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VIDA EM

COMUNIDADE
VIDA EM COMUNIDADE
HENRIQUE NUNES -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

O sacrifício de Cristo em nosso lugar não trouxe apenas justificação pelos pecados cometidos pelo mundo todo.
As portas para um íntimo relacionamento com Deus também se abriram por meio da graça. Porém também existe
a possibilidade de conhecermos o coração do Pai não apenas de forma individual, mas também no coletivo. É pelo
convívio com a nova família na fé que aprendemos a viver em comunidade. Percebemos como isso acontecia logo no
início da igreja primitiva:

E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão,


no partir do pão e nas orações. (Atos 2.42)

Nesse versículo, observamos a presença de quatro pilares principais:

• A doutrina dos apóstolos: Representando todos os ensinos transmitidos pela vida de Jesus aos
discípulos durante o tempo que esteve com eles. Composto por práticas do Novo Homem e a pregação
do Reino, a doutrina era a base para a fé da igreja em crescimento;

• Comunhão: É o compartilhamento da nova vida com Cristo entre os irmãos. Mais do que um grupo
unido, a comunhão conectava os propósitos de todos às direções divinas. A perseverança nessa área
se torna essencial quando pensamos em um ajuntamento de pessoas falhas que estão procurando
ser aperfeiçoadas diariamente. Embora nos confronte em muitas situações, o relacionamento com
nossos irmãos jamais pode ser colocado de lado;

• Partir do pão: Remete à ceia realizada por Jesus com os discípulos, como sinal de que seria crucificado.
O partir do pão sempre nos levará a enxergar que uma vida em comunidade é ligada pelo corpo de Cristo;

• Orações: A prática de orações na igreja primitiva não tinha a finalidade de represar bênçãos e
riquezas. Aqueles cristãos eram fervorosos em clamar ao Senhor para que o Reino fosse estabelecido
na Terra por meio de sinais, prodígios e maravilhas. Isso revela que eles entenderam o poder que
existe sobre uma comunidade disposta a orar.

Cada um desses pilares compõe uma igreja saudável e bem estruturada, revelando a estratégia de Deus para
edificar o Seu Reino neste mundo. E não somente nesse sentido, mas a comunidade da fé também manifesta um
padrão de formação para uma família. Quando Deus Se apresentou como Pai e Jesus como o Filho, estavam gerando
um ambiente onde poderemos ser vulneráveis uns com os outros para recebermos a transformação de caráter.

Entretanto, ainda presenciamos muitas falhas no meio cristão quando nos deparamos com um problema.
Como qualquer corpo, a igreja é formada por membros, e alguns deles naturalmente apresentarão defeitos com
o tempo. Embora amputar as áreas doentes seja uma solução mais fácil e rápida, não é a melhor escolha, visto
que, no fim da cirurgia, o corpo ficará incompleto e debilitado. O próprio Jesus nunca removia os membros com
algum tipo de problema. Ao invés disso, usava daquela oportunidade para manifestar o poder de Deus.

Sendo assim, vale lembrarmos que as pessoas ao nosso redor, com dificuldades e limitações, estão em nossas
vidas justamente para receberem o tratamento proveniente do convívio. O contrário também é válido, porque,
diante das nossas imperfeições, podemos contar com o suporte de outros membros.

Desta forma, veremos alguns comportamentos que nos ajudarão a manter uma boa prática da vida em comunidade:

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1. Não deixe de congregar

O que acontece atualmente, em que cristãos desprezam a importância de viver em comunidade, também
acontecia desde os primeiros anos depois da ascensão de Cristo:

Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos


admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima. (Hebreus 10.25)

Porém, nessa carta aos hebreus vemos a importância de vivermos em união. Assim como lemos, a congregação
nos levará em mútua admoestação, a fim de que sejamos transformados e encontrados irrepreensíveis para o
dia da volta do nosso Senhor. Essa é uma instrução que também pode ser encontrada no Velho Testamento:

O solitário busca o seu próprio interesse e insurge-se


contra a verdadeira sabedoria. (Provérbios 18.1)

Diante disso, entendemos que não é possível nos mantermos saudáveis na fé se estivermos sozinhos.
Normalmente, quem se afasta, alega que não está sendo compreendido e, por isso, prefere sustentar a ideia de
que sua maneira de pensar não pode ser confrontada. Se aceitarmos que todos os conceitos individuais, por mais
contraditórios que sejam, são corretos, então o processo de santificação se torna circunstancial, podendo ser
moldado à visão que cada um de nós temos de Jesus.

