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Mareio A. Ramalho
Márcio R. S. Corrêa
ISBN 85-7266-147-6
1. E n g e n h a r i a d e e s t r u t u r a s . 2. A l v e n a r i a . 3. Edifícios. I.
C o r r ê a , M á r c i o R. S. II. Título.
C D D 624.1
C o o r d e n a ç ã o d e livros: R a q u e l C a r d o s o Reis
P r o d u ç ã o editorial: R e n a t a C o s t a
Projeto gráfico, e d i t o r a ç ã o e c a p a : C e l i n a Dias
Revisão: M ô n i c a C o s t a
1a edição
3- t i r a g e m , 1.000 e x e m p l a r e s , n o v / 0 8
mim tnii.ni
Os Autores agradecem à
ABCP e ao SENAI o apoio
fornecido à divulgação
deste trabalho.
A alvenaria é um material de construção tradicional que tem sido usado há milhares de
anos. Em suas formas primitivas a alvenaria foi construída tipicamente com tijolos de barro de
baixa resistência ou de pedra, sendo o projeto baseado em métodos empíricos. Ao longo do tempo,
foram desenvolvidas unidades de cerâmica cozida e de outros materiais de alta resistência, no
entanto a aplicação de métodos empíricos de projeto e construção se manteve até o século 20.
Apenas recentemente a alvenaria passou a ser tratada como um verdadeiro material de engenharia,
passando o projeto dessas estruturas a ser baseado em princípios científicos rigorosos. Esse fato foi
influenciado por um aumento significativo na pesquisa básica e aplicada ao longo dos últimos 50 anos.
O presente texto compreende uma atual e ampla cobertura dos vários aspectos do projeto
estrutural e reflete o estado da arte do projeto e prática de alvenaria no Brasil. Uma vez que os
princípios do projeto da alvenaria são universais, grande parte do material apresentado é igualmente
aplicável à construção em alvenaria em outros países, particularmente naqueles em que as ações
sísmicas não são dominantes no projeto.
O livro é relevante não apenas para alunos, como também para pesquisadores e
engenheiros projetistas, e vem se juntar ao relativamente reduzido número de textos amplos sobre
projeto de alvenaria disponíveis na literatura mundial.
A.W. Page
CBPI Professor in Structural Clay Brickwork
The University of Newcastle, Australia
Foreword
Masonry is a traditional building material which has been used for several thousand
years. In its early forms, masonry was constructed typically from low strength mud brick or stone
with the design being based on empirical methods. Over the years, fired clay and other higher
strength masonry units were developed, but empirical methods of design and construction
continued well into the 2(7" century. It is only recently that masonry has been treated as true
engineering material with the design of masonry structures being based on rigorous engineering
principies. This has been assisted by a dramatic increase in applied and fundamental masonry
This text provides an up-to-date, comprehensive coverage of the various aspects of the
structural design of masonry and reflects the current state of the art of masonry design and practice
in Brazil. Since the principies of masonry design are universal, the bulk of the material presented is
equally applicable to masonry construction in other countries, particularly where seismic loading
The book will be relevant not only to students, but also to researchers and practising
engineers, and joins the relatively small number of comprehensive texts on masonry design which
A.W. Page
Para atingir e registrar o estado da arte, surge, em 2003, este livro Projetos de Edifícios
de Alvenaria Estrutural, voltado aos estudiosos e profissionais de estruturas. Expõe, de forma
organizada e didática, questões que até então estavam dispersas e m diferentes artigos técnicos.
Os autores reúnem as melhores credenciais para fazer a obra. Mareio Antonio Ramalho,
entre outros títulos, é Livre Docente e atualmente Professor Associado, em nível de graduação e
pós-graduação, da Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP).
Márcio Roberto Silveira Corrêa, com pós-doutorado pela Universidade de Newcastle, Austrália, é
também professor de São Carlos. A m b o s desenvolvem pesquisas, participam de obras, e colaboram
c o m o sistema brasileiro de qualidade e normalização.
2.5 M O D U L A Ç Ã O H O R I Z O N T A L - PRINCIPAIS D E T A L H E S 16
2.6 S O L U Ç Õ E S R E C O M E N D A D A S PARA C A N T O S E B O R D A S 18
2 . 6 . 1 MÓDULO E LARGURA IGUAIS 18
2 . 6 . 2 LARGURA MENOR QUE O MÓDULO 20
2.7 M O D U L A Ç Ã O V E R T I C A L - PRINCIPAIS DETALHES 21
2.8 C O N C L U S Ã O 23
3 ANÁLISE ESTRUTURAL PARA C A R G A S VERTICAIS 25
3.1 P R I N C I P A I S S I S T E M A S E S T R U T U R A I S 25
3 . 1 . 1 PAREDES TRANSVERSAIS 25
3 . 1 . 2 PAREDES CELULARES 25
3 . 1 . 3 SISTEMA COMPLEXO 25
3.2 C A R R E G A M E N T O V E R T I C A L 26
3 . 2 . 1 CARGAS PROVENIENTES DAS LAJES 26
3 . 2 . 2 PESO PRÓPRIO DAS PAREDES 27
3.3 I N T E R A Ç Ã O DE P A R E D E S 28
3.4 I M P O R T Â N C I A DA U N I F O R M I Z A Ç Ã O DAS C A R G A S 30
3.5 I N F L U Ê N C I A D O P R O C E S S O C O N S T R U T I V O 30
3.6 P R O C E D I M E N T O S D E D I S T R I B U I Ç Ã O 32
3 . 6 . 1 PAREDES ISOLADAS 32
3 . 6 . 2 GRUPOS ISOLADOS DE PAREDES 32
3 . 6 . 3 GRUPOS DE PAREDES COM INTERAÇÃO 34
3 . 6 . 4 MODELAGEM TRIDIMENSIONAL EM ELEMENTOS FINITOS 35
3.7 E X E M P L O S D E DISTRIBUIÇÃO DE C A R G A S VERTICAIS 35
3 . 7 . 1 EXEMPLO 1 35
3 . 7 . 2 EXEMPLO 2 38
3.8 V E R I F I C A Ç Ã O D E D A N O A C I D E N T A L 42
3.9 C O N C L U S Ã O 43
4 ANÁLISE ESTRUTURAL PARA A Ç Õ E S HORIZONTAIS 45
4.1 C O N C E I T O S B Á S I C O S 45
4.2 A Ç Õ E S HORIZONTAIS A S E R E M C O N S I D E R A D A S 46
4 . 2 . 1 AÇÃO DOS VENTOS 46
4 . 2 . 2 DESAPRUMO 47
4 . 2 . 3 SISMOS 48
4.3 C O N S I D E R A Ç Ã O DE A B A S E M PAINÉIS DE C O N T R A V E N T A M E N T O 48
4.4 DISTRIBUIÇÃO DE A Ç Õ E S PARA C O N T R A V E N T A M E N T O S S I M É T R I C O S 49
4 . 4 . 1 PAREDES ISOLADAS 49
4 . 4 . 2 PAREDES COM ABERTURAS 50
4 . 7 . 1 . 4 TENSÕES NORMAIS 60
4 . 7 . 1 . 5 VERIFICAÇÃO DOS LINTÉIS À FLEXÃO E AO CISALHAMENTO 62
4 . 7 . 2 EXEMPLO 2 63
4 . 7 . 2 . 1 DESLOCAMENTOS HORIZONTAIS 64
4 . 7 . 2 . 2 MOMENTOS FLETORES 64
4 . 7 . 2 . 3 ESFORÇOS NORMAIS 65
4 . 7 . 2 . 4 TENSÕES NORMAIS 65
6 . 2 . 1 TENSÃO ATUANTE 96
6 . 2 . 2 COMPARAÇÃO DE DIMENSIONAMENTOS 96
6.3 F L E X Ã O S I M P L E S 98
C A P Í T U L O
1.1 CONCEITO ESTRUTURAL BÁSICO
Além disso, existia o problema óbvio da durabilidade, no caso de se utilizar para essas
vigas u m material de vida útil relativamente pequena quando comparado ao que era utilizado nas
alvenarias propriamente ditas. Esse era o caso, por exemplo, de vigas de madeira utilizadas sobre
alvenarias cerâmicas de pedra. É principalmente por causa disso que muitas construções da
antigüidade não podem ser apreciadas e m sua plenitude. Exemplos eloqüentes são as construções
de Pompéia ou as ruínas de Babilônia. Nessas relíquias, e e m muitas outras de mesma idade, as
paredes são originais, m a s os pavimentos e telhados, quando existem, são partes reconstruídas,
pois os originais desapareceram c o m o correr dos séculos.
A alvenaria é um sistema construtivo muito tradicional, tendo sido muito utilizado desde o início
da atividade humana de executar estruturas para os mais variados fins. Com a utilização de blocos de
diversos materiais, como argila, pedra e outros, foram produzidas obras que desafiaram o tempo, atravessando
séculos ou mesmo milênios e chegando até nossos dias como verdadeiros monumentos de grande
importância histórica. Outras edificações não têm grande importância histórica geral, mas, dentro do sistema
construtivo estudado, acabaram se tornando marcos a serem mencionados.
N e s t e texto s e r ã o a p r e s e n t a d o s a l g u n s e x e m p l o s q u e p o d e m ser c o n s i d e r a d o s
importantes para o entendimento do desenvolvimento do sistema construtivo e m análise. Não se
pretende aqui discutir de forma detalhada a história da alvenaria, mas apenas apresentar um
rápido resumo da evolução desse sistema construtivo ao longo do tempo, e m especial destacando-se
os seus aspectos estruturais.
1 . 2 . 1 PIRÂMIDES DE GUIZÉ
1 . 2 . 2 FAROL DE ALEXANDRIA
Construído em uma das ilhas em frente ao porto de Alexandria, Faros, aproximadamente 280
anos antes de Cristo, é o mais famoso e antigo farol de orientação. Construído em mármore branco, com
134 m de altura, possuía um engenhoso sistema de iluminação, baseado em um jogo de espelhos.
Do ponto de vista estrutural tratava-se de uma obra marcante, com altura equivalente a
um prédio de 45 pavimentos. Infelizmente, foi destruído por um terremoto no século XIV, restando
apenas as suas fundações como um testemunho de sua grandeza.
1 . 2 . 3 COLISEO
Esse grande anfiteatro, com capacidade para 50.000 pessoas, é um maravilhoso exemplo
de arquitetura romana, com mais de 500 m de diâmetro e 50 m de altura. Construído por volta do
ano 70 d.C. possuía 80 portais, de forma que todas as pessoas que estivessem assistindo aos
espetáculos lá realizados pudessem entrar e sair com grande rapidez.
1 . 2 . 4 CATEDRAL DE REIMS
t um grande exemplo de catedral gótica. Construída entre 1211 e 1300 d.C. demonstra
a aprimorada técnica de se conseguir vãos relativamente grandes utilizando-se apenas estruturas
comprimidas. Seu interior é amplo, com os arcos que sustentam o teto sendo apoiados em pilares
esbeltos, que, por sua vez, são contraventados adequadamente por arcos externos.
1 . 2 . 5 EDIFÍCIO MONADNOCK
Entretanto, por causa dos métodos empíricos de dimensionamento empregados até então, as
paredes na base têm 1,80 m de espessura. Acredita-se que se fosse dimensionado pelos procedimentos
utilizados atualmente, com os mesmos materiais, essa espessura seria inferior a 30 cm.
Considerando-se esses dados e sabendo-se que as paredes internas é que recebem a maior
parte das cargas da edificação, pode-se concluir que o dimensionamento deve ter sido realizado com
base em procedimentos não muito diferentes dos que se utilizam atualmente. A largura de 15 cm para
as paredes mais solicitadas é exatamente a que se obteria em um dimensionamento convencional
utilizando-se qualquer uma das principais normas internacionais. Muito provavelmente a largura das
paredes externas, de 37,5 cm, foi adotada em função de características relacionadas ao conforto térmico.
E m alvenaria não-armada, apenas e m 1977 se tem notícia dos primeiros edifícios, com
nove pavimentos. Essas edificações foram executadas com blocos sílico-calcáreos, c o m 24 c m de
espessura para as paredes estruturais.
Dessa forma, apesar de sua chegada tardia, o sistema acabou se firmando c o m o uma
a l t e r n a t i v a eficiente e e c o n ô m i c a para a e x e c u ç ã o de e d i f i c a ç õ e s r e s i d e n c i a i s e t a m b é m
industriais. C o m u m desenvolvimento mais lento a princípio e b e m mais rápido nos últimos anos.
o sistema acabou sendo muito b e m aceito, o que se pode perceber principalmente quando se
existentes na atualidade.
Entende-se por um componente da alvenaria uma entidade básica, ou seja, algo que
compõe os elementos que, por sua vez, comporão a estrutura. Os componentes principais da
alvenaria estrutural são: blocos, ou unidades; argamassa; graute e armadura. Já os elementos são
uma parte suficientemente elaborada da estrutura, sendo formados por pelo menos dois dos
componentes anteriormente citados. Como exemplo de elementos podem ser citados: paredes,
pilares, cintas, vergas, etc.
1 . 3 . 1 UNIDADE
1.3.2 ARGAMASSA
1 . 3 . 3 GRAUTE
Segundo a NBR 10837, o graute deve ter sua resistência característica maior ou igual a
duas vezes a resistência característica do bloco. Essa recomendação é fácil de ser entendida
quando se recorda que a resistência característica do bloco é referida à área bruta e que o índice
de vazios para os blocos é usualmente de 50%. Na verdade, seria mais claro se a norma
mencionasse que a resistência do graute deve ser no mínimo a mesma do bloco em relação à área
líquida.
1 . 3 . 4 ARMADURAS
da espessura da junta.
Assim, a alvenaria passa a ter a dupla função de servir de vedação e suporte para a edificação,
o que é, em princípio, muito bom para a economia. Entretanto, a alvenaria, nesse caso, precisa ter sua
resistência perfeitamente controlada, de forma a se garantir a segurança da edificação. Essa necessidade
demanda a utilização de materiais mais caros e também uma execução mais cuidadosa, o que
evidentemente aumenta o seu custo de produção em relação à alvenaria de vedação.
Nos casos usuais, o acréscimo de custo para a produção da alvenaria estrutural compensa
com folga a economia que se obtém com a retirada dos pilares e vigas. Entretanto, é necessário que
se atente para alguns detalhes importantes para que a situação não se inverta, passando a ser a
alvenaria um processo mais oneroso para a produção da estrutura.
Esses detalhes dizem respeito a determinadas características da edificação que se pretende
construir, pois não é correto se considerar que um sistema construtivo seja considerado adequado a
qualquer edifício. Para maior clareza, apresentam-se a seguir as três características mais importantes
que devem ser levadas e m conta para se decidir pelo sistema construtivo mais adequado.
a) Altura da edificação
No caso da altura, considerando-se os parâmetros atuais no Brasil, pode-se afirmar que
a alvenaria estrutural é a d e q u a d a a edifícios de no m á x i m o 15 ou 16 pavimentos. Para estruturas
c o m u m n ú m e r o de p a v i m e n t o s a c i m a d e s s e limite, a resistência à c o m p r e s s ã o d o s blocos
encontrados no m e r c a d o não permite que a obra seja executa s e m um e s q u e m a de
g r a u t e a m e n t o generalizado, o q u e prejudica muito a e c o n o m i a . A l é m disso, m e s m o q u e a
resistência dos blocos p u d e s s e ser a d e q u a d a q u a n t o ã c o m p r e s s ã o , as a ç õ e s horizontais
c o m e ç a r i a m a produzir tensões de tração significativas, o q u e exigiria a utilização de a r m a d u r a s
e graute. E se o n ú m e r o de pontos sob essas c o n d i ç õ e s for muito g r a n d e , a e c o n o m i a da obra
estará irremediavelmente c o m p r o m e t i d a .
b) Arranjo arquitetônico
É claro que as afirmações feitas no item anterior referem-se a edifícios usuais. Para
arranjos arquitetônicos que fujam desses padrões usuais, a situação pode ser um pouco melhor,
ou b e m pior. Nesse caso é importante se considerar a densidade de paredes estruturais por m 2 de
pavimento. U m valor indicativo razoável é que haja de 0,5 a 0,7 m de paredes estruturais por m 2 de
pavimento. Dentro desses limites, a densidade de paredes pode ser considerada usual e as
condições para seu dimensionamento também refletirão essa condição.
c) Tipo de uso
Dos itens apresentados, pode-se perceber que, e m termos gerais, a principal vantagem
d a utilização da alvenaria estrutural reside n u m a maior racionalidade do sistema executivo,
reduzindo-se o consumo de materiais e desperdícios que usualmente se verificam e m obras de
concreto a r m a d o convencional.
na disposição arquitetônica original. Essa limitação é um importante inibidor de vendas e até mesmo
um fator que pode comprometer a segurança de uma edificação durante a sua vida útil.
1.5 CONCLUSÃO
Assim, pode-se dizer que modular um arranjo arquitetônico, ou pelo menos modular as
paredes portantes desse arranjo, significa acertar suas dimensões e m planta e também o pé-direito
da edificação, e m função das dimensões das unidades, de modo a não se necessitar, ou pelo menos
se reduzir drasticamente, cortes ou ajustes necessários à execução das paredes.
No presente texto a unidade usualmente referida será o bloco, por ser a mais freqüentemente
utilizada nas edificações em alvenaria estrutural.
Dessa forma, pode-se concluir que uma obra de alvenaria estrutural, que se pretenda
racionalizada, deve apresentar todas as suas dimensões moduladas. Ajustes até podem ser
realizados, mas em pouquíssimos pontos e apenas sob condições muito particulares.
Muitos blocos diferentes podem ser utilizados em uma edificação em alvenaria estrutural.
Dependendo do tipo de bloco a ser utilizado, maciço ou vazado, cerâmico ou de concreto, existem
dimensões usualmente encontradas.
A NBR 6136, que trata de blocos vazados de concreto para alvenaria estrutural, especifica
duas larguras padronizadas: largura nominal de 15 cm, denominados blocos M-15, e largura nominal
de 20 cm, denominados blocos M-20. Entretanto, segundo a norma, os comprimentos padronizados
serão sempre de 20 e 40 cm e as alturas de 10 e 20 cm. A padronização adotada, em especial quanto
ao comprimento, é adequada à largura de 20 cm, mas revela-se inadequada à largura de 15 cm. Os
motivos dessa inadequação serão mostrados com detalhes nos itens seguintes.
À primeira vista pode parecer que o único parâmetro a ser considerado na escolha do
módulo horizontal a ser adotado para uma edificação seja seu arranjo arquitetônico. Isso porque se
adotado o módulo de 15 cm, por exemplo, as dimensões internas dos ambientes e m planta devem
ser múltiplas de 15. Assim, pode-se ter 60 cm, 1,20 m, 2,10 m, etc. No caso da utilização do módulo
20. as dimensões devem ser múltiplas de 20 cm. por exemplo. 60 cm. 1.60 m. 2.80 m. etc. Dessa
forma o módulo a ser adotado seria aquele que ocasionasse menores alterações e m uma arquitetura
previamente concebida ou que propiciasse a concepção de um partido arquitetônico interessante.
Todavia, nem sempre é possível definir o módulo apenas seguindo esse procedimento
recomendado. Pode ocorrer de não se conseguir u m fornecedor para a modulação mais adequada.
O fornecedor dos blocos necessita estar a uma distância relativamente pequena da obra, de forma
que se viabilize economicamente o empreendimento. Distâncias muito grandes, normalmente acima
de 200 km, tornam o frete proibitivo, na prática a sua utilização.
Além disso, o ideal é que existam pelo menos dois fornecedores potencialmente viáveis
para uma determinada edificação, a menos que os blocos estejam sendo produzidos no próprio
canteiro de obras. A dependência de apenas um fornecedor externo pode representar um perigo
significativo quanto a eventuais interrupções no fornecimento ou aumentos abusivos de preços.
Por fim, alguns outros recursos que p o d e m ser adotados, como a utilização de blocos
compensadores ou jota adequados, podem fazer c o m que a distância a ser modulada seja de piso
a piso, dando uma flexibilidade ainda maior ao pé-direito da edificação. Detalhes mais específicos
serão analisados e m item subseqüente.
Então, as dimensões reais de uma edificação entre faces dos blocos, ou seja, sem se
considerar os revestimentos, serão sempre determinadas pelo número de módulos e juntas que
se fizerem presentes no intervalo. Dependendo do caso pode-se ter (n ©o M), (n ©© M - J) ou (n <*> M + J).
