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Sendo assim, a farmacogenética estuda as bases genéticas na variação das respostas aos
fármacos e comumente implica os efeitos marcantes de um pequeno número de variantes do DNA.
Uma visão mais recente estende essa ideia para aplicá-la nas múltiplas variantes genéticas em
populações e com frequência emprega-se o termo farmacogenômica, que estuda grandes números
de variante em determinados indivíduos ou populações para explicar o componente genético das
respostas variadas aos fármacos.
O polimorfismo é uma variação na sequência de DNA que está presente em uma frequência
alélica igual ou superior a 1% em determinada população. As variações genéticas podem ser
inserções ou supressões, mas o tipo mais comum é o polimorfismo de nucleotídeo único (SNP) cuja
sigla em português é PUN e é responsável por 90% da variação genética humana. Os SNPs que
ocorrem em uma região codificadora são conhecidos como SNPs codificadores e podem ser
subdivididos em não sinônimos codificadores (missense), que resultam na substituição de um
nucleotídeo (por exemplo, alteram um aminoácido de prolina ou glutamina, o qual pode alterar a
estrutura, estabilidade, afinidade pelo substrato ou a função das proteínas ou também induzir um
códon de parada); em sinônimos codificadores (sense), no qual a substituição de um par de bases
dentro de um códon não altera o aminoácido codificado, mas pode ter consequências funcionais. No
caso mais comum, a substituição do terceiro par de base, que é chamada de posição de oscilação de
um códon de 3 pares de base, substituir guanina por adenina na prolina não altera o aminoácido
codificado; ou em não codificador (nonsense), no qual a alteração introduzida insere um código de
parada. Os SNPs são constantemente gerados, mas podem ser corrigidos por ação de reparação do
DNA durante a replicação, se o SNP ocorre em 5 a 10% da população é considerado comum. De
modo semelhante, pequenas inserções ou deleções podem alterar as funções da proteína ou resultar
em variações de splicing funcionalmente importantes, mas elas são bem menos comuns do que os
SNPs, dito anteriormente.
Os polimorfismos diferem quanto a sua frequência nas populações e são classificados como
cosmopolitas ou específicos para uma determinada população. O polimorfismo cosmopolita é
aquele que está presente em todos os grupos étnicos, embora a frequência possa variar em cada
grupo. A existência de polimorfismo étnicos e raciais específicos é compatível com o isolamento
geográfico das populações humanas, elas tiveram origem de populações isoladas que mais tarde
alcançaram determinadas frequências porque são vantajosas (seleção positiva) ou mais
provavelmente neutras para uma população. Se é uma população mais antiga do mundo, os
afrodescendentes são portadores de polimorfismos específicos adquiridos recentemente e dos
polimorfismos cosmopolitas mais antigos, desenvolvidos antes da migração para fora da África,
quando comparamos esses pacientes com americanos de origem mexicanas, europeias ou asiáticas.
Exemplo: essa enzima (CYP2D6) encontra-se na sua forma inativa entre 5-10% da
população caucasiana e de 1-2% de asiáticos, por outro lado, em 13% dos etíopes há uma
frequência de alelos da CYP2D6 que codificam uma enzima com a atividade aumentada. Como a
CYP é responsável pelo metabolismo de aproximadamente 20% dos fármacos (antagonistas beta-
adrenérgicos, antidepressivos tricíclicos), mas também é responsável pela transformação da codeína
em morfina vejamos como se comportam os diferentes tipos de metabolizadores nessa população.
Os metabolizadores lentos apresentarão efeito adverso quando tratados com dose padronizada dos
fármacos em geral (antagonistas beta-adrenérgicos, antidepressivos tricíclicos) e para codeína, que é
um pró-fármaco que depende da ativação pela CYP2D6, ele é praticamente ineficaz nesses
pacientes pois a codeína não se converte a morfina em quantidades suficientes ou mesmo não se
converte. Em função disso, a morfina não é capaz de exercer os efeitos analgésicos. Os
metabolizadores ultrarrápidos, por outro lado, exigem doses maiores para que o efeito terapêutico
seja obtido já que o fármaco é metabolizado muito rapidamente. Por isso, pode ocorrer efeito
adverso e até mesmo uma depressão respiratória causada pela dose de codeína em excesso e essa
depressão respiratória é causada especificamente por causa da morfina que é gerada a partir da
codeína.
