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EAE – AULA 76 – LEI DE AÇÃO E REAÇÃO

OBJETIVOS:

- DEMONSTRAR QUE A LEI DE AÇÃO E REAÇÃO DECORRE DA MISERICÓRDIA DIVINA (LEI DO


AMOR/LEI DA JUSTIÇA)

- LIVRE ARBÍTRIO E SEMEADURA

- FUTURO DEPENDE DE NÓS

TÓPICOS:

- NEWTON E SUAS LEIS

Sabemos que Isaac Newton, importante cientista, físico, astrônomo e matemático, pai da lei da
relatividade, ao nos trazer o conceito de Lei de Ação e Reação, sob o aspecto científico, que
trata especificamente do campo material, onde diz que TODA AÇÃO CORRESPONDE A UMA
REAÇÃO, DE IGUAL INTENSIDADE E DE SENTIDO CONTRÁRIO, na verdade não é o pai ou criador
dessa lei, mas o descobridor, sob ponto de vista material, já que se trata de uma lei universal.

No entanto, aqui, vamos falar dessa mesma lei, porém com uma visão focada em seu
funcionamento no campo espiritual, que é o que nos interessa, uma vez que estamos em
busca de compreender o funcionamento da vida espiritual.

Para melhor ilustrar o funcionamento dessa lei, nos valemos do exemplo da bola de tênis, que
ao ser arremessada contra a parede, observaremos que a mesma quicará na parede e
retornará no sentido contrário, ou seja, na nossa direção, com a mesma força com a qual foi
arremessada.

Porém, no âmbito espiritual, essa força, ou essa lei, atua de uma maneira diferente, uma vez
que, a exemplo da bola de tênis lançada contra a parede, a reação é imediata à ação que a
originou, ou seja, a bola volta a seu ponto de partida logo após ser arremessada de encontro à
parede.

No âmbito espiritual, ou não material, nossas ações não têm, em regra, uma reação imediata,
elas são registradas e, pela misericórdia divina, são armazendas em nosso campo cármico, de
modo que a forma e o tempo, assim como a intensidade de retorno, ou reação, são reguladas
de acordo com a nossa capacidade de recebe-las de volta.

Observemos o que ocorre com nossos pensamentos, palavras, intenções, ações em geral. Ou
seja, quando ofendemos alguém, é possível que esse alguém, de imediato, não revide à
ofensa, de modo que essa energia criada pela ofensa fica gravada em nosso campo áurico, ou
nosso perispírito, e precisa ser retirada de algum modo, fazendo com que, em algum momento
no ponto futuro, sejamos obrigados a reparar esse dano.

Há, portanto, como se vê, a necessidade de reequilíbrio das energias, pois quando agimos em
desacordo com as leis universais, tiramos a linha de sua rota natural e, em algum momento,
vamos precisar restaurar essa linha por uma atitude em sentido contrário ao equívoco outrora
cometido.

O que importa, agora , é saber como estaremos no momento em que essa reparação vai
acontecer, pois ela pode vir através de uma ofensa, de igual peso daquela que emitimos no
ponto passado, fazendo com que sintamos a mesma dor, mágoa ou ofensa que causamos
àquela pessoa lá atrás.

Digo isso porque, fatalmente, seremos expostos a essa situação, o que vai importar de fato é
que estejamos prontos, não no sentido de esperar que alguém nos ofenda, mas no sentido de
saber que somos imperfeitos, portanto, sujeitos a esse tipo de atitude, portanto, sujeitos
também a seus resultados ou consequências. Se estamos cientes disso, quando esse momento
chegar, saberemos suportar a dor da ofensa recebida, sem revidar ou mesmo nos sentirmos
vitimizados.

É possível, claro, que nem nos lembremos mais da ação que causa a dor atual, até por que
estamos cientes de que vivemos muitas vezes e a causa pode estar em uma existência
anterior.

Mas é preciso que compreendamos como lidar com essa lei, cientes de nossas imperfeições,
para que possamos atravessar nossas existência de maneira mais natural e com menos
sofrimento possível.

- LIVRE ARBÍTRIO, DETERMINISMO E CONSEQUENCIAS:

Diante do exposto anteriormente, podemos refletir sobre nosso livre arbítrio.

