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1.

PODERES ADMINISTRATIVOS
São prerrogativas especiais que a administração goza, para poder de forma eficaz,
alcançar/promover o interesse público.
Segundo a doutrina dominante, os poderes administrativos podem ser classificados em
seis, são eles:

PODER VINCULADO É o poder conferido à Administração


Pública de editar atos de sua própria
competência cujos requisitos e
elementos necessários para sua
formalização são impostos por lei.
PODER DISCRICIONÁRIO É o poder que concede à Administração
Pública, implícita ou explicitamente, a
prática de atos administrativos com
liberdade de escolha sobre o conteúdo,
segundo sua conveniência e
oportunidade.
PODER DISCIPLINAR É o poder que a Administração Pública
detém com a função de controlar o
desempenho e punir as infrações dos
servidores e das demais pessoas que
tenham se vinculado à Administração
(por um contrato de licitação ou
matrícula em escola, por exemplo).
PODER HIERÁRQUICO É o poder que a Administração Pública
possui para ordenar, coordenar, corrigir
e controlar os atos administrativos
internos de determinados órgãos.
(DOCAS)
Delega atribuições não privativas
Ordena os subordinados.
Controla as atividades dos órgãos
inferiores.
Avoca atribuições não exclusivas,
excepcionalmente.
Subordina.
PODER REGULAMENTAR É o poder da Administração,
subordinado a uma lei prévia, para
editar atos gerais para complementar as
leis e permitir sua efetiva aplicação, não
cria direitos ou obrigações.
PODER DE POLÍCIA É o poder que a Administração Púbica
possui para limitar o exercício dos
direitos individuais em benefício da
coletividade.
1.1 PODER VINCULADO
A doutrina debate se faria sentido se mencionar os poderes vinculado e discricionário
ao lado dos outros.
Como veremos estes são mais uma forma de exercício de um poder, e não um poder
em si, mas seguiremos a doutrina clássica e abordaremos os dois princípios, muito
embora que estes também serão estudados juntamente na aula os atos
administrativos em que examinaremos a vinculação e discricionariedade dos atos.
ATENÇÃO! Poder vinculado é aquele que goza a administração pública quando ela se
encontra diante de SOLUÇÕES ÚNICAS, ou seja, em situações que clamam por uma
solução única, e essa solução única está TAXATIVAMENTE prevista na Lei.
ATENÇÃO! É possível a convalidação do ato administrativo vinculado que contenha
vício relativo à competência, desde que não se trate de competência exclusiva,
hipótese em que ocorre a ratificação, e não a convalidação.
OBS: OS ATOS VINCULADOS DE COMPETÊNCIA EXCLUSIVA NÃO PODEM SER
CONVALIDADOS, MAS PODEM SER RATIFICADOS.
No caso do poder vinculado, o administrador é um mero executor da Lei, e esta prevê
exatamente o que deve ser feito em certa hipótese.
Então, configurada a hipótese o administrador executa o comando legal, NÃO TENDO
ESPAÇO PARA AVALIAR A CONVENIÊNCIA E OPORTUNIDADE NA PRÁTICA OU NÃO
DO ATO, estando vinculado à Lei de forma taxativa.
EXEMPLO: concessão de aposentadoria; aposentadoria compulsória.
2. PODER DISCRICIONÁRIO
O poder discricionário se contrapõe ao poder vinculado, pois aqui, o administrador
diante de uma situação têm MÚLTIPLAS SOLUÇÕES possíveis.
Diante de certo fato o administrador irá AVALIAR A CONVENIÊNCIA e OPORTUNIDADE
na prática do ato de uma ou outra forma.
Isto se dá, em razão de NÃO SER A LEI TAXATIVA nestes casos, permitindo uma
margem de discricionariedade ao administrador, devendo ser preenchida pelo
agente público mediante a ANÁLISE DA CONVENIÊNCIA e OPORTUNIDADE, tanto
para se decidir pela prática ou não do ato, bem como de que forma será praticado.
EXEMPLO: autorização de uso de bem público.
Basicamente é a FACULDADE do gestor público de escolher dentre as múltiplas
soluções possíveis a melhor para o interesse público, ponderando a conveniência e a
oportunidade.
Jurisprudência: A reforma de prédio público é um ato discricionário do gestor, que é
capaz de avaliar a conveniência e a oportunidade
3. PODER HIERÁRQUICO
3.1. CONCEITO
Basicamente, poder hierárquico é o poder conferido à Administração para que ela se
AUTO-ORGANIZE, DISTRIBUINDO COMPETÊNCIAS entre os diversos agentes,
podendo ainda FISCALIZAR e REVER a atuação dos agentes subordinados.
3.2. PRESSUPOSTOS
O poder hierárquico decorre desse escalonamento da Administração que distribui as
competências entre diversos órgãos hierarquicamente dispostos.
Existe, portanto, uma RELAÇÃO DE SUBORDINAÇÃO REGIDA pelo poder hierárquico
entre diversos órgãos.

O PODER HIERÁRQUICO POSSUI DOIS PRESSUPOSTOS PRINCIPAIS


DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
RELAÇÃO DE SUBORDINAÇÃO

Com efeito, a DESCONCENTRAÇÃO ADMINISTRATIVA dos níveis mais altos para os


mais baixos, acaba por DISTRIBUIR COMPETÊNCIA, construindo uma ESTRUTURA
HIERÁRQUICA, cujo pressupostos é a SUBORDINAÇÃO entre dos ÓRGÃOS INFERIORES
em relação aos ÓRGÃOS SUPERIORES.
Essa é a base do poder hierárquico de auto-organização, que resulta em um
escalonamento de órgãos por meio da desconcentração, com competências
distribuídas entre diversos órgãos de níveis superiores e inferiores.
3.3. CONSEQUÊNCIAS
Nesse sentido, do poder hierárquico resultam algumas consequências.
Em razão dessa distribuição de competência e estrutura escalonada que gera um
VÍNCULO DE SUBORDINAÇÃO, o poder hierárquico, sob a ótica dos órgãos superiores,
implica em atribuição de poder para emitir ordens, fiscalizar e rever a conduta dos
órgãos que lhes são subordinados.
Por outro lado, sob a ótica dos órgãos subordinados, o poder hierárquico implica no
DEVER DE OBEDIÊNCIA, devendo necessariamente acatar as ordens emitidas pelos
órgãos superiores, SALVO SE MANIFESTAMENTE ILEGAIS.
Se, por exemplo, a Delegacia da RF não fez uma autuação que deveria ter feito, a
Superintendência, a Receita Federal, o Ministério da Fazenda e até mesmo o
Presidente da República poderão fazê-la.
3.4. DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA
Além disso, conforme visto no assunto “Organização Administrativa”, a competência é
prevista em uma lei de desconcentração ou de descentralização.
De toda forma, a competência é distribuída por meio de lei.
Nada obstante, É POSSÍVEL OCORRER O DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA SEM
EDIÇÃO DE LEI.
Essa transferência precária de competência pode ser feita por dois meios:
A) AVOCAÇÃO
B) DELEGAÇÃO

