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Esta obra não tem a pretensão de esgotar o assunto, e sim dar aos
estudantes da FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO uma oportunidade, se já
não tiveram, de se aprofundarem no assunto e terem uma base
sólida; e para os que já foram mais adiante uma oportunidade para
relembrar e atualizar-se.
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
SUMÁRIO
I – INTRODUÇÃO
II – DEFININDO A FILOSOFIA
III – DEFININDO A RELIGIÃO
IV – PROPÓSITOS
V – TÉCNICAS DE AULA
VI – AVALIAÇÃO DA APRENDIZEM
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UNIVERSALCURSOS FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
I – INTRODUÇÃO
As culturas
Nas várias culturas, essa ligação é simbolizada no momento
de fundação de uma aldeia, vila ou cidade: o guia religioso traça
figuras no chão (círculo, quadrado, triângulo) e repete o mesmo
gesto no ar (na direção do céu, ou do mar, ou da floresta, ou do
deserto0. Esses dois gestos delimitam um espaço novo, sagrado
(no ar) e o consagrado (no solo); nesse novo espaço, ergue-se o
santuário (em latim, “templum”, templo) e à sua volta os edifícios
da nova comunidade. Essa mesma cerimônia da ligação fundante
aparece na religião judaica, quando Iahweh indica ao povo o lugar
onde deve habitar – a Terra Prometida – e o espaço onde o templo
deverá ser edificado, para nele ser colocada a Arca da Aliança,
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símbolo do vínculo que une o povo e seu Deus, rememorando a
primeira ligação: o arco- íris, anunciado por Deus a Noé, como
prova de seu laço com ele e sua descendência.
Também no cristianismo, a “religião” é explicitada por um
gesto de união quando, no NT, Jesus diz a Pedro: “Tu és Pedro e
sobre esta pedra edificarei a minha igreja e as portas do inferno
não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do reino dos
Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que
desligares na terra será desligado no céus” (Mt 16.18 “ Pois também
eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e
as portas do inferno não prevalecerão contra ela.”).
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UNIVERSALCURSOS FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
O que é a filosofia?
Uma abordagem histórica e temática da filosofia,
que quisesse responder de um modo simples e correto
"o que é a filosofia", teria de recorrer a cinco grandes
concepções
Admiração e Desbanalização
O Saber Ignorante
Se fosse perguntado a Sócrates "o que é a filosofia?", é
possível dizer que ele não responderia como Platão, ainda que não
o desmentisse. Sócrates esteve mais disposto a fazer filosofia do
que erigir uma discussão meta-filosófica.
Estava disposto a fazer da filosofia um trabalho com
conseqüências mais drásticas - para a vida prática - do que as
vistas por Platão. Ele não estava interessado na admiração ou no
espanto com o que é banal no mundo, mas motivado a ver a
desbanalização do que poderia ser tomado como banal para si
mesmo e para outros homens: a condição de cada um a respeito do
que sabe sobre o mundo e sobre si mesmo em relação à conduta na
vida prática, na vida moral.
No jogo de perguntas e respostas para cada transeunte de
Atenas, Sócrates não tinha respostas para nada, ainda que tivesse
um bom número de perguntas cujo objetivo era levar seus
interlocutores a perceber que o que sabiam do mundo e de si
mesmos (especialmente no campo das verdades morais) era muito
pouco, e que a condição de sábio, aquele que poderia se auto-
conhecer, talvez fosse justificável para os que sabiam que nada
sabiam.
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UNIVERSALCURSOS FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
a filosofia enquanto um discurso da razão que faz a crítica da
razão.
Kant foi quem acreditou que o papel da filosofia era o de
crítica de tudo aquilo que ela, e não só as ciências, poderiam
dizer. Ele se propôs, então, a colocar a razão em um tribunal
um tanto esquisito, uma vez que a razão estaria nele como ré e
juiz ao mesmo tempo. Foi a época na qual a filosofia se
transformou, basicamente, em epistemologia, perguntando não
mais coisas a respeito do mundo (humano, social, físico), mas
sim, especificamente, sobre o conhecimento; ou mais
exatamente: sobre as condições do conhecimento e da
normatividade, sobre os limites da razão na sua tarefa de
produção do saber e de delimitação das normas de conduta.
