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Oia wooooo

Apostila caderno de Orixá


Pejigan Anderson de Bessen - Modulo 12

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Esta Apostila não tem a


intenção de ferir ou mesmo
distorcer todas as vertentes
Vínculada ao candomblé,
deixando claro que as
expressões vocais e
melódicas são apanhadas
dos xires executados nas
salas de Candomblé.

(Sendo apenas uma contribuição cultural)

Pejigan Anderson de Bessen

Lenda de Exú
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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Lenda de Exú
Exú sempre foi o mais alegre e comunicativo de todos os orixás.
Olorun quando o criou deu-lhe entre outras funções a de
comunicador e elemento de ligação entre tudo o que existe. Por

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

isso, nas festas que se realizavam no orun (céu), ele tocava


tambores e cantava, para trazer alegria e animação a todos.
Sempre foi assim, até que um dia os orixás acharam que o som dos
tambores e dos cânticos estava muito alto, e que não ficava
bem tanta agitação.
Então eles pediram a Exú que parasse com aquela atividade
barulhenta, para que a paz voltasse a
reinar.
Assim foi feito, e Exú nunca mais tocou seus tambores, respeitando
a vontade de todos.
Um belo dia numa dessas festas, os orixás começaram a sentir falto
da alegria que a música trazia. As cerimônias ficavam muito mais
bonitas ao som dos tambores.
Novamente, eles se reuniram e resolveram pedir a Exú que voltasse
a animar as festas, pois elas estavam muitas sem vida.
Exú negou-se a fazê-lo, pois havia ficado muito ofendido quando
sua animação fora censurada, mas prometeu que daria essa função
para a primeira pessoa que encontrasse.
Logo apareceu um homem de nome Ogan Exú confiou-lhe a missão
de tocar tambores e entoar cânticos para animar todas as
festividades dos orixás. E daquele dia em diante, os homens que
exercessem esse cargo seriam respeitados como verdadeiros pais
e denominados Ogans.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Lenda de Ogum

Lenda de Ogum
Ogum lutava sem cessar contra os reinos vizinhos. Ele trazia
sempre um rico espólio em suas expedições, além de numerosos

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

escravos. Todos estes bens conquistados, ele entregava a Odúduá,


seu pai, rei de Ifé.
Ogum continuou suas guerras. Durante uma delas ele tomou Irê.
Antigamente esta cidade era formada por sete aldeias por isto
chamando ainda hojé Ogum mejejê lodê Irê - "Ogum das sete
partes de Irê".
Ogum matou o rei Onirê e o substituiu pelo próprio filho,
conservando para si o título de Rei. Ele é saudado como Ogum
Onirê! - "Ogum Rei de Irê".
Entretanto ele foi autorizado a usar apenas uma pequena coroa
"akorô". Daí ser chamado também de Ogum Alakorô - "Ogum dono
da pequena coroa".
Após instalar seu filho no trono de Irê, Ogum voltou a guerrear por
muitos anos. Quando voltou a Irê, após longa ausência, ele não
reconheceu o lugar. Por infelicidade no dia de sua chegada
celebrava-se uma cerimônia, na qual todo mundo devia guardar
silêncio completo. Ogum tinha fome e sede.
Ele viu as jarras de vinho de palma, mas não sabia que elas
estavam vazias. O silêncio geral pareceu-lhe sinal de desprezo.
Ogum cuja paciência é curta encolerizou-se, quebrou as jarras com
golpes de espada e cortou a cabeça das pessoas. A cerimônia
tendo acabado, apareceu finalmente o filho de Ogum e ofereceu-lhe
seus pratos prediletos: caracóis e feijão regados com dendê, tudo
acompanhado de muito vinho de palma.
Ogum arrependido e calmo lamentou seus atos de violência e disse
que já vivera bastante, que viera agora o tempo de repousar. Ele
baixou então sua espada e desapareceu sob a terra.
Ogum tornara-se um Orixá.

Lenda de Ogum
Oyá vivia com Ogum antes de ser mulher de Xangô. Ela ajudava
Ogum no seu trabalho, carregava seus instrumentos, manejava o
fole para ativar o fogo da forja. Um dia Ogum deu a Oyá uma vara
de ferro igual a que lhe pertencia que tinha o poder de dividir os
homens em sete partes e as mulheres em nove partes, caso estas
as tocassem em uma briga.
Xangô gostava de sentar-se perto da forja para apreciar Ogum
bater o ferro, e sempre lançava olhares a Oyá; ela por sua vez,
também lançava olhares a Xangô.
Xangô era muito elegante, seus cabelos eram trançados, usava
brincos, colares e pulseira. Sua imponência e seu poder
impressionaram Oyá. Um dia Oyá e Xangô fugiram e Ogum lançou-
se em perseguição deles. Encontrando os fugitivos, brandiu sua

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

vara mágica, Oyá fez o mesmo e eles se tocaram ao mesmo tempo.


E assim que Ogum foi dividido em sete partes e Oyá em nove
partes, o recebeu o nome de Ogum Mejé e ela o de Iansã, cuja
origem vem de Iyámésàn a mãe transformada em nove.

Lenda de Ogum
Ogum tem estreita relação com o número sete, o que é explicado
por duas lendas iorubanas. Na primeira, ele aparece como o
guerreiro - filho de Odudua, rei de Ifé - que conquista a cidade de
Irê e assume o título de Oni (senhor ou rei). Em torno de Irê havia
sete aldeias, hoje desaparecidas. Por essa razão, acreditava-se que
Ogum fosse composto por sete partes, uma para cada aldeia
conquistada. Em iorubano, sete é mejê, de onde resultou a
expressão Ogum Mejê (O Ogum que são sete, ou o Ogum
composto de sete partes). É a ele, portanto, que o ponto é
dedicado.

A outra lenda fala do casamento entre Ogum e Oyá. Ogum tinha


uma vara mágica, feita de ferro (metal que lhe está associado), que
tinha a propriedade de dividir em sete partes os homens e em nove
partes as mulheres que tocasse. Em sua oficina de ferreiro, Ogum
confeccionou uma vara igual e deu-a de presente a Oyá. Algum
tempo depois, porém, Oyá fugiu com Xangô e foi perseguida pelo
furioso marido traído. Quando se encontraram, entraram em
combate com suas varas mágicas, dividindo-se Ogum em sete
partes e Oyá em nove. Por isso ela é chamada de Iansã, termo
composto de duas palavras iorubanas: Iá ou Inhá (mãe) e messan
(nove).

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Lenda de Odé

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Lenda de Odé
Olofin, rei de Ifé, resolveu
preparar uma grande
comemoração em seu reino
para alegrar seus súditos que
andavam muito tristes. Seria a
festa do inhame. Os festejos
deveriam ser grandiosos e durar
muitos dias para que todos
comessem e bebessem até se
fartar. A cidade tornou-se
colorida, vinha gente de muito
longe para participar da
festividade. Há muitos anos
nada se fazia ali, nem mesmo
parecido com o que era
anunciado. Num descuido
imperdoável, o rei em sua
euforia esqueceu-se de algo
muito importante. Deixou de convidar as Ia Mi Oxorongá, as mães
feiticeiras, bruxas poderosas, donas de grandes pássaros maléficos
que ao serem soltos causavam doenças e morte por onde
sobrevoassem. Enraivecidas por terem sido ignoradas, resolveram
vingar-se do rei. Ao romper do dia marcado para o inicio das
comemorações mandaram um de seus pássaros gigantes para a
cidade. Este pousou sobre o palácio e lá ficou observando tudo que
se passava, esperando que a festa começasse para sobrevoá-la,
espalhando assim, a morte. Era tão grande a ave que a cidade ficou
escura com a sombra que dela se projetava. O rei ficou indignado
aquilo acabaria com sua festa e sua grande idéia se tornaria um

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

fracasso. Mandou então, que se convocassem os melhores


caçadores do reino para que eliminassem o intruso. Dezenas de
caçadores apresentaram-se com suas flechas e tentaram durante
dias matarem as aves agourentas. Sem sucesso. O peito do
pássaro parecia de aço. Todas as flechas lançadas contra ele
vergavam e caiam no chão sem causar-lhe dano algum. Olofin, a
cada fracasso ficava mais irritado, e ordenava que cada caçador
pela sua incapacidade fosse morto imediatamente. Após vários dias
de tentativa apareceu Oxotokanxoxô, um jovem caçador que tinha
somente uma flecha, mas que mesmo assim se propunha a acabar
com o problema. Todos riram diante de tanta audácia, mas o rei
aceitou a oferta dizendo-lhe que se não conseguisse seria morto
como todos os outros. O rapaz confiante disse: – Se eu não
conseguir que me façam em pedaços. A mãe do jovem, que estava
presente, ficou desesperada e foi consultar os babalaô para saber
de que forma poderia ajudá-lo. O adivinho lhe disse que seu filho
estava a um passo da morte ou da riqueza, mas que ela tentasse
fazer uma homenagem às feiticeiras e rezar para que elas a
aceitassem. Seguindo o conselho que o homem lhe dera, sacrificou
uma galinha, ofereceu-a as bruxas e abrindo seu peito colocou-a
em campo aberto gritando: – Que o peito do pássaro aceite este
presente! Nesse exato momento Oxotokanxoxô disparou sua única
flecha. O pássaro distraiu-se com o grito da mulher e, contente com
o presente, abriu as asas deixando o peito descoberto. Sendo
acertado em pleno coração pela flecha do rapaz, caiu morto
instantaneamente. O rei, satisfeitíssimo com o sucesso do trabalho,
presenteou o rapaz com uma grande fortuna e ordenou que todos o
tratassem como herói. E o povo cantou e dançou em homenagem
ao rapaz gritando sempre “Oxóssi”, que quer dizer o caçador Oxô
tem muita sorte.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Lenda de Ossaim

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Cantigas de Ossaim ritmo egô e Lenda

1.

Aguê maré á gü ê maré ara que sodã

2.

Quini quni pó alerico ara que sodã

3.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Borogodo borogodo...borogodo ocinde ewa


borogodo borogodo baba acassaossaim inilé borogodo

Cantigas de Ossaim ritmo omele

4.

Peregum alaua titum o peregum alaua titum


baba peregum arawa lece peregum alaua titum

2.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Felé leua tó rio... fele leua tó ri felé leua tó rio felé leua tori ainchê um
male a essaba que mi faro a essaba jabá cossuo... felé leua tó ri

3.

Au eguê é irokossum au eguê é irokossum

4.

Firi leua tó rio...firi leua tó ri...


firi leua tó rio firi leua tó ri
a inché um malé a essaba baim baro
a essaba jabá cossuo ojú ala foricam firi leua tó ri
Firi leua tó rio...firi leua tó ri...
firi leua tó rio firi leua tó ri
a inché um malé a essaba baim baro
a essaba jabá cossuo ojú ala foricam firi leua tó ri
baba petum firi leua tó ri
baba petum firi leua tó ri

5.

Felé penim topéo...fele penim topé


felé penim topéo felépenim topé
ewa cofele ewa cofelebe fele penim topéo

6.

Mojeu ipê Mossoro o… mojeu ipê


Mossoró Mojeu ipê Mossoro o… mojeu ipê Mossoró dibe lopé mi aguê
goiamim mojeu ipê Mossoró

7.

Xere xere a mimam xere


xere xere a mimam xere
baeroco coloboio xere...
baeroco coloboio xere...
Amim a mamam lecam xere
Amim a mamam lecam xere

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

baia dun dun mã ... lecam xere


baia dun dun mã ... lecam xere

8.

Quica quica oiá baleo... quica quica oiá balé


Quica quica oiá baleo... quica quica oiá balé
oiá ni cossuo oiá ni cossim lé quica quica oiá balé

9.

Ara balé cocho mao... ara balé e cochomã


ara balé cocho mao...ara balé e cochomã
cum cum cum cum olori eu eu ara balé e cochomã

10.

Iro iroko isso iro iroko isso

Nesta cantiga a seguir ossaim com um galho de peregum címula se


esconder atrás deste galho, dando uma volta no barracão pulando
agachado fazendo seu ato até a frente do atabaque.

11.

Cô a cô a bado eu eu cum eu eu cum a cum o...

Cantigas de ossaim ritmo vamunha

12.

Tororo igui igui tororo ori Pepe

13.

E munhanhã igui igui e munhanhã ori Pepe

13.

Tororo agü ê tororo chaguim

14.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

A cobile á gü ê o... a cobile ilê

15.

Bom bom chemim agü ê miro ae ae


Bom bom chemim agü ê miro ae á gü ê

Lenda de Ossaim
Ossaim recebera de Olodumaré o segredo das folhas. Ele sabia
que algumas delas traziam à calma ou a vigor, outras, a sorte, as
glórias, as honras, ou ainda, a miséria, as doenças e os acidentes.
Os outros orixás não tinham poder sobre nenhuma planta, eles
dependiam de Ossaim para manter a saúde ou para o sucesso de
suas iniciativas.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Xangô, cujo temperamento é impaciente, guerreiro e imperioso,


irritado com esta desvantagem, usou de um ardil para tentar
usurpar de Ossaim, a propriedade das folhas. Falou do plano à sua
esposa Iansã, a senhora dos ventos. Explicou-lhe que em certos
dias, Ossaim pendurava num galho de Iroko, uma cabaça contendo
suas folhas mais poderosas. "Desencadeie uma tempestade bem
forte num desses dias", disse-lhe Xangô.
Iansã aceitou a missão com muito gosto. O vento soprou a grandes
rajadas, levando o telhado das casas, arrancando as árvores,
quebrando tudo por onde passava, e o fim desejado, soltando a
cabaça do galho onde estava pendurada. A cabaça rolou para longe
e todas as folhas
voaram. Os orixás se
apoderaram de todas.
Cada um tornou-se dono
de algumas delas, mas
Ossaim permaneceu
senhor do segredo de
suas virtudes e das
palavras que devem ser
pronunciadas para
provocar sua ação. E,
assim, continuou a reinar
sobre as plantas, como
senhor absoluto. Graças
ao poder (axé) que
possui sobre elas.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Lenda de Omolu

Leda de Omolu

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Nanã, esposa de Orixalá, gerou e deu à luz a um filho. Sua criação não foi
perfeita, nascendo uma criança doente, com muitas chagas recobrindo
seu pequeno corpo. Ela não conseguia imaginar que maldição era aquela,
que trouxe de suas entranhas uma criatura tão infeliz!
Sentindo-se impossibilitada de cuidar daquela criança, pois mal conseguia
olhar para ela, resolveu deixá-la perto do mar. Se a morte a levasse seria
melhor para todos.
Iemanjá, que estava saindo do mar, viu aquele pequeno ser deitado nas
areias da praia. Ficou olhando por algum tempo, para ver se havia alguém
tomando conta dele, mas ninguém
aparecia. Então, a grande divindade
das águas foi ver o que estava
acontecendo. Quando chegou mais
perto, pôde compreender que
aquela criança tinha sido
abandonada por estar gravemente
enferma. Sentindo uma imensa
compaixão por aquela pobre
criatura, não pensou em mais nada,
a não ser em adotá-lo como
a um filho.
Com seu grande instinto maternal,
Iemanjá dispensou a ele todo o
carinho e os cuidados necessários
para livrá-lo da doença. Ela
envolveu todo o corpo do menino
com palhas, para que sua pele
pudesse respirar e, assim fechar
as chagas.
Obaluayê cresceu e continuou
usando aquele tipo de roupa, e
ninguém a não ser sua querida mãe, tinham visto seu rosto. Era um ser
austero e misterioso, provocando olhares curiosos e assustados de todos.
Ninguém conseguia imaginar o que se escondia sob aquelas palhas.
Oyá, certa vez o encarou, pedindo que descobrisse seu rosto, pois queria
desvendar de uma vez por todas, aquele mistério. Obaluayê sem lhe dar a
menor atenção, negou-se a fazê-lo. Ela que nunca se deu por vencida
resolveu enfrentá-lo. Usando toda sua força, evocou o vento, fazendo
voar as palhas que o protegiam.
Quando a poeira assentou Oyá pode ver um ser de uma beleza tão