A) AVOCAÇÃO: pode ser definida como o chamamento de uma competência de um


órgão inferior pelo órgão superior.
ATENÇÃO! Cumpre mencionar que a avocação não pode incidir em competências
exclusivas, isto é, PERSONALÍSSIMAS e INDELEGÁVEIS DO AGENTE.
Além disso, deve ainda ser SEMPRE JUSTIFICADA.
Por fim, a avocação pressupõe sempre uma relação de hierarquia: apenas o órgão
superior pode avocar a competência de um órgão inferior (o contrário não pode ser
feito).
B) DELEGAÇÃO: Trata-se basicamente da transferência precária do exercício de uma
competência para um órgão diverso daquele previsto em lei.
Essa situação é possível dentro das limitações da lei que serão vistas a seguir.
ATENÇÃO! O mais importante é perceber que a delegação, EM REGRA, é feita de um
órgão superior para um órgão inferior.
Mas não necessariamente: a delegação pode ser feita inclusive em RELAÇÕES NÃO
HIERÁRQUICAS, sendo chamada de DELEGAÇÃO HORIZONTAL.
EX: quando o colegiado faz uma delegação para o seu presidente ocorre uma
delegação sem a existência de relação hierárquica.
Essa característica da delegação é comumente cobrada nos concursos, pois, como a
regra pressupõe a hierarquia, a possibilidade de delegação entre órgãos que não estão
em uma relação de hierarquia é muitas vezes esquecida.
Na delegação, existem algumas limitações.
Basicamente, o art. 13 da Lei n. 9.784/99 (Lei do Processo Administrativo Federal).
Segundo esse artigo, é vedada a delegação em matérias decisórias de atos recursos,
normativas e matérias exclusivas1
ART. 13. NÃO PODEM SER OBJETO DE DELEGAÇÃO:
I - a edição de atos de CARÁTER NORMATIVO;
II - a decisão de RECURSOS ADMINISTRATIVOS;
III - as matérias de COMPETÊNCIA EXCLUSIVA do órgão ou autoridade.

3.5. ABRANGÊNCIA

 Por fim, o poder hierárquico é ínsito à Administração? Ou se apresenta em


apenas algumas partes?
Só existirá poder hierárquico em relações de subordinação.
Onde não há subordinação, não há que se falar em poder hierárquico.
Isso significa que O PODER HIERÁRQUICO É RESTRITO À FUNÇÃO ADMINISTRATIVA.
Mas, o poder hierárquico NÃO SE ENCONTRA no exercício das funções TÍPICAS do
PODER LEGISLATIVO e do PODER JUDICIÁRIO.
Isso, porque NÃO EXISTE PODER HIERÁRQUICO EM TAIS PODERES – pelo menos na
FUNÇÃO TÍPICA deles –, vez que cada membro é autônomo em relação aos demais.
No entanto, isso não implica na conclusão de que inexiste em absoluto poder
hierárquico nos Poderes Legislativo e Judiciário, pois, em verdade, O PODER
HIERÁRQUICO ESTÁ PRESENTE NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO ADMINISTRATIVA ATÍPICA
DESSES PODERES.

 E nas pessoas jurídicas da Administração Indireta? Existe hierarquia?


Entre uma pessoa jurídica da Administração Indireta e o poder central, como foi visto
nas aulas de Organização Administrativa, existe uma mera vinculação que se expressa
na SUPERVISÃO MINISTERIAL.

1
O professor dá como dica o mnemônico DENOREX: DEcisória de recurso administrativo, NOrmativa, e
EXclusiva.
Disso se conclui que não há que se falar em poder hierárquico entre a pessoa da
Administração Indireta e o ente federativo da Administração Direta.
NÃO HÁ SUBORDINAÇÃO PROPRIAMENTE DITA!
É POSSÍVEL, no entanto, o exercício de poder hierárquico no âmbito dos ÓRGÃOS
INTERNOS de uma mesma pessoa da Administração Indireta.
Nesse sentido, em razão do poder hierárquico, admite-se, independente de previsão
legal, recurso ao superior de um agente subordinado.

 No entanto, quanto ao recurso de um ato de pessoa jurídica da Administração


Indireta para a Administração Direta, se, por exemplo, o Banco Central adota
decisão desfavorável, é possível recorrer para o Ministério da Fazenda?
Em princípio não, pois inexiste subordinação e poder hierárquico.
Mas, EXCEPCIONALMENTE, a LEI pode prever o chamado RECURSO HIERÁRQUICO
IMPRÓPRIO. (NÃO DECORRE DA HIERARQUIA NEM DA SUBORDINAÇÃO POIS AMBOS
INEXISTEM)
O recurso hierárquico impróprio se caracteriza pela possibilidade de revisão dos atos
de uma entidade da administração indireta, que são pessoas jurídicas autônomas,
pelo Ministério a qual estão vinculadas ou por outros Ministérios.
Essa situação violaria, em tese, a autonomia desses entes da Administração Indireta.
No entanto, admite-se esse recurso quando houver expressa PREVISÃO LEGAL.
Com o Parecer nº 51 da AGU, aprovado pelo Presidente da República, tal possibilidade
foi aceita. Lembre-se que, o Parecer do Advogado da União aprovado pelo Presidente
da República e publicado junto com o despacho presidencial tem força normativa e
vincula toda a Administração Federal.
Desta forma, desde 2006, há possibilidade de interposição de recurso hierárquico
impróprio em face de decisão de agência reguladora em caso de ilegalidade ou
descumprimento de políticas públicas". (OBS: Alguns membros da AGU sustentam a
possibilidade de interposição do recurso hierárquico impróprio sem previsão legal,
porém é posição minoritária que contraria doutrina e jurisprudência.)
DE FORMA GERAL:
1- CABE RECURSO HIERÁRQUICO IMPRÓPRIO de decisões de AGÊNCIAS
REGULADORAS nos casos de ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS NÃO FINALÍSTICAS,
AFASTAMENTO DA POLÍTICA DE GOVERNO E DESRESPEITO AOS LIMITES DE
COMPETÊNCIA.
2- NÃO CABE RECURSO HIERÁRQUICO IMPRÓPRIO quando a agência decidir matéria
de natureza regulatória em seu âmbito de competência, sob pena de afronta à
independência que lhe é inerente.
RECURSO HIERÁRQUICO PRÓPRIO: RECURSO HIERÁRQUICO IMPRÓPRIO:
É aquele dirigido à autoridade ou ao São recursos dirigidos, ou a um órgão
órgão imediatamente superior, dentro especializado, sem relação de hierarquia
da mesma pessoa jurídica em que o ato com órgão controlado, OU A ÓRGÃO
foi praticado. É necessário que o ato INTEGRANTD DE UMA PESSOA JURIDICA
controlado provenha de agente ou de DIFERENTE DAQUELA DA QUAL EMANOU
órgão subordinado ao agente ou órgão O ATO CONTROLADO. O termo
controlador. impróprio traduz a noção de que o órgão
ou a autoridade que proferiu o ato
recorrido e o órgão a que se endereça o
recurso NÃO HÁ RELAÇÃO
HIERARQUICA
INDEPENDE DE PREVISÃO LEGAL. DEPENDE DE PREVISÃO LEGAL. 
EXAME DE LEGALIDADE E MÉRITO SOMENTE EXAME DE LEGALIDADE
HÁ HIERARQUIA HÁ VINCULAÇÃO
ADMINISTRAÇÃO DIRETA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

CAIU: O recurso hierárquico impróprio deve ser dirigido à autoridade de outro órgão
não integrado à mesma hierarquia do órgão que proferiu o ato. (CERTO)

QUESTÕES

 BANCA: CESPE – ÓRGÃO: DPU – ANO: 2015. A hierarquia é uma característica


encontrada exclusivamente no exercício da função administrativa, que inexiste,
portanto, nas funções legislativa e jurisdicional típicas.
COMENTÁRIOS DE QUESTÕES. CORRETO. Os juízos absolutos devem ser
desconfiados. O Direito, a Ciência do “talvez”, possui poucos juízos absolutos.
Nesse caso específico, a assertiva está correta, pois a hierarquia somente está
presente na função administrativa. Na função legislativa e jurisdicional típicas
existe autonomia funcional dos membros, o que afasta hierarquia entre eles.

