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ARTIGO DE REVISÃO

Cdimbras
Ana Claudia Piccolo'', Me/re Argentoni*,
Suzanmeire N.Minatti-Hannuch**, José Geraldo de Camargo Lima***

RESUMO
Os autores fazem uma revisão geral sobre cairn-
CONSIDERAÇÕES GERMS
bras. Enfatizam a caimbra verdadeira, e desta ana-
lisam aspectos fisiopatolegicos, eletrefisologicos,
Ctiimbras musculares são muito comuns na pratica médica, sendo referidas isoladamen-
clínicos e terapêuticos. te ou em associação a diversas doenças sistêmicas e do sistema nervoso (36'50).
Segundo Rowland (50) caimbra duma contração muscular dolorosa, involuntária, com
duração de 5 a 10 minutos e muitas vezes produzindo um aumento visível do músculo,
UN!TERMOS aparecendo como caroços.
Caimbra. Citimbras verdadeiras. McGee, em 1990, propôs classificação para a cilimbra, baseando-se na fisiopatologia
e na apresentação clinica, e considerou a existência de 4 tipos: caimbra verdadeira,
contratura, tetania e distonia (Quadro D(36).
Deve ser ressaltado que McGee propôs o termo caimbra de uma forma bastante ampla,
incluindo as distonias associadas a atividades especificas como, por exemplo, a caimbra
do escrivão. Outro aspecto da classificação de McGee envolve a subdivisão das aimbras
verdadeiras em idiopaticas e sintomáticas, sendo a cdimbra idiopatica também denominada
ciiimbra comum, dimbra ordinária ou alimbra noturna.
Nesta revisão apresentaremos as ctlimbras verdadeiras buscando enfatizar as caimbras
idiopaticas, obedecendo a seguinte disposição: aspectos fisiopatológicos e eletrofisiológi-
cos, aspectos clínicos e, finalmente, tratamento. A seguir apresentaremos aspectos gerais
sobre contratura muscular, tetania e ctiimbra ocupacional.

QUADROI
Classificação das dirnbras verdadeiras
Cilimbra verdadeira
- Idioptitica *
- Sintomática:
- doenças neuromusculares
Pas-graduanda de Neurologia da Escola - distúrbios metabólicos:
Paulista de Medicina- Universidade Federal de
Sao Paulo - UNIFESP
- hemodiálise
Doutora em Neurologia pela Escola Paulista de - associada ao calor
Medicina - Universidade Federal de Sao
Paulo - UNIFESP
- distúrbios fluido hidroeletroliticos
•** Professor Titular e Chefe da Disciplina de - álcool e drogas
Neurologia da Escola Paulista de Medicina - caimbra verdadeira ou caimbra comum, calinbra ordindria,caimbra noturna.
Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP

PaRtiM)..»WWWWWWPAMPAMIMPPia.....

PICCOLO, A.C. e cols. - Glimbras Rev. Neurociencias 3(1): 29-35,1995.


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CAIMBRA VERDADEIRA do nervo ou por alongamento do músculo, ocorrendo provável


