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REFLEXÕES SOBRE A LABANOTATION

Marcus Vinícius Machado de Almeida


Professor do Departamento de Arte Corporal da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Doutor em Educação Física pela Universidade de Campinas
Email: marcusvmachado@globo.com

Resumo Abstract
A Labanotation foi uma notação para a dan- The Labanotation was a dance notation de-
ça desenvolvida por Rudolf Laban, no início do veloped by Rudolf Laban in the early 20th cen-
século XX. Através de uma análise comparati- tury. Through a comparative analysis between
va entre a Labanotation e a função da partitu- the Labanotation and the function of the musi-
ra musical e suas estruturas de composição é cal score and its structures of composition, is
possível arguir que, provavelmente, essa escri- possible to argue that probably this writing for
ta para a dança, para além de sua função de dance, besides its function of registration, cre-
registro, criou as condições de possibilidade ated the conditions of possibility for Laban to
para que Laban desenvolvesse seu sistema de develop his system of analysis of movement,
análise de movimento, sua ontologia gestual his ontology and allowed to think of innovative
e permitisse pensar caminhos inovadores de choreographic creation paths.
criação coreográfica.

Palavras-chave Keywords
Dança. Notação. Análise. Coreografia. Dance. Notation. Analysis. Choreography.
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Este artigo pretende trazer algumas refle- Silêncio, Ação e Recuperação, observa-se es-
xões sobre a Labanotation, tentando investigar tudiosos que conhecem apenas parte de sua
essa escrita da dança como uma condição de obra. Muitos não visitam, de forma apropriada,
possibilidade para os estudos labanianos so- todos os aspectos e pontos de seu trabalho,
bre análise do movimento, sua filosofia gestual sendo a Labanotation constantemente a mais
e os caminhos possíveis para a criação core- negligenciada.
ográfica. A investigação realizará uma análise É frequente perceber que alguns pesquisa-
comparativa entre a função, que historicamen- dores fragmentam e, até mesmo, criam uma
te a escrita da música possibilitou para a estru- certa oposição radical entre esferas da obra
turação de formas de composição musical, e a labaniana. Essa fragmentação é, sem dúvida,
lógica de produção da Labanotation. a grande dificuldade de compreender este au-
A obra de Rudolf Laban, devido sua exten- tor em sua intensidade e complexidade. Neste
são, complexidade e diversidade ainda merece ensaio, tentamos, de algum modo, caminhar
grande investimento em pesquisas. A imensa numa direção diferente. Há uma tentativa de
contribuição de Laban à dança e aos estudos vasculhar a obra de Laban de forma rizomática
do movimento é inquestionável e ele pode ser em sua diversidade, sobretudo destacando o
visto como um dos maiores nomes da história valor que a Labanotation tem para o entendi-
da dança e que alastrou suas teorias a outros mento do todo da obra deste autor.
campos como a educação, ergonomia, cine- As criações de Laban podem ser divididas
ma, clínica etc. Para realizar suas pesquisas, em três grandes campos, que embora aqui
Laban aproximou e hibridizou campos e visões apresentados separadamente, não devem
muito diferentes, muitas vezes, contraditórios ser isoladas em suas múltiplas interferências
e ou paradoxais. e relações. O campo mais conhecido é, sem
Assim, campos como a música, a anatomia, dúvida, o Sistema de Análise de Movimento,
a religião, a geometria, a física, a biologia, den- composto pelo estudo dos Esforços — a Cruz
tre outros, passeia na obra de Laban de forma dos Esforços — e pelo estudo do Espaço —
surpreendente e única. Ao realizar um olhar a Harmonia Espacial —, este último realizado
panorâmico sobre os diversos estudos de La- pela análise dos sólidos espaciais platônicos,
ban, algo emerge: uma ontologia gestual que que têm a função de organizar as direções do
somente é visível numa apreensão hiperco- movimento dos gestos no espaço. Ainda de-
nectiva e múltipla dos diversos trabalhos des- vemos mencionar a Labanotation — a escrita
se autor. Deste modo, uma visão multifocal, do movimento — e a Coreosofia — um siste-
que tece inúmeras relações na obra de Laban, ma filosófico ou uma ontologia para o corpo e
constitui a metodologia empregada neste tex- o movimento. Aqui, a Labanotation será o ob-
to. jeto central da investigação, atravessada pelos
De um modo geral, ao visitar o legado de outros campos.
Laban, isto é, seus estudos de Harmonia Es- As notações em artes parecem ser mais
pacial e Esforços, sua investigação sobre dan- evidentes e desejadas na história da arte oci-
ça e educação, sua notação do movimento dental, principalmente, naquelas que são exe-
e seus inúmeros conceitos, como Mundo do cutadas por interpretações, remontagens ou

