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A lei humana atinge certas faltas e as pune. O condenado pode então dizer
que sofre a conseqüência do que fez. Mas a lei não alcança, nem pode
alcançar todas as faltas; incide especialmente sobre as que trazem prejuízo
à sociedade e não sobre as que só prejudicam os que as cometem. Deus,
porém, quer que todas as suas criaturas progridam e, portanto, não deixa
impune qualquer desvio do caminho reto. Não há uma só falta, por mais
leve que seja, nenhuma infração da sua lei, que não acarrete
conseqüências forçosas e inevitáveis. Daí se segue que, nas pequenas
coisas, como nas grandes, o homem é sempre punido por aquilo em que
pecou. Os sofrimentos que decorrem do pecado são-lhe uma advertência
de que procedeu mal. Dão-lhe experiência, fazem-lhe sentir a diferença
entre o bem e o mal e a necessidade de se melhorar, a fim de evitar,
futuramente, o que redundou para ele numa fonte de amarguras; se não
fosse assim, não haveria motivo algum para que se emendasse. […].
É bem verdade que, quando a alma está reencarnada, as tribulações da vida
representam um sofrimento para ela; mas, só o corpo sofre
materialmente. “Muitas vezes, falando de alguém que morreu, dizeis que
ele deixou de sofrer. Nem sempre isto é verdade. Como Espírito, não sofre
mais dores físicas, embora esteja sujeito, conforme as faltas que co meteu,
a dores morais mais agudas; pode mesmo vir a ser ainda mais infeliz em
nova existência. O mau rico pedirá esmola e estará sujeito a todas as
privações da miséria; o orgulhoso, a todas as humilhações; o que abusa de
sua autoridade e trata com desprezo e crueldade os seus subordinados se
verá forçado a obedecer a um patrão mais duro do que ele o foi. Todas as
penas e tribulações da vida são expiação das faltas de outra existência,
quando não resultam de faltas da vida atual. […] O homem que se
considera feliz na Terra, porque pode satisfazer às suas paixões, é o que
emprega menos esforços para se melhorar. Se muitas vezes ele começa a
expiar essa felicidade efêmera já nesta vida, com certeza a expiará em
outra existência tão material quanto aquela.”