Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1 Fernando
Ribeiro Serra
2 Fabio
Recebido: 28/10/2020 Pinotti
3 Luiz Camargo Guerrazzi
4 June Alisson Westarb Cruz
Aprovado: 15/02/2021
Resumo
Objetivo: Este artigo tem como objetivo central compreender a evolução intelectual da
Identidade Organizacional (IO) e as oportunidades de estudos f uturos em estratégia.
Como Citar:
Serra, F., Pinotti, F., Guerrazzi, L., & Cruz, J. (2021). A Estrutura Intelectual da Identidade
Organizacional e a Oportunidade de Estudos em Estratégia. Future Studies Research Journal: Trends
and Strategies [FSRJ], 13(2), 149-169. doi: https://doi.org/10.24023/FutureJournal/2175-
5825/2021.v13i2.552
1 Universidade Nove de Julho – UNINOVE, São Paulo, (Brasil). E-mail: fernandorserra@gmail.com Orcid id:
https://orcid.org/0000-0002-8178-7313
2 Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC, (Brasil). E-mail: fabiopinotti1976@gmail.com
3 ISMAT - Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes, (Portugal). E-mail: luizguerrazzi@hotmail.com Orcid id:
https://orcid.org/0000-0002-7100-5314
4 Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC, Paraná, (Brasil). E-mail: june.cruz@pucpr.br Orcid id:
https://orcid.org/0000-0002-4183-9983
FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
149
Fernando Ribeiro Serra, Fabio Pinotti, Luiz Cam argo Guerrazzi & June Alisson Westarb Cruz
Abstract
Originality/value: Thirty-five years have passed since the seminal article by Albert
and Whetten (1985). Studies on organizational identity have grown significantly since
then. In recognition of the importance of the concept and the apparent maturity of the
field, it is important to revisit and understand the works that have influenced the
current works on organizational identity.
Findings: The results indicated that departing from the seminal work mentioned,
studies were influenced on organizational identity and strategic change according to
three approaches: socially constructed vision; view of the social actor; and
institutionalist vision. In addition to these studies, they were also influenced by works
related to practices and processes in organizational identification.
Theoretical contributions: The study presnts the intellectual structure of the studies
on organizational identity, providing an indication of future research.
FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
150
A Estrutura Intelectual da Identidade Organizacional e a Oportunidade de Estudos em
Estratégia
Resumen
Resultados: Los resultados indicaron que a partir del trabajo seminal mencionado se
incidió en estudios sobre identidad organizacional y cambio estratégico de acuerdo con
tres enfoques: visión socialmente construida; visión del actor social; y visión
institucionalista. Además de estos estudios, también fueron influenciados por trabajos
relacionados con prácticas y procesos en la identificación organizacional.
FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
151
Fernando Ribeiro Serra, Fabio Pinotti, Luiz Cam argo Guerrazzi & June Alisson Westarb Cruz
1 INTRODUÇÃO
A compreensão da identidade no nível organizacional permite a compreensão do
sentido da organização para as pessoas que fazem parte dela, e demais stakeholders. A
identidade organizacional procura responder: "Quem somos nós com o organização?
(Whetten, 2006, p .220). Como foi mencionado, a identidade organizacional pode ser
considerada como uma capability que pode gerar vantagem competitiva (Fiol, 2001). Pelos
aspectos levantados na definição seminal de (Albert & Whetten, 1985) na qual a identidade
organizacional está relacionada a características centrais, distintivas e duradouras da
organização, que se ajustam às características VRIN de recursos que podem gerar
vantagem competitiva sustentável (Barney et al., 2011). Adicionalmente, a partir da
contribuição (Gioia & Thomas, 1996) pode ser dinâmica, apesar de duradoura.
Gioia et tal. (2013) em sua revisão sobre identidade organizacional e mudança
argumentam que os estudos em identidade organizacional passam par a um estágio de
buscar relacionamento com outros temas, como estratégia. Um conjunto relativamente
pequeno de estudos existentes mostram esta tendência, embora exista um
reconhecimento de que a identidade organizacional possa ser uma f onte de vantagem
competitiva (Fiol 1991; Barney & Stewart, 2000; Fiol 2001; Barney et al., 2011).
