danificação de qualquer vação pelo escrivão judicial, serão inutilizados,
livro serão comunicados imediatamente ao Juiz mediante a autorização do Juiz Corregedor Perma-
Corregedor Permanente. A sua restauração será nente, nos termos do § 2º do art. 74.
feita desde logo, sob a supervisão do juiz e à vista Art. 79. As guias de recolhimento de diligências
dos elementos existentes. do oficial de justiça serão conservadas pelo prazo
§2° Após revisados e decorridos 2 (dois) anos do mínimo de dois anos contados do arquivamento,
último registro efetuado, os livros de cargas de aplicandose, quanto à inutilização, o disposto no
autos e mandados, desde que reputados sem utili- do § 2º do art. 74.
dade para conservação em arquivo pelo escrivão
judicial, poderão ser inutilizados, mediante prévia DA ESCRITURAÇÃO (Art. 80 A 86)
autorização do Juiz Corregedor Permanente. A
autorização consignará os elementos indispensá- A sétima seção trata sobre a escrituração. Os requi-
veis à identificação do livro, e será arquivada em sitos dos incisos do art. 80 deverão ser observados na
classificador próprio, com certidão da data e da lavratura de atos, termos, requisições, ordens, autori-
forma de inutilização. zações, informações, certidões ou traslados, que cons-
tarão de livros, autos de processo, ou papéis avulsos,
Classificadores obrigatórios (Art. 75) excluídas as autuações e capas:

O art. 75 determina classificadores obrigatórios, a Art. 80 Na lavratura de atos, termos, requisições,


título de organização do Tribunal: ordens, autorizações, informações, certidões ou
traslados, que constarão de livros, autos de pro-
Art. 75 Os ofícios de justiça possuirão os seguintes cesso, ou papéis avulsos, excluídas as autuações e
classificadores: capas, serão observados os seguintes requisitos:
I - para atos normativos e decisões da Corregedoria I - o papel utilizado terá fundo inteiramente bran-
Permanente, com co ou ser reciclado, salvo disposição expressa em
índice por assunto; contrário;
II - para cópias de ofícios expedidos; II - a escrituração será sempre feita em vernáculo,
III - para ofícios recebidos; preferencialmente por meio eletrônico, com tinta
IV - para GRD - guias de recolhimento de diligências preta ou azul, indelével;
do oficial de justiça; III - os numerais serão expressos em algarismos e
V - para cópias de guias de levantamento expedidas por extenso;
em favor dos IV - os espaços em branco e não aproveitados, nos
auxiliares da justiça não funcionários na Justiça livros e autos de processo, serão inutilizados;
Estadual; V - as assinaturas deverão ser colhidas imediata-
VI - Revogado; mente após a lavratura do ato ou termo, e identifi-
282 VII - para relatórios de cargas eletrônicas; cadas com o nome por extenso do signatário.
Segundo o art. 81, as seguintes práticas deverão ser I - na expedição de alvarás de soltura, mandados
evitadas no momento da escrituração: ou contramandados de prisão, requisições de preso
e demais atos para os quais a lei exige certificação
Art. 81 Na escrituração serão evitadas as seguintes de autenticidade;
II - quando houver dúvida sobre a autenticidade da
práticas:
firma.
I - entrelinhas, erros de digitação, omissões, emen-
das, rasuras ou borrões;
O parágrafo segundo do art. 84, Nos ofícios de jus-
II - anotações de “sem efeito”;
tiça contemplados com sistema informatizado oficial,
III - anotações a lápis nos livros e autos de proces-
que permita a utilização da ferramenta consistente na
so, mesmo que a título provisório.
assinatura por certificação digital, dispensa-se a certifi-
§ 1º Na ocorrência das irregularidades previstas
cação de autenticidade da assinatura do juiz.
no inciso I, far-se-ão as devidas ressalvas, antes da
De acordo com o art. 85, os mandados, as cartas
subscrição do ato, de forma legível e autenticada.
postais, os ofícios gerais de comunicação, expedidos em
§ 2º As anotações previstas no inciso II, quando
cumprimento de ato judicial, em não havendo determina-
estritamente necessárias, sempre serão datadas
ção do juiz em sentido contrário, serão assinados pelos
e autenticadas com a assinatura de quem as haja
escrivães, declarando que o fazem por ordem do juiz.
lançado nos autos.
Nos casos a seguir, a subscrição do juiz é obrigatória:

Já o art. 82 veda as práticas a seguir: I - a lei ou estas Normas de Serviço expressamente


o exigirem (por exemplo, busca e apreensão cautelar,
Art. 82 Na escrituração é vedada: prisão, contramandado de prisão e alvará de soltura,
I - a utilização de borracha ou raspagem por outro alvarás em geral, levantamento de depósito judicial,
meio mecânico, bem como a uso de corretivo, deter- ordem de arrombamento explícita ou implícita etc.);
gente ou outro meio químico de correção; II - houver determinação de desconto de pensão
II - a assinatura de atos ou termos em branco, total alimentícia;
ou parcialmente; III - Os documentos ou papéis forem dirigidos a auto-
III - a utilização de abreviaturas, abreviações, acrô- ridades (por exemplo, membros do Poder Judiciário,
nimos, siglas ou símbolos, excetuando-se as formas do Ministério Público e do Poder Legislativo; chefe
consagradas pelo Vocabulário Ortográfico da do Poder Executivo; Delegados de Polícia; Coman-
dantes da Polícia Militar e das Forças Armadas).
Língua Portuguesa da Academia Brasileira de
Art. 86 As disposições previstas nesta seção, relati-
Letras, as adotadas por órgãos oficiais
vas à escrituração em meio físico, aplicam-se, no que
e as convencionadas por determinada área do
couber, à escrituração no sistema informatizado ofi-
conhecimento humano; cial, especialmente: I - no cadastramento de dados;
IV - a utilização de chancela, ou de qualquer recur- II - na movimentação processual;
so que propicie a reprodução mecânica da assina- III - na lavratura e expedição de documentos, sejam
tura do juiz. ou não juntados a autos de processo

Segundo o art. 83, A escrituração de termos, atos e DA ORDEM DOS SERVIÇOS DOS PROCESSOS EM
papéis em geral observará os critérios da clareza, obje- GERAL
tividade e síntese, sem descuidar da perfeita individua-
lização de pessoas, fatos ou coisas, quando necessária. Da Autuação, Abertura de Volumes e Numeração de
Exemplo: constare, os requisitos de qualificação da Feitos (Art. 87 a 91)
pessoa física (nome completo e o número de inscrição

NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA


no CPF ou o número do RG ou, faltante este último, a A primeira subseção da seção VIII trata sobre a autua-
filiação); constarem os requisitos de identificação da ção, abertura de volumes e numeração de feitos. É impor-
PJ (firma ou denominação, o número de inscrição no tante conhecer o passo a passo de tais procedimentos, de
CNPJ e o endereço da sede), sem prejuízo de outros acordo com as normas de organização judiciária:
dados que auxiliem tanto a pessoa física como a pes-
Art. 87 Ao receber a petição inicial ou a denúncia,
soa jurídica na sua identificação. o ofício de justiça providenciará, em 24 (vinte e
Outro exemplo de clareza é que nos ofícios e cartas quatro) horas, a autuação, nela afixando a etiqueta
precatórias expedidas devem constar a comarca, a vara que, gerada pelo sistema informatizado e oriunda
e o endereço completo do Fórum remetente, inclusive do distribuidor, atribui número ao processo e traz
com o número do código de endereçamento postal (CEP), outros dados relevantes (juízo, natureza do feito,
telefone e o correio eletrônico (e-mail) institucional. nomes das partes, data etc.).
De acordo com o art. 84 os instrumentos, como,
ordens, ofícios e atos processuais sempre precisam Assim, ao ser recebida a peça inaugural, o ofício
estar legíveis. Neste sentido, é necessário constar o em 24 horas irá autuar (montar o processo).
nome completo, o cargo ou função da autoridade
Parágrafo único. É dispensada a lavratura de certi-
judiciária e dos servidores que os lavrem, confiram
dão, no interior dos autos, da autuação e do regis-
e subscrevam. Isso ajuda na rápida identificação dos tro do processo.
envolvidos e do que se trata o documento.
O escrivão deverá certificar a autenticidade da fir- Não é necessário constar dentro do processo uma
ma do juiz que subscreveu o documento, indicando certidão de autuação e registro.
seu nome, cargo e exercício no juízo, nas seguintes Algumas observações sobre o assunto são muito
hipóteses: importantes: 283
z Eventuais situações especiais são tarjadas em VEDAÇÕES AOS
colorido, por exemplo, indicando prioridade de PERMITIDO
OFÍCIOS
tramitação;
z Em regras, os autos de processos não excederão É vedado aos ofícios de Não é vedado quanto às
de 200 folhas em cada volume. Exceção: se houver justiça receber e juntar petições de requerimento
determinação judicial expressa em contrário ou petições que não tenham de juntada de procuração
necessidade de manter peça processual com seus sido encaminhadas pelo ou de substabelecimento
documentos anexos; setor de protocolo (art. 92) apresentadas pelo interes-
sado diretamente ao ofício
z Se houver procedimento anterior à peça inaugu-
de justiça, caso em que o
ral (por exemplo: petição), esta terá numeração
termo de juntada mencio-
própria, apondo-se o número da folha, seguido
nará esta circunstância (I);
da letra “i” (1-i; 2-i; 3-i...). Assim, a numeração dos quando houver, em cada
procedimentos preparatórios será aproveitada caso concreto, expressa de-
integralmente; cisão fundamentada do juiz
z Os escrivães judiciais ou, sob sua supervisão, os do feito dispensando o pro-
escreventes, deverão zelar pela numeração corre- tocolo no setor próprio (II)
ta das folhas dos autos;
z Em caso de eventual erro na numeração o que
deve ser feito? A ocorrência deverá ser certificada, Art. 93 Por ocasião da juntada de petições e docu-
mentos (ofícios recebidos, laudos, mandados, preca-
sendo proibida a renumeração;
tórias etc.), lavrar-se-á o respectivo termo de juntada.
z Em hipótese de numeração repetida, será acrescen-
§ 1º Para a juntada, na mesma oportunidade, de
tada apenas uma letra do alfabeto, em sequência duas ou mais petições ou documentos, será confec-
(188-a, 188-b, 188-c etc.), certificando-se sempre. cionado um único termo de juntada com a relação
das peças.
Art. 88 O ofício de justiça afixará nas autuações § 2º É vedado o lançamento do termo de juntada na
tarjas coloridas, na posição horizontal, para assina- própria petição ou documento a serem encartados
lar situações especiais descritas nestas Normas de aos autos.
Serviço. § 3º Recebidas petições via fac-símile ou por correio
Art. 89 Os autos de processos não excederão de 200 eletrônico (e-mail) diretamente no ofício de justiça
(duzentas) folhas em cada volume, salvo determina- ou na vara, será imediatamente lançado número
ção judicial expressa em contrário ou para manter de protocolo no corpo do documento, para oportu-
peça processual com seus documentos anexos, poden- no controle dos prazos previstos no caput e pará-
do, nestes casos, ser encerrado com mais ou menos grafo único do art. 2º da Lei Federal nº 9.800, de
folhas. 26.05.1999.
§ 1º O encerramento e a abertura dos novos volumes § 4º Recebida petição inicial ou intermediária acom-
serão certificados em folhas regularmente numera- panhada de objetos de inviável entranhamento aos
das, prosseguindo-se a numeração sem solução de autos do processo, o escrivão deverá conferir, arro-
continuidade no volume subsequente. lar e quantificá-los, lavrando certidão, sempre que
§ 2º A numeração ordinal indicativa de novos volu- possível na presença do interessado, mantendo-os
mes será destacada nas respectivas autuações e ano- sob sua guarda e responsabilidade até encerramen-
tada na autuação do primeiro volume. to da demanda.
Art. 90 Nos feitos antecedidos por procedimentos pre-
paratórios, a peça inaugural (petição inicial de ação De acordo com o art. 94, Todos os atos e termos do
civil pública, representação em procedimento afeto processo serão certificados nos autos e anotados no sis-
à área infracional da infância e juventude, denúncia tema informatizado oficial. Segundo o parágrafo úni-
em ação penal pública etc.) terá numeração própria, co, a exceção é a emissão de documento que passe a
apondo-se o número da folha, seguido da letra “i” (1-i; fazer imediatamente parte integrante dos autos (ofícios
2-i; 3-i...), de tal forma que a numeração dos mencio- expedidos, mandados etc.), por original ou por cópia,
nados procedimentos preparatórios (inquéritos civis, rubricado pelo emitente. A data que consta no docu-
comunicações de atos infracionais, inquéritos poli- mento deve corresponder à da emissão efetiva dele.
ciais etc) seja sempre aproveitada integralmente.
Art. 91 Os escrivães judiciais ou, sob sua supervisão, Art. 95 Ressalvado o disposto no art. 140, é vedado
os escreventes zelarão pela correta numeração das o lançamento de termos no verso de petições, docu-
folhas dos autos. mentos, guias etc., devendo ser usada, quando neces-
§ 1º Em caso de erro na numeração, certificar-se-á a sária, outra folha, com inutilização dos espaços em
ocorrência, sendo vedada a renumeração. branco
§ 2º Na hipótese de numeração repetida, acrescen- Art. 96 É vedado o lançamento de cotas marginais
tar-se-á apenas uma letra do alfabeto, em sequência ou interlineares nos autos, a prática de sublinhar
(188-a, 188-b, 188-c etc.), certificando-se. palavras à tinta ou a lápis, ou o emprego de expres-
sões injuriosas nos escritos apresentados no pro-
Da Recepção e Juntada de Petições, Dos Atos e cesso, incumbindo ao serventuário, ao constatar a
Termos Judiciais e Das Cotas nos Autos (Art. 92 a irregularidade, comunicá-la imediatamente ao juiz.
96)
Da Movimentação dos Autos (Art. 97 a 99)
A segunda subseção trata sobre a recepção e jun-
tada de petições, os atos e termos judiciais e as cotas A terceira subseção diz respeito à movimentação
284 nos autos. dos autos. Quanto aos prazos, postula-se que:
Art. 97 Deverá ser feita conclusão dos autos no pra- Art. 99 Nenhum processo permanecerá paralisado
zo de 1 (um) dia e executados os atos processuais no em cartório, além dos prazos legais ou fixados, ou
prazo de 5 (cinco) dias. ficará sem andamento por mais de 30 (trinta) dias,
§ 1º Os juízes atenderão, preferencialmente, à ordem no aguardo de diligências (informações, respostas a
cronológica de conclusão para proferir sentença ou ofícios ou requisições, providências das partes etc.).
acórdão.
§ 2º O escrivão atenderá, preferencialmente, a ordem Decorrido o prazo de 30 (trinta) dias, o ofício de jus-
cronológica de recebimento para publicação e efeti- tiça reiterará a diligência uma única vez e, em caso de
vação dos pronunciamentos judiciais. não atendimento, será aberta conclusão ao juiz, para
§ 3º Serão considerados para fins do que dispõe o art. as providências cabíveis.
12 do Código de Processo Civil os processos físicos A norma estabelece 30 dias como o prazo admissí-
com movimentação “Conclusos para Sentença”. vel para a paralização dos autos em cartório, em caso
de necessidade de alguma diligência, salvo haver pra-
A regra é conclusão dos autos em 1 dia e a execu- zo legal ou fixado.
ção dos atos processuais em até 5 dias.
DOS PAPÉIS EM ANDAMENTO OU FINDOS (ART. 103)
Art. 98 Constarão dos termos de movimentação
dos processos a data do efetivo encaminhamento A nona seção trata dos papeis em andamento e findos.
dos autos e, sempre que possível, os nomes, por Tanto os papeis em andamento como os findos
extenso, dos juízes, representantes do Ministério devem ser bem conservados. De acordo com a necessi-
Público, advogados ou daqueles a quem se refiram. dade, devem ser encadernados, classificados ou cata-
logados (art. 103).
Na movimentação processual precisam constar
elementos básicos (data, nome dos operadores do Art. 103. Os papéis em andamento ou findos serão
direito etc.). bem conservados e, quando for o caso, encader-
nados, classificados ou catalogados, aplicando-se,
§ 1° São vedados, sob qualquer pretexto, termos de quanto ao seu descarte, o disposto no § 2º do art. 74.
conclusão ou de vista sem data ou, ainda, a perma-
nência dos autos em cartório depois de assinados DAS CERTIDÕES (Art. 104 E 104-A)
os respectivos termos.
A décima seção diz respeito às certidões.
Existe vedação expressa à ausência de data e ao Os ofícios de justiça possuem competência exclu-
descumprimento de prazo. siva para expedir certidões, em breve relatório ou de
inteiro teor. Recomenda-se que sempre que possível
§ 2° Nenhum processo será entregue com termo as certidões sejam expedidas com base nos assenta-
de vista, a promotor de justiça ou advogado, sem mentos constantes do sistema informatizado, cabendo
prévia assinatura no relatório de carga eletrônica, ao escrivão dar a sua fé pública do que nele constar ou
e correspondente andamento no sistema informati- não, admitida, de qualquer forma, a consulta aos autos
zado, ou no livro protocolo. de processos em andamento ou findos, livros ou papéis
a seu cargo, caso em que se designará o número e a
A lei exige a assinatura no relatório de carga e o página do livro ou processo onde se encontra o assen-
registro no sistema/livro para a entrega dos autos. tamento (§ 1°, art. 104).

§ 3° Todas as conclusões ao juiz serão anotadas no z As certidões deverão ser expedidas no prazo de 5

NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA


sistema informatizado, acrescendo-se a carga, em dias, contados da data de recebimento do respecti-
meio físico ou eletrônico, somente quanto aos autos vo pedido pelo ofício de justiça, fornecido ao interes-
conclusos que não receberem despacho ou não sado protocolo de requerimento (§ 2°).
forem sentenciados até o final do expediente do dia. z Os pedidos de certidões de objeto e pé formulados pelo
correio eletrônico (e-mail) institucional de um ofício
O sistema informatizado é atualizado constante- de justiça para outro serão atendidos em 5 dias úteis.
mente de acordo com a situação atual do processo, A certidão será elaborada e encaminhada pelo ofício de
ou seja, os atos processuais mudam o seu status. Um Justiça diretamente à unidade solicitante (§ 3°).
exemplo dessa situação é quando o processo está na z Havendo necessidade de requerer autos do Arqui-
mesa do juiz (autos estão conclusos) aguardando um vo Geral, os prazos deverão ser contados a partir
despacho, decisão ou sentença. do recebimento do feito pelo ofício de justiça.
z Dependerá do despacho do juiz competente a certidão
§ 4° Se o juiz se recusar a assinar, consignar-se-á de processos correndo em segredo de justiça (§ 4°).
essa ocorrência no assentamento da carga.
Art. 104-A A requerimento escrito do credor, tra-
tando-se de decisão judicial, transitada em julgado,
Eventual falta de assinatura do juiz precisa ser
que reconheça a existência de obrigação de pagar
registrada.
quantia certa ou alimentos, expedir-se-á certidão
de teor da decisão para fins de protesto extrajudi-
§ 5° A conclusão dos autos ao juiz será efetuada cial. a qual deverá indicar:
diariamente, sem limitação de número. I - nome; número de inscrição no cadastro do Minis-
tério da Fazenda (CPF e CNPJ), no registro geral de
As conclusões dos autos não são limitadas quanti- identidade (RG) ou no registro nacional de estran-
tativamente, ou seja, por quantidade de vezes. geiro (RNE); e endereço do credor; 285
II - nome; número de inscrição no cadastro do Exceção: Os mandados de prisão não serão entre-
Ministério da Fazenda (CPF e CNPJ), no registro gues aos oficiais de justiça, mas encaminhados ao Insti-
geral de identidade (RG) ou no registro nacional de tuto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt (IIRGD)
estrangeiro (RNE); e endereço do devedor; (parágrafo único).
III- número do processo judicial;
IV - o valor da dívida; Art. 109 Nas certidões de expedição e de entrega
V - a data em que, após intimação do executado, dos mandados, constarão o nome do oficial de jus-
decorreu o prazo legal para pagamento voluntário. tiça a quem confiado o mandado e a data da respec-
§ 1º As certidões serão expedidas no prazo de três tiva carga.
(03) dias, contados da data do recebimento do res-
pectivo pedido pelo ofício de justiça. De acordo com o art. 110, mensalmente, o escrivão
§ 2º A expedição de certidão de processos que cor- relacionará os mandados em poder dos oficiais de jus-
rem em segredo de justiça dependerá de despacho tiça, além dos prazos legais ou fixados, comunicando
do juiz competente. ao Juiz Corregedor Permanente, para as providências
§ 3º Em todos os casos, a certidão será levada a cabíveis.
protesto sob a responsabilidade do credor.
§ 4º A requerimento do executado, o protesto será DOS OFÍCIOS (ART. 111)
cancelado por determinação do juiz, mediante ofí-
cio a ser expedido ao cartório, no prazo de 3 (três) A décima segunda seção trata sobre os ofícios. Os
dias, contado da data de protocolo do requerimen- incisos do art. 111 preveem algumas regras específi-
to, desde que comprovada a satisfação integral da cas para eles:
obrigação.
§ 5º Nas ações monitórias, havendo conversão do I - os ofícios extraídos de processos serão datados e
mandado monitório em título executivo judicial, na identificados com o número dos autos respectivos e
forma do artigo 701, §2º do CPC, a certidão para nome das partes, dispensando-se a numeração em
fins de protesto deverá conter: ordem cronológica, anexada uma cópia exclusiva-
mente nos autos;
a) o conteúdo do mandado monitório, com a obri-
II - os ofícios que não se refiram a feito do próprio
gação de pagar quantia certa, sob as penas da lei;6
ofício de justiça serão numerados sequencialmen-
b) a data do trânsito em julgado da decisão, que te, em série renovável anualmente, de acordo com
deverá ser considerada a data do decurso do prazo as respectivas datas de expedição, arquivada uma
para oposição dos embargos sem pagamento; e 7 cópia no classificador próprio.
c) a data do decurso do prazo para pagamento
voluntário, nos termos do artigo 523 do CPC. Observação: as regras sobre escrituração devem
ser consideradas.
DOS MANDADOS (ART. 105 A 110)
DAS COMUNICAÇÕES OFICIAIS, TRANSMISSÃO
Essa seção disciplina os mandados. O art. 105 DE INFORMAÇÕES PROCESSUAIS E PRÁTICA DE
determina o que deve neles constar: ATOS PROCESSUAIS POR MEIO ELETRÔNICO
(ART. 112 A 121-C)
I - O número do respectivo processo;
II - O número de ordem da carga correspondente Essa seção trata sobre comunicações oficiais,
registrada no livro próprio; transmissão de informações processuais e prática de
III - O seguinte texto, ao pé do instrumento: “É veda- atos processuais por meio eletrônico.
do ao oficial de justiça o recebimento de qualquer A regra é que as comunicações oficiais ocorram
numerário diretamente da parte. A identificação do por meio eletrônico. Assim, ressalvada a utilização
oficial de justiça, no desempenho de suas funções, dos meios convencionais no caso de indisponibilidade
será feita mediante apresentação de carteira fun- do sistema informatizado e do sistema de malote digi-
cional, obrigatória em todas as diligências.” tal, quando implantado, as comunicações oficiais que
§ 1º Nos mandados em geral, constarão todos os transitem entre os ofícios de justiça serão por meio ele-
endereços dos destinatários da ordem judicial, trônico (art. 112).
declinados ou existentes nos autos, inclusive do
local de trabalho. Art. 113 Serão transmitidas eletronicamente:
I - informações que devam ser prestadas à segunda
Uma questão relevante é, na hipótese de o manda- instância, conforme determinação do relator;
II - ofícios;
do anterior não consignar elementos essenciais para o
III - comunicações;
cumprimento da nova diligência, será dispensado o seu IV - solicitações;
desentranhamento e aditamento, expedindo-se novo V - pedidos e encaminhamento de certidões de objeto
mandado (art. 106). e pé, certidões criminais e certidões de distribuição;
VI - cartas precatórias, nos casos de urgência.
Art. 107 Os mandados serão entregues ou encami-
nhados aos encarregados das diligências mediante De acordo com o art. 114, a transmissão eletrônica
a respectiva carga. de informações e documentos será realizada por:
Art. 108 Os mandados que devam ser cumpridos
pelos oficiais de justiça serão distribuídos, na for- z Dirigente;
ma regulada pela Corregedoria Geral da Justiça, z Escrivão judicial;
aos que estiverem lotados ou à disposição das res- z Chefe de seção;
286 pectivas comarcas ou varas. z Escrevente técnico judiciário.
Art. 115 O remetente da comunicação eletrônica Art. 119 Em se tratando de documentos que devam
deverá: ser juntados em processo digital, será feita em PDF
I - utilizar seu correio eletrônico (e-mail) institucio- a impressão de que cuidam os incisos IV e VIII do
nal, e não o da unidade em que lotado, para enviar art. 115 e o inciso II do art. 116
a mensagem; Art. 120 Nos casos de inoperância do certificado
II - preencher o campo “para” com o endereço ele- digital ou enquanto não for disponibilizado, o reme-
trônico da unidade destinatária e o campo “assun- tente materializará o documento em papel, colherá
to” com o número do processo e a especificação de a assinatura, digitalizará o documento assinado e o
uma hipótese do art. 113; enviará como anexo da mensagem eletrônica.
III - digitar, no corpo do texto da mensagem eletrô-
nica, os dados do processo (número, unidade judi- Sobre as informações eletrônicas obtidas por meio
ciária, comarca e partes) e o endereço do correio do sistema Infojud, é importante memorizar que (art.
eletrônico (e-mail) institucional da unidade em que 121):
lotado;
IV - juntar aos autos cópia da mensagem eletrôni- z A solicitação e o recebimento de informações da
ca enviada, dispensadas a impressão e a juntada Receita Federal do Brasil relacionadas a endereço
de anexos que consistirem em peças do processo, ou a situação econômico-financeira da parte em
ou, quando a mensagem não se referir a feito do processo judicial serão realizadas pelo sistema Info-
próprio ofício de justiça, arquivá-la no classificador jud, diretamente pelos Magistrados ou servidores
correspondente; indicados, sendo obrigatório o uso do Certificado
V - anexar à mensagem os documentos necessários, Digital - ICP Brasil, Padrão A-3 (Art. 121-A);
no padrão PDF e sem restrição de impressão ou z As informações relacionadas à situação econômi-
salvamento; co-financeira serão juntadas aos autos, passando a
VI - selecionar as opções de confirmação de entrega tramitar sob segredo de justiça (Art. 121-B);
e de confirmação de leitura da mensagem; z Serão igualmente juntadas aos autos as informa-
VII - assinar a mensagem com seu certificado digital; ções que versarem apenas sobre o endereço da par-
VIII - imprimir os comprovantes de confirmação de
te, não será necessária a tramitação sob segredo de
entrega e de leitura, para juntada aos autos, assim
justiça (Art. 121-C).
que recebê-los;
IX - inserir no sistema informatizado de andamen-
DAS CARTAS PRECATÓRIAS, ROGATÓRIAS E
to processual a informação de envio da mensagem
eletrônica.
ARBITRAIS (ART. 122 A 131)
Art. 116 O ofício de justiça que receber a mensagem
deverá: A décima quarta seção trata sobre as cartas preca-
I - expedir eletronicamente as confirmações de entre- tórias, rogatórias e arbitrais. Acerca da carta precató-
ga e de leitura da mensagem, que valerão como ria, é importante conhecer os seguintes dispositivos:
protocolo;
II - imprimir a mensagem, bem como os eventuais Art. 122 A carta precatória será confeccionada em
anexos, para juntada aos autos do processo ou arqui- 3 (três) vias, servindo, uma delas, de contrafé.
vamento em classificador próprio, se for o caso; § 1° O pagamento da taxa judiciária, devida em
III - inserir no sistema informatizado de andamen- razão do cumprimento, deverá ser demonstrado
to processual a informação de recebimento da men- até o momento da distribuição, mediante a junta-
sagem eletrônica, se for o caso; da da 1ª via original do respectivo comprovante de
IV - promover a conclusão, no prazo legal, quando recolhimento.
a mensagem se referir a providências a cargo do § 2° Quando o ato deprecado for a citação, será ins-
truída com tantas cópias da petição inicial quantas
juiz;

NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA


sejam as pessoas a citar.
V - encaminhar eletronicamente a mensagem, no
§ 3° Exclusivamente em matéria criminal e de
mesmo prazo da conclusão, ao correio eletrônico
Infância e Juventude para atos infracionais, se a
(e-mail) institucional do juiz, se este assim o deter-
ordem judicial puder ser cumprida na forma remo-
minar, ou ao correio eletrônico (e-mail) institu-
ta, o ato não será deprecado, salvo na hipótese de
cional do funcionário, a quem couber o envio da
tentativa frustrada de cumprimento remoto ou na
resposta.
hipótese do art. 995, § 10, NSCGJ. Não se aplica
Art. 117 A resposta aos e-mails deverá ser dada ele- esta vedação aos atos de matéria cível, e aqueles a
tronicamente, cabendo ao juiz, a quem a mensagem serem cumpridos em outro Estado da Federação ou
houver sido encaminhada nos termos do inciso por outro Tribunal; e também aos atos que devam
V do art. 116, ou ao funcionário, encarregado do ser cumpridos presencialmente para viabilizar ato
envio da resposta, preencher no campo “para” o posterior remoto (por exemplo: intimação presen-
endereço do correio eletrônico (e-mail) da unidade cial de testemunha que será ouvida remotamente
cartorária do remetente da mensagem original em teleaudiência).

De acordo com o art. 118, na ausência da expedição Pela dicção do art. 122, a carta precatória possui
de confirmação de entrega e leitura pelo destinatário três vias, sendo uma delas contrafé. A comprovação
da mensagem, presumir-se-ão recebidas e lidas as men- do pagamento da taxa judiciária correlata precisa ser
sagens no primeiro dia útil subsequente ao do envio. feita até a distribuição.
No caso de medidas urgentes, se frustrada a entre- Em caso de citação de várias pessoas, o número de
ga, ou se não confirmados o recebimento e a leitura até o petições deve ser compatível com o número de tais
dia seguinte à transmissão, o remetente entrará em con- pessoas. Tratando-se de matéria criminal ou ECA, é
tato telefônico com o destinatário e, se o caso, reenviará preferível que o ato se realize de forma remota, por
a mensagem, de tudo lavrando-se certidão nos autos. exemplo, videoconferência. 287
Art. 123 Constatado que o ato pode ser cumprido Art. 130 Havendo urgência, transmitir-se-á a carta
em endereço de jurisdição diversa daquela cons- precatória por fac-símile (fax), telegrama, telefone,
tante da carta precatória, ou ainda, que o endere- radiograma ou correio eletrônico (e-mail), obser-
ço originário pertence à outra jurisdição, deverá o vando-se as cautelas previstas nos arts. 264 e 265
juízo deprecado encaminhá-la ao juízo competente, do Código de Processo Civil e nos arts. 354 e 356 do
comunicando tal fato ao juízo deprecante. Código de Processo Penal.
Parágrafo único. A via original da carta não será
De acordo com o art. 123, o juízo deprecado pode encaminhada ao juízo deprecado. Será encartada
encaminhar a precatória para outro juízo, se for neces- aos autos, juntamente com a certidão de sua trans-
sário, desde que comunique tal fato ao deprecante. missão, tão-logo ocorra o pedido de confirmação de
seu teor por parte do juízo destinatário.
Art. 124 O juízo deprecado devolverá a carta precató-
ria, independentemente de cumprimento, quando não O art. 130 traz algumas hipóteses de cumprimento
devidamente instruída e não houver regularização no de precatória em urgência.
prazo determinado. Por fim, vale conhecer sobre a carta rogatória:
É obrigação do juízo deprecado devolver a carta
precatória, esteja ela cumprida ou não. Art. 131 As cartas rogatórias cíveis e criminais
Art. 125 As cartas precatórias não serão autuadas, serão expedidas conforme o procedimento, mode-
servindo os encartes remetidos pelo juízo depre- los e formulários aprovados e divulgados pela Cor-
cante como face das mesmas, sobre os quais o ofí- regedoria Geral da Justiça no sítio do Tribunal de
cio de justiça deprecado afixará a etiqueta adesiva Justiça na internet.
remetida pelo ofício do distribuidor, que servirá de
identificação das partes e da natureza do feito, cui-
dando também anotar no alto, à direita, o número CARTA PRECATÓRIA CARTA ROGATÓRIA
do processo.
Instrumento de coopera- Instrumento de coopera-
ção dentro do Brasil ção entre países
A carta precatória não se reveste de nova autua-
ção, prezando pelo princípio da economia processual.
DAS INTIMAÇÕES (ART. 132 A 142)
Art. 126 As cartas precatórias, quando possível,
servirão como mandado. A décima quinta seção versa sobre as intimações,
que consistem em atos judiciais pelos quais se notifica
É viável que uma carta precatória seja utilizada determinada pessoa dos atos do processo. Não se con-
como um mandado, isto é, ordem. fundem com citação, que é o modo de trazer o réu ao
processo, dando conhecimento da lide, para que exer-
Art. 127 Não atendidos pedidos de informações ça o contraditório e ampla defesa.
sobre o cumprimento do ato, cumprirá ao ofício de A regra é a intimação eletrônica, mediante publi-
justiça do juízo deprecante reiterar a solicitação e cação no Diário da Justiça Eletrônico. O parágrafo úni-
estabelecer contato telefônico com o escrivão do
co do art. 132 traz vedação expressa ao servidor dos
juízo deprecado, de tudo certificando nos autos.
ofícios de justiça no sentido de prestar informações
Parágrafo único. Em caso de inércia, os autos serão
conclusos ao juiz do feito para as providências por telefone aos advogados, aos membros do Ministé-
cabíveis. rio Público, às partes e ao público em geral acerca dos
atos e termos do processo.
Nem sempre a comunicação em uma precatória
é fácil, de maneira que, às vezes, o ofício de justiça Art. 132 A intimação dos atos e termos do proces-
pode tentar contato telefônico com o escrivão do juízo so ou de expediente administrativo far-se-á, sempre
deprecado, bem como reiterar a solicitação. que possível, por meio eletrônico e mediante publi-
cação no Diário da Justiça Eletrônico.
Parágrafo único. É vedado ao servidor dos ofícios
Art. 128 É permitida a retirada da carta cumprida
de justiça prestar informações por telefone aos
junto ao juízo deprecado, para a entrega ao juízo
advogados, aos membros do Ministério Público, às
deprecante, desde que nela conste o nome do advo-
partes e ao público em geral acerca dos atos e ter-
gado da parte que tiver interesse no cumprimento
do ato, com o número da respectiva inscrição na mos do processo.
Ordem dos Advogados do Brasil.
De acordo com o art. 133, os despachos, decisões
A carta, uma vez cumprida, pode ser retirada. Isso interlocutórias e sentenças devem ser encaminhados à
ocorre para a entrega ao juízo deprecante. publicação no Diário da Justiça Eletrônico, dentro do
prazo máximo de:
Art. 129 Ao retornar cumprida a precatória, o escri-
vão judicial juntará, aos autos principais, apenas z 3 (três) dias, a contar da devolução dos autos em
as peças essenciais, imprescindíveis à compreensão cartório;
das diligências realizadas no juízo deprecado, espe- z O mesmo prazo deverá ser observado para fins de cumpri-
cialmente as certidões de lavra dos oficiais de justiça mento da intimação por meio eletrônico (parágrafo único).
e os termos do que foi deprecado, salvo determina-
ção judicial em contrário. Art. 133 Os despachos, decisões interlocutórias e
sentenças devem ser encaminhados à publicação
Caso retorne cumprida a precatória, são junta- no Diário da Justiça Eletrônico, dentro do prazo
das apenas peças imprescindíveis à compreensão da máximo de 3 (três) dias, a contar da devolução dos
288 diligência. autos em cartório.
Parágrafo único. O mesmo prazo deverá ser obser- em que lançado o ato publicado. Seu parágrafo único
vado para fins de cumprimento da intimação por dispõe que as publicações feitas no Diário da Justiça Ele-
meio eletrônico trônico comprovam-se mediante certidão, independente-
Art. 134 As intimações de atos ordinatórios, des- mente da juntada do exemplar impresso.
pachos, decisões interlocutórias e sentenças, qual-
quer que seja o meio empregado, consumar-se-ão
de maneira objetiva e precisa, sem ambiguidades e
REGRAS DE INTIMAÇÕES POR EDITAL (ART.141)
omissões, e conterão: I - Extraído o edital, conferido e assinado, serão auten-
I - O número dos autos, o objeto do processo, segun- ticadas as respectivas folhas com a chancela do ofício
do a tabela vigente, e o nome das partes;
de justiça, devendo escrivão rubricar cada uma delas;
II - O resumo ou transcrição daquilo que deva ser
II - As publicações de edital feitas no Diário da Justiça
dado conhecimento, suficientes para o entendimen-
Eletrônico [...] comprovam-se mediante certidão (não
to dos respectivos conteúdos;
III - O nome dos advogados das partes com o núme- é necessária a juntada do exemplar impresso);
ro de suas respectivas inscrições na Ordem dos III - A publicação de edital em jornal de ampla circula-
Advogados do Brasil. ção local será providenciada pela parte ou por agência
de publicidade de sua escolha (comprovada nos autos
mediante a juntada do original);
INTIMAÇÕES PELA IMPRENSA (ART. 135)
z Quando o processo tramitar sob segredo de jus-
Partes representada nos autos por mais de um advoga- tiça, os editais de citação deverão conter o nome
do = o ofício de justiça fará constar o nome de qualquer completo do réu e apenas o conteúdo indispen-
subscritor da peça, com o número da OAB, a não ser sável à finalidade do ato, sem as especificações
que a parte indique outro ou, no máximo, dois nomes, da petição inicial, abreviando-se os nomes das
ou indique o nome da sociedade de advogados a que demais partes envolvidas. A finalidade disto é res-
seu advogado pertença. guardar o segredo de justiça (parágrafo único)

Decisões interlocutórias e sentenças = serão publica-


das somente na sua parte dispositiva; os atos ordinató- Art. 142 Caberá aos escrivães judiciais velar pelo
rios e despachos de mero expediente serão transcritos adequado cumprimento das normas atinentes às
publicações ou às intimações por carta, conferindo
ou resumidos com os elementos necessários à explici-
diariamente seu teor, sem prejuízo da fiscalização
tação do conteúdo da ordem judicial.
ordinária dos Juízes Corregedores Permanentes.
Será publicada apenas a parte dispositiva das decisões
proferidas em procedimentos de natureza disciplinar DA CONSULTA E DA CARGA DOS AUTOS (ART. 157
ou em processos de dúvida, podendo o Corregedor A 169)
Geral da Justiça, se entender necessário, determinar
a sua publicação integral, após o trânsito em julgado. A décima sétima seção traz algumas disposições
sobre consulta e carga dos autos.
De acordo com o art. 157, o acesso aos autos judi-
Segundo o art. 136, a publicação omissa em relação ciais e administrativos de processos em andamento ou
aos requisitos [...] e que cause efetivo prejuízo a qual- findos, mesmo sem procuração, quando não estejam
quer das partes será considerada nula. sujeitos a segredo de justiça, é assegurado aos advoga-
Em seguida, o art. 137 postula que quando ocorrer dos, estagiários de Direito e ao público em geral, por
erro ou omissão de elemento indispensável na publica- meio do exame em balcão do ofício de justiça ou seção
ção, independentemente de despacho ou de reclamação administrativa, podendo ser tomados apontamentos,
da parte, proceder-se-á imediatamente à retificação e solicitadas cópias reprográficas, bem como utilizado
nova publicação, encartando-se aos autos cópia do ato

NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA


escâner portátil ou máquina fotográfica, vedado, nes-
incorretamente publicado. tas hipóteses, o desencarte das peças processuais para
O art. 138 dispõe que da publicação no Diário da Jus- reprodução.
tiça Eletrônico a respeito de processos sujeitos ao segre-
do de justiça constarão apenas as iniciais das partes. Parágrafo único. Os escrivães judiciais e os che-
Sobre taxa judiciária, o art. 139 informa que os fes de seção judiciária manterão, pessoalmente ou
escrivães judiciais farão publicar no Diário da Justiça, mediante servidor designado, rigorosa vigilância
juntamente com as respectivas intimações, o valor da sobre os autos dos processos, sobretudo quando do
taxa judiciária que deve ser recolhida pelas partes, bem seu exame, por qualquer pessoa, no balcão do ofício
como o valor das importâncias que, objeto de cálculo, de justiça ou seção administrativa.
devam ser depositadas, em quaisquer processos e a
qualquer título. Ademais, o parágrafo único completa Nesse artigo, existe o direito à consulta, traduzi-
que todas as intimações, publicadas para que as partes do como o poder de tomar apontamentos, solicitar
se manifestem sobre cálculos e contas, conterão os res- cópias, escanear e fotografar, no momento de exame
pectivos valores, em resumo, limitando-se a publicação em balcão, mesmo que sem procuração, mas desde
ao que baste para a perfeita ciência das partes sobre o que não haja segredo de justiça.
objeto do cálculo ou da conta. O art. 158 adiciona, inclusive, que para a garan-
Em seguida, o art. 140 diz que a publicação de atos tia do direito de acesso aos autos que não corram em
ordinatórios, despachos, decisões interlocutórias e sen- segredo de justiça, poderão os advogados ou estagiá-
tenças, no Diário da Justiça Eletrônico, será documenta- rios de Direito, regularmente inscritos na OAB, que
da pelo encarte, aos autos, da respectiva certidão gerada não tenham sido constituídos procuradores de
automaticamente pelo sistema informatizado oficial quaisquer das partes, retirar os autos para cópia,
ou, na impossibilidade, pela certidão aposta na mesma pelo período de 1 (uma) hora, mediante controle de
folha, ao pé, ou, se não houver espaço, no verso da folha movimentação física, devendo o serventuário consultar 289
ao sítio da Ordem dos Advogados do Brasil da Internet, A carga é direito de advogados e estagiários inscritos
à vista da Carteira da OAB apresentada pelo advoga- na OAB. Se o processo é findo e sem segredo de justiça, a
do ou estagiário de Direito interessado, com impressão carga do advogado não precisa de procuração. A carga
dos dados obtidos, os quais serão conferidos pelo servi- tem o efeito de intimar a pessoa que está com os autos
dor antes da entrega dos autos, observadas, ainda, as em relação a qualquer decisão contida no processo.
demais cautelas previstas para a carga rápida.
Tem-se, nesse artigo, o direito à carga rápida, que Art. 162 O escrivão ou o escrevente responsável
é esmiuçado no parágrafo único do art. 158: a carga pelo atendimento registrará a retirada e a devo-
rápida também será concedida à pessoa credenciada lução de autos, mediante anotação no sistema
pelo advogado ou sociedade de advogados, não sendo informatizado oficial e no relatório de carga emi-
tido pelo sistema (carga eletrônica), observadas as
dispensada a consulta ao sítio da Ordem dos Advo-
seguintes cautelas:
gados do Brasil dos dados referentes ao advogado ou
I - na retirada dos autos, o advogado, estagiário
sociedade de advogados que autorizar a retirada dos de Direito ou pessoa credenciada lançará sua assi-
autos. O preposto precisa apresentar a autorização natura no relatório de carga emitido pelo sistema
junto com documento de identidade. informatizado, arquivando-se o documento provi-
soriamente em classificador próprio;
Art. 159 Nos casos complexos ou com plurali- II - Na devolução do feito, o servidor do ofício de
dade de interesses, a fim de que não seja prejudi- justiça ou da seção administrativa efetuará a baixa
cado nem o andamento do feito e nem o acesso no relatório de carga, juntando-o imediatamente
aos autos, fica autorizada a retirada de cópias aos autos.
de todo o feito, que ficarão à disposição para §1° O Livro Protocolo de Autos e Papéis em Geral
consulta dos interessados será utilizado quando não for possível a utilização
do sistema informatizado, caso em que serão lan-
çados, no livro, a assinatura do destinatário e, nos
Por outro lado, na hipótese de os processos corre-
autos, o termo de carga e recebimento.
rem em segredo de justiça, o seu exame, em cartório, §2° No relatório eletrônico ou no livro de protoco-
será restrito às partes e a seus procuradores devida- lo constarão o número da carteira profissional e
mente constituídos (art. 160). O exemplo típico de respectiva seção, expedida pela OAB, em nome do
processos que tramitam em segredo de justiça são as destinatário ou o número da carteira de identida-
ações de família. de, quando tratar-se de pessoa credenciada pelo
advogado ou sociedade de advogados, facultado
Art. 160 [...] ao servidor, na dúvida, solicitar a exibição dos
§ 1° As entidades que reconhecidamente prestam ser- documentos.
viços de assistência judiciária poderão, por intermédio §3° A baixa da carga de autos, constante de relató-
de advogado com procuração nos autos, autorizar a rio eletrônico ou de livro protocolo, far-se-á imedia-
consulta de processos que tramitam em segredo de jus- tamente, à vista do interessado, sendo-lhe facultada
tiça em cartório pelos acadêmicos de Direito não ins- a obtenção de recibo de autos, assinado pelo ser-
critos na OAB. Referida autorização deverá conter o vidor, em instrumento previamente confeccionado
nome do acadêmico, o número de seu RG e o número e/ pelo interessado e do qual constarão designação do
ou nome das partes do processo a que se refere a auto- ofício de justiça ou da seção administrativa, núme-
rização, que será juntada posteriormente aos autos. ro do processo, tipo de demanda, nome das partes e
data da devolução. A cada auto processual corres-
Perceba que em caso de segredo de justiça exige-se ponderá um recibo e a subscrição pelo servidor não
implica reconhecimento da respectiva regularidade
que o advogado tenha procuração nos autos autorize
interna.
o acesso do acadêmico de direito.
De acordo com o art. 163, os advogados, a socieda-
§2° É vedado o acesso a autos de processos que cor-
de de advogados, os representantes judiciais da Fazen-
rem em segredo de justiça por estagiários não ins-
da Pública e os membros do Ministério Público e da
critos ou com inscrição vencida na OAB.
Defensoria Pública, mediante petição dirigida ao Juiz
Corregedor Permanente, poderão indicar prepostos,
Ademais, o acadêmico precisa ser estagiário inscrito
funcionários ou estagiários autorizados a retirarem,
na OAB para poder acessar os autos em segredo de justiça.
em nome daqueles, os autos em carga. § 1º Da petição,
que será arquivada em pasta própria, constarão os
Art. 161 A carga de autos judiciais e administra-
nomes completos, os números dos documentos de iden-
tivos em andamento no cartório é reservada uni-
camente a advogados ou estagiários de Direito
tidade, do CPF e os números das identificações funcio-
regularmente inscritos na OAB, constituídos procu- nais, se o caso. § 2º O funcionário ou estagiário deverá
radores de alguma das partes, ressalvado, nos pro- portar o documento de identidade e a cédula ou crachá
cessos findos e que não estejam sujeitos a segredo funcional, conforme o caso, no momento da retirada
de justiça, a carga por advogado mesmo sem procu- dos autos, para que o ofício de justiça possa verificar,
ração, pelo prazo de 10 (dez) dias. mediante conferência das petições arquivadas, se a pes-
Parágrafo único: A carga de autos também poderá soa encontra-se autorizada a subscrever a carga. § 3º
ser realizada por pessoa credenciada a pedido do A carga dos autos será feita em nome da pessoa que
advogado ou da sociedade de advogados, pela Advo- subscreveu a autorização e dela constarão os dados da
cacia Pública, pela Defensoria Pública ou pelo Minis- pessoa que estiver retirando os autos. § 4º Qualquer
tério Público, o que implicará intimação de qualquer alteração no rol de pessoas autorizadas a retirar os
decisão contida no processo retirado, ainda que pen- autos deverá ser imediatamente comunicada ao Juiz
290 dente de publicação. Corregedor Permanente.
Atente-se aos prazos para retirada dos autos pre- § 1º Verificada a falta, o juiz comunicará o fato à seção
vistos no art. 164 e parágrafos seguintes: local da Ordem dos Advogados do Brasil para proce-
Não havendo fluência de prazo: dimento disciplinar e imposição das penalidades.
§ 2º O expediente de cobrança de autos receberá
z Os autos somente serão retirados em carga median- autuação singela, sem necessidade de registro.
te requerimento (art. 164). § 3º Devolvidos os autos, o ofício de justiça, depois
de seu minucioso exame, juntará o expediente de
Com fluência de prazo: cobrança de autos, certificando a data e o nome de
quem os retirou e devolveu.
§ 4º Na hipótese de extravio dos autos, o expediente
z Na fluência de prazo, os autos não sairão do ofício
de cobrança instruirá o respectivo procedimento de
de justiça, salvo nas hipóteses expressamente pre-
restauração.
vistas na legislação vigente, ressalvado, porém, em
Art. 168 O escrivão ou o chefe de seção deverá,
seu curso ou em outras hipóteses de impossibili-
mensalmente, até o décimo dia útil do mês sub-
dade de retirada dos autos, o direito de requisição sequente, verificar o cumprimento dos prazos de
de cópias quando houver justificada urgência na devolução dos autos retirados, relacionar, em duas
extração respectiva, mediante autorização judicial, vias, os autos em poder das partes além dos pra-
observando-se o procedimento próprio (§1°); zos legais ou fixados, a primeira encaminhada, sob
z Na fluência de prazo comum, só em conjunto ou forma de representação, ao Juiz Corregedor Perma-
mediante prévio ajuste por petição nos autos os pro- nente (art. 168).
curadores das partes ou seus prepostos retirarão os
autos, ressalvada a obtenção de cópias para a qual O fundamento dessa regra é propiciar o acompa-
cada procurador ou preposto poderá retirá-los pelo nhamento e controle.
prazo de 2 (duas) a 6 (seis) horas, mediante carga,
independentemente de ajuste, observado o término Art. 169 O disposto nesta seção aplica-se, no que
do expediente forense (§ 2°). couber, a todos osdemais destinatários de carga

Vejamos agora o artigo 165: DO DESENTRANHAMENTO DE PEÇAS E


DOCUMENTOS DOS AUTOS (ART. 170 A 175)
Art. 165 A carga rápida dos autos será concedi-
da pelo escrivão ou o escrevente responsável pelo
Essa seção traz dispositivos sobre o desentranha-
atendimento, pelo período de uma hora, mediante
controle de movimentação física dos autos, con-
mento de peças e documentos dos autos. O desen-
forme formulário a ser preenchido e assinado por tranhamento de peças e de documentos pode ser
advogado ou estagiário de Direito devidamente requerido pelo interessado ou determinado de ofício
constituído no processo, ou ainda por pessoa cre- pelo juiz. Todavia, é uma faculdade a substituição por
denciada pelo advogado ou sociedade de advoga- cópia simples (art. 170).
dos, respeitado o seguinte procedimento: Segundo o art. 171:
I - os requerimentos serão recepcionados e atendi- Não haverá substituição das peças ou dos docu-
dos desde que formulados até às 18h; mentos desentranhados por cópia quando, a critério
II - o formulário de controle de movimentação físi- do juiz do processo, referirem-se a:
ca será juntado aos autos no exato momento de sua
devolução ao ofício de justiça, certificando-se o res- I - manifestação intempestiva do peticionário;
pectivo período de vista; II - documentação evidentemente estranha aos autos;
III - na hipótese dos autos não serem restituídos no III - documentos que não tenham servido de base
período fixado, competirá ao escrivão judicial repre-

NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA


para fundamentação de qualquer decisão profe-
sentar, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, ao rida nos autos ou para a manifestação da parte
Juiz Corregedor Permanente, inclusive para fins de
contrária.
providências competentes junto à Ordem dos Advo-
§ 1° Nestas hipóteses, será colocada uma folha em
gados do Brasil (EOAB, arts. 34, inciso XXII, e 37,
branco no lugar das peças ou documentos desen-
inciso I)Além dos prazos, devemos nos atentar
tranhados, anotando-se a folha dos autos em que
ao que dispõe o art. 166, sendo vedada a reten- lançada a certidão de desentranhamento, vedada a
ção do documento de identificação do advogado renumeração das folhas do processo.
ou do estagiário de Direito no ofício de justiça, § 2° As peças e documentos juntados por equívoco
para a finalidade de controle de carga de autos, aos autos serão imediatamente desentranhados e
em qualquer modalidade ou circunstância. juntados aos autos corretos ou, quando não digam
respeito a feitos da vara ou ofício de justiça, devol-
Além dos prazos, devemos nos atentar ao que dis- vidos ao setor de protocolo, de tudo lavrando-se
põe o art. 166, sendo vedada a retenção do documento certidão.
de identificação do advogado ou do estagiário de Direi-
to no ofício de justiça, para a finalidade de controle de Segundo os incisos do art. 172, quando se decide
carga de autos, em qualquer modalidade ou circunstân- pelo desentranhamento, o oficial de justiça é quem irá:
cia. Esse dispositivo tem como escopo evitar abusos.
Segundo o art. 167: O advogado deve restituir, no I - desentranhar as peças, certificando-se;
prazo legal, os autos que tiver retirado do ofício de II - manter os documentos em local adequado, para
justiça. Se intimado pessoalmente, o advogado não sua posterior entrega;
devolver os autos no prazo de 3 (três) dias, perderá o III - intimar o interessado a retirar a documentação
direito à vista fora de cartório e incorrerá em multa no prazo de 5 (cinco) dias, se outro não for assina-
correspondente à metade do salário-mínimo. lado pelo Juiz. 291
§ 1º A certidão de desentranhamento mencionará a terminativa, inclusive decisão de extinção do processo
numeração das folhas desentranhadas e, quando o em razão da estabilização da tutela. Exceção: os casos
caso, daquela na qual se determinou o ato e a even- legais de suspensão do processo por prazo indetermi-
tual substituição por cópias simples. nado, quando não será comunicada a sua extinção.
§ 2º As peças desentranhadas dos autos, enquanto
não entregues ao interessado, serão guardadas em
Art. 176. Nenhum processo será arquivado sem
classificador próprio, sendo vedado grampeá-las
sentença definitiva ou decisão terminativa, incluin-
na contracapa dos autos.
do nesse último caso a hipótese de decisão de
§ 3º A devolução de peças desentranhadas efe-
extinção do processo em razão da estabilização
tuar-se-á mediante termo nos autos, lançado ime-
da tutela de que trata o art. 304, § 1º do Código de
diatamente após a certidão de desentranhamento,
Processo Civil, salvo os casos legais de suspensão
constando o nome e documento de identificação de
do processo por prazo indeterminado, quando não
quem as recebeu em devolução, além do competen-
te recibo. será comunicada a sua extinção.
Art. 177 Após a publicação da decisão que deter-
minou o arquivamento, os processos permanecerão
Vejamos o artigo 173:
no ofício de justiça por 30 (trinta) dias, findo o pra-
zo, serão arquivados após realizadas as anotações
Art. 173 Salvo motivada determinação judicial em
e atos necessários no sistema informatizado oficial
sentido contrário e os títulos de crédito, fica dis-
e no sistema da empresa terceirizada (SGDAU).
pensada a certificação do número do processo nas
Art. 178 Quando o cumprimento da sentença con-
peças e documentos desentranhados dos autos
denatória cível se der em juízo diverso daquele que
a proferiu (art. 516, parágrafo único, do CPC), o
arquivamento dos autos, no âmbito do Poder Judi-
Importante! ciário do Estado de São Paulo, deverá ser promo-
Não é necessária a certificação do número do pro- vido pelo juízo da execução, que realizará todos os
cesso em relação àquilo que eventualmente neces- cadastramentos pertinentes à extinção do proces-
site ser desentranhado dele (peças, documentos), so, quando for o caso.
salvo se tratar de título de crédito ou haver determi- Art. 179 É autorizado o arquivo provisório de pro-
nação judicial. cessos que se encontrem em fase de execução de
título judicial há mais de 1 (um) ano e nos quais não
tenham sido localizados bens do executado, manti-
O art. 174 traz uma norma referente ao que fazer do o nome das partes no Cartório Distribuidor. Os
após o trânsito em julgado, ou seja, quando não cabe processos arquivados provisoriamente deverão ser
mais nenhum tipo de recurso: excluídos das estatísticas mensais.
Art. 180 Fica vedada às partes e advogados a con-
Art. 174 Transitada em julgado a sentença, os obje- sulta ou retirada de processos nos depósitos do
tos anexados às manifestações processuais serão Arquivo Terceirizado.
devolvidos às partes ou seus procuradores, median- Art. 181 O interessado irá consultar o processo no
te solicitação ou intimação para retirada em até 30 ofício de justiça onde tramitou o processo. Então,
(trinta) dias, sob pena de destruição. a unidade judicial faz a requisição no sistema da
empresa terceirizada (SGDAU), observando o prévio
Exemplo: após o trânsito, um CD anexado aos autos recolhimento da taxa de desarquivamento dos autos.
será devolvido à parte, mediante sua solicitação, sob Exceção: não há taxa quando se tratar de pedidos
pena de destruição. abrangidos pela gratuidade judiciária ou isenção.
Parágrafo único. O interessado no desarquivamen-
Art. 175 O escrivão verificará periodicamente o to será intimado da chegada dos autos ao cartório
classificador para arquivamento provisório de peti- e do prazo de 30 (trinta) dias para manifestação,
ções e documentos desentranhados: bem como de que, decorrido o prazo sem manifes-
I - quando constatar a existência de peças não reti- tação, os autos retornarão ao arquivo.
radas há 1 (um) ano do desentranhamento, reitera- Art. 181 O interessado consultará o processo no
rá a intimação dos advogados para retirá-las; ofício de justiça onde tramitou o processo objeto do
II - decorridos 2 (dois) anos do desentranhamen- pedido de desarquivamento, promovendo a unidade
to, as petições e documentos não retirados pelos judicial a requisição no sistema da empresa tercei-
advogados serão encaminhadas à Ordem dos rizada (SGDAU), observando o prévio recolhimento
Advogados do Brasil local, anotando-se no sistema da taxa de desarquivamento dos autos, quando não
informatizado oficial. se tratar de pedidos abrangidos pela gratuidade
Parágrafo único. Nas demais hipóteses, o escrivão judiciária ou isenção.
remeterá à conclusão as petições e documentos Parágrafo único. O interessado no desarquiva-
desentranhados e não retirados, para que o juiz mento será intimado, por qualquer meio idôneo de
determine a destinação adequada. comunicação, da chegada dos autos ao cartório e
do prazo de 30 (trinta) dias para manifestação, bem
DO ARQUIVAMENTO, REARQUIVAMENTO, como de que, decorrido o prazo sem manifestação,
DESARQUIVAMENTO DE PROCESSOS E PESQUISA os autos retornarão ao arquivo.
HISTÓRICA DE ACERVO ARQUIVADO (ART. 176 A
189-G) É expressamente vedado pelo art. 182 o manuseio
de autos processados em segredo de justiça, exceção
A décima nona seção trata de assuntos correla- feita às partes e aos advogados por elas constituídos,
tos ao arquivamento. É pressuposto para o arquiva- ou mediante ordem judicial expressa. O parágrafo úni-
292 mento de processos sentença definitiva ou certidão co diz que a extração de cópia reprográfica ou certidão
de processos com segredo de justiça, bem como o desen- O art. 187 fala sobre a informalidade do rearquiva-
tranhamento de documentos, dependerão de despacho mento, como, por exemplo, a dispensa de caixas/paco-
do juiz competente. tes, malotes etc., sem que isso anule a organização do
Vejamos o artigo 183: procedimento.

Art. 183 Permite-se a pesquisa histórica, em local Art. 187 Os processos destinados ao rearquiva-
mento dispensam a utilização de caixas/pacotes,
apropriado, mediante solicitação prévia para a Coor-
malotes e submalotes, contudo deverão estar sepa-
denadoria de Gestão Documental e Arquivos que fará
rados de forma distinta, possibilitando identificar
os encaminhamentos necessários para autorizar o
no momento da coleta, quais são novos arquiva-
acesso ao processo objeto da pesquisa mentos (primeiro arquivamento) e quais são os de
retorno para arquivamento (rearquivamento).
Sobre o arquivamento, a norma traz os seguintes
dispositivos: Sobre o desarquivamento, o art. 188 determina
que os requerimentos de desarquivamento de autos,
Art. 184 O arquivo de processos, primeiro arquiva- ressalvadas as exceções legais, serão instruídos com
mento, será feito individualmente dispensando-se o o comprovante de recolhimento da respectiva taxa.
uso de caixas e adotando-se as seguintes cautelas: Segundo o parágrafo único, na ausência da guia de
I – indexar no sistema da empresa terceirizada recolhimento, o advogado (subscritor ou responsável
(SGDAU) cada processo e, se for o caso, seus volu- indicado) será intimado a recolher as respectivas cus-
mes, separadamente; tas, no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de não prosse-
II – no caso de processos com mais de um volume, guimento da solicitação.
indicar o número do volume que está sendo internado;
III – afixar na capa do processo, no canto supe- Art. 189 Os ofícios de justiça requisitarão, quando
rior esquerdo, a etiqueta de indexação do processo necessário, os processos depositados no Arquivo
Terceirizado, emitindo a solicitação diretamente
(volume a volume);
no sistema da empresa terceirizada (SGDAU) e ano-
IV – indicar no sistema a quantidade de apensos
tando no sistema informatizado oficial a data em
existentes para o processo ou volumes objeto da
que solicitado o desarquivamento do processo.
indexação; § 1º Se o interesse recair sobre processo em apenso,
V - se for o caso de apenso com número autônomo no momento da requisição deverá ser informado no
de distribuição, realizar a indexação do processo sistema o processo principal ao qual ele se encontra
apenso, informando a vinculação (apensamento). apensado.
Parágrafo único. No sistema informatizado oficial § 2º Antes de requisitar o processo, os ofícios de justi-
todos os dados do processo deverão estar anota- ça verificarão se o processo foi de fato remetido para
dos, processo baixado (extinção) ou com decisão guarda no Arquivo Terceirizado, mediante consulta
terminativa. prévia no sistema da empresa terceirizada (SGDAU),
sem prejuízo de certificar-se de que o processo objeto
O art. 184 traz um rol de cautelas ao arquivamen- da solicitação não se encontra no próprio ofício.
to, para fins de registro e organização. O art. 185 espe- § 3º Quando se tratar de requisição de processos por
cifica sobre a remessa dos processos para a guarda em parte dos ofícios de justiça integrantes de Foro Regio-
um arquivo terceirizado. nal, o requisitante deverá mencionar na requisição,
se for o caso, a que vara distrital pertencia o processo
ora solicitado.
Art. 185 A remessa de processos para guarda em
§ 4º Não será permitida a reiteração de requisição
Arquivo Terceirizado será feita pelos ofícios de jus- antes de decorridos 10 (dez) dias úteis contados da
tiça de acordo com a escala de retirada periodica- data de requisição no sistema da empresa terceiriza-

NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA


mente publicada no Diário da Justiça Eletrônico. da (SGDAU).

A respeito do rearquivamento, é importante saber que: O ordenamento traz regramento sobre pesquisa
histórica, de maneira que se permite a pesquisa cien-
Art. 186 Para rearquivamento de processos, os ofí- tífica nos processos que se encontram arquivados nas
cios de justiça informarão no sistema da empresa dependências da empresa terceirizada responsável pela
terceirizada (SGDAU) os dados necessários para guarda (189-A).
propiciar a coleta do processo para guarda:
I – Vara/Secretaria (unidade produtora); Art. 189-B Para realização da pesquisa é neces-
II – Número de registro, compreendendo todos os sário o credenciamento junto à Coordenadoria de
números que o processo possui; Gestão Documental e Arquivos – SPI 2.4, através do
III – Classe e Assunto; endereço eletrônico institucional: (spi.gestaodocu-
IV – Nome das partes ativa e passiva, sem abreviações; mental@tjsp.jus.br).
Art. 189-C No pedido de credenciamento deverá
V – Número de documentos, quando houver;
constar o tema da pesquisa e a lista de processos
VI - Nome dos advogados das partes ativa e passi-
com indicação da Comarca, Vara de Origem, núme-
va, sem abreviações e número da OAB;
ro(s) de cada processo, o nome das partes e número
VII – Objeto da ação; da caixa – arquivo (pacote) onde foi guardado
VIII – Data da decisão final (compreende todos os Art. 189-D Deverá ainda ser preenchido e enca-
recursos, data de Acórdão, quando houver); minhado o termo de compromisso, sigilo e confi-
IX – Resultado da ação (procedente, improcedente, dencialidade, conforme modelo oficial disponível
condenado, absolvido, sem julgamento do mérito); no site do Tribunal de Justiça do Estado de São
X – Data do trânsito em julgado; Paulo (http://www.tjsp.jus.br/PrimeiraInstancia/
XI – Data da extinção (baixa definitiva). GestaoDocumental). 293
Art. 189-E Recebido o pedido de credenciamento e o II - no momento da transmissão, caso não tenham
termo de compromisso de sigilo e confidencialidade sido previamente assinados ou rubricados.
devidamente assinado, após autorizada a pesquisa § 3º Fazem a mesma prova que os originais as
pelo Presidente da Comissão Permanente de Avalia- reproduções digitalizadas de qualquer documento,
ção Documental (CPAD), o pesquisador e a empresa público ou particular, quando juntados aos autos
terceirizada serão comunicados da autorização.2 pelos órgãos da Justiça e seus auxiliares, pelo
Art. 189-F A autorização do credenciamento pode- Ministério Público e seus auxiliares, pelas procu-
rá ser pelo prazo de 30 (trinta), 60 (sessenta) ou no radorias, pelas autoridades policiais, pelas repar-
máximo 90 (noventa) dias, renováveis desde que tições públicas em geral e por advogados públicos
justificado o motivo.3 ou privados, ressalvada a alegação motivada e
Art. 189-G Para pesquisa científica, busca e forne- fundamentada de adulteração antes ou durante o
cimento da informação não haverá incidência do processo de digitalização.
pagamento da taxa de desarquivamento, mas deve- § 4º Os originais dos documentos digitalizados,
rão ser ressarcidos eventuais custos gerados com mencionados no § 3º deste artigo, deverão ser
serviços de extração de cópias reprográficas e os preservados pelo seu detentor até o final do prazo
referentes a materiais utilizados, eventualmente, para interposição de ação rescisória1, observadas,
nos termos do art. 12 da Lei 12.527/2011 – Lei de quanto aos ofícios de justiça, as disposições destas
Acesso à Informação Pública. Normas de Serviço.

