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R evisitando a dança educativa moderna


de Rudolf Laban

I sabel A. Marques

Revisitando Rudolf Laban modernidade européia. Em plena ‘pós-moder-

V
nidade’, é mister que seja revisitado, não somente
araljai vereknyei esliget falyi Laban Rezso para compreendê-lo em seu contexto sócio-po-
Keresztelo szent Janos Attila, ou Rudolf lítico-cultural, mas principalmente para que pos-
Laban, como mais tarde ficou mundialmen- sa ser inserido de forma não ingênua no con-
te conhecido, começou seu trabalho de pes- texto artístico e educacional brasileiro. 1
quisa e criação na Europa, no início do O estudo aprofundado e minucioso so-
século XX. Seu carisma, senso de humor, dedi- bre o movimento humano empreendido por
cação e entusiasmo, aliados à sua intuição, avi- Laban tem até hoje oferecido contribuições bri-
dez intelectual e observação, fizeram dele não lhantes para as áreas de Dança, Teatro, Psicolo-
somente um grande ‘mestre’ da dança, mas uma gia, Antropologia, Sociologia, Saúde – para citar
pessoa muito querida e admirada por seus con- algumas. Foram, talvez, suas contribuições para
temporâneos. a área de Educação as mais reconhecidas e am-
Para o público brasileiro, no entanto, plamente difundidas em várias partes do mundo.
após um século, o trabalho e as contribuições Por trás do professor intuitivo, dedicado
de Rudolf Laban para as áreas de arte e ensino e observador, no entanto, repousava primordi-
ainda são abstrações carregadas de jargões, de almente um artista, preocupado com as ques-
idéias inacabadas, de conceitos mal definidos. Mé- tões de sua época, com a expressividade do ser
todo e técnica, dança e educação contrapõem- humano, com a espiritualidade da arte. Laban,
se e confundem-se; os caminhos percorridos pelos portanto, antes de dialogar com educadores,
princípios e idéias de Laban no Brasil desde a dé- dialogou com artistas e com o público, dedican-
cada de 1940 carecem ainda de um olhar mais do-se incansavelmente a estudar a arte do movi-
crítico, contextualizado, contemporâneo. mento sem finalidades explicitamente edu-
Os estudos e as propostas de Laban tra- cacionais ou escolares.
zem consigo marcas de uma época, de um No Brasil, Laban, o artista, também che-
modo de pensar e de agir característicos da ga às prateleiras antes do educador. Em 1978,

Doutora em Educação pela USP, diretora do Caleidos Cia. de Dança e do Caleidos Arte e Ensino.
Autora do livro Ensino de Dança Hoje (São Paulo: Ed. Cortez, 2001, 2a ed.).
1 Neste artigo não discutiremos o binômio modernidade–pós-modernidade em Rudolf Laban. Para tan-
to, veja Marques, 1999.