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performances, como a música, o teatro e a das discussões estéticas da grande intelectu-


dança. No teatro, o texto literário é de algum alidade do campo da arte (Ribeiro, 1997).
modo seu registro e na música, a partitura. Grande parte da dificuldade da dança em
Para Nelson Goodman (2006, p. 150), uma seu processo de legitimação ocorreu devido
partitura “tem a função de definir uma obra, sua relação direta com o corpo. Na Idade Mé-
diferenciando as execuções que pertencem à dia, por exemplo, as danças foram banidas do
obra das que não pertencem”. culto cristão (Bourcier,1987) e a imobilidade
A história das notações da dança de certa e ocultação do corpo se tornou um compor-
forma está imbricada com a questão da difi- tamento necessário à prática religiosa. Esta
culdade desta ser reconhecida como categoria desqualificação marcaria, frequentemente, a
artística (Almeida, 2011). O processo de auto- dança, não como atividade erudita e artística,
nomização do campo da arte, que teve início e sim, como uma atividade menor, às vezes,
a partir do Renascimento, estabelece fortes como simples divertimento ou uma forma so-
relações com a questão da legitimação, em fisticada de prostituição burguesa. A música,
graus diferentes, das distintas linguagens ar- por sua vez, tem a natureza imaterial do som,
tísticas. Este processo fez com que as diver- facilitando sua aproximação ao mundo incor-
sas expressões da arte produzissem caminhos póreo, espiritual e religioso.
de separação entre si, tornando-se autônomas Desde o Período Medieval, a necessidade
(Bourdieu, 1992). expansionista do cristianismo fez esta institui-
Música, dança, pintura, teatro passam a ser ção empregar duas linguagens como disposi-
manifestações estéticas separadas e tentam tivo de unificação da cristandade. Uma foi a
criar mecanismo para que se tornem lingua- língua latina e outra foi a estruturação de um
gens com características muito específicas. sistema e de uma grafia musical. Até hoje, a
Assim, dentro do próprio campo da arte ocor- notação da música, apesar de todas as revolu-
rem dispositivos, ideias, ideologias que irão ções ocorridas na música moderna e contem-
consagrar algumas categorias artísticas acima porânea, é extremamente permanente no pro-
de outras. cesso de ensino e de configuração do campo
Pierre Bourdieu (1992) revela que a mú- desta arte.
sica conseguiu sua consagração cultural de Goodman (2006) afirma que nenhuma ou-
forma mais rápida e intensa do que as outras tra alternativa, em nenhuma outra cultura teve
linguagens. Inúmeros mecanismos históricos, tanto sucesso em produzir uma notação tão
iniciados na Grécia platônica, acrescido do eficiente como ocorreu na música erudita oci-
pensamento da escolástica medieval e do Ro- dental. E, segundo Bourdieu (1992), a música,
mantismo germânico, favoreceram a legitima- a partir da modernidade, dentre todas as lin-
ção mais eficaz da música. Entretanto, somen- guagens artísticas, foi a que mais precoce e
te no século XX, com o balé “A tarde de um intensamente se legitimou como arte.
fauno” de Nijinsky é que de forma mais efetiva Steven Roger Fischer (2009) afirma que a
a dança foi considerada arte. Foi a primeira vez escrita constantemente faz parte integrante
que, na história da dança, uma obra coreográ- dos processos de distinção e legitimação de
fica se tornou um evento importante e centro culturas e grupos sociais, indicando que os in-