Por que somos dotados do livre arbítrio, se somos imperfeitos? Podemos questionar a
bondade de Deus em nos conceder o livre arbítrio, ciente de que vamos errar?

Ou ainda, de que nos adianta o livre arbítrio se, pela lei de ação e reação, seremos obrigados a
arcar com nossos equívocos do passado?

O determinismo está fundamento justamente nesse conceito, ou seja, de que tudo está
determinado previamente, nada poderá ser mudado em nossas vidas e estamos condenados,
por assim dizer, ou predestinados, a viver determinadas situações, as quais nosso livre arbítrio
não pode interferir ou mudar.

Se acreditamos nisso, não podemos acreditar, nem no livre arbítrio, nem na bondade e
misericórdia de Deus, já que não haveria outra opção senão nos fadarmos à dor e ao
sofrimento para arcar com nossos débitos de seres imperfeitos.

Na verdade, o que devemos refletir é como estamos diante de nossas imperfeições e como
devemos e podemos agir para atenuar e aprender com nossos carmas.

Essa é a razão da doutrina espírita existir, primeiro, delinear e nos despertar para a vida
espiritual. Segundo, nos ensinar a como agir diante das vicissitudes da vida.

Um conceito interessante é o de que Deus não nos mandou aqui para sofrer, mas para sermos
felizes e a esperar e trabalhar sempre pelo melhor.

Se mantivermos nossos pensamentos no sentido do mal, esperando que sejamos punidos


pelos equívocos do passado, estaremos perdendo tempo precioso na nossa conduta, pois ao
invés disso, podemos usar nossos pensamentos e ações no trabalho e na construção do bem.

Ou seja, não há outra forma de aprender que não seja experimentar e, para experimentar,
precisamos de oportunidades nas quais teremos a chance de tomar decisões. E são essas
decisões, ou escolhas, que vão fazer com que testemos nossos conhecimentos.
Nesse caso, o livre arbítrio servirá para que, ciente de minhas imperfeições e das
consequencias a que estou sujeito por ser imperfeito, cabe a mim escolher pelo livre arbítrio
como vou receber essas consequencias. Ou seja, vou me resignar ou vou me revoltar? Vou
revidar ou vou aceitar com amor e perdão? Vou ser indulgente com meu ofensor ou vou julga-
lo e condena-lo? E o principal, como posso atenuar minhas dores e o peso das reparações?

Daí, voltamos a refletir sobre a frase de PEDRO: O AMOR CURA UMA MULTIDÃO DE PECADOS.

Como podemos refletir sobre essa frase? Se levamos para o campo da caridade, vamos
compreender que ao sermos amorosos com nosso próximo, ao praticar o bem, a caridade,
vamos estar aptos a ser fortalecidos pela espiritualidade nos momentos de provações.

Além disso, poderemos ter a nosso dispor a consciência de nós mesmos, seremos obedientes à
lei, ao não nos revoltarmos contra o Pai no momento de dor, nem contra nosso ofensor, no
momento da ofensa sofrida, pois estaremos cientes de que, se ocorreu, foi uma consequencia
de nossas próprias ações, ou, uma reação a uma ação minha.

Assim, não podemos mais falar em DETERMINISMO, pois, pela misericórdia divina, que nos
permite, pelo estudo e pela auto análise, nos conhecermos melhor e, diante disso, nos
prepararmos para atuar diante dos fatos que se nos impõe, com sabedoria e resignação ao
atravessar a dor, e nos fortalecendo pela caridade para atenuar a ação dessa dor em nós.

HISTÓRIA DO DEVEDOR DORMINHOCO E DO DEVEDOR TRABALHADOR.

Por esse exemplo, podemos entender que somos devedores e que por isso, de alguma forma,
vamos quitar nossas dívidas, mas, independentemente disso, podemos agir e atuar no bem,
visando, não só atenuar os efeitos dessas dívidas, como também preparar um futuro melhor
para nossas existências, por meio da caridade e do amor ao próximo e a nós mesmos.