A figura 2.5 ilustra alguns casos típicos.
Outro ponto interessante apresentado na figura 2.5 é o fato de os blocos que vão colocados
e m cantos e bordas vizinhos estarem "paralelos" ou "perpendiculares", sendo essas definições
tomadas em relação a eixos segundo o comprimento das peças.
2M M
2M-J J J M-J
M M
CO
6M + J 7M + J
• •
• •
! :
• • | D D | D D B B
8M-J (A) (B) 9M-J
Quando a dimensão entre blocos de canto ou borda vizinhos é um número par vezes o
módulo, os blocos se apresentarão paralelos (Fig 2.5A). Em caso contrário, se a dimensão for um
número ímpar vezes o módulo, os blocos estarão perpendiculares (Fig 2.5B).
Somente c o m esses conceitos simples apresentados já é possível definir uma das fiadas,
por exemplo, a primeira. As demais fiadas devem levar e m conta a preocupação de se evitar ao
máximo as juntas a prumo. Portanto, as fiadas subseqüentes são definidas de modo a se produzir
a melhor concatenação possível entre os blocos. Isso significa defasar as juntas de uma distância M,
obtendo-se a situação mostrada na figura 2.6. Ressalta-se que os blocos de canto estão hachurados
apenas para se destacar o seu posicionamento.
|DD|Da|DD|aD|gg|DnKO
Fiada 2
• •|DD|DD|DD|DD|DD|DDj
Fiada 1
Elevação
Neste i t e m s e r ã o a p r e s e n t a d o s d e t a l h e s para c a n t o e b o r d a s q u a n d o o m ó d u l o
a d o t a d o é igual à largura d o bloco. Esse valor p o d e ser de 1 2 , 1 5 o u m e s m o 2 0 cm. O s detalhes
s e r ã o os m e s m o s para q u a l q u e r caso. Entretanto, é importante m e n c i o n a r q u e na g r a n d e
maioria das edificações residenciais a largura d e bloco ideal a ser a d o t a d a é de 15 cm. N e s s e
caso, o módulo ideal t a m b é m será o de 15 cm. Q u a n d o for possível adotá-lo, os d e t a l h e s de
c a n t o s e bordas são muito simples, e m especial q u a n d o se puder utilizar o bloco de três
módulos nas bordas.
Para maior clareza, apresentam-se nas figuras 2.7 a 2.9 os esquemas de fiadas para
esses encontros. É interessante salientar que para os cantos, sempre, e para as bordas, quando
se dispõe de um bloco especial de três módulos, são necessárias apenas duas fiadas para esclarecer
completamente o detalhe. Já para as bordas executadas s e m a utilização do bloco de três módulos,
serão necessárias quatro fiadas para que o detalhe seja completo. Nesse caso, após três fiadas
c o m juntas a prumo é que ocorrerá uma fiada c o m junta defasada.
Se o projetista não puder utilizar o módulo e a largura do bloco iguais, será necessário se
prever a utilização de blocos especiais para a solução de cantos e bordas. Somente para exemplificar
apresenta-se o esquema de fiadas e m u m canto sem a utilização desses blocos especiais. Pode-
se observar que a solução é completamente inadequada, tanto e m relação à continuação das
fiadas quanto ao mau posicionamento dos septos.
Assim, para esses casos, é imprescindível a utilização do bloco especial no qual u m dos
furos é especialmente adaptado para a dimensão da largura do bloco, enquanto o outro é um furo
c o m as dimensões normais. Por exemplo, para blocos que estejam de acordo c o m a especificação
M - 1 5 da NBR 6136, módulo de 2 0 c m c o m largura 15 cm, o bloco especial teria 35 c m de
comprimento. Somente c o m a utilização desse tipo de bloco é que se pode realizar corretamente
a concatenação de blocos entre as diversas fiadas, conforme se mostra na figura 2.11.
Também a modulação de uma borda pode ser resolvida com o mencionado bloco espe-
cial, de acordo com o esquema apresentado na figura 2.12.
de comprimento. Entretanto, o esquema de fiadas da borda pode ser simplificado com a sua utilização
C o n f o r m e j á se m e n c i o n o u , a m o d u l a ç ã o v e r t i c a l r a r a m e n t e p r o v o c a m u d a n ç a s
significativas no arranjo arquitetônico. Existem basicamente duas formas de se realizar essa
modulação. A primeira, apresentada na figura 2.14, é aquela em que a distância modular é aplicada
de piso a teto. Assim, paredes de extremidades terminarão com u m bloco J que tem uma das suas
laterais c o m uma altura maior que a convencional, de modo a acomodar a altura da laje. Já as
paredes internas terão sua última fiada composta por blocos canaleta comuns.
Em casos e m que não se pretenda ou não se possa utilizar blocos J, m e s m o nas paredes
externas poderão ser utilizados apenas blocos canaleta convencionais, realizando-se a concretagem
da laje c o m uma fôrma auxiliar convenientemente posicionada (Fig. 2.15).
E^ZHzZT^
—I 2
Z^vEZL^
2.8 CONCLUSÃO
3 . 1 . 1 PAREDES TRANSVERSAIS
3 . 1 . 2 PAREDES CELULARES
Sistema adequado a edificações de plantas mais gerais. Todas as paredes são estruturais.
As lajes podem ser armadas e m duas direções, pois há a possibilidade de apoiarem-se e m todo
seu contorno. Suas aplicações principais são e m edifícios residenciais e m geral.
Por conferir uma maior rigidez ao conjunto, o sistema de paredes celulares é bastante
interessante de ser utilizado, sempre que possível.
3 . 1 . 3 SISTEMA COMPLEXO
1
I \
: : : : : : :
- 1 -
r =
(U,
As principais cargas atuantes nas lajes de edifícios residenciais podem ser divididas e m
a) peso próprio;
b) contrapiso;
c) revestimento ou piso;
d) paredes não-estruturais.
J á as cargas variáveis são cobertas pela sobrecarga de utilização, que para os edifícios
residenciais variam de 1,5 a 2,0 kN/m 2 .
As lajes descarregam todas essas cargas sobre as paredes estruturais que lhe servem
de apoio. Para o cálculo dessas ações, dois casos podem ser destacados:
p =Yeh
Blocos cerâmicos 12
Se esse espalhamento pode ser observado e m paredes planas, é de se supor que também
possa ocorrer e m cantos e bordas, especialmente quando a amarração é realizada intercalando-se
blocos numa e noutra direção, ou seja. sem a existência de juntas a prumo. Isso se dá porque um
canto assim executado guarda muita semelhança c o m a própria parede plana, devendo ser, portanto,
o seu comportamento t a m b é m semelhante (Fig. 3.4).
Outro ponto e m que se pode discutir a existência ou não de forças de interação são as
aberturas. Usualmente, considera-se que a existência de uma abertura t a m b é m represente u m
m
I I I I
Normalmente, as cargas verticais que atuam sobre as paredes, num determinado nível
da edificação, apresentam valores que podem ser muito diferentes. Por exemplo, as paredes internas
tendem a receber carregamentos bem maiores que as paredes externas.
Mesmo assim, não é recomendável que. para um determinado pavimento, sejam utilizadas
resistências diferentes para os blocos. Seria muito perigoso uma troca de resistências, fazendo
com que uma parede que necessitasse de um bloco mais resistente acabasse sendo construída
com um menos resistente e vice-versa. Isso porque os blocos normalmente não possuem nenhuma
indicação explícita dessa resistência, podendo ser facilmente confundidos.
Desse modo, a parede mais carregada acaba definindo a resistência dos blocos a serem
utilizados em todas as paredes do pavimento. É claro que podem ser previstos pontos grauteados,
o que aumenta a resistência da parede mantendo-se a resistência do bloco. Entretanto, o
grauteamento não é uma solução para ser utilizada de modo extensivo, devido ao custo e às
dificuldades de execução.
Portanto, pode-se concluir que quanto maior a uniformização das cargas verticais ao longo
da altura da edificação, maiores os benefícios para a economia, pois haverá uma tendência a uma
redução das resistências dos blocos a serem especificados. Por outro lado, se a suposta uniformização
não ocorrer na prática, pode-se ter uma redução significativa da segurança da edificação.
Logo, o projetista deve ter em mente esses parâmetros para considerar a distribuição
dos carregamentos verticais, de modo a não onerar em excesso o custo da obra e não comprometer
a segurança da estrutura. É bastante claro que, em maior ou menor grau, sempre ocorrerá uma
uniformização dos carregamentos ao longo da altura da edificação. Entretanto, quantificar essa
uniformização é o ponto relevante da questão.
Já alguns outros esquemas de armaduras que muitas vezes são colocadas nos cantos e
bordas, como telas ou barras de pequeno diâmetro envolvidos pela argamassa de juntas horizontais,
realmente não tem a condição de garantir com segurança a transmissão de forças significativas
nos encontros de paredes.
Também podem contribuir para uma uniformização das cargas em cantos e bordas as
outras providências mencionadas, se bem que num nível de menor importância. Cintas sob a laje e
à meia altura e pavimentos em laje maciça trabalham a favor da uniformização pois tendem a aumentar
as forças de interação. Entretanto, é difícil quantificar essa influência benéfica, especialmente se for
considerada a grande variabilidade dessas providências. Cintas podem ser executadas com diversas
alturas e armadas com barras de diversos diâmetros. Lajes também podem apresentar espessuras
diferentes e diversos esquemas de armação.
a) existência de vergas;
b) existência de contra-vergas.
Evidentemente, essas vergas e contra-vergas devem ser previstas com uma penetração
apropriada nas paredes a que se ligam. Quanto maiores forem essas penetrações melhores
condições de desenvolvimento de forças de interação serão criadas.
3 . 6 . 1 PAREDES ISOLADAS
O ponto negativo é obviamente a economia, que sai penalizada, pois blocos mais
resistentes são também blocos mais caros. Além disso, considerar as paredes completamente
isoladas não é verossímil, para a maioria das edificações, pelas razões anteriormente citadas.
Isso pode causar uma estimativa errada das ações sobre estruturas complementares, como
pavimentos de pilotis e fundações em concreto armado.
PI P3
EZZZZZZZZZZZZZ2 TEZ:
G2
G1
G3
P5 P6
Quanto à economia, sempre se admitindo uma escolha tecnicamente correta dos grupos
a serem considerados, é u m procedimento bastante racional e que normalmente resulta e m
4 STOCKBRIDGE. J.G. (1967) A Study of High-Rise Load Bearing Brickwork in Britain. M. Arch.Thesis. Univ.of Edinburgh.
especificações adequadas de blocos. A redução das resistências necessárias para os blocos
costuma ser bastante significativa em relação ao procedimento das paredes isoladas.
Pelas suas qualidades, pode-se considerá-lo um procedimento adequado a edificações
de qualquer altura. Entretanto, é fundamental que se avalie corretamente a possibilidade de
realmente ocorrerem as mencionadas forças de interação em cantos e bordas, condição funda-
mental para sua correta aplicação.
Este procedimento é uma extensão do anterior, com uma sofisticação adicional de modo
que os próprios grupos de paredes interagem entre si. Portanto, a diferença entre este procedimento
e o anterior, que apenas considerava a interação em canto e bordas, é a existência de forças de
interação também sobre as aberturas.
Claro que essa interação não pode se limitar a uma uniformização total do carregamento,
pois isso eqüivaleria a encontrar a carga vertical total de um pavimento e dividi-la pelo comprimento
total das paredes, obtendo uma carga média igual para todos os elementos. Na verdade é
conveniente que seja definida uma taxa de interação, que representa quanto da diferença de
cargas entre grupos que interagem deve ser uniformizada em cada nível. Além disso, é também
importante que se possa especificar quais grupos de paredes estão interagindo, de modo que o
projetista tenha total controle sobre o processo.
d=(q,-qj*(1-t) I q, = qm + d, ...(3.1)
Em que.
n = número de grupos que estão interagindo
q, = carga do grupo i
q m = carga média dos grupos que estão interagindo, calculada pela carga total dividida
pelo comprimento total
d = diferença de carga do grupo em relação à média
t = taxa de interação
Quanto à segurança do procedimento aqui exposto, é difícil adotar uma posição simplista.
34 Como devem ser definidos os grupos, quais grupos interagem entre si e ainda a taxa de interação
adotada, é um procedimento que exige bastante experiência do projetista e resultados experimentais
para a sua utilização. Quando bem utilizado é seguro, produzindo inclusive ações adequadas para
eventuais estruturas de suporte.
A economia é seu grande atrativo. As especificações de resistências de blocos resultantes
de sua utilização tendem a ser as menores entre os procedimentos discutidos até aqui. Especialmente
quando se tem paredes de pequenas dimensões e isoladas por aberturas, as diferenças costumam
ser muito significativas, mesmo em relação ao procedimento de grupos isolados.
3 . 7 E X E M P L O S DE D I S T R I B U I Ç Ã O DE CARGAS VERTICAIS
Para deixar clara a utilização dos três primeiros procedimentos discutidos, apresenta-se
neste item dois exemplos de aplicação. Através deles pretende-se demonstrar as principais
características de cada procedimento, verificando-se assim as suas peculiaridades quanto à
dificuldade do implementação e obtenção de resultados.
3 . 7 . 1 EXEMPLO 1
Parede Comp. (m) Laje (kN/m) P. prop (kN/m) Tot. dist. (kN/m) Total (kN)
P1 2,55 8,50 5.50 14,00 35,70
P2 3,60 14,75 5.50 20,25 72,90
P3 0,75 7,50 5.50 13,00 9.75
P4 3,45 8,75 5.50 14,25 49,17
P5 2,25 17.25 5.50 22,75 51,19
P6 0,40 36.00 5.50 41,50 16,60
Parede Carga Dist. (kN/m) Tensão (kN/m1) Tensão (MPa) Res. Bloco 1 (MPa)
P1 112.0 800,0 0.800 5
P2 162,0 1157,1 1,157 7
P3 104,0 742,9 0.743 4,5
P4 114,0 814,3 0.814 5
P5 182,0 1300,0 1.300 8
P6 332,0 2371,4 2.371 15
Grupo Comp. (m) C. tot. (kN) C. dist. (kN/m) Tensão (MPa) Res. bloco (MPa)
G1 6,15 868,8 141,3 1,009 6
G2 6,45 880,9 136,6 0,976 6
G3 0,40 132,8 332,0 2,371 15
opção por um ou outro procedimento. O aspecto da segurança é, sem dúvida, muito mais significativo.
Pav. C. média Grupo Carga (kN/m) A Carga (kN/m) C. unif. Tensão Tensáo (MPa) Bloco (MPa)
(KN/m) (KN/m) (kN/m*)
G1 17,66 -0,219 17,88 127,7 0,128 1
8 18,10 G2 17,08 -0,513 17,58 125,6 0,126 1
G3 41,50 11,700 29,80 212,8 0,213 1
G1 35,33 -0,437 35,76 255,4 0.255 2
7 36,20 G2 34,15 -1,025 35,17 251,2 0.251 2
G3 83,00 23,400 59,60 425,7 0.426 3
G1 52,99 -0,656 53.64 383,1 0.383 2
6 54,30 G2 51,23 -1,538 52,76 376,8 0,377 2
G3 124,50 35,100 89.40 638,5 0,639 4
G1 70,65 -0,874 71,52 510,9 0,511 3
5 72,40 G2 68,30 -2,050 70,35 502,5 0,503 3
G3 166,00 46,800 119,20 851,4 0,851 5
G1 88,32 -1,093 89,40 638,6 0,639 4
4 90,50 G2 85,38 -2,563 87,93 628,1 0,628 4
G3 207,50 58,500 149,00 1064,2 1,064 7
G1 105,98 -1,311 107,28 766,3 0,766 5
3 108,60 G2 102,45 -3,075 105,52 753,7 0,754 5
G3 249,00 70,200 178,80 1277,1 1,277 8
G1 123,64 -1,530 125,17 894,0 0,894 6
2 126,70 G2 119.53 -3,588 123,11 879,3 0,879 5
G3 290.50 81,900 208,60 1490,0 1,490 9
G1 141,30 -1,748 143,05 1021,8 1,022 6
1 144,80 G2 136,60 -4,100 140,70 1005,0 1,005 6
G3 332,00 93,600 238,40 1702,8 1,703 11
3 . 7 . 2 EXEMPLO 2
P1 P3 P5
i i
P7
CO fi
Q.
K.
P9
P11 £
OJ CO
CL o
CL
51
P13 P15
CO
P17 P19
CL 0= I
Figura 3.9 - Definição de paredes para região inferior esquerda.
Convém ressaltar que a interação adotada no item d corresponde a uma uniformização
completa das cargas verticais entre todos os grupos, obtendo-se u m único valor de carga média
para todas as paredes.
Quanto aos resultados obtidos para as quatro simulações mencionadas, eles serão
apresentados por parede, independentemente delas estarem ou não agrupadas e desses grupos
estarem interagindo ou não. Dessa forma poder-se-á comparar com maior facilidade os diversos
resultados obtidos. A tabela 3.7 apresenta u m resumo desses resultados, c o m as diversas
simulações, sempre para o primeiro pavimento da edificação, que é o mais solicitado.
Com os resultados da tabela 3.7, podem-se observar algumas diferenças muito significativas
na carga vertical atuante e m algumas paredes quando se considera o procedimento de paredes
isoladas e grupos de paredes. Normalmente são paredes de pequeno comprimento que se encontram
adjacentes a uma abertura. Podem-se citar, por exemplo, as paredes P4, P5, P6 e P15. Nesse caso,
pode-se afirmar que é fundamental a consideração de u m grupo entre essas paredes e as adjacentes,
supondo que as forças de interação sejam suficientes para a uniformização das cargas. Se isso não
for feito, será praticamente impossível especificar blocos com resistência razoável.
Já para as simulações que envolvem grupos de paredes, as diferenças são menos
expressivas, e as maiores cargas ocorrem nas paredes que estão isoladas das demais pela
existência de aberturas. O caso mais significativo é a parede P3. A redução do carregamento
entre o procedimento de grupos s e m interação e c o m interação de 5 0 % é da ordem de 37%. Caso
semelhante ocorre c o m uma parede de grande importância, a P20, que apresenta uma redução
de 2 1 % na carga vertical atuante.
Carga (kN/m)
Parede Paredes Grupos sem Grupos com Grupos com
isoladas Interação interação de 50% interação de 100%
P1 103,9 121,3 149,9 153,5
P2 108,9 117,6 149,5 153,5
P3 260,9 260,9 165,4 153,5
P4 300,8 121,3 149,9 153,5
P5 328,5 166,3 154,9 153,5
P6 309,1 149,3 153,1 153,5
P7 158,8 166,3 154,9 153,5
P8 195,2 195,2 158,1 153,5
P9 155,1 146,0 152,7 153,5
P10 129,1 129,1 150,8 153,5
P11 114,8 149,3 153,1 153,5
P12 97,6 166,3 154,9 153,5
P13 193,4 190,4 157,6 153,5
P14 182,5 166,3 154,9 153,5
P15 577,2 201,3 158,8 153,5
P16 184,0 190,4 157,6 153,5
P17 164,3 117,6 149,5 153,5
P18 140,4 146,0 152,7 153,5
P19 148,8 148,8 153,0 153,5
P20 166,6 201,3 158,8 153,5
Ações acidentais são aquelas que estão fora do conjunto normalmente considerado
para o projeto de um edifício, como ações devidas a explosões e impactos. Essas verificações
ganharam importância após um acidente ocorrido em 1968 na Inglaterra. Um edifício de 23
pavimentos, o Ronan Point, sofreu um colapso progressivo após a explosão de um botijão de gás
no 181 pavimento. Pela retirada de um de seus painéis portantes, no caso um painel pré-moldado,
as lajes que estavam acima do nível acidentado entraram em colapso, levando à ruína todo um
canto da edificação.
Evidentemente a primeira opção nem sempre é viável de ser implementada. Claro que
em alguns casos podem ser tomadas providências que minimizem a probabilidade de ocorrência
do acidente. Por exemplo a construção de obstáculos que evitem o eventual impacto de veículos
em paredes do pavimento térreo. Entretanto, a eliminação completa dessas possibilidades seria
no mínimo antieconômica.
Quanto à segunda opção, trata-se de evitar que o acidente, e a falha local dele advinda,
possam se transformarem uma ruína de parte significativa da estrutura pela progressão de colapsos.
