Você está na página 1de 188

Cimento Portland

Mareio Antonio Ramalho

Engenheiro Civil (1980). Mestre (1983). Doutor


(1990) e Uvre Docente (2001) pela Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de S>o
Paulo, onde atualmente é Professor Associado.
Leciona disciplinas em nível de graduação e
pós-graduação nas áreas de alvenaria estrutural
e análise de estruturas de concreto. Também
desenvolve pesquisas nessas áreas, com
dezenas de trabalhos publicados em revistas,
congressos e outros eventos científicos. Tem
experiência profissional em cálculo de
estruturas de concreto e alvenaria e já ministrou
diversos cursos, mini-cursos e palestras em
uni-versidades e associa >es de engenheiros no
Brasil Foi membro da comissão executiva da
nova NB-1 e e diretor do sub-comitê SC 123 -
Alvenaria Estrutural de Blocos de Concreto do
CB-2 da ABNT.
Projeto de Edifícios de Alvenaria Estrutural

Mareio A. Ramalho
Márcio R. S. Corrêa

PIN! õfÍt/T?— W V ^ Brasileira dc


Cimento Portland
PROJETO DE EDIFÍCIOS DE ALVENARIA E S T R U T U R A L
© C o p y r i g h t E d i t o r a Pini Ltda.
Todos o s direitos d e r e p r o d u ç ã o o u t r a d u ç ã o r e s e r v a d o s pela Editora Pini Ltda.

DADOS INTERNACIONAIS PARA CATALOGAÇÃO NA


PUBLICAÇÃO (CIP) DO DEPARTAMENTO NACIONAL DO LIVRO

R165 Ramalho, Mareio.


P r o j e t o d e edifícios d e a l v e n a r i a e s t r u t u r a l / M a r e i o A.
R a m a l h o , M a r e i o R. S. C o r r ê a . S ã o P a u l o : Pini, 2 0 0 3 .
p . ; cm.

ISBN 85-7266-147-6

1. E n g e n h a r i a d e e s t r u t u r a s . 2. A l v e n a r i a . 3. Edifícios. I.
C o r r ê a , M á r c i o R. S. II. Título.

C D D 624.1

C o o r d e n a ç ã o d e livros: R a q u e l C a r d o s o Reis
P r o d u ç ã o editorial: R e n a t a C o s t a
Projeto gráfico, e d i t o r a ç ã o e c a p a : C e l i n a Dias
Revisão: M ô n i c a C o s t a

Editora Pini Ltda.


R u a : A n h a i a , 9 6 4 - C e p . 0 1 1 3 0 - 9 0 0 - S ã o Paulo - S P - Brasil
Fone: 11 2 1 7 3 - 2 3 2 8 - Fax: 11 2 1 7 3 - 2 3 2 7
www.piniweb.com - manuais@pini.com.br

1a edição
3- t i r a g e m , 1.000 e x e m p l a r e s , n o v / 0 8
mim tnii.ni
Os Autores agradecem à
ABCP e ao SENAI o apoio
fornecido à divulgação
deste trabalho.
A alvenaria é um material de construção tradicional que tem sido usado há milhares de
anos. Em suas formas primitivas a alvenaria foi construída tipicamente com tijolos de barro de
baixa resistência ou de pedra, sendo o projeto baseado em métodos empíricos. Ao longo do tempo,
foram desenvolvidas unidades de cerâmica cozida e de outros materiais de alta resistência, no
entanto a aplicação de métodos empíricos de projeto e construção se manteve até o século 20.
Apenas recentemente a alvenaria passou a ser tratada como um verdadeiro material de engenharia,
passando o projeto dessas estruturas a ser baseado em princípios científicos rigorosos. Esse fato foi
influenciado por um aumento significativo na pesquisa básica e aplicada ao longo dos últimos 50 anos.

O presente texto compreende uma atual e ampla cobertura dos vários aspectos do projeto
estrutural e reflete o estado da arte do projeto e prática de alvenaria no Brasil. Uma vez que os
princípios do projeto da alvenaria são universais, grande parte do material apresentado é igualmente
aplicável à construção em alvenaria em outros países, particularmente naqueles em que as ações
sísmicas não são dominantes no projeto.

O livro é relevante não apenas para alunos, como também para pesquisadores e
engenheiros projetistas, e vem se juntar ao relativamente reduzido número de textos amplos sobre
projeto de alvenaria disponíveis na literatura mundial.

A.W. Page
CBPI Professor in Structural Clay Brickwork
The University of Newcastle, Australia
Foreword

Masonry is a traditional building material which has been used for several thousand

years. In its early forms, masonry was constructed typically from low strength mud brick or stone

with the design being based on empirical methods. Over the years, fired clay and other higher

strength masonry units were developed, but empirical methods of design and construction

continued well into the 2(7" century. It is only recently that masonry has been treated as true

engineering material with the design of masonry structures being based on rigorous engineering

principies. This has been assisted by a dramatic increase in applied and fundamental masonry

research over the past 50 years.

This text provides an up-to-date, comprehensive coverage of the various aspects of the

structural design of masonry and reflects the current state of the art of masonry design and practice

in Brazil. Since the principies of masonry design are universal, the bulk of the material presented is

equally applicable to masonry construction in other countries, particularly where seismic loading

does not govern the design.

The book will be relevant not only to students, but also to researchers and practising

engineers, and joins the relatively small number of comprehensive texts on masonry design which

are available worldwide.

A.W. Page

CBPI Professor in Structural Clay Brickwork

The University of Newcastle, Australia


Nota do P a t r o c i n a d o r

No ramo das construções as informações técnicas são a chave do trabalho produtivo


para q u e m projeta, constrói ou fiscaliza. M e s m o para o incorporador ou investidor, que se atêm a
outras matérias, saber o alcance de técnicas construtivas ajuda a refletir sobre os projetos que
lhes são propostos.

No Brasil, é grande a preocupação com informações sobre sistemas construtivos. No


campo do desenvolvimento tecnológico de blocos de concreto para alvenaria estrutural, u m exemplo
marcante aconteceu em 1990, quando o Manual Técnico de Alvenaria foi lançado, pela Associação
Brasileira de Construção Industrializada, consolidando, pela primeira vez, quase duas décadas de
práticas indicadas.

Daí para frente, as necessidades foram se multiplicando, passando a exigir aperfeiçoamentos


e atualizações constantes que começam nos centros de pesquisa e chegam até aos canteiros de obras.

Para atingir e registrar o estado da arte, surge, em 2003, este livro Projetos de Edifícios
de Alvenaria Estrutural, voltado aos estudiosos e profissionais de estruturas. Expõe, de forma
organizada e didática, questões que até então estavam dispersas e m diferentes artigos técnicos.

Os autores reúnem as melhores credenciais para fazer a obra. Mareio Antonio Ramalho,
entre outros títulos, é Livre Docente e atualmente Professor Associado, em nível de graduação e
pós-graduação, da Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP).
Márcio Roberto Silveira Corrêa, com pós-doutorado pela Universidade de Newcastle, Austrália, é
também professor de São Carlos. A m b o s desenvolvem pesquisas, participam de obras, e colaboram
c o m o sistema brasileiro de qualidade e normalização.

A Associação Brasileira de Cimento Portland - A B C P - orgulha-se d e participar d o


lançamento, junto c o m o Senai e a Pini, certa de que oferece um instrumento valioso para a
e l a b o r a ç ã o d o s projetos de a l v e n a r i a estrutural c o m blocos d e c o n c r e t o , a p r o f u n d a n d o o
conhecimento técnico desse sistema construtivo.

Eng 9 Renato José Giusti

Presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland


PREFÁCIO XI
NOTA D O PATROCINADOR XIII
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 1
1.1 C O N C E I T O E S T R U T U R A L B Á S I C O 1
1.2 A S P E C T O S H I S T Ó R I C O S E D E S E N V O L V I M E N T O D O S I S T E M A 2
1 . 2 . 1 PIRÂMIDES DE GUIZÉ 2
1 . 2 . 2 FAROL DE ALEXANDRIA 3
1 . 2 . 3 COLISEO 3
1 . 2 . 4 CATEORAL DE REIMS 3
1 . 2 . 5 EDIFÍCIO MONADNOCK 4
1 . 2 . 6 ALVENARIA NÃO-ARMADA NA SUÍÇA 4
1 . 2 . 7 HOTEL EXCALIBUR EM LAS VEGAS 4
1 . 2 . 8 PRIMEIROS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS NO BRASIL 4
1 . 2 . 9 SITUAÇÃO ATUAL NO BRASIL 6
1.3 C O M P O N E N T E S D A A L V E N A R I A E S T R U T U R A L 6
1 . 3 . 1 UNIDADE 7
1 . 3 . 2 ARGAMASSA 7
1 . 3 . 3 GRAUTE 8
1 . 3 . 4 ARMADURAS 8
1.4 A S P E C T O S T É C N I C O S E E C O N Ô M I C O S 9
1 . 4 . 1 PRINCIPAIS PARÂMETROS A SEREM CONSIDERADOS F*RA A ADOÇÃO DO SISTEMA 9
1 . 4 . 2 PRINCIPAIS PONTOS POSITIVOS DO SISTEMA 10
1 . 4 . 3 PRINCIPAIS PONTOS NEGATIVOS DO SISTEMA 11
1.5 C O N C L U S Ã O 12
2 PRINCIPAIS ASPECTOS Q U A N T O À M O D U L A Ç Ã O 13
2.1 C O N C E I T O S B Á S I C O S 13
2.2 I M P O R T Â N C I A DA M O D U L A Ç Ã O 13
2.3 B L O C O S U S U A L M E N T E UTILIZADOS 14
2.4 E S C O L H A DA M O D U L A Ç Ã O A S E R UTILIZADA 15

2.5 M O D U L A Ç Ã O H O R I Z O N T A L - PRINCIPAIS D E T A L H E S 16
2.6 S O L U Ç Õ E S R E C O M E N D A D A S PARA C A N T O S E B O R D A S 18
2 . 6 . 1 MÓDULO E LARGURA IGUAIS 18
2 . 6 . 2 LARGURA MENOR QUE O MÓDULO 20
2.7 M O D U L A Ç Ã O V E R T I C A L - PRINCIPAIS DETALHES 21
2.8 C O N C L U S Ã O 23
3 ANÁLISE ESTRUTURAL PARA C A R G A S VERTICAIS 25
3.1 P R I N C I P A I S S I S T E M A S E S T R U T U R A I S 25
3 . 1 . 1 PAREDES TRANSVERSAIS 25
3 . 1 . 2 PAREDES CELULARES 25
3 . 1 . 3 SISTEMA COMPLEXO 25
3.2 C A R R E G A M E N T O V E R T I C A L 26
3 . 2 . 1 CARGAS PROVENIENTES DAS LAJES 26
3 . 2 . 2 PESO PRÓPRIO DAS PAREDES 27
3.3 I N T E R A Ç Ã O DE P A R E D E S 28
3.4 I M P O R T Â N C I A DA U N I F O R M I Z A Ç Ã O DAS C A R G A S 30
3.5 I N F L U Ê N C I A D O P R O C E S S O C O N S T R U T I V O 30
3.6 P R O C E D I M E N T O S D E D I S T R I B U I Ç Ã O 32

3 . 6 . 1 PAREDES ISOLADAS 32
3 . 6 . 2 GRUPOS ISOLADOS DE PAREDES 32
3 . 6 . 3 GRUPOS DE PAREDES COM INTERAÇÃO 34
3 . 6 . 4 MODELAGEM TRIDIMENSIONAL EM ELEMENTOS FINITOS 35
3.7 E X E M P L O S D E DISTRIBUIÇÃO DE C A R G A S VERTICAIS 35
3 . 7 . 1 EXEMPLO 1 35

3 . 7 . 2 EXEMPLO 2 38
3.8 V E R I F I C A Ç Ã O D E D A N O A C I D E N T A L 42
3.9 C O N C L U S Ã O 43
4 ANÁLISE ESTRUTURAL PARA A Ç Õ E S HORIZONTAIS 45
4.1 C O N C E I T O S B Á S I C O S 45
4.2 A Ç Õ E S HORIZONTAIS A S E R E M C O N S I D E R A D A S 46
4 . 2 . 1 AÇÃO DOS VENTOS 46
4 . 2 . 2 DESAPRUMO 47
4 . 2 . 3 SISMOS 48
4.3 C O N S I D E R A Ç Ã O DE A B A S E M PAINÉIS DE C O N T R A V E N T A M E N T O 48
4.4 DISTRIBUIÇÃO DE A Ç Õ E S PARA C O N T R A V E N T A M E N T O S S I M É T R I C O S 49
4 . 4 . 1 PAREDES ISOLADAS 49
4 . 4 . 2 PAREDES COM ABERTURAS 50

4.5 DISTRIBUIÇÃO DE A Ç Õ E S PARA C O N T R A V E N T A M E N T O S A S S I M É T R I C O S 52


4 . 5 . 1 PAREDES ISOLADAS 52
4 . 5 . 2 PAREDES COM ABERTURAS 53

4.6 C O N S I D E R A Ç Ã O DE T R E C H O S RÍGIDOS PARA O S LINTÉIS 54


4.7 E X E M P L O S D E M O D E L O S PARA E D I F Í C I O S S O B A Ç Õ E S H O R I Z O N T A I S 55
4 . 7 . 1 EXEMPLO 1 56
4 . 7 . 1 . 1 DESLOCAMENTOS HORIZONTAIS 56
4 . 7 . 1 . 2 MOMENTOS FLETORES 58
4 . 7 . 1 . 3 ESFORÇOS NORMAIS 60

4 . 7 . 1 . 4 TENSÕES NORMAIS 60
4 . 7 . 1 . 5 VERIFICAÇÃO DOS LINTÉIS À FLEXÃO E AO CISALHAMENTO 62
4 . 7 . 2 EXEMPLO 2 63
4 . 7 . 2 . 1 DESLOCAMENTOS HORIZONTAIS 64
4 . 7 . 2 . 2 MOMENTOS FLETORES 64
4 . 7 . 2 . 3 ESFORÇOS NORMAIS 65
4 . 7 . 2 . 4 TENSÕES NORMAIS 65

4 . 7 . 2 . 5 VERIFICAÇÃO DOS LINTÉIS À FLEXÃO E AO CISALHAMENTO 67


4 . 7 . 3 CONCLUSÕES GERAIS PARA OS EXEMPLOS 67
4.8 ESTABILIDADE G L O B A L DA E S T R U T U R A DE C O N T R A V E N T A M E N T O 68
4 . 8 . 1 CONCEITOS BÁSICOS 68
4 . 8 . 2 CLASSIFICAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONTRAVENTAMENTO 69
4 . 8 . 3 AVALIAÇÃO DOS ACRÉSCIMOS DE SEGUNDA ORDEM 69
4 . 8 . 4 DESLOCABILIDADE DAS ESTRUTURAS POR PROCESSOS SIMPLIFICADOS 70
4 . 8 . 4 . 1 PARÂMETRO A 70
4 . 8 . 4 . 2 PARÂMETRO YZ 71
4.9 C O N C L U S Ã O 72
5 PRINCIPAIS PARÂMETROS PARA O D I M E N S I O N A M E N T O DE ELEMENTOS 73
5.1 T E N S Õ E S A D M I S S Í V E I S E E S T A D O S L I M I T E S 73
5.2 R E S I S T Ê N C I A À C O M P R E S S Ã O DA A L V E N A R I A 75
5 . 2 . 1 INFLUÊNCIA DOS COMPONENTES NA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO 75
5 . 2 . 1 . 1 BLOCOS 75
5 . 2 . 1 . 2 ARGAMASSA 76
5 . 2 . 1 . 3 GRAUTE 77
5 . 2 . 1 . 4 ARMADURAS 78
5 . 2 . 2 AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DAS PAREDES 78
5 . 2 . 2 . 1 ESTIMATIVA ATRAVÉS DA RESISTÊNCIA DE PRISMAS 78
5 . 2 . 2 . 2 ESTIMATIVA ATRAVÉS DOS COMPONENTES 80
5 . 2 . 2 . 3 MODELOS TEÓRICOS DE RUPTURA 81
5.3 C A R A C T E R Í S T I C A S G E O M É T R I C A S PARA E L E M E N T O S DE ALVENARIA 84
5 . 3 . 1 ESPESSURA EFETIVA PARA PILARES E PAREDES PORTANTES 85
5 . 3 . 2 ALTURA EFETIVA 86
5 . 3 . 3 ESBELTEZ 87
5 . 3 . 4 COMPRIMENTO EFETIVO DE ABAS EM PAINÉIS DE CONTRAVENTAMENTO 87
5 . 3 . 5 TRECHOS RÍGIDOS PARA LINTÉIS 88
5.4 P A R Â M E T R O S D E R E S I S T Ê N C I A PARA A L V E N A R I A 89
5 . 4 . 1 PARÂMETROS DA N B R 1 0 8 3 7 89
5 . 4 . 2 PARÂMETROS DA B S 5 6 2 8 91
5.5 P A R Â M E T R O S E L Á S T I C O S PARA A L V E N A R I A 93
6 DIMENSIONAMENTO DE ELEMENTOS 95
6.1 I N T R O D U Ç Ã O 95
6.2 C O M P R E S S Ã O SIMPLES 95

6 . 2 . 1 TENSÃO ATUANTE 96
6 . 2 . 2 COMPARAÇÃO DE DIMENSIONAMENTOS 96
6.3 F L E X Ã O S I M P L E S 98

6 . 3 . 1 DIFERENÇAS CONCEITUAIS ENTRE A N B R 1 0 8 3 7 E A B S 5 6 2 8 99


6 . 3 . 2 HIPÓTESES BÁSICAS DA N B R 1 0 8 3 7 99
6 . 3 . 3 EQUACIONAMENTO BÁSICO 100
6 . 3 . 4 DIMENSIONAMENTO BALANCEADO 102

6 . 3 . 5 DIMENSIONAMENTO SUBARMADO 103


6 . 3 . 6 DIMENSIONAMENTO SUPERARMADO 104
6 . 3 . 7 DIMENSIONAMENTO COM ARMADURA DUPLA 104
6.4 C I S A L H A M E N T O 106
6 . 4 . 1 TENSÕES ATUANTES 106
6 . 4 . 2 DIMENSIONAMENTO COM OU SEM ARMADURAS 107
6 . 4 . 3 CÁLCULO DA ÁREA E DISPOSIÇÃO DAS ARMADURAS PARA O CISALHAMENTO 107
6.5 F L E X Ã O C O M P O S T A 109
6 . 5 . 1 SOLICITAÇÕES COMBINADAS SEGUNDO A N B R 1 0 8 3 7 109
6 . 5 . 2 EOUACIONAMENTO BÁSICO 110
6 . 5 . 3 PROCEDIMENTO SIMPLIFICADO 113
7 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO 115
7.1 I N T R O D U Ç Ã O 115
7.2 E X E M P L O S D E C O M P R E S S Ã O S I M P L E S 115
7 . 2 . 1 EXEMPLO 1 115
7 . 2 . 2 EXEMPLO 2 116
7.2.3 EXEMPLO 3 117
7.3 E X E M P L O S DE F L E X Ã O S I M P L E S 117
7 . 3 . 1 EXEMPLO 1 117
S O L U Ç Ã O C O M O AUXÍLIO DE TABELAS 118
7 . 3 . 2 EXEMPLO 2 121
7 . 3 . 3 EXEMPLO 3 122
7.4 E X E M P L O S D E F L E X Ã O S I M P L E S 124
7 . 4 . 1 EXEMPLO 1 124
7 . 4 . 2 EXEMPLO 2 126
7.5 E X E M P L O S D E C I S A L H A M E N T O 128
7 . 5 . 1 EXEMPLO 1 128
7 . 5 . 2 EXEMPLO 2 128
8 EXEMPLO DE EDIFÍCIO DE PORTE MÉDIO 131
8.1 C A R A C T E R Í S T I C A S D O E D I F Í C I O 131
8.2 C A R G A S V E R T I C A I S 132
8.3 D I S T R I B U I Ç Ã O D A S C A R G A S V E R T I C A I S 134
8.4 A Ç Õ E S H O R I Z O N T A I S 136
8 . 4 . 1 AÇÕES DEVIDAS AO VENTO 136
8 . 4 . 2 AÇÓCG CONNCGPONDCNTCG AO DCGAPFIUMO 136
8.5 D I S T R I B U I Ç Ã O D A S A Ç Õ E S H O R I Z O N T A I S 137
8.6 D I M E N S I O N A M E N T O DAS P A R E D E S 140
8.7 D I M E N S I O N A M E N T O D A S V E R G A S 144
8.8 E S T A B I L I D A D E G L O B A L DA E S T R U T U R A D E C O N T R A V E N T A M E N T O 145
8.9 C O N C L U S Ã O 146
ANEXOS - TABELAS DE FLEXÃO 147
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 171
1
Considerações I n i c i a i s

C A P Í T U L O
1.1 CONCEITO ESTRUTURAL BÁSICO

O principal conceito estrutural ligado à utilização da alvenaria estrutural é a transmissão


de ações através de tensões de compressão. Esse é o conceito crucial a ser levado e m conta
q u a n d o se discute a alvenaria c o m o p r o c e s s o construtivo para e l a b o r a ç ã o d e estruturas.
Especialmente no presente é evidente que se pode admitir a existência de tensões de tração e m
determinadas peças. Entretanto, essas tensões devem preferencialmente se restringir a pontos
específicos da estrutura, além de não apresentarem valores muito elevados. E m caso contrário,
se as trações ocorrerem de forma generalizada o u seus valores forem muito elevados, a estrutura
pode ser até mesmo tecnicamente viável, mas dificilmente será economicamente adequada.

Assim, pode-se perceber por que o sistema construtivo se desenvolveu inicialmente


através do empilhamento puro e simples de unidades, tijolos ou blocos, de forma a cumprir a
destinação projetada. Nessa fase inicial, vãos até podiam ser criados, mas sempre por peças
auxiliares, como, por exemplo, vigas de madeira ou pedra. É importante mencionar que os vãos
criados através desse sistema apresentavam u m a deficiência séria: a necessidade de s e r e m
executados c o m dimensões relativamente pequenas.

Além disso, existia o problema óbvio da durabilidade, no caso de se utilizar para essas
vigas u m material de vida útil relativamente pequena quando comparado ao que era utilizado nas
alvenarias propriamente ditas. Esse era o caso, por exemplo, de vigas de madeira utilizadas sobre
alvenarias cerâmicas de pedra. É principalmente por causa disso que muitas construções da
antigüidade não podem ser apreciadas e m sua plenitude. Exemplos eloqüentes são as construções
de Pompéia ou as ruínas de Babilônia. Nessas relíquias, e e m muitas outras de mesma idade, as
paredes são originais, m a s os pavimentos e telhados, quando existem, são partes reconstruídas,
pois os originais desapareceram c o m o correr dos séculos.

C o m o d e s e n v o l v i m e n t o d o sistema construtivo, percebeu-se que u m a alternativa


interessante e viável para a execução d o s vãos seriam os arcos. Nesse caso, os vãos poderiam
ser obtidos através do conveniente arranjo das unidades, de forma a se garantir o preceito básico
da não-existência de tensões de tração de valores significativos. A figura 1.1 (A) apresenta, de
forma e s q u e m á t i c a , u m v ã o produzido dentro dessa concepção. Dessa forma p u d e r a m ser
executadas pontes e muitas outras obras de grande beleza e durabilidade, obtendo-se um salto
de qualidade significativo para o sistema construtivo.

Talvez os mais marcantes exemplos de estruturas que utilizaram, de forma generalizada,


esse procedimento para a obtenção de amplos espaços internos tenham sido as catedrais góticas
do final da Idade Média e começo do Renascimento. C o m os tetos e m abóbadas suportadas por
arcos de alvenaria, essas construções aliavam a beleza d a s formas à durabilidade dos materiais.
Essas estruturas, quando necessário, foram construídas até mesmo c o m arcos que se apoiavam
em outros arcos de contraventamento, evitando-se as tensões de tração de valores elevados e
permitindo-se a criação de vãos e pés-direito relativamente grandes. É o esquema que se apresenta
na figura 1.1 (B), e que pode ser visto claramente, por exemplo, na parte posterior da igreja de
Notre Dame, em Paris.

Figura 1.1 - (A) Arco simples1 e (B) Arco contraventado.

1.2 ASPECTOS HISTÓRICOS E DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA

A alvenaria é um sistema construtivo muito tradicional, tendo sido muito utilizado desde o início
da atividade humana de executar estruturas para os mais variados fins. Com a utilização de blocos de
diversos materiais, como argila, pedra e outros, foram produzidas obras que desafiaram o tempo, atravessando
séculos ou mesmo milênios e chegando até nossos dias como verdadeiros monumentos de grande
importância histórica. Outras edificações não têm grande importância histórica geral, mas, dentro do sistema
construtivo estudado, acabaram se tornando marcos a serem mencionados.

N e s t e texto s e r ã o a p r e s e n t a d o s a l g u n s e x e m p l o s q u e p o d e m ser c o n s i d e r a d o s
importantes para o entendimento do desenvolvimento do sistema construtivo e m análise. Não se
pretende aqui discutir de forma detalhada a história da alvenaria, mas apenas apresentar um
rápido resumo da evolução desse sistema construtivo ao longo do tempo, e m especial destacando-se
os seus aspectos estruturais.

1 . 2 . 1 PIRÂMIDES DE GUIZÉ

São três grandes pirâmides, Quéfren, Queóps e Miquerinos, construídas e m blocos de


pedra que datam de aproximadamente 2600 anos antes de Cristo. A Grande Pirâmide, túmulo do
faraó Queóps, mede 147 m de altura e sua base é u m quadrado de 230 m de lado. Em sua construção
foram utilizados aproximadamente 2,3 milhões de blocos, com peso médio de 25 kN.

' Associação Brasileira de Construção Industrializada (1990).


Por essas características, as pirâmides de Guizé são consideradas grandes monumentos
da antigüidade, símbolos da capacidade dos faraós de mobilizarem verdadeiros exércitos de
trabalhadores durante longos períodos. Entretanto, do ponto de vista estrutural, as pirâmides não
apresentavam nenhuma grande inovação, sendo construídas através da colocação de blocos, uns
sobre os outros, de maneira a produzirem a forma piramidal que as caracterizam.

1 . 2 . 2 FAROL DE ALEXANDRIA

Construído em uma das ilhas em frente ao porto de Alexandria, Faros, aproximadamente 280
anos antes de Cristo, é o mais famoso e antigo farol de orientação. Construído em mármore branco, com
134 m de altura, possuía um engenhoso sistema de iluminação, baseado em um jogo de espelhos.
Do ponto de vista estrutural tratava-se de uma obra marcante, com altura equivalente a
um prédio de 45 pavimentos. Infelizmente, foi destruído por um terremoto no século XIV, restando
apenas as suas fundações como um testemunho de sua grandeza.

1 . 2 . 3 COLISEO

Esse grande anfiteatro, com capacidade para 50.000 pessoas, é um maravilhoso exemplo
de arquitetura romana, com mais de 500 m de diâmetro e 50 m de altura. Construído por volta do
ano 70 d.C. possuía 80 portais, de forma que todas as pessoas que estivessem assistindo aos
espetáculos lá realizados pudessem entrar e sair com grande rapidez.

Outra característica interessante, agora quanto ao aspecto estrutural, é que os teatros


romanos, ao contrário dos teatros gregos que se aproveitavam de desníveis naturais de terrenos
apropriados, eram suportados por pórticos formados por pilares e arcos. Essa característica
estrutural lhes conferia uma maior liberdade em termos de localização, podendo estar situados até
mesmo nos centros das grandes cidades.

1 . 2 . 4 CATEDRAL DE REIMS

t um grande exemplo de catedral gótica. Construída entre 1211 e 1300 d.C. demonstra
a aprimorada técnica de se conseguir vãos relativamente grandes utilizando-se apenas estruturas
comprimidas. Seu interior é amplo, com os arcos que sustentam o teto sendo apoiados em pilares
esbeltos, que, por sua vez, são contraventados adequadamente por arcos externos.

As catedrais góticas em geral, e a catedral de Reims em particular, podem ser citadas


como os grandes exemplos de estruturas de alvenaria com interiores que conferem sensação de
amplitude e grandeza. Ao se adentrar nessas edificações fica claro que, apesar de todas as
limitações que os procedimentos empíricos impunham aos arquitetos desses edifícios, as técnicas
construtivas que foram sendo refinadas ao longo de séculos acabaram produzindo resultados
muito satisfatórios.

1 . 2 . 5 EDIFÍCIO MONADNOCK

Foi construído em Chicago de 1889 a 1891 e tornou-se um símbolo clássico da moderna


alvenaria estrutural. Com seus 16 pavimentos e 65 m de altura, foi considerado uma obra ousada,
como se explorasse os limites dimensionais possíveis para edifícios de alvenaria.

Entretanto, por causa dos métodos empíricos de dimensionamento empregados até então, as
paredes na base têm 1,80 m de espessura. Acredita-se que se fosse dimensionado pelos procedimentos
utilizados atualmente, com os mesmos materiais, essa espessura seria inferior a 30 cm.

1 . 2 . 6 ALVENARIA NÃO-ARMADA NA SUÍÇA

Outro marco importante na história das construções em alvenaria é um edifício construído


em 1950, por Paul Haller, na Basiléia, Suíça. O edifício, com 13 pavimentos e 42 m de altura, foi
executado em alvenaria estrutural não-armada. A espessura das paredes é de 15 cm, para paredes
internas, e 37,5 cm, para as paredes externas.

Considerando-se esses dados e sabendo-se que as paredes internas é que recebem a maior
parte das cargas da edificação, pode-se concluir que o dimensionamento deve ter sido realizado com
base em procedimentos não muito diferentes dos que se utilizam atualmente. A largura de 15 cm para
as paredes mais solicitadas é exatamente a que se obteria em um dimensionamento convencional
utilizando-se qualquer uma das principais normas internacionais. Muito provavelmente a largura das
paredes externas, de 37,5 cm, foi adotada em função de características relacionadas ao conforto térmico.

1 . 2 . 7 HOTEL EXCAUBUR EM LAS VEGAS

Segundo Amrhein (1998), o mais alto edifício em alvenaria estrutural da atualidade é o


Hotel Excalibur, em Las Vegas, EUA. O complexo do hotel é formado por quatro torres principais,
com 28 pavimentos, cada uma contendo 1.008 apartamentos. As paredes estruturais foram
executadas em alvenaria armada de blocos de concreto e a resistência à compressão especificada
na base foi de aproximadamente 28 MPa.

1 . 2 . 8 PRIMEIROS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS NO BRASIL

O sistema construtivo em alvenaria é utilizado no Brasil desde que os portugueses aqui


desembarcaram no início do século XVI. Entretanto, a alvenaria com blocos estruturais, que pode
ser encarada como um sistema construtivo mais elaborado e voltado para a obtenção de edifícios
mais econômicos e racionais, demorou muito a encontrar o seu espaço.

A cronologia das edificações realizadas c o m blocos vazados estruturais é u m pouco


controversa, mas pode-se supor que os primeiros edifícios construídos no Brasil tenham surgido
e m 1966, e m São Paulo. Foram executados c o m blocos de concreto e tinham apenas quatro
pavimentos, conforme se apresenta na figura 1.2(A).

Edifícios mais elevados foram construídos, também e m São Paulo, e m 1 9 7 2 . 0 condomínio


Central Parque Lapa tinha quatro blocos com 12 pavimentos e m alvenaria a r m a d a de blocos de
concreto, figura 1.2(B).

Figura 1.2 - Primeiros edifícios residenciais no BrasiP.

U m pouco posterior é o edifício Muriti, e m São José dos Campos, c o m 16 pavimentos.


Também foi executado e m alvenaria armada de blocos vazados de concreto.

E m alvenaria não-armada, apenas e m 1977 se tem notícia dos primeiros edifícios, com
nove pavimentos. Essas edificações foram executadas com blocos sílico-calcáreos, c o m 24 c m de
espessura para as paredes estruturais.

Dessa forma, apesar de sua chegada tardia, o sistema acabou se firmando c o m o uma

a l t e r n a t i v a eficiente e e c o n ô m i c a para a e x e c u ç ã o de e d i f i c a ç õ e s r e s i d e n c i a i s e t a m b é m

industriais. C o m u m desenvolvimento mais lento a princípio e b e m mais rápido nos últimos anos.

o sistema acabou sendo muito b e m aceito, o que se pode perceber principalmente quando se

considera o n ú m e r o de empresas produtoras de blocos, tanto de concreto c o m o cerâmicos,

existentes na atualidade.

2 Associação Brasileira de Construção Industrializada (1990).


1 . 2 . 9 SITUAÇÃO ATUAL NO BRASIL

Atualmente, no Brasil, o sistema construtivo em alvenaria tem experimentado um grande


impulso. Devido à estabilização da economia, a concorrência tem feito com que um número crescente
de empresas passe a se preocupar mais com os custos, acelerando as pesquisas e a utilização de
novos materiais.

Dentro do sistema Alvenaria Estrutural, a alvenaria não-armada de blocos vazados de


concreto parece ser um dos mais promissores, tanto pela economia proporcionada como pelo
número de fornecedores já existentes. Sua utilização é mais indicada em edificações residenciais
de padrão baixo ou médio com até 12 pavimentos. Nesses casos utilizam-se paredes com espessura
de 14 cm e a resistência de bloco normalmente necessária é de 1 MPa vezes o número de
pavimentos acima do nível considerado.

Entretanto, a alvenaria de blocos cerâmicos também ganha força com o aparecimento


de fornecedores confiáveis para resistências superiores a 10 MPa. Apesar de, no momento, ser
mais utilizada em edificações de poucos pavimentos, pode-se considerar que dentro de algum
tempo os blocos cerâmicos passarão a disputar com os blocos de concreto a utilização em
edifícios de até 10 pavimentos.

