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São Paulo, 8 de fevereiro de 1992.

Prezados companheiros:

Em cumprimento ao que estabelece o artigo 29, letra "a", do estatuto da JUNABRA,

Apresentamos abaixo nossa apreciação a respeito dos Legados de N/A:

OS TRÊS LEGADOS DE NEURÓTICOS ANÔNIMOS

O Primeiro Legado, Recuperação, constitui o objetivo primordial de nossa Irmanda-

de. O Segundo, Unidade, é a base indispensável para que a Recuperação realmente

se manifeste. E o Terceiro, Servico, definido no Décimo-Segundo Passo como sendo

a transmissão da mensagem, é consequência do despertar espiritual que resulta de

nosso envolvimento no processo de recuperação. Dessa forma, embora a Recuperação

seja própria razão de ser do Programa de N/A, ela não será conseguida se não

houver Unidade. E como o Serviço só poderá ser prestado se a Recuperação já tiver

se iniciado, senão nenhuma mensagem haverá para ser transmitida, podemos facil-

mente perceber, nesse intimo relacionamento dos Legados entre si, que sem Unidade

também não poderá haver Servico.

A importância fundamental da Unidade é realçada 1090 na Primeira Tradição -cujo

anunciado claramente afirma que a reabilitação individual depende da unidades

N/A. Realmente, sem verdadeiro espírito de Unidade, estaremos encarando o Progra-

ma sem o necessário senso de responsabilidade e colaboração, presos ainda a de-

feitos de caráter que levam a procedimentos e posicionamentos radicais, egocên-

tricos. Unidade somente se consegue quando se procura sacrificar o Egocentrismo

em proveito do bem-estar comum. E como a supressão gradual do egocentrismo é

exatamente o meio sugerido pelo Programa para que tenhamos Recuperação, fica então

ainda mais fácil compreender por que não poderá haver Recuperação, nem Servico

consequentemente, se não houver Unidade. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Os Doze Passos e as Doze Tradições, por meio dos quais os três Legados se mani-

festam, não surtirão o efeito desejado se encarados separadamente. Embora os Pas-

sos sejam o caminho da Recuperação, possibilitando em consequência a execução do

Serviço, as Tradições são o terreno firme da Unidade, no qual esse caminho se as-

senta. Não há como praticar apenas os Passos, negligenciando a observância das

Tradições. As duas coisas pfecisam ser feitas concomitantemente. A terapia de N/A

não é um tratamento individualista, do cada um por si, da ausência de interesse e


colaboração no que diz respeito à coletividade. Trata-se muito ao contrário de

uma terapia que nos ensina a conviver com os desais seres humanos em espírito de

harmonia, participação efetiva e preservação do bem-estar comum. E isso só pode-

mos conseguir quando nos enquadrasos sea vacilações nos princípios sugeridos tan-

to pelos Doze Passos coso pelas Doze Tradições.

Uma vez que as Tradições, na haraonia de seu conjunto, são especificamente a cor-

cretização do Segundo Legado, precisamos ter o cuidado de não deixar que a obser-

vância isolada de uma Tradicão vá de encontro aos principios das demais, prejudi

cando assim o estabelecimento do verdadeiro espírito de Unidade. O cumprimento do

Segundo Legado envolve séria responsabilidade. Como indivíduos, precisamos 2554-

ir

conosco nesnos O compromisso de tudo fazer para que haja Unidade e nossos

Grupos: CORO Grupos, do mesmo modo devemos proceder para que a Unidade seja sem

pre preservada en toda a Irmandade. Se houver descuido a esse respeito, não tere-

sos nes Recuperação nen Servico que realmente merecaw assim ser chamados.