Nesses casos os projetistas devem estar atentos à identificação dos pontos em que seria mais
provável a ocorrência de um acidente e prover a estrutura de alternativas para a transmissão das
cargas. Na prática, isso significa retirar uma parede ou um trecho de uma parede e verificar se o
acréscimo dos esforços sobre a laje e demais paredes pode ser suportado pela estrutura. É
importante ressaltar dois pontos sobre essa questão: os elementos devem ser retirados um de
cada vez e os coeficientes de segurança podem ser reduzidos ou mesmo eliminados.
Em casos usuais, um pequeno reforço nas armaduras das lajes e a mudança dos detalhes
de armadura normalmente empregados são suficientes para evitar o colapso progressivo após
um dano acidental. Ocorre que usualmente as armaduras são interrompidas sobre os apoios, no
caso as paredes estruturais. Na eventualidade de uma dessas paredes ser destruída, as lajes que
concorrem para ela perdem as condições mínimas de continuarem suportando o seu carregamento,
provocando, então, a progressão de um colapso que poderia ser apenas localizado. Portanto, é
recomendável que para um edifício de alvenaria, as armaduras do pavimento sejam calculadas para
resistir à eventualidade desses acidentes e detalhadas com transpasses sobre todas as paredes.
Finalmente é importante salientar que o uso de muito bom senso é imprescindível numa
questão que trata de ocorrências tão eventuais.
3.9 CONCLUSÃO
Neste capítulo foi inicialmente apresentada uma breve classificação dos principais
sistemas estruturais para edificações em alvenaria. Foram destacadas as cargas verticais que
usualmente devem ser consideradas no seu projeto estrutural. Na seqüência, foram discutidos
aspectos relativos à interação de paredes interconectadas submetidas a carregamentos verticais,
d e s t a c a n d o - s e a i m p o r t â n c i a da u n i f o r m i z a ç ã o de c a r g a s entre p a r e d e s s u b m e t i d a s a
carregamentos desiguais, bem como a importância do processo construtivo na garantia de
transmissão de forças entre paredes através de sua interface comum. Foram apresentados alguns
procedimentos para a distribuição de cargas verticais: paredes isoladas, grupos isolados de paredes,
grupos de paredes com interação e modelagem tridimensional em elementos finitos. O segundo
deles é o indicado pelos autores por aliar fatores como economia, segurança e viabilidade prática
em uma medida adequada. São incluídos exemplos de distribuição de cargas verticais com aplicação
dos três primeiros procedimentos, discutindo-se as suas características principais e implicações
nos resultados produzidos. Finalmente são apresentados conceitos básicos relativos à verificação
do dano acidental e a importância de se evitar o chamado colapso progressivo.
"D
RR
4.1 CONCEITOS BÁSICOS C
A l g u m a s c o n s i d e r a ç õ e s são f u n d a m e n t a i s para se e n t e n d e r os p r o c e d i m e n t o s d e
distribuição das ações horizontais. Inicialmente, vale a pena discutir uma classificação das estruturas
de contraventamento apresentada no CEB-FIP Model Code 1990'. Lá se encontram definidas
estruturas contraventadas e estruturas de contraventamento. Isso significa que e m um sistema
estrutural global existiria u m subsistema de contraventamento e u m subsistema contraventado.
Obviamente, essa é uma classificação que tem por objetivo sistematizar o conhecimento sobre o
tema e não descrever o funcionamento real da estrutura da edificação e m análise. Na verdade, é
impossível separarem-se elementos que contraventam e elementos que são contraventados. O
projetista deve ter e m mente que se algum elemento for retirado do sistema de contraventamento,
por qualquer razão específica, será impossível informar isso à estrutura, a menos q u e sejam
tomadas providências efetivas para seu desligamento. De fato, quando se considera que uma
determinada peça não faz parte da estrutura de contraventamento, isso significa que esse elemento
deve ter uma participação de pequena importância. Portanto, a sua eliminação não deve provocar
alterações significativas nem nos seus esforços nem nos esforços dos elementos vizinhos.
Outro ponto interessante é que se supõe que as ações horizontais sejam distribuídas
aos painéis de contraventamento pelas lajes dos pavimentos. Para tanto, as lajes são usualmente
consideradas como diafragmas rígidos e m seu próprio plano, embora s e m rigidez transversal.
Nesse caso, deve-se tomar muito cuidado para que essa suposição seja respeitada quando da
definição do processo construtivo da edificação. Lajes pré-moldadas devem ser utilizadas com
restrições, e m especial para edifícios acima de cinco ou seis pavimentos, q u a n d o as a ç õ e s
horizontais tornam-se mais significativas. Mas, m e s m o abaixo desse limite, seria interessante se
utilizar lajes pré-moldadas c o m capa de concreto moldado in loco, onde armaduras podem ser
adicionadas e m duas direções ortogonais. Somente deste modo se pode admitir que haverá u m
razoável travamento dos painéis que fazem parte d a estrutura de contraventamento. E m todo
caso, lajes moldadas in loco são mais adequadas quando existe a necessidade de se considerar
a existência de um diafragma.
Por fim, deve-se mencionar outro detalhe importante. Trata-se da simetria da estrutura
de contraventamento. Sempre que possível, assimetrias significativas devem ser evitadas. Q u a n d o
a ação se dá segundo u m eixo de simetria da estrutura, as lajes apresentam apenas translações
nessa direção. Entretanto, e m caso de ações que atuem segundo direções e m que essa simetria
não se faça presente, além da mencionada translação ocorrem rotações nos pavimentos. Esses
t í
Figura 4.1 - Ação horizontal em contraventamento simétrico e não-simétrico.
No Brasil, as ações horizontais que devem ser consideradas são a ação dos ventos e o
desaprumo. Eventualmente podem ocorrer empuxos desequilibrados do solo. Em caso de áreas
sujeitas a abalos sísmicos, a sua consideração também é indispensável.
Considera-se que o vento atua sobre as paredes que são normais à sua direção. Estas passam
a ação às lajes dos pavimentos, consideradas como diafragmas rígidos, que as distribuem aos painéis de
contraventamento, de acordo com a rigidez de cada um. Esse esquema é mostrado pela figura 4.2.
4.2.2 DESAPRUMO
Sugere-se que o desaprumo seja considerado tomando-se por base a norma alemã DIN
1053 - Alvenaria: Cálculo e Execução 3 . Sua prescrição para esse caso é bastante razoável, sendo
o ângulo para o desaprumo do eixo da estrutura tomado em função da altura da edificação, conforme
o que se apresenta na equação 4.1.
1
<P = ...(4.1)
E m que,
do ângulo <p, pode-se determinar uma ação horizontal equivalente, a ser aplicada ao nível de cada
E m que,
Essas forças, que aparecem esquematizadas na figura 4.3, podem ser simplesmente somadas
à ação dos ventos, permitindo que a consideração desse efeito seja feita de forma simples e segura.
F,->
4 . 2 . 3 SISMOS
4 . 3 C O N S I D E R A Ç Ã O DE A B A S EM P A I N É I S DE C O N T R A V E N T A M E N T O
Além disso, as abas em geral dobram as inércias dos painéis e, portanto, praticamente
dividem por dois as tensões a serem obtidas da análise. Dessa forma, evita-se que apareçam tensões
elevadas, inclusive trações, que podem inviabilizar uma estrutura. Essa vantagem é especialmente
importante quando se trata da distribuição com a consideração de paredes isoladas, conforme se verá
nos resultados apresentados para os exemplos de edifícios que são discutidos no final deste capítulo.
Nesse aspecto o ACI530 - Building Code Requirements for Masonry Structures 4 é bastante
explícito, citando situações em que essa consideração pode ser feita. Uma delas é quando não
existem juntas a prumo na ligação das abas com a parede. A outra, na eventualidade da existência
de juntas a prumo, é quando são tomadas providências adicionais para garantir a existência de
forças de interação: utilização de conectores metálicos ou cintas convenientemente armadas e pouco
espaçadas para ligar as fiadas.
4 . 4 . 1 PAREDES ISOLADAS
Nesse caso, supõe-se que a existência de uma abertura separe as paredes adjacentes
a essa abertura, transformando-as em elementos isolados, verdadeiras vigas engastadas na
S I = 11 + I2 + I3 + ... + L ...(4.3)
R = I7XI ...(4.4)
A ação em cada painel pode ser obtida simplesmente multiplicando-se a ação total em
um determinado pavimento, F(ot, pelo valor R , ou seja:
...(4.5)
o =M/W ...(4.6)
Em que,
M : momento fletor atuante na parede
W : módulo de resistência à flexão (W = I / y m â x )
Outro procedimento que pode ser utilizado consiste em considerar as alvenarias com
aberturas como pórticos, sendo as paredes entendidas como pilares e os lintéis, trechos entre as
aberturas, como vigas, conforme se apresenta na figura 4.5. O s painéis assim definidos absorverão
esforços t a m b é m proporcionais às suas rigidezes, de f o r m a semelhante ao q u e foi descrito
anteriormente para o procedimento c o m paredes isoladas. Aliás, quando se fala na consideração
de paredes c o m suas respectivas aberturas, não se deve esquecer que algumas paredes não
possuirão aberturas, comportando-se como simples paredes isoladas.
•
•
•
A
que a estrutura de contraventamento seja simétrica. Para o caso de ação segundo um eixo de simetria
da estrutura de contraventamento, poderá ser utilizado um programa para pórticos planos, sem quaisquer
recursos especiais. Basta que metade dos diversos painéis da estrutura, pórticos ou paredes isoladas,
F/2.
• •
F/2
• •
F/2
• •
•
n
F/2
Dois detalhes são importantes para esse caso de associação. O primeiro diz respeito à
barra que realiza a ligação entre os painéis ao nível de cada pavimento, simulando a laje de
concreto. Evidentemente essa barra deve ser suficientemente rígida para que os deslocamentos
de todos os nós de u m mesmo nível sejam iguais. Entretanto, essa rigidez não pode ser muito
grande, sob pena de impor u m mau condicionamento numérico à matriz de rigidez global da
estrutura, inviabilizando a obtenção de resultados coerentes. Recomenda-se que os comprimentos
dessas barras sejam pequenos, entre 0,5 m e 1 m, e que sua seção transversal seja a de uma
faixa de 2 a 3 m da laje de concreto presente na estrutura. Por exemplo, supondo-se que a laje
tenha 0,09 m de espessura, as características da seção transversal dessa barra, e m especial a
área, seriam determinadas considerando-se as dimensões 0,09 x 2,00 m. Além do comprimento e
da área da seção, as outras características são pouco importantes, devido ao fato de se supor a
barra articulada e m seus extremos. Dessa forma o momento de inércia não influi nos resultados a
serem obtidos. Apenas se o programa não possuir o recurso de articulação e m extremidade de
barra deve-se reduzir esse valor de inércia para que a rigidez à flexão seja desprezível, e m
conformidade c o m a hipótese de comportamento de diafragma para a laje.
Neste caso, quando se aplica a ação horizontal, o pavimento não apenas translada, mas
também apresenta uma rotação. Assim sendo, os deslocamentos dos painéis, mesmo para u m
mesmo pavimento, não serão os mesmos. Dessa forma existe a necessidade de maiores recursos
computacionais para a obtenção de resultados consistentes c o m o fenômeno. Entretanto, os
procedimentos de distribuição basicamente continuam os mesmos e serão tratados a seguir.
4 . 5 . 1 PAREDES ISOLADAS
Caso o eixo segundo o qual atua a ação não seja de simetria, o procedimento torna-se
impraticável d e ser executado s e m u m p r o g r a m a c o m p u t a c i o n a l . N e s s e caso, c o n f o r m e já
mencionado, a distribuição precisa levar e m conta a rotação dos pavimentos, inviabilizando o
procedimento simples anteriormente descrito para contraventamentos simétricos. Uma alternativa
interessante é utilizar u m programa que possua elementos barra tridimensional e um recurso
conhecido como nó mestre. Nesse caso, as paredes devem ser discretizadas com u m elemento
para cada pavimento da estrutura e todos os nós correspondentes a um pavimento devem ser
ligados a u m nó mestre. O aspecto de um modelo deste tipo é o que se apresenta na figura 4.7.
Figura 4.7 - Perspectiva de modelo tridimensional para paredes isoladas.
Z
A
4 . 6 C O N S I D E R A Ç Ã O DE T R E C H O S R Í G I D O S P A R A O S LINTÉIS
Da mesma forma que para o caso das abas, a não-consideração desses comprimentos
corretos pode provocar algumas perturbações importantes na distribuição das ações horizontais.
Alguns painéis sofrem u m acréscimo significativo de sua rigidez e outros p e r m a n e c e m s e m
alterações sensíveis. Dessa forma, os quinhões de carga são também bastante modificados, sendo
que a distribuição pode se afastar da realidade.
O segundo procedimento, muito menos eficiente, só deve ser utilizado quando o programa
não dispuser do recurso anteriormente citado. Trata-se de colocar nós adicionais e dividir os
elementos em dois ou três trechos, conforme existam trechos rígidos junto às extremidades inicial
e final. Obviamente, os modelos crescem em dimensão e complexidade, existindo ainda um problema
a ser resolvido: que características geométricas adotar para esses trechos que não devem
apresentar deformação. Se os valores forem muito elevados, a matriz global da estrutura tende a
ser mal condicionada, obtendo-se do processamento valores incoerentes. Entretanto, se as
características forem relativamente pequenas, o trecho pode apresentar deformações significativas,
não sendo a modelagem representativa.
Como indicação geral pode-se sugerir que as características geométricas adotadas sejam
correspondentes a uma seção com a largura igual à espessura da parede e altura igual ao pé-
direito da edificação. Dessa forma, as deformações serão desprezíveis e a matriz não deve
apresentar problemas de condicionamento numérico, sendo obtidos resultados confiáveis.
Entretanto, esse procedimento alternativo somente deve ser utilizado quando não se dispuser do
recurso descrito para a alternativa anterior.
Para finalizar, é importante citar que o CEB-FIP Model Code 1990 menciona uma forma
simples e eficiente de se considerar os comprimentos flexíveis e por conseqüência os trechos
rígidos das extremidades. Apesar de serem originalmente prescritos para peças de concreto armado,
eles podem ser considerados adequados para os elementos de alvenaria estrutural. E esses valores
estão mencionados em capítulo posterior, no qual se encontram agrupadas as características
geométricas para elementos de alvenaria.
4 . 7 E X E M P L O S DE M O D E L O S P A R A E D I F Í C I O S S O B A Ç Õ E S HORIZONTAIS
Neste item serão analisados dois edifícios residenciais com sete e dez pavimentos, em
alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto. Em todos os exemplos, as paredes têm
espessura de 14,5 cm. Serão consideradas as ações do vento segundo as direções dos eixos X e Y,
indicados nas plantas do pavimento tipo. As paredes, bem como seus respectivos lintéis, são
identificados por PX, LX, PY ou LY, conforme sejam paralelos à direção do eixo X ou Y, seguidos
por seus números.
4 . 7 . 1 EXEMPLO 1
Neste item, é analisado o efeito do vento e m um edifício de sete pavimentos, com pés-
direitos de 2,74 m. A planta do pavimento tipo é apresentada na figura 4.11. As dimensões externas
d o edifício, e m planta, são de 18,60 m e 22,20 m, nas d i r e ç õ e s n o r m a i s aos eixos X e Y,
respectivamente. O módulo de elasticidade adotado foi de 4.480 MPa.
As forças devidas ao vento foram determinadas para uma velocidade básica de 45 m/s. O fator
topográfico S, e o fator estatístico S 3 são iguais a 1.0. A categoria do terreno é IV e a classe da edificação
é B. Os coeficientes de arrasto são 0,99 e 1,03, considerando-se o vento nas direções X e V, respectivamente.
4 . 7 . 1 . 1 DESLOCAMENTOS HORIZONTAIS
0 = ^
Ml
i=n
PY14 PY13
PY11
PY10
i cd • — ' j
U J
PY9 PY8
o m
X
CL Hl x
cl
0=O
n
L j
n n
PY7 PY6
0=^
IO OL
x
X
2 t
PY5 PY4 PY3 a
co
LY1
PY2 PY1
/
5
T/> 4
'5
>
/
/ /
2 3
/ 1
2
M3
1
0
0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0 7.0 0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0
Direção M1 M2 M3 M4 M5 M6
X 5,97 1,59 1,26 12,07 2,19 1,66
Y 4,91 2,92 2,18 7,29 4,31 3,91
Analisando-se a tabela 4.3, observa-se que na direção X há uma redução maior nos
d e s l o c a m e n t o s obtidos nos modelos M 2 e M3, e m relação a M1, indicando u m efeito mais
pronunciado dos lintéis nesta direção. O m e s m o é verificado nos modelos s e m abas, quando se
comparam M5 e M6 a M4. Ocorre que na direção X há u m número maior de aberturas e, assim, as
diferenças percentuais entre os deslocamentos dos modelos c o m lintéis e m relação aos modelos
sem lintéis são maiores.
Por f i m , d e v e - s e r e s s a l t a r q u e a c o l o c a ç ã o d a s a b a s r e a l m e n t e t e m u m efeito
extremamente importante, reduzindo praticamente à metade os deslocamentos obtidos.
O s momentos fletores nos painéis compostos por apenas uma parede nos modelos M2
e M3 foram menores do que no modelo M1, indicando que suas rigidezes, nos modelos c o m
lintéis, perderam importância e m relação ao conjunto. C o m o exemplo, podem ser tomados os
diagramas da parede PY10.
Nas bases das paredes de painéis com aberturas, os momentos obtidos nos modelos
M2 e M3 foram menores do que os de M1, devido à ação dos lintéis. Observa-se ainda que os
d i a g r a m a s de m o m e n t o s de P X 2 e P Y 8 e m M2 e M 3 a p r e s e n t a m d e s c o n t i n u i d a d e s m a i s
pronunciadas do que os diagramas de PX10. Tal comportamento deve-se ao fato de o lintel da
parede PX10 ser bastante flexível diante da rigidez dessa parede.
Os trechos rígidos provocam uma restrição maior às rotações dos nós dos painéis. Logo,
os momentos obtidos no modelo M3 são menores que os momentos de M2, como se pode ver nos
diagramas apresentados. Nota-se, inclusive, que as descontinuidades do diagrama de momento
de PX10 tornam-se um pouco mais destacadas no modelo M3, e m relação ao modelo M2, pois a
rigidez do lintel cresceu.
Modelo M1 8 .Modolo M1
Modelo M2 .Modelo M2
Modelo M3 > Modelo M3
6
/ ^
•2 i
>
2
1 (A) PX2 (B) PX10
-20 -15 -10 -5 0 5 10 •350 -280 -210 -140 -70 0 70
Momentos fletores (kNm) Momentos fletores (kNm)
.Modelo M1 Modelo M1
.Modelo M2 Modelo M2
Modelo M3 Modelo M3
4 . 7 . 1 . 3 ESFORÇOS NORMAIS
Na figura 4.14 são apresentados os esforços normais nas bases das paredes, onde
ocorrem os valores máximos, para as paredes c o m aberturas. A tendência, para os valores mais
significativos, é u m discreto aumento para os casos em que são considerados os trechos rígidos.
Isso ocorre porque, com os trechos rígidos, os esforços cortantes nas extremidades dos lintéis
tendem a ser maiores, aumentando também os esforços normais nas paredes.
• M2 9 M3 DM5 DM6
PX1 PX2 PX3 PX9 PX13 PX14 PX15 PX16 PY1 PY3 PY8
4 . 7 . 1 . 4 TENSÕES NORMAIS
Na figura 4.15 são apresentados os gráficos das tensões normais nas paredes PX13,
PX14, PY1 e PY2. São comparadas as máximas tensões de tração devidas ao vento, obtidas nos
modelos M1, M2 e M3, c o m as tensões de compressão provenientes das cargas permanentes, as
quais são denominadas de tensão V.
Nos modelos M2 e M3, devido à presença dos lintéis e dos trechos rígidos, verifica-se
que as diferenças percentuais entre as tensões nas paredes mais e menos solicitadas são menores
do que no modelo M1.
• Tensão V • Tensão V
• Modelo M1 I I Modelo M1
• Modoio M 2 I I Modelo M2
L B Modelo M 3 f | Modelo M3
> 4
1—1—I—I—I—I—I—1—I—I—I—I—I—I—I—I—I—I—I—I—I—I I I
O 110 220 330 440 550 0 100 200 300 400 500 600
I I Tensão V
I I Modelo M1
6» • Modelo M 2
P B Modelo M3
.5 M
1
•
O 100 200 300 400 500 330 440 550
Tensões Normais (kN/m 7 ) Tensões Normais (kN/m 2 )
Nas tabelas 4.5. e 4.6 são apresentados os momentos fletores e os esforços cortantes
máximos nos lintéis mais solicitados. Nos modelos s e m abas os momentos e cortantes são e m
geral maiores, tendo e m vista as paredes serem relativamente mais flexíveis.
