Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PODERES ADMINISTRATIVOS
São prerrogativas especiais que a administração goza, para poder de forma eficaz,
alcançar/promover o interesse público.
Segundo a doutrina dominante, os poderes administrativos podem ser classificados em
seis, são eles:
3.5. ABRANGÊNCIA
1
O professor dá como dica o mnemônico DENOREX: DEcisória de recurso administrativo, NOrmativa, e
EXclusiva.
Disso se conclui que não há que se falar em poder hierárquico entre a pessoa da
Administração Indireta e o ente federativo da Administração Direta.
NÃO HÁ SUBORDINAÇÃO PROPRIAMENTE DITA!
É POSSÍVEL, no entanto, o exercício de poder hierárquico no âmbito dos ÓRGÃOS
INTERNOS de uma mesma pessoa da Administração Indireta.
Nesse sentido, em razão do poder hierárquico, admite-se, independente de previsão
legal, recurso ao superior de um agente subordinado.
CAIU: O recurso hierárquico impróprio deve ser dirigido à autoridade de outro órgão
não integrado à mesma hierarquia do órgão que proferiu o ato. (CERTO)
QUESTÕES
ANO: 2014 – BANCA: FCC – ÓRGÃO: TRT 8. O poder disciplinar, exercido pela
Administração Pública exclusivamente sobre os servidores públicos, consiste na
possibilidade de apurar infrações e aplicar sanções nas hipóteses nas quais o
agente público age em desconformidade com os princípios e regras legais do
ordenamento jurídico, estando seu exercício vinculado ao princípio da
legalidade.
COMENTÁRIOS DA QUESTÃO INCORRETO. O poder disciplinar não incide
exclusivamente ao servidor público, como também a todos que possuem vínculo
especial com a Administração Pública (contratados, usuários de serviço público
etc).
ANO: 2015 – BANCA: CESPE – ÓRGÃO: TRT 15. Quando se fala sobre a
coordenação e subordinação de entes, órgãos e agentes entre si e se alude à
uma distribuição de funções, para que seja promovida uma sequência de
autoridade progressiva, estrutura que viabilizará a ordenação harmônica de
atuações, agregada a possibilidade de fiscalização e correção de eventuais
irregularidades, trata-se da descrição do poder disciplinar.
COMENTÁRIOS DA QUESTÃO.INCORRETO. Essa descrição diz respeito ao poder
hierárquico. Fala-se em COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO dos entes, bem
como distribuição de funções entre eles, sendo exatamente esses os
pressupostos do poder hierárquico.
5. PODER NORMATIVO
5.1. PODER REGULAMENTAR VS. PODER NORMATIVO
Antes de tudo, deve ser feita uma observação semântica acerca da acepção do poder
regulamentar, pois a doutrina controverte na distinção entre esse conceito e o poder
normativo.
De todo modo, adotar-se-á a corrente majoritária no sentido de que o PODER
NORMATIVO configura um gênero que engloba a edição de qualquer ato abstrato,
genérico e impessoal pela Administração Pública.
Já o PODER REGULAMENTAR se apresenta como uma espécie de poder normativo
que diz respeito apenas aos regulamentos editados pelo Chefe do Executivo,
basicamente os decretos regulamentadores das leis, editados para sua fiel execução.
O poder regulamentar é o poder de a administração pública editar atos que regulam
as leis em sentido estrito, e não editar leis em sentido estrito.
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir
decretos e regulamentos para sua fiel execução;
Mesmo o PODER NORMATIVO sendo um gênero, ele é restrito a poucos entes da
Administração (Chefe do Executivo na expedição de decretos; Ministros de Estado na
expedição de Instruções Normativas; Agências Reguladoras na emissão de Resoluções
que envolvem matéria técnica).
5.2. CONCEITO
Desse modo, PODER REGULAMENTAR pode ser conceituado como poder conferido ao
Chefe do Executivo para expedição de atos normativos, em especial os regulamentos
para fiel execução das leis, conforme o art. 84, IV da CF.