Kant perguntou sobre as condições do conhecimento e da
liberdade de agir e, assim, elaborou a crítica da razão, tanto da
razão teórica - a que conhece - quanto da razão prática - a que
julga e que é responsável pela conduta moral -, sendo que
também esboçou algo semelhante em relação ao aparato capaz
de fazer juízos estéticos. Mas Kant fez essa crítica, em grande
medida, sem levar suficientemente a sério a história.
Marx, por sua vez, tendo lido Hegel - o filósofo que
racionalizou a história e historicizou a razão - levou adiante a
idéia da filosofia de Kant como uma busca pela crítica da
razão, mas uma razão banhada na racionalidade dos homens no
mundo histórico. Daí que a crítica de Marx não era somente
uma crítica da razão, tomada em um sentido epistemológico
restrito, mas a crítica da racionalidade da vida humana
enquanto vida social e econômica. Não à toa, portanto, a obra
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máxima de Marx, O Capital, vinha com o subtítulo de "crítica
da Economia Política". A racionalidade humana enquanto
impregnada no âmbito sócio-histórico havia sido descrita pelos
teóricos da "Economia Política", mas Marx achava que eles
não haviam levado em conta um estudo crítico, ou seja, um
estudo capaz de revelar limites, condições e pressupostos de
suas próprias conclusões. O conhecimento da vida econômica e
social dos homens deveria passar por uma atividade que, hoje,
podermos chamar de epistemologia social crítica.
A Terapia da Linguagem
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pois adviriam de confusões criadas por um uso indevido
das palavras, sentenças, proposições etc.
Alguns desses filósofos, então, acreditaram que a filosofia
poderia ainda ser crítica, mas crítica da linguagem, de modo a
revelar o que é que haveria de puro e realmente sólido por baixo de
tantas frases meramente alusivas, metafóricas etc, na nossa
linguagem, tanto quando falamos no cotidiano quanto quando
falamos cientificamente. Outro grupo, nunca achou que a atividade
de análise da linguagem, que seria então a atividade par excellence
da filosofia, deveria cumprir uma função crítica, desveladora,
iluminista, mas que ela seria, sim, apenas uma terapia da
linguagem: ela teria menos a ver com "resolver problemas" e mais
a ver com "dissolver pseudo-problemas". De Nietzsche aos
positivistas lógicos e filósofos analíticos do século XX, muitos
quiseram ver o fim da metafísica adotando uma postura que
incidiu em colocar a linguagem na sala de cirurgia.
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UNIVERSALCURSOS FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
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A prática "crítica" analisa textos (e ações) em educação e
pedagogia a partir da idéia de que os textos pedagógicos e
educacionais (por onde se fica sabendo das ações e intenções de
que toeriza e de quem faz educação) estão crivados
ideologicamente. A tarefa do filósofo da educação é a de mostrar
que eles apontam para direções erradas, fazendo então uma análise
de tais textos que deve levar em consideração, de modo mais claro,
interesses de classes e grupos que ficaram, muitas vezes
propositalmente, escondidos. O marxismo fez isso em parte, na
educação brasileira. Paulo Freire e a perspectiva culturalista que a
ele se associou mais tarde, após o desprestígio do marxismo,
continuou tal tarefa.
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A prática "utópica" vê as ações e textos em educação e
pedagogia como excessivamente realistas, muitas vezes apegadas
ao que é prático, sem refletir possibilidades de mudanças. A
prática do filósofo da educação, neste caso, é a de criar um espelho
pedagógico negativo, que reflita tudo que não é feito na prática
educacional, não para mostrar o que deve ser feito, mas para
mostrar que o que é feito tem um contraponto, em um modelo
opositor. Esse modelo pode não ser realizável, pode ser utópico,
mas ao mostrá-lo o filósofo da educação condena o que é feito na
prática vigente. Rousseau, com o seu Emílio, é um bom exemplo
desse tipo de filósofo da educação.
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IV – DEFININDO A PEDAGOGIA
O que é pedagogia?