Principalmente, considerando a inimitabilidade, a identidade organizacional pela sua
característica de ser socialmente complexa, pode ser uma f onte de vantagem competitiva
(Barney, 1992; Stimpert, Gustaf son & Sarason 1998), ou até mesmo como inibidora ou
ajudando no desenvolvimento de capabilities (Goussevskaia & Arruda, 2016).
Apesar desta possibilidade, a identidade organizacional também tem sido
considerada como um elemento de inércia ou de resistência ao processo de mudança
normalmente relacionado à estratégia (Dutton & Dukerich, 1991; Ashf orth & Mael, 1996;
Gioia and Thomas 1996). Apesar disso, existe um reconhecimento que a identidade
organizacional é importante para a avaliação dos desaf ios estratégicos (Dutton & Dukerich,
1991).
Passaram-se 35 anos desde o artigo seminal de Alber t e Whetten (1985).
Independentemente do reconhecimento das suas origens, após este período de tempo, e
pelo reconhecimento da importância do conceito, é importante revisitar e compreender os
trabalhos que têm inf luenciado os trabalhos atuais sobre identidade organizacional.
Para avaliar a estrutura intelectual que tem suportado os estudos atuais, realizamos
uma revisão semisistemática (Snyder, 2019) suportada por um estudo bibliométrico. A
bibliometria é uma técnica quantitativa e estatística que tem por f inalidade medir os índices
de produção e disseminação do conhecimento cientif ico (Vogel & Güttel, 2013; Zupic &
Čater, 2015), bem como identif icar os principais autores de uma disciplinca, medir o
crescimento de determinadas áreas e surgimento de novos temas, identif icar as revistas
FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
152
A Estrutura Intelectual da Identidade Organizacional e a Oportunidade de Estudos em
Estratégia
2 MÉTODO
FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
153
Fernando Ribeiro Serra, Fabio Pinotti, Luiz Cam argo Guerrazzi & June Alisson Westarb Cruz
2). A pesquisa identif icou 587 documentos disponíveis em 110 periódicos, dos quais, os 27
com mais trabalhos estão destacados e apresentados na Tabela 1. Os critérios para seleção
dos artigos f oram estarem publicados em periódicos com ênf ase em estratégia e gestão, e
especif icamente relacionados ao tema Identidade Organizacional.
A amostra f oi considerada totalmente na co-citação para estabelecer os autores mais
citados. Para o levantamento bibliométrico f oi utilizado o sof tware Biberxcel. Foram
selecionados 26 trabalhos com no mínimo 37 citações, respeitando a lei de Lotka, pois
representam mais de 5% (Lotka, 1926; Nath & Jackson, 1991) das, aproximadamente,
47.500 ref erências dos 587 artigos.
Fator Total
Periódico %
Impacto Artigos
FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
154
A Estrutura Intelectual da Identidade Organizacional e a Oportunidade de Estudos em
Estratégia
A análise de cocitação considera a f requência pela qual um par de artigos são citados
em conjunto em uma amostra. Neste caso, a citação conjunta das ref erências nos artigos
é uma indicação de conceitos relacionados. Esta proximidade conceitual entre trabalhos
índica estruturas intelectuais de base que estão dando suporte à pesquisa atual (Vogel &
Güttel, 2013). O sof tware Bibexcell permite a geração de uma matriz de co -ocorrência que
possibilita o uso da análise f atorial e análise de redes (Bernard & Ryan, 2010). A análise
pela matriz de co-ocorrência é usada em pesquisas qualitativas, onde os códigos (artigos
e revisões, neste caso) são colocados em linhas e colunas (Russell & Ryan, 2010). A matriz
é a base para proceder-se à análise multivariada (Bazeley & Jackson, 2013).
Para identif icação dos grupos de trabalhos e sua relação, utilizamos análise f atorial e
análise de redes. O uso de métodos complementares ajuda a dar robustez à análise
(Scazziota, Andreassi, Serra & Guerrazzi, 2020). Na análise f atorial usamos os f atores
usando o método de componentes principais, com rotação Varimax (Lin & Cheng, 2010),
e normalização de Kaiser, no sof tware SPSS. Foi utilizada a rotação Varimax, pois seus
resultados são mais f acilmente interpretáveis, porque f orçam os vetores de resultado,
representados pelos f atores para a menor correlação entre eles (Fabrigar, Wegener,
MacCallum, & Strahan, 1999). As cargas f atoriais acima de 0,4 f oram consideradas (Serra
et al., 2018). Na análise f atorial em bibliometria, os artigos que compõem um mesmo
f ator, possuem conceitos relacionados, o que ajuda na identif icação de subcampos de
conhecimento (Lin & Cheng 2010).
FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
155
Fernando Ribeiro Serra, Fabio Pinotti, Luiz Cam argo Guerrazzi & June Alisson Westarb Cruz
FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
156
A Estrutura Intelectual da Identidade Organizacional e a Oportunidade de Estudos em
Estratégia
# Referências % de Citações
5 Ashforth, B. E., & Mael, F. (1989). Social Identity Theory and the
5%
Organization. The Academy of Management Review, 14(1), 20–39.
FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
157
Fernando Ribeiro Serra, Fabio Pinotti, Luiz Cam argo Guerrazzi & June Alisson Westarb Cruz
Mael, F., & Ashforth, B. E. (1992). Alumni and their alma mater: A
25 partial test of the reformulated model of organizational identification. 2%
Journal of Organizational Behavior, 13(2), 103–123.
FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
158
A Estrutura Intelectual da Identidade Organizacional e a Oportunidade de Estudos em
Estratégia
2
1 3
Práticas e
Identidade Processos na Definições e Conceitos de
Organizacional e Identificação Identidade e Identificação
Mudança Estratégica Organizacional Organizacional
Gioia e Thomas (1996) ,920
Gioia, Schultz e Corley
,906
(2000)
Eisenhardt (1989) ,724 ,428
Ashforth & Mael (1989) ,723
Glynn (2000) ,689 ,496
Weick (1995) ,678 ,421 ,405
Whetten e Mackey (2002) ,672 ,459 ,434
Golden-Biddle e Rao (1997) ,670 ,456
Meyer e Rowan (1977) ,669 ,420
Fiol (2002) ,664 ,477
Mael e Ashforth (1992) ,628
Pratt e Foreman (2000) ,625 ,556
Whetten (2006) ,623 ,608
Hatch e Schultz (2002) ,620 ,498 ,483
Scott e Lane (2000) ,614 ,466
Elsbach e Kramer (1996) ,611 ,403
Suchman (1995) ,603 ,496
DiMaggio e Powell (1983) ,602
Ravasi e Schultz (2006) ,584 ,414 ,413
Dutton e Dukerich, (1991) ,952
Dutton, Dukerich e Harquail
,906
(1994)
Humphreys e Brown, (2002) ,471 ,581 ,467
Alvesson e Willmott (2002) ,442 ,556
Corley e Gioia, (2004) ,510 ,533 ,411
Albert e Whetten (1985) ,951
Albert, Ashforth e Dutton
,923
(2000)
FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
159
Fernando Ribeiro Serra, Fabio Pinotti, Luiz Cam argo Guerrazzi & June Alisson Westarb Cruz
Albert e Whetten (1985), seguido por Dutton e Dukerich (1991) e Gioia et al. (2000). Estes
trabalhos correspondem a cada um dos f atores da AFE, Fator 3, Fator 2 e Fator 1,
respectivamente .
FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
160
A Estrutura Intelectual da Identidade Organizacional e a Oportunidade de Estudos em
Estratégia
161
5 Sensemaking é o processo pelo qual as pessoas dão significado à experiência (Weick, 1995).
FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
Fernando Ribeiro Serra, Fabio Pinotti, Luiz Cam argo Guerrazzi & June Alisson Westarb Cruz
162
6 Neste caso, o antropomorfismo é dar características humanas ao que não é humano.
FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
A Estrutura Intelectual da Identidade Organizacional e a Oportunidade de Estudos em
Estratégia
O trabalho de Pratt e Foreman (2000) que f az parte desta abordagem, apresenta uma
tipologia a partir de uma argumentação consistente para a as múltiplas identidades
organizacionais e o seu gerenciamento.
Em uma possível crítica a esta abordagem, Elsbach e Kramer (1996) argumentam
que o atributo de a identidade organizacional ser distintiva não f oi trabalhado
prof undamente e sequer demonstrado. Os autores colocam a existência de possíveis
ameaças à identidade organizacional, pela possibilidade de dif erenças de percepções entre
os membros da organização e como a imagem da empresa é percebida no mercado.