1.3 C O M P O N E N T E S DA ALVENARIA ESTRUTURAL

Neste item serão apresentadas algumas características dos principais componentes da


alvenaria estrutural. Inicialmente é importante se ressaltar dois conceitos básicos que são aqui
necessários: componente e elemento. Neste texto, esses conceitos são mencionados com o
significado que possuem na NBR 10837 - Cálculo de Alvenaria Estrutural de Blocos Vazados de
Concreto 3 . Essa norma de cálculo, entretanto, os apresenta de forma diversa da NBR 8798 -
Execução e Controle de Obras de Alvenaria Estrutural de Blocos Vazados de Concreto 4 . Assim,
torna-se necessário um esclarecimento cabal sobre os significados aqui adotados.

Entende-se por um componente da alvenaria uma entidade básica, ou seja, algo que
compõe os elementos que, por sua vez, comporão a estrutura. Os componentes principais da
alvenaria estrutural são: blocos, ou unidades; argamassa; graute e armadura. Já os elementos são
uma parte suficientemente elaborada da estrutura, sendo formados por pelo menos dois dos
componentes anteriormente citados. Como exemplo de elementos podem ser citados: paredes,
pilares, cintas, vergas, etc.

9 Associação Brasileira de Normas Técnicas (1989).

4 Associação Brasileira de Normas Técnicas (1985).


Considerações Iniciais

1 . 3 . 1 UNIDADE

Como componentes básicos da alvenaria estrutural, as unidades são as principais


responsáveis pela definição das características resistentes da estrutura.

Quanto ao material componente, as unidades mais utilizadas no Brasil para edificações


de alvenaria estrutural são, em ordem decrescente de utilização: unidades de concreto, unidades
cerâmicas e unidades sílico-catcáreas.
Quanto à forma as unidades podem ser maciças ou vazadas, sendo denominadas tijolos ou
blocos, respectivamente. São consideradas maciças aquelas que possuem um índice de vazios de no
máximo 25% da área total. Se os vazios excederem esse limite, a unidade é classificada como vazada.
Desse detalhe advêm dois conceitos de grande importância estrutural. A tensão que se refere à área
total da unidade, desconsiderando-se os vazios, é chamada tensão em relação à área bruta. Já a
tensão calculada descontando-se a área de vazios é chamada de tensão em relação à área líquida. No
Brasil, é muito mais comum a referência à área bruta e assim, exceto quando for feita uma observação
explícita sobre esse ponto, todas as tensões aqui mencionadas serão referidas à área bruta. Usualmente,
os blocos apresentam uma área de vazios em torno de 50%. Dessa forma a conversão da tensão na
área bruta para a tensão na área líquida se faz multiplicando-se o primeiro valor por dois.

Já quanto à aplicação, as unidades podem ser classificadas de vedação e estruturais.


Neste texto apenas estarão sendo tratadas as unidades estruturais. Assim, é importante observar
o que está mencionado nas normas brasileiras quanto às resistências mínimas que devem
apresentar essas unidades. A NBR 6136 - Blocos Vazados de Concreto Simples para Alvenaria
Estrutural 6 especifica que a resistência característica do bloco à compressão, medida em relação
à área bruta, deve obedecer aos seguintes limites:

fbK > 6 MPa: blocos em paredes externas sem revestimento;


fbk > 4,5 MPa: blocos em paredes internas ou externas com revestimento.

Portanto, na prática, só podem ser utilizados blocos de concreto com resistência


característica de no mínimo 4,5 MPa. Já a NBR 7171 - Bloco Cerâmico para Alvenaria 6 menciona
que para os blocos portantes cerâmicos a resistência mínima deve ser de 4 MPa.

1.3.2 ARGAMASSA

A argamassa de assentamento possui as funções básicas de solidarizar as unidades,


transmitir e uniformizar as tensões entre as unidades de alvenaria, absorver pequenas deformações

5 Associação Brasileira do Normas Técnicas (1980).

6 Associação Brasileira de Normas Técnicas (1983).


e prevenir a entrada de água e de vento nas edificações. Usualmente composta de areia, cimento,
cal e água, a argamassa deve reunir boas características de trabalhabilidade, resistência,
plasticidade e durabilidade para o desempenho de suas funções.

Para o projetista é necessário o conhecimento da resistência média à compressão da


argamassa, uma vez que a NBR 10837 especifica diferentes valores de tensão admissível à tração e
ao cisalhamento para a alvenaria em função desse parâmetro. No entanto, a resistência à compressão
da argamassa não é tão significativa para a resistência à compressão das paredes, conforme ficará
claro em item subseqüente. Mais importante que essa característica de resistência é a plasticidade,
que realmente permite que as tensões sejam transferidas de modo uniforme de uma unidade à outra.

1 . 3 . 3 GRAUTE

O graute é um concreto com agregados de pequena dimensão e relativamente fluido,


eventualmente necessário para o preenchimento dos vazios dos blocos. Sua função é propiciar o
aumento da área da seção transversal das unidades ou promover a solidarização dos blocos com
eventuais armaduras posicionadas nos seus vazios. Dessa forma pode-se aumentar a capacidade
portante da alvenaria à compressão ou permitir que as armaduras colocadas combatam tensões
de tração que a alvenaria por si só não teria condições de resistir. É interessante ressaltar que a
NBR 8798 estabelece quantidades-limite de cimento, cal e agregados para dosagens não-
experimentais, o que pode ser consultado como referência sempre que necessário.

C o n s i d e r a - s e que o c o n j u n t o bloco, graute e eventualmente a r m a d u r a trabalhe


monoliticamente, de maneira análoga ao que ocorre com o concreto armado. Para tanto, o graute
deve envolver completamente as armaduras e aderir tanto a ela quanto ao bloco, de modo a
formar um conjunto único.

Segundo a NBR 10837, o graute deve ter sua resistência característica maior ou igual a
duas vezes a resistência característica do bloco. Essa recomendação é fácil de ser entendida
quando se recorda que a resistência característica do bloco é referida à área bruta e que o índice
de vazios para os blocos é usualmente de 50%. Na verdade, seria mais claro se a norma
mencionasse que a resistência do graute deve ser no mínimo a mesma do bloco em relação à área
líquida.

1 . 3 . 4 ARMADURAS

As barras de aço utilizadas nas construções em alvenaria são as mesmas utilizadas


nas estruturas de concreto armado, mas, neste caso, serão sempre envolvidas por graute, para
garantir o trabalho conjunto com o restante dos componentes da alvenaria. Uma exceção é feita
para as armaduras colocadas nas juntas das argamassas de assentamento. Nesse caso, é
importante ressaltar q u e o diâmetro deve ser de no mínimo 3,8 mm, não ultrapassando a metade

da espessura da junta.

1.4 ASPECTOS TÉCNICOS E ECONÔMICOS

Sempre que se fala de um novo sistema construtivo, é imprescindível que se discutam os


aspectos técnicos e econômicos envolvidos. Isso significa considerar, para cada um desses itens, as
principais vantagens e desvantagens desse sistema. Para tanto, optou-se não apenas por fazer um
breve apanhado das principais características da alvenaria estrutural, isoladamente falando, mas,
também desenvolver uma série de comparações c o m o processo convencional de produção de
edifícios de concreto armado.

Dessa forma pretende-se situar a alvenaria estrutural em relação às estruturas convencionais


de concreto armado, um sistema construtivo bastante disseminado e muito conhecido, facilitando-se
assim o entendimento de algumas características mais marcantes do sistema e m análise.

Inicialmente, deve-se ressaltar que a utilização da alvenaria estrutural, para os edifícios


residenciais, parte de uma concepção bastante interessante que é a de transformar a alvenaria,
originalmente c o m função exclusiva de vedação, na própria estrutura. Dessa forma, pode-se evitar a
necessidade da existência dos pilares e vigas que dão suporte a uma estrutura convencional.

Assim, a alvenaria passa a ter a dupla função de servir de vedação e suporte para a edificação,
o que é, em princípio, muito bom para a economia. Entretanto, a alvenaria, nesse caso, precisa ter sua
resistência perfeitamente controlada, de forma a se garantir a segurança da edificação. Essa necessidade
demanda a utilização de materiais mais caros e também uma execução mais cuidadosa, o que
evidentemente aumenta o seu custo de produção em relação à alvenaria de vedação.

1 . 4 . 1 PRINCIPAIS PARÂMETROS A SEREM CONSIOERADOS PARA A ADOÇÃO DO SISTEMA

Nos casos usuais, o acréscimo de custo para a produção da alvenaria estrutural compensa
com folga a economia que se obtém com a retirada dos pilares e vigas. Entretanto, é necessário que
se atente para alguns detalhes importantes para que a situação não se inverta, passando a ser a
alvenaria um processo mais oneroso para a produção da estrutura.
Esses detalhes dizem respeito a determinadas características da edificação que se pretende
construir, pois não é correto se considerar que um sistema construtivo seja considerado adequado a
qualquer edifício. Para maior clareza, apresentam-se a seguir as três características mais importantes
que devem ser levadas e m conta para se decidir pelo sistema construtivo mais adequado.

a) Altura da edificação
No caso da altura, considerando-se os parâmetros atuais no Brasil, pode-se afirmar que
a alvenaria estrutural é a d e q u a d a a edifícios de no m á x i m o 15 ou 16 pavimentos. Para estruturas
c o m u m n ú m e r o de p a v i m e n t o s a c i m a d e s s e limite, a resistência à c o m p r e s s ã o d o s blocos
encontrados no m e r c a d o não permite que a obra seja executa s e m um e s q u e m a de
g r a u t e a m e n t o generalizado, o q u e prejudica muito a e c o n o m i a . A l é m disso, m e s m o q u e a
resistência dos blocos p u d e s s e ser a d e q u a d a q u a n t o ã c o m p r e s s ã o , as a ç õ e s horizontais
c o m e ç a r i a m a produzir tensões de tração significativas, o q u e exigiria a utilização de a r m a d u r a s
e graute. E se o n ú m e r o de pontos sob essas c o n d i ç õ e s for muito g r a n d e , a e c o n o m i a da obra
estará irremediavelmente c o m p r o m e t i d a .

b) Arranjo arquitetônico

É claro que as afirmações feitas no item anterior referem-se a edifícios usuais. Para
arranjos arquitetônicos que fujam desses padrões usuais, a situação pode ser um pouco melhor,
ou b e m pior. Nesse caso é importante se considerar a densidade de paredes estruturais por m 2 de
pavimento. U m valor indicativo razoável é que haja de 0,5 a 0,7 m de paredes estruturais por m 2 de
pavimento. Dentro desses limites, a densidade de paredes pode ser considerada usual e as
condições para seu dimensionamento também refletirão essa condição.

c) Tipo de uso

Pelo q u e se m e n c i o n a no item anterior, é importante ressaltar q u e para edifícios


comerciais ou residenciais de alto padrão, onde seja necessária a utilização de vãos grandes,
esse sistema construtivo normalmente não é adequado. A alvenaria estrutural é muito mais
adequada a edifícios residenciais de padrão médio ou baixo, onde os ambientes, e t a m b é m os
vãos, são relativamente pequenos.

Em especial para edifícios comerciais, é desaconselhável o uso indiscriminado da alvenaria


estrutural. Nesse tipo de edificação é muito usual a necessidade de u m rearranjo das paredes
internas de forma a acomodar empresas de diversos portes. A adoção de alvenarias estruturais
para esses casos seria inconveniente, pois essa flexibilidade deixa de existir. Pode-se inclusive
considerar que sua adoção seja perigosa, pois c o m o tempo é provável que proprietários realizem
modificações sem estarem conscientes dos riscos que correm.

1 . 4 . 2 PRINCIPAIS PONTOS POSITIVOS DO SISTEMA

Continuando a discussão sobre os mais importantes aspectos técnicos e econômicos da


alvenaria estrutural, a seguir são apresentadas as características que p o d e m representar as
principais vantagens da alvenaria estrutural e m relação às estruturas convencionais de concreto
armado, e m ordem decrescente de importância.
a) Economia de fôrmas
Quando existem, as fôrmas se limitam às necessárias para a concretagem das lajes.
São, portanto, fôrmas lisas, baratas e de grande reaproveitamento.

b) Redução significativa nos revestimentos


Por se utilizar blocos de qualidade controlada e pelo controle maior na execução, a redução
dos revestimentos é muito significativa. Usualmente o revestimento interno é feito c o m uma camada
de gesso aplicada diretamente sobre a superfície dos blocos. No caso dos azulejos, eles t a m b é m
podem ser colados diretamente sobre os blocos.

c) Redução nos desperdícios de material e mão-de-obra


O fato de as paredes não admitirem intervenções posteriores significativas, como rasgos
ou aberturas para a colocação de instalações hidráulicas e elétricas, é uma importante causa da
eliminação de desperdícios. Assim, o que poderia ser encarado como uma desvantagem, na verdade
implica a virtual eliminação d a possibilidade de improvisações, que encarecem significativamente
o preço de uma construção.

d) Redução do número de especialidades


Deixam de ser necessários profissionais como armadores e carpinteiros.

e) Flexibilidade no ritmo de execução da obra

Se as lajes forem pré-moldadas, o ritmo da obra estará desvinculado do tempo de cura

que deve ser respeitado no caso das peças de concreto armado.

Dos itens apresentados, pode-se perceber que, e m termos gerais, a principal vantagem
d a utilização da alvenaria estrutural reside n u m a maior racionalidade do sistema executivo,
reduzindo-se o consumo de materiais e desperdícios que usualmente se verificam e m obras de
concreto a r m a d o convencional.

1 . 4 . 3 PRINCIPAIS PONTOS NEGATIVOS DO SISTEMA

Apesar de as vantagens apresentadas serem de grande relevância, não se pode esquecer


de algumas desvantagens da alvenaria estrutural em relação às estruturas convencionais em concreto
armado. Elas se encontram listadas a seguir, também e m ordem decrescente de importância.

a) Dificuldade de se adaptar arquitetura para um novo uso


Fazendo as paredes parte d a estrutura, o b v i a m e n t e não existe a possibilidade de
adaptações significativas no arranjo arquitetônico. Em algumas situações isso se torna um problema
bastante sério. Estudos realizados demonstram que ao longo de sua vida útil uma edificação tende
a sofrer mudanças para se adaptar a novas necessidades de seus usuários. No caso da alvenaria
isso não só é inconveniente como tecnicamente impossível na grande maioria dos casos.

b) Interferência entre projetos de arquitetura/estruturas/instalações


A interferência entre os projetos é muito grande quando se trata de uma obra e m alvenaria
estrutural. A manutenção do módulo afeta de forma direta o projeto arquitetônico e a impossibilidade
de se furar paredes, sem u m controle cuidadoso desses furos, condiciona de forma marcante os
projetos de instalações elétricas e hidráulicas.

c) Necessidade de uma mão-de-obra bem qualificada

A a l v e n a r i a e s t r u t u r a l exige u m a m ã o - d e - o b r a q u a l i f i c a d a e a p t a a fazer uso de


instrumentos adequados para sua execução. Isso significa u m treinamento prévio d a equipe
contratada para sua execução. Caso contrário, os riscos de falhas que comprometam a segurança
da edificação crescem sensivelmente.

Quanto às desvantagens, deve-se ressaltar a impossibilidade de se efetuar modificações

na disposição arquitetônica original. Essa limitação é um importante inibidor de vendas e até mesmo

um fator que pode comprometer a segurança de uma edificação durante a sua vida útil.

1.5 CONCLUSÃO

Foi apresentado neste capítulo o conceito estrutural de alvenaria estrutural, destacando-


se a sua capacidade primordial de absorver solicitações de compressão. Foram, também, discutidos
aspectos históricos relativos a esse sistema estrutural, incluindo a sua situação no Brasil, em que
se percebe o grande impulso que sua utilização tem sofrido nas últimas décadas. De forma resumida
f o r a m c o n c e i t u a d o s os c o m p o n e n t e s d a alvenaria, i n d i c a n d o as s u a s características m a i s
importantes. Por fim foram discutidos aspectos técnicos e econômicos do sistema estrutural,
levantando-se vantagens e desvantagens de sua utilização.
2
Principais Aspectos Q u a n t o à Modulação o
Q)
TD
2.1 CONCEITOS BÁSICOS
c
O
A unidade é o componente básico da alvenaria. Uma unidade será sempre definida por
três dimensões principais: comprimento, largura e altura (Fig. 2.1). O comprimento e, pode-se
dizer, também a largura definem o módulo horizontal, ou módulo e m planta. Já a altura define o
módulo vertical, a ser adotado nas elevações.

Dentro dessa perspectiva, percebe-se que é muito importante que o comprimento e a


largura sejam ou iguais ou múltiplos, de maneira que efetivamente se possa ter u m único módulo
e m planta. Se isso realmente ocorrer, a amarração das paredes será enormemente simplificada,
havendo u m ganho significativo e m termos da racionalização do sistema construtivo. Entretanto,
se essa condição não for atendida, será necessário se utilizar unidades especiais para a correta
amarração das paredes, o que pode trazer algumas conseqüências desagradáveis para o arranjo
estrutural. Essas conseqüências serão apresentadas, com alguns detalhes, nos itens subseqüentes.

Figura 2.1 - Dimensões de uma unidade.

Assim, pode-se dizer que modular um arranjo arquitetônico, ou pelo menos modular as
paredes portantes desse arranjo, significa acertar suas dimensões e m planta e também o pé-direito
da edificação, e m função das dimensões das unidades, de modo a não se necessitar, ou pelo menos
se reduzir drasticamente, cortes ou ajustes necessários à execução das paredes.

No presente texto a unidade usualmente referida será o bloco, por ser a mais freqüentemente
utilizada nas edificações em alvenaria estrutural.

2.2 IMPORTÂNCIA DA MODULAÇÃO

A modulação é um procedimento absolutamente fundamental para que uma edificação


e m alvenaria estrutural possa resultar econômica e racional. Se as dimensões de uma edificação
não forem moduladas, como os blocos não devem ser cortados, os enchimentos resultantes
certamente levarão a u m custo maior e uma racionalidade menor para a obra e m questão.
Esse custo mais elevado se verifica não só em relação à mão-de-obra para execução
d o s e n c h i m e n t o s p r o p r i a m e n t e ditos, mas t a m b é m pelo seu efeito negativo no p r ó p r i o
dimensionamento da estrutura como um todo. O fato de as paredes estarem trabalhando isoladas,
conseqüência praticamente inevitável dos enchimentos, faz com que a distribuição das ações
entre as diversas paredes de um edifício seja feita de forma a penalizar em demasia alguns
elementos e conseqüentemente a economia do conjunto.

Dessa forma, pode-se concluir que uma obra de alvenaria estrutural, que se pretenda
racionalizada, deve apresentar todas as suas dimensões moduladas. Ajustes até podem ser
realizados, mas em pouquíssimos pontos e apenas sob condições muito particulares.

2.3 BLOCOS USUALMENTE UTILIZADOS

Muitos blocos diferentes podem ser utilizados em uma edificação em alvenaria estrutural.
Dependendo do tipo de bloco a ser utilizado, maciço ou vazado, cerâmico ou de concreto, existem
dimensões usualmente encontradas.
A NBR 6136, que trata de blocos vazados de concreto para alvenaria estrutural, especifica
duas larguras padronizadas: largura nominal de 15 cm, denominados blocos M-15, e largura nominal
de 20 cm, denominados blocos M-20. Entretanto, segundo a norma, os comprimentos padronizados
serão sempre de 20 e 40 cm e as alturas de 10 e 20 cm. A padronização adotada, em especial quanto
ao comprimento, é adequada à largura de 20 cm, mas revela-se inadequada à largura de 15 cm. Os
motivos dessa inadequação serão mostrados com detalhes nos itens seguintes.

No Brasil são mais facilmente encontrados blocos de modulação longitudinal de 15 cm e


20 cm. ou seja, comprimentos múltiplos de 15 e 20 cm. Em algumas regiões, especialmente no
Norte e Nordeste, é comum o módulo 12 cm, que começa a ser utilizado também no restante de
nosso país para edificações de até dois pavimentos. Usualmente, a largura é igual ao módulo
longitudinal, mas para o caso de blocos de módulo longitudinal 20 cm, pode-se encontrar larguras
de 15 ou 20 cm, de acordo com a padronização apresentada pela NBR 6136. Já em termos de
altura, não é comum encontrar-se valores diferentes de 20 cm, exceto para blocos compensadores.

Na modulação longitudinal de 15 cm. normalmente são encontrados os blocos com 15 e


30 cm de comprimento, ambos com 15 cm de largura. Com freqüência encontra-se, também, o
bloco de 45 cm de comprimento, conforme se apresenta na figura 2.2.
Quando se trata do módulo de 20 cm, cujos blocos usuais têm comprimentos nominais
de 20 cm, 40 cm, são encontradas larguras de 15 e 20 cm. Para a largura de 15 cm, é também
freqüentemente encontrado um bloco especial de 35 cm, um módulo de 15 somado a um módulo
de 20, cuja utilização será discutida com detalhes em item posterior. Uma família típica de blocos
de modulação longitudinal de 20 cm é apresentada na figura 2.3.
Figura 2.3 - Blocos de comprimentos 20. 40 e 35 cm,
largura 15 cm e altura 20 cm.

Na verdade, poder-se-ia generalizar as afirmativas anteriores mencionando que a figura 2.2


mostra blocos para os quais a largura é igual ao módulo, qualquer que seja esse valor. Já a figura 2.3
mostra uma família de blocos em que a largura é menor que o módulo, também quaisquer que sejam
esses valores. Por exemplo, largura 12 cm e módulo 20 cm, em vez da largura de 15 cm que é mencionada.

2.4 ESCOLHA DA M O D U L A Ç Ã O A SER UTILIZADA

À primeira vista pode parecer que o único parâmetro a ser considerado na escolha do
módulo horizontal a ser adotado para uma edificação seja seu arranjo arquitetônico. Isso porque se
adotado o módulo de 15 cm, por exemplo, as dimensões internas dos ambientes e m planta devem
ser múltiplas de 15. Assim, pode-se ter 60 cm, 1,20 m, 2,10 m, etc. No caso da utilização do módulo
20. as dimensões devem ser múltiplas de 20 cm. por exemplo. 60 cm. 1.60 m. 2.80 m. etc. Dessa
forma o módulo a ser adotado seria aquele que ocasionasse menores alterações e m uma arquitetura
previamente concebida ou que propiciasse a concepção de um partido arquitetônico interessante.

Realmente, a arquitetura é um ponto muito importante na definição do módulo a ser adotado.


Entretanto, o principal parâmetro a ser considerado para a definição da distância modular horizontal
de uma edificação em alvenaria é a largura do bloco a ser adotado. Isso porque o ideal é que o
módulo longitudinal dos blocos a serem utilizados seja igual à largura a ser adotada. Dessa forma
pode-se prescindir da utilização de blocos especiais e evitar uma série de problemas muito comuns,
e m especial na ligação de duas paredes, tanto em canto quanto em bordas. Assim sendo, o projetista,
antes de sugerir o módulo a ser adotado, deve avaliar o edifício e verificar se a largura conveniente
será 15 c m ou 20 cm, ou eventualmente u m outro valor. Somente após esse procedimento é que
deve ser discutida a modulação a ser adotada.

Todavia, nem sempre é possível definir o módulo apenas seguindo esse procedimento
recomendado. Pode ocorrer de não se conseguir u m fornecedor para a modulação mais adequada.
O fornecedor dos blocos necessita estar a uma distância relativamente pequena da obra, de forma
que se viabilize economicamente o empreendimento. Distâncias muito grandes, normalmente acima
de 200 km, tornam o frete proibitivo, na prática a sua utilização.

Além disso, o ideal é que existam pelo menos dois fornecedores potencialmente viáveis
para uma determinada edificação, a menos que os blocos estejam sendo produzidos no próprio
canteiro de obras. A dependência de apenas um fornecedor externo pode representar um perigo
significativo quanto a eventuais interrupções no fornecimento ou aumentos abusivos de preços.

J á quanto à modulação vertical, a situação é normalmente bem mais simples. Trata-se


apenas de ajustar a distância de piso a teto para que seja um múltiplo do módulo vertical a ser
adotado, normalmente 20 cm. Esse procedimento usualmente não traz problemas significativos
para a compatibilização com o projeto arquitetônico. Além disso, o módulo horizontal adotado e a
largura dos blocos t a m b é m não influem na escolha do módulo vertical.

Por fim, alguns outros recursos que p o d e m ser adotados, como a utilização de blocos
compensadores ou jota adequados, podem fazer c o m que a distância a ser modulada seja de piso
a piso, dando uma flexibilidade ainda maior ao pé-direito da edificação. Detalhes mais específicos
serão analisados e m item subseqüente.

2.5 MODULAÇÃO HORIZONTAL - PRINCIPAIS DETALHES

O primeiro conceito a ser aqui abordado é o das dimensões reais. Q u a n d o se adota u m


determinado módulo, aqui chamado de M, esse módulo refere-se ao comprimento real do bloco
mais a espessura de uma junta, aqui chamada de J.
Portanto, conforme se apresenta na figura 2.4, o comprimento real de um hloco inteiro será
2M - J e o comprimento real de um meio bloco será M - J. Considerando-se as juntas mais comuns,
que são de 1 cm, tem-se que os comprimentos reais dos principais blocos serão seus comprimentos
nominais (15, 20, 30, 35, 45 cm, etc.) diminuídos de 1 cm (14, 19, 29, 34, 44 cm, etc.). Entretanto,
não são tão raros blocos preparados para juntas de 0,5 cm, principalmente nas famílias de módulo
15 cm. Nesse caso os comprimentos reais seriam de 14,5 cm, 29,5 c m e 44,5 cm.

Então, as dimensões reais de uma edificação entre faces dos blocos, ou seja, sem se
considerar os revestimentos, serão sempre determinadas pelo número de módulos e juntas que
se fizerem presentes no intervalo. Dependendo do caso pode-se ter (n ©o M), (n ©© M - J) ou (n <*> M + J).
A figura 2.5 ilustra alguns casos típicos.

Outro ponto interessante apresentado na figura 2.5 é o fato de os blocos que vão colocados
e m cantos e bordas vizinhos estarem "paralelos" ou "perpendiculares", sendo essas definições
tomadas em relação a eixos segundo o comprimento das peças.

2M M

2M-J J J M-J

Figura 2.4 - Dimensões reais e dimensões nominais.

M M

CO

6M + J 7M + J

• •
• •
! :
• • | D D | D D B B
8M-J (A) (B) 9M-J

Figura 2.5 - Dimensões reais entre faces de blocos.

Quando a dimensão entre blocos de canto ou borda vizinhos é um número par vezes o
módulo, os blocos se apresentarão paralelos (Fig 2.5A). Em caso contrário, se a dimensão for um
número ímpar vezes o módulo, os blocos estarão perpendiculares (Fig 2.5B).

Somente c o m esses conceitos simples apresentados já é possível definir uma das fiadas,
por exemplo, a primeira. As demais fiadas devem levar e m conta a preocupação de se evitar ao
máximo as juntas a prumo. Portanto, as fiadas subseqüentes são definidas de modo a se produzir
a melhor concatenação possível entre os blocos. Isso significa defasar as juntas de uma distância M,
obtendo-se a situação mostrada na figura 2.6. Ressalta-se que os blocos de canto estão hachurados
apenas para se destacar o seu posicionamento.

|DD|Da|DD|aD|gg|DnKO
Fiada 2

• •|DD|DD|DD|DD|DD|DDj
Fiada 1
Elevação

Figura 2.6 - Fiadas 1 e 2 e elevação de uma parede sem juntas a prumo.

C o m os conceitos apresentados, a modulação horizontal estará praticamente resolvida


na maior extensão das paredes. Apenas podem ocorrer alguns problemas adicionais e m cantos e
bordas, especialmente quando o módulo adotado não for o m e s m o valor da largura. Para deixar
b e m claros esses detalhes a serem utilizados é que se apresentam no próximo item soluções
recomendadas para esses casos.

2.6 SOLUÇOES RECOMENDADAS PARA CANTOS E BORDAS

Neste item, procurar-se-á destacar os blocos vazados de concreto, os mais utilizados no


Brasil, e que por serem vazados exigem maiores cuidados na disposição a ser adotada e m cantos
e bordas. Entretanto, as disposições aqui adotadas podem ser adaptadas c o m facilidade para
outros tipos de blocos, inclusive cerâmicos e não-vazados.

2 . 6 . 1 MÓDULO E LARGURA IGUAIS

Neste i t e m s e r ã o a p r e s e n t a d o s d e t a l h e s para c a n t o e b o r d a s q u a n d o o m ó d u l o
a d o t a d o é igual à largura d o bloco. Esse valor p o d e ser de 1 2 , 1 5 o u m e s m o 2 0 cm. O s detalhes
s e r ã o os m e s m o s para q u a l q u e r caso. Entretanto, é importante m e n c i o n a r q u e na g r a n d e
maioria das edificações residenciais a largura d e bloco ideal a ser a d o t a d a é de 15 cm. N e s s e
caso, o módulo ideal t a m b é m será o de 15 cm. Q u a n d o for possível adotá-lo, os d e t a l h e s de
c a n t o s e bordas são muito simples, e m especial q u a n d o se puder utilizar o bloco de três
módulos nas bordas.
Para maior clareza, apresentam-se nas figuras 2.7 a 2.9 os esquemas de fiadas para
esses encontros. É interessante salientar que para os cantos, sempre, e para as bordas, quando
se dispõe de um bloco especial de três módulos, são necessárias apenas duas fiadas para esclarecer
completamente o detalhe. Já para as bordas executadas s e m a utilização do bloco de três módulos,
serão necessárias quatro fiadas para que o detalhe seja completo. Nesse caso, após três fiadas
c o m juntas a prumo é que ocorrerá uma fiada c o m junta defasada.

Figura 2.7 - Canto com modulação e largura iguais.

Figura 2.8 - Borda com modulação e largura


iguais, com bloco especial de três módulos.

Figura 2.9 - Borda com modulação e largura


iguais, sem bloco especial de três módulos.
2 . 6 . 2 LARGURA MENOR QUE o MÓDULO

Se o projetista não puder utilizar o módulo e a largura do bloco iguais, será necessário se
prever a utilização de blocos especiais para a solução de cantos e bordas. Somente para exemplificar
apresenta-se o esquema de fiadas e m u m canto sem a utilização desses blocos especiais. Pode-
se observar que a solução é completamente inadequada, tanto e m relação à continuação das
fiadas quanto ao mau posicionamento dos septos.

Figura 2.10 - Canto com módulo e


largura diferentes, sem bloco especial.

Assim, para esses casos, é imprescindível a utilização do bloco especial no qual u m dos
furos é especialmente adaptado para a dimensão da largura do bloco, enquanto o outro é um furo
c o m as dimensões normais. Por exemplo, para blocos que estejam de acordo c o m a especificação
M - 1 5 da NBR 6136, módulo de 2 0 c m c o m largura 15 cm, o bloco especial teria 35 c m de
comprimento. Somente c o m a utilização desse tipo de bloco é que se pode realizar corretamente
a concatenação de blocos entre as diversas fiadas, conforme se mostra na figura 2.11.

F i g u r a 2.11 - Canlo com módulo e

largura diferentes, com bloco especial.

Também a modulação de uma borda pode ser resolvida com o mencionado bloco espe-
cial, de acordo com o esquema apresentado na figura 2.12.

Outra possibilidade é a utilização de um bloco especial de três furos, raramente encontrado


no mercado. Esse bloco teria de apresentar os furos das extremidades com as dimensões normais
e o furo do meio c o m a dimensão adaptada à largura das unidades. Assim, além de não ser c o m u m
a sua produção, esse bloco normalmente apresentaria dificuldades de instalação, pois seria muito
pesado. Por exemplo, no caso dos blocos seguindo a especificação M-15 da NBR 6136, ele teria 55 c m

de comprimento. Entretanto, o esquema de fiadas da borda pode ser simplificado com a sua utilização

como se observa na figura 2.13.

Figura 2.12 - Borda com módulo e


largura diferentes, com bloco especial.

Figura 2.13 - Borda com módulo e largura


diferentes, com bloco especial de três furos.

2.7 MODULAÇÃO VERTICAL - PRINCIPAIS DETALHES

C o n f o r m e j á se m e n c i o n o u , a m o d u l a ç ã o v e r t i c a l r a r a m e n t e p r o v o c a m u d a n ç a s
significativas no arranjo arquitetônico. Existem basicamente duas formas de se realizar essa
modulação. A primeira, apresentada na figura 2.14, é aquela em que a distância modular é aplicada
de piso a teto. Assim, paredes de extremidades terminarão com u m bloco J que tem uma das suas
laterais c o m uma altura maior que a convencional, de modo a acomodar a altura da laje. Já as
paredes internas terão sua última fiada composta por blocos canaleta comuns.
Em casos e m que não se pretenda ou não se possa utilizar blocos J, m e s m o nas paredes
externas poderão ser utilizados apenas blocos canaleta convencionais, realizando-se a concretagem
da laje c o m uma fôrma auxiliar convenientemente posicionada (Fig. 2.15).

Figura 2.14 - Modulação de piso a teto.

Figura 2.15 - Parede externa sem bloco J.

A s e g u n d a possibilidade d e m o d u l a ç ã o vertical que pode ser utilizada é a aplicação


da distância modular d e piso a piso. N e s s e caso, a p r e s e n t a d o na figura 2.16, a última fiada
das paredes externas s e r á f o r m a d a por blocos J c o m u m a das suas laterais c o m altura menor
que a convencional, de f o r m a a t a m b é m propiciar a a c o m o d a ç ã o d a espessura d a laje. Já as
p a r e d e s internas apresentarão, e m s u a última fiada, blocos c o m p e n s a d o r e s , para permitir o
ajuste da distância de piso a teto que não estará m o d u l a d a .

Este p r o c e d i m e n t o p o d e ser i n t e r e s s a n t e q u a n d o o fabricante d e b l o c o s n ã o p u d e r


fornecer b l o c o s J e n ã o se d e s e j a r fazer a c o n c r e t a g e m utilizando-se f ô r m a s auxiliares.
O c o r r e q u e o s blocos c a n a l e t a c o m u n s p o d e r ã o ser c o r t a d o s no canteiro, por m e i o de u m a
f e r r a m e n t a a d e q u a d a , p e r m i t i n d o q u e os b l o c o s J e o s c o m p e n s a d o r e s p o s s a m ser o b t i d o s
c o m relativa facilidade.
£F=

E^ZHzZT^
—I 2

Z^vEZL^

Figura 2.16 - Modulação de piso a piso.