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

radiante que só poderia ser comparado ao sol. Nem mesmo ela, como
orixá, conseguia erguer os olhos para ele. Assim, todos entenderam que
aquele mistério deveria continuar escondido.
Outra lenda nos mostra que esse poderoso Orixá, em suas andanças pelo
mundo, pode presenciar o desenrolar de muitas guerras. Os povos que
Olorun criou e deu vida brigavam por um pedaço de terra. Muitas pessoas
morriam, para que seus líderes pudessem conquistar extensões maiores
para seu reinado. Os limites para esses guerreiros eram insuperáveis, e as
guerras não tinham mais fim. Obaluayê não entendia o motivo destas
guerras, já que Olorun havia criado a terra para todos.
As lutas traziam muita dor e destruição, e ninguém mais sabia dar o
devido valor à vida humana. Os homens só pensavam em
seus interesses materiais. 
Obaluayê, indignado com essa situação, resolveu mostrar a eles que a vida
é o maior tesouro que alguém pode ter.
O poderoso orixá traçou então, com seu cajado um grande círculo no
chão, no centro dos conflitos. Colocou dentro dele todo tipo de doença
existente. Todo guerreiro, que por ali passasse, iria contrair
algum tipo de doença.
De fato, foi o que aconteceu. Muitas pessoas adoeceram inclusive os
líderes dos exércitos. Só isso conseguiu por fim às guerras.
As doenças se transformaram em epidemias, deixando populações
inteiras à beira da morte.
Um babalaô revelou o mau presságio, pedindo a todos que refletissem
sobre o que estava acontecendo, por culpa deles próprios. Obaluayê havia
mandado essas mazelas para a terra, a fim de mostrar que, enquanto
temos saúde e uma vida plena, não devemos nos preocupar
excessivamente com coisas materiais. Desta vida nada se leva, a não ser o
conhecimento e a experiência que acumulamos.
Assim, os que aceitaram esses desígnios e fizeram oferendas, conforme
explicou o babalaô, conseguiram livrar-se de suas enfermidades e
restabelecer sua dignidade. Mas, infelizmente, nem todos agiram assim.
Talvez por isso existam tantos povos africanos vivendo do mesmo jeito há
milhares de anos, tentando não se desligar da natureza.

Lenda de Bessen
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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Lenda de Oxumare
Nanã obcecada pela ideia de ter um filho de Oxalá concebeu o
primogênito Obaluaye, que Por sua terrível aparência Foi despresado
por ela. Nanã consulta Ifá , e este orixá lhe dessera, que numa segunda
tentativa, ela daria a luz a um filho lindíssimo, tã o formoso quanto o
arco-Iris. No entanto preveniu-a sobre o fato que a criança jamais
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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

ficaria ao seu lado. Seu sonho parecia realizado ate o momento do


parto, quando deu a luz a um estranho ser que recebe o nome de
oxumare. Durante seis meses a criatura tomava forma de arco-íris, cuja
funçã o era levar á gua para o castelo de Oxalá , que morava em orun (no
céu). Depois de cumprida atarefa ele voltava a terra por outros seis
meses, assumindo a forma de uma cobra. Com essa aparência, ao
morde a pró pria cauda, Dando a volta em torno da terra, ele teria
gerado o movimento de rotaçã o, bem como o transito dos astros no
espaço. É um Orixá que representa polaridades contrarias como o
masculino e o femnino, bem o mal, a chuva e o tempo bom, o dia e a
noite, respectivamente, através das formas do arco-iris e serpente.

Lenda de Xangô

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Lenda de Xangô
Xangô era rei de
Oió, o mais temido
e respeitado de
todos os reis.
Mesmo assim, um
dia seu reino foi
atacado por uma
grande quantidade
de guerreiros que
invadiram a cidade
violentamente,
destruindo tudo e
matando soldados
e moradores numa
tremenda fúria
assassina. Xangô
reagiu e lutou bravamente durante semanas. Um dia,
porém, percebeu que a guerra tornara-se um caminho sem
volta. Já havia perdido muitos soldados e a única saída
seria entregar sua coroa aos inimigos. Resolveu então
procurar por Orumilá e pedir-lhe um conselho para evitar a
derrota quase certa. O adivinho mandou que ele subisse
uma pedreira e lá aguardasse, pois receberia do céu a
iluminação do que deveria ser feito. Xangô subiu e quando
estava no ponto mais alto do terreno foi tomado de
extrema fúria. Pegando seu oxê, machado de duas lâminas,

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

começou a quebrar as pedras com grande violência. Estas


ao serem quebradas, lançavam raios tão fortes que em
instantes transformaram-se em enormes línguas de fogo
que, espalhando-se pela cidade, mataram uma grande
quantidade de guerreiros inimigos. Os que restaram
apavorados procuraram os soldados de Xangô
e renderam-se imediatamente pedindo clemência. Levados
os presos elegeram um emissário para servir-lhes de porta
voz. O homem escolhido foi logo se atirando aos pés de
Xangô. Desculpou-se pedindo perdão. Humilhando-se,
explicou que lutavam, não por vontade própria, e sim
forçada por um monarca, vizinho de Oió, que tinha um
grande ódio de Xangô e os martirizava impiedosamente.
Xangô, altamente perspicaz, enxergou nos olhos do
guerreiro que ele falava a verdade e perdoou a todos,
aceitando-os como súditos de seu reino. Assim tornou-se
conhecido como o orixá justiceiro que perdoa quando
defrontado com a verdade, mas que queima com seus raios
os mentirosos e delinqüentes.

Lenda de Xangô

Talvez estejamos diante do Orixá mais cultuado e respeitado no


Brasil. Isso porque foi ele o primeiro Deus Iorubano, por assim
dizer, que pisou em terras brasileiras.
Xangô é um Orixá bastante popular no Brasil e às vezes confundido
como um Orixá com especial ascendência sobre os demais, em
termos hierárquicos. Essa confusão acontece por dois motivos: em
primeiro lugar, Xangô é miticamente um rei, alguém que cuida da
administração, do poder e principalmente da justiça - representa a
autoridade constituída no panteão africano. Ao mesmo tempo, há
no norte do Brasil diversos cultos que atendem pelo nome de
Xangô. No Nordeste, mais especificamente em Pernambuco e
Alagoas, a prática do candomblé recebeu o nome genérico de
Xangô, talvez porque naquelas regiões existissem muitos filhos de
Xangô entre os negros que vieram trazidos de África. Na mesma
linha de uso impróprio, pode-se encontrar a expressão Xangô de

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Caboclo, que se refere obviamente ao que chamamos de


Candomblé de Caboclo. 
Xangô é pesado, íntegro, indivisível, irremovível; com tudo isso, é
evidente que certo autoritarismo faça parte da sua figura e das
lendas sobre suas determinações e desígnios, coisa que não é
questionada pela maior parte de seus filhos, quando inquiridos. 
Suas decisões são sempre consideradas sábias, ponderadas,
hábeis e corretas. Ele é o Orixá que decide sobre o bem e o mal.
Ele é o Orixá dos raios e dos trovões. 
Na África, se uma casa é atingida por um raio, o seu proprietário
paga altas multas aos sacerdotes de Xangô, pois se considera que
ele incorreu na cólera do Deus. Logo depois os sacerdotes vão
revirar os escombros e cavar o solo em busca das pedras-deraio
formado pelo relâmpago. Pois seu axé está concentrado
genericamente nas pedras, mas principalmente naquelas
resultantes da destruição provocada pelos raios, sendo o Meteorito
é seu axé máximo.
Xangô tem a fama de agir sempre com neutralidade (a não ser em
contendas pessoais suas, presentes nas lendas referentes a seus
envolvimentos amorosos e congêneres). Seu raio e eventual castigo
são o resultado de um quase processo judicial, onde todos os prós
e os contras foram pensados e pesados exaustivamente. Seu Axé,
portanto está concentrado nas formações de rochas cristalinas, nos
terrenos rochosos à flor da terra, nas pedreiras, nos maciços. Suas
pedras são inteiras, duras de quebrar, fixas e
inabaláveis, como o próprio Orixá.
Xangô não contesta o status de Oxalá de patriarca da Umbanda,
mas existe algo de comum entre ele e Zeus, o deus principal da rica
mitologia grega. O símbolo do Axé de Xangô é uma espécie de
machado estilizado com duas lâminas, o Oxé, que indica o poder de
Xangô, corta em duas direções opostas. O administrador da justiça
nunca poderia olhar apenas para um lado, defender os interesses
de um mesmo ponto de vista sempre. Numa disputa, seu poder
pode voltar-se contra qualquer um dos contendores, sendo essa a
marca de independência e de totalidade de abrangência da justiça
por ele aplicada. Segundo Pierre Verger, esse símbolo se aproxima
demais do símbolo de Zeus encontrado em Creta. Assim como

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Zeus, é uma divindade ligada à força e à justiça, detendo poderes


sobre os raios e trovões, demonstrando nas lendas a seu respeito,
uma intensa atividade amorosa. 
Outra informação de Pierre Verger especifica que esse Oxé parece
ser a estilização de um personagem carregando o fogo sobre a
cabeça; este fogo é ao mesmo tempo o duplo machado, e lembra
certa forma a cerimônia chamada ajerê, na qual os iniciados de
Xangô devem carregar na cabeça uma jarra cheia de furos, dentro
da qual queima um fogo vivo, demonstrando através dessa prova,
que o transe não é simulado. 
Xangô, portanto já é adulto o suficiente para não se empolgar pelas
paixões e pelos destemperos, mas vital e capaz o suficiente para
não servir apenas como consultor. 
Outro dado saliente sobre a figura do senhor da justiça é seu mau
relacionamento com a morte. Se Nanã é como Orixá a figura que
melhor se entende e predomina sobre os espíritos de seres
humanos mortos, Eguns, Xangô é que mais os detesta ou os teme.
Há quem diga que, quando a morte se aproxima de um filho de
Xangô, o Orixá o abandona, retirando-se de sua cabeça e de sua
essência, entregando a cabeça de seus filhos a Obaluaiê e Omulu
sete meses antes da morte destes, tal o grau de aversão que tem
por doenças e coisas mortas.
Deste tipo de afirmação discordam diversos babalorixás ligados ao
seu culto, mas praticamente todos aceitam como preceito que um
filho que seja um iniciado com o Orixá na cabeça, não deve entrar
em cemitérios nem acompanhar a enterros. 
Tudo que se refere a estudos, as demandas judiciais, ao direito,
contratos, documentos trancados, pertencem a Xangô. 
Xangô teria como seu ponto fraco, a sensualidade devastadora e o
prazer, sendo apontado como uma figura vaidosa e de intensa
atividade sexual em muitas lendas e cantigas, tendo três esposas:
Obá, a mais velha e menos amada; Oxum, que era casada com
Oxossi e por quem Xangô se apaixona e faz com que ela abandone
Oxossi; e Iansã, que vivia com Ogum e que Xangô raptou. 
No aspecto histórico Xangô teria sido o terceiro Aláàfin Oyó, filho de
Oranian e Torosi, e teria reinado sobre a cidade de Oyó (Nigéria),
posto que conseguisse após destronar o próprio meio-irmão Dada-

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Ajaká com um golpe militar. Por isso, sempre existe uma aura de
seriedade e de autoridade quando alguém se refere a Xangô.
Conta a lenda que ao ser vencido por seus inimigos, refugiou-se na
floresta, sempre acompanhado da fiel Iansã, enforcou-se e ela
também. Seu corpo desapareceu debaixo da terra num profundo
buraco, do qual saiu uma corrente de ferro - a cadeia das gerações
humanas. E ele se transformou num Orixá. No seu aspecto divino, é
filho de Oxalá, tendo Yemanjá como mãe.
Xangô também gera o poder da política. É monarca por natureza e
chamado pelo termo obá, que significa Rei. No dia-a-dia
encontramos Xangô nos fóruns, delegacias, ministérios políticos,
lideranças sindicais, associações, movimentos políticos, nas
campanhas e partidos políticos, enfim, em tudo que gera habilidade
no trato das relações humanas ou nos governos, de um modo geral.
Xangô é a ideologia, a decisão, à vontade, a iniciativa. É a rigidez,
organização, o trabalho, a discussão pela melhora, o progresso
social e cultural, a voz do povo, o levante, à vontade de vencer.
Também o sentido de realeza, a atitude imperial, monárquica. É o
espírito nobre das pessoas, o chamado “sangue azul”, o poder de
liderança. Para Xangô, a justiça está acima de tudo e, sem ela,
nenhuma conquista vale a pena; o respeito pelo Rei é mais
importante que o medo.
Xangô é um Orixá de fogo, filho de Oxalá com Yemanjá. Diz a lenda
que ele foi rei de Oyó. Rei poderoso e orgulhoso e teve que
enfrentar rivalidades e até brigar com seus irmãos para manter-se
no poder.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Lenda de Oyá

Lenda de Inhançã

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

As pessoas dedicadas a yansã, nome sob o qual ela é mais


conhecida no Brasil.usam colares de contas de vidro grená. A
quarta feira é o dia da semana consagrado a ela, o mesmo dia de
Xangô, seu marido. Seus símbolos são como na África: os chifres
de búfalo e um Alfanje, colocados sobre seu peji. Ela recebe
sacrifícios de cabras e oferendas de acarajé (àcàrá na África). Ela
detesta abóbora e a carne de carneiro lhe e proibida. Quando se
manifesta sobre um dos
iniciados, ela esta adornada
com uma coroa semelhante à
dos Reis africanos, cujas
franjas de contas esconde seu
rosto. Ela traz um alfanje em
uma das mãos e um espanta-
moscas feito de cauda de
cavalo no outra. Suas danças
são guerreiras, e se Ogum
está presente, ela se engaia
num duelo com ele,
lembrança, sem dúvida, de
suas antigas divergências. Ela
envoca também, através de
seus movimentos sinuosos e
rápidos, as tempestades e os
ventos enfurecidos. Seus
fieis Saúdam-na gritando: ”Epa Heyi Oya!”. No Brasil, Oia é
sincretizada com Santa Bárbara e, em Cuba com Nuestra Señons
de La candelária. Certas Inhançãs chamadas Yànsàn de igbalè,
ligadas ao culto dos mortos, os Egúngún, quando dançam parecem
espulsar as almas errantes com seus braços largamente abertos
estendidos para frente. Oyá Vivia em terras de Keto um caçador
chamado Odulecê. Era o líder de todos os caçadores.
Ele tomou por sua filha uma menina nascida em Irá, que por seus
modos espertos e ligeiros era conhecida por Oyá.
Oyá tornou-se logo a predileta do velho caçador, conquistando um
lugar de destaque naquele povo.
Mas um dia a morte levou Odulecê, deixando Oyá muito triste. A

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

jovem pensou numa forma de homenagear o seu pai adotivo.