A maior área de aço necessária para combater a flexão foi de 0,93 cm* no lintel LX5 e
0,91 cm 2 para o lintel LY1 no modelo M2. No modelo M5, a área de aço necessária no lintel LX5 foi
de 1,11 cm 2 . Em todos os lintéis, tanto nos modelos com abas como nos modelos s e m abas, as
tensões de cisalhamento atuantes são menores que as tensões admissíveis especificadas pela
NBR 10837 para dimensionamento sem armaduras transversais.
Tabela 4.5 - Momentos (kN ~ m) e cortantes (kN) máximos nos lintéis - modelos com abas.
Modelo M2 Modelo M3
Lintel Momento Cortante Momento Cortante
Nível Nível
máximo máximo máximo máximo
LX1 3 12,42 4,94 3 10,69 4,73
LX5 3 21,34 6,61 2 19,00 7,39
LY1 4 21,00 9,55 3 20,24 14,05
Tabela 4.6 - Momentos (kN ~ m) e cortantes (kN) máximos nos lintéis - modelos sem abas.
Modelo M5 Modelo M6
Lintel Momento Cortante Momento Cortante
Nível Nível
máximo máximo máximo máximo
LX1 3 13,88 5,93 2 11,12 4,76
LX5 2 25,27 8,05 2 22,59 8,82
LY1 3 23,29 10,71 2 22,14 15,16
4 . 7 . 2 EXEMPLO 2
Neste item será analisado um edifício de dez pavimentos, com pés-direitos de 2,72 m. A
planta do pavimento tipo é apresentada na figura 4.16. Suas dimensões externas são 15,90 e 22,05 m
nas direções normais a X e Y, respectivamente. O módulo de elasticidade adotado foi de 6.400 MPa.
x
CL
JL 1PY23 fggJí n
•RT <0
X
PY18 CL
PY17 n 5 . PY16
-<fr
x
D Jl u m
o.
PY14 CM
x
CL
PY12 co
x
CL
PY9 PY8
X
CL
LY2 LY1
Y <- PY5 PY4 PY3 PY2 PY1
As forças devidas ao vento, ao nível de cada pavimento, são determinadas para uma
velocidade básica de 35 m/s. O fator topográfico S, e o fator estatístico S 3 são iguais a 1,0. A
categoria do terreno é IV e a edificação classe B. Os coeficientes de arrasto são 1,03 e 1,11,
respectivamente nas direções X e Y.
4 . 7 . 2 . 1 DESLOCAMENTOS HORIZONTAIS
Direção M1 M2 M3 M4 M5 M6
X 5,52 3,20 2,69 7,66 4,83 4.22
Y 12,48 7,70 4,13 23,24 11,69 6.54
Da tabela 4.7. conclui-se que os efeitos dos lintéis s e m trechos rígidos foram mais
pronunciados na direção X e c o m trechos rígidos na direção Y. tanto nos modelos com abas como
nos modelos sem abas. Também neste exemplo, observa-se o efeito favorável das abas, reduzindo-
se os deslocamentos de forma significativa, especialmente na direção Y.
4 . 7 . 2 . 2 MOMENTOS FLETORES
Quanto aos momentos fletores, não há nenhuma novidade em relação ao que já foi dito para
o exemplo anterior. Então, são apresentados apenas os diagramas de momentos nas paredes PX8 e
PY17 (Fig. 4.18), as mais importantes e m termos de absorção das ações provenientes do vento.
11 m
Modelo Ml Modelo M l 1
10 t ílO
Modelo M2 Modelo M2 1
9 / -9
!j / I
8 ' / •8
t / /
' ]
/
/ / 7 / • "-7
/ /' / •
/ / /
/ /'
6 6
/ /•• / /
/ /•' / / /
/ /? 5 /
S
/ / / /
/ /.•'
4 s -4
// /
/
/ ' W
© 3 3
/ /
/ >1
• / / > / /
' / / 2
2
/
/
/
/ / Z 2
s. i . x 1. (A) P X 8 (B) P Y 1 7 • . A A 1
• 1400 -1120 -840 -560 -280 0 280 -1400 -1120 -840 -560 -280 0 280
Momontos llotoros (kNm) Momentos lletores (kNm)
4 . 7 . 2 . 3 ESFORÇOS NORMAIS
Na figura 4.19 comparam-se os esforços normais nas bases das paredes. O que se pode
perceber é que. de forma semelhante ao exemplo anterior, a utilização de trechos rígidos tende a aumentar
os esforços normais para as paredes que apresentam valores significativos, em especial a PY16.
4 . 7 . 2 . 4 TENSÕES NORMAIS
280 560 840 1120 1400 10 270 540 810 1080 1350
Tensões Normais (kN/m*) Tensões Normais (KN/m*)
10 • Tensão V • Teivsao v
9 f ~ l Modelo M1 I I Modelo MI
H Modelo M2 QÊI Modelo M2
8 I Modelo M3
I Modelo M3
7
6
vt
I 5
Z
4
3
2 (C) PY4 (D) PY8
1
0 260 520 780 1040 1300 0 190 380 570 760 950
Tensões Normais (kN/m") Tensões Normais (kN/m1-)
O s momentos e cortantes máximos nos lintéis mais solicitados, nos modelos com abas,
são apresentados na tabela 4.9. A máxima área de aço necessária foi de 1,40 cm 2 no lintel LY2.
Neste exemplo, as tensões de cisalhamento atuantes nos lintéis ainda poderiam ser resistidas
s e m armaduras transversais.
Tabela 4.9 - Momentos (kN m) e cortantes (kN) máximos nos lintéis - modelos com abas.
Modelo M2 Modelo M3
Lintel Momento Cortante Momento Cortante
Nível Nível
máximo máximo máximo máximo
LX1 4 15,84 7,38 3 13,84 9,87
LY1 4 9,58 7,59 2 6,39 5,07
LY2 7 8,61 6,16 5 5,56 5,19
Como se pode observar dos resultados obtidos para os exemplos desenvolvidos, algumas
conclusões são bastante claras. Inicialmente é importante destacar que a consideração das abas reduz
de forma significativa os valores dos deslocamentos horizontais previstos e ainda os valores das tensões
devidas às ações horizontais nas paredes. Sua consideração, portanto, é altamente recomendável.
Aliás, as diferenças verificadas pela consideração dos trechos rígidos nos lintéis são
significativas, mas não alteram de forma drástica os valores obtidos. Talvez sua maior atuação seja
nos deslocamentos horizontais a serem obtidos.
Portanto, a recomendação que se pode fazer é que inicialmente o projetista tente considerar
as paredes isoladas, não se esquecendo de acrescentar a contribuição das abas. Se com essa
consideração estiverem sendo obtidos deslocamentos muito grandes ou as tensões nas paredes
estiverem apresentando grandes trações, então se deve pensar no modelo de paredes com aberturas.
Não se deve esquecer que a consideração das paredes c o m aberturas vai resultar na
colocação de armaduras adicionais, algumas vezes inclusive para o cisalhamento, nos lintéis. Dessa
forma, pode-se dificultar a execução da obra e penalizar a economia a ser obtida com a adoção do
sistema construtivo. Assim, deve-se verificar se não é possível evitar tais situações, adotando-se um
modelo mais simples e ainda seguro para a análise e o dimensionamento da estrutura.
4 . 8 E S T A B I L I D A D E G L O B A L D A E S T R U T U R A DE CONTRAVENTAMENTO
Por exemplo, para os casos de edifícios nos quais a grande maioria das paredes estruturais
esteja orientada segundo uma só direção, pode ocorrer que a deslocabilidade seja inaceitável
para a outra direção, mesmo que a edificação apresente poucos pavimentos. Dessa forma, é
importante estar atento aos problemas de segunda ordem, principalmente quando se utiliza o
sistema estrutural chamado de "paredes transversais", mencionado anteriormente.
4 . 8 . 1 CONCEITOS BÁSICOS
Imagine-se uma estrutura submetida simultaneamente a uma carga vertical e uma ação
horizontal. É fácil concluir-se que haverá um acréscimo do momento fletor inicial, chamado de
momento de primeira ordem, representado pelas cargas verticais atuando nos deslocamentos
produzidos pelas ações horizontais, conforme se mostra na figura 4.21.
Entretanto, essa classificação é muito importante, pois, como se verá a seguir, é tomada
como base para se decidir se é ou não necessário que a análise de uma determinada estrutura
seja feita em teoria de segunda ordem.
Foi mencionado que para estruturas com acréscimos de esforços devidos à consideração
da segunda ordem menores que 10% dos de primeira ordem, a estrutura pode ser considerada
indeslocável. Nesse caso não haverá necessidade de a análise ser realizada em teoria de segunda
ordem, podendo ser utilizado um procedimento convencional em primeira ordem, sem a necessidade
de diversas iterações. É, sem dúvida, o procedimento mais confortável.
4 . 8 . 4 . 1 PARÂMETRO a
...(4.7)
Em que,
a : parâmetro de instabilidade
H : altura total do edifício
P : peso total da edificação
E l : rigidez à flexão do sistema de contraventamento
Considera-se que o acréscimo de esforços de segunda ordem será menor que 10% se o
referido parâmetro for:
a - 0,7: para sistemas compostos apenas por pilares-parede
a - 0,6: para sistemas mistos
a - 0,5: para sistemas compostos apenas por pórticos
4 . 8 . 4 . 2 PARÂMETRO y,
...(4.8)
Em que,
AM : acréscimo de momento devido aos deslocamentos horizontais
M, : momento de 1 ! ordem
M2 = Y, M, ...(4.9)
Em que,
M , : esforços de 1? ordem
M 2 : esforços finais de 2- ordem
yg : parâmetro com valor entre 1,10 e 1,20
4.9 CONCLUSÃO
A segurança de uma estrutura pode ser entendida como a capacidade de suportar as diversas
o
ações previstas durante a sua vida útil, garantida sua possibilidade de funcionar conforme sua destinação.
S < R / Yj ...(5.1)
Em que,
S : máxima tensão atuante
y : coeficiente de segurança interno
R : tensão de ruptura ou de escoamento do material
Este método tem algumas deficiências que podem ser consideradas sérias:
O dimensionamento com base nos estados limites pode ser resumido da seguinte maneira:
- Sd > 0 ...(5.2)
Em que,
R d = R k / ym: resistência de cálculo
S d = S( y, x F k ): solicitação de cálculo
Geralmente os valores característicos são escolhidos de modo que 95% das resistências
verificadas na estrutura excedam R k e 95% das ações aplicadas sejam menores que F k .
Assim, a probabilidade de ruína é dada por:
P [ R r i - S d < 0] = p ...(5.3)
5 . 2 . 1 . 1 BLOCOS
Existe um conceito muito importante quando se trata da influência da resistência dos blocos
na resistência à compressão das paredes. É a "eficiência", ou seja, a relação entre a resistência da
parede e a resistência do bloco que a compõe. A relação 5.4 exprime matematicamente esse conceito.
...(5.4)
n = f
Em que,
f p w : resistência da parede
f0 : resistência do bloco
Considerando-se os casos mais comuns no Brasil: paredes executadas com blocos vazados
de concreto ou cerâmicos (resistência entre 4,5 e 20 MPa), não-grauteadas e c o m argamassas
usuais, pode-se estimar que a eficiência apresente os valores que constam da tabela 5.1.
5 . 2 . 1 . 2 ARGAMASSA
Quanto ao primeiro aspecto, está bem estabelecido que a espessura da junta precisa se
situar dentro de limites muito estreitos. Ela não pode ser muito pequena, pois isso poderia permitir
que, por falhas na execução, pontos das superfícies dos blocos acabassem se tocando. Obviamente,
essa situação provocaria uma concentração de tensões que prejudicaria a resistência da parede.
Entretanto, desde um trabalho pioneiro de Francis (1971) foi comprovado que a resistência da
parede decresce c o m o aumento da espessura da junta horizontal. Isso se explica porque com o
aumento da espessura diminui o confinamento da argamassa. E é exatamente esse confinamento
que torna a argamassa pouco suscetível à ruptura, mesmo que a sua resistência à compressão,
medida em corpos-de-prova cilíndricos, seja relativamente baixa. Assim, segundo Sahlin 6 apud
Camacho (1995), a cada aumento de 0,3 c m na espessura da argamassa há uma redução de 15%
na resistência da parede. Numa concordância implícita c o m esses fatos apresentados, a NBR
10837 especifica que a espessura da junta horizontal entre blocos deve ser igual a 1 cm, a menos
que se justifique tecnicamente a adoção de u m outro valor.
5.2.1.3 GRAUTE
Já para os blocos cerâmicos, essa avaliação torna-se mais complexa. Por se tratarem de
materiais diferentes, ainda que de mesma resistência, fica mais difícil prever com clareza a resistência
final do conjunto bloco-graute. O comportamento do conjunto dos dois materiais poderia ser
influenciado negativamente, por exemplo, pelas diferentes características elásticas de cada um.
Entretanto, Garcia (2000), que realizou ensaios em dez paredes grauteadas, concluiu
que a situação não deve ser muito diferente daquela que se observa para os blocos de concreto.
Foram utilizados blocos cerâmicos com resistência aproximada de 10 MPa e definidos dois
esquemas de grauteamento, com cinco paredes rompidas para cada caso. Os resultados obtidos
mostram que considerar o graute como uma redução da área de vazios dos blocos, conforme o
que se sugeriu para os blocos de concreto, não parece muito distante da realidade. Mas, como os
exemplares ensaiados são poucos e seriam necessários estudos complementares para corroborar
esses resultados iniciais, é importante que essa consideração seja feita com cuidado, de modo a
se evitar uma redução significativa do nível de segurança.
5 . 2 . 1 . 4 ARMADURAS
De fato, o aço nas estruturas de alvenaria acaba tendo sua capacidade pouco aproveitada
na resistência à compressão, pois a tensão usualmente fica limitada a valores bem abaixo da
tensão de escoamento do material. A imposição de limites relativamente baixos para as tensões
no aço é explicada pela necessidade de se evitar uma fissuração excessiva, bem como garantir a
aderência entre as barras de aço e o graute que as envolve. Entretanto, essa limitação leva a uma
contribuição menor do que aquela que se poderia esperar, especialmente porque a resistência à
compressão dos outros componentes da alvenaria é relativamente elevada.
J^Carga
Bloco
Argamassa
Bloco
U m outro ponto positivo desse procedimento é que os ensaios podem ser realizados
c o m facilidade por qualquer laboratório minimamente equipado e que realize controles usuais para
estruturas de concreto armado. Até mesmo através de uma prensa manual, instalada no próprio
canteiro de obras, pode-se controlar a resistência ã compressão de prismas, obtendo-se um
procedimento de verificação simples, barato e eficiente.
A NBR 10837, em seu item 5.3.1, é enfática na especificação do prisma como resistência básica
da alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto, e podem-se reproduzir as suas palavras textuais
"As tensões admissíveis para a alvenaria não-armada e para a alvenaria armada devem
ser baseadas na resistência dos prismas (fp) aos 28 dias ou na idade na qual a estrutura está submetida
ao carregamento total. Nas plantas submetidas à aprovação ou usadas na obra, deve constar
claramente a resistência (fp) na idade e m que todas as partes das estruturas foram projetadas".
E é importante ressaltar que, apesar da NBR 10837 ser uma norma voltada especificamente
aos blocos vazados de concreto, não há nenhuma incoerência conceituai em estender esse procedi-
mento a unidades de outros tipos ou material.
Aqui também se pode utilizar u m conceito que já foi apresentado no item 5.2.1.1. Trata-se
da "eficiência", neste caso que se analisa uma relação entre a resistência do prisma e do bloco que
o compõe. Essa relação pode ser escrita matematicamente como na equação 5.5.
f
...(5.5)
- F
Normalmente esses valores da eficiência prisma-bloco, para a prática corrente no Brasil, variam
de 0,5 a 0,9 para os blocos de concreto e de 0,3 a 0,6 no caso dos blocos cerâmicos. Da mesma forma
que no item 5.4.1.1, a eficiência tende a ser menor quando se aumenta a resistência do bloco e vice-
versa. Também semelhante é o comportamento e m relação ao material que compõe os blocos blocos de
concreto tendem a apresentar uma eficiência significativamente maior que os cerâmicos.
Existe ainda uma terceira relação entre resistências que é de grande importância e que
não deixa de ser também uma eficiência: a relação entre a resistência da parede e do prisma. É
uma relação muito importante porque, mesmo sendo o dimensionamento e o controle feitos com
base na resistência do prisma, o que interessa em última instância é a resistência da parede. E a
resistência do prisma é sempre maior que a da parede, porque com o aumento do número de
juntas que se verifica na parede, inclusive com a adição de juntas verticais que não existem no
prisma, a resistência do painel tende a cair.
da resistência à compressão da alvenaria, num procedimento semelhante ao admitido pela NBR 10837.
Tabela 5.2 - Resistência da alvenaria - Blocos vazados com altura/largura entre 2,0 e 4.0.
0 HILSDORF. H. K. (1969) Investigation info failure mechanism of brick masonry loaded in axial compression.
de diferentes módulos de elasticidade dos materiais usados para a execução dos prismas. Francis
et ai se basearam na deformação unitária dos materiais para fundamentar o seu modelo, enquanto
que Hilsdorf baseou-se nos esforços resistidos pelos materiais. Entretanto, adotaram as m e s m a s
hipóteses para as formulações das suas teorias:
Figura 5.2 - Estado de tensões atuantes nos blocos e nas juntas de argamassa.
c) distribuição uniforme das tensões laterais para cada um dos materiais ao longo da altura;
d) teoria de ruptura de Mohr (envoltória de Coulomb) adotada para expressar a ruptura
do bloco de concreto submetido a um estado biaxial de tensão;
e) o graute é suposto como tendo as mesmas características de um concreto convencional
sob um estado de compressão triaxial.
Dois modelos de ruína foram propostos, dependendo do componente que primeiro atinge
a sua tensão de ruptura sem confinamento: o graute ou o conjunto bloco-argamassa. Quando o
graute atinge primeiro a sua capacidade de resistência a esforços de compressão não confinada,
grande expansão lateral ocorre devido a deformações inelásticas provocadas pela sua microfissuração.
As faces do bloco tendem a impedir essa deformação e a confiná-lo, resultando em um estado de
tensões de tração. Essas tensões associadas às tensões de tração provocadas pela deformação da
argamassa provocam a ruptura prematura das faces dos blocos, conforme figura 5.3.
Quando as faces dos blocos atingem a sua tensão máxima à compressão antes do
graute atingir a sua tensão de compressão não confinada, o graute se encontra submetido a
deformações elásticas. Portanto, as faces dos blocos irão apenas restringir as deformações da
argamassa e a tensão de ruptura apresenta outro valor. Nesse caso, a resistência da parede será
controlada tanto pela ruptura das faces dos blocos quanto pela resistência do graute. Para graute
muito resistente ou com grandes seções transversais, é possível que mesmo após a ruptura dos
blocos o conjunto permaneça resistindo a cargas mais elevadas.
De fato, n e n h u m dos métodos teóricos apresentados tem condições de prever c o m
razoável segurança a resistência de paredes à compressão. Isso pôde ser comprovado por Garcia
(2000). Assim, o objetivo de mencioná-los aqui é muito mais discutir as suas hipóteses e os seus
mecanismos de ruptura, esses sim bastante interessantes, do que aproveitar as expressões que
foram deduzidas. Aliás, essas expressões n e m são aqui apresentadas principalmente pelas razões
expostas acima, podendo ser encontradas com detalhes em Garcia (2000).
w,
Z 7
Bloco Prisma
Graute Argamassa
Z7T
Figura 5.3 - Estado multiaxial de tensão de um prisma grauteado.
5 . 3 C A R A C T E R Í S T I C A S G E O M É T R I C A S P A R A E L E M E N T O S DE A L V E N A R I A
Nos casos usuais, a espessura efetiva de uma parede de alvenaria é sua espessura real,
portanto, descontando-se revestimentos que possam estar presentes. Entretanto, algumas normas,
dentre elas a BS 5628 e a NBR 10837, permitem que se considere uma espessura efetiva equivalente
quando se tem a presença de enrijecedores. A expressão genérica para o caso seria a equação 5.6.
Quanto aos valores de Ô, a tabela 5.4 e a figura 5.5 devem esclarecer adequadamente a questão.