De acordo com o art. 1.193, é de exclusiva responsa-


bilidade do titular de certificação digital o uso e sigilo da
DO PROCESSO ELETRÔNICO chave privada da sua identidade digital, não sendo oponí-
vel, em nenhuma hipótese, alegação de seu uso indevido.
DO SISTEMA DE PROCESSAMENTO ELETRÔNICO Segundo o art. 1.194, todos os atos processuais do
(ART. 1189 A 1195) processo eletrônico serão assinados eletronicamente, por
meio de certificação digital. Ademais, será considerada
Neste capítulo, é explorado o tema “Processo Ele- original a versão armazenada no servidor do Tribunal de
trônico”, definido como processo judicial cujas peças, Justiça do Estado de São Paulo, enquanto o processo esti-
documentos e atos processuais constituem um conjun- ver em tramitação ou arquivado (art. 1.195.)
to de arquivos digitais, que tramitam e são transmi-
tidos, comunicados, armazenados e consultados por DO PROTOCOLO DE PETIÇÕES INTERMEDIÁRIAS
meio eletrônico (art. 1.189).
(ART. 1220 A 1223)
Art. 1.190 O sistema de processamento eletrônico
Art. 1.220 As petições intermediárias serão apresen-
do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo será
tadas pelo peticionamento eletrônico e encaminha-
utilizado como meio eletrônico de tramitação de
das diretamente ao ofício de justiça correspondente.
processos judiciais, comunicação de atos e trans-
Parágrafo único. Na hipótese de materialização do
missão de peças processuais.
processo, cuja tramitação era em meio eletrônico,
passarão a ser admitidas petições em meio físico.
ACESSO AO SISTEMA – ART. 1.191 Retomada a tramitação no meio eletrônico, não
mais serão admitidas petições em meio físico.
O acesso pode ser feito no sítio eletrônico do Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo na internet (site do TJSP),
por qualquer pessoa credenciada, mediante uso de cer- Como regra (art. 1.221), os Setores de Protocolo do
tificação digital (ICP - Brasil – Padrão A3); Outra possibi- Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo não poderão
lidade de acesso é a dos entes conveniados, que ficam receber petições em papel dirigidas aos processos que
autorizados por meio seguro de integração de sistemas; tramitam eletronicamente.
Nos sistemas internos, o acesso é feito por magistrados,
servidores, funcionários e até terceiros que sejam auto- § 1º Em caso de recebimento indevido, caberá ao
rizados pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo Setor de Protocolo de origem cancelar o protocolo
e intimar o peticionário pelo Diário da Justiça Ele-
trônico – DJE para retirada da petição. Se o Ofício
Segundo o parágrafo único do art. 1.191, o uso ina- de Justiça verificar o recebimento indevido antes do
dequado do sistema de processamento eletrônico do cadastramento, devolverá a petição ao protocolo
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que venha de origem. Se a verificação ocorrer após o cadas-
a causar prejuízo às partes ou à atividade jurisdicional tramento da petição pelo Ofício de Justiça, caberá
importará bloqueio do cadastro do usuário, sem prejuí- a este adotar as providências necessárias para a
zo das demais cominações legais. devida regularização.
§ 2º Admitir-se-á, nos Foros Digitais, o protocolo
Art. 1.192 A autenticidade e integridade dos atos e integrado de petições em papel dirigidas a proces-
peças processuais serão garantidas por sistema de sos físicos em tramitação nas demais Comarcas do
segurança eletrônica, mediante uso de certificação Estado.
digital (ICP-Brasil – Padrão A3). Art. 1.222 Em caso de indisponibilidade do serviço
§ 1º Os documentos produzidos de forma eletrônica de peticionamento eletrônico ou impossibilidade
serão assinados digitalmente por seu autor, como técnica, a petição intermediária em papel será rece-
garantia da origem e de seu signatário. bida desde que observados os requisitos legais.
§ 2º Os documentos digitalizados serão assinados § 1º Deferida a juntada pelo juiz do feito, o ofício de
ou rubricados6; justiça protocolará a petição, dispensada a remes-
294 I - no momento da digitalização, para fins de autenticação; sa para o Setor de Protocolo, e caso verifique o
funcionamento do sistema informatizado, procede- públicos e a íntegra de processos em que decretado
rá à digitalização das peças e o trâmite eletrônico o segredo de justiça, desde que, no último caso, este-
regular do processo. jam vinculados por força de procuração nos autos;
§ 2º Caso inoperante o sistema, o processamento II - às partes será fornecida senha para acesso à
seguirá fisicamente, devendo o ofício de justiça pro- íntegra de seu processo eletrônico juntamente com a
ceder à digitalização tão logo seja restabelecido o citação ou quando solicitada, sendo possível o reque-
funcionamento. rimento e a retirada pelo advogado constituído, cir-
§ 3º Nos casos dos parágrafos anteriores, cientificar- cunstância essa que deverá ser certificada nos autos;
-se-á o requerente de que terá 45 (quarenta e cinco) III - para consulta da íntegra dos autos digitais na inter-
dias, a partir da digitalização, para retirar a petição, net será fornecida senha de acesso a peritos, assisten-
sob pena de inutilização da peça e dos documentos tes e outros auxiliares da justiça nomeados nos autos,
pelo ofício de justiça. de acordo com o tipo de participação no processo.
Art. 1.223 Revogado. IV - nos processos eletrônicos de execução criminal,
inclusive no caso de segredo de justiça, salvo deter-
DA CONSULTA ÀS MOVIMENTAÇÕES minação judicial em sentido contrário, quando soli-
PROCESSUAIS E DECISÕES (ART. 1224 A 1227) citada, será fornecida senha à vítima pelo tempo da
pena imposta ou, a depender do montante, renová-
Sobre as consultas às movimentações processuais, o vel até o término, sendo possível o requerimento e a
art. 1.224 estipula que é livre a consulta, no sítio do Tribu- retirada pelo advogado constituído, circunstância
nal de Justiça do Estado de São Paulo, às movimentações essa que deverá ser certificada nos autos
processuais, inteiro teor das decisões, sentenças, votos, Parágrafo único. As senhas de acesso serão forneci-
acórdãos e aos mandados de prisão registrados no BNMP. das exclusivamente pelo respectivo ofício de justi-
Por consequência, o advogado, o defensor público, ça, sendo necessária a comprovação documental
as partes e o membro do Ministério Público, cadastra- da condição de parte, na hipótese do requerimen-
dos e habilitados nos autos, terão acesso a todo o con- to previsto no inciso II, e a autorização do magis-
teúdo do processo eletrônico (§ 1°, art. 1.224). trado, nas hipóteses do inciso III.
Os advogados, defensores públicos, procuradores Art. 1.226-A O acesso à integra dos processos digi-
e membros do Ministério Público, não vinculados a tais que não tramitem sob segredo de justiça a ter-
processo, previamente identificados, poderão acessar ceiro interessado será franqueado mediante uso de
todos os atos e documentos processuais armazenados, senha pessoal e intransferível, disponibilizada para
salvo nos casos de processos em sigilo ou segredo de utilização pelo período de 24 (vinte e quatro) horas
justiça (§ 2°, art. 1.224). após a sua emissão.
Em proteção às situações de intimidade, seguran- § 1° O terceiro interessado apresentará requeri-
ça nacional, os processos que tramitam no sistema de mento próprio contendo sua qualificação e a decla-
processamento eletrônico do Tribunal de Justiça do ração de responsabilidade pessoal pelo conteúdo
Estado de São Paulo, em segredo de justiça, só poderão das informações acessadas.
ser consultados pelas partes e procuradores habilita- § 2° A impressão da senha será providenciada pela
dos a atuar no processo (art. 1.225). unidade judicial por onde tramita o feito, sendo
uma senha por processo/interessado.
Art. 1.225 Os processos que tramitam no sistema §3° Após digitalizados e importados para os autos,
de processamento eletrônico do Tribunal de Justiça os requerimentos serão arquivados em classifica-
do Estado de São Paulo, em segredo de justiça, só dor próprio.
poderão ser consultados pelas partes e procurado- § 4° Decorridos 45 (quarenta e cinco) dias da emis-
res habilitados a atuar no processo. são da senha, os documentos mencionados no pará-
§ 1° A indicação de que um processo está submetido grafo anterior poderão ser inutilizados, observadas
a segredo de justiça deverá ser incluída no sistema as diretrizes do Comunicado SAD nº 11/2010.
de processamento eletrônico do Tribunal de Justiça Art. 1.227 Sempre que possível, os documentos

NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA


do Estado de São Paulo: serão disponibilizados na internet para impressão
I - no ato do ajuizamento por indicação do advoga- pelo advogado ou interessado.
do, procurador ou autoridade policial; Parágrafo único: Revogado
II - no ato da transmissão, quando se tratar de
recurso interposto em primeiro grau, pelo órgão DA TRAMITAÇÃO DOS PROCESSOS ELETRÔNICOS
judicial de origem;
III – por determinação do juiz ou do relator;
IV – automaticamente, por expressa previsão legal, Disposição Inicial (Art. 1228)
conforme tabela de classes e assuntos padroniza-
das no sistema. Art. 1.228 Aplicam-se aos Ofícios de Justiça Digi-
§ 2° A indicação implica impossibilidade de consul- tais e ao processo eletrônico, subsidiariamente, e
ta dos autos por quem não seja parte no processo, no que compatível, os dispositivos previstos nos
nos termos da legislação específica, e é presumida demais capítulos destas Normas de Serviço.
válida, até decisão judicial em sentido contrário, de
ofício ou a requerimento da parte. Da Elaboração de Expedientes pelo Ofício de Justiça
§ 3º A indicação proveniente do advogado ou procu- (Art. 1237 a 1239)
rador será submetida à imediata análise pelo juiz.
Aqui veremos um pouco da tramitação dos proces-
Regras de consulta na íntegra de processos eletrônicos sos eletrônicos. Em primeiro lugar é importante saber
que na elaboração dos documentos serão utilizados os
Art. 1.226 A consulta da íntegra de processos ele- modelos de expediente institucionais padronizados,
trônicos na internet observará as seguintes regras: autorizados e aprovados pela Corregedoria Geral da Jus-
I - os advogados, após cadastramento no Portal tiça (art. 1.237). Segundo o parágrafo único, os modelos
E-Saj, e mediante uso da certificação digital ou login institucionais possuirão a respectiva movimentação vin-
e senha, poderão consultar a íntegra de processos culada, a fim de garantir estatísticas fidedignas.
295
Segundo o art. 1.238: Do Cumprimento de Ordens Judiciais (Art. 1243)

Art. 1.238 A criação de modelos de grupo ou usuá- Sobre o cumprimento de ordens judiciais, o art.
rio realizar-se-á a partir dos modelos institucionais 1.243 entende que nos ofícios de justiça onde implanta-
ou da autoria intelectual do magistrado e somente do o fluxo por atos, o cumprimento das ordens judiciais
será permitida para as seguintes categorias: dar-se-á pelos subfluxos de documentos.
I - ajuizamentos;
II - atos ordinatórios; Da Expedição de Mandados de Levantamento (Art. 1265)
III - autos;
IV - cartas precatórias/rogatórias;
V - certidões de cartório; Para encerrar nossos estudos sobre esse tema, o art.
VI - decisões; 1.265 diz que Os processos que se encontram na fase de
VII - despachos; expedição de mandados de levantamento serão encami-
VIII - editais; nhados para a fila “ag. análise de cartório urgente”.
IX - expedientes do Distribuidor;
X - formais;
XI - mandados - outros;
XII - ofícios;
XIII - requerimentos;
EXERCÍCIOS COMENTADOS
XIV - sentenças;
1. (VUNESP – 2018) Quanto à escrituração, é correta a
XV - Setor Técnico - Assistente Social;
XVI - Setor Técnico - Psicologia; seguinte afirmação:
XVII - termo;
XVIII - termos de audiência. a) Caberá ao escrivão certificar a autenticidade da firma
§ 1º Na configuração dos modelos de grupo ou do juiz que subscreveu o documento, indicando-lhe
usuário, o ofício de justiça preencherá: nome, cargo e o exercício no juízo, nos atos para os
I - na aba “Informações”, o nome, tipo, área e a clas- quais a lei exige certificação de autenticidade e quan-
sificação “grupo”;
do houver dúvida sobre a autenticidade da firma.
II - na aba “Movimentações”, a movimentação que
reflita o teor do expediente; b) É vedada a utilização de abreviaturas, abreviações,
III - na aba “Compartilhamentos”, o tipo “grupo”; acrônimos, siglas ou símbolos, ainda que elas estejam
IV - na aba “Assinaturas”, o(s) agente(s) que assina- consagradas no Vocabulário Ortográfico da Língua
rá(ão) o documento; Portuguesa da Academia Brasileira de Letras.
V - na aba “Atos do documento”, o tipo de ato, a c) Deve ser evitada a assinatura de atos e termos em
forma, o código do modelo se o caso, o prazo, o tipo
branco, total ou parcialmente.
de seleção (partes a que se destina o documento) e
o modo de finalização. d) São vedadas anotações de “sem efeito” e anotações
§ 2º Em relação às cartas rogatórias deverá ser a lápis nos livros e autos de processo, mesmo que a
observado o procedimento estabelecido no artigo título provisório.
131.2 e) Os mandados, cartas postais, consideradas inclusi-
§ 3º - Sempre que cabível, a fim de possibilitar tra- ve as expedidas por meio eletrônico, ofícios gerais
balho em lote e filtro nas filas de trabalho pela ser- de comunicação, expedidos em cumprimento de ato
ventia judicial, deverão ser utilizados modelos de
judicial, serão assinados pelos escrivães ou chefes de
grupo, que conterão, obrigatoriamente, as seguin-
tes características: seção, declarando que o fazem por ordem do juiz.
a) Vinculação de atos correspondentes, nos termos
do artigo 1.235; Conforme dispõe o parágrafo 1o do art. 84 das NCGJ,
b) Nomeação do modelo com termos que corres- o escrivão certificará a autenticidade da firma do
pondam ao teor do documento, inclusive com a juiz que subscreveu o documento, indicando-lhe o
informação do ato a ele vinculado, se o caso; nome, o cargo e o exercício no juízo, quando, dentre
c) Indicação, no cadastro ou no nome do modelo,
outras hipóteses, houver dúvida sobre a autentici-
quanto à necessidade de análise e cumprimento do
ato judicial pelo cartório; dade da firma. Resposta: Letra A.
d) Indicação, no cadastro ou no nome do mode-
lo, das informações do prazo a ser cumprido em 2. (VUNESP – 2018) Nos termos das Normas da Cor-
decorrência da publicação do ato judicial no Diário regedoria Geral de Justiça, no que tange ao Sistema
Oficial; Informatizado Oficial, assinale a alternativa correta.
e) Vinculação da movimentação específica, a fim
de permitir a extração de dados estatísticos para
a) Nos ofícios de justiça, o registro e controle da movi-
o Tribunal;
f) Vinculação dos atos de encaminhamento aos Por- mentação dos feitos realizar-se-ão pelo sistema
tais de intimação eletrônica, tais como do Ministé- informatizado oficial, sendo facultada a elaboração
rio Público, da Defensoria Pública e da Fazenda de fichas materializadas em papel ou constantes de
Pública, preferindo-se a forma automática, sempre outros sistemas informatizados para auxiliar no con-
que possível; trole do trâmite processual.
g) Marcação do teor do documento para fins de b) Não será admitida exclusão de parte no processo, pro-
publicação e emissão de atos (Ctrl + M).1
cedendo-se à sua baixa, quando necessário.
c) Todas as vítimas identificadas na denúncia ou queixa,
Ademais, o juiz somente lançará no documento assina-
tura eletrônica, mesmo que o ato deva ser praticado junto e também as testemunhas de processo criminal, sejam
à unidade judicial ou extrajudicial de outro Estado da Fede- estas de acusação, defesa ou comuns, terão suas qua-
296 ração (art. 1.239). lificações lançadas no sistema informatizado oficial.
d) Os escrivães judiciais do serviço de distribuição e dos d) para a juntada, na mesma oportunidade, de duas ou
ofícios de justiça realizarão auditoria quinzenal no sis- mais petições ou documentos, será confeccionado
tema SAP/PG, de acordo com os níveis de criticidade um termo de juntada para cada uma das peças, com a
definidos, comunicando ao Corregedor Geral da Justi- devida descrição pormenorizada do conteúdo delas.
ça qualquer irregularidade. e) ao receber a petição inicial ou a denúncia, o ofício de
e) O cadastro no sistema informatizado oficial conterá justiça providenciará, em 48 (quarenta e oito) horas,
exclusivamente as seguintes informações a respeito do a autuação, nela afixando a etiqueta que, gerada pelo
processo, de modo a individualizá-lo com exatidão: qua- sistema informatizado e oriunda do distribuidor, atri-
lificação das partes e de eventuais representantes, advo- bui número ao processo.
gados e os respectivos números de inscrição na OAB.
3. (VUNESP – 2014) Considerando as previsões cons-
A alternativa é a literalidade do parágrafo segundo tantes das Normas da Corregedoria Geral da Justiça
do artigo 54 das NCGJ. Resposta: Letra B. do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, assi-
nale a alternativa que corretamente discorre sobre os
livros e classificadores que devem ser mantidos pela
Administração Geral do Fórum.
HORA DE PRATICAR!
a) O livro de registro de feitos administrativos (sindicân-
1. (VUNESP – 2017) Assinale a alternativa que corre- cias, procedimentos disciplinares, representações etc.)
tamente aborda aspectos do sistema informatizado será mantido por 5 (cinco) anos após possibilitado o
oficial previstos nas Normas da Corregedoria Geral de registro e controle pelo sistema informatizado oficial.
Justiça. b) Para fins de fiscalização correcional, a Administração
Geral do Fórum deverá manter um livro de visitas e cor-
a) Quando uma parte estiver vinculada a processos que reições no qual serão lavrados os respectivos termos
tramitam em outros ofícios de justiça, nos quais tenha e o registro de portarias e ordens de serviço, com índi-
havido expedição de certidão de homonímia, as even- ce, bem como o protocolo de autos e papéis em geral.
tuais retificações de seus dados deverão ser aplicadas c) Os procedimentos disciplinares e sindicâncias admi-
a todos os feitos. nistrativas da corregedoria permanente, vinculada a
b) As cartas precatórias serão cadastradas no sistema cada uma das unidades, serão diretamente cadastra-
informatizado diferentemente dos processos comuns, dos no Sistema de Automação da Justiça de Primeiro
consignando-se apenas a indicação completa do Grau e estão sujeitos ao segredo de justiça, utilizando-
juízo deprecante, a natureza da ação e a diligência -se os códigos próprios.
deprecada. d) A Administração Geral do Fórum manterá os seguin-
c) O sistema informatizado atribuirá, a cada processo tes classificadores: registro de feitos administrativos;
distribuído, um número de controle interno da unidade registro de portarias e ordens de serviço, com índice;
judicial, sem prejuízo do número do processo (número registro das decisões terminativas proferidas em fei-
do protocolo que seguirá série única). tos administrativos.
d) As vítimas identificadas na denúncia ou queixa e as e) Haverá em cada serventia judicial, repartições e
testemunhas de processo criminal não terão suas demais estabelecimentos sujeitos à sua fiscalização
qualificações lançadas no sistema informatizado ofi- correcional um livro de registro final no qual serão
cial, exceto quando requererem expressamente ao juí- lavrados os respectivos termos correcionais e puni-
zo tal providência. ções disciplinares aplicadas.
e) O funcionário credenciado poderá ceder a respectiva

NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA


senha do sistema ou permitir que outrem, funcionário 4. (VUNESP – 2014) As Normas da Corregedoria Geral
ou não, use-a, desde que seja para acesso de informa- de Justiça do Tribunal de Justiça do Estado de São
ções abertas ao público em geral. Paulo preveem que, recebida petição inicial ou inter-
mediária acompanhada de objetos de inviável entra-
2. (VUNESP – 2015) Acerca da autuação, abertura de nhamento aos autos do processo,
volumes e numeração de feitos, preveem as Normas
da Corregedoria Geral da Justiça que a) os objetos serão previamente arrolados, descritos e
documentados, sendo intimada a parte peticionante a
a) todas as conclusões ao juiz serão anotadas no siste- retirá-los e conservá-los no estado em que se encon-
ma informatizado, acrescendo-se a carga, em meio tram até a decisão final nos autos.
físico ou eletrônico, no número máximo de 50 (cin- b) o escrivão deverá apresentar todos os objetos ao juiz
quenta) processos por dia. competente para o feito, que deverá designar deposi-
b) deverá ser feita conclusão dos autos no prazo de 48 tário judicial, o qual deverá guardar os objetos durante
(quarenta e oito) horas e executados os atos proces- o trâmite do feito.
suais no prazo de 3 (três) a 5 (cinco) dias, dependendo c) os objetos deverão ser restituídos imediatamente à
da complexidade do ato a ser realizado. parte que os apresentou, sendo assinalado prazo de
c) os autos de processos não excederão de 200 (duzen- 10 (dez) dias para reapresentação de tais objetos, de
tas) folhas em cada volume, salvo determinação forma que seja viabilizado o encarte destes aos autos.
judicial expressa em contrário ou para manter peça d) tais objetos serão certificados nos autos e anotados
processual com seus documentos anexos, poden- no sistema informatizado oficial e encaminhados, a
do, nestes casos, ser encerrado com mais ou menos seguir, ao depositário oficial do juízo, para guarda até
folhas. o trânsito em julgado da decisão. 297
e) o escrivão deverá conferir, arrolar e quantificar esses 8. (VUNESP – 2011) Assinale a alternativa correta.
objetos, lavrando certidão, sempre que possível na
presença do interessado, mantendo-os sob sua guar- a) Nos livros dos Ofícios de Justiça, as anotações de “sem
da e responsabilidade até encerramento da demanda. efeito” deverão estar datadas e carimbadas, não haven-
do necessidade de assinatura de quem as haja lançado.
5. (VUNESP – 2013) No que tange à ordem geral dos b) A escrituração, nos livros e papéis, deve ser sempre
serviços, é correto afirmar que
feita em vernáculo, com tinta preta ou azul, indelével.
c) As certidões de inteiro teor terão de ser expedidas no
a) após revisados e decorrido 1 (um) ano do último
registro efetuado, os livros de carga e demais papéis, prazo de 10 (dez) dias, contados da data do recebi-
desde que reputados sem utilidade para conservação mento em cartório do respectivo pedido.
em arquivo, poderão ser, por qualquer modo, inutiliza- d) As certidões, alvarás, termos e precatórias serão subs-
dos mediante prévia autorização do Juiz Corregedor critos pelos escreventes.
Permanente. e) É permitida a utilização de chancela da assinatura do
b) deverão ser atendidos no prazo de 5 (cinco) dias os juiz.
pedidos de certidões de objeto e pé formulados pelo
e-mail institucional de um cartório judicial para outro. 9. (VUNESP – 2011) Nenhum processo deverá perma-
A certidão será elaborada e encaminhada pelo cartó-
necer paralisado em cartório, além dos prazos legais
rio judicial diretamente à unidade solicitante.
ou fixados, tampouco deverá ficar sem andamento, no
c) as certidões em breve relatório ou de inteiro teor deve-
rão ser expedidas no prazo de 10 (dez) dias, contados aguardo de diligências, por mais de
da data do recebimento em cartório do respectivo
pedido. a) 15 dias.
d) após revisados e decorridos 2 (dois) anos do último b) 30 dias.
registro efetuado, os livros de carga e demais papéis, c) 45 dias.
desde que reputados sem utilidade para conservação d) 60 dias.
em arquivo, poderão ser, por qualquer modo, inutiliza- e) 180 dias.
dos mediante prévia autorização do Juiz Corregedor
Permanente. 10. (VUNESP – 2010) Assinale a alternativa correta, consi-
e) as certidões em breve relatório ou de inteiro teor serão derando o disposto nas Normas da Corregedoria Geral
expedidas no prazo de 8 (oito) dias, contados da data
da Justiça.
do recebimento em cartório do respectivo pedido.

6. (VUNESP – 2013) O acesso aos autos judiciais e a) São vedadas as anotações de “sem efeito” nos autos.
administrativos, por meio do exame em balcão do Ofí- b) As certidões em breve relatório ou de inteiro teor serão
cio Judicial ou Seção Administrativa, de processos em expedidas no prazo de 15 (quinze) dias, contados da
andamento ou findos, quando não estejam sujeitos a data do recebimento em cartório do respectivo pedido.
segredo de justiça, é c) Dentre as obrigações dos senhores diretores dos car-
tórios judiciais está a de abrir semanalmente os seus
a) vedado aos estagiários de Direito. e-mails institucionais.
b) assegurado somente aos advogados e estagiários de d) Certidões, alvarás, termos, precatórias, editais e
Direito que possuam procuração juntada aos autos.
outros atos de sua atribuição serão subscritos pelos
c) assegurado somente aos advogados que possuam
procuração juntada aos autos. escreventes-chefes, logo depois de lavrados.
d) vedado ao público em geral. e) Fica vedada a utilização de chancela e de qualquer
e) assegurado ao público em geral. recurso que propicie a reprodução mecânica da assi-
natura do juiz.
7. (VUNESP – 2012) Leia as afirmativas sobre microfil-
magem e digitalização de documentos.
9 GABARITO
I. Quando adotado o arquivamento de documentos sob
a forma de microfilme ou em meio digital, o delegado 1 C
manterá cópia de segurança em local diverso da sede
da unidade do serviço. 2 C
II. Se adotado sistema autorizado de microfilmagem, será
dispensável o arquivamento dos documentos particu- 3 C
lares, que poderão ser devolvidos aos interessados. 4 E
III. Os documentos eletrônicos apresentados aos servi-
ços de registros públicos ou por eles expedidos deve- 5 D
rão atender aos requisitos da ICP-Brasil e à arquitetura
e-PING. 6 E

7 D
Está correto o que se afirma em
8 B
a) I, apenas.
b) II, apenas. 9 B
c) I e III, apenas.
10 E
298 d) I, II e III.
Como resultado, tal decreto passou a ter status de
norma constitucional (mesmo valor normativo das
normas colocadas na Constituição Federal mesmo sem
fazer parte dela). Por esta razão, o Brasil necessitou
promover alterações legislativas para “assegurar e pro-
ESTATUTO DA PESSOA COM mover o pleno exercício de todos os direitos humanos e
liberdades fundamentais por todas as pessoas com defi-
DEFICIÊNCIA E RESOLUÇÃO ciência”, em conformidade com o item 1 da Convenção.
Assim, foi editada, em 6 de julho de 2015, a Lei
230/16 DO CNJ nº 13.146, com o objetivo de dar cumprimento à
Convenção.
Antes de iniciar nosso estudo, é preciso ter em men-
te que, para melhor compreender a Lei nº 13.146/2015,
é primordial entender sua estrutura e identificar as
ESTATUTO DA PESSOA COM ideias mais importantes da legislação, uma vez que as
DEFICIÊNCIA bancas tendem a cobrar o que se denomina “literali-
dade das ideias”, ou seja, os pontos principais de cada
artigo com base em sua estrutura, não havendo, para
A proteção dos direitos das pessoas com deficiên-
tanto, a necessidade de decorá-los. Considerando os
cia, tanto no Brasil como no mundo, é algo bem recen-
concursos anteriores, o estudo deve ter especial aten-
te. Na realidade, a preocupação da sociedade com essa ção à parte relativa aos crimes e infrações administra-
parcela da população faz parte de um discurso atual, tivas por ser esse o ponto mais cobrado pelas bancas
resultado da forma como essas pessoas passaram a examinadoras.
ser percebidas. Feitas essas considerações iniciais, bons estudos!
É possível visualizar, ao longo da história, que as pes-
soas com deficiência foram encaradas de quatro modos NOÇÕES SOBRE O DIREITO DA PESSOA COM
diferentes, conforme cada período temporal. A primeira DEFICIÊNCIA
fase foi a de intolerância em relação às pessoas com defi-
ciência, pois simbolizavam a impureza, o pecado, ou, até A Lei nº 13.146/2015 é dividida em duas partes:
mesmo, o castigo divino. A segunda foi a fase marcada geral e especial. A parte geral tem, como base, os
princípios da Convenção sobre os Direitos das Pes-
pela invisibilidade das pessoas com deficiência. Dela,
soas com Deficiência, disciplinando, além desses, os
decorreu a terceira fase, marcada pelo assistencialismo
direitos fundamentais das pessoas com deficiência.
e pautada na perspectiva médica e biológica de que a Já a parte especial é composta dos meios de proteção,
deficiência era uma patologia e, como tal, deveria ser quais sejam: o acesso à Justiça e reconhecimento igual
curada. Por fim, a quarta fase voltou-se para os direitos perante à lei e aos crimes e infrações administrativas.
humanos, despontando os direitos à inclusão social, com
ênfase na relação da pessoa com deficiência e do meio
em que ela está inserida.
Lei n° 13.146/2015
Até mesmo a forma de se referir a estas pessoas é
fruto de uma construção histórica. A partir de 1993,
a nomenclatura mudou para portadores de necessi-
dades especiais, pessoas com necessidades especiais,

ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA E RESOLUÇÃO


pessoas especiais, portadores de direitos especiais ou
pessoas com deficiência. Parte geral: princípios e Parte especial: meio
Como consequência dessas mudanças no modo de direitos fundamentais de proteção
ver/encarar a pessoa com deficiência, surgiu o dever
de eliminar os obstáculos que pudessem impedir o
pleno exercício de seus direitos, de modo a possibili-
tar o desenvolvimento de suas potencialidades, com Iniciando pela parte geral, os arts. de 1º a 3º da
autonomia e participação. mencionada Lei introduzem o tema, estabelecendo
Neste contexto, iniciou-se um sistema de proteção suas disposições gerais. De acordo com o art. 1º, o
objetivo da legislação é assegurar e promover o exer-
internacional, exigindo dos Estados um tratamento
cício dos direitos e das liberdades fundamentais da
especializado para proteção aos direitos das pessoas
pessoa com deficiência em iguais condições com os
com deficiência. Entre os instrumentos de proteção
demais, de modo a garantir sua inclusão social e cida-
realizados, encontra-se a Convenção sobre os Direi-
dania. Seu parágrafo único deixa claro que a Lei nº
tos das Pessoas com Deficiência de 2006. O texto desta
13.146/2015 decorre da Convenção (juntamente com
convenção foi assinado no ano de 2007 e incorporado seus protocolos), sendo incorporada no ordenamento
ao ordenamento jurídico brasileiro no ano de 2009 jurídico brasileiro com status de Emenda Constitucio-
pelo Decreto nº 6.949. nal, conforme explanado.
A importância do Decreto nº 6.949/2009 é imensa, O art. 2º preocupou-se em dar o conceito de pessoa
uma vez que ele foi o primeiro tratado internacional com deficiência. Em termos gerais, considera-se
de direitos humanos a adotar a norma do artigo 5º, § pessoa com deficiência aquela que possui impe-
3º, da Constituição Federal, ou seja, a seguir o mesmo dimento de longo prazo, sendo este de natureza
rito de aprovação cabível para as emendas constitu- física, mental, intelectual ou sensorial, que pode,
cionais (aprovação em cada Casa do Congresso Nacio- de alguma forma, causar barreiras ou obstruir sua
nal, em dois turnos, por três quintos dos votos dos participação plena e efetiva na sociedade em igual-
respectivos membros). dades de condições com as demais pessoas. 299
Refere-se ao fato de que o produto ou serviço deve
Impedimento de ser utilizado por todas as pessoas, independentemen-
longo prazo; te de ter ou não alguma deficiência.

Natureza física, mental, z Tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos,


Pessoa com
intelectual ou sensorial; equipamentos, dispositivos, recursos, metodolo-
Deficiência
gias, estratégias, práticas e serviços que objetivem
promover a funcionalidade, relacionada à ativida-
Causar barreiras ou obstruir de e à participação da pessoa com deficiência ou
sua participação plena e efetiva com mobilidade reduzida, visando à sua autono-
na sociedade em igualdades mia, independência, qualidade de vida e inclusão
de condições com as demais social.
pessoas.
Trata-se, aqui, da possibilidade de adaptar deter-
minado produto ou serviço às necessidades da pessoa
Além de conceituar pessoas com deficiência, o artigo com deficiência, para que possa exercê-lo de forma
2º trouxe, em seus parágrafos, a maneira como deve autônoma.
ser procedida a avaliação para caracterizar essas
pessoas. O parágrafo primeiro estabelece que a avalia- z Barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou
ção será realizada por uma equipe multiprofissional comportamento que limite ou impeça a participa-
e interdisciplinar, de modo a considerar os aspectos ção social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o
que permeiam o indivíduo (todo o contexto social). Para exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberda-
determinar ou não a deficiência, a equipe analisará de de movimento e de expressão, à comunicação, ao
três enfoques: biológico, psicológico e social, conside- acesso à informação, à compreensão, à circulação
rando, para tanto, os impedimentos nas funções e nas com segurança, entre outros, classificadas em:
estruturas do corpo; os fatores socioambientais, psi-
cológicos e pessoais; a limitação no desempenho de „ barreiras urbanísticas: as existentes nas vias
atividades e a restrição de participação. O parágrafo e nos espaços públicos e privados abertos ao
segundo, por sua vez, estabelece que compete ao Poder público ou de uso coletivo;
Executivo a criação dos instrumentos normativos para a „ barreiras arquitetônicas: as existentes nos
verificação da deficiência. edifícios públicos e privados;
„ barreiras nos transportes: as existentes nos
sistemas e meios de transportes;
„ barreiras nas comunicações e na informa-
Importante!
ção: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou
A competência é do Poder Executivo e não do comportamento que dificulte ou impossibilite
Poder Legislativo. a expressão ou o recebimento de mensagens e
de informações por intermédio de sistemas de
comunicação e de tecnologia da informação;
O artigo 3º apresenta outros conceitos para aplica- „ barreiras atitudinais: atitudes ou comporta-
ção e entendimento da legislação. São eles: acessibili- mentos que impeçam ou prejudiquem a par-
dade; desenho universal; tecnologia assistiva ou ajuda ticipação social da pessoa com deficiência em
técnica; barreiras; comunicação; adaptações razoá- igualdade de condições e oportunidades com as
veis; elemento de urbanização; mobiliário urbano; demais pessoas;
pessoa com mobilidade reduzida; residências inclusi- „ barreiras tecnológicas: as que dificultam ou
vas; moradia para a vida independente da pessoa com impedem o acesso da pessoa com deficiência às
tecnologias.
deficiência; atendente pessoal; profissional de apoio
escolar; acompanhante.
Por barreiras entende-se qualquer obstáculo que
impeça ou limite a participação social da pessoa com
z Acessibilidade: possibilidade e condição de alcan- deficiência. As barreiras podem estar nos espaços
ce para utilização, com segurança e autonomia, de públicos e privados de uso coletivo (urbanísticas),
espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edi- nas edificações (arquitetônicas), nos transportes, nas
ficações, transportes, informação e comunicação, comunicações, nas atitudes (atitudinais) e na dificul-
inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de dade de acesso às tecnologias (tecnológicas).
outros serviços e instalações abertos ao público, de
uso público ou privados de uso coletivo, tanto na z Comunicação: forma de interação dos cidadãos
zona urbana como na rural, por pessoa com defi- que abrange, entre outras opções, as línguas, inclu-
ciência ou com mobilidade reduzida. sive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visua-
lização de textos, o Braille, o sistema de sinalização
Observe que a palavra-chave para entender o con- ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados,
ceito de acessibilidade é autonomia (direito de circu- os dispositivos multimídia, assim como a lingua-
lar com autonomia em espaços públicos e privados gem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos
de uso coletivo, bem como o direito de ter autonomia e os meios de voz digitalizados e os modos, meios
para utilizar a tecnologia). e formatos aumentativos e alternativos de comu-
nicação, incluindo as tecnologias da informação e
z Desenho universal: concepção de produtos, ambien- das comunicações.
tes, programas e serviços a serem usados por todas z Adaptações razoáveis: adaptações, modificações
as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de pro- e ajustes necessários e adequados que não acar-
jeto específico, incluindo os recursos de tecnologia retem ônus desproporcional e indevido, quando
300 assistiva. requeridos em cada caso, a fim de assegurar que
a pessoa com deficiência possa gozar ou exercer, instituições públicas e privadas, excluídas as técni-
em igualdade de condições e oportunidades com cas ou os procedimentos identificados com profis-
as demais pessoas, todos os direitos e liberdades sões legalmente estabelecidas.
fundamentais.
z Acompanhante: aquele que acompanha a pessoa
z Elemento de urbanização: quaisquer componen- com deficiência, podendo ou não desempenhar as
tes de obras de urbanização, tais como os referen- funções de atendente pessoal.
tes a pavimentação, saneamento, encanamento
para esgotos, distribuição de energia elétrica e de Os artigos 4º a 9º tratam do tema igualdade e não
gás, iluminação pública, serviços de comunicação, discriminação, consubstanciados no princípio da
abastecimento e distribuição de água, paisagismo e promoção da igualdade presente na Convenção sobre
os que materializam as indicações do planejamento
Direitos das Pessoas com Deficiência. Para tanto, o §
urbanístico.
1º do artigo 4º preocupou-se em definir discrimina-
z Mobiliário urbano: conjunto de objetos existen- ção em razão da deficiência como toda forma de
tes nas vias e nos espaços públicos, superpostos ou distinção, restrição ou exclusão, quer por ação quer
adicionados aos elementos de urbanização ou de por omissão, com o objetivo de impedir, prejudicar ou
edificação, de forma que sua modificação ou seu anular o reconhecimento ou o exercício dos direitos e
traslado não provoque alterações substanciais nes- das liberdades fundamentais de pessoa com deficiência.
ses elementos, tais como semáforos, postes de sina- Inclui-se, ainda, como forma de discriminação, a recu-
lização e similares, terminais e pontos de acesso sa de adaptações razoáveis e de fornecimento de tec-
coletivo às telecomunicações, fontes de água, lixei- nologias assistivas, tanto pelo próprio Estado, como
ras, toldos, marquises, bancos, quiosques e quais- pelo particular.
quer outros de natureza análoga.
Para facilitar na fixação desse conceito, vamos
z Pessoa com mobilidade reduzida: aquela que esquematizá-lo para você:
tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movi-
mentação, permanente ou temporária, gerando
redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, Distinção em razão da deficiência
da coordenação motora ou da percepção, incluin-
do idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de
colo e obeso.
z Residências inclusivas: unidades de oferta do Distinção
Serviço de Acolhimento do Sistema Único de Assis- Restrição
tência Social (SUAS) localizadas em áreas residen- Exclusão
ciais da comunidade, com estruturas adequadas,
que possam contar com apoio psicossocial para o
atendimento das necessidades da pessoa acolhi-
da, destinadas a jovens e adultos com deficiência, Ação Omissão
em situação de dependência, que não dispõem de
condições de autossustentabilidade e com vínculos
familiares fragilizados ou rompidos.

As residências inclusivas têm caráter de assis- impedir, prejudicar ou anular o

ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA E RESOLUÇÃO


tência para aquelas pessoas com deficiência que são reconhecimento ou o exercício dos
dependentes, porém não possuem vínculos familiares direitos e das liberdades fundamentais
capazes de lhes dar suporte. de pessoa com deficiência.

z Moradia para a vida independente da pessoa


com deficiência: moradia com estruturas adequa- Importante esclarecer que a igualdade trazida
das capazes de proporcionar serviços de apoio cole- pela Lei nº 13.146/2015 não é impositiva, ou seja, as
tivos e individualizados que respeitem e ampliem ações afirmativas constante da Lei não são obrigató-
o grau de autonomia de jovens e adultos com rias às pessoas com deficiência, pois, se elas não qui-
deficiência. serem se beneficiar dos direitos elencados, não serão
obrigadas. Por exemplo: a pessoa com deficiência não
Diferentemente da residência inclusiva, a mora- é obrigada a se inscrever para as vagas reservadas,
dia proporciona serviços de apoio ao deficiente que podendo concorrer às vagas de ampla concorrência
ampliarão o seu grau de autonomia. se assim desejar.
O artigo 5º, por vez, trata da proteção da pessoa
z Atendente pessoal: pessoa, membro ou não da com deficiência, de modo a afastar toda forma de
família, que, com ou sem remuneração, assiste ou tortura ou outro mecanismo de redução da dignida-
presta cuidados básicos e essenciais à pessoa com de da pessoa humana ao assegurar a proteção contra
deficiência no exercício de suas atividades diárias, negligência, discriminação, exploração, violência, tor-
excluídas as técnicas ou os procedimentos identifi- tura, crueldade, opressão e tratamento desumano ou
cados com profissões legalmente estabelecidas. degradante. Seu parágrafo único traz um importante
z Profissional de apoio escolar: pessoa que exer- conceito: especialmente vulneráveis. Considerando
ce atividades de alimentação, higiene e locomoção que a pessoa com deficiência já é vulnerável e, por
do estudante com deficiência e atua em todas as esta razão, merece a proteção especial, maior deve ser
atividades escolares nas quais se fizer necessária, a proteção das crianças, adolescentes, mulheres e
em todos os níveis e modalidades de ensino, em idosos quando estes possuem deficiência. 301
Importante é, também, o artigo 6º da Lei, que con-
cedeu às pessoas com deficiência plena capacidade Vida
para o exercício de seus direitos, inclusive para:
Habitação e
Reabilitação
z casar ou constituir união estável;
z exercer direitos sexuais e reprodutivos; Saúde
z exercer o direito de decidir sobre o número de
filhos e de ter acesso a informações adequadas Educação
sobre reprodução e planejamento familiar;
z conservar sua fertilidade, sendo proibida a esteri- Moradia
lização compulsória;
z exercer o direito à família e à convivência familiar Direitos
Trabalho
e comunitária; Fundamentais
z exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à
adoção, como adotante ou adotando, em igualdade Assistência Social
de oportunidades com as demais pessoas.
Previdência Social

Dica Cultura, esporte,


Até a entrada em vigor da Lei nº 13.146/2015, as turismo e lazer
pessoas com deficiência eram tidas, em regra,
como absoluta ou relativamente incapazes pelo Transporte
Código Civil. Atualmente, a regra é que elas são
plenamente capazes, só sendo consideradas Mobilidade
relativamente incapazes se, por causa transitó-
ria ou permanente, não puderem exprimir sua O direito à vida encontra-se previsto nos arti-
vontade. gos 10 ao 13 da Lei nº 13.146/2015 e dele decorrem
os demais direitos, pois, sem a vida, não existiria
O artigo 7º trouxe o dever de vigilância geral apli- nenhum outro. O direito à vida é inviolável, sendo,
cável a todas as pessoas. Em decorrência dele, podem inclusive, garantido constitucionalmente a todas as
comunicar às autoridades qualquer tipo de ameaça pessoas. Por conseguinte, a pessoa com deficiência
ou violação aos direitos da pessoa com deficiência. tem o direito de lutar pela sua vida, competindo ao
Ressalta-se que seu parágrafo único dispõe que, uma Estado o dever de adotar toda e qualquer medida para
vez verificado pelos juízes e tribunais ofensa à Lei, o
assegurar seu pleno exercício.
Ministério Público deve ser informado para que adote
Importante assinalar que a pessoa com deficiência
as providências para o devido cumprimento da Lei,
não é obrigada a ser submetida a qualquer espécie
inclusive na forma penal.
de tratamento ou intervenção forçada, haja vista que
O artigo 8º estabelece que é dever Estado, da
sociedade e da família assegurar a efetivação dos é indispensável seu livre consentimento para a rea-
direitos das pessoas com deficiência. lização de qualquer procedimento, exceto nos casos
Encerrando a parte relativa à igualdade, o 9º dis- de atendimento de emergência em saúde e risco de
põe sobre o atendimento prioritário, com as finali- morte e nos casos em que se encontra impossibilitada
dades de: de manifestar a sua vontade. Por possui curador, este
supre o seu consentimento (aplica-se apenas às pes-
z proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; soas submetidas ao instituto da Curatela).
z atendimento em todas as instituições e serviços de Verifica-se, ainda, que compete ao Poder Público
atendimento ao público; a proteção das pessoas com deficiência em situações
z disponibilização de recursos, tanto humanos de vulnerabilidade, em especial, aquelas em situações
quanto tecnológicos, que garantam atendimento de risco, como nos casos de estado de emergência ou
em igualdade de condições com as demais pessoas; calamidade pública.
z disponibilização de pontos de parada, estações e O direito ao trabalho, disciplinado nos artigos 34
terminais acessíveis de transporte coletivo de pas- e 35, tem, como característica, o fato de ser incluso.
sageiros e garantia de segurança no embarque e Como consequência, permite-se que a pessoa com
no desembarque; deficiência tenha efetiva liberdade de escolha quanto
z acesso a informações e disponibilização de recur- à profissão ou ao trabalho que deseje desempenhar.
sos de comunicação acessíveis;
z recebimento de restituição de imposto de renda; DO DIREITO AO TRABALHO
z tramitação processual e procedimentos judiciais e
administrativos em que for parte ou interessada, Seção I
em todos os atos e diligências. Disposições Gerais

Com exceção da restituição de imposto de renda e Art. 34 A pessoa com deficiência tem direito ao tra-
da tramitação processual prioritária, todos os demais balho de sua livre escolha e aceitação, em ambiente
itens relativos ao atendimento prioritário são exten- acessível e inclusivo, em igualdade de oportunida-
sivos ao acompanhante da pessoa com deficiência des com as demais pessoas.
ou ao seu atendente pessoal. Como consequência, o § 1º As pessoas jurídicas de direito público, privado
acompanhante tem direito à preferência de atendi- ou de qualquer natureza são obrigadas a garantir
302 mento, ao socorro, entre outros. ambientes de trabalho acessíveis e inclusivos.
§ 2º A pessoa com deficiência tem direito, em igual- será considerada para o cumprimento da reserva
dade de oportunidades com as demais pessoas, a de vagas prevista em lei, desde que por tempo deter-
condições justas e favoráveis de trabalho, incluindo minado e concomitante com a inclusão profissional
igual remuneração por trabalho de igual valor. na empresa, observado o disposto em regulamento.
§ 3º É vedada restrição ao trabalho da pessoa com § 7º A habilitação profissional e a reabilitação pro-
deficiência e qualquer discriminação em razão fissional atenderão à pessoa com deficiência.
de sua condição, inclusive nas etapas de recruta-
mento, seleção, contratação, admissão, exames Seção III
admissional e periódico, permanência no emprego, Da Inclusão da Pessoa com Deficiência no Trabalho
ascensão profissional e reabilitação profissional,
bem como exigência de aptidão plena.
Art. 37 Constitui modo de inclusão da pessoa com
§ 4º A pessoa com deficiência tem direito à partici-
deficiência no trabalho a colocação competitiva,
pação e ao acesso a cursos, treinamentos, educação
em igualdade de oportunidades com as demais pes-
continuada, planos de carreira, promoções, bonifi-
soas, nos termos da legislação trabalhista e previ-
cações e incentivos profissionais oferecidos pelo
denciária, na qual devem ser atendidas as regras
empregador, em igualdade de oportunidades com
de acessibilidade, o fornecimento de recursos de
os demais empregados.
§ 5º É garantida aos trabalhadores com deficiên- tecnologia assistiva e a adaptação razoável no
cia acessibilidade em cursos de formação e de ambiente de trabalho.
capacitação. Parágrafo único. A colocação competitiva da pes-
Art. 35 É finalidade primordial das políticas públi- soa com deficiência pode ocorrer por meio de traba-
cas de trabalho e emprego promover e garantir lho com apoio, observadas as seguintes diretrizes:
condições de acesso e de permanência da pessoa I - prioridade no atendimento à pessoa com defi-
com deficiência no campo de trabalho. ciência com maior dificuldade de inserção no cam-
Parágrafo único. Os programas de estímulo ao po de trabalho;
empreendedorismo e ao trabalho autônomo, incluí- II - provisão de suportes individualizados que aten-
dos o cooperativismo e o associativismo, devem dam a necessidades específicas da pessoa com defi-
prever a participação da pessoa com deficiência ciência, inclusive a disponibilização de recursos
e a disponibilização de linhas de crédito, quando de tecnologia assistiva, de agente facilitador e de
necessárias. apoio no ambiente de trabalho;
III - respeito ao perfil vocacional e ao interesse da
Seção II pessoa com deficiência apoiada;
Da Habilitação Profissional e Reabilitação Profissional IV - oferta de aconselhamento e de apoio aos
empregadores, com vistas à definição de estraté-
Art. 36 O poder público deve implementar serviços gias de inclusão e de superação de barreiras, inclu-
e programas completos de habilitação profissio- sive atitudinais;
nal e de reabilitação profissional para que a pes- V - realização de avaliações periódicas;
soa com deficiência possa ingressar, continuar ou VI - articulação intersetorial das políticas públicas;
retornar ao campo do trabalho, respeitados sua VII - possibilidade de participação de organizações
livre escolha, sua vocação e seu interesse. da sociedade civil.
§ 1º Equipe multidisciplinar indicará, com base Art. 38 A entidade contratada para a realização de
em critérios previstos no § 1º do art. 2º desta Lei, processo seletivo público ou privado para cargo,
programa de habilitação ou de reabilitação que função ou emprego está obrigada à observância do
possibilite à pessoa com deficiência restaurar sua disposto nesta Lei e em outras normas de acessibi-
capacidade e habilidade profissional ou adquirir lidade vigentes.

ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA E RESOLUÇÃO


novas capacidades e habilidades de trabalho.
§ 2º A habilitação profissional corresponde ao
processo destinado a propiciar à pessoa com defi-
ciência aquisição de conhecimentos, habilidades e
aptidões para exercício de profissão ou de ocupa-
EXERCÍCIOS COMENTADOS
ção, permitindo nível suficiente de desenvolvimento
1. (VUNESP — 2019) Conforme disciplinado na Lei no
profissional para ingresso no campo de trabalho.
§ 3º Os serviços de habilitação profissional, de rea- 13.146/2015, é correto afirmar que:
bilitação profissional e de educação profissional
devem ser dotados de recursos necessários para a) todos os direitos previstos para a pessoa com defi-
atender a toda pessoa com deficiência, indepen- ciência não são extensivos aos seus acompanhantes
dentemente de sua característica específica, a fim ou ao seu atendente pessoal, sem qualquer ressalva
de que ela possa ser capacitada para trabalho que prevista na Lei.
lhe seja adequado e ter perspectivas de obtê-lo, de b) a pessoa com deficiência está obrigada à fruição de
conservá-lo e de nele progredir. benefícios decorrentes de ação afirmativa.
§ 4º Os serviços de habilitação profissional, de rea- c) a deficiência não afeta o direito de conservar a ferti-
bilitação profissional e de educação profissional lidade, sendo obrigatória a esterilização compulsória
deverão ser oferecidos em ambientes acessíveis e
nos casos previstos em lei.
inclusivos.
d) a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pes-
§ 5º A habilitação profissional e a reabilitação pro-
fissional devem ocorrer articuladas com as redes soa, inclusive para casar-se e constituir união estável.
públicas e privadas, especialmente de saúde, de e) a pessoa com deficiência não tem atendimento priori-
ensino e de assistência social, em todos os níveis e tário no que diz respeito ao acesso à informação e ao
modalidades, em entidades de formação profissio- recebimento de restituição de imposto de renda.
nal ou diretamente com o empregador.
§ 6º A habilitação profissional pode ocorrer em Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade
empresas por meio de prévia formalização do con- civil da pessoa, inclusive para: I - casar-se e cons-
trato de emprego da pessoa com deficiência, que tituir união estável; II - exercer direitos sexuais e 303
reprodutivos; III - exercer o direito de decidir sobre o d) do fato de a condenação ter sido superior ao mínimo
número de filhos e de ter acesso a informações ade- legal.
quadas sobre reprodução e planejamento familiar; e) do fato de a pena prevista para o delito ser detenção e
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a este- multa.
rilização compulsória; V - exercer o direito à família
e à convivência familiar e comunitária; e VI - exercer Trata-se de relação de responsabilidade, razão pela
o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, qual a pena será aumentada em 1/3 (um terço). Além
como adotante ou adotando, em igualdade de opor- disso, o juiz também deixou de aplicar a pena de mul-
tunidades com as demais pessoas. Resposta: Letra D. ta, que é cabível nesse crime. Resposta: Letra C.

2. (CESPE-CEBRASPE — 2017) Tipifica-se como crime con- 5. (CESPE-CEBRASPE — 2017) Com relação aos crimes,
tra a pessoa deficiente, com a penalidade de detenção: às infrações administrativas e às disposições finais e
transitórias previstos no Estatuto da Pessoa com Defi-
ciência (EPD), assinale a opção correta.
a) o desvio de seus bens com o propósito de alcançar
vantagem indevida para si.
b) o seu abandono em hospitais ou entidades de a) Constitui crime a conduta de obstar o acesso da
abrigamento. pessoa com deficiência a cargo ou emprego público,
c) a utilização, para obtenção de vantagem indevida, de seu ainda que com base em critério restritivo e objetivo
cartão magnético destinado ao recebimento de pensão. previamente definido em lei.
d) a apropriação de seus bens patrimoniais para a conse- b) Na tipificação da conduta de praticar, induzir ou incitar
discriminação de pessoa em razão da deficiência, é
cução de vantagem indevida para terceiros. e. a incita-
admitida a tentativa.
ção de discriminação em razão de sua deficiência.
c) O sujeito passivo dos crimes previstos no EPD é sem-
pre a pessoa com deficiência.
No âmbito da Lei nº 13.146/2015, apenas um crime é d) Para a consumação do crime de desviar bens da pes-
punível com detenção. Trata-se do art. 91: “reter ou soa com deficiência, exige-se o efetivo lucro do agente.
utilizar cartão magnético, qualquer meio eletrônico e) Admitem-se tanto a modalidade dolosa quanto a cul-
ou documento de pessoa com deficiência destinados posa no caso do delito de abandono da pessoa com
ao recebimento de benefícios, proventos, pensões ou deficiência, que é crime permanente.
remuneração ou à realização de operações financei-
ras, com o fim de obter vantagem indevida para si A alternativa A está incorreta, pois fala de crité-
ou para outrem”. Todas as alternativas referem-se rio objetivo. Como o crime guarda relação com o
a crimes punidos com reclusão. Resposta: Letra C. sujeito, o critério é subjetivo. A alternativa B está
incorreta, porque não admite a modalidade tenta-
3. (VUNESP — 2020) Em 2015, foi instituída a LBI – Lei da, ou seja, não cabe tentativa. A alternativa C está
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, correta, porque o sujeito passivo dos crimes da Lei
também denominada “Estatuto da Pessoa com Defi- nº 13.146/2015 é sempre a pessoa com deficiência.
ciência”, destinada a assegurar e a promover em con- A letra D está incorreta, pois o desvio também pode
dições de igualdade o que segue: ocorrer para terceiros. Por fim, a letra E está incor-
reta porque o abandono não é crime cuja conduta
a) participação parcial na sociedade, nas escolas e em se prolonga no tempo, ou seja, crime permanente.
todos os ambientes de interação social. Resposta: Letra C.
b) matrícula e permanência com qualidade na escola
comum inclusiva, por meio de impedimentos estruturais.
c) participação nos diversos tempos e espaços escola-
res em igualdade de oportunidades com as demais
crianças com deficiência RESOLUÇÃO Nº 230/2016 DO CNJ
d) inclusão na sociedade para que sejam respeitadas todas
as formas de ser e estar no mundo contemporâneo. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) é responsável
e) exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por controlar a atuação administrativa e financeira
por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão do Judiciário Brasileiro. Como cada vez mais o direi-
social e cidadania. to das pessoas com deficiência está em pauta, o CNJ
entendeu a necessidade de dispor acerca do tema.
A Lei n.º 13.146/2015 foi criada com o objetivo de O art. 1º da Resolução identifica a finalidade deste
proporcionar a inclusão social e a cidadania da pes- instrumento normativo do Conselho Nacional de Jus-
soa com deficiência no exercício dos direitos e das tiça, qual seja: adequar o Poder Judiciário à Conven-
liberdades fundamentais em igualdade de condições ção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com
(art. 1º). Resposta: Letra E. Deficiência e à Lei Brasileira de Inclusão.

4. (CESPE-CEBRASPE — 2017) Comprovado que o tutor Art. 1º Esta Resolução orienta a adequação das ati-
havia desviado proventos de pessoa deficiente cuja vidades dos órgãos do Poder Judiciário e de seus
tutela exercia, o juiz proferiu sentença condenando-o a serviços auxiliares em relação às determinações
um ano de reclusão. Foi certificado que houve erro na exaradas pela Convenção Internacional sobre os
sentença proferida. Nessa situação, o erro da senten- Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Proto-
ça decorre: colo Facultativo (promulgada por meio do Decreto
nº 6.949/2009) e pela Lei Brasileira de Inclusão da
a) da não aplicação da multa de pelo menos o dobro do Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015).
proveito obtido. Parágrafo único. Para tanto, entre outras medidas,
b) unicamente da não inclusão da pena de multa. convola-se, em resolução, a Recomendação CNJ 27,
c) da não aplicação da causa de aumento de pena e da de 16/12/2009, bem como institui-se as Comissões
304 multa. Permanentes de Acessibilidade e Inclusão.
Sem dúvidas, uma das maiores preocupações da Ex.: Ausência de braile na transmissão de informa-
atualidade é a inclusão. Imagine que um advoga- ção para quem precisa.
do cadeirante chegue atrasado ao fórum para uma
audiência e não haja rampa de acesso? e – “barreiras atitudinais”: atitudes ou comporta-
Ademais, a Convenção Internacional sobre os mentos que impeçam ou prejudiquem a participação
Direitos das Pessoas com Deficiência integra o bloco social da pessoa com deficiência em igualdade de
de Constitucionalidade brasileiro, uma vez que se tra- condições e oportunidades com as demais pessoas; e
ta de tratado de direitos humanos incorporado com o
quórum das emendas constitucionais. Ex.: O advogado cadeirante não consegue chegar
O art. 2º traz um glossário, ou seja, traduz alguns na audiência.
termos técnicos:
f – “barreiras tecnológicas”: as que dificultam ou impe-
Art. 2º Para fins de aplicação desta Resolução,
dem o acesso da pessoa com deficiência às tecnologias.
consideram-se:
I – “discriminação por motivo de deficiência” signifi-
ca qualquer diferenciação, exclusão ou restrição, por Ex.: O computador do fórum não é adaptado para
ação ou omissão, baseada em deficiência, com o pro- servidor com deficiência.
pósito ou efeito de impedir ou impossibilitar o reco-
nhecimento, o desfrute ou o exercício, em igualdade IV – “adaptação razoável” significa as modificações
de oportunidades com as demais pessoas, de direitos e os ajustes necessários e adequados que não acar-
humanos e liberdades fundamentais nos âmbitos retem ônus desproporcional ou indevido, quando
político, econômico, social, cultural, civil ou qualquer requeridos em cada caso, a fim de assegurar que
outro, incluindo a recusa de adaptações razoáveis e as pessoas com deficiência possam gozar ou exer-
de fornecimento de tecnologias assistivas; cer, em igualdade de oportunidades com as demais
pessoas, todos os direitos humanos e liberdades
Ex.: Um advogado cadeirante é motivo de piada no fundamentais;
fórum, de maneira que o juiz sempre julga improce-
dente as petições escritas por ele. Ex.: Implantação de medidas que promovam igual-
dade material.
II – “acessibilidade” significa possibilidade e con-
dição de alcance para utilização, com segurança e V – “desenho universal” significa a concepção de
autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos produtos, ambientes, programas e serviços a serem
urbanos, edificações, transportes, informação e usados, na maior medida possível, por todas as
comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, pessoas, sem necessidade de adaptação ou projeto
bem como de outros serviços e instalações abertos específico. O “desenho universal” não excluirá as
ao público, de uso público ou privados de uso coleti- ajudas técnicas para grupos específicos de pessoas
vo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência, quando necessárias;
com deficiência ou com mobilidade reduzida;
Ex.: Um fórum novo é pensado, durante a sua cria-
Ex.: Um fórum sem rampa de acesso para cadeirante.
ção, para ser funcional a todas as pessoas.
III – “barreiras” significa qualquer entrave, obs-
táculo, atitude ou comportamento que limite ou VI – “tecnologia assistiva” (ou “ajuda técnica”) sig-
impeça a participação social da pessoa, bem como nifica produtos, equipamentos, dispositivos, recur-
sos, metodologias, estratégias, práticas e serviços

ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA E RESOLUÇÃO


o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos
à  acessibilidade, à  liberdade de movimento e de que objetivem promover a funcionalidade, relacio-
expressão, à comunicação, ao acesso à informação, nada à  atividade e à  participação da pessoa com
à compreensão, à circulação com segurança, entre deficiência ou com mobilidade reduzida, visando
outros, classificadas em: à sua autonomia, independência, qualidade de vida
a) “barreiras urbanísticas”: as existentes nas vias e e inclusão social;
nos espaços públicos e privados abertos ao público
ou de uso coletivo; Ex.: Implantação de dispositivo no computador do
fórum que auxilie pessoas com necessidades especiais.
Ex.: Semáforo não inclusivo.
VII – “comunicação” significa forma de interação
b - “barreiras arquitetônicas”: as existentes nos edi- dos cidadãos que abrange, entre outras opções,
fícios públicos e privados; as línguas, inclusive a Língua Brasileira de Sinais
(Libras), a visualização de textos, o Braille, o sis-
tema de sinalização ou de comunicação tátil, os
Ex.: Fórum sem rampa de acesso para cadeirantes.
caracteres ampliados, os dispositivos multimídia,
assim como a linguagem simples, escrita e oral, os
c - “barreiras nos transportes”: as existentes nos sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados
sistemas e meios de transportes; e os modos, meios e formatos aumentativos e alter-
nativos de comunicação, incluindo as tecnologias
Ex.: Ônibus sem lugar preferencial. da informação e das comunicações;

d – “barreiras nas comunicações e na informação”: Ex.: Comunicado em Braile para pessoa com
qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comporta- deficiência.
mento que dificulte ou impossibilite a expressão ou
o recebimento de mensagens e de informações por VIII – “atendente pessoal” significa pessoa, mem-
intermédio de sistemas de comunicação e de tecno- bro ou não da família, que, com ou sem remunera-
logia da informação; ção, assiste ou presta cuidados básicos e essenciais 305
à  pessoa com deficiência no exercício de suas ati- Art. 7º Os órgãos do Poder Judiciário deverão, com
vidades diárias, excluídas as técnicas ou os proce- urgência, proporcionar aos seus usuários processo
dimentos identificados com profissões legalmente eletrônico adequado e acessível a todos os tipos de
estabelecidas; e deficiência, inclusive às pessoas que tenham defi-
ciência visual, auditiva ou da fala.
Ex.: uma pessoa que auxilia um portador de
deficiência. Ex.: Processo com letras maiores para quem tem
alguma dificuldade visual.
IX – “acompanhante” significa aquele que acom-
panha a pessoa com deficiência, podendo ou não § 1º Devem ser oferecidos todos os recursos de
desempenhar as funções de atendente pessoal. tecnologia assistiva disponíveis para que a pessoa
com deficiência tenha garantido o acesso à justiça,
Ex.: uma pessoa que acompanha a pessoa com sempre que figure em um dos polos da ação ou atue
deficiência na rua. como testemunha, partícipe da lide posta em juízo,
advogado, defensor público, magistrado ou mem-
O art. 4º obriga o Poder Judiciário promover, em
bro do Ministério Público.
busca de acessibilidade:

z Atendimento ao público – pessoal, por telefone ou Ex.: Documento em braile para pessoa portadora
por qualquer meio eletrônico – que seja adequado a de deficiência.
esses usuários, inclusive aceitando e facilitando, em
trâmites oficiais, o uso de línguas de sinais, braille, § 2º A pessoa com deficiência tem garantido o aces-
comunicação aumentativa e alternativa, e de todos so ao conteúdo de todos os atos processuais de seu
os demais meios, modos e formatos acessíveis de interesse, inclusive no exercício da advocacia.
comunicação, à escolha das pessoas com deficiência;
z Adaptações arquitetônicas que permitam a livre Ex.: O advogado necessita de alguma ferramenta
e autônoma movimentação desses usuários, tais de acessibilidade.
como rampas, elevadores e vagas de estaciona-
mento próximas aos locais de atendimento; e A Resolução traz a necessidade de implantação de
z Acesso facilitado para a circulação de transporte Comissões Permanentes de Acessibilidade. O art. 10
público nos locais mais próximos possíveis aos determina que serão instituídas por cada Tribunal, no
postos de atendimento. prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, Comis-
sões Permanentes de Acessibilidade e Inclusão, com
Para que isso ocorra, é essencial a capacitação dos caráter multidisciplinar, com participação de magis-
servidores e demais pessoas que atuem no Poder Judi- trados e servidores, com e sem deficiência.
ciário. Ex.: Pelo menos 5% dos servidores/funcionários/ O objetivo é que essas Comissões fiscalizem, pla-
terceirizados precisam estar capacitados para Libras. nejem, elaborem e acompanhem os projetos arquite-
Ademais, as edificações precisam ser acessíveis. A tônicos de acessibilidade e projetos “pedagógicos” de
construção, a reforma, a ampliação ou a mudança de treinamento e capacitação dos profissionais e funcio-
uso de edificações deverão ser executadas de modo a
nários que trabalhem com as pessoas com deficiência,
serem acessíveis.
com fixação de metas anuais, direcionados à promo-
Nas licitações é necessário pensar, também, na
ção da acessibilidade para pessoas com deficiência.
acessibilidade. Ex.: o desenho universal é regra de
caráter geral, ou pelo menos será adotado com adap-
Art. 12 É indispensável parecer da Comissão Per-
tação razoável.
manente de Acessibilidade e Inclusão em questões
relacionadas aos direitos das pessoas com deficiên-
cia e nos demais assuntos conexos à acessibilidade
Importante! e inclusão no âmbito dos Tribunais.
É obrigatória a reserva nas áreas de estaciona- Art. 13 Os prazos e as eventuais despesas decorren-
mento abertas ao público, vagas próximas aos tes da implementação desta Resolução serão defini-
dos pelos tribunais, ouvida a respectiva Comissão
acessos de circulação de pedestres, devidamen-
Permanente de Acessibilidade e o órgão interno res-
te sinalizadas, para veículos que transportem ponsável pela elaboração do Planejamento Estraté-
pessoas com deficiência e com comprometi- gico, com vistas à sua efetiva implementação.
mento de mobilidade, desde que devidamente
identificados, em percentual equivalente a 2% Sobre o tratamento prioritário, o art. 16 dispõe em
(dois por cento) do total, garantida, no mínimo, quais situações deve ser dada prioridade para a pes-
1 (uma) vaga. soa com deficiência. Inclusive, estende o benefício ao
Mesmo se todas as vagas disponíveis estiverem acompanhante, com ressalva à tramitação processual,
ocupadas, a Administração deverá agir com o pois não faria sentido a extensão da prioridade.
máximo de empenho para, na medida do possí-
Art. 16 A pessoa com deficiência tem direito a rece-
vel, facilitar o acesso do usuário com deficiên-
ber atendimento prioritário, sobretudo com a fina-
cia às suas dependências, ainda que, para tanto, lidade de:
seja necessário dar acesso a vaga destinada ao I - proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
público interno do órgão. II - atendimento em todos os serviços de atendimen-
to ao público;
III - disponibilização de recursos, tanto humanos
O art. 7º trata sobre obrigações do Poder Judiciário quanto tecnológicos, que garantam atendimento
306 com vistas à inclusão: em igualdade de condições com as demais pessoas;
IV - acesso a informações e disponibilização de Art. 26 Se o órgão possibilitar aos seus servidores a
recursos de comunicação acessíveis; realização de trabalho por meio do sistema “home
V - tramitação processual e procedimentos judiciais office”, dever-se-á dar prioridade aos servidores
e administrativos em que for parte ou interessada, com mobilidade comprometida que manifestem
em todos os atos e diligências. interesse na utilização desse sistema.
Parágrafo único. Os direitos previstos neste artigo § 1º A Administração não poderá obrigar o servi-
são extensivos ao acompanhante da pessoa com dor com mobilidade comprometida a utilizar o sis-
deficiência ou ao seu atendente pessoal, exceto tema “home office”, mesmo diante da existência de
quanto ao disposto no inciso V deste artigo (trami- muitos custos para a promoção da acessibilidade
tação processual). do servidor em seu local de trabalho.
§ 2º Os custos inerentes à  adaptação do servidor
Obs.: A avaliação da deficiência é biopsicossocial com deficiência ao sistema “home office” deverão
(biológica + psicológica + social). ser suportados exclusivamente pela Administração.
A preocupação com a inclusão pelos tribunais está
em cada detalhe, inclusive nas matérias de eventual Ademais, a eventual concessão de horário especial
edital de concurso público: não deve gerar nenhuma atitude discriminatória.