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mesma data em que Lisa Ullmann, discípula de de sistematizar melhor suas idéias e conheci-
Laban por mais de vinte anos, veio ao Brasil, o mentos para pais e professores. Nesse livro,
livro Domínio do Movimento, publicado pela Laban deixa clara sua devoção e crença na edu-
primeira vez em 1950, é traduzido e publicado cação através da arte do movimento – ou da
em português. Somente em 1990, com 42 anos dança – associada à liberdade de comunicação e
de atraso em relação à Inglaterra, o público bra- expressão e, portanto, fonte e caminho para a
sileiro pôde conhecer o educador Laban, com a vida, como diria Laban.
publicação de Dança educativa moderna. Em meados de 1940, Maria Duschenes
A difusão e desenvolvimento dos traba- chega ao Brasil após breve estada na Inglaterra,
lhos e das idéias de Laban no Brasil, portanto, onde tomou contato com os princípios de
fizeram-se principalmente pelo corpo-a-corpo, Laban (de 1937 a 1939), difundindo-o essenci-
pelos contatos e buscas individuais de artistas e almente nos meios educacionais que freqüenta-
educadores: termos foram cunhados, interpre- va. Assim, mesmo tendo sido utilizado na pro-
tações pessoais foram passadas adiante nem dução de espetáculos na década de 1970 e na
sempre com o rigor necessário, práticas educação de alguns profissionais de dança,
freqüentemente foram alicerçadas em conceitos Laban acaba entrando no Brasil – via Maria
imprecisos, deixando hiatos teóricos e práticos Duschenes – pela porta da Educação, criando
que persistem ainda hoje. Essas lacunas torna- alianças profundas com o ensino-aprendizado e
ram-se questões que sugerem um caminho de com os processos escolares e terapêuticos (Navas
discussão: e Dias, 1992). Essa talvez seja uma das razões
• Laban é só Educação? pelas quais até hoje o senso comum ainda reze
• existe mesmo um “método Laban”? que “Laban é Educação” e, principalmente, edu-
• até que ponto os estudos de Laban são cação para crianças.
uma “técnica”? Por outro lado, já nos primeiros capítu-
los de Dança educativa moderna, o próprio
Dicotomia entre a arte e a educação Laban estabelece a grande dicotomia entre a Arte
e a Educação. Reforçado por Lisa Ullmann, no
A sistematização do trabalho educacional de posfácio de 1963, os dois afirmam com intensi-
Rudolf Laban começa a ser esboçada em livro dade que a função da dança na escola não é for-
em 1926, sendo abortada pelo governo Nacio- mar artistas, ou mesmo “danças sensacionais”,
nal Socialista da Alemanha em 1930. Nessa épo- mas pessoas livres e capazes de expressar em
ca, eram inúmeras as escolas baseadas nos prin- atitudes criativas e conscientes o fluxo natural do
cípios de Laban em toda a Europa. Laban movimento humano (Ullmann, 1990, p. 108-10).
visitava suas escolas no máximo uma vez por A ênfase no processo em detrimento do
mês, confiando a seus ex-alunos e performers – produto enfatizada por Laban e por seus segui-
portadores ou não do “Laban Diploma” – a dores traz à tona velhas (sempre novas) ques-
continuidade de seu trabalho. Em 1936, as pro- tões para o ensino de dança nas escolas. É pos-
postas de Laban contra os treinamentos sível ensinar arte sem que se vislumbre o
ginásticos e a padronização de corpos em prol produto? O conhecimento em arte é viável e
da expressão individual do ser humano são con- significativo dando-se somente pela experimen-
sideradas adversas às do regime nazista, resul- tação de processos? As relações entre arte, indi-
tando no fechamento de suas escolas e na parti- víduo e sociedade são possíveis sem a realização
da de Laban para a Inglaterra. do produto estético?
Somente em 1948, portanto dez anos an- Para os educadores da época de Laban, a
tes de sua morte, já na Inglaterra, é que Laban questão central, no entanto, era outra: “estamos
escreve Dança educativa moderna, com a intenção ensinando dança ou ensinando pessoas?” (Preston-