...(5.6)
E m que,
t e ,: espessura efetiva
pn•
r • • •1/
• /
• •
Em todo caso, algumas normas também apresentam valores absolutos mínimos para a
largura efetiva de paredes portantes e pilares. A NBR 10837 menciona 14 c m para as paredes arma-
das, subentendo-se que esse limite valha também para as alvenarias não-armadas. O ACI 530, no seu
item de dimensionamento empírico, especifica 20 cm, exceto para edificações de apenas um andar,
para as quais o mínimo é 15 cm. Recomenda-se que esses limites mínimos de espessura absoluta
sejam utilizados com bom senso. Existem casos e m que eles se revelam muito conservadores.
5 . 3 . 2 ALTURA EFETIVA
a) quando existe travamento na base e no topo, a altura efetiva deve ser a própria altura
O ACI 530 acrescenta que nos casos e m que se puder calcular os pontos de inflexão da
elástica da posição deformada, a altura efetiva deve ser a distância entre esses pontos.
A BS 5628 é menos conservadora nas suas recomendações. Suas prescrições podem
ser resumidas no seguinte:
a) quando existe travamento "reforçado" na base e no topo, a altura efetiva deve ser
7 5 % da altura real da parede (h^ = 0,75 h);
b) quando existe travamento "simples" na base e no topo, a altura efetiva será a própria
altura real do elemento (h = h).
5.3.3 ESBELTEZ
A esbeltez é definida usualmente pela divisão da altura efetiva pela espessura efetiva,
ou seja, X = h e! / t e| . A NBR 10837 apresenta, para esse parâmetro, os valores limites que estão
organizados na tabela 5.5.
Já o ACI530 é mais prático sobre esse aspecto, especificando apenas que o comprimento
efetivo das abas deve ser de seis vezes a espessura da parede para cada lado onde houver aba a
ser considerada. Recomenda-se que essa seja a prescrição adotada, pois as recomendações da NBR
10837 tornam a consideração mais complexa, sem acrescentar qualquer benefício significativo.
- I I - - I I -
h/2 h/2
Figura 5.7 - Comprimentos de trechos rígidos para os lintéis.
5 . 4 . 1 PARÂMETROS DA N B R 10837
A tabela 5.6 faz um resumo das prescrições da NBR 10837 para as tensões admissíveis
da alvenaria não-armada. De forma semelhante, a tabela 5.7 apresenta as prescrições para a
alvenaria armada.
Uma consideração importante pode ser feita e m relação à tabela 5.6. Percebe-se que
existe a possibilidade de se adotar a resistência de paredes, medida e m ensaio normalizado pela
NBR 8949 - Paredes de Alvenaria Estrutural - Ensaio à Compressão Simples 1 3 , para se obter a
tensão admissível à compressão para a alvenaria não-armada. E os valores colocados confirmam
o valor da eficiência parede-prisma como sendo 0,7.
Além disso, através da comparação de valores prescritos nas tabelas 5.6 e 5.7, pode-se
verificar que a contribuição da armadura para a resistência à compressão é pequena, apenas 1 2 %
a mais no valor da tensão admissível.
Parede 0.225 f , R
Compressão 0.33 f r S 6.2
Tensões
normais
armadura
o
c So ^ < 1 0.17 J I 0.35
0 Vxd
E
CO
.c
Vigas 0.25 1
1 Peças
O lietídas com
armadura CO G> 0.12 J J 0.5
para todas as i l
tensões de £ 2.
cisalhamento s® 0.17 J J 0.8
773<x
0
"O O Em toda a espessura da parede 0.250 Í P
,3 3 Em 1/3 da espessura (mínimo) 0.375 r r
1 § Entro os limites acima Interpolar os valores anteriores
Aderência 1.0
5 . 4 . 2 PARÂMETROS DA B S 5 6 2 8
Conforme já foi mencionado, a BS 5628 baseia-se no método dos estados limites. Portanto.
seus valores de resistência de cálculo são derivados de valores característicos.
Essas resistências características podem ser obtidas na própria norma através de valores
tabelados, como os que foram apresentados na tabela 5.2, ou através de gráficos, como o que se
...(5.8)
Em que,
26 0,45 0,38 - -
27 0,40 0,33 - -
O valor de e <t por sua vez, ó calculado segundo o que se apresenta nas equações 7.9,
para laje atuando por apenas um lado da parede, e 7.10, laje atuando pelos dois lados. Os valores
de C,, carga centrada que vem dos pavimentos superiores, C 2 e C 3 , cargas c o m excentricidade
que v ê m das lajes no próprio nível considerado, podem ser vistos na figura 5.10.
C 2 (t/6)
e = ...(5.9)
C , + C2
(C?- C 3 )t/3
e =• ...(5.10)
c,+ c 2 + c .
w w
Figura 5.10 - Valores de C,, C2 e C 3 para cálculo das excentricidades.
Por fim, ym, que é o coeficiente se segurança parcial para o material, pode ser obtido na
Categoria do controle na
Valores de Ym construção
Especial Normal
Categoria do controle Especial 2,5 3,1
na produção dos blocos Normal 2,8 3,5
Pedreschi (1998) cita ensaios realizados com prismas feitos c o m diferentes blocos, nos
quais t a m b é m foram variáveis o tipo de argamassa, o padrão de assentamento e a direção do
carregamento (paralelo ou perpendicular à junta de assentamento). Para blocos de concreto, esse
autor obteve do conjunto de ensaios a expressão E alv = 1000 f p . Sugere, no entanto, adotar como
módulo d e elasticidade, para todos os tipos de blocos, o valor E alv = 900 f p , uma vez que os
parâmetros obtidos são aproximados e difíceis de serem medidos.
Andrade (1998) apresenta ensaios realizados por diversos autores, como Gallegos (1989),
Drysdale (1994) 14 apud Andrade (1998) e Gomes (1983). Estes propuseram limites de variação de Ç,
sugerindo as relações 400 f p < Ea>, < 1 2 9 0 f p , e concluíram que algumas normas estrangeiras
superestimam os valores de E1tv e G r v , adotando ç = 1000. Como valor de referência, é proposto o valor
Ç = 750 para alvenaria de blocos de concreto e Ç = 500 a 600 para alvenaria de tijolos cerâmicos.
Amrhein (1998) utiliza ç = 750 para o cálculo do módulo de elasticidade, tanto na resolução
de exemplos como t a m b é m na confecção de ábacos e tabelas, e o texto da ABCI (1990) sugere o
uso de E alv = 1000 f p . Além de todos esses números, a NBR 10837 apresenta valores ainda mais
discrepantes, pois prescreve 400 f„ para o módulo de deformação longitudinal e 200 f p para o
módulo de deformação transversal para blocos de concreto.
C A P Í T U L O
6.1 INTRODUÇÃO
Neste texto, optou-se por apresentar o s dimensionamentos pelo ponto de vista das
solicitações, e não dos elementos em si. Esta opção pareceu mais conveniente, pois elementos do
mesmo tipo podem estar submetidos a solicitações variadas, dependendo dos casos específicos
que se considere. Por exemplo, uma parede pode estar submetida desde a uma compressão
simples até a uma flexão composta oblíqua.
De fato, deve-se considerar que na realidade quase todos os elementos presentes numa
estrutura acabam sendo submetidos a um estado combinado de solicitações. Paredes submetidas
à compressão simples na realidade não existem, pois as excentricidades inevitáveis nas aplicações
dos carregamentos têm como conseqüência uma solicitação mais complexa do que a que se
imagina inicialmente. O que se admite é que sendo uma dessas solicitações muito pequena em
relação às demais, ela possa ser desconsiderada e, por simplicidade, um determinado elemento
possa ser dimensionado com segurança através de um procedimento mais simples.
Mesmo assim, no início de cada item se apresentam algumas indicações sobre quais elementos
são com mais freqüência submetidos àquela solicitação considerada. O objetivo é realizar a ligação
entre a solicitação analisada e a situação de projeto na qual ela é provavelmente mais importante.
6 . 2 . 1 TENSÃO ATUANTE
A tensão atuante e m elementos comprimidos será sempre a carga dividida pela área da
seção transversal desse elemento. A NBR 10837 e a BS 5628 trabalham com a área bruta da seção
dos elementos, portanto desconsiderando a existência de vazios. Já o ACI 530 considera a área líquida,
e dessa forma a área da seção transversal deve ser calculada descontando-se a área de vazios.
Já com a BS 5628 ocorre uma situação diferente. Nesse caso, existem coeficientes parciais de
segurança a serem aplicados aos carregamentos, transformando-os de valores característicos e m valores
de cálculo. Um resumo dos valores de y, apresentados por essa norma podem ser vistos na tabela 6.1.
Carregamentos
Combinação
Permanente Variável Vento Terra/Agua
Permanente e variável 0,9 ou 1,4 1,6 - 1.4
Permanente e vento 0,9 ou 1,4 - 1.4 1.4
Permanente, variável e vento 1.2 1.2 1.2 1.2
Dano acidental 0,95 ou 1,05 0,35 - 0,35
6 . 2 . 2 COMPARAÇÃO DE DIMENSIONAMENTOS
a) espessura 14 cm;
b) alturas 240, 260 e 280 cm;
c) resistência média de prisma de 8 MPa;
d) resistência característica de parede de 4,7 MPa;
e) contraventamento por laje de concreto armado na base e no topo;
f) tensão atuante para 80% de cargas permanentes e 2 0 % de cargas variáveis;
g) excentricidade das cargas menor ou igual a 5% da espessura.
Finalmente, a tabela 6.3 resume os resultados obtidos para a referida tensão máxima
que pode ser aplicada na parede segundo as condições anteriormente especificadas.
Uma observação dos resultados obtidos permite perceber que a BS 5628 fornece
resultados bem mais conservadores que o ACI 530 ou mesmo a NBR 10837. Mesmo considerando-
se o controle especial tanto para a manufatura das unidades como para a execução da obra, as
diferenças chegam a 20% em relação à NBR 10837 e a 30% em relação ao ACI 530.
A extensa utilização da NBR 10837, e também do ACI 530, não traz evidências de que a
segurança esteja sendo minimizada por esses dois códigos. Então, parece ser o caso de se imaginar
que a BS 5628 poderia reduzir u m pouco seus coeficientes. Especialmente o coeficiente ym parece
u m pouco exagerado, quando se considera que está aplicado sobre uma resistência característica
de parede. Se sua faixa de variação fosse alterada para algo entre 1,8 e 2,3, provavelmente os
resultados obtidos continuariam a ser seguros e poderiam ser considerados mais satisfatórios.
Quanto à utilização em si, os procedimentos baseados nas tensões admissíveis são realmente
mais simples de ser aplicados. Entretanto, até mesmo considerando-se as normas existentes para os
demais materiais utilizados e m estruturas, a tendência aos estados limites parece ser irreversível.
Ademais, a maior complexidade da BS 5628 não compromete a sua correta utilização, especialmente
quando se dispõe de recursos computacionais fartos e relativamente baratos para viabilizá-la.
Tabela 6.3 - Máxima tensão na área bruta para a parede exemplo (MPa).
Já a NBR 10837, que adota o método das tensões admissíveis, busca garantir distância apropriada
entre as tensões atuantes e as que provocam o escoamento ou ruptura dos materiais. Nesse método, as
tensões resistentes devem ser calculadas admitindo comportamento elástico e linear do material.
Dessa forma, conforme já se explicou no início deste capítulo, aqui serão apresentadas
as hipóteses básicas da NBR 10837, e o equacionamento desenvolvido tomará por base as suas
considerações. Se o enfoque fosse o d a BS 5628, todo o equacionamento seria o m e s m o já
tradicionalmente apresentado para a flexão simples de elementos de concreto armado. Até m e s m o
tabelas e á b a c o s desenvolvidos para o concreto p o d e r i a m ser utilizados, bastando tomar a
resistência à compressão adequada. No caso, a BS 5628 menciona que a resistência à compressão
da alvenaria na flexão deve ser a metade da prescrita para compressão simples.
O item 5.2.2 da NBR 10837 é que fixa as hipóteses de cálculo dos elementos fletidos.
Para maior clareza, apresentam-se as suas prescrições, que são as seguintes:
"...Os componentes fletidos são calculados no Estádio II. Nestes cálculos, as hipóteses
básicas são as seguintes:
É interessante ressaltar que no Estádio II supõe-se que a alvenaria não suporte tensões
de tração, que deve ser totalmente resistida pelas armaduras. Além disso, o comportamento dos
materiais é admitido como sendo linear, ou seja, supõe-se aplicável a lei de Hooke, até os limites
admissíveis das tensões.
6 . 3 . 3 EQUACIONAMENTO BÁSICO
aço e na alvenaria, serão referenciadas por parâmetros adimensionais k, e k^, relacionados à altura útil:
...(6.1)
...(6.2)
Além disso, serão utilizadas duas grandezas auxiliares: a razão de tensões m e a razão
modular n. Elas são definidas como:
=m ...(6.3)
=n ...(6.4)
...(6.5)
f aV= E *v e a
_ d - x 1 -k
...(6.6)
x " k
...(6.7)
p= ...(6.8)
bd
m= ...(6.9)
2p
...(6.10)
L
segundo grau:
M = fs As k. d ...(6.13)
M
f = ...(6.14)
a _ 1 _M M_ k = ...(6.15)
' f.k. d * d em que. f A
f _ 2 M ...(6.17)
* kx kz bd:'
k. = ...(6.18)
LM3-k)
n
kx = ...(6.19)
n+m
P= ...(6.20)
2m (m + n)
Nesse caso, a posição da linha neutra e a taxa de armadura podem ser facilmente obtidas
c o m as relações 6.19 e 6.20:
" n + m. ...(6.21)
M
4> ...(6.23)
K> x Krt. b x f irfv.l
No dimensionamento subarmado, que ocorre quando a altura útil disponível é maior ou igual
à necessária ao dimensionamento balanceado, d • d b , não são conhecidas, de início, as tensões
desenvolvidas na alvenaria, sendo que apenas o aço estará submetido à tensão admissível, ou seja:
Então, deve ser utilizado um processo iterativo para a determinação da posição da linha
neutra e da área de aço necessária ao elemento. Esse procedimento pode ser realizado c o m o
auxílio da planilha de cálculo apresentada na tabela 6.4. O processo iterativo pode ser iniciado
c o m o valor de prosseguindo até a convergência deste parâmetro, ou seja, quando a diferença
entre a última e a primeira coluna estiver dentro de uma margem considerada satisfatória.
Caso a altura útil seja menor que a do dimensionamento balanceado, ou seja, d < d^,
uma das opções que se pode adotar é o dimensionamento superarmado, no qual a tensão admissível
da alvenaria é atingida antes que a do aço. Portanto, tem-se:
'a* ~ ^Ar.l
Então, utilizando-se a equação 6.16, com a expressão de kalw que aparece em 6.18, e o
valor limite para f a v , obtém-se:
...(6.24)
...(6.25)
t x F f alv.l
P=- ...(6.26)
2 n (1 - k,)
M
f = ...(6.27)
A M "fw
d-x
A/
z
d-d"
— * —
O momento M pode ser obtido da equação 6.16 quando se utiliza f igual ao limite
admissível, ou seja:
bd 2 ...(6.28)
M0 = U i ~2
1 Mo
...(6.29)
LK
«,1 Ib 6
...(6.30)
x - d' x-d
...(6.31)
x-d s 4 x- d
R _ AM
...(6.33)
A . AM AM x d - x x 1
...(6.34)
f 5 (d - d') " (d - d ' ) " x - d' í,
6.4 CISALHAMENTO
O cisalhamento ocorre normalmente em conjunto com a solicitação por momento fletor. Vergas,
vigas ou paredes que participam do sistema de contraventamento são os elementos nos quais o cisalhamento
deve ser usualmente verificado. Essa solicitação também ocorre em paredes de arrimo ou de reservatórios,
mas, devido ao fato de esses elementos trabalharem segundo a direção de menor inércia, é muito pouco
provável que nesses casos ocorram tensões cisalhantes que ultrapassem os limites admissíveis.
6 . 4 . 1 TENSÕES ATUANTES
Em que,
V: esforço cortante
A: área da seção transversal do elemento
V
T_V. = ...(6.37)
bd
Em que,
V: esforço cortante
b: largura da seção
d: altura útil, ou seja, distância da face comprimida ao centróide das armaduras tracionadas
Como referência interessante, menciona-se que a BS 5628 adota sempre a tensão atuante
como sendo a força cortante dividida pela área da seção transversal, mesmo no caso de alvenarias
armadas. É uma posição defensável e pode ser adotada mesmo por quem pretende utilizar os
valores limites recomendados pela NBR 10837. Nesse caso a expressão 6.36 poderia ser
considerada tanto para alvenaria armada como para alvenaria não-armada.
Já o ACI 530 recomenda que a tensão atuante seja calculada da forma apresentada pela
expressão 6.36. ou seja, força cortante divida pela área, apenas quando parte da seção transver-
sal estiver submetida a tensões normais de tração. Caso a seção apresente apenas tensões de
compressão, a tensão de cisalhamento atuante deve ser calculada pela expressão tradicional da
resistência dos materiais, força cortante vezes momento estático, divididos pela espessura e pelo
momento de inércia à flexão.
Como última recomendação importante, deve-se observar que no caso de seção trans-
versal em forma de T, I ou L, as abas não devem ser consideradas no cálculo da tensão de
cisalhamento. Todo o cisalhamento deve ser absorvido pela alma da seção transversal do elemento.
No caso de elementos de alvenaria armada, deve-se fazer uma distinção entre peças fletidas
sem armadura para resistir às tensões de cisalhamento e aquelas que possuem armaduras para resistir
a toda tensão de cisalhamento atuante. Dentro de cada um desses grupos ainda é importante se destacar
o caso de vigas ou vergas e o caso de pilares paredes. Mais especificamente ainda, para pilares parede,
ainda há duas condições: a situação em que o momento fletor é preponderante e a situação em que a
força cortante é preponderante. Entretanto, localizado o valor a ser utilizado para o elemento e a circunstância
específica que se analisa, não existe nenhuma outra dificuldade a ser considerada pois todos os valores
sâo simplesmente definidos em função da raiz quadrada da resistência de prisma. Basta, como no caso
das alvenarias não-armadas, comparar o valor de xaV com o limite adequado.
Biela de
Compressão
A =. Vs
...(6.39)
f s l z (cota + cotp) sena
A, =. Vs
...(6.40)
f M d (cota + sena)
A = -V§_ ...(6.41)
4W"
Para a correta utilização da expressão 6.41, deve-se lembrar que o espaçamento "s"
precisa ser considerado e m relação à dimensão dos blocos, pois é totalmente inadequado se
prever furos para a colocação das armaduras. Assim, o correto é se adotarem espaçamentos de
20 e 40 c m para blocos de comprimento múltiplo de 2 0 cm, ou espaçamentos de 15 e 30 cm,
quando da utilização de blocos de comprimento múltiplo de 15 cm.
Além disso, a tensão admissível do aço deve se limitar aos valores apresentados na
tabela correspondente do capítulo anterior. Essa observação é importante, pois a NBR 10837
limita essa tensão a valores relativamente baixos, 165 MPa para os casos usuais.
máximos a serem observados tanto para o caso dos estribos quanto para as barras dobradas a 45°. O
fissura fissura
A flexão composta, em que ocorre interação entre carregamento axial e momentos fletores,
é t a m b é m uma solicitação muito c o m u m e m elementos de alvenaria estrutural, particularmente
q u a n d o se a n a l i s a m estruturas portantes d e edifícios. Nestes, a l é m de s u p o r t a r as cargas
gravitacionais, as paredes que fazem parte do sistema de contraventamento lateral resistem às
ações horizontais provenientes do vento e do desaprumo.
E m que,
Se a relação 6.42 for atendida, isso significa que a seção transversal estará submetida a
tensões menores que aquelas que podem ser resistidas pela alvenaria não-armada. Nesse caso,
não será realmente necessário se lançar mão de armaduras para resistir a essas tensões, bastando para
tanto verificar as tensões de compressão conforme as expressões 6.43 ou 6.44 apresentadas a seguir.
Em caso contrário, quando a tensão admissível de tração é ultrapassada, deve-se providenciar
armaduras para absorvê-la. Então, será necessário considerar o equacionamento apresentado no
item subseqüente para se conseguir a solução do problema.
É interessante observar-se que na relação 6.42 a NBR 10837 está implicitamente admitindo
que 75% das cargas verticais são permanentes. Tal consideração é, em muitos casos, conservadora.