Variações genéticas no receptor ou vias de sinalização alteram a farmacoterapia. O
polimorfismo no alvo de um fármaco não precisa causar doença como, por exemplo, uma variante
do promotor VKORC1 (particularmente comum em asiáticos) reduz a atividade transcricional e a
necessidade de doses de varfarina. A varfarina é um anticoagulante que interfere na síntese dos
fatores de coagulação dependentes de vitamina K e a molécula alvo com a qual ela se liga para
produzir os efeitos é codificada pelo gene VKORC1, que produz uma enzima do ciclo da vitamina
K. Variantes raras na região codificadora desse gene podem causar resistência parcial ou completa a
varfarina. Essas variantes são comuns em judeus de origem na europa central e podem explicar as
doses mais altas necessárias para obter coagulação nesses indivíduos. Por outro lado, indivíduos
com expressão reduzida precisam de doses muito mais baixas de varfarina no estado de equilíbrio.
Essas variantes são mais comuns em populações asiáticas do que em brancos ou africanos. A
varfarina é metabolizada pela CYP2C9, gerando um epóxido inativo e produz seu efeito
anticoagulante por inibição da enzima k epóxido redutase, que é a VKOR, que é a enzima
necessária para redução da forma inativa da vitamina K em sua forma ativa. Sendo assim, os
polimorfismos nesses genes afetam a farmacocinética e farmacodinâmica da varfarina,
respectivamente, alteram as doses terapêuticas médias populacionais necessárias para manter o grau
desejado de anticoagulação. Isso é avaliado pela determinação do INR no sangue e também reduzir
o risco de anticoagulaçao insuficiente causando trombose ou excessiva causando sangramento. As
variações hereditárias dos genes CYP2C9 e VKORC1 são responsáveis por mais de 50% da
variação de doses de anticoagulante necessário. No gráfico, observamos que nas populações
homozigóticas a dose recomendada está relativamente mais baixa do que nas populações
heterozigóticas. Percebe-se claramente que em populações distintas onde observamos uma alteração
da expressão desses genes e da produção dessas enzimas metabolizadoras, há uma alteração
importante na concentração ou na dose inicial recomendada para o tratamento com varfarina.
Nesse primeiro estudo, o autor mostra que o SARS-COV-2 pode induzir muitos processos
imunológicos, o que indica que agentes imunossupressores que estão em ensaios clínicos possam
ser eficazes para alguns pacientes, mas prejudiciais a outros. Essa revisão sugere que a abordagem
mais sutil a modulação imune no covid-19 e que é necessário que suprimir o sistema imunológico
quando os pacientes estão combatendo infecções pode ser uma abordagem muito perigosa. Os
autores concluem que se os pacientes precisam ser tratados com base em seu estado imunológico,
deve haver inicialmente um rastreamento muito mais completo desse status imunológico para
minimizar qualquer tipo de problemas relacionado ao tratamento.
Um outro estudo, que foi um estudo piloto, testou a amostra de ar para SARS-COV-2 e
conseguiu identificar sequências genômicas completas do SARS-COV-2 por sequenciamento de
Sanger semelhante aos genomas que foram descritos na Geórgia.
Uma meta-análise genética envolvendo 1980 pacientes com covid-19 severa em 7 hospitais
italianos e espanhóis analisou em torno de 8 milhões de polimorfismo genéticos do tipo SNP tendo
um agrupamento de genes 3p21.31 como um locus de susceptibilidade genética em pacientes com
covid com insuficiência respiratória. O sinal de associação no locus 9q34.2 coincidiu com o locus
34abo, nesse estudo de corte uma análise especifica do grupo sanguíneo mostrou maior risco no
grupo sanguíneo A do que em outros grupos sanguíneos e efeito protetor no grupo sanguíneo O em
comparação com outros grupos sanguíneos.
A descoberta dos alelos, variantes comuns, com efeitos relativamente significativos sobre a
resposta aos fármacos sugere a probabilidade de que essas variantes possam ser usadas para guiar
terapia. Os resultados desejados poderiam ser maneiras melhores de escolher os fármacos e doses
provavelmente efetivas ou evitar medicamentos passiveis de provocar reações adversas graves ou
de serem ineficazes em indivíduos. Nos EUA, o FDA incorporou dados farmacogenéticos nas bulas
com a finalidade de guiar a prescrição e a decisão de adotar uma dose farmacogeneticamente
orientada para determinar o fármaco. Além disso, os instrumentos genéticos estão sendo cada vez
mais utilizados para identificar ou validar novos alvos farmacológicos. Os estudos inicias nesse
campo sugerem que um novo programa de desenvolvimento de fármacos tem mais tendência a ter
êxito se as evidencias provenientes da genética humana sustentam o papel de um possível alvo
farmacológico na patogênese da doença e sugerem que o risco de toxicidade devido a
farmacogenética de alto risco ou outros mecanismos é pequeno.