Reuniu todos os instrumentos de caça de Odulecê e enrolou-os
num pano. Também preparou todas as iguarias que ele tanto
gostava de saborear. Dançou e cantou por sete dias, espalhando
por toda parte, com seu vento, o seu canto, fazendo com que se
reunissem no local todos os caçadores da terra.
Na sétima noite, acompanhada dos caçadores, Oyá embrenhou-se
mata adentro e depositou ao pé de uma árvore sagrada os
pertences de Oyá.
Olorun, que tudo via, emocionou-se com o gesto de Oyá e deu-lhe o
poder de ser guia dos mortos no caminho do Orun. Transformou
Odulecê em orixá e Oyá na mãe dos espaços dos espíritos.
Desde então todo aquele que morre tem seu espírito levado ao
Orun por Oyá. Antes, porém deve ser homenageado por seus entes
queridos numa festa com comidas, cantos e danças.
Nasceu o ritual funerário do axexê.

Lenda
de
Oba

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Lenda de Oba
Xangô era um conquistador de
terras e de mulheres, vivia
sempre de um lugar para o
outro. Em Cosso fez-se rei e
casou-se com oba. Oba era sua
primeira e mais importante
esposa, oba passava o dia
cuidando da casa de xangô,
moía a pimenta, cozinhava e
deixava tudo limpo. Uma vez
Xangô viu Oyá lavando roupa na
beira de um rio e dela se
namorou perdidamente. Com
Oyá se casou, mas se casou de
novo. Oxum foi à terceira
mulher. As três viviam às turras
pelo o amor do rei, para deixar
Xangô feliz, Oba presenteou-lhe
um cavalo branco, Xangô gostou
muito do cavalo, tempos depois
Xangô saiu para guerrea levando Oyá cosigo, seis meses se
passaram e Xangô continuava longe, Oba estava desesperada e foi
consultar orunmilá, Orunmilá aconselhou oba a oferecer em
sacrificiu um iruquerê, espanta-moscas feito com rabo de um
cavalo, mandou por o iruquerê no teto da casa. Para fazer a
ofertaprescrita pelo o oráculo. Oba encomendou a Eleguá um rabo
de cavalo, e Eleguá induzido por Oxum, mais que depressa cortou o
rabo do cavalo branco de Xangô, mais não cortou somente os pêlos

31
Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

e sim a calda toda e o cavalo sangrou ate morrer. Quando Xangô


voltou da guerra, procurou o cavalo e não encontrou, deparou então
com iruquerê amarrado no teto da casa e reconheceu o rabo do
cavalo desaparecido, soube pelas outras mulheres da oferenda feita
pela primeira esposa. Xangô ficou irado e mais uma vez repudiou
obá.

Lenda de Ewa

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Lenda de Ewa
O orixá Ewá é uma bela virgem que entregou o se
corpo jovem a Xangô , marido de Oyá despertando a ira
da rainha dos raios. Ewá refugiou-se nas matas
inalcançá veis, sob a proteçã o de Oxossi, e tormou-se
uma guerreira valente e caçadora habilidosa. As
virgens contam com a proteçã o de Ewá , e, aliá s, tudo
que é explorado conta com sua proteçã o: a mata
virgem, as moçã s virgens, rios e lagos onde nã o se pode
nadar ou navegar, A pró pria Ewá , acreditam alguns só

33
Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

rodaria na cabeça de mulheres virgens


(oque nã o se pode comprovar), pois ela mesma seria
uma virgem, a virgem damata virgem dos lá bios de
mel. Ewá domina a vidência, atributo que deus de
todos os orá culos, Orunmilá lhe concedeu.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Lenda de Oxum

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Conta-nos uma lenda,


que Oxum queria muito
aprender os segredos e
mistérios da arte da
adivinhaçã o, para tanto,
foi procurar Exú . 
Exú , muito matreiro
falou a Oxum que lhe
ensinaria os segredos da
adivinhaçã o, mas para
tanto, ficaria Oxum sobre
os domínios de Exú
durante sete anos,
passando, lavando e
arrumando a casa do
mesmo, em troca ele a
ensinaria.
E, assim foi feito,
durante sete anos Oxum
foi aprendendo a arte da
adivinhaçã o que Exú lhe
ensinará e
consequentemente,
cumprindo seu acordo
de ajudar nos afazeres
domésticos na casa de
Exú . Findando os sete
anos, Oxum e Exú ,
tinham se apegado
bastante pela
convivência em comum, e Oxum resolveu ficar em
companhia desse Orixá . 
Em um belo dia, Xangô que passava pelas propriedades.
Foi-se a tal ponto que Xangô , viu-se completamente
apaixonado por aquela linda mulher, e perguntou se nã o
gostaria de morar em sua companhia em seu lindo castelo
na cidade de Oyó . Oxum rejeitou o convite, pois lhe fazia
36
Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

muito bem a companhia de Exú . 


Xangô entã o irritado e contrariado, seqü estrou Oxum e
levou-a em sua companhia, aprisionando-a na masmorra de
seu castelo. Exú , logo de imediato sentiu a falta de sua
companheira e saiu a procurar, por todas as regiõ es, pelos
quatro cantos do mundo sua doce pupila de anos de
convivência. 
Chegando à s terras de Xangô , Exú foi surpreendido por um
canto triste e melancó lico que vinha da direçã o do palá cio
do Rei de Oyó , da mais alta torre. Lá estava Oxum, triste e a
chorar por sua prisã o e permanência na cidade do Rei.
Exú , esperto e matreiro, procurou a ajuda de Ò rù nmílá , que
de pronto agrado lhe cedeu uma poçã o de transformaçã o
para Oxum desvencilhar-se dos domínios de Xangô . Exú ,
através da magia pode fazer chegar à s mã os de sua
companheira a tal poçã o. Oxum tomou de um só gole a
poçã o má gica e transformou-se em uma linda pomba
dourada, que voou e pode entã o retornar em companhia de
Exú para sua morada...
LENDA
Logo que todos os Orixá s chegaram à terra, organizavam
reuniõ es das quais mulheres nã o podiam participar. Oxum,
revoltada por nã o poder participar das reuniõ es e das
deliberaçõ es, resolve mostrar seu poder e sua importâ ncia
tornando estéreis todas à s mulheres, secando as fontes,
tornando assim a terra improdutiva.
Olodumaré foi procurado pelos Orixá s que lhe explicaram
que tudo ia mal a terra, apesar de tudo que faziam e
deliberavam nas reuniõ es. Olodumaré perguntou a eles se
Oxum participava das reuniõ es, foi quando os Orixá s lhe
disseram que nã o.
Explicou-lhes entã o, que sem a presença de Oxum e do seu
poder sobre a fecundidade, nada iria dar certo. 
Os Orixá s convidaram Oxum para participar de seus
trabalhos e reuniõ es, e depois de muita insistência, Oxum
resolve aceitar. Imediatamente as mulheres tornaram-se
fecundas e todos os empreendimentos e projetos obtiveram
37
Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

resultados positivos. Oxum é chamada Iyalodê (Iyá lá ò de),


título conferido à pessoa que ocupa o lugar mais
importante entre as mulheres da cidade.

OXUM
Nome de um rio na Nigéria, em Ijexá e Ijebú . Segunda
mulher de Xangô , deusa do ouro, riqueza e do amor.
A Oxum pertence o ventre da mulher e ao mesmo tempo
controla a fecundidade, por isso as crianças lhe pertencem.
Dona dos rios e cachoeiras gosta de usar colares, jó ias, tudo
relacionado à vaidade, perfumes, etc.
Exú avistou aquela linda donzela que penteava seus lindos
cabelos a margem de um rio e de pronto agrado, foi
declarar sua grande admiraçã o para com Oxum.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Lenda de
Logum

Lenda de Logum

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Olorun ao criar o mundo dividiu os reinos entre os orixás. No inicio


tudo corria muito bem até que Oxum e Oxóssi começaram a se
desentender. As águas doces, durante as cheias, invadiam as
matas e tornavam tudo um grande lodaçal. Oxóssi não podia admitir
isso, as plantas e animais morriam sem que ele pudesse fazer
nada. Procurou por Oxum inúmeras vezes para que ela tomasse
uma atitude, em vão. Olorun que a tudo assistia resolveu separar
definitivamente os reinos para acabar com as brigas que estavam
cada vez mais acirradas. Pouco tempo durou a tranqüilidade do
caçador, aos poucos a vegetação foi minguando e a caça sumindo
em virtude da falta de água. Resolveu então procurar o Criador
pedindo que ele fizesse algo. Olorun argumentou que ele mais nada
poderia fazer, já havia tomado uma decisão e não voltaria atrás. A
única saída que via para o impasse seria as pazes entre os reinos,
que ele procurasse por Oxum e pedisse trégua. Foi o que ele fez. A
princípio a mãe das águas recusou-se terminantemente a colaborar,
se tudo aquilo estava acontecendo era por culpa dele próprio, afinal
era sempre ele quem reclamava. No entanto a insistência de Oxóssi
tornou-se insuportável, não havia um só dia em que ele não a
procurasse. Cansada da velha discussão, cedeu. Assim passaram a
conviver harmoniosamente. Com a união de seus reinos a
proximidade de ambos aumentou e com ela veio o amor. Os orixás
apaixonaram-se loucamente e dessa paixão nasceu Logunedé, uma
criança linda que tinha a beleza da mãe aliada à força e valentia do
pai. O menino crescia feliz dividindo-se entre os reinos de seus pais
quando nova briga instalou-se. Desta vez não houve como
apaziguar os ânimos, a separação era definitiva. Havia a criança,
como resolver a questão da guarda? Procurado como o grande juiz
que era Olorun cravou o veredicto, que ela ficasse seis meses com
cada um. Ambos brigaram muito, reclamaram, acharam absurdo,
mas contra a determinação não havia o que fazer e tiveram que
aceitar. É por isso que Logunedé até hoje vive seis meses ao lado
de sua mãe nas profundezas das águas dos rios, cercado de mimos
e atenção e outros seis ao lado do pai, quando se torna um grande
caçador e controla a vida animal e vegetal das matas.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Lenda de Iemanjá

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Lenda de Iemanja
Yemonjá, por presidir à
formação da individualidade,
que como sabemos está na
cabeça, está presente em
todos os rituais,
especialmente o Bori.
É a rainha de todas as águas
do mundo, seja dos rios, seja
do mar. O seu nome deriva
da expressão Yéyé Omó Ejá,
que significa mãe cujos filhos
são peixes. Na África era
cultuada pelos egbá, nação
Iorubá da região de Ifé e
Ibadan onde se encontra o
rio Yemojá. Esse povo
transferiu-se para a região de Abeokutá, levando consigo os
objectos sagrados da deusa, e foram depositados no rio, Ogum o
qual, diga-se de passagem, não tem nada a ver com o Orixá Ogum,
apesar de no Brasil Yemonjá ser cultuada nas águas salgadas, a
sua origem é de um rio que corre para o mar. Inclusive, todas as
suas saudações, orikís e cantigas remetem a essa origem, Odó Iyà,
por exemplo, significa mãe do rio, já a saudação Erù Iyà faz alusão
às espumas formadas do encontro das águas do rio com as águas

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

do mar, sendo esse um dos locais de culto a Yemonjá.


Yemonjá é a mãe de todos os filhos, mãe de todo mundo. É ela
quem sustenta a humanidade e, por isso, os órgãos que a
relacionam com a maternidade, ou seja, a sua vulva e seus seios
chorosos são sagrados.
Yemonjá é o espelho do mundo, que reflete todas as diferenças,
pois a mãe é sempre um espelho para o filho, um exemplo de
conduta. Ela é a mãe que orienta que mostra os caminhos, que
educa, e sabe sobre tudo explorar as potencialidades que estão
dentro de cada um, como fez com os guerreiros de Olofin,
mostrando o quanto eram bons nos seus ofícios, mas dizendo, ao
mesmo tempo, que a guerra maior é a que travamos
contra nós mesmos.
Yemonjá foi violentada pelo seu próprio filho, Orugan. Dessa
relação incestuosa nasceram diversos Orixás e dos seus seios
rasgados jorraram todos os rios do mundo. Yemonjá acabou se
desfizer nas suas próprias lágrimas e por se transformar num rio
que correu em direção ao oceano. Portanto, não é por acaso que as
lágrimas e o mar têm o mesmo sabor.
Dissimulada, e ardilosa, Yemonjá faz uso da chantagem afectiva
para manter os filhos sempre perto de si. É considerada a mãe da
maioria dos Orixás de origem Iorubá. É o tipo de mãe que quer os
filhos sempre por perto, que tem uma palavra de carinho, um
conselho, um alívio psicológico. Quando os perde é capaz de se
desequilibrar completamente.
Yemonjá é a mãe que não faz distinção dos seus filhos, sejam
como forem, tenham ou não saído do seu ventre. Quando
humildemente criou, com todo amor e carinho, aquele menino cheio
de chagas, fez irromper um grande guerreiro. Yemonjá criou Omulu,
o filho e senhor, o rei da terra, o próprio Sol...