Art. 19 Os editais de concursos públicos para z Admitindo-se a possibilidade de acumulação de


ingresso nos quadros do Poder Judiciário e de seus banco de horas pelos demais servidores do órgão,
serviços auxiliares deverão prever, nos objetos de também deverá ser admitida a mesma possibilida-
avaliação, disciplina que abarque os direitos das de em relação ao servidor com horário especial,
pessoas com deficiência. mas de modo proporcional.
z Ao servidor a quem se tenha concedido horário
especial não poderá ser negado ou dificultado,
Ademais, existe a preocupação em atender as colocando-o em situação de desigualdade com os
necessidades dos servidores com deficiência: demais servidores, o exercício de função de con-
fiança ou de cargo em comissão.
Art. 21 Cada órgão do Poder Judiciário deverá z O servidor com horário especial não será obrigado
manter um cadastro dos servidores, serventuários a realizar, conforme o interesse da Administração,
extrajudiciais e terceirizados com deficiência que horas extras, se essa extensão da sua jornada de tra-
trabalham no seu quadro. balho puder ocasionar qualquer dano à sua saúde.
§ 1º Esse cadastro deve especificar as deficiências e z Se o órgão, por sua liberalidade, determinar a
as necessidades particulares de cada servidor, ter- diminuição da jornada de trabalho dos seus ser-
ceirizado ou serventuário extrajudicial. vidores, ainda que por curto período, esse mesmo
§ 2º A atualização do cadastro deve ser permanen- benefício deverá ser aproveitado de forma propor-
te, devendo ocorrer uma revisão detalhada uma cional pelo servidor a quem tenha sido concedido
vez por ano. horário especial.
§ 3º Na revisão anual, cada um dos servidores,
serventuários extrajudiciais ou terceirizado com Ainda, sobre o trabalho em “home office” é impor-
deficiência deverá ser pessoalmente questionado tante entender o art. 30 e 31:
sobre a existência de possíveis sugestões ou adap-
tações referentes à sua plena inclusão no ambiente Art. 30 Se o órgão possibilitar aos seus servidores a
de trabalho. realização de trabalho por meio do sistema “home
§ 4º Para cada sugestão dada, deverá haver uma

ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA E RESOLUÇÃO


office”, dever-se-á dar prioridade aos servidores que
resposta formal do Poder Judiciário em prazo tenham cônjuge, filho ou dependente com deficiên-
razoável. cia e que manifestem interesse na utilização desse
sistema.
O art. 22 revela a preocupação do Poder Judiciário Art. 31 Se houver serviço de saúde no órgão, ao
em proporcionar a igualdade material no ambiente cônjuge, filho ou dependente com deficiência de ser-
de trabalho: vidor será garantido atendimento compatível com
as suas deficiências.
Art. 22 Constitui modo de inclusão da pessoa com
deficiência no trabalho a colocação competitiva, Imagine que Maria é escrevente do TJSP e sua filha
em igualdade de oportunidades com as demais pes- é cadeirante. Maria terá prioridade em trabalhar de
soas, nos termos da legislação trabalhista e previ- casa em relação seus colegas, para que possa auxiliar
denciária, na qual devem ser atendidas as regras a filha. Ademais, o serviço de saúde oferecido sempre
de acessibilidade, o fornecimento de recursos de será compatível com as necessidades de cada um.
tecnologia assistiva e a adaptação razoável no A eventual concessão de horário especial a servidor
ambiente de trabalho. que tenha cônjuge, filho ou dependente com deficiên-
cia não pode gerar nenhuma atitude discriminatória.
É importante saber que, se houver qualquer tipo Por fim, a resolução estipula advertência para
de estacionamento interno, será garantido ao servi- algumas atitudes discrepantes quando comparadas
dor com deficiência, que possua comprometimento com o ideal de isonomia buscado pela Convenção, esta
de mobilidade, vaga no local mais próximo ao seu Resolução e todo o ordenamento jurídico:
local de trabalho. É necessário garantir vaga no esta-
cionamento interno a cada servidor com mobilidade Art. 33 Incorre em pena de advertência o servidor,
comprometida. terceirizado ou o serventuário extrajudicial que:
Ainda sobre os servidores com deficiência, a I – conquanto possua atribuições relaciona-
resolução garante prioridade de trabalho em “home das a possível eliminação e prevenção de quais-
office”: quer barreiras urbanísticas, arquitetônicas, nos 307
transportes, nas comunicações e na informação,
atitudinais ou tecnológicas, não se empenhe, com HORA DE PRATICAR!
a máxima celeridade possível, para a supressão e
prevenção dessas barreiras; 1. (VUNESP – 2020) Promover a inclusão social e a cida-
dania da pessoa com deficiência é o que visa a Lei nº
13.146/2015. Ao tratar do direito à vida, determina o
Ex.: Engenheiro que se nega a colocar rampa no
artigo 10 do Estatuto da Pessoa com Deficiência, como
projeto de um novo fórum. competência do poder público, garantir a dignidade
dessas pessoas ao longo de toda a vida. O parágrafo
II – embora possua atribuições relacionadas à pro- único desse artigo prevê que, em situações de risco,
moção de adaptações razoáveis ou ao oferecimento emergência ou estado de calamidade pública, deve o
de tecnologias assistivas necessárias à  acessibili- poder público adotar medidas para proteção e seguran-
dade de pessoa com deficiência – servidor, serven- ça da pessoa com deficiência, que será considerada
tuário extrajudicial ou não –, não se empenhe, com
a máxima celeridade possível, para estabelecer a a) incapaz.
condição de acessibilidade; b) vulnerável.
c) útil.
Ex.: Funcionário tem a função de construir rampa d) valorizada.
de acesso e não o faz. e) privilegiada.

III – no exercício das suas atribuições, tenha qual- 2. (VUNESP– 2019) Segundo o que estabelece a Lei no
quer outra espécie de atitude discriminatória por 13.146/2015, a pessoa com deficiência, em situação
motivo de deficiência ou descumpra qualquer dos de curatela, que necessitar se submeter à intervenção
termos desta Resolução. cirúrgica

a) não poderá ser obrigada a se submeter à cirurgia, sem


Ex.: Funcionário faz piada de um advogado cadeirante.
seu consentimento, e este não pode ser suprido.
b) tem dispensada por lei a sua participação na obtenção
§ 1º Também incorrerá em pena de advertência o
do consentimento para a intervenção.
servidor ou o serventuário extrajudicial que, tendo c) poderá submeter-se à cirurgia com seu consentimento
conhecimento do descumprimento de um dos inci- suprido, na forma da lei.
sos do  caput  deste artigo, deixar de comunicá-lo d) é considerada vulnerável e será submetida à cirurgia,
à autoridade competente, para que esta promova a sendo inexigível o seu consentimento ou de seu curador.
apuração do fato. e) somente terá o direito de expressar seu consentimen-
to se estiver em situação de risco.
Ex.: O colega de trabalho vê o escrevente zomban-
do de uma pessoa com deficiência e se omite. 3. (VUNESP – 2019) Nos termos do que dispõe a Lei nº
13.146/2015, assinale a alternativa correta.
§ 2º O fato de a conduta ter ocorrido em face de
usuário ou contra servidor do mesmo quadro, ter- a) É facultativa a restrição ao trabalho da pessoa com defi-
ceirizado ou serventuário extrajudicial é indiferen- ciência que não atenda as exigências de permanência no
te para fins de aplicação da advertência. emprego, ascensão profissional e reabilitação profissio-
nal, bem como a exigência de aptidão plena.
Ex.: A advertência é aplicada mesmo que a con- b) Os serviços de habilitação profissional, de reabilitação
profissional e de educação profissional deverão ser
duta ocorra em face de usuário ou servidor do Poder
oferecidos em ambientes acessíveis e inclusivos.
Judiciário, terceirizado ou serventuário extrajudicial.
c) A colocação competitiva da pessoa com deficiência
pode ocorrer por meio de trabalho, independentemen-
§ 3º Em razão da prioridade na tramitação dos te de apoio e suporte individualizado.
processos administrativos destinados à inclusão e d) Especialmente na área de saúde e de assistência social,
à  não discriminação de pessoa com deficiência, a a habilitação profissional e a reabilitação profissional é
grande quantidade de processos a serem concluí- obrigação específica das entidades das redes públicas.
dos não justifica o afastamento de advertência pelo e) Nos serviços de habilitação profissional, de reabilita-
descumprimento dos deveres descritos neste artigo. ção profissional e educação profissional, é vedada a
participação de organizações da sociedade civil.
Ex.: A grande quantidade de processos não justifi-
ca não advertir pelo fato cometido. 4. (VUNESP – 2019) De acordo com Lei nº 13.146, de
julho de 2015, artigo 28, capítulo IV, o poder público
§ 4º As práticas anteriores da Administração Públi- deve assegurar ao aluno surdo oferta de educação
ca não justificam o afastamento de advertência pelo
descumprimento dos deveres descritos neste artigo. a) oralista, assegurado o direito da presença de tradutor/
intérprete em sala de aula, sem a necessidade da par-
Ex.: A advertência não pode ser afastada injustifi- ticipação no atendimento educacional especializado.
b) oralista, assegurado o direito da presença de tradutor/
cadamente, uma vez que o descumprimento dos deve-
intérprete em sala de aula, e a adoção da Língua Por-
res é motivo de advertir. tuguesa principalmente na modalidade oral.
c) por comunicação total, acompanhado de tradutor/
Pelo exposto fica clara a repulsa do Conselho intérprete em sala de aula, com o uso do Português
Nacional de Justiça de qualquer atitude discriminató- Sinalizado para garantir a aquisição da Língua Portu-
308 ria dentro do Poder Judiciário brasileiro. guesa na modalidade escrita.
d) bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalida- o artigo 39 (§ 2º) da referida lei, os serviços socioas-
de escrita da Língua Portuguesa como segunda língua sistenciais destinados à pessoa com deficiência em
em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas. situação de dependência deverão contar com
e) bilíngue, em Libras como segunda língua e na modali-
dade oral da Língua Portuguesa como segunda língua
em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas. a) maiores atenções.
b) cuidadores sociais.
5. (VUNESP – 2019) A Lei nº 13.146/15, que instituiu a Lei c) recursos adequados.
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Esta- d) profissionais experientes.
tuto da Pessoa com Deficiência), estabelece, em seu e) suporte especial.
artigo 28, que incumbe ao poder público assegurar,
criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar
9 GABARITO
e avaliar, entre outros aspectos, a formação e disponibi-
lização de professores para o atendimento educacional
especializado, de tradutores e intérpretes da Libras, de 1 B
guias intérpretes e de profissionais de apoio. A referida
Lei prevê que os tradutores e intérpretes da Libras 2 C

3 B
a) atuantes na educação básica devem, no mínimo, possuir
nível superior e certificado de proficiência na Libras. 4 D
b) quando direcionados à tarefa de interpretar nas salas
de aula dos cursos de graduação e pós-graduação, 5 D
devem, no mínimo, possuir pós-graduação. 6 B
c) atuantes na educação básica devem, no mínimo, pos-
suir nível superior, com habilitação, prioritariamente, 7 B
em Tradução e Interpretação em Libras.
d) atuantes na educação básica devem, no mínimo, pos-
suir ensino médio completo e certificado de proficiên-
cia na Libras.
e) quando direcionados à tarefa de interpretar nas salas ANOTAÇÕES
de aula dos cursos de graduação e pós-graduação,
devem possuir nível superior, com habilitação, neces-
sariamente, em Tradução e Interpretação em Libras.

6. (VUNESP – 2019) A LBI – Lei Brasileira de Inclusão


(Lei nº 13.146/2015) é o atual marco legal sobre polí-
ticas nacionais voltadas às pessoas com deficiências.
No capítulo “Do Direito à Educação”, a LBI faz constar
que ao poder público incumbe assegurar, criar, desen-
volver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar

a) a oferta de educação especial, dever constitucional do

ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA E RESOLUÇÃO


Estado, que tem início na faixa etária de zero a seis
anos, durante a educação infantil.
b) sistema educacional inclusivo em todos os níveis e
modalidades, bem como o aprendizado por toda a
vida.
c) a modalidade de educação escolar oferecida, pre-
ferencialmente, na rede regular de ensino, para edu-
candos com deficiência e transtornos globais do
desenvolvimento.
d) acesso igualitário ao sistema educacional inclusivo e
aos benefícios dos programas sociais suplementares
para o respectivo nível do ensino regular.
e) a educação especial que se realiza em todos os níveis,
etapas e modalidades de ensino, tendo o Atendimento
Educacional Especializado – AEE como integrante do
processo educacional.

7. (VUNESP – 2019) A Lei Brasileira de Inclusão (nº


13.146/2015) define que os serviços, os programas,
os projetos e os benefícios no âmbito da política públi-
ca de assistência social à pessoa com deficiência e
sua família têm como objetivo a garantia da segurança
de renda, da acolhida, da habilitação e da reabilitação,
do desenvolvimento da autonomia e da convivência
familiar e comunitária, para a promoção do acesso a
direitos e da plena participação social. De acordo com 309
ANOTAÇÕES

310
Ex.: 2 + 3 + 5 = (2 + 3) + 5 = 2 + (3 + 5) = 10

z Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da


adição, pois qualquer número somado a zero é

MATEMÁTICA igual a ele mesmo.

Ex.: 27 + 0 = 27; 55 + 0 = 55.

z Propriedade do fechamento: a soma de dois núme-


OPERAÇÕES COM NÚMEROS REAIS ros inteiros sempre gera outro número inteiro.

O conjunto dos números reais contém os núme- Ex.: a soma dos números inteiros 8 e 2 gera o
ros racionais (naturais, inteiros e fracionários) e os número inteiro 10 (8 + 2 = 10).
números irracionais, sendo representado pela letra ℜ
. Pode-se ilustrar a relação entre todos os conjuntos � Subtração: subtrair dois números é o mesmo que
com o seguinte diagrama:
diminuir, de um deles, o valor do outro. Ou seja,
subtrair 7 de 20 significa retirar 7 de 20, restando
13: 20 – 7 = 13.

Veja mais alguns exemplos:


Subtrair 5 de 16: 16 -5 = 11
ℕ ℤ 𝕀 30 subtraído de 10: 30 – 10 = 20

ℚ As principais propriedades da operação de subtração:

z Propriedade comutativa: como a ordem dos núme-



ros altera o resultado, a subtração de números não
possui a propriedade comutativa.
ℕ= Naturais
ℤ= Inteiros Ex.: 250 – 120 = 130 e 120 – 250 = -130.
ℜ =Reais
ℚ=Racionais
z Propriedade associativa: não há essa propriedade
𝕀 = Irracionais
na subtração.
Quando relacionamos elementos e conjuntos, usa- z Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da
mos os símbolos ∈ (pertence) ou ∉ (não pertence) e, subtração, pois, ao subtrair zero de qualquer
quando relacionamos conjunto com outro usamos os número, este número permanecerá inalterado.
símbolos ⊂ (está contido) ou ⊄ (não está contido).
Ex.: 13 – 0 = 13.
N⊂ℤ
I⊄ℚ z Propriedade do fechamento: a subtração de dois
números inteiros sempre gera outro número inteiro.
OPERAÇÕES E PROBLEMAS
Ex.: 33 – 10 = 23.
Há quatro operações básicas que podemos efetuar
com estes números são: adição, subtração, multiplica- z Multiplicação: a multiplicação funciona como se
ção e divisão.
fosse uma repetição de adições. Veja:
z Adição: é dada pela soma de dois números. Ou
seja, a adição de 20 e 5 é: 20 + 5 = 25 A multiplicação 20 x 3 é igual a soma do número 20
três vezes (20 + 20 + 20), ou a soma do número 3 vinte
Veja mais alguns exemplos: vezes (3 + 3 + 3 + ... + 3).
Adição de 15 e 3: 15 + 3 = 18 Algo que é muito importante e de que você deve se
Adição de 55 e 30: 55 + 30 = 85 lembrar sempre são as regras de sinais na multiplica-
ção de números.
Principais propriedades da operação de adição:
SINAIS NA MULTIPLICAÇÃO
MATEMÁTICA

z Propriedade comutativa: a ordem dos números


não altera a soma. Operações Resultados

+ + +
Ex.: 115 + 35 é igual a 35 + 115.
- - +
z Propriedade associativa: quando é feita a adição
de 3 ou mais números, podemos somar 2 deles, + - -
primeiramente, e a depois somar o outro, em qual-
- + -
quer ordem, que vamos obter o mesmo resultado. 311
Dica Esquematizando:

� A multiplicação de números de mesmo sinal


Dividendo
tem resultado positivo. Divisor
Ex.: 51 × 2 = 102; (-33) × (-3) = 99
30 5
� A multiplicação de números de sinais diferen-
0 6
tes tem resultado negativo.
Ex.: 25 × (-4) = -100; (-15) × 5 = -75 Quociente
Resto
As principais propriedades da operação de
multiplicação: Dividendo = Divisor × Quociente + Resto
30 = 5 · 6 + 0
z Propriedade comutativa: A x B é igual a B x A, ou
seja, a ordem não altera o resultado. As principais propriedades da operação de divisão.
Ex.: 8 x 5 = 5 x 8 = 40. Propriedade comutativa: a divisão não possui essa
propriedade.
z Propriedade associativa: (A x B) x C é igual a (C x B)
x A, que é igual a (A x C) x B. z Propriedade associativa: a divisão não possui essa
Ex.: (3 x 4) x 2 = 3 x (4 x 2) = (3 x 2) x 4 = 24. propriedade.
z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu-
tro da divisão, pois ao dividir qualquer número
z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu-
por 1, o resultado será o próprio número.
tro da multiplicação, pois ao multiplicar 1 por
qualquer número, este número permanecerá 15
Ex.: = 15.
inalterado.
1
Ex.: 15 x 1 = 15.
z Propriedade do fechamento: aqui chegamos em uma
diferença enorme dentro das operações de números
z Propriedade do fechamento: a multiplicação de
inteiros, pois a divisão não possui essa propriedade.
números inteiros sempre gera um número inteiro.
Uma vez que ao dividir números inteiros podemos
Ex.: 9 x 5 = 45
obter resultados fracionários ou decimais.
z Propriedade distributiva: essa propriedade é 2
Ex.: = 0,2 (não pertence ao conjunto dos números
exclusiva da multiplicação. Veja como fica: Ax(B+C) 10
= (AxB) + (AxC) inteiros).
Ex.: 3x(5+7) = 3x(12) = 36
Usando a propriedade:
3x(5+7) = 3x5 + 3x7 = 15+21 = 36
EXERCÍCIOS COMENTADOS
z Divisão: quando dividimos A por B, queremos
repartir a quantidade A em partes de mesmo 1. (VUNESP – 2015) Dividindo-se um determinado núme-
valor, sendo um total de B partes. ro por 18, obtém-se quociente n e resto 15. Dividindo-
Ex.: Ao dividirmos 50 por 10, queremos dividir 50 -se o mesmo número por 17, obtém-se quociente (n +
em 10 partes de mesmo valor. Ou seja, nesse caso tere- 2) e resto 1. Desse modo, é correto afirmar que n(n +
mos 10 partes de 5 unidades, pois se multiplicarmos 10 2) é igual a
x 5 = 50. Ou ainda podemos somar 5 unidades 10 vezes
consecutivas, ou seja, 5+5+5+5+5+5+5+5+5+5=50.
a) 440.
b) 420.
Algo que é muito importante e de que você deve se
c) 400.
lembrar sempre são as regras de sinais na divisão de
d) 380.
números.
e) 340.
SINAIS NA DIVISÃO
Dividendo = 18 x n + 15
Operações Resultados Dividendo = 17 x (n+2) + 1
18 x n + 15 = 17 x (n+2) + 1
+ + + 18n + 15 = 17n + 34 + 1
- - + 18n – 17n = 35 – 15
n = 20
+ - - Logo, n.(n+2) = 20.(20+2) = 20.22 = 440. Resposta:
Letra A.
- + -
2. (FGV – 2019) O resultado da operação 2+3×4−1 é
z A divisão de números de mesmo sinal tem resulta-
do positivo. a) 13.
Ex.: 60 ÷ 3 = 20; (-45) ÷ (-15) = 3 b) 15.
z A divisão de números de sinais diferentes tem c) 19.
resultado negativo. d) 22.
312 Ex.: 25 ÷ (-5) = -5; (-120) ÷ 5 = -24 e) 23.
Primeiro vamos fazer a multiplicação e depois as Pensando um pouco além e olhando para os tipos
demais operações: de questões que aparecem nas provas, devemos ter
2 + 3 × 4 − 1 = 2 + 12 − 1 = 13 em mente que o enunciado relacionado a MMC sem-
Resposta: Letra A pre trará uma ideia de periodicidade, repetição, ciclo
de acontecimentos.
Veja um exemplo:
Na linha de montagem de uma fábrica, há duas
MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM E MÁXIMO luzes de sinalização, sendo que uma delas pisca a cada
20 minutos e a outra pisca a cada 35 minutos. Se às
DIVISOR COMUM 8 horas da manhã as duas luzes piscaram ao mesmo
tempo, isso irá ocorrer novamente às?
Os múltiplos de um número X são aqueles núme- Resolução: Observe “a cada 20 minutos” e “a cada
ros que podem ser obtidos multiplicando X por outro 35 minutos”. Aqui, temos uma ideia de repetição, pois
número natural. Observe, a seguir, os múltiplos dos por exemplo se a luz que pisca a cada 20 minutos picar
números 4 e 6: às 15h, ela irá piscar novamente depois de 20 minutos,
M(4) = 4,8,12,16,20,24,28,32,36,... ou seja, 15h20. Depois às 15h40, 16h, etc.
M(6) = 6,12,18,24,30,36,42,... Logo, esse é um tipo clássico de questão sobre MMC.
Quais são os múltiplos iguais (comuns) entre os
números? São eles: 12,24,36. E qual o menor deles? É Dica
o número 12.
Sendo assim, o número 12 é o menor múltiplo comum Atente-se para as palavras “a cada”, “em”, “ou”
entre 4 e 6, ou seja, o MMC entre 4 e 6 é igual a 12. nos enunciados que elas indicam uma ideia de
repetição, ciclo e periodicidade.
Cálculo do MMC por fatoração simultânea

Podemos calcular o MMC entre 2 ou mais números, EXERCÍCIOS COMENTADOS


de maneira mais rápida, fazendo a fatoração simultâ-
nea dos dois números. Veja: 1. (FCC – 2015) Para um evento promovido por uma determi-
Ex.: Cálculo do MMC entre 6 e 8: nada empresa, uma equipe de funcionários preparou uma
apresentação de slides que deveria transcorrer durante um
momento de confraternização. Tal apresentação é com-
6 – 8 2 (aqui, deve-se colocar o menor número primo) posta por 63 slides e cada um será projetado num telão
3 – 4 2 (nesse caso repetimos o nº 3, pois ele não é dividido pelo 2) por exatos 10 segundos. Foi ainda escolhida uma música
3–2 2 de fundo, com duração de 4min40s para acompanhar a
apresentação dos slides. Eles planejam que a música e
3–1 3 a apresentação dos slides comecem simultaneamente e
1 – 1 MMC = 2×2×2×3 = 24. “rodem” ciclicamente, sem intervalos, até que ambas fina-
lizem juntas. A fim de estudar a viabilidade desse plano,
eles calcularam que a quantidade de vezes que a música
Logo, o MMC (6 e 8) = 24. teria de tocar até que seu final coincidisse, pela primeira
Com esse método, é possível calcular o MMC entre vez depois do início, com final da apresentação seria
vários números. Vamos exercitar, dessa vez com mais
números. Ex.: Cálculo do MMC entre os números 10, a) 5.
12, 20: b) 42.
c) 12.
10 – 12 – 20 2 (aqui, deve-se colocar o menor número primo) d) 35.
5 – 6 – 10 2 (nesse caso repetimos o nº 3, pois ele não é dividido por 2) e) 9.

5–3–5 3 Slide = 630 segundos (63×10s)


5–1–5 5 Música = 280 segundos (4x60s+40s)
1–1–1 MMC = 2×2×3×5 = 60.
MMC

Logo, o MMC (10, 12 e 20) = 60. 630 280 2


315 140 2
Dica
315 70 2
Passos para calcular o MMC (fatoração simultânea):
315 35 5
1 – Montar uma coluna para os fatores primos e
colunas para cada um dos números;  63 7 7
2 – Começar a divisão dos números pelo menor
MATEMÁTICA

  9 1 3
fator primo (2) e só ir aumentando quando
nenhum dos números puder ser dividido;   3 1 3

z Se algum dos números não puder ser dividido, bas-   1 1 2×2×2×5×7×3×3 = 2520
ta copiá-lo para a próxima linha;
z O objetivo é fazer com que todos os números che- Logo, após 2520 segundos a música e o slide irão
guem ao valor 1; terminar ao mesmo tempo.
z O MMC será a multiplicação dos fatores primos Slide: 2520/630 = 4 voltas
utilizados. Música: 2520/280 = 9 voltas. Resposta: Letra E. 313
2. (VUNESP – 2017) Um comerciante possui uma caixa Lembre-se de que a maioria dos problemas envol-
com várias canetas e irá colocá-las em pacotinhos, vendo esse tema são resolvidos utilizando essa proprie-
cada um deles com o mesmo número de canetas. É dade fundamental. Porém, algumas questões acabam
possível colocar, em cada pacotinho, ou 6 canetas, ou sendo um pouco mais complexas e pode ser útil conhe-
8 canetas ou 9 canetas e, em qualquer dessas opções, cer algumas propriedades para facilitar. Vamos a elas.
não restará caneta alguma na caixa.
Propriedade das Proporções
Desse modo, o menor número de canetas que pode
haver nessa caixa é z Somas Externas

a) 70. a c a+c
= =
b) 66. b d b+d
c) 64.
d) 72. Vamos entender um pouco melhor resolvendo
e) 68. uma questão-exemplo:
Suponha que uma fábrica vai distribuir um prê-
MMC (6,8,9): mio de R$10.000 para seus dois empregados (Carlos
e Diego). Esse prêmio vai ser dividido de forma pro-
porcional ao tempo de serviço deles na fábrica. Carlos
6–8–9 2 está há 3 anos na fábrica e Diego há 2 anos. Quanto
3–4–9 2 cada um vai receber?
Resolução:
3–2–9 2 Primeiro, devemos montar a proporção. Sejam C
a quantia que Carlos vai receber e D a quantia que
3–1–9 3 Diego vai receber, temos:
1–1–3 3
C D
=
1–1–1 2×2×2×3×3 = 72 canetas. Resposta: Letra D. 3 2

Utilizando a propriedade das somas externas:

C D C+D
RAZÃO E PROPORÇÃO 3
=
2 = 3+2

A razão entre duas grandezas é igual a divisão Perceba que C + D = 10.000 (as partes somadas),
entre elas, veja: então podemos substituir na proporção:

2 C D C+D 10.000
5 = = = 2.000
3 2 3+2 = 5

Ou podemos representar por 2 ÷ 5 (Lê-se 2 está Aqui cabe uma observação importante!
para 5). Esse valor 2.000, que chamamos de “Constante de
Já a proporção é a igualdade entre razões, veja: Proporcionalidade”, é que nos mostra o valor real das
partes dentro da proporção. Veja:
2 4
=
3 6 C
= 2.000
3
Ou podemos representar por 2 ÷ 3 = 4 ÷ 6 (Lê-se 2
C = 2000 x 3
está para 3 assim como 4 está para 6). C = 6.000 (esse é o valor de Carlos)
Os problemas mais comuns que envolvem razão
e proporção ocorrem quando se aplica uma variável D
= 2.000
qualquer dentro da proporcionalidade e se deseja 2
saber o valor dela. Veja o exemplo: D = 2.000 x 2
D = 4.000 (esse é o valor de Diego)
2 x
= ou 2 ÷ 3 = x ÷ 6
3 6 Assim, Carlos vai receber R$6.000 e Diego vai rece-
ber R$4.000.
Para resolvermos esse tipo de problema devemos
usar a Propriedade Fundamental da razão e propor- z Somas Internas
ção: produto dos meios pelos extremos.
Meio: 3 e x a c a+b c+d
= = =
Extremos: 2 e 6 b d b d
Logo, devemos fazer a multiplicação entre eles
numa igualdade. Observe: É possível, ainda, trocar o numerador pelo denomi-
nador ao efetuar essa soma interna, desde que o mes-
3·X=2.6 mo procedimento seja feito do outro lado da proporção.
3X = 12
X = 12/3 a
=
c
=
a+b
=
c+d
314 X=4 b d a c
Vejamos um exemplo: 2A
= 1.000
4
x 2
= 2A = 4 x 1.000
-
14 x 5
2A = 4.000
x + 14 - x 2+5 A = 2.000
=
x 2
Fazendo a mesma resolução em B:
14 7
= 3B
x 2 = 1.000
9
7 . x = 2 · 14 3B = 9 x 1.000
3B = 9.000
14 · 2
x= =4 B = 3.000
7

Portanto, encontramos que x = 4. Sendo assim, os funcionários com 2 anos de casa


receberão R$2.000 de bônus. Já os funcionários com 3
anos de casa receberão R$3.000 de bônus.
Importante!
O total pago pela empresa será:
Vale lembrar que essa propriedade também ser- Total = 2.2000 + 3.3000 = 4000 + 9000 = 13000
ve para subtrações internas.
Bom! Agora vamos estudar um tipo de problema
que aparece frequentemente em provas de concursos
z Soma com Produto por Escalar: envolvendo razão e proporção.

a c a + 2b c + 2d
= = = REGRA DA SOCIEDADE
b d b d

Vejamos um exemplo para melhor entendimento: Diretamente proporcional


Uma empresa vai dividir o prêmio de R$13.000
proporcionalmente ao número de anos trabalhados. Um dos tópicos mais comuns em questões de pro-
São dois funcionários que trabalham há 2 anos na va é “dividir uma determinada quantia em partes
empresa e três funcionários que trabalham há 3 anos.
proporcionais a determinados números. Vejamos um
Resolução:
Seja A o prêmio dos funcionários com 2 anos e B exemplo para entendermos melhor como esse assun-
o prêmio dos funcionários com 3 anos de empresa, to é cobrado:
temos: Exemplo:
A B
= A quantia de 900 mil reais deve ser dividida em
2 3
partes proporcionais aos números 4, 5 e 6. A menor
Porém, como são 2 funcionários na categoria A e 3 dessas partes corresponde a:
funcionários na categoria B, podemos escrever que a Primeiro vamos chamar de X, Y e Z as partes propor-
soma total dos prêmios é igual a R$13.000.
cionais, respectivamente a 4, 5 e 6. Sendo assim, X é pro-
2A + 3B = 13.000 porcional a 4, Y é proporcional a 5 e Z é proporcional a
6, ou seja, podemos representar na forma de razão. Veja:
Agora, multiplicando em cima e embaixo de um
lado por 2 e do outro lado por 3, temos: X Y Z
= = = constante de proporcionalidade.
4 5 6
2A 3B
=
4 9
Usando uma das propriedades da proporção,
Aplicando a propriedade das somas externas, somas externas, temos:
podemos escrever o seguinte:
X+Y+Z 900.000
= 60.00
2A 3B 2A + 3B 4+5+6 15 0
=
MATEMÁTICA

=
4 9 4+9
A menor dessas partes é aquela que é proporcional
Substituindo o valor da equação 2A + 3B na pro- a 4, logo:
porção, temos:

2A + 3B X
2A
=
3B
= = 13.000 = 1.000 = 60.000
4
4 9 4+9 13
X = 60.000 x 4
Logo, X = 240.000 315
Inversamente proporcional c) 44 homens.
d) 46 homens.
É um tipo de questão menos recorrente, mas não e) 47 homens.
menos importante. Consiste em distribuir uma quan-
tia X a três pessoas, de modo que cada uma receba um A razão entre o número de mulheres e o número
quinhão inversamente proporcional a três números. total de alunos é de 5/8:
Vejamos um exemplo:
Exemplo: M 5
=
Suponha que queiramos dividir 740 mil em partes T 8
inversamente proporcionais a 4, 5 e 6.
Vamos chamar de X as quantias que devem ser dis- A turma tem 120 alunos, então: T = 120
tribuídas inversamente proporcionais a 4, 5 e 6, res- Fazendo os cálculos:
pectivamente. Devemos somar as razões e igualar ao
total que dever ser distribuído para facilitar o nosso M
=
5
cálculo, veja: T 8

X X X M 5
+ + = 740.000 =
4 5 6 120 8

8 x M = 5 x 120
Agora vamos precisar tirar o M.M.C (mínimo múl-
tiplo comum) entre os denominadores para resolver- 8M = 600
mos a fração. 600
M=
8
4–5–6|2
2–5–3|2 M = 75
1–5–3|3 A quantidade de homens da sala:
1–5–1|5 120 - 75 = 45 homens. Resposta: Letra B.
1 – 1 – 1 | 2 x 2 x 3 x 5 = 60

Assim, dividindo o M. M. C. pelo denominador e 2. (VUNESP – 2020) Em um grupo com somente pessoas
multiplicando o resultado pelo numerador temos: com idades de 20 e 21 anos, a razão entre o número
de pessoas com 20 anos e o número de pessoas com
15x 12x 10x 21 anos, atualmente, é 4/5. No próximo mês, duas pes-
+ + = 740.000
60 60 60 soas com 20 anos farão aniversário, assim como uma
pessoa com 21 anos, e a razão em questão passará a
37x
= 740.000 ser de 5/8. O número total de pessoas nesse grupo é
60
a) 30.
X = 1.200.000 b) 29.
c) 28.
Agora basta substituir o valor de X nas razões para d) 27.
achar cada parte da divisão inversa. e) 26.

x 1.200.000
= = 300.000 A razão entre o número de pessoas com 20 anos e o
4 4
número de pessoas com 21 anos, atualmente, é 4/5.
x 1.200.000
= = 240.000
5 5 120 4x
= total de 9x
121 5x
x 1.200.000
= = 200.000
6 6 No próximo mês, duas pessoas com 20 anos farão
aniversário, assim como uma pessoa com 21 anos, e
Logo, as partes dividas inversamente proporcio- a razão em questão passará a ser de 5/8.
nais aos números 4, 5 e 6 são, respectivamente 300K,
240K e 200K. 120 4x - 2 5
= =
121 5x + 2 - 1 8

4x - 2
EXERCÍCIOS COMENTADOS
5
=
5x + 1 8

1. (FAEPESUL - 2016) Em uma turma de graduação em


8 (4x - 2) = 5 (5x + 1)
Matemática Licenciatura, de forma fictícia, temos
que a razão entre o número de mulheres e o número 32x – 16 = 25x + 5
total de alunos é de 5/8. Determine a quantidade de 7x = 21
homens desta sala, sabendo que esta turma tem 120 x=3
alunos. Para sabermos o total de pessoas, basta substituir o
valor de X na primeira equação:
a) 43 homens. 9x = 9 x 3 = 27 é o número total de pessoas nesse
316 b) 45 homens. grupo. Resposta: Letra D.
é superior ao outro em tantos por cento. A grandeza
PORCENTAGEM inicial corresponderá sempre a 100%. Então, basta
somar ou subtrair o percentual fornecido dos 100% e
A porcentagem é uma medida de razão com base multiplicar pelo valor da grandeza.
100. Ou seja, corresponde a uma fração cujo denomi- Exemplo 1: Paulinho comprou um curso de 200
nador é 100. Vamos observar alguns exemplos e notar horas-aula. Porém, com a publicação do edital, a esco-
como podemos representar um número porcentual. la precisou aumentar a carga horária em 15%. Qual o
total de horas-aula do curso ao final?
30 Inicialmente, o curso de Paulinho tinha um total
30% = (forma de fração) de 200 horas-aula que correspondiam a 100%. Com o
100
30 aumento porcentual, o novo curso passou a ter 100% +
30% = = 0,3 (forma decimal) 15% das aulas inicialmente previstas. Portanto, o total
100
de horas-aula do curso será:
30 3
30% = = (forma de fração simplificada)
100 10
(1 + 0,15) x 200 = 1,15 x 200 = 230 horas-aula
Sendo assim, a razão 30% pode ser escrita de
várias maneiras: Dica
30 3 A avaliação do crescimento ou da redução per-
30% = = 0,3 = centual deve ser feita sempre em relação ao
100 10
valor inicial da grandeza.
Também é possível fazer a conversão inversa, isto Final - Inicial
é, transformar um número qualquer em porcentual. Variação percentual =
Inicial
Para isso, basta multiplicar por 100. Veja:
Veja mais um exemplo para podermos fixar
25 x 100 = 2500% melhor.
0,35 x 100 = 35% Exemplo 2:
0,586 x 100 = 58,6% Juliano percebeu que ele ainda não assistiu a 200
aulas do seu curso. Ele deseja reduzir o número de
Número Relativo aulas não assistidas a 180. É correto afirmar que, se
Juliano chegar às 180 aulas almejadas, o número terá
caído 20%?
A porcentagem traz uma relação entre uma parte e
A variação percentual de uma grandeza corres-
um todo. Quando dizemos 10% de 1000, o 1000 corres-
ponde ao índice:
ponde ao todo. Já o 10% corresponde à fração do todo Final - Inicial 180 - 200
que estamos especificando. Para descobrir a quanto Variação percentual = =
20 Inicial 200
isso corresponde, basta multiplicar 10% por 1000. =– = - 0,10
200
10 Como o resultado foi negativo, podemos afirmar
10% de 1000 = x 1000 = 100 que houve uma redução percentual de 10% nas aulas
100
ainda não assistidas por Juliano. O enunciado está
Dessa maneira, 1000 é todo, enquanto que 100 é a errado ao afirmar que essa redução foi de 20%.
parte que corresponde a 10% de 1000.

Dica
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Quando o todo varia, a porcentagem também
varia! 1. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Em determinada loja, uma
bicicleta é vendida por R$ 1.720 à vista ou em duas
Veja um exemplo: vezes, com uma entrada de R$ 920 e uma parcela de R$
Roberto assistiu 2 aulas de Matemática Financeira. 920 com vencimento para o mês seguinte. Caso queira
Sabendo que o curso que ele comprou possui um total antecipar o crédito correspondente ao valor da parcela,
de 8 aulas, qual é o percentual de aulas já assistidas a lojista paga para a financeira uma taxa de antecipa-
por Roberto? ção correspondente a 5% do valor da parcela.
O todo de aulas é 8. Para descobrir o percentual, Com base nessas informações, julgue o item a seguir.
devemos dividir a parte pelo todo e obter uma fração. Na compra a prazo, o custo efetivo da operação de finan-
ciamento pago pelo cliente será inferior a 14% ao mês.
2 1
=
8 4 ( ) CERTO  ( ) ERRADO
Precisamos transformar em porcentagem, ou seja,
Valor da bicicleta =1720,00
MATEMÁTICA

vamos multiplicar a fração por 100:


Parcelado = 920,00 (entrada) + 920,00 (parcela)
Na compra a prazo, o agente vai pagar 920,00
1
x 100 = 25% (entrada), logo vai sobrar (1720-920 = 800,00)
4
No próximo mês é preciso pagar 920,00 ou seja
Soma e Subtração de Porcentagem 800,00 + 120,00 de juros. Agora é pegar 120,00
(juros) e dividir por 800,00 resultado:
As operações de soma e subtração de porcenta- 120,00/800,00 = 0,15% ao mês.
gem são as mais comuns. É o que acontece quando A questão diz que seria inferior a 0,14%, ou seja,
se diz que um número excede, reduziu, é inferior ou está errada. Resposta: Errado. 317
2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Na assembleia legislati- Aqui uma grandeza aumenta e a outra diminui
va de um estado da Federação, há 50 parlamentares, (sinais diferentes).
entre homens e mulheres. Em determinada sessão
plenária estavam presentes somente 20% das deputa- Agora vamos esquematizar a maneira que iremos
das e 10% dos deputados, perfazendo-se um total de 7 resolver os diversos problemas:
parlamentares presentes à sessão.
Infere-se da situação apresentada que, nessa assem-
bleia legislativa, havia DIRETAMENTE MULTIPLICA CRUZADO
PROPORCIONAL

a) 10 deputadas.
INVERSAMENTE MULTIPLICA NA HORIZONTAL
b) 14 deputadas.
PROPORCIONAL
c) 15 deputadas.
d) 20 deputadas.
e) 25 deputadas. Vejamos alguns exemplos para fixarmos um pouco
mais como isso tudo funciona:
50 parlamentares
Deputadas = X z Um muro de 12 metros foi construído utilizando 2
Deputados = 50-X 160 tijolos. Caso queira construir um muro de 30
Compareceram 20% x e 10% (50-x), totalizando 7 metros nas mesmas condições do anterior, quan-
parlamentares. Não sabemos a quantidade exata de tos tijolos serão necessários?
cada sexo. Vamos montar uma equação e achar o
valor de X. Primeiro vamos montar a relação entre as gran-
20% x + 10% (50-x) = 7 dezas e depois identificar se é direta ou inversamente
20/100 . x + 10/100 . (50-x) = 7 proporcional.
2/10 . x + 1/10 . (50-x) = 7
2x/10 + 50 - x/10 = 7 (faz o MMC) 12 m -------- 2 160 (tijolos)
2x + 50 - x = 70 30 m -------- X (tijolos)
2x - x = 70 - 50
x = 20 deputadas fazem parte da Assembleia Legis- Veja que de 12m para 30m tivemos um aumento (+)
lativa. Resposta: Letra D. e que para fazermos um muro maior vamos precisar
de mais tijolos, ou seja, também deverá ser aumentado
(+). Logo, as grandezas são diretamente proporcionais
e vamos resolver multiplicando cruzado. Observe:
REGRA DE TRÊS SIMPLES E
COMPOSTA 12 m -------- 2 160 (tijolos)

Regra de Três Simples 30 m -------- X (tijolos)


12 · X = 30 . 2160
A Regra de Três Simples envolve apenas duas 12X = 64800
grandezas. São elas: X = 5400 tijolos

z Grandeza Dependente: é aquela cujo valor se dese- Assim, comprovamos que realmente são necessá-
ja calcular a partir da grandeza explicativa; rios mais tijolos.
z Grandeza Explicativa ou Independente: é aquela utili-
zada para calcular a variação da grandeza dependente. z Uma equipe de 5 professores gastou 12 dias para
corrigir as provas de um vestibular. Considerando
Existem dois tipos principais de proporcionalida- a mesma proporção, quantos dias levarão 30 pro-
des que aparecem frequentemente em provas de con- fessores para corrigir as provas?
cursos públicos. Veja abaixo:
Do mesmo jeito que no exemplo anterior, vamos
z Grandezas Diretamente Proporcionais: o aumento montar a relação e analisar:
de uma grandeza implica o aumento da outra;
z Grandezas Inversamente Proporcionais: o aumen- 5 (prof.) --------- 12 (dias)
to de uma grandeza implica a redução da outra; 30 (prof.) -------- X (dias)

Vamos esquematizar para sabermos quando será Veja que de 5 (prof.) para 30 (prof.) tivemos um
direta ou inversamente proporcionais: aumento (+), mas como agora estamos com uma equi-
pe maior o trabalho será realizado mais rapidamente.
DIRETAMENTE Logo, a quantidade de dias deverá diminuir (-). Dessa
+ / + OU - / -
PROPORCIONAL forma, as grandezas são inversamente proporcionais e
vamos resolver multiplicando na horizontal. Observe:
Aqui, as grandezas aumentam ou diminuem juntas
5 (prof.) 12 (dias)
(sinais iguais);
30 (prof.) X (dias)
30 . X = 5 . 12
PROPORCIONAL + / - OU - / + 30X = 60
318 X=2
A equipe de 30 professores levará apenas 2 dias Agora basta resolver a proporção para acharmos
para corrigir as provas. o valor de X.

Regra de Três Composta 40 3000


X
= 12000
A Regra de Três Composta envolve mais de duas 3X = 40 x 12
variáveis. As análises sobre se as grandezas são direta- 3X = 480
mente e inversamente proporcionais devem ser feitas X = 160
cautelosamente, levando-se em conta alguns princípios:
As três impressoras produziriam 2000 panfletos em
z As análises devem sempre partir da variável
160 minutos, que correspondem há 2 horas e 40 minutos.
dependente em relação às outras variáveis;
Para fixarmos mais ainda nosso conhecimento,
z As análises devem ser feitas individualmente. Ou
vamos analisar mais um exemplo.
seja, deve-se comparar as grandezas duas a duas,
Exemplo 2: Um texto ocupa 6 páginas de 45 linhas
mantendo as demais constantes.
z A variável dependente fica isolada em um dos cada uma, com 80 letras (ou espaços) em cada linha.
lados da proporção. Para torná-lo mais legível, diminui-se para 30 o núme-
ro de linhas por página e para 40 o número de letras
Vamos analisar alguns exemplos e ver na prática (ou espaços) por linha. Considerando as novas condi-
como isso tudo funciona: ções, determine o número de páginas ocupadas.
Já aprendemos o passo a passo no exemplo ante-
z Se 6 impressoras iguais produzem 1000 panfletos rior. Aqui vamos resolver de maneira mais rápida.
em 40 minutos, em quanto tempo 3 dessas impres-
soras produziriam 2000 desses panfletos? 6 (pág.) -------- 45 (linhas) -------- 80 (letras)
X (pág.) -------- 30 (linhas) -------- 40 (letras)
Da mesma forma que na regra de três simples,
vamos montar a relação entre as grandezas e analisar 6 ? ?
= #
cada uma delas isoladamente duas a duas. X ? ?

6 (imp.) -------- 1000 (panf.) -------- 40 (min) Analisando isoladamente duas a duas:
3 (imp.) -------- 2000 (panf.) -------- X (min)
6 (pág.) -------- 45 (linhas)
Vamos escrever a proporcionalidade isolando a X (pág.) -------- 30 (linhas)
parte dependente de um lado e igualando às razões da
seguinte forma – se for direta vamos manter a razão, Perceba que de 45 linhas para 30 linhas o valor
agora se for inversa vamos inverter a razão. Observe: diminui ( - ) e que o número de páginas irá aumentar
( + ). Logo, as grandezas são inversas e devemos inver-
40 ? ? ter a razão.
= #
X ? ?
6 30 ?
= #
Analisando isoladamente duas a duas: X 45 ?
6 (imp.) -------- 40 (min)
3 (imp.) --------- X (min) Analisando isoladamente duas a duas:

Perceba que de 6 impressoras para 3 impressoras 6 (pág.) -------- 80 (letras)


o valor diminui ( - ) e que o tempo irá aumentar ( + ),
X (pág.) ------- 40 (letras)
pois agora teremos menos impressoras para realizar
a tarefa. Logo, as grandezas são inversas e devemos
Veja que de 80 letras para 40 letras o valor diminui
inverter a razão.
( - ) e que o número de páginas irá aumentar ( + ). Logo,
40 3 ? as grandezas são inversas e devemos inverter a razão.
= #
X 6 ? 6 30 40
= #
X 45 80
Analisando isoladamente duas a duas:
6 2 1
= #
1000 (panf.) -------- 40 (min)
MATEMÁTICA

X 3 2
2000 (panf.) --------- X (min)
6 2
=
Perceba que de 1000 panfletos para 1200 panfle- X 6
tos o valor aumenta ( + ) e que o tempo também irá
aumentar ( + ). Logo, as grandezas são diretas e deve- 2X = 36
mos manter a razão. X = 18

40 3 1000 O número de páginas a serem ocupadas pelo texto


= #
X 6 2000 respeitando as novas condições é igual a 18. 319
c) 80.
EXERCÍCIOS COMENTADOS d) 90.
e) 100.
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) No item seguinte apre-
senta uma situação hipotética, seguida de uma asser- x = dias
tiva a ser julgada, a respeito de proporcionalidade, 3 guardanapos por dia -------- x
porcentagens e descontos. 2 guardanapos por dia -------- x+15
No primeiro dia de abril, o casal Marcos e Paula com- São valores inversamente proporcionais, quanto
prou alimentos em quantidades suficientes para que mais guardanapos por dia, menos dias durarão.
eles e seus dois filhos consumissem durante os 30 Assim, multiplicamos na horizontal:
dias do mês. No dia 7 desse mês, um casal de amigos 3x = 2 . (x+15)
chegou de surpresa para passar o restante do mês 3x = 30+2x
com a família. 3x-2x = 30
Nessa situação, se cada uma dessas seis pessoas x = 30
consumir diariamente a mesma quantidade de ali- Podemos substituir em qualquer uma das duas
mentos, os alimentos comprados pelo casal acabarão situações:
antes do dia 20 do mesmo mês. 3 guardanapos x 30 dias= 90
2 guardanapos x 45(30+15) dias = 90 . Resposta:
( ) CERTO  ( ) ERRADO Letra D.

4 Pessoas ------- 24 Dias 4. (FUNDATEC - 2017) Cinco mecânicos levaram 27


6 Pessoas ------- x Dias minutos para consertar um caminhão. Supondo que
Temos grandezas inversas, então é só multiplicar fossem três mecânicos, com a mesma capacidade e
na horizontal: ritmo de trabalho para realizar o mesmo serviço, quan-
6x = 4 . 24 tos minutos levariam para concluir o conserto desse
6x = 96 mesmo caminhão?
x = 96/6
x = 16 a) 20 minutos.
Como já haviam comido por 6 dias é só somar: b) 35 minutos.
6 dias (consumidos por 4) + 16 dias (consumidos por c) 45 minutos.
6) = 22 dias (a comida acabará no dia 22 de abril). d) 50 minutos.
Resposta: Errado. e) 55 minutos.

2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) O motorista de uma Mecânicos ------ Minutos


empresa transportadora de produtos hospitalares
5 ---------------- 27
deve viajar de São Paulo a Brasília para uma entrega
3 ---------------- x
de mercadorias. Sabendo que irá percorrer aproxima-
Quanto menos mecânicos, mais minutos eles gas-
damente 1.100 km, ele estimou, para controlar as des-
tarão para finalizar o trabalho, logo a grande-
pesas com a viagem, o consumo de gasolina do seu
za é inversamente proporcional. Multiplica na
veículo em 10 km/L. Para efeito de cálculos, conside-
horizontal:
rou que esse consumo é constante.
3x = 27.5
Considerando essas informações, julgue o item que
3x = 135
segue.
Nessa viagem, o veículo consumirá 110.000 dm3 de x = 135/3
gasolina. x = 45 minutos. Resposta: Letra C.

( ) CERTO  ( ) ERRADO 5. (IESES - 2019) Cinco pedreiros construíram uma casa em
28 dias. Se o número de pedreiros fosse aumentado para
Com 1 litro ele faz 10 km sete, em quantos dias essa mesma casa ficaria pronta?
Sabendo que 1 L é igual a 1dm³, então podemos
dizer que com 1dm³ ele faz 10km a) 18 dias.
Portanto, b) 16 dias.
10 km -------- 1dc³ c) 20 dias.
1.100 km --------- x d) 22 dias.
10x = 1.000
x = 110dm³ (a gasolina que será consumida). 5 (pedreiros) ---------- 28 (dias)
Resposta: Errado. 7 (pedreiros) ------------- X (dias)
Perceba que as grandezas são inversamente propor-
3. (VUNESP - 2020) Uma pessoa comprou determinada cionais, então basta multiplicar na horizontal.
quantidade de guardanapos de papel. Se ela utilizar 2 5 . 28=7 . X
guardanapos por dia, a quantidade comprada irá durar 7X = 140
15 dias a mais do que duraria se ela utilizasse 3 guar- X = 140/7
danapos por dia. O número de guardanapos compra- X = 20 dias . Resposta: Letra C.
dos foi
6. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Determinado equipamen-
a) 60. to é capaz de digitalizar 1.800 páginas em 4 dias, fun-
320 b) 70. cionando 5 horas diárias para esse fim.
Nessa situação, a quantidade de páginas que esse mes- 3 caixas - 12 clientes - 10 minutos
mo equipamento é capaz de digitalizar em 3 dias, operan- 5 caixas - 20 clientes - x minutos
do 4 horas e 30 minutos diários para esse fim, é igual a:
10 5 12
= #
a) 2.666. X 3 20
b) 2.160.
c) 1.215. 5 · 12 · X = 10 · 3 · 20
d) 1.500. 60x = 600
e) 1.161. X = 10.
Os 5 caixas atenderão em exatamente 10 minutos.
Primeiro vamos passar para minutos: Não em menos de 10 como a questão afirma.
5h = 300min. Resposta: Errado.
4h30min= 270min.
min.-----Dias-----Pag. 9. (VUNESP - 2020) Das 9 horas às 15 horas, de trabalho
300 -------4-------1800 ininterrupto, 5 máquinas, todas idênticas e trabalhan-
270 -------3-------X do com a mesma produtividade, fabricam 600 unida-
Resolvendo temos: des de determinado produto. Para a fabricação de 400
300 (Simplifica por 30)
unidades do mesmo produto por 3 dessas máquinas,
1800 4 trabalhando nas mesmas condições, o tempo estima-
X = 3
# 270 (Simplifica por 30) do para a realização do serviço é de
1800 4 10
# a) 5 horas e 54 minutos
X = 3 9
b) 6 horas e 06 minutos.
c) 6 horas e 20 minutos.
4 · X · 10 = 1800 · 3 · 9 d) 6 horas e 40 minutos.
X = 1215 páginas que esse mesmo equipamento é e) 7 horas e 06 minutos.
capaz de digitalizar. Resposta: Letra C.
Das 9h às 15h = 6 horas = 360 min
7. (VUNESP - 2016) Em uma fábrica, 5 máquinas, todas 360 min ------ 5 maquinas ----- 600 unidades (corta os zeros iguais)
operando com a mesma capacidade de produção, x ------------- 3 maquinas ---- 400 unidades (corta os zeros iguais)
fabricam um lote de peças em 8 dias, trabalhando 6
horas por dia. O número de dias necessários para que 360 3
#
6
=
4 dessas máquinas, trabalhando 8 horas por dia, fabri- X 5 4
quem dois lotes dessas peças é
x·3·6 = 360·5·4
a) 11. x·18 = 7.200
b) 12. x = 7200/18
c) 13. x = 400
d) 14. Logo, transformando minutos para horas novamen-
e) 15. te temos:
X = 400min
5 máquinas -------1 lote --------- 8 dias ------------ 6 horas X = 6h40min
4 máquinas -------2 lotes --------x dias -------------8 horas Resposta: Letra D.
Quanto mais dias para entrega do lote, menos
horas trabalhadas por dia (inversa), menos máqui- 10. (VUNESP - 2020) Em uma fábrica de refrigerantes, 3
nas para fazer o serviço (inversa) e mais lotes para máquinas iguais, trabalhando com capacidade máxima,
serem entregues (direta). ligadas ao mesmo tempo, engarrafam 5 mil unidades de
Resolvendo: refrigerante, em 4 horas. Se apenas 2 dessas máquinas
8/x = 1/2 * 8/6 * 4/5 (simplifique 8/6 por 2) trabalharem, nas mesmas condições, no engarrafamen-
8/x = 1/2 * 4/3 * 4/5 to de 6 mil unidades do refrigerante, o tempo esperado
8/x = 16/30 (simplifique 16/30 por 2) para a realização desse trabalho será de
8/x = 8/15
8x = 120 a) 6 horas e 40 minutos.
x = 120/8 b) 6 horas e 58 minutos.
x = 15 dias. c) 7 horas e 12 minutos.
Resposta: Letra E. d) 7 horas e 20 minutos.
e) 7 horas e 35 minutos.
8. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No item a seguir é apre-
MATEMÁTICA

sentada uma situação hipotética, seguida de uma 3 máquinas ------------ 5 mil garrafas ------------ 4 horas
assertiva a ser julgada, a respeito de proporcionalida- 2 máquinas ------------ 6 mil garrafas ------------ x
de, divisão proporcional, média e porcentagem. Veja que se aumentar o tempo de trabalho quer dizer
Todos os caixas de uma agência bancária trabalham que serão engarrafados mais refrigerantes (direta) e
com a mesma eficiência: 3 desses caixas atendem 12 se aumentar o tempo de trabalho quer dizer que são
clientes em 10 minutos. Nessa situação, 5 desses cai- menos máquinas trabalhando (inversa).
xas atenderão 20 clientes em menos de 10 minutos.
4 5000 2
= #
( ) CERTO  ( ) ERRADO X 6000 3 321
2·X·5 = 4·6·3 x= /
xi
para dados de uma amostra.
10X = 72 N
x = 7, 2 horas (7 horas + 0,2 horas = 7 horas + 0,2 × Ou:
60 min = 7 horas e 12 minutos)
OBS: Para transformar horas em minutos, basta
μ= /
xi
para dados de uma população.
multiplicarmos o número por 60 min. Logo, 0,2 horas N
= 0,2 x 60 = 120/10 = 12 min. Resposta: Letra C.
Onde: / Xi é o somatório dos dados X1, X2, X3...XN,
e N é a quantidade de dados da amostra/população.
Cada dado é representado por Xi.
Vamos supor que, na faculdade, teremos 4 provas
MÉDIA ARITMÉTICA SIMPLES E da disciplina de Estatística. Para calcular a média final
basta somar as 4 notas e dividir por 4.
PONDERADA
Supondo que as notas tenham sido na ordem: 6,0;
7,0; 5,0; 8,0.
Média

Existem 3 tipos de média: a mais cobrada é a média Soma


aritmética (simples ou ponderada), mas temos tam- Média =
Quantidade
bém a média geométrica e a média harmônica.
Como veremos na parte de distribuição de pro- 6+7+5+8
babilidade, a média é o primeiro momento de uma Média =
distribuição. 4
Temos duas formas de apresentação de dados para
26
que seja calculada a média. A mais comum é realizada
Média =
pela apresentação de vários dados não agrupados, 4
em que são listados vários valores. Por exemplo, em
uma prova a lista de notas de todos os alunos sepa- Média = 6,5
radamente são dados não agrupados. A outra forma Ex.: Em uma faculdade a quantidade de alunos
de apresentação é através de dados agrupados, nes- matriculados em cada curso está apresentado na tabe-
se caso, vamos pensar no mesmo exemplo, mas, ao la a seguir:
invés de termos todas as notas diretamente, recebe-
remos uma lista dizendo que, 5 pessoas tiraram de 0
QUANTIDADE DE
a 2, outras 7 tiraram de 2 a 4, mais 15 tiraram de 4 a CURSO
ALUNOS
6, outras 10 de 6 a 8 e os 3 restantes tiraram de 8 a 10,
normalmente isso é apresentado em uma tabela. Direito 55

Contabilidade 24
QUANTIDADE DE
NOTA Estatística 35
ALUNOS

0–2 5 Física ?