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Dunlop & Lahusen, 1990, p. 48). Sem sombra possibilidades no espaço, de suas qualidades (es-
de dúvida, para Laban, o papel da educação era forços), formas e trajetórias. A partir da cons-
ensinar pessoas, era “[...] ajudar o ser humano ciência das possibilidades de movimento, dizia
por meio da dança a achar uma relação corpo- Laban, é que a criação, a transformação, a dis-
ral com a totalidade da existência” (Ullmann, solução de formas e desenhos no “jogo” da dan-
1990, p. 107). O discurso escola-novista de ça seriam possíveis (Laban, 1990).
Laban, condizente com o dos pensadores de sua Percebemos que para Laban, a articulação
época, não o permitia perceber a estreita e in- de conteúdos específicos atua como elemento
dispensável relação entre a arte profissional e a gerador do processo criativo. Infere-se, portan-
arte trabalhada com leigos, principalmente em to, que a compreensão corporal e intelectual da
se tratando de crianças. A dicotomia entre a arte linguagem da dança é elemento crucial no pro-
e a educação era perfeitamente aceitável e até cesso de educação, quer do indivíduo, como
mesmo louvável, pois o mundo da dança apre- afirma em seu livro, quer do profissional de
sentava-se até então altamente codificado, pron- dança.
to, inabalável, o que feria profundamente seus Poderíamos, assim, inverter esse olhar
ideais de criação e transformação do ser huma- pedagogizante que tomou conta das propostas
no por meio da dança. Para Laban, assim como de Laban se entendermos hoje seus princípios
para muitos educadores da época, processo cri- não somente como uma proposta de dança na
ativo e apreciação/produção eram mutuamente educação/escola, mas, principalmente, de edu-
excludentes (Marques, 1997). cação na dança. Educar-se em dança necessaria-
Essas idéias de Laban, datadas da primei- mente implica conhecer e apropriar-se corpo-
ra metade do século XX, deixaram marcas pro- ralmente de suas estruturas formativas (sua
fundas nas práticas e discursos do ensino de ‘sintaxe’, sua linguagem) e não somente repro-
dança no Brasil. Não é somente Laban que acre- duzir seus estilos, códigos, passos, princípios
ditava na dissociação entre o mundo da produ- anatômicos e cinesiológicos. O conhecimento
ção artística profissional e o mundo da educa- da linguagem da dança, ou o que Laban cha-
ção escolarizada: grande parte do professorado, mou de “coreologia”, possibilita um entendi-
da classe artística e do público brasileiro até hoje mento da dança que compreende a performance,
defendem essas idéias, ignorando a necessidade a criação, a apreciação e suas relações com a so-
de produção artística para o alunado e de edu- ciedade (Marques, 1999).
cação – em seu sentido mais amplo – para os Seria extremamente ingênuo, portanto,
profissionais da dança. As experiências inócuas trazermos hoje as propostas de Laban para o
de laissez-faire em dança que ainda hoje ocor- contexto educacional – profissional ou não –
rem em nossas escolas (jogos com panos, cores, sem que dissolvamos e datemos seus princípios
nariz de palhaço, “dance e seja feliz”) estão pro- filosóficos e educacionais. Ao contrário, suas
vavelmente alicerçadas nos argumentos arcaicos propostas assumem relevância somente na me-
de Laban sobre a educação, na falta de uma vi- dida em que são percebidas não como métodos
são mais crítica em relação à dança e à educação de ensino, mas como subtextos da dança, como
nos dias de hoje. linguagem, como conteúdos educacionais. É o
Embora em Dança educativa moderna que veremos a seguir.
Laban faça constante menção aos benefícios da
dança na educação do ser humano “humani- Existe mesmo um “método Laban”?
zado”, dedica quase dois terços de seu livro para
explicar, rever e revolver a importância vital no Em 1948, com a finalidade de preservar as idéi-
processo educacional criativo da descoberta e as de Laban, é publicada na Inglaterra a revista
aprendizado do fluxo do movimento, de suas The Laban Art of Movement Guild Magazine,