A terceira abordagem de identidade organizacional representada pelos artigos no
Fator 1, é a abordagem institucionalista. Esta abordagem, talvez capitaneada pelo artigo
(Glynn & Abzug, 2002) trata da questão da legitimidade e das pressões isomórf icas sobre
a identidade organizacional nesta busca. Naturalmente, a presença do trabalho de
DiMaggio e Powel (1983) está enquadrado nesta abordagem, por se tratar do trabalho
seminal de isomorf ismo. Abzug (2002) argumentam que as pressões isomórf icas se
manif estam pelas práticas e padrões que impactam a identidade organizacional.
Esta abordagem, de certa f orma, estende as abordagens anteriores, seja pela relação
do isomorf ismo de práticas e padrões, ou de rótulos artigo (Glynn & Abzug, 2002),
relacionada a abordagem do ator social. No entanto, pela mudança do ambiente
institucional pressionar a adaptação da identidade organizacional, concordando que é
maleável conf orme a abordagem da visão socialmente construída.
Suchman (1995), por exemplo, argumenta que as organizações sobrevivem se
conseguirem conquistar e manter a legitimidade no ambiente em que competem. Os
trabalhos de Golden-Biddle e Rao (1997) e de Glynn (2000) apesar de apresentarem
possíveis consequências para as identidades organizacionais múltiplas, estão enquadrados
nesta abordagem pela relação entre a mudança institucional e seu impacto na identidade
organizacional.
O artigo de Eisenhardt (1989) apesar de f azer parte do Fator 1, é na verdade que
apresenta uma das vertentes predominantes de trabalhar estudos multicasos. Isto indica
uma aparente predominância de pesquisas qualitativas com o interesse de responder a
perguntas de como e por que.
Finalmente, o Fator 2, denominado “Práticas e Processos na Identificação
Organizacional” é composto por cinco trabalhos. Como apresentado no trabalho de
Dutton, Dukerich & Harquail (1994), as pessoas identif icadas com a organização têm uma
percepção de como que está f ora da organização a vê. Muitas vezes, como verif icado pelos
autores, existe uma visão f avorável interna, apesar de uma imagem desf avorável externa.
No trabalho de Corley e Gioia (2004) os autores constatam um estudo de “ambiguidade de
identidade”, durante a transição na mudança de identidade organizacional. Nestes
FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
163
Fernando Ribeiro Serra, Fabio Pinotti, Luiz Cam argo Guerrazzi & June Alisson Westarb Cruz
momentos os gestores de topo trabalham f ortemente esf orços de sensegiving para tentar
reduzir os ef eitos da ambiguidade de identidade.
Humpreys e Brown (2002) argumento das narrativas conf lituosas e múltiplas
relacionadas a identidade organizacional em organizações complexas. O seu trabalho está
relacionado com instituições educacionais, e de especial interesse para esta dissertação. O
trabalho investiga a mudança de identidade em relação à transição de f ormas de ensino
tradicionais e mais modernas, pela tentativa de anular narrativas de identidade anteriores
em relação à nova identidade.
Finalmente, o trabalho de Alvesson e Willmott (2002) apresenta a inf luência da
empresa sobre os f uncionários para inf luenciar a imagem em relação aos objetivos
organizacionais.
FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
164
A Estrutura Intelectual da Identidade Organizacional e a Oportunidade de Estudos em
Estratégia
predominantemente pelo trabalho de Gioia, Schultz e Corley (2000); visão do ator social
(Whetten & Mackey, 2002); e visão institucionalista (Glynn & Azug, 2002).
Desde a publicação do artigo de Albert & Whetten (1985) o tema passou a ser
estudado e gradativamente crescendo de interesse, principalmente para estudos
organizacionais. Partindo do CED proposto por Albert e Whetten (1985), parece haver a
concordância que a identidade organizacional está ligada às características centrais aos
olhos dos seus membros. Embora autores tenham enf atizado a pesquisa em como a
identidade organizacional nasce e muda (Gioia et al, 2013), ainda assim, considerando
estudos possíveis em estratégia, existe a possibilidade de compreender a relação destas
características centrais como f onte para vantagem competitiva. Existem, por exemplo em
marketing estudos que investigam imagem de marca (ex., Micelotta & Raynard, 2011).