2–4 7 A média do número de alunos matriculados por


curso é 38,5. Nesse caso, qual a quantidade de alunos
4–6 15
matriculados em Física?
6–8 10 A média de alunos matriculados por curso é dada
pela soma dos alunos de cada curso dividido pela
8 – 10 3 quantidade de cursos, onde a média foi dada, e é 38,5,
e o total de cursos é 4.
Quando estamos tratando de média de dados de
uma população representamos pela letra grega μ Sabemos que a fórmula da média é:
(mi), já quando estamos tratando de média de dados Soma
de uma amostra, representamos por x. Média =
Quantidade
Média aritmética simples
Soma
38,5 =
A média aritmética simples é a que estamos mais 4
acostumados no dia a dia, ela é dada pela soma dos
valores dos dados que queremos saber, dividido pela Soma = 38,5 · 4
quantidade desses dados. Soma = 154

A soma dos alunos matriculados é 154, e vamos cha-


Soma mar o número de alunos matriculados em Física de X.
Média =
Quantidade
55 + 24 + 35 + X = 154
Soma = Média x Quantidade 114 + X = 154
X = 154 – 114
322 Em linguagem matemática isso é dado por: X = 40
Portanto, são 40 alunos matriculados em Física. Exemplo 1:
Digamos que você emprestou 1000,00 reais, em um
Média Aritmética Ponderada regime de juros simples de 5% ao mês, para um amigo
e que o mesmo ficou de quitar o empréstimo após 5
A média ponderada é muito parecida com a média meses. Então temos o seguinte:
simples, mas nela são colocados pesos diferentes para
alguns dados. Essa média é muito utilizada em provas. CAPITAL
EMPRESTADO VALOR REAJUSTADO
Vamos pensar no mesmo exemplo da média sim- (1000,00)
ples. Supondo que, na faculdade, teremos 4 provas
1° mês = 1000,00 1000,00 + (5% de 1000,00) = 1050,00
de Estatística, mas a prova 3 tem peso 2 e a prova 4
2° mês = 1050,00 1050,00 + (5% de 1000,00) = 1100,00
tem peso 3. Para calcular a média ponderada temos
3° mês = 1100,00 1100,00 + (5% de 1000,00) = 1150,00
que somar todas as notas, mas, as notas que têm pesos
4° mês = 1150,00 1150,00 + (5% de 1000,00) = 1200,00
devem ser somadas conforme seu peso, ou seja, se
5° mês = 1200,00 1200,00 + (5% de 1000,00) = 1250,00
for peso 2 temos que multiplicar essa nota por 2, se
for peso 3 temos que multiplicar essa nota por 3. E na
Ao final do 5° mês você terá recebido 250,00 reais
quantidade temos que considerar o peso também. de juros. Fórmulas utilizadas em juros simples
Supondo que as notas tenham sido na ordem: 6,0;
7,0; 5,0 (peso 2); 8,0 (peso 3). Nesse caso, a quantidade
de notas que vamos considerar deve ser 7, pois as pro- J=C·i·t
vas 1 e 2 têm peso 1, a prova 3 é peso 2, e a prova 4 é
peso 3. Portanto: 1 + 1 + 2 + 3 = 7. M=C+J

M = C · (1 + i ·J)
Soma
Média = Onde,
Quantidade J = juros
C = capital
6 + 7+ 2 · 5 + 8 · 3 i = taxa em percentual (%)
Média = t = tempo
7
M = montante
6 + 7 + 10 + 24
Média = TAXAS PROPORCIONAIS E EQUIVALENTES
7
Para aplicar corretamente uma taxa de juros, é im-
47 portante saber a unidade de tempo sobre a qual a taxa
Média = de juros é definida. Isto é, não adianta saber apenas
7
que a taxa de juros é de “5%”. É preciso saber se essa
taxa é mensal, bimestral, anual etc. Dizemos que duas
Média = 6,71
taxas de juros são proporcionais quando guardam a
mesma proporção em relação ao prazo. Por exemplo,
12% ao ano é proporcional a 6% ao semestre, e tam-
bém é proporcional a 1% ao mês.
JUROS SIMPLES Basta efetuar uma regra de três simples. Para
obtermos a taxa de juros bimestral, por exemplo, que
A premissa que é a base da matemática financeira é proporcional à taxa de 12% ao ano:
é a seguinte: as pessoas e as instituições do mercado
preferem adiantar os seus recebimentos e retardar 12% ao ano ----------------------- 1 ano
os seus pagamentos. Do ponto de vista estritamente Taxa bimestral ------------------ 2 meses
racional, é melhor pagar o mais tarde possível caso
Podemos substituir 1 ano por 12 meses, para dei-
não haja incidência de juros (ou caso esses juros
xar os valores da coluna da direita na mesma unidade
sejam inferiores ao que você pode ganhar aplicando temporal, temos:
o dinheiro).
“Juros” é o termo utilizado para designar o “preço 12% ao ano ---------------------- 12 meses
MATEMÁTICA

do dinheiro no tempo”. Quando você pega certa quan- Taxa bimestral ------------------ 2 meses
tia emprestada no banco, o banco te cobrará uma Efetuando a multiplicação cruzada, temos:
remuneração em cima do valor que ele te emprestou,
12% x 2 = Taxa bimestral x 12
pelo fato de deixar você ficar na posse desse dinhei-
Taxa bimestral = 2% ao bimestre
ro por um certo tempo. Esta remuneração é expressa
pela taxa de juros. Duas taxas de juros são equivalentes quando são
Nos juros simples a incidência recorre sempre sobre capazes de levar o mesmo capital inicial C ao montan-
o valor original. Veja um exemplo para melhor entender. te final M, após o mesmo intervalo de tempo. 323
Uma outra informação muito importante e que 498 = 1410 · 12 · i / 100
você deve memorizar é que o cálculo de taxas equi- 49800 = 16920i
valentes quando estamos no regime de juros simples i = 49800/16920
pode ser entendido assim: 1% ao mês equivale a 6% i = 2,94%. Resposta: Letra D.
ao semestre ou 12% ao ano, e levarão o mesmo capital
inicial C ao mesmo montante M após o mesmo perío-
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Uma pessoa atrasou em
do de tempo.
15 dias o pagamento de uma dívida de R$ 20.000, cuja
taxa de juros de mora é de 21% ao mês no regime de
Importante! juros simples.
Acerca dessa situação hipotética, e considerando o
No regime de juros simples, taxas de juros propor- mês comercial de 30 dias, julgue o item subsequente.
cionais são também taxas de juros equivalentes. No regime de juros simples, a taxa de 21% ao mês é
equivalente à taxa de 252% ao ano.
Juros Compostos
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Imagine que você pegou um empréstimo de
R$10.000,00 no banco, cujo pagamento deve ser rea- No regime simples, sabemos que taxas propor-
lizado após 4 meses, à taxa de juros de 10% ao mês. cionais são também equivalentes. Como temos 12
Ficou combinado que o cálculo de juros de cada mês meses no ano, a taxa anual proporcional a 21%am
será feito sobre o total da dívida no mês anterior, e é, simplesmente:
não somente sobre o valor inicialmente emprestado. 21% x 12 = 252% ao ano
Neste caso, estamos diante da cobrança de juros com- Esta taxa de 252% ao ano é proporcional e também
postos. Podemos montar a seguinte tabela: é equivalente a 21% ao mês. Portanto, o item está
certo. Resposta: Certo.
MÊS DO EMPRÉSTIMO 10.000,00
1º MÊS 11.000,00
2º MÊS 12.100,00
SISTEMA DE EQUAÇÕES
3º MÊS 13.310,00
4º MÊS 14.641,00 EQUAÇÃO DO 1º E 2º GRAUS

Logo, ao final de 4 meses você deverá devolver Equações e Inequações


ao banco R$14.641,00 que é a soma da dívida inicial
(R$10.000,00) e de juros de R$4.641,00. Uma equação é uma igualdade na qual uma ou
Fórmula utilizada em juros compostos mais variáveis – geralmente são as letras do nosso
alfabeto - denominadas por incógnitas, são desconhe-
cidas. O nosso principal objetivo é encontrar o valor
M = C · (1 + i)t dessa incógnita.

Poderíamos ter utilizado a fórmula no nosso exem- Resolução e discussão


plo. Veja:
z Equação do Primeiro Grau
M = 10000 x (1 + 10%)4
M = 10000 x (1 + 0,10)4 A forma geral de uma equação do primeiro grau
M = 10000 x (1,10)4 é: ax + b = 0.
M = 10000 x 1,4641 O termo “a” é o coeficiente de “x” e o termo “b” é
M = 14.641,00 reais chamado de termo independente.
Para resolver uma equação do 1°, devemos isolar
todas as partes que possuem incógnitas de um lado
EXERCÍCIOS COMENTADOS igual e do outro os termos independentes. Veja um
exemplo:
1. (FEPESE - 2018) Uma TV é anunciada pelo preço de R$
1.908,00 para pagamento em 12 parcelas de 159,00. A 10x = 5x + 20
mesma TV custa R$ 1.410,00 para pagamento à vista. (vamos achar o valor de “x”)
Portanto o juro simples mensal incluído na opção par-
celada é: 10x – 5x = 20
(passamos o “5x” para o outro lado da igual
a) Menor que 2%. com o sinal trocado)
b) Maior que 2% e menor que 2,5%.
c) Maior que 2,5% e menor que 2,75%. 5x = 20
d) Maior que 2,75% e menor que 3%.
e) Maior que 3%. x = 20 / 5 (isolamos o “x” transferindo o seu coe-
ficiente “5” dividindo)
1.908 - 1.410 = 498 (juros durante 12 meses)
324 J=C·I·t x = 4.
O valor de x que torna a igualdade correta é cha-
mado de “raiz da equação”. Uma equação de primeiro
grau sempre tem apenas 1 raiz. Veja que se substituir-
mos o valor encontrado de “x” na equação ela ficará
igual a zero em ambos os lados. Observe:
4 + x

Para x = 4
10x = 5x + 20 –
10 . 4 = 5 . 4 + 20
40 = 40
40 – 40 = 0
Identificamos que os valores < 0 (valores negati-
vos) são os valores de x < 4.
z Inequação do Primeiro Grau
z Equação do Segundo Grau
Nas inequações temos pelo menos um valor desco-
nhecido (incógnita) e sempre uma desigualdade. Nas
inequações usamos os símbolos: Equações do segundo grau são equações nas quais
o maior expoente de x é igual a 2.
> maior que Sua forma geral é expressa por: ax2 + bx + c = 0.
< menor que Onde a, b e c são os coeficientes da equação.
≥ maior que ou igual
≤ menor que ou igual „ a é sempre o coeficiente do termo em x².
„ b é sempre o coeficiente do termo em x.
Podemos representar das formas a seguir: „ c é sempre o coeficiente ou termo independente.

ax + b > 0 As equações de segundo grau têm 2 raízes, isto


ax + b < 0 é, existem 2 valores de x que tornam a igualdade
ax + b ≥ 0 verdadeira.
ax + b ≤ 0
Cálculo das raízes da equação
Sendo a e b números reais e a ≠ 0
Veja um exemplo abaixo: Vamos achar as raízes por meio da fórmula de
Resolva a inequação 5x + 20 < 40 Báskara. Basta identificar os coeficientes a, b e c e
colocá-los na seguinte expressão:
5x + 20 < 40
5x < 40 – 20 -b ! 2
b - 4ac
5x < 20 x=
2a
x < 20 / 5
x < 4. Veja o sinal ± presente na expressão acima. É ele
que permitirá obtermos dois valores para as raízes,
Podemos resolver uma inequação de uma outra um valor utilizando o sinal positivo (+) e outro valor
maneira, fazendo um gráfico no plano cartesiano. utilizando o sinal negativo (-).
No gráfico, fazemos o estudo do sinal da inequação Vamos aplicar em um exemplo:
vamos identificar para quais valores de x transfor- Calcular as raízes da equação x2 - 3x + 2 = 0.
mam a desigualdade em uma sentença verdadeira. Identificando os valores de a, b e c.
Siga os passos:
Resolva a inequação 5x + 20 < 40 a=1
b = -3
1º) Coloque todos os termos da inequação em um mes- c=2
mo lado.
Substituindo na fórmula:
5x + 20 - 40 < 0
5x -20 < 0 2
-b ! b - 4ac
x=
2º) Substitua o sinal da desigualdade pelo da igualdade. 2a

5x -20 = 0 -(-3) ± √(-3)2 - 4 × 1 × 2


x=
3º) Resolva a equação, ou seja, encontre sua raiz. 2×1
MATEMÁTICA

5x -20 = 0
5x = 20 3! 9-8
x = 20 / 5 x=
2
x=4
x= 3!1
4º) Faça o estudo do sinal da equação, identificando os 2
valores de x que representam a solução da inequa- 3+1
ção. Obs.: O gráfico deste tipo de equação é uma x1 = =2
2
reta. 325
3-1 Sabemos que a soma das idades, em 2020, é igual a
x2 = =1
2 140 anos:
X1 + X2 + X3 + X4 = 140
Na fórmula de Báskara, podemos usar um discri- 32 + (X4+2) + 40 + X4 = 140
minante que é representado por “Δ”. Seu valor é igual 74 + 2.X4 = 140
a: 2.X4 = 66
Δ = b2 - 4ac X4 = 33
Logo, X2 = X4 + 2 = 33 + 2 = 35 anos em 2020. Assim,
Assim, podemos escrever a fórmula de Báskara: S2 deve ter nascido em 2020 – 35 = 1985.Resposta:
Errado.
-b ! D
x= 2. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Em um tanque A, há uma
2a
mistura homogênea de 240 L de gasolina e 60 L de
O discriminante fornece importantes informações álcool; em outro tanque B, 150 L de gasolina estão
de uma equação do 2ª grau: misturados homogeneamente com 50 L de álcool.
A respeito dessas misturas, julgue o item subsequente.
Se Δ > 0 → A equação possui duas raízes reais e Para que a proporção álcool/gasolina no tanque A fique
distintas igual à do tanque B é suficiente acrescentar no tanque
Se Δ = 0 → A equação possui duas raízes reais e A uma quantidade de álcool que é inferior a 25 L.
idênticas
Se Δ < 0 → A equação não possui raízes reais ( ) CERTO  ( ) ERRADO

Soma e produto das raízes A proporção álcool/gasolina do tanque B é de 50/150


= 1/3.
Basta saber que, em uma equação ax2 + bx + c = 0, A quantidade X de álcool precisa ser acrescentada
temos:
no tanque A para ele chegar nesta mesma propor-
ção. A quantidade de álcool passará a ser de 60 +
z a soma das raízes é dada por –𝑏/a
X, e a de gasolina será 240, de modo que ficaremos
z o produto das raízes é dado por 𝑐 / a
com a razão:
1/3 = (60+X) / 240
Calcular as raízes da equação x2 - 3x + 2 = 0.
Soma: –𝑏/a = -(-3) / 1 = 3 240 x 1/3 = 60 + X
Produto: 𝑐/a = 2 / 1 = 2 80 = 60 + X
Quais são os dois números que somados resulta 60 + X = 80
“3” e multiplicados “2”? X = 80 - 60
Soma: 3 = (2 + 1) X = 20 litros. Resposta: Certo.
Produto 2 = (2 ×1)
Logo, 2 e 1 são as raízes dessa equação. Exatamen- SISTEMA DE EQUAÇÕES
te igual como achamos usando a fórmula de Báskara.
Sistemas de equações de primeiro grau (sistemas
lineares)

EXERCÍCIOS COMENTADOS Em alguns casos, pode ser que tenhamos mais de


uma incógnita. Imagine que um exercício diga que: x
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Os indivíduos S1, S2, S3 + y = 10.
e S4, suspeitos da prática de um ilícito penal, foram Perceba que há infinitas possibilidades de x e y
interrogados, isoladamente, nessa mesma ordem. No que tornam essa igualdade verdadeira: 2 e 8, 5 e 5,
depoimento, com relação à responsabilização pela 15 e -10, etc. Por esse motivo que se faz necessário
prática do ilícito, S1 disse que S2 mentiria; S2 disse obter mais uma equação envolvendo as duas incógni-
que S3 mentiria; S3 disse que S4 mentiria. tas para poder chegar nos seus valores exatos. Veja o
A partir dessa situação, julgue o item a seguir. exemplo abaixo:
Caso S3 complete 40 anos de idade em 2020, S1 seja
8 anos mais novo que S3 e S2 seja 2 anos mais velho
*
x + y = 10
que S4, se em 2020 a soma de suas idades for igual a
140 anos, então é correto afirmar que S2 nasceu antes 4x - y = 5
de 1984.
A principal forma de resolver esse sistema é usan-
( ) CERTO  ( ) ERRADO do o método da substituição. Este método é muito sim-
ples, e consiste basicamente em duas etapas:
S3 tem 40 anos em 2020. S1 é 8 anos mais novo que
S3, ou seja, em 2020 sabemos que S1 terá 32 anos de 1. Isolar uma das variáveis em uma das equações;
idade. Como S2 é 2 anos mais velho que S4, podemos 2. Substituir esta variável na outra equação pela
dizer que: expressão achada no item anterior.
Idade de S2 = Idade de S4 + 2
Chamando de X1, X2, X3 e X4 para designar as respec- Vamos aplicar no nosso exemplo:
tivas idades no ano de 2020, podemos escrever que: Isolando “x” na primeira equação
326 X2 = X4 + 2 x = 10 – y
Substituindo “x” na segunda equação por “10-y” Fazendo a soma:
4(10-y) – y = 5 (faz uma distributiva)

(
40 – 4y – y = 5 - x - y = - 10
-5y = 5 – 40
-5y = -35 (multiplica por -1) x - 2y = 4
5y = 35 -3y = -6
y=7 y = -6 / -3
Logo, voltando na primeira equação acharemos o y= 2
valor de “x”
x = 10 – y Substituindo o valor de “y” na primeira equação
x = 10 – 7 achamos o valor de “x”:
x=3
Assim, x = 3 e y = 7. x + y = 10
x + 2 = 10
Dica x = 10 – 2
x=8
Método da substituição
1 - Isolar uma das variáveis em uma das equações;
Sistemas de equações do 2º grau
2 - Substituir esta variável na outra equação pela
expressão achada no item anterior.
Vamos usar o mesmo método principal para resol-
vermos os sistemas de equações do 2° grau que utili-
Há um outro método para resolver um sistema
zamos lá no sistema de equações do 1° grau, ou seja, o
de equação do 1° grau, que é o método da adição (ou
Método da Substituição. Veja um exemplo:
soma) de equações. Veja:

(
x+y=3
1. Multiplicar uma das equações por um número que
2 2
seja mais conveniente para eliminar uma variável. x -y =-3
2. Somar as duas equações, de forma a ficar apenas
com uma variável. Isolando x na primeira equação, temos que x =
3 – y. Efetuando a substituição na segunda equação,
Veja o exemplo abaixo: temos que:

(3 – y)2 – y2 = -3
*
x + y = 10
9 – 6y + y – y2 = -3
4x - y = 5 y=2
Logo, x = 3 – y = 3 – 2 = 1
Nesse exemplo não vamos precisar fazer uma mul-
tiplicação, pois já temos a condição necessária para
eliminarmos o “y” da equação. Então devemos fazer
apenas a soma das equações. Veja: EXERCÍCIOS COMENTADOS

*
x + y = 10 1. (VUNESP – 2018) Em um concurso somente para os
cargos A e B, cada candidato poderia fazer inscrição
4x - y = 5 para um desses cargos. Sabendo que o número de
5x = 15 candidatos inscritos para o cargo A era 3000 unidades
x=3 menor que o número de candidatos inscritos para o
cargo B, e que a razão entre os respectivos números,
Substituindo o valor de “x” na primeira equação nessa ordem, era igual a 0,4, então é verdade que o
achamos o valor de “y”: número de candidatos inscritos para o cargo B corres-
pondeu, do total de candidatos inscritos, a
x + y = 10
3 + y = 10 a) 3/7
y = 10 – 3 b) 5/9
y=7 c) 4/7
d) 2/3
Veja um outro exemplo que vamos precisar e) 5/7
multiplicar:
A = B – 3000
*
MATEMÁTICA

x + y = 10
A/B = 0,4
x - 2y = 4 A = 0,4B
Substituindo essa última equação na primeira,
Multiplicando por -1 a primeira equação, temos: temos:
0,4B = B – 3000

(
- x - y = - 10 3000 = B – 0,4B
x - 2y = 4 3000 = 0,6B
B = 3000/0,6
B = 5000 327
Lembrando que A = 0,4B, podemos obter o valor de VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS (Fi)
A: Masculino 34
A = 0,4 x 5000 Feminino 26
A = 2000
Total Observe que na coluna da esquerda colocamos as
A + B = 5000 + 2000 = 7000 categorias de valores que a variável pode assumir, ou
O número de inscritos para o cargo B, em relação seja, masculino e feminino, e na coluna da direita colo-
ao total, será: camos o número de Frequências, isto é, o número de
5000/7000 = 5/7. observações (ou repetições) relativas a cada um dos
Resposta: Letra E. valores. Veja, ainda, que foi analisada uma amostra de
60 pessoas, das quais 34 eram homens e 26 mulheres.
2. (FGV – 2017) O número de balas de menta que Júlia Estes são os valores de frequências absolutas. Pode-
tinha era o dobro do número de balas de morango. mos ainda representar as frequências relativas (per-
Após dar 5 balas de cada um desses dois sabores centuais): sabemos que 34 em 60 são 56,67%, e 26 em
para sua irmã, agora o número de balas de menta que 60 são 43,33%. Portanto, teríamos:
Júlia tem é o triplo do número de balas de morango. O
número total de balas que Júlia tinha inicialmente era: VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS
RELATIVAS (Fri)
a) 42;
Masculino 56,67%
b) 36;
c) 30; Feminino 43,33%
d) 27;
e) 24. Note que a frequência relativa é dada por Fi / n,
onde Fi é o número de frequências de determinado
Me = 2.Mo valor da variável, e n é o número total de observações.
Após dar 5 balas = Me – 5 e Mo – 5. Agora, as de Agora, vamos analisar uma tabela onde a variável
menta são o triplo das de morango: pode assumir um grande número de valores distintos.
Me – 5 = 3.(Mo – 5) Vamos representar na tabela a variável “Altura dos
Me – 5 = 3.Mo – 15 moradores de Campinas”:
Me = 3.Mo – 10
Na segunda equação podemos substituir Me por VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS (Fi)
2.Mo. 1,51m 12
2.Mo = 3.Mo – 10 1,54m 17
10 = 3.Mo – 2.Mo 1,57m 4
10 = Mo 1,60m 2
O valor de Me é:
1,63m 10
Me = 2.Mo
1,67m 5
Me = 2.10
1,75m 13
Me = 20
Total: 10 + 20 = 30 balas. Resposta: Letra C. 1,81m 15
1,89m 2

Quando isto acontece, é importante resumir os


dados de maneira que fique mais fácil para uma leitu-
RELAÇÃO ENTRE GRANDEZAS
ra e interpretação da tabela. Na ocasião, vamos criar
intervalos que chamaremos de “CLASSES”.
TABELAS E GRÁFICOS

Leitura e Interpretação de Tabelas e Gráficos CLASSE FREQUÊNCIAS (FI)


Apresentados em Diferentes Linguagens e 1,50 | - 1,60 33
Representações
1,60 | - 1,70 17
A apresentação de dados estatísticos por meio de 1,70 | - 1,80 13
tabelas e gráficos fazem parte do ramo da Estatística 1,80 | - 1,90 17
Descritiva. Esta tem por objetivo descrever um con-
junto de dados, resumindo as suas informações prin- O símbolo “|” significa que o valor que se encontra
cipais. Para isso, as tabelas e gráficos estatísticos são
ao seu lado está incluído na classe. Por exemplo, 1,50
ferramentas muito importantes.
| - 1,60 nos indica que as pessoas com altura igual a
Tabelas 1,50 são contadas entre as que fazem parte dessa clas-
se, porém as pessoas com exatamente 1,60 não são
Para descrever um conjunto de dados, um recurso contabilizadas.
muito utilizado são tabelas, como essa abaixo, refe- Veja abaixo novamente a última tabela, agora
rente à observação da variável “Sexo dos moradores com a coluna de frequências absolutas acumuladas à
328 de São Paulo”: direita:
Gráfico de Setores (ou de pizza)
FREQUÊNCIAS AB-
FREQUÊNCIAS
CLASSE SOLUTAS ACUMU-
(FI) Esse gráfico tem a vantagem de mostrar rapida-
LADAS (FCA)
mente a relação com o total de observações. Vamos
1,50 | - 1,60 33 33
supor que analisamos as notas trimestrais de alguns
1,60 | - 1,70 17 50 alunos. Veja como fica a disposição usando o gráfico
1,70 | - 1,80 13 63 de pizza.
1,80 | - 1,90 17 80

A coluna da direita exprime o número de indiví-


duos que se encontram naquela classe ou abaixo dela.
Ou seja, o número acumulado de frequências do valor
mais baixo da amostra (1,50m) até o valor superior
daquela classe. Perceba que, para obter o número 50,
bastou somar 17 (da classe 1,60| - 1,70) com 33 (da
classe 1,50| - 1,60). Isto é, podemos dizer que 50 pes-
soas possuem altura inferior a 1,70m (limite superior
da última classe). Analogamente, 63 pessoas possuem
altura inferior a 1,80m.

Gráficos Estatísticos

Uma outra maneira muito utilizada para a Estatís-


tica Descritiva são os gráficos. Vejamos abaixo alguns Gráfico de Linha
tipos.
São mais utilizados nas representações de séries
Colunas ou barras justapostas temporais. Vamos analisar a evolução de um ano para
o outro, se houve um crescimento ou um decréscimo
Utilizamos o gráfico de colunas ou barras justapos- no número de alunos dentre as séries que estão em
tas para dados agrupados por valor ou por atributo. evidência para estudo dentro da escola. Observe:
Vamos supor que estamos interessados nas idades de
alguns alunos. O gráfico relaciona as idades com as
respectivas frequências.

Histograma

É muito utilizado na representação gráfica de


Agora suponha, por exemplo, que queremos saber dados agrupados em classes (distribuição de fre-
a cidade natal de alguns alunos. Como algumas cida- quências). Imagine que realizamos uma pesquisa
des possuem nomes muito grandes, poderíamos optar sobre os salários dos funcionários de uma empresa
em usar um gráfico de barras justapostas. Veja: de cosméticos e obtivemos a seguinte distribuição de
frequências.

SALÁRIOS EM FREQUÊNCIA
MATEMÁTICA

MILHARES DE REAIS
10 – 15 15
15 – 20 17
20 – 25 13
25 – 30 7

Esses dados podem ser resumidos com um histo-


grama, como mostra o gráfico a seguir. 329
MATÉRIAS NOTAS (XI) PESO (PI)

Matemática 9,7 4

Física 8,8 4

Química 7,3 2

História 6,0 1

Biologia 5,7 1

Vamos calcular a média ponderada das notas des-


se aluno:
É importante destacar que a área de cada retângu-
lo é proporcional à frequência.
9,7 × 4 + 8,8 × 4 + 7,3×2 + 6,0×2 + 5,7×1
X=
CÁLCULO DE MÉDIAS E ANÁLISE DE DESVIOS DE
4+4+2+1+1
CONJUNTOS DE DADOS

Média Aritmética 38,8 + 35,2 + 14,6 + 6 +5,7


X=
5
A média aritmética é um valor que pode substituir
todos os elementos de uma lista sem alterar a soma
100,3
dos elementos da lista. Considere que há uma lista de
X= =20,06
n números (x1, x2, x3, ..., xn). A soma dos termos desta 5
lista é igual a (x1 + x2 + x3 + ... + xn).
Para calcular a média aritmética de uma lista de
números, basta somar todos os elementos e dividir Moda
pela quantidade de elementos. Ou seja,
A moda é definida como sendo aquele valor ou
valores que ocorrem com maior frequência em um
rol. É interessante saber que a moda pode não existir
e, quando existir, pode não ser única. Veja os exem-
plos abaixo:
Veja um exemplo: Calcular a média aritmética dos
números 5, 10, 15, 20, 50. A: {1;1;2;3;3;4;5;5;5;7} = Mo = 5
B: {3;4;6;8;9;11} = não tem moda
C: {2;3;3;3;5;6;6;7;7;7;8;9;10} = tem duas modas, ou
5+10+15+20+50
X= =
100
= 20. seja, M1 = 3 e M2=7.
5 Caminhando um pouco mais dentro do nosso
5
estudo de Estatística, vejamos agora um exemplo de
A média aritmética é igual a 20.
quando temos os dados dispostos em uma tabela com
Média Ponderada frequências e não agrupados em classes. Quando isso
acontece, a localização da moda é imediata, bastando
O cálculo da média aritmética ponderada (em que para isso, verificar na tabela, qual o valor associado à
levamos em consideração os pesos de cada parte), maior frequência. Observe:
devemos multiplicar cada parte pelo seu respectivo
peso, somar tudo e dividir pela soma dos pesos. Veja:
ESTATURA (M) FREQUÊNCIA

1,53 3

1,64 7
Interpretando a fórmula, temos uma lista de 1,71 10
números (x1, x2, x3, ..., xn) com pesos respectivos (p1, p2,
p3, ..., pn), então, a média aritmética ponderada é dada 1,77 15
pela fórmula apresentada acima.
1,80 5
Veja um exemplo: Um aluno prestou vestibular
para Engenharia e realizou provas de 1,81 2
Matemática, Física, Química, História e Biologia.
Suponha que o peso de Matemática seja 4, de Física 1,89 1
seja 4, de Química seja 2, de História seja 1 e de Bio-
logia seja 1. Suponha ainda que o estudante obteve as Na tabela acima, a maior frequência (15) está asso-
330 seguintes notas: ciada à altura 1,77. Portanto, a moda é 1,77.
Mediana Para sair do metro e chegar no centímetro, deve-
mos multiplicar por 100 (10x10), pois “andamos” duas
Uma outra medida que estudamos em Estatística casas até chegar em centímetro. Logo,
é a mediana (ou valor mediano), que é definida como
número que se encontra no centro de uma série de 5,3m = 5,3 x 100 = 530 cm.
números, estando estes de forma organizada segundo
um padrão. Ou seja, é o valor situado de tal forma no Medidas de Área (Superfície)
conjunto que o separa em dois subconjuntos de mes-
mo número de elementos. Veja os exemplos abaixo. A unidade principal tomada como referência é o
A: {2;2;3;8;9;9} = a mediana é 3. metro quadrado. Além dele, temos outras seis unidades
B: {1;5;5;7;8;9;9;9} = a mediana é a média entre os diferentes que servem para medir dimensões maiores
dois termos centrais, ou seja, (7+8)/2 = 7,5. ou menores. A conversão de unidades de superfície
Agora, observe esse outro exemplo abaixo e perce- segue potências de 100. Veja o esquema abaixo:
ba que os dados não estão ordenados.
C: {2;3;3;7;6;6;8;5;5;5} Km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
Para acharmos a mediana é necessário ordenar (quilômetro
quadrado)
(hectômetro
quadrado)
(decâmetro
quadrado)
(metro (decímetro (centímetro
quadrado) quadrado) quadrado)
(mlímetro
quadrado)
os números primeiro e depois fazer a média entre os
dois termos centrais, pois o número de elementos é ×100 ×100 ×100 ×100 ×100 ×100
par. Vejamos:
C: {2;3;3;5;5;5;6;6;7;8} = a mediana é a média entre
os termos centrais, ou seja, (5+5)/2 = 10. Km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2

Dica :100 :100 :100 :100 :100 :100

Moda = elemento(s) que mais aparece(m).


Exemplo: Converter 5,3 m2 para cm2.
Mediana = elemento central de um conjunto de
Para sair do metro quadrado e chegar no cen-
números. tímetro quadrado devemos multiplicar por 10000
� Se a quantidade de elementos for ímpar, (100x100), pois “andamos” duas casas até chegar em
então, a mediana é o termo do centro. centímetro quadrado. Logo:
� Se a quantidade de elementos for par, então,
5,3m2 = 5,3 x 10000 = 53000 cm2.
a mediana será a média entre os dois elementos
centrais. Medidas de Volume (Capacidade)

A unidade principal tomada como referência é o


metro cúbico. Além dele, temos outras seis unidades
SISTEMAS DE MEDIDAS USUAIS diferentes que servem para medir dimensões maiores
ou menores. A conversão de unidades de superfície
Sistema de Unidades de Medidas segue potências de 1000. Veja o esquema abaixo:

Quando estudamos o sistema de medidas, nos Km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3
atentamos ao fato de que ele serve para quantificar (quilômetro
cúbico)
(hectômetro
cúbico)
(decâmetro
cúbico)
(metro
cúbico)
(decímetro (centímetro
cúbico) cúbico)
(mlímetro
cúbico)
dimensões que podem ter uma variação gigantesca.
Porém, existem as conversões entre as unidades para
×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000
uma melhor interpretação e leitura.

Medidas de Comprimento Km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3

A unidade principal tomada como referência é o :1.000 :1.000 :1.000 :1.000 :1.000 :1.000
metro. Além dele, temos outras seis unidades dife-
rentes que servem para medir dimensões maiores ou
Exemplo: Converter 5,3 m3 para cm3.
menores. A conversão de unidades de comprimento
Para sair do metro cúbico e chegar no centímetro
segue potências de 10. Veja o esquema abaixo:
cúbico devemos multiplicar por 1000000 (1000x1000),
pois “andamos” duas casas até chegar em centímetro
Km hm dam m dm cm mm cúbico. Logo,
(quilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (mlímetro)
5,3m3 = 5,3 x 1000000 = 5300000 cm3.
MATEMÁTICA

Veja agora algumas relações interessantes e que


×10 ×10 ×10 ×10 ×10 ×10 você precisa ter em mente para resolver a diversas
questões.

Km hm dam m dm cm mm
UNIDADE RELAÇÃO DE UNIDADE
:10 :10 :10 :10 :10 :10 1 quilograma (kg) 1000 gramas (g)

1 tonelada (t) 1000 quilogramas (kg)


Exemplo: Converter 5,3 metros para centímetros. 331
UNIDADE RELAÇÃO DE UNIDADE Exemplo: um retângulo com 10 centímetros de
lado e 5 centímetros de altura, a área será:
1 litro (l) 1 decímetro cúbico (dm3)

1 mililitro (ml) 1centímetro cúbico (cm3) A = 10cm × 5cm = 50cm2

1 hectare (ha) 1 hectômetro quadrado (hm2) Quando trabalhamos o conceito e cálculo de áreas
1 hectare (ha) 10000 metros quadrados (m )2 das figuras geométricas, usamos a unidade ao quadra-
do que no nosso exemplo tínhamos centímetros e pas-
Medidas de Tempo samos para centímetros quadrados, que neste caso é a
unidade de área.
Medindo intervalos de tempos temos (hora – minu-
to – segundo) que são os mais conhecidos. Veja como Quadrado
se faz a relação nessa unidade:
Para transformar de uma unidade maior para a
Nada além de um retângulo no qual a base e a altu-
unidade menor, multiplica-se por 60. Veja:
1 hora = 60 minutos ra têm o mesmo comprimento, ou seja, todos os lados
4 h = 4 x 60 = 240 minutos do quadrado têm o mesmo comprimento, que chama-
Para transformar de uma unidade menor para a remos de L. Veja:
unidade maior, divide-se por 60. Veja:
20 minutos = 20 / 60 = 2/6 = 1/3 da hora ou 1/3h. L
Para medir ângulos a unidade básica é o grau.
Temos as seguintes relações:
1 grau equivale a 60 minutos (1º = 60’)
1 minuto equivale a 60 segundos (1’ = 60”) L L
Aqui vale fazer uma observação que os minutos e
os segundos dos ângulos não são os mesmos do sistema
(hora – minuto – segundo). Os nomes são semelhantes,
mas os símbolos que os indicam são diferentes, veja:
1h32min24s é um intervalo de tempo ou um ins- L
tante do dia.
1º 32’ 24” é a medida de um ângulo. A área também será dada pela multiplicação da
base pela altura (b x h). Como ambas medem L, tere-
mos L x L, ou seja:

NOÇÕES DE GEOMETRIA A = L2
FORMA, PERÍMETRO, ÁREA, VOLUME, ÂNGULO E
TEOREMA DE PITÁGORAS Trapézio

Retângulo Temos um polígono com 4 lados, sendo 2 deles


paralelos entre si, e chamados de base maior (B) e
Chamamos de retângulo um paralelogramo (polí- base menor (b). Temos, também, a sua altura (h) que
gono que tem 4 lados opostos paralelos) com todos os é a distância entre a base menor e a base maior. Veja
ângulos internos iguais a 90°. na figura abaixo:

b
b

h h h

B
b

Chamamos o lado “b” maior de base e o lado menor Conhecendo b, B e h, podemos calcular a área do
“h” de altura. trapézio através da fórmula abaixo:

z Área do Retângulo (B + b) # h
A=
2
Para calcularmos a área, vamos fazer a multipli-
cação de sua base (b) pela sua altura (h), conforme a Losango
fórmula:
É um polígono com 4 lados de mesmo comprimen-
332 A=b×h to. Veja abaixo:
Para calcular a área do triângulo, é preciso conhe-
L L
cer a sua altura (h):

L L

a c
Para calcular a área de um losango, vamos preci-
sar das suas duas diagonais: maior (D) e menor (d) de h
acordo com a figura a seguir:

L L b
d
O lado “b”, em relação ao qual a altura foi dada, é
D chamado de base. Assim, calcula-se a área do triângu-
L L lo utilizando a seguinte fórmula:

b#h
A=
2
Assim, a área do losango é dada pela fórmula
abaixo: Vamos conhecer os tipos de triângulos existentes:

„ Triângulo isósceles: é o triângulo que tem dois


D#d
A= lados iguais. Consequentemente, os 2 ângulos
2
internos da base são iguais (simbolizados na
figura pela letra A):
Paralelogramo

É um quadrilátero (4 lados) com os lados opostos


paralelos entre si. Esses lados opostos possuem o mes-
mo tamanho. a a
c
b

h
A A

C
b
„ Triângulo escaleno: é o triângulo que possui os
A área do paralelogramo também é dada pela mul- três lados com medidas diferentes, tendo tam-
bém os três ângulos internos distintos entre si:
tiplicação da base pela altura:

A=b×h

a B
Triângulo c

Trata-se de uma figura geométrica com 3 lados.


C A
Veja-a abaixo:
b

„ Triângulo equilátero: é o triângulo que tem


MATEMÁTICA

todos os lados iguais. Consequentemente, ele


terá todos os ângulos internos iguais:
a c

b 333
Essas fórmulas são chamadas de relações métricas
do triângulo retângulo.
A
a a Círculo
h
Todos os pontos estão a uma mesma distância em
relação ao centro do círculo ou circunferência. Cha-
A A mamos de raio e geralmente é representada por “r”.
Veja na figura abaixo:
a

Podemos calcular a altura usando a seguinte fórmula:

a 3
h=
2
r
Para calcular a área do triângulo equilátero usan-
do apenas o valor da medida dos lados (a), usamos a
fórmula a seguir:
2
a 3
A=
4
TEOREMA DE PITÁGORAS
A área de um círculo é dada pela fórmula: A = π ×
r2. Na fórmula, a letra π (“pi”) representa um número
Triângulo retângulo: possui um ângulo de 90°.
irracional que é, aproximadamente, igual a 3,14.
Vejamos um exemplo para calcular a área de um
círculo com 10 centímetros de raio:
B
c A = π × r2
a A = π × (10)2
A = π × 100
A
Substituindo π por 3,14, temos:
b
A = 3,14×100 = 314cm2
Temos as seguintes nomenclaturas para cada lado
do triângulo. Veja: O perímetro de uma circunferência que é a mesma
O ângulo marcado com um ponto é o ângulo reto coisa que o comprimento da circunferência, é dado por:
(90º). Oposto a ele temos o lado “c” do triângulo, que
chamaremos de hipotenusa. Já os lados “a” e “b”, que C=2×π×r
são adjacentes ao ângulo reto, são chamados de catetos.
O Teorema de Pitágoras nos dá uma relação entre Para exemplificar, agora vamos calcular o períme-
a hipotenusa e os catetos, dizendo que a soma dos tro daquela circunferência com 10cm de raio:
quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipote-
nusa: a2 = b2 + c2. C = 2 × 3,14 × 10
Agora vamos falar sobre algumas métricas interes- C = 6,28 × 10 = 62,8 cm
santes que estão presentes no triângulo retângulo.
O diâmetro (D) de uma circunferência é um seg-
mento de reta que liga um lado ao outro da circun-
ferência, passando pelo centro. Veja que o diâmetro
mede o dobro do raio, ou seja, 2r.
b h c

n m
C H B

Devemos nos atentar em relação a algumas fórmulas D = 2r


que são extraídas do triângulo acima que poderão nos aju-
dar com a resolução de algumas questões. Veja quais são:

h2 = m×n
b2 = m×a
c2 = n×a
334 b×c = a×h
Repare na figura abaixo. O cubo é um caso particular do paralelepípedo re-
to-retângulo, ou seja, basta que igualemos os valores
de a = b = c.
A
Para calcular o volume de um paralelepípedo reto-
-retângulo, devemos multiplicar suas três dimensões.
Veja:
α V=a×b×c

C B No caso do cubo, o volume fica:

V = a × a × = a3

Dica
As faces do paralelepípedo são retangulares,
enquanto as faces do cubo são todas quadradas.
Note que formamos uma região delimitada dentro do
A área total do cubo é a soma das 6 faces quadra-
círculo. Essa região é chamada de setor circular. Temos das. Ou seja,
ainda um ângulo central desse setor circular simbolizado
por α. Com base neste ângulo, conseguimos determinar a AT = 6a2
área do setor circular e o comprimento do segmento de
círculo compreendido entre os pontos A e B. Agora no paralelepípedo reto-retângulo temos 2
Sabemos que o ângulo central de uma volta com- retângulos de lados (a, b), dois retângulos de lados (b,
pleta no círculo é 360º. E também sabemos a área des- c) e dois retângulos de lados (b, c). Portanto, a área
total de um paralelepípedo é:
ta volta completa, que é a própria área do círculo ( π ×
r2). Vejamos como calcular a área do setor circular, em AT = 2ab + 2ac + 2bc
função do ângulo central “α”:
Prismas
360° ---------------------- π × r2
α ------------------------- Área do setor circular Vamos estudar os prismas retos, ou seja, aqueles
que têm as arestas laterais perpendiculares às bases.
2 Os prismas são figuras espaciais bem parecidas com
a # rr
Logo, área do setor circular = os cilindros. O que os difere é que a base de um prisma
360c não é uma circunferência.
Usando a mesma ideia, podemos calcular o com- O prisma será classificado de acordo com a sua
base. Por exemplo, se a base for um pentágono, o pris-
primento do segmento circular entre os pontos A e B,
ma será pentagonal.
cujo ângulo central é “α” e que o comprimento da cir-
cunferência inteira é 2 πr. Confira abaixo:

360° --------------- ------ 2 πr


α -------------------------- Comprimento do setor circular

Prisma Prisma Prisma Prisma


a # 2rr
Logo, comprimento do setor circular = triangular pentagonal hexagonal quadrangular
360c
GEOMETRIA ESPACIAL O volume para qualquer tipo de prisma será sem-
pre o produto da área da base pela altura. Veja:
Poliedros
V = Ab × h
São figuras espaciais formadas por diversas faces,
cada uma delas sendo um polígono regular que estu- A área total de um prisma será a soma da área late-
damos anteriormente. Vamos conhecer os principais ral com duas bases.
poliedros, destacando alguns pontos importantes
AT = Al + 2Ab
como área e volumes:
MATEMÁTICA

Cilindro
Paralelepípedo reto-retângulo e Cubo
Vamos estudar o cilindro reto cujas geratrizes são
perpendiculares às bases. Observe a figura seguir::
c a

b
a a
335
Altura

Geratriz
base (círculo)

Geratriz
Base

A distância entre as duas bases é chamada de altu- Vamos extrair algumas informações.
ra (h). Quando a altura do cilindro é igual ao diâmetro A base de um cone é um círculo, então a área da base é
da base, o cilindro é chamado de equilátero. πr2. Quando “abrimos” um cone, temos a figura a seguir:

Cilindro equilátero: ℎ = 2r

A base do cilindro é um círculo. Portanto, a área da G


base do cilindro é igual a πr2.
Perceba que se “desenrolarmos” a área lateral e
“abrirmos” todo o cilindro, temos o seguinte:

R
H H
Temos, também, a área lateral é dada pela fórmula
R C πrg , onde “g” é o comprimento da geratriz do cone.
Para calcularmos o volume de um cone, basta
R sabermos que equivale a 1/3 do produto entre a área
da base pela altura. Veja:
A área da superfície lateral do cilindro é igual a 2πℎ.
E o volume do cilindro é o produto da área da base 2
pela altura: V = πr2 × ℎ. rr h
V= 3
Esfera Dica
Em um cone equilátero a sua geratriz será igual
Quando estamos estudando a esfera, precisamos
ao diâmetro, ou seja, 2r.
lembrar de que tudo depende e gira em torno do
seu raio, ou seja, é o sólido geométrico mais fácil de
Pirâmides
trabalhar.
A base de uma pirâmide poderá ser qualquer polí-
gono regular, no caso estamos falando apenas de pirâ-
mides regulares.

O raio é simplesmente a distância do centro da es-


fera até qualquer ponto da sua superfície. O volume
da esfera é calculado usando a seguinte fórmula:
pirâmide pirâmide pirâmide
4 3 triangular quadrangular pentagonal
V = 3 # rr

E a área da superfície pela fórmula abaixo:

A = 4 × πr2

Cone

Observe a figura a seguir:

pirâmide pirâmide
336 hexagonal heptagonal
O segmento de reta que liga o centro da base a um Foi dado o perímetro dessa praça, que corresponde
ponto médio da aresta da base é denominado “apótema à soma de todos os lados. Logo:
da base”. Indicaremos por “m” o apótema da base. E o 2x + 2(x + 20) = 160
segmento que liga o vértice da pirâmide ao ponto médio 2x + 2x + 40 = 160
de uma aresta da base é denominado “apótema da pirâ- 4x = 120
mide”. Indicaremos por m′ o apótema da pirâmide. Veja: x = 30 m
A área, portanto, será:
Área = 30 x (30 + 20)
Área = 30 x 50 = 1500 m²
Como 70% está recoberta por grama, 100 – 70 = 30%
não é recoberta. Logo:
Área não recoberta = 0,3 x 1500 = 450 m². Resposta:
Letra A.
m1
2. (CESPE-CEBRASPE– 2018) Os lados de um terreno qua-
drado medem 100 m. Houve erro na escrituração, e ele
foi registrado como se o comprimento do lado medisse
10% a menos que a medida correta. Nessa situação, dei-
xou-se de registrar uma área do terreno igual a
m
a) 20 m²
b) 100 m²
c) 1.000 m²
A área lateral da pirâmide é dada por:
d) 1.900 m²
e) 2.000 m²
Aℓ = pm′
A área de um quadrado é L². Inicialmente os lados
A área total da pirâmide é dada por:
do quadrado deveriam medir L = 100 m, portanto a
área seria A = 100² = 10000 m². Porém, L foi regis-
AT = Ab + Aℓ trado com 10% a menos, ou seja, 100 – 10% x 100 =
90 m. Logo, a área passou a ser 90² = 8100 m².
O volume da pirâmide é calculado da mesma for- Então, a área que deixou de ser registrada foi de:
ma que o volume do cone: 1/3 do produto da área da 10000 – 8100 = 1900 m². Resposta: Letra D.
base pela altura. Veja:
3. (IDECAN – 2018) A figura a seguir é composta por
Ab # h losangos cujas diagonais medem 6 cm e 4 cm. A área
V= 3 da figura mede

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (VUNESP – 2018) Uma praça retangular, cujas medi-
das em metros, estão indicadas na figura, tem 160m
de perímetro.

a) 48 cm2.
× b) 50 cm2.
c) 52 cm2.
d) 60 cm2.
e) 64 cm2.

× + 20 Sendo D e d as diagonais de um losango, sua área é


dada por:
Figura fora de escala Área = D x d / 2 = 6 x 4 / 2 = 12cm2
Como ao todo temos 5 losangos, a área total é:
5 x 12 = 60cm2. Resposta: Letra D.
MATEMÁTICA

Sabendo que 70% da área dessa praça estão recober-


tos de grama, então, a área não recoberta com grama 4. (IBFC – 2017) A alternativa que apresenta o número
tem total de faces, vértices e arestas de um tetraedro é:

a) 450 m2. a) 4 faces triangulares, 5 vértices e 6 arestas


b) 500 m2. b) 5 faces triangulares, 4 vértices e 6 arestas
c) 400 m2. c) 4 faces triangulares, 4 vértices e 7 arestas
d) 350 m2. d) 4 faces triangulares, 4 vértices e 6 arestas
e) 550 m2. e) 4 faces triangulares, 4 vértices e 5 arestas 337
Um tetraedro é uma figura formada por 4 faces ape-
nas, veja: RESOLUÇÃO DE
SITUAÇÕES-PROBLEMA
V
IMPLICAÇÃO LÓGICA

a
a Dizemos que há uma implicação lógica sempre
que a proposição P for verdadeira e a proposição Q for
C verdadeira também. Veja o exemplo abaixo na tabela
verdade:
A
a P^Q⟹P↔Q
a

B P Q P^Q P↔Q
V V V V
Temos 4 vértices A, B, C e V. Também sabemos que V F F F
temos 4 faces. O número de arestas pode ser conta-
F V F F
do ou, então, obtido pela relação:
V+F=A+2 F F F V
4+4=A+2
A = 6 arestas . Podemos notar nitidamente que a conjunção entre
Resposta: Letra D. a proposição P e a proposição Q implica na bicondicio-
nal entre a proposição P e a proposição Q, pois quan-
5. (VUNESP – 2018) Em um reservatório com a forma
do a primeira assume o valor lógico verdadeiro na
de paralelepípedo reto retângulo, com 2,5 m de com-
segunda também encontramos o valor verdade.
primento e 2 m de largura, inicialmente vazio, foram
Vejamos mais um outro exemplo:
despejados 4 m³ de água, e o nível da água nesse
reservatório atingiu uma altura de x metros, conforme P↔Q⇒P→Q⇒Q→P
mostra a figura.
P Q P↔Q P→Q Q→P
V V V V V
V F F F V
F V F V F
F F V V V
×
Note agora que podemos afirmar que temos uma
h implicação realmente entre as proposições, pois
quando a proposição (P ↔ Q) assume valor verdade as
2 proposições (P → Q) e (Q → P) também assumem valor
verdadeiro.
2,5 Com a definição vista sobre a implicação, podemos
chegar a duas conclusões:
Sabe-se que para enchê-lo completamente, sem trans- Toda proposição implica uma tautologia.
bordar, é necessário adicionar mais 3,5 m³ de água. Apenas uma contradição implica outra.
Nessas condições, é correto afirmar que a medida da
altura desse reservatório, indicada por h na figura, é, PROPRIEDADE DE IMPLICAÇÃO LÓGICA
em metros, igual a
Propriedade Reflexiva
a) 1,25.
b) 1,5. Toda proposição composta implica nela mesma,
c) 1,75. uma vez que todas proposições as quais contém a
d) 2,0. mesma coluna final em suas tabelas-verdade, ou seja,
e) 2,5. P ⇒ P.

O volume total do reservatório é de 4 + 3,5 = 7,5m3. Propriedade Transitiva


Usando a fórmula para calcular o volume, ou seja,
Volume = comprimento x largura x altura Se P implica Q, e Q implica R, então, naturalmente,
7,5 = 2,5 x 2 x h podemos dizer que P implica R. Veja:
3=2xh
P⇒Q
h = 1,5m
Q⇒R
338 Resposta: Letra B. Então P ⇒ R.
Para acharmos uma conclusão lógica para esse
EXERCÍCIOS COMENTADOS enunciado é necessário fazer uso de diagramas lógi-
cos para facilitar a resolução. Veja:
1. (IBID - 2020) Considere falsas as seguintes proposi-
ções a seguir:
Sabe nadar

I. Ou Luna gosta de tango ou Levi gosta de samba. Contadores


II. Se Lia gosta de jazz, então Levi não gosta de samba.
Analisando-se as proposições, é possível concluir cor-
retamente que
Bombeiro Geraldo Geraldo

a) Luna gosta de tango e Levi gosta de samba.


b) se Levi gosta de samba, então Luna não gosta de
tango.
c) Lia não gosta de jazz ou Levi não gosta de samba.
d) Luna gosta de tango e Lia não gosta de jazz.
Analisando todas as alternativas, chegamos na con-
Veja que o enunciado afirmou que as sentenças são clusão de que a alternativa C é a única que podemos
falsas, então devemos começar pela condicional: ter 100% de certeza, pois é justamente a região de
I. Ou Luna gosta de tango (V) ou Levi gosta de samba interseção que demonstra isso uma vez que todo
(V). (Se a segunda parte sabemos que é V, então a pri- bombeiro tem que saber nadar obrigatoriamente de
meira terá que ser V também, pois a disjunção exclu-
acordo com o enunciado, sendo ele contador ou não.
siva é falsa quando as proposições têm valores iguais)
Resposta: Letra C.
II. Se Lia gosta de jazz (V), então Levi não gosta de sam-
ba (F). (A condicional só é falsa nessa situação VF)
Agora basta valorar as alternativas para achar o ASSOCIAÇÃO LÓGICA
gabarito:
a) Luna gosta de tango (V) e Levi gosta de samba Nas questões sobre associações normalmente tere-
(V). (verdadeira). Resposta: Letra A. mos um conjunto de pessoas e a uma série de infor-
mações com objetivo de associar cada pessoa algumas
2. (VUNESP - 2019) Sobre a família de Ana, sabe-se que características (ex.: idade, profissão, cores, animais
seu pai e sua tia são técnicos em suporte de informá- etc.). O objetivo principal é descobrir a correlação
tica. Sendo assim, conclui-se, corretamente, que entre os dados dessas informações.

a) João não é pai de Ana e, portanto, não é técnico em QUESTÕES DE ASSOCIAÇÃO


suporte de informática.
b) Ana é técnica em suporte de informática. Vamos entender e praticar com algumas questões a
c) Rita é técnica em suporte de informática e, portanto, é técnica básica para resolver esse tipo de questão. Tere-
tia de Ana.
mos que montar uma tabela, contendo todas as possí-
d) Ana não é técnica em suporte de informática.
veis associações, para então analisar as informações
e) Roberto não é técnico em suporte de informática e,
portanto, não é pai de Ana. dadas no enunciado. Sem mais delongas, vamos treinar.

Veja que se é pai e tia de Ana, então são técnicos


em suporte de informática. Agora basta uma pessoa
não ser técnico em suporte de informática para que EXERCÍCIOS COMENTADOS
ela não tenha a possibilidade de ser Pai ou Tia de
Ana. Logo, a alternativa E fala exatamente essa con- 1. (FCC - 2016) Amanda, Brenda e Carmen são: médica,
clusão, ou seja, se Roberto não é técnico em suporte engenheira e biblioteconomista, não necessariamente
de informática e, portanto, não é pai de Ana. nessa ordem. Comparando a altura das três, a bibliote-
Resposta: Letra E. conomista, que é a melhor amiga de Brenda, é a mais
baixa. Sabendo-se também que a engenheira é mais
3. (FCC - 2019) Considere que as seguintes premissas baixa do que Carmen, é necessariamente correto afir-
são verdadeiras: mar que

z Todo bombeiro sabe nadar. a) Brenda é médica.


z Geraldo é contador. b) Carmen é mais baixa que a médica.
z Alguns contadores sabem nadar.
MATEMÁTICA

c) Amanda é biblioteconomista.
d) Carmen é engenheira.
De acordo com essas premissas, é correto afirmar:
e) Brenda é biblioteconomista.
a) Geraldo é bombeiro.
b) Existem bombeiros que são contadores. Note que há 3 amigas, 3 profissões e 3 alturas na
c) Todo contador que também é bombeiro sabe nadar. questão. Precisamos associar cada amiga a uma
d) Geraldo não sabe nadar. altura e profissão já que não sabemos quem é quem.
e) Alguns contadores que sabem nadar, também são Vamos construir uma tabela relacionando as ami-
bombeiros. gas a cada profissão e altura. Veja: 339
AMIGA PROFISSÃO ALTURA Note que sobrou apenas a profissão “médica” para
médica, engenheira, Carmen e, com isso, sobra apenas “engenheira”
Amanda baixa, média, alta para Brenda. Como a engenheira é mais baixa do
biblioteconomista
que Carmen, então Carmen deve ser a mais alta e
médica, engenheira,
Brenda baixa, média, alta Brenda a do meio:
biblioteconomista
médica, engenheira,
Carmen baixa, média, alta AMIGA PROFISSÃO ALTURA
biblioteconomista
médica,
Você também poderia construir a tabela usando Amanda engenheira, baixa, média, alta
apenas as inicias de cada palavra para ganhar tem- biblioteconomista
po na prova, ok? A tabela ficaria assim: médica,
Brenda engenheira, baixa, média, alta
AMIGA PROFISSÃO ALTURA biblioteconomista
A m, e, b b, m, a médica,
Carmen engenheira, baixa, média, alta
B m, e, b b, m, a biblioteconomista
C m, e, b b, m, a

Bom! Agora vamos analisar as informações que a Agora já conseguimos associar cada amiga com
questão nos deu e eliminar os dados que não fazem uma profissão e uma altura. Vejamos: Amanda é a
sentido na tabela. mais baixa e biblioteconomista, Brenda é a de altura
Observe a passagem: “a biblioteconomista, que média e engenheira, e por fim Carmen que é a mais
é a melhor amiga de Brenda, é a mais baixa”. alta e médica. Resposta: Letra C.
Percebemos que Brenda não é a biblioteconomista
(pois ela é amiga da biblioteconomista) e não pode 2. (FUNRIO – 2012) André, Paulo e Raul possuem 30, 35 e 40
ser a mais baixa. Então vamos cortar essas opções anos de idade, não necessariamente nessa ordem. Eles
na tabela relacionada a Brenda. são engenheiro, médico e psicólogo, porém não se sabe
a correta associação entre nomes e profissão. Sabe-se,
porém, que André não tem 40 anos de idade nem é enge-
AMIGA PROFISSÃO ALTURA
nheiro, que Paulo possui 35 anos de idade, que Raul não é
médica, engenheira, médico, e que o médico não possui 30 anos de idade. Res-
Amanda baixa, média, alta
biblioteconomista pectivamente, as profissões de André, Paulo e Raul são:
médica, engenheira,
Brenda baixa, média, alta
biblioteconomista a) psicólogo, engenheiro e médico.
médica, engenheira, b) psicólogo, médico e engenheiro.
Carmen baixa, média, alta c) médico, psicólogo e engenheiro.
biblioteconomista
d) médico, engenheiro e psicólogo.
Nessa outra afirmação, temos: “a engenheira é e) engenheiro, médico e psicólogo
mais baixa do que Carmen”. Vemos que Carmen
não pode ser a engenheira e nem a mais baixa, então Primeiro precisamos montar nossa tabela e depois
cortamos na tabela também. interpretar o que a questão nos fornece.

AMIGA PROFISSÃO ALTURA


PESSOAS PROFISSÃO IDADE
médica,
Amanda engenheira, baixa, média, alta engenheiro, médico,
André 30, 35 ,40
biblioteconomista psicólogo
médica, en- engenheiro, médico,
Paulo 30, 35 ,40
Brenda genheira, baixa, média, alta psicólogo
biblioteconomista
engenheiro, médico,
médica, en- Raul 30, 35 ,40
psicólogo
Carmen genheira, baixa, média, alta
biblioteconomista
Na passagem “André não tem 40 anos de idade nem
Veja que obrigatoriamente sobrou “baixa” para é engenheiro” podemos cortar na tabela essas infor-
Amanda e por conseguinte ela é a biblioteconomista mações sobre André.
(o enunciado diz que a biblioteconomista é a mais
baixa). Nossa tabela fica assim: PESSOAS PROFISSÃO IDADE
AMIGA PROFISSÃO ALTURA engenheiro, médico,
André 30, 35 ,40
psicólogo
médica,
Amanda engenheira, baixa, média, alta engenheiro, médico,
Paulo 30, 35 ,40
biblioteconomista psicólogo
médica, engenheiro, médico,
Brenda engenheira, baixa, média, alta Raul 30, 35 ,40
psicólogo
biblioteconomista
médica, Veja que em “Paulo possui 35 anos de idade” e que
Carmen engenheira, baixa, média, alta “Raul não é médico”, vamos também atualizar nos-
biblioteconomista
340 sa tabela com as informações:
PESSOAS PROFISSÃO IDADE O cão de Rosana é branco. Podemos marcar essa
cor para ela, e eliminar as demais possibilidades.
André engenheiro, médico, psicólogo 30, 35 ,40
Também podemos cortar a cor branca das demais
Paulo engenheiro, médico, psicólogo 30, 35 ,40 irmãs:
Raul engenheiro, médico, psicólogo 30, 35 ,40
IRMÃ IDADE NOME DO CÃO COR DO CÃO
Sobrou a idade de 30 anos para André e na pas- Nova, do Preto, marrom,
Luciana Rex, Bobby, Touro
sagem “o médico não possui 30 anos de idade” meio, velha branco
podemos ver que André é o psicólogo, pois a questão Nova, do Preto, marrom,
já disse que ele também não é engenheiro. Por con- Rosana Rex, Bobby, Touro
meio, velha branco
seguinte, Raul tem 40 anos e é o engenheiro. Assim:
Nova, do Preto, marrom,
Joana Rex, Bobby, Touro
meio, velha branco
PESSOAS PROFISSÃO IDADE
André engenheiro, médico, psicólogo 30, 35 ,40 “Sabe-se que Rex, um cão marrom, não é de Joana
Paulo engenheiro, médico, psicólogo 30, 35 ,40 e pertence à irmã com idade do meio. Rosana, que
Raul engenheiro, médico, psicólogo 30, 35 ,40 não é a mais nova, tem um cão branco que não é
o Touro”. Veja que Rex só pode ser de Luciana ou
Rosana. Mas Rex é marrom, e o cão de Rosana é
Logo, respectivamente, as profissões de André, branco. Logo, Rex só pode ser de Luciana. Como Rex
Paulo e Raul são: psicólogo, médico e engenheiro. é da irmã do meio, esta também é Luciana. Assim:
Resposta: Letra B.

3. (FCC - 2013) As irmãs Luciana, Rosana e Joana, de IRMÃ IDADE NOME DO CÃO COR DO CÃO
idades diferentes, possuem cada uma delas apenas Nova, do meio, Rex, Bobby, Preto, marrom,
Luciana
um cão de estimação. Os nomes dos cães são: Rex, velha Touro branco
Bobby e Touro. Um dos cães é preto, outro é marrom Nova, do meio, Rex, Bobby, Preto, marrom,
e o outro é branco. A ordem expressa na questão não Rosana
velha Touro branco
representa a ordem das cores nem a ordem das donas.
Sabe-se que Rex, um cão marrom, não é de Joana e Nova, do meio, Rex, Bobby, Preto, marrom,
Joana
pertence à irmã com idade do meio. Rosana, que não velha Touro branco
é a mais nova, tem um cão branco que não é o Touro.
Sendo assim, é possível concluir corretamente que Repare que sobrou para Rosana apenas a opção de
ser a irmã mais velha, e ser dona do Bobby. Com isso,
a) Rex é marrom e é de Rosana.
b) Bobby é branco e é de Luciana. sobra para Joana apenas a opção de ser a irmã mais
c) Touro não é branco e pertence a Rosana. nova, ser dona do Touro, e ser este cão da cor preta:
d) Touro não é marrom e pertence à irmã mais nova.
e) Rosana é a dona de Bobby que é preto. IRMÃ IDADE NOME DO CÃO COR DO CÃO
Nova, do meio, Rex, Bobby, Touro Preto, marrom,
Montando a tabela: Luciana
velha branco
Nova, do Rex, Bobby, Touro Preto, marrom,
Rosana
IRMÃ IDADE NOME DO CÃO COR DO CÃO meio, velha branco
Nova, do Rex, Bobby, Preto, mar- Nova, do Rex, Bobby, Touro Preto, marrom,
Luciana Joana
meio, velha branco
meio, velha Touro rom, branco
Nova, do Rex, Bobby, Preto, mar-
Rosana
meio, velha Touro rom, branco Com isso, podemos analisar as alternativas e achar
Nova, do Rex, Bobby, Preto, mar- como gabarito a alternativa D que diz: Touro não
Joana é marrom e pertence à irmã mais nova. Resposta:
meio, velha Touro rom, branco
Letra D.
Vamos utilizar as informações dadas no enunciado
para “cortar” algumas das possibilidades e marcar 4. (VUNESP - 2019) Carlos, Denis, Elvis e Flávio têm 1,
outras. “Sabe-se que Rex, um cão marrom, não é de 2, 3 ou 4 netos, um veículo de marca diferente, sendo
Joana e pertence à irmã com idade do meio. Rosana, as marcas A, B, C ou D, e moram em cidades distin-
que não é a mais nova, tem um cão branco que não
tas, sendo Sorocaba, Itu, Valinhos, ou Araraquara, não
é o Touro”. Assim, perceba que Rex não é de Joana.
E que Rosana não é a mais nova, e não é dona do necessariamente nessas ordens. Sabe-se que:
Touro. Até aqui temos:
MATEMÁTICA

z Carlos, que mora em Valinhos, tem mais netos do que


Denis e do que quem tem o carro da marca A;
IRMÃ IDADE NOME DO CÃO COR DO CÃO
z Denis tem o carro da marca D;
Nova, do Preto, marrom, z Quem mora em Sorocaba tem o carro da marca A;
Luciana Rex, Bobby, Touro
meio, velha branco
z O morador de Itu tem menos netos do que Elvis e do
Nova, do Preto, marrom, que quem tem o carro da marca C;
Rosana Rex, Bobby, Touro
meio, velha branco
z Quem mora em Araraquara tem 2 netos e não tem o
Nova, do Preto, marrom, carro da marca D;
Joana Rex, Bobby, Touro
meio, velha branco
z Quem tem o carro da marca B tem 4 netos. 341
Com essas informações, assinale a alternativa que MARCAS
contém uma associação correta. NOMES NETOS CIDADES
DE CARRO
a) Quem mora em Valinhos tem o carro da marca C. Sorocaba, Itu,
b) Quem mora em Itu tem o carro da marca D. Denis 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos,
c) Flávio mora em Sorocaba. Araraquara
d) Elvis tem 4 netos. Sorocaba, Itu,
e) Flávio tem 3 netos. Elvis 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos,
Araraquara
Vamos montar a tabela e analisar as afirmações: Sorocaba, Itu,
Flávio 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos,
MARCAS DE Araraquara
NOMES NETOS CIDADES
CARRO
Sorocaba, Itu, Sabe-se que “Quem mora em Araraquara tem 2
Carlos 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos, netos e não tem o carro da marca D” (sabendo
Araraquara disso então Denis não mora em Araraquara e não
Sorocaba, Itu, tem 2 netos) e “Quem tem o carro da marca B tem
Denis 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos, 4 netos” (Denis não pode ter 4 filhos)
Araraquara
Sorocaba, Itu, MARCAS
NOMES NETOS CIDADES
Elvis 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos, DE CARRO
Araraquara Sorocaba, Itu,
Sorocaba, Itu, Carlos 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos,
Flávio 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos, Araraquara
Araraquara Sorocaba, Itu, Vali-
Denis 1, 2, 3, 4 A, B, C, D
nhos, Araraquara
De acordo com as primeiras afirmações: “Carlos,
Sorocaba, Itu, Vali-
que mora em Valinhos, tem mais netos do que Elvis 1, 2, 3, 4 A, B, C, D
nhos, Araraquara
Denis e do que quem tem o carro da marca A”
(Carlos não pode ter apenas 1 neto, também não Sorocaba, Itu, Vali-
Flávio 1, 2, 3, 4 A, B, C, D
tem o carro da marca A, mora em Valinhos e Denis nhos, Araraquara
não tem 4 netos) e “Denis tem o carro da marca
D” podemos atualizar nossa tabela:
Perceba que sobrou a cidade de Itu para Denis e
fazemos mais uma atualização na nossa tabela cor-
MARCAS
NOMES NETOS CIDADES tando ou circulando as informações que tiramos
DE CARRO
das afirmações do enunciado.
Sorocaba, Itu,
Carlos 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos,
Araraquara MARCAS
NOMES NETOS CIDADES
DE CARRO
Sorocaba, Itu,
Denis 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos, Sorocaba, Itu,
Araraquara Carlos 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos,
Araraquara
Sorocaba, Itu,
Elvis 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos, Sorocaba, Itu, Vali-
Denis 1, 2, 3, 4 A, B, C, D
Araraquara nhos, Araraquara

Sorocaba, Itu, Sorocaba, Itu, Vali-


Elvis 1, 2, 3, 4 A, B, C, D
Flávio 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos, nhos, Araraquara
Araraquara Sorocaba, Itu, Vali-
Flávio 1, 2, 3, 4 A, B, C, D
nhos, Araraquara
Prosseguindo analisando as afirmações “Quem
mora em Sorocaba tem o carro da marca A” Nesse momento, eu paro e te mostro uma dica
(Denis não mora em Sorocaba, pois tem o carro da infalível para esse tipo de questão: toda vez que
marca D) e “O morador de Itu tem menos netos
tivermos uma tabela grande, interprete todas
do que Elvis e do que quem tem o carro da mar-
as informações que estão claras e depois ten-
ca C” (Elvis não mora em Itu, não tem apenas 1 neto
e não tem o carro de marca C), assim temos uma te achar a resposta! Perceba que olhando para as
nova atualização: alternativas já temos o nosso gabarito, pois na letra
B fala exatamente o que já achamos até aqui, ou
seja, Denis mora em Itu e tem um carro da marca D.
MARCAS
NOMES NETOS CIDADES Caso você não encontre o gabarito usando essa dica,
DE CARRO
volte e tente interpretar de maneira mais minucio-
Sorocaba, Itu, sa as informações, mas lembre-se: todo tempo é
Carlos 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos, valioso na hora da prova, então seja estrate-
Araraquara
342 gista sempre. Resposta: Letra B.
5. (COLÉGIO PEDRO II - 2017) Os professores Alfa, Beta
e Gama lecionam Física, Química e Matemática, não HORA DE PRATICAR!
necessariamente nesta ordem. Sabe-se também que
um deles é especialista, outro é mestre e o outro, doutor. 1. (VUNESP – 2019) Considere que haja elementos em
Sobre eles são feitas as seguintes afirmações: todas as seções e interseções do diagrama.

z Alfa não é o professor especialista; D


z Beta não leciona Física;
A
z O professor de Matemática é o mestre;
z Gama é o doutor.