2.8 CONCLUSÃO

No presente capítulo foram apresentadas as características geométricas da utilização


da alvenaria, tendo sido discutidos os aspectos relativos às suas modulações horizontal e vertical.
Foi mostrada a importância da modulação para a obtenção de economia e racionalidade na
edificação e m alvenaria. Foram a p r e s e n t a d a s t a m b é m as d i m e n s õ e s usuais das unidades
encontradas no mercado brasileiro, apontando-se para uma relativa vantagem daquelas e m que o
módulo longitudinal é igual à largura nominal da unidade. São feitas algumas recomendações para
amarração de paredes e m cantos e bordas, sempre c o m o objetivo de evitar-se a presença de
junta a prumo, c o m benefícios na interação de paredes e na redução de potenciais fissuras. Por
fim são discutidas as opções para a modulação vertical, com destaque para a escolha de pés-
direitos a s e r e m praticados, e a eventual n e c e s s i d a d e de a d o ç ã o de um maior n ú m e r o de
componentes na família de unidades escolhida.
3
A n á l i s e E s t r u t u r a l para Cargas V e r t i c a i s

3.1 PRINCIPAIS SISTEMAS ESTRUTURAIS

A concepção da estrutura consiste e m se determinar, a partir de uma planta básica,


quais as paredes que serão consideradas estruturais ou não-estruturais, no presente caso, e m
relação às cargas verticais. Alguns fatores podem condicionar esta escolha: utilização da edificação,
simetria da estrutura, etc. Esse conjunto de elementos portantes é denominado sistema estrutural.

Apenas c o m objetivos didáticos, os sistemas estruturais podem ser classificados e m


alguns tipos notáveis. Segundo Hendry (1981), que criou uma classificação que se pode considerar
clássica, os sistemas estruturais podem ser nomeados de acordo com a disposição das paredes
estruturais nos tipos apresentados nos itens que se seguem.

3 . 1 . 1 PAREDES TRANSVERSAIS

Utilizável e m edifícios de planta retangular e alongada. As paredes externas, na direção


do maior comprimento, são não estruturais, de forma a permitir a colocação de grandes caixilhos.
As lajes são armadas em uma direção, de forma a apoiarem-se sobre as paredes estruturais.
Algumas aplicações principais p o d e m ser mencionadas: hotéis, hospitais, escolas, etc.

3 . 1 . 2 PAREDES CELULARES

Sistema adequado a edificações de plantas mais gerais. Todas as paredes são estruturais.
As lajes podem ser armadas e m duas direções, pois há a possibilidade de apoiarem-se e m todo
seu contorno. Suas aplicações principais são e m edifícios residenciais e m geral.

Por conferir uma maior rigidez ao conjunto, o sistema de paredes celulares é bastante
interessante de ser utilizado, sempre que possível.

3 . 1 . 3 SISTEMA COMPLEXO

Trata-se da utilização simultânea dos tipos anteriores, normalmente e m regiões diferentes


da planta da edificação. Interessante para edificações onde se necessita de alguns painéis externos
não estruturais, sendo, entretanto, possível manter-se uma região interna mais rígida, c o m todas
as paredes c o m função estrutural.

1
I \

: : : : : : :

Figura 3.1 - Sistema estrutural em paredes transversais.


J
+ Jti
+
Figura 3.2 - Sistema estrutural em paredes celulares.

- 1 -
r =
(U,

Figura 3.3 - Sistema estrutural complexo.

3.2 CARREGAMENTO VERTICAL

As cargas a serem consideradas e m uma edificação dependem d o tipo e da utilização


desse edifício. Por exemplo, e m u m edifício industrial pode ser necessária a consideração de
cargas provenientes de pontes rolantes.

Neste trabalho, entretanto, as a t e n ç õ e s principais estão voltadas para edificações


residenciais. E para os edifícios residenciais e m alvenaria estrutural as principais cargas a serem
consideradas nas paredes são:

a) ações das lajes;

b) peso próprio das paredes.

O s valores mínimos a s e r e m adotados para os c a r r e g a m e n t o s p o d e m ser obtidos

consultando-se a NBR 6120 - Cargas para o Cálculo de Estruturas de Edificações 1 .

3 . 2 . 1 CARGAS PROVENIENTES DAS LAJES

As principais cargas atuantes nas lajes de edifícios residenciais podem ser divididas e m

' Associação Brasileira de Normas Técnicas (1980).


dois grandes grupos: cargas permanentes e cargas variáveis. As principais cargas permanentes

normalmente atuantes são:

a) peso próprio;
b) contrapiso;

c) revestimento ou piso;

d) paredes não-estruturais.

J á as cargas variáveis são cobertas pela sobrecarga de utilização, que para os edifícios
residenciais variam de 1,5 a 2,0 kN/m 2 .

As lajes descarregam todas essas cargas sobre as paredes estruturais que lhe servem
de apoio. Para o cálculo dessas ações, dois casos podem ser destacados:

a) lajes armadas e m uma direção;


b) lajes armadas e m duas direções.

Para os casos de lajes pré-moldadas ou armadas e m uma direção, deve-se considerar


simplesmente a região de influência de cada apoio, ou seja. os lados perpendiculares à direção da
armadura. Nesse caso pode-se imaginar a existência de uma linha, paralela aos apoios, que delimita
as regiões de influência. Considerando-se u m vão L, essa linha pode ser tomada nas seguintes
posições:

a) 0,5 L entre dois apoios do m e s m o tipo;

b) 0,38 L do lado simplesmente apoiado e 0,62 L do lado engastado;

c) 1,0 L do lado engastado quando a outra borda for livre.

Já no caso de ações de lajes maciças, armadas e m duas direções, pode-se utilizar o


procedimento das linhas de ruptura, recomendado pela NBR 6118 - Projeto e Execução de Obras
de Concreto Armado 2 .

3 . 2 . 2 PESO PRÓPRIO DAS PAREDES

Para considerar o peso próprio das paredes, basta utilizar a expressão:

p =Yeh

2 Associação Brasileira de Normas Técnicas (1978).


Em que,

p: peso da alvenaria (por unidade de comprimento)


y : peso específico da alvenaria
e: espessura da parede (bloco + revestimento)
h: altura da parede (não esquecer eventuais aberturas)

Quanto ao valor de y, o parâmetro mais importante da expressão, devem ser consideradas


as condições específicas da alvenaria utilizada. Para os principais tipos presentes e m edifícios
residenciais, pode-se m o n t a r a tabela 3.1.

Tabela 3.1 - Principais pesos específicos para alvenaria.

Tipo de alvenaria Peso específico kN/m3

Blocos vazados de concreto 14

Blocos vazados de concreto preenchidos com graute 24

Blocos cerâmicos 12

3.3 INTERAÇÃO DE PAREDES

Numa parede de alvenaria, quando se coloca u m carregamento localizado sobre apenas


uma parte de seu comprimento, tende a haver um espalhamento dessa carga ao longo de sua
altura. A NBR 10837 - Cálculo de Estruturas de Alvenaria de Blocos Vazados de Concreto 3 prescreve
que esse espalhamento deve-se dar segundo um ângulo de 45 9 .

Se esse espalhamento pode ser observado e m paredes planas, é de se supor que também
possa ocorrer e m cantos e bordas, especialmente quando a amarração é realizada intercalando-se
blocos numa e noutra direção, ou seja. sem a existência de juntas a prumo. Isso se dá porque um
canto assim executado guarda muita semelhança c o m a própria parede plana, devendo ser, portanto,
o seu comportamento t a m b é m semelhante (Fig. 3.4).

É claro que somente haverá espalhamento da carga através de u m canto se nesse


ponto puderem se desenvolver forças de interação (Fig. 3.5). Se essas forças não estiverem
presentes por um motivo qualquer, como a existência de uma junta a prumo no local, evidentemente
o espalhamento t a m b é m não se verificará. E não ocorrendo o espalhamento não ocorrerá a
uniformização das cargas que atuam sobre essas paredes.

Outro ponto e m que se pode discutir a existência ou não de forças de interação são as
aberturas. Usualmente, considera-se que a existência de uma abertura t a m b é m represente u m

3 Associação Brasileira de Normas Técnicas (1989).


limite entre paredes, ou seja, a abertura caracteriza a interrupção do elemento. Assim sendo uma
parede c o m aberturas normalmente é considerada como uma seqüência de paredes independentes.
Entretanto, também nesse caso, costuma haver forças de interação entre esses diferentes elementos
e, portanto, haverá espalhamento e uniformização de cargas (Fig. 3.6). Não se pode esquecer que
e m casos usuais de janelas ainda se tem aproximadamente 2/3 do pé-direito preenchido com mate-
rial, sendo que essa altura se reduz a aproximadamente 1/3 no caso de portas.

Figura 3.4 - Espalhamento do carregamento em paredes planas e em "L".

Figura 3.5 - Interação de paredes em um canto.

m
I I I I

Figura 3.6 - Interação de paredes em região de janela.


Dessa forma, é importante deixar bem claro que o procedimento de distribuição de cargas
verticais somente pode ser definido após uma clara avaliação desses níveis de interação entre
paredes, de modo a não se violar condições reais de trabalho da estrutura. Se for possível a
ocorrência de forças de interação relativamente grandes, isso significará um espalhamento do
carregamento e, portanto, uma uniformização das cargas entre essas paredes. Em caso contrário,
o espalhamento e a uniformização do carregamento podem se dar em níveis muito baixos.

3.4 IMPORTÂNCIA DA UNIFORMIZAÇÃO DAS CARGAS

Normalmente, as cargas verticais que atuam sobre as paredes, num determinado nível
da edificação, apresentam valores que podem ser muito diferentes. Por exemplo, as paredes internas
tendem a receber carregamentos bem maiores que as paredes externas.

Mesmo assim, não é recomendável que. para um determinado pavimento, sejam utilizadas
resistências diferentes para os blocos. Seria muito perigoso uma troca de resistências, fazendo
com que uma parede que necessitasse de um bloco mais resistente acabasse sendo construída
com um menos resistente e vice-versa. Isso porque os blocos normalmente não possuem nenhuma
indicação explícita dessa resistência, podendo ser facilmente confundidos.

Desse modo, a parede mais carregada acaba definindo a resistência dos blocos a serem
utilizados em todas as paredes do pavimento. É claro que podem ser previstos pontos grauteados,
o que aumenta a resistência da parede mantendo-se a resistência do bloco. Entretanto, o
grauteamento não é uma solução para ser utilizada de modo extensivo, devido ao custo e às
dificuldades de execução.

Portanto, pode-se concluir que quanto maior a uniformização das cargas verticais ao longo
da altura da edificação, maiores os benefícios para a economia, pois haverá uma tendência a uma
redução das resistências dos blocos a serem especificados. Por outro lado, se a suposta uniformização
não ocorrer na prática, pode-se ter uma redução significativa da segurança da edificação.

Logo, o projetista deve ter em mente esses parâmetros para considerar a distribuição
dos carregamentos verticais, de modo a não onerar em excesso o custo da obra e não comprometer
a segurança da estrutura. É bastante claro que, em maior ou menor grau, sempre ocorrerá uma
uniformização dos carregamentos ao longo da altura da edificação. Entretanto, quantificar essa
uniformização é o ponto relevante da questão.

3.5 INFLUÊNCIA DO PROCESSO CONSTRUTIVO

Quando se fala de distribuição de cargas verticais entre as diversas paredes de um


pavimento, deve-se levar em consideração que o processo executivo é uma variável de grande
importância. Pode-se citar algumas das providências construtivas que mais contribuem para a
existência de forças de interação elevadas e portanto uma maior uniformização das cargas verticais,
em caso de cantos e bordas:

a) amarração das paredes em cantos e bordas sem juntas a prumo;


b) existência de cintas sob a laje do pavimento e à meia altura;
c) pavimento em laje maciça.

A primeira característica apresentada é a mais importante. Quando se utiliza qualquer


procedimento de amarração que não seja a colocação dos blocos de forma a se evitar a formação
de juntas a prumo, o desenvolvimento de forças de interação, o espalhamento das cargas e
logicamente a uniformização desse carregamento, torna-se um procedimento duvidoso.

Resultados de pesquisas recentes realizadas no Laboratório de Estruturas do SET-EESC-


USP, ainda a serem publicados, indicam que grapas, corretamente colocadas em cantos e bordas
com o auxílio de furos grauteados, podem atuar de forma bastante eficiente. Os resultados são
realmente muito animadores, podendo-se admitir um comportamento muito próximo daquele que
se obteria com a amarração entre as paredes sem juntas a prumo. Entretanto, tendo sido esses
resultados obtidos para paredes construídas em escala 1:3, é necessário que se confirmem esses
valores através de ensaios em escala real para que possam ser utilizados com segurança.

Já alguns outros esquemas de armaduras que muitas vezes são colocadas nos cantos e
bordas, como telas ou barras de pequeno diâmetro envolvidos pela argamassa de juntas horizontais,
realmente não tem a condição de garantir com segurança a transmissão de forças significativas
nos encontros de paredes.
Também podem contribuir para uma uniformização das cargas em cantos e bordas as
outras providências mencionadas, se bem que num nível de menor importância. Cintas sob a laje e
à meia altura e pavimentos em laje maciça trabalham a favor da uniformização pois tendem a aumentar
as forças de interação. Entretanto, é difícil quantificar essa influência benéfica, especialmente se for
considerada a grande variabilidade dessas providências. Cintas podem ser executadas com diversas
alturas e armadas com barras de diversos diâmetros. Lajes também podem apresentar espessuras
diferentes e diversos esquemas de armação.

Quanto às aberturas, os detalhes construtivos que mais colaboram no sentido do aumento


das forças de interação e portanto da uniformização são:

a) existência de vergas;
b) existência de contra-vergas.

Evidentemente, essas vergas e contra-vergas devem ser previstas com uma penetração

apropriada nas paredes a que se ligam. Quanto maiores forem essas penetrações melhores
condições de desenvolvimento de forças de interação serão criadas.

3.6 PROCEDIMENTOS DE DISTRIBUIÇÃO

Para auxiliar a definição da distribuição de cargas verticais, pode-se apresentar alguns


dos procedimentos mais indicados. Cada um tem suas vantagens, desvantagens e aplicações
apropriadas, o que se tentará destacar nos itens específicos.

3 . 6 . 1 PAREDES ISOLADAS

Neste procedimento trata-se de considerar cada parede como um elemento independente,


não interagindo com os demais elementos da estrutura. É um procedimento simples e rápido. Para
encontrar a carga numa parede, num determinado nível, basta somar todas as cargas atuantes
nessa parede nos pavimentos que estão acima do nível considerado.

A l é m de simples é t a m b é m muito seguro para as paredes, pois na ausência da


uniformização das cargas as resistências prescritas para os blocos resultarão sempre mais elevadas
que se a uniformização fosse considerada.

O ponto negativo é obviamente a economia, que sai penalizada, pois blocos mais
resistentes são também blocos mais caros. Além disso, considerar as paredes completamente
isoladas não é verossímil, para a maioria das edificações, pelas razões anteriormente citadas.
Isso pode causar uma estimativa errada das ações sobre estruturas complementares, como
pavimentos de pilotis e fundações em concreto armado.

A recomendação que se pode fazer é que este procedimento de se considerar as paredes


isoladas seja utilizado para edificações de altura relativamente pequena, onde os seus efeitos
negativos são menos perceptíveis.

3 . 6 . 2 GRUPOS ISOLADOS DE PAREDES

Um grupo é um conjunto de paredes que são supostas totalmente solidárias. Geralmente,


os limites dos grupos são as aberturas, portas e janelas, conforme se mostra como exemplo na
figura 3.7. Neste procedimento consideram-se as cargas totalmente uniformizadas em cada grupo
de paredes considerado. Isso significa que as forças de interação em canto e bordas são
consideradas suficientes para garantir um espalhamento e uma uniformização total em uma pequena
altura. Por outro lado, desconsideram-se as forças de interação nas aberturas, limites dos grupos.
Dessa forma, cada grupo definido trabalhará isolado dos demais.

É um procedimento bem aceito na literatura internacional. Sutherland (1968) propõe que


se divida a laje em triângulos e trapézios e que essas áreas de contribuição sejam levadas a
grupos de paredes que estariam trabalhando solidárias. Esse é, e m suma, o procedimento aqui
recomendado. Os triângulos e trapézios mencionados nada mais são do que as regiões formadas
por linhas de ruptura das lajes de concreto. E as evidências de uniformização do carregamento
vertical dentro dos grupos foram levantadas por Stockbridge 4 apuei Hendry (1981) que mediu
deformações em paredes na base de um edifício de cinco pavimentos enquanto este era construído.
Essas m e d i d a s e v i d e n c i a r a m q u e as cargas a c a b a v a m se uniformizando à m e d i d a q u e os
pavimentos eram acrescentados à edificação.

PI P3
EZZZZZZZZZZZZZ2 TEZ:

G2

G1

G3

P5 P6

Figura 3.7 - Exemplo de grupos de paredes


definidos pelas aberturas existentes.

Também é u m procedimento simples de ser implementado, se b e m que implique um


trabalho um pouco maior do que para o procedimento de paredes isoladas. Basta que todas as
cargas a s e r e m aplicadas e m qualquer parede de u m determinado grupo sejam s o m a d a s e
posteriormente distribuídas pelo comprimento total dessas paredes do grupo. Encontrada a carga
para o grupo correspondente a um pavimento, basta multiplicar pelo número de pavimentos que
se encontram acima do nível que se pretende verificar.

Usualmente, t a m b é m é u m procedimento seguro, em especial quando as aberturas são


consideradas como o limite entre os grupos. Entretanto, como essa definição pode basear-se
c m outros parâmetros, o procedimento pode apresentar distorções, dependendo de quais paredes
serão consideradas como pertencentes a tal ou qual grupo. Considera-se ainda que produza reações
adequadas para eventuais estruturas de apoio, o que é u m detalhe bastante importante a ser
considerado.

Quanto à economia, sempre se admitindo uma escolha tecnicamente correta dos grupos
a serem considerados, é u m procedimento bastante racional e que normalmente resulta e m

4 STOCKBRIDGE. J.G. (1967) A Study of High-Rise Load Bearing Brickwork in Britain. M. Arch.Thesis. Univ.of Edinburgh.
especificações adequadas de blocos. A redução das resistências necessárias para os blocos
costuma ser bastante significativa em relação ao procedimento das paredes isoladas.
Pelas suas qualidades, pode-se considerá-lo um procedimento adequado a edificações
de qualquer altura. Entretanto, é fundamental que se avalie corretamente a possibilidade de
realmente ocorrerem as mencionadas forças de interação em cantos e bordas, condição funda-
mental para sua correta aplicação.

3 . 6 . 3 GRUPOS DE PAREDES COM INTERAÇÃO

Este procedimento é uma extensão do anterior, com uma sofisticação adicional de modo
que os próprios grupos de paredes interagem entre si. Portanto, a diferença entre este procedimento
e o anterior, que apenas considerava a interação em canto e bordas, é a existência de forças de
interação também sobre as aberturas.

Claro que essa interação não pode se limitar a uma uniformização total do carregamento,
pois isso eqüivaleria a encontrar a carga vertical total de um pavimento e dividi-la pelo comprimento
total das paredes, obtendo uma carga média igual para todos os elementos. Na verdade é
conveniente que seja definida uma taxa de interação, que representa quanto da diferença de
cargas entre grupos que interagem deve ser uniformizada em cada nível. Além disso, é também
importante que se possa especificar quais grupos de paredes estão interagindo, de modo que o
projetista tenha total controle sobre o processo.

É bem mais trabalhoso que os dois procedimentos anteriormente mencionados. Assim, de


forma a reduzir a possibilidade da ocorrência de erros, recomenda-se que seja automatizado através
de computadores, até mesmo com a utilização de um programa de planilha eletrônica. Uma sugestão
interessante para se considerar essa interação através de um algoritmo seguro e relativamente fácil
de ser implementado é apresentada em Corrêa & Ramalho (1994a) ou Corrêa & Ramalho (1998b).
Resumidamente trata-se de fazer a distribuição através das seguintes equações:

d=(q,-qj*(1-t) I q, = qm + d, ...(3.1)

Em que.
n = número de grupos que estão interagindo
q, = carga do grupo i
q m = carga média dos grupos que estão interagindo, calculada pela carga total dividida
pelo comprimento total
d = diferença de carga do grupo em relação à média
t = taxa de interação

Quanto à segurança do procedimento aqui exposto, é difícil adotar uma posição simplista.
34 Como devem ser definidos os grupos, quais grupos interagem entre si e ainda a taxa de interação
adotada, é um procedimento que exige bastante experiência do projetista e resultados experimentais
para a sua utilização. Quando bem utilizado é seguro, produzindo inclusive ações adequadas para
eventuais estruturas de suporte.
A economia é seu grande atrativo. As especificações de resistências de blocos resultantes
de sua utilização tendem a ser as menores entre os procedimentos discutidos até aqui. Especialmente
quando se tem paredes de pequenas dimensões e isoladas por aberturas, as diferenças costumam
ser muito significativas, mesmo em relação ao procedimento de grupos isolados.

De forma semelhante ao procedimento que considera os grupos isolados, é adequado a


edificações de qualquer altura. Entretanto, aqui também é fundamental que se avalie corretamente
a possibilidade de realmente ocorrerem as forças de interação, tanto em cantos e bordas como
nas regiões de aberturas. Serão essas, sem dúvida, as condições fundamentais para sua utilização.

3 . 6 . 4 MODELAGEM TRIDIMENSIONAL EM ELEMENTOS FINITOS

Trata-se de modelar a estrutura discretizada com elementos de membrana ou chapa,


colocando-se os carregamentos ao nível de cada pavimento. Dessa forma a uniformização dar-se-á
através da compatibilização dos deslocamentos ao nível de cada nó.
É um procedimento muito interessante que, entretanto, apresenta alguns inconvenientes:
dificuldades na montagem dos dados e na interpretação dos resultados, além da definição de
elementos que possam representar o material alvenaria. No momento, pode-se afirmar que ainda
não é viável para projetos usuais. São ainda necessárias pesquisas adicionais, inclusive com o
desenvolvimento de elementos especiais para a simulação da alvenaria, para que realmente possa
ser utilizada com eficiência e segurança.

3 . 7 E X E M P L O S DE D I S T R I B U I Ç Ã O DE CARGAS VERTICAIS

Para deixar clara a utilização dos três primeiros procedimentos discutidos, apresenta-se
neste item dois exemplos de aplicação. Através deles pretende-se demonstrar as principais
características de cada procedimento, verificando-se assim as suas peculiaridades quanto à
dificuldade do implementação e obtenção de resultados.

3 . 7 . 1 EXEMPLO 1

Trata-se de parte de uma edificação, representada pelos três grupos apresentados


na figura 3.7. Será admitido que esses três grupos representem o conjunto de paredes do
pavimento, o que é bastante razoável para as comparações efetuadas. O objetivo maior é
demonstrar os cálculos necessários para a obtenção dos resultados, além da discussão sobre
esses valores obtidos.
Dados adicionais sobre comprimentos das paredes e cargas atuantes são organizados
na tabela 3.2. Ressalta-se que os valores dos carregamentos são representativos de uma situação
típica de projeto e, para a comparação pretendida, são adotados oito pavimentos de altura e
espessura das paredes igual a 0,14 m.

Tabela 3.2 - Comprimentos das paredes e carregamento atuante por pavimento.

Parede Comp. (m) Laje (kN/m) P. prop (kN/m) Tot. dist. (kN/m) Total (kN)
P1 2,55 8,50 5.50 14,00 35,70
P2 3,60 14,75 5.50 20,25 72,90
P3 0,75 7,50 5.50 13,00 9.75
P4 3,45 8,75 5.50 14,25 49,17
P5 2,25 17.25 5.50 22,75 51,19
P6 0,40 36.00 5.50 41,50 16,60

Utilizando-se o procedimento das paredes isoladas, para o primeiro pavimento, obtêm-se


os valores de carga e tensão especificados na tabela 3.3. Pelos resultados obtidos, pode-se concluir
que a variação das tensões nas diversas paredes que c o m p õ e m o citado exemplo é bastante
grande. A parede P6, a mais solicitada, apresenta uma tensão 3,2 vezes maior que a parede P3,
a menos solicitada.

Já quanto à resistência necessária de bloco, a última coluna da referida tabela 3.3


apresenta o valor aproximado calculado considerando-se a utilização de blocos vazados de
concreto. Pelos valores obtidos verifica-se que m e s m o que se adotasse o grauteamento da parede
P6, procedimento altamente recomendável para esse caso, ainda se obteria uma variação bastante
significativa da resistência considerando-se apenas as outras paredes. Isso, obviamente, acabaria
por penalizar a economia da obra.

Tabela 3.3 - Paredes isoladas, primeiro pavimento.

Parede Carga Dist. (kN/m) Tensão (kN/m1) Tensão (MPa) Res. Bloco 1 (MPa)
P1 112.0 800,0 0.800 5
P2 162,0 1157,1 1,157 7
P3 104,0 742,9 0.743 4,5
P4 114,0 814,3 0.814 5
P5 182,0 1300,0 1.300 8
P6 332,0 2371,4 2.371 15

5 Os procedimentos para a determinação da resistência de bloco serão discutidos em capítulos posteriores.


Agora, considerando-se grupos isolados de paredes (sem interação), obtêm-se, para o
mesmo primeiro pavimento, os resultados apresentados na tabela 3.4. Da análise dos resultados
obtidos, pode-se perceber que a situação das paredes e m que a distribuição das cargas dependia
de forças de interação em canto e bordas, que neste caso são consideradas, fez com que a tensão
se aproximasse de 1 MPa para os dois grupos. Portanto, tensões que no caso anterior variavam de
1,30 a 0,74 MPa foram praticamente igualadas. Apenas a parede P6, que se encontra isolada no
grupo G3, já que as forças de interação através das aberturas não estão sendo consideradas, ainda
apresenta a mesma tensão elevada que apresentava no procedimento anterior.

Quanto à resistência a ser especificada para os blocos que comporão as paredes, ao se


considerar apenas os grupos 1 e 2, os valores que variavam de 4,5 a 8 MPa passam a 6 MPa.
Já a pequena parede isolada P6, que compõe o grupo G3, deve ser considerada grauteada e
armada. Isso faz c o m que o bloco de 6 MPa possa ser utilizado e m todo o pavimento, o que
representa uma economia significativa.

Tabela 3.4 - Grupos de paredes sem interação.

Grupo Comp. (m) C. tot. (kN) C. dist. (kN/m) Tensão (MPa) Res. bloco (MPa)
G1 6,15 868,8 141,3 1,009 6
G2 6,45 880,9 136,6 0,976 6
G3 0,40 132,8 332,0 2,371 15

Finalmente, pode-se demonstrar a utilização do procedimento de grupos de paredes


c o m interação. Nesse caso, adotando-se uma taxa de uniformização da diferença de carga de
50%, obtêm-se os resultados que se encontram organizados na tabela 3.5.

Observando-se os resultados da tabela 3.5, verifica-se que para o primeiro pavimento


ocorreu u m aumento muito discreto das tensões nos grupos 1 e 2 para uma diminuição bastante
acentuada da tensão no grupo 3. Essa é realmente a situação típica a ser encontrada. Como a
parede isolada tinha pequena dimensão, e por causa disso apresentava problemas com tensões
muito elevadas, a carga transmitida aos demais grupos não é significativa para acrescer as suas
tensões, sendo no entanto suficiente para reduzir de forma significativa a própria tensão.

Quanto à resistência a ser especificada para os blocos, sempre considerando-os vazados


de concreto, verifica-se que o valor para o pavimento como um todo não se modifica, mantendo-se
e m 6 MPa. Entretanto, a parede P6 poderá ser simplesmente grauteada, não se necessitando da
utilização de armaduras para resistir à nova tensão obtida.

Percebe-se q u e , o b v i a m e n t e , os cálculos n e c e s s á r i o s à o b t e n ç ã o dos resultados


organizados na tabela 3.5 são muito mais trabalhosos que para os dois procedimentos anteriores.
Entretanto, utilizando-se o recurso de uma planilha eletrônica eles podem ser executados de forma
confortável e acima de tudo confiável. Portanto, essa maior complexidade não é tão importante na

opção por um ou outro procedimento. O aspecto da segurança é, sem dúvida, muito mais significativo.

Tabela 3.5 - Grupos de paredes com interação.

Pav. C. média Grupo Carga (kN/m) A Carga (kN/m) C. unif. Tensão Tensáo (MPa) Bloco (MPa)
(KN/m) (KN/m) (kN/m*)
G1 17,66 -0,219 17,88 127,7 0,128 1
8 18,10 G2 17,08 -0,513 17,58 125,6 0,126 1
G3 41,50 11,700 29,80 212,8 0,213 1
G1 35,33 -0,437 35,76 255,4 0.255 2
7 36,20 G2 34,15 -1,025 35,17 251,2 0.251 2
G3 83,00 23,400 59,60 425,7 0.426 3
G1 52,99 -0,656 53.64 383,1 0.383 2
6 54,30 G2 51,23 -1,538 52,76 376,8 0,377 2
G3 124,50 35,100 89.40 638,5 0,639 4
G1 70,65 -0,874 71,52 510,9 0,511 3
5 72,40 G2 68,30 -2,050 70,35 502,5 0,503 3
G3 166,00 46,800 119,20 851,4 0,851 5
G1 88,32 -1,093 89,40 638,6 0,639 4
4 90,50 G2 85,38 -2,563 87,93 628,1 0,628 4
G3 207,50 58,500 149,00 1064,2 1,064 7
G1 105,98 -1,311 107,28 766,3 0,766 5
3 108,60 G2 102,45 -3,075 105,52 753,7 0,754 5
G3 249,00 70,200 178,80 1277,1 1,277 8
G1 123,64 -1,530 125,17 894,0 0,894 6
2 126,70 G2 119.53 -3,588 123,11 879,3 0,879 5
G3 290.50 81,900 208,60 1490,0 1,490 9
G1 141,30 -1,748 143,05 1021,8 1,022 6
1 144,80 G2 136,60 -4,100 140,70 1005,0 1,005 6
G3 332,00 93,600 238,40 1702,8 1,703 11

3 . 7 . 2 EXEMPLO 2

O s e g u n d o e x e m p l o a ser discutido é u m edifício de a l v e n a r i a estrutural d e nove


p a v i m e n t o s , c o m pé-direito de 2 , 7 2 m d e piso a teto, cuja planta e s q u e m á t i c a a p r e s e n t a - s e
na figura 3.8.

As paredes portantes externas e as que dividem os apartamentos t ê m espessura de


19 cm, sendo as restantes de 14 c m de espessura. Para se limitar esta discussão aos elementos
mais importantes, tomar-se-á a região inferior esquerda da edificação, que aparece e m detalhe
na figura 3.9. Essa região foi dividida e m paredes e analisada c o m quatro suposições d e níveis
de interação entre os elementos componentes:
a) paredes isoladas;
b) grupos de paredes sem interação;

c) grupos de paredes com taxa de uniformização de cargas igual a 50%;

d) grupos de paredes com taxa de uniformização de cargas igual a 100%.

Figura 3.8 - Planta completa do edifício.

P1 P3 P5
i i
P7
CO fi
Q.

K.

P9
P11 £

OJ CO
CL o
CL
51

P13 P15
CO

P17 P19
CL 0= I
Figura 3.9 - Definição de paredes para região inferior esquerda.
Convém ressaltar que a interação adotada no item d corresponde a uma uniformização
completa das cargas verticais entre todos os grupos, obtendo-se u m único valor de carga média
para todas as paredes.

O s grupos foram definidos procurando-se reunir paredes de m e s m a espessura, conforme


se apresenta na tabela 3.6. Isso foi feito porque a interface entre paredes de espessuras diferentes
precisaria ser realizada através de utilização de armaduras, pela inexistência de blocos especiais
adequados à c h a m a d a amarração direta. Conforme já se mencionou, esse é um procedimento
sobre o qual há algumas dúvidas quanto à sua eficiência para a distribuição das ações verticais.
Assim sendo, seria perigoso considerar que as forças de interação nessas interfaces pudessem
se desenvolver de forma completa, a menos que se tratasse de paredes muito pequenas, que
dificilmente trabalhariam de forma independente.

Tabela 3.6 - Grupos e paredes componentes.

Grupo Paredes componentes


G1 P2 e P17
G2 P6 e P11
G3 P1 e P4
G4 P19
G5 P10
G6 P9 e P18
G7 P8
G8 P5, P7, P12 e P14
G9 P13 e P16
G10 P3
G11 P15 e P20

Quanto aos resultados obtidos para as quatro simulações mencionadas, eles serão
apresentados por parede, independentemente delas estarem ou não agrupadas e desses grupos
estarem interagindo ou não. Dessa forma poder-se-á comparar com maior facilidade os diversos
resultados obtidos. A tabela 3.7 apresenta u m resumo desses resultados, c o m as diversas
simulações, sempre para o primeiro pavimento da edificação, que é o mais solicitado.

Com os resultados da tabela 3.7, podem-se observar algumas diferenças muito significativas
na carga vertical atuante e m algumas paredes quando se considera o procedimento de paredes
isoladas e grupos de paredes. Normalmente são paredes de pequeno comprimento que se encontram
adjacentes a uma abertura. Podem-se citar, por exemplo, as paredes P4, P5, P6 e P15. Nesse caso,
pode-se afirmar que é fundamental a consideração de u m grupo entre essas paredes e as adjacentes,
supondo que as forças de interação sejam suficientes para a uniformização das cargas. Se isso não
for feito, será praticamente impossível especificar blocos com resistência razoável.
Já para as simulações que envolvem grupos de paredes, as diferenças são menos
expressivas, e as maiores cargas ocorrem nas paredes que estão isoladas das demais pela
existência de aberturas. O caso mais significativo é a parede P3. A redução do carregamento
entre o procedimento de grupos s e m interação e c o m interação de 5 0 % é da ordem de 37%. Caso
semelhante ocorre c o m uma parede de grande importância, a P20, que apresenta uma redução
de 2 1 % na carga vertical atuante.