Contudo, o ato de relativizar a verdade é incapaz de gerar crescimento, uma vez que, mediante o conflito
de muitas formas de pensar, desenvolvemos maturidade. Quando procuramos entender a perspectiva de uma
compreensão diferente da nossa, avançamos em conquistar a verdadeira sabedoria que diz nas Escrituras. Além
disso, aceitar opiniões opostas afetará nosso orgulho, aprimorando em um coração manso e humilde.

2. Não tenha um coração ofendido

Sempre que recebemos uma exortação, temos a escolha de aceitar com mansidão ou rejeitar a sabedoria.
Assim, um cristão de coração ofendido, quando confrontado sobre seu caráter, foge do convívio com seus irmãos
e passa a frequentar outros grupos. Entretanto, não podemos ser como “macacos de galho em galho”, que nunca
se estabelecem em uma congregação. É comum que algumas pessoas, depois de já terem passado por inúmeras
comunidades, acabem por fazer parte de uma igreja online. No entanto, embora a internet seja uma grande
ferramenta para o crescimento do Reino, ainda é falha em desenvolver o discipulado ensinado por Jesus. Logo,
precisamos conviver entre pessoas que nos conheçam de perto, enxerguem nossas fraquezas e, dessa forma,
nos ajudem a curarmos as nossas feridas para assumirmos a postura de uma Nova Natureza.

3. Perdoe

Se teu irmão pecar [contra ti], vai argui-lo entre ti e ele só. Se
ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. (Mateus 18.15)

Liberar perdão é fundamental dentro de uma comunidade. Jesus nos ensinou que, ao sermos ofendidos,
devemos ter maturidade para procurar nosso irmão e buscar por reconciliação. Porém muitos esperam que o
primeiro passo seja dado pela outra pessoa. Como consequência, as mágoas daquela situação apenas crescem e,
com o tempo, se tornam cada vez mais difíceis de serem resolvidas.

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Além disso, a falta de perdão se disfarça de uma visão que espera que o outro nunca erre. Ou seja, se
nós considerarmos que falhas acontecem enquanto buscamos ser aperfeiçoados, seremos mais tolerantes com
nossos irmãos, facilitando um perdão sincero. Mas se acreditarmos que a família da fé é constituída por pessoas
perfeitas, não irá demorar muito até sermos frustrados. Isso inclui todas as nossas autoridades espirituais, que
estão submetidas à mesma humanidade que nós. Sendo assim, um cristão maduro nunca se escandaliza com os
erros de seus próximos, tampouco enxerga seus líderes como heróis.

4. Seja obediente à voz de Deus

Se aceitamos fazer parte de uma comunidade por obediência a uma direção do Espírito Santo, devemos
continuar firmes até receber nova instrução. Mesmo quando as lutas surgirem, trazendo desânimo e dúvida,
precisamos nos relembrar das palavras que recebemos de Deus para que sejamos reabastecidos com esperança.
Os conflitos são poderosas ferramentas que fortalecem o caráter para avançarmos na revelação do nosso
chamado. Mas aqueles que desistem durante o caminho são como as sementes que caíram em terreno rochoso:

O que foi semeado em solo rochoso, esse é o que ouve a palavra e a


recebe logo, com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, sendo, antes,
de pouca duração; em lhe chegando a angústia ou a perseguição
por causa da palavra, logo se escandaliza. (Mateus 13.20-21)

Nessa parábola, Jesus diz que, para atingirmos a estatura de uma árvore frutífera, precisamos aprofundar
nossas raízes. Mas, em um terreno rochoso, nossos fundamentos ficam expostos na superfície; e, vindo o Sol,
abandonamos a semente da Palavra. Com esse ensinamento, nós aprendemos que são justamente as angústias
e perseguições, provenientes da nossa obediência, que trarão resistência às raízes.

Sempre que pedimos para o que o Reino venha e a vontade de Deus seja feita, somos colocados em
circunstâncias que edificarão uma base sólida para sustentar aquilo que Ele confiará em nossas mãos.