A partir das informações acima, é correto afirmar que

a) Alfa leciona Química e é especialista.


b) Beta leciona Matemática e é mestre.
c) Beta leciona Química e é especialista. C
d) Gama leciona Química e é doutor.
B
Precisamos montar uma tabela relacionando pro-
fessores, disciplina e qualificação. Então temos: A partir dessas informações, é correto afirmar que

PESSOAS DISCIPLINAS QUALIFICAÇÕES a) qualquer elemento de C, que não é elemento de B, é


também elemento de A ou de D.
Física, Química, Especialista, Mestre,
Alfa b) todos os elementos de D, que não são elementos ape-
Matemática Doutor
nas de D, são também elementos de A e de B e de C.
Física, Química, Especialista, Mestre, c) qualquer elemento que pertença a três desses conjun-
Beta
Matemática Doutor tos pertence ao conjunto B.
Física, Química, Especialista, Mestre, d) dentre os elementos que pertencem a dois, e apenas
Gama dois conjuntos, não há elemento de C que também
Matemática Doutor
seja elemento de A.
Agora vamos analisar as informações para atuali- e) todo elemento de A, que não é elemento de B e não é
zarmos nossa tabela. Sobre eles são feitas as seguin- elemento de D, é também elemento de C ou apenas
tes afirmações: elemento de A.
� Alfa não é o professor especialista; (já pode-
mos cortar especialista) 2. (VUNESP – 2019) Ao todo são 33 elementos no con-
� Beta não leciona Física; (aqui cortamos Física) junto B. Todo elemento de B é também elemento do
� O professor de Matemática é o mestre; (não conjunto A, e desses, 19 são também elementos
fazemos nada por enquanto) do conjunto C. Ao todo são 48 elementos no con-
� Gama é o doutor. (Circulamos doutor e corta- junto C, e desses, 13 são elementos apenas de C. O
mos matemática) conjunto A possui 60 elementos. O número total de
elementos desses três conjuntos é

PESSOAS DISCIPLINAS QUALIFICAÇÕES a) 78.


Física, Química, Especialista, Mestre, b) 85.
Alfa
Matemática Doutor c) 67.
Física, Química, Especialista, Mestre, d) 91.
Beta e) 73
Matemática Doutor
Física, Química, Especialista, Mestre, 3. (VUNESP – 2015) Leia o texto a seguir para respon-
Gama
Matemática Doutor der à questão.
Uma pesquisa com uma amostra de jovens entre 18
Perceba que agora já conseguimos completar nossa e 25 anos de uma comunidade revelou que 70% deles
tabela, pois sobrou apenas a qualificação de mes- estudam e que 50% deles trabalham. A pesquisa mos-
tre para Alfa e automaticamente ele é professor de trou ainda que 40% desses jovens trabalham e estudam.
matemática. A partir disso as outras informações É correto afirmar que o percentual de jovens entre 18
irão se completar. Veja: e 25 anos dessa comunidade que não estudam e não
trabalham é de
PESSOAS DISCIPLINAS QUALIFICAÇÕES
a) 60%
MATEMÁTICA

Física, Química, Especialista, Mestre, b) 50%


Alfa
Matemática Doutor c) 40%
Física, Química, Especialista, Mestre, d) 30%
Beta e) 20%
Matemática Doutor
Física, Química, Especialista, Mestre,
Gama 4. (VUNESP – 2019) Uma banqueteira quer preparar
Matemática Doutor
pratos com salgadinhos para uma festa. Cada pra-
to deve conter 3 coxinhas, 5 empadas e 7 croque-
Resposta: Letra C. tes. O responsável pelos salgadinhos enviou 200 343
coxinhas, 300 empadas e 400 croquetes. A banque- 9. (VUNESP – 2019) O preço x subiu 20% e agora é y. O
teira preparou o maior número de pratos possível, preço y caiu 40% e agora é z. O preço z é menor que
conforme o plano original. O número de salgadi- x em
nhos que não foram colocados nos pratos é
a) 30%
a) 53. b) 25%
b) 62. c) 20%
c) 45. d) 28%
d) 48. e) 18%
e) 55.
10. (VUNESP – 2019) Após as filmagens, o tempo de
5. (VUNESP – 2019) Considere três números naturais, duração de um filme era de 2 horas e 50 minutos. Os
representados por x, y e z, respectivamente. Sabe- produtores queriam diminuir esse tempo em 20%, e
-se que a divisão de x por 5 resulta no quociente y o diretor achava que precisava aumentar esse tem-
e resto 3, e que a divisão de y por 5 resulta no quo-
po em 10%. A diferença de tempo da duração total
ciente z e resto 1, e que a divisão dez por 5 resulta
do filme entre essas duas pretensões é de
no quociente 3 e resto 4. O resultado de x – y é
a) 30 minutos.
a) 391.
b) 58 minutos.
b) 413.
c) 45 minutos.
c) 402.
d) 425. d) 63 minutos.
e) 387. e) 51 minutos.

6. (VUNESP – 2019) Tinha em um carrinho 384 maçãs e 11. (VUNESP – 2019) A média aritmética simples dos
saí pelas ruas. Dei, na primeira rua por que passe, 2/3das números 9, 12, 13, 16, 16 e 24 é a soma de todos
maçãs que tinha no carrinho. Comi metade de uma eles dividida por 6. O maior desses números supera
das maçãs que ainda estavam no carrinho. Na segun- essa média aritmética simples em
da rua por que passei dei 2/3 das maçãs que tinha no
carrinho e, em seguida, novamente comi metade de a) 55%
uma das maçãs que estavam no carrinho. Na tercei- b) 60%
ra rua por que passei dei 2/3das maçãs que tinha no c) 45%
carrinho e, nesse momento, eu ainda tinha no carrinho d) 65%
uma quantidade de maçãs igual a e) 50%

a) 19. 12. (VUNESP – 2019 O planejamento de um filme era


b) 17,5. que ele durasse 1 hora e 40 minutos. Os atores do
c) 21,5. filme reclamaram e o diretor aumentou esse tempo
d) 14. em 15%. Ao serem realizadas as filmagens verifi-
e) 9. cou-se que o tempo excedeu o tempo planejado (já
com os 15% de acréscimo) em 20%. Desse modo o
7. (VUNESP – 2019) No primeiro concurso de culinária, tempo total do filme, após esses aumentos, é de
com 165 participantes, a razão entre o número de
homens e o número total de participantes foi 3/11 a) 2 horas e 25 minutos.
sendo que essa razão se repetiu no segundo concur- b) 2 horas e 20 minutos.
so, que teve um total de 231 participantes. A dife- c) 2 horas e 18 minutos.
rença entre o número de homens que participaram
d) 2 horas e 27 minutos.
do segundo e do primeiro concursos foi igual a
e) 2 horas e 15 minutos.
a) 14.
13. (VUNESP – 2015) Em 2013, foi destinada uma verba
b) 28.
anual V para a realização de um determinado proje-
c) 23.
to. No ano seguinte, devido a um problema de caixa, a
d) 18.
e) 25. verba anual destinada ao mesmo projeto sofreu uma
diminuição de 20% em relação à verba V. Neste ano de
8. (VUNESP – 2019) Sobre o preço P de venda de deter- 2015, com a melhoria da situação do caixa, está pre-
minado produto, aplicou-se um aumento de 15% e, visto, como verba anual para ser aplicada no mesmo
sobre o novo preço de venda do produto, aplicou-se, projeto, um valor total superior em 25% ao da verba
dias depois, um desconto de 10%. Após essas duas destinada em 2014. Desconsiderando-se a inflação
mudanças, comparado ao preço P, o preço final de desse período, pode-se afirmar que o valor previsto
venda do produto aumentou para a verba de 2015 corresponde, de V, a:

a) 3,0% a) 99,5%
b) 5,0% b) 95%
c) 4,5% c) 100,5%
d) 4,0% d) 100%
344 e) 3,5% e) 105%
14. (VUNESP – 2019) Considere apenas os dados a seguir 19. (VUNESP – 2019) Em uma enquete na qual as pes-
para resolver a questão. Fiz uma viagem que durou 1 soas deveriam escolher apenas um dentre A ou B,
hora e 30 minutos, a 60 km/h. Para ter gasto 20% a a razão entre o número de votos em A e o número
menos do tempo de viagem, a minha velocidade deve- de votos em B foi 7/13.Foram 102 votos a mais em
ria ter sido de B do que em A. O número de pessoas que votaram
nessa enquete foi
a) 70 km/h.
b) 68 km/h. a) 285.
b) 298.
c) 75 km/h.
c) 317.
d) 72 km/h.
d) 352.
e) 64 km/h.
e) 340.
15. (VUNESP – 2019) Considere apenas os dados a seguir 20. (VUNESP – 2017) Os preços de venda de um mes-
para resolver a situação. Suponha que viajando a 65 mo produto nas lojas X, Y e Z são números inteiros
km/h minha viagem durou exatamente 2 horas e 15 representados, respectivamente, por x, y e z. Saben-
minutos. Suponha também que essa mesma viagem do-se que x + y = 200, x + z =150 e y + z = 190, então
fosse feita a 75 km/h. Nesse caso, o tempo de viagem a razão x/y é:
diminuiria em
a) 3/5
a) 18 minutos. b) 4/9
b) 28 minutos. c) 2/3
c) 15 minutos. d) 3/8
d) 13 minutos. e) 1/3
e) 35 minutos.
9 GABARITO
16. (VUNESP – 2019) Após a filmagem, o diretor de um
filme achou que o tempo de duração de 3 horas e 40 1 E
minutos era longo demais. Ele fez cortes e a duração
original foi reduzida em 20%. Consultados, os produto- 2 E
res sugeriram que fossem feitos mais cortes para que
3 E
o tempo de duração, apresentado pelo diretor, fosse
reduzido em 25%. Desse modo, o tempo de duração 4 C
do filme desejado pelos produtores é
5 E
a) 2 horas e 56 minutos. 6 D
b) 2 horas e 12 minutos.
c) 2 horas e 24 minutos. 7 D
d) 2 horas e 42 minutos.
e) 2 horas e 06 minutos. 8 E

9 D
17. (VUNESP – 2019) Considere que 1 mililitro contém 20
gotas e que 1 gota contém 3 microgotas. Um paciente 10 E
está recebendo soro fisiológico na razão de 4 micro-
11 B
gotas a cada 5 segundos.
Nessas condições, o tempo mínimo para que seja 12 C
administrado ao paciente 300 mL de soro é
13 D
a) 6 horas.
14 C
b) 5 horas e 40 minutos.
c) 5 horas e 25 minutos. 15 A
d) 5 horas e 15 minutos.
e) 6 horas e 15 minutos. 16 B

17 E
18. (VUNESP – 2019) Em uma enquete, cada pessoa deve-
ria escolher um dentre prato salgado ou prato doce. 18 A
Um grupo de 168 pessoas participou da enquete e
observou-se que a razão entre o número de votos para 19 E
prato salgado e o número de votos para prato doce 20 C
MATEMÁTICA

foi 5/7 Dentre aqueles que votaram no prato doce, o


número de pessoas que deveriam trocar sua escolha 21 D
para que essa razão se tornasse3/1 é igual a
22 D
a) 56. 23 B
b) 60.
c) 48. 24 C
d) 64.
25 A
e) 68. 345
ANOTAÇÕES

346
z Visão de Tarefas – permite alternar entre os pro-
gramas em execução e abre novas áreas de traba-
lho. Seu atalho de teclado é: Windows+TAB.
z Microsoft Edge – navegador de Internet padrão
do Windows 10. Ele está configurado com o busca-
INFORMÁTICA dor padrão Microsoft Bing, mas pode ser alterado.
z Microsoft Loja – loja de app’s para o usuário bai-
xar novos aplicativos para Windows.
z Windows Mail – aplicativo para correio eletrôni-
co, que carrega as mensagens da conta Microsoft
MS-WINDOWS 10 e pode se tornar um hub de e-mails com adição de
outras contas.
NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS: z Barra de Acesso Rápido – ícones fixados de pro-
WINDOWS 10 gramas para acessar rapidamente.
z Fixar itens – em cada ícone, ao clicar com o botão
O sistema operacional Windows foi desenvolvido direito (secundário) do mouse, será mostrado o
pela Microsoft para computadores pessoais (PC) em menu rápido, que permite fixar arquivos abertos
recentemente e fixar o ícone do programa na bar-
meados dos anos 80, oferecendo uma interface gráfi-
ra de acesso rápido.
ca baseada em janelas, com suporte para apontadores
z Central de Ações – centraliza as mensagens de segu-
como mouses, touch pad (área de toque nos portáteis), rança e manutenção do Windows, como as atuali-
canetas e mesas digitalizadoras. zações do sistema operacional. Atalho de teclado:
Atualmente, o Windows é oferecido na versão 10, Windows+A (Action). A Central de Ações não precisa
que possui suporte para os dispositivos apontadores ser carregada pelo usuário, ela é carregada automa-
tradicionais, além de tela touch screen e câmera (para ticamente quando o Windows é inicializado.
acompanhar o movimento do usuário, como no siste- z Mostrar área de trabalho – visualizar rapida-
ma Kinect do videogame X – Box). mente a área de trabalho, ocultando as janelas
Em concursos públicos, as novas tecnologias e que estejam em primeiro plano. Atalho de teclado:
suportes avançados são raramente questionados. As Windows+D (Desktop).
questões aplicadas nas provas envolvem os concei- z Bloquear o computador – com o atalho de tecla-
tos básicos e o modo de operação do sistema opera- do Windows+L (Lock), o usuário pode bloquear o
computador. Poderá bloquear pelo menu de con-
cional em um dispositivo computacional padrão (ou
trole de sessão, acionado pelo atalho de teclado
tradicional).
Ctrl+Alt+Del.
O sistema operacional Windows é um software z Gerenciador de Tarefas – para controlar os apli-
proprietário, ou seja, não tem o núcleo (kernel) dispo- cativos, processos e serviços em execução. Atalho
nível e o usuário precisa adquirir uma licença de uso de teclado: Ctrl+Shift+Esc.
da Microsoft. z Minimizar todas as janelas – com o atalho de
O Windows 10 apresenta algumas novidades em teclado Windows+M (Minimize), o usuário pode
relação às versões anteriores, como assistente virtual, minimizar todas as janelas abertas, visualizando
navegador de Internet, locais que centralizam infor- a área de trabalho.
mações etc. z Criptografia com BitLocker – o Windows oferece
o sistema de proteção BitLocker, que criptografa
z Botão Iniciar – permite acesso aos aplicativos ins- os dados de uma unidade de disco, protegendo
talados no computador, com os itens recentes no contra acessos indevidos. Para uso no computador,
uma chave será gravada em um pendrive, e para
início da lista e os demais itens classificados em
acessar o Windows, ele deverá estar conectado.
ordem alfabética. Combina os blocos dinâmicos e z Windows Hello – sistema de reconhecimento
estáticos do Windows 8 com a lista de programas facial ou biometria, para acesso ao computador
do Windows 7. sem a necessidade de uso de senha.
z Pesquisar – com novo atalho de teclado, a opção z Windows Defender – aplicação que integra recur-
pesquisar permite localizar, a partir da digitação sos de segurança digital, como o firewall, antivírus
de termos, itens no dispositivo, na rede local e na e antispyware.
Internet. Para facilitar a ação, tem-se o seguinte
atalho de teclado: Windows+S (Search). Dica
z Cortana – assistente virtual. Auxilia em pesquisas
de informações no dispositivo, na rede local e na O botão direito do mouse aciona o menu de con-
Internet. texto, sempre.

CONCEITO DE PASTAS, DIRETÓRIOS, ARQUIVOS E


Importante! ATALHOS
INFORMÁTICA

A assistente virtual Cortana é uma novidade do No Windows 10, os diretórios são chamados de pas-
Windows 10 que está aparecendo em provas tas e algumas pastas são especiais, contendo coleções
de concursos com regularidade. Semelhante de arquivos que são chamadas de Bibliotecas. Ao todo
ao Google Assistente (Android), Siri (Apple) e são quatro Bibliotecas: Documentos, Imagens, Músi-
Alexa (Amazon), essa integra recursos de aces- cas e Vídeos. O usuário poderá criar Bibliotecas para
sibilidade por voz para os usuários do sistema sua organização pessoal, uma vez que elas otimizam
operacional. a organização dos arquivos e pastas, inserindo apenas
ligações para os itens em seus locais originais. 347
Pasta com Pasta sem Pasta vazia
subpasta subpasta

O sistema de arquivos NTFS (New Technology File System) armazena os dados dos arquivos em localizações
dos discos de armazenamento. Por sua vez, os arquivos possuem nome e podem ter extensões.
O sistema de arquivos NFTS suporta unidades de armazenamento de até 256 TB (terabytes, trilhões de bytes)
O FAT32 suporta unidades de até 2 TB.
Antes de prosseguir, vamos conhecer estes conceitos.

TERMO SIGNIFICADO OU APLICAÇÃO


Unidade de disco de armazenamento permanente, que possui um sistema de arquivos e
Disco de armazenamento
mantém os dados gravados

Estruturas lógicas que endereçam as partes físicas do disco de armazenamento. NTFS,


Sistema de Arquivos
FAT32, FAT são alguns exemplos de sistemas de arquivos do Windows.

Trilhas Circunferência do disco físico (como um hard disk HD ou unidades removíveis ópticas)

Setores São ‘fatias’ do disco, que dividem as trilhas

Clusters Unidades de armazenamento no disco, identificado pela trilha e setor onde se encontra.

Pastas ou diretórios Estrutura lógica do sistema de arquivos para organização dos dados na unidade de disco

Arquivos Dados. Podem ter extensões.

Pode identificar o tipo de arquivo, associando com um software que permita visualização
Extensão
e/ou edição. As pastas podem ter extensões como parte do nome.

Arquivos especiais, que apontam para outros itens computacionais, como unidades, pas-
Atalhos tas, arquivos, dispositivos, sites na Internet, locais na rede etc. Os ícones possuem uma
seta, para diferenciar dos itens originais.

O disco de armazenamento de dados tem o seu tamanho identificado em Bytes. São milhões, bilhões e até tri-
lhões de bytes de capacidade. Os nomes usados são do Sistema Internacional de Medidas (SI) e estão listados na
escala a seguir.

Exabyte
(EB)
Petabyte
(PB)
Terabyte
(TB)
Gigabyte trilhão
(GB)
Megabyte
bilhão
(MB)
Kilobyte milhão
(KB) mil
Byte
(B)

Ainda não temos discos com capacidade na ordem de Petabytes (PB – quatrilhão de bytes) vendidos comercial-
mente, mas quem sabe um dia... Hoje estas medidas muito altas são usadas para identificar grandes volumes de
dados na nuvem, em servidores de redes, em empresas de dados etc.
Vamos falar um pouco sobre Bytes: 1 Byte representa uma letra, ou número, ou símbolo. Ele é formado por 8
bits, que são sinais elétricos (que vale zero ou um). Os dispositivos eletrônicos utilizam o sistema binário para repre-
sentação de informações.
A palavra “Nova”, quando armazenada no dispositivo, ocupará 4 bytes. São 32 bits de informação gravada na
memória.
A palavra “Concursos”, ocupará 9 bytes, que são 72 bits de informação.
348
Os bits e bytes estão presentes em diversos momen- „ Lixeira do Windows: Armazena os arquivos
tos do cotidiano. Um plano de dados de celular ofere- de discos rígidos que foram excluídos, permi-
ce um pacote de 5 GB, ou seja, poderá transferir até tindo a recuperação dos dados.
5 bilhões de bytes no período contratado. A conexão
Wi-Fi de sua residência está operando em 150 Mbps, z Atalhos
ou 150 megabits por segundo, que são 18,75 MB por
segundo, e um arquivo com 75 MB de tamanho leva- „ Arquivos que indicam outro local: Extensão
rá 4 segundos para ser transferido do seu dispositivo
LNK, podem ser criados arrastando o item com
para o roteador wireless.
ALT ou CTRL+SHIFT pressionado.

Importante! z Drivers

O tamanho dos arquivos no Windows 10 é exi- „ Arquivos de configuração: Extensão DLL e


bido em modo de visualização de Detalhes, nas outras, usadas para comunicação do software
Propriedades (botão direito do mouse, menu de com o hardware
contexto) e na barra de status do Explorador de
Arquivos. Poderão ter as unidades KB, MB, GB, O Windows 10 usa o Explorador de Arquivos (que
TB, indicando quanto espaço ocupam no disco antes era Windows Explorer) para o gerenciamento
de armazenamento. de pastas e arquivos. Ele é usado para as operações
de manipulação de informações no computador,
Quando os computadores pessoais foram apresen- desde o básico (formatar discos de armazenamento)
tados para o público, a árvore foi usada como analo- até o avançado (organizar coleções de arquivos em
gia para explicar o armazenamento de dados, criando Bibliotecas).
o termo “árvore de diretórios”. O atalho de teclado Windows+E pode ser acionado
para executar o Explorador de Arquivos.
Documentos Como o Windows 10 está associado a uma con-
Imagens Folhas ta Microsoft (e-mail Live, ou Hotmail, ou MSN, ou
Músicas Flores Outlook), o usuário tem disponível um espaço de
Vídeos Frutos
armazenamento de dados na nuvem Microsoft One-
Drive. No Explorador de Arquivos, no painel do lado
Tronco e galhos direito, o ícone OneDrive sincroniza os itens com a
Pastas e subpastas
nuvem. Ao inserir arquivos ou pastas no OneDrive,
eles serão enviados para a nuvem e sincronizados
com outros dispositivos que estejam conectados na
mesma conta de usuário.
Diretório raiz Raiz Os atalhos são representados por ícones com uma
seta no canto inferior esquerdo, e podem apontar para
um arquivo, pasta ou unidade de disco. Os atalhos são
Figura 4. Árvore de diretórios independentes dos objetos que os referenciam, por-
tanto, se forem excluídos, não afetam o arquivo, pasta
No Windows 10, a organização segue a seguinte ou unidade de disco que estão apontando.
definição: Podemos criar um atalho de várias formas diferentes:

z Pastas z Arrastar um item segurando a tecla Alt no teclado,


e ao soltar, o atalho é criado;
„ Estruturas do sistema operacional: Arqui- z No menu de contexto (botão direito) escolha
vos de Programas (Program Files), Usuários
“Enviar para... Área de Trabalho (criar atalho);
(Users), Windows. A primeira pasta da undia-
z Um atalho para uma pasta cujo conteúdo está sen-
de é chamada raiz (da árvore de diretórios),
representada pela barra invertida: Documen- do exibido no Explorador de Arquivos pode ser
tos (Meus Documentos), Imagens (Minhas Ima- criado na área de trabalho arrastando o ícone da
gens), Vídeos (Meus Vídeos), Músicas (Minhas pasta, mostrado na barra de endereços e soltando-
INFORMÁTICA

Músicas) – bibliotecas -o na área de trabalho.


„ Estruturas do Usuário: Documentos (Meus
Documentos), Imagens (Minhas Imagens), Arquivos ocultos, arquivos de sistema, arquivos
Vídeos (Meus Vídeos), Músicas (Minhas Músi- somente leitura... os atributos dos itens podem ser
cas) – bibliotecas definidos pelo item Propriedades no menu de con-
„ Área de Trabalho: Desktop, que permite aces- texto. O Explorador de Arquivos pode exibir itens que
so à Lixeira, Barra de Tarefas, pastas, arquivos, tenham o atributo oculto, desde que ajuste a configu-
programas e atalhos. ração correspondente. 349
ÁREA DE TRABALHO

A interface gráfica do Windows é caracterizada pela Área de Trabalho, ou Desktop. A tela inicial do Windows
exibe ícones de pastas, arquivos, programas, atalhos, barra de tarefas (com programas que podem ser executados
e programas que estão sendo executados) e outros componentes do Windows.
A área de trabalho do Windows 10, também conhecida como Desktop, é reconhecida pela presença do papel de
parede ilustrando o fundo da tela. É uma imagem, que pode ser um bitmap (extensão BMP), uma foto (extensão
JPG), além de outros formatos gráficos. Ao ver o papel de parede em exibição, sabemos que o computador está
pronto para executar tarefas.

Lixeira Microsoft Google Mozilla Kaspersky Firefox


Edge Chrome Thunderbird Secure Co..

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Figura 1. Imagem da área de trabalho do Windows 10.

Na área de trabalho podemos encontrar Ícones e estes podem ser ocultados se o usuário escolher ‘Ocultar
ícones da área de trabalho’ no menu de contexto (botão direito do mouse, Exibir). Os ícones representam atalhos,
arquivos, pastas, unidades de discos e componentes do Windows (como Lixeira e Computador).
No canto inferior esquerdo encontraremos o botão Iniciar, que pode ser acionado pela tecla Windows ou pela
combinação de teclas Ctrl+Esc. Ao ser acionado, o menu Iniciar será apresentado na interface de blocos que sur-
giu com o Windows 8, interface Metro.
A ideia do menu Iniciar é organizar todas as opções instaladas no Windows 10, como acessar Configurações
(antigo Painel de Controle), programas instalados no computador, apps instalados no computador a partir da
Windows Store (loja de aplicativos da Microsoft) etc.
Ao lado do botão Iniciar encontramos a caixa de pesquisas (Cortana). Com ela, poderemos digitar ou ditar o
nome do recurso que estamos querendo executar e o Windows 10 apresentará a lista de opções semelhantes na
área de trabalho e a possibilidade de buscar na Internet. Além da digitação, podemos falar o que estamos queren-
do procurar, clicando no microfone no canto direito da caixa de pesquisa.
A seguir, temos o item Visão de Tarefas sendo uma novidade do Windows 10, que permite visualizar os dife-
rentes aplicativos abertos (como o atalho de teclado Alt+Tab clássico) e alternar para outra Área de Trabalho. O
atalho de teclado para Visão de Tarefas é Windows+Tab.
Enquanto no Windows 7 só temos uma Área de Trabalho, o Windows 10 permite trabalhar com várias áreas de
trabalho independentes, onde os programas abertos em uma não interfere com os programas abertos em outra.
A seguir, a tradicional Barra de Acesso Rápido, que organiza os aplicativos mais utilizados pelo usuário, per-
mitindo o acesso rápido, tanto por clique no mouse, como por atalhos (Windows+1 para o primeiro, Windows+2
para o segundo programa etc.) e também pelas funcionalidades do Aero (como o Aero Peek, que mostrará minia-
turas do que está em execução, e consequente transparência das janelas).
A Área de Notificação mostrará a data, hora, mensagens da Central de Ações (de segurança e manutenção),
processos em execução (aplicativos de segundo plano) etc. Atalho de teclado: Windows+B
Por sua vez, em “Mostrar Área de Trabalho”, o atalho de teclado Windows+D mostrará a área de trabalho ao
primeiro clique e mostrará o programa que estava em execução ao segundo clique. Se a opção “Usar Espiar para
visualizar a área de trabalho ao posicionar o ponteiro do mouse no botão Mostrar Área de Trabalho na extremida-
de da barra de tarefas” estiver ativado nas Configurações da Barra de Tarefas, não será necessário clicar. Bastará
apontar para visualizar a Área de Trabalho.
Uma novidade do Windows 10 foi a incorporação dos Blocos Dinâmicos (que antes estavam na interface Metro
do Windows 8 e 8.1) no menu Iniciar. Os blocos são os aplicativos fixados no menu Iniciar. Se quiser ativar ou
desativar, pressione e segure o aplicativo (ou clique com o botão direito do mouse) que mostra o bloco dinâmico
350 e selecione Ativar bloco dinâmico ou Desativar bloco dinâmico.
Navegador padrão
do Windows 10 Atalhos

Itens Excluídos

Lixeira Microsoft Google Mozilla Kaspersky


Pastas de Firefox Arquivos
Edge Chrome Thunderbird Secure Co..
Arquivos

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Central de
Botão Iniciar Barra de Área de
Visão de Tarefas Ações
Cortana Acesso rápido Notificação

Barra de Tarefas

Figura 2. Elementos da área de trabalho do Windows 10.

Mostrar área de trabalho agora está no canto inferior direito, ao lado do relógio, na área de notificação da
Barra de Tarefas. O atalho continua o mesmo: Win+D (Desktop)

Aplicativos fixados na Barra de Tarefas são ícones que permanecem em exibição todo o tempo.

Aplicativo que está em execução 1 vez possui um pequeno traço azul abaixo do ícone.
INFORMÁTICA

Aplicativo que está em execução mais de 1 vez possui um pequeno traço segmentado azul no ícone.

351
MANIPULAÇÃO DE ARQUIVOS E PASTAS

Ao nomear arquivos e pastas, algumas regras pre-


cisam ser conhecidas para que a operação seja reali-
zada com sucesso.
1 +1 não está em
execução execução execução
z O Windows não é case sensitive. Ele não faz distin-
ção entre letras minúsculas ou letras maiúsculas.
ÁREA DE TRANSFERÊNCIA Um arquivo chamado documento.docx será consi-
derado igual ao nome Documento.DOCX.
Um dos itens mais importantes do Windows não é z O Windows não permite que dois itens tenham o
visível como um ícone ou programa. A Área de Trans- mesmo nome e a mesma extensão quando estive-
ferência é um espaço da memória RAM, que armazena rem armazenados no mesmo local.
uma informação de cada vez. A informação armaze-
nada poderá ser inserida em outro local, e ela acaba z O Windows não aceita determinados caracteres
trabalhando em praticamente todas as operações de nos nomes e extensões. São caracteres reservados,
manipulação de pastas e arquivos. para outras operações, que são proibidos na hora
No Windows 10, se quiser visualizar o conteúdo de nomear arquivos e pastas. Os nomes de arqui-
da Área de Transferência, acione o atalho de teclado vos e pastas podem ser compostos por qualquer
Windows+V (View). caractere disponível no teclado, exceto os carac-
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+C (Copiar), teres * (asterisco, usado em buscas), ? (interroga-
estamos copiando o item para a memória RAM, para ção, usado em buscas), / (barra normal, significa
ser inserido em outro local, mantendo o original e opção), | (barra vertical, significa concatenador de
criando uma cópia.
comandos), \ (barra invertida, indica um caminho),
Ao acionar o atalho de teclado PrintScreen, esta-
“ (aspas, abrange textos literais), : (dois pontos, sig-
mos copiando uma “foto da tela inteira” para a Área
de Transferência, para ser inserida em outro local, nifica unidade de disco), < (sinal de menor, signi-
como em um documento do Microsoft Word ou edição fica direcionador de entrada) e > (sinal de maior,
pelo acessório Microsoft Paint. significa direcionador de saída).
Ao acionar o atalho de teclado Alt+PrintScreen, z Existem termos que não podem ser usados, como
estamos copiando uma ‘foto da janela atual’ para a CON (console, significa teclado), PRN (printer, sig-
Área de Transferência, desconsiderando outros ele- nifica impressora) e AUX (indica um auxiliar), por
mentos da tela do Windows.
referenciar itens de hardware nos comandos digi-
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+V (Colar), o
tados no Prompt de Comandos. (por exemplo, para
conteúdo que está armazenado na Área de Transfe-
rência será inserido no local atual. enviar para a impressora um texto através da linha
de comandos, usamos TYPE TEXTO.TXT > PRN).
Dica
Entre os caracteres proibidos, o asterisco é o mais
As três teclas de atalhos mais questionadas conhecido. Ele pode ser usado para substituir de zero
em questões do Windows são Ctrl+X, Ctrl+C à N caracteres em uma pesquisa, tanto no Windows
e Ctrl+V, que acionam os recursos da Área de como nos sites de busca na Internet.
Transferência. As ações realizadas pelos usuários em relação à
manipulação de arquivos e pastas pode estar condi-
As ações realizadas no Windows, em sua quase cionada ao local onde ela é efetuada, ou ao local de
totalidade, podem ser desfeitas ao acionar o atalho de origem e destino da ação. Portanto, é importante veri-
teclado Ctrl+Z imediatamente após a sua realização.
ficar no enunciado da questão, geralmente no texto
Por exemplo, ao excluir um item por engano, e pres-
sionar Del ou Delete, o usuário pode acionar Ctrl+Z associado, estes detalhes que determinarão o resulta-
(Desfazer) para restaurar ele novamente, sem neces- do da operação.
sidade de acessar a Lixeira do Windows. As operações podem ser realizadas com atalhos
E outras ações podem ser repetidas, acionando o de teclado, com o mouse, ou com a combinação de
atalho de teclado Ctrl+Y (Refazer), quando possível. ambos. As bancas organizadoras costumam questio-
Para obter uma imagem de alguma janela em nar ações práticas nas provas e, na maioria das vezes
exibição, além dos atalhos de teclado PrintScreen e
utilizam imagens nas questões.
Alt+PrintScreen, o usuário pode usar o recurso Instan-
tâneo, disponível nos aplicativos do Microsoft Office.
Outra forma de realizar esta atividade é usar a Fer- OPERAÇÕES COM TECLADO
ramenta de Captura (Captura e Esboço), disponível no
Windows. Atalhos de
Resultado da operação
Mas se o usuário quer apenas gravar a imagem teclado
capturada, poderá fazer com o atalho de teclado
Não é possível recortar e colar na
Windows+PrintScreen, que salva a imagem em um Ctrl+X e Ctrl+V
mesma pasta. Será exibida uma
arquivo na pasta “Capturas de Tela”, na Biblioteca de na mesma pasta
mensagem de erro.
Imagens.
A área de transferência é um dos principais recur- Ctrl+X e Ctrl+V
sos do Windows, que permite o uso de comandos, Recortar (da origem) e colar (no
em locais
realização de ações e controle das ações que serão destino). O item será movido
diferentes
352 desfeitas.
OPERAÇÕES COM TECLADO Os itens que estão na Lixeira podem ser arrastados
com o mouse para fora dela, restaurando o item para
Atalhos de o local onde o usuário liberar o botão do mouse.
Resultado da operação
teclado A Lixeira do Windows tem o seu tamanho definido
em 10% do disco rígido ou 50 GB. O usuário poderá alte-
Copiar e colar. O item será dupli- rar o tamanho máximo reservado para a Lixeira, poderá
Ctrl+C e Ctrl+V cado. A cópia receberá um su- desativar ela excluindo os itens diretamente e configu-
na mesma pasta fixo (Copia) para diferenciar do rar Lixeiras individuais para cada disco conectado.
original.

Ctrl+C e Ctrl+V Copiar (da origem) e colar (no OPERAÇÕES COM MOUSE
em locais destino). O item será duplicado,
diferentes mantendo o nome e extensão. RESULTADO DA
AÇÃO DO USUÁRIO
OPERAÇÃO
Deletar, apagar, enviar para a Li-
Tecla Delete em xeira do Windows, podendo recu- Clique simples no botão
Selecionar o item
um item do disco perar depois, se o item estiver em principal
rígido um disco rígido local interno ou
externo conectado na CPU. Clique simples no botão Exibir o menu de contex-
secundário to do item
Será excluído definitivamente. A
Tecla Delete em Lixeira do Windows não armaze- Executar o item, se for
um item do disco na itens de unidades removíveis executável. Abrir o item,
removível (pendrive), ópticas ou unidades se for editável, com o
remotas. programa padrão que
Duplo clique está associado. Nos
Independentemente do local onde programas do compu-
Shift+Delete estiver o item, ele será excluído tador, poderá abrir um
definitivamente item através da opção
correspondente.
Renomear. Trocar o nome e a ex-
tensão do item. Se houver outro Renomear o item. Se o
item com o mesmo nome no mes- nome já existe em outro
mo local, um sufixo numérico será Duplo clique pausado item, será sugerido nu-
F2
adicionado para diferenciar os merar o item renomeado
itens. Não é permitido renomear com um sufixo.
um item que esteja aberto na me-
mória do computador. Arrastar com botão princi-
pal pressionado e soltar na O item será movido
mesma unidade de disco
É importante saber que a manipulação de arqui-
vos e pastas é o tema mais questionado em provas Arrastar com botão
da Fundação VUNESP, com destaque para as teclas principal pressionado e
O item será copiado
de atalhos dos recursos (como F2 para Renomear) e soltar em outra unidade
ações envolvendo a Lixeira. de disco

Arrastar com botão


Lixeira Exibe o menu de contex-
secundário do mouse
to, podendo “Copiar aqui”
pressionado e soltar na
Um dos itens mais questionados em concursos (no local onde soltar)
mesma unidade
públicos é a Lixeira do Windows. Ela armazena os
itens que foram excluídos de discos rígidos locais, Arrastar com botão se- Exibe o menu de contex-
internos ou externos conectados na CPU. cundário do mouse pres- to, podendo “Copiar aqui”
Ao pressionar o atalho de teclado Ctrl+D, ou a sionado e soltar em outra (no local onde soltar) ou
tecla Delete (DEL), o item é removido do local original unidade de disco “Mover aqui”
e armazenado na Lixeira.
Quando o item está na Lixeira, o usuário pode Dica
escolher a opção Restaurar, para retornar ele para o
local original. Se o local original não existe mais, pois Arrastar na mesma unidade, será movido. Arras-
suas pastas e subpastas foram removidas, a Lixeira tar entre unidades diferentes, será copiado.
recupera o caminho e restaura o item.
Os itens armazenados na Lixeira poderão ser excluí- OPERAÇÕES COM TECLADO E MOUSE
INFORMÁTICA

dos definitivamente, escolhendo a opção “Esvaziar Lixei-


ra” no menu de contexto ou faixa de opções da Lixeira. RESULTADO DA
AÇÃO DO USUÁRIO
Quando acionamos o atalho de teclado Shift+De- OPERAÇÃO
lete, o item será excluído definitivamente. Pelo Win-
dows, itens excluídos definitivamente ou apagados O item será copiado,
Arrastar com o botão
após esvaziar a Lixeira não poderão ser recuperados. quando a tecla CTRL for
principal pressionado um
É possível recuperar com programas de terceiros, mas liberada, independente
item com a tecla CTRL
isto não é considerado no concurso, que segue a con- da origem ou do destino
pressionada
figuração padrão. da ação
353
OPERAÇÕES COM TECLADO E MOUSE EXTENSÃO ÍCONE FORMATO

RESULTADO DA Pasta de trabalho do Microsoft


AÇÃO DO USUÁRIO Excel. Planilhas de cálculos
OPERAÇÃO XLSX
que podem ser editadas pelo
O item será movido, LibreOffice calc.
Arrastar com o botão
quando a tecla SHIFT for Apresentação de slides do Mi-
principal pressionado um
liberada, independente crosoft PowerPoint, que pode-
item com a tecla SHIFT PPTX
da origem ou do destino rá ser editada pelo LibreOffice
pressionada
da ação Impress.
Arrastar com o botão Texto sem formatação. For-
Será criado um atalho
principal pressionado mato padrão do acessório
para o item, independen-
um item com a tecla TXT Bloco de Notas. Poderá ser
te da origem ou do desti-
ALT pressionada (ou aberto por vários programas
no da ação
CTRL+SHIFT) do computador.
Clique em itens com o Rich Text Format – formato de
botão principal, enquanto Seleção individual de texto rico. Padrão do acessório
mantém a tecla CTRL itens RTF WordPad, este documento de
pressionada texto possui alguma formata-
ção, como estilos de fontes.
Seleção de vários itens.
Clique em itens com o O primeiro item clicado Formato de vídeo. Quando o
botão principal, enquanto será o início, e o último Windows efetua a leitura do
mantém a tecla SHIFT item será o final, de MP4, AVI, conteúdo, exibe no ícone a mi-
pressionada uma região contínua de MPG niatura do primeiro quadro. No
seleção Windows 10, Filmes e TV repro-
duzem os arquivos de vídeo.

Extensões de arquivos Formato de áudio. O Gravador


de Som pode gravar o áudio.
O Windows 10 apresenta ícones que representam MP3 O Windows Media Player e o
Groove Music, podem reprodu-
arquivos, de acordo com a sua extensão. A extensão
zir o som.
caracteriza o tipo de informação que o arquivo arma-
zena. Quando um arquivo é salvo, uma extensão é Formato de imagem. Quando o
atribuída para ele, de acordo com o programa que o Windows efetua a leitura do con-
BMP, GIF,
criou. É possível alterar esta extensão, porém corre- teúdo, exibe no ícone a miniatu-
JPG, PCX,
mos o risco de perder o acesso ao arquivo, que não ra da imagem. No Windows 10,
PNG, TIF
o acessório Paint visualiza e edi-
será mais reconhecido diretamente pelas configura-
ta os arquivos de imagens.
ções definidas em Programas Padrão do Windows.
Formato ZIP, padrão do Windo-
ws para arquivos compactados.
Importante! ZIP Não necessita de programas
adicionais, como o formato
Existem arquivos sem extensão, como itens do RAR que exige o WinRAR.
sistema operacional. Ela é opcional e procura
Biblioteca de ligação dinâmica
associar o arquivo com um programa para visua- do Windows. Arquivo que con-
lização ou edição. Se o arquivo não possui exten- DLL tém informações que podem ser
são, o usuário não conseguirá executar ele, por usadas por vários programas,
se tratar de conteúdo de uso interno do sistema como uma caixa de diálogo.
operacional (que não deve ser manipulado). Arquivos executáveis, que não
EXE, COM, necessitam de outros progra-
BAT mas para serem executados.
Confira na tabela a seguir algumas das extensões e
ícones mais comuns em provas de concursos.

EXTENSÃO ÍCONE FORMATO Uma das extensões menos conhecidas e mais ques-
tionadas das bancas é a extensão RTF. Rich Text For-
Adobe Acrobat. Pode ser cria- mat, uma tentativa da Microsoft em criar um padrão
do e editado pelos aplicativos de documento de texto com alguma formatação para
Office. Formato de documento múltiplas plataformas. A extensão RTF pode ser aberta
PDF
portável (Portable Document pelos programas editores de textos, como o Microsoft
Format) que poderá ser visua- Word e LibreOffice Writer, e é padrão do acessório do
lizado em várias plataformas. Windows WordPad.
Documento de textos do Micro- Se o usuário quiser, pode acessar Configurações
(atalho de teclado Windows+I) e modificar o progra-
soft Word. Textos com forma-
DOCX ma padrão. Alterando esta configuração, o arquivo
tação que podem ser editados
será visualizado e editado por outro programa de
pelo LibreOffice Writer.
354 escolha do usuário.
As Configurações do Windows e dos programas instalados estão armazenados no Registro do Windows. O
arquivo do registro do Windows pode ser editado pelo comando regedit.exe, acionado na caixa de diálogo “Exe-
cutar”. Entretanto, não devemos alterar suas hives (chaves de registro) sem o devido conhecimento, pois poderá
inutilizar o sistema operacional.
No Windows 10, Configurações é o Painel de Controle. A troca do nome alterou a organização dos itens de
ajustes do Windows, tornando-se mais simples e intuitivo.
Através deste item o usuário poderá instalar e desinstalar programas e dispositivos, configurar o Windows,
além de outros recursos administrativos.
Por meio do ícone Rede e Internet do Windows 10, acessado pela opção Configurações, localizada na lista exi-
bida a partir do botão Iniciar, é possível configurar VPN, Wi‐Fi, modo avião, entre outros. VPN/ Wi-Fi/ Modo avião/
Status da rede/ Ethernet/ Conexão discada/ Hotspot móvel/ Uso de dados/ Proxy.
Modo Avião é uma configuração comum em smartphones e tablets que permite desativar, de maneira rápida,
a comunicação sem fio do aparelho – que inclui Wi‑Fi, Bluetooth, banda larga móvel, GPS, GNSS, NFC e todos os
demais tipos de uso da rede sem fio.
No Explorador de Arquivos do Windows 10, ao exibir os detalhes dos arquivos, é possível visualizar informa-
ções, como, por exemplo, a data de modificação e o tamanho de cada arquivo.

Modos de Exibição do Windows 10

z Ícones extras grandes: ícones extra grandes com nome (e extensão)


z Ícones grandes: ícones grandes com nome (e extensão)
z Ícones médios: ícones médios com nome (e extensão) organizados da esquerda para a direita
z Ícones pequenos: ícones pequenos com nome (e extensão) organizados da esq. para a direita.
z Listas: ícones pequenos com nome (e extensão) organizados de cima para baixo.
z Detalhes: ícones pequenos com nome, data de modificação, tipo e tamanho.
z Blocos: ícones médios com nome, tipo e tamanho, organizados da esq. para a direita.
z Conteúdo: ícones médios com nome, autores, data de modificação, marcas e tamanho.

Importante!
Um dos temas mais questionado em provas anteriores são os modos de exibição do Windows. Se tem um
computador com Windows 10, procure visualizar os modos de exibição no seu Explorador de Arquivos. Prati-
car a disciplina no computador, ajuda na memorização dos recursos.

2. Barra ou linha de título


3. Minimizar 4. Maximizar 5. fechar

1. Barra de menus
INFORMÁTICA

Área de trabalho do aplicativo

6. Barra de Rolagem

Figura 3. Elementos de uma janela do Windows 10. 355


1. Barra de menus: são apresentados os menus com Word], Formato Rich Text [RTF WordPad], Documen-
os respectivos serviços que podem ser executados to de Texto [TXT Bloco de Notas], Planilha do Micro-
no aplicativo. soft Excel [XLSX Microsoft Excel], Pasta Compactada
2. Barra ou linha de título: mostra o nome do arqui- [extensão ZIP], entre outros).
vo e o nome do aplicativo que está sendo execu-
tado na janela. Através dessa barra, conseguimos Dica
mover a janela quando a mesma não está maximi-
zada. Para isso, clique na barra de título, mante- Arquivos de imagens são editados pelo acessó-
nha o clique e arraste e solte o mouse. Assim, você rio do Windows Microsoft Paint, que no Windows
estará movendo a janela para a posição desejada. 10 oferece a versão Paint 3D.
Depois é só soltar o clique.
3. Botão minimizar: reduz uma janela de documento Cada item (pasta ou arquivo) armazena uma série
ou aplicativo para um ícone. Para restaurar a janela de informações relacionadas a si próprio. Estas infor-
para seu tamanho e posição anteriores, clique neste mações podem ser consultadas em Propriedades,
botão ou clique duas vezes na barra de títulos. acessado no menu de contexto, exibido quando clicar
4. Botão maximizar: aumenta uma janela de docu- com o botão direito do mouse sobre o item.
mento ou aplicativo para preencher a tela. Para Ao clicar com o botão direito sobre o ícone da Lixei-
restaurar a janela para seu tamanho e posição ra, será mostrado o menu de contexto, e escolhendo
anteriores, clique neste botão ou clique duas vezes ‘Esvaziar Lixeira’, os itens serão removidos definitiva-
na barra de títulos. mente. Pelo Windows não haverá como recuperar...
5. Botão fechar: fecha o aplicativo ou o documento. PROGRAMAS E APLICATIVOS
Solicita que você salve quaisquer alterações não
salvas antes de fechar. Alguns aplicativos, como Os programas associados ao Windows 10 podem
os navegadores de Internet, trabalham com guias ser classificados em:
ou abas, que possui o seu próprio controle para
fechar a guia ou aba. Atalho de teclado Alt+F4. z Componentes do sistema operacional;
6. Barras de rolagem: as barras sombreadas ao z Aplicativos e Acessórios;
longo do lado direito (e inferior de uma janela de z Ferramentas de Manutenção e Segurança.
documento). Para deslocar-se para outra parte do z App’s – aplicativos disponíveis na Loja (Windows
documento, arraste a caixa ou clique nas setas da Store) para instalação no computador do usuário.
barra de rolagem.
Dica
USO DOS MENUS
Os acessórios do Windows são aplicativos nati-
No Windows 10, tanto pelo Explorador de Arquivos vos do sistema operacional, que estão dispo-
como pelo menu Iniciar, encontramos as opções para níveis para utilização mesmo que não existam
gerenciamento de arquivos, pastas e configurações. outros programas instalados no computador. Os
O Windows 10 disponibiliza listas de atalho como acessórios oferecem recursos básicos para ano-
recurso que permite o acesso direto a sítios, músicas, tações, edição de imagens e edição de textos.
documentos ou fotos. O conteúdo dessas listas está
diretamente relacionado com o programa ao qual
Na primeira categoria encontramos o Configura-
elas estão associadas. O recurso de Lista de Atalhos,
ções (antigo Painel de Controle). Usado para realizar
novidade do Windows 7 que foi mantida nas versões
as configurações de software (programas) e hardware
seguintes, possibilita organizar os arquivos abertos
(dispositivos), permite alterar o comportamento do
por um aplicativo ao ícone do aplicativo, com a possi-
sistema operacional, personalizando a experiência no
bilidade ainda de fixar o item na lista.
Windows 7. No Windows 10 o Painel de Controle cha-
No Explorador de Arquivos do Windows 10, os
ma-se Configurações, e pode ser acessado pelo atalho
menus foram trocados por guias, semelhante ao
de teclado Windows+X no menu de contexto, ou dire-
Microsoft Office. Ao pressionar ALT, nenhum menu
tamente pelo atalho de teclado Windows+I.
escondido será mostrado (como no Windows 7), mas
Na segunda categoria, temos programas que reali-
os atalhos de teclado para as guias Arquivo, Início,
zam atividades e outros que produzem mais arquivos.
Compartilhar e Exibir.
Por exemplo, a calculadora. É um acessório do Windo-
ws 10 que inclui novas funcionalidades em relação às
versões anteriores, como o cálculo de datas e conver-
são de medidas. Temos também o Notas Autoadesivas
(como pequenos post its na tela do computador).
Outros acessórios são o WordPad (para edição de
documentos com alguma formatação), Bloco de Notas
(para edição de arquivos de textos), MSPaint (para edi-
O botão direito do mouse exibe a janela pop-up ção de imagens) e Visualizador de Imagens (que permite
chamada “Menu de Contexto”. Em cada local que for ver uma imagem e chamar o editor correspondente).
clicado, uma janela diferente será mostrada. E finalmente, as ferramentas do sistema. Desfrag-
As opções exibidas no menu de contexto contém mentar e Otimizar Unidades1 (antigo Desfragmenta-
as ações permitidas para o item clicado naquele local. dor de Discos, para organizar clusters2), Verificação de
Através do menu de contexto da área de trabalho, Erros (para procurar por erros de alocação), Backup
podemos criar nova pasta (Ctrl+Shift+N), novo Atalho, do Windows (para cópia de segurança dos dados do
ou novos arquivos (Imagem de bitmap [BMP Paint], usuário) e Limpeza de Disco (para liberar espaço livre
Documento do Microsoft Word [DOCX Microsoft no disco).
1  Em cada local do Windows, o item poderá ter um nome diferente. “Desfragmentar e Otimizar Unidades” é o nome do recurso. “Otimizar e
desfragmentar unidade” é o nome da opção.
356 2  Unidades de alocação. Quando uma informação é gravada no disco, ela é armazenada em um espaço chamado cluster.
Desfragmentar e Otimizar Unidades WINDOWS 10 O QUE
Aplicativo da área de trabalho Autenticação biométrica permi-
Windows Hello te logar no sistema sem preci-
sar de senhas.
Otimizar e desfragmentar unidade
Acessar os documentos do
A otimização das unidades do computador pode OneDrive diretamente do Win-
OneDrive integrado
ajudá-lo a funcionar com mais eficiência. dows Explorer e Explorador de
Arquivos
Otimizar
Permite alternar de maneira fá-
cil entre os modos de desktop e
Continuum
tablet, sendo ideal para disposi-
No menu Iniciar, em Ferramentas Administrativas tivos conversíveis.
do Windows, encontraremos os outros programas,
O novo navegador da Microsoft
como por exemplo: Agendador de Tarefas, Gerencia- Microsoft Edge está disponível somente no
mento do Computador, Limpeza de Disco, etc. Na par- Windows 10.
te de segurança encontramos o Firewall do Windows,
Com funcionamento análogo à
um filtro das portas TCP do computador, que autoriza Google Play Store e à Apple Sto-
ou bloqueia o acesso para a rede de computadores, e Windows Store re, o ambiente permite comprar
de acesso externo ao computador. jogos, apps, filmes, músicas e
programas de TV.

O recurso permite visualizar


Firewall do Windows Desktops virtuais dados de vários computadores
Painel de controle em uma única tela.

Windows Update,
Windows Update for Fornecimento do Windows
A tabela a seguir procura resumir os recursos e Business, Current como um serviço, para manter
novidades do Windows 10. Confira. Branch for Business e o Windows atualizado
Long Term Servicing Windows as a Service – WaaS
Branch
WINDOWS 10 O QUE
Intregração com
Explorador de Gerenciamento de arquivos e Aplicativos Fotos aprimorado
Windows Phone
Arquivos pastas do computador.
O modo tablet deixa o Windo-
Referência ao local no geren- ws mais fácil e intuitivo de usar
ciador de arquivos e pastas Modo tablet
Este Computador com touch em dispositivos tipo
para unidades de discos e pas- conversíveis.
tas Favoritas.
Email, Calendário,
Ferramenta de sistema para Notícias, entre ou- Executar aplicativos Metro
Desfragmentar e organizar os arquivos e pastas tros – também foram (Windows 8 e 8.1) em janelas
Otimizar Unidades do computador, melhorando o melhorados.
tempo de leitura dos dados.
Compartilhar sua rede Wi-Fi com
Win+S Pesquisar Compartilhar Wi-Fi
os amigos sem revelar a senha
Pressionar DEL em um item Sincronizar dados entre seu PC
Envia imediatamente Complemento
selecionado. e smartphone ou tablete, seja
para Telefone
Permite configurar software e iOs ou Android.
Configurações
hardware do computador. Configurações
Analisar o espaço de armaze-
Home, Pro, > Sistema >
Edições do Windows namento em seu PC
Enterprise, Education. Armazenamento

Integração com xBox, modo Usar o comando Ctrl + V no


xBox (Games, músi- Prompt de Comandos
multiplayer gratuito, streaming prompt de comando
cas = Groove)
de jogos do xBox One. Assistente pessoal semelhante
INFORMÁTICA

Com blocos dinâmi- Cortana a Siri da Apple, que já está dis-


Menu Iniciar ponível em português.
cos (live tiles)

Hyperboot & Na área de notificações do


Inicialização rápida Windows 10, a Central de Noti-
InstantGo
Central de ficações reúne as mensagens
Menu Iniciar, Barra Notificações do e-mail, do computador, de
de Tarefas e Blocos Fixar aplicativos segurança e manutenção, entre
Dinâmicos outras.
357
Quando você clica duas vezes em um arquivo, como por exemplo, uma imagem ou documento, o arquivo
é aberto no programa que está definido como o “programa padrão” para esse tipo de arquivo no Windows 10.
Porém, se você gosta de usar outro programa para abrir o arquivo, você pode defini-lo como padrão. Disponível
em Configurações, Sistema, Aplicativos Padrão.

O Bloco de Notas (notepad.exe): é um acessório do Windows para edição de arquivos de texto sem formatação,
com extensão TXT.

O WordPad (wordpad.exe) é um acessório do Windows para edição de arquivos de texto com alguma forma-
tação, com extensão RTF e DOCX.
O WordPad se assemelha ao Microsoft Word, com recursos simplificados.