Tabela 3.7 - Resultados obtidos para as cargas nas paredes.

Carga (kN/m)
Parede Paredes Grupos sem Grupos com Grupos com
isoladas Interação interação de 50% interação de 100%
P1 103,9 121,3 149,9 153,5
P2 108,9 117,6 149,5 153,5
P3 260,9 260,9 165,4 153,5
P4 300,8 121,3 149,9 153,5
P5 328,5 166,3 154,9 153,5
P6 309,1 149,3 153,1 153,5
P7 158,8 166,3 154,9 153,5
P8 195,2 195,2 158,1 153,5
P9 155,1 146,0 152,7 153,5
P10 129,1 129,1 150,8 153,5
P11 114,8 149,3 153,1 153,5
P12 97,6 166,3 154,9 153,5
P13 193,4 190,4 157,6 153,5
P14 182,5 166,3 154,9 153,5
P15 577,2 201,3 158,8 153,5
P16 184,0 190,4 157,6 153,5
P17 164,3 117,6 149,5 153,5
P18 140,4 146,0 152,7 153,5
P19 148,8 148,8 153,0 153,5
P20 166,6 201,3 158,8 153,5

Somente como comparação pode-se estimar a resistência à compressão necessária


para o bloco e m cada caso simulado, sempre para o primeiro pavimento e considerando-se blocos
vazados de concreto. Para tanto, serão utilizadas as tensões obtidas para cada parede, realizando-
se o dimensionamento e tomando-se o maior valor obtido. O s resultados p o d e m ser encontrados
na tabela 3.8. Observe-se que não foi considerada a possibilidade de grauteamento das paredes.

Tabela 3.8 - Resistências à compressão do bloco (em MPa).

Paredes Isoladas Grupos sem Grupos com Grupos com


interação interação de 50% interação de 100%
16 8 6 6
Através dos resultados da tabela 3.8, pode-se perceber que o processo utilizado para a
distribuição das cargas verticais influencia, de forma muito significativa, a resistência necessária
para os blocos a serem utilizados e, por conseqüência, o custo da obra. Entretanto, não se deve
deixar de se considerar o aspecto mais importante a ser analisado: a segurança a ser obtida com
o procedimento de análise, o que mostra ser fundamental o desenvolvimento de pesquisa que
gere informação sobre a interação de paredes.

3.8 VERIFICAÇÃO DE D A N O ACIDENTAL

Ações acidentais são aquelas que estão fora do conjunto normalmente considerado
para o projeto de um edifício, como ações devidas a explosões e impactos. Essas verificações
ganharam importância após um acidente ocorrido em 1968 na Inglaterra. Um edifício de 23
pavimentos, o Ronan Point, sofreu um colapso progressivo após a explosão de um botijão de gás
no 181 pavimento. Pela retirada de um de seus painéis portantes, no caso um painel pré-moldado,
as lajes que estavam acima do nível acidentado entraram em colapso, levando à ruína todo um
canto da edificação.

Existem, basicamente, duas maneiras de se prevenir o colapso progressivo:

a) evitar a possibilidade de ocorrência do dano acidental;


b) admitir a possibilidade de ocorrência do acidente e evitar o colapso progressivo.

Evidentemente a primeira opção nem sempre é viável de ser implementada. Claro que
em alguns casos podem ser tomadas providências que minimizem a probabilidade de ocorrência
do acidente. Por exemplo a construção de obstáculos que evitem o eventual impacto de veículos
em paredes do pavimento térreo. Entretanto, a eliminação completa dessas possibilidades seria
no mínimo antieconômica.

Quanto à segunda opção, trata-se de evitar que o acidente, e a falha local dele advinda,
possam se transformarem uma ruína de parte significativa da estrutura pela progressão de colapsos.
Nesses casos os projetistas devem estar atentos à identificação dos pontos em que seria mais
provável a ocorrência de um acidente e prover a estrutura de alternativas para a transmissão das
cargas. Na prática, isso significa retirar uma parede ou um trecho de uma parede e verificar se o
acréscimo dos esforços sobre a laje e demais paredes pode ser suportado pela estrutura. É
importante ressaltar dois pontos sobre essa questão: os elementos devem ser retirados um de
cada vez e os coeficientes de segurança podem ser reduzidos ou mesmo eliminados.

Em casos usuais, um pequeno reforço nas armaduras das lajes e a mudança dos detalhes
de armadura normalmente empregados são suficientes para evitar o colapso progressivo após
um dano acidental. Ocorre que usualmente as armaduras são interrompidas sobre os apoios, no
caso as paredes estruturais. Na eventualidade de uma dessas paredes ser destruída, as lajes que
concorrem para ela perdem as condições mínimas de continuarem suportando o seu carregamento,
provocando, então, a progressão de um colapso que poderia ser apenas localizado. Portanto, é
recomendável que para um edifício de alvenaria, as armaduras do pavimento sejam calculadas para
resistir à eventualidade desses acidentes e detalhadas com transpasses sobre todas as paredes.

A norma brasileira é omissa quanto a essa questão. Entretanto a BS 5628 - Code of


Practice for Structural Use of Masonry - Unreinforced Masonry, Part 1 6 , apresenta uma série de
prescrições sobre o assunto em seu item 37. Algumas recomendações são gerais, para edifícios de
até quatro pavimentos, e outras são mais específicas, para edificações de cinco ou mais pavimentos.

Finalmente é importante salientar que o uso de muito bom senso é imprescindível numa
questão que trata de ocorrências tão eventuais.

3.9 CONCLUSÃO

Neste capítulo foi inicialmente apresentada uma breve classificação dos principais
sistemas estruturais para edificações em alvenaria. Foram destacadas as cargas verticais que
usualmente devem ser consideradas no seu projeto estrutural. Na seqüência, foram discutidos
aspectos relativos à interação de paredes interconectadas submetidas a carregamentos verticais,
d e s t a c a n d o - s e a i m p o r t â n c i a da u n i f o r m i z a ç ã o de c a r g a s entre p a r e d e s s u b m e t i d a s a
carregamentos desiguais, bem como a importância do processo construtivo na garantia de
transmissão de forças entre paredes através de sua interface comum. Foram apresentados alguns
procedimentos para a distribuição de cargas verticais: paredes isoladas, grupos isolados de paredes,
grupos de paredes com interação e modelagem tridimensional em elementos finitos. O segundo
deles é o indicado pelos autores por aliar fatores como economia, segurança e viabilidade prática
em uma medida adequada. São incluídos exemplos de distribuição de cargas verticais com aplicação
dos três primeiros procedimentos, discutindo-se as suas características principais e implicações
nos resultados produzidos. Finalmente são apresentados conceitos básicos relativos à verificação
do dano acidental e a importância de se evitar o chamado colapso progressivo.

6 British Standards Institution (1992).


4
A n á l i s e E s t r u t u r a l p a r a Ações H o r i z o n t a i s o

"D

RR
4.1 CONCEITOS BÁSICOS C

A l g u m a s c o n s i d e r a ç õ e s são f u n d a m e n t a i s para se e n t e n d e r os p r o c e d i m e n t o s d e
distribuição das ações horizontais. Inicialmente, vale a pena discutir uma classificação das estruturas
de contraventamento apresentada no CEB-FIP Model Code 1990'. Lá se encontram definidas
estruturas contraventadas e estruturas de contraventamento. Isso significa que e m um sistema
estrutural global existiria u m subsistema de contraventamento e u m subsistema contraventado.
Obviamente, essa é uma classificação que tem por objetivo sistematizar o conhecimento sobre o
tema e não descrever o funcionamento real da estrutura da edificação e m análise. Na verdade, é
impossível separarem-se elementos que contraventam e elementos que são contraventados. O
projetista deve ter e m mente que se algum elemento for retirado do sistema de contraventamento,
por qualquer razão específica, será impossível informar isso à estrutura, a menos q u e sejam
tomadas providências efetivas para seu desligamento. De fato, quando se considera que uma
determinada peça não faz parte da estrutura de contraventamento, isso significa que esse elemento
deve ter uma participação de pequena importância. Portanto, a sua eliminação não deve provocar
alterações significativas nem nos seus esforços nem nos esforços dos elementos vizinhos.

Outro ponto interessante é que se supõe que as ações horizontais sejam distribuídas
aos painéis de contraventamento pelas lajes dos pavimentos. Para tanto, as lajes são usualmente
consideradas como diafragmas rígidos e m seu próprio plano, embora s e m rigidez transversal.
Nesse caso, deve-se tomar muito cuidado para que essa suposição seja respeitada quando da
definição do processo construtivo da edificação. Lajes pré-moldadas devem ser utilizadas com
restrições, e m especial para edifícios acima de cinco ou seis pavimentos, q u a n d o as a ç õ e s
horizontais tornam-se mais significativas. Mas, m e s m o abaixo desse limite, seria interessante se
utilizar lajes pré-moldadas c o m capa de concreto moldado in loco, onde armaduras podem ser
adicionadas e m duas direções ortogonais. Somente deste modo se pode admitir que haverá u m
razoável travamento dos painéis que fazem parte d a estrutura de contraventamento. E m todo
caso, lajes moldadas in loco são mais adequadas quando existe a necessidade de se considerar
a existência de um diafragma.

Por fim, deve-se mencionar outro detalhe importante. Trata-se da simetria da estrutura
de contraventamento. Sempre que possível, assimetrias significativas devem ser evitadas. Q u a n d o
a ação se dá segundo u m eixo de simetria da estrutura, as lajes apresentam apenas translações
nessa direção. Entretanto, e m caso de ações que atuem segundo direções e m que essa simetria
não se faça presente, além da mencionada translação ocorrem rotações nos pavimentos. Esses

1 Comitê Euro-lnternacional Du Béton (1991).


movimentos de corpo rígido são exemplificados esquematicamente pela figura 4.1. O fato é que
assimetrias acentuadas, além de tornarem a distribuição das ações muito mais complicada ao
nível do projeto, são inconvenientes para o próprio funcionamento da estrutura, gerando maiores
tensões nas lajes e m si, e m seu comportamento de membrana.

t í
Figura 4.1 - Ação horizontal em contraventamento simétrico e não-simétrico.

4.2 AÇÕES H O R I Z O N T A I S A SEREM CONSIDERADAS

No Brasil, as ações horizontais que devem ser consideradas são a ação dos ventos e o
desaprumo. Eventualmente podem ocorrer empuxos desequilibrados do solo. Em caso de áreas
sujeitas a abalos sísmicos, a sua consideração também é indispensável.

4 . 2 . 1 AÇÃO DOS VENTOS

Considera-se que o vento atua sobre as paredes que são normais à sua direção. Estas passam

a ação às lajes dos pavimentos, consideradas como diafragmas rígidos, que as distribuem aos painéis de

contraventamento, de acordo com a rigidez de cada um. Esse esquema é mostrado pela figura 4.2.

Figura 4.2 - Atuação do vento e distribuição para os painéis de contraventamento.


Para consideração da ação do vento, deve-se utilizar a NBR 6123 - Forças Devidas ao
Vento e m E d i f i c a ç õ e s 2 . D e s s a f o r m a , o b t ê m - s e forças, a o nível de c a d a p a v i m e n t o , que
posteriormente serão distribuídas pelos painéis de contraventamento segundo os procedimentos
mostrados e m itens subseqüentes.

4.2.2 DESAPRUMO

Sugere-se que o desaprumo seja considerado tomando-se por base a norma alemã DIN
1053 - Alvenaria: Cálculo e Execução 3 . Sua prescrição para esse caso é bastante razoável, sendo
o ângulo para o desaprumo do eixo da estrutura tomado em função da altura da edificação, conforme
o que se apresenta na equação 4.1.

1
<P = ...(4.1)

E m que,

<p : ângulo em radianos


H : altura da edificação e m metros

Como mencionado, este procedimento é racional pois o ângulo de d e s a p r u m o decresce


e m relação à altura da edificação. Isso é o que se espera no caso de uma edificação, pois a
probabilidade de erros de prumo dos pavimentos sempre para o m e s m o lado é relativamente
pequena. A p e n a s como exemplo, tomando-se a expressão 4.1 pode-se calcular o ângulo de
desaprumo para algumas alturas mais significativas, o que é apresentado na tabela 4.1.

Tabela 4.1 - Desaprumo segundo a DIN 1053.

Altura H (m) Desaprumo • (rad)


10 1 / 316
20 1 / 447
30 1/548
40 1 /R3?
50 1/707

É importante mencionar um aspecto prático para a consideração do desaprumo. Através

do ângulo <p, pode-se determinar uma ação horizontal equivalente, a ser aplicada ao nível de cada

pavimento, através da expressão 4.2.

3 Associação Brasileira de Normas Técnicas (1989).


3 Deutsch Industrie Normen (1974).
Fd = AP<p ...(4.2)

E m que,

F d : força horizontal equivalente ao desaprumo

AP: peso total do pavimento considerado

Essas forças, que aparecem esquematizadas na figura 4.3, podem ser simplesmente somadas

à ação dos ventos, permitindo que a consideração desse efeito seja feita de forma simples e segura.

F,->

Figura 4.3 - Ação horizontal equivalente para consideração do desaprumo.

4 . 2 . 3 SISMOS

A ação de sismos pode t a m b é m ser considerada através da ação de forças horizontais


equivalentes. Para a definição dessas forças deve-se consultar normas específicas, que sejam
válidas para o local onde será construída a edificação.

4 . 3 C O N S I D E R A Ç Ã O DE A B A S EM P A I N É I S DE C O N T R A V E N T A M E N T O

Para a correta consideração da rigidez dos painéis de contraventamento é recomendável


que se leve e m conta a contribuição das abas ou flanges, que são trechos de paredes transversais
ligados ao painel. Esses trechos podem ser considerados como solidários aos painéis, alterando de
forma significativa a sua rigidez, especialmente o momento de inércia relativo à flexão. A figura 4.4
mostra, para duas situações típicas, como o painel seria ampliado pela consideração das abas.

Figura 4.4 - Consideração de abas em painéis de contraventamento.


Todos os procedimentos para distribuir as ações horizontais mostrados a seguir podem ser
executados com ou sem a consideração das abas. Entretanto, apesar de um pouco mais trabalhosa,
essa consideração é bastante interessante. Duas vantagens podem ser destacadas. A primeira diz
respeito a uma maior acuidade na determinação da rigidez de cada painel que participa da estrutura de
contraventamento. Como os quinhões de carga são distribuídos em função dessas rigidezes, a ausência
das abas pode influir negativamente na distribuição das ações, fazendo com que alguns painéis tenham
sua rigidez subestimada ou superestimada, causando uma distribuição incorreta dessas ações.

Além disso, as abas em geral dobram as inércias dos painéis e, portanto, praticamente
dividem por dois as tensões a serem obtidas da análise. Dessa forma, evita-se que apareçam tensões
elevadas, inclusive trações, que podem inviabilizar uma estrutura. Essa vantagem é especialmente
importante quando se trata da distribuição com a consideração de paredes isoladas, conforme se verá
nos resultados apresentados para os exemplos de edifícios que são discutidos no final deste capítulo.

As recomendações normalizadas para a consideração dos comprimentos efetivos das abas


serão apresentadas posteriormente, junto a outros aspectos relativos às características geométricas
dos elementos. Entretanto, é muito importante que se esteja atento à possibilidade de se desenvolverem
forças de interação entre a parede e as abas que eventualmente sejam consideradas. Se essas forças
não puderem se desenvolver, pela existência de uma junta a prumo, por exemplo, a consideração da
aba ou das abas será injustificável.

Nesse aspecto o ACI530 - Building Code Requirements for Masonry Structures 4 é bastante
explícito, citando situações em que essa consideração pode ser feita. Uma delas é quando não
existem juntas a prumo na ligação das abas com a parede. A outra, na eventualidade da existência
de juntas a prumo, é quando são tomadas providências adicionais para garantir a existência de
forças de interação: utilização de conectores metálicos ou cintas convenientemente armadas e pouco
espaçadas para ligar as fiadas.

4.4 DISTRIBUIÇÃO DE AÇÕES PARA C O N T R A V E N T A M E N T O S SIMÉTRICOS

No caso de contraventamentos simétricos em relação à direção em que atua o vento que se


deseja analisar, haverá apenas translação dos pavimentos. Nesse caso todas as paredes, em um determinado
nível, apresentarão deslocamentos iguais. Isso facilita significativamente a distribuição das ações pelos
diversos painéis de contraventamento, conforme ficará claro pelos procedimentos descritos a seguir.

4 . 4 . 1 PAREDES ISOLADAS

Nesse caso, supõe-se que a existência de uma abertura separe as paredes adjacentes
a essa abertura, transformando-as em elementos isolados, verdadeiras vigas engastadas na

* American Concrete Institute (1992).


extremidade inferior e livres na outra. Entre elas existirá apenas a necessidade de que os
deslocamentos horizontais sejam os mesmos ao nível de cada pavimento, devido à existência das
lajes de concreto e consideradas como diafragmas rígidos.
Considerar paredes de forma isolada é um procedimento de distribuição de ações
horizontais que pode ser muito simples e eficiente. Sobretudo em casos de ações que atuem
segundo eixos de simetria da estrutura, basta que seja feita a compatibilização dos deslocamentos
dos diversos painéis para que se possa encontrar o quinhão de carga correspondente a cada um.
Inicialmente deve-se lembrar que cada painel assume um quinhão de carga proporcional à sua
rigidez, ou, para painéis de rigidez constante ao longo da altura, simplesmente proporcional ao
seu momento de inércia. Dessa forma, pode-se definir a soma de todas as inércias, o que é
apresentado na equação 4.3.

S I = 11 + I2 + I3 + ... + L ...(4.3)

Depois, a rigidez relativa de cada painel será simplesmente:

R = I7XI ...(4.4)

A ação em cada painel pode ser obtida simplesmente multiplicando-se a ação total em
um determinado pavimento, F(ot, pelo valor R , ou seja:

...(4.5)

Encontradas as ações ao nível de cada pavimento, resta determinar os diagramas de


esforços solicitantes, em especial o momento fletor. Então, as tensões devidas a essa ação podem
ser encontradas utilizando-se a expressão tradicional da resistência dos materiais:

o =M/W ...(4.6)

Em que,
M : momento fletor atuante na parede
W : módulo de resistência à flexão (W = I / y m â x )

4 . 4 . 2 PAREDES COM ABERTURAS

Outro procedimento que pode ser utilizado consiste em considerar as alvenarias com
aberturas como pórticos, sendo as paredes entendidas como pilares e os lintéis, trechos entre as
aberturas, como vigas, conforme se apresenta na figura 4.5. O s painéis assim definidos absorverão
esforços t a m b é m proporcionais às suas rigidezes, de f o r m a semelhante ao q u e foi descrito
anteriormente para o procedimento c o m paredes isoladas. Aliás, quando se fala na consideração
de paredes c o m suas respectivas aberturas, não se deve esquecer que algumas paredes não
possuirão aberturas, comportando-se como simples paredes isoladas.




A

Figura 4.5 - Representação de uma parede com aberturas por barras.

Esse procedimento evidentemente envolve a utilização de recursos computacionais, mesmo

que a estrutura de contraventamento seja simétrica. Para o caso de ação segundo um eixo de simetria

da estrutura de contraventamento, poderá ser utilizado um programa para pórticos planos, sem quaisquer

recursos especiais. Basta que metade dos diversos painéis da estrutura, pórticos ou paredes isoladas,

sejam modelados em um esquema chamado de associação plana de painéis (Fig. 4.6).

F/2.

• •
F/2

• •
F/2
• •

n
F/2

Figura 4.6 - Associação plana de painéis de contraventamento.

Dois detalhes são importantes para esse caso de associação. O primeiro diz respeito à
barra que realiza a ligação entre os painéis ao nível de cada pavimento, simulando a laje de
concreto. Evidentemente essa barra deve ser suficientemente rígida para que os deslocamentos
de todos os nós de u m mesmo nível sejam iguais. Entretanto, essa rigidez não pode ser muito
grande, sob pena de impor u m mau condicionamento numérico à matriz de rigidez global da
estrutura, inviabilizando a obtenção de resultados coerentes. Recomenda-se que os comprimentos
dessas barras sejam pequenos, entre 0,5 m e 1 m, e que sua seção transversal seja a de uma
faixa de 2 a 3 m da laje de concreto presente na estrutura. Por exemplo, supondo-se que a laje
tenha 0,09 m de espessura, as características da seção transversal dessa barra, e m especial a
área, seriam determinadas considerando-se as dimensões 0,09 x 2,00 m. Além do comprimento e
da área da seção, as outras características são pouco importantes, devido ao fato de se supor a
barra articulada e m seus extremos. Dessa forma o momento de inércia não influi nos resultados a
serem obtidos. Apenas se o programa não possuir o recurso de articulação e m extremidade de
barra deve-se reduzir esse valor de inércia para que a rigidez à flexão seja desprezível, e m
conformidade c o m a hipótese de comportamento de diafragma para a laje.

O segundo ponto a ser destacado é a aplicação do carregamento, normalmente metade


da ação total do pavimento, apenas no primeiro painel modelado. A distribuição dessa ação se fará
automaticamente pela compatibilidade dos deslocamentos, garantindo esforços coerentes e m cada
elemento da estrutura.

Este procedimento costuma produzir resultados de tensões nas paredes significativamente


menores q u e as paredes consideradas isoladamente. Entretanto, deve-se tomar a s devidas
precauções para que todos os esforços advindos da análise sejam corretamente considerados.
Em especial, deve-se verificar a flexão e o cisalhamento dos lintéis, garantindo o funcionamento
da estrutura segundo o modelo idealizado. Observe-se que no caso das paredes com aberturas,
os "pilares" estão submetidos à flexão composta com força normal.

4.5 DISTRIBUIÇÃO DE AÇÕES PARA C O N T R A V E N T A M E N T O S ASSIMÉTRICOS

Neste caso, quando se aplica a ação horizontal, o pavimento não apenas translada, mas
também apresenta uma rotação. Assim sendo, os deslocamentos dos painéis, mesmo para u m
mesmo pavimento, não serão os mesmos. Dessa forma existe a necessidade de maiores recursos
computacionais para a obtenção de resultados consistentes c o m o fenômeno. Entretanto, os
procedimentos de distribuição basicamente continuam os mesmos e serão tratados a seguir.

4 . 5 . 1 PAREDES ISOLADAS

Caso o eixo segundo o qual atua a ação não seja de simetria, o procedimento torna-se
impraticável d e ser executado s e m u m p r o g r a m a c o m p u t a c i o n a l . N e s s e caso, c o n f o r m e já
mencionado, a distribuição precisa levar e m conta a rotação dos pavimentos, inviabilizando o
procedimento simples anteriormente descrito para contraventamentos simétricos. Uma alternativa
interessante é utilizar u m programa que possua elementos barra tridimensional e um recurso
conhecido como nó mestre. Nesse caso, as paredes devem ser discretizadas com u m elemento
para cada pavimento da estrutura e todos os nós correspondentes a um pavimento devem ser
ligados a u m nó mestre. O aspecto de um modelo deste tipo é o que se apresenta na figura 4.7.
Figura 4.7 - Perspectiva de modelo tridimensional para paredes isoladas.

O nó mestre é um recurso computacional através do qual as translações no plano do pavimento


dos nós a ele ligados são transferidas em conjunto com a rotação normal a esse plano, como se existisse
um segmento totalmente rígido entre o nó considerado e o nó mestre (Fig. 4.8). Assim, acaba-se definindo
um plano rígido ao nível do pavimento, simulando-se a existência da laje de concreto. Todos os nós do
pavimento perdem os referidos graus de liberdade de translação, e também a rotação em tomo do eixo
normal ao plano, ficando as rigidezes concentradas no nó eleito como mestre do pavimento.

Como também os carregamentos são colocados apenas no nó mestre, após a solução do


sistema global de equações do edifício, as translações e a rotação obtidas para o nó mestre são
utilizadas para o cálculo dos deslocamentos e rotações de cada nó do pavimento. Dessa forma
garante-se total compatibilidade das translações e rotação do plano.

Z
A

Figura 4.8 - Nó mestre.

4 . 5 . 2 PAREDES COM ABERTURAS

Para as paredes com aberturas, a situação é semelhante ao caso apresentado no item


anterior. Os recursos computacionais necessários serão os mesmos, c o m a diferença de que
existirão barras horizontais para simular os lintéis (Fig. 4.9).

Também aqui todos os nós d e um pavimento devem estar ligados a um m e s m o nó


mestre e a ação total d o pavimento estará aplicada nesse referido nó mestre, de forma que o
plano do pavimento execute m o v i m e n t o s d e c o r p o rígido. C o n t i n u a s e n d o imprescindível a
verificação dos lintéis quanto ao esforço cortante e m o m e n t o fletor.
Figura 4.9 - Modelo tridimensional de paredes com lintéis.

4 . 6 C O N S I D E R A Ç Ã O DE T R E C H O S R Í G I D O S P A R A O S LINTÉIS

Um detalhe importante, quando se menciona a modelagem de pórticos, é a consideração


da dimensão finita dos nós ou os chamados trechos rígidos (Fig. 4.10). Ocorre que a colocação de
barras nos eixos dos elementos faz c o m que o comprimento flexível dessas barras seja na verdade
maior que o seu comprimento real, e isso tem como resultado painéis mais flexíveis. De fato, pelo
menos para os elementos que representam os lintéis, a consideração dos trechos rígidos pode
alterar bastante a rigidez de u m painel.

Figura 4.10 - Nós de dimensões finitas ou trechos rígidos de barras.

Da mesma forma que para o caso das abas, a não-consideração desses comprimentos
corretos pode provocar algumas perturbações importantes na distribuição das ações horizontais.
Alguns painéis sofrem u m acréscimo significativo de sua rigidez e outros p e r m a n e c e m s e m
alterações sensíveis. Dessa forma, os quinhões de carga são também bastante modificados, sendo
que a distribuição pode se afastar da realidade.

Para corrigir essas distorções, considerando-se os trechos rígidos, existem basicamente


dois procedimentos. O primeiro, muito mais eficiente, exige que o programa computacional utilizado
incorpore trechos rígidos como recurso de modelagem. Isso significa que quando se define uma
barra pode-se indicar, junto às duas extremidades, o comprimento dos trechos sem deformação.
Dessa forma, ao montar a matriz de rigidez do elemento, o programa considera apenas o trecho
efetivamente flexível, transferindo as rigidezes através de um procedimento padrão de translação de
graus de liberdade. Evidentemente os resultados a serem obtidos também serão correspondentes
às extremidades flexíveis, onde a consideração dos esforços realmente tem significado.

O segundo procedimento, muito menos eficiente, só deve ser utilizado quando o programa
não dispuser do recurso anteriormente citado. Trata-se de colocar nós adicionais e dividir os
elementos em dois ou três trechos, conforme existam trechos rígidos junto às extremidades inicial
e final. Obviamente, os modelos crescem em dimensão e complexidade, existindo ainda um problema
a ser resolvido: que características geométricas adotar para esses trechos que não devem
apresentar deformação. Se os valores forem muito elevados, a matriz global da estrutura tende a
ser mal condicionada, obtendo-se do processamento valores incoerentes. Entretanto, se as
características forem relativamente pequenas, o trecho pode apresentar deformações significativas,
não sendo a modelagem representativa.

Como indicação geral pode-se sugerir que as características geométricas adotadas sejam
correspondentes a uma seção com a largura igual à espessura da parede e altura igual ao pé-
direito da edificação. Dessa forma, as deformações serão desprezíveis e a matriz não deve
apresentar problemas de condicionamento numérico, sendo obtidos resultados confiáveis.
Entretanto, esse procedimento alternativo somente deve ser utilizado quando não se dispuser do
recurso descrito para a alternativa anterior.

Para finalizar, é importante citar que o CEB-FIP Model Code 1990 menciona uma forma
simples e eficiente de se considerar os comprimentos flexíveis e por conseqüência os trechos
rígidos das extremidades. Apesar de serem originalmente prescritos para peças de concreto armado,
eles podem ser considerados adequados para os elementos de alvenaria estrutural. E esses valores
estão mencionados em capítulo posterior, no qual se encontram agrupadas as características
geométricas para elementos de alvenaria.

4 . 7 E X E M P L O S DE M O D E L O S P A R A E D I F Í C I O S S O B A Ç Õ E S HORIZONTAIS

Neste item serão analisados dois edifícios residenciais com sete e dez pavimentos, em
alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto. Em todos os exemplos, as paredes têm
espessura de 14,5 cm. Serão consideradas as ações do vento segundo as direções dos eixos X e Y,
indicados nas plantas do pavimento tipo. As paredes, bem como seus respectivos lintéis, são
identificados por PX, LX, PY ou LY, conforme sejam paralelos à direção do eixo X ou Y, seguidos
por seus números.

Para o processamento utilizou-se o sistema em elementos finitos descrito em Ramalho (1990).


Para a consideração do pavimento como diafragma rígido, o programa dispõe do recurso do nó mestre.
Além disso, existe a possibilidade de se considerar trechos rígidos pela translação de rigidezes, sem a
necessidade de utilizar barras e nós adicionais. Nos exemplos apresentados optou-se por localizar o
nó mestre no centro geométrico dos pavimentos, para facilitar a aplicação das ações.
Levando-se e m conta a pequena assimetria das estruturas analisadas, o que faz c o m
que as rotações sejam praticamente nulas, somente serão analisados resultados dos painéis
paralelos ã direção do vento considerada, apesar dos modelos construídos serem tridimensionais.
São comparados os deslocamentos, esforços e tensões normais nas paredes, modelando-se os
edifícios de seis maneiras distintas. A descrição dos modelos é feita na tabela 4.2.

Tabela 4.2 - Modelos para os exemplos.

Modelo Descrição Trechos rígidos Abas


M1 Paredes isoladas - Sim
M2 Paredes com aberturas Não Sim
M3 Paredes com aberturas Sim Sim
M4 Paredes isoladas - Não
M5 Paredes com aberturas Não Não
M6 Paredes com aberturas Sim Não

As ações do vento foram determinadas conforme a NBR 6123. O s comprimentos efetivos


das abas foram adotados como sendo de seis vezes a espessura das paredes e os comprimentos
dos trechos rígidos foram obtidos c o m base nas recomendações do CEB-FIP Model Code 1990.
Já os lintéis mais solicitados foram dimensionados à flexão e ao cisalhamento de acordo c o m a
NBR 10837 - Cálculo de Alvenaria Estrutural de Blocos Vazados de Concreto 5 .

4 . 7 . 1 EXEMPLO 1

Neste item, é analisado o efeito do vento e m um edifício de sete pavimentos, com pés-
direitos de 2,74 m. A planta do pavimento tipo é apresentada na figura 4.11. As dimensões externas
d o edifício, e m planta, são de 18,60 m e 22,20 m, nas d i r e ç õ e s n o r m a i s aos eixos X e Y,
respectivamente. O módulo de elasticidade adotado foi de 4.480 MPa.

As forças devidas ao vento foram determinadas para uma velocidade básica de 45 m/s. O fator
topográfico S, e o fator estatístico S 3 são iguais a 1.0. A categoria do terreno é IV e a classe da edificação
é B. Os coeficientes de arrasto são 0,99 e 1,03, considerando-se o vento nas direções X e V, respectivamente.

4 . 7 . 1 . 1 DESLOCAMENTOS HORIZONTAIS

Na figura 4.12 são apresentadas as curvas de deslocamentos horizontais obtidas nos


modelos M1, M2 e M3. Observando-se as referidas curvas, verifica-se que o comportamento do

s Associação Brasileira de Normas Técnicas (1989).


conjunto é predominantemente de parede isolada, m e s m o quando são considerados os lintéis.

Já na tabela 4.3, são comparados os deslocamentos no topo para todos os modelos e


para o vento nas direções X e Y.

0 = ^

Ml
i=n
PY14 PY13

PY11

PY10

i cd • — ' j

U J
PY9 PY8
o m
X
CL Hl x
cl
0=O

n
L j
n n
PY7 PY6

0=^
IO OL
x

X
2 t
PY5 PY4 PY3 a

co

LY1

PY2 PY1

Figura 4.11 - Planta do pavimento tipo do exemplo 1.


7
/
/
6

/
5

T/> 4
'5
>
/
/ /

2 3
/ 1

2
M3
1

0
0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0 7.0 0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0

Deslocamentos X (cm) Deslocamentos Y (cm)

Figura 4.12 - Deslocamentos horizontais em X e Y.

Tabela 4.3 - Deslocamentos no topo (cm).

Direção M1 M2 M3 M4 M5 M6
X 5,97 1,59 1,26 12,07 2,19 1,66
Y 4,91 2,92 2,18 7,29 4,31 3,91

Analisando-se a tabela 4.3, observa-se que na direção X há uma redução maior nos
d e s l o c a m e n t o s obtidos nos modelos M 2 e M3, e m relação a M1, indicando u m efeito mais
pronunciado dos lintéis nesta direção. O m e s m o é verificado nos modelos s e m abas, quando se
comparam M5 e M6 a M4. Ocorre que na direção X há u m número maior de aberturas e, assim, as
diferenças percentuais entre os deslocamentos dos modelos c o m lintéis e m relação aos modelos
sem lintéis são maiores.

Quanto aos trechos rígidos, a maior diferença percentual entre M3 e M2 verifica-se na


direção Y. Ocorre que nesta direção os trechos rígidos considerados foram maiores. Entretanto,
comparando-se M6 e M5, observa-se que o efeito dos trechos rígidos é mais acentuado na direção
X, devido à a p r o x i m a ç ã o dos centros de gravidade das seções transversais das paredes e
conseqüente aumento dos comprimentos dos trechos enrijecidos.

Por f i m , d e v e - s e r e s s a l t a r q u e a c o l o c a ç ã o d a s a b a s r e a l m e n t e t e m u m efeito
extremamente importante, reduzindo praticamente à metade os deslocamentos obtidos.

4.7.1.2 MOMENTOS FLETORES

Na figura 4.13, são apresentados os diagramas de momentos fletores e m algumas paredes


nos modelos M1, M2 e M3.