Para edifícios residenciais essa parcela varia de 80% a 85%. Pode-se considerar que é razoável verificar
em cada caso qual a parcela de carga permanente e utilizá-la na verificação da tração.
Exista ou não tensão de tração acima do limite admissível, as tensões de compressão advindas
dos carregamentos combinados devem satisfazer a uma das expressões de interação apresentadas a
seguir. Quando para o cálculo das tensões atuantes estiverem sendo consideradas apenas as cargas
permanentes e ações variáveis, a verificação será feita através da relação:
nt/.c
<1,00 ...{6.43)
f
Em que,
r v c : tensão de compressão atuante
W • t e n s ã o admissível à compressão
f . : tensão de flexão atuante
f a y f : tensão admissível de flexão
Caso a ação dos ventos também esteja sendo considerada na combinação, a NBR 10837
prescreve que o limite das tensões pode ser acrescido de 33%. Isso significa verificar a combinação
através da relação:
6 . 5 . 2 EQUACIONAMENTO BÁSICO
d cr
h/2 m
r q ü j
c. = ...(6.45)
...(6.46)
A tensão f a v , que aparece na figura 6.5, é a tensão total na alvenaria, ou seja, a soma da
tensão devida à compressão e à flexão:
O valor devido à compressão pode ser obtido simplesmente pela divisão da força normal
atuante pela área da seção transversal:
Já a tensão devida à flexão pode ser estimada através das expressões 6.43 ou 6.44,
dependendo da combinação incluir ou não a ação do vento. Essa é a situação ideal para se obter
o dimensionamento mais econômico nos casos usuais de flexão composta em edifícios, em que a
tensão de compressão é normalmente significativa. Isso ocorre porque quanto maior a tensão na
alvenaria menor a profundidade da linha neutra e isso tende a melhorar o aproveitamento da
armadura. Dessa forma, quando a ação dos ventos não estiver sendo considerada, tem-se:
...(6.49)
Já para o caso mais comum, pelo menos para os edifícios residenciais, no qual o momento
é justamente provocado pela ação dos ventos, pode-se escrever:
...(6.50)
...(6.51)
Mas a força normal deve ser igual à diferença entre a resultante de compressão C e a
tração T. Assim:
T = C - N = -Í-IJJX-N ...(6.52)
O momento fletor M, por sua vez, deve ser igual à soma das contribuições das forças de
tração e compressão. Então, pode-se escrever:
C . C, + T . C, = M ...(6.53)
_Lf f jtacíi-4-l+í-í-fJW-NlíA.tf
L =M ...(6.54)
l2
Reorganizando a equação anterior, tendo como incógnita a profundidade x da linha
neutra, obtém-se:
Assim, a equação do segundo grau 6.55 pode ser escrita, de maneira sintética, como sendo:
Em que,
Resolvendo a equação 6.56, e tomando apenas a raiz que interessa, isso resulta:
x _ • a< • V a » 2 ' 4a ? a 0
...(6.57)
2a,
É óbvio que o valor de x deve ser um número real, positivo e menor que a altura útil da
seção. Se isso não ocorrer, o dimensionamento deve ser interrompido. Entretanto, se essas
condições forem atendidas, resta estabelecer o valor da tensão de tração no aço. Isso pode ser
feito através da utilização de outras hipóteses admitidas para o problema. A manutenção da seção
plana permite escrever a seguinte equação de compatibilidade de deformações:
...(6.58)
...(6.59)
f
f ~d~x « ...(6.60)
A tensão no aço deve resultar menor que a tensão admissível, Caso isso não ocorra,
pode-se tentar reduzir a tensão fa. . e reiniciar o processo a partir da equação 6.51. Normalmente
essa providência produz bons resultados. Com a redução da tensão de compressão na alvenaria
para valores abaixo do máximo permitido, consegue-se reduzir também a tensão no aço, obtendo-
se, como conseqüência, uma área de armadura maior que aquela que seria calculada inicialmente.
Ao contrário, também pode ocorrer o caso em que o valor de fs calculado seja muito
menor que o valor admissível. Então, a solução será antieconômica, por causa do aproveitamento
deficiente da armadura. Essa situação ocorre normalmente quando o valor de x aproxima-se da
altura útil d. Nesse caso, a solução seria a utilização de uma alvenaria mais resistente. Aumentando-
se a tensão iaW aumenta-se também a tensão na armadura, reduzindo-se a área de aço calculada.
De qualquer modo, uma vez definida a tensão no aço, pode-se determinar a área da
armadura de tração que é dada por:
...(6.61)
O processo assume que a seção é homogênea, mas que a tração é suportada pelas
armaduras. Sua utilização é bastante simples, mas implica considerar que o aço estará submetido
a deformações que produzam uma tensão igual à admissível. Isso normalmente não é correto,
considerando-se as hipóteses de que as seções planas permanecem planas e que a deformação
é proporcional à distância até a linha neutra.
Entretanto, Amrhein (1998), que sugere um processo semelhante, tenta justificar que se
possa assumir a tensão no aço com seu valor admissível pelos seguintes motivos:
a) determinação das tensões atuantes de tração, ft, e compressão, f a V bem como a posição da
linha neutra, figura 6.6, através das expressões clássicas da resistência dos materiais.
f = Ü + -M
A W ...(6.62)
f = _N_ M_
1 A ' W ...(6.63)
determinação d
d) determinação da área de aço.
\ - ==J5,1
A f- ...(6.65)
7
Exemplos de Aplicação o
cu
"D
7.1 INTRODUÇÃO rr
C
O
Este capítulo t e m por objetivo apresentar alguns exemplos d e aplicação s o b r e os
dimensionamentos apresentados no capítulo anterior. Os dimensionamentos são apresentados de acordo
com as prescrições da NBR 10837 - Cálculo de Alvenaria Estrutural de Blocos Vazados de Concreto'.
7 . 2 E X E M P L O S DE C O M P R E S S Ã O SIMPLES
7 . 2 . 1 EXEMPLO 1
SOLUÇÃO:
70 kN/m
Laje
Laje
400 cm i i
1414 cm
Elevação Corte
Igualando as duas tensões 0,175 fp = 0,5 MPa, chega-se a uma resistência mínima de
prisma de 2,86 MPa, referida à área bruta.
Com eficiência de 0,7, pode-se determinar a resistência mínima do bloco.
2,86
, 4 - 4 = 4,09 MPa
0,7
Deve-se adotar, então, 4,5 MPa, já que esse é o valor mínimo de resistência de bloco de
concreto para que a alvenaria possa ser considerada estrutural.
7 . 2 . 2 EXEMPLO 2
Qual a carga máxima de compressão que pode ser aplicada no pilar de 5 m de altura,
contraventado na base e no topo, sabendo-se que a resistência de prisma cheio é de 10 MPa e
que ele deverá ser armado com aço CA 50A?
SOLUÇÃO:
No exemplo anterior qual a máxima carga admissível no pilar, se for utilizada armadura
composta por 4 0 16 mm?
SOLUÇÃO:
4x201
A taxa de armadura, neste caso, é p = = 0,53%
39 x 39
Observe-se que uma redução de 50% na área de aço produziu uma diminuição da carga
7 . 3 . 1 EXEMPLO 1
DADOS:
Mx d
14
n= 210000 = 27,63
En„ 7600
l Jrv.i
, = 0.33 x f p = 0.33 x 0,950 = 0,3135 kN/cm*
M = i L í i l = 6,75 kN x m = 675 kN x cm
8 8
D e t e r m i n a n d o i n i c i a l m e n t e a a l t u r a útil q u e c o r r e s p o n d e a o dimensionamento
balanceado, tem-se:
f a v i = f v i = 0,3135 kN/cm?
f, = 7, = 16,5 kN/cm?
M t = J f _ = _ Ü L . = 52,63
1m, 0,3135
= 2 A 6 3 = 0.344
n + m„ 27,63 + 52,63
K 0.344
k = 1 - - f = 1 — 1 — = 0,885
3 3
d= / _ ? I = 31,8 cm
V MKb bxT, Y 0,344 x 0,885 14 x 0,3135
A. = = 675 = 1 M cm?
f. x k / b x d 16,5x0,885x32
A, x d A, x 31,8
k = = —s — = 0,0685 >A, = 1.45 cm2
M 675
O conjunto de tabelas III permite a resolução direta do problema da flexão simples para a
situação de dimensionamento balanceado, fornecendo a altura útil e a armadura necessária a esta situação.
Assim, para a situação de f p = 9,5 MPa, tabela III C, entra-se com o valor da largura útil,
b = 14 cm, e do momento solicitante, M = 675 kN x cm. Interpolando-se os valores de "d" fornecidos,
facilmente obtém-se: d = 31,7 cm.
Es 210000
n= = = 27,63
7600
\ 16,5
= 52,63
L 0,3135
n 27,63
52,63
M = = = 6,75 kN x m = 675 kN x cm
8 8
Utilizando a tabela IV, para o valor de k y que mais se aproxima de k .b, calculado, obtém-
se o valor de k m = 0,153. A partir deste valor, pode-se calcular a altura útil que correspondente ao
dimensionamento balanceado, na forma:
« J - SZ5 =31,7 cm
k,nxf^xb V 0,153
0,í"~ x 0,3135 x 14•
Nesta mesma linha da tabela, obtém-se n x p = 0,0915, que fornece a área de armadura
para esta situação. Assim:
A A
nx p= nx i - = 27,63 x = 0,0915 >A = 1,47 cm2
1 bxd 14x31,7
ns — a 210000 a27,63
E^ 7600
m = ^ - = 16'5 =52,63
b ft 0,3135
Como o momento máximo atuante é de 675 kN x cm, pode-se calcular a altura útil que
d . , M x t f . «7SX1M1» ^
f^xb V 16,5x14
7 . 3 . 2 EXEMPLO 2
DADOS:
fp = 9,5 MPa = 0,950 kN/cm?
Mx 33
G-
19
SOLUÇÃO:
210000
n= = 27,63
E* 7600
= = = 52.63
U. 0,3135
27.63
K = = 0,344
n + mb 27,63 + 52,63
K 0,344
k. = 1- — = 1 — = 0,885
Ib 3 3
M 315
= 18,6 cm
• K * K b xf 0,344x0.885 19x0,3135
Como a altura útil disponível é maior que a necessária ao dimensionamento balanceado,
realiza-se o dimensionamento para seção subarmada. A planilha a seguir organiza os passos do
dimensionamento iterativo.
Passo kt k. A. nxp k. k.
1 0,8850 0,0685 0,654 0,0288 0,2129 0,9290
2 0,9290 0,0652 0,623 0,0274 0,2084 0,9305
3 0,9305 0,0651 0,622 0,0274 0,2083 0,9306
bem como facilmente verificar a tensão na alvenaria e no aço (fVi, = 0,155 kN/cm 2 e f s = 16,5 kN/cm 2 ),
que caracterizam a situação esperada (seção subarmada). Assim, a armadura necessária à seção
7 . 3 . 3 EXEMPLO 3
DADOS:
fp = 9,5
9.5 MPa
M = 0,950 kN/cm?
Mx 33
- 1 9 - 4
Figura 7.4 - Exemplo 3 de flexão simples.
SOLUÇÃO:
n s l = 210000 = 27,63
Eaftf 7600
n ^ 52,63
L,.f 0.3135
k = =
27'63 0.344
n + mo 27,63 + 52,63
k, 0.344
k l( = 1 — — = 1 - — — = 0,885
'b 3 3
d = /__? M I 2 1220 = 3 6 6 8 c m
b V K*Kb b x?^ V 0.344 x 0.885 19 x 0,3135
Como a altura útil disponível (33 cm) é menor que a necessária ao dimensionamento
balanceado, será realizado o dimensionamento para seção superarmada e também para a situação
de armadura dupla.
k 2 - 3k + 6 X M =0
x b x d2x f ^
a x k / + b x ks + c = 0
6 x 1220 , .00,
a= 1 b=- 3 c= = 1,1285
19 x 33 2 x 0,3135
N o d i m e n s i o n a m e n t o c o m a r m a d u r a d u p l a deve-se inicialmente d e t e r m i n a r o m o m e n t o
d e k b e k / b , já c a l c u l a d o s , t e m - s e :
As áreas de armadura tracionada e comprimida (A s e A s ') podem ser obtidas então a partir de:
! M0 M - M0 1 987,39 _ 1 2 2 0 - 9 8 7 , 3 9
Ai ~ L x k » * + L x < d - d ')" 16,5 x 0,885 x 33 " 16,5 X <33 ~ 4)
para o d i m e n s i o n a m e n t o o u verificação d a s s e ç õ e s .
u m a área d e a r m a d u r a c o m p r i m i d a igual a:
k x M 0.1068x 1220 ,
A = — = — = 3.95 cm-
d 33
Para o d i m e n s i o n a m e n t o c o m a r m a d u r a dupla, d e t e r m i n a - s e :
b ^ = 19x332 = 9 8 8 5 8 k N x c m
° k ^ 20,93
= 0,1212
d 33
+ r\ _— »
xMo
+ k ^ x A M _ ~0 , 0 6 8 5 x 9 8 8 , 5 8 + 0.0606 x (1220 - 988,58)
k
f\ — A —
s 41 d d-d' 33 33-4
A% = 2.53 cm ?
M-M0 0.180 x (1220-988,58) , _ ,
% - s = i = 1,44 cm ?
d - d' 33-4
7 . 4 . 1 EXEMPLO 1
D e t e r m i n a r a a r m a d u r a n e c e s s á r i a à p a r e d e e s q u e m a t i z a d a n a figura 7.5, s a b e n d o - s e
q = 40 kN/m
t = 1 9 cm
£
o
o
CO
CM
L = 120 cm
/
d = 20 _ d = 100 cm
SOLUÇÃO:
E ^ = 800 x 9.5 = 7600 MPa
210000
n= = 27,63
7600
A máxima tensão devida à flexão que a seção pode suportar pode ser obtida calculando-se:
N 40x1,2
L.= = 0,0211 kN/cm2
b~t 120x19
Considerando-se a = 1,33, tem-se:
2xa
E então a tensão de tração no aço:
u A b c x f.
0,4055 1,2841 -385,225 10420 30,061 26,07
0,3500 1,1083 -332,500 10420 35,551 17,53
0,3000 0,9500 -285,000 10420 42,615 11,16
0,3400 1,0767 -323,000 10420 36,766 16,16
0,3425 1,0846 -325,375 10420 36,454 16,50
Nesta situação, pode-se determinar a área de aço, como apresenta a equação a seguir:
As = 4.28 cm2
Vale lembrar que esta área de armadura deve ser disposta segundo cada lado da parede,
pelo fato de a ação do vento poder se dar segundo um ou outro sentido. Deve-se ter o cuidado de
manter o CG da armadura de modo a se ter d' = 20 cm.
7 . 4 . 2 EXEMPLO 2
DADOS:
f p = 11.0 MPa = 1,10 kN/cm2
í s = 165 MPa = 16,5 kN/cm2
N = 12 kN/m
M = 3,50 kN x m/m
SOLUÇÃO:
n=- L = 2 1 0 0 0 0 =23.86
EaV 8800
A máxima tensão devido à flexão que a seção pode suportar pode ser obtida calculando-se:
N 12
L.. = = 0.0086 kN/cm2
** bxt 100x14
Como tentativa inicial, pode-se admitir que a máxima tensão de compressão é a que
A posição da linha neutra, x, pode ser expressa por uma equação de 2° grau. A fim de
(u > f 14 ^
C=N: — - d ' + M = 12 - - 7 + 3 5 0 = 350
\ 2 ) K 2 )
Podem ser posicionadas, por exemplo, dez barras de 8 m m de diâmetro por metro,
configurando A sofo) = 5,00 cm 2 /m.
7 . 5 E X E M P L O S DE CISALHAMENTO
7 . 5 . 1 EXEMPLO 1
DADOS:
V^lOkN
fp = 4 MPa
d = 33 cm
SOLUÇÃO:
o»l p
C o m o f cisl < í ctSl não há necessidade de se disporem armaduras de cisalhamento na
viga e m análise.
7 . 5 . 2 EXEMPLO 2
DADOS:
~f_
CS2 = 0.09VT
' p = 0,75 MPa - 1.00 MPa
16 (N/m
JL.
5m
Viga
40 kN
E
14 cmi o
io
40 kN
Seção
força cortante que pode ser absorvida sem armaduras de cisalhamento (V,).
V,1 ="fcwl, bd = 0,027 x 14 x 55 = 20,79 kN
Se for utilizado estribo de dois ramos pode-se adotar 4» 8,0 m m a cada 20 cm. Opcionalmente,
n
Região sem estribos
N1 o 8,0 (2 ramos)
4
N1 c / 2 0 ou N2 c / 2 0
O
A título de ilustração são aqui desenvolvidos a análise estrutural e o dimensionamento
de u m edifício de porte médio de alvenaria estrutural. O edifício possui oito pavimentos tipo, sendo
o primeiro apoiado diretamente sobre o solo e os demais em lajes de concreto armado, que, por
sua vez, se apoiam e m paredes de alvenaria estrutural de blocos de concreto. O edifício possui
ainda um pavimento de cobertura/casa de máquinas e u m ático, que engloba a mesa de motores
para o elevador e a caixa d'água da edificação. Para efeito d o vento, admite-se a velocidade básica
de 38 m/s, terreno de rugosidade categoria IV e vento de baixa turbulência. A alvenaria será não-
armada, de acordo c o m a definição adotada pela NBR 10837 - Cálculo de Alvenaria Estrutural de
Blocos Vazados de Concreto 1 .
S
OJ
14.00 C. máquinas
S pav.
14
11.20 S
CM
4 ! pav.
S
CM CM
8.40 Caixa
3' pav. 14 14:121 14
8 d'água
5.60 §
CM
2- pav. 14 256 14
8
CM
2.80 V
1 ! pav. E3
O
C
OO
J
89 106 89
A planta baixa do pavimento tipo é apresentada na figura 8.2. C o m base nas dimensões
apresentadas, pode-se perceber o módulo horizontal de 15 cm. Admite-se no presente exemplo
que todas as paredes sejam estruturais.
88888
I
2 14 151 14 226 14 271 14
5 õj O 2 ój ÕJ 45Í91 1 st 14 150 t' 76
r
!
J
NNSSJ 286 14 91 14
«- |l|
|;| N lu
n [t11UÍIII
1
14 391 14 271 14
255 91 45
Hall
lu o
Sala
Dormitório
o
ti!
Cozinha
Dormitório
Banho
E4 E3
8.2 C A R G A S VERTICAIS
Quanto às cargas devidas à mesa de motores e ao reservatório superior, a figura 8.4 apresenta,
em resumo, as cargas lineares aplicadas ao nível da laje de cobertura, incluindo-se o peso próprio das
paredes. Para a obtenção desses valores, adotaram-se os carregamentos indicados na tabela 8.2.
8.3 D I S T R I B U I Ç Ã O DAS C A R G A S V E R T I C A I S
Para a distribuição das cargas verticais foi adotado o procedimento dos grupos isolados de
paredes. Na presente análise apenas os trechos compreendidos entre o térreo e a cobertura serão
considerados. A nomenclatura adotada para as paredes e os grupos considerados é apresentada na
figura 8.5. Observe-se que é evitada a numeração de grupos simétricos. A delimitação de grupos foi
feita considerando-se a separação por aberturas. A tabela 8.3 apresenta as características geométricas
de cada grupo, b e m como as paredes que o constituem.
Com base nos resultados apresentados na tabela 8.3, podem-se acumular as cargas verticais
em cada grupo, encontrando-se os valores junto à base de cada parede e m cada um dos oito níveis
escolhidos para a análise. É o que se apresenta na tabela 8.4, que resume a distribuição de ações
verticais no edifício. Com os valores das resultantes em cada nível, podem-se obter as tensões normais
e m cada grupo, bastando dividir essas resultantes pela área total da seção transversal do grupo. É
Com base nos dados fornecidos é possível determinar os coeficientes de arrasto para o
edifício em análise. Os valores determinados são iguais a 0,95 e 1,36 para as direções X e Y de
atuação do vento, respectivamente. Para completar os cálculos das forças atuantes am cada andar
é necessário determinar o valor do coeficiente S 2 em cada nível, o que depende adicionalmente da
classe da edificação que no presente caso é a B, pois a maior dimensão frontal do edifício está
entre 20 e 50 m, tem-se a classe B. Assim é possível montar a tabela 8.5 que contém as forças
horizontais devidas ao vento em cada pavimento nas direções X e Y. A avaliação é feita em cada
pavimento, considerando-se área frontal que engloba meio pé-direito abaixo e meio acima do
pavimento. Observe-se que no caso do 8* nível, a altura considerada acima do pavimento é de todo
o ático da edificação, ou seja, 4,80 m e que para a direção Y o retângulo acima do nível considerado
possui largura de 2,84 m, e não os 16,04 m ao longo dos demais pavimentos.