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Lenda de Nanã

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Lenda de Nanã
Nanã, a deusa dos mistérios, é uma
divindade de origem simultânea à criação
do mundo, pois quando Odudua separou a
água parada, que já existia, e liberou do
“saco da criação” a terra, no ponto de
contato desses dois elementos formou-se
a lama dos pântanos, local onde se
encontram os maiores
fundamentos de Nana.
Senhora de muitos búzios, Nana sintetiza
em si morte, fecundidade e riqueza. O seu
nome designa pessoas idosas e
respeitáveis, e para os povos Jeje da
região do antigo Daomé, significa “mãe”.
Nessa região, onde hoje se encontra a
República do Benin, Nana é muitas vezes
considerada a divindade suprema e talvez
por essa razão seja frequentemente
descrita como um orixá masculino.
Sendo a mais antiga das divindades das
águas, ela representa a memória ancestral
do nosso povo: é a mãe antiga (Iyá Agbà)
por excelência. É mãe dos orixás Iroko, Obaluaiê e Oxumaré, mas
por ser a deusa mais velha do candomblé é respeitada como mãe
por todos os outros orixás.
A vida está cercada de mistérios que ao longo da História
atormentam o ser humano. Porém, quando ainda na Pré-História, o
homem se viu diante do mistério da morte, em seu âmago irrompeu
um sentimento ambíguo. Os mitos aliviavam essa dor e a razão
apontava para aquilo que era certo no seu destino.
A morte faz surgir no homem os primeiros sentimentos religiosos, e
nesse momento Nana faz-se compreender, pois nos primórdios da
História os mortos eram enterrados em posição fetal, remetendo a
uma ideia de nascimento ou renascimento. O homem primitivo
entendeu que a morte e a vida caminham juntas, entendeu
os mistérios de Nanã.
Nana é o princípio, o meio e o fim; o nascimento, a vida e a morte.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Ela é a origem e o poder. Entender Nana é entender o destino, a


vida e a trajectória do homem sobre a terra, pois Nanã é a História.
Nanã é água parada, água da vida e da morte.
Nanã é o começo porque Nanã é o barro e o barro é a vida. Nanã é
a dona do axé por ser o orixá que dá a vida e
a sobrevivência, a senhora dos ibás que permite o nascimento dos
deuses e dos homens.
Nanã pode ser a lembrança angustiante da morte na vida do ser
humano, mas apenas para aqueles que encaram esse final como
algo negativo, como um fardo extremamente pesado que todo o ser
carregue desde o seu nascimento. Na verdade, apenas as pessoas
que têm o coração repleto de maldade e dedicam a vida a
prejudicar o próximo se preocupam com isso. Aqueles que praticam
boas ações vivem preocupados com o seu próprio bem, com a sua
elevação espiritual e desejam ao próximo o mesmo que para si, só
esperam da vida dias cada vez melhores e têm a morte como algo
natural e inevitável. A sua certeza é a imortalidade da sua essência.
Nanã, a mãe maior, é a luz que nos guia, o nosso quotidiano.
Conhecer a própria vida e o próprio destino é conhecer Nanã, pois
os fundamentos dos orixás e do Candomblé estão ligados à vida. A
nossa vida é o nosso orixá.
É na morte, condição para o renascimento e para a fecundidade,
que se encontram os mistérios de Nanã. Respeitada e temida,
Nanã, deusa das chuvas, da lama, da terra, juíza que castiga os
homens faltosos, é a morte na essência da vida.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Lenda de Oxalá

Lenda de Oxalá
Aproximava-se o dia em que seria realizada no reino de Oyó, a
época das comemorações em
homenagem a Xangô, Rei de
Oyó, onde todos os Orixás
foram convidados, inclusive
Oxalufã. Antes de rumar a
Oyó, Oxalufã consultou seu
babalawo a fins de saber
como seria a jornada, o
babalawo lhe disse: leves três
mudas de roupas brancas,
pois Exú irá dificultar seus
caminhos. E Oxalufã partiu
sozinho. O adivinho
aconselhou-o então a levar
consigo três panos brancos,
limo-da-costa e sabão-da-
costa, assim como a aceitar e
fazer tudo que lhe pedissem
no caminho e não reclamar
de nada, acontecesse o que acontecesse. Seria uma forma de não
perder
a vida. Caminhanda pela mata encontrou Exú tentando levantar um
tonel de Dendê as costas e pediu-lhe ajuda Oxalufã prontamente
lhe ajudou, mas
Exú, propositalmente derramou o dendê sobre Oxalufã e saiu.
Oxalufã banhou-se no rio, trocou de roupa e continuou sua jornada.
Mas adiante se encontrou novamente com Exú, que desta vez
tentava erguer um saco de carvão a costas e pediu a Oxalufã que
lhe auxiliasse, novamente Oxalufã lhe ajudou e Exú repetiu o feito
derramando o carvão sobre Oxalufã, banhando-se no rio e trocando

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

de roupa, Oxalufã prosseguiu sua jornada a Oyó, próximo já a Oyó,


encontrou com Exú novamente tentado erguer um tonel de melado
e a estória se repetiu. Nos campos de Oyó, Oxalufã encontrou com
um cavalo fugitivo dos estábulos de Xangô, e resolveu devolver ao
dono, antes de chegar à cidade, foi abordado pelos guardas que o
julgaram culpado pelo furto. Maltrataram e prenderam Oxalufã. Ele,
sempre calado, deixou-se levar prisioneiro. Mas, por estar um
inocente no cárcere, em terras do Senhor da Justiça, Oyó viveu por
longos sete anos a mais profunda seca. As mulheres tornaram-se
estéreis e muitas doenças assolaram o reino. Desesperado Xangô
resolveu consultar um babalawô para saber o que acontecia e o
babalawô lhe disse: a vida está aprisionada em seus calabouços,
um velho sofria injustamente como prisioneiro, pagando por um
crime que não cometera. Com essa resposta, Xangô foi até a prisão
e lá encontrou Oxalufã todo sujo e mal tratado. Imediatamente o
levou ao palácio e lá chamou todos os Orixás onde cada um
carregava um pote com água da mina. Um a um os Orixás iam
derrubando suas águas em Oxalufã para lavá-lo. O rei de Oyó
mandou seus súditos vestirem-se de branco. E que todos
permanecessem em silêncio. Pois era preciso, respeitosamente,
pedir perdão a Oxalufã.
Xangô vestiu-se também de
branco e nas suas costas
carregou o velho rei. E o
levou para as festas em sua
homenagem e todo o povo
saudava Oxalufã e todo o
povo saudava Xangô.

 Lenda da Criação

Oxalá, "O Grande Orixá" ou


"O Rei do Pano Branco". Foi
o primeiro a ser criado por
Olorum, o deus supremo.
Tinha um caráter bastante
obstinado e independente.
Oxalá foi encarregado
por Olorum de criar o mundo
com o poder de sugerir (àbà)
e o de realizar (àse).
Para cumprir sua missão,
antes da partida, Olorum

48
Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

entregou-lhe o "saco da criação". O poder que lhe fora confiado não


o dispensava, entretanto de
submeter-se a certas regras e de
respeitar diversas obrigações como os outros orixás. Uma história
de Ifá nos conta como. Em razão de seu caráter altivo, ele se
recusou fazer alguns sacrifícios e oferendas a Exú, antes de iniciar
sua viagem para criar o mundo. Oxalá pôs-se a caminho apoiado
num grande cajado de estanho, seu òpá osorò ou paxorô, cajado
para fazer cerimônias. No momento de ultrapassar a porta do Além,
encontrou Exú, que entre as suas múltiplas obrigações, tinha a de
fiscalizar as comunicações entre os dois mundos. Exú descontente
com a recusa do Grande Orixá em fazer as oferendas prescritas,
vingou-se o fazendo sentir uma sede intensa. Oxalá, para matar sua
sede, não teve outro recurso se não o de furar com seu paxorô, a
casca do tronco de um dendezeiro. Um líquido refrescante dele
escorreu: era o vinho de palma. Ele bebeu-o ávida e
abundantemente. Ficou bêbado, e não sabia mais onde estava e
caiu adormecido. Veio então Odudua, criado por Olorum depois de
Oxalá e o maior rival deste. Vendo o Grande Orixá adormecido,
roubou-lhe o "saco da criação", dirigiu-se à presença de Olorum
para mostrar-lhe o seu achado e lhe contar em que estado se
encontrava Oxalá. Olorum exclamou: "Se ele está neste estado, vá
você, Odudua! Vá criar o mundo!" Odudua saiu assim do Além e
encontrou diante de uma extensão ilimitada de
água.
Deixou cair à substância marrom contida no "saco da criação". Era
terra. Formou-se, então, um montículo que ultrapassou a superfície
das águas. Aí, ele colocou uma galinha cujos pés tinham cinco
garras. Esta começou a arranhar e a espalhar a terra
sobre a superfície das águas.
Onde ciscava, cobria as águas, e a terra ia se alargando cada vez
mais, o que em iorubá se diz ilè nfè, expressão que deu origem ao
nome da cidade de Ilê Ifé. Odudua aí se estabeleceu, seguido pelos
outros orixás, e tornou-se assim o rei da terra.
Quando Oxalá acordou não mais encontrou ao seu lado o "saco da
criação". Despeitado, voltou a Olorum. Este como castigo pela sua
embriaguez proibiu ao Grande Orixá, assim como aos outros de sua
família, os orixás funfun, ou "orixás brancos", beber vinho de palma
e mesmo usar azeite-de-dendê. Confiou-lhe, entretanto, como
consolo, a tarefa de modelar no barro o corpo dos seres humanos,
aos quais ele, Olorum, insuflaria a vida.
Por essa razão, Oxalá também é chamado de
Alamorere, o "proprietário da boa argila".

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Pôs-se a modelar o corpo dos homens, mas não levava muito


a sério a proibição de beber vinho de palma e, nos dias em que se
excedia, os homens saiam de suas mãos contrafeitas, deformadas,
capengas, corcundas. Alguns, retirados do forno antes da hora,
saíam mal cozidos e suas cores tornavam-se tristemente pálidas:
eram os albinos. Todas as pessoas que entram nessas tristes
categorias são-lhe consagradas e tornam-se adoradoras de Oxalá.

Como Oxalá se Tornou o Pai da Criação


Iemanjá, a filha de olokum, foi escolhida por olorum para ser a mãe
dos orixás. Como ela era muito bonita, todos a queriam para
esposa; então, o pai foi perguntar a orumilá com quem ela deveria
casar. Orumilá mandou que ele entregasse um cajado de madeira a
cada pretendente; depois, eles deveriam passar a noite dormindo
sobre uma pedra, segurando o cajado para que ninguém pudesse
pegá-lo. Na manhã seguinte, o homem cujo cajado estivesse florido
seria o escolhido por orumilá para marido de iemanjá. Os canditatos
assim fez; no dia seguinte, o cajado de oxalá estava coberto de
flores brancas, e assim ele se tornou pai dos orixás.

 Como Oxalá Aprendeu a Produzir a Cor Branca


Certa vez, quando os orixás estavam reunidos, oxalá deu um tapa
em exu e o jogou no chão todo machucado; mas no mesmo instante
exu se levantou, já curado. Então oxalá bateu em sua cabeça e exu
ficou anão; mas se sacudiu e voltou ao normal. Depois oxalá
sacudiu a cabeça de exu e ela ficou enorme; mas exu esfregou a
cabeça com as mãos e ela ficou normal. A luta continuou, até que
exu tirou da própria cabeça uma cabacinha; dela saiu uma fumaça
branca que tirou as cores de oxalá. Oxalá se esfregou como exu
fizera, mas não voltou ao normal; então, tirou da cabeça o próprio
axé e soprou-o sobre exu, que ficou dócil e lhe entregou a cabaça,
que oxalá usa para fazer os brancos.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Histórico do Candomblé:

Originária da África, trazida ao Brasil pelos negros escravizados na


época da colonização Brasileira. A presença das religiões africanas
é uma concequência imprevista do trafico dos escravos, que
determinou afluência de cativos Gegês e Nagôs
(Daomeanos e Yorubás), trazidos da costa dita dos escravos e
desenbarcados, principalmente na Bahia e em pernanbuco.
A extraordinária resistência oposta pelas religiões africanas ás
formas de alienação e de extermínio haveria de surpreender. A
religião foi tolerada porque os senhores julgavam as danças e os
batuques simples divertimentos de negros nostálgicos, úteis para
que eles

51
Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

guardassem a lembrança de suas origens diversas e de seus


sentimentos de diversão recíproca.
O candomblé se fundiu no Brasil no século passado, com a
migração de africanos como escravos para os senhores de terra.
A população escrava no Brasil consistia quase totalmente
de negros de Angola. No momento da chegada dos nagôs, um
século e meio de escravidão havia passado destribalizando o negro
e apagando seus costumes, crenças e sua língua nacional. Mas o
elemento africano resistiu e criou uma forma de cultuar seus deuses
através do sincretismo com os santos católicos. Mesmo levando em
conta a repressão social e religiosa, era relativamente fácil para os
escravos, a sonolência geral. Reinstalar na Bahia as crenças e
práticas religiosas que trouxera da África, pois, a igreja católica
estava cançada do esforço despendido na criação de irmandades
de negros, como tentativa de anular toda sua cultura, mas todos os
meses novos levam de escravos, adeptos ao culto aos Orixás,
desenbarcavam na Bahia.

Candomblé é uma palavra derivada da língua bantu: Ca [KA]


uso. Costume, ndomb=negro preto e lé= lugar, casa terreiro e/ou
pequeno atabaque, A reunião dos três vocábulos resulta em
“lugar de costume dos negros”,por extensão, lugar de tradições
entre as quais, destacam-se, no sentido atual as praticas religiosas
que incluem a música candomblé teve seus dias de marginalidade.
No periudo do estado novo, por exemplo, entre 1937 e 1945, foi
proibido por lei, seus adeptos perseguidos e presos pela policia.
Quando se fala em candomblé um dos aspectos mais destacados é
o sincretismo entre religiosidade africana e catolicismo. Todavia, em
geral, a tal religiosidade africana é vista como algo monolítico,
homogênio. Trata-se de uma visão esteriotipada da África e de seus
povos. O sincretismo do candomblé, na verdade, tem sua origem na
própria África, onde existiu, na época da colonização, e antes, e
atualmente, uma enorme diversidade de povos e culturas inteira
gentes. O panteão africano reúne mais de 400 divindades. No
candomblé forjado em terras Brasileiras, esse panteão, atualmente
é composto de 16 orixás (ou Òrìsà em ioruba) principais, numa
significativa condensação das forças metafisicas que levou mais de
uns séculos para se definir no processo de integração das
52
Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

diferentes nações cujos representantes chegaram ao Brasil durante


o período da escravisão. Não obstante, “correndo por fora”, contam-
se ainda, outros 14 Orixás reconhecidos em diferentes centros de
culto. Entre as nações que contribuíram na formação do panteão
principal relacionaram-se: os bauntu, nativos de Angola,
Moçambique, Congo: gana, Benin, Nigéria (Ioruba e Nagô):
Sudaneses, da Costa do Marfim, os Ewe, muitos, muçulmanos; os
fon e os Ashanti. Todos esses, falando línguas diferentes e
cultuando seus próprios deuses. Percussiva (À tarde, 1980). Outra
interpretação informa que Kandombele significa “adorar” (Ngunz
´tala, 2006). Hoje reconhecido como religião.

Liturgia do Candomblé
A pesar das contradiçõ es do Candomblé, especilmente no que se refere
ao nú mero dos Orixá s, a teologia nã o é complicada: um Deus criadoe
de todas as coisas e deuses menores regentes da Natureza, da
personalidade e da vida dos Homens. Entre tanto, a liturgia, ou seja, as
prá ticas rituais, de iniciaçã o, cultos e sobre tudo o orá culo, esta liturgia
é extremamente complexa. O Candomblé nã o é uma religiã o ‘ caseira’,
Um cató lico, depois de ser catelizado, depois de aprender princípios
bá sicos, pode se sentir perfeitamente livre (apesar das admoestraçõ es
do vaticano) para dispensar a freqü ência à s missas, pode rezar o terço
em casa, até acompanhando pela a televisã o ( rede vida ).
Um muçulmano também: estende seu tapete cinco vezes ao dia para
orar voltado para Meca em qualquer lugar. O budista segue o caminho
do meio, medita sobre as oito verdades do Buda Sakyamuni e tudo está
bem. “Os evangélicos, nã o obstante a insistência dos pastores para que
freqü entem a igreja, uma vez que tomam consciência da força da fé em
Deus-Jesus Cristo (a técnica) pode igualmente” dar um tempo das
reuniõ es. É verdade que Judeus e hinduístas sã o mais cobrados em
suas obrigaçõ es religiosas, porem nada que se compare á rígida
disciplina exigida dos adeptos do candomblé.