358
O Paint (mspaint.exe) é o acessório do Windows z Um modelo4 de documento é um arquivo que pode
para edição de imagens BMP, GIF, JPG, PNG e TIF. ser usado para criar novos arquivos a partir de
uma formatação pré-estabelecida. A extensão é
DOTX.
z Um modelo de documento habilitado para macros
contém além da formatação básica para criação de
outros documentos, comandos programados para
automatização de tarefas. A extensão é DOTM.
z As pastas de trabalho produzidas pelo Microsoft
Excel 2010 possuem a extensão XLSX.
z As pastas de trabalho habilitadas para macros pos-
suem a extensão XLSM.
A Ferramenta de Captura é um aplicativo da área z As pastas de trabalho do tipo modelo, possuem a
de trabalho do Windows 10, que permite copiar parte extensão XLTX.
de alguma tela em exibição. z As pastas de trabalho do tipo modelo habilitadas
para macros possuem a extensão XLTM.
z O arquivo do Excel que contém os dados de uma
planilha que não foi salva, que pode ser recupera-
da pelo usuário, possui a extensão XLSB. (binário)
z O arquivo com extensão CSV (Comma Separated
Values) contém textos separados por vírgula, que
podem ser importados pelo Excel, podem ser usa-
dos em mala direta do Word, incorporados a um
banco de dados, etc.
Notas Autoadesivas (que agora se chama Stick z Um arquivo com a extensão. contact é um contato,
Notes ) é um aplicativo do Windows 10, que permite a
que pode ser usado no Outlook 2016
inserção de pequenas notas de texto na área de traba-
lho do Windows, como recados do tipo Post-It. z Arquivos compactados com extensão ZIP podem
As Anotações podem ser vinculadas ao Microsoft armazenar outros arquivos e pastas.
Bing e assistente virtual Cortana. Assim, ao anotar um z Os arquivos compactados podem ser criados
endereço, o mapa é exibido. Ao anotar um número de pelo menu de contexto, opção Enviar para, Pasta
voo, as informações serão mostradas sobre a partida. Compactada.
O aplicativo “Filmes e TV” pode ser usado para z Os arquivos de Internet, como páginas salvas, rece-
visualização de vídeos, assim como o “Windows bem a extensão HTML e uma pasta será criada
Media Player”. para os arquivos auxiliares (imagens, vídeos, etc.).
O Prompt de Comandos (cmd.exe) é usado para z O conteúdo de arquivos do Office pode ser trans-
digitar comandos em um terminal de comandos. ferido para outros arquivos do próprio Office atra-
O Microsoft Edge é o navegador de Internet padrão vés da Área de Transferência do Windows.
do Windows 10 . Podemos usar outros navegadores, z O conteúdo formatado do Office poderá ser trans-
como o Internet Explorer 11 , Mozilla Firefox , Google ferido para outros arquivos do Windows, mas a
Chrome , Apple Safari, Opera Browser, etc.
formatação poderá ser perdida.
O Windows Update (verificar se há atualizações) é
o recurso do Windows para manter ele sempre atua-
lizado. Está em Configurações (atalho de teclado Win-
dows+I), Atualização e segurança.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (VUNESP – 2018) Um usuário de um computador com
Windows e o MS-Office deseja elaborar um relatório
no MS-Word, utilizando informações extraídas de uma
planilha elaborada no MS-Excel. Uma das maneiras
de se realizar a transferência das informações para o
MS-Word é selecionando as informações desejadas
no MS-Excel e utilizando

a) a Área de Trabalho, que receberá as informações a


serem transferidas.
INTERAÇÃO COM O CONJUNTO DE APLICATIVOS b) a Área de Transferência, que receberá as informações
MS-OFFICE 2010 a serem transferidas.
INFORMÁTICA

c) a Área de Notificação, por meio da qual as informa-


z Os documentos de texto produzidos pelo Microsoft ções a serem transferidas são notificadas ao aplicati-
Word 2010 possuem a extensão DOCX. vo que irá recebê-las.
z Os documentos de texto habilitados para macros3, d) um Atalho para as informações a serem transferidas.
possuem a extensão DOCM. e) o recurso Interação com o Conjunto de Aplicativos.
3  Macros são pequenos programas desenvolvidos dentro de arquivos do Office, para automatização de tarefas. Os códigos dos programas são
escritos em linguagem VBA – Visual Basic for Applications. Arquivos com macros podem conter vírus, e no momento da abertura, o programa
perguntará se o usuário deseja ativar ou não as macros.
4  Template = modelo de documento, planilha ou apresentação, com a formatação básica a ser usada no novo arquivo. 359
A área de transferência permite a transferência de 4. (VUNESP – 2018) Um usuário do Microsoft Windows,
informações de um aplicativo para outro. Selecionan- em sua configuração padrão, precisa pesquisar um
do o texto no Word e copiando, uma cópia permanece arquivo existente na pasta Documentos.
na Área de Transferência (memória RAM) até ser cola- Esse usuário sabe apenas que o arquivo contém uma
do em outro programa, como o Microsoft Excel, editor imagem colada. Assim, assinale a alternativa que
de planilhas do Office. Resposta: Letra B. apresenta o único tipo de arquivo que pode ser elimi-
nado da pesquisa, porque não pode exibir uma ima-
2. (VUNESP – 2020) Um usuário do MS-Windows com gem em seu conteúdo.
MS-Office 2010, em suas configurações originais,
acessou uma pasta em seu computador e viu a lista a) .docx
de arquivos exibida a seguir. b) .txt
c) .xlsx
d) .pptx
arq.pptx e) .rtf

bbc.docx O formato TXT é de Texto sem formatação, editado


pelo Bloco de Notas. DOCX é documento do Word,
otr.txt XLSX é pasta de trabalho do Excel, PPTX é apresen-
slc.xlsx tação de slides do PowerPoint, e RTF é documento
com formatação do acessório do Windows Wor-
wpa.zip dPad. A questão deseja saber qual o formato que
não pode exibir uma imagem em seu conteúdo. Res-
posta: Letra B.
A quantidade de arquivos na imagem cuja extensão
corresponde a editores de texto é 5. (VUNESP – 2018) No Microsoft Windows, em sua
configuração padrão, os sufixos .DOCX, .XLSX, .PPTX
a) 1. e .PDF representam
b) 2.
c) 3. a) extensões de nomes de arquivos.
d) 4. b) mensagens de erro.
e) 5. c) instruções de linha de comando.
d) sites da internet.
São dois arquivos. “bbc.docx” é um documento do e) telas de configuração do sistema.
Microsoft Word e “otr.txt” é um arquivo de texto
sem formatação do acessório do Windows Bloco No Microsoft Windows, em sua configuração
de Notas. “arq.pptx” é uma apresentação de slides padrão, os sufixos .DOCX, .XLSX, .PPTX e .PDF repre-
do Microsoft PowerPoint, “slc.xlsx” é uma pasta de sentam extensões de nomes de arquivos. A extensão
trabalho do Microsoft Excel e “wpa.zip” é uma pasta DOCX identifica um arquivo que é um documento
compactada, um arquivo que contém outros arqui- de texto editável pelo Microsoft Word. A extensão
vos e/ou pastas compactados. Resposta: Letra B. XLSX identifica um arquivo que é uma pasta de tra-
balho com planilhas de cálculos do Microsoft Excel.
3. (VUNESP – 2019) Um computador com Microsoft A extensão PPTX identifica um arquivo que contém
Windows, em sua configuração padrão, tem em uma uma apresentação de slides do Microsoft Power-
pasta um único arquivo texto, chamado formulário. Point. PDF é a extensão de um documento portável
Um usuário abriu o Paint para criar uma figura e dese- da Adobe, que poderá ser aberto em várias platafor-
ja gravar o arquivo nessa mesma pasta, com o mes- mas. Resposta: Letra A.
mo nome de formulário. Assinale a alternativa correta
sobre essa operação. Atalhos de teclado – Windows 10

a) A gravação não poderá ser feita, porque o Windows


não permite 2 arquivos com o mesmo nome em uma
Dica
mesma pasta, independente da extensão. Os atalhos de teclado do Windows são de ter-
b) O usuário não conseguirá grava o arquivo com o mesmo mos originais em inglês. Por serem atalhos de
nome e para isso terá que nomeá-lo como formulário:1. teclado do sistema operacional, são válidos para
c) A gravação poderá ser feita, porque apesar do mesmo os programas que estiverem sendo executados
nome, são extensões diferentes.
no Windows.
d) A gravação será feita e o Windows alterará automati-
camente o nome do arquivo texto original para Cópia
de formulário. ATALHO AÇÃO
e) A gravação será feita e o Windows alterará automa-
ticamente o nome do novo arquivo de imagem para Alterna para o próximo aplicativo em
Alt+Esc
Cópia de formulário. execução

No Windows, não podemos gravar dois arquivos Exibe a lista dos aplicativos em
Alt+Tab
com o mesmo nome e a mesma extensão na mesma execução
pasta. O arquivo de texto formulário tem a extensão Volta para a pasta anterior, que es-
.txt, e o arquivo de figura do Paint tem a extensão Backspace tava sendo exibida no Explorador de
.png. Portanto, poderá ser gravado sem problemas Arquivos.
360 na pasta. Resposta: Letra C.
ATALHO AÇÃO ATALHO AÇÃO

Ctrl+A Selecionar tudo Selecionar o monitor/projetor que será


Win+P usado para exibir a imagem, podendo
Copia o item (os itens) para a Área de repetir, estender ou escolher
Ctrl+C
Transferência
Search, para pesquisas (substitui o
Ctrl+Esc Botão Início Win+S
Win+F)
Ctrl+E / Exibe a lista dos aplicativos em execu-
Pesquisar Win+Tab
Ctrl+F ção em 3D (Visão de Tarefas)
Ctrl+Shif- Menu de acesso rápido, exibido ao lado
Gerenciador de Tarefas Win+X
t+Esc do botão Iniciar
Cola o item (os itens) da Área de Trans-
Ctrl+V
ferência no local do cursor

Move o item (os itens) para a Área de MS-OFFICE 2016


Ctrl+X
Transferência
Um pacote de aplicativos para escritório é sem
Ctrl+Y Refazer dúvida, um dos mais úteis aplicativos que um com-
putador pode ter instalado. Independente do perfil de
Desfaz a última ação. Se acabou de
utilização do usuário, algum dos aplicativos disponí-
renomear um arquivo, ele volta ao nome
veis em um pacote como o Microsoft Office, atendem a
Ctrl+Z original. Se acabou de apagar um arqui-
diferentes tarefas cotidianas. Das mais simples, até as
vo, ele restaura para o local onde estava
antes de ser deletado. mais complexas.
A Microsoft chama o pacote Office de ‘suíte de pro-
Del Move o item para a Lixeira do Windows dutividade’, e tem como ‘concorrente’ o LibreOffice.
O Microsoft Office possui alguns aplicativos que
F1 Exibe a ajuda trocaram de nomes ao longo do tempo. Atualmente
F11 Tela Inteira está na versão Office 365, que disponibiliza recursos
via Internet (computação nas nuvens), com armaze-
Renomear, trocar o nome: dois arquivos namento de arquivos no Microsoft OneDrive.
com mesmo nome e mesma extensão Serviços adicionais de comunicação, como o Micro-
não podem estar na mesma pasta, se soft Outlook e Microsoft Teams, fazem parte do pacote
F2 já existir outro arquivo com o mesmo Microsoft Office 365.
nome, o Windows espera confirmação,
símbolos especiais não podem ser usa-
MICROSOFT
dos, como / | \ ? * “ < > : PROGRAMAS LIBREOFFICE
OFFICE
Pesquisar, quando acionado no Explora-
F3 LibreOffice
dor de Arquivos. Win+S fora dele. Editor de Textos Microsoft Word
Writer
F5 Atualizar
Planilhas de
Microsoft Excel LibreOffice Calc
Exclui definitivamente, sem armazenar Cálculos
Shift+Del
na Lixeira
Apresentações Microsoft LibreOffice
Win Abre o menu Início de Slides PowerPoint Impress

Acessa o primeiro programa da barra de


Win+1 As extensões dos arquivos editáveis produzidos
tarefas
pelos pacotes de produtividade são apresentadas na
Acessa o segundo programa da barra de tabela a seguir.
Win+2
tarefas

Win+B Acessa a Área de Notificação EXTENSÕES MICROSOFT


LIBREOFFICE
DE ARQUIVOS OFFICE
Win+D Mostra o desktop (área de trabalho)
Editor de Textos DOCX ODT
Win+E Abre o Explorador de Arquivos.
Planilhas de
XLSX ODS
Feedback – hub para comentários sobre Cálculos
Win+F
INFORMÁTICA

o Windows.
Apresentações
PPTX ODP
Win+I Configurações (Painel de Controle) de Slides
Win+L Bloquear o Windows (Lock, bloquear)
As extensões do Microsoft Office, para arquivos
Minimiza todas as janelas e mostra a editáveis, terminam em X, em referência ao conteúdo
Win+M área de trabalho, retornando como esta-
formatado com XML, que foi introduzido na versão
vam antes.
2007. As extensões do LibreOffice iniciam com OD, em
referência ao Open Document, do Open Office. 361
Microsoft Office Grande parte das questões de concursos públicos
procuram questionar as diferenças entre os aplica-
tivos. Questiona-se, por exemplo, a respeito de um
Office 2003 Office 2007 Office 365
recurso que é acionado com um atalho de teclado no
Microsoft Word, mas que no LibreOffice Writer tem
Até a versão 2003, os arquivos produzidos pelo um atalho de teclado diferente.
Microsoft Office eram identificados com extensões
de 3 letras, como DOC, XLS e PPT. Algumas questões
de concursos ainda apresentam estas extensões nas
alternativas das questões. MICROSOFT WORD 2016
Na versão 2007, o padrão XML (eXtensible Markup
Language) foi implementado para oferecer portabili-
ESTRUTURA BÁSICA DOS DOCUMENTOS,
dade aos documentos produzidos. As extensões dos
CABEÇALHOS, COLUNAS, CONTROLE DE QUEBRAS
arquivos passaram a ser identificadas com 4 letras,
E NUMERAÇÃO DE PÁGINAS, INSERÇÃO DE
como DOCX, XLSX e PPTX.
OBJETOS, CAMPOS PREDEFINIDOS, CAIXAS DE
Com o avanço dos recursos de computação na nuvem,
TEXTO
o Office foi disponibilizado na versão on-line, que poste-
riormente se chamou 365, e é a versão atual do pacote.
Os documentos produzidos com o editor de textos
Com um novo formato de licenciamento, com assinaturas
Microsoft Word possuem a seguinte estrutura básica:
mensais e anuais, ao invés da venda de licenças de uso,
a instalação do Office 365 no computador disponibiliza a
z Documentos – arquivos DOCX criados pelo Microsoft
última versão do pacote para escritórios.
Word 2007 e superiores. Os documentos são arquivos
Do ponto de vista prático, qual versão do Microsoft
editáveis pelo usuário, que podem ser compartilha-
Office usar ou estudar?
dos com outros usuários para edição colaborativa.
Para bancas CESPE/Cebraspe e Instituto Quadrix,
z Os Modelos (Template), com extensão DOTX, con-
você deve ter a última versão disponível. Elas ques- tém formatações que serão aplicadas aos novos
tionam as novidades das últimas versões disponíveis. documentos criados a partir dele. O modelo é usa-
Já outras bancas organizadoras, a versão é indiferen- do para a padronização de documentos.
te. O mais importante será o conceito envolvido e sua z O modelo padrão do Word é NORMAL.DOTM
aplicação na formatação de arquivos. (Document Template Macros – modelo de docu-
mento com macros). As macros são códigos desen-
LibreOffice volvidos em Visual Basic for Applications (VBA)
para a automatização de tarefas.
z Páginas – unidades de organização do texto, segun-
Open Office BrOffice LibreOffice do a orientação, o tamanho do papel e margens. As
principais definições estão na guia Layout, mas tam-
bém encontrará algumas definições na guia Design.
O pacote Star Office, deu origem ao Open Offi-
z Seção – divisão de formatação do documento,
ce, com código aberto, livre e gratuito. O formato de
onde cada parte tem a sua configuração. Sempre
arquivo (ODF – Open Document Format) é usado para
os arquivos produzidos, como ODT (Text – documen- que forem usadas configurações diferentes, como
to de texto), ODS (Sheet – planilha de cálculos) e ODP margens, colunas, tamanho da página, orientação,
(Presentation – apresentação de slides). cabeçalhos, numeração de páginas, entre outras,
O projeto BrOffice.org desenvolveu e ofereceu o as seções serão usadas.
pacote com recursos especificamente úteis para os z Parágrafos – formado por palavras e marcas de
brasileiros. É comum ver esta informação no conteúdo formatação. Finalizado com Enter, contém forma-
programático dos editais de concursos (BrOffice.org), tação independente do parágrafo anterior e do
além das questões que já foram aplicadas pelas bancas. parágrafo seguinte.
O LibreOffice é o pacote atual, disponível para z Linhas – sequência de palavras que pode ser um
download e instalação em diversas plataformas. Está parágrafo, ocupando uma linha de texto. Se for
na versão 7 (dezembro/2020), e possui recursos seme- finalizado com Quebra de Linha, a configuração
lhantes às versões anteriores, com uma interface atual permanece na próxima linha.
redesenhada (clean), seguindo a tendência minimalis- z Palavras – formado por letras, números, símbolos,
ta de outras aplicações (site Google, ícones do Micro- caracteres de formatação, etc.
soft Office, ícones de app’s no smartphone, etc).
Do ponto de vista prático, qual versão do LibreOffi- Os arquivos produzidos nas versões anteriores do
ce usar ou estudar? Word são abertos e editados nas versões atuais. Arqui-
Para concursos das bancas CESPE/Cebraspe e Ins- vos de formato DOC são abertos em Modo de Compa-
tituto Quadrix, você deverá ter a última versão dis- tibilidade, com alguns recursos suspensos. Para usar
ponível. No site do LibreOffice você poderá fazer o todos os recursos da versão atual, deverá “Salvar
download gratuito. Ao passo que para outras bancas como” (tecla de atalho F12) no formato DOCX.
organizadoras é recomendável verificar se o edital Os arquivos produzidos no formato DOCX poderão
pede uma versão específica (como LibreOffice 5) ou ser editados pelas versões antigas do Office, desde que
se pede várias versões (LibreOffice 5 ou superior). Se instale um pacote de compatibilidade, disponível para
for uma versão específica, serão questionados ícones download no site da Microsoft.
e atalhos de teclado apenas dela. Se for uma versão Os arquivos produzidos pelo Microsoft Office
específica com o “ou superior” complementando, podem ser gravados no formato PDF. O Microsoft
então serão questionados os recursos válidos para Word, desde a versão 2013, possui o recurso “Refuse
todas as versões, e você poderá usar a última versão PDF”, que permite editar um arquivo PDF como se fos-
362 disponível para estudos. se um documento do Word.
O Microsoft Word pode gravar o documento no for- A Faixa de Opções contém guias, que organizam os
mato ODT, do LibreOffice, assim como é capaz de editar ícones em grupos.
documentos produzidos no outro pacote de aplicativos.
Durante a edição de um documento, o Microsoft
Word: GUIA GRUPO ITEM ÍCONE

z Faz a gravação automática dos dados editados Recortar


enquanto o arquivo não tem um nome ou local
de armazenamento definidos. Depois, se necessá-
rio, o usuário poderá “Recuperar documentos não Copiar
salvos”.
z Faz a gravação automática de auto recuperação Área de
dos arquivos em edição que tenham nome e local Transferência
definidos, permitindo recuperar as alterações que Colar
não tenham sido salvas.
z As versões do Office 365 oferecem o recurso de “Sal- Pincel de
vamento automático”, associado à conta Microsoft, Formata-
para armazenamento na nuvem Microsoft OneDri- Página
Inicial ção
ve. Como na versão on-line, a cada alteração, o sal-
vamento será realizado. Nome da Calibri (Corp
fonte
O formato de documento RTF (Rich Text Format) é
padrão do acessório do Windows chamado WordPad, Tamanho
e por ser portável, também poderá ser editado pelo da fonte
Microsoft Word. Fonte
Em questões sobre pacotes de aplicativos nas Aumentar
provas elaboradas pela banca organizadora CESPE/ fonte
Cebraspe, as extensões de arquivos são amplamente
questionadas. Diminuir
Ao iniciar a edição de um documento, o modo fonte
de exibição selecionado na guia Exibir é “Layout de
Impressão”. O documento será mostrado na tela da Folha de
mesma forma que será impresso no papel. Rosto
O Modo de Leitura permite visualizar o documen-
to sem outras distrações como a Faixa de Opções com Página
os ícones. Neste modo, parecido com Tela Inteira, a Páginas em
barra de título continua sendo exibida. Branco
O modo de exibição “Layout da Web” é usado para
visualizar o documento como ele seria exibido se esti- Quebra de
vesse publicado na Internet como página web.
Página
Em “Estrutura de Tópicos” apenas os estilos de
Títulos serão mostrados, auxiliando na organização
dos blocos de conteúdo. Inserir Tabelas Tabela
O modo “Rascunho”, que antes era modo “Normal”,
exibe o conteúdo de texto do documento sem os elemen-
tos gráficos (imagens, cabeçalho, rodapé) existentes nele.
Imagem
Os modos de exibição estão na guia “Exibir”, que
faz parte da Faixa de Opções. Ela é o principal elemen-
to da interface do Microsoft Office.
Imagens
Ilustrações Online
Acesso Rápido

Guia Atual Guias ou Abas Item com Listagem

Formas

Importante!
A banca organizadora de concursos CESPE/Cebras-
INFORMÁTICA

Ícone com Opções


Caixa de Diálogo do Grupo Grupo pe não costuma utilizar imagens em suas provas.
Ela prioriza o conhecimento do candidato acerca
Figura 1. Faixa de opções do Microsoft Word
dos conceitos dos softwares. Outras bancas orga-
nizadoras, como Fundação VUNESP e Fundação
Para mostrar ou ocultar a Faixa de Opções, o ata-
lho de teclado Ctrl+F1 poderá ser acionado. Na versão Getúlio Vargas, priorizam o conhecimento do candi-
2007 ela era fixa e não podia ser ocultada. Atualmen- dato acerca do uso dos recursos para a produção de
te ela pode ser recolhida ou exibida, de acordo com a arquivos (parte prática dos programas).
preferência do usuário. 363
As guias possuem uma organização lógica, sequen- SELEÇÃO
cial, das tarefas que serão realizadas no documento,
desde o início até a visualização do resultado final. Através do teclado e do mouse, como no sistema
operacional, podemos selecionar palavras, linhas,
parágrafos e até o documento inteiro.
BOTÃO/GUIA DICA

Comandos para o documento MOUSE TECLADO AÇÃO SELEÇÃO


Arquivo atual. Salvar, salvar como, im-
primir, Salvar e enviar. Selecionar Seleciona o
- Ctrl+T
tudo documento
Tarefas iniciais. O início do
documento, acesso à Área de Botão 1 clique na Posiciona
-
Página Inicial Transferência, formatação de principal palavra o cursor
fontes, parágrafos. Formata-
Botão 2 cliques Seleciona a
ção do conteúdo da página. -
principal na palavra palavra
Tarefas secundárias. Adicio-
Botão 3 cliques Seleciona
nar um objeto que ainda não -
Inserir principal na palavra o parágrafo
existe no documento. Tabela,
Ilustrações, Instantâneos. Botão 1 clique na Selecionar
-
principal margem a linha
Configuração da página. For-
Layout da Página matação global do documen- Botão 2 cliques Seleciona
to, formatação da página. -
principal na margem o parágrafo
Reúne formatação da página e Botão 3 cliques Seleciona o
Design -
plano de fundo. principal na margem documento
Índices e acessórios. Notas de Seleciona
Referências rodapé, notas de fim, índices, Selecionar
- Shift+Home até o início
sumários, etc. até o início
da linha
Mala direta. Cartas, envelopes, Seleciona
Correspondências etiquetas, e-mails e diretório Selecionar
- Shift+End até o final
de contatos. até o final
da linha
Correção do documento. Ele Seleciona
está ficando pronto... Ortogra- Ctrl+Shif- Selecionar até o
Revisão fia e gramática, idioma, contro- -
t+Home até o início início do
le de alterações, comentários, documento
comparar, proteger, etc.
Seleciona
Visualização. Podemos ver o Ctrl+Shif- Selecionar até o
Exibir resultado de nosso trabalho. -
t+End até o final final do
Será que ficou bom? documento

Botão Seleção Palavra por


EDIÇÃO E FORMATAÇÃO DE TEXTOS Ctrl
principal individual palavra

A edição e formatação de textos consiste em apli- Seleção de


car estilos, efeitos e temas, tanto nas fontes, como nos Botão Seleção um ponto
Shift
parágrafos e nas páginas. principal bloco até outro
Os estilos fornecem configurações padronizadas local
para serem aplicadas aos parágrafos. Estas formata-
Botão prin-
ções envolvem as definições de fontes e parágrafos, Seleção Seleção
cipal pres- Ctrl+Alt
sendo úteis para a criação dos índices ao final da edi- bloco vertical
sionado
ção do documento. Os índices são gerenciados através
das opções da guia Referências. Seleção
No Microsoft Word estão disponíveis na guia Pági- Botão prin- vertical,
Seleção
na Inicial, e no LibreOffice Writer estão disponíveis no cipal pres- Alt iniciando
bloco
menu Estilos. sionado no local do
Com a ferramenta Pincel de Formatação, o usuário cursor
poderá copiar a formatação de um local e aplicar em
outro local no mesmo documento, ou em outro arquivo
aberto. Para usar a ferramenta, selecione o ‘modelo de Teclas de atalhos e seleção com mouse são impor-
formatação no texto’, clique no ícone da guia Página Ini- tantes, tanto nos concursos como no dia-a-dia. Expe-
cial e clique no local onde deseja aplicar a formatação. rimente praticar no computador. No Microsoft Word,
O conteúdo não será copiado, somente a formatação. se você digitar =rand(10,30) no início de um documen-
Se efetuar duplo clique no ícone, poderá aplicar a to em branco, ele criará um texto ‘aleatório’ com 10
formatação em vários locais até pressionar a tecla Esc parágrafos de 30 frases em cada um. Agora você pode
364 ou iniciar uma digitação. praticar à vontade.
EDIÇÃO E FORMATAÇÃO DE FONTES

As fontes são arquivos True Type Font (.TTF) gravadas na pasta Fontes do Windows, e aparecem para todos os
programas do computador.
Nomes de fontes como Calibri (fonte padrão do Word 2019), Arial, Times New Roman, Courier New, Verdana,
são os mais comuns. Atalho de teclado para formatar a fonte: Ctrl+Shift+F.
A caixa de diálogo Formatar Fonte poderá ser acionada com o atalho Ctrl+D.
Ao lado, um número indica o tamanho da fonte: 8, 9, 10, 11, 12, 14 e assim sucessivamente. Se quiser, digite o
valor específico para o tamanho da letra.
Atalhos de teclado: Pressione Ctrl+Shift+P para mudar o tamanho da fonte pelo atalho. E diretamente pelo
teclado com Ctrl+Shift+< para diminuir fonte e Ctrl+Shift+> para aumentar o tamanho da fonte.
Estilos são formatos que modificam a aparência do texto, como negrito (atalho Ctrl+N), itálico (atalho Ctrl+I) e sub-
linhado (atalho Ctrl+S). Já os efeitos modificam a fonte em si, como texto tachado (riscado simples sobre as palavras),
subscrito
(como na fórmula H2O – atalho Ctrl + igual), e sobrescrito (como em km2 – atalho Ctrl+Shift+mais)
A diferença entre estilos e efeitos é que, os estilos podem ser combinados, como negrito-itálico, itálico-subli-
nhado, negrito-sublinhado, negrito-itálico-sublinhado, enquanto os efeitos são concorrentes entre si.
Concorrentes entre si, significa que você escolhe o efeito tachado ou tachado duplo, nunca os dois simultanea-
mente. O mesmo para o efeito TODAS MAIÚSCULAS e Versalete. Sobrescrito e subscrito, Sombra é um efeito independente,
que pode ser combinado com outros. Já as opções de efeitos Contorno, Relevo e Baixo Relevo não, devem ser
individuais.
Finalizando... Temos o sublinhado. Ele é um estilo simples, mas comporta-se como efeito dentro de si mesmo.
Temos então Sublinhado simples, Sublinhado duplo, Tracejado, Pontilhado, Somente palavras (sem considerar os
espaços entre as palavras), etc. São os estilos de sublinhados, que se comportam como efeitos.

EDIÇÃO E FORMATAÇÃO DE PARÁGRAFOS, MARCADORES SIMBÓLICOS E NUMÉRICOS

Os parágrafos são estruturas do texto que são finalizadas com Enter.


Um parágrafo poderá ter diferentes formatações. Confira:

z Marcadores – símbolos no início dos parágrafos.


z Numeração – números, ou algarismos romanos, ou letras, no início dos parágrafos.
z Aumentar recuo – aumentar a distância do texto em relação à margem.
z Diminuir recuo – diminuir a distância do texto em relação à margem.
z Alinhamento – posicionamento em relação às margens esquerda e direita. São 4 alinhamentos disponíveis:
Esquerda, Centralizado, Direita e Justificado.
z Espaçamento entre linhas – distância entre as linhas dentro do parágrafo.
z Espaçamento antes – distância do parágrafo em relação ao anterior.
z Espaçamento depois – distância do parágrafo em relação ao seguinte.
z Sombreamento – preenchimento atrás do parágrafo.
z Bordas – linhas ao redor do parágrafo.

Figura 2. Recuos de parágrafos (nos símbolos da régua)

Nos editores de textos, recursos que conhecemos no dia-a-dia possuem nomes específicos. Confira alguns
exemplos:
INFORMÁTICA

z Recuo – distância do texto em relação à margem.


z Realce – marca-texto, preenchimento do fundo das palavras.
z Sombreamento – preenchimento do fundo dos parágrafos.
z Folha de Rosto – primeira página do documento, capa.
z SmartArt – diagramas, representação visual de dados textuais.
z Orientação – posição da página, que poderá ser Retrato ou Paisagem.
z Quebras – são divisões, de linha, parágrafo, colunas ou páginas.
z Sumário – índice principal do documento.
365
Muitos recursos de formatação não são impressos no papel, mas estão no documento. Para visualizar os carac-
teres não imprimíveis e controlar melhor o documento, você pode acionar o atalho de teclado Ctrl+* (Mostrar
tudo).

CARACTERES NÃO IMPRIMÍVEIS NO EDITOR


MICROSOFT WORD

Tecla(s) Ícone Ação Visualização

Quebra de Parágrafo – muda de parágrafo e


Enter -
pode mudar a formatação.

Quebra de Linha – muda de linha e mantém a


Shift+Enter -
formatação atual.

Quebra de página – muda de página, no local


atual do cursor. Disponível na guia Inserir,
Ctrl+Enter ou Ctrl+Return grupo Páginas, ícone Quebra de Página, e na Quebra de página
guia Layout, grupo Configurar Página, ícone
Quebras.

Quebra de coluna – indica que o texto


continua na próxima coluna. Disponível na
Ctrl+Shift+ Enter Quebra de coluna
guia Layout, grupo Configurar Página, ícone
Quebras.

Separador de Estilo – usado para modificar o


Ctrl+Alt+ Enter -
estilo no documento.

Insere uma marca de tabulação (1,25cm).


TAB Se estiver no início de um texto, aumenta o
recuo.

- - Fim de célula, linha ou tabela

ESPAÇO Espaço em branco

Ctrl+Shift+ Espaço Espaço em branco não separável

- - Texto oculto (definido na caixa Fonte, Ctrl+D) abc


- - Hifens opcionais

- - Âncoras de objetos

- - Selecionar toda a tabela

- - Campos atualizáveis pelo Word

TABELAS

As tabelas são estruturas de organização muito utilizadas para um layout adequado do texto, semelhante a
colunas, com a vantagem que estas não criam seções exclusivas de formatação.
As tabelas seguem as mesmas definições de uma planilha de Excel, ou seja, tem linhas, colunas, é formada por células,
e estas poderão conter também fórmulas simples.
Ao inserir uma tabela, seja ela vazia, a partir de um desenho livre, ou convertendo a partir de um texto, uma
planilha de Excel, ou um dos modelos disponíveis, será apresentada a barra de ferramentas adicional na Faixa de
Opções.
Um texto poderá ser convertido em Tabela, e voltar a ser um texto, se possuir os seguintes marcadores de for-
366 matação: ponto e vírgula, tabulação, enter (parágrafo) ou outro específico.
Algumas operações são exclusivas das Tabelas, como WORD EXCEL
Mesclar Células (para unir células adjacentes em uma
única), Dividir Células (para dividir uma ou mais células Atualizar os cam- Atualizar o
em várias outras), alinhamento do texto combinando F9 pos de uma mala resultado das
elementos horizontais tradicionais (esquerda, centro e direta. fórmulas.
direita) com verticais (topo, meio e base). F11 - Inserir gráfico.
O editor de textos Microsoft Word oferece ferramen-
tas para manipulação dos textos organizados em tabelas. Finaliza a entrada
O usuário poderá organizar as células nas linhas e Quebra de página na célula e man-
Ctrl+Enter
colunas da tabela, mesclar (juntar), dividir (separar), manual. tém o cursor na
célula atual.
visualizar as linhas de grade, ocultar as linhas de gra-
de, entre outras opções. Quebra de linha
Alt+Enter Repetir digitação.
E caso a tabela avance em várias páginas, temos manual.
a opção Repetir Linhas de Cabeçalho, atribuindo no
início da tabela da próxima página, a mesma linha de Finaliza a entrada
na célula e posi-
cabeçalho que foi usada na tabela da página anterior. Quebra de linha
Shift+Enter ciona o cursor na
As tabelas do Word possuem algumas características manual.
célula acima da
que são diferentes das tabelas do Excel. Geralmente estes atual, se houver.
itens são aqueles questionados em provas de concursos.
Por exemplo, no Word, quando o usuário está digi-
tando em uma célula, ocorrerá mudança automática Alternar entre
de linha, posicionando o cursor embaixo. No Excel, o Shift+F3 maiúsculas e Inserir função.
conteúdo ‘extrapola’ os limites da célula, e precisará minúsculas.
alterar as configurações na planilha ou a largura da
coluna manualmente.
Confira na tabela a seguir algumas das diferenças ÍNDICES, SUMÁRIO, NOTAS DE RODAPÉ, NOTAS DE
do Word para o Excel. FIM, CITAÇÕES E BIBLIOGRAFIA, LEGENDAS

WORD EXCEL Os índices podem ser construídos a partir dos esti-


Somente o con- los usados na formatação do texto, ou posteriormente
Tabela, Todos os conteú- teúdo da primei- através da adição de itens manualmente. Basicamen-
Mesclar dos são mantidos. ra célula será te, é todo o conjunto disponível na guia Referências.
mantido.
z Sumário – principal índice do documento.
Em inglês, com Em português,
z Notas de Rodapé – inseridas no final de cada pági-
Tabela, referências com referências
Fórmulas direcionais posicionais na, não formam um índice, mas ajudam na identi-
=SUM(ABOVE). =SOMA(A1:A5). ficação de citações e expressões.
z Notas de Fim – inseridas no final do documento,
Recalcula auto- semelhante a Notas de Rodapé.
Tabelas, Não recalcula maticamente e
z Citações e Bibliografia – permite a criação de
Fórmulas automaticamente. manualmente
(F9). índices com as citações encontradas no texto, além
das Referências Bibliográficas segundo os estilos
Tachado Não tem atalho de padronizados.
Atalho: Ctrl+5.
Texto teclado. z Legendas – inseridas após os objetos gráficos (ilus-
Quebra trações e tabelas), podem ser usadas para criação
de linha Shift+Enter. Alt+Enter. de um Índice de Ilustrações.
manual z Índice – para marcação manual das entradas do
índice.
Copia apenas a pri- Copia várias
Pincel de z Índice de Autoridades – formato próprio de cita-
meira formatação formatações
Formatação ção, disponível na guia Referências.
da origem. diferentes.

Duplica a infor- Os índices serão criados a partir dos Estilos utili-


Caixa de diálogo
Ctrl+D mação da célula zados durante o texto, como Título 1, Título 2, e assim
Fonte.
acima.
por diante. Se não forem usados, posteriormente o
INFORMÁTICA

Preenchimento usuário poderá ‘Adicionar Texto’ no índice principal


Ctrl+E Centralizar.
Relâmpago. (Sumário), Marcar Entrada (para inserir um índice) e
Alinhar à Direita até remover depois de inserido.
Ctrl+G Ir para... Os índices suportam Referências Cruzadas, que
(parágrafo).
permitem o usuário navegar entre os links do docu-
Duplica a infor- mento de forma semelhante ao documento na web. Ao
Repetir o último
Ctrl+R mação da célula
comando. clicar em um link, o usuário vai para o local escolhido.
à esquerda.
Ao clicar no local, retorna para o local de origem. 367
Planilha – o conjunto de células organizado
Importante! em uma folha de dados. Na versão atual são 65546
A guia Referências é uma das opções mais colunas (nomeadas de A até XFD) e 1048576 linhas
questionadas em concursos públicos por dois (numeradas).
motivos: envolvem conceitos de formatação do Pasta de Trabalho – arquivo do Excel (extensão
XLSX) contendo as planilhas, de 1 a N (de acordo com
documento exclusivos do Microsoft Word e é
quantidade de memória RAM disponível, nomeadas
utilizado pelos estudantes na formatação de um
como Planilha1, Planilha2, Planilha3).
TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). Alça de preenchimento – no canto inferior direi-
to da célula, permite que um valor seja copiado na
direção em que for arrastado. No Excel, se houver 1
número, ele é copiado. Se houver 2 números, uma
sequência será criada. Se for um texto, é copiado. Mas
MS-EXCEL 2016 texto com números é incrementado. Dias da semana,
nome de mês e datas são sempre criadas as continua-
USO DE FÓRMULAS, FUNÇÕES E MACROS, ções (sequências).
INSERÇÃO DE OBJETOS, CAMPOS PREDEFINIDOS, Mesclar – significa simplesmente “Juntar”. Haven-
CONTROLE DE QUEBRAS E NUMERAÇÃO DE do diversos valores para serem mesclados, o Excel
PÁGINAS, OBTENÇÃO DE DADOS EXTERNOS E manterá somente o primeiro destes valores, e centra-
CLASSIFICAÇÃO DE DADOS lizará horizontalmente na célula resultante.

Microsoft Excel Mesclar e Centralizar

Mesclar e Centralizar
As planilhas de cálculos são amplamente utilizadas
Mesclar através
nas empresas para as mais diferentes tarefas. Desde
a criação de uma agenda de compromissos, passan- Mesclar Células
G H
do pelo controle de ponto dos funcionários e folha de Desfazer Mesclagem de Células
pagamento, ao controle de estoque de produtos e base
de clientes. Diversas funções internas oferecem os E após a inserção dos dados, caso o usuário deseje,
recursos necessários para a operação.
poderá juntar as informações das células.
O Microsoft Excel apresenta grande semelhança de
Existem 4 opções no ícone Mesclar e Centralizar,
ícones com o Microsoft Word. O Excel “antigo” usava os
disponível na guia Página Inicial:
formatos XLS e XLT em seus arquivos, atualizado para
XLSX e XLTX, além do novo XLSM contendo macros. A
atualização das extensões dos arquivos ocorreu com o z Mesclar e Centralizar – Une as células seleciona-
Office 2007, e permanece até hoje. das a uma célula maior e centraliza o conteúdo da
As planilhas de cálculos não são banco de dados. nova célula. Este recurso é usado para criar rótu-
Muitos usuários armazenam informações (dados) em los (títulos) que ocupam várias colunas.
uma planilha de cálculos como se fosse um banco de z Mesclar através – Mesclar cada linha das células
dados, porém o Microsoft Access é o software do paco- selecionadas em uma célula maior.
te Microsoft Office desenvolvido para esta tarefa. Um z Mesclar células – Mesclar (unir) as células selecio-
banco de dados tem informações armazenadas em nadas em uma única célula, sem centralizar.
registros, separados em tabelas, conectados por rela- z Desfazer Mesclagem de Células – desfaz o procedi-
cionamentos, para a realização de consultas. mento realizado para a união de células.

ESTRUTURA BÁSICA DAS PLANILHAS, CONCEITOS ELABORAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICOS


DE CÉLULA, LINHAS, COLUNAS, PASTAS
A tabela de dados, ou folha de dados, ou planilha
Célula – unidade da planilha de cálculos, o encon- de dados, é o conjunto de valores armazenados nas
tro entre uma linha e uma coluna. A seleção indivi- células. Estes dados poderão ser organizados (classi-
dual é com a tecla CTRL e a seleção de áreas é com a ficação), separados (filtro), manipulados (fórmulas
tecla SHIFT (assim como no sistema operacional).
e funções), além de apresentar em forma de gráfico
Coluna – células alinhadas verticalmente, nomea-
(uma imagem que representa os valores informados).
das com uma letra.
Para a elaboração, poderemos:
Linha – células alinhadas horizontalmente, nume-
radas com números.
z Digitar o conteúdo diretamente na célula. Basta
iniciar a digitação, e o que for digitado é inserido
na célula.
z Digitar o conteúdo na barra de fórmulas. Disponí-
vel na área superior do aplicativo, a linha de fór-
mulas é o conteúdo da célula. Se a célula possui um
valor constante, além de mostrar na célula, este
aparecerá na barra de fórmulas. Se a célula possui
um cálculo, seja fórmula ou função, esta será mos-
trada na barra de fórmulas.
z O preenchimento dos dados poderá ser agilizado
através da Alça de Preenchimento ou pelas opções
368 automáticas do Excel.
z Os dados inseridos nas células poderão ser forma- O ícone % é para mostrar um valor com o forma-
tados, ou seja, continuam com o valor original (na to de porcentagem. Ou seja, o número é multiplica-
linha de fórmulas) mas são apresentados com uma do por 100. Exibe o valor da célula como percentual
formatação específica. (Ctrl+Shift+%)
z Todas as formatações estão disponíveis no atalho
de teclado Ctrl+1 (Formatar Células). FORMATO PORCENTAGEM
z Também na caixa de diálogo Formatar Células, VALOR PORCENTAGEM E 2 CASAS %
encontraremos o item Personalizado, para criação % ß,0
,0 0
de máscaras de entrada de valores na célula.
1 100% 100,00%
Formatos de números, disponível na guia Página
0,5 50% 50,00%
Inicial
2 200% 200,00%
Geral
123 Sem formato especifico 100 10000% 10000,00%
Número
12 4,00
0,004 0% 0,40%

Moeda
R$4,00 O ícone 000 é o Separador de Milhares. Exibir o
valor da célula com um separador de milhar. Este
Contábil comando alterará o formato da célula para Contábil
R$4,00 sem um símbolo de moeda.
Data Abreviada
04/01/1900 FORMATO
CONTÁBIL SEPARADOR
Data Completa
quarta-feira, 4 de janeiro de 1900
VALOR CONTÁBIL DE MILHARES
R$4,00 000
Hora
00:00:00
1500 R$1.500,00 1.500,00
Porcentagem
400,00% 16777418 R$16.777.418,00 16.777.418,00
1 Fração
1 R$1,00 1,00
2 4
Científico 400 R$400,00 400,00
102 4,00E+00
Texto
27568 R$27.568,00 27.568,00
ab 4
ß,0 ,00
As informações existentes nas células poderão Os ícones ,00 à,0 são usados para Aumentar casas
ser exibidas com formatos diferentes. Uma data, por decimais (Mostrar valores mais precisos exibindo
exemplo, na verdade é um número formatado como mais casas decimais) ou Diminuir casas decimais
data. Por isso conseguimos calcular a diferença entre (Mostrar valores menos precisos exibindo menos
datas. casas decimais).
Os formatos Moeda e Contábil são parecidos entre Quando um número na casa decimal possui valor abso-
si. Mas possuem exibição diferenciada. No formato de luto diferente de zero, ele é mostrado ao aumentar casas
Moeda, o alinhamento da célula é respeitado e o sím- decimais. Se não possuir, então será acrescentado zero.
bolo R$ acompanha o valor. No formato Contábil, o ali- Quando um número na casa decimal possui valor
nhamento é ‘justificado’ e o símbolo de R$ posiciona na absoluto diferente de zero, ele poderá ser arredonda-
esquerda, alinhando os valores pela vírgula decimal. do para cima ou para baixo, de ao diminuir as casas
decimais. É o mesmo que aconteceria com o uso da
Moeda função ARRED, para arredondar.
R$4,00
Simbologia específica

Cada símbolo tem um significado, e nas tabelas a


seguir, além de conhecer o símbolo, conheça o signifi-
cado e alguns exemplos de aplicação.
INFORMÁTICA

OPERADORES ARITMÉTICOS OU MATEMÁTICOS


Símbolo Significado Exemplo Comentários

Faz a soma de
+ (mais) Adição = 18 + 2
18 e 2
Contábil
Subtrai 5 do valor
R$4,00 - (menos) Subtração = 20 – 5
20
369
OPERADORES ARITMÉTICOS OU MATEMÁTICOS Princípios dos operadores relacionais

Multiplica 5 (mul- z Um valor jamais poderá ser menor e maior que


*
Multiplicação =5*4 tiplicando) por 4 outro valor ao mesmo tempo.
(asterisco)
(multiplicador) z Uma célula vazia é um conjunto vazio, ou seja, não
é igual a zero, é vazio.
Divide 25 por
/ (barra) Divisão = 25 / 10 10, resultando z O símbolo matemático ≠ não poderá ser escrito
em 2,5 diretamente na fórmula, use <>
z O símbolo matemático ≥ não poderá ser escrito
Faz 20 por cento, diretamente na fórmula, use >=
%
Percentual = 20% ou seja, 20 dividi-
(percentual)
do por 100 O símbolo matemático ≤ não poderá ser escrito
diretamente na fórmula, use <=
Faz 3 elevado a
Exponencia- 2, 3 ao quadrado
=3^2
^ (circun- ção =9 OPERADORES DE REFERÊNCIA
=8^(1
flexo) Cálculo de Faz 8 elevado a
/3) Símbolo Significado Exemplo Comentários
raízes 1/3, ou seja, raiz
cúbica de 8
Trava a célula
na coluna A
=$A1 Trava a célula
Ordem das operações matemáticas Travar
$ (cifrão) =A$1 na linha 1
uma célula
=$A$1 Trava a célula
z ( ) – parênteses A1, ela não
z ^ – exponenciação (potência, um número elevado mudará
a outro número)
Obtém o valor
z * ou / – multiplicação (função MULT) ou divisão
! (exclama- = de A3 que está
z + ou - – adição (função SOMA) ou subtração ção)
Planilha
Planilha2!A3 na planilha
Planilha2.
Como resolver as questões de planilhas de cálculos?
1. Leitura atenta do enunciado (português e inter- Informa o nome
de outro arqui-
pretação de textos) [] Pasta de =[Pasta2]Pla-
vo do Excel,
2. Identificar a simbologia básica do Excel (colchetes) Trabalho nilha1!$A$2
onde deverá
(informática) buscar o valor.
3. Respeitar as regras matemáticas básicas
(matemática) Informa o
4. Realizar o teste, e fazer o verdadeiro ou falso =’C:\Fernan- caminho de
doNishimu- outro arquivo
(raciocínio lógico) ‘ ra\ do Excel, onde
Caminho
(apóstrofe) [pasta2. deverá encon-
OPERADORES RELACIONAIS, USADOS EM TESTES xlsx]Plani- trar o arquivo
lha1’!$A$2 para buscar o
Símbolo Significado Exemplo Comentários valor.
Se o valor de A1 Soma 15 e 4 e
= SE (A1 > for maior que 5, ; (ponto e = SOMA (15 ;
> (maior) Maior que Significa E 6, resultando
5 ; 15 ; 17 ) então mostre 15, vírgula) 4;6)
em 25.
senão mostre 17
Soma de A1 até
Se o valor de A1 : (dois Significa = SOMA B4, ou seja, A1,
= SE (A1 < 3 for menor que 3, pontos) ATÉ (A1:B4) A2, A3, A4, B1,
< (menor) Menor que
; 20 ; 40 ) então mostre 20, B2, B3, B4.
senão mostre 40.
Executa uma
Se o valor de A1 =SOMA(- operação sobre
for maior ou igual Intersecção
>= (maior Maior ou = SE (A1 >= Espaço F4:H8 as células em
a 7, então mostre ($)
ou igual) igual a 7;5;1) H6:K10) comum nos
5, senão intervalos.
mostre 1.

Se o valor de A1 Princípios dos operadores de referência


for menor ou igual
<= (menor Menor ou = SE (A1 <=
a 5, então mostre
ou igual) igual a 5 ; 11 ; 23 ) z O símbolo de cifrão transforma uma referência
11, senão
mostre 23. relativa ( A1 ) em uma referência mista ( A$1 ou
$A1 ) ou em referência absoluta ( $A$1 )
Se o valor de A1 z O símbolo de exclamação busca o valor em outra
<> (menor = SE (A1 <> for diferente de 1, planilha, na mesma pasta de trabalho ou em outro
Diferente
e maior) 1 ; 100 ; 8 ) então mostre 100,
arquivo. Ex.: =[Pasta2]Planilha1!$A$2
senão mostre 8.

Se o valor de O símbolo de cifrão ($) é um dos mais importantes


= (igual) Igual a
= SE (A1 = A1 for igual a 2, na manipulação de fórmulas de planilhas de cálculos.
2 ; 10 ; 50 ) então mostre 10, Todas as bancas organizadoras questionam fórmulas
senão mostre 50. com e sem eles nas referências das células.
370
Vamos conhecer uma questão que utiliza referências mistas. Ela foi aplicada pela Fundação VUNESP, para o cargo de
Papiloscopista da Polícia Civil de São Paulo, em 2018.
Assumindo que foi digitada a fórmula =$F2-G$2 na célula H2 e que essa fórmula foi copiada e colada nas célu-
las H3 até H9, assinale a alternativa com o valor que aparecerá na célula H6 da planilha do MS-Excel 2010, em sua
configuração original, exibida na figura:

a) –R$ 960,00
b) –R$ 100,00
c) R$ 400,00
d) R$ 500,00
e) R$ 360,00

A resposta correta é a letra B. A fórmula =$F2-G$2 inserida na célula H2 possui referências mistas.
O símbolo de cifrão transforma uma referência relativa ( A1 ) em uma referência mista ( A$1 ou $A1 ) ou em
referência absoluta ( $A$1 )
O símbolo de $ serve para fixar uma posição na referência (endereço da célula). A posição que ele estiver
acompanhando, não mudará.
Quando não temos o símbolo de cifrão, temos uma referência relativa. A1
Se temos um símbolo de $, temos uma referência mista. $A1 ou A$1
E se temos dois símbolos de cifrão, temos uma referência absoluta. $A$1
A fórmula =$F2-G$2 tem =$F2-G$2 fixo, ou seja, ao copiar e colar, não mudará. =$F__-__$2
Na célula H2 temos a fórmula =$F2-G$2
Na célula H6 teremos a fórmula =$F6-G$2, porque mudamos da célula H2 para H6 (linha 2 para linha 6), mas
permanecemos na mesma coluna H (não precisando mudar a letra G da segunda parte da fórmula).

Na célula H6 teremos a fórmula =$F6-G$2


INFORMÁTICA

SÍMBOLOS USADOS NAS FÓRMULAS E FUNÇÕES

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Faz a soma de 15 e 3.
= 15 + 3
Início de fórmula, fun- Compara o valor de A1 com 5, e caso seja
= (igual) = SOMA ( 15 ; 3 )
ção ou comparação. verdadeiro, mostra 10, caso seja falso,
=SE ( A1 = 5 ; 10 ; 11 )
mostra 11.
371
SÍMBOLOS USADOS NAS FÓRMULAS E FUNÇÕES

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Identifica uma função = HOJE ( ) Retorna a data atual do computador.


( )parênteses ou os valores de uma = SOMA (A1;B1) Faz a soma de A1 e B1.
operação prioritária. = (3+5) / 2 Faz a soma de 3 e 5 antes de dividir por 2.

Separador de A função SE tem 3 partes, e estas estão


; (ponto e vírgula) =SE ( A1 = 5 ; 10 ; 11 )
argumentos. separadas por ponto e vírgula.

Executa uma operação sobre as células


Espaço Intersecção. =SOMA(F4:H8 H6:K10)
em comum nos intervalos.

Importante!
As fórmulas e funções começam com o sinal de igual. Outros símbolos podem ser usados, mas o Excel subs-
tituirá pelo sinal de igual.

SÍMBOLOS PARA TEXTOS

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Apresenta o texto Fernando.


“ (aspas duplas) Texto exato = “Fernando”
Se usado em testes, é “igual a”.

Exibe os zeros não significativos,


‘(apóstrofe) Número como texto. ‘0001
0001 como texto (ex.: placa de carro).

Exibe “Fernando Nishimura” (sem as


= “Fernando ”&”
& (“E” comercial) Concatenar. aspas), o resultado da junção dos
Nishimura”
textos individuais.

O símbolo & é usado para concatenar dois conteúdos, como por exemplo: =”15”&”A45” resulta em 15A45. Podere-
mos usar a função CONCATENAR, ou a função CONCAT, para obter o mesmo resultado do símbolo &.

CORRESPONDÊNCIA DE SÍMBOLOS E FUNÇÕES NO EXCEL

Símbolo Significado Exemplo Comentários

+ (sinal de mais) SOMA Adição =15+7 é o mesmo que =SOMA(15;7).

* (asterisco) MULT Multiplicação =12*3 é o mesmo que =MULT(12;3).

^ (circunflexo) POTÊNCIA Exponenciação =2^3 é o mesmo que =POTÊNCIA(2;3).

RAIZ Raiz quadrada =4^(1/2) é o mesmo que =RAIZ(4).

& (E comercial) CONCATENAR Juntar textos =A1&A2&A3 é igual a =CONCATENAR(A1;A2;A3).

“ (aspas) TEXTO Converte em texto =”150144” é o mesmo que =TEXTO(150144).

Erros

Quando trabalhamos com planilhas de cálculos, especialmente no início dos estudos, é comum aparecerem
mensagens de erros nas células, decorrente da falta de argumentos nas fórmulas, referências incorretas, erros de
digitação, entre outros. Vamos ver algumas das mensagens de erro mais comuns que ocorrem nas planilhas de
cálculos.
As planilhas de cálculos oferecem o recurso “Rastrear precedentes”, dentro do conceito de Auditoria de Fórmulas.
Com este recurso, muito questionado em concursos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o usuário poderá ver setas na
planilha indicando a relação entre as células, e identificar a origem das mensagens de erros.
A seguir, os erros mais comuns que podem ocorrer em uma planilha de cálculos no Microsoft Excel:

z #DIV/0! – indica que a fórmula está tentando dividir um valor por 0.


z #NOME? – indica que a fórmula possui um texto que o Excel 2007 não reconhece.
z #NULO! – a fórmula contém uma interseção de duas áreas que não se interceptam.
372
z #NUM! – a fórmula apresenta um valor numérico =MAXIMO(A1:D6) Exibe qual é o maior valor na
inválido. área de A1 até D6. Se houver dois valores iguais, ape-
z #REF! – indica que na fórmula existe a referência nas um será mostrado.
para uma célula que não existe.
z #VALOR! – indica que a fórmula possui um tipo z MAIOR(valores;posição) : exibe o maior valor de
errado de argumento. uma série, segundo o argumento apresentado.
z ##### – indica que o tamanho da coluna não é sufi-
ciente para exibir seu valor. Valores iguais ocupam posições diferentes.

Funções Básicas =MAIOR(A1:D6;3) Exibe o 3º maior valor nas célu-


las A1 até D6.
z SOMA(valores) : realiza a operação de soma nas
células selecionadas. z MÍNIMO(valores) : exibe o menor valor das célu-
las selecionadas.
No Microsoft Excel, a função SOMA efetua a adição
dos valores numéricos informados em seus argumen-
=MINIMO(A1:D6) Exibe qual é o menor valor na
tos. Se existirem células com textos, elas serão ignora-
área de A1 até D6.
das. Células vazias não são somadas.
=SOMA(A1;A2;A3) Efetua a soma dos valores exis-
tentes nas células A1, A2 e A3. z MENOR(valores;posição) : exibe o menor valor de
=SOMA(A1:A5) Efetua a soma dos 5 valores exis- uma série, segundo o argumento apresentado.
tentes nas células A1 até A5
=SOMA(A1;34;B3) Efetua a soma dos valores da Valores iguais ocupam posições diferentes.
célula A1, com 34 (valor literal) e B3.
=SOMA(A1:B4) Efetua a soma dos 8 valores exis- =MENOR(A1:D6;3) Exibe o 3º menor valor nas célu-
tentes, de A1 até B4. O Excel não faz ‘triangulação’, las A1 até D6.
operando apenas áreas quadrangulares.
=SOMA(A1;B1;C1:C3) Efetua a soma dos valores A1 z SE(teste;verdadeiro;falso) : avalia um teste e retor-
com B1 e C1 até C3. na um valor caso o teste seja verdadeiro ou outro
=SOMA(1;2;3;A1;A1) Efetua a soma de 1 com 2 com caso seja falso.
3 e o valor A1 duas vezes.
Esta função é muito solicitada em todas as bancas.
z SOMASE(valores;condição) : realiza a operação A sua estrutura não muda, sendo sempre o teste na
de soma nas células selecionadas, se uma condição primeira parte, o que fazer caso seja verdadeiro na
for atendida.
segunda parte, e o que fazer caso seja falso na últi-
ma parte. Verdadeiro ou falso. Uma ou outra. Jamais
A sintaxe é =SOMASE(onde;qual o critério para
serão realizadas as duas operações, somente uma
que seja somado)
delas, segundo o resultado do teste.
=SOMASE(A1:A5;”>15”) Efetuará a soma dos valo- A função SE usa operadores relacionais (maior,
res de A1 até A5 que sejam maiores que 15 menor, maior ou igual, menor ou igual, igual, diferen-
=SOMASE(A1:A10;”10”) Efetuará a soma dos valo- te) para construção do teste. As aspas são usadas para
res de A1 até A10 que forem iguais a 10. textos literais.

z MÉDIA(valores) : realiza a operação de média nas =SE(A1=10;”O valor da célula A1 é 10”;”O valor da
células selecionadas e exibe o valor médio encontrado. célula A1 não é 10”)
=SE(A1<0;”O valor da célula A1 é negativo”;”O
=MEDIA(A1:A5) Efetua a média aritmética simples valor não é negativo”)
dos valores existentes entre A1 e A5. Se forem 5 valo- =SE(A1>0;”O valor da célula A1 é positivo”;”O valor
res, serão somados e divididos por 5. Se existir uma não é positivo”)
célula vazia, serão somados e divididos por 4. Células
vazias não entram no cálculo da média. É possível encadear funções, ampliando as áreas
de atuação. Por exemplo, um número pode ser negati-
z MED(valores) : informa a mediana de uma série vo, positivo ou igual a zero. São 3 resultados possíveis.
de valores.
=SE(A1=0;”Valor é igual a zero”;SE(A1<0;”Valor é
Mediana é o ‘valor no meio’. Se temos uma sequência
negativo”;”Valor é positivo”))
de valores com quantidade ímpar, eles serão ordenados
e o valor no meio é a sua mediana. Por exemplo, para os
INFORMÁTICA

valores (5,6,9,3,4), ordenados são (3,4,5,6,9) e a mediana é 5. Neste exemplo, se for igual a zero (primeiro teste),
Se temos uma sequência de valores com quantida- exibe a mensagem e finaliza a função. Mas se não for
de par, a mediana será a média dos valores que estão igual a zero, poderá ser menor do que zero (segundo
no meio. Por exemplo, para os valores (2,13,4,10,8,1), teste), e exibe a mensagem “Valor é negativo”, encer-
ordenados são (1,2,4,8,10,13), e no meio temos 4 e 8. A rando a função. E por fim, se não é igual a zero, e não
média de 4 e 8 é 6 ((4+8)/2). é menor que zero, só poderia ser maior do que zero,
e a mensagem final “Valor é positivo” será mostrada.
z MÁXIMO(valores) : exibe o maior valor das células Obs.: o sinal de igual, para iniciar uma função, é
selecionadas. usado somente no início da digitação da célula. 373
As funções CONT são usadas para informar a quanti- z SOMASES(células para somar; células1; teste1;
dade de células, que atendem às condições especificadas. células2; teste2)
Verifica as células que atendem aos testes e soma
- CONT.NÚM - para contar quantas células possuem as células correspondentes.
números. Os intervalos de teste e de soma podem ser os
- CONT.VALORES - quantidade de células que estão mesmos.
preenchidas.
- CONTAR.VAZIO - quantidade de células que não z MÉDIASE(células para testar;teste;células para
estão preenchidas. calcular a média)
- CONT.SE - quantidade de células que atendem a Efetua um teste nas células especificadas, e calcula
uma condição específica. a média das células correspondentes.
- CONT.SES - quantidade de células que atendem a Os intervalos de teste e de média podem ser os
várias condições simultaneamente. mesmos.

z CONT.VALORES(células): esta função conta todas as z PROCV(valor_procurado; matriz_tabela; núm_


células em um intervalo, exceto as células vazias. índice_coluna; [intervalo_pesquisa])
A função PROCV é utilizada para localizar o valor_pro-
= CONT.VALORES(A1:A10) Informa o resultado da curado dentro da matriz_tabela, e quando encontrar,
contagem, informando quantas células estão preen- retornar à enésima coluna informada em núm_índice_
chidas com valores, quaisquer valores. coluna. A última opção, que será VERDADEIRO ou FAL-
SO, é usada para identificar se precisa ser o valor exato (F)
z CONT.NÚM (células): conta todas as células em um ou pode ser valor aproximado (V).
intervalo, exceto células vazias e células com texto. Por exemplo:

=CONT.NÚM(A1:A8) Informa quantas células no =PROCV(105;A2:C7;2;VERDADEIRO) e


intervalo A1 até A8 possuem valores numéricos. =PROCV(“Monte”;B2:E7;2;FALSO)

z CONT.SE(células;condição): Esta função conta quan- A função PROCV é um membro das funções de pes-
tas vezes aparece um determinado valor (número ou quisa e Referência, que incluem a função PROCH.
texto) em um intervalo de células (o usuário tem que Use a função tirar ou a função arrumar para
indicar qual é o critério a ser contado) remover os espaços à esquerda nos valores da tabela.

=CONT.SE(A1:A10;”5”) Efetua a contagem de quan- z ESQUERDA(texto;quantidade)


tas células existem no intervalo de A1 até A10 conten- Extrai de uma sequência de texto, uma quanti-
do o valor 5. dade de caracteres especificados, a partir do início
(esquerda).
z CONT.SES(células1;condição1;células2;condi-
ção2): Esta função conta quantas vezes aparece =ESQUERDA(“Fernando Nishimura”;8) exibe “Fern
um determinado valor (número ou texto) em um ando”
intervalo de células (o usuário tem que indicar
qual é o critério a ser contado), atendendo a todas z DIREITA(texto;quantidade)
as condições especificadas. Extrai de uma sequência de texto, uma quantidade
de caracteres especificados, a partir do final.
=CONT.SES(A1:A10;”5”;B1:B10;”7”)
Efetua a contagem de quantas células existem no =DIREITA(“Polícia Federal”;7) exibe “Federal”.
intervalo de A1 até A10 contendo o valor 5 e ao mes-
mo tempo, quantas células existem no intervalo de B1 z CONCATENAR(texto1;texto2; ... )
até B10 contendo o valor 7. Junta os textos especificados em uma nova sequência.

z CONTAR.VAZIO (células) : conta as células vazias =CONCATENAR(“Escrevente “;”Técnico “;”Judiciá-


de um intervalo. rio”) – exibe “Escrevente Técnico Judiciário”.

=CONTAR.VAZIO(A1:A8) Informa quantas células z INT(valor)


vazias existem no intervalo A1 até A8. Extrai a parte inteira de um número.

z SOMASE(células para testar;teste;células para =INT(PI()) parte inteira do valor de PI – valor


somar) 3,14159 exibe 3.
Efetua um teste nas células especificadas, e soma
as correspondentes nas células para somar. z TRUNCAR(valor;casas decimais)
Os intervalos de teste e de soma podem ser os Exibe um número com a quantidade de casas deci-
mesmos. mais, sem arredondar.

=SOMASE(A1:A10;”>6”;A1:A10) somará os valores =TRUNCAR(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas


de A1 até A10 que sejam maiores que 6. decimais – valor 3,14159 exibe 3,141.
=SOMASE(A1:A10;”<3”;B1:B10) somará os valores
de B1 até B10 quando os valores de A1 até A10 forem z ARRED(valor;casas decimais)
menores que 3.
374
Exibe um número com a quantidade de casas deci- Gráficos são a representação visual de dados
mais, arredondando para cima ou para baixo. numéricos, e poderão ser inseridos na planilha como
gráficos ‘comuns’ ou gráficos dinâmicos.
=ARRED(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas Os gráficos dinâmicos, assim como as tabelas dinâ-
decimais – valor 3,14159 exibe 3,142. micas, são construídos com dados existentes em uma
ou várias pastas de trabalho, associando e agrupando
z HOJE() – Exibe a data atual do computador. informações para a produção de relatórios completos.
z AGORA() – Exibe a data e hora atuais do computador.
z DIA(data) – Extrai o número do dia de uma data. z Os gráficos de Colunas representam valores em
z MÊS(data) – Extrai o número do mês de uma data. colunas 2D ou 3D. São opções do gráfico de Colunas:
z ANO(data) – Extrai o número do ano de uma data. Agrupada, Empilhada, 100% Empilhada, 3D Agru-
z DIAS(data1;data2) - Informa a diferença em dias pada, 3D Empilhada, 3D 100% Empilhada, e 3D.
entre duas datas.
z DIAS360(data1;data2) – Informa a diferença em
dias entre duas datas (ano contábil, de 360 dias)
z POTÊNCIA(base;expoente)
Eleva um número (base) ao expoente informado.
=POTÊNCIA(2;4) 2 elevado à 4, 24, 2x2x2x2 = 16

z MULT(número;número;número; ... )
Multiplica os números informados nos argumentos.
z Os gráficos de Linhas representam valores com
linhas, pontos ou ambos. São opções do gráfico de
FUNÇÕES LÓGICAS
Linhas: Linha, Linha Empilhada, 100% Empilha-
Retorna VERDADEIRO se da, com Marcadores, Empilhada com Marcadores,
E (Função E) todos os seus argumentos 100% Empilhada com Marcadores, e 3D.
forem VERDADEIROS

Retorna VERDADEIRO se
OU (Função OU) um dos argumentos for
VERDADEIRO

Inverte o valor lógico do


NÃO (Função NÃO)
argumento

Retorna o valor lógico


FALSO (Função FALSO)
FALSO
z Os gráficos de Pizza representam valores propor-
VERDADEIRO (Função Retorna o valor lógico cionalmente. São opções do gráfico de Pizza: Pizza,
VERDADEIRO) VERDADEIRO
Pizza 3D, Pizza de Pizza, Barra de Pizza, e Rosca.
Retornará um valor que
você especifica se uma fór-
SEERRO (Função
mula for avaliada para um
SEERRO)
erro; do contrário, retornará
o resultado da fórmula
z Os gráficos de Barras representam dados de forma
semelhante ao gráfico de Colunas, mas na horizon-
Importante! tal. São opções dos gráficos de Barras: Agrupadas,
Empilhadas, 100% Empilhadas, 3D Agrupadas, 3D
Foram apresentadas muitas funções neste Empilhadas, e 3D 100% Empilhadas.
material, não é verdade? Existem milhares de
funções no Microsoft Excel e LibreOffice Calc.
Em concursos públicos, estas são as mais
questionadas. Em provas da banca organizado-
ra CESPE, raramente aparecem questões com
INFORMÁTICA

funções, e quando aparecem, são as básicas e z Os gráficos de Área representam dados de forma seme-
intermediárias. lhante ao gráfico de Linhas, mas com preenchimento
até a base (eixo X). São opções dos gráficos de Área:
Área, Área Empilhada, Área 100% Empilhada, Área 3D,
Gráficos Área 3D Empilhada, e Área 3D 100% Empilhada.

Além da produção de planilhas de cálculos, o


Microsoft Excel (e o LibreOffice Calc) produz gráficos
com os dados existentes nas células. 375
z Os gráficos de Dispersão representam duas séries z O gráfico do tipo Mapa de Árvore é usado para mos-
de valores em seus eixos. São opções dos gráficos trar proporcionalmente a hierarquia dos valores.
de Dispersão: Dispersão, com Linhas Suaves e Mar-
cadores, com Linhas Suaves, com Linhas Retas e
Marcadores, com Linhas Retas, Bolhas e Bolhas 3D.

z O gráfico do tipo Explosão Solar se assemelha ao


gráfico de Rosca, mas o maior valor será o primei-
ro da série de dados.

z O gráfico do tipo Mapa, exibe a informação de


acordo com cada região. Sua única opção é o Mapa
Coroplético. z Os gráficos do tipo Histograma são usados para
séries de valores com evolução, como idades da
população. São exemplos de gráficos do tipo Histo-
grama: Histograma e Pareto.

z Os gráficos de Ações necessitam que os dados este-


jam organizados em preço na alta, preço na baixa
e preço no fechamento. Datas ou nomes das ações z O gráfico do tipo Caixa Estreita é usado para proje-
serão usados como rótulos. São exemplos de gráficos ção de valores.
de Ações: Alta-Baixa-Fechamento, Abertura-Alta-
-Baixa-Fechamento, Volume-Alta-Baixa-Fechamen-
to, e Volume-Abertura-Alta-Baixa-Fechamento.

z O gráfico do tipo Cascata, exibe e destaca as varia-


ções dos valores ao longo do tempo.

z O gráfico do tipo Funil alinha dos valores em


z Os gráficos de Superfície parecem com os gráficos
ordem decrescente.
de Linhas, e preenchem a superfície com cores.
São exemplos de gráficos de Superfície: 3D, 3D
Delineada, Contorno e Contorno Delineado.

z Os gráficos do tipo Combinação permitem com-


binar dois tipos de gráficos para a exibição de
séries de dados. São exemplos de gráficos do tipo
z Os gráficos de Radar são usados para mostrar a Combinação: Coluna Clusterizada-Linha, Colu-
evolução de itens. São exemplos de gráficos de na Clusterizada-Linha no Eixo Secundário, Área
Radar: Radar, Radar com Marcadores, e Radar Empilhada-Coluna Clusterizada, e a possibilidade
Preenchido. de criação de uma Combinação Personalizada.

376
Classificação de dados
CLASSIFICAÇÃO COMENTÁRIOS
A classificação de dados é uma parte importante Se você tiver formatado ma-
da análise de dados. nual ou condicionalmente um
Você pode classificar dados por texto (A a Z ou Z a A), intervalo de células ou uma
números (dos menores para os maiores ou dos maiores coluna de tabela, por cor de
Classificar por cor
célula ou cor de fonte, poderá
para os menores) e datas e horas (da mais antiga para a de célula, cor de
classificar por essas cores.
mais nova e da mais nova para a mais antiga) em uma fonte ou ícones
Também será possível classifi-
ou mais colunas. Você também poderá classificar por car por um conjunto de ícones
uma lista de clientes (como Grande, Médio e Pequeno) criados ao aplicar uma forma-
ou por formato, incluindo a cor da célula, a cor da fonte tação condicional.
ou o conjunto de ícones. A maioria das operações de
Você pode usar uma lista per-
classificação é identificada por coluna, mas você tam- sonalizada para classificar em
bém poderá identificar por linhas. uma ordem definida pelo usuá-
Classificar por uma
Disponível na guia Dados, e na guia Página Inicial, rio. Por exemplo, uma coluna
lista personalizada
a classificação poderá ser de texto, números, datas ou pode conter valores pelos
horas, por cor da célula, cor da fonte ou ícones, por quais você deseja classificar,
como Alta, Média e Baixa.
uma lista personalizada, linhas, por mais de uma colu-
na ou linha, ou por uma coluna sem afetar as demais. Na caixa de diálogo Opções
de Classificação, em Orienta-
Classificar linhas ção, clique em Classificar da
esquerda para a direita e, em
seguida, clique em OK.

Classificar por mais Na caixa de diálogo Classificar,


de uma coluna ou adicione mais de um critério
linha para ordenação.

Classificar uma Basta selecionar a coluna de-


coluna em um inter- sejada, e na janela de diálogo,
valo de células sem manter o item “Continuar com
afetar as demais a seleção atual”.