ativação das fibras gama aferentes e resultando em inibição na
Para que se possa entender a fisiopatologia da dimbra medula espinhal (7,-37' 43) e, segundo, a chimbra muitas vezes
verdadeira é necessário considerar o conceito de unidade mo- ocorre durante o sono, sendo este um fenômeno central (20).
tora e da contração muscular normal. A unidade motora é
Em 1993, Bertolasi demonstrou que o estiramento muscular
constituída por uma única célula do corno anterior da medula
causa uma súbita interrupção da caimbra induzida pela contra-
espinhal (motoneurônio alfa) e pelas fibras musculares por ela
ção muscular máxima ou por estimulação elétrica do nervo
inervadas. 0 processo de contração muscular inicia-se quando
periférico, bem como determina aumento do limiar para o
o potencial de ação que chega através do motoneurônio alfa na
desencadeamento de caimbra (limiar de freqüência) durante a
placa mioneural, excita o sarcolema e os tilibulos T, causando
estimulação elétrica. Este estudo é coerente com a hipótese da
liberação do cálcio do retículo sarcoplasmático. 0 cálcio remo-
origem periférica, além de demonstrar o efeito neurofisiolégico
ve a influência inibitória da troponina sobre a actina e a miosina,
do alongamento muscular sobre a cAimbra(2).
havendo deslizamento entre elas e resultando na contração
muscular. 0 relaxamento muscular envolve a remoção do cálcio No estudo eletroneuromiográfico as aimbras idiopáticas se
iniciam como fasciculações em várias partes dos músculos,
do citosol para o retículo sarcoplasmática e, tanto a fase de
progredindo para potenciais de ação musculares de elevada
contração quanto a fase de relaxamento muscular, requerem
freqüência (200 a 300/seg), muito maior que a freqüência da
energia que é gerada pela adenosina trifosfato(36).
contração muscular normal 02,43).
Em quaisquer dos tipos de ambra verdadeira existe uma
hiperexcitabilidade muscular da unidade motora, com aumento Vários estudos têm procurado avaliar a freqüência da am-
da freqüência dos potenciais de ação musculares, por hiperati- bra idiopática. Em 1947, Wilder investigou a freqüência destas,
vidade do motoneurônio alfa, produzindo contração muscular considerando a ocorrência de pelo menos um episódio de aim-
sustentada. Este fenômeno é eletricamente ativo, precedido por bra. Constatou resposta afirmativa em 19% dos jovens solda-
contrações repetidas das unidades motoras isoladas e eviden- dos, 33% dos trabalhadores de tecelagem, 40% no grupo de
ciado clinicamente pela contração muscular(36). pacientes neurológicos, psiquiátricos e de clinica médica e em
67% dos médicos questionados (61).
Hall, em 1947, estudou um grupo de 200 pacientes entre 15
e 80 anos de idade, de ambos os sexos. Caimbra pelo menos
uma vez na vida foi referida por 56% dos pacientes. Em pessoas
com mais de 50 anos, a freqüência chegava a 70%, observan-
CAIMBRA IDIOPATICA do-se ocorrência maior nas mulheres, provavelmente pela asso-