Origem de candomblé
A origem do Candomblé se deu na cidade de Ife na áfrica o
Candomblé é uma religião que teve origem na cidade de Ifè, na

53
Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

África, e foi trazida para


o Brasil pelos negros Iorubas.
Seus deuses são bem escolhidos pelos Orixàs para cuidar deles e
ajudá-los. Embora sejam consideradas autoridades dentro da roça,
não podem ser Mães de Santo, visto que sua função já foi
determinada e não há como mudar. A seguir vêm os Ogãs, que
tocam os atabaques e ajudam o Pai de Santo nos fundamentos da
casa; a Ya Bace, que toma conta da cozinha, isto é, de todas as
comidas dos Santos; a Ya Efun, dona do efun (pemba), e que está
encarregada de pintar os Yaôs (iniciantes que estão recolhidos para
fazer o Orixá); e finalmente os filhos de Santos, que são as pessoas
que "rasparam o Santo", ou melhor, raçoaram a cabeça para um
Santo a pedido deste.
Às vezes o Santo, ou Orixà, incorpora em determinadas pessoas,
mas não há necessidade que haja esta "incorporação” para que
uma pessoa raspe o Santo. Se a pessoa deve ou não raspar o
Santo só pode se sabido com certeza através do jogo de búzios do
Pai ou Mãe de Santo que jogam búzios.
O candomblé é uma religião com uma vasta cultura e rica em
preceitos. São pouquíssimas as pessoas que realmente a
conhecem a fundo. É necessária dedicação e anos de estudo para
se chegar a um conhecimento profundo da seita. Seus preceitos
são todos os fundamentos e qualquer um pode se dedicar ao seu
estudo e desfrutar seus benefícios. Existe muita energia positiva no
candomblé, e o seu culto pode trazer paz e felicidade.

Os Orixás, dos quais somente 16 são cultuados no nosso país.


Essú, Ògún, Osossi, Osanyin, Obalúayé, Òsùmàré, Nàná Buruku,
Sàngó, Oya, Obá, Ewa, Osun, Yemanjá, Logun Ede, Oságuian
e Osàlufan.
O Pai ou a Mãe de Santo é a autoridade máxima dentro do
Candomblé. Eles são escolhidos pelos próprios Orixás para que os
cultuem na terra. Os Orixás os induzem a isto, fazem com que as
pessoas por eles escolhidas sejam naturalmente levadas à
religião, até que assumem o cargo para o qual estão destinadas.
Uma pessoa não pode optar se quer ou não ser um Pai ou Mãe de
Santo se não acontecer durante sua vida fatos que a levem a isto.
São pessoas que de alguma forma são iluminadas pelos Orixàs
para que cumpram seu destino.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Os Pais de Santo, normalmente, são donos de uma roça, ou seja,


um lugar onde estão plantados todos os axés e no qual os Orixàs
são cultuados. Dentro da roça existe o barracão (assim
denominado por causa dos negros que antigamente moravam em
barracões), que é o lugar em que são feitos os grandes
assentamentos (oferendas) para os deuses.
Hierarquicamente, existe, ainda, na roça um pai pequeno ou mãe
pequena, que é o braço direito do Pai de Santo e é normalmente
um filho ou filha da casa. Depois vêm as Ekedes, são mulheres
bem escolhidas pelos Orixàs para cuidar deles e ajudá-los.
Embora sejam consideradas autoridades dentro da roça, não
podem ser Mães de Santo, visto que sua função já foi determinada
e não há como mudar.

Origem de candomblé Ifé

A antiga cidade de Ifé, ao sudom este da atual Nigéria,


deslumbrava desde o começo do século como a capital religiosa e
artística do território que cobria uma parte central da atual
República do Daomé. É a fonte mística do poder e da legitimidade,
o berço da consagração espiritual, e para onde voltaram os restos
mortais e as insígnias de todos os reis iorubás. A civilização de Ifé,
ainda hoje, é pouco conhecida e apresenta uma criação artística
variada do realismo, enquanto que a maioria da arte africana é
abstrata. O material empregado na arte de Ifé espanta e abisma
qualquer historiador, incluindo os próprios africanistas. Ao lado das
esculturas em pedra e terracota (argila modelada e cozida ao fogo)
tradicionais na África, estão as esculturas em bronze
e artefatos em pérola.
Uma das artes mais conhecidas é a de Lajuwa, que segundo o
povo de Ifé permaceu no palácio real, mostrando os vestígios em
terracota, antes de ter sido redescoberta.
Lajuwa foi o camareiro de Oni (soberano do reino de Ifé ou Aquele
que possui). A atribuição dessa terracota a Lajuwa não é
estabelecida de maneira segura, entretanto a escultura foi
preservada e conservou uma superfície lisa, ainda que o nariz
tenha sido quebrado. A maior parte das descobertas das obras foi
feita nos BOSQUETES SAGRADOS: vastas extensões de terras
situadas no coração da savana. Cada uma destas descobertas é
consagrada a esta ou aquela divindade, entre elas: - BOSQUETE
SAGRADO DE OLOKUM: cobre uma superfície de 250 ha, ao
norte da saída da cidade de Ifé. É dedicado a OLOKUM, divindade
do mar e da riqueza - BOSQUETE SAGRADO D'IWINRIN: enterra

55
Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

numeroso tesouro artístico, testemunhado, na maior parte, uma


arte extremamente.
“O material empregado na arte de Ifé espanta e abisma qualquer
historiador, incluindo os próprios africanistas".

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Cargos do
Candomblé...

Babalorixá e Iyalorixá

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

É o cargo mais alto dentro de uma casa de Santo (Ilê). É o Zelador ou


Zeladora, aquele que cuida dos orixá s, que inicia os noviços. Suspende
e comfirma Ogans, apresenta e comfirma Ekedis,
Olossã es, Axoguns, etc. Obabalorixá ou Iyalorixá e o ponto de
equilíbrio, a cabeça de uma casa. O
zelador ou Zeladora trabalha co o
uma espécie de guia mentor
espiritual, aconslhando,
discutindo, desenvolvendo
métodos para o melhor andamento
da casa. É dele ou dela a palavra
final sobre tudo oque será
realizado, pois
é o Zelador (Babalorixá )
ou Zeladora
(Iyalorixá ), aquele que está mais
pró ximo do Orixá regente da casa.
Todos os filhos, Ogans, Ekedis etc.,
volta-se para ele, pois os orixá s da
cabeça destes, servem ao Orixá

regente da casa, numa


situaçã o de humildade que
deve ser aconpanhada pelos
demais Fato que nem
sempre acontece, pois
existem aqueles que
deixam a importância dos
seus
cargos subirem á cabeça
extrapolando a sua
autoridade.
O babalorixá ou Iyalorixá é o
ponto de equilíbrio, pois ele ou ela é o formando dos demais cargos
existentes no culto. O tempo exacto para que alguém assuma o cargo
de babalorixá ou Iyalorixá é de sete anos de iniciado, pois antes disso a
pessoa nã o se encontra capacitada para iniciar outras pessoas no culto.
É o ú nico cargo onde o tempo devido deve ser respeitado, para que
haja harmonia.

Babá-Kekerê ou iyá-Kekerê

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Significa pai pequeno ou Mã e pequena. Sã o os segundos dentro da


hierarquia de uma casa de Santo. Sã o os substituto eventuais do
Babalorixá ou Iyalorixá . Eles têm a funçã o de orientar, educar, mostrar
o melhor caminho aos filhos da Casa. Sã o os supervisores gerais do
bom funcionamento e cabe a eles, em primeira instancia. Inspecionar a
condutan, higiene e necessedades dos flhos de santo. É o pai ou Mã e-
Pequena que assume, caso o Zelador ou Zeladora esteja fora ou
incorporado com o orixá . Neste caso exercem a mesma funçã o do
Zelador ou Zeladora, proucurando manter bem equilibrado o Axé. Cabe
também a eles a manutençã o da casa, para que nã o haja falhas no
sistema. A sua é da mais alta importâ ncia, pois na condiçã o de
substituto directo, é quem recebe todas ascargas e distú rbios que por
ventura aconteçam. Para exercer o cargo de Baba-Kekerê
ou Iyá -Kekerê é preciso que a pesseoa seja feita (iniciado) e que tenha
um mínimo de sete anos de feito, pois neste cargo exige-se experiência
e muita tranquilidaden humildade, entendimento e resignaçã o, além de
sabedoria, competencia e calma.

Ogan
Nã o pode ser considero, tã o somente, o tocador de atabaque. O Ogan é
uma figura importante dentro de uma casa de Santo, pois ele atua
como uma espécie de fiscal, ajudando na
coordenaçã o dos rituais. É da competência
do Ogan a manutençã o e preparaçã o dos
couros para os atabaques; coordenar os
toques, entoando as cantigas dentro das
sequências corretas. É também funçã o do
Ogan-Juntamente com o Babalorixá ou
Iyalorixá , entoar as rezas feitas nas
obrigaçõ es e demais rituais. O Ogan
principal e o Alabê, uma espécie de chefe dos
Oagns, que coordena, trabalha e atua na boa
conduta dos demais tocadores. O Ogan
passa por dois está gios: o periudo de
suspensã o, quando ele é indicado pelo o
Santo da casa, eo da confirmaçã o, quando ele
passa pelas obrigaçõ es de ronco.

Ekedi

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

A Ekedi em seu papel de


Mã e exerce a funçã o
de dama de Honra do Orixá
e regente da casa. É dela a
funçã o de zelar,
acompanhar, dançar,
cuidar das roupas e
apretechos do Orixá da
casa, além dos demais
Orixá s, dos filhos e até
mesmo dos
visitantes. É uma espécie
de “noiva” que atua
sempre ao lado do Orixá e
que também cuida dos
objetos pessoais do
Babalorixá oou
Iyá lorixá . O cargo de Ekedi é muito importante, pois será ela a
condutora dos Orixá s incorporados no Egbê (Barracã o ou sala de
festividades) e dela é a responsabilidade de recolhê-los e “desvirá -los”,
observando as condiçõ es físicas daqueles que “desciram”. O
precedimento para se torna Ekedi é o seguinte: Primeiramente ela é
apresentada, nã o suspensa, como o Ogan- e logo depois será
confirmada, com as obragaçõ es de roncó .

Olossãe ou Babalossãe
É outro cargo da maior importâ ncia dentro do Axé, pois cabe a ele-e
digo “ele”, pois se trata de um cargo estritamente masculino
o recolhimento e escolha da ervas que vã o entrar nos rituais.
O Babalossã e é que procura rezar
cata e macera as ervas, num ritual
de grande importâ ncia, pois sem
folhas nada pode ser feito dentro
de uma casa de Santo.

Axogun
Cargo masculino. É aquele que
cuida dos animais a serem
sacrificados para os Orixá s e
aquele que os sacrifica. É ele que vai cuidar da alimentaçã o dos

60
Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

animais, do seu banho (ossé) antes dos oros. Cabe a ele também
separar os Axés (miú dos), além de tratar do couro e passa-los para os
Ogans. Para se chegar ao cargo de Axogun é preciso ter aquilo que se
chama “mã o de faca”, que é a autoridade para fazer os sacrifícios
animais. Diga-se de passagem, os Ogans também actua como Axoguns,
desde que tenham a “mã o de faca”.

Yabassé
Cargo feminino. É aquela que cuida, separa ingredientes e executa a
comida do Santo. Chamada a cozinheira do Axé é dela a obrigaçã o de
ver aquilo que o Santo mais gosta e executar os trabalhos de cozinha. A
Yabassé faz também a comida que será oferecida aos visitantes nos
dias de festa da casa. Para exercer esse cargo é preciso que a mulher
seja iniciada no Santo e receba a autorizaçã o do Pai ou Mã e de Santo
para ser a cozinheira oficial.

Dagã
Cargo feminino. É aquela que vai cuidar da casa de Exú . Está sempre
presente na cerimô nia do Padê (que é a reuniã o para despachar Exú ,
ou seja, Levá -lo para fora para que tome conta dos trabalhos). É a Dagã
que vai tratar dos Exú s da casa, mantendo sempre tudo limpo, aceso
abastecido com os ingredientes da preferncia de Exú , tais como Oti
(cachaça), epô pupa (Azeite de dendê) oyn (mel), etc...

Ebomi
Sã o aqueles feitos com mais de sete anos de iniciaçã o. Trabalham para
a manutençã o da casa, alémde ajudar os mais novos na conduta e
procurando ajudar em tudo o que é possível.

Vodunci
Sã o aqueles feitos com mais de três anos. Estã o no período de
apredizagem sobre os fundamentos da casa. Cuidam de tudo, desde a
limpeza até as obrigaçõ es.

Abian
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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

É o iniciante. Aquele que


está dando os primeiros
passos no Candomblé e terá
o seu futuro, em nível de
culto, decidido pelo Pai ou
Mã e de Santo, Ajuda no que
é possível.

Iá-Efun
É um cargo feminino. Cabe à
Iá -efun o preparo do atim,
ou seja, dos pó s que irã o dar o
desenho da família. É aquela que irá
pintar a/o Yawô com as cores e
formas daquela determinada tribo. Para assumir este cargo é preciso
ser iniciada no Santo e ter, no mínimo, sete anos de feitura.

Peji-Runtó
Nos rituais sã o utilizados muitos elementos, tais como: pembas,
temperos, facas, navalha, tesoura, além do Obi e Orogbô , ervas, favas,
toalhas, entre outras coisas. O Peji-Runtó é aquele que vai preparar a
mesa, digamos assim. É aquele que vai dar condiçõ es ao Babalorixá de
desempenhar as suas tarefas, podendo concentrar-se ao má ximo, sem
preocupaçã o de que este ou aquele elemento esteja faltando ao ritual.
O trabalho do peji-Runtó torna-se, assim, muito importante para o bom
desempenho e andamento dos rituais.

Pejigan: O responsável pelos axés


da casa, do terreiro. Primeiro Ogan
na hierarquia.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Ogan: Tocadores de atabaques não entram em transe


Ajoiê ou ekedi: Camareira do Orixá (não entram em transe).
Na Casa Branca do Engenho Velho, as ajoiés são chamadas de
ekedis. No Gantois, de "Iyárobá" e na Angola, é
chamada de "makota de angúzo", "ekedi" é nome de origem
Jeje, que se popularizou e é conhecido em todas as casas de
Candomblé do Brasil.

Lembro aqui que o primeiro povo a chegar ao Brasil, foram


os Bantos (ou Bantu), o segundo Os Nago trazendo a
Nação Ketu e por último os Ewe-Fon que aqui passaram a
ser denominados como Djeje, hoje uma grande Nação. 
  
A hierarquia do candomblé Jeje: 
Doté é o pai-de-santo, cargo ilustre do filho de Sogbô.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

1. Doné é a
mãe-de-
santo,
cargo
feminino
na casa
Jeje,
similar à
Yalorixá.

Os vodun-ses da
família de Dan
são chamados
de Megitó,
enquanto que
da família de
Kaviuno, do
sexo masculino, são chamados de Doté; e do sexo feminino, de
Doné 
No Jeje-Mina.

1. Toivoduno
2. Noche

No Kwe Ceja Undé

 Gaiacú, cargo exclusivamente feminino


 Ekede

Os cargos de Ogan na nação Jeje são assim


classificados: Pejigan que é o primeiro Ogan da casa
Jeje. A palavra Pejigan quer dizer “Senhor que zela
pelo altar sagrado”, porque Peji = "altar sagrado" e
Gan = "senhor". O segundo é o Runtó que é o
tocador do atabaque Run, porque na verdade os
atabaques Run, Runpi e Lé são Jeje. No Ketu, os
atabaques são chamados de Ilú. Há também outros
Ogans como Gaipé, Runsó, Gaitó, Arrow, Arrontodé,
etc...
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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Atabaque a Origem:
Atabaque (ou Tabaque) é um instrumento musical de percussão.