CORREIO ELETRÔNICO

O e-mail (Electronic Mail, correio eletrônico) é uma


forma de comunicação assíncrona, ou seja, mesmo
que o usuário não esteja on-line, a mensagem será
armazenada em sua caixa de entrada, permanecendo
disponível até ela ser acessada novamente.
CLASSIFICAÇÃO COMENTÁRIOS O correio eletrônico (popularmente conhecido
A classificação de dados alfa- como e-mail) tem mais de 40 anos de existência. Foi
numéricos poderá ser ‘Classi- um dos primeiros serviços que surgiu para a Internet,
e se mantém usual até os dias de hoje.
ficar de A a Z’ em ordem
Classificar texto crescente, ou ‘Classificar de Z
O Mozilla Thunderbird é um cliente
a A’ em ordem decrescen-
de e-mail gratuito com código aberto
te. É possível diferenciar letras
que poderá ser usado em diferentes
maiúsculas e minúsculas.
plataformas.
Quando a coluna possui números,
O eM Client é um cliente de e-mail
podemos ‘Classificar do menor
Classificar números gratuito para uso pessoal no ambiente
INFORMÁTICA

para o maior’ ou ‘Classificar Windows e Mac. Facilmente configu-


do maior para o menor’ rável. Tem a versão Pro, para clientes
corporativos.
Se houver datas ou horas,
podemos ‘Classificar da mais O Microsoft Outlook, integrante do pa-
Classificar datas ou antiga para a mais nova’ cote Microsoft Office, é um cliente de
horas ou ‘Classificar da mais nova e-mail que permite a integração de vá-
para a mais antiga’, resumindo, rias contas em uma caixa de entrada
cronologicamente. combinada.
377
PROGRAMA CARACTERÍSTICAS FORMA DE
CARACTERÍSTICAS
ACESSO
O Microsoft Outlook Express foi o
cliente de e-mail padrão das antigas Protocolo IMAP4 para enviar e
versões do Windows. Ainda aparece para receber mensagens. As men-
listado nos editais de concursos, po- sagens são copiadas do servidor
Webmail
rém não pode ser utilizado nas versões para a janela do navegador e são
atuais do sistema operacional. mantidas na caixa de mensagens
remota.
Webmail. Quando o usuário utiliza um
navegador de Internet qualquer para
acessar sua caixa de mensagens no
servidor de e-mails, ele está acessan-
do pela modalidade webmail.
Servidor de e-mails
Servidor de e-mails

Dica
Apesar de existirem diversas opções para com- Receber – POP3 Receber IMAP4
posição, envio e recebimento de mensagens ele-
trônicas, as bancas preferem as questões sobre
o cliente de e-mail Microsoft Outlook, integrante
Usuário
do pacote Microsoft Office. Usuário

O Microsoft Outlook possui recursos que permitem


o acesso ao correio eletrônico (e-mail), organização Cliente de e-mail Navegador de Internet
das mensagens em pastas, sinalizadores, acompanha-
Figura 4. Usando o protocolo POP3, a mensagem é transferida para
mento e também recursos relacionados a reuniões e o programa de e-mail do usuário e removida do servidor. Usando
compromissos. o protocolo IMAP4, a mensagem é copiada para o navegador de
Os eventos adicionados ao calendário podem ser Internet e mantida no servidor de e-mails.
enviados na forma de notificação por e-mail para os
participantes. Os protocolos de e-mails são usados para a troca
O Outlook possui o programa para instalação no de mensagens entre os envolvidos na comunicação.
computador do usuário e a versão on-line. Essa versão O usuário pode personalizar a sua configuração, mas
em concursos públicos o que vale é a configuração
pode ser gratuita (Outlook.com, antigo Hotmail) ou
padrão, apresentada neste material.
corporativa (Outlook Web Access – OWA, integrante SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) é o Protoco-
do Microsoft Office 365). lo para Transferência Simples de E-mails. Usado pelo
cliente de e-mail para enviar para o servidor de men-
sagens, e entre os servidores de mensagens do reme-
tente e do destinatário.
Usuário
POP3 ou apenas POP (Post Office Protocol 3) é o
Protocolo de Correio Eletrônico, usado pelo cliente de
e-mail para receber as mensagens do servidor remoto,
removendo-as da caixa de entrada remota.
@ IMAP4 ou IMAP (Internet Message Access Protocol)
é o Protocolo de Acesso às Mensagens via Internet é
Figura 3. Para acessar as mensagens armazenadas em um servidor usado pelo navegador de Internet (sobre os protoco-
de e-mails, o usuário pode usar um cliente de e-mail ou o navegador los HTTP e HTTPS) na modalidade de acesso webmail,
de Internet transferindo cópias das mensagens para a janela do
navegador e mantendo as originais na caixa de men-
Formas de acesso ao correio eletrônico sagens do servidor remoto.

Podemos usar um programa instalado em nosso


dispositivo (cliente de e-mail) ou qualquer navegador
de Internet para acessarmos as mensagens recebi- Servidor Exchange Enviar e Receber Servidor Gmail
SMTP
das. A escolha por uma ou por outra opção vai além
da preferência do usuário. Cada forma de acesso tem Enviar – SMTP

suas características e protocolos. Confira. Enviar e Receber


Receber – POP3
IMAP4

FORMA DE
CARACTERÍSTICAS
ACESSO Remetente Destinatário
Cliente
Webmail
Protocolo SMTP para enviar mensa-
gens e POP3 para receber. As men- Figura 5. O remetente está usando o programa Microsoft Outlook
Cliente de
sagens são transferidas do servidor (cliente) para enviar um e-mail. Ele usa o seu e-mail corporativo
E-mail
para o cliente e são apagadas da (Exchange). O e-mail do destinatário é hospedado no servidor Gmail,
caixa de mensagens remota. e ele utiliza um navegador de Internet (webmail) para ler e responder
378 os e-mails recebidos.
� O cliente de e-mail (se usar IMAP4) copia as mensa-
EXERCÍCIOS COMENTADOS gens que estão no servidor de e-mail para o computador
local, mas mantém as mensagens originais no servidor.
1. (VUNESP – 2020) Um usuário enviou um e-mail por � O webmail (usando IMAP4) acessa as mensagens
meio do MS-Outlook 2010, em sua configuração padrão, no servidor usando um navegador de Internet, mas
cujos campos estavam como mostrados a seguir. não remove estas mensagens.
� O webmail não necessita de nenhum aplicativo
De: usuario@avare.gov.br específico (cliente de e-mail), bastando apenas um
Para: superior@avare.gov.br navegador de Internet (Internet Explorer, Mozilla
Cc: novo@avare.gov.br Firefox, Google Chrome, Opera, Apple Safari, entre
Cco: protocolo@avare.gov.br outros).
Assunto: cadastrar estagiario@avare.gov.br � Na transferência IMAP4 operando via navegador
web pelo protocolo HTTP, acontece a sobreposição
Considerando que a mensagem foi enviada e recebida dos protocolos, porque todos são da camada 7 do
com sucesso, de acordo com os campos mostrados, a modelo OSI. Resposta: Letra B.
quantidade de contas de e-mail que receberam a men-
sagem foi: 3. (VUNESP – 2019) Um atendente deseja enviar, por
meio do MS-Outlook 2010, em sua configuração
padrão, um e-mail contendo um relatório escrito no
a) 1
MS-Word 2010.
b) 2
O relatório deverá ser inserido no e-mail por meio do
c) 3
recurso de
d) 4
e) 5
a) anexo.
b) Cco.
O correio eletrônico permite a troca de mensagens e c) Agenda.
arquivos entre os usuários cadastrados. d) Cc.
Os campos do e-mail permitem identificar cada um e) Assinatura.
dos envolvidos na comunicação, além do título da
mensagem, conteúdo e anexos. Anexos são arquivos enviados com a mensagem de
O campo DE é para identificar o remetente da e-mail. Os campos CC e CCO são para endereçamen-
mensagem. to de destinatários do e-mail. O item Assinatura per-
O campo PARA identifica o destinatário principal da mite inserir um conteúdo no final da mensagem que
mensagem. estiver sendo redigida. Resposta: Letra A.
O campo CC identifica o destinatário com cópia da
mensagem. 4. (VUNESP – 2019) Observe a seguir os campos de um
O campo CCO é para o destinatário com cópia ocul- e-mail sendo preparado por meio do MS-Outlook 2010,
ta, que receberá a mensagem, mas não terá o seu em sua configuração padrão.
endereço exibido para os outros destinatários.
O campo ASSUNTO é usado para identificar o títu-
lo da mensagem, e caso um endereço seja inserido
nele, não será considerado como um destinatário da
mensagem (na questão, o estagiario@avare.gov.br)
A mensagem foi enviada para três destinatários.
Para: superior@avare.gov.br, Cc: novo@avare.gov.
br e Cco: protocolo@avare.gov.br. Resposta: Letra C. O usuário da conta6@ins.gov.br, ao receber o e-mail,
observa que ele também foi enviado para quantos
2. (VUNESP – 2019) Um usuário do serviço de correio outros destinatários?
eletrônico de uma empresa deseja que as mensagens
recebidas em sua conta sejam mantidas no servidor a) 7
mesmo depois de ter sido realizada a primeira leitu- b) 6
ra dessas mensagens. Para tanto, ele deverá confi- c) 5
gurar o programa de correio eletrônico para utilizar o d) 4
protocolo e) 3

a) http O usuário conta6@ins.gov.br está no campo CCO.


b) IMAP Logo, ele recebe o e-mail e o seu endereço não é
c) POP mostrado para os demais destinatários da mesma
d) SMTP mensagem.
e) V25 Quem está no campo CCO consegue ver...
INFORMÁTICA

remetente (campo DE) – conta1@ins.gov.br


Diferenças entre o acesso por um cliente de e-mail e destinatários principais (campo PARA) - conta2@
pelo webmail? Existem e são simples. ins.gov.br; conta3@ins.gov.br; conta4@ins.gov.br
� O cliente de e-mail permite múltiplas conexões destinatário em cópia (campo CC) – conta5@ins.
simultâneas, enquanto o webmail é individual. gov.br
� O cliente de e-mail (na configuração padrão, usan- Mas não consegue ver quem também estiver no
do SMTP e POP3) copia as mensagens que estão no campo CCO (conta7@ins.gov.br)
servidor de e-mail para o computador local, remo- Portanto, ele consegue ver outros 4 destinatários no
vendo a mensagem do servidor. e-mail. Resposta: Letra D. 379
Quando o símbolo @ é usado no início, antes do
nome do usuário, identifica uma conta em rede social.
Para o endereço URL do Instagram https://www.ins-
tagram.com/novaconcursos/, o nome do usuário é @
novaconcursos.

PREPARO E ENVIO DE MENSAGENS

USO DO CORREIO ELETRÔNICO Ao redigir um novo e-mail, o usuário poderá


preencher os campos disponíveis para destinatário(s),
Para utilizar o serviço de correio eletrônico, o título da mensagem, entre outros.
usuário deve ter uma conta cadastrada em um serviço Para enviar a mensagem, é preciso que exista
de e-mail. O formato do endereço foi definido inicial- um destinatário informado em um dos campos de
destinatários.
mente pela RFC822, redefinida pela RFC2822, e atuali-
Se um destinatário informado não existir no servi-
zada na RFC5322.
dor de e-mails do destino, a mensagem será devolvida.
Se a caixa de entrada do destinatário não puder rece-
Dica ber mais mensagens, a mensagem será devolvida. Se
RFC é Request for Comments, um documento o servidor de e-mails do destinatário estiver ocupado,
a mensagem tentará ser entregue depois.
de texto colaborativo que descreve os padrões
O e-mail pode ser enviado para vários destinatá-
de cada protocolo, linguagem e serviço para ser rios, porém o remetente é somente um endereço, o
usado nas redes de computadores. endereço do usuário que envio a mensagem de cor-
reio eletrônico.
De forma semelhante ao endereço URL para recur- Conheça estes elementos na criação de uma nova
sos armazenados em servidores, o correio eletrônico mensagem de e-mail.
também possui o seu formato.
Existem bancas organizadoras que consideram o
formato reduzido usuário@provedor no enunciado CAMPOS DE UMA MENSAGEM DE E-MAIL
das questões, ao invés do formato detalhado usuá- CAMPO CARACTERÍSTICAS
rio@provedor.domínio.país. Ambos estão corretos.
Identifica o usuário que está en-
viando a mensagem eletrônica, o
CAMPOS DE UM ENDEREÇO DE E-MAIL – FROM (De)
remetente. É preenchido automati-
USUÁRIO@PROVEDOR.DOMÍNIO.PAÍS camente pelo sistema.
COMPONENTE CARACTERÍSTICAS Identifica o (primeiro) destinatário
Antes do símbolo de @, identifica da mensagem. Poderão ser es-
usuário um único usuário no serviço de pecificados vários endereços de
e-mail. destinatários neste campo, e serão
TO (Para) separados por vírgula ou ponto-e-
Significa AT (lê-se ‘em’ ou ‘no’), e se- -vírgula (segundo o serviço). Todos
para a parte esquerda que identifi- que receberem a mensagem, conhe-
@ ca o usuário, da parte à sua direita, cerão os outros destinatários infor-
que identifica o provedor do serviço mados neste campo.
de mensagens eletrônicas.
Identifica os destinatários da men-
Imediatamente após o símbolo de sagem que receberão uma cópia do
@, identifica a empresa ou provedor e-mail. CC é o acrônimo de Carbon
Nome do que armazena o serviço de e-mail CC Copy (cópia carbono).
domínio (o servidor de e-mail executa soft- (com cópia ou Todos que receberem a mensagem,
wares como o Microsoft Exchange cópia carbono) conhecerão os outros destinatários
Server, por exemplo). informados neste campo.

Identifica o tipo de provedor, por


exemplo, COM (comercial), .EDU
Identifica os destinatários da men-
(educacional), REC (entretenimen-
sagem que receberão uma cópia
Categoria do to), GOV (governo), ORG (organiza- BCC do e-mail. BCC é o acrônimo de
domínio ção não-governamental), etc., de (CCO – com Blind Carbon Copy (cópia carbono
acordo com as definições de Do- cópia oculta ou oculta). Todos que receberem a
mínios de Primeiro Nível (DPN) na cópia carbono mensagem não conhecerão os des-
Internet. oculta) tinatários informados neste campo.
Informação que poderá ser omitida,
quando o serviço está registrado
nos Estados Unidos. O país é in- Identifica o conteúdo ou título da
país SUBJECT
formado por duas letras, como: BR, mensagem. É um campo opcional.
Brasil, AR, Argentina, JP, Japão, CN, (assunto)
China, CO, Colômbia, etc.
380
CAMPOS DE UMA MENSAGEM DE E-MAIL pasta compactada é um recurso do sistema operacional
Windows, para criação de um arquivo com extensão
CAMPO CARACTERÍSTICAS ZIP, que pode conter arquivos e pastas. Ao compactar
arquivos, o tamanho de cada item costuma reduzir, e
Anexar Arquivo: Identifica o(s) ar- o arquivo ZIP, compatível com o sistema operacional
quivo(s) que estão sendo enviados Windows, poderá ser anexado de uma vez, sem preci-
junto com a mensagem. Existem
ATTACH sar repetir o procedimento arquivo por arquivo.
restrições quanto ao tamanho do
(anexo) Além da opção Anexar Arquivo, o cliente de e-mail
anexo e tipo (executáveis são blo-
oferece o recurso Anexar Item. Com o Anexar Item, o
queados pelos webmails). Não são
usuário poderá adicionar outra mensagem de e-mail
enviadas pastas.
que recebeu, cartões de visita, anexar contatos, com-
O conteúdo da mensagem de e-mail, promissos do calendário de reuniões, etc.
Mensagem poderá ter uma assinatura associa-
da inserida no final.

As mensagens enviadas, recebidas, apagadas ou


Anexar Anexar Assinatura Atribuir
salvas, estarão em pastas do servidor de correio ele-
Arquivo Item ▾ Política
trônico, nominadas como ‘caixas de mensagens’.
A pasta Caixa de Entrada contém as mensagens Cartão de visita
recebidas, lidas e não lidas.
A pasta Itens Enviados contém as mensagens efe- Calendário...
tivamente enviadas. Item do Outlook
A pasta Itens Excluídos contém as mensagens
apagadas.
A pasta Rascunho contém as mensagens salvas e Figura 6. Anexar Item permite a inserção de elementos do correio
não enviadas. eletrônico.
A pasta Caixa de Saída contém as mensagens que
o usuário enviou, mas que ainda não foram transfe- Anexar arquivos significa que o arquivo será
ridas para o servidor de e-mails. Semelhante ao que enviado junto com a mensagem de e-mail. O correio
ocorre quando enviamos uma mensagem no app eletrônico pode ter o conteúdo da mensagem formata-
WhatsApp, mas estamos sem conexão com a Internet. do (padrão HTML) ou texto sem formatação.
A mensagem permanece com um ícone de relógio, No e-mail enviado como texto sem formatação,
enquanto não for enviada. não é possível inserir imagens ou elementos gráficos
no corpo da mensagem. Para enviar imagens em uma
Dica mensagem que está como texto sem formatação, ape-
nas se anexar o arquivo da imagem no e-mail.
Quando estamos conectados em uma conexão Quando o e-mail é enviado como texto formatado
de Internet do tipo banda larga, a velocidade de (HTML), uma imagem poderá ser enviada como anexo
acesso é tão rápida que nem vemos a mensa- ou inserida dentro do corpo do e-mail.
gem passar pela Caixa de Saída. Porém, ao clicar
em Enviar, a mensagem vai primeiro para a Caixa Outras operações com o correio eletrônico
de Saída, e depois de enviada, é armazenada na
pasta de Itens Enviados. O usuário poderá sinalizar a mensagem, tanto as
mensagens recebidas como as mensagens enviadas.
Lixo Eletrônico ou SPAM é um local para onde são Ele poderá solicitar confirmação de entrega e confir-
direcionadas as mensagens sinalizadas como lixo. mação de leitura. A mensagem recebida poderá ser
Spam é o termo usado para referir-se aos e-mails não impressa, visualizar o código fonte ou ignorar mensa-
solicitados, que geralmente são enviados para um gran- gens de um remetente.
de número de pessoas. Quando o conteúdo é exclusiva- Confira a seguir as operações ‘extras’ para o uso do
mente comercial, esse tipo de mensagem é chamado de correio eletrônico com mais habilidade e profissiona-
UCE (do inglês Unsolicited Commercial E-mail – e-mail lismo, facilitando a organização do usuário.
comercial não solicitado). Estas mensagens são mar-
cadas pelo filtro AntiSpam, e procuram identificar
Ação e características
mensagens enviadas para muitos destinatários ou com
conteúdo publicitário irrelevante para o usuário.
z Marcar como não lida: Uma mensagem lida pode-
ANEXAÇÃO DE ARQUIVOS rá ser marcada como mensagem não lida.
z Alta prioridade: Quando marca a mensagem
Os anexos são arquivos enviados com as mensa- como Alta Prioridade, o destinatário verá um pon-
gens de correio eletrônico. Vale lembrar que não é to de exclamação vermelho no destaque do título.
possível enviar uma pasta de arquivos. z Baixa prioridade: Quando o remetente marca a
INFORMÁTICA

Cada serviço de e-mail possui um limite para o mensagem como Baixa Prioridade, o destinatário
tamanho máximo dos anexos. Quando o usuário pre- verá uma seta azul apontando para Baixo no des-
cisar transferir arquivos muito grandes, pode utili- taque do título.
zar algum serviço de armazenamento de dados na z Imprimir mensagem: O programa de e-mail ou
nuvem, como o Google Drive, o Microsoft OneDrive, ou navegador de Internet prepara a mensagem para
o WeTransfer (site para envio de arquivos com tama- ser impressa, sem as pastas e opções da visualiza-
nho de até 2 GB). ção do e-mail.
Para enviar muitos arquivos como anexo, é possível z Ver código fonte da mensagem: As mensagens
compactar os arquivos em uma pasta compactada. A possuem um cabeçalho com informações técnicas
sobre o e-mail, e o usuário poderá visualizar elas. 381
z Ignorar: Disponível no cliente de e-mail e em Ao “Responder”, a resposta será enviada para o
alguns webmails, ao ignorar uma mensagem, as remetente do e-mail.
próximas mensagens recebidas do mesmo reme- Ao “Encaminhar”, a resposta será enviada para
tente serão excluídas imediatamente ao serem outros destinatários, com os anexos.
armazenadas na Caixa de Entrada. Ao “Responder para todos”, a resposta será
z Lixo Eletrônico: Sinalizador que move a mensa- enviada para o remetente do e-mail e para outros
gem para a pasta Lixo Eletrônico e instrui o correio
destinatários visíveis do e-mail.
eletrônico para fazer o mesmo com as próximas
mensagens recebidas daquele remetente.
z Tentativa de Phishing: Sinalizador que move a
mensagem para a pasta Itens Excluídos e instrui o INTERNET: NAVEGAÇÃO INTERNET,
serviço de e-mail sobre o remetente da mensagem
estar enviando links maliciosos que tentam captu- CONCEITOS DE URL, LINKS, SITES,
rar dados dos usuários. BUSCA E IMPRESSÃO DE PÁGINAS
z Confirmação de Entrega: O servidor de e-mails
do destinatário envia uma confirmação de entre- Internet é a rede mundial de computadores que
ga, informando que a mensagem foi entregue na surgiu nos Estados Unidos com propósitos militares,
Caixa de Entrada dele com sucesso. para proteger os sistemas de comunicação em caso de
z Confirmação de Leitura: O destinatário pode ataque nuclear, durante a Guerra Fria.
confirmar ou não a leitura da mensagem que foi Na corrida atrás de tecnologias e inovações, Esta-
enviada para ele. dos Unidos e União Soviética lançavam projetos que
procuravam proteger as informações secretas de
Dica ambos os países e seus blocos de influência.
ARPANET, criada pela ARPA, sigla para Advanced
A Confirmação de Entrega e a Confirmação de Research Projects Agency, era um modelo de troca e
Leitura são opções do correio eletrônico que são compartilhamento de informações que permitisse a
muito usadas em ambientes corporativos, para descentralização das mesmas, sem um ‘nó central’,
oficializar a comunicação entre os usuários. garantindo a continuidade da rede mesmo que um nó
fosse desligado.
A confirmação de entrega é independente da con- A troca de mensagens começou antes da própria
firmação de leitura. Quando o remetente está elabo- Internet. Logo, o e-mail surgiu primeiro, e depois veio
rando uma mensagem de e-mail, ele poderá marcar a Internet como conhecemos e usamos.
as duas opções simultaneamente. Se as duas opções Ela passou a ser usada também pelo meio educa-
forem marcadas, o remetente poderá receber duas cional (universidades) para fomentar a pesquisa aca-
confirmações para a mensagem que enviou, sendo dêmica. No início dos anos 90 ela se tornou aberta e
uma do servidor de e-mails do destinatário e outra do comercial, permitindo o acesso de todos.
próprio destinatário.

Servidor Exchange Usuário Modem


Servidor Gmail
Internet
Enviar e-mail Provedor de Acesso
com confirmação O servidor confirma a
entrega do e-mail na caixa Figura 1. Para acessar a Internet, o usuário utiliza um modem que se
de entrega
de entreda do destinatário conecta a um provedor de acesso através de uma linha telefônica
Recebendo a
confirmação de entrega A navegação na Internet é possível através da com-
binação de protocolos, linguagens e serviços, operan-
Destinatário do nas camadas do modelo OSI (7 camadas) ou TCP (5
Remetente
Webmail camadas ou 4 camadas).
Cliente
A Internet conecta diversos países e grandes cen-
tros urbanos através de estruturas físicas chamadas
Figura 7. Quando uma mensagem é enviada com Confirmação de
de backbones. São conexões de alta velocidade que
Entrega, o remetente recebe a confirmação do servidor de e-mails
do destinatário, informando que ela foi armazenada corretamente na
permitem a troca de dados entre as redes conectadas.
Caixa de Entrada do e-mail do destinatário. O usuário não consegue se conectar diretamente no
backbone. Ele deve acessar um provedor de acesso ou
Enviar e-mail uma operadora de telefonia através de um modem, e
a empresa se conecta na ‘espinha dorsal’.
Após a conexão na rede mundial, o usuário deve
Servidor Exchange Servidor Gmail utilizar programas específicos para realizar a navega-
Enviar e-mail
com confirmação O destinatário ção e acesso ao conteúdo oferecido pelos servidores.
de leitura confirma a leitura
da mensagem
Recebendo a CONCEITO USO COMENTÁRIOS
confirmação de leitura
Internet Conexão entre Conhecido como nuvem, e tam-
Remetente Destinatário
computadores bém como World Wide Web, ou
Cliente WWW, a Internet é um ambiente
Webmail
inseguro, que utiliza o protoco-
Figura 8. Quando uma mensagem é enviada com Confirmação de
Leitura, o destinatário poderá confirmar (ou não) que fez a leitura do
lo TCP para conexão em con-
conteúdo do e-mail. junto a outros para aplicações
específicas.

Dica
382
CONCEITO USO COMENTÁRIOS Este tópico é muito prático, e nos concursos públi-
cos são questionados os termos usados nos diferentes
Intranet Conexão com Ambiente seguro que exige softwares, como ‘Histórico’, para nomear a lista de
autenticação identificação, podendo estar informações acessadas por um navegador de Internet.
restrito a um local, que poderá
acessar a Internet ou não. A
Intranet utiliza o mesmo proto-
colo da Internet, o TCP, podendo Importante!
usar o UDP também.
Ao navegar na Internet, comece a observar os
Extranet Conexão entre Conexão remota segura, prote- detalhes do seu navegador e as mensagens que
d i s p o s i t i v o s gida com criptografia, entre dois são exibidas. Estes são os itens questionados
ou redes dispositivos, ou duas redes. O em concursos públicos.
acesso remoto é geralmente su-
portado por uma VPN.
Ferramentas e aplicativos comerciais de navegação
Os editais costumam explicitar Internet e Intranet,
mas também questionam Extranet. A conexão remota As informações armazenadas em servidores web
segura que conecta Intranet’s através de um ambiente são arquivos (recursos), identificados por um endere-
ço padronizado e único (endereço URL), exibidas em
inseguro que é a Internet, é naturalmente um resulta-
um browser ou navegador de Internet.
do das redes de computadores.
Eles são usados nas redes internas, pois a Intranet
utiliza os mesmos protocolos, linguagens e serviços da
Internet.
Internet, Intranet e Extranet
Confira a seguir, os principais navegadores de
Redes de Internet disponíveis no mercado.
computadores

NAVEGADOR DESENVOLVEDOR CARACTERÍSTICAS


Internet Intranet Extranet Edge Microsoft Navegador padrão do
Rede mundial de Rede local de Acesso remoto Windows 10, que substi-
computadores acesso restrito seguro tuiu o Microsoft Internet
Explorer.
Utiliza os mesmos
Protocolos TCP/IP protocolos da Protocolos seguros
Internet
Internet Microsoft Navegador padrão do
Padrão de
Família TCP/IP
Criptografia em Explorer Windows 7, um dos mais
comunicação VPN
questionados em con-
cursos públicos, por ser
A Internet é transparente para o usuário. Qual- integrante do sistema
quer usuário poderá acessar a Internet sem ter conhe- operacional
cimento técnico dos equipamentos que existem para Firefox Mozilla Software livre e multi-
possibilitar a conexão. plataforma que é leve,
intuitivo e altamente
FERRAMENTAS E APLICATIVOS COMERCIAIS expansível.
DE NAVEGAÇÃO, DE GRUPOS DE DISCUSSÃO, DE
BUSCA, DE PESQUISAS E DE REDES SOCIAIS Chrome Google Um dos mais populares
navegadores do merca-
Nos concursos públicos e no dia-a-dia, estes são os do, multiplataforma e de
itens mais utilizados pelas pessoas para acessar o con- fácil utilização.
teúdo disponível na Internet.
As informações armazenadas em servidores,
sejam páginas web ou softwares como um serviço Safari Apple Desenvolvido original-
mente para aparelhos da
(SaaS – camada mais alta da Computação na Nuvem), Apple, atualmente está
são acessadas por programas instalados em nossos disponível para outros
dispositivos. São eles: sistemas operacionais.

z Navegadores de Internet ou browsers, para con- Opera Opera Navegador leve com pro-
teúdo em servidores web. teções extras contra ras-
z Softwares de correio eletrônico, para mensagens treamento e mineração
INFORMÁTICA

de moedas virtuais.
em servidores de e-mail.
z Redes Sociais, para conteúdos compartilhados por
empresas e usuários.
z Sites de Busca, como o Google Buscas e Micro- Na Internet, as informações (dados) são arma-
soft Bing, para encontrar informações na rede zenadas em arquivos nos servidores de Internet. Os
mundial. servidores são computadores, que utilizam pastas ou
z Grupos de Discussão, tanto no contexto de What- diretórios para o armazenamento de arquivos. Ao
sApp e Telegram, como no formato clássico do acessarmos uma informação na Internet, estamos
Facebook e Yahoo Grupos. 383
acessando um arquivo. Mas como é a identificação ‘Caminho’ indica as pastas no servidor, que é um
deste arquivo? Como acessamos estas informações? computador com muitos arquivos em pastas.
Através de um endereço URL. ‘Recurso’ é o nome do arquivo que está sendo
O endereço URL (Uniform Resource Locator) que acessado.
define o endereço de um recurso na rede. Na sua tra- ‘?’ é para transferir um parâmetro de pesquisa,
dução literal, é Localizador Uniforme de Recursos, e usado especialmente em sites seguros.
possui a seguinte sintaxe: ‘#’ é para especificar qual é a localização da infor-
protocolo://máquina/caminho/recurso mação dentro do recurso acessado (marcas)
‘Protocolo’ é a especificação do padrão de comu-
Exemplo: https://outlook.live.com:5012/owa/hotm
nicação que será usado na transferência de dados.
ail?path=/mail/inbox#open
Poderá ser http (Hyper Text Transfer Protocol – proto-
colo de transferência de hipertexto), ou https (Hyper esquema: https://
Text Transfer Protocol Secure – protocolo seguro de domínio: outlook.live.com
transferência de hipertexto), ou ftp (File Transfer Pro- porta: 5012
tocolo – protocolo de transferência de arquivos), entre caminho: /owa/
outros. recurso: hotmail
‘://’ faz parte do endereço URL, para identificar que querystring: path=/mail/inbox
é um endereço na rede, e não um endereço local como fragmento: open
‘/’ no Linux ou ‘:\’ no Windows. Quando o usuário digita um endereço URL no seu
‘Máquina’ é o nome do servidor que armazena a navegador, um servidor DNS (Domain Name Server –
informação que desejamos acessar. servidor de nomes de domínios) será contactado para
‘Caminho’ são as pastas e diretórios onde o arqui- traduzir o endereço URL em número de IP. A infor-
vo está armazenado. mação será localizada e transferida para o navegador
‘Recurso’ é o nome do arquivo que desejamos que solicitou o recurso.
acessar.
Vamos conferir os endereços URL a seguir, e suas
características.

ENDEREÇO Servidor DNS


CARACTERÍSTICAS
URL FICTÍCIO

h t t p : // w w w. Usando o protocolo http, acessare- Internet


Endereço URL
abc.com.br/ mos o servidor abc, que é comercial Usuário
(.com), no Brasil (.br). Acessaremos Figura 2. Os endereços URL’s são reconhecíveis pelos usuários, mas
a divisão multimídia (www) com ar- os dados são armazenados em servidores web com números de
quivos textuais, vídeos, áudios e ima- IP. O servidor DNS traduz um URL em número de IP, permitindo a
gens. O recurso acessado é o index. navegação na Internet.
html, entendido automaticamente
pelo navegador, por não ter nenhuma Conceitos e funções válidas para todos os
especificação de recurso no fim. navegadores

h t t p s : // m a i l . Usando o protocolo https, acessare- Modo normal de navegação – as informações serão


abc.com/ mos o servidor abc, que é comercial registradas e mantidas pelo navegador. Histórico de
caixas/inbox/ (.com) e pode estar registrado nos
Navegação, Cookies, Arquivos Temporários, Formulá-
Estados Unidos. Acessaremos o dire-
rios, Favoritos e Downloads.
tório caixas, subdiretório inbox. Aces-
saremos o serviço mail no servidor.

ftp://ftp.abc. Usando o protocolo de transferência


gov.br/edital. de arquivos ftp, acessaremos o ser-
pdf vidor ftp da instituição governamen-
tal (gov) brasileira (br) chamada abc,
que disponibiliza o recurso edital.pdf. Modo de navegação anônima – as informações de
navegação serão apagadas quando a janela for fecha-
Outra forma de analisar um endereço URL é na da. Apenas os Favoritos e Downloads serão mantidos.
sua sintaxe expandida. Quando navegamos em sites
na Internet, nos deparamos com aquelas combinações
de símbolos que não parecem legíveis. Mas como tudo
na Internet está padronizado, vamos ver as partes de
um endereço URL ‘completão’.
Confira:
esquema://domínio:porta/caminho/recurso?
querystring#fragmento Dados de formulários – informações preenchidas
Onde ‘esquema’ é o protocolo que será usado na em campos de formulários nos sites de Internet.
transferência. Favoritos – endereços URL salvos pelo usuário
‘Domínio’ é o nome da máquina, o nome do site. para acesso posterior. Os sites preferidos do usuário
‘:’ e ‘porta’, indica qual, entre as 65536 portas TCP
poderão ser exportados do navegador atual e impor-
será usada na transferência.
384 tados em outro navegador de Internet.
Downloads – arquivos transferidos de um servidor remoto para o computador local. Os gerenciadores de
downloads permitem pausar uma transferência ou buscar outras fontes caso o arquivo não esteja mais disponível.
Uploads – arquivos enviados do computador local para um servidor remoto.
Histórico de navegação – são os endereços URL acessados pelo navegador em modo normal de navegação.
Cache ou arquivos temporários – cópia local dos arquivos acessados durante a navegação.
Pop-up – janela exibida durante a navegação para funcionalidades adicionais ou propaganda.
Atualizar página – acessar as informações armazenadas na cópia local (cache).
Recarregar página – acessar novamente as informações no servidor, ignorando as informações armazenadas
nos arquivos temporários.
Formato PDF – os arquivos disponíveis na Internet no formato PDF podem ser visualizados diretamente no
navegador de Internet, sem a necessidade de programas adicionais.

Recursos de sites, combinados com os navegadores de Internet

Cookies – arquivos de texto transferidos do servidor para o navegador, com informações sobre as preferências
do usuário. Eles não são vírus de computador, pois códigos maliciosos não podem infectar arquivos de texto sem
formatação.
Feeds RSS – quando o site oferece o recurso RSS, o navegador receberá atualizações para a página assinada
pelo usuário. O RSS é muito usado entre sites para troca de conteúdo.
Certificado digital – os navegadores podem utilizar chaves de criptografia com mais de 1024 bits, ou seja, acei-
tam certificados digitais para validação de conexões e transferências com criptografia e segurança.
Corretor ortográfico – permite a correção dos textos digitados em campos de formulários, a partir de dicioná-
rios on-line disponibilizados pelos desenvolvedores dos navegadores.

Atalhos de teclado

z Para acessar a barra de endereços do navegador, pressione F4 ou Ctrl+E. No Google Chrome é F6.
z Para abrir uma nova janela, pressione Ctrl+N.
z Para abrir uma nova janela anônima, pressione Ctrl+Shift+N. No Mozilla Firefox é Ctrl+Shift+P.
z Para fechar uma janela, pressione Alt+F4.
z Para abrir uma nova guia, pressione Ctrl+T.
z Para fechar uma guia, pressione Ctrl+F4 ou Ctrl+W.
z Para reabrir uma guia fechada, pressione Ctrl+Shift+T.
z Para aumentar o zoom, o usuário pode pressionar Ctrl + = (igual)
z Para reduzir o zoom, o usuário pode pressionar Ctrl + - (menos)
z Definir zoom em 100% – Ctrl+0 (zero)
z Para acessar a página inicial do navegador – Alt+Home
z Para visualizar os downloads em andamento ou concluídos – Ctrl+J.
z Localizar um texto no conteúdo textual da página – Ctrl+F.
z Atualizar a página – F5
z Recarregar a página – Ctrl+F5

Nos navegadores de Internet, os links poderão ser abertos de 4 formas diferentes.

z clique - abre o link na guia atual


z clique + CTRL - abre o link em uma nova guia
z clique + SHIFT - abre o link em uma nova janela
z clique + ALT - faz download do arquivo indicado pelo link.

Sítios de busca e pesquisa

Na Internet, os sites (sítios) de busca e pesquisa têm como finalidade apresentar os resultados de endereços
URLs com as informações solicitadas pelo usuário.
Google Buscas, da empresa Google, e Microsoft Bing, da Microsoft, são os dois principais sites de pesquisa da
atualidade. No passado, sites como Cadê, Aonde, Altavista e Yahoo também contribuíram para a acessibilidade das
informações existentes na Internet, indexando em diretórios os conteúdos disponíveis.
Os sites de pesquisas foram incorporados aos navegadores de Internet, e na configuração dos browsers temos
INFORMÁTICA

a opção “Mecanismo de pesquisa”, que permite a busca dos termos digitados diretamente na barra de endereços
do cliente web. Esta funcionalidade transforma a nossa barra de endereços em uma omnibox (caixa de pesquisa
inteligente), que preenche com os termos pesquisados anteriormente e oferece sugestões de termos para comple-
tar a pesquisa.
O Microsoft Edge tem o Microsoft Bing como buscador padrão. O Mozilla Firefox e o Google Chrome têm o
Google Buscas como buscador padrão. As configurações podem ser personalizadas pelo usuário.
Os sites de pesquisas incorporam recursos para operações cotidianas, como pesquisa por textos, imagens, notí-
cias, mapas, produtos para comprar em lojas on-line, efetua cálculos matemáticos, traduz textos de um idioma
para outro, entre inúmeras funcionalidades. 385
Os sites de pesquisas ignoram pontuação, acentuação e não diferenciam letras maiúsculas de letras minúscu-
las, mesmo que sejam digitadas entre aspas.
E além de todas estas características, os sites de pesquisa permitem o uso de caracteres especiais (símbolos)
para refinar os resultados e comandos para selecionar o tipo de resultado da pesquisa. Nos concursos públicos,
estes são os itens mais questionados.
Ao contrário de muitos outros tópicos dos editais de concursos públicos, esta parte você consegue praticar, até
no seu smartphone. Comece a usar os símbolos e comandos nas suas pesquisas na Internet, e visualize os resul-
tados obtidos.

SÍMBOLO USO EXEMPLO

Aspas duplas Pesquisa exata, na mesma ordem que forem digitados os termos. “Nova Concursos”

Menos ou traço Excluir termo da pesquisa. concursos –militares

Til (acento) Pesquisar sinônimos. concursos ~públicos

Substituir termos na pesquisa, para pesquisar ‘inscrições encerradas’, e


Asterisco inscrições *
‘inscrições abertas’, e ‘inscrições suspensas’, etc.

Cifrão Pesquisar por preço. celulares $1000

Dois pontos Intervalo de datas ou preço. campeão 1980..1990

Arroba Pesquisar em redes sociais. @Instagram novaconursos

Hashtags Pesquisar nas marcações de postagens. #informática

COMANDO USO EXEMPLO

site: Resultados de apenas um site. livro site:www.uol.com.br

filetype: Somente um tipo de arquivo. apostila filetype:pdf

define: Definição de um termo. define:smtp

intitle: No título da página. intitle:concursos

inurl: No endereço URL da página. inurl:nova

time: Pesquisa o horário em determinado local. time:japan

related: Sites relacionados. related:uol.com.br

cache: Versão anterior do site. cache:uol.com.br

link: Páginas que contenham link para outras. link: novaconcursos

location: Informações de um determinado local. location:méxico terremoto

Os comandos são seguidos de dois pontos e não possuem espaço com a informação digitada na pesquisa.
O site de pesquisas Google também oferece respostas para pedidos de buscas. O site Microsoft Bing oferece
mecanismos similares.
As possibilidades são quase infinitas, pois os assistentes digitais (Alexa, Google Assistent, Siri, Cortana) permi-
tem a pesquisa por voz. Veja alguns exemplos de pedidos de buscas nos sites de pesquisas.

PEDIDO USO EXEMPLO

traduzir ... para ... Google Tradutor. traduzir maçã para japonês

lista telefônica: número Páginas com o telefone. Lista telefônica: 99999-9999

código da ação Cotação da bolsa de valores. GOOG

clima localidade Previsão do tempo. clima são paulo

código do voo Status de um voo (viagens). ba247

Os resultados apresentados pelas pesquisas do site são filtrados pelo SafeSearch. O recurso procura filtrar os
resultados com conteúdo adulto, evitando a sua exibição. Quando desativado, os resultados de conteúdo adulto
serão exibidos normalmente.
No Microsoft Bing, na página do buscador www.bing.com, acesse o menu no canto superior direito e escolha
386 o item Pesquisa Segura.
No Google, na página do site do buscador www.google.com, acesse o menu Configurações no canto inferior direito
e escolha o item Configurações de Pesquisa.

Importante!
As bancas costumam questionar funcionalidades do Microsoft Bing que são idênticas às funcionalidades do
Google Buscas. Ao inserir o nome do navegador da Microsoft na questão, a banca procura desestabilizar o
candidato com a dúvida acerca do recurso questionado.

Tipos e uso de impressoras

Um dos principais periféricos do computador é a impressora, que possui diferentes configurações de hardwa-
re e software.
É importante lembrar que, depois dos processadores, as impressoras são um dos itens de hardware mais ques-
tionados em provas de concursos.

TIPO CARACTERÍSTICAS OBSERVAÇÕES E USO


Matricial Impressora de impacto. Imprime em formulário contínuo, em várias vias, possui
alto nível de ruído.

Impressão monocromática ou colorida. Conhecida pela


Laser Impressora de toner
marca Xerox.

Impressão monocromática ou colorida, aspergindo tin-


Jato de Tinta Impressora de tinta líquida.
ta sobre o material.

Transferência do estado sólido para o gasoso. Impres-


Cera Impressora térmica de sublimação.
são resistente à água e sol. Impressão fotográfica.

Em papel reativo, o aquecimento grava a informação.


Impressora de aquecimento do papel Máquinas de cartões de crédito, emissor de senha de
Térmica
(semelhante ao fax). atendimento bancário, extrato do caixa de auto atendi-
mento, nota fiscal de supermercado, etc.

Plotter Impressora para grandes dimensões. Impressão de plantas (AutoCAD), banners, outdoors.

Equipamento que transforma uma


Existem modelos LPT (paralelo) para RJ-45 (rede), COM
Print Server impressora simples em uma impres-
(serial), e até wireless.
sora compartilhada, via hardware.

Reúne a impressora e scanner em um


Multifuncional Oferece recursos de copiadora e faz em alguns modelos.
único aparelho.

z Impressora padrão – quando um sistema operacional possui diversas impressoras instaladas, a impressora
preferencial é conhecida como impressora padrão, e é a primeira na lista da caixa de diálogo Imprimir dos
aplicativos.
z Impressora compartilhada – quando uma impressora está instalada em um único local, e está compartilha-
da, poderá ser instalada nos demais computadores da rede de computadores. No Windows 7 aparecerá com
o símbolo de grupo (usuários). Nas outras versões de Windows, aparecerá com uma mão sobre o dispositivo
compartilhado. No Linux é com uma conexão BNC (cabo coaxial) abaixo do ícone. Opcionalmente, ela será ins-
talada no servidor da rede de computadores, e acessada por todos os computadores daquela rede diretamente.
z Impressora local – Impressora que está conectada e instalada em um computador, que poderá ser comparti-
lhada em rede caso seja configurada. A conexão poderá ser LPT (paralela), COM (serial), USB (atual e popular),
Wi-Fi (sem fio), Bluetooth (curto alcance).
z Impressora de rede – impressora com conexão RJ-45 ou Wi-Fi que pode ser conectada diretamente ao hub ou
switch da rede, sendo compartilhada entre todos os computadores daquela rede.
z Impressora remota – É a impressora de rede que não está instalada localmente.
INFORMÁTICA

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) As impressoras matriciais podem ser utilizadas para impressão em formulários contínuos
com duas vias, sendo a impressão composta por uma ou mais linhas verticais com agulhas.

( ) CERTO  ( ) ERRADO 387


A impressora matricial é uma impressora que utili- Os monitores de vídeo são periféricos de saída de
za uma cabeça de impressão formada por agulhas dados que podem estar conectados no computa-
e uma fita colorida. Os caracteres e gráficos são dor por diferentes conectores. VGA, DVI, HDMI são
impressos por meio do impacto das agulhas na fita, alguns exemplos. O conector VGA é o mais antigo e
que transferem para o papel o ponto da impressão. o DVI uma evolução do padrão anterior para inclu-
Como atua com impacto, permite o uso de várias
são de áudio com vídeo. Se o usuário tem um moni-
vias de papel carbonado, geralmente em formulá-
tor padrão VGA e deseja conectar na saída DVI do
rios contínuos, para impressão sem interrupção
computador, poderá usar um adaptador VGA-DVI.
de grandes volumes de textos. As letras, números
e símbolos são divididos em pontos, que de acordo Se o usuário possui um monitor DVI e deseja conec-
com a quantidade de cabeças de impressão (9 ou 25 tar na saída VGA do computador, poderá usar um
cabeças), imprimirão em linhas no papel. Resposta: adaptador DVI-VGA. Com o uso de adaptadores, os
Certo. conectores do computador e do monitor poderão
ser de tecnologias diferentes. E neste caso, como
2. (CESPE-CEBRASPE – 2016) O conector RJ-11 é utili- funcionará? Será considerado o padrão mais sim-
zado em cabos de par trançado, nos quais os fios são ples ou mais antigo. Um monitor DVI não terá todos
entrelaçados com o objetivo de se evitarem interferên- os recursos disponíveis, caso seja usado um adapta-
cias eletromagnéticas de cabos próximos.
dor VGA. Resposta: Errado.

( ) CERTO  ( ) ERRADO


Redes Sociais
O conector RJ-11 é o para linha telefônica, e possui 2
As redes sociais se tornaram populares entre os
ou 4 fios paralelos sem entrelaçamento. Os conecto-
usuários, ao oferecerem os pilares dos relacionamen-
res padrão do tipo RJ-45 são utilizados para conec-
tos em formato digital: curtir, comentar e compartilhar.
tar as placas de redes dos computadores aos cabos
Teoricamente, elas se dividem em duas categorias:
de redes locais, formado por 4 pares de fios entrela-
sites de relacionamento (redes sociais) e mídias sociais.
çados. Resposta: Errado.
Na prática, estes conceitos acabam sendo sobre-
3. (CESPE-CEBRASPE – 2016) A tecnologia HDMI (high- postos nas novas redes.
-definition multimidia interface) popularizou a trans- O modelo pode ser centralizado, descentralizado
missão digital de áudio e vídeo por permitir o tráfego ou distribuído.
de dados de alta qualidade em um único cabo. No modelo centralizado, as informações são exi-
bidas para os usuários a partir de servidores de uma
( ) CERTO  ( ) ERRADO empresa, de acordo com os parâmetros de cada usuá-
rio. Localização, idade, sexo, preferências políticas, e
O conector HDMI substituiu com sucesso os conec- todas as demais informações dadas pelos usuários no
tores DVI (várias versões), VGA (vídeo), S-Vídeo perfil da rede social, serão usadas para a apresentação
(vídeo componente) e RCA (áudio e vídeo), se tor- dos resultados na linha do tempo dele. O Twitter é um
nando o padrão para muitas instalações atualmen- exemplo centralizado, com distribuição de conteúdo
te. Ele permite o envio de dados de áudio e vídeo semelhante à topologia Estrela, das redes de computa-
com alta qualidade, e é exigido em instalações de dores, com um nó centralizador.
telas com 4K ou mais de resolução. Resposta: Certo. As redes sociais ou mídias descentralizadas são
aquelas que, apesar de existirem nós maiores e prin-
4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Software é o nome dado cipais, os usuários acessam apenas parte das informa-
ao conjunto formado pela unidade central de proces- ções disponíveis. Critérios informados nos perfis dos
samento, pela memória e pelos dispositivos de entra- usuários, postagens que ele curtiu, postagens que ele
da e saída. ocultou para não ver mais nada relacionado, grupos
dentro das redes sociais, etc. O Facebook é um exem-
( ) CERTO  ( ) ERRADO
plo de rede descentralizada, onde as conexões pes-
soais são expandidas para o grupo.
O software é a parte virtual, formada pelo sistema
As redes sociais distribuídas são aquelas que
operacional, programas e aplicativos executados na
dependem das conexões de um usuário para ter aces-
plataforma. O hardware é a parte física, formada
pelos dispositivos, como o processador (Unidade so a outras conexões. O LinkedIn é um exemplo, que
Central de Processamento UCP ou Central Proces- prioriza as conexões conhecidas e as conexões rela-
sor Unit CPU), pela memória (ROM, cache, RAM) e cionadas, independente dos grupos onde o usuário
dispositivos de entrada e saída (periféricos). Respos- está participando no momento.
ta: Errado. Em todas as redes sociais, a super exposição de
dados de usuários pode comprometer a segurança
5. (INSTITUTO QUADRIX – 2018) Um monitor com conec- da informação. Técnicas de Engenharia Social podem
tor VGA não pode ser conectado a uma placa de vídeo ser usadas para vasculhar as informações publicadas
com saída DVI, mesmo com a utilização de adaptadores. pelos usuários, à procura de conexões, relacionamen-
tos, senhas, dados de documentos e outras informa-
388 ( ) CERTO  ( ) ERRADO ções que poderão ser usadas contra o usuário.
REDES
CARACTERÍSTICAS PÚBLICO ALVO
SOCIAIS

O Facebook é a maior rede social da atualidade. Todos os usuários de Internet e empresas.

O Twitter é uma rede social para publicações


Ativistas, ar tistas, empresas e políticos.
curtas e rápidas.

O LinkedIn é uma rede social para conexões en-


Empresas, empregados, empregadores e candidatos.
tre empresas e empregados.

Facebook Workplace, usado por empresas para


Empresas que contratem o serviço e seus colaboradores.
conectar seus colaboradores.

O Instagram é uma rede social para compartilha-


Todos os usuários de Internet e empresas.
mento de fotos, vídeos e venda de produtos.

O Tumblr é uma rede social para compartilha-


mento de conteúdo como blogs (textos, ima- Todos os usuários de Internet e empresas.
gens, vídeos, links, etc.)

MÍDIAS
CARACTERÍSTICAS PÚBLICO ALVO
SOCIAIS

Wordpress é um portal de blogs que permite o


Usuários de Internet com foco em produção de conteúdo.
armazenamento de websites.

O Youtube é um portal de vídeos com recursos


Produtores de conteúdo multimídia e consumidores.
de redes sociais.

O Wikipedia é um site para publicação de conhe- Usuários colaboradores e voluntários que contribuem
cimento no formato colaborativo. com novos conteúdos e revisões.

Saiba: Redes sociais é um tópico pouco questionado em concursos públicos, devido às atualizações que elas
oferecem quase diariamente em seus recursos e operação de algoritmos. Se comparar o Facebook de hoje com as
regras e recursos do Facebook do ano passado, poderá ver a quantidade de funcionalidades que foram alteradas.

ACESSO À DISTÂNCIA A COMPUTADORES, TRANSFERÊNCIA DE INFORMAÇÃO E ARQUIVOS, APLICATIVOS DE


ÁUDIO, VÍDEO E MULTIMÍDIA

Nas redes de computadores, os dados são arquivos disponibilizados pelos servidores. Poderão ser servidores
web, com páginas web para serem acessadas por um navegador (browser) web. Ou ainda servidores de arquivos
FTP, para serem acessados por um cliente FTP.
O acesso à distância a computadores será realizado utilizando o paradigma cliente servidor, onde um será o
servidor que fornecerá o acesso ou arquivos e outro dispositivo será o cliente que estiver acessando.
INFORMÁTICA

Protocolo seguro

Usuário final Servidor remoto

O acesso à distância a computadores deverá ser realizado de forma segura, com uso de VPN (Virtual Private Net-
work), que implementa protocolos seguros na conexão, evitando monitoramento dos dados por terceiros. 389
Intranet
Protocolo seguro Extranet Intranet Transfere arquivos HTML, ASP, PHP, JSP, DHTML,
Conexão
segura
etc.
Protocolo mais utilizado para navegação segura,
Conexão
segura tanto na Internet como na Intranet.
Matriz Internet Filial As tags (comandos) HTML não mudam, mas pos-
suem comandos adicionais (scripts) que complemen-
Os conceitos envolvidos no acesso remoto são os tam a exibição de conteúdo específico.
que definem a Extranet. Utiliza criptografia, acionando camadas adicionais
Extranet é uma conexão segura entre ambientes
como SSL e TLS na conexão.
seguros, usando uma infraestrutura pública e insegura.
A troca de dados entre o cliente e o servidor será rea-
HTTP – Hyper Text Transfer Protocol Secure – Protocolo Seguro
lizada por protocolos de transferência. Todas as redes de Transferência de Hipertextos – Porta TCP 443
utilizam os mesmos protocolos, linguagens e serviços.

HTTPS – request (requisição)


Transferência de Informação e Arquivos
Cliente
Web
HTTPS – certificado digital
Cada sistema operacional tem o seu sistema de
arquivos, para endereçamento das informações arma-
Identidade confirmada
zenadas nos discos de armazenamento. Diretamente,
não é possível a comunicação ou leitura destes dados. Servidor
HTTPS – response (resposta) Web
A família de protocolos TCP/IP procura normatizar
o envio e recebimento das informações entre disposi-
tivos conectados em rede, através dos protocolos de O protocolo HTTPS é o mais questionado em pro-
transferência. Um protocolo é um padrão de comuni- vas de concursos, tanto em Conceitos de Internet e
cação, uma linguagem comum aos dois dispositivos Intranet, como em Transferência de dados e arquivos,
envolvidos na comunicação, que possibilita a transfe- como em Segurança da Informação.
rência de dados.
FTP – File Transfer Protocol – protocolo de trans-
Alguns dos principais protocolos de transferência
de arquivos são: ferência de arquivos.
Opera com duas portas TCP, uma para dados (20) e
z HTTP – Hyper Text Transfer Protocol – protocolo outra para comandos (21).
de transferência de hipertextos. Transfere qualquer tipo de informação.
z HTTPS – Hyper Text Transfer Protocol Secure – Pode transferir em modo byte a byte (arquivos de
protocolo seguro de transferência de hipertextos. textos) ou bit a bit (arquivos executáveis).
z FTP – File Transfer Protocol – protocolo de transfe- Os navegadores de Internet possuem suporte para
rência de arquivos.
acesso aos servidores FTP.
z SMTP – Simple Mail Transfer Protocol – protocolo
simples de transferência de e-mail. O usuário pode instalar um cliente FTP dedicado
ao acesso aos servidores FTP, que opera de forma mais
Conhecer o funcionamento dos protocolos de Inter- rápida que nos navegadores de Internet.
net auxilia na compreensão das tarefas cotidianas que Pode utilizar criptografia.
envolvem as redes de computadores. Mensagens de O modo anônimo caiu em desuso, e poucos servi-
erros, problemas de conexão, instabilidades e proble- dores FTP ainda aceitam conexão anônima.
mas de segurança da informação se tornam mais claros
para quem conhece os protocolos e seu funcionamento. FTP – File Transfer Protocol _ Protocolo de Transferência de arquivos
HTTP – Hyper Text Transfer Protocol – protocolo Porta TCP 20 (dados) e 21 (controle)
de transferência de hipertextos.
Opera pela porta TCP 80 FTP – Comando OPEN (iniciar
transferência)
Transfere arquivos HTML (Hyper Text Markup
Language – linguagem de marcação de hipertextos).
FTP – Comando PUT (para upload,
Protocolo mais utilizado para navegação, tanto na adicionar arquivos)
Internet como na Intranet.
As tags (comandos) HTML são interpretadas pelo FTP – Comando GET (para download,
navegador de Internet, que exibe o conteúdo. baixar arquivos)

Arquivos HTML podem ser produzidos em edito- Servidor


Cliente FTP – dados transferidos para a
res de textos sem formatação (como o Bloco de Notas) solicitação GET Web
Web
ou em editores de textos completos (como o Microsoft
Word). FTP – comando CLOSE
(finalizar transferência)
HTTP – Hyper Text Transfer Protocol – Protocolo de Transferência de Hipertextos
Porta TCP 80

HTTP – request (requisição)


SMTP – Simple Mail Transfer Protocol – protoco-
lo simples de transferência de e-mail.
Pode operar pelas portas TCP 25, 587, 465, ou 2525.
Cliente HTTP – response (resposta)
Web
Servidor A porta 25 é a mais antiga, e atualmente é bloquea-
Web
da pela maioria dos servidores, para evitar spam.
HTTPS – Hyper Text Transfer Protocol Secure – A porta 587 é a padrão, com suporte para TLS
protocolo seguro de transferência de hipertextos. (camada adicional de segurança).
Opera pela porta TCP 443 A porta 465 foi atribuída para SMTPS (SMTP sobre
390 SSL), mas foi reatribuída e depreciada.
A porta 2525 não é uma porta oficial, mas muito EXTENSÃO COMENTÁRIOS
usada por provedores para substituir a porta 587,
quando ela estiver bloqueada. Audio Video Interleave. Formato de ví-
.avi
Transfere a mensagem de e-mail do cliente para o deo padrão do Windows.
servidor, e de um servidor para outro servidor.
QuickTime File Format é um formato de
SMTP – Simple Mail Transfer Protocol – Protocolo de Transferência Simples de .mov arquivo de computador usado nativa-
E-mail – Porta TCP 25, 587, 465, ou 2525 mente pela estrutura do QuickTime.

Arquivo áudio MP3 (MPEG-1 Layer 3).


SMTP – enviar SMTP – enviar
e-mail e-mail Formato de áudio que aceita compres-
.mp3 são em vários níveis. Pode utilizar o
Cliente
E-mail Servidor Servidor Windows Media Player ou Groove Music
E-mail E-mail para reprodução.

Aplicativos de áudio, vídeo e multimídia. Moving Picture Experts Group. Arquivo


de vídeo comprimido, visível em quase
Os softwares instalados no computador, podem ser qualquer reprodutor, por exemplo, o Real
.mpg
classificados de formas diferentes, de acordo com o ponto One ou o Windows Media Player. É o
de vista e sua utilização. Vamos conhecer algumas delas. formato para gravar filmes em formato
VCD.
CATEGORIA CARACTERÍSTICA EXEMPLO Real Media Variable Bitrate. Formato de
.rmvb vídeo com taxa variável de qualidade, de-
Sistemas Operacio-
senvolvido pela Real Networks.
nais, que oferecem
Windows e
Básico uma plataforma Formato de áudio Wave, sem compacta-
Linux. .wav
para execução de ção com baixa amostragem.
outros softwares.
Windows Media Audio, formato de áudio
Programas que Microsoft Office .wma
padrão do Windows.
permitem ao usuá- e LibreOffice,
Aplicativo Windows Media Video, formato de vídeo
rio criar e manipular reprodutores de .wmv
seus arquivos. mídias. padrão do Windows.

Compactador
Softwares que rea- de arquivos, As aplicações multimídia utilizam o fluxo de dados
lizam uma tarefa Desfragmenta- com áudio, vídeo e metadados.
Utilitários
para a qual fora dor de Discos, Os metadados são usados para diferentes funções,
projetado. Gerenciadores como identificação da fonte, dados sobre duração da
de Arquivos. transmissão, verificação da qualidade, etc.
Quando usados separadamente, o usuário pode
Vírus de com-
Software malicioso, putador, worms, baixar apenas o áudio de um vídeo, ou modificar os
que realiza ações cavalo de Troia, metadados do MP3 para exibir as informações edita-
Malware que comprometem spywares, das sobre autor, disco, nome da música, etc.
a segurança da phishing, phar- Os fluxos de dados devem ser analisados na forma
informação. ming, ransom- de contêiner (pacote encapsulado), a fim de mensurar
ware, etc. a qualidade e quantidade de dados trafegados.
Stream é um fluxo de dados com pacotes de vídeo
e áudio transferidos de um servidor remoto para o
Os softwares que reproduzem conteúdo multimí-
dispositivo local. Popularizado pelo serviço Netflix
dia, como o Windows Media Player e o Groove Music
(além de opções de terceiros como o VNC Player), de filmes e séries, o formato stream fragmenta o con-
reconhecem o arquivo como tendo conteúdo multimí- teúdo em pacotes de dados para serem enviados pelo
dia a partir da extensão dele. canal com protocolos TCP. Estes pacotes de dados são
os contêineres.
EXTENSÃO COMENTÁRIOS

Audio Video Interleave. Formato de ví-


.avi
deo padrão do Windows.
Internet
INFORMÁTICA

Formato de vídeo popular entre apare-


.3gp
lhos smartphones

Formato de vídeo da Macromedia, usado


.flv A transferência de arquivos poderá ser realizada
pelo Adobe Flash, com baixa qualidade.
de três formas:
Neste formato, as trilhas de áudio, vídeo
e legendas são encapsuladas em um
.mkv z Fluxo contínuo;
único contêiner, suportando diversos
z Modo blocado;
formatos.
z Modo comprimido. 391
Na transferência por fluxo contínuo, os dados são A sessão de navegação poderá ser em janelas ou
transmitidos como um fluxo contínuo de caracteres. em guias dentro das janelas.
As guias ou abas podem ser iniciadas com o cli-
que em links das páginas visitadas, ou clique no link
enquanto mantém a tecla CTRL pressionada, ou ata-
lho de teclado Ctrl+T para nova guia em branco, ou cli-
que no link com o botão direito do mouse para acessar
Internet o menu de contexto e escolher a opção “Abrir link em
nova guia”. As guias ou abas podem ser fechadas com
o atalho de teclado Ctrl+W ou Ctrl+F4.
A janela de navegação ‘normal’ é aberta com o
Fluxo contínuo – os dados são enviados na forma de um fluxo de caracteres atalho de teclado Ctrl+N, ou clique no link enquanto
mantém a tecla SHIFT pressionada, ou clique no link
No modo blocado, o arquivo é transferido como com o botão direito do mouse para acessar o menu de
uma série de blocos precedidos por um cabeçalho contexto e escolher a opção “Abrir link em nova jane-
especial. Este cabeçalho é constituído por um conta- la”. A janela poderá ser fechada com o atalho de tecla-
dor (2 bytes) e um descritor (1 byte). do Alt+F4. Se houver várias guias abertas na janela,
com o atalho de teclado Alt+F4, todas serão fechadas.
Para reabrir uma guia ou janela que foi fechada,
pressione o atalho de teclado Ctrl+Shift+T.
Os navegadores de Internet permitem a continua-
ção da navegação nas guias que estavam abertas na
Internet
última sessão. Alterando as configurações do navega-
dor, na próxima vez que ele for executado, exibirá as
últimas guias que foram acessadas na última sessão.
Os navegadores de Internet não permitem a edi-
ção de arquivos PDF de forma nativa. O formato PDF
00 A 01 C 02 B é o mais popular para distribuição de conteúdo na
Modo blocado – os dados são enviados com contador e descritor Internet, e pode ser editado por aplicativos específicos
como o Microsoft Word.
Os navegadores de Internet possuem mecanis-
No modo comprimido, a técnica de compressão mos internos que procuram proteger a navegação do
utilizada caracteriza-se por transmitir uma sequência usuário por sites, alertando sobre sites que tenham
de caracteres iguais repetidos. Os dados normais, os conteúdo malicioso, download automático de códigos,
dados comprimidos e as informações de controle são arquivos que são potencialmente perigosos se execu-
os parâmetros desta transferência. tados, entre outras medidas.