A caimbra idiopática é a forma mais freqüente de dimbras, ciação com a gravidez (19). Em 1956, Norris questionou 121
ocorre principalmente durante o repouso, comumente A noite, estudantes e 115 deles (95%),)6 haviam apresentado aimbra
sendo a musculatura da panturrilhá, além dos pequenos múscu- pelo menos uma vez na vida (4 ).
los dos pés, os mais acometidos 1361. Jansen em 1991, na Holanda, através de contato telefônico,
Geralmente a cdimbra idiopática inicia quando o músculo cujos números foram aleatoriamente escolhidos (excluindo indi-
está contraído voluntariamente em uma posição mais encurtada. víduos com menos de 18 anos de idade e não holandeses, lojas,
Isto pode explicar a maior susceptibilidade das cfiimbras notur- instituições e corporações), estudou através de questionário 780 1
nas nos membros inferiores, pois a flexão plantar mantida pessoas, sendo 240 homens e 540 mulheres, e com média de 44
durante o sono, determina, na musculatura da panturrilha e na anos de idade. Nos 311 questionários respondidos (39,8%) pôde-
musculatura ventral do pé, contração muscular máxi- se constatar pelo menos um episódio de cAimbra ao longo de um
ma (36,43,60). Nestacircunstfincia existe provavelmente perda da ano em 36% dos pacientes, sem qualquer correlação com a idade
aferência inibitória do órgão tendinoso de Golgi sobre a medula dos mesmos. Neste estudo, a idade teve pouco efeito sobre a
espinhal, além do concomitante estiramento do músculo anta- proporção da população acometida, e a gravidez constituiu-se o
gonista, o que acarreta hiperexcitabilidade do motoneurônio em fator de risco mais importante A ambra (21).
questão (43,60) As dimbras idiopAticas que ocorrem A noite aparentementé
Assim, podemos entender que o conceito de caimbra idio- podem ter padrão familiar (14,20,24), ocorrer nos últimos meses
pática envolve não somente as chamadas cAimbras que ocorrem da gravidez (21,51), e também podem estar associadas A cirrose
durante a noite, mas também os episódios de cdimbras ocasio- hepática (30).
nais associadas a uma série de situações, como, por exemplo, Vários tratamentos têm sido considerados para a ciiimbra
as cfiimbras dos nadadores, na panturrilha (6°).
c5i3rte;
idiopática. Fazer exercícios de alongamento passivo da muscu-
HA controvérsias quanto A origem da dimbra idiopática. A latura acometida O. simples e muito eficiente; apesar disso,
origem periférica, no motoneurônio, é sugerida pela capacidade continua sendo utilizado por poucos . A eficácia desse
de induzir-se cAimbra através da estimulação elétrica rítmica do tratamento está baseada no fato do alongamento muscular esti-
nervo periférico, distal a um bloqueio anestésico (7, 33). Dois mular o órgão tendinoso de Golgi e também levar A contração
fatos apontam para a origem no sistema nervoso central: pri- ativa do músculo antagonista, obtendo um efeito inibitório
meiro, a cdimbra pode ser aliviada por estimulação transcutânea sobre o motoneurônio, na medula espinhal (3643)