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cuja primeira referência, escrita por Laban, di- forma fluida, descobrindo formas pessoais de
zia que “a associação não poderá empreender dançar, de ensinar, de observar e de pesquisar o
cursos, escolas, negócios com fins lucrativos, fluxo do movimento humano – em última ins-
nem anunciar diretamente nenhum tipo especial tância, permitindo o fluxo da vida (Ibid.).
de método” (apud Thornton, 1971, p. 19, ênfa- Apesar de suas colocações e convicções,
se minha). Laban acaba discutindo em seu livro para pais e
Método é um caminho, um caminho educadores algumas posturas metodológicas di-
pelo qual se chega a um resultado, esperado ou tas benéficas ao desenvolvimento integral da cri-
não, previsto ou não. Método é um meio, um ança, em suas múltiplas possibilidades de cria-
atalho, uma forma estabelecida de caminhar, de ção, eximindo-se, no entanto, de ditar métodos
direcionar uma ação, de olhar adiante rumo a de ensino. Laban prefere aconselhar pais e pro-
um objetivo palpável. fessores sobre atitudes adequadas ao desenvol-
Podemos falar de método (ou métodos) vimento e cultivo da sensibilidade, da percep-
de ensino, de métodos de observação, métodos ção, dos impulsos internos e da expressão
de análise e interpretação, mas, definitivamen- individual de cada um. De influência claramen-
te, não podemos falar de “método Laban”. te escola-novista, sugere que sejam atentos, que
Laban, inclusive, era avesso aos métodos e aos observem, que aprendam junto com os alunos
caminhos únicos pré-estabelecidos (Lamb, apud e que, principalmente, não julguem ou interfi-
Thornton, 1971, p. 19), e tratava de estimular ram na criação individual de cada um.
cada pessoa de uma forma diferente, incentivan- Mesmo com ênfase na criação individual
do o movimento, a descoberta pessoal, o desen- e intransferível da movimentação e escolha in-
volvimento da personalidade de cada um. dividual, Laban não deixa em momento algum
Em nenhum de seus livros, e menos ain- de estabelecer parâmetros para criação. Como
da em Dança educativa moderna, Laban estabe- faz questão de lembrar Lisa Ullmann no posfá-
lece caminhos, seqüências, procedimentos para cio de Dança educativa moderna, “de maneira
o aprendizado da dança. Para ele, “[...] o pro- alguma [a dança] deve ser caoticamente livre”
fessor deve encontrar sua própria maneira de (1990, p. 114). Esses parâmetros, no entanto,
estimular os movimentos e, posteriormente, a não são parâmetros metodológicos e sim de
dança [...]” (Laban, 1990, p. 33). Do mesmo conteúdo. A ferramenta de trabalho que Laban
modo, Laban não nos ensina como observar o oferece aos pais e professores são os temas de
movimento humano, porém aponta o que deve movimento, ou seja, a coreologia. Laban ofere-
e pode ser observado para compreensão da dan- ce os elementos da linguagem para que cada um
ça, dos movimentos de trabalho, da personali- crie sua aula, seu programa, seu currículo, sua
dade dos indivíduos. dança, sua vida, enfim.
Caso tivesse proposto caminho, ou um A ênfase de Laban tanto nos processos cri-
método – pedagógico, artístico ou de pesquisa ativos em dança quanto na importância da ex-
– teria estabelecido ele mesmo um paradoxo em perimentação e da transformação do movimen-
sua proposta de libertar o homem de caminhos to consciente faz com que, para os desavisados,
já traçados, de danças prontas, de movimentos uma “aula Laban” seja sinônimo irrevogável de
codificados. “Ele queria que suas teorias e des- uma aula de improvisação ou, para os leigos,
cobertas fossem vistas como os primeiros pas- uma aula de “expressão corporal”. A improvisa-
sos na estrada para a compreensão do significa- ção em dança, no entanto, não é reduto dos
do do movimento e não a palavra definitiva ‘labanianos’, mas tão somente uma das possibi-
sobre o assunto” (Thornton, 1971, p. 20). La- lidades de conhecer seus princípios de movi-
ban, acima de tudo, desejava que as pessoas con- mento. Por outro lado, podemos pensar que os
tinuassem investigando e experimentando de princípios de movimento decodificados por