 BANCA: CESPE – ÓRGÃO: AGU – ANO: 2013. O recurso hierárquico impróprio, na


medida em que é dirigido a autoridade de órgão não integrado na mesma
hierarquia daquela que proferiu o ato, independe de previsão legal.
COMENTÁRIOS DE QUESTÕES. ERRADO. Justamente porque o recurso
hierárquico impróprio é destinado a um órgão que não é superior hierárquico
que se faz necessário PREVISÃO LEGAL para se admitir essa interferência entre
um órgão da Administração Indireta e uma entidade da Administração Direta.
4. PODER DISCIPLINAR
4.1. CONCEITO
Em síntese, poder disciplinar pode ser definido como o poder que a Administração
possui para APURAR INFRAÇÕES e APLICAR PENALIDADES a todos aqueles que
possuem uma RELAÇÃO ESPECÍFICA com o Poder Público e, por isso, sujeita-se à
disciplina interna da Administração.
Desse modo, trata-se de um PODER DE CORREIÇÃO que a Administração possui para
dar efetividade às suas regras administrativas em face de todos aqueles sujeitos à sua
disciplina interna, com vínculo específico, seja funcional ou contratual.
4.2. ABRANGÊNCIA
Existem outras relações típicas de poder disciplinas. A abrangência desse poder é mais
ampla do que meramente controlar e punir servidores.
Com efeito, o poder disciplinar abrange todos aqueles com VÍNCULO ESPECÍFICO, que
pode se expressar por meio de um estatuto funcional ou por meio de contrato.
Até mesmo um usuário de serviço público pode estar sujeito ao poder disciplinar.
4.3. CONTRADITÓRIO
A Constituição Federal, no art. 5o, LV, a garantia a todos o contraditório e a ampla
defesa.
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados
em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes;
Desse modo, para se aplicar uma sanção faz-se necessário contraditório e ampla
defesa, o que implica a todos os meios inerentes a eles: recorrer, constituir
advogado, manifestar sobre provas etc.
No entanto, no caso específico do poder disciplinar sobre servidores públicos, cumpre
lembrar o teor da SÚMULA VINCULANTE Nº 5, segundo a qual é dispensável a
presença de advogado em processo administrativo disciplinar.
SÚMULA VINCULANTE 5: A falta de defesa técnica por advogado no
processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição.
Desse modo, é possível a constituição de advogado, mas a ausência dele não resulta
em nulidade.
4.4. NATUREZA
Por fim, quanto à natureza do poder disciplinar, é comum que esse assunto seja
tratado em manuais de forma simplória, no sentido que ele o poder disciplinar possui
natureza discricionária. No entanto, trata-se de uma “meia verdade”.
Na verdade, o poder disciplinar possui uma NATUREZA HÍBRIDA, pois é vinculado em
uma parte e discricionário em outra, a saber:
VINCULADO quanto à APURAÇÃO DA INFRAÇÃO e APLICAÇÃO DE PENALIDADE.
Uma vez ocorrida a infração por um servidor, a Administração é obrigada a apurar a
infração e aplicar a penalidade.
DISCRICIONÁRIO quanto à SELEÇÃO e GRADAÇÃO DA PENALIDADE a ser aplicada.
Isso porque no Direito Administrativo não existe o princípio da pena específica, ao
contrário do Direito Penal, que prevê um molde definido para cada tipo penal.
A Lei n. 8.112/90, por exemplo, enuncia diversas infrações sem referência à
quantidade de pena.
QUESTÕES

 ANO: 2014 – BANCA: FCC. O poder disciplinar atribuído à Administração pública:


Abrange discricionariedade onde não houver disposição expressa de lei, tal como
considerar a natureza e a gravidade da infração na aplicação da pena.
COMENTÁRIOS DA QUESTÃO CORRETO. O poder disciplinar é discricionário onde
não houver disposição expressa na lei. Se não está previsto o quantum da pena,
ele será discricionário para considerar a natureza e a gravidade da infração.

 FCC – 2014. Abrange discricionariedade para instaurar o procedimento


disciplinar e punir o acusado, mas não para definição da pena cabível, que se
submete à legalidade estrita.
COMENTÁRIOS DA QUESTÃO. INCORRETO. O poder disciplinar é vinculado quanto à
instauração e punição, sendo justamente o contrário para definição da pena
cabível.

 ANO: 2014 – BANCA: FCC – ÓRGÃO: TRT 8. O poder disciplinar, exercido pela
Administração Pública exclusivamente sobre os servidores públicos, consiste na
possibilidade de apurar infrações e aplicar sanções nas hipóteses nas quais o
agente público age em desconformidade com os princípios e regras legais do
ordenamento jurídico, estando seu exercício vinculado ao princípio da
legalidade.
COMENTÁRIOS DA QUESTÃO INCORRETO. O poder disciplinar não incide
exclusivamente ao servidor público, como também a todos que possuem vínculo
especial com a Administração Pública (contratados, usuários de serviço público
etc).

 ANO: 2015 – BANCA: CESPE – ÓRGÃO: TRT 15. Quando se fala sobre a
coordenação e subordinação de entes, órgãos e agentes entre si e se alude à
uma distribuição de funções, para que seja promovida uma sequência de
autoridade progressiva, estrutura que viabilizará a ordenação harmônica de
atuações, agregada a possibilidade de fiscalização e correção de eventuais
irregularidades, trata-se da descrição do poder disciplinar.
COMENTÁRIOS DA QUESTÃO.INCORRETO. Essa descrição diz respeito ao poder
hierárquico. Fala-se em COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO dos entes, bem
como distribuição de funções entre eles, sendo exatamente esses os
pressupostos do poder hierárquico.

5. PODER NORMATIVO
5.1. PODER REGULAMENTAR VS. PODER NORMATIVO
Antes de tudo, deve ser feita uma observação semântica acerca da acepção do poder
regulamentar, pois a doutrina controverte na distinção entre esse conceito e o poder
normativo.
De todo modo, adotar-se-á a corrente majoritária no sentido de que o PODER
NORMATIVO configura um gênero que engloba a edição de qualquer ato abstrato,
genérico e impessoal pela Administração Pública.
Já o PODER REGULAMENTAR se apresenta como uma espécie de poder normativo
que diz respeito apenas aos regulamentos editados pelo Chefe do Executivo,
basicamente os decretos regulamentadores das leis, editados para sua fiel execução.
O poder regulamentar é o poder de a administração pública editar atos que regulam
as leis em sentido estrito, e não editar leis em sentido estrito.
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir
decretos e regulamentos para sua fiel execução;
Mesmo o PODER NORMATIVO sendo um gênero, ele é restrito a poucos entes da
Administração (Chefe do Executivo na expedição de decretos; Ministros de Estado na
expedição de Instruções Normativas; Agências Reguladoras na emissão de Resoluções
que envolvem matéria técnica).
5.2. CONCEITO
Desse modo, PODER REGULAMENTAR pode ser conceituado como poder conferido ao
Chefe do Executivo para expedição de atos normativos, em especial os regulamentos
para fiel execução das leis, conforme o art. 84, IV da CF.
5.3. ESPÉCIES DE DECRETOS/REGULAMENTOS
Esse conceito nos leva à discussão sobre as espécies de decretos.
Existe uma discussão doutrinária se todo decreto é executivo (regulamentador) ou se
existe os chamados decretos autônomos.
Trata-se de uma discussão doutrinária, pois na prática a jurisprudência e a doutrina
dominante admitem tranquilamente a figura do decreto autônomo.

 O que é decreto regulamentar?