Cota Pressão F„ F,
Nível
(m)
s2 (10 a kN/m*) (kN) (kN)
1 2,80 0,71 45,55 8.53 27,82
2 5,60 0,78 54,17 10,14 33,09
3 8,40 0,82 59,95 11,23 36,62
4 11,20 0,85 64,42 12,06 39,35
5 14,00 0,87 68,12 12,76 41.61
6 16,80 0,89 71,30 13,35 43.55
7 19,60 0,91 74,10 13,88 45.26
8 22,40 0,92 76,61 32,51 38.03
Para determinação das forças horizontais correspondentes ao desaprumo, com base na expressão
(4.1) foi utilizada a altura do modelo de 22,40 m. Assim tp = 1/100 x (22,40)"*, ou 9 = 2,113 x io 3 rad.
Para os níveis de 1 a 7, deve-se utilizar o peso de cada pavimento acima desse nível, ou
seja, P = 988 kN, que é o peso total de cada pavimento tipo (vide tabela 8.3). Assim se chega a
uma força equivalente ao desaprumo F d = P x (p= 2,09 kN para as direções X e Y.
Para o nível superior, deve-se utilizar o peso total acima desse nível, ou seja, P = 638 kN (vide
tabela 8.3). A força horizontal equivalente ao desaprumo é, neste caso, igual a F d = P x <p = 1,35 kN.
Compondo-se os valores devidos à ação do vento com os relativos ao desaprumo, chega-se ao
carregamento horizontal total em cada uma das direções de atuação do vento escolhidas neste exemplo.
8.5 DISTRIBUIÇÃO DAS A Ç Õ E S HORIZONTAIS
217
PX13
PX19
172 84
(A) Grupo da parede PY1 (cm) (B) Seção transversal composta (cm)
de todas as paredes orientadas segundo o eixo Y com relação ao seu eixo baricêntrico paralelo a
X. Assim, no caso da parede PY1, interessa o momento de inércia de flexão relativo ao eixo X
indicado na figura 8.6 (B), cujo valor é 0,817m 4 . Observe-se que as distâncias máximas ao eixo de
flexão, indicadas na m e s m a figura (1,496 m e 1,574 m), são necessárias para a determinação dos
módulos de resistência à flexão da seção transversal, que é feita dividindo-se o momento de inércia
por essas distâncias. Esses módulos são utilizados para a determinação das máximas tensões
normais produzidas pelo momento fletor atuante na seção transversal.
Direção X Direção Y
Nível
Força Cortante Momento Força Cortante Momento
(kN) (kN) (kN x m) (kN) (kN) (kN x m)
8 33,86 33,86 94,81 39,38 39,38 110,25
7 15,97 49,83 234,33 47,35 86,72 353,07
6 15,44 65,27 417,07 45,64 132,36 723,69
5 14,85 80,11 641,39 43,70 176,06 1216,65
4 14,15 94,26 905,32 41,44 217,50 1825,64
3 13,32 107,58 1206,55 38,71 256,21 2543,02
2 12,23 119,01 1542,01 35,10 291,30 3350,09
1 10,62 130,43 1907,20 29,91 321,29 4258,50
I n n*l
Parede PX R = 7a
(m4) (m1)
1 0.165800 2 0.331600 0.054363
2 0.029700 2 0,059400 0.009738
3 0.496200 1 0,496200 0.162695
4 0.016200 1 0.016200 0.005312
7 0.206300 2 0,412600 0.067642
9 0.040300 2 0.080600 0.013214
10 0.000420 2 0.000839 0.000138
13 0.236600 2 0,473200 0.077577
14 0.000994 2 0,001988 0.000326
15 0.257000 2 0.514000 0.084266
19 0.117800 2 0.235600 0.038624
20 0.004728 2 0.009456 0.001550
21 0.209100 2 0,418200 0,068560
1= 3.049883
I n'l
Parede PY n R = '/„
(m4) <m4)
1 0.817000 2 1,634000 0.100313
2 0.042710 2 0,085420 0.005244
3 0.001822 2 0,003644 0.000224
4 0.174100 2 0.348200 0.021376
5 0.005201 2 0,010402 0.000639
6 0.599200 2 1,198400 0.073571
7 0.719700 2 1,439400 0.088366
8 1.187000 2 2,374000 0.145742
9 0,454000 1 0,454000 0.055743
10 0,087840 1 0,087840 0.010785
11 0.149300 1 0,149300 0.018331
13 0.359900 1 0.359900 0.044189
1= 8.144506
Tabela 8.9 - Esforço cortante (V) e momento fletor (M) nas paredes PX1, PX4, PY1, PY8 e PY13.
O dimensionamento das paredes é feito mediante a análise da composição das tensões devidas
aos carregamentos vertical e horizontal em todas as suas seções transversais. No presente texto serão
verificadas as seções junto à base de cada parede, as mesmas nas quais foram determinados os esforços
solicitantes, entre o pavimento térreo e o de cobertura. Para completar a análise, é preciso estabelecer
mais alguns parâmetros de projeto. Adota-se argamassa de resistência característica 5 MPa, o que leva
a uma tensão admissível de tração na alvenaria na direção normal à fiada igual a 0,10 MPa (vide tabela
5.6 para alvenaria não-armada). Nessas condições tem-se a máxima tensão admissível ao cisalhamento
igual a 0,15 MPa. Quando necessário, será admitida a eficiência prisma/bloco igual a 0,8 MPa.
Sendo o cálculo repetitivo, escolhem-se apenas duas paredes para ilustração dos
procedimentos de dimensionamento: PY1 e PY13. Cabe ressaltar que a parede PY13 é a mais solicitada
da edificação, ou seja, aquela que no conjunto das cargas verticais e ações horizontais acaba
apresentando a maior resistência de prisma necessária. Todas as paredes do edifício atendem à
espessura mínima de 14 cm e de esbeltez máxima 20. Quanto à esbeltez, tem-se X = 272/14 = 19,43.
A tabela 8.10 agrupa os resultados correspondentes à parede PY1. Para o carregamento
vertical deve-se apenas observar que PY1 pertence ao grupo G3. Para a determinação das tensões normais,
basta dividir os valores das cargas verticais acumuladas em cada grupo (tabela 8.4) pela sua área total
em planta (tabela 8.3). Para o carregamento horizontal deve-se inicialmente calcular as tensões de
cisalhamento, dividindo-se as forças cortantes na parede (tabela 8.9) pela área de sua alma, que é igual
a 0,430 m2. Observe-se que nenhuma tensão de cisalhamento supera o valor admissível de 0,15 MPa.
Ainda com o carregamento horizontal deve-se determinar as tensões normais nas fibras
extremas da seção transversal da seção da parede composta. Essas tensões são determinadas
dividindo-se os momentos fletores atuantes (tabela 8.9) pelos módulos de rigidez de flexão em torno
do eixo x. Com base nos resultados apresentados no item 8.5 (vide figura 8.6 e parágrafo que a
segue), podem-se calcular esses módulos que se igualam a W, = 0,817/1,496 = 0,546 m 3 e W2
= 0,817/1,574 = 0,519 m 3 . Deve-se verificar se ocorre tração na parede. Se ocorrer e for superior a
0,10 MPa, há a necessidade de providenciar armaduras para absorção da resultante de tração.
A verificação da tração é feita com a expressão 6.42 (f aM - 0,75 falvc -~falvt). Para PY1 existe
a necessidade de se armar os cantos da parede para absorver a tração nos seus três primeiros
níveis. O cálculo dessa armadura é ilustrado a seguir para o primeiro nível da parede, utilizando-se o
procedimento simplificado mostrado no item 6.5.3.
A figura 8.7 apresenta a seção transversal da parede PY1, incluindo as mesas colaborantes
e os diagramas de tensão normal, compondo-se 75% das produzidas pelo carregamento vertical e
100% das relativas às ações horizontais. Cabe notar que duas composições são feitas devido à
reversibilidade das ações horizontais. A primeira delas em que a tração ocorre na porção superior
da seção e a segunda na porção inferior.
0.50 0.82 0.32
0.84
(m)
0.50 0.82 1.32
A integração das tensões de tração nos dois casos leva aos valores das resultantes
T 1 = 38,17 kN e T 2 = 45,27 kN. Note que essa integração deve ser feita ao longo de toda a região
tracionada, envolvendo alma e abas. As armaduras necessárias para combate à tração podem ser
calculadas dividindo-se as resultantes pela tensão admissível do aço. Admitindo-se aço CA50, o
valor admissível é de 165 MPa, o que leva às áreas de aço de 2,37 cm 2 e 2,70 cm ? , nas porções
superior e inferior, respectivamente. Ao dispor as barras de armadura deve-se tomar o cuidado de
que a montagem não leve o centro de gravidade da armadura a ficar mais próximo da linha neutra
do q u e a resultante de tração correspondente, sob pena de reduzir a sua eficiência devido à
diminuição do braço de alavanca.
Jíü£-<1,00 e + 1,33
A primeira verificação se faz apenas com as tensões normais produzidas pelo carregamento
vertical e a segunda, compondo-se essas tensões com as máximas tensões normais causadas pelo
carregamento horizontal. No presente caso há as seguintes tensões admissíveis para a alvenaria
U = 0.30xf p
Levando esses valores admissíveis e as tensões atuantes nas duas expressões de
verificação, chega-se às mínimas resistências de prisma que se deve ter e m cada caso. Essas
resistências são apresentadas na tabela 8.10 como f p l e f p 2 , respectivamente. Dividindo-se o maior
dentre os dois citados valores pela eficiência do prisma, chega-se à mínima resistência de bloco
necessária, que é apresentada na última coluna da tabela 8.10.
Cargas Ações
verticais horizontais Tração Prismas
Bloco
Nível
N/A, V/A M/W, M/W2 M/W, - 0,75 x N/A <PI F A
P
(MPa)
(MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa)
8 0,08 0,01 0,02 0,02 0,47 0,40 0,58
7 0,17 0,02 0,07 0,06 - 0,94 0,87 1.17
6 0,25 0,03 0,14 0,13 • 1,40 1,40 1,75
5 0,33 0,04 0,24 0,22 - 1,87 1,99 2,49
4 0,41 0,05 0,35 0,34 0,04 2,34 2,64 3,29
3 0,50 0,06 0,49 0,47 0,12 2,81 3,33 4,17
2 0,58 0,07 0,65 0,62 0,21 3,27 4,08 5,10
1 0,66 0,07 0,82 0,78 0,32 3,74 4.86 6,08
Cargas Ações
horizontais Tração Prismas
verticais Bloco
Nível
N/A, V/A M/W, M/W2 M/W, -0,75 x N/A f pi fp2 (MPa)
(MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa)
8 0,55 0,00 0,02 0,01 - 3,09 2,37 3,86
7 0,65 0,01 0,07 0,04 - 3,67 2,93 4,58
6 0,75 0,02 0,14 0,09 - 4,24 3,54 5,30
5 0,85 0,02 0,24 0,15 - 4,82 4,22 6,02
4 0,95 0,03 0,36 0,22 - 5,39 4,95 6,74
3 1,06 0,03 0,51 0,31 - 5,97 5,74 7,46
2 1,16 0,04 0,67 0,41 - 6,54 6,58 8,22
1 1,26 0,04 0,85 0,52 - 7,12 7,46 9,32
Neste caso, a parede PY13 está muito solicitada devido às cargas provenientes do ático. Cabe
notar que as tensões normais devidas às ações horizontais são comparáveis às da parede PY1, enquanto
que as produzidas pelas cargas verticais são praticamente o dobro nos pavimentos inferiores. Neste caso
não chega a ocorrer tração em nenhum pavimento. As tensões de cisalhamento são todas admissíveis.
A especificação do grauteamento é um procedimento relativamente simples de ser realizado,
pois basta verificar qual o acréscimo de área necessário em cada caso. Como exemplo, observe-se o que
ocorre na base da PY13, em que a razão entre a resistência de bloco necessária (9,32 MPa) e a
existente (8,0 MPa) define o acréscimo necessário, no caso 17%. Obviamente, esse procedimento é
válido supondo-se que o valor da eficiência se mantém no bloco grauteado, o que usualmente é uma
consideração a favor da segurança. Lembrando-se que a resistência se refere à área bruta, que é cerca
do dobro da área líquida, e que não será utilizado graute de resistência inferior à do bloco, pode-se montar
a tabela 8.13, com o valor do acréscimo da área líquida em função do grauteamento adotado.
Furos
grauteados Razão de área líquida Acréscimo de área
Assim, no seu primeiro nível, a parede PY13 deveria ser grauteada, podendo-se adotar
um furo grauteado a cada cinco, ou seja, a cada dois blocos e meio. Um ponto a se considerar é a
preferência pela uniformidade do grauteamento em uma parede, quando as tensões que determinam
o grauteamento são produzidas pelo carregamento vertical. Eventualmente essa uniformidade pode
ser desobedecida em função da necessidade de compatibilidade do projeto estrutural com os
demais, como, por exemplo, o de instalações hidro-sanitárias ou elétricas.
Outro ponto importante a ser destacado refere-se à presença de armaduras, quando
seus posicionamentos e m pavimentos sucessivos são usualmente compatibilizados, de forma a
permitir a passagem da armadura através da laje.
8.7 D I M E N S I O N A M E N T O DAS V E R G A S
Comprimento Altura Largura Laje Peso próprio Carga total Momento fletor Força cortante
(m) (m) (m) (kN/m) (kN/m) (kN/m) (kN x m) (kN)
pode-se absorver o momento fletor com armadura simples em seção subarmada. O cálculo da
I K K A. Np Kc k*
1 0,885 0,0685 0,135 0,0147 0,157 0,948
2 0,948 0,0640 0,126 0,0137 0,152 0,949
3 0,949 0,0639 0,126 0,0137 0,152 0,949
No caso do presente edifício, não há problemas quanto aos efeitos de segunda ordem que
ficam abaixo do limite de 10% dos de primeira ordem e m ambas direções escolhidas para a análise
das ações horizontais. A tabela 8.16 apresenta os deslocamentos horizontais dos pavimentos,
fundamentais para o cálculo dos momentos de segunda ordem produzidos pelas cargas verticais.
Direção X Direção Y
Nível Carga vertical
(kN) Translação AM Translação AM
(m) (kN x m) (m) (kN x m)
8 1625,36 0,01993 32,39 0,01550 25,20
7 988,29 0,01621 16,02 0,01271 12,56
6 988,29 0,01258 12,43 0,00996 9,84
5 988,29 0,00917 9,06 0,00734 7,25
4 988,29 0,00614 6,06 0,00496 4,90
3 988,29 0,00360 3,56 0,00294 2,90
2 988,29 0,00167 1,65 0,00138 1,36
1 988,29 0,00045 0,44 0,00037 0,37
1= 81,61 1 = 64,38
anexos
TABELA I A - FLEXÃO SIMPLES E M - N B R I O 8 3 7
A' hi,:
(cm2 /k.\')
M
fc [Mpa] 2
(cm /kN)
Kx
7,0 9,5 12,0 14,5 17,0 19,5
0.034 3746.25 2760.39 2185.31 1808,53 1542.57 1344,81 0.0613
0.046 2090.31 1540,23 1219.35 1009.11 860.72 750.37 0.0615
0.057 1326.86 977,69 774.00 640.55 546.35 476.31 0.0618
0,069 913.78 673,31 533.04 441.13 376,26 328.02 0,0620
0.080 665.68 490.50 388.31 321.36 274.10 238.96 0.0623
0,092 505,29 372,32 294,75 243.93 208,06 181.39 0.0625
0,103 395,76 291,61 230,86 191.05 162,96 142.07 0.0628
0.115 317,72 234.11 185,34 153.38 130,83 114,05 0.0630
0,126 260.21 191.73 151.79 125.62 107.14 93.41 0.0633
0.138 216,64 159,63 126.37 104.59 89,21 77.77 0.0635
0.149 182.87 134,75 106.67 88.28 75,30 65.65 0.0638
o» 0,161 156.18 115,08 91.11 75.40 64,31 56.06 0.0640
TJ
eo 0.172 134.74 99.28 78.60 65.04 55,48 48.37 0.0643
0,184 117,25 86.40 68.40 56.61 48.28 42.09 0.0646
a
£1 0,195 102,82 75.77 59.98 49.64 42,34 36.91 0.0648
3
(0 0,207 90.78 66.89 52.96 43.83 37,38 32.59 0.0651
0,218 80.63 59.41 47.03 38.92 33,20 28.94 0.0654
0,230 72.00 53.05 42.00 34.76 29,65 25.85 0.0656
0,241 64.60 47.60 37,68 31.19 26,60 23.19 0.0659
0,252 58.21 42.89 33,96 28.10 23,97 20.90 0.0662
0,264 52.66 38.80 30,72 25.42 21,68 18.90 0.0665
0,275 47,81 35,23 27,89 23.08 19,69 17.16 0.0667
0,287 43.55 32,09 25,40 21.02 17,93 15.63 0.0670
0,298 39,78 29,31 23,21 19.21 16,38 14.28 0.0673
0,310 36.44 26,85 21,26 17.59 15,01 13.08 0.0676
0,321 33.47 24.66 19,52 16.16 13.78 12.01 0.0679
0,333 30.80 22.70 17.97 14.87 12,68 11,06 0.0682
Bal 0,344 28,41 20,93 16,57 13,71 11,70 10,20 0,0685
0,356 27.61 20,35 16.11 13.33 11.37 9.91 0.0723
0,367 26.87 19.80 15.67 12.97 11.06 9.64 0.0763
0.379 26.17 19.28 15,26 12.63 10,77 9.39 0.0805
0.390 25.51 18.80 14,88 12.31 10,50 9.16 0.0849
0.402 24,89 18.34 14,52 12.02 10,25 8.93 0.0895
0,413 24.30 17.91 14,18 11,73 10,01 8.72 0.0942
0,425 23.75 17.50 13,86 11,47 9,78 8.53 0.0992
0,436 23.23 17,12 13,55 11.22 9,57 8.34 0.1044
0.448 22.74 16.75 13,26 10.98 9,36 8.16 0.1099
0,459 22,27 16.41 12,99 10.75 9.17 7.99 0.1156
ro
"D 0.470 21.82 16.08 12,73 10.54 8,99 7.83 0.1217
0,482 21.40 15.77 12.48 10.33 8.81 7.68 0.1280
0,493 21.00 15.47 12,25 10.14 8,65 7.54 0.1346
Oi 0,505 20.62 15.19 12,03 9.95 8.49 7.40 0.1416
a
3 0,516 20.25 14.92 11.81 9.78 8.34 7.27 0.1489
to
0,528 19.90 14.67 11.61 9.61 8.20 7.15 0.1566
0,539 19.57 14.42 11.42 9.45 8.06 7.03 0.1648
0,551 19,25 14.19 11.23 9.29 7.93 6.91 0.1734
0,562 18.95 13.96 11.05 9.15 7.80 6.80 0.1825
0,574 18.66 13.75 10.88 9.01 7.68 6.70 0.1922
0,585 18.38 13.54 10,72 8.87 7,57 6.60 0.2024
0,597 18,11 13.35 10,57 8,74 7,46 6,50 0.2132
0,608 17.86 13.16 10.42 8.62 7,35 6.41 0.2248
0,620 17.61 12,98 10,27 8.50 7.25 6.32 0.2371
0,631 17.37 12,80 10.13 8.39 7.15 6.24 0,2502
Armadura Dupla
- M - -M; -AM-
bxd'á
M. = L\M=M- M.
jA-Jm
/ML AM AM
As' = kl*
A* = M d-d•
d-d'
Unidades: kN e c m
T A B E L A I I A - ANÁLISE DE ELEMENTOS FLETIDOS - MÉTODO DAS TENSÕES ADMISSÍVEIS
M1 — - DADOS DO PROJETO
f-v f. K P np kx k4 2 / (Kx x KJ
M DADOS DO PROJETO
kd \ S EQUAÇÕES DO PROJETO
lc- 1 fr - 1- k '
-"1 + f / n * L ' 3
' v'
\ K A _ M
d p bxd fs x k7 s / xk{x d
f- f. K P np K k. 2/(KiXKk)
DADOS DO PROJETO
kd EQUAÇÕES DO PROJETO
E
n= K= M M - y vk xk x f
K_
k = k = 1-
1 + f/n x f^ 3
A, K A = M
P= f xkxd
bxd f^xk.