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divíduos instruídos em certas grafias são con- relevância histórica. Destaca-se aqui a escrita
siderados mais avançados em relação àqueles de Beauchamp-Feuillet, que foi desenvolvida
que não as dominam. E quanto mais legítimo para o balé de corte francês. Há que se ressal-
é um grupo ou campo, mais duradouro e di- tar a grafia de Stepanov, que de algum modo,
fundida se torna sua língua e escrita. Assim, ainda serve ao Ballet Russo.
a relação entre o grau de legitimação de uma Hoje, três notações contemporâneas têm
categoria artística e a construção de formas importante papel na grafia do movimento em
de notação e estruturação teórico-prática pa- diversas áreas. Destacam-se a Beneshnotation
recem estabelecer relações significativas. desenvolvida pelo casal Benesh, a Sutton Mo-
Autores como Ann Hutchinson Guest (1998) vement Writing & Shorthand, criado por Vallerie
e Nelson Goodman (2006) discutem que a difi- Sutton e a principal, que é a Labanotation (ter-
culdade da dança em estabelecer uma partitu- mo usado nos Estados Unidos) ou Kinetografia
ra se deve ao fato da complexidade desta arte (termo usado na Europa). Mas, inegavelmente,
ser captada por qualquer notação. Contudo, Laban inaugura uma outra história nas grafias
essa justificativa, neste ensaio, é questiona- do movimento.
da e, diferindo-se deste pensamento, tem-se A análise estético-gráfica das escritas apre-
a tese de que o grau de legitimação da dan- sentadas estabelece um caminho metodoló-
ça como categoria artística foi o fator decisivo gico para o entendimento da concepção de
para a existência mais ou menos permanente corpo e estética de movimento existente, no
de uma notação e não a natureza do objeto a tempo e espaço, que cada escrita foi produ-
ser registrado. zida. Goodman (2006, p. 22) afirma que, da
Destaca-se, ainda, que a complexidade mesma forma que as ciências, a estética é um
da notação da música, embora não seja fácil modo de obtenção de conhecimento, “e com-
compará-la diretamente à notação da dança, preender uma obra de arte é interpretá-la, tal
é extremamente complexa e necessitou cerca como se faz quando se interpreta uma frase,
de trezentos anos até que diversos problemas um mapa, uma afirmação moral, um sinal lumi-
técnicos, para registrar com relativa precisão noso, uma radiografia”. O autor ainda comple-
a qualidade dos sons, pudessem ser criados. ta dizendo que as artes organizam as coisas e
Assim, os fatores históricos e políticos são vis- criam versões de mundos.
tos aqui como mais importantes do que os téc- No período Barroco, influenciado pela ló-
nicos para a análise do percurso das notações gica de Descartes, a grande desenvoltura do
em arte. balé era visualizada pela capacidade dos co-
Como visto anteriormente, a dança teve difi- reógrafos atuarem como os geômetras car-
culdade para se consolidar como categoria ar- tesianos, desenhando complexas figuras ge-
tística e este fato trouxe dificuldades para esta ométricas realizadas pelos bailarinos em seu
arte estabelecer, de maneira mais permanente, deslocamento pelo espaço. Nas partituras de
uma forma de escrita (Ribeiro, 1997: Almeida, Beauchamp-Feuillet, os desenhos geométri-
2011). Na história da dança, várias notações cos sobre o solo são altamente visíveis (Guest
existiram e sucumbiram. Porém, algumas so- 1998). Sabe-se também que o balé é uma dan-
breviveram, por um certo tempo, e têm sua ça da hipervalorização da destreza das pernas,

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logo, a grafia se concentra em vários detalhes tacando as poses, mais do que o movimento,
de membros inferiores. Somente quando é ne- uma vez que originalmente foram feitas para
cessário, é grafado alguma condução de bra- registrar passos de balé.
ços, que já não esteja organizada pela sintaxe
do balé Barroco. Figura 2: trecho de uma partitura no Sistema Movement
Writing.

Figura 1: partitura para a notação do balé Barroco de


Beauchamp-Feuillet

Fonte: Sutton, 2017, p. 1.

A Labanotation, seguindo a classificação


geral de Guest (1998), é uma grafia feita por
símbolos abstratos e nesta as posições do
corpo não são evidentes, mas sim, um entre-
mear dos gestos dos diversos seguimentos
corporais em diferentes temporalidades pró-
prias, uma espécie de contraponto corporal,
tendo uma relação muito mais com o fluxo de
movimento do que com a lógica dos frames.
A Labanotation, neste caminho, se configu-
ra como uma escrita para uma nova ordem de
pensamento e estética sobre o corpo e movi-
mento, que se modelava com a modernidade
da dança no início do século XX. Mas, é ne-
cessário arguir por que Laban, como tantos
outros, entendeu a necessidade de criação
Fonte: Isaac apud Guest, 1998, 67. de escritas? Qual o valor real de uma partitura
para a dança?
As respostas mais comuns e as apresen-
Na Beneshnotation e na Sutton Movement tadas por Ann Hutchinson Guest (1998) e por
Writing & Shorthand, a lógica do frame (um Valerie Preston-Dunlop (1969) se referem à
quadro de imagem) é evidente. A lógica do função de registro e conservação das obras
balé é a lógica do instante privilegiado (Berg- do repertório da dança e a função de grafar
son, 2005), da pose, seguindo o modelo ide- o essencial de uma criação coreográfica, sem
alizado das estátuas gregas clássicas. Deste apresentar as interpretações pessoais de cada
modo, não é destacado o fluxo do movimento, bailarino.
mas as poses são consideradas momentos de Sem dúvida, a dança perdeu muito de sua
extrema importância para a técnica e poética história porque não possuía uma forma de re-
do balé. Logo, ambas as notações grafam des- gistro, como ocorreu com a música, pratica-