O nome é de origem árabe: at-tabaq (prato). Constitui-se de um


tambor cilíndrico ou ligeiramente cônico, com uma das bocas
coberta de couro de boi, veado ou bode.

É tocado com as mãos, com duas baquetas, ou por vezes com


uma mão e uma baqueta, dependendo do ritmo e do tambor que
está sendo tocado.

Pode ser usado em kits de percussão em ritmos brasileiros, tais


como o samba e o axé music. No candomblé é considerado
objeto sagrado.

A História:
O atabaque chegou ao Brasil através dos escravos africanos, é
usado em quase todo ritual afro-brasileiro, típico do Candomblé e
da Umbanda  e das outras religiões afro-brasileiras e influênciados
pela tradição africana.

De uso tradicional na música ritual e religiosa, empregados para


convocar os Orixás, Nkisis e Voduns.

O atabaque é feito em madeira e aros de ferro que sustentam o


couro. Nos terreiros de candomblé, os três atabaques utilizados são
chamados de “rum”, “rumpi” e “lé”.

65
Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

O rum, o maior de todos, possui o registro grave; o do meio, rumpi,


em o registro médio; o lé, o menor, possui o registro agudo.

O trio de atabaques executa, ao longo do xirê, uma série de toques


que devem estar de acordo com os orixás que vão sendo evocados
em cada momento da festa.

Os atabaques no candomblé são objetos sagrados e são usados


unicamente nas dependências do terreiro, não saem para a rua
como os que são usados nos blocos de afoxés.

O som é o condutor do Axé do Orixá. Os atabaques do


candomblé só podem ser tocados pelo Alagbê (nação
Ketu), Xicarangoma (nações Angola e Congo) e Runtó (nação
Jeje) que é o responsável pelo rum (o atabaque maior), e
pelos ogans nos atabaques menores sob o seu comando, é o
Alagbê que começa o toque e é através do seu desempenho no
rum que o Orixá vai executar sua coreografia, de caça, de guerra,
sempre acompanhando o floreio do Rum. O Rum é que
comanda o rumpi e o Le.

Os atabaques são chamados de Ilubatá ou Ilú na nação Ketu,


e Ngoma na nação Angola, mas todas as nações adotaram
também os nomes Rum, Rumpi e Le para os atabaques, apesar de
serem denominação Jeje.

Essa é a diferença entre o atabaque do candomblé e do atabaque


instrumento musical comprado nas lojas com a finalidade de
apresentações artísticas, que normalmente são industrializados
para essa finalidade.

O som do atabaque é o mesmo tam-tam de todos os povos


primitivos do mundo.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

No tempo de Manuel Querino (intelectual, afro-descendente e lider


abolicionista), havia várias espécies de tabaques que na época se
chamavam: pequenos Batá, grandes Ilú e os atabaques de
guerra, bàtá koto, que desempenharam grande papél nos levantes
de escravos, na Bahia no começo do século XIX, o que determinou
a proibição expressa de sua importação desde 1835.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Qualidades de Orixás

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Qualidades de Orixás– Exú


Exú Agbà: O ancestral, epíteto
referente à sua antiguidade.
Exú Igbá Ketá: O Exú da terceira
cabaça.
Exú Okòtò: O Exú do caracol
o infinito.
Exú Oba Babá Exú: O rei pai de
todos os Exú s.
Exú odàrà: O Senhor da
felicidade ligado a Orinxa`lá .
Exú Òsíjè: O mensageiro divino.
Exú Elérú: O Senhor do
carrego ritual.
Exú Enú Gbáríjo: A boca coletiva
dos Orixá s.
Exú Elegbárà: O Senhor do
porder má gico.
Exú Bara: Senhor do corpo.
Exú L´onan: O Senhor dos
caminhos.
Exú OL`Obé: O Senhor da Faca.
Exú El`Ébo: O Senhor das oferendas.
Exú Alàfia: O Senhor da satisfaçã o Pessoal.
Exú Oduso: O Senhor que vigia os Odú s.
Exús que acompanha vários Orixás
Exú Akesan: acompanha Oxumaré, etc.
Exú jelu ou Ijelu: acompanha Oxalufã .
Exú Ína: responsá vel pela cerimô nia do Ipade regulamentando o ritual.
Exú Onan: acompanha Oxum, Oyá , Ogum, responsá vel pela
porteira do Ketu.
Exú Ajonan: tinha o seu culto forte na antiga regiã o Ijesa.
Exú Lálú: acompanha Odé, Ogum, Oxalá etc...
Exú Igbárábò: acompanha Yemanjá , Xangô , etc...

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Exú Tiriri: acompanha Ogum.


Exú Fokí ou Bàra Tòkí: acompanha Oyá e vá rios Orixá s. Exú
Lajìkí: acompanha Omolu Nanã etc...
Exú Síjídì: acompanha Osogiyan.
Exú Langìrì: Acompanha Osogiyan.
Exú Àlé: Acompanha Omolu.
Exú Alakeù: Acompanha Oxò ssi.
Exù Órò: Acompanha Odé, Logum.
Exú Tòpá/Eruè: Acompanha Ossayin.
Exú Aríjídi: Acompanha Oxum.
Exú Ijedé: Acompanha Logun.
Exú Asaná: Acompanha Oxum.
Exú Jinà: Acompanha Oxumarè.
Exú Ijenà: Acompanha Ewà .
Exú Jeresú: Acompanha Obaluaiye.
Exú Iroko: Acompanha Iroko.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Qualidades de Orixás – Ogum


Ogum Meje- ou Mejeje, aquele que toma conta das sete entradas da
cidade de Irê, ligado a Exú , o guardiã o das casas de Ketu.
Ogun Je Ajá ou Ogum Já como foi conhecido- Um de seus nomes em
razã o de sea
preferência
em receber
cã es (so na
Á frica)
como
oferenda,
tem ligaçã o
com
Oxaguiam e
Yemanjá .
Ogum
Àmènè ou
Omini-tem
ligaçã o com
Oxum,
ligado aos
Ijexá s, sua
conta é verde clara.
Ògum Akoró. É o Ogum que usa o mariwò como coroa, sua roupa é o
mariwó , toma conta da casa do Oxalá , muito ligado a Oxossi
e nã o come mel.
Ogum Onire- É o titulo de Ogum filho de Onire, qundo passou a reina
em Ire, o Senhor de Irê.
Ogum Wàrí: é o dono dos metais dourados, ligado a Oxum, por isso o
mais requintado dentre todos os Oguns. Há vá rios nomes de Ogum
fazendo alusã o à s cidades de Ondo, Ekiti onde também há seu culto etc.
O Orixá possui vá rios nomes na Á frica como no Brasil e com isso ganha
as suas particularidades e costumes. Teremos títulos em Damassá ,
Lonan, Oluponã . Igbô -Igbô ,Erotó , etc.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Qualidades de Orixás – Odé


Íbualámó-É velho caçador. Nasce nas á guas mais profundas
do rio Inrilé. Sua vestimanta é branca com bandas, saiote e capacete de
palha da costa. Tem ligaçã o com Omolú e Oxum. Seu assentamento e
diferente de todos. Ínlè-É o novo caçador tem seu culto as margens do
rio Irinlé, conhecido como caçador d Ele fantes o marfin é sua conta,
tem ligaçã o com Oxuns, Oxaguiã e Yemanjá . Dana

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

dana´Tem fundamento com Exú e Ossain. É ele o Orixá que entra na


mata da morte e sai sem temer Egun e a pró pria morte. Veste Azul
claro, muito impetuoso e foge a toa. Akueran- Tem como fundamento
com Ogum e Ossaim. Muita de suas comidas sã o oferecidas cruas. Ele é
o dono da fartura. Ele mora nas profundezas das matas. Veste-se de
Azul claro e tiras vermelhas; Suas contas sã o verde claro.
Otin-Guerreiro e muito agrecivo, vive intocado na mata, ligado a Ogum.
Usa Azul claro, leva capangas, roupas de couro de leopardo. Kóifé-
Nã o se faz no Brasil e na Á frica, pois muito seus fundamentos estã o
extintos. Seus eleitos ficam um ano recolhidos, tomando todos os dias
banho das folhas. Veste vermelho, leva na mã o uma espada e uma
lança. Come com Ossain e vive muito escondido dentro das matas,
sozinho. Suas contas sã o azuis claras, usa capangas e braceletes. Usa
um capacete que lhe cobre todo o rosto. Assenta-se Koifé e faz-se Ybo,
Ynlé ou Oxum care: trinta dias apó s, faz-se toda a matança.

Kàré- ou Orèlú eré, é ligado à s á guas e a Oxum e logun Edé e como eles
exercem as mesmas forças a funçõ es... Usa azul e um Banté dourado.
Gosta de pentear-se, de perfume e de acarajé. Bom caçador, mora
sempre perto das fontes.
Ínsèéwé ou Oni Sewè- É o Senhor da floresta, ligado as folhas e a
Ossain, com quem vive na matas. Veste Azul claro, e banda de palha da
costa, usa capacete quase tampando seu rosto.
Ìnfamí ou Infain- Odé funfun, ligado a Oxaguian e Oxalufã , só usa
branco e come abado.
Ajénìpapò- Odé ligado as Iyamis Osorogá , aquele que pode se
aproximar e também a Oyá , o dono do Irukere. Poderemos ainda
encontrar: Odé Etetú ; Odé Isanbò , Odé Ominò n, Odé Oberun Já .
Otokán Sósó-Embora muitas veses seja citado como uma qualidade,
nã o é qualidade, é um oríkí que significa o caçador que só tem uma
flecha. Ele nã o precisa de mais nenhuma flecha porque jamais erra o
alvo. Titulo que Oxossí recebeu ao matar o pá ssaro de Iyami Eléye. Nã o
fazendo parte do rol dos caçadores que possuíam várias flechas, Oxossí
era aquele que só tinha uma flecha, Os demais erraram o alvo tantas
vezes quantas flechas possuíam, mas, Oxossí com apenas uma flecha foi
o ú nico que acertou o pá ssaro de íyamim, ferindo-o com um tiro
certeiro no peito. Por essa razã o é que ele nã o recebe mel, pois o mel é

73
Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

um dos elementos fabricado pelas abelhas, que sã o tidas como animais


pertecentes a Oxum, mas, também à s Ìyami Eléye. Entã o é è èwò
( proibiçã o) para Oxossi. Por essa razã o também, é que se dá para
Oxossí o peito das aves, como
reminiscência desses Ìtà n.

Qualidade de Orixás- Ossaim


Kó si ewé, Kó si Ò rìsà , ou seja, sem folhas nã o há Orixá , elas sã o
imprescindíveis aos rituais do Candomblé. Cada Orixá possui suas
pró prias folhas, mais só Ossaim (Ò sanyìn) conhece os seus segredos, só
ele sabe as palavras (ofó ) que despertam o seu poder, a sua força.
Ossaim desempenha uma funçã o fudamenteal no Candomblé, visto que
sem folhas, sem a sua presença, nenhuma cerimô nia pode realizar-se,
pois ele tem o axé que desperta o poder do ‘ sangue verde das folhas.
Ossaim é o grande feiticeiro, que por meio das folhas pode realizar
curas e milagres, pode trazer progreço e riqueza,
É nas folhas que esta a cura para todas as doenças do corpo ou espírito.
Por tanto, precisamos lutar por sua preservaçã o, para que
conseqü ências desastrosas nã o atinjam os seres humanos.
A floresta e a casa de Ossaim, que divide com outros
Orixá s do mato, como Ogum e Oxossí, o seu territó rio por excelência,
onde as folhas crescem em seu estado puro, selvagem, sem a
interferência do homem; é também o territó rio do medo, do

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

desconhecido, motivo pelo qual nenhum caçado deve penetrar na


floresta na mata sem deixar na estrada algumas oferendas, como alho,
fumo ou bebida. Medo que? Medo dos encantamentos das florestas,
medo do poder de Ogum, de Oxossí, de Ossaim; respeito pelas forças
vivas da natureza, que nã o permitem a pessoas impuras
ou mal-intencionadas penetrar em sua morada. Se nela entrarem,
talves jamais encontrem o caminho de volta. Ossaim teria um alxiliar
que se responsabilizaria por causar terror em pessoas que entram na
floresta que fuma cachimbo (figura bastante pró xima ao Saci-pererê),
possui o olho pequeno o outro grande (vê com o menor) e tem uma
orelha pequena e a outra grande ( ouve com a menor). Muitas vezes
Aroni é confundido com o proprio Ossaim, que, segundo dizem,
também possuem uma ú nica perna. Nã o se pode por isso confundi
Ossaim com o Saci-pererê, que é um personagen do folclore Brasileiro.
Ossaim é Orixá de grande fundamento, que possui uma so perna
porque a á rvore, base de todas as folhas possui um só tronco. De
acordo com a hiató ria desse Orixá , há uma rivalidade entre Ossaim e
Orunmilá , que reflete, na verdade, a antiga disputa entre os Oníìsegù n-
mestre em medicina natural que dominava o poder das folhas- e os
Babalawó - sarcedotes versados no profundos mistérios do cosmo e do
destino dos seres, os pais do segredo. Ossaim é um Orixá originá rio da
regiã o de Iraó , na Nigéria, muito pró xima com a fronteira com o antigo
Daomé. Nã o faz parte, como muitos pensam do panteã o Jeje assimilado
pelos Nagô s, como Nanã , Omolú , Oxumaré e Ewá . Ossaim é um Deus
originá rio da etinia Ioruba. Contudo, é evidente que entre os Jeje havia
um deus responsá vel pelas folhas, e Á gue é o seu nome, por isso
Ossaim dança bravun e Sato, a exemplo dos deuses do antigo Daomé.
Uma fusã o latente refere-se ao sexo de Ossaim; é preciso esclarecer
que se trata de um Orixá do sexo masculino. Entre tanto, como
feiticeiros e estudiosos das plantas, nã o tiveram tempo de
relacionamentos amorosos. Sabe-se que foi parceiro de Iansã , mas o
controvertido relacionamento com Oxossi, que niguem pode afirmar se
foi ou nã o amoroso, é o mais comentado. Na verdade, Ossaim e Oxossi
possui inú meras afinidades: ambos sã o Orixá s do mesmo espaço, da
floresta, do mato, das folhas, grandes feiticeiros e conhecedores dos
segredos da mata, da terra.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Qualidades de
Orixás-Omolu
Akavan: tem ligaçã o com Oyá ,
veste estampado.
Azonsu ou Ajunsu: Tem
fundamento com Oxumaré, Oxum e
Oxalá . Carrega lança
e veste branco. Azoane: É jovem, veste
vermelho, palha vermelha tem caminhos com Iroko, Oxumaré, Iemanja
e Oyá . Arawe - Jagun: Tem fundamento com Oyá e Oxalá .
Ajoji- Jagun: tem fundamento com Ogum e Oxaguiam.
Avimanje: Tem fundamento com Nanã e Ossain e Odé.
Ajoji-Segí/Jagun: Tem ligaçã o com Yemanjá e Oxumare/ Nanã .
Afomam: Veste a estopa e carrega duas bolsas de onde tira as doenças.
Veste de amarelo e preto. Todas as plantas trepadeiras pertencem-lhe.
Tem caminhos com Oxumaré, Ogum de quem é conpanheiro, dança
cavando a terra com intoto para depositar os corpos que lhe
pertencem. Agbagba Jagun: Tem fundamento
com Oyá . Itubé Jagum: É jovem e
guereiro; leva na mã o uma lança chamada okó ; Tem caminhos com
Ogunjá , oxaguiam, Ayrá , Exú e Oxalufan. Nã o come feijã o preto e é o
ú nico que come Igbin (Caracol). Ípòpò: Tem
forte fundamento com Nanã , usa Biokô . Tetu/Etetu
Jagun: É jovem e guerreiro. Come com Ogum e Oyá . Veste de branco,

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

usa biokô . Agòrò:


Veste branco, usa biokô com franjas de palha.