Observe que uma dívida que temos com nossos iguais, ela tende a crescer devido aos juros e a
correção monetária. Mas quando a dívida é do carma, na medida em que ela vai ficando mais
antiga, vai perdendo o peso, e a tendência é que a quitemos, muitas vezes, sem nem perceber,
se nossa conduta é boa, se agimos no bem, se estamos sempre empenhados no trabalho e na
caridade.

Vejamos que, ao passo que exercitamos isso, vamos, cada vez mais, concentrando nossas
atitudes e forças no exercício do bem, reduzindo nossas dívidas do passado e também
aumentando nossos créditos para o futuro, criando uma existência posterior mais pacífica e
cada vez com menos débitos ou dívidas cármicas.

- A MISERICÓRDIA E A JUSTIÇA DIVINAS NA LEI DE AÇÃO E REAÇÃO – NÃO HÁ CASTIGO, HÁ


EDUCAÇÃO.

Reconhecer que as leis universais são justas e boas, além de necessárias, para nossa evolução
espiritual é o primeiro passo para cumpri-las a contento, senão vejamos:

Quando compreendemos que essas leis foram criadas de modo universal e inviolável,
compreendendo que são feitas para todos nós, que formos criados simples e ignorantes, ou
seja, a princípio, desconhecedores de seus efeitos, mas que, ao repetirmos experiências e pelo
uso da consciência, que é nossa bússola moral, vamos entendendo que ao burlarmos essas leis
estamos causando nosso próprio sofrimento e angústias, ao passo que, ao aprendermos a nos
adequar a elas, aos poucos vamos construindo o caminho da perfeição e da felicidade.
Compreendendo que essas leis são universais, e que não vão se adequar a cada um de nós a
nosso bel prazer, notamos que o Amor do Pai se iguala em cada um de nós, não dando a
qualquer que seja nenhum benefício ou privilégio que não seja condizente com as ações
individuais de cada um. Aí reside a Lei da Justiça.

Ao compreender que, por nossas ações, podemos reduzir ou amenizar os efeitos das ações
praticadas por nós mesmos no passado no sentido de burlar ou contrariar o teor das leis
divinas, ou seja, pela caridade e pelo trabalho, notamos a misericórdia divina ao nos
proporcionar meios de amenizar nossas dores, construindo ao mesmo tempo um futuro mais
tranquilo e feliz para nós mesmos.

E nessa toada, vamos aprendendo, cada vez mais, pelo estudo, pela aplicação dos
conhecimentos na prática cotidiana, a ser melhores e, por consequencia, mais felizes.

Mas precisado compreender que A QUEM MUITO É DADO, MUITO SERÁ EXIGIDO. Isso no
campo do conhecimento, nossa doutrina espírita vem nos ensinar que, por sermos dotados de
consciência, aquilo que praticamos enquanto ignorantes a esses conhecimentos terá um peso
muito maior no intercurso da Lei de Ação e Reação quando praticamos o mesmo ato cientes
de suas consequencias.

Ou seja, o peso é maior porquanto minha consciência vai agir em mim com mais eloquência e
mais peso pelo fato de que pratiquei um ato ciente de que não deveria praticar, é diferente de
cometer um erro no momento em que ignoro que é um erro.

No momento que sou ignorante a uma lei ou a uma consequencia, também vou responder por
meu erro, mas minha consciência vai me cobrar com mais veemência quando estou ciente de
que cometi um ato ciente de sua consequencia.

Podemos dizer que ao ferir uma lei sem conhece-la, cometo um mero equívoco, passível de
reparação também. Mas quando, ciente do contexto dessa mesma lei, repito esse mesmo
equívoco, não é mais um equívoco, é como se estivesse praticando um verdadeiro crime, aos
olhos de minha consciência, pois estou ciente do que estou fazendo e das consequências que
advirão disso. Assim não estarei tão somente sujeito à reparação, mas também à expiação
moral, ou ao sofrimento consciencial decorrente desse ato.

- A SEMENTEIRA É LIVRE, MAS A COLHEITA É OBRIGATÓRIA

TUDO ME É PERMITIDO, MAS NEM TUDO ME CONVÉM, já nos alertava o Apóstolo Paulo de
Tarso, onde deixa claro que estamos livres para agir conforme nos aprouver, mas não
poderemos fugir das consequencias daquilo que praticamos.