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mente, todo o repertório clássico e romântico Figura 3: página da partitura orquestral para a Sagração da
Primavera.
do balé, em sua forma original, está perdido.
Comparativamente, pode-se afirmar que o re-
pertório da dança é extremamente pequeno
em relação ao gigantesco repertório da música
erudita. Apenas o compositor brasileiro Villa-
-Lobos tem cerca de mil obras escritas. Lem-
bremos, por exemplo, que a monumental co-
reografia realizada por Nijinsky, a Sagração da
Primavera, foi perdida pouco tempo após sua
estreia e a versão vista hoje é devido a um tra-
balho de reconstituição realizada por Hodson
(1996), que nos dá uma ideia bem próxima da
coreografia original, mas como ela foi original-
mente, jamais veremos de novo.
Obviamente, esta função de registro das
notações é de extrema relevância. Contudo,
é preciso refletir que, atualmente, com a cap- Fonte: Stravinsky, 1988, p. 59.
tação de imagens via aparelhos que filmam,
não há a necessidade das partituras de dança A possibilidade extrema desta estrutura só
como registro. E, na época de Laban, o cinema foi possível porque houve o surgimento da
já existia, diminuindo a necessidade de con- partitura. Na Sagração da Primavera de Igor
servar danças por meio de uma grafia. Parece Stravinsky, por exemplo, podemos ter 26 pen-
que, talvez, apesar de ser uma preocupação tagramas, indicando os diferentes instrumen-
lícita, o registro de obras do repertório da dan- tos, que devem tocar ao mesmo tempo. Logo,
ça não foi a único interesse para a construção a robusta polifonia desta obra não poderia ser
da Labanotation. pensada, criada ou executada sem a partitura.
Para problematizar esta questão, é vital Intensificando o argumento deste trabalho,
visitar a história da música e entender que o é mostrada uma outra partitura, na qual, uma
surgimento da partitura musical produziu um estrutura contrapontística, em forma de vozes,
certo percurso nesta arte. A música ocidental, é construída por Johann Sebastian Bach.
no seu desenvolvimento, produziu uma estru- Nesta partitura (vide Fig. 4), o tema e sua
tura de criação musical muito complexa e uma reexposição em outros tons foram marcados,
das características mais fundamentais de sua revelando a sofisticação da composição. Esta
estética é a polifonia, isto é, a capacidade de é mais uma invenção técnica que só é pos-
agregar simultaneamente os sons de um con- sível graças à partitura. E mesmo com as re-
junto de instrumentos, escritos de maneira ver- voluções produzidas na música moderna e
tical em uma partitura e que possuem regras contemporânea, a partitura possibilitou novas
próprias para o encadeamento destes agrega- estéticas, como acontece na música minima-
dos sonoros. lista e na técnica do fase.

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Ratifica-se, então, que a escrita musical foi setecentos e sessenta e nove. Nesta escrita,
construtora de uma outra ordem, lógica e es- por extenso, é praticamente impossível execu-
fera de raciocínio, criando a condição de pos- tar a operação de adição, a partir da forma grá-
sibilidade para novas estruturas técnico-esté- fica como ela se dá. Entretanto, se a mesma
ticas. A monumentalidade técnica, a volumosa operação é apresentada da seguinte maneira,
orquestração, e diversas estruturas de compo- é possível realizá-la com mais facilidade.
sição da música ocidental têm seu ponto de
Figura 5: Operação de adição
partida no início das grafias dos sons. Afirma-
-se, consequentemente, que a partitura na mú-
sica não só foi a capacidade de registro, mas
possibilitou um desenvolvimento técnico único
e conduziu a novas possibilidades estéticas e Fonte: Captura de tela realizada pelo autor.
de composição. Talvez fosse isso o que Laban
intuiu: uma escrita para dança, novas possibi- Nesta nova forma de escrita, o raciocínio é
lidades técnicas, de criação e o caminho para melhor realizado, indicando que a cada forma
criar uma monumentalidade para esta arte. de escrita, uma possibilidade de pensamento
se apresenta.
Figura 41: Invenção à Duas vozes.
Outras questões sobre as notações ainda
podem ser discutidas através do filósofo Lu-
dwig Wittgenstein e do músico Cornelius Car-
dew, este último é considerado um composi-
tor revolucionário do século XX, devido a sua
obra Treatise. A grande revolução, nesta obra,
Fonte: Bach, s.d., p. 3.
foi produzir uma nova escrita, pois, somente
assim, ele acreditava ter inventado uma nova
Com a finalidade de persistir mais um pou-
ordem na sensibilidade estética musical. Car-
co nesta tese apresentada, que afirma que as
dew (1972) afirmava que o dodecafonismo de
grafias criam outra esfera de pensamento e
Schoenberg ainda não foi suficientemente re-
novas possibilidades de criação, outros cam-
volucionário, porque ficou preso na escrita da
pos devem ser investigados. Na filosofia, a ló-
música ocidental.
gica pode auxiliar nesta tarefa. Há um conceito
da lógica denominado Conceitografia (Mortari, Figura 6: página de Treatise.