O decreto regulamentar – também chamado de decreto executivo –, previsto no art.
84, IV, da CF, tem como função a fiel execução das leis.
Ou seja, o Poder Legislativo edita uma lei sancionada pelo Poder Executivo, e este a
complementa por meio do decreto regulamentar.
Esse decreto serve, pois, para melhor detalhar a aplicação da lei, dispondo
basicamente sobre como a ela deve ser aplicada/interpretada, sobretudo no
preenchimento de eventuais lacunas normativas, de forma a uniformizar a aplicação
da lei e reduzir a discricionariedade da Administração na sua aplicação.
Portanto, esse DECRETO REGULAMENTAR configura um ATO INFRALEGAL ou
SECUNDÁRIO, pois não deriva diretamente da Constituição tal como as leis, mas sim
da própria lei, apesar de possuir previsão constitucional. O seu cordão umbilical se
relaciona com a lei.
Por isso mesmo a doutrina tradicional afirma que TAIS REGULAMENTOS NÃO PODEM
INOVAR NA ORDEM JURÍDICA.
Isso porque o art. 5o da CF dispõe:
Art. 5o Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão
em VIRTUDE DE LEI;
Portanto, a lei cria obrigações, direitos e deveres.
O regulamento, por sua vez, apenas determina a sua aplicação/interpretação.
Em suma, o decreto regulamentar pode ser entendido como ato INFRALEGAL ou
SECUNDÁRIO que NÃO INOVA, mas meramente DETALHA a lei para sua fiel
execução.
Decreto regulamentar não pode, via de regra, ser:
• Ultra legem: o decreto não pode inovar a ordem jurídica. A capacidade de
inovar cabe apenas a lei em sentido estrito
• Contra legem: não pode contrariar o sentido da Lei, posto que o decreto
deve referência à lei. O decreto estriba-se na lei, o decreto não pode ir além
da Lei.
• Citra legem: não pode suprimir direitos e obrigações contidos na lei a
pretexto de regulamentá-la sob pena de usurpação.
Ao lado desses atos regulamentares existem os chamados DECRETOS AUTÔNOMOS
com previsão no art. 84, VI, CF.
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
[...]
VI – dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não
implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
Pode o chefe do executivo por meio de decreto autônomo:
a) reordenar ou recompor matéria de relevo preponderantemente
interno (estruturação/vinculação), deslocando, desmembrando,
remanejando atribuições previamente estabelecidas de um para outro
órgão da mesma pessoa administrativa ou até deslocando o próprio órgão
como um todo, modificando os seus vínculos direto de subordinação, um
deslocamento pode ser horizontal e vertical e
b) redistribuir cargos e funções entre órgãos, de forma aperfeiçoar o
emprego da força de trabalho na intimidade da administração, ou seja,
mera organização administrativa.
c) é possível, por meio de decreto autônomo, promover a extinção de
cargos e funções públicas quando vagos.
Desde que não implique:
a) incremento de despesas;
b) criação ou extinção de órgãos públicos;
c) não interfira na esfera individual de terceiros, e
d) haja compatibilidade com a finalidade definida pela lei para o órgão
destinatário.
Como se vê, a Constituição Federal não subordina o decreto a qualquer lei.
Ou seja, o Chefe do Poder Executivo possui amplos poderes para organizar a
administração como bem pretender, sem nenhuma outra lei.
Desse modo, esse decreto, ao contrário do decreto executivo, é tido como ATO
NORMATIVO PRIMÁRIO, com FUNDAMENTO DIRETO NA CONSTITUIÇÃO, tal como as
leis.
Além disso, esse ato normativo INOVA no ordenamento jurídico, pois não cuida de
mero detalhamento da lei, mas sim criando algo novo.
Esse DECRETO AUTÔNOMO é uma FIGURA EXCEPCIONAL, devendo ser admitido,
segundo a doutrina, somente quando houver EXPRESSA PREVISÃO CONSTITUCIONAL,
como ocorre no art. 84, VI, CF.
Têm-se ainda outros exemplos na Constituição referentes aos Conselhos Nacionais de
Justiça e do Ministério Público.
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze)
membros com mandato de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução,
sendo:
[...]
§ 4o Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e
financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais
dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem
conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do
Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no
âmbito de sua competência, ou recomendar providências;
Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Público compõe-se de
quatorze membros nomeados pelo Presidente da República, depois de
aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, para um
mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo:
§ 2o Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o controle da
atuação administrativa e financeira do Ministério Público e do
cumprimento dos deveres funcionais de seus membros, cabendo lhe:
I - zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público,
podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou
recomendar providências;
Em ambos os casos, tratam-se de decretos autônomos, pois decorrem diretamente
da Constituição Federal.
Cumpre observar que todos esses decretos autônomos foram inseridos na
Constituição por meio de emendas constitucionais.
Uma doutrina minoritária encampada por Celso Antônio Bandeira de Mello que diz
que esses decretos autônomos conferem poderes restritos ao Chefe do Executivo,
não sendo suficientes para serem considerados como decretos autônomos, assim
como existe no direito europeu.
No entanto, a DOUTRINA MAJORITÁRIA adota o seguinte raciocínio: se sempre existiu
a previsão de um decreto para detalhar a lei, a partir do momento em que uma
emenda constitucional prevê outro decreto, ao lado daquele, que não está
subordinado à lei, esse decreto só pode ser autônomo. Esse é o entendimento a ser
adotado em provas.
DECRETO REGULAMENTAR DECRETO AUTÔNOMO
 MAIS FREQUENTE  EXCEPCIONAL
 DETALHAR A APLICAÇÃO DA LEI  NÃO SE SUBORDINA A QUALQUER LEI
 ATO INFRALEGAL  ATO NORMATIVO PRIMÁRIO
 SECUNDARIO  FUNDADO DIRETO NA CONSTITUIÇÃO
 NÃO PODE INOVAR (OB.SECUDÁRIAS)  PODER INOVAR (CRIAR ALGO NOVO)
 SE SUBORDINA A PREVISÃO DA LEI  SÓ QUANDO HOUVER EXPRESSA
PREVISÃO NA CONSTITUIÇÃO
 CARATER COMPLEMENTAR À LEI  NÃO POSSUI CARATER COMPLEMENTAR
À LEI

5.4. LIMITES DO PODER REGULAMENTAR


Quanto aos limites do poder regulamentar, os decretos executivos não podem inovar,
haja vista o art. 5o, II, da CF (somente a lei pode impor obrigações e criar direitos).
Na prática, muitos decretos simplesmente repetem literalmente o teor da lei, o que
se mostra desnecessário.
No entanto, o poder regulamentar, embora não possa inovar no ordenamento
jurídico, possui certo espaço de criação, caso contrário sua existência não faria
sentido.
Segundo a doutrina, essa criação não pode ser relacionada a direitos e obrigações
primários.
Permite-se, contudo, a previsão de OBRIGAÇÕES SECUNDÁRIAS ou SUBSIDIÁRIA que
decorram da lei.
Nesse sentido, voltando ao exemplo da comprovação de rurícola, a lei não diz o que
seja prova idônea; mas o decreto, ao prever que prova idônea é perícia ou prova
documental, acaba por criar uma obrigação secundária.
Desse modo, o PODER REGULAMENTAR fixa DIREITOS E OBRIGAÇÕES SECUNDÁRIOS,
sendo esse o limite da inovação do poder regulamentar.
5.5. CONTROLES DA REGULAMENTAÇÃO
 Qual medida deve ser adotada contra o abuso do poder regulamentar?
Basicamente, o controle da regulamentação pode ser feito em dois planos: JUDICIAL
ou LEGISLATIVO.
O CONTROLE JUDICIAL, em razão dos princípios da inércia e da inafastabilidade da
jurisdição, deve ser feito por provação da parte prejudicada pelo ato regulamentador
que extrapole os limites da lei.
Art. 5o Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça
a direito;
Já o CONTROLE LEGISLATIVO: caso o Poder Executivo exorbite do poder regulamentar,
o Poder Legislativo, por meio do Congresso Nacional, pode sustar esse ato.
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
[...]
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;2
5.6. DESLEGALIZAÇÃO
 O que é deslegalização?
A deslegalização pode ser definida como a transferência de matérias antes restritas
ao âmbito legislativo para o poder regulamentar.
Desse modo, transfere-se aquilo que era feito mediante lei para o Poder Executivo, o
que, como regra, é feito por meio de autorização legal: a própria lei confere
atribuição normativa ao Poder Executivo para regulamentar determinado assunto.
Trata-se de uma situação contrária aos dogmas do Direito Administrativo, em especial
à legalidade clássica e à democracia representativa, na medida em que esvazia o Poder
Legislativo, atribuindo mais poder ao Poder Executivo.
 Esse fenômeno é admitido no direito brasileiro?
A doutrina Contemporânea a admite, sendo inclusive endossada pelos tribunais
superiores e pelo STF.