Importante!
Os navegadores possuem mais recursos em
Internet
comum do que diferenças. As bancas costumam
Cliente
perguntar os itens que são diferentes ou exclusivos.
Dados únicos

Dados repetidos Microsoft Edge


Informações de
controle Navegador multiplataforma da Microsoft, padrão
Modo blocado – os dados são enviados com contador e descritor
no Windows 10, atualmente é desenvolvido sobre o
kernel (núcleo) Google Chromium, o que traz uma
série de itens semelhantes ao Google Chrome.
Este foi um dos temas das questões do último con- Integrado com o filtro Microsoft Defender SmartS-
curso da Polícia Federal. A transferência de dados e creen, permite o bloqueio de sites que contenham
arquivos pelas redes de computadores deve ser ques- phishing (códigos maliciosos que procuram enganar
tionado ainda mais nas próximas provas. o usuário, como páginas que pedem login/senha do
cartão de crédito).
PROGRAMAS DE NAVEGAÇÃO (MICROSOFT
Outro recurso de proteção é usado para combater
EDGE, INTERNET EXPLORER, MOZILLA FIREFOX E
vulnerabilidades do tipo XSS (cross-site-scripting), que
GOOGLE CHROME)
favorecem o ataque de códigos maliciosos ao compar-
tilhar dados entre sites sem permissão do usuário.
Os navegadores de Internet reconhecem os proto-
colos da família TCP/IP, que permite a comunicação Ele substituiu o aplicativo Leitor, tornando-se o
entre os dispositivos nas redes de computadores. São visualizador padrão de arquivos PDFs no Windows
exemplos de protocolos de transferência de dados: 10. Foram adicionados recursos que permitem ‘Dese-
HTTP (hipertextos), HTTPS (hipertextos de forma nhar’ sobre o conteúdo do PDF.
segura), FTP (arquivos), SMTP (mensagens de correio Mantém as características dos outros navegado-
eletrônico), NNTP (grupos de discussão e notícias), res de Internet, como a possibilidade de instalação de
entre outros. extensões ou complementos, também chamados de
Ao navegar na Internet com um navegador ou bro- plugins ou add-ons, que permitem adicionar recursos
392 wser, o usuário está em uma sessão de navegação. específicos para a navegação em determinados sites.
As páginas acessadas poderão ser salvas para aces- Uma das pequenas diferenças do navegador em
sar off-line, marcadas como preferidas em Favoritos, relação aos outros navegadores é a tecla de atalho
consultadas no Histórico de Navegação ou salvas para acesso à Barra de Endereços, que nos demais é
como PDF no dispositivo do usuário. F4 e nele é F6. Outra diferença é o acesso ao site de
Coleções no Microsoft Edge, é um recurso exclusi- pesquisas Google, que oferece a pesquisa por voz se
vo para permitir que a navegação inicie em um dis- você acessar pelo Google Chrome.
positivo e continue em outro dispositivo logado na Outro recurso especialmente útil do Chrome é o
mesma conta Microsoft. Semelhante ao Google Con- Gerenciador de Tarefas, acessado pelo atalho de tecla-
tas, mas nomeado como Coleções no Edge, permite do Shift+Esc. Quando guias ou processos do navegador
adicionar sugestões do Pinterest. não estiverem respondendo, o gerenciador de tarefas
Outro recurso específico do navegador é a repro- poderá finalizar, sem finalizar todo o programa.
dução de miniaturas de vídeos ao pesquisar no site Alguns recursos do navegador são ‘emprestados’
Microsoft Bing (buscador da Microsoft). do site de buscas, como a tradução automática de
páginas pelo Google Tradutor.
Internet Explorer É possível compartilhar o uso do navegador com
outras pessoas no mesmo dispositivo, de modo que
Foi o navegador padrão dos sistemas Windows, cada uma tenha suas próprias configurações e arqui-
e encerrou na versão 11. Alguns concursos ainda o vos. O navegador Google Chrome possui níveis dife-
questionam. Suas funcionalidades foram mantidas no
rentes de acessos, que podem ser definidos quando o
Microsoft Edge, por questões de compatibilidade.
usuário conecta ou não em sua conta Google.
A compatibilidade é um princípio no desenvolvi-
mento de substitutos para os programas, que deter-
mina que a nova versão ou novo produto, terá os z Modo Normal: sem estar conectado na conta Goo-
recursos e irá operar como as versões anteriores ou gle, o navegador armazena localmente as informa-
produtos de origem. ções da navegação para o perfil atual do sistema
O atalho de teclado para abrir uma nova janela de operacional. Todos os usuários do perfil, poderão
navegação InPrivate é Ctrl+Shift+P. consultar as informações armazenadas.
As Opções de Internet, disponível no menu Fer- z Modo Normal conectado na conta Google: o
ramentas, também poderá ser acessado pelo Painel navegador armazena localmente as informações
de Controle do Windows, devido à alta integração do da navegação e sincroniza com outros dispositivos
navegador com o sistema operacional. conectados na mesma conta Google.
z Modo Visitante: o navegador acessa a Internet, mas
Mozilla Firefox não acessa as informações da conta Google registrada.
z Modo de Navegação Anônima: o navegador aces-
O Mozilla Firefox é o navegador de Internet que, sa a Internet e apaga os dados acessados quando a
como os demais browsers, possibilita o acesso ao con- janela é fechada.
teúdo armazenado em servidores remotos, tanto na
Internet como na Intranet. O navegador Google Chrome, quando conectado em
É um navegador com código aberto, software livre, uma conta Google, permite que a exclusão do histórico
que permite download para estudo e modificações. de navegação seja realizada em todos os dispositivos
Possui suporte ao uso de applets (complementos de conectados. Esta funcionalidade não estará disponível,
terceiros), que são instalados por outros programas caso não esteja conectado na conta Google.
no computador do usuário, como o Java. Um dos atalhos de teclado diferente no Google
Oferece o recurso Firefox Sync, para sincronização Chrome em comparação aos demais navegadores
de dados de navegação, semelhante ao Microsoft Con- é F6. Para acessar a barra de endereços nos outros
tas e Google Contas dos outros navegadores. Entretan-
navegadores, pressione F4. No Google Chrome o ata-
to, caso utilize o modo de navegação privativa, estes
lho de teclado é F6.
dados não serão sincronizados.
Assim como nos outros navegadores, é possível Para verificar a versão atualmente instalada do
definir uma página inicial padrão, uma página inicial Chrome, acesse no menu a opção “Ajuda” e depois
escolhida pelo usuário (ou várias páginas) e continuar “Sobre o Google Chrome”. Se houver atualizações pen-
a navegação das guias abertas na última sessão. dentes, elas serão instaladas. Se as atualizações foram
No navegador Firefox, o recurso Captura de Tela instaladas, o usuário poderá reiniciar o navegador.
permite copiar para a Área de Transferência do com- Caso o navegador seja reiniciado, ele retornará nos
putador, parte da imagem da janela que está sendo mesmos sites que estavam abertos antes do reinício,
acessada. A seguir, em outro aplicativo o usuário com as mesmas credenciais de login.
poderá colar a imagem capturada ou salvar direta- O Google Chrome permite a personalização com
mente pelo navegador. temas, que são conjuntos de imagens e cores combina-
Snippets fazem parte do navegador Firefox. Eles das para alterar a visualização da janela do aplicativo.
oferecem pequenas dicas para que você possa apro-
veitar ao máximo o Firefox. Também pode aparecer
INFORMÁTICA

novidades sobre produtos Firefox, missão e ativismo


da Mozilla, notícias sobre integridade da internet e
muito mais. HORA DE PRATICAR!
Google Chrome 1. (VUNESP – 2017) No Microsoft PowerPoint 2007,
em sua configuração original, animações não são a
O navegador mais utilizado pelos usuários da mesma coisa que transições. Uma transição
Internet é oferecido pela Google, que mantém servi-
ços como Buscas, E-mail (Gmail), vídeos (Youtube), a) armazena um registro de todas as alterações grava-
entre muitos outros. das na apresentação. 393
b) é o recurso que converte uma apresentação de ver- 5. (VUNESP – 2018) A maioria dos mouses possui um
sões anteriores do PowerPoint para a versão 2010. botão no centro, ou roda central, que tem como uma
c) é a cor de fundo da apresentação. de suas funções rolar um texto para baixo ou para
d) é modelo do slide mestre, utilizado para garantir que a cima. Uma das denominações desse botão é
apresentação tenha o mesmo layout.
e) é um efeito introduzido na maneira como um slide é a) reset.
passado para o slide seguinte. b) scroll.
c) start button.
2. (VUNESP – 2017) Em uma apresentação com 5 d) modem.
e) touch.
slides, criada no Microsoft PowerPoint 2007, um
usuário criou no slide 2 um botão de ação configu-
6. (VUNESP – 2018) Há um tipo de mouse que utiliza
rado para passar para o slide exibido mais recen-
um LED como emissor de luz, sendo essa luz capta-
temente. No slide 5, existe também um botão de
da por sensores, conforme se movimenta o mouse.
ação, configurado para ir para o slide 2. Ao iniciar o Esse tipo de mouse é conhecido como
modo de apresentação, a partir do slide 1, o usuário
pressionou ENTER, e o slide 2 foi exibido. Assinale a a) óptico.
alternativa que indica o slide que é exibido quando o b) paralelo.
usuário clica no botão de ação do slide 2. c) térmico.
d) de pressão.
a) 0. e) mecânico.
b) 1.
c) 2. 7. (VUNESP – 2018) Dois dos tipos de impressoras dis-
d) 3. poníveis no mercado são:
e) 5.
a) térmica e LCD.
3. (VUNESP – 2018) Um usuário de um computa- b) matricial e plasma.
dor com o sistema operacional Windows, em sua c) jato de tinta e laser.
configuração padrão, utilizou as teclas Ctrl + C em d) 3D e EPROM.
um texto selecionado de um arquivo gerado pelo e) de impacto e RAM.
MS-Word, e em seguida utilizou as teclas Ctrl + V
8. (VUNESP – 2018) Considerando-se, principalmente,
para uma célula de uma planilha de um arquivo
os dispositivos mais recentes, há um tipo utilizado
gerado pelo MS-Excel. Sobre essas ações é correto
com microcomputadores que deve ser conectado
afirmar que
em uma porta HDMI do microcomputador. Esse dis-
positivo corresponde
a) o texto selecionado do arquivo gerado pelo MS-Word
será copiado para a Área de Transferência do Windo- a) ao monitor de vídeo.
ws e, em seguida, copiado desta para a célula do arqui- b) ao microfone.
vo do MS-Excel. c) ao pen drive.
b) o texto selecionado do arquivo gerado pelo MS-Word d) à impressora.
será convertido para o formato do MS-Excel, perdendo e) ao adaptador wireless.
eventuais acentos e cedilhas presentes no texto.
c) o texto selecionado do arquivo gerado pelo MS-Word 9. (VUNESP – 2019) Para acessar o site da Câmara
será apagado após ser transferido para o arquivo do Municipal de São Miguel Arcanjo, um usuário da
MS-Excel. Internet digitou na barra de endereço de seu brow-
d) elas gerarão uma mensagem de erro, pois tais ações ser o endereço eletrônico a seguir:
podem ser executadas apenas em arquivos gerados
pelo mesmo programa. http://www.camarasma.sp.gov.br/
e) elas gerarão uma mensagem de erro, pois a transfe-
rência de informações para planilhas do MS-Excel Esse endereço eletrônico, que obedece a uma regra
exigem as teclas Alt + Ctrl + V que realiza a compatibi- geral na sua estruturação, é conhecido genericamente
como URL ou
lização de formatos, em vez de Ctrl + V.
a) Unitary Record Linkage.
4. (VUNESP – 2019) É cada vez mais comum o uso de
b) Universal Remote Llibrary.
sistemas corporativos on-line, desse modo, o conjun-
c) Update Reward Language.
to de sites e sistemas acessados com frequência é
d) Ultimate Regular Lunching.
cada vez maior. O recurso do Google Chrome versão e) Uniform Resouce Locator.
67, em sua configuração padrão, usado para cadas-
trar e organizar sites visitados com frequência é: 10. (VUNESP – 2018) O LibreOffice é uma suíte office de
código aberto e grátis, que apresenta diversos aplica-
a) Página Inicial. tivos. Os aplicativos similares ao MS-Word, MS-Excel,
b) Favoritos. MS-PowerPoint e MS-Access são, respectivamente:
c) Histórico.
d) Downloads. a) Base, Math, Impress e Calc.
394 e) Conteúdo. b) Impress, Calc, Draw e Base.
c) Impress, Math, Draw e Calc. 16. (VUNESP – 2018) Um microcomputador possui, nor-
d) Writer, Calc, Impress e Base. malmente, diversos tipos e padrões de portas de
e) Writer, Math, Draw e Base. entrada e/ou saída para conexão de dispositivos
externos, sendo uma delas denominada
11. (VUNESP – 2019) Um usuário recebeu um e-mail
contendo alguns anexos e deseja enviar os mes- a) TCP.
mos anexos para um outro destinatário. b) VGA.
Assinale a opção que o usuário deve escolher para c) HTTP.
que, automaticamente, os anexos recebidos já apa- d) ABNT.
reçam anexados ao e-mail que deseja enviar ao novo e) 4G.
destinatário.
17. (VUNESP – 2019) Um usuário do MS-Windows 10,
em sua configuração padrão, que precise organizar
a) Responder.
seus arquivos e pastas deve usar o aplicativo aces-
b) Responder a Todos.
sório padrão Explorador de Arquivos, que pode ser
c) Anexar.
aberto por meio do atalho por teclado, segurando-
d) Encaminhar. -se a tecla Windows do teclado e, em seguida, cli-
e) Salvar como rascunho. cando na letra

12. (VUNESP – 2019) No MS-Word 2013, os recursos de a) A


criação e manipulação de mala direta podem ser b) T
acessados por meio da guia c) F
d) R
a) Revisão. e) E
b) Exibir.
c) Referências. 18. (VUNESP – 2018) No sistema operacional Windows
d) Design. 10, uma das maneiras de encontrar algum progra-
e) Correspondências. ma ou aplicativo disponível no computador é

13. (VUNESP – 2018) No armazenamento de arquivos a) pressionar a tecla do logotipo do Windows + P, que pro-
digitais, como ofícios digitalizados no MS-Word ou vocará a exibição de todos os programas disponíveis.
planilhas do MS-Excel, é importante fazer cópias de b) digitar o nome do programa ou aplicativo na Caixa de
segurança. Esse procedimento é conhecido como: Pesquisa na Barra de Tarefas.
c) selecionar o ícone Programas e Aplicativos na Barra
a) fragmentação do disco. de Tarefas, que exibe todos os programas ou aplicati-
b) clonar o arquivo. vos instalados.
d) digitar o nome do programa ou aplicativo na Barra de
c) raquear o arquivo.
Pesquisa do Edge.
d) backup do arquivo.
e) selecionar o ícone Busca de Programas no Painel de
e) sincronização de arquivo.
Controle e digitar o nome do programa ou aplicativo.
14. (VUNESP – 2019) No MS-PowerPoint 2016, em por-
19. (VUNESP – 2018) O sistema gerenciador de bancos
tuguês e em sua configuração padrão, a função de dados MS-Access 2010 possui um aplicativo
principal do Slide Mestre é denominado “Analisar desempenho”, que serve para
a análise de tabelas e consultas, por exemplo.
a) controlar a aparência de todos os slides da apresenta- Considerando a configuração padrão do gerenciador,
ção, como cores, fontes e segundo plano. esse aplicativo pode ser acessado por meio da aba
b) controlar os comentários inseridos na apresentação.
c) determinar um tempo máximo para a duração da a) Página Inicial.
apresentação. b) Design.
d) especificar a aparência do primeiro slide, enquanto os c) Criar.
demais slides, denominados “escravos”, possuem for- d) Ferramentas de Banco de Dados.
matação livre. e) Dados Externos.
e) personalizar a aparência da apresentação, quando
impressa. 20. (VUNESP – 2017) No MS-Windows 7, em sua con-
figuração padrão, pode -se alternar entre a janela
15. (VUNESP – 2018) Os pen drives utilizados em com- ou os programas que estejam abertos, por meio do
INFORMÁTICA

putadores de mesa e em notebooks são conecta- pressionamento da combinação de teclas:


dos por meio do tipo de conexão do computador
denominado a) ALT+TAB
b) WINKEY+ESC
a) DVI. c) CTRL+TAB
d) WINKEY+ CTRL
b) HDMI.
e) CTRL+ESC
c) PS-2.
d) USB.
e) VGA. 395
9 GABARITO

1 E

2 B

3 A

4 B

5 B

6 A

7 C

8 A

9 E

10 D

11 D

12 E

13 D

14 A

15 D

16 B

17 E

18 B

19 D

20 A

ANOTAÇÕES

396
z Na linguagem natural:
„ Se estudar, então vai passar.

z Na linguagem simbólica:
„ p → q
RACIOCÍNIO LÓGICO
Bicondicional (conectivo “Se e somente se”)

Representação simbólica:
Exemplo:
ESTRUTURAS LÓGICAS E LÓGICAS DE
ARGUMENTAÇÃO z Na linguagem natural:
„ Bino vai ao cinema se e somente se ele receber
ESTRUTURA LÓGICA dinheiro.

A negação com o conectivo “não” z Na linguagem simbólica:


„ p ⟷ q
Representação simbólica: (~p) ou (p)
Sabemos que o valor lógico de “p” e “~p” são opos-
tos, isto é, se p é uma proposição verdadeira, ~p será
falsa, e vice-versa. Exemplo: EXERCÍCIOS COMENTADOS
p: Matemática é difícil.
(~p) ou (p): Matemática não é difícil. 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) As proposições P, Q e R a
seguir referem-se a um ilícito penal envolvendo João,
Outras maneiras que também podemos usar para Carlos, Paulo e Maria:
negar uma proposição, e que vem aparecendo muito P: “João e Carlos não são culpados”. Q: “Paulo não é
nas provas de concursos, são: mentiroso”. R: “Maria é inocente”.
Considerando que ~X representa a negação da propo-
Não é verdade que matemática é difícil. sição X, julgue o item a seguir.
É falso que matemática é difícil. A proposição “Se Paulo é mentiroso então Maria é
culpada.” pode ser representada simbolicamente por
Conjunção (Conectivo “E”) (~Q)↔(~R).

Representação simbólica: ^ ( ) CERTO  ( ) ERRADO


Exemplos:
Veja que temos uma proposição condicional (se então)
z Na linguagem natural: e a representação simbólica apresentada é de uma
„ O macaco bebe leite e o gato come banana. bicondicional. Representação da condicional (). Res-
posta: Errado.
z Na linguagem simbólica:
„ p ^ q 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o seguinte item, rela-
tivo à lógica proposicional e à lógica de argumentação.
Disjunção Inclusiva (Conectivo “ou”) A proposição “A construção de portos deveria ser
uma prioridade de governo, dado que o transporte
Representação simbólica: v de cargas por vias marítimas é uma forma bastante
Exemplo: econômica de escoamento de mercadorias.” pode ser
representada simbolicamente por P∧Q, em que P e Q
z Na linguagem natural: são proposições simples adequadamente escolhidas.
„ Maria é bailarina ou Juliano é atleta.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
z Na linguagem simbólica:
„ p v q A representação simbólica apresentada para julgar-
mos é de uma conjunção e na questão foi apresen-
Disjunção Exclusiva (conectivo “Ou...ou”) tada uma proposição composta pela condicional na
forma “camuflada” dentro de uma relação de causa
e consequência “ Dado que...”. Resposta: Errado.
Representação simbólica: ⊻
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo:
3. (ESPE-CEBRASPE – 2018) Considere as seguintes pro-
posições: P: O paciente receberá alta; Q: O paciente
z Na linguagem natural:
receberá medicação; R: O paciente receberá visitas.
„ Ou o elefante corre rápido ou a raposa é lenta.
Tendo como referência essas proposições, julgue o
item a seguir, considerando que a notação ~S significa
z Na linguagem simbólica:
a negação da proposição S.
„ p ⊻ q
A proposição ~P→[Q∨R] pode assim ser traduzida: Se
o paciente receber alta, então ele não receberá medi-
Condicional (conectivo “Se então”)
cação ou não receberá visitas.
Representação simbólica: →
Exemplo: ( ) CERTO  ( ) ERRADO 397
P: O paciente receberá alta; Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
~P: O paciente não receberá alta; exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
Q: O paciente receberá medicação; que “Nenhum A é B” significa que A e B não tem ele-
R: O paciente receberá visitas. mentos em comum, logo, temos apenas uma represen-
A proposição ~P→[Q∨R] pode assim ser traduzida: tação com diagrama:
Se o paciente NÃO receber alta, então ele receberá
medicação ou receberá visitas. Resposta: Errado.

A B

DIAGRAMAS LÓGICOS
Não há intersecção entre o conjunto A e o conjunto B
Esse tema é diretamente ligado ao estudo dos
Quantificadores Lógicos ou Proposições Categóricas, Quando “Nenhum A é B” é verdadeira, os valores
que são elementos que especificam a extensão da vali- lógicos das outras proposições categóricas, interpre-
dade de um predicado sobre um conjunto de constan- tando o diagrama, serão os seguintes:
tes individuais. Ou seja, são palavras ou expressões
que indicam que houve quantificação. São exemplos Todo A é B – É falsa.
de quantificadores as expressões: existe, algum, todo,
Algum A é B – É falsa.
pelo menos um, nenhum.
Algum A não é B – é verdadeira.
Esses quantificadores podem ser classificados em
dois tipos:
Quantificador Particular (Afirmativo): “Algum” / “Pelo
Menos um” / “Existe”
z Quantificador Universal
z Quantificador Existencial (particulares)
Exemplo:
Universais temos TODO e NENHUM, já os particula- Algum A é B.
res temos pelo menos um, existe um e o algum. Algum homem joga bola.
Agora, vamos estudar a representação de cada um Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
dos quantificadores através dos diagramas lógicos. exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
que “Algum A é B” significa que o conjunto A tem pelo
Quantificador Universal “Todo” (afirmativo) menos um elemento em comum com o conjunto B, ou
seja, há intersecção entre os círculos A e B. Logo, pode-
Exemplo: mos fazer quatro representações com diagramas:

Todo A é B. A B

Todo homem joga bola.

Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no


exemplo, o do homem e o de joga bola. Vale lembrar
que Todo A é B significa que todo elemento de A tam-
bém é elemento de B. Logo, podemos representar com Os dois conjuntos possuem uma parte em comum
o diagrama:
Veja que em todas as representações de A e B
B possuem intersecção. Então, quando “Algum A é B”
é verdadeira, os valores lógicos das outras proposi-
A ções categóricas, interpretando o diagrama, serão os
seguintes:
Todo A é B – É indeterminado
Nenhum A é B – É falsa.
Algum A não é B – É indeterminado.
O conjunto A dentro do conjunto B

Quantificador Particular (negativo): “Algum” / “Pelo


Quando “Todo A é B” é verdadeira, os valores lógi-
Menos um” / “Existe” + a partícula “Não”
cos das outras proposições categóricas, interpretando
os diagramas, serão os seguintes:
Nenhum A é B – É falsa. Exemplo:
Algum A é B – É verdadeira. Algum A não é B.
Algum A não é B – é falsa. Algum homem não joga bola.
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
Quantificador Universal “Nenhum” (negativo) exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
que “Algum A não é B” significa que o conjunto A tem
Exemplo: pelo menos um elemento que não pertence ao con-
Nenhum A é B. junto B. Logo, podemos fazer três representações com
398 Nenhum homem joga bola. diagramas:
„ Logo, (não se pode concluir).

Não se pode concluir se existe ou não alguma rela-


ção entre os termos “holandês” e “palhaço”, uma vez
que não existe nenhuma relação entre estes e o termo
médio (que é o único que nos permite relacioná-los).

Os dois conjuntos possuem uma parte em comum, mas não há z 6ª Regra – De duas premissas afirmativas não se
contato de alguns elementos de A com B pode tirar uma conclusão negativa. Exemplo:

Veja que em todas as representações o conjunto „ Todos os mortais são desconfiados.


A tem pelo menos um elemento que não pertence ao „ Alguns seres são mortais.
conjunto B. Então, quando “Algum A não é B” é verda- „ Alguns seres não são desconfiados.
deira, os valores lógicos das outras proposições cate-
góricas, interpretando o diagrama, serão os seguintes: z 7ª Regra – A conclusão segue sempre a parte mais
Todo A é B – É falsa. fraca (particular e/ou negativa). Se uma premissa
Nenhum A é B – É indeterminada. for negativa, a conclusão tem de ser negativa, se
Algum A não é B – É indeterminado. uma premissa for particular, a conclusão tem de
ser particular. Exemplo:

„ Todos os homens são felizes.


REGRAS DO SILOGISMO CATEGÓRICO „ Alguns homens são espertos.
„ Todos os espertos são felizes. (A conclusão nunca
Regras relativas aos termos: pode ser geral)

z 1ª Regra – O silogismo tem três termos: o maior, o z 8ª Regra – De duas premissas particulares, nada se
menor e o médio. Exemplo: pode concluir. Exemplo:

„ As margaridas são flores. „ Alguns italianos não são vencedores.


„ Algumas mulheres são Margaridas. „ Alguns italianos são pobres.
„ Logo, algumas mulheres são flores. „ Logo, (nada se pode concluir).

Veja que “margaridas” e “Margaridas” é termo Pelo menos, uma premissa tem de ser universal,
equívoco. Não respeitamos esta regra, porque este para que possa existir ligação entre o termo médio e
silogismo tem 4 termos. O termo “margaridas” está os outros termos e ser possível extrair uma conclusão.
empregue em 2 sentidos, valendo por 2 termos. Esquematizando!

z 2ª Regra – Se um termo está distribuído na con-


clusão, tem de estar distribuído nas premissas. REGRAS
Exemplo:
PREMISSAS TERMOS

„ Os espanhóis são inteligentes. (Predicado não z De duas premissas nega- z Todo silogismo contém
distribuído) tivas, nada se conclui somente três termos:
„ Os portugueses não são espanhóis. z De duas premissas afir- maior, médio e menor
„ Logo, os portugueses não são inteligentes. mativas não pode haver z Os termos da conclusão
conclusão negativa não podem ter extensão
z A conclusão segue sem- maior que os termos
Menor extensão na conclusão do que nas premissas.
pre a premissa mais fraca das premissas
z De duas premissas parti- z O termo médio não pode
z 3ª Regra – O termo médio nunca pode estar na culares, nada se conclui entrar na conclusão
conclusão. Exemplo: z O termo médio deve
ser universal ao menos
„ Toda planta é ser vivo. uma vez
„ Todo animal é ser vivo.
„ Todo ser vivo é animal ou planta.

z 4ª Regra – O termo médio tem de estar distribuído EXERCÍCIOS COMENTADOS


pelo menos uma vez. Exemplo:
RACIOCÍNIO LÓGICO

1. (FGV – 2019) Considerando que a afirmação “Nenhum


„ Alguns (não distribuído) homens são ricos. pescador sabe nadar” não é verdadeira, é correto con-
„ Alguns (não distribuído) homens são artistas. cluir que
„ Alguns artistas são ricos.
a) “Há, pelo menos, um pescador que sabe nadar”.
Regras relativas às proposições: b) “Quem não é pescador não sabe nadar”
c) “Todos os pescadores sabem nadar”.
z 5ª Regra – De duas premissas negativas nada se d) “Todas as pessoas que sabem nadar são pescadores”.
pode concluir. Exemplo: e) “Ninguém que sabe nadar é pescador”.

„ Nenhum palhaço é chinês. Veja que a questão pede a negação do quantificador


„ Nenhum chinês é holandês. “nenhum”, e como já aprendemos, nunca devemos 399
negar o “nenhum” usando o quantificado “todo” e b) Pelo menos um cantor não é músico ou não existe
vice-versa. Sabendo disso, podemos eliminar estra- advogado que seja cantor.
tegicamente as alternativas C, D e E. Como temos c) Há cantores que são músicos e existe advogado que
um quantificador universal negativo e sabemos que não é cantor.
para negar precisamos de um particular afirmativo, d) Nenhum cantor é músico ou não existe advogado que
só nos resta a letra A como resposta, pois a letra B seja cantor.
não está de acordo com a regra. Você também pode- e) Pelo menos um cantor não é músico ou existe advoga-
ria usar o lembrete “NENHUM nega com PEA”. do que é cantor.
Resposta: Letra A.
Só podemos negar um Quantificador Universal
2. (FUNDATEC – 2019) A negação da sentença “algum (“Todo” / “Nenhum”) com um Quantificador Existen-
assistente social acompanhou o julgamento” está na cial (“Existe” / “Algum” / “Pelo menos um”), assim,
alternativa: eliminamos as letras A, C e D, ficando, assim, apenas
as letras B e E para análise. Segundo a Lei de Mor-
a) Algum assistente social não acompanhou o gan – devemos trocar o “e” por “ou” e negar tudo.
julgamento. Então, negando a proposição P ^ Q, fica ~ P v ~Q:
b) Todos os assistentes sociais acompanharam o P: todos os cantores são músicose (^)
julgamento. Q: existe advogado que é cantor.
c) Nem todos os assistentes sociais acompanharam o Negando:
julgamento. ~P: alguns cantores não são músicos (pelo menos
d) Nenhum assistente social acompanhou o julgamento. um não é = algum não é) ou (v)
e) Pelo menos um assistente social não acompanhou o ~Q: não existe advogado que é cantor. (Não existe =
julgamento.
nenhum) “Pelo menos um cantor não é músico ou
não existe advogado que seja cantor”. Resposta:
A questão pede a negação do “algum” – quantifica- Letra B.
dor particular afirmativo. Já aprendemos que, para
fazer essa negação, usamos um quantificador uni-
5. (VUNESP – 2019) Considere como verdadeira a pro-
versal. Qual, professor? O quantificador “nenhum”,
posição: “Nenhum matemático é não dialético”. Laura
pois o mesmo é universal negativo. Assim, a nossa
enuncia que tal proposição implica, necessariamente,
sentença ficará:
p: “Algum assistente social acompanhou o que
julgamento”
~p: “Nenhum assistente social acompanhou o julga- I. se Carlos é matemático, então ele é dialético.
mento” Resposta: Letra D. II. se Pedro é dialético, então é matemático.
III. se Luiz não é dialético, então não é matemático.
3. (FUNDATEC – 2019) Assinale a alternativa que corres- IV. se Renato não é matemático, então não é dialético.
ponde à negação de “Todos os analistas de tecnologia
da informação são bons desenvolvedores”. Das implicações enunciadas por Laura, estão corretas
APENAS:
a) Pelo menos um analista de tecnologia da informação
não é bom desenvolvedor. a) I e III.
b) Nenhum analista de tecnologia da informação é bom b) I e II.
desenvolvedor. c) III e IV.
c) Todos os analistas de tecnologia da informação não d) II e III.
são bons desenvolvedores. e) II e IV.
d) Alguns analistas de tecnologia da informação são
bons desenvolvedores. Você precisa lembrar das equivalências para res-
e) Todos os desenvolvedores não são analistas de tecno- ponder essa questão.
logia da informação. � “Nenhum matemático é não dialético” equivale a
“Todo Matemático é Dialético”;
A negação do “todo” pode ser feita usando o lem- � “Todo Matemático é Dialético” equivale a “Se é
brete que aprendemos: “todo nega com PEA + não”, matemático, então é Dialético”.
onde o PEA são as iniciais dos quantificadores Agora, vamos analisar as afirmações feitas por Laura:
lógicos particulares – “Pelo menos um” / “Existe” / I. Se Carlos é matemático, então ele é dialético (Cor-
“Algum” – seguidos pelo modificador lógico “não”, reta, pois está de acordo com a equivalência acima).
deixando-os, assim, particulares negativos. Logo, II. Se Pedro é dialético, então é matemático. (Incor-
p: “Todos os analistas de tecnologia da informação reta, pois há dialéticos que não são matemáticos).
são bons desenvolvedores”
~p: “Pelo menos um / Existe / Algum analista de tec- Dialético
nologia da informação não é bom desenvolvedor.
Resposta: Letra A.

4. (VUNESP – 2019) A alternativa que corresponde à Mat.


negação lógica da proposição composta: “todos os
cantores são músicos e existe advogado que é can-
tor”, é: III. Se Luiz não é dialético, então não é matemáti-
co (Correta, pois todo matemático é dialético. Veja
a) Nenhum cantor é músico e não existe advogado que também que temos um dos casos de equivalência
400 seja cantor. lógica do conectivo “se...então” – a contrapositiva).
IV. Se Renato não é matemático, então não é dialéti- Agora, perceba que não tem como o Zezinho está
co (Incorreta, pois nem todo dialético é matemático falando a verdade, pois já sabemos que foi Huguinho
como vimos nos diagrama da alternativa II). quem quebrou o caso. Logo, Zezinho está mentindo e
Resposta: Letra A. Luizinho falando a verdade. Resposta: Letra A.

VERDADES E MENTIRAS 2. (IF-PA – 2019) Ângela, Bruna, Carol e Denise são


quatro amigas com diferentes idades. Quando se per-
Estamos diante de um assunto bem interessante, guntou qual delas era a mais jovem, elas deram as
pois em Verdades e Mentiras vemos casos em que seguintes respostas:
várias pessoas afirmam certas situações e entre elas
existe aquela que diz algo verdadeiro, mas também z Ângela: Eu sou a mais velha;
há aquela que só mente. Então, o seu dever é entender z Bruna: Eu sou nem a mais velha nem a mais jovem;
o que o enunciado está querendo e achar quem são os z Carol: Eu não sou a mais jovem;
mentirosos e verdadeiros. � Denise: Eu sou a mais jovem.
Em algumas questões, você terá que fazer um teste
lógico e depois avaliar cada afirmação que está dis- Sabendo que uma das meninas não estava dizendo a
posta no enunciado. Caso não aconteça divergência verdade, a mais jovem e a mais velha, respectivamen-
entre as informações, sua suposição estará correta e te, são:
você conseguirá achar quem está falando a verdade
ou mentindo. Agora, se houver divergência, você terá a) Bruna é a mais jovem e Ângela é a mais velha.
que fazer uma nova suposição. Esse tema não tem b) Ângela é a mais jovem e Denise é a mais velha.
teoria como já vimos em alguns pontos do Raciocínio c) Carol é a mais jovem e Bruna é a mais velha.
Lógico, então, vamos aprender como resolver esse d) Denise é a mais jovem e Carol é a mais velha.
tipo de questão praticando bastante. e) Carol é a mais jovem e Denise é a mais velha.

Vamos analisar:
� Ângela: Eu sou a mais velha;
EXERCÍCIOS COMENTADOS � Bruna: Eu sou nem a mais velha nem a mais
jovem;
1. (FCC – 2012) Huguinho, Zezinho e Luizinho, três � Carol: Eu não sou a mais jovem;
irmãos gêmeos, estavam brincando na casa de seu � Denise: Eu sou a mais jovem.
Não tem como Carol e Denise estarem mentido, pois
tio quando um deles quebrou seu vaso de estimação.
se Carol estiver mentindo, então ela é a mais jovem
Ao saber do ocorrido, o tio perguntou a cada um deles
e automaticamente a Denise estará mentindo tam-
quem havia quebrado o vaso. Leia as respostas de
bém. E se a Denise estiver mentindo e não for a mais
cada um.
jovem, teremos um cenário em que todas as meni-
nas afirmam, de uma forma ou de outra, que não
Huguinho → “Eu não quebrei o vaso!”
são as mais jovens, e pelo menos uma delas tem que
Zezinho → “Foi o Luizinho quem quebrou o vaso!”
ser a mais jovem.
Luizinho → “O Zezinho está mentindo!” Como o enunciado diz que apenas uma delas está
mentindo, podemos pensar que se Bruna estivesse
Sabendo que somente um dos três falou a verdade, mentindo, ela seria a mais velha e a mais jovem ao
conclui-se que o sobrinho que quebrou o vaso e o que mesmo tempo, o que é logicamente impossível em
disse a verdade são, respectivamente, um grupo de 4 meninas.
Sendo assim, a única que poderia estar mentindo é a
a) Huguinho e Luizinho. Ângela. Logo, Carol é a mais velha, Denise é a mais
b) Huguinho e Zezinho. jovem. Resposta: Letra D.
c) Zezinho e Huguinho.
d) Luizinho e Zezinho. 3. (VUNESP – 2018) Paulo, Lucas, Sandro, Rogério e
e) Luizinho e Huguinho. Vitor são suspeitos de terem furtado a bicicleta de
uma pessoa. Na delegacia:
Para esse tipo de questão devemos buscar as infor-
mações contraditórias, pois numa contradição z Vitor afirmou que não tinha sido nem ele nem Rogério;
haverá uma “verdade e mentira”. z Sandro jurou que o ladrão era Rogério ou Lucas;
Sendo assim, o enunciado diz que somente um dos z Rogério disse que tinha sido Paulo;
três falou a verdade. Então, vamos analisar as infor- z Lucas disse ter sido Paulo ou Vitor;
RACIOCÍNIO LÓGICO

mações contraditórias: z Paulo termina dizendo que Sandro é um mentiroso.


Veja que as afirmações de Zezinho e Luizinho se
contradizem. Sabe-se que um e apenas um deles mentiu. Sendo
Zezinho → “Foi o Luizinho quem quebrou o vaso!” assim, a pessoa que furtou a bicicleta foi
Luizinho → “O Zezinho está mentindo!”
Não podemos afirmar quem disse a VERDADE ou a) Lucas.
quem MENTIU ainda, mas já sabemos que quem b) Sandro.
quebrou o vaso foi Huguinho (sobrou apenas MEN- c) Rogério.
TIRA para quem não está na contradição). d) Vitor.
Huguinho → “Eu não quebrei o vaso!” – MENTIRA, e) Paulo.
logo ele quebrou o vaso.
Eliminamos as letras C, D e E. As frases de Paulo e Sandro são contraditórias. Veja: 401
Sandro jurou que o ladrão era Rogério ou Lucas; Veja que as frases ditas por Cássio e Jair são contraditó-
Paulo termina dizendo que Sandro é um mentiroso. rias, ou seja, aqui temos uma VERDADE e uma MENTIRA.
Se um estiver falando a verdade, outro está men- Cássio: Jair é o culpado do crime.
tindo. Como, ao todo, temos apenas uma mentira, Jair: Eu não cometi o crime.
então as demais frases são verdadeiras. Assim, Se Cássio estiver falando a verdade, então Jair é cul-
analisando as afirmações, percebemos que a frase pado e disse a verdade como o enunciado afirmou.
de Rogério (que é 100% verdade) deixa claro que o Mas, note que não podemos ter duas verdades como
culpado foi Paulo. Resposta: Letra E. a situação apresentada nos mostrou, pois é uma
contradição. Logo, Jair foi quem disse a verdade e
4. (COLÉGIO PEDRO II – 2017) Na mesa de um bar estão não foi quem cometeu o crime, ou seja, é um inocen-
cinco amigos: Arnaldo, Belarmino, Cleocimar, Dionésio
e Ercílio. Na hora de pagar a conta, eles decidem divi- te e falou a verdade. Resposta: Letra E.
di-la em partes iguais. Cada um deles deve pagar uma
quota. O garçom confere o valor entregue por eles e
nota que um deles não entregou sua parte, consegue
detê-los antes que deixem o bar e os interroga, ouvin- SEQUÊNCIAS
do as seguintes alegações:
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS
I. Não fui eu nem o Cleocimar, disse Arnaldo;
II. Foi o Cleocimar ou o Belarmino, disse Dionésio; Esse tema é cobrado de uma maneira que ao mes-
III. Foi o Ercílio, disse Cleocimar; mo tempo que pode parecer fácil, pode ser bem com-
IV. O Dionésio está mentindo, disse Ercílio; plicado. Descobrir a lei de formação ou padrão da
V. Foi o Ercílio ou o Arnaldo, disse Belarmino. sequência é o seu principal objetivo, pois nas ques-
tões sobre sequências/raciocínio sequencial, você
Considerando-se que apenas um dos cinco amigos men- será apresentado a um conjunto de dados dispostos
tiu, pode-se concluir que quem não pagou a conta foi? de acordo com alguma “regra” implícita, alguma lógi-
ca de formação. O desafio é exatamente descobrir
a) Arnaldo. essa “regra” para, com isso, encontrar outros termos
b) Belarmino. daquela mesma sequência.
c) Cleocimar. Veja o exemplo abaixo:
d) Dionésio.
e) Ercílio. 2, 4, 6, 8,...

São cinco amigos, e apenas um mente (4 verdadei- A primeira pergunta que podemos fazer para
ros e 1 mentiroso). Analisando as “falas” dos 5 ami- achar a lei de formação é: os números estão aumen-
gos, já foi possível identificar a contradição. Repare tando ou diminuindo?
o que diz Dionésio e Ercílio:
II. Foi o Cleocimar ou o Belarmino, disse Dionésio; Caso eles estejam aumentando, devemos tentar as
IV. O Dionésio está mentindo, disse Ercílio;
operações de soma ou multiplicação entre os termos.
Logo, podemos afirmar que todas os outros dizem
Veja o nosso exemplo que fora postado: 2, 4, 6, 8,.. Do
a verdade:
primeiro termo para o segundo, somamos o número
I. Não fui eu nem o Cleocimar, disse Arnaldo;
dois e depois repetimos isso.
III. Foi o Ercílio, disse Cleocimar;
V. Foi o Ercílio ou o Arnaldo, disse Belarmino.
2+2=4
Aqui já achamos a nossa reposta, pois Cleocimar fala
4+2=6
a verdade e disse que foi o Ercílio. Resposta: Letra E.
6+2=8
5. (FCC – 2017) Cássio, Ernesto, Geraldo, Álvaro e Jair
Logo, o nosso próximo termo será o número 10,
são suspeitos de um crime. A polícia sabe que apenas
pois 8+2 = 10.
um deles cometeu o crime. No interrogatório, os sus-
Caso os números estejam diminuindo, você pode
peitos deram as seguintes declarações:
buscar uma lógica envolvendo subtrações ou divisões
entre os termos.
Cássio: Jair é o culpado do crime.
Agora, observe esta outra sequência:
Ernesto: Geraldo é o culpado do crime.
Geraldo: Foi Cássio quem cometeu o crime.
Álvaro: Ernesto não cometeu o crime. 2, 3, 5, 7, 11, 13, ...
Jair: Eu não cometi o crime.
Qual é o seu próximo termo? Vários alunos tendem
Sabe-se que o culpado do crime disse a verdade na a dizer que o próximo termo é o 15, mesmo tendo per-
sua declaração. Dentre os outros quatro suspeitos, cebido que o 9 não está na sequência. A nossa tendên-
exatamente três mentiram na declaração. Sendo cia é relevar esse “probleminha” e marcar logo o valor
assim, o único inocente que declarou a verdade foi 15. Muito cuidado! Como já disse, o padrão encon-
trado deve ser capaz de explicar TODA a sequência!
a) Cássio. Neste caso, estamos diante dos números primos! Sim,
b) Ernesto. aqueles números que só podem ser divididos por eles
c) Geraldo. mesmos ou então pelo número 1. No caso, o próximo
d) Álvaro. seria o 17 e não o 15. A propósito, os próximos núme-
402 e) Jair. ros primos são: 17, 19, 23, 29, 31, 37...
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS ALTERNADAS a10 = 19

É bem comum aparecem questões que envolvem Isto é, o termo da posição 10 é o 19. Volte na
uma sequência que tem mais de uma lei de formação.
sequência e confira. Perceba que, com essa fórmula,
Podemos ter 2 sequências que se alternam, como nes-
te exemplo: podemos calcular qualquer termo da PA. O termo da
posição 200 é:
2, 5, 4, 10, 6, 15, 8, 20, ...
an = a1 + (n-1)r
Se analisarmos mais minuciosamente, podemos a200 = 1 + (200-1)2
dizer que temos uma sequência que, de um número a200 = 1 + 2x199
para outro, devemos somar 2 unidades e também a200 = 1 + 198
podemos notar que temos uma sequência que, de um
a200 = 199
número para o outro, basta somar 5 unidades. Elas
estão em sequências numéricas alternadas. Veja:
1° Sequencia: 2, 4, 6, 8,... Soma do primeiro ao n-ésimo termo da PA
2° Sequencia: 5, 10, 15, 20, ...
A fórmula a seguir nos permite calcular a soma dos
PROGRESSÃO ARITMÉTICA “n” primeiros termos de uma progressão aritmética:

Uma progressão aritmética é aquela em que os n # (a1 + an)


Sn =
termos crescem, sendo adicionados a uma razão cons- 2
tante, normalmente representada pela letra r.
Para entendermos um pouco melhor, vamos calcu-
Termo inicial: valor do primeiro número que
compõe a sequência; lar a soma dos 7 primeiros termos do nosso exemplo
Razão: regra que permite, a partir de um termo, que já foi apresentado: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}.
obter o seguinte. Já sabemos que a1 = 1, e n = 7. O termo an será, nes-
Observe o exemplo abaixo: te caso, o termo a7, que observando na sequência é o
número 13, ou seja, a7 = 13. Substituindo na fórmula,
{1,3,5,7,9,11,13, ...} temos:

Veja que 1+2=3, 3+2=5, 5+2=7, 7+2=9, e assim suces- n # (a1 + an)
sivamente. Temos um exemplo nítido de uma Progres- Sn =
2
são Aritmética (PA) com uma razão 2, ou seja, r = 2 e
termo inicial igual a 1. Em questões envolvendo pro- 7 # (1 + 13)
S7 =
gressões aritméticas, é importante você saber obter o 2
termo geral e a soma dos termos, conforme veremos
7 # 14
a seguir. S7 =
2
Termo geral da PA 98
S7 = = 49
2
Trata-se de uma fórmula que, a partir do primei-
ro termo e da razão da PA, permite calcular qualquer Dependendo do sinal da razão r, a PA pode ser:
outro termo. Temos a seguinte fórmula: PA crescente: se r > 0, a PA terá termos em ordem
crescente.
an = a1 + (n-1)r Ex.: {1, 4, 7, 10, 13, 16...} → r = 3
PA decrescente: se r < 0, a PA terá termos em ordem
Nesta fórmula, an é o termo de posição n na PA (o decrescente.
“n-ésimo” termo); a1 é o termo inicial, r é a razão e n é
Ex.: {20, 19, 18, 17 ...} → r = -1
a posição do termo na PA.
Usando o nosso exemplo anterior, vamos desco- PA constante: se r = 0, todos os termos da PA serão
brir o termo de posição 10, tendo, como base, a pro- iguais.
gressão: {1,3,5,7,9,11, 13, ...} Ex.: {7, 7, 7, 7, 7, 7, 7...} → r = 0.

z o termo que buscamos é o da décima posição, isto Dica


RACIOCÍNIO LÓGICO

é, a10;
z a razão da PA é 2, portanto r = 2; PA crescente: se r > 0;
z o termo inicial é 1, logo a1 = 1; PA decrescente: se r < 0;
z n, ou seja, a posição que queremos, é a de número PA constante: se r = 0.
10: n = 10
Em uma progressão aritmética de 3 termos, o
Logo,
segundo termo ou o termo do meio é a média aritmé-
an = a1 + (n-1)r tica entre o primeiro e terceiro termo. Veja:
a10 = 1 + (10-1)2
a10 = 1 + 2x9 PA (a1, a2, a3)  a2 = (a1 + a3)/2
a10 = 1 + 18 PA (2, 4, 6)  4 = (2+6)/2  4 = 4 403
a4= 346 + (4-1).r
EXERCÍCIOS COMENTADOS a4= 346 + 3r
a4= 346 + 3. (-24)
1. (IBFC – 2015) O total de múltiplos de 4 existentes a4 = 274. Resposta: Letra D.
entre os números 23 e 125 é:
3. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Em cada item a seguir é
a) 25. apresentada uma situação hipotética, seguida de uma
b) 26. assertiva a ser julgada, a respeito de modelos lineares,
c) 27. modelos periódicos e geometria dos sólidos.
d) 28. Manoel, candidato ao cargo de soldado combatente,
e) 24. considerado apto na avaliação médica das condições
de saúde física e mental, foi convocado para o teste
O primeiro múltiplo de 4 neste intervalo é 24 e o últi- de aptidão física, em que uma das provas consiste em
mo é 124. Veja que os múltiplos de 4 formam uma uma corrida de 2.000 metros em até 11 minutos. Como
PA de razão igual a 4. Então, temos as seguintes Manoel não é atleta profissional, ele planeja completar
informações: o percurso no tempo máximo exato, aumentando de
a1 = 24 uma quantidade constante, a cada minuto, a distância
an = 124 percorrida no minuto anterior.
r = 4 (podemos ir somando de 4 em 4 unidades para Nesse caso, se Manoel, seguindo seu plano, correr 125
obter os múltiplos). metros no primeiro minuto e aumentar de 11 metros a
Substituindo na fórmula do termo geral, vamos distância percorrida em cada minuto anterior, ele com-
encontrar a quantidade de elementos (múltiplos): pletará o percurso no tempo regulamentar.
an = a1 + (n-1)r
124 = 24 + (n – 1)4 ( ) CERTO  ( ) ERRADO
124 = 24 + 4n – 4
124 – 24 + 4 = 4n Veja que no primeiro minuto ele percorre 125
104 = 4n metros, no segundo 125 + 11 = 136 metros, no ter-
n = 26. Resposta: Letra B. ceiro 125 + 2×11 = 147 metros, e assim por diante.
Estamos diante de uma progressão aritmética (PA)
2. (FCC – 2018) Rodrigo planejou fazer uma viagem em de termo inicial a1 = 125 e razão r = 11. O décimo
4 dias. A quantidade de quilômetros que ele percorrerá primeiro termo (correspondente ao 11º minuto) é:
em cada dia será diferente e formará uma progressão an= a1 + (n-1).r
aritmética de razão igual a − 24. A média de quilôme- a11 = 125 + (11 – 1).11
tros que Rodrigo percorrerá por dia é igual a 310 km. a11 = 125 + 110 = 235 metros
Desse modo, é correto concluir que o número de quilô- A soma das distâncias percorridas nos 11 primeiros
metros que Rodrigo percorrerá em seu quarto e último minutos é dada pela fórmula da soma dos termos
dia de viagem será igual a da PA:

a) 334. n # (a1 + an)


b) 280. Sn =
2
c) 322.
d) 274. S11 =
11 # (125 + 235)
e) 310. 2
#
11 360
Primeiro devemos achar o a1, para depois acharmos S11 =
2
o a4. Devemos colocar tudo em função de a1, para
podermos substituir na média. Usando a fórmula S11 = 180 · 11
do termo geral: S11 = 1.980
r = -24 A distância total percorrida é menor do que 2.000
an= a1 + (n-1).r metros. Logo, Manoel não completará o percurso
Achando a1: no tempo regulamentar de 11 minutos. Resposta:
a1 = a1 + (1-1).r Errado.
a1 = a1
Colocando a2 em função de a1: 4. (FCC – 2017) Em um experimento, uma planta recebe
a2= a1+ (2-1)r a cada dia 5 gotas a mais de água do que havia recebi-
a2 = a1 + r do no dia anterior. Se no 65° dia ela recebeu 374 gotas
Colocando a3 em função de a1:
de água, no 1° dia do experimento ela recebeu
a3= a1+ (3-1)r
a3 = a1 + 2r
a) 64 gotas.
Colocando a4 em função de a1:
a4 = a1 + (4-1)r b) 49 gotas.
a4 = a1 + 3r c) 59 gotas.
Substituindo na fórmula da média aritmética: d) 44 gotas.
(a1 + a2 + a3 + a4 )/4 = 310 e) 54 gotas.
(a1+ a1 + r + a1 + 2r + a1 + 3r) / 4 = 310
4 a1 + 6r = 310 . 4 Já sabemos que a razão é r = 5 e que o a65 = 374,
4 a1 + 6. (-24) = 1240 então, o a1 é dado por:
4 a1 - 144 = 1240 a65= a1 + (n-1).r
a1 = 346 374 = a1 + (65-1)5
404 Encontrando a4: 374 = a1 + 64 x 5
374 = a1 + 320 Usando novamente o nosso exemplo e fazendo a
a1 = 54 gotas. soma dos 4 primeiros termos (n = 4), temos: {2, 4, 8,
Resposta: Letra E. 16, 32...}
4
2 # (2 - 1)
5. (CESPE-CEBRASPE – 2014) Em determinado colégio, S4 =
todos os 215 alunos estiveram presentes no primeiro 2-1
dia de aula; no segundo dia letivo, 2 alunos faltaram; 2 # (16 - 1)
S4 =
no terceiro dia, 4 alunos faltaram; no quarto dia, 6 alu- 1
nos faltaram, e assim sucessivamente. 2 # 15
S4 =
Com base nessas informações, julgue os próximos 1
itens, sabendo que o número de alunos presentes às S4 = 30
aulas não pode ser negativo.
No vigésimo quinto dia de aula, faltaram 50 alunos. Soma dos infinitos termos de uma progressão
geométrica
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Suponha que você corra 1000 metros, depois,
P.A. (215, 213, 211, 209,..., a25) você corra 500 metros, depois, você corra 250 metros
Termo Geral da P.A.
e, depois, 125 metros – sempre metade do que você
an= a1 + (n-1).r
correu anteriormente. Quanto você correrá no total?
a25 = 215 + (25-1) · (-2)
a25 = 215 + (24· -2) Observe que o que temos é exatamente uma progres-
a25 = 215 - 48 são geométrica infinita, porém, essa PG é decrescente.
a25 = 167 alunos Quando temos uma PG infinita com razão 0 < q <
Logo, 215 - 167 = 48 alunos ausentes. Resposta: 1, teremos que qn = 0. Entendemos, então, que quanto
Errado. maior for o expoente, mais próximo de zero será. Por-
tanto, substituindo, teremos:
PROGRESSÃO GEOMÉTRICA
a1 # (0 - 1)
S∞ =
Observe a sequência abaixo: q-1
a1
{2, 4, 8, 16, 32...} S∞ =
q-1
Cada termo é igual ao anterior multiplicado por 2. Dica
Este é um exemplo típico de Progressão Geométrica,
ou simplesmente, PG. Em uma PG, cada termo é obti- Em uma progressão geométrica, o quadrado do
do a partir da multiplicação do anterior por um mes- termo do meio é igual ao produto dos extremos.
mo número, o que chamamos de razão da progressão {a1, a2, a3}  (a2)2 = a1 × a3
geométrica. A razão é simbolizada pela letra q. Veja: {2, 4, 8, 16, 32...}
No exemplo acima, temos q = 2 e o termo inicial é 82 = 4 × 16
a1 = 1. Da mesma maneira que vimos para o caso de
64 = 64.
PA, normalmente, precisamos calcular o termo geral
e a soma dos termos.

Termo geral da PG
EXERCÍCIOS COMENTADOS
A fórmula a seguir nos permite obter qualquer
termo (an) da progressão geométrica, partindo-se do 1. (FUMARC – 2018) Se a sequência numérica repre-
primeiro termo (a1) e da razão (q): sentada por (6, a2, a3, a4, a5,192) é uma Progressão
Geométrica crescente de razão igual a q, então, é COR-
an = a1 × qn-1 RETO afirmar que o valor de q é igual a:

No nosso exemplo, o quinto termo, a5 (n = 5), pode a) 2.


ser encontrado assim: b) 3.
c) 4.
{2, 4, 8, 16, 32...} d) 8.
RACIOCÍNIO LÓGICO

a5 = 2 × 25-1
a5 = 2 × 24 Vamos substituir os valores que já temos na fórmu-
a5 = 2 × 16 la geral da PG para acharmos a razão:
a5 = 32 an = a1 × qn-1
a6 = a1 × q6-1
Soma do primeiro ao n-ésimo termo da PG 192 = 6 × q5
192/6 = q5
A fórmula abaixo permite calcular a soma dos “n”
32 = q5
primeiros termos da progressão geométrica: 5
q= 32
n
a1 # (q - 1) q=2
Sn = Resposta: Letra A. 405
q-1
2. (IBFC – 2016) Se a soma dos elementos de uma P.G. Vamos usar a fórmula da soma da PG:
(progressão geométrica) de razão 3 e segundo termo
12 é igual a 484, então o quarto termo da P.G. é igual a: n
a1 # (q - 1)
Sn =
a) 324. q-1
b) 36. n
a1 # (3 - 1)
c) 108. 968 =
3-1
d) 216.
a1 # (243 - 1)
968 = 2
Temos que a2 = 12 e q = 3. Para calcularmos o quarto
termo, devemos usar a fórmula do termo geral da 1936 = 242a1
PG. Veja: a1 = 1936 / 242
a4 = a2 × q4-2 a1 = 8
a4 = 12 × 32
a4 = 12 × 9 Resposta: Letra E.
a4 = 108
Resposta: letra C.

3. (IDECAN – 2014) Observe a progressão geométrica HORA DE PRATICAR!


(P.G.) e assinale o valor de y.
1. (VUNESP – 2017) Considerando falsa a afirmação
“Se Ana é gerente, então Carlos é diretor”, a afirma-
P.G. = (y + 30; y; y – 60)
ção necessariamente verdadeira é:
a) +30.
a) Carlos é diretor.
b) +60.
b) Ana não é gerente, ou Carlos é diretor.
c) –30.
c) Ana é gerente, e Carlos é diretor.
d) –60.
d) Ana não é gerente, e Carlos não é diretor.
e) –90.
e) Ana é gerente.
Em uma progressão geométrica, o quadrado do ter-
2. (VUNESP – 2019) Considere a seguinte afirmação:
mo do meio é igual ao produto dos extremos. Logo:
Se Ana e Maria foram classificadas para a segunda
y² = (y + 30) × (y - 60)
fase do concurso, então elas têm chance de aprovação.
y² = y² -60y +30y -1800
Assinale a alternativa que contém uma negação lógica
y² - y² +60y -30y = -1800 para essa afirmação.
30y = -1800
y = -1800/30
a) Se Ana ou se Maria, mas não ambas, não foi classifi-
y = -60 cada para o concurso, então ela não tem chance de
Resposta: Letra D. aprovação.
b) Se Ana ou Maria não têm chance de aprovação, então
4. (FUNDATEC – 2019) A sequência (x-120; x; x+600) for- elas não foram classificadas para a segunda fase do
ma uma progressão geométrica. O valor de x é: concurso.
c) Ana ou Maria não têm chance de aprovação e não
a) 40. foram classificadas para a segunda fase do concurso.
b) 120. d) Se Ana e Maria não foram classificadas para a segun-
c) 150. da fase do concurso, então elas não têm chance de
d) 200. aprovação.
e) 250. e) Ana e Maria foram classificadas para a segunda fase
do concurso, mas elas não têm chance de aprovação.
Em uma progressão geométrica, o quadrado do ter-
mo do meio é igual ao produto dos extremos. Logo: 3. (VUNESP – 2019) A negação lógica da afirmação
x2 = (x-120) × (x+600) – ‘Se acabou a energia elétrica ou não tive tempo,
x2 = x2 + 600x – 120x -72000 então fui trabalhar com a roupa amassada’ –, é:
x2 - x2 = 480x – 72000
480x = 72000 a) Acabou a energia elétrica, e não tive tempo, e não fui
x = 72000/480 trabalhar com a roupa amassada.
x = 150 b) Se não acabou a energia elétrica e tive tempo, então
Resposta: Letra C. não fui trabalhar com a roupa amassada.
c) Se não fui trabalhar com a roupa amassada, então tive
5. (IESES – 2019) Em uma progressão geométrica de tempo e não acabou a energia elétrica.
razão r = 3 a soma dos 5 primeiros termos é igual a 968. d) Não acabou a energia elétrica e tive tempo, e fui traba-
Então, o primeiro termo dessa progressão é: lhar com a roupa amassada.
e) Acabou a energia elétrica ou não tive tempo, e não fui
a) Maior que 18. trabalhar com a roupa amassada.
b) Maior que 15 e menor que 18.
c) Maior que 12 e menor que 15. 4. (VUNESP – 2019) Uma afirmação logicamente equi-
d) Maior que 9 e menor que 12. valente à afirmação: “Não quero comer agora ou
406 e) Menor que 9. vou tomar banho”, é
a) Se quero comer agora, então não vou tomar banho. a) Se Patrícia é engenheira, então Maurício não é empresário.
b) Se quero comer agora, então vou tomar banho. b) Patrícia não é engenheira e Maurício não é empresário.
c) Se não quero comer agora, então vou tomar banho. c) Se Maurício não é empresário, então Patrícia é engenheira.
d) Se não vou tomar banho, então quero comer agora. d) Patrícia é engenheira ou Maurício não é empresário.
e) Se vou tomar banho, então quero comer agora. e) Patrícia é engenheira e Maurício não é empresário.

5. (VUNESP – 2019) Uma afirmação que corresponda 10. (VUNESP – 2018) Considere a afirmação “Marta não
à negação lógica a afirmação: “Todos os amigos atende ao público interno ou Jéssica cuida de pro-
foram embora e não sobrou o que comer”. cessos administrativos”.
Uma afirmação equivalente à afirmação apresentada é:
a) Se os amigos foram embora, então sobrou o que comer.
b) Todos os inimigos foram embora e há o que comer. a) se Jéssica não cuida de processos administrativos,
c) Pelo menos um amigo não foi embora ou sobrou o que então Marta atende ao público interno.
comer. b) se Marta atende ao público interno, então Jéssica não
d) Alguns amigos foram embora, e sobrou o que comer. cuida de processos administrativos.
e) Nenhum amigo foi embora e sobrou o que comer. c) se Marta não atende ao público interno, então Jéssica
cuida de processos administrativos.
6. (VUNESP – 2019) Considere a afirmação: ‘Se admi- d) se Marta não atende ao público interno, então Jéssica
nistro o remédio nos intervalos previstos e ofereço não cuida de processos administrativos.
nas quantidades corretas, então o paciente está e) se Marta atende ao público interno, então Jéssica cui-
bem cuidado.’ Uma afirmação logicamente equiva- da de processos administrativos.
lente a ela é
11. (VUNESP – 2017) Uma negação lógica para a afir-
a) Não administro o remédio nos intervalos previstos ou mação “João é rico, ou Maria é pobre” é:
não ofereço nas quantidades corretas e o paciente
não está bem cuidado. a) João não é rico, ou Maria não é pobre.
b) Não administro o remédio nos intervalos previstos e b) Se João é rico, então Maria é pobre.
não ofereço nas quantidades corretas ou o paciente c) João não é rico, e Maria não é pobre.
não está bem cuidado. d) João é rico, e Maria não é pobre.
c) Se o paciente não está bem cuidado, então não admi- e) Se João não é rico, então Maria não é pobre.
nistro o remédio nos intervalos previstos ou não ofere-
ço nas quantidades corretas. 12. (VUNESP – 2017) Uma afirmação equivalente para
d) Se o paciente está bem cuidado, então administro o “Se estou feliz, então passei no concurso” é:
remédio nos intervalos previstos e ofereço nas quanti-
dades corretas. a) Se não passei no concurso, então não estou feliz.
e) Administro o remédio nos intervalos previstos ou ofe- b) Não passei no concurso e não estou feliz.
reço nas quantidades corretas e o paciente está bem c) Estou feliz e passei no concurso.
cuidado. d) Passei no concurso e não estou feliz.
e) Se passei no concurso, então estou feliz.
7. (VUNESP – 2019) ‘Gosto de ouvir clássicos e amo
cantar forró ou troco isso por uma praia’. Uma afir- 13. (VUNESP – 2019) O irmão de Mário é administrador
mação que corresponda à uma negação lógica des- judiciário, mas o primo dele não. Sendo assim, é
sa afirmação é correto deduzir que

a) Não gosto de ouvir clássicos e amo cantar forró, e tro- a) Henrique é administrador judiciário e, portanto, não é
co isso por uma praia. primo de Mário.
b) Gosto de ouvir clássicos e não amo cantar forró, e tro- b) Se Sérgio é administrador judiciário, então ele é irmão
co isso por uma praia. de Mário.
c) Não gosto de ouvir clássicos e não amo cantar forró c) Mário não é irmão de Cláudio e, portanto, Cláudio não
ou não troco isso por uma praia. é administrador judiciário.
d) Não gosto de ouvir clássicos ou não amo cantar forró, d) Se Ronaldo não é primo de Mário, então ele não é
e não troco isso por uma praia. administrador judiciário.
e) Gosto de ouvir clássicos e amo cantar forró e não tro- e) Se Gilmar não é administrador judiciário, então ele é
co isso por uma praia. primo de Mário.

8. (VUNESP – 2018) Considere falsa a afirmação “Se 14. (VUNESP – 2019) Considere verdadeiras as seguin-
hoje estudo, então amanhã não trabalho.”
RACIOCÍNIO LÓGICO

tes informações:
Nesse caso, é necessariamente verdade que
I. Se Neusa é juíza, então Débora é advogada.
a) Hoje não estudo ou amanhã não trabalho. II. Se Edmilson é administrador judiciário, então Clarice é
b) Hoje não estudo e amanhã trabalho. delegada.
c) Hoje estudo e amanhã trabalho. III. Débora é advogada se, e somente se, Mauro for
d) Amanhã não trabalho. desembargador.
e) Se amanhã trabalho, então hoje não estudo. IV. Todo administrador judiciário é formado em Administração.

9. (VUNESP – 2018) Uma negação lógica para a afir- Sabendo-se que Mauro não é desembargador e que
mação “Se Patrícia não é engenheira, então Maurí- Edmilson não é formado em Administração, é correto
cio é empresário” está contida na alternativa: afirmar que: 407
a) Neusa não é juíza se, e somente se, Clarice não for 20. (VUNESP – 2017) “Existe um lugar em que não há
delegada. poluição” é uma negação lógica da afirmação:
b) Neusa não é juíza e Clarice não é delegada.
c) Clarice é delegada. a) Em alguns lugares, há poluição.
d) Clarice é delegada ou Neusa não é juíza. b) Em todo lugar, há poluição.
e) Neusa é juíza. c) Em alguns lugares, não há poluição.
d) Em todo lugar, não há poluição.
15. (VUNESP – 2019) Se Milton ou Tomas, apenas um e) Em alguns lugares, pode não haver poluição.
deles, é administrador judiciário, então Valéria é
policial. Sabendo-se que Valéria não é policial, con-
clui-se, corretamente, que
9 GABARITO

a) Apenas Milton não é administrador judiciário. 1 E


b) Milton é administrador judiciário se, e somente se,
Tomas também for. 2 E
c) Milton não é administrador judiciário se, e somente se,
3 E
Tomas também não for.
d) Milton e Tomas não são administradores judiciários. 4 B
e) Apenas Tomas não é administrador judiciário.
5 C
16. (VUNESP – 2018) Se Maria é bonita, então Carlos é
6 C
rico. Se Ana é feliz, então José é um herói. Sabe-se
que Maria é bonita e Ana não é feliz. Logo, pode-se 7 D
afirmar corretamente que
8 C
a) José não é um herói.
9 B
b) José é um herói.
c) José não é um herói e Carlos é rico. 10 E
d) Carlos não é rico.
e) Carlos é rico ou José é um herói. 11 C

12 A
17. (VUNESP – 2018) Considere falsa a afirmação “Hélio
é bombeiro e Cláudia é comissária de bordo” e ver- 13 A
dadeira a afirmação “Se Hélio é bombeiro, então
Cláudia é comissária de bordo”. 14 D
Nessas condições, é necessariamente verdade que
15 B
a) Hélio é bombeiro ou Cláudia não é comissária de bordo. 16 E
b) Hélio é bombeiro.
c) Cláudia é comissária de bordo. 17 D
d) Hélio não é bombeiro. 18 E
e) Cláudia não é comissária de bordo.
19 B
18. (VUNESP – 2017) Se Débora é mãe de Hugo, então
Marcelo é baixo. Se Carlos não é filho de Débora, 20 B
então Neusa não é avó dele. Sabendo-se que Mar-
celo é alto ou que Neusa é avó de Carlos, conclui-se
corretamente que
ANOTAÇÕES
a) Débora não é mãe de Hugo, e Carlos é filho de Débora.
b) Hugo e Carlos não são irmãos.
c) Hugo e Carlos são irmãos.
d) Neusa é mãe de Débora.
e) Débora não é mãe de Hugo, ou Carlos é filho de Débora.

19. (VUNESP – 2018) “Carlos tem apenas 3 irmãs, e


essas 3 irmãs cursam o ensino superior.”
Supondo verdadeira a afirmação apresentada, é corre-
to afirmar que

a) se Ana cursa o ensino superior, então ela é irmã de


Carlos.
b) se Rute não cursa o ensino superior, então ela não é
irmã de Carlos.
c) Carlos não cursa o ensino superior.
d) se Bia não é irmã de Carlos, então ela não cursa o ensi-
no superior.
408 e) Carlos cursa o ensino superior

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