O s momentos fletores nos painéis compostos por apenas uma parede nos modelos M2
e M3 foram menores do que no modelo M1, indicando que suas rigidezes, nos modelos c o m
lintéis, perderam importância e m relação ao conjunto. C o m o exemplo, podem ser tomados os
diagramas da parede PY10.

Nas bases das paredes de painéis com aberturas, os momentos obtidos nos modelos
M2 e M3 foram menores do que os de M1, devido à ação dos lintéis. Observa-se ainda que os
d i a g r a m a s de m o m e n t o s de P X 2 e P Y 8 e m M2 e M 3 a p r e s e n t a m d e s c o n t i n u i d a d e s m a i s
pronunciadas do que os diagramas de PX10. Tal comportamento deve-se ao fato de o lintel da
parede PX10 ser bastante flexível diante da rigidez dessa parede.

Os trechos rígidos provocam uma restrição maior às rotações dos nós dos painéis. Logo,
os momentos obtidos no modelo M3 são menores que os momentos de M2, como se pode ver nos
diagramas apresentados. Nota-se, inclusive, que as descontinuidades do diagrama de momento
de PX10 tornam-se um pouco mais destacadas no modelo M3, e m relação ao modelo M2, pois a
rigidez do lintel cresceu.

Modelo M1 8 .Modolo M1
Modelo M2 .Modelo M2
Modelo M3 > Modelo M3
6

/ ^
•2 i
>
2
1 (A) PX2 (B) PX10
-20 -15 -10 -5 0 5 10 •350 -280 -210 -140 -70 0 70
Momentos fletores (kNm) Momentos fletores (kNm)

.Modelo M1 Modelo M1
.Modelo M2 Modelo M2
Modelo M3 Modelo M3

(C) PY8 (D) PY10


12 -10 - 8 - 6 - 4 - 2 0 2 4 6 -600 -500 -400 -300 -200 -100 0 100
Momentos fletores (kNm) Momentos fletores (kNm)

Figura 4.13 - Momentos fletores em paredes.


Convém ressaltar que as observações feitas nos parágrafos anteriores, relativas aos
efeitos dos lintéis c o m e s e m trechos rígidos, continuam válidas nos modelos sem as abas, M4, M5
e M6, que deixam de ser aqui apresentados.

4 . 7 . 1 . 3 ESFORÇOS NORMAIS

Na figura 4.14 são apresentados os esforços normais nas bases das paredes, onde
ocorrem os valores máximos, para as paredes c o m aberturas. A tendência, para os valores mais
significativos, é u m discreto aumento para os casos em que são considerados os trechos rígidos.
Isso ocorre porque, com os trechos rígidos, os esforços cortantes nas extremidades dos lintéis
tendem a ser maiores, aumentando também os esforços normais nas paredes.

• M2 9 M3 DM5 DM6

PX1 PX2 PX3 PX9 PX13 PX14 PX15 PX16 PY1 PY3 PY8

Figura 4.14 - Esforço solicitante normal na base das paredes.

4 . 7 . 1 . 4 TENSÕES NORMAIS

Na figura 4.15 são apresentados os gráficos das tensões normais nas paredes PX13,
PX14, PY1 e PY2. São comparadas as máximas tensões de tração devidas ao vento, obtidas nos
modelos M1, M2 e M3, c o m as tensões de compressão provenientes das cargas permanentes, as
quais são denominadas de tensão V.

F a z e n d o - s e a c o m b i n a ç ã o d a s t e n s õ e s , c o n f o r m e o s gráficos das figuras a c i m a


mencionadas, resulta e m valores que indicam a predominância de tensões de tração nessas
paredes, e m alguns desses modelos. Entretanto, estas tensões estão dentro das faixas admissíveis
prescritas pela NBR 10837.

Já na tabela 4.4 são apresentadas as tensões devidas ao vento nos modelos c o m e s e m


abas e as tensões devidas às cargas verticais, incluindo-se as cargas variáveis. Os resultados
mostram o efeito favorável das abas, reduzindo-se as tensões praticamente à metade das que
seriam obtidas s e m as abas. De fato, nos modelos s e m abas e m algumas paredes as tensões
devidas ao vento são maiores que as tensões provenientes das cargas verticais. Já nas paredes
modeladas com abas, as tensões finais são unicamente de compressão.

Nos modelos M2 e M3, devido à presença dos lintéis e dos trechos rígidos, verifica-se
que as diferenças percentuais entre as tensões nas paredes mais e menos solicitadas são menores
do que no modelo M1.

• Tensão V • Tensão V
• Modelo M1 I I Modelo M1
• Modoio M 2 I I Modelo M2
L B Modelo M 3 f | Modelo M3

> 4

1—1—I—I—I—I—I—1—I—I—I—I—I—I—I—I—I—I—I—I—I—I I I

O 110 220 330 440 550 0 100 200 300 400 500 600

Tensões Normais (kN/m*) Tensões Normais (kN/m 7 )

(A) PX13 (B) PX14

I I Tensão V
I I Modelo M1

6» • Modelo M 2
P B Modelo M3

.5 M

1

O 100 200 300 400 500 330 440 550
Tensões Normais (kN/m 7 ) Tensões Normais (kN/m 2 )

(C) PY1 (D) PY2

Figura 4.15 - Tensões normais em paredes.


Tabela 4.4 - Tensões normais nas bases das paredes (kN/m2).

Tensões normais devidas ao vento Tensões


Parede
M1 M2 M3 M4 M5 M6 cargas vert.
PX10 646 290 278 974 375 358 857
PX13 501 272 239 958 416 362 525
PX14 85 282 153 169 211 205 686
PX15 85 111 113 169 199 180 1275
PY1 214 349 393 233 502 571 525
PY2 497 408 383 719 593 584 518
PY3 156 158 213 148 218 233 708
PY10 650 456 396 973 666 609 953

4 . 7 . 1 . 5 VERIFICAÇÃO DOS LINTÉIS À FLEXÃO E AO CISALHAMENTO

Nas tabelas 4.5. e 4.6 são apresentados os momentos fletores e os esforços cortantes
máximos nos lintéis mais solicitados. Nos modelos s e m abas os momentos e cortantes são e m
geral maiores, tendo e m vista as paredes serem relativamente mais flexíveis.

A maior área de aço necessária para combater a flexão foi de 0,93 cm* no lintel LX5 e
0,91 cm 2 para o lintel LY1 no modelo M2. No modelo M5, a área de aço necessária no lintel LX5 foi
de 1,11 cm 2 . Em todos os lintéis, tanto nos modelos com abas como nos modelos s e m abas, as
tensões de cisalhamento atuantes são menores que as tensões admissíveis especificadas pela
NBR 10837 para dimensionamento sem armaduras transversais.

Tabela 4.5 - Momentos (kN ~ m) e cortantes (kN) máximos nos lintéis - modelos com abas.

Modelo M2 Modelo M3
Lintel Momento Cortante Momento Cortante
Nível Nível
máximo máximo máximo máximo
LX1 3 12,42 4,94 3 10,69 4,73
LX5 3 21,34 6,61 2 19,00 7,39
LY1 4 21,00 9,55 3 20,24 14,05

Tabela 4.6 - Momentos (kN ~ m) e cortantes (kN) máximos nos lintéis - modelos sem abas.

Modelo M5 Modelo M6
Lintel Momento Cortante Momento Cortante
Nível Nível
máximo máximo máximo máximo
LX1 3 13,88 5,93 2 11,12 4,76
LX5 2 25,27 8,05 2 22,59 8,82
LY1 3 23,29 10,71 2 22,14 15,16
4 . 7 . 2 EXEMPLO 2

Neste item será analisado um edifício de dez pavimentos, com pés-direitos de 2,72 m. A
planta do pavimento tipo é apresentada na figura 4.16. Suas dimensões externas são 15,90 e 22,05 m
nas direções normais a X e Y, respectivamente. O módulo de elasticidade adotado foi de 6.400 MPa.

x
CL

JL 1PY23 fggJí n

lO,PY21co cl PY20 PY19

•RT <0
X
PY18 CL
PY17 n 5 . PY16
-<fr
x
D Jl u m
o.

PY14 CM
x
CL
PY12 co
x
CL

PY9 PY8

X
CL

LY2 LY1
Y <- PY5 PY4 PY3 PY2 PY1

Figura 4.16 - Planta do pavimento tipo do exemplo 2.

As forças devidas ao vento, ao nível de cada pavimento, são determinadas para uma
velocidade básica de 35 m/s. O fator topográfico S, e o fator estatístico S 3 são iguais a 1,0. A
categoria do terreno é IV e a edificação classe B. Os coeficientes de arrasto são 1,03 e 1,11,
respectivamente nas direções X e Y.
4 . 7 . 2 . 1 DESLOCAMENTOS HORIZONTAIS

Na figura 4.17 são comparados os deslocamentos horizontais nas direções X e Y, para


os modelos c o m abas.

Figura 4.17 - Deslocamentos horizontais.

Também neste caso o comportamento do conjunto foi predominantemente de parede


isolada, e m ambas as direções e nos três modelos. Na tabela 4.7 são comparados os deslocamentos
no topo obtidos nas seis modelagens.

Tabela 4.7 - Deslocamentos horizontais no topo (cm).

Direção M1 M2 M3 M4 M5 M6
X 5,52 3,20 2,69 7,66 4,83 4.22
Y 12,48 7,70 4,13 23,24 11,69 6.54

Da tabela 4.7. conclui-se que os efeitos dos lintéis s e m trechos rígidos foram mais
pronunciados na direção X e c o m trechos rígidos na direção Y. tanto nos modelos com abas como
nos modelos sem abas. Também neste exemplo, observa-se o efeito favorável das abas, reduzindo-
se os deslocamentos de forma significativa, especialmente na direção Y.

4 . 7 . 2 . 2 MOMENTOS FLETORES

Quanto aos momentos fletores, não há nenhuma novidade em relação ao que já foi dito para
o exemplo anterior. Então, são apresentados apenas os diagramas de momentos nas paredes PX8 e
PY17 (Fig. 4.18), as mais importantes e m termos de absorção das ações provenientes do vento.
11 m
Modelo Ml Modelo M l 1
10 t ílO
Modelo M2 Modelo M2 1
9 / -9
!j / I
8 ' / •8
t / /

' ]
/
/ / 7 / • "-7
/ /' / •
/ / /
/ /'
6 6
/ /•• / /
/ /•' / / /
/ /? 5 /
S
/ / / /
/ /.•'
4 s -4

// /
/
/ ' W
© 3 3
/ /
/ >1
• / / > / /

' / / 2
2
/
/
/
/ / Z 2
s. i . x 1. (A) P X 8 (B) P Y 1 7 • . A A 1
• 1400 -1120 -840 -560 -280 0 280 -1400 -1120 -840 -560 -280 0 280
Momontos llotoros (kNm) Momentos lletores (kNm)

Figura 4.18 - Momentos fletores em paredes.

4 . 7 . 2 . 3 ESFORÇOS NORMAIS

Na figura 4.19 comparam-se os esforços normais nas bases das paredes. O que se pode
perceber é que. de forma semelhante ao exemplo anterior, a utilização de trechos rígidos tende a aumentar
os esforços normais para as paredes que apresentam valores significativos, em especial a PY16.

IM2 IM3 DM5 DM6

PX8 PX9 PX10 PY1 PY3 PY8 PY16

Figura 4.19 - Esforços normais na base das paredes.

4 . 7 . 2 . 4 TENSÕES NORMAIS

Na figura 4 . 2 0 são c o m p a r a d a s as m á x i m a s tensões de tração devidas ao vento,


determinadas nos modelos com abas, com as tensões devidas às cargas verticais permanentes
atuantes nas paredes PX9, PY3, PY4 e PY8.

Os gráficos apresentados mostram a predominância das tensões de tração em algumas seções


dessas paredes, que em geral são inferiores às admissíveis pela NBR 10837. Entretanto, para a parede
PX9, no modelo M3, seus valores são mais elevados que os admitidos pela referida norma. No modelo
M1, as tensões de tração são predominantes apenas na parede PY8 e nos dois primeiros níveis.
10 I I TcfisAo V
I I Mcxlolo M1
9
( D Modelo M2
8 ! | Modelo M3
7
6
M
| 5
2
4
3
(A) PX9 (B) PY3 2

280 560 840 1120 1400 10 270 540 810 1080 1350
Tensões Normais (kN/m*) Tensões Normais (KN/m*)

10 • Tensão V • Teivsao v
9 f ~ l Modelo M1 I I Modelo MI
H Modelo M2 QÊI Modelo M2
8 I Modelo M3
I Modelo M3
7
6
vt
I 5
Z
4
3
2 (C) PY4 (D) PY8
1
0 260 520 780 1040 1300 0 190 380 570 760 950
Tensões Normais (kN/m") Tensões Normais (kN/m1-)

Figura 4.20 - Tensões normais nas paredes.

Na tabela 4.8 são apresentadas as tensões devidas às cargas verticais, incluindo-se as


cargas variáveis, e as tensões devidas ao vento nos modelos c o m e sem abas. Considerando-se
as tensões devidas às cargas variáveis, nos modelos c o m abas as tensões finais nas paredes são
unicamente de compressão, o que não ocorre para os modelos sem abas.

Tabela 4.8 - Tensões normais nas bases das paredes (kN/m2).

Tensões normais devidas ao vento Tensões


Parede cargas vert.
M1 M2 M3 M4 M5 M6
PX8 750 513 475 938 667 623 1430
PY8 873 665 487 1674 849 608 997
PY17 1142 830 682 1530 1168 983 1432
PY23 1121 820 631 886 1168 983 1333
Análise Estrutural para Ações Horizontais

4 . 7 . 2 . 5 VERIFICAÇÃO DOS LINTÉIS À FLEXÃO E AO CISALHAMENTO

O s momentos e cortantes máximos nos lintéis mais solicitados, nos modelos com abas,
são apresentados na tabela 4.9. A máxima área de aço necessária foi de 1,40 cm 2 no lintel LY2.
Neste exemplo, as tensões de cisalhamento atuantes nos lintéis ainda poderiam ser resistidas
s e m armaduras transversais.

Tabela 4.9 - Momentos (kN m) e cortantes (kN) máximos nos lintéis - modelos com abas.

Modelo M2 Modelo M3
Lintel Momento Cortante Momento Cortante
Nível Nível
máximo máximo máximo máximo
LX1 4 15,84 7,38 3 13,84 9,87
LY1 4 9,58 7,59 2 6,39 5,07
LY2 7 8,61 6,16 5 5,56 5,19

4 . 7 . 3 CONCLUSÕES GERAIS PARA o s EXEMPLOS

Como se pode observar dos resultados obtidos para os exemplos desenvolvidos, algumas
conclusões são bastante claras. Inicialmente é importante destacar que a consideração das abas reduz
de forma significativa os valores dos deslocamentos horizontais previstos e ainda os valores das tensões
devidas às ações horizontais nas paredes. Sua consideração, portanto, é altamente recomendável.

Quanto às paredes c o m aberturas, obtém-se uma redução bastante significativa das


tensões nas paredes, mas os lintéis precisam ser armados para resistir aos esforços de flexão
devidos à ação dos ventos. É claro que os lintéis já possuem uma armadura construtiva para servir
como vergas, mas a situação se diferencia devido à inversão do sentido do momento no caso dos
ventos. Assim, torna-se necessária a colocação de armaduras inferiores e superiores. Ainda quanto
às armaduras, uma constatação importante é que os lintéis não ultrapassaram os limites para
tensões de cisalhamento da NBR 10837, mesmo quando foram considerados os trechos rígidos.

Aliás, as diferenças verificadas pela consideração dos trechos rígidos nos lintéis são
significativas, mas não alteram de forma drástica os valores obtidos. Talvez sua maior atuação seja
nos deslocamentos horizontais a serem obtidos.
Portanto, a recomendação que se pode fazer é que inicialmente o projetista tente considerar
as paredes isoladas, não se esquecendo de acrescentar a contribuição das abas. Se com essa
consideração estiverem sendo obtidos deslocamentos muito grandes ou as tensões nas paredes
estiverem apresentando grandes trações, então se deve pensar no modelo de paredes com aberturas.

Não se deve esquecer que a consideração das paredes c o m aberturas vai resultar na
colocação de armaduras adicionais, algumas vezes inclusive para o cisalhamento, nos lintéis. Dessa
forma, pode-se dificultar a execução da obra e penalizar a economia a ser obtida com a adoção do
sistema construtivo. Assim, deve-se verificar se não é possível evitar tais situações, adotando-se um
modelo mais simples e ainda seguro para a análise e o dimensionamento da estrutura.

4 . 8 E S T A B I L I D A D E G L O B A L D A E S T R U T U R A DE CONTRAVENTAMENTO

A verificação da estabilidade global de uma estrutura de contraventamento é recomendável


para qualquer edificação e indispensável para edifícios em que, em razão do número de pavimentos
ou outro motivo qualquer, haja suspeita sobre sua condição de deslocabilidade.

Por exemplo, para os casos de edifícios nos quais a grande maioria das paredes estruturais
esteja orientada segundo uma só direção, pode ocorrer que a deslocabilidade seja inaceitável
para a outra direção, mesmo que a edificação apresente poucos pavimentos. Dessa forma, é
importante estar atento aos problemas de segunda ordem, principalmente quando se utiliza o
sistema estrutural chamado de "paredes transversais", mencionado anteriormente.

4 . 8 . 1 CONCEITOS BÁSICOS

Imagine-se uma estrutura submetida simultaneamente a uma carga vertical e uma ação
horizontal. É fácil concluir-se que haverá um acréscimo do momento fletor inicial, chamado de
momento de primeira ordem, representado pelas cargas verticais atuando nos deslocamentos
produzidos pelas ações horizontais, conforme se mostra na figura 4.21.

Figura 4.21 - Momento de segunda ordem.

Esse acréscimo, chamado momento de segunda ordem, somente não ocorreria se a


estrutura pudesse ser considerada indeslocável, o que é impossível quando se considera que
qualquer material tem sua flexibilidade.
Esse é o caso dos edifícios em geral, e de alvenaria em particular, que se encontram
submetidos a ações verticais e horizontais. Essas estruturas devem, portanto, apresentar acréscimos
de esforços de segunda ordem, tanto maiores quanto maior a sua deslocabilidade.
Análise Estrutural para Ações Horizontais

4 . 8 . 2 CLASSIFICAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONTRAVENTAMENTO

Torna-se aqui importante mencionar um conceito discutido no CEB-FIP Model Code


1990 para as e s t r u t u r a s d e c o n t r a v e n t a m e n t o . Trata-se de uma c l a s s i f i c a ç ã o q u a n t o à
deslocabilidade da estrutura considerada, que pode ser classificada em deslocável ou indeslocável.
Obviamente não existem estruturas indeslocáveis, do ponto de vista rigoroso, posto que submetidas
a determinada ação todas apresentariam algum deslocamento. Mas a classificação indeslocável
pode ser adotada quando os acréscimos de segunda ordem representam menos de 10% dos
esforços de primeira ordem. Trata-se, na verdade, de uma simplificação, que consiste em se chamar
uma estrutura pouco deslocável de indeslocável.

Entretanto, essa classificação é muito importante, pois, como se verá a seguir, é tomada
como base para se decidir se é ou não necessário que a análise de uma determinada estrutura
seja feita em teoria de segunda ordem.

4 . 8 . 3 AVALIAÇÃO DOS ACRÉSCIMOS DE SEGUNDA ORDEM

A avaliação do acréscimo de esforços devido à consideração da segunda ordem é sempre


um processo iterativo. Para tanto existem processos, que podem ser chamados de rigorosos, em
que são feitas alterações na matriz de rigidez e no vetor de cargas, dentro de um programa
computacional de pórtico plano ou tridimensional. Podem ainda ser utilizados processos
simplificados, como, por exemplo, o chamado processo P-O.

No caso dos processos rigorosos, é necessário que se tenha acesso a um programa


computacional que permita a consideração da segunda ordem, ou não-linearidade geométrica.
Esses programas não têm ainda uma utilização disseminada, pelo menos para análises usuais.
E x i g e m u m a entrada de d a d o s n o r m a l m e n t e mais c o m p l e x a e a p r e s e n t a um t e m p o de
processamento relativamente elevado, motivos pelos quais têm utilização mais restrita a casos
especiais.

Já no processo P-D a análise é feita com a utilização de um programa de pórtico


convencional, ou seja, sem a consideração da não-linearidade geométrica. Os dados são mais
simples e o tempo de processamento de cada etapa muito menor. Conforme mencionado, trata-se
de um processo iterativo. Na primeira etapa a estrutura é analisada com a atuação simultânea das
ações verticais e horizontais, obtendo-se os deslocamentos dos pontos nodais. Através desses
deslocamentos são calculados acréscimos de momento fletor ao longo da altura do edifício e
esses acréscimos são transformados, por equilíbrio, em forças horizontais equivalentes que são
somadas às ações originais. A estrutura é novamente processada e com a obtenção dos novos
deslocamentos são calculados novos acréscimos de esforços e ações horizontais. O processo
continua até que os a c r é s c i m o s obtidos para d e s l o c a m e n t o s , esforços ou ações s e j a m
suficientemente pequenos de modo que se possa considerar que o procedimento convergiu ao
seu resultado final. Assim sendo, os esforços obtidos no último processamento já estarão
computando os acréscimos devidos à consideração da segunda ordem.
O processo P-B apresenta resultados muito satisfatórios e seu desenvolvimento pode
ser automatizado, sendo que o tempo total de processamento não deve ultrapassar o tempo de
solução de um programa que efetivamente considere a não-linearidade geométrica. Como os
dados de entrada e os recursos computacionais utilizados são mais simples, pode-se considerar
que ele se qualifica como uma alternativa bastante interessante.

4 . 8 . 4 DESLOCABILIDADE DAS ESTRUTURAS POR PROCESSOS SIMPLIFICADOS

Foi mencionado que para estruturas com acréscimos de esforços devidos à consideração
da segunda ordem menores que 10% dos de primeira ordem, a estrutura pode ser considerada
indeslocável. Nesse caso não haverá necessidade de a análise ser realizada em teoria de segunda
ordem, podendo ser utilizado um procedimento convencional em primeira ordem, sem a necessidade
de diversas iterações. É, sem dúvida, o procedimento mais confortável.

Entretanto, é necessário saber se os referidos acréscimos realmente se limitam aos


mencionados 10% para a estrutura em análise. Nesse caso pode-se lançar mão de procedimentos
simplificados que indiquem se uma estrutura pode ou não ser considerada indeslocável. O próprio
CEB-FIP Model Code 1990 apresenta uma solução para o mencionado problema: o parâmetro a.
Outro procedimento, que se pode considerar mais adequado, é o parâmetro yz. A seguir esses
parâmetros são discutidos com maiores detalhes.

4 . 8 . 4 . 1 PARÂMETRO a

O parâmetro a pode ser avaliado de acordo com a expressão:

...(4.7)

Em que,
a : parâmetro de instabilidade
H : altura total do edifício
P : peso total da edificação
E l : rigidez à flexão do sistema de contraventamento

Considera-se que o acréscimo de esforços de segunda ordem será menor que 10% se o
referido parâmetro for:
a - 0,7: para sistemas compostos apenas por pilares-parede
a - 0,6: para sistemas mistos
a - 0,5: para sistemas compostos apenas por pórticos

Quando o parâmetro o. exceder os valores apresentados, o projetista deve necessariamente


providenciar a análise do edifício em teoria de segunda ordem, de forma a avaliar corretamente o
acréscimo nos esforços.

4 . 8 . 4 . 2 PARÂMETRO y,

O outro procedimento, ainda mais interessante, é o chamado parâmetro yz. Trata-se de


um estimador do acréscimo de esforços devidos à consideração da segunda ordem e por esse
motivo é mais adequado que o parâmetro a anteriormente citado. Com a sua utilização consegue-
se estimar o efeito de segunda ordem apenas com o resultado do cálculo da estrutura submetida
às ações verticais e horizontais. É como se estimarem os valores de convergência de um processo
P-D apenas com os resultados da primeira etapa.

Sua expressão é a seguinte:

...(4.8)

Em que,
AM : acréscimo de momento devido aos deslocamentos horizontais
M, : momento de 1 ! ordem

Dessa forma, calculado o parâmetro pode-se avaliar a deslocabilidade da estrutura.


Analogamente ao que já foi mencionado, pode-se estabelecer, considerando-se o limite de 10%:

Y, - 1,10: estrutura indeslocável


yz > 1,10: estrutura deslocável

Aqui a vantagem do yz torna-se evidente. Em especial porque o parâmetro é um bom


estimador do acréscimo de segunda ordem até, pelo menos, o valor 1,20. Assim sendo, pode-se,
obtido um valor entre 1,10 e 1,20, utilizar o próprio parâmetro como multiplicador de esforços de
primeira ordem para a obtenção dos de segunda ordem, ou seja:

M2 = Y, M, ...(4.9)
Em que,
M , : esforços de 1? ordem
M 2 : esforços finais de 2- ordem
yg : parâmetro com valor entre 1,10 e 1,20

4.9 CONCLUSÃO

O presente capítulo apresentou conceitos relativos à análise de estruturas de edificações


em alvenaria submetidas a ações horizontais. Inicialmente foram discutidas as ações usualmente
consideradas, com destaque para as devidas ao vento e ao desaprumo. Foi enfatizada a importância
de consideração das abas ou flanges na composição das seções transversais dos painéis de
contraventamento, devido à sua significativa contribuição na rigidez e na resistência desses painéis.
Foram discutidos procedimentos para a distribuição de ações horizontais para contraventamentos
simétricos e assimétricos, analisando-se o processo das paredes isoladas e o de paredes com
aberturas, bem como as suas implicações nas duas referidas situações. No caso das paredes com
aberturas foi introduzido o conceito de nós de dimensões finitas, como elemento de enrijecimento
dos painéis. Foram ainda discutidos os recursos de modelagem encontrados em alguns programas
computacionais, que permitem um aumento da eficiência da análise, tanto sob o ponto de vista da
representatividade da estrutura como na elaboração e no processamento dos modelos numéricos.
Foram introduzidos dois exemplos de modelagem de edifícios submetidos a ações horizontais,
comparando-se os resultados obtidos com os procedimentos alternativos apresentados e as suas
implicações no desenvolvimento do projeto estrutural. Por fim foi discutida a questão da estabilidade
global da estrutura de contraventamento, apresentando dois procedimentos simplificados para a
avaliação da relevância dos efeitos de segunda ordem. Destaca-se a superioridade do parâmetro
y2 sobre o parâmetro a, devido à possibilidade que aquele possui de apresentar uma estimativa
para os efeitos de segunda ordem.
Principais Parâmetros para o D i m e n s i o n a m e n t o de Elementos n
eu

5.1 TENSÕES ADMISSÍVEIS E ESTADOS LIMITES


c

A segurança de uma estrutura pode ser entendida como a capacidade de suportar as diversas
o
ações previstas durante a sua vida útil, garantida sua possibilidade de funcionar conforme sua destinação.

Todas as teorias que permitem introduzir o conceito de segurança baseiam-se na hipótese


de que o comportamento estrutural é determinístico. Isto significa que para um mesmo corpo, sob as
mesmas condições de vinculação, a repetição de uma solicitação ao longo do tempo produziria as
mesmas respostas estruturais, ou seja, as mesmas deformações, tensões, esforços e deslocamentos.

O método das tensões admissíveis introduz a segurança no projeto estrutural mediante


o estabelecimento de um coeficiente de segurança interno y_. É imposta a condição de que as
maiores tensões na estrutura não ultrapassem valores admissíveis, estabelecidos de forma empírica,
a partir da divisão de tensões de ruptura ou de escoamento pelo coeficiente y4. A aplicação desse
método pode ser resumida por:

S < R / Yj ...(5.1)

Em que,
S : máxima tensão atuante
y : coeficiente de segurança interno
R : tensão de ruptura ou de escoamento do material

Este método tem algumas deficiências que podem ser consideradas sérias:

a) impossibilidade de se interpretar o coeficiente yt como um coeficiente externo:


b) preocupação exclusiva com a relação serviço-ruptura;
c) adequação apenas para o comportamento linear.

Também se pode conceituar a segurança de uma estrutura com a introdução da idéia de


estado limite. Segura é a estrutura que, durante a sua vida útil, não atinge nenhum estado limite.
Esses estados limites podem ser definidos como:

a) estado limite último (ELU);


b) estado limite de serviço (ELS).

O estado limite último corresponde ao esgotamento da capacidade portante da estrutura e


pode ser ocasionado por diversos fatores: perda de estabilidade do equilíbrio, ruptura, colapso,
deterioração por fadiga ou excesso de deformação plástica que inviabilize a sua utilização como estrutura.
Já o estado limite de serviço está relacionado a exigências funcionais ou de durabilidade
da estrutura e pode ser causado por excesso de deslocamentos, deformações, danos ou vibrações.
A segurança é introduzida mediante a verificação dos estados limites de serviço e através
de coeficientes de segurança externos ye relativos aos estados limites últimos. O estabelecimento
dos coeficientes yc é feito de maneira empírica. A vantagem do método dos estados limites sobre
o das tensões admissíveis é que ele permite a definição de um critério direto para resistência e
para as condições de serviço da estrutura.

Atualmente, um aperfeiçoamento verificado para o método dos estados limites consiste


em se considerar que os parâmetros geométricos, mecânicos e de solicitação das estruturas não
são determinísticos, sendo representados por variáveis aleatórias contínuas. A inclusão de conceitos
probabilísticos permite considerar incertezas relativas ao carregamento, à resistência dos materiais
e à representatividade do modelo de análise empregado.

O dimensionamento com base nos estados limites pode ser resumido da seguinte maneira:

- Sd > 0 ...(5.2)

Em que,
R d = R k / ym: resistência de cálculo
S d = S( y, x F k ): solicitação de cálculo

e Y,: coeficientes de ponderação


R k e F k : valores característicos de resistência e ação

Geralmente os valores característicos são escolhidos de modo que 95% das resistências
verificadas na estrutura excedam R k e 95% das ações aplicadas sejam menores que F k .
Assim, a probabilidade de ruína é dada por:

P [ R r i - S d < 0] = p ...(5.3)

É necessário determinar os valores dos coeficientes ym e Y, compatíveis com o valor de


u p" pré-fixado. Para que isso seja feito, além de conceitos estatísticos, são utilizados também valores
empíricos baseados na experiência de construção acumulada e em ensaios de laboratório.
A norma brasileira NBR 10837 - Cálculo de Alvenaria Estrutural de Blocos Vazados de
Concreto 1 , assim como a norma americana ACI 530 - Building Code Requirements for Masonry
Structures 2 , adotam o método das tensões admissíveis para a introdução da segurança estrutural.
Entretanto, a BS 5628 - Code of Practice for Use of Masonry 3 já adota os estados limites.

' Associação Brasileira de Normas Técnicas (1989).


2 American Concrete Instituto (1992).
3 British Standards Institution (1992).
De fato, seria interessante se a norma brasileira adotasse o conceito dos estados limites.
Além de ser mais adequado, por permitir melhor conhecimento da segurança da estrutura, esse é
o conceito que serve de base para as demais normas existentes no País. até mesmo para algumas
que complementam o próprio emprego da alvenaria como sistema estrutural. Por exemplo, a NBR
6136 - Blocos Vazados de Concreto Simples para Alvenaria Estrutural 4 fala explicitamente em
resistência característica do bloco de concreto. Além disso, é impossível a utilização da NBR 8681 -
Ações e Segurança nas Estruturas* para edificações de alvenaria estrutural.

5.2 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DA ALVENARIA

A resistência à compressão é, obviamente, o parâmetro de resistência mais importante


para a alvenaria estrutural. Dessa forma, não é de se estranhar que muitos trabalhos tenham sido
desenvolvidos para quantificá-la. Aqui, procurar-se-á apresentar um panorama geral sobre esse
aspecto de grande importância.

5 . 2 . 1 INFLUÊNCIA DOS COMPONENTES NA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

A seguir, se faz um breve resumo sobre a influência de cada componente sobre a


resistência à compressão da alvenaria. O principal objetivo é dar noções qualitativas, ou até mesmo
quantitativas, sobre a maneira como cada um desses componentes atua no sentido de aumentar
ou reduzir a referida resistência.

5 . 2 . 1 . 1 BLOCOS

Dentre os fatores que exercem influência na resistência à compressão dos painéis de


parede, a resistência dos blocos tem caráter predominante. De forma geral, quanto mais resistente
o bloco, mais resistente será a alvenaria.

Existe um conceito muito importante quando se trata da influência da resistência dos blocos
na resistência à compressão das paredes. É a "eficiência", ou seja, a relação entre a resistência da
parede e a resistência do bloco que a compõe. A relação 5.4 exprime matematicamente esse conceito.

...(5.4)
n = f
Em que,
f p w : resistência da parede
f0 : resistência do bloco

4 Associação Brasileira de Normas Técnicas (1980).


5 Associação Brasileira de Normas Técnicas (1984).
A eficiência costuma variar bastante, dependendo da sua forma, material e até mesmo
da resistência dos blocos. Normalmente, quanto mais resistente for o bloco menor será a eficiência
e vice-versa. Também se pode considerar que usualmente os blocos cerâmicos apresentem uma
eficiência menor que a dos blocos de concreto. Além disso, características dos outros componentes
podem influir na eficiência parede-bloco.

Considerando-se os casos mais comuns no Brasil: paredes executadas com blocos vazados
de concreto ou cerâmicos (resistência entre 4,5 e 20 MPa), não-grauteadas e c o m argamassas
usuais, pode-se estimar que a eficiência apresente os valores que constam da tabela 5.1.

Tabela 5.1 - Valores da eficiência parede-bloco.

Bloco Valor m í n i m o Valor m á x i m o


Concreto 0,40 0,60
Cerâmico 0,20 0,50

5 . 2 . 1 . 2 ARGAMASSA

É interessante se destacar pelo menos dois fatores quando se trata da influência da


argamassa na resistência à compressão das paredes: a espessura da junta horizontal e a resistência
à compressão da argamassa.