PICCOLO, A.C. e cols. - Ciiimbras Rev. Neurociencias 3(1): 29-35, 1995.


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Daniell,em 1979, publicou um estudo em que, após 1 sema- ocorrem na esclerose lateral amiotrófica, polirradiculoneuropa-
na de exercícios de alongamento da musculatura da panturrilha, tias, mono e polineuropatias e miopatias. 0 mais comum é que
44 pacientes obtiveram alivio total das cfiimbras noturnas a cfiimbra apareça durante o curso de uma doença neuromuscu-
Em 1988, Sontag obteve excelente resultado utilizando exerci- lar e não entre os sintomas iniciais da mesma (22). 0 diagnóstico
cios de alongamento em 4 pacientes, 3 vezes ao dia por 15 a 20 é feito através de anmanese e exame neurológico minucioso,
minutos, com desaparecimento completo ou quase completo além de provas diagnosticas como eletroneuromiografia, bió-
das cgimbras (53). psia muscular ou outros exames complementares.
Além dos exercícios de alongamento muscular, várias me- As medicações mais utilizadas na terapêutica das aimbras
didas terapêuticas têm sido utilizadas incluindo medicações associadas As doenças neuromusculares são a procainamida,
como a fenitoina, carbamazepina, amitrypitilina, tocainamida. quinina, fenitoina e a carbamazepina (13' 39' 63). A. eficácia
Outras drogas como a quinina, cloroquina, verapamil, difeni- destas drogas baseia-se no mecanismo de ação, com inibição da
dramina, methocarbamol, vitamina E, também são utilizadas entrada da corrente rápida de sódio na fibra muscular, além do
com grande divergência quanto A dose e posologia (5,10,36). A prolongamento do período refratário efetivo4 retardando o re-
elevação da cabeceira ou dos pés da cama assim como a torno da excitabilidade da membrana (2'41' 4(' 63).
estimulação transcutfinea do nervo foram propostas, mas do
mesmo modo que as medicações acima, nem sempre com
eficácia comprovada (37, 48).
Entre todas, a quinina parece ser a medicação mais eficiente.
Em 1936,Wolf conseguiu importante redução da freqüência das CAIMBRAS E HEMODIALISE
cilimbras em pacientes com distrofia miotônica usando a quini-
na (63). Moss e Herman em 1940, em um estudo duplo cego, Freqüentemente encontra-se ambras em pacientes subme-
obtiveram excelentes resultados com a quinina para o tratamen- tidos a hemodiálise. Estas geralmente ocorrem no final da
to de cfiimbras noturnas (38). sessão de dialise, algumas vezes são precedidas por hipotensão
Quatro estudos duplo-cegos mais recentes também utiliza- arterial( 1,36) e associadas A intensa ultrafiltração e grande perda
ram a quinina no tratamento de ambras. Warburton, em 1987, de peso durante a didlise (42). Ocorrem predominantemente
usou doses de 300 mg/dia em 22 pacientes com cilimbras durante o repouso e nas extremidades inferiores, com sua gran-
noturnas por 21 dias, sem encontrar redução na freqüência ou de recorrência prejudicando a aderência do paciente A diáli-
intensidade das cfiimbras (58). Lim (1986) também não encon- se (25).
trou beneficio em 25 pacientes com caimbra noturna e usando A concentração do volume plasmático e/ou a hiponatremia
a mesma dose acima por 5 dias (35). Fung em 1989(16) e Jones parecem estar en volvidos na patogenese deste tipo de CMmbra
em 1987(23) utilizaram doses entre 200 e 320 mg/dia de quinina já que pode-se obter o alívio das mesmas através da administra-
em Se 9 pacientes, por 14 e 28 dias respectivamente, e obtive- ção de soluções glicoliticas ou salinas hipertônicas, além de
ram redução na freqüência e intensidade das cAimbras. conseguir-se prevenir a ocorrência de cdimbras usando-se solu-
A quinina atua diminuindo a excitabilidade da placa motora ções dialiticas com elevada concentração de sódio ( I42" 55).
e aumenta o período refratário do músculo. 0 pico do nível Outros mecanismos rem sido propostos: a deficiência da carni-
sérico é atingido 1 a 2 horas após a administração oral, corn tina (6) que levaria a um comprometimento das reações ox ida-
meia vida variando entre 10 e 25 horas. As doses diárias tivas mitocondriais e geração da energia celular, e a hipoxia
utilizadas são de 300 mg e níveis terapêuticos de 2,3+/-0,9 tecidual que ocorreria por diminuição da 2,3 difosfoglicerato
mg/L. Os efeitos colaterais devem ser muito bem controlados, dos eritrocitos e aumento do pH tecidual (8). Porém, estes dois
incluindo cinchonismo (náuseas, vômitos, zumbidos e surdez) mecanismos são pouco prováveis, pois as aimbras da hemo-
com níveis séricos de 5 a 10 mg/L, toxicidade visual (níveis 10 diálise ocorrem durante o repouso e não em associação aos
mg/L) e arritmias ventriculares refratárias com níveis acima de exercícios ilsicos como na deficiência de carnitina, e os proces-
16mg/L. Entretanto até agora, considerando-se o uso freqüente sos onde existe hipoxia tecidual não costumam cursar com
da quinina, os relatos sobre os efeitos colaterais relacionados a câimbras (36).
mesma são raros. Além das soluções hipertônicas glicolfticas e salinas,
nifedipina é usada com sucesso no tratamento da cflimbra
associada A hemodiálise @' .

CAIMBRAS E DOENÇAS
NEUROMUSCULARES
As cilimbras podem fazer parte das manifestações clinicas
CAIMBRAS ASSOCIADAS AO CALOR
das doenças neuromusculares que en volvem desde o neurônio A primeira descrição de cilimbras associadas ao calor foi
motor inferior, as raizes nervosas e nervos periféricos, a placa feita em 1878 por Talbott, em uma clássica revisão da literatura
mioneural até o músculo. São exemplos disto as czlimbras que sob o nome 'heat cramps456).