Segundo Legade é igualmente de fundamental importância na formação da consciên-


sia coletiva, na qual se manifesta um Deus amantissimo que preside ao nosso pro-
posite comum (Segunda Tradição). Essa consciência coletiva só poderá realmente se
estabelecer quando for a expressão, segundo o próprio nome indica, da consciência
do todo e não apenas de uma parte do todo. Para que tal aconteça, entretanto, é
preciso que nos empenhemos decididamente, movidos pelo espirito de Unidade, no
sentido de chegarmos a um consenso de abrangência total. 9 que de forma alguna
iremos conseguir se prevalecer apenas a opinião de uma parte do todo nas decisões
sobre assuntos de interesse do Grupo ou da Irmandade, pricipalmente quando toma-
das através de votação. Por mais expressivo que seja o número dos votos vitorio-
sos, não podemos propriamente dizer que eles; só por si, representam a cons-
ciência coletiva, uma vez que são a manifestação da consciência de uma
parte
do
todo
apenas, embora majoritária. E quando a margem de vitória é diminuta, prati-
camente inexpressiva, mais claramente ainda podemos perceber que ai não pode
es
tar a real manifestação da consciência coletiva. Mesmo quando essa margem
te, preferivelmente, da vontade de dois terços dos votantes, só iremos mesmo for
a verdadeira consciência coletiva quando, movidos pelo indispensável espirito
de Unidade, Chegarmos ao estabelecimento, de fato, de um consenso unânime.
Con-
senso
que obviamente dependerá de plena concordância da parte minoritária em aca-
tar, em beneficio do todo, vale dizer, do bea-estar comim, o resultado da vota-
cão, sacrificando pontos de vista pessoais, por mais razoáveis que par 60: a sim
de que as soluções vencedoras possam ser aplicadas see contestação. S: E a ex-
periência poderá revelaz se foras acertadas ou se necessitam de ajuste yoga-
cão. No caso de ocorrer esta ultima hipótese a opinião da minoria poderá ento,
and justificada...pelos resultados da experiência, ser novamente. considerada e
até influir positivamente na tomada de novas cecisies. Cate and Hores
neura, ses atritos, sem mágoas ou ressentimentos, sem acusações mutuas: 5€*
cedores
nes vencidos, ser posicões radicais. sejam de ordem pessoal nu cr50.-
tativas de um ou mais Grupos, e real espirito de Unidade e franca colaboracão:
ajudando-nos fraternalmente uns aos outros na superação de nossas limitacoes pes-
soais e no entendimento sempre mais esclarecido do Programa, é que podemos forfar
verdadeira consciência coletiva, na qual um Deus amantissimo estará se manifes-
tando, com toda a certeza, para presidir ao nosso propósito comum, que outro não
é senão a nossa própria Recuperação.
van
a
A autonomia conferida ao Grupo pela Quarta Tradição também depende fundamental-
mente do espírito de Unidade para que não ultrapasse seus próprios limites. Sendo
livre para se conduzir, o Grupo obviamente assume total responsabilidade por seus
atos, não somente em relação a si mesmo, mas também no que diz respeito ao bem-
estar comum da Irmandade em seu todo. O próprio enunciado da Tradição estabelece
os limites de sua autonomia quando afirma textualmente: salvo em assuntos que di-
gam respeito a outros Grupos ou a N/A em seu conjunto. A autonomia visa a contri-
buir para o amadurecimento do Grupo, una vez que ele mesmo é que se deve iapor:
livre e espontaneamente, a obrigação de se ajustar aos principios da Irmandade, a
fim de que possa se conduzir de forma a dar cumprimento, o mais eficazmente POS-
sivel, ao seu único e primordial propósito: transmitir sua mensagem ao neurótico
que ainda sofre (Quinta Tradicão). Se, por força de interpretação errônea do que
seja a sua autonomia, o Grupo se julgar no direito de interferir em outros Grupos
ou na Irmandade em seu todo, procurando impor pontos de vista, por mais razoáveis
que lhe parecam, ou indo de encontro ao que já está legal ou tradicionalmente Es-
tabelecido no âmbito da Irmandade, dessa forma gerando desconforto, polêmicas ou
dúvidas, estará entso ultrapassando os limites estabelecidos pela Quarta Tradicão
e certamente ferindo o princípio de Unidade, em prejuízo da Recuperação e do Ser-
v160.