M DADOS DO PROJETO
' * '
*tv
k - 1 k - r K
o* v -
d
O * 4 -
' b x d " fs x k, * fsxk,x d
f-v f. K P np k. k. 2/(KIXK1)
M DADOS DO PROJETO
- f - ifX k_
c E ^ = 800 f p = 5200 MPa E s = 210000 MPa
£
N
kd X
EQUAÇÕES DO PROJETO
n- E* M = '/2 xk xk xf
v' ' r' ' E F bxd2 2 ' ' *v
?'. ' - ' '
Ic- 1 k -
'' - K' '
d A w A/f
1. K P np K K 2 / (Kz X Kx)
DADOS DO PROJETO
EQUAÇÕES DO PROJETO
E.
n -
1
k =
1 + f/hxf„
d A K M
P =
b x d f *k. f x k xd
M DADOS DO PROJETO
jt s
kd
\
N
X J
EoV = 8 0 0 fp = 2 8 0 0 M P a = 21 0000 M P a
EQUAÇÕES DO PROJETO
v» c> ;
lc- 1 k - 1 -
' 1 ' 3
d
o * * 1 -
' b x d / x k, f 9 x k r x d
L, t. K p np k. k, 2 / (Kx x K J
DADOS DO PROJETO
L = 0.33fp
E * = 800fp .
E„ = 210000 MPa / M
d ^
SITUAÇÃO B A L A N C E A D A
p = 0.00430 V
s
'yls '1
k,^ = 0.344 ^ J
b
d
14,0 19,0 29,0 50,0 100,0 120,0
DADOS DO PROJETO
L = 0.33fp
E ^ = 800fp .
E. = 210000 MPa
d
< 4 1
^
/ y\\ M.
/
SITUAÇÃO B A L A N C E A D A ^
p = 0.00379 V
Kob = ° - 3 4 4
b
d
14,0 19,0 29,0 50,0 100,0 120,0
MJZIP
DADOS DO PROJETO
L = 0.33f p
E * = 800fp .
E„ = 210000 MPa
'O
d
SITUAÇÃO B A L A N C E A D A
p = 0.00327 \
AX/
k x , = 0.344 ^
b
d
14,0 19,0 29,0 50,0 100,0 120,0
DADOS DO PROJETO
L = 0.331, MJZ^f
3rw> t*
E * = 800fp .
E, = 210000 MPa K Í f l
a r
4>/ ll
5
d _
SITUAÇÃO B A L A N C E A D A
p = 0.00275 V
1 ^ = 0.344
^ 4
b
d
14,0 19,0 29,0 50,0 100,0 120,0
DADOS DO PROJETO
L = 0.33f p MJP^T
E * = 800fp .
/ J
4 V J/j d
E, = 210000 MPa K^í I / M
d ^
SITUAÇÃO B A L A N C E A D A
p = 0.00224 V
k x , = 0.344 ^
b
d
14,0 19,0 29,0 50,0 100,0 120,0
DADOS DO PROJETO
L = 0.33fp
E * = 800fp .
SITUAÇÃO B A L A N C E A D A
p = 0.00172 V
Kx, = ° - 3 4 4
b
d
14,0 19,0 29,0 50,0 100,0 120,0
/
DADOS DO PROJETO
^
= 0.33fp
= 800 f p .
aJS^
E r = 210000 MPa
d , I / J / j J M
SITUAÇÃO B A L A N C E A D A " I
p = 0.00121 X
k , ^ 0.344 ^
b
d
14,0 19,0 29,0 50,0 100,0 120,0
K„ K. K, K, K, nK' np
K K k. k. k, n k, np
M n o© M A
Equações básicas: k = —r—-r2 nxk = -—-—— p = — —
M Y f^x b x d 2 f x b x d 2 bxd
T A B E L A V A - TABELA UNIVERSAL DE CÁLCULO À FLEXÃO NO ESTÁDIO I I n = 15
1 0.962 0.679 48,08 1.75 1.75 51 0.329 0.890 0,32 18.66 2.61
2 0.926 0.691 23,15 2,50 1.77 52 0.325 0.892 0.31 18.95 2.63
3 0.893 0.702 14.88 3,09 1.79 53 0.321 0.893 0.30 19,24 2.64
4 0.862 0.713 10.78 3,61 1.80 54 0.316 0.895 0,29 19.53 2.66
5 0.833 0.722 8.33 4.08 1.82 55 0.313 0.896 0.28 19.82 2.67
6 0.806 0.731 6,72 4,51 1,84 56 0.309 0.897 0,28 20,11 2.69
7 0.781 0.740 5.58 4.92 1.86 57 0.305 0.898 0.27 20,40 2.70
8 0.758 0.747 4,73 5,32 1.88 58 0.301 0.900 0.26 20.69 2.72
9 0.735 0.755 4.08 5.69 1.90 59 0.298 0.901 0.25 20.98 2,73
10 0.714 0.762 3,57 6.06 1,92 60 0.294 0.902 0,25 21,27 2.75
11 0.694 0.769 3,16 6,42 1,94 61 0.291 0.903 0,24 21,56 2.76
12 0.676 0.775 2,82 6.77 1.95 62 0.287 0.904 0,23 21,85 2.77
13 0.658 0.781 2,53 7.11 1.97 63 0.284 0.905 0,23 22,13 2.79
14 0.641 0.786 2,29 7.45 1.99 64 0.281 0.906 0,22 22,42 2.80
15 0.625 0.792 2,08 7.79 2.01 65 0.278 0.907 0.21 22,71 2,82
16 0.610 0.797 1,91 8.12 2.03 66 0.275 0.908 0,21 23,00 2,83
17 0.595 0.802 1,75 8.44 2.05 67 0.272 0.909 0,20 23,29 2,84
18 0.581 0.806 1.61 8,76 2.07 68 0.269 0.910 0,20 23,57 2,86
19 0.568 0.811 1,50 9,08 2.08 69 0.266 0,911 0,19 23.86 2,87
20 0.556 0.815 1,39 9,40 2,10 70 0.263 0.912 0.19 24.15 2.89
21 0.543 0.819 1,29 9,71 2,12 71 0.260 0.913 0,18 24,44 2,90
22 0.532 0.823 1.21 10.03 2.14 72 0,258 0.914 0,18 24,72 2.91
23 0.521 0.826 1,13 10.34 2.16 73 0.255 0.915 0.17 25,01 2.93
24 0.510 0.830 1,06 10.65 2.17 74 0.253 0.916 0,17 25,30 2.94
25 0.500 0.833 1,00 10.95 2.19 75 0.250 0.917 0,17 25,58 2,95
26 0.490 0.837 0,94 11,26 2,21 76 0.248 0.917 0,16 25,87 2,97
27 0.481 0.840 0,89 11,57 2.23 77 0.245 0.918 0,16 26.16 2.98
28 0.472 0.843 0,84 11,87 2,24 78 0.243 0.919 0,16 26.44 2.99
29 0.463 0.846 0,80 12,17 2.26 79 n. toa(\
U H U 0.920 0,15
A < C cO, / O 3.01
O A1
30 0.455 0.848 0,76 12,47 2.28 80 0.238 0.921 0.15 27,02 3.02
31 0.446 0.851 0,72 12,77 2.29 81 0.236 0.921 0,15 27,30 3,03
32 0.439 0.854 0,69 13.07 2.31 82 0.234 0.922 0,14 27,59 3,05
33 0.431 0.856 0,65 13,37 2.33 83 0,231 0.923 0,14 27,88 3.06
34 0.424 0.859 0,62 13,67 2.34 84 0.229 0.924 0,14 28.16 3.07
35 0.417 0.861 0.60 13,97 2,36 85 0.227 "0.924 0,13 28,45 3,09
36 0.410 0.863 0,57 14,26 2,38 86 0.225 0.925 0,13 28.73 3,10
37 0.403 0.866 0.54 14,56 2.39 87 0.223 0.926 0,13 29,02 3.11
38 0.397 0.868 0,52 14,86 2.41 88 0.221 0.926 0,13 29,31 3,12
39 0.391 0.870 0,50 15,15 2.43 89 0.219 0.927 0.12 29,59 3,14
40 0.385 0.872 0.48 15.45 2,44 90 0.217 0.928 0.12 29.88 3,15
41 0.379 0.874 0,46 15,74 2,46 91 0.216 0.928 0,12 30,16 3,16
42 0.373 0.876 0.44 16.03 2.47 92 0.214 0.929 0.12 30,45 3.17
43 0.368 0.877 0,43 16,33 2,49 93 0.212 0.929 0,11 30,73 3,19
44 0.362 0.879 0.41 16,62 2,51 94 0.210 0.930 0,11 31,02 3,20
45 0.357 0.881 0.40 16,91 2,52 95 0.208 0.931 0,11 31,31 3.21
46 0.352 0.883 0.38 17,21 2,54 96 0.207 0.931 0.11 31,59 3,22
47 0.347 0.884 0,37 17.50 2,55 97 0.205 0.932 0.11 31.88 3,24
48 0.342 0.886 0.36 17.79 2,57 98 0.203 0.932 0.10 32.16 3,25
49 0.338 0,887 0,34 18,08 2,58 99 0.202 0.933 0,10 32,45 3,26
50 0.333 0.889 0.33 18,37 2,60 100 0.200 0.933 0,10 32,73 3,27
T A B E L A V C - TABELA UNIVERSAL DE CÁLCULO À FLEXÃO NO ESTÁDIO I I n = 35
1 0.972 0.676 48,61 1.74 1.74 51 0,407 0.864 0,40 17,03 2.38
2 0.946 0.685 23.65 2,49 1,76 52 0,402 0.866 0,39 17,28 2.40
3 0.921 0.693 15.35 3,07 1.77 53 0,398 0.867 0,38 17,53 2.41
4 0.897 0.701 11,22 3.57 1,78 54 0,393 0.869 0,36 17.78 2.42
5 0.875 0.708 8.75 4.02 1,80 55 0.389 0.870 0,35 18,03 2.43
6 0.854 0.715 7.11 4.43 1.81 56 0.385 0.872 0,34 18.28 2.44
7 0.833 0.722 5.95 4.82 1,82 57 0.380 0.873 0,33 18,53 2.45
8 0.814 0.729 5.09 5.19 1.84 58 0,376 0.875 0.32 18,77 2.47
9 0.795 0.735 4.42 5.55 1,85 59 0.372 0.876 0.32 19.02 2.48
10 0.778 0.741 3.89 5.89 1,86 60 0.368 0.877 0,31 19,27 2.49
11 0.761 0,746 3.46 6.22 1,88 61 0,365 0.878 0,30 19,52 2,50
12 0.745 0.752 3,10 6.55 1,89 62 0,361 0.880 0,29 19,76 2,51
13 0.729 0,757 2.80 6.86 1,90 63 0.357 0.881 0.28 20,01 2.52
14 0.714 0.762 2,55 7.17 1,92 64 0,354 0.882 0,28 20.26 2.53
15 0.700 0,767 2,33 7.48 1,93 65 0,350 0.883 0,27 20,51 2.54
16 0.686 0.771 2,14 7.78 1.94 66 0.347 0.884 0.26 20,75 2.55
17 0.673 0.776 1,98 8.07 1.96 67 0.343 0.886 0.26 21.00 2.57
18 0.660 0.780 1,83 8.36 1.97 68 0.340 0.887 0.25 21.25 2.58
—
19 0.648 0.784 1.71 8.65 1.98 69 0.337 0.888 0,24 21,49 2.59
20 0.636 0.788 1,59 8.93 2.00 70 0.333 0.889 0,24 21,74 2.60
21 0.625 0,792 1,49 9,21 2,01 71 0.330 0.890 0,23 21,98 2,61
22 0.614 0.795 1,40 9.49 2.02 72 0.327 0.891 0,23 22,23 2,62
23 0.603 0,799 1.31 9.77 2.04 73 0.324 0.892 0.22 22.47 2,63
24 0.593 0.802 1,24 10.04 2.05 74 0.321 0.893 0.22 22.72 2.64
25 0.583 0.806 1.17 10.32 2.06 75 0.318 0.894 0.21 22.96 2.65
26 0.574 0.809 1.10 10.59 2,08 76 0.315 0.895 0,21 23.21 2.66
27 0.565 0.812 1,05 10.85 2.09 77 0.313 0.896 0.20 23.45 2.67
—
28 0.556 0.815 0.99 11.12 2.10 78 0.310 0.897 0.20 23.70 2.68
29 0.547 0.818 0,94 11.39 2.11 79 0.307 0.898 0.19 23.94 2.69
30 0.538 0.821 0.90 11.65 2.13 80 0.304 0.899 0,19 24,19 2.70
31 0.530 0,823 0,86 11.92 2.14 81 0,302 0.899 0,19 24.43 2.71
32 0.522 0,826 0.82 12.18 2.15 82 0.299 0.900 0,18 24,68 2.73
33 0.515 0,828 0.78 12.44 2.17 83 0,297 0,901 0,18 24,92 2.74
34 0.507 0.831 0,75 12.70 2.18 84 0,294 0.902 0,18 25,17 2.75
35 0.500 0.833 0,71 12.96 2.19 85 0.292 0.903 0.17 25.41 2.76
36 0.493 0.836 0.68 13.22 2.20 86 0.289 0.904 0.17 25.65 2.77
37 0.486 0.838 0.66 13.48 2.22 87 0.287 0.904 0,16 25.90 2.78
38 0.479 0.840 0,63 13.74 2.23 88 0.285 0.905 0,16 26.14 2.79
39 0.473 0.842 0.61 13.99 2.24 89 0.282 0.906 0.16 26.38 2.80
—
40 0.467 0,844 0.58 14,25 2.25 90 0.280 0.907 0,16 26,63 2.81
41 0.461 0,846 0,56 14,50 2.27 91 0,278 0,907 0,15 26.87 2.82
42 0.455 0,848 0,54 14.76 2.28 92 0,276 0.908 0,15 27,11 2.83
43 0.449 0,850 0,52 15,01 2.29 93 0.273 0.909 0,15 27.36 2.84
44 0.443 0.852 0,50 15,27 2.30 94 0,271 0.910 0,14 27.60 2.85
45 0.438 0.854 0,49 15.52 2.31 95 0.269 0.910 0,14 27,84 2.86
46 0.432 0.856 0,47 15.77 2,33 96 0.267 0.911 0,14 28,09 2.87
47 0.427 0.858 0,45 16,02 2,34 97 0.265 0.912 0,14 28,33 2.88
48 0.422 0.859 0.44 16,28 2,35 98 0.263 0.912 0,13 28,57 2.89
49 0.417 0.861 0,43 16,53 2,36 99 0.261 0.913 0,13 28,82 2.90
50 0.412 0.863 0.41 16.78 2.37 100 0.259 0.914 0,13 29.06 2.91
TABELA V D - TABELA UNIVERSAL DE CÁLCULO À FLEXÃO NO ESTÁDIO I I n = 45
1 0.978 0,674 48.91 1.74 1.74 51 0.469 0,844 0.46 16.06 2.25
2 0.957 0.681 23.94 2.48 1.75 52 0.464 0.845 0,45 16.28 2,26
3 0.938 0.688 15.63 3.05 1.76 53 0.459 0.847 0.43 16.51 2,27
4 0.918 0.694 11.48 3.54 1.77 54 0.455 0.848 0.42 16.73 2,28
5 0.900 0.700 9.00 3.98 1.78 55 0.450 0.850 0.41 16.96 2.29
6 0.882 0.706 7.35 4.39 1.79 56 0,446 0.851 0.40 17,18 2.30
7 0.865 0.712 6.18 4.77 1.80 57 0.441 0,853 0.39 17.41 2.31
8 0.849 0.717 5.31 5.13 1.81 58 0,437 0,854 0.38 17,63 2,31
9 0.833 0.722 4.63 5.47 1.82 59 0.433 0,856 0.37 17.85 2.32
10 0.818 0.727 4.09 5.80 1.83 60 0.429 0,857 0.36 18.07 2,33
11 0.804 0.732 3.65 6.12 1.84 61 0.425 0,858 0.35 18.30 2.34
12 0.789 0.737 3.29 6.42 1.85 62 0.421 0.860 0.34 18,52 2.35
13 0.776 0.741 2.98 6.72 1.86 63 0.417 0.861 0.33 18.74 2.36
14 0.763 0.746 2.72 7.02 1.88 64 0.413 0.862 0.32 18.96 2.37
15 0.750 0,750 2.50 7.30 1.89 65 0.409 0.864 0.31 19.18 2.38
16 0.738 0.754 2.31 7.58 1.90 66 0.405 0,865 0.31 19,40 2.39
17 0.726 0.758 2.13 7.86 1.91 67 0.402 0.866 0.30 19,62 2.40
18 0.714 0.762 1.98 8.13 1.92 68 0.398 0.867 0.29 19.84 2.41
19 0.703 0.766 1.85 8.40 1.93 69 0.395 0,868 0.29 20.06 2.42
20 0.692 0.769 1.73 8.67 1.94 70 0.391 0,870 0.28 20.28 2.42
21 0.682 0.773 1.62 8.93 1.95 71 0.388 0,871 0.27 20.50 2.43
22 0.672 0.776 1.53 9.19 1,96 72 0.385 0.872 0.27 20.72 2,44
23 0.662 0.779 1,44 9.44 1.97 73 0.381 0,873 0.26 20.94 2.45
24 0.652 0.783 1,36 9.70 1.98 74 0.378 0,874 0,26 21.16 2.46
25 0.643 0.786 1.29 9.95 1.99 75 0.375 0,875 0.25 21.38 2.47
26 0.634 0.789 1.22 10.20 2.00 76 0.372 0,876 0.24 21.60 2.48
27 0.625 0.792 1.16 10.45 2.01 77 0.369 0,877 0.24 21.82 2.49
28 0.616 0.795 1.10 10.69 2.02 78 0.366 0,878 0.23 22.04 2.50
29 0.608 0,797 1.05 10.94 2.03 79 0.363 0,879 0.23 22,26 2.50
30 0.600 0,800 1,00 11,18 2.04 80 0.360 0,880 0.23 22.47 2.51
31 0.592 0.803 0.96 11.42 2.05 81 0.357 0,881 0.22 22.69 2.52
32 0.584 0.805 0.91 11.66 2.06 82 0.354 0.882 0.22 22.91 2.53
33 0.577 0.808 0.87 11.90 2.07 83 0.352 0.883 0.21 23.13 2.54
34 0.570 0.810 0.84 12.14 2.08 84 0.349 0.884 0.21 23.34 2.55
35 0.563 0.813 0.80 12.38 2.09 85 0.346 0.885 0.20 23.56 2.56
36 0.556 0,815 0.77 12.61 2.10 86 0,344 0,885 0,20 23.78 2.56
37 0,549 0,817 0.74 12.85 2.11 87 0.341 0,886 0,20 24.00 2.57
38 0.542 0,819 0.71 13.08 2.12 88 0,338 0,887 0.19 24.21 2.58
39 0.536 0.821 0.69 13.31 2.13 89 0.336 0.888 0.19 24.43 2.59
40 0.529 0.824 0.66 13.55 2.14 90 0,333 0.889 0.19 24.65 2.60
41 0.523 0.826 0.64 13.78 2.15 91 0.331 0,890 0.18 24.86 2.61
42 0.517 0.828 0.62 14.01 2.16 92 0.328 0,891 0.18 25.08 2.61
43 0.511 0.830 0,59 14.24 2.17 93 0.326 0,891 0.18 25.30 2.62
44 0.506 0.831 0.57 14.47 2,18 94 0.324 0,892 0.17 25.51 2.63
45 0.500 0.833 0.56 14.70 2.19 95 0.321 0,893 0.17 25.73 2.64
46 0.495 0.835 0.54 14.93 2.20 96 0.319 0,894 0.17 25.95 2.65
47 0.489 0.837 0.52 15.15 2.21 97 0,317 0,894 0.16 26.16 2.66
48 0.484 0.839 0.50 15.38 2.22 98 0,315 0.895 0.16 26.38 2,66
49 0.479 0.840 0.49 15.61 2.23 99 0.313 0.896 0.16 26.59 2.67
50 0.474 0.842 0.47 15.83 2.24 100 0.310 0.897 0.16 26.81 2.68
TABELA V E - TABELA UNIVERSAL DE CÁLCULO À FLEXÃO NO ESTÁDIO I I N = 55