Você está na página 1de 21

FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL - FIA B USINESS SCHOOL

Scientifc Editor: Renata Giovinazzo Spers


Evaluation: Double Blind Review, pelo S EER /OJS
Review: Preliminary
Doi:https://doi.org/10.24023/FutureJourn al/2175-5825/2021.v13i2.552

A ESTRUTURA INTELECTUAL DA IDENTIDADE ORGANIZACIONAL E


A OPORTUNIDADE DE ESTUDOS EM ESTRATÉGIA

1 Fernando
Ribeiro Serra
2 Fabio
Recebido: 28/10/2020 Pinotti
3 Luiz Camargo Guerrazzi
4 June Alisson Westarb Cruz
Aprovado: 15/02/2021

Resumo

Objetivo: Este artigo tem como objetivo central compreender a evolução intelectual da
Identidade Organizacional (IO) e as oportunidades de estudos f uturos em estratégia.

Método: Usamos as técnicas bibliométricas de citação e cocitação para avaliar a estrutura


intelectual que suporta os estudos sobre IO. A partir de uma amostra de 587 artigos
disponíveis na base Web of Science, identif icamos os 26 artigos ref erenciados que
suportam os trabalhos atuais.

Originalidade/Relevânc ia: Passaram-se 35 anos desde o artigo seminal de Albert e


Whetten (1985). Os estudos sobre identidade organizacional cresceram signif icativamente
deste então. Pelo reconhecimento da importância do conceito e pela aparente maturidade
do campo, é importante revisitar e compreender os trabalhos que têm inf luenciado os
trabalhos atuais sobre identidade organizacional.

Resultados: Os resultados indicaram que a partir do trabalho seminal mencionado,


estudos f oram inf luenciados sobre identidade organizacional e mudança estratégica
segundo três abordagens: visão socialmente construída; visão do ator social; e visão
institucionalista. Além destes estudos também f oram inf luenciados por trabalhos
relacionados às práticas e processos na identif icação organizacional.

Contribuições teóricas: O estudo permitiu compreender a estrutura intelectual dos


estudos em identidade organizacional, proporcionando a indicação de pesquisa f utura.

Palavras-chave: Estratégia. Identidade organizacional. Identif icação Organizacional.

Como Citar:

Serra, F., Pinotti, F., Guerrazzi, L., & Cruz, J. (2021). A Estrutura Intelectual da Identidade
Organizacional e a Oportunidade de Estudos em Estratégia. Future Studies Research Journal: Trends
and Strategies [FSRJ], 13(2), 149-169. doi: https://doi.org/10.24023/FutureJournal/2175-
5825/2021.v13i2.552

1 Universidade Nove de Julho – UNINOVE, São Paulo, (Brasil). E-mail: fernandorserra@gmail.com Orcid id:
https://orcid.org/0000-0002-8178-7313
2 Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC, (Brasil). E-mail: fabiopinotti1976@gmail.com
3 ISMAT - Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes, (Portugal). E-mail: luizguerrazzi@hotmail.com Orcid id:

https://orcid.org/0000-0002-7100-5314
4 Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC, Paraná, (Brasil). E-mail: june.cruz@pucpr.br Orcid id:

https://orcid.org/0000-0002-4183-9983

FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
149
Fernando Ribeiro Serra, Fabio Pinotti, Luiz Cam argo Guerrazzi & June Alisson Westarb Cruz

THE INTELLECTUAL STRUCTURE OF ORGANIZATIONAL IDENTITY AND


THE OPPORTUNITY OF STUDIES IN STRATEGY

Abstract

Purpose: This article aims to understand the intellectual evolution of Organizational


Identity (IO) and the opportunities for future studies in strategic management.

Design/methodology/approach: We use bibliometric citation and cocitation


techniques to assess the intellectual structure that supports IO studies. From a sample
of 587 articles available on the Web of Science database, we identified the 26
referenced articles that support current works.

Originality/value: Thirty-five years have passed since the seminal article by Albert
and Whetten (1985). Studies on organizational identity have grown significantly since
then. In recognition of the importance of the concept and the apparent maturity of the
field, it is important to revisit and understand the works that have influenced the
current works on organizational identity.

Findings: The results indicated that departing from the seminal work mentioned,
studies were influenced on organizational identity and strategic change according to
three approaches: socially constructed vision; view of the social actor; and
institutionalist vision. In addition to these studies, they were also influenced by works
related to practices and processes in organizational identification.

Theoretical contributions: The study presnts the intellectual structure of the studies
on organizational identity, providing an indication of future research.

Keywords: Strategy. Organizational Identity. Organizational Identification.

FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
150
A Estrutura Intelectual da Identidade Organizacional e a Oportunidade de Estudos em
Estratégia

LA ESTRUCTURA INTELECTUAL DE LA IDENTIDAD ORGANIZACIONAL Y


LA OPORTUNIDAD DE ESTUDIOS EN ESTRATEGIA

Resumen

Objetivo: Este artículo tiene como objetivo comprender la evolución intelectual de la


Identidad Organizacional (IO) y las oportunidades para futuros estudios en estrategia.

Método: Utilizamos técnicas bibliométricas de citación y cocitación para evaluar la


estructura intelectual que sustenta los estudios sobre IO. De una muestra de 587
artículos disponibles en la base de datos de Web of Science, identificamos los 26
artículos referenciados que respaldan trabajos actuales.

Originalidad / Relevancia: Han pasado 35 años desde el artículo fundamental de


Albert y Whetten (1985). Los estudios sobre identidad organizacional han crecido
significativamente desde entonces. En reconocimiento a la importancia del concepto y
la aparente madurez del campo, es importante revisar y comprender los trabajos que
han influido en los trabajos actuales sobre identidad organizacional.

Resultados: Los resultados indicaron que a partir del trabajo seminal mencionado se
incidió en estudios sobre identidad organizacional y cambio estratégico de acuerdo con
tres enfoques: visión socialmente construida; visión del actor social; y visión
institucionalista. Además de estos estudios, también fueron influenciados por trabajos
relacionados con prácticas y procesos en la identificación organizacional.

Aportes teóricos: El estudio permitió comprender la estructura intelectual de los


estudios sobre identidad organizacional, dando un indicio de futuras investigaciones.

Palabras-clave: Identificación organizacional. Identificación organizacional.


Estrategia.

FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
151
Fernando Ribeiro Serra, Fabio Pinotti, Luiz Cam argo Guerrazzi & June Alisson Westarb Cruz

1 INTRODUÇÃO
A compreensão da identidade no nível organizacional permite a compreensão do
sentido da organização para as pessoas que fazem parte dela, e demais stakeholders. A
identidade organizacional procura responder: "Quem somos nós com o organização?
(Whetten, 2006, p .220). Como foi mencionado, a identidade organizacional pode ser
considerada como uma capability que pode gerar vantagem competitiva (Fiol, 2001). Pelos
aspectos levantados na definição seminal de (Albert & Whetten, 1985) na qual a identidade
organizacional está relacionada a características centrais, distintivas e duradouras da
organização, que se ajustam às características VRIN de recursos que podem gerar
vantagem competitiva sustentável (Barney et al., 2011). Adicionalmente, a partir da
contribuição (Gioia & Thomas, 1996) pode ser dinâmica, apesar de duradoura.
Gioia et tal. (2013) em sua revisão sobre identidade organizacional e mudança
argumentam que os estudos em identidade organizacional passam par a um estágio de
buscar relacionamento com outros temas, como estratégia. Um conjunto relativamente
pequeno de estudos existentes mostram esta tendência, embora exista um
reconhecimento de que a identidade organizacional possa ser uma f onte de vantagem
competitiva (Fiol 1991; Barney & Stewart, 2000; Fiol 2001; Barney et al., 2011).
Principalmente, considerando a inimitabilidade, a identidade organizacional pela sua
característica de ser socialmente complexa, pode ser uma f onte de vantagem competitiva
(Barney, 1992; Stimpert, Gustaf son & Sarason 1998), ou até mesmo como inibidora ou
ajudando no desenvolvimento de capabilities (Goussevskaia & Arruda, 2016).
Apesar desta possibilidade, a identidade organizacional também tem sido
considerada como um elemento de inércia ou de resistência ao processo de mudança
normalmente relacionado à estratégia (Dutton & Dukerich, 1991; Ashf orth & Mael, 1996;
Gioia and Thomas 1996). Apesar disso, existe um reconhecimento que a identidade
organizacional é importante para a avaliação dos desaf ios estratégicos (Dutton & Dukerich,
1991).
Passaram-se 35 anos desde o artigo seminal de Alber t e Whetten (1985).
Independentemente do reconhecimento das suas origens, após este período de tempo, e
pelo reconhecimento da importância do conceito, é importante revisitar e compreender os
trabalhos que têm inf luenciado os trabalhos atuais sobre identidade organizacional.
Para avaliar a estrutura intelectual que tem suportado os estudos atuais, realizamos
uma revisão semisistemática (Snyder, 2019) suportada por um estudo bibliométrico. A
bibliometria é uma técnica quantitativa e estatística que tem por f inalidade medir os índices
de produção e disseminação do conhecimento cientif ico (Vogel & Güttel, 2013; Zupic &
Čater, 2015), bem como identif icar os principais autores de uma disciplinca, medir o
crescimento de determinadas áreas e surgimento de novos temas, identif icar as revistas

FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
152
A Estrutura Intelectual da Identidade Organizacional e a Oportunidade de Estudos em
Estratégia

do núcleo de uma disciplina e avaliar os aspectos estatísticos da linguagem das palavras e


das f rases.
O estudo bibliométrico de citação, baseia-se na premissa de que os autores citam
artigos nos quais consideram importante no desenvolvimento de uma pesquisa, enquanto
o bibliométrico de cocitação registra o número de artigos que citaram qualquer par de
documentos, e é entendida como uma similaridade dos conteúdos desses artigos. Os
estudos bibliométrico proporcionam maior rigor ao processo de revisão bibliográf ica (Vogel
& Güttel, 2013; Zupic & Čater, 2015) e servem como complemento a outras f ormas de
revisão (Ramos-Rodríguez & Ruíz-Navarro, 2004).
O estudo bibliométrico de citação e cocitação permitiu compreender as abordagens
conceituais, neste caso, ligadas à Identidade Organizacional, bem como sua evolução
partindo do trabalho de Albert e Wetten (1985).
Deste então o tema passou a ser estudado de f orma com crescente ao interesse,
principalmente para estudos organizacionais. Partindo do CED (Centrality, Enduring,
Distinctiveness) proposto por Albert e Wetten (1985) f oram ponto de partida para
identidade organizacional e mudança estratégica segundo três abordagens: visão
socialmente construída pelo trabalho de Gioia, Schultz e Corley (2000); visão do ator
social, por Whetten & Mackey (2002); e visão institucionalista por Glyn & Azug, (2002).
Também deu origem a trabalhos relacionados à práticas e processos na Identif icação
organizacional (ex., Dutton, Dukerich & Harquail, 1994).

2 MÉTODO

Neste trabalho conduzimos uma análise bibliométrica de cocitação com o uso de


análise f atorial e de redes. O uso da bibliometria pode, dentre outros, compreender a
estrutura intelectual que orienta a pesquisa nos temas (Habib & Af zal, 2019). O uso da
bibliometria, como revisão semi-sistemática (Snyder, 2019), permite controlar vieses dos
pesquisadores, usuais das pesquisas qualitativas, pelo uso das f erramentas empíricas tools
(Gregoire et al., 2006).

2.1 Coleta de dados e amostra

Os documentos para a amostra f oram coletados da Web of Science. A base apresenta


uma cobertura ampla de publicações em ciências sociais a plicadas. Foram considerados
todos os periódicos de business e management disponíveis no Journal Citation Reports da
base. Para a seleção f oi utilizado o termo chave “organization* identit*”. As palavras que
o compõe complementadas com asterisco (*), com a f inalidade de possibilitar a procura
de todas as variações possíveis do termo chave. Foram considerados os artigos empíricos
e de revisões disponíveis em toda a base, em pe riódicos específ icos na área de
administração e áreas af ins. Foram selecionados artigos até o f inal do ano de 2019 (Figura

FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
153
Fernando Ribeiro Serra, Fabio Pinotti, Luiz Cam argo Guerrazzi & June Alisson Westarb Cruz

2). A pesquisa identif icou 587 documentos disponíveis em 110 periódicos, dos quais, os 27
com mais trabalhos estão destacados e apresentados na Tabela 1. Os critérios para seleção
dos artigos f oram estarem publicados em periódicos com ênf ase em estratégia e gestão, e
especif icamente relacionados ao tema Identidade Organizacional.
A amostra f oi considerada totalmente na co-citação para estabelecer os autores mais
citados. Para o levantamento bibliométrico f oi utilizado o sof tware Biberxcel. Foram
selecionados 26 trabalhos com no mínimo 37 citações, respeitando a lei de Lotka, pois
representam mais de 5% (Lotka, 1926; Nath & Jackson, 1991) das, aproximadamente,
47.500 ref erências dos 587 artigos.