No exercicio de sua autonomia, o Grupo não pode perder de vista o

devido acata-

mento às decisões da Assembléia Geral, por meio da qual se manifesta a voz

da

consciência coletiva da Irmandade em nosso país. Cabe-lhe nesse caso, em respeito

ao espírito de Unidade, empenhar-se para que essa manifestação se assente, de fa-

to, no consenso unânime de que falamos acima, sobretudo quando seus proprios pon

tos de vista ou sugestões não tenham sido aprovados. Somente agindo dessa forma e

que estará emprestando efetiva contribuição para que o Segundo legado seja devi-

damente cumprido, bem como para que também o sejam os outros dois: Recuperação

Servico.

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Tendo em vista as considerções apresentadas acima, julgamos conveniente enfatizar


a necessidade de total respeito à decisão da Assermbléia Geral, no recente Encon-

tro Nacional realizado em Vitória, Espírito Santo, que autoriza o ENABRA a manter

em estoque exemplares dos livros Os Daze Passos e As Doze Tradições, editados por

Alcoólicoa Anônimos, a fim de facilitar a aquisição desses dois importantes tra-

balhos da autoria de Bill, cofundador de A.A. por parte de companheiros interes-

sados em aprofundar seus conhecisentos a respeito do Programa de Recuperação que

recebemos daquela Irmandade. Enquanto a experiência não deaonstrar ser preciso

ou revogar tal decisão, o que somente poderá ocorrer es futuras

convoca-

ções da Assembleia Geral, o espírito de Unidade deverá prevalecer para

que não

de existir o consenso unânime forxador da verdadeira consciência coletiva:

qual um Deus amantissimo, nossa unica autoridade en N/A, irá seguramente SE

manifestar para nos conduzir segundo Sua sabedoria,

alterar

deixe

na

veiss

Outro importante assuntos debatido na Reunião de Liderança realizada no referido

Encontro Nacional, é o que diz respeito ao simbolo oficial de nossa Irmandade. A

sugestão no sentido de modificá-lo sediante o acréscino do triângulo usado no

mbolo oficial de A.A., embora motivada pelo louvável empenho de contribuir para

um melhor entendimento do significado dos Legados, não foi aprovada para ser in-

cluída na pauta da Assembléia Geral por motivos -8bvios, facilmente compreensí-

que podem assim ser resumidos: a) nosso símbolo - as letras Ne A, maiúscu-

las de cor branca, sobre campo ovalado em posição vertical tradicionalmente

verde, separadas por un traco obliquo também de cor branca foi legalmente re-

gistrado nos Estados Unidos como emblema oficial da Irmandade, é usado no âmbito

internacional e já foi inclusive registrado legalmente no Brasil; b) além de sua

existência legal, que garante a N/A a exclusividade de seu uso, esse simbolo tam-

bém já vem sendo consolidado pela tradição nesses quase vinte e oito anos de vida

da Irmandade, servindo assim para identificar, em sua expressiva simplicidade, os

Grupos e órgãos de serviços de Neuróticos Anônimos onde quer que se encontrem em

funcionamento: c) a enumeração dos três Legados ven sendo feita no Folheto Básico
desde o início de N/A no Brasil, além do que, de uns anos para cá, o livrete 7

Lexas de N/A, em sua ultima página, os vem apresentando de forma bastante suges-

tiva,

que sugerimos venha a ser oportunamente adotada para constar das demais pu-

blicações a cargo do ENABRA. Pelo exposto, cabe-nos então igualmente enfatizar

necessidade de se acatar plenamente a decisão tomada na referida Reunião de Lide-

ranca, na qual o assunto foi aspiamente debatido, a fim de que o principio de

Unidade não seja ferido pelo emprego indevido de outro símbolo que não o nossos

ou pela sua descaracterização por meio do acréscimo do triângulo usado no símbolo

oficial de A.A., por mais significativa que se mostre essa figura geométrica.

Desejamos a todos muita Paz e Serenidade, e que cada um de nós, após o enunciado

dos três Legados - Recuperação, Unidade, Serviço possa com sincera e firme con-

vicção afirnar! E que comece COMIGO. Para isso, SOU RESFONSÁVEL.

Dos companheiros da JUNABRA, a serviço da Irmandade.

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