2001) que afirma que, a partir de outras grafias,


novas formas de pensamento são possíveis.
Um exemplo bem simples pode elucidar a
questão. Escreve-se a seguinte operação ma-
temática, desejando seu resultado: vinte e sete
mil, trezentos e quarenta e dois, mais treze mil,

1 Na imagem as diversas entradas do tema são destacadas


com colchetes. Fonte: Cardew, 1972, p. 183.

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A obra de Wittgenstein também foi uma for- ordem de pensamento. Como o homem é um
ça para a construção do pensamento cardew- ser substancialmente linguístico, a linguagem
niano. Ludwig Joseph Johann Wittgenstein foi molda sua natureza, dá forma ao seu raciocí-
um filósofo austríaco e do século XX e con- nio, preenche sua vida (Hacker, 2000).
tribuiu com diversas inovações nos campos Para produzir realmente novos conceitos,
da lógica, da filosofia da linguagem, da epis- se faz necessário uma nova linguagem. Cada
temologia, dentre outros. Seu primeiro livro, conceito, realmente original, deveria produzir
publicado em 1921, foi Tractatus Logico-Phi- uma língua própria, bem como, cada música
losophicus. Esta obra de Wittgenstein influen- e/ou dança, verdadeiramente revolucionária,
ciou Cardew na realização de uma crítica aos deveria criar uma nova forma de escrita. O que
modos de notação e da linguagem da música Wittgenstein quer dizer, é que, quando se tenta
tradicional ocidental. Esta influência aparece pensar novos problemas em filosofia, o filósofo
no próprio título da obra de Cardew, Treatise, se engana porque o faz através da linguagem
que é a forma inglesa do termo latino Tratactus que, de certa forma, é uma construção anterior
e que, em português, quer dizer tratado. ao pensamento filosófico e aos novos proble-
A obra de Wittgenstein se refere a uma ten- mas que pretende arguir.
tativa de por fim à filosofia através do pensa- Logo, a linguagem — como um pano de fun-
mento lógico e de uma crítica aos limites e do do pensamento — já conduz a um modo de
impossibilidades da linguagem. Para Wittgens- pensar, a certas condições de possibilidades
tein (1999), problemas similares, que inquieta- do pensamento, não permitindo concepções
ram os gregos, continuam assolando os pen- inovadoras, diferentes daquelas que já foram
sadores atuais. Isto ocorre porque a linguagem instituídas. Toda linguagem foi criada não es-
permaneceu a mesma, nos conduzindo sem- pecificamente para a filosofia e, por esse moti-
pre a questões análogas, apesar de figurarem vo, limita o pensamento filosófico.
diferentes. Deste mesmo modo, acredita-se que, como
Os problemas e limites filosóficos surgem a escrita musical ocidental foi feita para um
decorrentes da linguagem, pois esta pode certo universo sonoro, não é possível criar
apresentar conceitos que parecem distintos, novos sentidos em música, sem ultrapassar
porém, estes sempre têm uma aparência próxi- a grafia estabelecida. Logo, Wittgenstein quer
ma. Wittgenstein acreditava que as semelhan- chegar a uma linguagem lógica formal, em que
ças gramaticais ocultam profundas diferenças os vícios e os equívocos da gramática possam
lógicas e que não podem ser percebidas en- ser superados. Ele quer sair do terreno pré-for-
quanto se permanece com os mesmos vícios mado da linguagem, que conduz a um modo
de uma mesma linguagem. pouco revolucionário do pensamento.
Para Wittgenstein, é a linguagem que pro- É a partir da obra e Wittgenstein, que o mú-
duz confusões conceituais, pois a gramática sico Cardew em Treatise cria uma nova nota-
carece de inspecionalidade. Investigando os ção musical. Aqui não se tem apenas a pos-
conceitos, mas não questionando a linguagem, sibilidade de criar uma nova forma de escrita,
sob a qual os conceitos são construídos e ex- mas conduzir a uma outra natureza sonora in-
pressos, não se produz realmente uma outra capaz de ser pensada através da estrutura e da