Tabela 1. Periódicos e quantidade de artigos selecionados

Fator Total
Periódico %
Impacto Artigos

Organizations Science 3,775 72 12%


Journal of Business Ethics 1,326 39 7%
Academy of Management Review 7,475 33 6%
Journal of Management Studies 3,763 31 5%
Human Relations 2,398 32 5%
British Journal of Management 1,584 18 3%
Journal of Organizational Change Management 0,462 19 3%
Academy of Management Journal 6,448 22 4%
Administrative Science Quarterly 3,333 17 3%
Organizations Studies 2,886 18 3%
Organization 1,809 16 3%
Scandinavian Journal of Management 0,981 18 3%
Entrepreneurship Theory and Practice 3,144 11 2%
Management Communication Quarterly 2,085 10 2%
Journal of Management Inquiry 1,446 12 2%
Higher Education 0 9 2%
Journal of Business Research 9 2%
European Journal of Marketing 1,006 8 1%
Industrial Marketing Management 1,82 7 1%
Public Relations Review 0,656 7 1%
Management Decision 1,429 9 2%
Journal of Occupational and Organizational Psychol 1,667 5 1%
Management & Organizational History 5 1%
Strategic Management Journal 5 1%
Nonprofit Management & Leadership 5 1%
Corporate Comunications 5 1%
Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly 0 5 1%
Quantidade menor de 5 (83 títulos) 140 24%
587 100%

FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
154
A Estrutura Intelectual da Identidade Organizacional e a Oportunidade de Estudos em
Estratégia

A evolução da quantidade de artigos ao longo do tempo indica um crescimento


signif icativo de estudos em identidade organizacional a partir de 2006 (Figura 2).

Figura 1. Evolução das publicações de 1992 a 2019

2.2 Procedimentos de análise

A análise de cocitação considera a f requência pela qual um par de artigos são citados
em conjunto em uma amostra. Neste caso, a citação conjunta das ref erências nos artigos
é uma indicação de conceitos relacionados. Esta proximidade conceitual entre trabalhos
índica estruturas intelectuais de base que estão dando suporte à pesquisa atual (Vogel &
Güttel, 2013). O sof tware Bibexcell permite a geração de uma matriz de co -ocorrência que
possibilita o uso da análise f atorial e análise de redes (Bernard & Ryan, 2010). A análise
pela matriz de co-ocorrência é usada em pesquisas qualitativas, onde os códigos (artigos
e revisões, neste caso) são colocados em linhas e colunas (Russell & Ryan, 2010). A matriz
é a base para proceder-se à análise multivariada (Bazeley & Jackson, 2013).
Para identif icação dos grupos de trabalhos e sua relação, utilizamos análise f atorial e
análise de redes. O uso de métodos complementares ajuda a dar robustez à análise
(Scazziota, Andreassi, Serra & Guerrazzi, 2020). Na análise f atorial usamos os f atores
usando o método de componentes principais, com rotação Varimax (Lin & Cheng, 2010),
e normalização de Kaiser, no sof tware SPSS. Foi utilizada a rotação Varimax, pois seus
resultados são mais f acilmente interpretáveis, porque f orçam os vetores de resultado,
representados pelos f atores para a menor correlação entre eles (Fabrigar, Wegener,
MacCallum, & Strahan, 1999). As cargas f atoriais acima de 0,4 f oram consideradas (Serra
et al., 2018). Na análise f atorial em bibliometria, os artigos que compõem um mesmo
f ator, possuem conceitos relacionados, o que ajuda na identif icação de subcampos de
conhecimento (Lin & Cheng 2010).

FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
155
Fernando Ribeiro Serra, Fabio Pinotti, Luiz Cam argo Guerrazzi & June Alisson Westarb Cruz

A análise de redes, sobreposta pelos resultados na análise f atorial, além de dar


robustez aos resultados, permite a visualização da estrutura de um c ampo no diagrama de
redes. Nesta visualização, os “nós” representam os artigos, e as “ligações” representam a
f orça e proximidade da sua relação. (Serra et al., 2018). A rede f oi representada com
auxílio do sof tware Ucinet.
A leitura da rede de cocitações (Figura 2), que pode ser f eita em conjunto ou por
cada um dos pares de autores separadamente, permitiu obter uma compreensão geral da
importância relativa dada a estes trabalhos. Importante notar que o sof tware Ucinet dispõe
os artigos de acordo com medidas de proximidade baseadas na f requência de cocitações,
e que a posição é uma medida de centralidade relativa, pois nas posições mais centrais
estão dispostos os trabalhos mais cocitados em termos absolutos (Serra et al., 2018).
A interpretação dos resultados e denominação dos f atores f oi realizada a partir de
taref a recursiva considerando os dados e o conteúdo dos artigos (V ogel and Güttel, 2013).
Neste artigo f oi seguida a recomendação de Denyer e Tranf ield (2009) para estrutura r uma
revisão de literatura qualitativa.

3 ESTRUTURA INTELECTUAL DOS TRABALHOS DE IDENTIDADE


ORGANIZACIONAL

3.1 Análise das citações

A Tabela 2 apresenta, dentre as ref erências, as mais citadas. As colunas trazem a


f requência de citações para os trabalhos publicados no período e a f requência relativa,
indicando sua relevância em percentuais. Albert & Whetten (1985) com uma f requência f oi
o mais citado representando 10% da amostra total. Gioia, Schultz, & Corley (2000) com
uma f requência de citações que correspondem a 8% da amostra total.
Os 26 artigos da Tabela 2 representam as ref erências mais citadas da amostra de
587, e que possuem no mínimo que 37 (trinta e sete) citações dos trabalhos que f oram
objeto da análise.
A Figura 2 apresentou a evolução da quantidade de artigos sobre identidade
organizacional ao longo do tempo. Talvez, mesmo considerando o trabalho de Albert e
Whetten, (1985) como o que f ixou o tema de identidade organizacional, o aumento do
interesse pelo tema a partir de 2006 tenha relação com o contraponto e complemento do
artigo de Gioia, Schultz e Corley, (2000). Os autores argumentaram que o conceito de
identidade organizacional não necessariamente duradouro como preconizado pelo trabalho
de Albert e Whetten, (1985), mas estável, porém f luido, podendo evoluir com o tempo.
Interpretamos que é importante, pois desta f orma suporta melhor o argumento da
identidade organizacional como capability, como proposto por Fiol (1991, 2001).

FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
156
A Estrutura Intelectual da Identidade Organizacional e a Oportunidade de Estudos em
Estratégia

Tabela 2. Os 26 trabalhos mais citados nas referências dos 587 trabalhos

# Referências % de Citações

1 Albert, S., & Whetten, D. A. (1985). Organizational identity. Research in


10%
Organizational Behavior, 7, 263–295

Gioia, D. A., Schultz, M., & Corley, K. G. (2000). Organizational


2 Identity, Image, and Adaptive Instability. Academy of Management 8%
Review, 25(1), 63–81.

Dutton, J. E., & Dukerich, J. M. (1991). Keeping An Eye on the Mirror:


3 Image and Identity In Organizational Adaptation. Academy of 7%
Management Journal, 34(3), 517–554

Dutton, J. E., Dukerich, J. M., & Harquail, C. V. (1994). Organizational


4 Images and Member Identification. Administrative Science Quarterly, 6%
39(2), 239–263

5 Ashforth, B. E., & Mael, F. (1989). Social Identity Theory and the
5%
Organization. The Academy of Management Review, 14(1), 20–39.