5. Existe poder no confronto

Como o ferro com o ferro se afia, assim, o homem, ao seu amigo. (Provérbios 27.17)

Apesar desse provérbio ser poético, sua aplicação no cotidiano é eficaz. Quando um ferreiro afia sua espada,
dispõe de força e fogo, além de outro metal que será usado para o atrito. O trabalho de afinar o corte de uma
lâmina é carregado de faíscas e sons de choque. Portanto, a situação de um ferro afiar outro não representa
uma solução pacífica para tratar o caráter, mas retrata nossa convivência com ideias e comportamentos que
caminham em direção distintas aos nossos. Como a Palavra ensina, o aperfeiçoamento vem pela exortação:

Quanto ao mais, irmãos, adeus! Aperfeiçoai-vos, consolai-vos, sede do mesmo


parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz estará convosco. (2 Coríntios 13.11)

No entanto, vale lembrar que toda correção deve partir de um lugar de amor em nossos corações. No texto
que acabamos de ler, Paulo afirma que o Deus de amor e de paz estará conosco. Logo, o “ferro afiar o ferro”
também expressa uma atitude madura de zelar e cuidar do nosso próximo. Jesus apontou várias falhas de
caráter em seus ensinamentos, mas todos eles estavam envolvidos na Sua compaixão pelo Homem.

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6. O bom servo não escolhe serviço

O bom servo está disposto a fazer tudo o que lhe for confiado. O serviço não precisa estar ligado com nossos
dons e talentos. Isto é, mesmo que tenhamos o chamado para as missões ou para ministração com música, não
somos impedidos de trabalhar em outras áreas do Reino, tal como lavar um banheiro, atender na recepção da
igreja local ou organizar as cadeiras. Isso também vale para o dia a dia, visto que todos os nossos atos fazem
parte de um mesmo propósito de glorificar a Deus.

Dessa forma, precisamos voltar nossos olhos para Jesus, o exemplo perfeito de servo:

Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele,
subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus;
antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em
semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana. (Filipenses 2.5-7)

Cristo nos serviu não apenas com a morte de cruz, mas também com Sua vida. Sua intenção era fazer o melhor
possível, a fim de que o Pai fosse exaltado. Assim, Ele viveu de forma humilde, lavando os pés dos discípulos e
ensinando-os a doarem suas vidas pelos outros. Seu sacrifício rasgou o véu que separava o santo do profano,
fazendo com que nossa vida se tornasse uma adoração integral ao Senhor. Enquanto agimos com obediência,
somos preparados para, só então, vivermos os planos específicos que Ele tem para nós.

Também precisamos entender que Deus nunca confiará Seus bens de valor nas mãos de pessoas desocupadas.
José do Egito, Gideão, Eliseu e Davi são alguns exemplos de homens nas Escrituras que foram chamados pelo Senhor
enquanto estavam trabalhando. A princípio, eles não estavam vivendo as promessas de um grande chamado. Mas,
no momento que se posicionaram como servos de uma visão, foram encaminhados ao seu real propósito. Da mesma
forma, devemos nos manter ocupados com as boas obras, a fim de sermos achados aptos para fazer parte de
um projeto maior.

Deste modo, concluímos que em comunidade há vida e restauração:

Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! É como o óleo precioso
sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a gola
de suas vestes. É como o orvalho do Hermom, que desce sobre os montes de Sião.
Ali, ordena o Senhor a sua bênção e a vida para sempre. (Salmos 133.1-3)

Assim, se quisermos desfrutar da benção ordenada pelo Senhor, precisamos reconhecer a importância de estarmos
unidos uns com os outros em Jesus. Essa não é uma tarefa fácil, mas nos coloca em níveis maiores de maturidade,
permitindo que o Reino de Deus estabeleça um ambiente agradável de comunhão entre o corpo de Cristo.

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De acordo com o que aprendeu sobre vida em comunidade, responda:

1. O que mais lhe impressionou nesta aula?

2. O que é vida em comunidade?

3. Qual dos quatro pilares da igreja de Atos você mais precisa desenvolver? Por quê?

4. Qual deve ser nossa reação quando somos decepcionados em uma comunidade?

5. Como o relacionamento com Deus interfere no relacionamento com nossos irmãos?

6. Quais comportamentos você precisa mudar para servir melhor sua igreja local?

7. De que forma você pode ajudar as pessoas à sua volta a desfrutarem de uma vida em
comunidade saudável?

DESAFIO PESSOAL:
Convide alguém em sua comunidade local para terem um tempo de qualidade e desenvolverem um relacionamento
mais próximo, de mútuo aprendizado, assim como diz em Provérbios 27.17. Estipulem um período de tempo em que
irão compartilhar metas, falhas e erros, conquistas e avanços, assim como atividades que poderão fazer juntos para
crescerem em família.

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