5.3. ESPÉCIES DE DECRETOS/REGULAMENTOS
Esse conceito nos leva à discussão sobre as espécies de decretos.
Existe uma discussão doutrinária se todo decreto é executivo (regulamentador) ou se
existe os chamados decretos autônomos.
Trata-se de uma discussão doutrinária, pois na prática a jurisprudência e a doutrina
dominante admitem tranquilamente a figura do decreto autônomo.
2
Trata-se de competência exclusiva do Congresso Nacional que independe de sanção do Presidente da
República, conforme dispõe art. 48, da CF.
Justifica-se a deslegalização porque, hoje, enfrenta-se uma crise do princípio da
legalidade, até mesmo uma crise da democracia representativa.
Isso porque o mundo atual é bastante dinâmico e com intensa evolução tecnológica;
de outro lado, o Poder Legislativo é burocrático e lento, não conseguindo
acompanhar tais mudanças.
Além disso o Legislativo não possui competência técnica necessária para o
enfrentamento de questões específicas de setores complexos.
Desse modo, o Legislativo fixa diretrizes a serem observadas na regulamentação,
bem como DELEGA/TRANSFERE a regulamentação da matéria técnica para entidade
ou órgão específico, geralmente para as AGÊNCIAS REGULADORAS, o maior expoente
do direito brasileiro no âmbito da deslegalização.
Em suma, essa é a deslegalização, que admite a chamada DELEGAÇÃO COM
PARÂMETRO (delegation with standards).
O CERNE DESSE FENÔMENO gira em torno da crise da legalidade e da democracia
representativa, bem como a necessidade de atender a demandas dinâmicas de um
mundo complexo, técnico.
Assim, transfere-se do Poder Legislativo a criação de algumas OBRIGAÇÕES
PRIMÁRIAS e DIREITOS para as agências reguladoras ou outros órgãos técnicos
acompanharem essas mutações por regime flexível que decorre do poder normativo.
Com o objetivo de demonstrar que esse assunto não é meramente teórico, tem-se a
seguinte ementa:
No que se refere à alegada inconstitucionalidade dos artigos 9o, parágrafo
único, 21 e 22 da Lei 12.485/2011, que estenderam os poderes normativos
conferidos à Ancine, são legítimos os dispositivos. A moderna concepção
do princípio da legalidade, em sua acepção principiológica, ou formal-
axiológica, chancela a atribuição de poderes normativos ao Poder
Executivo, DESDE QUE PAUTADA POR PRINCÍPIOS INTELIGÍVEIS, CAPAZES
DE PERMITIR O CONTROLE LEGISLATIVO E JUDICIAL SOBRE OS ATOS DA
ADMINISTRAÇÃO. Na espécie, as normas impugnadas, apesar de
conferirem autoridade normativa à Ancine, estão acompanhadas por
parâmetros aptos a conformar a conduta de todas as autoridades do
Estado envolvidas na disciplina do setor audiovisual, o que impede que
qualquer delas se transforme em órgão titular de um pretenso poder
regulatório absoluto. (ADI 4747/DF, ADI 4756/DF, ADI 4923/DF e ADI
4679/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 8/11/2017 - Info 884).
Basicamente, esse julgado demonstra a admissão do fenômeno da delegação com
parâmetros. Na moderna legalidade, ou até mesmo a juridicidade – obediência da
Administração não só a lei em sentido formal, mas a todo o ordenamento jurídico,
inclusive princípios constitucionais etc –, deve ser admitido que a lei estabeleça apenas
princípios inteligíveis preenchidos pelo Poder Executivo no âmbito do poder
regulamentar.
Assim decidiu o STF ao entender legítima a delegação de uma lei federal à agência
ANCINE – Agência Nacional de Cinema – para regular o mercado de cinema e
teletransmissão.
Essa deslegalização é tão intensa que O STJ ADMITE ATÉ MESMO A DELEGAÇÃO
NORMATIVA PARA CRIAR SANÇÕES.