Elsbach, K. D., & Kramer, R. M. (1996). Members’ Responses to


6 Organizational Identity Threats: Encountering and Countering the
5%
Business Week Ra nkings. Administrative Science Quarterly, 41(3), 442–
476

Gioia, D. A., & Thomas, J. B. (1996). Identity, Image, and Issue


7 Interpretation: Sensemaking During Strategic Change in Academia. 5%
Administrative Science Quarterly, 41(3), 370–403.

Scott, S. G., & Lane, V. R. (2000). A Stakeholder Approach to


8 Organizational Identity. The Academy of Management Review, 25(1), 43– 4%
62.

Pratt, M. G., & Foreman, P. O. (2000). Classifying Managerial Responses


9 to Multiple Organizational Identities. The Academy of Management 4%
Review, 25(1), 18–42

10 Weick, K. E. (1995). What Theory is Not, Theorizing Is. Administrative


4%
Science Quarterly, 40(3), 385–390.

Glynn, M. A. (2000). When Cymbals Become Symbols: Conflict Over


11 Organizational Identity Within a Symphony Orchestra. Organization 4%
Science, 11(3), 285–298.

Humphreys, M., & Brown, A. D. (2002). Narratives of Organizational


12 Identity and Identification: A Case Study of Hegemony and Resistance. 3%
Organization Studies, 23(3), 421–447.

Ravasi, D., & Schultz, M. (2006). Responding to Organizational Identity


13 Threats: Exploring the Role of Organizational Culture. Academy of 3%
Management Journal, 49(3), 433–458

Corley, K. G., & Gioia , D. A. (2004). Identity Ambiguity and Change in


14 the Wake of a Corporate Spin-off. Administrative Science Quarterly, 3%
49(2), 173–208.

FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
157
Fernando Ribeiro Serra, Fabio Pinotti, Luiz Cam argo Guerrazzi & June Alisson Westarb Cruz

15 Hatch, M. J., & Schultz, M. (2002). The Dynamics of Organizational


3%
Identity. Human Relations, 55(8), 989–1018.

16 Eisenhardt, K. M. (1989). Building Theories from Case Study Research.


3%
The Academy of Management Review, 14(4), 532–550

Golden-Biddle, K., & Rao, H. (1997). Breaches in the Boardroom:


17 Organizational Identity and Conflicts of Commitment in a Nonprofit 3%
Organization. Organization Science, 8(6), 593–611.

Suchman, M. C. (1995). Managing Legitimacy: Strategic and


18 Institutional Approaches. The Academy of Management Review, 20(3), 3%
571–610.

Alvesson, M., & Willmott, H. (2002). Identity Regulation as


19 Organizational Control: Producing the Appropriate Individua l. Journal of 2%
Management Studies, 39(5), 619–644

Meyer, J. W., & Rowan, B. (1977). Institutionalized Organizations:


20 Formal Structure as Myth and Ceremony. American Journal of 2%
Sociology, 83(2), 340–363.

Whetten, D. A., & Mackey, A. (2002). A Social Actor Conception of


21 Organizational Identity and Its Implications for the Study of 2%
Organizational Reputation. Business & Society, 41(4), 393–414.

Fiol, C. M. (2002). Capitalizing on Paradox: The Role of Language in


22 Transforming Organizational Identities. Organization Science, 13(6), 2%
653–666

Albert, S., Ashforth, B. E., & Dutton, J. E. (2000). Organizational Identity


23 and Identification: Charting New Waters and Building New Bridges. 2%
Academy of Management Review, 25(1), 13–17.

Whetten, D. A. (2006). Albert and Whetten Revisited: Strengthening the


24 Concept of Organizational Identity. Journal of Management Inquiry, 2%
15(3), 219–234.

Mael, F., & Ashforth, B. E. (1992). Alumni and their alma mater: A
25 partial test of the reformulated model of organizational identification. 2%
Journal of Organizational Behavior, 13(2), 103–123.

DiMaggio, P. J., & Powell, W. W. (1983). The Iron Cage Revisited:


26 Institutional Isomorphism and Collective Rationality in Organizational 2%
Fields. American Sociological Review, 48(2), 147–160

3.2 Análise das cocitações

A análise f atorial da cocitação está apresentada na Tabela 2. Nesta pesquisa, a


análise f atorial identif icou três f atores, baseado na análise do diagrama de sedimentação
(Hair et al., 1995), com 61,463% da variância explicada, f oram desconsiderados valores
inf eriores a 0,40 e ordenado os resultados por ordem crescente de valores. Os f atores
f oram identif icados como: Fator 1 - Identidade Organizacional e Mudança Estratégica;

FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
158
A Estrutura Intelectual da Identidade Organizacional e a Oportunidade de Estudos em
Estratégia

Fator 2 - Práticas e Processos na Identif icação Organizacional; Fator 3 - Def inições e


Conceitos de Identidade e Identif icação Organizacional. É conceitualmente possível que,
apesar de um artigo estar num f ator, também contribua com outras vertentes conceituais,
a partir das cargas cruzadas. Por este motivo, todas as cargas acima de 0,4 são reportadas.

Tabela 2 Análise Fatorial dos 26 trabalhos selecionados


Componente

2
1 3
Práticas e
Identidade Processos na Definições e Conceitos de
Organizacional e Identificação Identidade e Identificação
Mudança Estratégica Organizacional Organizacional
Gioia e Thomas (1996) ,920
Gioia, Schultz e Corley
,906
(2000)
Eisenhardt (1989) ,724 ,428
Ashforth & Mael (1989) ,723
Glynn (2000) ,689 ,496
Weick (1995) ,678 ,421 ,405
Whetten e Mackey (2002) ,672 ,459 ,434
Golden-Biddle e Rao (1997) ,670 ,456
Meyer e Rowan (1977) ,669 ,420
Fiol (2002) ,664 ,477
Mael e Ashforth (1992) ,628
Pratt e Foreman (2000) ,625 ,556
Whetten (2006) ,623 ,608
Hatch e Schultz (2002) ,620 ,498 ,483
Scott e Lane (2000) ,614 ,466
Elsbach e Kramer (1996) ,611 ,403
Suchman (1995) ,603 ,496
DiMaggio e Powell (1983) ,602
Ravasi e Schultz (2006) ,584 ,414 ,413
Dutton e Dukerich, (1991) ,952
Dutton, Dukerich e Harquail
,906
(1994)
Humphreys e Brown, (2002) ,471 ,581 ,467
Alvesson e Willmott (2002) ,442 ,556
Corley e Gioia, (2004) ,510 ,533 ,411
Albert e Whetten (1985) ,951
Albert, Ashforth e Dutton
,923
(2000)

A rede de cocitação está apresentada na Figura 2, apresentando as ligações entre os


artigos da amostra. A leitura da rede de cocitações permite obter uma compreensão geral
da importância relativa dada a estes trabalhos. Os trabalhos de maior centralidade são

FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
159
Fernando Ribeiro Serra, Fabio Pinotti, Luiz Cam argo Guerrazzi & June Alisson Westarb Cruz

Albert e Whetten (1985), seguido por Dutton e Dukerich (1991) e Gioia et al. (2000). Estes
trabalhos correspondem a cada um dos f atores da AFE, Fator 3, Fator 2 e Fator 1,
respectivamente .