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Laban podem ser elementos estruturadores de Dunlop, 1990). Ao contrário disso, a “técnica
uma improvisação (peso, espaço, forma, tensões de dança livre” de Laban buscava ampliar esse
espaciais, etc.), na mesma medida que estrutu- vocabulário de dança, trazendo da experiência
ram uma composição coreográfica ou uma aula de cada um novos arranjos, caminhos e possibi-
de técnica codificada, como veremos a seguir. lidades para dançar. Para Laban, conhecer o uso
de energia, de peso, das possibilidades do fluxo
Uma questão de técnica do movimento no espaço (etc.), era como ad-
quirir um outro tipo de “habilidade”, uma ha-
Consciente do poder do movimento e da dan- bilidade que abre portas e diferencia as pessoas,
ça na formação do caráter, da personalidade e pois permite a expressão e a comunicação pes-
da cidadania, Laban propõe, já no primeiro pre- soal e intransferível de cada um.
fácio de Dança educativa moderna, em 1948, Discussões mais recentes na área de Edu-
que a dança, para alcançar seus objetivos de li- cação Somática estenderam o conceito de téc-
bertação e desenvolvimento humanos, deveria nica para a dança, propondo-se a trabalhar mais
ser uma “dança livre”, ou ainda uma “técnica de com os “fundamentos” do movimento – que
dança livre”. Buscava com isso diferenciar suas incluem a respiração, o alinhamento, a flexibi-
propostas das danças existentes na época, ou lidade, entre outros – em detrimento do condi-
seja, do balé clássico e das danças de salão. cionamento e da codificação do corpo. Em al-
Lisa Ullmann, em 1963, acrescenta às guns países, os princípios de Laban são tomados
idéias de Laban uma explicação do que seria como uma prática de Educação Somática, lado
exatamente essa técnica: “uma técnica de dança a lado das práticas de Feldenkrais, Eutonia, en-
‘livre’, ou seja, liberada de um estilo idealizado tre outros.
segundo normas específicas” (Ullmann 1990, p. Não é de se estranhar, portanto, que os
114). Insiste, mais uma vez, que não é por isso bailarinos “mais técnicos”, intérpretes não cria-
que deva ser “caoticamente livre”. Para Ull- dores da dança, até hoje desconheçam e/ou re-
mann, a técnica é necessária à aquisição de ex- pudiem as idéias de Laban, não direcionadas
periência, mas deve estar necessariamente liga- para um condicionamento corporal específico,
da à compreensão do conteúdo do movimento. codificado, condicionamento esse supostamen-
Ou seja, dentro de conceitos específicos deter- te bom para todos aqueles que almejam um lu-
minados e claros – e não de formas externas gar ao sol no mundo tradicional da dança.
impostas de fora para dentro –, cada um pode Contemporaneamente, as propostas de
criar e desenvolver sua própria maneira de dançar. Laban, se entendidas como linguagem, podem
Ainda hoje, das práticas do balé clássico ter um papel primordial até mesmo na compre-
às da nova dança, modelos de corpo e movi- ensão e execução das próprias técnicas codifica-
mento e, portanto, de indivíduo e de socieda- das, desconstruindo-as. Os estudos de Laban
de, continuam sendo impressos no mundo a permitem a observação, análise e percepção cor-
partir das técnicas codificadas de dança. Cor- poral e intelectual dos elementos de movimen-
pos de bailarinos e leigos continuam tomando to embutidos nos diferentes estilos de dança e,
formas unificadas, pasteurizando também for- conseqüentemente, dos aspectos sócio-político-
mas de pensar e de agir em sociedade via aulas culturais dessa dança. Ou seja, ao estudarmos,
de técnica. vivenciarmos e compreendermos a linguagem
Para muitos da área de dança, essas aulas da dança, compreenderemos também suas men-
são sinônimos (positivos) de aquisição de habi- sagens subliminares, pois a linguagem tem sig-
lidades que, praticadas regularmente, podem ser nificação. Dessa forma, não mais faremos inge-
mantidas e usadas como vocabulário específico nuamente uma aula de balé, ou de nova dança,
para os trabalhos de dança (Hodgson & Preston- ou de flamenco, mas teremos a possibilidade de

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ter uma maior consciência de como essas técni- século XXI. Suas contribuições para a decodifi-
cas estão construindo nossos corpos e nos suge- cação da linguagem da dança, na arte da perfor-
rindo que tipo de cidadania. mance ou na escola, permitem olhar e viver a
dança sob diversos ângulos, de forma relacional,
Para concluir consciente e profunda. Diferentemente do laissez-
faire com que foi e ainda é confundido no Bra-
As propostas de dança e ensino de Rudolf Laban, sil, o conhecimento das propostas de Laban nos
se recontextualizadas, continuam fazendo sen- permite vivenciar, via dança, uma cidadania
tido na formação do artista-docente-cidadão do aberta, crítica, múltipla e transformadora.

Referências bibliográficas

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