Não há violação do princípio da legalidade na aplicação de multa previstas
em resoluções criadas por agências reguladoras, haja vista que elas foram
criadas no intuito de regular, em sentido amplo, os serviços públicos,
havendo previsão na legislação ordinária delegando à agência reguladora
competência para a edição de normas e regulamentos no seu âmbito de
atuação. (STJ. 2a Turma. AgRg no AREsp 825776/SC, Rel. Min. Humberto
Martins, julgado em 05/04/2016).
É verdade que, de acordo com uma concepção clássica, não se admite a criação de
sanções por atos infralegais, mas o STJ, no caso das agências reguladoras, entende
que não há violação à legalidade na criação de multas por meio de resoluções
emitidas pelas agências reguladoras, desde que exista previsão na legislação
ordinária delegando à agência essa competência para editar normas e regulamentos.
DICA PARA PROVAS: Assim, essa posição deve ser mencionada apenas quando houver
indagação expressa acerca de jurisprudência ou doutrina contemporânea,
normalmente presente em provas de segunda fase numa perspectiva mais axiológica
ou jurisprudencial. Na primeira fase, uma assertiva do tipo “o regulamento não pode
inovar no ordenamento jurídico” deve ser considerada como certa, sendo essa a
concepção tradicional.
5.7. REGULAMENTOS JURÍDICOS VS. REGULAMENTOS ADMINISTRATIVOS
A Di Pietro diz que REGULAMENTOS JURÍDICOS são aqueles atos normativos com
base na supremacia geral da Administração, e, portanto, aplicados a todos os
administrados.
Já os REGULAMENTOS ADMINISTRATIVOS dizem respeito somente aos particulares
que se encontram em uma especial relação com a Administração Pública.
5.8. COMPETÊNCIA PARA O EXERCECIO DO PODER REGULAMENTAR (ATENÇÃO)
O tema não conta com unanimidade em sede doutrinária.
Explique-se:
Há quem sustente, de fato, e é esta a posição que se afigura MAJORITÁRIA, que o
exercício do poder regulamentar, realmente, seria privativo dos Chefes do Poder
Executivo (presidente da República, governadores e prefeitos). Seria, pois, uma
espécie do gênero maior denominado poder normativo. E consiste, na essência, na
faculdade de editar atos infralegais, dotados de generalidade e abstração, com o
escopo de dar fiel execução às leis. (MARIA SYLVIA DI PIETRO).
Refira-se, todavia, que também existe corrente doutrinária que não faz tal distinção
terminológica. Vale dizer, se refere ao poder regulamentar independentemente da
autoridade da qual emana, mesmo que não se trate, portanto, da Chefia do
Executivo. Assim, há também atos normativos que, editados por outras autoridades
administrativas, podem caracterizar-se como inseridos no poder regulamentar. É o
caso de instruções normativas, resoluções, portarias etc. (CARVALHO FILHO)
ATENÇÃO! A CESPE EM DIVERSAS QUESTÕES UTILIZA OS DOIS ENTENDIMENTOS,
ASSIM, É ACONSELHAVÉL DEIXAR A QUESTÃO EM BRANCO.
CAIU ASSIM: O exercício do poder regulamentar é privativo do chefe do Poder
Executivo da União, dos estados, do DF e dos municípios. (CERTO)
A administração, ao editar atos normativos, como resoluções e portarias, que criam
normas estabelecedoras de limitações administrativas gerais, exerce o denominado
poder regulamentar. (ERRADO)
ATENÇÃO! Em sendo adotada, portanto, esta posição doutrinária majoritária, a edição
de resoluções e portarias não caracterizariam o exercício do poder regulamentar,
mas sim do PODER NORMATIVO. Afinal, referidos atos não são de competência dos
Chefes do Poder Executivo, os quais, quando desejam produzir atos normativos, o
fazem sob a forma de Decretos.