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Pedagogia, didática e educação estão interligadas. Mas a
filosofia da educação é um saber mais independente, que pode ou
não ter um vínculo com os saberes da pedagogia e da didática,
aqueles saberes práticos possibilitam à educação acontecer. O
termo "filosofia da educação" aponta para um tipo de saber que, de
um modo amplo, é aquele acumulado na discussão sobre o campo
educacional. Faz assim ou para colocar valores e fins e legitimá-
los através de fundamentos, ou para colocar valores e fins e
legitimá-los através de justificações. Há, portanto, dois grandes
tipos de filosofias da educação: a filosofia da educação que serve
como fundamentação para a pedagogia e filosofia da educação que
serve como justificação.
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e se saírem bem em resultados de aproveitamento com os alunos.
O importante é que, na formação dos professores, se saiba que
empregamos todos os tipos de racionalidades que temos em nossa
linguagem (a instrumental, a da tolerância e a que fixa os objetivos
e valores), e que a formação deve ser harmoniosa, pois tem tudo,
em suas vestes originais, para ser harmoniosa – pois fazer
educação nos leva, sempre, para os quatro saberes acima
apontados, e para o emprego das três formas de racionalidade.
A harmonia não vem de separarmos, eqüitativamente, o que
cada professor precisa saber em filosofia da educação, pedagogia,
didática e ensino (educação). A harmonia vem, sim, da nossa
capacidade de termos políticas educacionais que cultivem as
instituições de formação de professores que protegem uma cultura
onde os quatro saberes acima descritos não fiquem a descoberto,
nas mãos de leigos. Tal cultura, sem que seja preciso qualquer
reunião formal, será o fator determinante de convergência das
conversações, no interior das instituições onde se dá a formação do
professor, e ela poderá criar legiões de bons professores, em graus
diferentes de aptidões. Isso vale para qualquer instituição de
ensino que forma professores.
© Paulo Ghiraldelli Jr. do Centro de Estudos em Filosofia Americana
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V – RAMOS DA FILOSOFIA
História da Filosofia
A história da filosofia é para muitos a coluna vertebral da
epopéia histórica ocidental. É fato que em dois mil e quinhentos
anos de existência muitos movimentos revolucionários ocidentais
ganham mais sentido e coerência quando analisados em paralelo
com a evolução do pensamento filosófico. O estudo da história da
filosofia é igualmente indispensável para a compreensão do
pensamento de alguns de seus principais personagens.
Filosofia Clássica
A filosofia clássica é geneticamente importante para o
próprio espírito do ocidente. Também na Web está foi
responsável pelos mais antigos esforços digitais em filosofia.
Alguns dos sites aqui listados se aproximam de uma década de
existência e foram modelo de inspiração para dezenas de outros
posteriores. Confira.
Filosofia Medieval
Sites de filosofia medieval são raros, mas preciosos. Há um
verdadeiro universo de informação disponível nestes sites.
Nenhum outro período de nossa história concedeu a filosofia um
papel de tanto destaque na sociedade. Contudo o período é pouco
conhecido, mesmo pelos estudantes de filosofia. Boa pesquisa.
Filosofia Moderna
A filosofia moderna representa para muitos o começo de
uma autentica busca pelo saber. Crítica por natureza, esta nova
etapa da epopéia espiritual do ocidente é central para sua
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compreensão. Os séculos XVII e XVIII apresentam os mais
importantes pensadores modernos. Na Web existe muito material
sobre o tema e estaremos lentamente acrescentando mais sites.
Filosofia Contemporânea
Este período é talvez o mais complexo de ser entendido.
Nele, como em nenhum outro, encontramos mais concepções
diversas de filosofia que propriamente disputas temáticas. Neste
terreno pedregoso encontramos as mais diferentes correntes
espirituais e científicas em filosofia. Devemos igualmente á
filosofia contemporânea o nascimento de várias subdisciplinas
filosóficas, como as filosofias da linguagem e da religião. Aqui
listamos alguns sites representativos e incluiremos muitos outros
adiante. Boa sorte.
Lógica
A lógica é considerada por muitos uma disciplina
propedêutica em filosofia. A lógica esta para a filosofia como a
anatomia para a medicina. Nenhum texto filosófico que despreze a
estrutura lógica inerente a argumentação é digno de crédito. Esta
ciência dos juízos é hoje, como no passado, companheira fiel de
toda boa filosofia. Confira.