Quanto ao primeiro aspecto, está bem estabelecido que a espessura da junta precisa se
situar dentro de limites muito estreitos. Ela não pode ser muito pequena, pois isso poderia permitir
que, por falhas na execução, pontos das superfícies dos blocos acabassem se tocando. Obviamente,
essa situação provocaria uma concentração de tensões que prejudicaria a resistência da parede.
Entretanto, desde um trabalho pioneiro de Francis (1971) foi comprovado que a resistência da
parede decresce c o m o aumento da espessura da junta horizontal. Isso se explica porque com o
aumento da espessura diminui o confinamento da argamassa. E é exatamente esse confinamento
que torna a argamassa pouco suscetível à ruptura, mesmo que a sua resistência à compressão,
medida em corpos-de-prova cilíndricos, seja relativamente baixa. Assim, segundo Sahlin 6 apud
Camacho (1995), a cada aumento de 0,3 c m na espessura da argamassa há uma redução de 15%
na resistência da parede. Numa concordância implícita c o m esses fatos apresentados, a NBR
10837 especifica que a espessura da junta horizontal entre blocos deve ser igual a 1 cm, a menos
que se justifique tecnicamente a adoção de u m outro valor.

Quanto à resistência à compressão da argamassa, conforme já se afirmou e m item


anterior, esse parâmetro não influi de forma tão significativa na resistência à compressão da parede.
Apenas se a resistência da argamassa for menor que 3 0 % ou 4 0 % da resistência do bloco é que
essa influência pode ser considerada importante. Por exemplo, segundo os resultados obtidos por

6 SAHLIN, S. (1971). Structural Masonry.


Gomes (1983), para paredes construídas com blocos de 7,5 MPa, variando a resistência da
argamassa em torno de 135%, verificou-se que o acréscimo de resistência para as paredes foi de
apenas 11,5%. A própria BS 5628 corrobora esse fato quando indica que, por exemplo, para
blocos de 7,0 MPa, ao se aumentar a resistência da argamassa de 6,5 MPa para 16,6 MPa, a
resistência à compressão da parede cresce apenas 6%. Na verdade, argamassas exageradamente
resistentes podem apresentar até mesmo um efeito contrário ao desejado, reduzindo a resistência final
da parede. Dessa forma parece interessante a recomendação de Gomes (1983), que concluiu que a
argamassa de assentamento deve ter como resistência um valor entre 7 0 % e 100% da própria
resistência do bloco. Pode-se até mesmo afirmar que para argamassas com resistências em torno de
50% da resistência dos blocos dificilmente haverá uma queda significativa na resistência da parede.

5.2.1.3 GRAUTE

A influência do graute na resistência das paredes deve ser computada levando-se em


conta duas situações distintas. Quando o grauteamento ocorre em blocos vazados de concreto,
esse preenchimento, realizado com um material muito semelhante ao material do próprio bloco,
pode ser avaliado de forma relativamente simples. A utilização do graute leva a um simples aumento
da área líquida da unidade, podendo o acréscimo de capacidade portante da parede ser quantificado
sem grandes complicações. Trata-se, na verdade, de se promover um aumento na resistência da
unidade, proporcional à área grauteada, obtendo-se por conseqüência um aumento da resistência
da parede, sempre se considerando a já mencionada eficiência bloco-parede.

Por exemplo, tomando-se um bloco de concreto de resistência na área bruta igual a 6


MPa, com 5 0 % de vazios, e realizando-se o preenchimento de seus furos com um graute de
resistência igual à do material que compõe o bloco, ou seja 12 MPa, obtém-se na verdade um
bloco com resistência à compressão na área bruta 12 MPa. Dessa forma, tomando-se 0,5 como o
valor de eficiência bloco parede-parede, pode-se estimar que a resistência da parede seja da
ordem de 6 MPa, sempre em relação à área bruta. Caso o grauteamento não fosse utilizado, a
resistência estimada para a parede seria da ordem de 3 a 3,5 MPa, dependendo do valor da
eficiência bloco-parede que fosse tomado.

Já para os blocos cerâmicos, essa avaliação torna-se mais complexa. Por se tratarem de
materiais diferentes, ainda que de mesma resistência, fica mais difícil prever com clareza a resistência
final do conjunto bloco-graute. O comportamento do conjunto dos dois materiais poderia ser
influenciado negativamente, por exemplo, pelas diferentes características elásticas de cada um.

Entretanto, Garcia (2000), que realizou ensaios em dez paredes grauteadas, concluiu
que a situação não deve ser muito diferente daquela que se observa para os blocos de concreto.
Foram utilizados blocos cerâmicos com resistência aproximada de 10 MPa e definidos dois
esquemas de grauteamento, com cinco paredes rompidas para cada caso. Os resultados obtidos
mostram que considerar o graute como uma redução da área de vazios dos blocos, conforme o
que se sugeriu para os blocos de concreto, não parece muito distante da realidade. Mas, como os
exemplares ensaiados são poucos e seriam necessários estudos complementares para corroborar
esses resultados iniciais, é importante que essa consideração seja feita com cuidado, de modo a
se evitar uma redução significativa do nível de segurança.

5 . 2 . 1 . 4 ARMADURAS

De fato, o aço nas estruturas de alvenaria acaba tendo sua capacidade pouco aproveitada
na resistência à compressão, pois a tensão usualmente fica limitada a valores bem abaixo da
tensão de escoamento do material. A imposição de limites relativamente baixos para as tensões
no aço é explicada pela necessidade de se evitar uma fissuração excessiva, bem como garantir a
aderência entre as barras de aço e o graute que as envolve. Entretanto, essa limitação leva a uma
contribuição menor do que aquela que se poderia esperar, especialmente porque a resistência à
compressão dos outros componentes da alvenaria é relativamente elevada.

Assim sendo, usualmente não é interessante do ponto de vista da relação custo-benefício


se utilizar esse recurso para aumentar a resistência à compressão. Na verdade a alvenaria armada
parece mais adequada quando se necessita conferir ductilidade à estrutura, aumentar o limite
normalizado para a esbeltez de paredes ou quando se necessita de acréscimo muito localizado de
resistência.

5 . 2 . 2 AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DAS PAREDES

Alguns procedimentos podem ser utilizados para uma avaliação da resistência à


compressão das paredes de alvenaria. A seguir são apresentados três deles, sendo que são
discutidas as principais vantagens e desvantagens de cada um.

5 . 2 . 2 . 1 ESTIMATIVA ATRAVÉS DA RESISTÊNCIA DE PRISMAS

Prismas sao elementos obtidos pela superposição de um certo número de blocos,


normalmente dois ou três, unidos por junta de argamassa e destinados ao ensaio de compressão
axial, conforme se apresenta na figura 5.1.

A estimativa da resistência de paredes através do ensaio de prismas é o procedimento


adotado pela NBR 10837, sendo também permitido pelo ACI 530. É extremamente interessante e
representa um avanço significativo do ponto de vista de se obter um método de dimensionamento
válido para praticamente qualquer condição de unidade, argamassa ou mesmo graute. Obviamente,
é importante que os prismas sejam executados nas mesmas condições verificadas na construção.
Devem ser mantidos materiais e mão-de-obra, para que se possa ter resultados representativos

do que realmente ocorre durante a execução.

J^Carga

Bloco

Argamassa

Bloco

Figura 5.1 - Prisma de dois blocos.

U m outro ponto positivo desse procedimento é que os ensaios podem ser realizados
c o m facilidade por qualquer laboratório minimamente equipado e que realize controles usuais para
estruturas de concreto armado. Até mesmo através de uma prensa manual, instalada no próprio
canteiro de obras, pode-se controlar a resistência ã compressão de prismas, obtendo-se um
procedimento de verificação simples, barato e eficiente.

A NBR 10837, em seu item 5.3.1, é enfática na especificação do prisma como resistência básica
da alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto, e podem-se reproduzir as suas palavras textuais

"As tensões admissíveis para a alvenaria não-armada e para a alvenaria armada devem
ser baseadas na resistência dos prismas (fp) aos 28 dias ou na idade na qual a estrutura está submetida
ao carregamento total. Nas plantas submetidas à aprovação ou usadas na obra, deve constar
claramente a resistência (fp) na idade e m que todas as partes das estruturas foram projetadas".

E é importante ressaltar que, apesar da NBR 10837 ser uma norma voltada especificamente
aos blocos vazados de concreto, não há nenhuma incoerência conceituai em estender esse procedi-
mento a unidades de outros tipos ou material.

Aqui também se pode utilizar u m conceito que já foi apresentado no item 5.2.1.1. Trata-se
da "eficiência", neste caso que se analisa uma relação entre a resistência do prisma e do bloco que
o compõe. Essa relação pode ser escrita matematicamente como na equação 5.5.

f
...(5.5)
- F

Normalmente esses valores da eficiência prisma-bloco, para a prática corrente no Brasil, variam
de 0,5 a 0,9 para os blocos de concreto e de 0,3 a 0,6 no caso dos blocos cerâmicos. Da mesma forma
que no item 5.4.1.1, a eficiência tende a ser menor quando se aumenta a resistência do bloco e vice-
versa. Também semelhante é o comportamento e m relação ao material que compõe os blocos blocos de
concreto tendem a apresentar uma eficiência significativamente maior que os cerâmicos.
Existe ainda uma terceira relação entre resistências que é de grande importância e que
não deixa de ser também uma eficiência: a relação entre a resistência da parede e do prisma. É
uma relação muito importante porque, mesmo sendo o dimensionamento e o controle feitos com
base na resistência do prisma, o que interessa em última instância é a resistência da parede. E a
resistência do prisma é sempre maior que a da parede, porque com o aumento do número de
juntas que se verifica na parede, inclusive com a adição de juntas verticais que não existem no
prisma, a resistência do painel tende a cair.

Tomando-se um amplo conjunto de ensaios já realizados no Brasil, verifica-se que essa


relação de resistência parede-prisma situa-se por volta de 0,7 tanto para blocos de concreto como para
blocos cerâmicos. Esse número é corroborado implicitamente até mesmo pela NBR 10837, quando
são observadas as expressões para dimensionamento com base na resistência de prisma ou de parede.
Por fim, resta mencionar que a norma brasileira que regulamenta o método de ensaio
dos prismas é a NBR 8215 - Prismas de Blocos Vazados de Concreto Simples para Alvenaria
Estrutural - Preparo e Ensaio à Compressão 7 .

5 . 2 . 2 . 2 ESTIMATIVA ATRAVÉS DOS COMPONENTES

A estimativa da resistência à compressão das paredes através dos componentes é um


procedimento muito bom, mas que apresenta um inconveniente sério para um país de dimensões
continentais e com grandes diferenças regionais. Seria preciso uma boa padronização desses
componentes para que o número de ensaios necessários a essa estimativa fosse razoável. Em
caso contrário, a caracterização do material demandaria um número de ensaios que acabaria
praticamente inviabilizando o próprio procedimento.

A estimativa da resistência através dos componentes é o principal método utilizado pela


BS 5628, que apresenta tabelas para a resistência característica à compressão das paredes em
função do tipo de argamassa e da resistência das unidades. Por exemplo, se forem tomados os
blocos vazados com relação entre a altura e a menor dimensão na horizontal entre 2,0 e 4,0, os
valores da resistência característica serão os da tabela 5.2.

É interessante ressaltar que a BS 5628 não se refere a prismas. Quando se tratar de


uma alvenaria especial, a resistência à compressão deve ser obtida de ensaios de paredes com
pelo menos 1,20 m de comprimento por 2,40 m de altura.
Também o ACI 530 se utiliza deste procedimento como uma das alternativas para o cálculo da
resistência à compressão. Podem-se apresentar, por exemplo, os valores especificados para unidades de
concreto pelo ACI 530.1 Specifications for Masonry Structures3, organizados na tabela 5.3. A diferença em

7 Associação Brasileira de Normas Técnicas (1983).


8 American Concrete Instituto (1992).
relação à BS 5628 é que o ACI 530 menciona a resistência de prisma como a alternativa para a estimativa

da resistência à compressão da alvenaria, num procedimento semelhante ao admitido pela NBR 10837.

Tabela 5.2 - Resistência da alvenaria - Blocos vazados com altura/largura entre 2,0 e 4.0.

Tipo da Resistência à c o m p r e s s ã o d o s blocos ( N / m n r ) '


argamassa 7
2,8 3.5 5 10 15 20 2 35
(i) 2.8 3.5 5 5.7 6.1 6.8 7.5 11.4
(«) 2,8 3,5 5 5,5 5,7 6,1 6.5 9,4
(üi) 2.8 3.5 5 5.4 5.5 5,7 5.9 8.5
(iv) 2.8 3.5 4.4 4.8 4.9 5.1 5,3 7,3

'Obs.: 1 N/mm? = 1 MPa.

Tabela 5.3 - Resistência da alvenaria baseada na resistência das unidades e da argamassa.

Resistência à compressão na área líquida das Resistência à


unidades de concreto (psi)4 compressão da alvenaria
na área líquida (psi)*
Argamassa tipo M ou S Argamassa tipo N
1250 1300 1000
1900 2150 1500
2800 3050 2000
3750 4050 2500
4800 5250 3000
*Obs.: 145.45 psi = 1 MPa.

5 . 2 . 2 . 3 MODELOS TEÓRICOS DE RUPTURA

Vários pesquisadores elaboraram formulações matemáticas para a determinação teórica


de u m modelo de ruptura de paredes em alvenaria. A seguir, serão comentadas as contribuições
dadas por alguns deles, que trabalharam c o m prismas moldados c o m tijolos e c o m blocos vazados
preenchidos c o m graute.

S e g u n d o G a l l e g o s (1989), os primeiros e s t u d o s q u e se t e m c o n h e c i m e n t o foram


realizados por Paul Haller e m 1959, baseados e m uma análise elástica do sistema bloco-argamassa.
Entretanto, chegou-se a resultados absurdos, e m que as resistências dos prismas resultavam
maiores que as resistências dos blocos.

Posteriormente, H i l s d o r f apud Muller (1984) e Francis etal. (1971) elaboraram modelos


matemáticos também considerando o comportamento elástico dos componentes tijolo e argamassa.
Francis etal. desenvolveram u m modelo teórico para a ruptura de prismas de alvenaria submetidos
a esforços de compressão axial. Supuseram a ocorrência de tensões de tração nos tijolos provocada
pela excessiva deformação da argamassa, conforme a figura 5.2. Isso é explicado pela existência

0 HILSDORF. H. K. (1969) Investigation info failure mechanism of brick masonry loaded in axial compression.
de diferentes módulos de elasticidade dos materiais usados para a execução dos prismas. Francis
et ai se basearam na deformação unitária dos materiais para fundamentar o seu modelo, enquanto
que Hilsdorf baseou-se nos esforços resistidos pelos materiais. Entretanto, adotaram as m e s m a s
hipóteses para as formulações das suas teorias:

a) as unidades estruturais eram constituídas por tijolos sólidos;


b) relação de Coulomb entre o valor da resistência à tração biaxial e à resistência à
c o m p r e s s ã o uniaxial, d e f i n i n d o a envoltória de ruptura d o tijolo s u b m e t i d o ao
carregamento triaxial;

c) esforços de tração laterais uniformes na altura da unidade;

d) esforços de tração laterais iguais nas direções x e z ;


e) aderência perfeita entre a argamassa e o tijolo.

Figura 5.2 - Estado de tensões atuantes nos blocos e nas juntas de argamassa.

No comportamento do prisma, ao ser submetido a um estado de compressão axial, é


suposto que a argamassa, por ter módulo de elasticidade menor, tende a deformar-se mais do que
o bloco, submetendo-o a tensões de tração. Q u a n d o essas tensões ultrapassam a resistência à
tração dos blocos, ocorre a fissuração da peça e sua conseqüente ruptura.

No modelo de Francis et ai, os pesquisadores deduziram u m equacionamento puramente


teórico envolvendo, além das resistências individuais dos componentes, as características reológicas
e mecânicas referentes a cada um. O modelo foi estudado para prismas e foram admitidos os equilíbrios
de forças de tração lateral nas unidades e de compressão lateral nas argamassas, ou seja, a
compatibilidade das deformações laterais nas unidades e na junta de argamassa.

Outros autores, entretanto, verificaram a existência de grandes variações entre os valores


teóricos obtidos c o m essa formulação e os experimentais. Essas variações, segundo Hendry
(1981), ocorreram devido a aproximações feitas para a obtenção d e determinados parâmetros.
Ele t a m b é m critica a utilização desse modelo para a obtenção da tensão de ruptura de paredes
c o m blocos amarrados, uma vez que toda a sua formulação foi feita para prismas.
Segundo Aly (1991), outros pesquisadores continuaram o estudo sobre os modelos de
ruptura já apresentados e os aperfeiçoaram. No decorrer das pesquisas, alguns autores como
Hamid e Drysdale (1979) começaram a estender os estudos para prismas de blocos vazados de
concreto preenchidos com graute. Para isso, novas considerações tiveram que ser formuladas.
Através de ensaios laboratoriais, Hamid e Drysdale (1979) verificaram que a ruína de prismas de
blocos de concreto grauteados, submetidos à compressão axial, inicia-se com o aparecimento de
fissuras verticais nos blocos. Essas fissuras se estendem com o aumento do carregamento,
provocando, muitas vezes, o descolamento das suas faces e o rompimento do graute. O
aparecimento de fissuras nos blocos ocorre principalmente devido à maior deformação lateral do
graute e da argamassa em relação à do bloco, à medida que se aumenta o carregamento,
provocando, assim, a sua ruptura prematura. Assim, os autores se basearam nas seguintes
hipóteses para o desenvolvimento das suas teorias sobre o comportamento dos blocos grauteados
submetidos a esforços de compressão:

a) aderência perfeita nas interfaces bloco-argamassa-graute;


b) distribuição proporcional de esforços verticais entre o bloco, a argamassa e o graute,
em função do módulo de elasticidade de cada material;

c) distribuição uniforme das tensões laterais para cada um dos materiais ao longo da altura;
d) teoria de ruptura de Mohr (envoltória de Coulomb) adotada para expressar a ruptura
do bloco de concreto submetido a um estado biaxial de tensão;
e) o graute é suposto como tendo as mesmas características de um concreto convencional
sob um estado de compressão triaxial.

Dois modelos de ruína foram propostos, dependendo do componente que primeiro atinge
a sua tensão de ruptura sem confinamento: o graute ou o conjunto bloco-argamassa. Quando o
graute atinge primeiro a sua capacidade de resistência a esforços de compressão não confinada,
grande expansão lateral ocorre devido a deformações inelásticas provocadas pela sua microfissuração.
As faces do bloco tendem a impedir essa deformação e a confiná-lo, resultando em um estado de
tensões de tração. Essas tensões associadas às tensões de tração provocadas pela deformação da
argamassa provocam a ruptura prematura das faces dos blocos, conforme figura 5.3.

Quando as faces dos blocos atingem a sua tensão máxima à compressão antes do
graute atingir a sua tensão de compressão não confinada, o graute se encontra submetido a
deformações elásticas. Portanto, as faces dos blocos irão apenas restringir as deformações da
argamassa e a tensão de ruptura apresenta outro valor. Nesse caso, a resistência da parede será
controlada tanto pela ruptura das faces dos blocos quanto pela resistência do graute. Para graute
muito resistente ou com grandes seções transversais, é possível que mesmo após a ruptura dos
blocos o conjunto permaneça resistindo a cargas mais elevadas.
De fato, n e n h u m dos métodos teóricos apresentados tem condições de prever c o m
razoável segurança a resistência de paredes à compressão. Isso pôde ser comprovado por Garcia
(2000). Assim, o objetivo de mencioná-los aqui é muito mais discutir as suas hipóteses e os seus
mecanismos de ruptura, esses sim bastante interessantes, do que aproveitar as expressões que
foram deduzidas. Aliás, essas expressões n e m são aqui apresentadas principalmente pelas razões
expostas acima, podendo ser encontradas com detalhes em Garcia (2000).

w,
Z 7
Bloco Prisma

Graute Argamassa

Z7T
Figura 5.3 - Estado multiaxial de tensão de um prisma grauteado.

5 . 3 C A R A C T E R Í S T I C A S G E O M É T R I C A S P A R A E L E M E N T O S DE A L V E N A R I A

Para que se possa discutir as características geométricas de elementos de alvenaria, é


importante se apresentarem os conceitos de parede e pilar. Segundo a NBR 10837, a parede é
u m elemento laminar vertical, apoiado de modo contínuo e m toda sua base, c o m comprimento
maior que cinco vezes a sua espessura. Já o pilar, ainda segundo a NBR 10837, é u m elemento
estrutural semelhante à parede, mas no qual o comprimento é menor que cinco vezes a sua
espessura. Em caso de seções compostas por retângulos (L, T ou Z), a limitação é para cada
ramo. A figura 5.4 ajuda a entender a diferença citada.

Figura 5.4 - Parede e pilar.


A diferenciação desses elementos resistentes e m paredes e pilares é importante não
apenas para as características geométricas a serem citadas, mas também para o dimensionamento.
Os valores das máximas cargas de compressão que podem ser admitidas para esses elementos
variam de acordo com essa classificação mencionada. Obviamente, isso ocorre porque a parede
tem uma característica laminar mais acentuada, podendo resistir a esforços maiores que o pilar,
que apresenta uma característica mais marcante de elemento linear.

5 . 3 . 1 ESPESSURA EFETIVA PARA PILARES E PAREDES PORTANTES

Nos casos usuais, a espessura efetiva de uma parede de alvenaria é sua espessura real,
portanto, descontando-se revestimentos que possam estar presentes. Entretanto, algumas normas,
dentre elas a BS 5628 e a NBR 10837, permitem que se considere uma espessura efetiva equivalente
quando se tem a presença de enrijecedores. A expressão genérica para o caso seria a equação 5.6.
Quanto aos valores de Ô, a tabela 5.4 e a figura 5.5 devem esclarecer adequadamente a questão.

...(5.6)

E m que,

t p i : espessura real da parede

Ô : coeficiente de multiplicação apresentado pela tabela 5.4

t e ,: espessura efetiva

Tabela 5.4 - Coeficiente Ô*.

u/t. t./tp. = 1 t./tp. = 2 t. /tp, = 3


6 1.0 1.4 2,0
8 1,0 1.3 1.7
10 1,0 1.2 1.4
15 1,0 1.1 1.2
>20 1.0 1.0 1.0

*Obs.: é possível a interpolação de valores.

pn•
r • • •1/
• /
• •

Figura 5.5 - Parâmetros para cálculo da espessura efetiva de paredes.


Esses enrijecedores são muito utilizados especialmente e m edifícios industriais, nos
quais é necessário se aumentar a espessura das paredes tanto para se satisfazer os limites de
esbeltez, que serão vistos e m item subseqüente, quanto para reduzir os problemas c o m a
instabilidade do elemento no dimensionamento. Ocorre que para esses edifícios a altura das paredes
precisa ser relativamente grande, de forma a satisfazer características de uso dessas edificações.
É importante mencionar que parede e enrijecedores devem ser executados simultaneamente e
deve haver amarração entre os blocos na ligação entre eles.

Em todo caso, algumas normas também apresentam valores absolutos mínimos para a
largura efetiva de paredes portantes e pilares. A NBR 10837 menciona 14 c m para as paredes arma-
das, subentendo-se que esse limite valha também para as alvenarias não-armadas. O ACI 530, no seu
item de dimensionamento empírico, especifica 20 cm, exceto para edificações de apenas um andar,
para as quais o mínimo é 15 cm. Recomenda-se que esses limites mínimos de espessura absoluta
sejam utilizados com bom senso. Existem casos e m que eles se revelam muito conservadores.

5 . 3 . 2 ALTURA EFETIVA

A altura efetiva de paredes e pilares de alvenaria, aqui d e n o m i n a d a heJ, é u m dos


parâmetros importantes para o cálculo da esbeltez de um elemento. A NBR 10837, o ACI 530 e a
DIN 1053 - Alvenaria: Cálculo e Execução 1 0 apresentam prescrições muito simples que p o d e m ser
resumidas nos itens seguintes:

a) quando existe travamento na base e no topo, a altura efetiva deve ser a própria altura

real da parede (hcf = h);


b) quando a extremidade superior estiver livre, a altura efetiva será duas vezes a altura
real do elemento (he. = 2 h).

O ACI 530 acrescenta que nos casos e m que se puder calcular os pontos de inflexão da

elástica da posição deformada, a altura efetiva deve ser a distância entre esses pontos.
A BS 5628 é menos conservadora nas suas recomendações. Suas prescrições podem
ser resumidas no seguinte:

a) quando existe travamento "reforçado" na base e no topo, a altura efetiva deve ser
7 5 % da altura real da parede (h^ = 0,75 h);

b) quando existe travamento "simples" na base e no topo, a altura efetiva será a própria
altura real do elemento (h = h).

10 Deutsch Industrie Normen (1974).


A BS 5628 considera travamento "reforçado" uma laje de concreto moldado in loco, ou
outro e s q u e m a equivalente, que esteja presente e m pelo menos u m dos lados da parede. O
travamento "simples" será considerado basicamente para pavimentos de madeira, o que não é
usual para o Brasil. Entretanto, essa recomendação pode ser interessante quando se estiver
considerando telhados de madeira. Nesse caso. desde que corretamente fixados à alvenaria, eles
podem ser considerados como um travamento, se bem que u m travamento "simples". O trabalho de
Haseltine & Moore (1981) traz interessantes considerações sobre esse tópico, inclusive com detalhes
sobre os travamentos "simples" e "reforçados".

5.3.3 ESBELTEZ

A esbeltez é definida usualmente pela divisão da altura efetiva pela espessura efetiva,
ou seja, X = h e! / t e| . A NBR 10837 apresenta, para esse parâmetro, os valores limites que estão
organizados na tabela 5.5.

Tabela 5.5 - índices máximos de esbeltez da NBR 10837.

Tipo de Alvenaria Elemento Esbeltez


Paredes 20
Não-armada Pilares 20
Pilares isolados 15
Armada Paredes e pilares 30
Não-estrutural Paredes 36

Já de acordo c o m a BS 5628, o coeficiente de esbeltez X não deve ultrapassar 27,


exceto nos casos de paredes com espessuras inferiores a 90 m m e e m edifícios com mais de dois
andares, para os quais não deve ultrapassar 20.

É interessante se ressaltar que a BS 5628 permite a execução de paredes b e m mais


esbeltas que a NBR 10837. Além do limite de ?. ser maior, existe a possibilidade de se considerar
como altura efetiva 7 5 % da altura real, o que representa uma diferença total de 80%. Por exemplo,
se considerarmos u m bloco de 14 c m de largura, a máxima altura de uma parede usual para u m
edifício residencial seria 2,80 m, de acordo c o m a NBR 10837. Já de acordo c o m a BS 5628, esse
valor da altura máxima seria de aproximadamente 5,00 m. É claro que se trata apenas de u m limite
construtivo. Obviamente que e m casos e m que a esbeltez é elevada a redução da resistência da
parede será b e m significativa.

5 . 3 . 4 COMPRIMENTO EFETIVO DE ABAS EM PAINÉIS DE CONTRAVENTAMENTO

Conforme já foi mencionado, abas são trechos de paredes transversais ligados a um

determinado painel de contraventamento. As recomendações da NBR 10837 e do ACI 530 para a


consideração do comprimento efetivo das abas são muito semelhantes. Na verdade, a norma
brasileira é um pouco mais restritiva e suas recomendações um pouco mais complexas, pois
dependem da altura da alvenaria sobre um determinado ponto considerado. Essas prescrições
são as apresentadas nas equações 5.7 e na figura 5.6.

2 bf - h / 6 e b, < 61: para o caso de seção em T ou I


...(5.7)
b,-h/16 e b, < 61: para o caso de seção em L ou C

Já o ACI530 é mais prático sobre esse aspecto, especificando apenas que o comprimento
efetivo das abas deve ser de seis vezes a espessura da parede para cada lado onde houver aba a
ser considerada. Recomenda-se que essa seja a prescrição adotada, pois as recomendações da NBR
10837 tornam a consideração mais complexa, sem acrescentar qualquer benefício significativo.

Figura 5.6 - Comprimento efetivo de abas.

5 . 3 . 5 TRECHOS RÍGIDOS PARA LINTÉIS

Q u a n d o da distribuição de ações horizontais pelos painéis de contraventamento,


mencionou-se a possibilidade de se considerar a dimensão finita dos encontros entre as paredes
e os lintéis, na discretização de paredes com aberturas. Essa consideração pode ser feita através
do estabelecimento de trechos rígidos para os lintéis.
Na ausência de uma especificação especialmente voltada para a alvenaria, pode-se
adotar a recomendação do CEB-FIP Model Code 199011, para estruturas de concreto armado, que
se encontram apresentadas na figura 5.7.

- I I - - I I -
h/2 h/2
Figura 5.7 - Comprimentos de trechos rígidos para os lintéis.

" Comitê Euro-lnternacional Du Béton (1991).


Principais Parâmetros para o D i m e n s i o n a m e n t o de Elementos

5 . 4 PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA PARA A L V E N A R I A

O s parâmetros de resistência, quando se considera o ACI 530 e a NBR 10837, são


tensões admissíveis. De fato, essas normas ainda são conceitualmente muito semelhantes, sendo
que na verdade a NBR 10837 é uma adaptação do antigo ACI 531 - Building Code Requirements
for Concrete Masonry Structures' 2 . A diferença conceituai mais significativa entre elas é o fato do
ACI 530 considerar as tensões, tanto as atuantes quanto as resistentes, e m relação à área líquida,
enquanto a NBR 10837 as considera em relação à área bruta. Entretanto, optou-se por apresentar
aqui apenas os parâmetros definidos pela NBR 10837.

Entende-se que uma comparação mais interessante será obtida c o m a consideração da


BS 5628. A norma inglesa, por ser baseada no método dos estados limites, tem realmente diferenças
conceituais muito mais acentuadas e m relação à NBR 10837. Assim, alguns parâmetros de
resistência da B S 5628 é que serão resumidos e m item subseqüente.

5 . 4 . 1 PARÂMETROS DA N B R 10837

A tabela 5.6 faz um resumo das prescrições da NBR 10837 para as tensões admissíveis
da alvenaria não-armada. De forma semelhante, a tabela 5.7 apresenta as prescrições para a
alvenaria armada.

Uma consideração importante pode ser feita e m relação à tabela 5.6. Percebe-se que
existe a possibilidade de se adotar a resistência de paredes, medida e m ensaio normalizado pela
NBR 8949 - Paredes de Alvenaria Estrutural - Ensaio à Compressão Simples 1 3 , para se obter a
tensão admissível à compressão para a alvenaria não-armada. E os valores colocados confirmam
o valor da eficiência parede-prisma como sendo 0,7.

Além disso, através da comparação de valores prescritos nas tabelas 5.6 e 5.7, pode-se
verificar que a contribuição da armadura para a resistência à compressão é pequena, apenas 1 2 %
a mais no valor da tensão admissível.

O u t r o d e t a l h e interessante a ser e s c l a r e c i d o s ã o as linhas que d ã o a t e n s ã o de


cisalhamento admissível para o que na tabela 5.7 está sendo c h a m a d o de "pilar parede". Na
verdade trata-se de paredes de contraventamento, painéis que recebem ações horizontais. Nesse
caso, quando o momento M é relativamente grande e m relação à cortante V, o limite para a tensão
de cisalhamento diminui. E o parâmetro escolhido para quantificar essa relação entre o momento
e a cortante é o que aparece lá discriminado, ou seja, o momento fletor dividido pelo esforço
cortante vezes a altura útil da seção transversal.

,2 American Concrete Institute (1979).


,3 Associação Brasileira de Normas Técnicas (1985).
Por fim, c o m relação à s tensões de contato, a figura 5.8 deve esclarecer a situação. S ã o
valores de tensões admissíveis para serem usados e m casos de aplicação de cargas e m áreas
relativamente pequenas, ocupando de 1 / 3 da espessura a toda espessura da parede. Nesse caso,
devido aos efeitos de confinamento, a tensão admissível acaba sendo mais elevada d o q u e nos
casos de cargas distribuídas por todo o comprimento da parede.

Tabela 5.6 - Tensões admissíveis para alvenaria não-armada (NBR 10837).

Tensão admissível (MPa)


Tipo de solicitação
12,0 < t <17,0 5,0 < f . < 12,0
Compressão Parede 0,20 f,R ou 0.286 U R 0.20 f . R o u 0.286 U R
CO
<Q simples Pilar 0.18 f»R 0.18 f,R
Ê
Compressão na Ilexão 0.30 f» 0.30 U
1 0.15 (bloco vazado) 0,10 (bloco vazado)
CO
0) Normal à liada
o Tração 0,25 (blooo maciço) 0,15 (bloco maciço)
na Uoxão 0.30 (bloco vazado) 0.20 (bloco vazado)
£ Paralela à fiada
0.55 (bloco maciço) 0.40 (bloco maciço)
Cisalhamento 0.25 0.15

Tabela 5.7 - Tensões admissíveis para alvenaria armada (NBR 10837).

Tipo de solicitação Tensão admissível Valor máximo


(MPa) (MPa)

Parede 0.225 f , R
Compressão 0.33 f r S 6.2
Tensões
normais

simples Pilar (0,20 f p +0.30 p f . J R


Compressão na Ilexão 0.33 f. 6.2
Tração na Ilexão - -

Vigas 0.09 J J 0.35

Peças S e - ^ M 0.07 f à 0.25


ílelidas sem Vxd
Pilares
parede

armadura
o
c So ^ < 1 0.17 J I 0.35
0 Vxd
E
CO
.c
Vigas 0.25 1
1 Peças
O lietídas com
armadura CO G> 0.12 J J 0.5
para todas as i l
tensões de £ 2.
cisalhamento s® 0.17 J J 0.8
773<x
0
"O O Em toda a espessura da parede 0.250 Í P
,3 3 Em 1/3 da espessura (mínimo) 0.375 r r
1 § Entro os limites acima Interpolar os valores anteriores
Aderência 1.0

Em que (tabelas 5.6 e 5.7):

f a , f p e f ^ : resistências da argamassa, prisma e parede, respectivamente


M e V : momento fletor e força cortante e m paredes de contraventamento
d: distância entre a face comprimida e a armadura (altura útil da seção)
R = 1- : íator d e redução da resistência associado à esbeltez (h e /t c) )
X

x' > V31 ou x' > 50 mm


1 V31 < x* < t

Figura 5.8 - Aplicação de cargas em áreas relativamente pequenas.