2
Trata-se de competência exclusiva do Congresso Nacional que independe de sanção do Presidente da
República, conforme dispõe art. 48, da CF.
Justifica-se a deslegalização porque, hoje, enfrenta-se uma crise do princípio da
legalidade, até mesmo uma crise da democracia representativa.
Isso porque o mundo atual é bastante dinâmico e com intensa evolução tecnológica;
de outro lado, o Poder Legislativo é burocrático e lento, não conseguindo
acompanhar tais mudanças.
Além disso o Legislativo não possui competência técnica necessária para o
enfrentamento de questões específicas de setores complexos.
Desse modo, o Legislativo fixa diretrizes a serem observadas na regulamentação,
bem como DELEGA/TRANSFERE a regulamentação da matéria técnica para entidade
ou órgão específico, geralmente para as AGÊNCIAS REGULADORAS, o maior expoente
do direito brasileiro no âmbito da deslegalização.
Em suma, essa é a deslegalização, que admite a chamada DELEGAÇÃO COM
PARÂMETRO (delegation with standards).
O CERNE DESSE FENÔMENO gira em torno da crise da legalidade e da democracia
representativa, bem como a necessidade de atender a demandas dinâmicas de um
mundo complexo, técnico.
Assim, transfere-se do Poder Legislativo a criação de algumas OBRIGAÇÕES
PRIMÁRIAS e DIREITOS para as agências reguladoras ou outros órgãos técnicos
acompanharem essas mutações por regime flexível que decorre do poder normativo.
Com o objetivo de demonstrar que esse assunto não é meramente teórico, tem-se a
seguinte ementa:
No que se refere à alegada inconstitucionalidade dos artigos 9o, parágrafo
único, 21 e 22 da Lei 12.485/2011, que estenderam os poderes normativos
conferidos à Ancine, são legítimos os dispositivos. A moderna concepção
do princípio da legalidade, em sua acepção principiológica, ou formal-
axiológica, chancela a atribuição de poderes normativos ao Poder
Executivo, DESDE QUE PAUTADA POR PRINCÍPIOS INTELIGÍVEIS, CAPAZES
DE PERMITIR O CONTROLE LEGISLATIVO E JUDICIAL SOBRE OS ATOS DA
ADMINISTRAÇÃO. Na espécie, as normas impugnadas, apesar de
conferirem autoridade normativa à Ancine, estão acompanhadas por
parâmetros aptos a conformar a conduta de todas as autoridades do
Estado envolvidas na disciplina do setor audiovisual, o que impede que
qualquer delas se transforme em órgão titular de um pretenso poder
regulatório absoluto. (ADI 4747/DF, ADI 4756/DF, ADI 4923/DF e ADI
4679/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 8/11/2017 - Info 884).
Basicamente, esse julgado demonstra a admissão do fenômeno da delegação com
parâmetros. Na moderna legalidade, ou até mesmo a juridicidade – obediência da
Administração não só a lei em sentido formal, mas a todo o ordenamento jurídico,
inclusive princípios constitucionais etc –, deve ser admitido que a lei estabeleça apenas
princípios inteligíveis preenchidos pelo Poder Executivo no âmbito do poder
regulamentar.
Assim decidiu o STF ao entender legítima a delegação de uma lei federal à agência
ANCINE – Agência Nacional de Cinema – para regular o mercado de cinema e
teletransmissão.
Essa deslegalização é tão intensa que O STJ ADMITE ATÉ MESMO A DELEGAÇÃO
NORMATIVA PARA CRIAR SANÇÕES.
Não há violação do princípio da legalidade na aplicação de multa previstas
em resoluções criadas por agências reguladoras, haja vista que elas foram
criadas no intuito de regular, em sentido amplo, os serviços públicos,
havendo previsão na legislação ordinária delegando à agência reguladora
competência para a edição de normas e regulamentos no seu âmbito de
atuação. (STJ. 2a Turma. AgRg no AREsp 825776/SC, Rel. Min. Humberto
Martins, julgado em 05/04/2016).
É verdade que, de acordo com uma concepção clássica, não se admite a criação de
sanções por atos infralegais, mas o STJ, no caso das agências reguladoras, entende
que não há violação à legalidade na criação de multas por meio de resoluções
emitidas pelas agências reguladoras, desde que exista previsão na legislação
ordinária delegando à agência essa competência para editar normas e regulamentos.
DICA PARA PROVAS: Assim, essa posição deve ser mencionada apenas quando houver
indagação expressa acerca de jurisprudência ou doutrina contemporânea,
normalmente presente em provas de segunda fase numa perspectiva mais axiológica
ou jurisprudencial. Na primeira fase, uma assertiva do tipo “o regulamento não pode
inovar no ordenamento jurídico” deve ser considerada como certa, sendo essa a
concepção tradicional.
5.7. REGULAMENTOS JURÍDICOS VS. REGULAMENTOS ADMINISTRATIVOS
A Di Pietro diz que REGULAMENTOS JURÍDICOS são aqueles atos normativos com
base na supremacia geral da Administração, e, portanto, aplicados a todos os
administrados.
Já os REGULAMENTOS ADMINISTRATIVOS dizem respeito somente aos particulares
que se encontram em uma especial relação com a Administração Pública.
5.8. COMPETÊNCIA PARA O EXERCECIO DO PODER REGULAMENTAR (ATENÇÃO)
O tema não conta com unanimidade em sede doutrinária.
Explique-se:
Há quem sustente, de fato, e é esta a posição que se afigura MAJORITÁRIA, que o
exercício do poder regulamentar, realmente, seria privativo dos Chefes do Poder
Executivo (presidente da República, governadores e prefeitos). Seria, pois, uma
espécie do gênero maior denominado poder normativo. E consiste, na essência, na
faculdade de editar atos infralegais, dotados de generalidade e abstração, com o
escopo de dar fiel execução às leis. (MARIA SYLVIA DI PIETRO).
Refira-se, todavia, que também existe corrente doutrinária que não faz tal distinção
terminológica. Vale dizer, se refere ao poder regulamentar independentemente da
autoridade da qual emana, mesmo que não se trate, portanto, da Chefia do
Executivo. Assim, há também atos normativos que, editados por outras autoridades
administrativas, podem caracterizar-se como inseridos no poder regulamentar. É o
caso de instruções normativas, resoluções, portarias etc. (CARVALHO FILHO)
ATENÇÃO! A CESPE EM DIVERSAS QUESTÕES UTILIZA OS DOIS ENTENDIMENTOS,
ASSIM, É ACONSELHAVÉL DEIXAR A QUESTÃO EM BRANCO.
CAIU ASSIM: O exercício do poder regulamentar é privativo do chefe do Poder
Executivo da União, dos estados, do DF e dos municípios. (CERTO)
A administração, ao editar atos normativos, como resoluções e portarias, que criam
normas estabelecedoras de limitações administrativas gerais, exerce o denominado
poder regulamentar. (ERRADO)
ATENÇÃO! Em sendo adotada, portanto, esta posição doutrinária majoritária, a edição
de resoluções e portarias não caracterizariam o exercício do poder regulamentar,
mas sim do PODER NORMATIVO. Afinal, referidos atos não são de competência dos
Chefes do Poder Executivo, os quais, quando desejam produzir atos normativos, o
fazem sob a forma de Decretos.