Ética
Toda ética é filosófica. Para um grandes filósofos, como
Platão, a ética é o fim último de toda a filosofia - seu motor e sua
razão de ser. Integrados a ética todas os demais ramos da filosofia
fazem sentido. Nestes sites você encontrará motivos para crer no
que digo. Discutida sob a ótica filosófica ou pragmática, a ética é
analisada sob os mais diversos ângulos e posturas.
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Estética
A natureza daquilo que chamamos gosto, aqui se discute. O
belo é subjetivo ou objetivo? Existe um critério de beleza
universal ou fatores de natureza cultural determinam sua
heterogeneidade? Até que ponto podemos compartilhar o prazer
estético? Estas e várias outras perguntas excitam a atenção de
especialistas.
Epistemologia
A epistemologia foi aqui tomada como sinônima de teoria
do conhecimento. Todos os sites revelam aspectos deste mesmo
problema, emblemático do pensamento moderno - O que podemos
saber?
Filosofia Política
Como uma extensão da ética, a filosofia política investiga o
sentido da vida social e das relações de poder. Aristocracia ou
democracia? Individualismo ou comunitarismo? Várias são as
perguntas que a política nos faz. Para responde-las devemos
descortinar uma coerente visão do mundo. Muitos artigos e teses
estão disponíveis nos sites.
Filosofia da Religião
A religião é reflexo de um estado evolutivo primitivo da
cultura ou é inerente ao homem enquanto criatura? A filosofia da
religião analisa as implicações éticas, políticas, gnosiológicas e
teológicas da existência de Deus. Há muitas questões a serem
respondidas e muitas outras a serem elaboradas no interior desta
nova disciplina filosófica. Confiram.
Filosofia da História
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A história segue regras fixas ou nossos destinos estão
marcados pela fria mão do acaso? Os rumos da cultura ocidental
estão marcados por um movimento cíclico ou progressivo? Quais
são as forças determinantes do processo histórico? Determinismo
versos livre arbítrio - é possível compatibilizá-los? A filosofia da
história ocupa um lugar de destaque no pensamento moderno.
Compreender suas problemáticas e encontrar suas respostas é
obrigação de uma filosofia contemporânea honesta.
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VI – PRINCIPAIS FILÓSOFOS
FILÓSOFOS
Aristóteles
Aristóteles superou seu mestre Platão em praticamente todos
os âmbitos da filosofia. Como todo bom filósofo é um parricida.
Seu pensamento se opõe ao do mestre em vários pontos, mas nem
por isso Aristóteles deixou de ser um dos mais fiéis representantes
do pensamento socrático. Conheça um pouco do legado
enciclopédico de "O Filósofo" através de páginas muito bem
elaboradas.
Bertrand Russel
A união de genialidade matemática e filosófica jamais se
deu com igual graça, em uma só pessoa, como em Bertrand
Russell. Seus escritos apresentam um homem que tem a coragem
de fazer uso da própria razão. Fundador da filosofia analítica e da
filosofia da linguagem sua obra é ampla e extremamente positiva.
Os sites são ricos em material russelliano e convidam a leitura.
Descartes
Considerado pai da filosofia moderna, Descartes é um
pensador dividido entre dois momentos intrinsecamente diferentes.
O estudo de Descartes e de suas inquietações filosóficas abre uma
passagem entre os mundos moderno e medieval. O famoso "penso,
logo existo", já um tanto em descrédito, é emblemático para
descrever este fundamental personagem da epopéia espiritual do
ocidente. Apesar da simplicidade dos sites, confira.
John Locke
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O sensualismo de Locke provou ter profunda influência nos
destinos da filosofia ocidental. Seus escritos políticos são
igualmente indispensáveis na construção da moderna sociedade
liberal. Pouco conhecido no Brasil, este pensador é extremamente
atual. Confira os sites e se surpreenda.
Kant
Kant produziu uma revolução copernicana na história da
filosofia. Sua importância é tal que não se pode mais honestamente
pensar a filosofia sem que sua obra seja considerada. Sua filosofia
crítica descortina uma nova visão de mundo dando verdadeiro
estatuto para a consciência humana. Sua obra é tão revolucionária
que uma série de novos termos e sentidos são apresentados a
cultura ocidental e constituem hoje parte de nosso vocabulário
corrente. Para uma boa aproximação da obra de Kant a humildade
é seu melhor amigo.