Figura 2. Rede de Cocitação

Para orientar a apresentação dos resultados de f orma organizada e orientada para a


discussão posterior, os f atores não serão organizados pela ordem da aná lise f atorial, mas
pela ordem de argumentação. Sendo assim, a discussão será organizada iniciando pelo
Fator 3, depois para o Fator 1 e f inalmente o Fator 2. Pelos resultados, pode se observar
que os f atores, com exceção dos trabalhos que os caracterizam e specif icamente, poderiam
estar presentes nos demais, como um grande campo, sem uma f ronteira def inida se
comunicando.
O Fator 3 f oi denominado “Definições e Conceitos de Identidade e Identificação
Organizacional”. Este f ator é composto por somente dois trabalhos. O primeiro deles é o
artigo seminal de Albert e Whetten, (1985) que serviu de base para a conceituação de
identidade organizacional. Os autores def iniram a identidade organizacional como os
aspectos percebidos pelos membros da organização como centrais para caracterizar a
organização, e que são distintivos em relação a outras organizações similares, e
duradouros pela continuidade ao longo do tempo. Estes aspectos centrais, distintivos e
duradouros serão resumidos como CED no restante desta dissertação.
O segundo trabalho deste f ator, Albert Ashf orth e Dutton (2000), é a apresentação
do f órum de tópico especial editado pela Academy of Management Review (AMR), sobre
identidade organizacional e identif icação. De certa f orma, este número especial, 15 anos
depois do artigo de Albert e Whetten (1985), apresenta um conjunto de seis trabalhos que

FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
160
A Estrutura Intelectual da Identidade Organizacional e a Oportunidade de Estudos em
Estratégia

representam a evolução do conceito a partir da perspectiva de diversos autores (Pratt &


Foreman, 2000; Scott & Lane, 2000; Gioia, Schultz & Corley, 2000). O conjunto de artigos
apresenta def inições, conceitos e objetos, ainda diversos e por amadurecer, de identidade,
identif icação e imagem.
Em especial, nesta publicação do f órum de tópico especial da AMR, está o artigo de
Gioia, Schultz e Corley (2000), que ref orça o posicionamento do artigo de Gioia e Thomas
(1996), de que a identidade organizacional pode mudar em f unção dos desaf ios e
contextos, e de f orma planejada. Considerando a def inição original de Albert e Whetten
(1985), existem três pilares relacionados ao conceito de identidade organizacional. O
primeiro deles é o de características centrais aos olhos dos seus membros, que def inem
“quem somos nós” (valores-chave, rótulos, produtos, serviços, práticas etc). O segundo,
o que torna a organização distintiva das outras, ou seja, um compromisso entre ser
dif erente, apesar das pressões institucionais que levam ao contrário. O terceiro, que é
desaf iado por estes artigos, que f azem parte do Fator1, é o f ato da ide ntidade
organizacional ser “duradoura”, ou seja, ter “continuidade ao longo do tempo” (Gioia et
al., 2013).
O Fator 1, “Identidade Organizacional e Mudança Estratégica”, é composto por
19 artigos. Em geral, investiga o papel das equipes de alta gerência no processo de
mudança estratégica. Como f oi mencionado, este Fator 1, tem como artigo central os
trabalhos que desaf iam o terceiro pilar da def inição de identidade organizacional proposta
por Albert e Whetten (1985). A identidade organizacional segundo os dois primeiros
trabalhos da análise, Gioia e Thomas (1996) e Gioia et al. (2000), pode mudar em períodos
de tempo, mesmo que não prof undamente, apesar da percepção dos membros da
organização da estabilidade da identidade organizacional. Conf orme Gioia et al. (2000) os
rótulos são estáveis, mas os signif icados são maleáveis.
O Fator 1, também apresenta outra característica, a de aglutinar as três abordagens
de identidade organizacional (Gioia et al., 2013): a visão socialmente construída (Gioia et
al., 2000); a visão do ator social (Whetten & Mackey, 2002); a visão institucionalista (Glynn
& Azug, 2002). Também indica as f rentes de pesquisa que dão sequência ao artig o de
Albert e Whetten (1985).
A primeira das quatro abordagens de identidade organizacional, a visão socialmente
construída, está representada por uma série de artigos. O artigo de Gioia e Thomas (1996)
investiga equipes de topo de IES que planejaram a adaptação da identidade organizacional
a partir da imagem desejada para o f uturo. Além de apresentar uma ligação clara com a
estratégia da organização, o artigo f az uma ligação com sensemaking5 prospectivo para
uma imagem do f uturo, representado no Fator 1 pelo livro de Weick (1995).

161
5 Sensemaking é o processo pelo qual as pessoas dão significado à experiência (Weick, 1995).

FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
Fernando Ribeiro Serra, Fabio Pinotti, Luiz Cam argo Guerrazzi & June Alisson Westarb Cruz

O artigo de Gioia, Schultz, e Corley (2000) também f az parte da primeira abordagem.