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partitura musical já existentes. Se a linguagem criar uma outra ordem de pensamento sobre o
já orienta a um tipo de pensamento, a escrita movimento.
da música ocidental também conduziria a uma Nesta direção, Laban afirma (apud Maletic,
forma de produzir obras musicais. 1987) que a partitura apresenta as leis ineren-
Destarte, por mais que se varie e complexifi- tes do gesto, sendo assim, uma base para uma
que as possibilidades do uso da grafia musical nova ordem de entendimento da dança. Então,
ocidental, há uma lógica recorrente que subjaz arguimos: será que se pode empregar técnicas
devido à escrita pré-existente e, nesta direção, de composição para a dança semelhantes à
se reafirma um universo sonoro já conhecido fuga, às invenções a duas ou três vozes, às
e que impede que inúmeras novas criações séries dodecafônicas ou a sobreposição me-
sejam imaginadas. A escrita musical é indu- lódica da fase? Talvez fosse isto também que
bitavelmente um condutor da composição. Laban intuiu ao desejar elaborar sua notação
Entretanto, ao se elaborar uma lógica gráfica para dança.
completamente distinta, em verdade, cria-se A Labanotation foi produzida ao longo da
outras lógicas e mundos sonoros ainda inexis- trajetória de vida de Laban e, para cada pes-
tentes. quisa, ele buscava os signos para representar
Se novos grafismos verdadeiramente for- seus parâmetros de movimento investigados.
çam a outras lógicas de composição, tem-se, A estruturação e evolução da notação labania-
então, uma política e ética na música com a na contou com a participação de vários cola-
estruturação de novas partituras. Se a van- boradores como Ann Hutchinson Guest e Al-
guarda europeia e o serialismo integral com- bert Knust. A forma inicial mais estruturada foi
plexificaram ao extremo o uso da escrita e das somente apresentada por Laban em seu livro
formas musicais ocidentais, é porque eles ten- Principles of dance and movement notation
tavam ocultar, com esta complicação, estrutu- (1959), revelando o amadurecimento e coroa-
ras sonoras antigas, que ainda permaneciam, mento de seu pensamento.
apesar das aparentes transformações. Enten- Outro traço evidente é a forma geométrica
de-se, então, que a notação determina o tipo pela qual a escrita é desenhada, revelando a
de música que se tem e não o contrário. Era identificação de Laban pela geometria. Mas,
preciso uma nova linguagem para forçar novos outra característica importante e, provavel-
modos de operar a música. mente proveniente de Vassily Kandinsky, é a
Partindo destas ideias de Cardew e Witt- representação em alto grau da abstração do
genstein, é possível vislumbrar que Laban tam- corpo.
bém queria criar um novo caminho de reflexão, Laban cria para sua partitura um trigrama
uma outra lógica de criação coreográfica e uma (três linhas paralelas escritas na vertical), se-
nova forma de análise de movimentos. Aqui, melhantes à pauta musical (que tem cinco li-
faz-se a assertiva: a análise de movimento e nhas horizontais chamadas de pentagrama). O
os conceitos de Laban só foram estruturados a trigrama é síntese extremamente simplificada
partir das lógicas provenientes da construção do corpo humano e é uma inspiração prove-
da Labanotation. Isto ocorre porque a Labano- niente de Kandinsky. Este artista plástico, na
tation foi a condição de possibilidade para se busca de formas essências para a poética da