Dizem que são 14 qualidades ou caminhos de


Obaluaiye/Omolu/Jagun/ Sakpata. Teremos ainda Vários
nomes, títulos e qualidades parecidas: Ajágùnsí, Topodún,
Janbèlé, Paru, Polipojí, Akarejebé, Aruajé, Ahojé, Ahoye,
Olutapá, Sapatá, Ainon wari warún, etc.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Qualidades de
Orixás-
Oxumaré
Dan- Corresponde ao nome Jeje
de Oxumaré e, no Alekétu,
constitui uma qualidade deste
ú timo: é a cobra que participou
da criaçã o. É uma qualidade
benéfica, ligada à chuva, à
fertilidade e a abundancia: gosta
de ovos e de azeite de dendê.
Com tipo humano, é generoso e
até perdulá rio.
Dangbé- É um Oxumaré mais
velho que seria o pai de Dan;
governa os movimentos dos
astros. Menos agitado que Dan
possui grande intuinçã o e pode
ser um divino esperto.
Becém- Dono do terreiro do
Bogun, veste-se de branco e leva
uma espada. Becém é um nobre e generoso guerreiro, um tipo
ambicioso, combativo de Oxumaré, menos afetado e menos superficial
que Dan. Aido Wedo - Também e uma qualidade de Oxumaré
conhecida no Bogun. Azunodor- É o príncipe de branco
que reside no Baobá , relacionado com os antepassados; come frutas e
“leva tudo de Dois”. Frekuen- É o lado feminino dew Oxumaré,

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

representado pela serpente mais venenosa. O lado masculino de


Oxumaré é geralmente representado pelo o arco-iris. O Orixá possui
ainda vá rios outros nomes na Á frica como no Brasil, que como
acontesse com tosos os outros Orixá s, se referem a cidades, lendas ou
cultos específicos de uma determinada região, e com isso ganha
suas particularidade e costumes; alguns desses outros nomes:
Akemin, Botibinan, Besserin, Bafun, Makor, Arrolo, Danbale, Foken,
Darrame, Araka,
Averecy, Akoledura e
Bakilá. É muitas vezes
discutida também a sua
natureza andrógina, ou
se quisermos, a sua dupla
natureza masculina ou
feminina.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Qualidades de
Orixás-Xangô
Alufan: É idêntico a um Airá .
Confundido com Oxalufan. Veste
branco e suas ferramentas sã o
prateadas. Alafim: É o dono do
palá cio real, governate de Oyó .
Ligado a Oxaguiam.
Afonjá: É o dono do talismã
má gico dado por Oyá a mando
de Obatalá ; come com Yemanjá
sua mã e. Patrono de um dos
terreiros mais tradicionais da
Bahia, o Axé Opô Afonjá , é o Xangô da casa real de Oyó .
Aganju: Veste marrom, Xangô guerreiro, feiticeiro, estreita ligaçã o com
Yemanjá e os Ogbonis.
Agodo: aquele que usa dois Oxês. Veste marrom, ligado a Yemanjá .
Baru: Veste-se de marrom/preto. Ligaçã o com Yemanjá em tapá é Exú ,
o ú nico que nã o pode comer Amalá .

Obain: Veste-se marrom e ligado a Oyá .


Oranfé: É o justiceiro, reto e impiedoso, que mora na cidade de Ifé.
Obalube: É o grande rei, ligado a Oba, Oxum e Oyá .

Os airás são mais velhos, fazem parte da familha da


dinastia Ifé/ Oió, suas contas são brancas rajadas de
vermelho ou marrom.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Airá Intilè- Veste branco/azul claro, aquele que carrega


lufan nas costas.
Airá Igbonam: É considerado o pai do fogo, tanto que na maioria dos
terreiros, no mês de junho de cada ano, acontece afogueira de airá , rito
em que ibonã dança sempre acompanhado de inhançã , dançando e
cantando sobre as brasas escaldantes da fogueira.
Airá Modé: É o eterno companheiro de Oxaguiã , só veste branco e nã o
come dendê, sua conta leva segui. Airá Adjaosí: Velho guerreiro veste
branco, ligado a Yemanjá . Poderemos encontrar vá rios nomes/ títulos
ainda para o mesmo Xangô : Oloroké; Jakutá ; Dadá ; Ajaká ; Oeonian;
Orugã ; Bayanì seria sua irmã e um quinto Airá chamado Detá ,

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Qualidade
de Orixás-
Oyá
Oyá Petu- Ligada a Xangô e até
confunde-se com ele,
Oyá dos raios.
Oyá Onira- Rainha da Cidade
de Ira, a doce guerreira ligada
as á guas de Oxum, veste rosa.
Oyá Bagan-Oyá com
fundamento com Oxossí,
Ossaim, guerreira dos ventos
das matas.
Oyá Senó ou Sinsirá- Oyá
raríssima, ligada a Yemanjá
e Airá .
Oyá Topé- mora no tempo
ligado a Oxum e Exú (alguns axés têm como igbalé) Oyá
Ijibé ou Ijibí- Veste branca ligada a Oxalá ao vento frio. Oyá
Kará- Veste a cor vermelha, ligada a Xangô , ao fogo, aquela que carrega
o ajerê fervendo na cabeça. Oyá leié- O vento e dos
pá ssaros, veste estampado, ligada a ewá .
Oyá Biniká- A senhora do vento quente, ligada a Oxumaré e Omolu.
Oyás de culto Igbalé:
Oyá Egunita-Igbalé, aqui vive com os mortos/eguns/veste branco e
mariwo, ligada a Oxalá , Nanã , e ao vento do banbuzal.
Oyá Funan- Igbalé, a que encaminha os mortos/eguns/veste branco e
mariwo, ligada a Oxalá , Nanã e ao cenntro do banbuzal.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Oyá Padá-Igabalé, a que ilumina ocaminho aos mortos/eguns/veste


branco, mariwo ligada a Oxalá , Nanã ao Banbuzal.

Oyá Tanan-Igbalé a quela que recebe no portal os mortos/egun/veste


branco e mariwo, ligada a Oxalá , Nanã ao Banbuzal teremos ainda
vários outros nomes, títulos e qualidades diversas, entre elas:

Oyá Lodé, Tonin`bé, Fakarebó, Adagambara, filiabá, Iyá Popo, Iyá


Kodun, Abomì, etc.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Qualidades de Orixás-Obà
Obà Gideo. Obà Rewa. Em
qualquer das suas qualidades é uma guerreira
destemida, mas recentida. Veste-se de vermelho,
branco e dourado. Carrega espada e escudo. Gosta
de Acarajé, Aberém, feijão fradinho, cabras,
galinhas e coquéns. Recebe culto ás quarta feiras e
os seus filhos são em pequeno número.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Qualidades
de Orixás-
Ewà
Weá Gebeuyin: A primeira
a surgir no mundo. Veste
vermelho maravilha e
amarelo claro. Come com
Omolu. Oyá e Oxum. Nas
tempestades ela pode se
transformar numa
serpente azulada.
Ewá gyran: É a deusa dos
raios do sol. Controla os raios solares para que eles nã o destruam a
terra. É a formaçã o do arco- Iris duplo que aparece em torno do sol.
Metade é Ewá e a outra é Bessem. Platina, rubi Ouro e bronze vã o em
seu assentamento. Come com Omolu, Oxum e
Oxossí. Ewá
Awò: A senhora dos mistérios do jogo de Bú zios. Divindade pouco
cultuada no Brasil tem enrredo com Oyá , Oxossí e
Ossaim. Ewá Bamio: A senhora das pedras
preciosas, ligada a Ossaim. Ewá Fagemy: A senhora dos
rios encantados, ela é
quem tem o poder de fazer surgir o arco-iris
e tem por obrigaçã o sustentalo no céu. Ligada
a Aira, Oxum e Oxalá .
Ewá Salamim: A senhora guerreira, jovem, habitante

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

das florestas, muito feminina e charmosa, ligada


a Odé e Yemanjá .

Qualidades de Orixás-Oxum
Divindade calma, veste-se sempre de cores claras, de preferência
amarelas que é a sua cor consagrada; porém, dependendo da qualidade,
òsun guerreira pode vestir-se de cor de rosa, òsun velha de branco e
azul claro; òsun Ijimu, por exemplo, usa uma saia azul claro, òja e adé
cor de rosa. Òsun leva na mão direita seu leque ritual, o abèbé de latão
ou qualquer outro metal dourado, com uma sereia, um peixe ou até
mesmo uma pequena pomba no centro.
O número de òsun sendo de zesseis, o colar terá dezesseis fios,
dezesseis firmas (ou duas, ou quatro) que podem ser de divindades com
as quais ela tem afinidade, ou com as quais sua filha estiver relacionada:
Òsòsi, Sàngó, Yémánjá, por exemplo. Òsun dança os ritmos ijesa, com
passos miúdos, segurando
graciosamente a saia.
O toque Ijèsà é ritmado como o balanço das águas tranqüilas, e muito
apreciado pelos fiéis. Quando estão Presentes Òsòsi e Logun Edé
acompanham òsun. Ògún também dança com òsun os ritmos Ijèsà,
assim como òsányín. No terreiro jeje do Bogun, òsun (ÍYÁLODE) dança o
bravum como Naná. Ela se banha no rio, penteia seus cabelos, põe suas

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

jóias, anéis e pulseiras. No dia do deká de uma filha de Yasan (Oya Bale)
daquela casa, òsun manifestou-se para disputar Sàngó, empurrando-a e
dançando, provocante, diante do deus do trovão.
Dizem que há dezesseis òsun; obtive dados sobre as seguintes:
- ÒSUN ABALÔ é uma velha Òsun, de culto antigo, considerada Iyá
Ominibú, tem ligação com Oyá, Ogun e Oxóssi, veste-se
de cores claras, usa abebé e alfange.
- ÒSUN IJÍMU ou Ijimú é outro tipo de Òsun velha. Veste-se de azul
claro ou cor de rosa. Leva abèbé e alfange, tem ligação com as Iyamís, é
responsável por todos os Otás dos rios.
- ÒSUN ABOTÔ também uma velha oxum de culto antigo, ligada as
Iyamís, feiticeira, carrega abebe e alfange, tem ligação
com Nanã, Oyá de culto Igbalé.
- ÒSUN OPARÁ ou Apará seria a mais jovem das Òsun, e um tipo
guerreira que acompanha Ògún, vivendo com ele pelas estradas; dança
com ele quando se manifestam juntos numa festa; leva uma espada na
mão e pode vestir-se de cor de marrom
avermelhado, a Senhora da Espada.
- ÒSUN AJAGURA ou Ajajira, outra òsun guerreira que leva espada,
jovem, tem ligação com Yemanjá e Xangô
- YEYE OKE Oxun jovem guerreira, muito ligada
a Oxóssi, carrega ofa e erukere
- YEYE ÌPONDÁ é também uma òsun Guerreira ligada a Ibuálàmò. Yeye
Pondá é rainha da cidade que leva seu nome Ìponda, leva uma espada e
veste-se de amarelo ouro e branco quando acompanha Oxaguiã.
- YEYE OGA são uma òsun velha e muito
guereira, carrega abebe e alfange
- YEYE KARÉ é um osun jovem e guereira, ligada a
Odé Karè, Logun edé.
- YEYE IPETU é uma Oxum de culto muito antigo, no interior
da floresta, na nascente dos rios, ligada a Ossaiyn.
- YEYE AYAALÁ- é talvez a mais ancestral dentre todas, veste-se de
branco, ligada a Orunmilá e as iyamis, considerada a avó.
-YEYE OTIN- Oxum com estreita ligação com Ínlè, ligada a
caça e usa ofá e abebé.
-YEYE IBERÍ ou merimerin- Oxum nova,  concentra a vaidade e toda
beleza e elegância de uma oxum, dizem que era Oxum de
mãe menininha do Gantois.
-YEYE MOUWÒ- oxum ligada a Olokun e Yemanjá, grande poder das
iyamís, veste-se de cores claras e usa abebé e ofange.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

-YEYE POPOLOKUN- oxum de culto raro, ligado aos lagos e lagoas,


-YEYE OLÓKÒ- Oxum guerreira , vive na floresta nos grandes poços de
água, padroeira do pôço.

Qualidades de
Orixás-Logun
Edè Apanan - Todos comem
com ÈSÙ e ÒSÓÒSÌ. Seus
fundamentos estão em sua mãe de
criação ONIRA, sem ela LOGUN
não caminha. Edè Lokó - Tem
fundamento com ÈSÙ.
Edè Ibain - É de outro caçador
homenageado e cultuado como
Logun, esse caçador inclusive é o
verdadeiro proprietário dos chifres
tão importantes no culto.
Logun Edé (ló gunèdè) é o orixá da
riqueza e da fartura, filho de Oxum e
Oxó ssi, deus da guerra e da á gua. É , sem dú vida, um dos mais bonitos
orixá s do Candomblé, já que a beleza é uma das principais
características dos seus pais. Caçador habilidoso e
príncipe soberbo, Logun Edé reú ne os domínios de Oxó ssi e Oxum e
quase tudo que se sabe a seu respeito gira em torno de sua
paternidade. Apesar de sua histó ria, é
preciso esclarecer que Logun Edé nã o muda de sexo a cada seis meses,
ele é um orixá do sexo masculino. Sua dualidade se dá em nível
comportamental, já que em determinadas ocasiõ es pode ser doce e
benevolente como Oxum e em outras, sério e solitá rio como Oxó ssi.
Logun Edé é um orixá de contradiçõ es; nele os opostos se alternam, é o
deus da surpresa e do inesperado. Na Nigéria, a cidade de Logun Edé
chama-se Ilesa e é uma das mais ricas e pró speras da Á frica, mas o seu
culto na regiã o está em via de extinçã o.
Na Á frica negra, dizem que Logun Edé seria na verdade Ó lò lú n Ode – o

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

guerreiro caçador – o maior entre todos os caçadores, pai de todos


eles, inclusive de Oxó ssi. E se observarmos a cantiga de Oxó ssi,
veremos que expressã o Omo ode, ou seja, filho do caçador é constante,
podendo inferir certa ló gica nas histó rias contadas pelos africanos.