Para encerrar os parâmetros de resistência da NBR 10837, a tabela 5.8 apresenta os


valores de tensões admissíveis para as armaduras. Pela observação dos valores lá apresentados
se percebe por que a contribuição do aço na compressão é tão pequena. Ocorre que os valores
das tensões admissíveis são realmente muito baixos, pelo menos quando comparados aos que
são utilizados no concreto armado, por exemplo.

Tabela 5.8 - Tensões admissíveis no aço (NBR 10837).

Solicitação Armadura Tensão admissível (MPa)


Barras com mossas, F* >412 MPa e <P < 32 mm 165
Tração Barras colocadas na argamassa de assentamento 0.50 Í* < 206
Outras armaduras 137
Armaduras de pilares 0.40 F* <165
Compressão
Armaduras em paredes 62

5 . 4 . 2 PARÂMETROS DA B S 5 6 2 8

Conforme já foi mencionado, a BS 5628 baseia-se no método dos estados limites. Portanto.
seus valores de resistência de cálculo são derivados de valores característicos.
Essas resistências características podem ser obtidas na própria norma através de valores

tabelados, como os que foram apresentados na tabela 5.2, ou através de gráficos, como o que se

encontra na figura 5.9, para a resistência à compressão da alvenaria não-armada.


Resistência à c o m p r e s s ã o característica de alvenaria
_ de blocos (2.0 < h/t < 4.0)
n* 12
o
•CO
(0 10
O "C
c 8
F <D
o >
o ra
<0 ca b
ro u
o K)
c o 4
Argamassa tipo (i)
in o 2 Argamassa tipo (il)
o o
d C3 Argamassa tipo (iii)
ca 0
o
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Resist. à compressão da unidade (MPa)

Figura 5.9 - Gráfico de resistência característica da alvenaria não-armada - BS 5628.


Então, os valores característicos precisam ser multiplicados e divididos por coeficientes
adequados para se obter os valores de cálculo, ou valores de projeto. No caso da resistência à
compressão de paredes, para se obter os valores de cálculo, deve-se utilizar a expressão 5.8.

...(5.8)

Em que,

f d : resistência à compressão de cálculo


p : fator de redução devido à esbeltez e à excentricidade
y m : coeficiente de segurança parcial para o material

O coeficiente p pode ser obtido da tabela 5.9, em função do coeficiente de esbeltez X e


da excentricidade e x , que é devida ao carregamento.

Tabela 5.9 - Coeficiente p - BS 5628.

Esbeltez Excentricidade das cargas no topo da parede, e,


A = h rf / S0.05 t 0,1 t 0.2 t 0,3 t
0 1,00 0,88 0,66 0,44
6 1,00 0,88 0,66 0,44
8 1,00 0,88 0,66 0,44
10 0,97 0,88 0,66 0,44
12 0,93 0,87 0,66 0,44
14 0,89 0,83 0,66 0,44
16 0,83 0,77 0,64 0,44
18 0,77 0,70 0,57 0,44
20 0,70 0,64 0,51 0,37
22 0,62 0,56 0,43 0,30
24 0,53 0,47 0,34 •

26 0,45 0,38 - -

27 0,40 0,33 - -

O valor de e <t por sua vez, ó calculado segundo o que se apresenta nas equações 7.9,
para laje atuando por apenas um lado da parede, e 7.10, laje atuando pelos dois lados. Os valores
de C,, carga centrada que vem dos pavimentos superiores, C 2 e C 3 , cargas c o m excentricidade
que v ê m das lajes no próprio nível considerado, podem ser vistos na figura 5.10.

C 2 (t/6)
e = ...(5.9)
C , + C2

(C?- C 3 )t/3
e =• ...(5.10)
c,+ c 2 + c .
w w
Figura 5.10 - Valores de C,, C2 e C 3 para cálculo das excentricidades.

Por fim, ym, que é o coeficiente se segurança parcial para o material, pode ser obtido na

tabela 5.10, e m função do controle existente na manufatura dos blocos e na construção.

Tabela 5.10 - Coeficiente de segurança parcial - BS 5628.

Categoria do controle na
Valores de Ym construção
Especial Normal
Categoria do controle Especial 2,5 3,1
na produção dos blocos Normal 2,8 3,5

A tensão de compressão para paredes é um exemplo de determinação de uma tensão de


cálculo pela BS 5628. Claro que existem alguns outros valores a serem considerados, como, por
exemplo, tensão de cisalhamento, tração normal à fiada, tração na direção da fiada, compressão na
flexão, etc. Entretanto, para não se tornar muito extenso, o objetivo deste capítulo é apenas apresentar
um exemplo interessante. E a escolha recaiu sobre a resistência à compressão da alvenaria não-
armada devido à sua importância no dimensionamento da maioria dos elementos de uma edificação.

Obviamente, a determinação da resistência de projeto à compressão de paredes pela


BS 5628 é mais complexa do que a simples utilização de valores admissíveis. Ainda mais se
c o n s i d e r a r m o s que os c a r r e g a m e n t o s t a m b é m devem ser multiplicados por coeficientes de
s e g u r a n ç a p a r c i a i s e s p e c í f i c o s para o c á l c u l o da t e n s ã o a t u a n t e . Entretanto, e s s a m a i o r
complexidade é que realmente permite se obter economias mais significativas, quando isso é
possível, ou então penalizações adequadas para situações de risco. A complexidade, nesse caso,
é justificável exatamente por tratar de forma diferente situações que são realmente diferentes.

5.5 PARÂMETROS ELÁSTICOS PARA ALVENARIA

A relação entre a tensão e deformação da alvenaria é importante parâmetro de projeto


no cálculo dos elementos que utilizam este material, tendo influência significativa na configuração
deformada da estrutura. Além disso, é utilizada diretamente na definição da razão modular entre a
alvenaria e o aço, parâmetro básico para o equacionamento da flexão.
Apesar de sua importância, este tema ainda gera dúvidas e grande controvérsia entre
diversos autores, que acabam por apresentar diferentes valores e relações para a determinação
do módulo de deformação. Usualmente este módulo é calculado por expressões do tipo E,.. = Ç f p ,
em que ç é baseado e m resultados obtidos e m grandes conjuntos de testes.

Pedreschi (1998) cita ensaios realizados com prismas feitos c o m diferentes blocos, nos
quais t a m b é m foram variáveis o tipo de argamassa, o padrão de assentamento e a direção do
carregamento (paralelo ou perpendicular à junta de assentamento). Para blocos de concreto, esse
autor obteve do conjunto de ensaios a expressão E alv = 1000 f p . Sugere, no entanto, adotar como
módulo d e elasticidade, para todos os tipos de blocos, o valor E alv = 900 f p , uma vez que os
parâmetros obtidos são aproximados e difíceis de serem medidos.

Andrade (1998) apresenta ensaios realizados por diversos autores, como Gallegos (1989),
Drysdale (1994) 14 apud Andrade (1998) e Gomes (1983). Estes propuseram limites de variação de Ç,
sugerindo as relações 400 f p < Ea>, < 1 2 9 0 f p , e concluíram que algumas normas estrangeiras
superestimam os valores de E1tv e G r v , adotando ç = 1000. Como valor de referência, é proposto o valor
Ç = 750 para alvenaria de blocos de concreto e Ç = 500 a 600 para alvenaria de tijolos cerâmicos.

Amrhein (1998) utiliza ç = 750 para o cálculo do módulo de elasticidade, tanto na resolução
de exemplos como t a m b é m na confecção de ábacos e tabelas, e o texto da ABCI (1990) sugere o
uso de E alv = 1000 f p . Além de todos esses números, a NBR 10837 apresenta valores ainda mais
discrepantes, pois prescreve 400 f„ para o módulo de deformação longitudinal e 200 f p para o
módulo de deformação transversal para blocos de concreto.

Conforme se pode verificar, as sugestões para os valores do módulo de deformação da


alvenaria são bastante diversas. A opinião do autor deste texto é que sejam adotados os valores
constantes na tabela 5.11.

Tabela 5.11 - Módulos de deformação da alvenaria.

Bloco Módulo de Valor máximo


deformação E * (MPa) (MPa)
Longitudinal soo r p 16.000
Concreto
Transversal 400 fp 6.000
Longitudinal 600 fp 12.000
Cerâmico
Transversal 300 fP 4.500

14 DRYSDALE. R. G. (1994) Masonry structures: behavior and design.


6
Dimensionamento de Elementos

C A P Í T U L O
6.1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo são apresentados os principais procedimentos para o dimensionamento


de elementos de alvenaria. Para não se estender demais esses tópicos, serão normalmente
considerados apenas os procedimentos prescritos pela NBR 10837 - Cálculo de Alvenaria Estrutural
de Blocos Vazados de Concreto 1 . Em muitos casos, nos quais isso for interessante, serão
mencionadas e discutidas as recomendações do ACI 530 - Building Code Requirements for Ma-
sonry Structures 2 e pela BS 5628 - Code of Practice for Use of Masonry 3 , sempre no sentido de
estabelecer comparações e apresentar sugestões sobre possíveis aprimoramentos a serem
oportunamente agregados à NBR 10837.

Neste texto, optou-se por apresentar o s dimensionamentos pelo ponto de vista das
solicitações, e não dos elementos em si. Esta opção pareceu mais conveniente, pois elementos do
mesmo tipo podem estar submetidos a solicitações variadas, dependendo dos casos específicos
que se considere. Por exemplo, uma parede pode estar submetida desde a uma compressão
simples até a uma flexão composta oblíqua.

De fato, deve-se considerar que na realidade quase todos os elementos presentes numa
estrutura acabam sendo submetidos a um estado combinado de solicitações. Paredes submetidas
à compressão simples na realidade não existem, pois as excentricidades inevitáveis nas aplicações
dos carregamentos têm como conseqüência uma solicitação mais complexa do que a que se
imagina inicialmente. O que se admite é que sendo uma dessas solicitações muito pequena em
relação às demais, ela possa ser desconsiderada e, por simplicidade, um determinado elemento
possa ser dimensionado com segurança através de um procedimento mais simples.

Mesmo assim, no início de cada item se apresentam algumas indicações sobre quais elementos
são com mais freqüência submetidos àquela solicitação considerada. O objetivo é realizar a ligação
entre a solicitação analisada e a situação de projeto na qual ela é provavelmente mais importante.

6.2 COMPRESSÃO SIMPLES

A compressão é a solicitação mais comum e a mais simples de ser considerada. No


capítulo anterior foram discutidas todas as prescrições necessárias ao dimensionamento de
elementos sob compressão simples. Até mesmo o procedimento da BS 5628, uma norma que se
baseia nos estados limites, foi discutido com detalhes suficientes para a sua correta aplicação.
Portanto, restaria a este item apenas a apresentação de exemplos de dimensionamento. Entretanto,

1 Associação Brasileira de Normas Técnicas (1989).


2 American Concrete Instituto (1992).
3 Britsh Standards Inslitution (1992).
optou-se pela realização de uma comparação entre os dimensionamentos efetuados c o m a NBR
10837, o ACI 530 e a BS 5628, de forma a se verificar as principais vantagens e desvantagens,
tanto em relação à economia obtida quanto à complexidade desses procedimentos.

Os elementos comumente considerados como submetidos à compressão simples são as


paredes e os pilares, sejam eles armados ou não. Dessa forma, fica evidente a importância desse tipo
de dimensionamento, já que paredes e pilares são os elementos mais importantes em qualquer estrutura
de edifício de alvenaria. Aliás, para edifícios de altura relativamente reduzida, até seis pavimentos em
casos usuais, esse é o único dimensionamento necessário na prática. Nem mesmo as vergas sobre
aberturas de janelas e portas com vãos convencionais precisariam de fato ser verificadas. Normalmente,
qualquer armadura construtiva adotada é suficiente para se garantir a resistência necessária.

6 . 2 . 1 TENSÃO ATUANTE

A tensão atuante e m elementos comprimidos será sempre a carga dividida pela área da
seção transversal desse elemento. A NBR 10837 e a BS 5628 trabalham com a área bruta da seção
dos elementos, portanto desconsiderando a existência de vazios. Já o ACI 530 considera a área líquida,
e dessa forma a área da seção transversal deve ser calculada descontando-se a área de vazios.

A tensão atuante não sofre nenhuma correção quando o dimensionamento se dá segundo


a NBR 10837 e o ACI 530. Essas normas, sendo baseadas no método das tensões admissíveis,
não prevêem coeficientes de segurança parciais a serem aplicados aos carregamentos. Toda a
segurança está embutida no próprio valor da tensão admissível.

Já com a BS 5628 ocorre uma situação diferente. Nesse caso, existem coeficientes parciais de
segurança a serem aplicados aos carregamentos, transformando-os de valores característicos e m valores
de cálculo. Um resumo dos valores de y, apresentados por essa norma podem ser vistos na tabela 6.1.

Tabela 6.1 - Valores de coeficientes parciais de segurança para ações (yf).

Carregamentos
Combinação
Permanente Variável Vento Terra/Agua
Permanente e variável 0,9 ou 1,4 1,6 - 1.4
Permanente e vento 0,9 ou 1,4 - 1.4 1.4
Permanente, variável e vento 1.2 1.2 1.2 1.2
Dano acidental 0,95 ou 1,05 0,35 - 0,35

6 . 2 . 2 COMPARAÇÃO DE DIMENSIONAMENTOS

Não é muito fácil produzir uma comparação consistente de dimensionamentos obtidos


pela NBR 10837 e o ACI 530 c o m o resultante da BS 5628. Entretanto, neste item procurar-se-á
obter a máxima tensão de compressão à qual pode estar submetida uma parede não-armada de
alvenaria estrutural c o m as seguintes condições:
Dimensionamento de Elementos

a) espessura 14 cm;
b) alturas 240, 260 e 280 cm;
c) resistência média de prisma de 8 MPa;
d) resistência característica de parede de 4,7 MPa;
e) contraventamento por laje de concreto armado na base e no topo;
f) tensão atuante para 80% de cargas permanentes e 2 0 % de cargas variáveis;
g) excentricidade das cargas menor ou igual a 5% da espessura.

Essas condições especificadas são típicas para as situações normalmente encontradas


em edificações residenciais no Brasil. Através delas obter-se-á um panorama interessante sobre
os resultados a serem alcançados pelo dimensionamento segundo as três normas mencionadas.

Existe um ponto relativamente polêmico a ser destacado. Trata-se da resistência


característica da parede, o parâmetro básico para o dimensionamento segundo a BS 5628, a ser
obtida com base na resistência média de prisma. Pode-se adotar, com razoável segurança, que a
relação entre a resistência de parede e a resistência de prisma seja 0,7. Isso faria com que 8 MPa
para a resistência média de prisma representasse uma resistência média de parede de 5,6 MPa.
Além disso, a própria BS 5628 menciona que se pode obter a resistência característica de uma
parede dividindo-se a resistência média obtida para dois exemplares ensaiados por 1,2. Portanto,
se a resistência média de parede for 5,6 MPa, a sua resistência característica pode ser suposta
como sendo da ordem de 4,7 MPa, o valor adotado para as simulações apresentadas.

Um último detalhe a ser esclarecido é sobre o coeficiente parcial de segurança a ser


adotado para o carregamento, y|( também no caso da BS 5628. Considerando-se a relação entre
cargas permanentes e variáveis admitida para o carregamento, pode-se estimá-lo em 1,45, tomando-
se em consideração os valores apresentados na tabela 6.1.

Um resultado parcial interessante é o valor do coeficiente de redução da tensão relativo


à esbeltez. A tabela 6.2 apresenta um resumo desses valores para as três alturas de parede
adotadas e para as três normas analisadas. Através dela pode-se observar que, apesar das
peculiaridades de cada código até mesmo em relação à altura efetiva que deve ser considerada,
os valores não são muito díspares, pelo menos quando se toma a NDR 10G37 e a D3 GG28. O ACI
530 é que prescreve alguns valores um pouco mais conservadores.

Finalmente, a tabela 6.3 resume os resultados obtidos para a referida tensão máxima
que pode ser aplicada na parede segundo as condições anteriormente especificadas.
Uma observação dos resultados obtidos permite perceber que a BS 5628 fornece
resultados bem mais conservadores que o ACI 530 ou mesmo a NBR 10837. Mesmo considerando-
se o controle especial tanto para a manufatura das unidades como para a execução da obra, as
diferenças chegam a 20% em relação à NBR 10837 e a 30% em relação ao ACI 530.
A extensa utilização da NBR 10837, e também do ACI 530, não traz evidências de que a
segurança esteja sendo minimizada por esses dois códigos. Então, parece ser o caso de se imaginar
que a BS 5628 poderia reduzir u m pouco seus coeficientes. Especialmente o coeficiente ym parece
u m pouco exagerado, quando se considera que está aplicado sobre uma resistência característica
de parede. Se sua faixa de variação fosse alterada para algo entre 1,8 e 2,3, provavelmente os
resultados obtidos continuariam a ser seguros e poderiam ser considerados mais satisfatórios.

Quanto à utilização em si, os procedimentos baseados nas tensões admissíveis são realmente
mais simples de ser aplicados. Entretanto, até mesmo considerando-se as normas existentes para os
demais materiais utilizados e m estruturas, a tendência aos estados limites parece ser irreversível.
Ademais, a maior complexidade da BS 5628 não compromete a sua correta utilização, especialmente
quando se dispõe de recursos computacionais fartos e relativamente baratos para viabilizá-la.

Tabela 6.2 - Coeficiente de redução devido à esbeltez.

Altura parede (cm) NBR 10837 ACI 530 BS 5628*


240 0,921 0,820 0,905
260 0,900 0,789 0,888
280 0,875 0,755 0,860
'Obs.: excentricidade das cargas menor ou igual a 5% da espessura.

Tabela 6.3 - Máxima tensão na área bruta para a parede exemplo (MPa).

Altura BS 5628 BS 5628


NBR 10837 ACI 530
(cm) Controle normal* Controle especial*
240 1,474 1,640 0,838 1,173
260 1,440 1,578 0,822 1,151
280 1,400 1,510 0,796 1,115
'Obs.: tipo de controle tanto para as unidades quanto para a construção.

6.3 FLEXÃO SIMPLES

Vigas e vergas são elementos estruturais lineares destinados a suportar e transmitir


ações verticais mediante u m comportamento predominante de flexão. Normalmente utiliza-se o
termo verga quando o elemento estrutural está colocado sobre vãos de aberturas de portas e
janelas. E esses são os elementos mais comuns que estão submetidos à flexão simples numa
edificação de alvenaria estrutural. Entretanto, muros de arrimo e paredes de reservatório, que
t a m b é m são e l e m e n t o s e n c o n t r a d o s c o m muita f r e q ü ê n c i a n e s s a s edificações, p o d e m ser
considerados como submetidos à flexão simples, bastando que as tensões de compressão sejam
relativamente pequenas e m relação às de flexão. Portanto, a flexão simples pode ser considerada
uma solicitação bastante importante e c o m u m e m edificações de alvenaria. Provavelmente a mais
comum, logo após os casos de compressão.
Por fim, menciona-se que a notação adotada para os equacionamentos aqui apresentados,
sempre que possível, baseia-se na notação utilizada pela NBR 10837. Pretende-se, dessa forma,
facilitar a sua utilização, tornando mais direta a identificação das variáveis presentes.

6 . 3 . 1 DIFERENÇAS CONCEITUAIS ENTRE A N B R 1 0 8 3 7 E A B S 5628

No Brasil, a diferença básica entre a análise de elementos de alvenaria estrutural e de


concreto a r m a d o está no modelo de cálculo adotado para cada material. A NBR 6118 - Projeto e
execução de obras de concreto armado 4 , que utiliza o método dos estados limites, admite, por
exemplo, a possibilidade da plastificação da armadura ou deformações no concreto iguais às
convencionais de ruptura, na situação última de cálculo.

Já a NBR 10837, que adota o método das tensões admissíveis, busca garantir distância apropriada
entre as tensões atuantes e as que provocam o escoamento ou ruptura dos materiais. Nesse método, as
tensões resistentes devem ser calculadas admitindo comportamento elástico e linear do material.

Assim, no caso de elementos fletidos, enquanto o concreto normalmente é suposto


trabalhando no Estádio III, a NBR 10837, que fixa as hipóteses de cálculo e m alvenaria, especifica que
os mesmos devem ser calculados no Estádio II. Já a BS 5628, que também trabalha com estados
limites, acaba admitindo para a alvenaria um comportamento muito semelhante ao do concreto armado.

Dessa forma, conforme já se explicou no início deste capítulo, aqui serão apresentadas
as hipóteses básicas da NBR 10837, e o equacionamento desenvolvido tomará por base as suas
considerações. Se o enfoque fosse o d a BS 5628, todo o equacionamento seria o m e s m o já
tradicionalmente apresentado para a flexão simples de elementos de concreto armado. Até m e s m o
tabelas e á b a c o s desenvolvidos para o concreto p o d e r i a m ser utilizados, bastando tomar a
resistência à compressão adequada. No caso, a BS 5628 menciona que a resistência à compressão
da alvenaria na flexão deve ser a metade da prescrita para compressão simples.

6 . 3 . 2 HIPÓTESES BÁSICAS DA N B R 10837

O item 5.2.2 da NBR 10837 é que fixa as hipóteses de cálculo dos elementos fletidos.
Para maior clareza, apresentam-se as suas prescrições, que são as seguintes:
"...Os componentes fletidos são calculados no Estádio II. Nestes cálculos, as hipóteses
básicas são as seguintes:

a) a seção que é plana antes de se fletir permanece plana após a flexão;


b) o módulo de deformação da alvenaria e d a armadura permanece constante;

4 Associação Brasileira de Normas Técnicas (1989).


c) as armaduras são completamente envolvidas pelo graute pelos elementos constituintes
da alvenaria, de modo que a m b o s trabalhem como material homogêneo dentro dos
limites das tensões admissíveis".

É interessante ressaltar que no Estádio II supõe-se que a alvenaria não suporte tensões
de tração, que deve ser totalmente resistida pelas armaduras. Além disso, o comportamento dos
materiais é admitido como sendo linear, ou seja, supõe-se aplicável a lei de Hooke, até os limites
admissíveis das tensões.

6 . 3 . 3 EQUACIONAMENTO BÁSICO

O equacionamento necessário para a análise de seções submetidas à flexão reta simples,


pelo método das tensões admissíveis, pode ser realizado a partir das hipóteses básicas deste
método, apresentadas anteriormente. Busca-se conhecer a situação deformada da seção, que
pode ser caracterizada pela posição da linha neutra e pela inclinação do plano da seção após a
aplicação da solicitação. A figura 6.1 apresenta alguns dos principais parâmetros necessários ao
equacionamento mencionado.

Figura 6.1 - Seção Retangular - Flexão Simples - Armadura Simples.

As distâncias x e z. respectivamente profundidade da linha neutra e braço entre as resultantes no

aço e na alvenaria, serão referenciadas por parâmetros adimensionais k, e k^, relacionados à altura útil:

...(6.1)

...(6.2)

Além disso, serão utilizadas duas grandezas auxiliares: a razão de tensões m e a razão
modular n. Elas são definidas como:
=m ...(6.3)

=n ...(6.4)

em que f5 e f a l v são as tensões atuantes no aço e na alvenaria. E s e EaJv os módulos de deformação


do aço e da alvenaria, respectivamente.
O primeiro passo para o equacionamento propriamente dito pode ser a aplicação da lei
de Hooke para as tensões atuantes no aço e na alvenaria:

...(6.5)
f aV= E *v e a

Já a compatibilidade de deformações, de acordo com a hipótese de a seção permanecer


plana após a deformação, exige que:

_ d - x 1 -k
...(6.6)
x " k

Utilizando-se a condição de equilíbrio da flexão simples, ou seja, força normal igual a


zero, pode-se escrever:

...(6.7)

Define-se a taxa geométrica de armadura através da relação:

p= ...(6.8)
bd

Portanto, levando-se em conta as equações 6.3, 6.7 e 6.8, pode-se escrever:

m= ...(6.9)
2p

Já pela divisão, membro a membro, das equações 6.5, chega-se a:

...(6.10)
L

Assim, substituindo-se em 6.10 as relações 6.4, 6.6 e 6.9 obtém-se a equação de

segundo grau:

Kx?+ 2npkx- 2np = 0 ...(6.11)


Resolvendo-se a equação e tomando apenas a raiz que interessa, chega-se à posição
da linha neutra, dada por:

k< = -pn + V(P n ) 2 + 2pn ...(6.12)

A área de armadura e a máxima tensão atuante, na alvenaria e nas armaduras, podem


ser obtidas pela equivalência do momento fletor atuante e o produzido pelas resultantes de tração
e compressão na seção. Considerando-se a resultante de tração na armadura, pode-se escrever:

M = fs As k. d ...(6.13)

Então, a tensão na armadura iguala-se a:

M
f = ...(6.14)

E a área de aço resulta em:

a _ 1 _M M_ k = ...(6.15)
' f.k. d * d em que. f A

De maneira semelhante, pode-se calcular a máxima tensão na alvenaria, a partir do


momento atuante:

M ^ i ^ f ^ b (M)(kid) bf. ...(6.16)


em que.

Então, pode-se escrever o valor de fa.v, a máxima tensão na alvenaria:

f _ 2 M ...(6.17)
* kx kz bd:'

Mas, considerando-se a equação 6.2, o parâmetro k pode ser também igualado a:

k. = ...(6.18)
LM3-k)

É também interessante se expressar kx e a taxa geométrica de armadura p em função dos


parâmetros m e n, o que pode ser realizado tomando-se as equações 6.4 e 6.6 e substituindo-se em
6.10. Assim se obtém:

n
kx = ...(6.19)
n+m

Então, utilizando-se a equação 6.9, chega-se a:

P= ...(6.20)
2m (m + n)

6.3.4 DIMENSIONAMENTO BALANCEADO

A situação de dimensionamento balanceado, que corresponde ao melhor aproveitamento


dos materiais, é obtida q u a n d o a tensão atuante na alvenaria é igual à tensão admissível à

compressão na flexão e a tensão atuante no aço é igual à tensão admissível à tração:

Nesse caso, a posição da linha neutra e a taxa de armadura podem ser facilmente obtidas
c o m as relações 6.19 e 6.20:

" n + m. ...(6.21)

P.,= 2mti (m. + n) ...(6.22)

A altura útil correspondente a este dimensionamento é obtida através da reorganização


da equação 6.16, com a utilização da tensão admissível à compressão na flexão para a alvenaria:

M
4> ...(6.23)
K> x Krt. b x f irfv.l

E m que corresponde ao dimensionamento balanceado.

6.3.5 DIMENSIONAMENTO SUBARMADO

No dimensionamento subarmado, que ocorre quando a altura útil disponível é maior ou igual
à necessária ao dimensionamento balanceado, d • d b , não são conhecidas, de início, as tensões
desenvolvidas na alvenaria, sendo que apenas o aço estará submetido à tensão admissível, ou seja:

Então, deve ser utilizado um processo iterativo para a determinação da posição da linha
neutra e da área de aço necessária ao elemento. Esse procedimento pode ser realizado c o m o
auxílio da planilha de cálculo apresentada na tabela 6.4. O processo iterativo pode ser iniciado
c o m o valor de prosseguindo até a convergência deste parâmetro, ou seja, quando a diferença
entre a última e a primeira coluna estiver dentro de uma margem considerada satisfatória.

Tabela 6.4 - Flexão de seções subarmadas.

/ k. K . K * k„= -pn*V(Pn), + 2pn


1 kit» — > — > — > — > — >

2 — > — > — » — » — > — >

— » — > —> — > — > — >


Observe-se que ao final deve-se verificar a tensão atuante na alvenaria, com o emprego
da equação 6.17, de forma a se garantir que seu valor seja menor que o limite admissível.

6.3.6 DIMENSIONAMENTO SUPERARMADO

Caso a altura útil seja menor que a do dimensionamento balanceado, ou seja, d < d^,
uma das opções que se pode adotar é o dimensionamento superarmado, no qual a tensão admissível
da alvenaria é atingida antes que a do aço. Portanto, tem-se:

'a* ~ ^Ar.l

Então, utilizando-se a equação 6.16, com a expressão de kalw que aparece em 6.18, e o
valor limite para f a v , obtém-se:

...(6.24)

Dessa forma, reorganizando-se a expressão 6.24, obtém-se a equação de segundo grau:

...(6.25)
t x F f alv.l

Assim, após a determinação de k x 5 , e o correspondente k^ através da equação 6.2, o


objetivo é o cálculo da área de aço necessária. Isso pode ser feito através da equação 6.26, obtida
quando se isola o valor de m da equação 6.19 e se substitui na expressão 6.9.

P=- ...(6.26)
2 n (1 - k,)

É claro que, determinada a taxa geométrica de armadura, o valor de A s pode ser


encontrado pela equação 6.8. Um último detalhe diz respeito à verificação da tensão no aço. Isso
pode ser feito pela equação 6.14, ou seja:

M
f = ...(6.27)
A M "fw

6.3.7 DIMENSIONAMENTO COM ARMADURA DUPLA

O dimensionamento da seção retangular com armadura dupla é realizado determinando-


se inicialmente a parcela do momento fletor que é absorvida pela seção considerando-se armadura
simples e dimensionamento balanceado, M 0 , e a correspondente parcela complementar, DM. Esta
segunda parcela deve ser absorvida por um binário de forças resultantes de armaduras adicionais,
uma tracionada e outra comprimida.

6 A determinação é feita escolhendo-se a raiz da equação que tenha siginificado físico.


L
, )
/ X/-5 • W
/ X ÍWxb

d-x
A/
z
d-d"

— * —

Figura 6.2 - Seção Retangular - Flexão Simples - Armadura Dupla.

O momento M pode ser obtido da equação 6.16 quando se utiliza f igual ao limite

admissível, ou seja:

bd 2 ...(6.28)
M0 = U i ~2

A correspondente armadura tracionada pode ser obtida da equação 6.15, adotando-se

os valores de M 0 e da tensão admissível do aço:

1 Mo
...(6.29)
LK
«,1 Ib 6

A parcela complementar do momento AM = M - M 0 , pode ser igualada ao momento


produzido pelo binário de forças das armaduras adicionais, A., na região tracionada e A..' na região
comprimida. Sabe-se, de antemão, que a tensão na armadura tracionada correspondente ao valor
para o dimensionamento balanceado, ou seja, é o valor admissível. A tensão na armadura comprimida
pode ser obtida através da compatibilidade de deformações, com o auxílio da figura 6.2.

...(6.30)
x - d' x-d

Da lei de Hooke e da condição de , obtém-se a tensão na armadura comprimida.

...(6.31)
x-d s 4 x- d

Por equivalência estática do momento complementar com as forças de tração e compressão


nas armaduras, considerando-se d - d' o braço de alavanca, obtêm-se as áreas de armadura As2 e A s '.

AM A^ (d - d') = fs' Au' (d - d') ...(6.32)

R _ AM
...(6.33)

A . AM AM x d - x x 1
...(6.34)
f 5 (d - d') " (d - d ' ) " x - d' í,

A área de armadura tracionada para o dimensionamento com armadura dupla é igual à


soma das parcelas A s l e A r 2 .
...(6.35)

6.4 CISALHAMENTO

O cisalhamento ocorre normalmente em conjunto com a solicitação por momento fletor. Vergas,
vigas ou paredes que participam do sistema de contraventamento são os elementos nos quais o cisalhamento
deve ser usualmente verificado. Essa solicitação também ocorre em paredes de arrimo ou de reservatórios,
mas, devido ao fato de esses elementos trabalharem segundo a direção de menor inércia, é muito pouco
provável que nesses casos ocorram tensões cisalhantes que ultrapassem os limites admissíveis.

6 . 4 . 1 TENSÕES ATUANTES

A NBR 10837 é bastante confusa quando se trata de definir a tensão de cisalhamento


atuante. Por exemplo, para elementos de alvenaria não-armada. utiliza expressões como "esforço
cortante horizontal" sem que essa direção "horizontal" esteja direta ou indiretamente definida. Ainda
apresenta expressões conflitantes, confundindo comprimento da seção com altura útil para o caso
das alvenarias armadas. Além disso, se refere à variável utilizada para o cálculo da tensão atuante,
t a l v , c o m o " t e n s ã o d e c i s a l h a m e n t o d e r e f e r ê n c i a , p a r a e l e m e n t o s de a l v e n a r i a n ã o -
armada, e como "tensão convencional de cisalhamento", para elementos de alvenaria armada.
Enfim, não contribui em nada para elucidar a correta aplicação de seus preceitos.

Para se colocar o cálculo da tensão de cisalhamento atuante em peças de alvenaria em


termos claros, o que se pode recomendar é que para elementos não-armados se utilize a expressão:
V
...(6.36)

Em que,
V: esforço cortante
A: área da seção transversal do elemento

Já para os elementos com armaduras longitudinais, pode-se tomar o seguinte valor:

V
T_V. = ...(6.37)
bd

Em que,
V: esforço cortante
b: largura da seção
d: altura útil, ou seja, distância da face comprimida ao centróide das armaduras tracionadas

Como referência interessante, menciona-se que a BS 5628 adota sempre a tensão atuante
como sendo a força cortante dividida pela área da seção transversal, mesmo no caso de alvenarias
armadas. É uma posição defensável e pode ser adotada mesmo por quem pretende utilizar os
valores limites recomendados pela NBR 10837. Nesse caso a expressão 6.36 poderia ser
considerada tanto para alvenaria armada como para alvenaria não-armada.
Já o ACI 530 recomenda que a tensão atuante seja calculada da forma apresentada pela
expressão 6.36. ou seja, força cortante divida pela área, apenas quando parte da seção transver-
sal estiver submetida a tensões normais de tração. Caso a seção apresente apenas tensões de
compressão, a tensão de cisalhamento atuante deve ser calculada pela expressão tradicional da
resistência dos materiais, força cortante vezes momento estático, divididos pela espessura e pelo
momento de inércia à flexão.