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obra de arte, ao observar as posturas da baila- Esforço Forte, como categoria gestual, nunca
rina Gret Palluca, a reduz a formas estritamen- poderá ser executado isolado em um movi-
te simplificadas e geométricas. mento do corpo, terá sempre que vir agregado,
por exemplo, à categoria tempo. Logo, o gesto
Figura 7: Desenhos feitos por Kandinsky a partir de poses
da bailarina Gret Palucca. só pode ser Forte-Rápido ou Forte-Lento. A ló-
gica da Labanotation segue a mesma direção
por sua necessidade extremada de síntese e
de redução.
Laban afirma (apud Maletic, 1987, p. 114)
que “o escopo da notação da dança deve in-
Fonte: Kandinsky, 1926, p. 118-119. cluir a representação de leis imanentes do mo-
vimento”. Deve-se compreender que Laban
O trigrama de Laban apresenta um linha busca entender o movimento não no modo
central que indica o eixo axial do corpo, os dois como ele se expressa, ou acontece concreta-
espaços internos delimitados pelas duas ou- mente, mas deseja investigar unidades mínima
tras linhas, paralelas à linha central, indicam os que, ao se combinarem, fazem o movimento
membros inferiores, para fora destas linhas es- existir, acontecer, aparecer.
tão os membros superiores, o tronco, cabeça. Há uma questão técnica importante ao
Percebe-se que Laban quer chegar à essência pensar a notação, pois a possibilidade gestu-
de representação do corpo e dos gestos. al do corpo é infinita e se Laban procurasse
grafar cada gesto específico, necessitaria ter
Figura 82: Imagens do trigrama em Labanotation. um vocabulário de signos gigantesco, que im-
possibilitaria a memória e uso racional da La-
banotation. Entende-se que a complexidade
das diversas línguas e/ou linguagens obrigou
que os estudiosos buscassem as unidades
essências e, por lei de combinação de sig-
nos, desenvolvessem a escrita e a criação das
categorias de análises dos elementos que as
Fonte: Maletic, 1987, p. 114.
compõe. Grande parte da escrita das línguas
faladas se dá desta forma, bem como, a lin-
Todo sistema de análise do movimento de guagem musical.
Laban, seja os Esforços ou o estudo do es- No português, por exemplo, a palavra casa
paço, através da Harmonia Espacial, trabalha é grafada com unidades de sons, distinguido
com categorias pré-gestuais, isto é, a essência entre vogais e consoantes e, por ordem com-
do gesto. Os Esforços não são categorias do binatória, chegamos a totalidade da palavra
gesto, mas forças pré-gestuais, pois o fator de C-A-S-A. Observa-se, ainda, que parte das
consoantes somente tem seu poder de sonori-
2 O trigrama surge a partir de uma linha central, que repre-
zação, quando aparecem agregadas a alguma
senta o eixo do corpo e outras linha, representando os demais vogal, sem vogal, sua aparição sonora pratica-
segmentos corporais (imagens do autor).

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mente é impossível, semelhante aos elemen- e não um espaço concreto. Na forma de um


tos de Esforço em Laban. triângulo , indica a direção direita. O sím-
Percebe-se, então, que os símbolos de es- bolo indica movimento para frente e dese-
crita e notação, quando apresentados de for- nhado deste modo , para baixo. O trapézio
ma isolada, são imprecisos para representar irregular , por sua vez, indica direita alta, por-
um gesto em suas particularidades. É somente que une a força dos dois símbolos — observa-
em relação que estes símbolos configuram um -se que a lógica dos dois símbolos anteriores é
significado final, representando um movimen- aqui agregada e conservada, pois no trapézio,
to específico do corpo. Entretanto, estes sím- a ponta está para cima e para a direita ( +
bolos isolados não são vazios de sentido, são = ), simultaneamente descrevendo um
potências gestuais, apontando para algumas gesto para direita e para frente.
possibilidades, mas, não o próprio movimento A mesma lógica pode ser vista em outros
em si. símbolos. Se é apresentado o símbolo , ocor-
No entanto, é exatamente porque se ma- rerá uma volta (giro para a direita, no sentido
nifestam desta forma, que foi possível a con- horário), porque é a direção da ponta superior.
quista de uma infinidade de possibilidades Estes símbolos ainda podem estar associados
expressivas, isto é, com poucos símbolos em a níveis diferentes, e apresentar as seguintes
múltiplas relações, é viável o aprendizado e configurações: , , , etc., expressando
domínio de uma escrita e ao mesmo tempo situações particulares. E, para se ter a indi-
chegar a uma infinidade de gestos criados. A cação de que parte do corpo se move, estes
lógica para chegar a esta possibilidade da no- símbolos devem ser colocados dentro do tri-
tação simbólica é a lógica monadológica, atô- grama (pauta da Labanotation). A unidade de
mica, isto é, buscar os elementos mais basais, tempo, por sua vez, aparece pela extensão do
pré-formais. É nesta direção que Laban se for- símbolo. Logo, somente na relação das lógicas
ça a pensar uma outra lógica sobre o gesto. dos símbolos é que o movimento começa a se
Ele pensa nas forças que são anteriores ao concretizar na sua forma real de existir.
gesto, mas, que constituem e são elementos O exemplo, a seguir, mostra alguém andan-
da composição dos próprios gestos. do para frente num compasso binário. No pri-
Cada traço na Labanotation é um fragmento meiro compasso, os passos são realizados em
de um símbolo complexo, que apenas tem sua dois tempos e em plié. No segundo compas-
forma final por lógica combinatória. Um ângu- so, são realizados quatro passos na metade do
lo agudo ou uma ponta, na Labanotation, por tempo com o pé no chão e no terceiro, reali-
exemplo, pode se volta para esquerda ou para za quatro passos em cada tempo em elevé. O
direita, para cima ou para baixo, indicando a comprimento de cada hexágono indica a mé-
direção do movimento, porém, este ângulo ou trica dos passos.
ponta pode estar presente em diversos símbo-
los.
Um ângulo como este (>) indica movimento
para a direita, mas somente desenhado des-
te modo significa apenas uma força espacial