Ref orçam, ao contrário de Albert e Whetten (1985), que a identidade não é
necessariamente durável, mas coloca as implicações da identidade mutável. Outros
autores como Hatch e Schultz (2002) e Ravasi e Schultz (2006) concordam com a
argumentação. Hatch e Schultz (2002) ref orçam a relação entre identidade organizacional
e imagem, e do seu dinamismo. Como Gioia et al. (2000), também Hatch e Schultz (2002)
colocam a possibilidade de a identidade ajudar as organizações a adaptarem -se às
mudanças. Scott e Lane (2000) argumentam que a identidade organizacional é construída
continuamente ao longo do tempo.
Ashf orth e Mael (1989), por sua vez, argumentam que os membros de uma
organização preservam suas identidades sociais a partir da percepção de uma identidade
duradora, levanta a uma f orte identif icação com a organização. Identif icação é o senso de
pertencimento de uma pessoa com a organização (Mael & Ashf orth, 1992). Os membros
da organização tendem a resistir às mudanças visto que a identidade organizacional, c omo
caracterizada por Ashf orth e Mael (1989) constitui a “alma” da organização para eles.
O trabalho de Whetten, (2006), critica a abordagem da visão socialmente construída,
pois existe problema de tratar a identidade organizacional como se f osse a identidade do
indivíduo (antropomorf ismo 6), além de colocar muita ênf ase dos rótulos e signif icados. De
certa f orma também é uma def esa à abordagem da perspectiva do ator social apresentada
a seguir.
Independentemente das críticas e da perspectiva da visão socialmente construída,
Fiol (2002) concorda que a identidade organizacional pode mudar. Esta mudança pode ser
incremental, mas a autora sugere que pode ser radical caso a mudança organizacional
possa ser f undamental para a manutenção da competitividade da organização, e do papel
da liderança neste processo.
A segunda abordagem é a da identidade organizacional a partir da visão do ator
social, representada pelo trabalho de Whetten e Mackey, (2002). Esta abordagem
argumenta que as organizações declaram quem são como atores na sociedade a partir dos
seus atributos de identidade organizacional. Apesar de também cons iderar a organização
como ref erencial para os seus membros como a abordagem anterior. Outro aspecto, é que
este trabalho também mantém os conceitos CED do trabalho original de Albert e Whetten
(1985). O artigo de Whetten e Mackey (2002) segundo os autores teve como objetivo
aprimorar a compreensão da relação entre identidade organizacional, imagem e reputação.
A perspectiva do ator social, até pela presença de David Whetten como um dos
autores do trabalho que apresenta a abordagem, pode ser vista como uma continuação do
que f oi levantado no trabalho de Albert e Whetten (1985). Um dos aspectos abordados no
artigo original e a possibilidade de múltiplas identidades existentes em uma organização.

162
6 Neste caso, o antropomorfismo é dar características humanas ao que não é humano.

FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
A Estrutura Intelectual da Identidade Organizacional e a Oportunidade de Estudos em
Estratégia

O trabalho de Pratt e Foreman (2000) que f az parte desta abordagem, apresenta uma
tipologia a partir de uma argumentação consistente para a as múltiplas identidades
organizacionais e o seu gerenciamento.
Em uma possível crítica a esta abordagem, Elsbach e Kramer (1996) argumentam
que o atributo de a identidade organizacional ser distintiva não f oi trabalhado
prof undamente e sequer demonstrado. Os autores colocam a existência de possíveis
ameaças à identidade organizacional, pela possibilidade de dif erenças de percepções entre
os membros da organização e como a imagem da empresa é percebida no mercado.
A terceira abordagem de identidade organizacional representada pelos artigos no
Fator 1, é a abordagem institucionalista. Esta abordagem, talvez capitaneada pelo artigo
(Glynn & Abzug, 2002) trata da questão da legitimidade e das pressões isomórf icas sobre
a identidade organizacional nesta busca. Naturalmente, a presença do trabalho de
DiMaggio e Powel (1983) está enquadrado nesta abordagem, por se tratar do trabalho
seminal de isomorf ismo. Abzug (2002) argumentam que as pressões isomórf icas se
manif estam pelas práticas e padrões que impactam a identidade organizacional.
Esta abordagem, de certa f orma, estende as abordagens anteriores, seja pela relação
do isomorf ismo de práticas e padrões, ou de rótulos artigo (Glynn & Abzug, 2002),
relacionada a abordagem do ator social. No entanto, pela mudança do ambiente
institucional pressionar a adaptação da identidade organizacional, concordando que é
maleável conf orme a abordagem da visão socialmente construída.
Suchman (1995), por exemplo, argumenta que as organizações sobrevivem se
conseguirem conquistar e manter a legitimidade no ambiente em que competem. Os
trabalhos de Golden-Biddle e Rao (1997) e de Glynn (2000) apesar de apresentarem
possíveis consequências para as identidades organizacionais múltiplas, estão enquadrados
nesta abordagem pela relação entre a mudança institucional e seu impacto na identidade
organizacional.
O artigo de Eisenhardt (1989) apesar de f azer parte do Fator 1, é na verdade que
apresenta uma das vertentes predominantes de trabalhar estudos multicasos. Isto indica
uma aparente predominância de pesquisas qualitativas com o interesse de responder a
perguntas de como e por que.
Finalmente, o Fator 2, denominado “Práticas e Processos na Identificação
Organizacional” é composto por cinco trabalhos. Como apresentado no trabalho de
Dutton, Dukerich & Harquail (1994), as pessoas identif icadas com a organização têm uma
percepção de como que está f ora da organização a vê. Muitas vezes, como verif icado pelos
autores, existe uma visão f avorável interna, apesar de uma imagem desf avorável externa.
No trabalho de Corley e Gioia (2004) os autores constatam um estudo de “ambiguidade de
identidade”, durante a transição na mudança de identidade organizacional. Nestes

FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
163
Fernando Ribeiro Serra, Fabio Pinotti, Luiz Cam argo Guerrazzi & June Alisson Westarb Cruz

momentos os gestores de topo trabalham f ortemente esf orços de sensegiving para tentar
reduzir os ef eitos da ambiguidade de identidade.
Humpreys e Brown (2002) argumento das narrativas conf lituosas e múltiplas
relacionadas a identidade organizacional em organizações complexas. O seu trabalho está
relacionado com instituições educacionais, e de especial interesse para esta dissertação. O
trabalho investiga a mudança de identidade em relação à transição de f ormas de ensino
tradicionais e mais modernas, pela tentativa de anular narrativas de identidade anteriores
em relação à nova identidade.
Finalmente, o trabalho de Alvesson e Willmott (2002) apresenta a inf luência da
empresa sobre os f uncionários para inf luenciar a imagem em relação aos objetivos
organizacionais.

4 DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS

As análises realizadas permitem observar as ligações intelectuais e abordagens


conceituais relacionadas ao tema. A Figura 3, apresentada a seguir ilustra a evolução do
tema a partir dos resultados encontrados.

Figura 3. Evolução intelectual da identidade organizacional

Conf orme Figura 3, o tema de identidade organizacional evoluiu a partir do trabalho


de Albert e Whetten (1985). Os conceitos f undamentais da def inição de identidade
organizacional propostos pelos autores é que serviram base para a evolução dos trabalhos.
CED (centrality, eduring, distinctiveness) f oram o ponto de partida para os trabalhos em
três abordagens: visão socialmente construída, com muitas pesquisas e organizada

FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
164
A Estrutura Intelectual da Identidade Organizacional e a Oportunidade de Estudos em
Estratégia

predominantemente pelo trabalho de Gioia, Schultz e Corley (2000); visão do ator social
(Whetten & Mackey, 2002); e visão institucionalista (Glynn & Azug, 2002).
Desde a publicação do artigo de Albert & Whetten (1985) o tema passou a ser
estudado e gradativamente crescendo de interesse, principalmente para estudos
organizacionais. Partindo do CED proposto por Albert e Whetten (1985), parece haver a
concordância que a identidade organizacional está ligada às características centrais aos
olhos dos seus membros. Embora autores tenham enf atizado a pesquisa em como a
identidade organizacional nasce e muda (Gioia et al, 2013), ainda assim, considerando
estudos possíveis em estratégia, existe a possibilidade de compreender a relação destas
características centrais como f onte para vantagem competitiva. Existem, por exemplo em
marketing estudos que investigam imagem de marca (ex., Micelotta & Raynard, 2011).
Nesse sentido, uma relevante questão apresenta-se: os elementos centrais de uma
identidade organizacional, como visão e missão, carregam aspe ctos importantes para a
comunicação interna e com o mercado? Por exemplo, existem organizações orientadas pela
missão que se propõem, neste caso, não necessariamente a missão organizacional. Por
exemplo, as ONGs e outras organizações humanitárias são direc ionadas pela sua missão
em relação ao ambiente ou ao próximo (por ex., Wang & Lin, 2011). Um outro tipo de
organizações que são orientadas pela missão são as organizações católicas, nas quais as
atividades de ordens e congregações deveriam considerar os ca rismas dos f undadores
(Sanders, 2010). De certa f orma, se trata de uma condição de contorno extrema para teste
de visão e missão organizacional em relação ao carisma do f undador. Aliás, é uma condição
interessante para qualquer trabalho acadêmico ligado à identidade e identif icação.
Outro elemento do CED é o que torna a organização distintiva das outras. Neste caso,
existem críticas a se f oi realmente testado e em que condições acontece (Gioia et al.,
2013). Neste elemento, a inf luência do ambiente institucional parece ser f undamental. O
Brasil, como país emergente (Lazzarini, 2012) pode trazer condições e contribuições
bastante importantes na competição entre a distinção a partir da identidade organizacional
ou a adaptação da identidade ao ambiente institucional em busca de legitimidade. Em
especial, é uma situação das IES brasileiras extremamente reguladas e num ambiente
competitivo bastante intenso.
O terceiro elemento da CED e que f oi desaf iado pelo trabalho de Gioia e Thomas
(1996) e Gioia et al. (2000), está relacionado à identidade organizacional ser duradoura e
com mudanças de longo prazo na proposta de Albert e Whetten (1985), e pelos autores
de ser mais de curto prazo ou maleável. Novamente, ref orça a possibilidade de trabalhar
no ambiente institucional brasileiro.
Em relação aos desaf ios metodológicos, o predomínio de trabalhos qualitativos, em
especial estudos de casos, a partir da ref erência de Eisenhardt (1989) em dois f atores,

FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
165
Fernando Ribeiro Serra, Fabio Pinotti, Luiz Cam argo Guerrazzi & June Alisson Westarb Cruz

remete ao apelo de compreender como a identidade organizacional nasce, muda ou resiste,


assim como a identif icação.
Por f im, vale destacar que apesar de muito ainda poder ser estudado sobre o tema,
os estudos indicam a possibilidade de relacionar a identidade organizacional com outras
perspectivas, sobretudo para responder outros problemas. Pelo nosso interesse em
estratégia e considerando que a identidade organizacional pode ser uma possibilidade
como recurso, ou mesmo capabilty que proporcione a possibilidade de vantagem
competitiva (Fiol, 1991), ou mesmo pela identidade em transição apontada por Barney et
al. (2011) como uma das possibilidades de estudos f uturos de identidade e estratégia.

REFERÊNCIAS

Albert, S., Ashf orth, B. E., & Dutton, J. E. (2000). Organizational Identity and
Identif ication: Charting New Waters and Building New Bridges. Academy of Management
Review, 25(1), 13–17. https://doi.org/10.5465/AMR.2000.2791600

Albert, S., & Whetten, D. A. (1985). Organizational identity. Research in


Organizational Behavior, 7, 263–295.

Alvesson, M., & Willmott, H. (2002). Identity Regulation as Organizational Control:


Producing the Appropriate Individual. Journal of Management Studies, 39(5), 619–644.
https://doi.org/10.1111/1467-6486.00305

Ashf orth, B. E., & Mael, F. (1989). Social Identity Theory and the Organization. The
Academy of Management Review, 14(1), 20–39. https://doi.org/10.2307/258189

Barney, J. B., Ketchen Jr, D. J., Wright, M., Barney, J. B., Ketchen Jr, D. J., & Wright,
M. (2011). The f uture of resource-based theory: revitalization or decline? Journal of
Management, 37(5), 1299–1315.

Barney, J. (1992). Integrating organizational behavior and strategy f ormulation


research: a resource based analysis. In: Shrivastava P., Huf f A., Dutton
J., editors. Advances in Strategic Management, 8, 39-62. Greenwich, CT: JAI Press.

Barney, Jay B., and Alice C. Stewart. (2000). Organizational identity as moral
philosophy: competitive implications f or diversif ied corporations. (eds.), In Majken, J.
Schultz., Mary Jo Hatch., and Mogens H. Larsen. The expressive organization, 36-47. New
York: Oxf ord University Press.

Bazeley, P. & Jackson, K. (2013). Qualitative Data Analysis with NVivo (2nd ed.).
London: Sage.

Bernard, H. R., & Ryan, G. W. (2010). Analyzing qualitative data: Systematic


approaches. Los Angeles, CA: Sage.

Corley, K. G., & Gioia, D. A. (2004). Identity Ambiguity and Change in the Wake of
a Corporate Spin-of f . Administrative Science Quarterly, 49(2), 173–208.

Denyer, D. & Tranf ield, D. (2009), Producing a systematic review, in Buchanan, D.A.
and Bryman, A. (Eds), The Sage Handbook of Organizational Research Methods , Sage,
Thousand Oaks, CA, p. 671-689.

FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
166
A Estrutura Intelectual da Identidade Organizacional e a Oportunidade de Estudos em
Estratégia

DiMaggio, P. J., & Powell, W. W. (1983). The Iron Cage Revisited: Institutional
Isomorphism and Collective Rationality in Organizational Fields. American Sociological
Review, 48(2), 147–160

Dutton, J. E., & Dukerich, J. M. (1991). Keeping an Eye on the Mirror: Image and
Identity in Organizational Adaptation. Academy of Management Journal, 34(3), 517–554.
https://doi.org/10.2307/256405

Dutton, J. E., Dukerich, J. M., & Harquail, C. V. (1994). Organizational Images and
Member Identif ication. Administrative Science Quarterly, 39(2), 239–263

Eisenhardt, K. M. (1989). Building Theories f rom Case Study Research. The Academy
of Management Review, 14(4), 532–550

Elsbach, K. D., & Kramer, R. M. (1996). Members’ Responses to Organizational


Identity Threats: Encountering and Countering the Business Week Rankings.
Administrative Science Quarterly, 41(3), 442–476

Fabrigar, L. R., Wegener, D. T., MacCallum, R. C., & Strahan, E. J. (1999). Evaluating
the use of exploratory f actor analysis in psychological research. Psychological Methods,
4(3), 272–299. https://doi.org/10.1037/1082-989X.4.3.272

Fiol, C. M. (1991). Managing culture as a competitive resource: An identity-based


view of sustainable competitive advantage. Journal of Management, 17(1), 191–211.