IMJ

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Este tipo de caimbra ocorre em pessoas com intensa ativi- Na eletroneuromiografia, assim como em todos os tipos de
dade muscular, em ambientes muito quentes, com sudorese caimbras verdadeiras, observa-se hiperatividade da unidade
profusa e cuja reposição de fluidos faz-se principalmente com motora.
água(28' 56).Vdrias atividades ocupacionais podem estar envol- 0 tratamento pode ser feito com reposição de fluidos, levan-
vidas: mineração, metalurgia, bem como os atletas que praticam do horas a dias para se resolver2. devendo-se orientar sempre
esportes em locais onde a temperatura ambiental é muito eleva- para cessar a ingesta de álcool (43).
da("). Outras drors também podem levar às ciiimbras, entre elas
Os músculos mais acometidos são aqueles com maior utili- a nifedipina (2 ), os beta-agonistas como a terbutalina e o sal-
zação, como os músculos das mãos e os grandes músculos das butamol (65)» clofibrate que pode causar miopatia aguda pro-
extremidades, e, menos freqüentemente, os músculos da parede ximal e elevação das enzimas séricas (27, 31), e a penicilamina
torácica e a musculatura abdominal. 0 inicio da coimbra pode cujos sintomas além de cAimbras podem incluir sindrome mias-
ocorrer imediatamente após o esforço muscular, até 18 horas tênico, síndrome polimiosite-like, fascieulações agudas e neu-
depois de cessada a atividade, ou após um banho frio. Pode romiotonia (46).
ocorrer muitas vezes ao dia e por muitos dias seguidos (36).
Evidencia-se quase sempre nestes indivíduos uma depleção
de volume plasmático e hipernatremia, com o alivio das aim- QUADRO!!
bras através de soluções salinas, mas sem alivio com soluções Classificação geral das cilinabras
hipert8nicas de glicose (56). A adaptação ao ambiente de traba-
Calmbra verdadeira
lho pode diminuir a freqüência das caimbras
Contratura : miopatias metabólicas, endocrinopatias
(principalmente tireóide)
Tetania : hipocalcemia, hipomagnesemia,
hipoglicemia, hipocalemia, alcalose respiratória.
Distonia : aimbra ocupacional, associada a atividade
CÁIMBRAS E DISTÚRBIOS especifica.
FLUIDO-HIDROELETROLITICOS
Vários distúrbios fluido-hidroeletroliticos podem causar
ctlimbras: os mais comuns são a hiponatremia com depleção
salina, depleção aguda do sódio extracelular isoladamente e a
hipoglicemia.
Entre os sintomas neurológicos da hiponatremia estão: o CONTRATURA MUSCULAR
rebaixamento do nível da consciência, paresias, convulsões e
cOimbras, mas sabe-se que estas somente ocorrem se houver A contratura caracteriza-se por ser uma contração muscular
depleção de sal. As ciimbras não ocorrem no caso da síndrome dolorosa, involuntária, sendo eletricamente silenciosa na eletro-
inapropriada do hormônio antidiurético, intoxicação por agua, neuromiografia. Pode ser localizada, com o paciente descreven-
uremia e insuficiência cardíaca congestiva, desde que, embora do verdadeiros "caroços"e surgindo subitamente nos braços ou
ocorra hiponatremia, o sódio corporal total esteja normal ou em outros seguimentos corporais.
aumentado (4' 29). As ambras também são menos comuns nos A contratura é eletricamente silenciosa e ocorre por inibição
casos de depleção crônica do sódio como na doença de Addison do relaxamento muscular, em conseqüência da depleção da
e no uso crônico de diuréticos como o furosemide adenosina muscular e acúmulo do cálcio no citosol. Clinica-
Na hipoglicemia, além da caimbra, são comumente relata- mente observa-se contração muscular dolorosa sustentada, e
dos sudorese fria, palidez, parestesias periorais, palpitações, geralmente acompanhada de outras manifestações relacionadas
fraqueza muscular e cefaléia patologia em questão, como por exemplo mioglubinuria na
miopatia metabólica (36).
A contratura muscular geralmente é induzida por exercícios
e alguns autores acreditam que uma das principais causas é o
déficit do metabolismo glicolitico muscular, coin diminuição
CAIMBRAS INDUZIDAS POR ÁLCOOL da produção de energia (36).
E DROGAS Fazendo-se um exercício no bingo do paciente, quando este
está sendo submetido a uma isquemia relativa através da apli-
Caimbras generalizadas além de paresias podem seguir-se cação de um "cuff de pressão arterial insuflado, pode-se obter
a ingesta crônica excessiva de álcool. Neste caso, ocorrem tanto contratura eletricamente silenciosa dos músculos da mão (teste
no repouso quanto após exercícios, mas não após exercício do exercício isquêmico)(40).
isquEmico. Pode haver ainda mioglubinúria com déficit da Várias formas de deficiências de enzimas glicolfticas (9' 32)
fosforilase do músculo esquelético e diminuição da produção como a deficiência da fosforilase do músculo esquelético, fos-
de lactato após o exercício em alcoólatras forilase B kinase, fosfofrutoquinase, entre outras, além de dis-