QUESTÕES
CESPE - AGU 2015. Foi editada portaria ministerial que regulamentou, com
fundamento direto no princípio constitucional da eficiência, a concessão de
gratificação de desempenho aos servidores de determinado ministério. A
portaria em questão poderá vir a ser sustada pelo Congresso Nacional, se essa
casa entender que o ministro exorbitou de seu poder regulamentar.
COMENTÁRIO DA QUESTÃO: CORRETO. Como regra, o poder normativo ou
regulamentar não pode, em sede de decreto executivo, extrapolar a lei. Isto é,
faz-se necessário uma lei para justificar a regulamentação. Logo, não pode
regulamentar uma gratificação de desempenho com base em princípio
constitucional. No caso, a criação de qualquer vantagem pecuniária a servidores
possui reserva formal de lei, o que torna a correção do enunciado. Desse modo,
se o Congresso Nacional entender que o regulamento é exorbitante, poderá
sustá-lo com base no art. 49, V, da Constituição Federal.
ANO: 2015. BANCA: CESPE. ÓRGÃO: ADVOCACIA PÚBLICA DA UNIÃO. As
portarias são qualificadas como atos de regulamentação de segundo grau.
COMENTÁRIO DA QUESTÃO: CORRETO. De fato, as portarias, espécie do gênero
“atos normativos”, compreendem atos infralegais, e, portanto, subordinados à
lei, sendo assim atos de segundo grau.
ANO: 2015. BANCA: CESPE. ÓRGÃO: ADVOCACIA PÚBLICA DA UNIÃO. Foi editada
portaria ministerial que regulamentou, com fundamento direto no princípio
constitucional da eficiência, a concessão de gratificação de desempenho aos
servidores de determinado ministério. Na hipótese considerada, a portaria não
ofendeu o princípio da legalidade administrativa, tendo em vista o fenômeno da
deslegalização com fundamento na CF.
COMENTÁRIO DA QUESTÃO: INCORRETO. Admite-se a deslegalização? Sim.
Porém não em qualquer caso. Deslegalização é admissível quando há uma
delegação com parâmetros, especialmente a fim de que seja regulamentada uma
matéria técnica. No caso, não há matéria técnica, tampouco delegação com
parâmetros. Portanto, a portaria ofende o princípio da legalidade.
6. PODER DE POLÍCIA
6.1. CONCEITO
Basicamente, é o poder conferido à Administração para LIMITAR e CONDICIONAR
direitos e interesses individuais em prol dos INTERESSES COLETIVOS.
A POLÍCIA ADMINISTRATIVA tem por objetivo a manutenção da ordem pública e das
melhores condições para a generalidade dos cidadãos.
Pensa-se um poder de polícia bastante comum: o poder de polícia de trânsito.
6.2. FUNDAMENTO
Percebendo esse benefício coletivo de restringir alguns direitos, admite-se que o
poder de polícia restrinja direitos e interesses de um ou de outro em prol do
interesse da coletividade. (Essa é a noção por detrás do poder polícia.)
Desse modo, essa noção possui claro fundamento no princípio da SUPREMACIA DO
INTERESSE PÚBLICO SOBRE O PARTICULAR.
Nesse sentido, o poder de polícia se ancora no INTERESSE PÚBLICO para condicionar
ou restringir interesses ou direitos individuais.
Ao lado desse fundamento genérico, existe FUNDAMENTO EM LEIS ESPECÍFICAS que
regulamentam o poder de polícia.
Tais fundamentos legitimam o exercício do poder de polícia através de fiscalização,
consentimento, aplicação de sanções etc, enfim, em todas as fases do poder de
polícia, como será visto a seguir.
6.3. BASE LEGAL
O poder de polícia possui uma conceituação legal no art. 78 do Código Tributário
Nacional.3
Art. 78. Considera-se poder de polícia ATIVIDADE DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA que, LIMITANDO ou DISCIPLINANDO DIREITO, INTERESSE ou
LIBERDADE, REGULA a prática de ato ou abstenção de fato, em RAZÃO DE
INTERESSE PÚBLICO concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de
atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder
Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos
individuais ou coletivos.