Por isso temos, junto como livre arbítrio, a inteligência. E por isso precisamos nos aprofundar,
cada vez mais, no estudo, na busca do conhecimento, para melhor diligenciar em nossas vidas,
evitando, não só os equívocos, o quanto possível, mas também a prática no mal ou na
repetição de erros do passado.

A CADA UM SEGUNDO SUAS OBRAS, é o ensinamento do Cristo que vem nos indicar um
caminho de redenção por nossos próprios atos, porquanto, se por um lado não podemos nos
eximir dos erros do passado, pelo outro, estamos prontos a criar um caminho diferente para
nossos futuros, de acordo com nossas obras.
Por essa razão, nos é retirada a lembrança ou a memória quanto a vidas passadas, mesmo
sabendo que, às vezes, pensamos que se pudéssemos nos lembrar do passado, poderíamos
evitar os erros alí cometidos ou mesmo saber o porquê dos sofrimentos atuais.

No entanto, seria uma forma a mais de nos causar sofrimentos desnecessários, uma vez que,
se hoje somos imperfeitos, ontem éramos ainda mais, ou seja, nossos atos do passado
logicamente são mais criminosos, por assim dizer, do que aqueles que praticamos atualmente,
e isso nos causaria dores morais e conscienciais que poderíamos não suportar, nos levando ao
desequilíbrio completo ou consequências ainda mais danosas e, como já dito, desnecessárias
ao nosso aprendizado.

Portanto, o esquecimento é mais um ato da misericórdia divina a nosso favor, assim como a
paciência do Pai em nos esperar tanto tempo quanto necessário para alcançarmos a perfeição
por nossas próprias ações e aprendizado.

Isso nos leva a refletir que o que importa, agora, é o olhar pra frente, é a SEMEADURA que
estamos praticando para uma melhor colheita no futuro, é saber o terreno em que semeamos,
ou seja, garantir que essas sementes germinem, enraízem e cresçam, propiciando frutos
abundantes e doces para nossa vida futura e, com obediência, que é permissão da razão, e
resignação, que é a permissão do coração, possamos receber as dores que nos farão reparar os
equívocos do passado, sem deixar de trabalhar por esse sonhado futuro de felicidade e paz
interior.

A IMPORTÂNCIA DE ESTAR CIENTE DAS LEI DIVINAS

Nesse ponto, chegamos à conclusão que não somos vítimas da ira de Deus ou da ação do
próximo, mas sim que tudo que nos acontece foi por nossa própria ação, ou seja, resultado
daquilo que plantamos. Nesse sentido, se não estamos felizes, precisamos mudar o contexto
de nossas vidas através das nossas próprias atitudes. Não podemos mudar o outro, mas
podemos mudar a nós mesmos, e quando estamos conscientes, passamos a ver a vida, o
mundo e o próximo de uma forma diferente, mais amorosa e tranquila fazendo que com que
isso, por si só, já seja um fator preponderante em nossos sentimentos e vibrações, pois
quando olhamos para o mundo com amor, compreensão, indulgência, os sentimentos de
revolta, desesperança e raiva passam a não existir em nós. Vibramos mais leves e confiantes. A
fé passa a fazer sentido em nós e isso nos remete à paz que não é desse mundo. Passamos a
viver com os pés plantados na terra, mas com o coração livre, a mente em estágio superior e a
certeza de que não estamos sós, não permaneceremos para sempre num mundo de provas e
expiações, e, por nossos próprios atos, seremos redimidos a uma vida de paz e alegria que
nosso Mestre nos promete quando diz que nunca estaremos sós e que nenhuma ovelha será
esquecida.

Lei de Talião: Segundo Ghandi, se essa lei determinasse nossas vidas, seríamos todos cegos e
desdentados.

A única forma de reparar os erros do passado é o amor, onde se causou a morte, leve-se a
vida.

A lei do Karma é, ao mesmo tempo, determinista e fatalista, pois não aceita, em nenhum caso,
a ação do livre arbítrio.
O objetivo principal da Lei de Ação e Reação é ensinar a todos nós a fazer o que Jesus nos
ensina ao proferir: “Fazei aos homens o que gostaríeis que eles vos fizessem, pois é nisto que
consistem a lei e os profetas.”

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