eliteliWINONM

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túrbios da oxidação de tidos graxos como a deficiência da Aparece principalmente nos indivíduos que durante anos traba-
carnitinapalmitiltransferase, podem diminuir a produção ener- lham com movimentos finos das mãos em uma atividade espe-
gética da célula muscular, resultando em uma série de sintomas cifica, entre eles: escritores, pianistas, tipógrafos, datilógrafos
entre eles, as contraturas musculares. e digitadores (36).
A recaptação do cálcio para o retículo sarcoplasmatico é um Ocorrem principalmente entre a terceira e a sexta década e
processo que requer energia gerada pela adenosina trifosfato podem deixar o indivíduo incapacitado para sua tarefa habitual.
que está depletada nestes casos. Dessa forma o cálcio permane- A aimbra ocupacional pode estar associada a tremores e
ce no citosol, a actina não se desliga da miosina, o músculo não movimentos mioclônicos e embora seja considerada uma dis-
relaxa, e ocorre a contração dolorosa com silêncio eletrico. tonia focal, anteriormente foi tida como um distúrbio psicogê-
Uma outra característica importante das contraturas causa- nico. Pode ainda estar associadas a outras distonias focais ou
das por miopatias metabólicas é que além de serem provocadas generalizadas (64).
pelo exercício, cursam com mioglubinúria. Na deficiência de 0 tratamento da cdimbra ocupacional deve começar cessan-
carnitina, além da mioglubinúria, as contraturas podem ser do-se temporariamente a atividade habitual em questão e se
desencadeadas por exercícios durante o período de jejum. possível um novo condicionamento para tal. As medicações mais
Os distúrbios da tireóide, tanto o hipotireoidismo quanto o usadas incluem os anticolinérgicos como o triexifenedil, os
hipertireoidismo, podem manifestar-se com câimbras ou con- benzodiazepinicos, baclofeno, carbamazepina ou até uma asso-
traturas, resolvendo-se na maioria das vezes com o tratamento ciação deles, mas os benefícios com a maioria das medicações
destes. Na miopatia do hipertireoidismo pode ocorrer paresia são pequenos a longo prazo. Atualmente o tratamento de escolha
muscular proximal e fadiga muscular, associadas as câimbras para as distonias focais é a toxina botulMica, esta exercendo uma
espontâneas ou induzidas por exercício (3), além de contratura quimiodenervacão com excelentes resultados, sendo bem tole-
muscular e fasciculações. No hipotireoidismo pode haver fra- rada mas com os benefícios durando entre 3 a 4 meses (64).
queza muscular, aumento do volume e da consistência muscu-
lar, miotonias de percussão, câimbras ou contraturas, além de
tetania (57' 62). HA um aumento do tempo de relaxamento dos
reflexos tendinosos, sendo a diminuição do transporte do cálcio
para o retículo sarcoplasmatico o mecanismo fisiopatológico ASPECTOS PRÁTICOS DE MAIOR
mais provável para as contraturas. RELEVÂNCIA
A anamnese além do exame físico e neurológico cuidadosos
e criteriosos, podem conduzir a uma hipótese diagnostica mais
segura, bem como orientar para os exames complementares
TETANIA necessários .
Alguns aspectos devem ser enfatizados como o modo de
A tetania caracteriza-se não somente por uma hiperexcita- inicio (repouso, exercício, jejum), ambiente em que ocorre
biIidade motora mas também por uma hiperatividade sensorial, (calor), associação com alguma atividade ocupacional, situa-
manifestando-se com a contração muscular dolorosa e pareste- ções de alivio (ingesta de líquidos, alongamento muscular),