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia
quando DESEMPENHADO PELO ÓRGÃO COMPETENTE NOS LIMITES DA LEI
APLICÁVEL, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade
que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.
Trata-se de um rol meramente exemplificativo, existindo poder de polícia em
situações não previstas na norma acima.
6.4. SENTIDO AMPLO VS. SENTIDO RESTRITO
Em SENTIDO AMPLO, poder de polícia compreende não só a atuação dos agentes
administrativos na fiscalização, autorização e punição, como também a FUNÇÃO
LEGISLATIVA, também chamada de ORDEM DE POLÍCIA.
Nesse sentido, o poder de polícia engloba as leis que disciplinam o poder de polícia e
os agentes da atuação administrativa, que conferem efetividade às leis.
Já em SENTIDO RESTRITO, o poder de polícia abarca tão somente a atuação
administrativa.
6.5. PODER DISCIPLINAR VS. PODER DE POLÍCIA
Esses poderes possuem características em comum. Tanto o poder de polícia quanto o
poder disciplinar podem culminar na aplicação de sanção e apuração de possíveis
infrações.
Quais seria a diferença entre esses poderes?
No PODER DE POLÍCIA, o vínculo entre a Administração e o administrado é genérico.
3
O conceito de poder de polícia está presente no CTN, pois admite-se a criação de taxa em razão do
exercício do poder de polícia.
Isso significa que a Administração, sob a rubrica do poder de polícia, pode abranger
qualquer cidadão, ainda que não seja previamente identificado.
O poder de polícia, por sua vez, aplica-se à generalidade das pessoas,
independentemente de uma relação mais específica.
Por exemplo, o Código de Trânsito Brasileiro se aplica a todos que estão nas vias
públicas, inclusive os pedestres.
Já o PODER DISCIPLINAR abrange tão somente aqueles que possuem um vínculo
específico com a Administração Pública e, por isso, sujeitam-se à disciplina interna da
Administração.
O servidor, o usuário de serviço público e o contratado pela Administração, por
exemplo, sujeitam-se a disciplina interna.
POLÍCIA JUDICIÁRIA é aquela que existe para combater infrações penais e
preparatória para a jurisdição penal.
Já a POLÍCIA ADMINISTRATIVA, que diz respeito ao poder de polícia propriamente
dito, atua na apuração, repressão e prevenção de ilícitos administrativos.
Demais disso, a polícia administrativa se exaure em si mesma, ou seja, começa e
termina na Administração Pública.
Portanto, a principal distinção entre a POLÍCIA ADMINISTRATIVA e a POLÍCIA
JUDICIÁRIA diz respeito ao objeto: esta vista apurar infrações penais; aquela, apurar
infrações administrativas.
Nada obstante, existem outras características de distinção entre essas polícias que são
interessantes para fins de prova.
A polícia judiciária é privativa de corporações especializadas — polícias civis e
militares—, enquanto a polícia administrativa se distribui entre diversos órgãos da
administração.
6.6. COMPETÊNCIA
Em regra, o poder de polícia é exercido pelo ente competente para exercer a
atribuição respectiva.
Justamente em razão dessa característica, qual seja, de o poder de polícia seguir a
competência legislativa e administrativa, o STF, conforme jurisprudência sumulada,
entende que o Município é competente para fixar o horário de funcionamento de
estabelecimento comercial.
Por outro lado, a fixação do estabelecimento bancário, para atendimento ao público,
é da competência da União, pois a competência para fiscalizar e editar regras sobre o
Sistema Financeiro Nacional é da União.
Súmula Vinculante n. 8: É competente o Município para fixar o horário de
funcionamento de estabelecimento comercial.
Súmula n. 19, STJ: A fixação do horário bancário, para atendimento ao
público, é da competência da União.
6.7. CICLO DE POLÍCIA
Trata-se das diversas fases do poder de polícia, quais sejam:
Basicamente, a doutrina majoritária entende que existem quatro etapas que juntas
compõem o ciclo de polícia.