Nietzche
Aquele que de forma mais incisiva alerta o ocidente para seu
sono dogmático. A inconsistência de nossa moral, de nossa
religião e até mesmo de nossa ciência é grotescamente exposta em
suas páginas. Os valores de uma sociedade aristocrática voltam a
ter um lugar na filosofia moral e política. A leitura de Nietzsche
sempre é um desafiador olhar para dentro do homem. Confira os
sites.
Platão
Os diálogos deste grande mestre apresentam sob vários
ângulos todos os principais problemas do pensamento ocidental.
Ética, estética, política, metafísica e até mesmo uma filosofia da
linguagem são vistos em sua intimidade através de ricos diálogos.
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Pelos sites listados conheça melhor a divisão, feita pelos
acadêmicos destes diálogos e faça uma leitura guiada.
Sartre
A liberdade como autodeterminação existencial e o
engajamento político comunista de Sartre podem ser encontrados
nestes poucos sites disponíveis na Web. Um pensador em plena
sintonia com uma das eras mais conturbadas da história ocidental.
Voltaire
Voltaire é muito conhecido por sua ousadia crítica e
literária. Mas nenhum pensador esteve em tamanha sintonia com
as graves mudanças que assolaram a Europa setecentista. Profunda
e permanente foi sua contribuição para a filosofia da história. A
obra de Voltaire é um universo de pequenas jóias a serem
descobertas. Os sites disponíveis fazem pouco jus a seu gênio, mas
não deixam de conter informações interessantes. Confira.
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Universo majestoso em que ele, o ser humano, é uma
minúscula entidade”;
[3] como a “essência ou o sentido da vida diante de um valor
absoluto [justificação ante o fascismo, nazismo e do
comunismo]”, o como a impossibilidade de se definir as
particularidades das formas especiais de cada religião na
história, podendo-se apenas falar de uma estrutura
fundante que abrange o fenômeno religioso, “como
encontro vivencial (experimental, emocional) do ser
humano ante a realidade sagrada e a conseqüente
resposta através de ações concretas na esfera do
sagrado”, conforme afirmou o teólogo protestante
reformado, Karl Barth (* 1886- 1968): “Toda religião
é o esforço do ser humano em chegar até Deus. O
cristianismo não é religião, pois é Deus vindo até os
seres humanos”; e
[4] e como expressão lúdica e crítica de que “não é a
consciência dos homens e mulheres que determina seu
ser, mas sim seu ser social é que, inversamente,
determina sua consciência”, conforme definiu de Karl
Marx (*1818 - 1883), ao publicar O Capital, em 1867:
O sofrimento religioso é, ao mesmo tempo, expressão de
um sofrimento real e protesto contra um sofrimento real.
Suspiro da criatura primida, coração de um mundo sem
coração, espírito de uma situação sem espírito: a religião é
o ópio do povo (aqui, esta última expressão é retirada de
um poema escrito pelo filósofo Ludwig Feuerbach (*1804-
1872) como momento lúdico e que não foi bem
entendido até hoje, tanto por certos marxistas, quanto por
cristãos antimarxistas).
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Nós costumamos falar de marcas; então, quais são
as marcas da(s) nossa(s) religião(ões)? O que é
distintivo nela(s)? Temos uma cultura própria a ser
seguida e desenvolvida? Portanto, já que nós sempre
estamos falando de nossa identidade religiosa, por que
não entendê-la à identidade de nossa teologia, expressa
nos rituais (festejos e celebrações)?
Então, nós tomamos a imagem como sendo real.
Isto está muito claro no modo como agimos enquanto
igreja: nós tomamos metáforas como fato histórico,
doutrinas sobre Deus como se elas tivessem o poder
para explicar e descrever o ser Deus, e assim por
diante.
Com o a rel i gi ão é a part e da cul t ura, gl obal e
cont ext ual ., el a t am bém é (t ocada ) at i ngi da
pel a i deol ogi a. Quando com eçam os nossas
reform as rel i gi osas a part i r do devot am ent o ao
nosso passado hi st óri co e vem o-l o com o
defi ni t i vo e i nevi t ável , isso é, ouso di zer,
i dol át ri co. A i deol ogi a é idol át ri ca. O aspect o
i deol ógi co da rel i gi ão e das denom i nações, em
part i cul ar, pode ser vi st o em geral na hi st óri a
da rel i gi ão e das denom i nações, em part i cul ar,
pode ser vi st o em geral na hist óri a da rel i gi ão e
da Igrej a C ri st ã em part i cul ar. Mas, nós não
deverí am os nos il udi r com i sso, um a vez que
procedi m ent os i deol ógi cos sem pre est ão ao
nosso redor”.