PODER REGULAMENTAR Manifestam-se por meio de Decretos


dos Chefes do Executivo.
PODER NORMATIVO Edição de resoluções e portarias.

QUESTÕES
 CESPE - AGU 2015. Foi editada portaria ministerial que regulamentou, com
fundamento direto no princípio constitucional da eficiência, a concessão de
gratificação de desempenho aos servidores de determinado ministério. A
portaria em questão poderá vir a ser sustada pelo Congresso Nacional, se essa
casa entender que o ministro exorbitou de seu poder regulamentar.
COMENTÁRIO DA QUESTÃO: CORRETO. Como regra, o poder normativo ou
regulamentar não pode, em sede de decreto executivo, extrapolar a lei. Isto é,
faz-se necessário uma lei para justificar a regulamentação. Logo, não pode
regulamentar uma gratificação de desempenho com base em princípio
constitucional. No caso, a criação de qualquer vantagem pecuniária a servidores
possui reserva formal de lei, o que torna a correção do enunciado. Desse modo,
se o Congresso Nacional entender que o regulamento é exorbitante, poderá
sustá-lo com base no art. 49, V, da Constituição Federal.
 ANO: 2015. BANCA: CESPE. ÓRGÃO: ADVOCACIA PÚBLICA DA UNIÃO. As
portarias são qualificadas como atos de regulamentação de segundo grau.
COMENTÁRIO DA QUESTÃO: CORRETO. De fato, as portarias, espécie do gênero
“atos normativos”, compreendem atos infralegais, e, portanto, subordinados à
lei, sendo assim atos de segundo grau.
 ANO: 2015. BANCA: CESPE. ÓRGÃO: ADVOCACIA PÚBLICA DA UNIÃO. Foi editada
portaria ministerial que regulamentou, com fundamento direto no princípio
constitucional da eficiência, a concessão de gratificação de desempenho aos
servidores de determinado ministério. Na hipótese considerada, a portaria não
ofendeu o princípio da legalidade administrativa, tendo em vista o fenômeno da
deslegalização com fundamento na CF.
COMENTÁRIO DA QUESTÃO: INCORRETO. Admite-se a deslegalização? Sim.
Porém não em qualquer caso. Deslegalização é admissível quando há uma
delegação com parâmetros, especialmente a fim de que seja regulamentada uma
matéria técnica. No caso, não há matéria técnica, tampouco delegação com
parâmetros. Portanto, a portaria ofende o princípio da legalidade.

6. PODER DE POLÍCIA
6.1. CONCEITO
Basicamente, é o poder conferido à Administração para LIMITAR e CONDICIONAR
direitos e interesses individuais em prol dos INTERESSES COLETIVOS.
A POLÍCIA ADMINISTRATIVA tem por objetivo a manutenção da ordem pública e das
melhores condições para a generalidade dos cidadãos.
Pensa-se um poder de polícia bastante comum: o poder de polícia de trânsito.
6.2. FUNDAMENTO
Percebendo esse benefício coletivo de restringir alguns direitos, admite-se que o
poder de polícia restrinja direitos e interesses de um ou de outro em prol do
interesse da coletividade. (Essa é a noção por detrás do poder polícia.)
Desse modo, essa noção possui claro fundamento no princípio da SUPREMACIA DO
INTERESSE PÚBLICO SOBRE O PARTICULAR.
Nesse sentido, o poder de polícia se ancora no INTERESSE PÚBLICO para condicionar
ou restringir interesses ou direitos individuais.
Ao lado desse fundamento genérico, existe FUNDAMENTO EM LEIS ESPECÍFICAS que
regulamentam o poder de polícia.
Tais fundamentos legitimam o exercício do poder de polícia através de fiscalização,
consentimento, aplicação de sanções etc, enfim, em todas as fases do poder de
polícia, como será visto a seguir.
6.3. BASE LEGAL
O poder de polícia possui uma conceituação legal no art. 78 do Código Tributário
Nacional.3
Art. 78. Considera-se poder de polícia ATIVIDADE DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA que, LIMITANDO ou DISCIPLINANDO DIREITO, INTERESSE ou
LIBERDADE, REGULA a prática de ato ou abstenção de fato, em RAZÃO DE
INTERESSE PÚBLICO concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de
atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder
Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos
individuais ou coletivos.
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia
quando DESEMPENHADO PELO ÓRGÃO COMPETENTE NOS LIMITES DA LEI
APLICÁVEL, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade
que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.
Trata-se de um rol meramente exemplificativo, existindo poder de polícia em
situações não previstas na norma acima.
6.4. SENTIDO AMPLO VS. SENTIDO RESTRITO
Em SENTIDO AMPLO, poder de polícia compreende não só a atuação dos agentes
administrativos na fiscalização, autorização e punição, como também a FUNÇÃO
LEGISLATIVA, também chamada de ORDEM DE POLÍCIA.
Nesse sentido, o poder de polícia engloba as leis que disciplinam o poder de polícia e
os agentes da atuação administrativa, que conferem efetividade às leis.
Já em SENTIDO RESTRITO, o poder de polícia abarca tão somente a atuação
administrativa.
6.5. PODER DISCIPLINAR VS. PODER DE POLÍCIA
Esses poderes possuem características em comum. Tanto o poder de polícia quanto o
poder disciplinar podem culminar na aplicação de sanção e apuração de possíveis
infrações.
 Quais seria a diferença entre esses poderes?
No PODER DE POLÍCIA, o vínculo entre a Administração e o administrado é genérico.

3
O conceito de poder de polícia está presente no CTN, pois admite-se a criação de taxa em razão do
exercício do poder de polícia.
Isso significa que a Administração, sob a rubrica do poder de polícia, pode abranger
qualquer cidadão, ainda que não seja previamente identificado.
O poder de polícia, por sua vez, aplica-se à generalidade das pessoas,
independentemente de uma relação mais específica.
Por exemplo, o Código de Trânsito Brasileiro se aplica a todos que estão nas vias
públicas, inclusive os pedestres.
Já o PODER DISCIPLINAR abrange tão somente aqueles que possuem um vínculo
específico com a Administração Pública e, por isso, sujeitam-se à disciplina interna da
Administração.
O servidor, o usuário de serviço público e o contratado pela Administração, por
exemplo, sujeitam-se a disciplina interna.
POLÍCIA JUDICIÁRIA é aquela que existe para combater infrações penais e
preparatória para a jurisdição penal.
Já a POLÍCIA ADMINISTRATIVA, que diz respeito ao poder de polícia propriamente
dito, atua na apuração, repressão e prevenção de ilícitos administrativos.
Demais disso, a polícia administrativa se exaure em si mesma, ou seja, começa e
termina na Administração Pública.
Portanto, a principal distinção entre a POLÍCIA ADMINISTRATIVA e a POLÍCIA
JUDICIÁRIA diz respeito ao objeto: esta vista apurar infrações penais; aquela, apurar
infrações administrativas.
Nada obstante, existem outras características de distinção entre essas polícias que são
interessantes para fins de prova.
A polícia judiciária é privativa de corporações especializadas — polícias civis e
militares—, enquanto a polícia administrativa se distribui entre diversos órgãos da
administração.

