ASSENTAMENTOS E QUALIDADES DE ORIXÁ (KETU)e OUTRAS HISTÓRIAS.
No passado e na África a maioria dos assentamentos de orixás eram diferentes do
que vemos hoje, o otá (a pedra), sempre foi o principal elemento e todo o restante enfeites e atributos que cada um ia incorporando ao seu ritual particular. Um exemplo disso, temos os assentamentos de Oxum e Yemanja, que na década de 60 e 70 eram colocados 09 espelhinhos na cor azul para Yemanja e 05 espelhinhos na cor amarela para Oxum, nos dias de hoje exige-se conchas grandes em formato de leque, algumas casas colocam búzios abertos e em outras búzios fechados, em algumas casas moedas atuais e antigas misturadas, em outras somente moedas atuais, algumas tentam marcar a qualidade ou caminho do Orixá através de algum enfeite como, por exemplo, adaga para identificar uma Oxum guerreira ou Ofá para identificar uma Yemanja ligada a caça, algumas usam a massa de tabatinga para assentar Oguns, Exus, Ossains, Oxumarês e outras os assentam soltos. Algumas assentam Exu Bara fêmea e dizem que o garfo então deve ser em formato arrendondado, outros não aceitam e somente fazem o Exu Bara Macho por entender que Exu no candomblé é um Orixá macho, uns assentam Iba Ori e outros não, enfim é importante saber que o Otá (pedra) continua sendo e não mudará nunca sua importância, é onde efetuamos o Orô ( o sacrifício do animal e consequentemente daremos a vida a esta matéria em forma de pedra). Hoje se dá tanta importância a qualidade de um Orixá do que a ele próprio em sua essência primária, tudo por causa da vaidade e da necessidade de ostentação por parte de sacerdotes ou filhos de santo. Hoje vemos um valor enorme dado a coisas que não pertencem a essência do Orixá, mas acabou ficando agregado como cultura ou costumes nas casas de Candomblé. Logicamente com tantas diferenças, a religião parece ser dividida, sempre minha casa de Asé é mais certa do que a sua, não sobram críticas, falácias, fofocas, mexericos. Outrossim a questão de qualidades ou caminhos de Orixá no Ketu parece sempre ser controversa, uns cultuam determinados caminhos e tem orôs próprios para marcar este caminho, outros cultuam os mesmos caminhos porem com oôs diferentes, as casas matriz se diferenciam de suas filiais, e assim uma miscigenação de culturas e ideias vai acontecendo e quanto mais descendentes, mais novidades e diferenças vão surgindo. Se antigamente era impossível ao Orixá liberar o filho iniciado (Yawo) de usar o kelê após a sua saída de santo, hoje em dia pela necessidade da vida parece que o santo mudou de idéia ou o homem passou a entender que tem coisas que precisam seguir a necessidade da vida cotidiana . Determinados tabus caem por terra, preceitos e costumes. Infelizmente sacerdotes falam coisas de Orixá, até mesmo dizendo que estão vendo no jogo de búzios quando não estão vendo coisa alguma, e as vezes falam a verdade. Muitos usam seus Egunguns assentados em seus barracões para servir de lacaio e buscar seus clientes, as vezes fazendo o cliente endinheirado ou o filho endinheirado ficar escravizado pela necessidade sempre de ebós, presentes, etc..as vezes o filho ou cliente não tem nada, porem o egungum enviado pelo sacerdote faz a necessidade acontecer. Atualmente a moda é cultuar Ifá, ou ser iniciado para Ifá, se atentarmos para os preceitos e exigências que seguem tal iniciação, fica muito difícil a um Babalorixa ou Iyalorixá continuar a sua missão sendo iniciados em Ifá. Tudo para gerar status. Como uma Iyalorixá consegue ver nos búzios um caminho de odu, se os mesmos até bem pouco tempo atrás só falavam com homens? Como um iniciado em Ifá continuará a receber entidades de Umbanda e Orixás de Candomblé sob forma de incorporação, se até bem pouco tempo atrás isso não era possível para quem fosse de Ifá? Como Babalorixás hoje em dia conseguem cultuar sozinhos as Iyamis (culto exclusivo de mulheres) e Iyalorixás cultuarem sozinhas Baba-Eguns (culto exclusivo aos homens)? Fora tantos que criticam o receber pretos velhos, caboclos ou outros espíritos de Umbanda, dizendo serem eguns e não abrem mão de suas pombo giras ou exus incorporados. Tem alguma diferença? A moda também agora são entidades de Umbanda incorporadas em sacerdotes de culto candomblé que se dizem egunguns, tem endereço e nome onde se encontra a cova que estão enterrados, ou agem como se fossem os espíritos cultuados por Ojés. Enfim, entra ano, sai ano, entra época e sai época e novas manias surgem, velhas manias ressurgem, porem precisamos ter critérios sempre para pesar na balança o que deve ser importante ou não a ser cultuado ou repassado aos nossos filhos. O mais importante creio eu e termos raiz bem firmada, tentar ao máximo seguir a tradição de sua casa matriz, tentando com isso manter a essência da religião mais pura (se possível for) e ter principalmente na fala dos Orixás através dos búzios ou na fala do Opelê através de um Babalawo os conselhos que nunca falham. Asé a todos! Oju Omim.