Nesse sentido, uma relevante questão apresenta-se: os elementos centrais de uma
identidade organizacional, como visão e missão, carregam aspe ctos importantes para a
comunicação interna e com o mercado? Por exemplo, existem organizações orientadas pela
missão que se propõem, neste caso, não necessariamente a missão organizacional. Por
exemplo, as ONGs e outras organizações humanitárias são direc ionadas pela sua missão
em relação ao ambiente ou ao próximo (por ex., Wang & Lin, 2011). Um outro tipo de
organizações que são orientadas pela missão são as organizações católicas, nas quais as
atividades de ordens e congregações deveriam considerar os ca rismas dos f undadores
(Sanders, 2010). De certa f orma, se trata de uma condição de contorno extrema para teste
de visão e missão organizacional em relação ao carisma do f undador. Aliás, é uma condição
interessante para qualquer trabalho acadêmico ligado à identidade e identif icação.
Outro elemento do CED é o que torna a organização distintiva das outras. Neste caso,
existem críticas a se f oi realmente testado e em que condições acontece (Gioia et al.,
2013). Neste elemento, a inf luência do ambiente institucional parece ser f undamental. O
Brasil, como país emergente (Lazzarini, 2012) pode trazer condições e contribuições
bastante importantes na competição entre a distinção a partir da identidade organizacional
ou a adaptação da identidade ao ambiente institucional em busca de legitimidade. Em
especial, é uma situação das IES brasileiras extremamente reguladas e num ambiente
competitivo bastante intenso.
O terceiro elemento da CED e que f oi desaf iado pelo trabalho de Gioia e Thomas
(1996) e Gioia et al. (2000), está relacionado à identidade organizacional ser duradoura e
com mudanças de longo prazo na proposta de Albert e Whetten (1985), e pelos autores
de ser mais de curto prazo ou maleável. Novamente, ref orça a possibilidade de trabalhar
no ambiente institucional brasileiro.
Em relação aos desaf ios metodológicos, o predomínio de trabalhos qualitativos, em
especial estudos de casos, a partir da ref erência de Eisenhardt (1989) em dois f atores,
FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
165
Fernando Ribeiro Serra, Fabio Pinotti, Luiz Cam argo Guerrazzi & June Alisson Westarb Cruz
REFERÊNCIAS
Albert, S., Ashf orth, B. E., & Dutton, J. E. (2000). Organizational Identity and
Identif ication: Charting New Waters and Building New Bridges. Academy of Management
Review, 25(1), 13–17. https://doi.org/10.5465/AMR.2000.2791600
Ashf orth, B. E., & Mael, F. (1989). Social Identity Theory and the Organization. The
Academy of Management Review, 14(1), 20–39. https://doi.org/10.2307/258189
Barney, J. B., Ketchen Jr, D. J., Wright, M., Barney, J. B., Ketchen Jr, D. J., & Wright,
M. (2011). The f uture of resource-based theory: revitalization or decline? Journal of
Management, 37(5), 1299–1315.
Barney, Jay B., and Alice C. Stewart. (2000). Organizational identity as moral
philosophy: competitive implications f or diversif ied corporations. (eds.), In Majken, J.
Schultz., Mary Jo Hatch., and Mogens H. Larsen. The expressive organization, 36-47. New
York: Oxf ord University Press.
Bazeley, P. & Jackson, K. (2013). Qualitative Data Analysis with NVivo (2nd ed.).
London: Sage.
Corley, K. G., & Gioia, D. A. (2004). Identity Ambiguity and Change in the Wake of
a Corporate Spin-of f . Administrative Science Quarterly, 49(2), 173–208.
Denyer, D. & Tranf ield, D. (2009), Producing a systematic review, in Buchanan, D.A.
and Bryman, A. (Eds), The Sage Handbook of Organizational Research Methods , Sage,
Thousand Oaks, CA, p. 671-689.
FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
166
A Estrutura Intelectual da Identidade Organizacional e a Oportunidade de Estudos em
Estratégia
DiMaggio, P. J., & Powell, W. W. (1983). The Iron Cage Revisited: Institutional
Isomorphism and Collective Rationality in Organizational Fields. American Sociological
Review, 48(2), 147–160
Dutton, J. E., & Dukerich, J. M. (1991). Keeping an Eye on the Mirror: Image and
Identity in Organizational Adaptation. Academy of Management Journal, 34(3), 517–554.
https://doi.org/10.2307/256405
Dutton, J. E., Dukerich, J. M., & Harquail, C. V. (1994). Organizational Images and
Member Identif ication. Administrative Science Quarterly, 39(2), 239–263
Eisenhardt, K. M. (1989). Building Theories f rom Case Study Research. The Academy
of Management Review, 14(4), 532–550
Fabrigar, L. R., Wegener, D. T., MacCallum, R. C., & Strahan, E. J. (1999). Evaluating
the use of exploratory f actor analysis in psychological research. Psychological Methods,
4(3), 272–299. https://doi.org/10.1037/1082-989X.4.3.272
Gioia, D. A., Schultz, M., & Corley, K. G. (2000). Organizational Identity, Image, and
Adaptive Instability. Academy of Management Review, 25(1), 63–81.
https://doi.org/10.5465/AMR.2000.2791603
Gioia, D. A., & Thomas, J. B. (1996). Identity, Image, and Issue Interpretation:
Sensemaking During Strategic Change in Academia. Administrative Science Quarterly,
41(3), 370–403. https://doi.org/10.2307/2393936
Gioia, D. A., Patvardhan, S. D., Hamilton, A. L., & Corley, K. G. 2013: Organizational
Identity Formation and Change. Academy of Management Annals, 7, 123–193,
https://doi.org/10.5465/19416520.2013.762225
Glynn, M. A. (2000). When Cymbals Become Symbols: Conf lict Over Organizational
Identity Within a Symphony Orchestra. Organization Science, 11(3), 285–298.
https://doi.org/10.1287/orsc.11.3.285.12496
FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
167
Fernando Ribeiro Serra, Fabio Pinotti, Luiz Cam argo Guerrazzi & June Alisson Westarb Cruz
Hatch, M. J., & Schultz, M. (2002). The Dynamics of Organizational Identity. Human
Relations, 55(8), 989–1018.
Hair, J. F., Anderson, R. E., Tatham, R. L., & Black, W. C. (1995). Multivariable data
analysis reading. USA: Prentice Hall International Editions.
Lin, T.-Y., & Cheng, Y.-Y. (2010). Exploring the knowledge network of strategic
alliance research: A co-citation analysis. International Journal of Electronic Business
Management, 8(2), 152.
Mael, F., & Ashf orth, B. E. (1992). Alumni and their alma mater: A partial test of the
ref ormulated model of organizational identif ication. Journal of Organizational Behavior,
13(2), 103–123.
Pratt, M. G., & Foreman, P. O. (2000). Classif ying Managerial Responses to Multiple
Organizational Identities. Academy of Management Review, 25(1), 18–42
Scazziota, V., Andreassi, T., Serra, F., & Guerrazzi, L. (2020). Expanding knowledge
f rontiers in entrepreneurship: examining bricolage and ef f ectuation. International Journal
of Entrepreneurial Behavior & Research, 26(5), 1043-1065.
https://doi.org/10.1108/IJEBR-11-2019-0638
FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
168
A Estrutura Intelectual da Identidade Organizacional e a Oportunidade de Estudos em
Estratégia
Stimpert, J. L., Gustaf son, L. T., & Sarason, Y. (1998). Organizational identity within
the strategic management conversation: Contributions and assumptions. Identity in
Organizations: Building Theory through Conversations, 83–98.
Vogel, R., & Güttel, W. H. (2013). The Dynamic Capability View in Strategic
Management: A Bibliometric Review. International Journal of Management Reviews, 15(4),
426–446. https://doi.org/10.1111/ijmr.12000
Zupic, I., & Čater, T. (2015). Bibliometric Methods in Management and Organization.
Organizational Research Methods, 18(3), 429–472.
https://doi.org/10.1177/1094428114562629
FUTURE STUDIES RESEARCH JOURNAL ISSN 2175-5825 SÃO PAULO , V .13, N .2, P . 149 – 169, M AY. / AUG. 2021
169