Oxum Yéyé Ipondá e Odé Erinlé sã o, respectivamente, as qualidades de


Oxum e Oxó ssi que se consideram os pais de Logun Edé.
A histó ria revela que Oxó ssi, feliz pelo filho vindouro, declarou a Oxum
o seu amor e pediu a ela posse do menino:
- Oxum, por amor a você, quer que Logun Edé fique comigo, vou
ensiná -lo a caçar. Comigo ele aprenderá os segredos da floresta.
Mas Oxum também amava Logun Edé e por maior que fosse seu amor
por Oxó ssi ele nã o poderia separar-se de seu filho entã o declarou:
- Logun Edé viverá seis meses com sua mã e e seis meses com o seu pai,
comerá do peixe e da caça. Ele será Oxó ssi e será Oxum, mas sem
deixar de ser ele mesmo, Logun Edé: uma princesa na floresta e um
caçador sobre as ondas!
Características dos filhos de Logun Edé
Os filhos de Logun Edé possuem as características de Oxum, ou seja,
narcisismo, vaidade, gosto pelo luxo, sensualidade, beleza, charme,
elegâ ncia. Tem também características em comum com Oxó ssi, ou seja,
beleza, vaidade, cautela, objectividade e segurança.
No entanto, há características de Logun Edé que nã o pertencem nem a
Oxum nem a Oxó ssi. Na verdade, ele reú ne o arquétipo de ambos, mas
de forma superficial. A superficialidade é a marca dos filhos de Logun
Edé, porque eles, ao contrá rio dos filhos de Oxó ssi e de Oxum nã o têm
certeza do que sã o nem do que querem. As qualidades de Oxum e de
Oxó ssi amenizam-se em Logun Edé, mas em compensaçã o, os defeitos
sã o exagerados. Dessa forma, os filhos de Logun Edé sã o extremamente
soberbos arrogantes e prepotentes.
Mas algo nã o se pode negar: os filhos de Logun Edé sã o bonitos e
possui olho-de-gato, algo que atrai e repele ao mesmo tempo. Sã o do
tipo ‘bonitinho, mas ordiná rio’. Sã o mandõ es, os donos da verdade, os
mais belos, cujo ego nã o cabe em si. Melhor nã o lhes fazer elogios em
sua presença, a nã o ser que queira ver sua imensa cauda de pavã o
abrindo-se em leque. Quando têm consciência de que conseguem
controlar os seus defeitos, os filhos de Logun Edé tornam-se pessoas
muito agradá veis.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Qualidades de
Orixás-Yemanjá
Yemanja Asagba ou Sobá: Ligada
a Airá , Lufã e Orunmilá , fia
algodã o, usa corrente de prata no
tornozelo, carrega abebé e sua
energia é a espuma branca do mar,
veste branco com prata.
Yemanjá Akurá: Vive nas
espumas do mar e coberta de algas
marinhas. Muito rica e pouco
vaidosa. Adora carneiro, ligada a
Nanã veste branco aperolado.
Yemanjá Atarammogba: Vive
naespuma da ressaca da maré,
guerreira ligada a Xangô , veste
branco e nuances de cores claras.
Yemanjá Iyaoyó ou Awoyó:
É uma das mais velhas, possui
ligaçã o com Oxalá , Oxumaré e
Xangô , e veste branco e cristal, responsavel pelas marés. Yemanjá
Maleleo ou Maylewo: Esta Yemanjá vive nos grandes lagos, tímida,
nã o se pode tocar no rosto do Iyawò , veste verde claro. Yemanjá
Iyágunté: Mã e do rio ó gun, esta yemanjá guerreira usa espada e tem
ligaçã o com Ogum e Oxaguian, carrega abebé, veste azul claro. Yemanjá
Sessu, Iyá sessu: Voluntariosa e respeitá vel ligada a Babá Olokun, vive
na á guas agitadas da costa come inhame, suas contas sã o verde
translucido, veste verde e branco.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Teremos ainda outras Yemanjás com


nomes, títulos ecultos extintos:
Yemanjá Olossá ou Oloxá: Ligada a oxum e Nanã . Veste verde claro e
suas contas sã o branco cristal. É a Yemanjá mais velha da terra de
Egbado, nã o há iniciados no Brasil.
Yemanjá Iya Massê : Que é a mã e de Xangô .
Yemanjá Iyakú, Iya Ewá, Iya Tapá, Iya Tonà, etc.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Qualidades
de Orixás-
Nanã
Nanã Abenegi: Dessa
Nanã nasceu o Ibá Odu,
que é a cabaça que trá s
Oxumaré, Oxossí Olodé,
Oyá e Yemanjá . Nanã
Adjàosi: É a guerreira
agreciva que veio de Ifé, à s
vezes confundida com Obà ,
Mora nas á guas doces e veste-se de azul. Nanã Ajapá ou Dejapá: É a
guardiã que mata, vive no fundo dos pâ ntanos, é um Orixá bastante
temido, ligado a lama, a morte, e aterra. Veio de Ajapá . Esta ligada aos
mistérios da morte e do renascimento. Destaca-se como enfermeira;
cuida dos velhos e dos doentes, toma conta
dos moribundos. Nela predomina a
razã o.
Nanã Asainan ou Asenà n: Provisoriamente sem dados inerentes
a este caminho do Orixá Nanã .
Nanã Buruku ou Búkùú: Também é chamada
Olú Waiye (senhora da terra), ou Oló wo (senhora do dinheiro) ou
ainda Olusegbe. Este Orixá veio de Abomey; ligado à á gua doce dos
pâ ntanos, usa um ibiri azul.
Nanã Iyabahin ou Lànbaiyn: Provisoriamente
sem dados inerentes a este Orixá Nanã .
Nanã Obaia oi Obáiyá: É ligada a á gua e a lama. Mora nos pâ ntanos;
usa contas cristal veste lilá s e veio do Baribae.
Nanã Omilaré: É a mais velha, acredita-se ser a verdadeira esposa de
Oxalá . Associada aos pâ ntanos profundos e ao fogo. É dona do

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

universo, a verdadeira mã e do
Omolu Intoto. Veste musgo e
cristal. Nanã Savè: Veste-se de
azul e branco, e usa uma coroa de
bú zios. Nanã Ybain: É a
mais temida. Orixá da varíola. Usa
cor vermelha, é a principal, come
direto na lagoa, dando origem a
outros caminhos. Para chamá -la, a
Ekedji tem que ir batendo com
seus otá s para
fazê-la pegar suas filhas.
Nanã Oporá: Veio de Ketu,
coberta de Osù n vermelho, É a mã e de Obaluaiyê, ligada a terra,
temida, agreciva e irascível. Nanã Xala: Muito ligada a Oxalá e ao
branco.

Teremos ainda outros nomes, títulos ou qualidades; Inselè,


Sùsùré, Elegbé, Biodún, Ikúrè, Asaiyó, etc.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Qualidades de
Orixás-Oxalá
Osolifon, Orixá Olúfon:
Velho e sá bio, cujo templo é
em Ifó n, pouco distante de
Oxogbô . Seu culto permanece
ainda relativamente bem
preservado nessa cidade
tranqü ila, um nú cleo de
sacerdotes, os Ìwèfà méfà
(Aá jè, A ` swa, Olú win, Gbò gbò ,
Alá ta, e Ajíbó dù ) Ligados ao
culto de Orixá s Olú fó n e uns
vinte oló yè, os dignitá rios
portadores de títulos, que
fazem parte da corte do rei
local, Obà Olú fò n. Conhecemos
alguns Orixá s funfun que
segundo verger seria 154, dos quais citamos alguns; Babá Ifurú;
Babá Okim; Baba Akanjáprikú;
Babá R´Oko; Babá Efejó;
Babá Ajalá;
Babá Ajagemo;
Babá Olokun.

Osogiyan ou Oxaguian (Orixá Ogiyan): Orixá jovem e


guerreiro, cujo templo principal se encontra em Ejigbô . Ganhou o titulo
de Eleejigbô rei de Ejigbô , Babá Ejigbô , uma de suas características e o

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

gosto pelo inhame pilado


chamado Iyá n, que lhe valeu o
apelido de Oisa-je-Iyá n ou
Orisá jiyan, Oxaguian no Brasil.
Conhecemos alguns Orixá s
guerreiros funfun Elemoxó s,
sã o eles; Baba Ajaguna;
Babalejubé; Baba Apejá; Baba
Epê; Babá Akire; Babá Dankó;
Babá Dugbé; Babá Olòjó.
Encontramos títulos, nomes e
qualidade
diversas de Oxalá: Babá Aláse;
Onìkí; Arowú; Jayé, Ròwu Olóba;
Olúofin, Oko; É guin; Obanijitá;
Oluorogbô; Ibô, etc. Willian
Bascom observa que o ritual da adoraçã o de todos esses Orixá s funfun
é tã o semelhante que, em alguns casos, é didicil saber-se, setrata de
divindades dintintas ou simplismente de nomes e manifestaçõ es
diferentes de Orisanla. Oxalá compõ e com qualquer outro Orixá , por
serem universal e singular apaziqua energias trazendo tranqü ilidade a
qualquer um, em qualquer situaçã o, na vida e na morte.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Orixás
Os Orixás do Ketu são basicamente os da Mitologia Yoruba.
Olorun também chamado Olodumare é o Deus supremo, que
criou as divindades ou Orixás (Òrìsà em yoruba). A centenas
de orixás ainda cultuados na África, ficou reduzida a um
pequeno número que é invocado em cerimônias:

 Exu, Orixá guardiã o dos templos, encruzilhadas, passagens,


casas, cidades e das pessoas, mensageiro divino dos orá culos.
 Ogum, Orixá do ferro, guerra, fogo, e tecnologia.

 Oxó ssi, Orixá da caça e da fartura.

 Logunedé, Orixá jovem da caça e da pesca

 Xangô , Orixá do fogo e trovã o, protetor da justiça.

 Ayrà , Usa branco, tem profundas ligaçõ es com


Oxalá e com Xangô .

 Obaluaiyê, Orixá das doenças epidérmicas


e pragas, Orixá da Cura.

 Oxumaré, Orixá da chuva e do arco-íris, o Dono das Cobras.

 Ossaim, Orixá das Folhas, conhece o segredo de todas elas.

 Oyá  ou Iansã , Orixá feminino dos ventos, relâ mpagos,


tempestades, e do Rio Niger

 Oxum, Orixá feminino dos rios, do ouro, do jogo


de bú zios, e do amor.

 Iemanjá , Orixá feminino dos lagos, mares e


fertilidade, mã e de muitos Orixá s.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

 Nanã , Orixá feminino dos pâ ntanos, e


da morte, mã e de Obaluaiê.

 ewá , Orixá feminino do Rio ewa.

 Obá , Orixá feminino do Rio Oba, uma das esposas de Xangô

 Axabó , Orixá feminino da


família de Xangô

 Ibeji, Orixá s gêmeos

Irô co, Orixá da á rvore sagrada, (gameleira branca no Brasil).

Egungun, Ancestral cultuado apó s a morte em Casas


separadas dos Orixá s.

Iyami-Ajé, é a sacralizaçã o da figura materna, a


grande mã e feiticeira.

Onilé, Orixá do culto de Egungun

Oxalá , Orixá do Branco, da Paz, da Fé.

Orixá Nlá  ou Obatalá , o mais respeitado, o pai de quase todos os


orixá s, criador do mundo e dos corpos humanos.

Ifá  ou Orunmila-Ifa, Ifá é o porta-voz de Orunmila, Orixá da


Adivinhaçã o e do destino.

Odudua, Orixá também tido como criador do mundo, pai


de Oranian e dos yoruba.

Oranian, Orixá filho mais novo de Odudua

Baiani, Orixá também chamado Dadá Ajaká

Olokun, Orixá divindade do mar

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Olossá , Orixá dos lagos e lagoas

Oxalufon, Qualidade de Oxalá velho e sá bio

Oxaguian, Qualidade de Oxalá jovem e guerreiro

Orixá Oko, Orixá da agricultura


Na Á frica cada Orixá estava ligado originalmente a uma cidade ou a
um país inteiro. Tratava-se de uma série de cultos regionais ou
nacionais. Şà ngó em Oyó , Yemoja na regiã o de Egbá , Iyewa
em Egbado, Ò gú n em Ekiti e Ondo, Ò şun em Ilesa, Osogbo e Ijebu
Ode, Erinlé em Ilobu, Ló gunnède em Ilesa, Otin em Inisa, Oşà á là -
Obà tá lá em Ifé, subdivididos em Oşà lú fon em Ifon e Ò şá giyan
em Ejigbo No Brasil, em cada templo religioso sã o cultuados todos
os Orixá s, diferenciando que nas casas grandes tem um quarto
separado para cada Orixá , nas casas menores sã o cultuados em um
ú nico quarto de santo (termo usado para designar o quarto onde
sã o cultuados os Orixá s).

Hierarquia
As posições principais do Ketu (são chamados de cargo ou posto,
em yoruba Olóyès, Ogãns e Àjòiès), em termos de autoridade, são:
O cargo de autoridade máxima dentro de uma casa de candomblé é
o de Iyálorixá (mãe-de-santo) ou Babalorixá (pai-de-santo). São
pessoas escolhidas pelos Orixás para ocupar esse posto. São
sacerdotes, que após muitos anos de estudo adquiriram o
conhecimento para tal função. Quando a pessoa escolhida através
do jogo de búzios ainda não está preparada para assumir o posto,
terá que ser assistida por todos Egbomis (meu irmão mais velho) da
casa para obter o conhecimento necessário.

Iyalorixá ou Babalorixá: A palavra iyá do yoruba significa


mãe, babá significa pai.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Iyakekerê (mulher): mãe pequena, segunda sacerdotisa.

Babakekerê (homem): pai pequeno, segundo sacerdote.

Iyalaxé (mulher): cuida dos objetos rituais.

Ojubonã ou Agibonã: mãe criadeira supervisiona e ajuda na


iniciação

Egbomis: são pessoas que já cumpriram o período de sete


anos da iniciação (significado: egbon mi, "meu irmão mais
velho").

Iyabassê: mulher responsável pela preparação das comidas-


de-santo

Iaô: filha-de-santo que já entra em transe.

Abiã ou abian: novato.

Axogun: responsável pelo sacrifício dos animais (não entra


em transe).

Alagbê: responsável pelos atabaques e pelos toques (não


entra em transe).

Ogãs ou Ogans: tocadores de atabaques (não entram em


transe).

Ajoiê ou ekedi: camareira do Orixá (não entra em transe).


Na Casa Branca do Engenho Velho, as ajoiés são
chamadas de ekedis. No Gantois, de "Iyárobá" e na
Angola, é chamada de "makota de angúzo". "Ekedi" é
nome de origem Jeje, que se popularizou e é conhecido
em todas as casas de Candomblé do Brasil.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Ser Ogan é ser...


Humilde, respeitador respeitado, para assim pelo o Orixá ser
abençoado, por pais e
filhos amado e amigos
considerado.
Ser Ogan é compreender,
entender e aconcelhar,
com amor cantar e tocar.
Ser Ogan é ser do bem não
inveja ninguém, nem
criticar se é certo ou
errado. Ser Ogan é fazer
de seu aprendizado uma
forma boa de ser
reconhecido e
conciderado.

100
Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Oloye
Ase
Apostila curso de
Toque e Cânticos.
Ministrado por Pejigan
Anderson de Bessen.

101
Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

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curso ou adiquirir à apostila
acompanhada dos CDs de
Cantigas devem entrar em
contato nos telefones;
(21)98179 - 6382/ fecebook e
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pejiganbessen@gmail.com.

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Cantigas de Orixás com Pejigan Anderson de Bessen

Encomendas: (21)98179-6382

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