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Figura 9: um trecho de movimento em Labanotation. um plano das possibilidades. Somente desen-


volvendo outra língua, Laban pode criar a con-
dição de possibilidade para entender o movi-
mento em suas forças, de forma tão especial.
Entender a Labanotation, como um elemento
alienígena à obra de Laban, é um conhecimen-
to precário de Laban e suas derivas. Somen-
te nas múltiplas conexões dos seus diversos
pensamentos é que podemos entender suas
criações mais revolucionárias. A labanotation,
nesta direção, através de suas lógicas grama-
ticais e sintáticas, produziu um plano de po-
tência que permitiu a Laban pensar estruturas
de análise de movimento e formas de criar
composições coreográficas.
Laban foi um pianista e, provavelmente, o
entendimento da música o fez intuir o valor que
uma partitura teria para dança. Deste modo, a
Labanotation é um substrato vital para toda or-
dem de pensamento estabelecida por ele em
Fonte: Partitura realizada pelo autor no software
Labanwriter do Departamento de Dança da Universidade sua análise de movimento, em suas formas de
Estadual de Ohio. criação coreográfica e em seu sistema filosófi-
co denominado Coreosofia.
Para compreender a Labanotation, é preci- Seu estudo do gesto parte de forças pré-
so entender a lógica dos pré-símbolos e suas -gestuais, criando um vasto sistema que, ao
relações combinatórias, isto é, a lógica de mesmo tempo, permite uma ampla análise de
combinação presente na obra de Laban tem movimento e a possibilidade de que a diver-
sua dinâmica mais radical na Labanotation. sidade do gesto seja explorada, diferindo-se
Para alguns estudiosos de Laban, a escrita do muito dos estudos de dança anteriores que
movimento é uma obra a parte do todo. Contu- conheciam os passos codificados.
do, essa má interpretação se dá porque estes Laban, principalmente em sua vinculação
não estabeleceram relações da notação com com seu aluno Albert Knust, criou novos ali-
a análise de movimento e Coreosofia. Porém, cerces de composições coreográficas para
esta pesquisa vai numa direção diametralmen- grandes massas de bailarinos em suas gigan-
te oposta, pois a Labanotation foi fundamental tescas obras corais. Nestas diversas formas
para consolidação do todo da obra de Laban. de composição em Canon foram exploradas
Neste sentido, Wittgenstein afirma que: a e a Labanotation funcionou como um elemen-
escrita e a língua são condicionantes das pos- to primordial para este caminho de criação. E,
sibilidades da forma de pensamento e criam por último, o magistral conceito de Mundo do
um substrato, que conduz a uma ordem e a Silêncio, que pensa na diversidade do movi-

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mento em sua função ontológica e que faz en- GUEST. Ann Hutchinson. Labanotation: the
tender o incomensurável do gesto como forma system of analyzing and recording movement.
de produção de vida, também é fruto da grafia New York: Routledge, 2004.
labaniana. Conclui-se, dessa maneira, que a
Labanotation é, sem dúvida, um fator primor- HACKER, P.M.S. (2000). Wittgenstein: sobre a
dial nos rumos tomados por Laban em seu natureza humana. São Paulo: UNESP, 2000.
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Recebido: 15/04/2017
Aprovado: 15/04/2017

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