6.6. COMPETÊNCIA
Em regra, o poder de polícia é exercido pelo ente competente para exercer a
atribuição respectiva.
Justamente em razão dessa característica, qual seja, de o poder de polícia seguir a
competência legislativa e administrativa, o STF, conforme jurisprudência sumulada,
entende que o Município é competente para fixar o horário de funcionamento de
estabelecimento comercial.
Por outro lado, a fixação do estabelecimento bancário, para atendimento ao público,
é da competência da União, pois a competência para fiscalizar e editar regras sobre o
Sistema Financeiro Nacional é da União.
Súmula Vinculante n. 8: É competente o Município para fixar o horário de
funcionamento de estabelecimento comercial.
Súmula n. 19, STJ: A fixação do horário bancário, para atendimento ao
público, é da competência da União.
6.7. CICLO DE POLÍCIA
Trata-se das diversas fases do poder de polícia, quais sejam:
Basicamente, a doutrina majoritária entende que existem quatro etapas que juntas
compõem o ciclo de polícia.

CICLO DE POLÍCIA
Consiste na fixação abstrata e geral de
normas regulamentares do exercício do
poder de polícia.

1) ORDEM OU LEGISLAÇÃO DE Tem-se, por exemplo, o Código de


POLÍCIA Trânsito Brasileiro, uma regra abstrata e
geral que determina como as pessoas
devem guiar os veículos automotores ou
mesmo se comportar nas vias públicas
enquanto pedestres.
A anuência do Estado para que o
particular exerça determinada atividade.

Por exemplo, a abertura de um


2) FASE DE CONSENTIMENTO estabelecimento comercial depende de
um consentimento municipal por meio de
licença de funcionamento. No exemplo
de trânsito, a etapa do consentimento se
dá na emissão da Carteira Nacional de
Habilitação.
É a verificação do cumprimento da
ordem e do consentimento de polícia
pelos particulares no caso concreto.

Pode ser vista, por exemplo, na autuação


feita pelo agente de trânsito por uma
pessoa estar dirigindo na contramão.
3) FISCALIZAÇÃO
Cumpre perceber que a fiscalização
abrange tanto o cumprimento da
legislação de polícia, quando do
consentimento.

Se a CNH vale apenas para moto, não se


admite a condução de carro.
Caracterizada pela penalização do
particular que não cumpriu a ordem ou o
4) SANÇÃO consentimento de polícia.

Tem-se como exemplo clássico a multa


por excesso de velocidade.

O pagamento de multa de trânsito não impede que a infração seja contestada


judicialmente. Caso a penalidade seja julgada improcedente, a administração pública
deve devolver o valor pago, devidamente corrigido. O entendimento é firmado por
súmula do Superior Tribunal de Justiça".
6.8. DELEGABILIDADE DO PODER DE POLÍCIA
Há controvérsia na doutrina quanto a delegabilidade ou não de poder de polícia.
Para fins de prova, o professor indica que deve se ater à posição do STF e do STJ sobre
o assunto, sobretudo a do STJ, pois é o entendimento que prevalece na doutrina.
 É delegável o poder de polícia?
Em primeiro lugar, no que diz respeito à DELEGAÇÃO PARA PESSOAS JURÍDICAS DE
DIREITO PÚBLICO, não há dúvida quanto à sua validade.
Desse modo, o poder de polícia pode ser transferido de um Município para uma
autarquia, pois esta é uma pessoa judicia de direito público, conforme visto nas aulas
de Organização Administrativa.
No entanto, a controvérsia se instaura quando envolve a DELEGAÇÃO PARA PESSOA
JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO, ainda que pertencente à administração pública
indireta.
 De acordo com o STF, NÃO É POSSÍVEL a delegação do poder de polícia para
pessoa jurídica de DIREITO PRIVADO, ainda que integrante da Administração.

Isso porque o poder de polícia inclui-se como ATIVIDADE TÍPICA do Estado que
pressupõe o PODER DE IMPÉRIO e a SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO
sobre o particular exercida por meio de ordens coercitivas, cujo cumprimento é
obrigatório.

Existe, então, uma RELAÇÃO VERTICAL entre a Administração e o administrado


chamada de poder de império. Por isso, esse poder de império não poder ser
conferido a particulares.
“FISCALIZAÇÃO DE PROFISSÕES REGULAMENTADAS. (...) a interpretação
conjugada dos artigos 5°, XIII, 22, XVI, 21, XXIV, 70, parágrafo único, 149
e 175 da Constituição Federal, leva à conclusão, no sentido da
INDELEGABILIDADE, a uma ENTIDADE PRIVADA, de ATIVIDADE TÍPICA
DE ESTADO, que abrange até poder de polícia, de tributar e de punir, no
que concerne ao exercício de atividades profissionais regulamentadas,
como ocorre com os dispositivos impugnados” (STF, ADI 1717-DF, j. em
07/11/2002).

 O STJ, por sua vez, possui entendimento diverso, na medida em que o poder de
polícia PODE SER TRANSFERIDO a pessoa jurídica de direito privado, a
depender da ETAPA a ser delegada. Deve-se analisar o ciclo de polícia.

Assim, é possível a delegação do CONSENTIMENTO e da FISCALIZAÇÃO, pois


tais etapas não pressupõem o poder de império e a predominância típica do
Estado.

De outro lado, a fase de LEGISLAÇÃO e SANÇÃO não são delegáveis, pois


nessas fases exige-se o poder de império, indelegável aos particulares.
“Em sentido amplo, poder de polícia pode ser conceituado como o
DEVER ESTATAL DE LIMITAR-SE O EXERCÍCIO DA PROPRIEDADE E DA
LIBERDADE EM FAVOR DO INTERESSE PÚBLICO. A controvérsia em
debate é a possibilidade de exercício do poder de polícia por
particulares (no caso, aplicação de multas de trânsito por SOCIEDADE DE
ECONOMIA MISTA). 3. As atividades que envolvem a consecução do
poder de polícia podem ser sumariamente divididas em quatro grupo, a
saber: (i) legislação, (ii) consentimento, (iii) fiscalização e (iv) sanção. 4.
No âmbito da limitação do exercício da propriedade e da LIBERDADE NO
TRÂNSITO, esses grupos ficam bem definidos: o CTB estabelece normas
genéricas e abstratas para a obtenção da Carteira Nacional de
Habilitação (legislação); a emissão da carteira corporifica a vontade o
Poder Público (consentimento); a Administração instala equipamentos
eletrônicos para verificar se há respeito à velocidade estabelecida em lei
(fiscalização); e também a Administração sanciona aquele que não
guarda observância ao CTB (sanção). 5. SOMENTE OS ATOS RELATIVOS
AO CONSENTIMENTO E À FISCALIZAÇÃO SÃO DELEGÁVEIS, pois aqueles
referentes à legislação e à sanção derivam do poder de coerção do
Poder Público. 6. No que tange aos atos de sanção, o bom
desenvolvimento por particulares estaria, inclusive, comprometido pela
busca do lucro - aplicação de multas para aumentar a arrecadação” (STJ,
REsp 817534/MG, julgado em 10/11/2009).
Cumpre perceber que o STF não adentra na discussão acerca das etapas de polícia, o
que faz concluir que não necessariamente possui um entendimento contrário ao
adotado pelo STJ.
De todo modo, para fins de prova, faz-se necessário verificar que a decisão do STF foi
tomada em 2002. O Pleno, desde então, não apurou esse assunto. Desse modo, como
regra, O PROFESSOR ACONSELHA A ADOÇÃO DO ENTENDIMENTO DO STJ, haja vista
ser mais recente.