sias. Eletricamente observa-se os fenômenos descritos na di'm- período do dia (câimbras noturnas), sintomas associados (pa-
bra verdadeira. Pode ser causada por vários distúrbios metabó- restesias, sintomas do hipotireoidismo, hipertireoidismo e hipo-
licos como hipoglicemia, hipocalcemia, hipomagnesemia, hi- glicemia, hipotensão ortostatica por depleção de sal, mioglubi-
popotassemi a e pela alcalose respiratória (15,17) núria), e sinais de doenças neuromusculares.
Inicialmente ocorrem parestesias nos músculos da boca, mãos 0 estudo eletroneuromiografico é indicado nos casos em
e membros inferiores. Depois ocorrem contrações musculares que os dados clínicos, além de alguns exames complementares
dolorosas, espasmos carpopedais com flexão metacarpofalangea- de rotina, não conseguiram esclarecer a causa da ciiimbra.
na, extensão interfalangeana e postura equinovaro dos pés. Pode Também devemos considerar o estudo neurofisiológico para as
haver inclusive espasmo com estridor laringeo. A percussão sobre situações envolvendo uma possível doença neuromuscular ou
o nervo facial causa espasmo facial ipsilateral (sinal de Chovstek) naqueles casos em que não conseguiu-se definir o tipo especi-
e inflando-se um cuff de pressão arterial acima da pressão sistolica, fico de cfiimbra e inclusive, não pode-se descartar outros dis-
observa-se espasmo carpal (sinal de Trosseau). túrbios como: miotonia ou paramiotonia entre outros.
Uma outra situação que merece atenção é o fato das câim-
bras fazerem parte das manifestações de síndromes paraneophi-
sicas, bem como serem desencadeadas por quimiotenipicos
utilizados no tratamento de algumas neoplasias He), É impor-
CliIMBRA OCUPACIONAL IDISTONIAS tante salientar que nestes pacientes geralmente encontra-se
A cdimbra ocupacional é considerada uma distonia focal, doença neuromuscul ar (54).
onde ocorre contração simultânea da musculatura antagonista Além das várias condições já comentadas, devem ser lem-
e agonista, levando a posturas e torções bastante características. bradas no diagnóstico diferencial das câimbras, as seguintes

PROPPilitl.11

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condições: síndrome de Isaac, síndrome do homem rígido, Bibliografia
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Na síndrome de Isaac (ou neuromiotonia) ocorre rigidez
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tratar-se de uma doença autoimune com produção de anticor-
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efetivo é feito coin elevadas doses de diazepam ou clonaze- Neurol. ad. 59:167-173, 1983.
pam, e, se a resposta não for satisfatória, pode-se associar 14.FLIER, J. S.; YONG, J. B. & LANDSBERG, L. Familial insulin
baclofen ou valproato de sódio (34' 64). resistance with acanthosis nigricans, acrel hypertrophy, and muscle
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aloja em alguma ferida. Geralmente encontra-se uma porta de 16.FUNG, M. & HOLBROOK, J. H. Placebo-controlled trial of quinine
entrada, com os sintomas iniciando-se 4 a 14 dias após therapy for nocturnal leg cramps. West. J. Med. 151:42-44,1989.
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rigidez muscular com espasmos musculares das pernas, face, 22.JANSEN, P.H.P.; JOOSTEN, E.M.G. & VINGERHOETS, H.M.
opstótono, convulsões, apnéia, mas o paciente permanece aler- Muscle cramps as a feature of neuromuscular disease. Five
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