Contexto de Produção
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aí, a pessoa se massifica; daí a afirmação de que nossa sociedade é
uma sociedade de massa, relacionada à cultura de massa,
formalizada pela padronização autoritária de valores e modelos de
comportamento: o que é singular e característico se anulam na
cadeia produções e reproduções. Autonomia e reflexão crítica
estão ausentes. Pois o produto se dirige à massa. É claro que uma
tal cultura de massa não é oriunda das massa, nem mesmo é
produzida por elas; trata-se da “industria cultural” e da “sociedade
unidimensional”, marcadas e definidas pelo poder econômico, a
qual interessa a reprodução mecânica e repetitiva dos mesmos
padrões de consumo. Não apenas fornece uma hierarquia de
qualidades, bem como define o que será cultura ou não,
oferecendo-a às massas que, alienadas, aceitam-na sem resistência,
em face da estratégia mercadológica que proíbe a atividade
intelectual. É lógico que surgem os “adoidado”, marginalizados
pelo sistema que insurgem contra esta situação, opondo-se e
manifestando sua resistência orgânica a partir das tentativas de
resgate daquilo que é, propriamente, um dado cultural artístico, ou
até mesmo religioso.
Todo ser humano tem arraigado em si, de modo muito
profundo, a necessidade de crer em um Ser Superior (o divino, ou
Sagrado, deus, um Ser). Neste sentido, a dimensão religiosa nunca
se separa do ser humano, mesmo que ele se diga anti-religioso
(inclusive, quando se afirma que não se conhece civilização que
não tenha sido ou que não seja religiosa, mesmo nas que se
consideram sociedade socialista, ou regimes totalitários, possuem
a dimensão de religiosidade, só que transferida para o culto ao
Estado ou à pessoa que o represente – como a veneração a
“Mao Tse Tung”, “Stalin” ou “Lênin”, ou seja, o modus
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operandi é o mesmo; apenas troca-se a figura que ocupa o
papel do Sagrado).
Portanto, em todas as épocas, desde as mais remotas, o ser
humano sempre foi religioso (especialmente pela dimensão
revelada na sofisticação dos ritos funerários). Neste sentido, a
questão da religião se coloca no campo da sociedade e da cultura,
posto que a religião oferece uma visão de mundo, ajudando a
definir o tom, o caráter, a qualidade de vida, o estilo de agir e sua
disposições morais e estéticas; e é neste sentido, então, que as
crenças constituem uma visão de mundo, como um “quadro de
referência” que torna possível o desenvolvimento das condutas de
grupos e de indivíduos. Então, para se falar de cultura religiosa,
sobre o que é religião cultural, vejamos o seguinte quadro
comparativo:
RELIGIÃO CULTURA
É a forma de expressar a fé em É o conjunto de modos de fazer,
algo que ofereça certas garantias deinteragir e representar,
que teremos alguma forma de desenvolvido pelos seres humanos
compensação de nos pautar pela como solução ou resposta às
crenças/dogmas (entendido como necessidades de suas vidas em
atos morais) comum
Enquanto cultura, ela envolve É o conjunto de civilizações e
crenças e costumes (os ritos conceitos, concretos e normativos
também originam-se de hábitos) que pretende explicar os
fenômenos sociais;
É uma das formas de explicação da É entendida como dimensão
realidade- ou seja como crença no significativa inerente a todos
Ser Divino (Sagrado) e de que a comportamento humano;
vida não acaba aqui, com a morte,
mas que existe algo mais além, no
post mortem (paraíso,
reencarnação, passagem para
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UNIVERSALCURSOS FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
outras dimensões cósmicas etc.)
É uma das possibilidades de, após Envolve o aspecto simbólico e a
a explicação da realidade, tentar prática social de um determinado
enfrentá-la, por meio de práticas povo.
fundamentadas nas crenças e nos
ritos, a fim de superar a “dureza da
realidade da maioria das pessoas.
BIBLIOGRAFIA
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