Fiol, C. M. (2001). Revisiting an identity-based view of sustainable competitive


advantage. Journal of Management, 27(6), 691–699.

Fiol, C. M. (2002). Capitalizing on Paradox: The Role of Language in Transf orming


Organizational Identities. Organization Science, 13(6), 653–666

Gioia, D. A., Schultz, M., & Corley, K. G. (2000). Organizational Identity, Image, and
Adaptive Instability. Academy of Management Review, 25(1), 63–81.
https://doi.org/10.5465/AMR.2000.2791603

Gioia, D. A., & Thomas, J. B. (1996). Identity, Image, and Issue Interpretation:
Sensemaking During Strategic Change in Academia. Administrative Science Quarterly,
41(3), 370–403. https://doi.org/10.2307/2393936

Gioia, D. A., Patvardhan, S. D., Hamilton, A. L., & Corley, K. G. 2013: Organizational
Identity Formation and Change. Academy of Management Annals, 7, 123–193,
https://doi.org/10.5465/19416520.2013.762225

Glynn, M. A. (2000). When Cymbals Become Symbols: Conf lict Over Organizational
Identity Within a Symphony Orchestra. Organization Science, 11(3), 285–298.
https://doi.org/10.1287/orsc.11.3.285.12496

Glynn, M. A., & Abzug, R. (2002). Institutionalizing Identity: Symbolic Isomorphism


and Organizational Names. Academy of Management Journal, 45(1), 267–280.
https://doi.org/10.2307/3069296

Golden-Biddle, K., & Rao, H. (1997). Breaches in the Boardroom: Organizational


Identity and Conf licts of Commitment in a Nonprof it Organization. Organization Science,
8(6), 593–611.

FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
167
Fernando Ribeiro Serra, Fabio Pinotti, Luiz Cam argo Guerrazzi & June Alisson Westarb Cruz

Goussevskaia, A., & Arruda, C. (2016). The Intersection of Organizational Identity


and Capabilities. Academy of Management Proceedings, 2016(1), 17954.
https://doi.org/10.5465/AMBPP.2016.1795 4abstract

Habib, R. & Af zal, M. (2019). =Sections-based bibliographic coupling f or research


paper recommendation. Scientometrics, 119(2), 643-656.

Hatch, M. J., & Schultz, M. (2002). The Dynamics of Organizational Identity. Human
Relations, 55(8), 989–1018.

Hair, J. F., Anderson, R. E., Tatham, R. L., & Black, W. C. (1995). Multivariable data
analysis reading. USA: Prentice Hall International Editions.

Humphreys, M., & Brown, A. D. (2002). Narratives of Organizational Identity and


Identif ication: A Case Study of Hegemony and Resistance. Organization Studies, 23(3),
421–447.

Lin, T.-Y., & Cheng, Y.-Y. (2010). Exploring the knowledge network of strategic
alliance research: A co-citation analysis. International Journal of Electronic Business
Management, 8(2), 152.

Lotka, A. (1926). The f requency distribution of scientif ic productivity. Journal of the


Washington Academy of Sciences, 16(2), 317-323.

Mael, F., & Ashf orth, B. E. (1992). Alumni and their alma mater: A partial test of the
ref ormulated model of organizational identif ication. Journal of Organizational Behavior,
13(2), 103–123.

Meyer, J. W., & Rowan, B. (1977). Institutionalized Organizations: Formal Structure


as Myth and Ceremony. American Journal of Sociology, 83(2), 340–363.

Nath, R. & Jackson, W. (1991), Productivity of management inf ormation system


researchers: does Lotka’s law apply? Information Processing and Management, 27( 2/3),
203-209.

Pratt, M. G., & Foreman, P. O. (2000). Classif ying Managerial Responses to Multiple
Organizational Identities. Academy of Management Review, 25(1), 18–42

Ramos-Rodríguez, A.-R., & Ruíz-Navarro, J. (2004). Changes in the intellectual


structure of strategic management research: a bibliometric study of the Strategic
Management Journal, 1980–2000. Strategic Management Journal, 25(10), 981–1004.
https://doi.org/10.1002/smj.397

Ravasi, D., & Schultz, M. (2006). Responding to Organizational Identity Threats:


Exploring the Role of Organizational Culture. Academy of Management Journal, 49(3),
433–458

Scazziota, V., Andreassi, T., Serra, F., & Guerrazzi, L. (2020). Expanding knowledge
f rontiers in entrepreneurship: examining bricolage and ef f ectuation. International Journal
of Entrepreneurial Behavior & Research, 26(5), 1043-1065.
https://doi.org/10.1108/IJEBR-11-2019-0638

Scott, S. G., & Lane, V. R. (2000). A Stakeholder Approach to Organizational Identity.


Academy of Management Review, 25(1), 43–62.

FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
168
A Estrutura Intelectual da Identidade Organizacional e a Oportunidade de Estudos em
Estratégia

Snyder, H. (2019). Literature review as a research methodology: An overview and


guidelines. Journal of Business Research, 104, 333-339.
https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.07.039.

Stimpert, J. L., Gustaf son, L. T., & Sarason, Y. (1998). Organizational identity within
the strategic management conversation: Contributions and assumptions. Identity in
Organizations: Building Theory through Conversations, 83–98.

Suchman, M. C. (1995). Managing Legitimacy: Strategic and Institutional


Approaches. The Academy of Management Review, 20(3), 571–610.

Vogel, R., & Güttel, W. H. (2013). The Dynamic Capability View in Strategic
Management: A Bibliometric Review. International Journal of Management Reviews, 15(4),
426–446. https://doi.org/10.1111/ijmr.12000

Weick, K. E. (1995). What Theory is Not, Theorizing Is. Administrative Science


Quarterly, 40(3), 385–390. https://doi.org/10.2307/2393789

Whetten, D. A., & Mackey, A. (2002). A Social Actor Conception of Organizational


Identity and Its Implications f or the Study of Organizational Reputation. Business &
Society, 41(4), 393–414. https://doi.org/10.1177/0007650302238775

Whetten, D. A. (2006). Albert and Whetten Revisited: Strengthening the Concept of


Organizational Identity. Journal of Management Inquiry, 15(3), 219–234.
https://doi.org/10.1177/1056492606291200

Zupic, I., & Čater, T. (2015). Bibliometric Methods in Management and Organization.
Organizational Research Methods, 18(3), 429–472.
https://doi.org/10.1177/1094428114562629

FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
169

Você também pode gostar