CICLO DE POLÍCIA
Consiste na fixação abstrata e geral de
normas regulamentares do exercício do
poder de polícia.
Isso porque o poder de polícia inclui-se como ATIVIDADE TÍPICA do Estado que
pressupõe o PODER DE IMPÉRIO e a SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO
sobre o particular exercida por meio de ordens coercitivas, cujo cumprimento é
obrigatório.
O STJ, por sua vez, possui entendimento diverso, na medida em que o poder de
polícia PODE SER TRANSFERIDO a pessoa jurídica de direito privado, a
depender da ETAPA a ser delegada. Deve-se analisar o ciclo de polícia.
6.9. ATRIBUTOS
É importante apenas ressaltar que o ato de polícia, para que seja considerado legítimo,
deve respeitar uma relação de proporcionalidade entre os meios e os fins
Em regra, o poder de polícia é DISCRICIONÁRIO, imbuído de AUTOEXECUTORIEDADE e
COERCIBILIDADE (ou imperatividade).
Esses conceitos serão melhor explorados nas aulas de Atos Administrativos.
De todo modo, cumpre explanar, ainda que de forma superficial, o tema.
Vale destacar que a prescrição da ação punitiva, no caso das sanções de polícia, se
interrompe nas seguintes hipóteses (art. 2.º):
a) notificação ou citação do indiciado ou acusado, inclusive por meio de edital;
b) ocorrer qualquer ato inequívoco que importe apuração do fato;
c) pela decisão condenatória recorrível; e
d) por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação expressa de tentativa de
solução conciliatória no âmbito interno da administração pública federal.
6.11. ABUSO DE PODER
É possível que a autoridade, ao exercer o poder, ultrapasse os limites de sua
competência ou o utilize para fins diversos do interesse público. Quando isto se
verifica, diz-se que houve abuso de poder. (Pode ser omissivo ou comissivo).
Existem duas espécies:
ABUSO DE PODER
EXCESSO DE PODER DESVIO DE PODER (OU DESVIO DE
FINALIDADE):
Quando a autoridade atua extrapolando Quando a autoridade pratica um ato que
os limites da sua competência. é de sua competência, mas o utiliza para
uma finalidade diversa da prevista ou
contrária ao interesse público.
O ato praticado com abuso de poder pode ser invalidado pela própria Administração
(AUTOTUTELA) ou pelo Poder Judiciário (CONTROLE JUDICIAL).
O abuso de poder pode ocorrer tanto na forma COMISSIVA quanto na OMISSIVA, uma
vez que, em ambas as hipóteses, é possível afrontar a lei e causar lesão a direito
individual do administrado.
6.12. DEVERES ADMINISTRATIVOS
Seguindo a lição de Hely Lopes Meirelles, podemos afirmar que os principais deveres
impostos às autoridades públicas são os seguintes:
DEVER DE AGIR;
DEVER DE EFICIÊNCIA;
DEVER DE PRESTAR CONTAS;
DEVER DE PROBIDADE.
QUESTÕES
ANO: 2015. BANCA: CESPE. ÓRGÃO: DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO. A
multa, como sanção resultante do exercício do poder de polícia
administrativa, não possui a característica da autoexecutoriedade.
COMENTÁRIO DA QUESTÃO: CORRETO. Não é possível a exigência de
pagamento sem anuência do Poder Judiciário, o que afasta a
autoexecutoriedade.
ANO: 2015 - BANCA: ESAF – ÓRGÃO: PGFN. Quando o Estado, mediante
processo licitatório, contrata uma empresa especializada para fornecer e
operar aparelho eletrônico (radar fotográfico) que servirá de suporte à
lavratura de autos de infração de trânsito, está celebrando um contrato de
prestação de serviço para atividade de suporte material de fiscalização.
COMENTÁRIO DA QUESTÃO.CORRETO. Permite-se uma empresa privada
fornecer materiais de fiscalização, pois é uma mera atividade de suporte
material, sem delegação de poder de polícia.