DELEGAÇÃO DO PODER DE POLICIA PARA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO


STF STJ
INDELEGÁVEL: o poder de polícia inclui-se Ciclos do Poder de Polícia STJ:
como ATIVIDADE TÍPICA do Estado que
pressupõe o PODER DE IMPÉRIO e a 1) NORMATIZAÇÃO ------ INDELEGÁVEL
SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO
sobre o particular. 2) CONSENTIMENTO ---- DELEGÁVEL

3) FISCALIZAÇÃO ------- DELEGÁVEL

4) SANÇÃO -------------- INDELEGÁVEL

As atividades de apoio são delegáveis

6.9. ATRIBUTOS
É importante apenas ressaltar que o ato de polícia, para que seja considerado legítimo,
deve respeitar uma relação de proporcionalidade entre os meios e os fins
Em regra, o poder de polícia é DISCRICIONÁRIO, imbuído de AUTOEXECUTORIEDADE e
COERCIBILIDADE (ou imperatividade).
Esses conceitos serão melhor explorados nas aulas de Atos Administrativos.
De todo modo, cumpre explanar, ainda que de forma superficial, o tema.

Porque, como regra, a legislação de polícia


confere ampla margem para o agente público
decidir como irá agir no caso concreto.

DISCRICIONÁRIO OBS. Deve-se frisar, que existem poderes de


polícia que são vinculados, tais como o caso de
licença para dirigir (CNH).

Por vezes, o poder de polícia será vinculado, se a


legislação prever uma única solução que tolha
qualquer margem de escolha para o agente
pública.
Relaciona-se ao poder de execução e imposição
do ato administrativo, onde a Administração
pode executar suas próprias decisões sem
interferia do Poder Judiciário, quando PREVISTO
EM LEI ou em SITUAÇÕES DE URGÊNCIA.

Esse atributo nem sempre vai está presente em


todo exercício do poder de polícia.
AUTOEXECUTORIEDAE
Autores desdobram o atributo da
autoexecutoriedade em dois:

a) EXIGIBILIDADE: Está relacionada à aplicação


de meios INDIRETOS de coação, tais como a
aplicação de multa ou a impossibilidade de
licenciamento de veículo enquanto não pagas as
multas de trânsito. Está presente em todas as
medidas de polícia.
b) EXECUTORIEDADE: se consubstancia na
utilização de meios DIRETOS de coação, a
exemplo da apreensão de mercadorias, da
interdição de estabelecimento, da demolição de
prédio ou da dissolução de reunião. Somente se
apresenta nas hipóteses previstas em lei ou em
situações de urgência.
Por fim, afirma que os atos administrativos
podem ser impostos unilateralmente pela
COERCIBILIDADE/IMPR Administração aos administrados.
ATIVIDADE
A coercibilidade é um atributo que torna
obrigatório o ato praticado no exercício do
poder de polícia, independentemente da
vontade do administrado.
MUITA ATENÇÃO! CESPE:
 A MULTA GOZA DA EXIGIBILIDADE E CARECE DE DA EXECUTORIEDADE.
 AS MULTAS DE TRÂNSITO SÃO EXIGÍVEIS, PORÉM, NÃO SÃO
AUTOEXECUTÁVEIS.
 A MULTA, COMO SANÇÃO RESULTANTE DO EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA
ADMINISTRATIVA, NÃO POSSUI A CARACTERÍSTICA DA
AUTOEXECUTORIEDADE.
OBS. A exigibilidade está presente em todas as medidas de polícia, ao contrário da
executoriedade, que somente se apresenta nas hipóteses previstas em lei ou em
situações de urgência.

6.10. PRESCRIÇÃO DAS SANÇÕES DE POLÍCIA


Prescreve em CINCO ANOS a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e
indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em
vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou
continuada, do dia em que tiver cessado.
Há a previsão, também, de prescrição intercorrente, no procedimento administrativo
paralisado por mais de TRÊS ANOS, pendente de julgamento ou despacho
Cumpre notar, por fim, o art. 1o da Lei n. 9.873/99.
Art. 1º. Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública
Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando
apurar infração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato
ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver
cessado.
§ 1º Incide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por
mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão
arquivados de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem
prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorrente da
paralisação, se for o caso.
§ 2º Quando o fato objeto da ação punitiva da Administração também
constituir crime, a prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal.

Vale destacar que a prescrição da ação punitiva, no caso das sanções de polícia, se
interrompe nas seguintes hipóteses (art. 2.º):
a) notificação ou citação do indiciado ou acusado, inclusive por meio de edital;
b) ocorrer qualquer ato inequívoco que importe apuração do fato;
c) pela decisão condenatória recorrível; e
d) por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação expressa de tentativa de
solução conciliatória no âmbito interno da administração pública federal.
6.11. ABUSO DE PODER
É possível que a autoridade, ao exercer o poder, ultrapasse os limites de sua
competência ou o utilize para fins diversos do interesse público. Quando isto se
verifica, diz-se que houve abuso de poder. (Pode ser omissivo ou comissivo).
Existem duas espécies:

ABUSO DE PODER
EXCESSO DE PODER DESVIO DE PODER (OU DESVIO DE
FINALIDADE):
Quando a autoridade atua extrapolando Quando a autoridade pratica um ato que
os limites da sua competência. é de sua competência, mas o utiliza para
uma finalidade diversa da prevista ou
contrária ao interesse público.

O ato praticado com abuso de poder pode ser invalidado pela própria Administração
(AUTOTUTELA) ou pelo Poder Judiciário (CONTROLE JUDICIAL).
O abuso de poder pode ocorrer tanto na forma COMISSIVA quanto na OMISSIVA, uma
vez que, em ambas as hipóteses, é possível afrontar a lei e causar lesão a direito
individual do administrado.
6.12. DEVERES ADMINISTRATIVOS
Seguindo a lição de Hely Lopes Meirelles, podemos afirmar que os principais deveres
impostos às autoridades públicas são os seguintes:
 DEVER DE AGIR;
 DEVER DE EFICIÊNCIA;
 DEVER DE PRESTAR CONTAS;
 DEVER DE PROBIDADE.

 SOBRE A DISCRICIONARIDADE PARA PROVAS SUBJETIVAS.

QUESTÕES
 ANO: 2015. BANCA: CESPE. ÓRGÃO: DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO. A
multa, como sanção resultante do exercício do poder de polícia
administrativa, não possui a característica da autoexecutoriedade.
COMENTÁRIO DA QUESTÃO: CORRETO. Não é possível a exigência de
pagamento sem anuência do Poder Judiciário, o que afasta a
autoexecutoriedade.
 ANO: 2015 - BANCA: ESAF – ÓRGÃO: PGFN. Quando o Estado, mediante
processo licitatório, contrata uma empresa especializada para fornecer e
operar aparelho eletrônico (radar fotográfico) que servirá de suporte à
lavratura de autos de infração de trânsito, está celebrando um contrato de
prestação de serviço para atividade de suporte material de fiscalização.
COMENTÁRIO DA QUESTÃO.CORRETO. Permite-se uma empresa privada
fornecer materiais de fiscalização, pois é uma mera atividade de suporte
material, sem delegação de poder de polícia.

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