Como última recomendação importante, deve-se observar que no caso de seção trans-
versal em forma de T, I ou L, as abas não devem ser consideradas no cálculo da tensão de
cisalhamento. Todo o cisalhamento deve ser absorvido pela alma da seção transversal do elemento.

6 . 4 . 2 DIMENSIONAMENTO COM OU SEM ARMADURAS

Apesar de muito confusa na definição da tensão atuante, a verificação e o dimensionamento


são fáceis e rápidos de ser realizados pela NBR 10837. Isso pode ser verificado pelo exame da
tabela resumo apresentada no capítulo anterior.

Para o caso de elementos não-armados. por exemplo paredes do sistema de contraventamento


que não tenham armaduras verticais, os limites são absolutos: 0,15 MPa e 0,25 MPa, respec-
tivamente para o caso de argamassas entre 5 e 12 MPa ou 12 e 17 MPa. Portanto, basta comparar
o T,
alv
obtido com esses limites.

No caso de elementos de alvenaria armada, deve-se fazer uma distinção entre peças fletidas
sem armadura para resistir às tensões de cisalhamento e aquelas que possuem armaduras para resistir
a toda tensão de cisalhamento atuante. Dentro de cada um desses grupos ainda é importante se destacar
o caso de vigas ou vergas e o caso de pilares paredes. Mais especificamente ainda, para pilares parede,
ainda há duas condições: a situação em que o momento fletor é preponderante e a situação em que a
força cortante é preponderante. Entretanto, localizado o valor a ser utilizado para o elemento e a circunstância
específica que se analisa, não existe nenhuma outra dificuldade a ser considerada pois todos os valores
sâo simplesmente definidos em função da raiz quadrada da resistência de prisma. Basta, como no caso
das alvenarias não-armadas, comparar o valor de xaV com o limite adequado.

6 . 4 . 3 CÁLCULO DA ÁREA E DISPOSIÇÃO DAS ARMADURAS PARA O CISALHAMENTO

Se for necessário prever a utilização de armadura específica para o combate às tensões


de cisalhamento, ela pode ser determinada mediante a aplicação da analogia de treliça, como se
ilustra de forma genérica na figura 6.3. As bielas de compressão são admitidas com inclinação (3,
enquanto as armaduras estão inclinadas de a, sempre em relação ao eixo longitudinal da peça.
biela de armadura A § w a
concreto média

Biela de
Compressão

Figura 6.3 - Analogia de treliça.

A força resultante na a r m a d u r a média, V/sencz, deve ser absorvida pelo conjunto de

barras dispostas no comprimento z(cot« + cotfi). Assim sendo, pode-se escrever:

V _ z (cota + cotp) A j ...(6.38)


sena

Então, a armadura transversal é dada por:

A =. Vs
...(6.39)
f s l z (cota + cotp) sena

Admitindo-se que as bielas tenham inclinação (5 = 45° e aproximando z por d a expressão


anterior ganha a seguinte redação:

A, =. Vs
...(6.40)
f M d (cota + sena)

Se forem utilizados apenas estribos a 90°, a armadura de cisalhamento necessária será:

A = -V§_ ...(6.41)
4W"

Essas duas últimas expressões t a m b é m estão presentes na NBR 10837. Na verdade é


quase impossível, para os casos usuais, se prescrever armaduras c o m inclinações diferentes de
90°. Portanto, a expressão 6.41 é que realmente tem importância prática para o problema.

Para a correta utilização da expressão 6.41, deve-se lembrar que o espaçamento "s"
precisa ser considerado e m relação à dimensão dos blocos, pois é totalmente inadequado se
prever furos para a colocação das armaduras. Assim, o correto é se adotarem espaçamentos de
20 e 40 c m para blocos de comprimento múltiplo de 2 0 cm, ou espaçamentos de 15 e 30 cm,
quando da utilização de blocos de comprimento múltiplo de 15 cm.
Além disso, a tensão admissível do aço deve se limitar aos valores apresentados na
tabela correspondente do capítulo anterior. Essa observação é importante, pois a NBR 10837
limita essa tensão a valores relativamente baixos, 165 MPa para os casos usuais.

Finalmente, ainda c o m respeito à disposição das armaduras, deve-se lembrar que a


NBR 10837 especifica que cada linha de fissura potencial precisa ser atravessada por pelo menos
uma barra da armadura transversal. Com base nessa prescrição, a figura 6.4 apresenta os espaçamentos

máximos a serem observados tanto para o caso dos estribos quanto para as barras dobradas a 45°. O

limite de 30 cm é adotado por analogia às prescrições para as peças de concreto armado,

fissura fissura

Figura 6.4 - Espaçamento mínimo para barras de armaduras transversais.

6.5 FLEXÃO COMPOSTA

A flexão composta, em que ocorre interação entre carregamento axial e momentos fletores,
é t a m b é m uma solicitação muito c o m u m e m elementos de alvenaria estrutural, particularmente
q u a n d o se a n a l i s a m estruturas portantes d e edifícios. Nestes, a l é m de s u p o r t a r as cargas
gravitacionais, as paredes que fazem parte do sistema de contraventamento lateral resistem às
ações horizontais provenientes do vento e do desaprumo.

Este tipo de solicitação t a m b é m ocorre em elementos sujeitos a cargas verticais atuando


conjuntamente com ações laterais provenientes do empuxo do solo ou da água, e ainda quando o
carregamento vertical é excêntrico e m relação ao eixo do elemento.

6 . 5 . 1 SOLICITAÇÕES COMBINADAS SEGUNDO A N B R 10837

A primeira verificação a ser feita q u a n d o se analisa uma seção submetida à flexão


composta é a respeito de eventuais tensões de tração que possam ocorrer. Essa verificação é feita
através da seguinte expressão:
...(6.42)

E m que,

f i l v f : tensão atuante devida à flexão


f i l v c : tensão atuante devida à compressão

f : tensão admissível à tração da alvenaria não-armada (normal à fiada)

Se a relação 6.42 for atendida, isso significa que a seção transversal estará submetida a
tensões menores que aquelas que podem ser resistidas pela alvenaria não-armada. Nesse caso,
não será realmente necessário se lançar mão de armaduras para resistir a essas tensões, bastando para
tanto verificar as tensões de compressão conforme as expressões 6.43 ou 6.44 apresentadas a seguir.
Em caso contrário, quando a tensão admissível de tração é ultrapassada, deve-se providenciar
armaduras para absorvê-la. Então, será necessário considerar o equacionamento apresentado no
item subseqüente para se conseguir a solução do problema.

É interessante observar-se que na relação 6.42 a NBR 10837 está implicitamente admitindo
que 75% das cargas verticais são permanentes. Tal consideração é, em muitos casos, conservadora.
Para edifícios residenciais essa parcela varia de 80% a 85%. Pode-se considerar que é razoável verificar
em cada caso qual a parcela de carga permanente e utilizá-la na verificação da tração.

Exista ou não tensão de tração acima do limite admissível, as tensões de compressão advindas
dos carregamentos combinados devem satisfazer a uma das expressões de interação apresentadas a
seguir. Quando para o cálculo das tensões atuantes estiverem sendo consideradas apenas as cargas
permanentes e ações variáveis, a verificação será feita através da relação:

nt/.c
<1,00 ...{6.43)
f

Em que,
r v c : tensão de compressão atuante
W • t e n s ã o admissível à compressão
f . : tensão de flexão atuante
f a y f : tensão admissível de flexão

Caso a ação dos ventos também esteja sendo considerada na combinação, a NBR 10837
prescreve que o limite das tensões pode ser acrescido de 33%. Isso significa verificar a combinação
através da relação:

«V.l < 1.33 ...(6.44)

6 . 5 . 2 EQUACIONAMENTO BÁSICO

Quando as tensões de tração ultrapassarem o valor admissível, de acordo com a


verificação feita na expressão 6.42, a NBR 10837 prescreve que se deve prever a utilização de
armaduras para resistir a essas tensões. É exatamente esse equacionamento que se apresenta
neste item.

Entretanto, é interessante ressaltar que a solução aqui apresentada é interessante quando


as tensões devidas ao esforço normal são significativas em relação às que provêm da atuação do
momento fletor. Se a flexão for muito preponderante, o ideal é calcular a armadura através do
procedimento apresentado anteriormente para flexão simples, ou seja, ignorando-se a atuação
conjunta dos esforços para o cálculo da armadura. Apenas a verificação da tensão de compressão
seria realizada considerando-se a combinação dos esforços através das expressões 6.43 ou 6.44.
A exemplo do verificado para o caso da flexão simples, o equacionamento da flexão composta
no método das tensões admissíveis também é realizado a partir das hipóteses básicas deste método,
como a seção que permanece plana após a flexão, a validade da lei de Hooke e o equilíbrio entre os
esforços solicitantes e a resultante das tensões na alvenaria e no aço.Também aqui, o equacionamento
será desenvolvido considerando-se, sempre que possível, a notação utilizada pela NBR 10837.

A figura 6.5 apresenta um elemento submetido à flexão composta no qual as tensões de


tração superam as de compressão geradas pela força normal solicitante.

d cr
h/2 m

r q ü j

Figura 6.5 - Flexão composta.

Com base nos elementos geométricos apresentados na figura, pode-se escrever:

c. = ...(6.45)

...(6.46)

A tensão f a v , que aparece na figura 6.5, é a tensão total na alvenaria, ou seja, a soma da
tensão devida à compressão e à flexão:

'ai* ~ 'ato + ...(6.47)

O valor devido à compressão pode ser obtido simplesmente pela divisão da força normal
atuante pela área da seção transversal:

f = J L em que b: largura da seção ...(6.48)


bh

Já a tensão devida à flexão pode ser estimada através das expressões 6.43 ou 6.44,
dependendo da combinação incluir ou não a ação do vento. Essa é a situação ideal para se obter
o dimensionamento mais econômico nos casos usuais de flexão composta em edifícios, em que a
tensão de compressão é normalmente significativa. Isso ocorre porque quanto maior a tensão na
alvenaria menor a profundidade da linha neutra e isso tende a melhorar o aproveitamento da
armadura. Dessa forma, quando a ação dos ventos não estiver sendo considerada, tem-se:

...(6.49)

Já para o caso mais comum, pelo menos para os edifícios residenciais, no qual o momento
é justamente provocado pela ação dos ventos, pode-se escrever:

...(6.50)

Definida a tensão máxima na alvenaria, podem-se integrar as tensões de compressão no


plano da seção transversal de forma a se determinar a resultante de compressão C, que é dada por:

...(6.51)

Mas a força normal deve ser igual à diferença entre a resultante de compressão C e a
tração T. Assim:

T = C - N = -Í-IJJX-N ...(6.52)

O momento fletor M, por sua vez, deve ser igual à soma das contribuições das forças de
tração e compressão. Então, pode-se escrever:
C . C, + T . C, = M ...(6.53)

Introduzindo na equação anterior os valores de c,, c2 e o valor de C, dado pela equação


6.51, obtém-se:

_Lf f jtacíi-4-l+í-í-fJW-NlíA.tf
L =M ...(6.54)
l2
Reorganizando a equação anterior, tendo como incógnita a profundidade x da linha
neutra, obtém-se:

4 - í*bx 2 - 4 - t * b d x + M + N f-iL - tf! = ...(6.55)


6 2 \2 J

Assim, a equação do segundo grau 6.55 pode ser escrita, de maneira sintética, como sendo:

a2x2 + a,x + a0 = 0 ...(6.56)

Em que,

Resolvendo a equação 6.56, e tomando apenas a raiz que interessa, isso resulta:

x _ • a< • V a » 2 ' 4a ? a 0
...(6.57)
2a,
É óbvio que o valor de x deve ser um número real, positivo e menor que a altura útil da
seção. Se isso não ocorrer, o dimensionamento deve ser interrompido. Entretanto, se essas
condições forem atendidas, resta estabelecer o valor da tensão de tração no aço. Isso pode ser
feito através da utilização de outras hipóteses admitidas para o problema. A manutenção da seção
plana permite escrever a seguinte equação de compatibilidade de deformações:

...(6.58)

Através da multiplicação de ambos os membros da equação 6.58 pela razão modular,


n = E s / E ^ , obtém-se:

...(6.59)
f

Então, explicitando a tensão na armadura de tração obtém-se:

f ~d~x « ...(6.60)

A tensão no aço deve resultar menor que a tensão admissível, Caso isso não ocorra,
pode-se tentar reduzir a tensão fa. . e reiniciar o processo a partir da equação 6.51. Normalmente
essa providência produz bons resultados. Com a redução da tensão de compressão na alvenaria
para valores abaixo do máximo permitido, consegue-se reduzir também a tensão no aço, obtendo-
se, como conseqüência, uma área de armadura maior que aquela que seria calculada inicialmente.

Ao contrário, também pode ocorrer o caso em que o valor de fs calculado seja muito
menor que o valor admissível. Então, a solução será antieconômica, por causa do aproveitamento
deficiente da armadura. Essa situação ocorre normalmente quando o valor de x aproxima-se da
altura útil d. Nesse caso, a solução seria a utilização de uma alvenaria mais resistente. Aumentando-
se a tensão iaW aumenta-se também a tensão na armadura, reduzindo-se a área de aço calculada.

De qualquer modo, uma vez definida a tensão no aço, pode-se determinar a área da
armadura de tração que é dada por:

...(6.61)

6.5.3 PROCEDIMENTO SIMPLIFICADO

O equacionamento básico mostrado no item anterior pode ser considerado um pouco


complicado para o dimensionamento automático à flexão composta. Sendo assim, pode-se sugerir
a utilização de um procedimento simplificado para esses casos.

O processo assume que a seção é homogênea, mas que a tração é suportada pelas
armaduras. Sua utilização é bastante simples, mas implica considerar que o aço estará submetido
a deformações que produzam uma tensão igual à admissível. Isso normalmente não é correto,
considerando-se as hipóteses de que as seções planas permanecem planas e que a deformação
é proporcional à distância até a linha neutra.

Entretanto, Amrhein (1998), que sugere um processo semelhante, tenta justificar que se
possa assumir a tensão no aço com seu valor admissível pelos seguintes motivos:

a) as seções planas podem não permanecer planas após a flexão;


b) a seção é fissurada e as fissuras localizadas que se abrem provocam uma distribuição
de tensões diferente da usualmente considerada.

M e s m o considerando-se o fato de que essas justificativas não são completamente


defensáveis, o procedimento pode ser considerado interessante exatamente pela sua simplicidade.
Além disso, os resultados quase sempre são seguros, mesmo para casos-limite. Ele pode ser
organizado nos seguintes passos:

a) determinação das tensões atuantes de tração, ft, e compressão, f a V bem como a posição da
linha neutra, figura 6.6, através das expressões clássicas da resistência dos materiais.

f = Ü + -M
A W ...(6.62)
f = _N_ M_
1 A ' W ...(6.63)

Em que, A: área da seção transversal e W: módulo de resistência à flexão.


b) verificação da tensão de compressão na alvenaria, f a V por meio das expressões de
interação 6.43 ou 6.44;
c) determinação da força total de tração por integração das tensões de tração, que na
seção retangular se escreve:
T
T == V
7 2 f,b(h-x)1
f,b(h-x) ...(6.64)
2

determinação d
d) determinação da área de aço.

\ - ==J5,1
A f- ...(6.65)
7
Exemplos de Aplicação o
cu
"D

7.1 INTRODUÇÃO rr
C

O
Este capítulo t e m por objetivo apresentar alguns exemplos d e aplicação s o b r e os
dimensionamentos apresentados no capítulo anterior. Os dimensionamentos são apresentados de acordo
com as prescrições da NBR 10837 - Cálculo de Alvenaria Estrutural de Blocos Vazados de Concreto'.

7 . 2 E X E M P L O S DE C O M P R E S S Ã O SIMPLES

7 . 2 . 1 EXEMPLO 1

D e t e r m i n a r a resistência mínima de bloco de concreto que deve ter a parede de alvenaria

não-armada, indicada na figura 7.1, sendo dados:

t = 14 cm; h = 2,80 m; h = 0,70

SOLUÇÃO:

to( = t = 14 c m de acordo c o m a NBR 10837!

Esbeltez de acordo c o m a NBR 10837!

70 kN/m

Laje

Laje

400 cm i i
1414 cm
Elevação Corte

Figura 7.1 - Exemplo 1 de compressão simples.

1 Associação Brasileira de Normas Técnicas (1989).


O valor mínimo da resistência de prisma é calculado igualando a tensão admissível à
tensão atuante.
0,70 x 400
= 0,05 kN/cm2 = 0,5 MPa
400 x 14
/ h y
L , = 0,20 f R com R = 1 - —
** p \,40t/

( 280 >3 = 0,175 f


Então W = 0.20f |( 1 -
^40 x 14;

Igualando as duas tensões 0,175 fp = 0,5 MPa, chega-se a uma resistência mínima de
prisma de 2,86 MPa, referida à área bruta.
Com eficiência de 0,7, pode-se determinar a resistência mínima do bloco.
2,86
, 4 - 4 = 4,09 MPa
0,7

Deve-se adotar, então, 4,5 MPa, já que esse é o valor mínimo de resistência de bloco de
concreto para que a alvenaria possa ser considerada estrutural.

7 . 2 . 2 EXEMPLO 2

Qual a carga máxima de compressão que pode ser aplicada no pilar de 5 m de altura,
contraventado na base e no topo, sabendo-se que a resistência de prisma cheio é de 10 MPa e
que ele deverá ser armado com aço CA 50A?

Obs.: Sabe-se que a seção transversal do pilar é constituída de dois blocos de


19 cm x 39 cm, compondo uma seção de 39 cm x 39 cm.

SOLUÇÃO:

As condições de esbeltez máxima e de espessura mínima são atendidas, pois:


X = 500/39 = 12,8 < 30 e tél = t = 39 cm > 20 cm

A máxima tensão admissível de compressão no pilar é dada por:


3"
(JÚ
L * = (0-20 f D + 0,30 p f j 1 - 40t,
V

Para se atingir a máxima carga de compressão admite-se a máxima taxa de armadura,


que é de 1%. Assim:
( 500 ^
r = (0,20 x 1,0 + 0,30 x 0,01 x 16,5) 1 - = 0.241 kN/cm?
^40 x 3 9 ;

Então a máxima carga admissível é de P = 0.241 x 39 x 39 = 366 ktèso é alcançado com


uma área de armadura de 1% de 39 x 39 c m 2 , ou seja, A s = 15,21 cm 2 . Pode-se utilizar, então, 8
.j 1 g <J> 16 mm.
7.2.3 EXEMPLO 3

No exemplo anterior qual a máxima carga admissível no pilar, se for utilizada armadura
composta por 4 0 16 mm?

SOLUÇÃO:

4x201
A taxa de armadura, neste caso, é p = = 0,53%
39 x 39

A tensão admissível de compressão passa a ser

fiK c = (0,20 x 1.0 + 0,30 x 0.0053 x 16.5) 1 _ ( 500 V


= 0.219 kN/cm?
^40 x 39j

A máxima carga admissível é, então,


P = 0,219 x 39 x 39 = 333 kN.

Observe-se que uma redução de 50% na área de aço produziu uma diminuição da carga

admissível de compressão em apenas 9%.

7.3 EXEMPLOS DE FLEXÃO SIMPLES

7 . 3 . 1 EXEMPLO 1

Projetar as armaduras de flexão de uma viga em alvenaria estrutural, com largura de


14 cm, para vencer um vão livre de três metros. Considerar uma carga de 6 kN/m, uniformemente
distribuída, sobre a viga.

DADOS:

f p = 9.5 MPa = 0,950 kN/cm2

f = 165 MPa = 16,5 kN/cm?

Mx d

14

Figura 7.2 - Exemplo 1 de compressão simples.


SOLUÇÃO:

E ^ = 800 x 9.5 = 7600 MPa

n= 210000 = 27,63
En„ 7600

A máxima tensão admissível à flexão é dada por:

l Jrv.i
, = 0.33 x f p = 0.33 x 0,950 = 0,3135 kN/cm*

O momento atuante máximo é calculado por:

M = i L í i l = 6,75 kN x m = 675 kN x cm
8 8
D e t e r m i n a n d o i n i c i a l m e n t e a a l t u r a útil q u e c o r r e s p o n d e a o dimensionamento
balanceado, tem-se:

f a v i = f v i = 0,3135 kN/cm?

f, = 7, = 16,5 kN/cm?

M t = J f _ = _ Ü L . = 52,63
1m, 0,3135

= 2 A 6 3 = 0.344
n + m„ 27,63 + 52,63

K 0.344
k = 1 - - f = 1 — 1 — = 0,885
3 3

d= / _ ? I = 31,8 cm
V MKb bxT, Y 0,344 x 0,885 14 x 0,3135

Utilizando-se dois blocos canaleta o b t ê m - s e , c o m c o b r i m e n t o de 7 cm, altura útil,


d = 32 cm. Nestas condições deve ser provida a armadura correspondente ao dimensionamento
balanceado, cuja área corresponde a:

A. = = 675 = 1 M cm?
f. x k / b x d 16,5x0,885x32

SOLUÇÃO COM O AUXILIO DE TABELAS

O mesmo problema, analisado anteriormente através do equacionamento desenvolvido


para seções na situação balanceada, pode ser resolvido de modo bastante prático c o m o auxílio
de tabelas, como as apresentadas anexas nesta publicação. Assim:

a) Resolução através da tabela IA

Determinação da altura efetiva correspondente ao dimensionamento balanceado, d b , e

da correspondente área de aço, A_.


Para a situação de f p = 9,5 MPa e tensão na alvenaria igual à situação-limite, falv = f alv.t'

obtém-se da tabela k alv = 20,93 e k s = 0,685. Assim, calcula-se:

= _bx_d^ = MxcT = 20,93 >d = 31,8 cm


* M 675

A, x d A, x 31,8
k = = —s — = 0,0685 >A, = 1.45 cm2
M 675

b) Resolução através da tabela IIC

Para a situação de f p = 9,5 MPa, tabela II C, d e t e r m i n a m - s e os coeficientes K e p


correspondentes ao par de tensões na alvenaria e no aço da situação que se deseja dimensionar.
Para a situação balanceada, a tabela fornece K = 0,048 e r = 0,00327. Assim, calcula-se:

K = ——— = 6 7 5 = 0.048 >d = 31,7 cm


b x d2 14 x d 2
A A
p= = 2 = 0.00327 »A = 1.45 cm2
1 bxd 14x31,7

Observa-se que na m e s m a tabela podem ser conferidos os valores de k x e k z , calculados

anteriormente para a situação de projeto.

c) Resolução através da tabelas III

O conjunto de tabelas III permite a resolução direta do problema da flexão simples para a
situação de dimensionamento balanceado, fornecendo a altura útil e a armadura necessária a esta situação.

Assim, para a situação de f p = 9,5 MPa, tabela III C, entra-se com o valor da largura útil,
b = 14 cm, e do momento solicitante, M = 675 kN x cm. Interpolando-se os valores de "d" fornecidos,
facilmente obtém-se: d = 31,7 cm.

Da mesma forma obtém-se o valor do parâmetro p para a situação balanceada, c o m o


qual se calcula a área de armadura da seção, na forma:
A A
p= — = = 0.00327 >Ar = 1.45 cm2
bxd 14x31,7

d) Resolução através das tabelas tipo IV


Para a utilização das tabelas de tipo IV, 'Tabela de cálculo à flexão no Estádio II", é
necessário saber se a configuração da seção caracteriza a condição de seção superarmada ou
subarmada. Caso a seção seja superarmada, deve-se dar entrada pelo parâmetro k m , por se
conhecer a máxima tensão na região comprimida. Caso contrário, realiza-se a entrada através do
parâmetro nk t , por conhecer-se a tensão na armadura.

Para os dados do exemplo fornecido, pode-se calcular:


E aV = 8 0 0 x 9 , 5 = 7600 MPa

Es 210000
n= = = 27,63
7600

\ 16,5
= 52,63
L 0,3135
n 27,63
52,63

O momento máximo atuante na seção é calculado por:

M = = = 6,75 kN x m = 675 kN x cm
8 8

Utilizando a tabela IV, para o valor de k y que mais se aproxima de k .b, calculado, obtém-
se o valor de k m = 0,153. A partir deste valor, pode-se calcular a altura útil que correspondente ao
dimensionamento balanceado, na forma:

« J - SZ5 =31,7 cm
k,nxf^xb V 0,153
0,í"~ x 0,3135 x 14•

Nesta mesma linha da tabela, obtém-se n x p = 0,0915, que fornece a área de armadura
para esta situação. Assim:
A A
nx p= nx i - = 27,63 x = 0,0915 >A = 1,47 cm2
1 bxd 14x31,7

e) Resolução através das tabelas tipo V

C o m os dados do exemplo fornecido, pode-se calcular:

E a(v = 8 0 0 x 9 , 5 = 7600 MPa

ns — a 210000 a27,63
E^ 7600

m = ^ - = 16'5 =52,63
b ft 0,3135

Na situação balanceada (fs = f~ e faIv = f ^ ) , pode-se determinar a altura útil necessária,


por exemplo através do parâmetro ys. Interpolando-se os valores obtidos nas tabelas de n = 25 e n
= 35, e c o m m = m B = 52,63, obtêm-se os valores correspondentes a y s = 18,61 e 100 p = 0,325.

Como o momento máximo atuante é de 675 kN x cm, pode-se calcular a altura útil que

corresponde ao dimensionamento balanceado, através de:

d . , M x t f . «7SX1M1» ^
f^xb V 16,5x14

A área de armadura para esta situação corresponde a:


100 x p = 100 x = 100 x = 0,325 • A = 1,45 cm?
bxd 14x31,8

7 . 3 . 2 EXEMPLO 2

Determinar a armadura necessária a uma viga de alvenaria, cuja seção transversal é


apresentada na figura 7.3, submetida ao momento fletor de 315 kN <» cm.

DADOS:
fp = 9,5 MPa = 0,950 kN/cm?

f = 165 MPa = 16,5 kN/cm2

Mx 33

G-

19

Figura 7.3 - Exemplo 2 de flexão simples.

SOLUÇÃO:

E ^ = 800 x 9,5 = 7600 MPa

210000
n= = 27,63
E* 7600

Inicialmente é necessário determinar o tipo de dimensionamento a ser realizado (seção

subarmada, superarmada ou c o m armadura dupla). O cálculo inicia-se, então, pela verificação da

altura útil necessária ao dimensionamento balanceado.

L.. = °-33 x f„= °-33 x ° - 9 5 = ° - 3 1 3 5 kN/cm2

= = = 52.63
U. 0,3135
27.63
K = = 0,344
n + mb 27,63 + 52,63

K 0,344
k. = 1- — = 1 — = 0,885
Ib 3 3

M 315
= 18,6 cm
• K * K b xf 0,344x0.885 19x0,3135
Como a altura útil disponível é maior que a necessária ao dimensionamento balanceado,
realiza-se o dimensionamento para seção subarmada. A planilha a seguir organiza os passos do
dimensionamento iterativo.

Tabela 7.1 - Cálculo iterativo no exemplo 2.

Passo kt k. A. nxp k. k.
1 0,8850 0,0685 0,654 0,0288 0,2129 0,9290
2 0,9290 0,0652 0,623 0,0274 0,2084 0,9305
3 0,9305 0,0651 0,622 0,0274 0,2083 0,9306

Em três iterações o processo convergiu, c o m tolerância de 0,01%. Pode-se, portanto,

utilizar uma área de aço igual a 0,62 cm 2 .

O mesmo resultado pode ser obtido através do emprego de tabelas. C o m o uso da

tabela II C, determina-se a área de armadura, A „ na forma:


M 315
K = = 0,0152
b x d? 19 x 33*

Da tabela, para este valor do coeficiente K, pode-se obter o valor de p = 0,000972,

bem como facilmente verificar a tensão na alvenaria e no aço (fVi, = 0,155 kN/cm 2 e f s = 16,5 kN/cm 2 ),

que caracterizam a situação esperada (seção subarmada). Assim, a armadura necessária à seção

é facilmente obtida como:


\ = p x b x d = 0,000972 x 19 x 33 = 0,61 cm?

7 . 3 . 3 EXEMPLO 3

Determinar a a r m a d u r a necessária à s e ç ã o descrita no exercício anterior, q u a n d o


submetida a um momento fletor de 1220 kN x cm. Caso necessário, verifique as situações de
seção superarmada e c o m armadura dupla, considerando neste último caso um cobrimento da
armadura de compressão igual a 4 cm.

DADOS:
fp = 9,5
9.5 MPa
M = 0,950 kN/cm?

f = 165 MPa = 16,5 kN/cm2

Mx 33

- 1 9 - 4
Figura 7.4 - Exemplo 3 de flexão simples.
SOLUÇÃO:

E ^ = 800 x 9,5 = 7600 MPa

n s l = 210000 = 27,63
Eaftf 7600

Mais uma vez é necessário determinar a altura útil necessária ao dimensionamento

balanceado, agora para a nova situação de carregamento,

f«W.i = 0,33 x f p = 0,33 x 0,95 = 0,3135 kN/cm2

n ^ 52,63
L,.f 0.3135

k = =
27'63 0.344
n + mo 27,63 + 52,63
k, 0.344
k l( = 1 — — = 1 - — — = 0,885
'b 3 3

d = /__? M I 2 1220 = 3 6 6 8 c m
b V K*Kb b x?^ V 0.344 x 0.885 19 x 0,3135

Como a altura útil disponível (33 cm) é menor que a necessária ao dimensionamento
balanceado, será realizado o dimensionamento para seção superarmada e também para a situação
de armadura dupla.

a) Resolução para seção superarmada


Como primeiro passo deve-se resolver a equação de segundo grau que fornece a posição
da linha neutra para a condição de seção superarmada, a seguir:

k 2 - 3k + 6 X M =0
x b x d2x f ^

a x k / + b x ks + c = 0
6 x 1220 , .00,
a= 1 b=- 3 c= = 1,1285
19 x 33 2 x 0,3135

As raízes da equação são:

(< = -b ? Vb2-4xaxc 3 t V 9 - 4 x 1 x 1,1285


2xa ~ 2

k x , = 2,56 (não interessa) e k ^ = 0.44

Conhecida a posição da linha neutra, determinam-se a taxa de armadura e, finalmente,


a área de armadura necessária à seção.

P = Yxn" x T " ^ = Txi^63 x T ^ Ã Ã = °'000630

A , = p x b x d = 0,000630 x 19 x 33 = 3,95 cm?


b) Resolução para armadura dupla

N o d i m e n s i o n a m e n t o c o m a r m a d u r a d u p l a deve-se inicialmente d e t e r m i n a r o m o m e n t o

s u p o r t a d o pela a r m a d u r a simples, c o m d i m e n s i o n a m e n t o balanceado, M 0 . Utilizando os valores

d e k b e k / b , já c a l c u l a d o s , t e m - s e :

M =J x k x k = 0,3135 1 9 x 3 3 2 x 0,344 x 0,885 = 987,39 kN x cm


o g d jd 2

As áreas de armadura tracionada e comprimida (A s e A s ') podem ser obtidas então a partir de:

! M0 M - M0 1 987,39 _ 1 2 2 0 - 9 8 7 , 3 9
Ai ~ L x k » * + L x < d - d ')" 16,5 x 0,885 x 33 " 16,5 X <33 ~ 4)

A, = 2,05 + 0,486 = 2,54 cm ?

A . _ M " M o x d - x x 1 . 1220-987,39 x 33-0,344 x33 x _ j _ = ^ ^


5 (d-d') x-d 1 (33 - 4) 0,344 x 33 - 4 16,5

T a m b é m nas situações de a r m a d u r a dupla ou s e ç ã o s u p e r a r m a d a , p o d e - s e utilizar tabelas

para o d i m e n s i o n a m e n t o o u verificação d a s s e ç õ e s .

Através d a tabela I, por e x e m p l o , p o d e - s e calcular a a r m a d u r a n e c e s s á r i a n e s t a s d u a s

situações. Inicialmente, calcula-se:


b x d2 19 x 33 2
k . = = = 16,96
M 1220
Para a s e ç ã o s u p e r a r m a d a , através d a tabela I o b t é m - s e k s = 0 , 1 0 6 8 , o q u e c o r r e s p o n d e a

u m a área d e a r m a d u r a c o m p r i m i d a igual a:
k x M 0.1068x 1220 ,
A = — = — = 3.95 cm-
d 33
Para o d i m e n s i o n a m e n t o c o m a r m a d u r a dupla, d e t e r m i n a - s e :
b ^ = 19x332 = 9 8 8 5 8 k N x c m

° k ^ 20,93

= 0,1212
d 33

+ r\ _— »
xMo
+ k ^ x A M _ ~0 , 0 6 8 5 x 9 8 8 , 5 8 + 0.0606 x (1220 - 988,58)
k
f\ — A —
s 41 d d-d' 33 33-4
A% = 2.53 cm ?
M-M0 0.180 x (1220-988,58) , _ ,
% - s = i = 1,44 cm ?

d - d' 33-4

7 . 4 EXEMPLOS DE FLEXÃO COMPOSTA

7 . 4 . 1 EXEMPLO 1
D e t e r m i n a r a a r m a d u r a n e c e s s á r i a à p a r e d e e s q u e m a t i z a d a n a figura 7.5, s a b e n d o - s e

q u e o m o m e n t o fletor é d e v i d o a o vento. A p a r e d e está v i n c u l a d a na b a s e e e m s e u topo.


DADOS:
fp = 9,5 MPa = 0,950 kN/cm2

fs = 165 MPa = 16,5 kN/cm2


M = 85 kN/m

q = 40 kN/m

t = 1 9 cm
£
o
o
CO
CM

L = 120 cm
/

d = 20 _ d = 100 cm

Figura 7.5 - Exemplo 1 de flexão composta.

SOLUÇÃO:
E ^ = 800 x 9.5 = 7600 MPa

210000
n= = 27,63
7600

As máximas tensões admissíveis são dadas por:

= 0.225 fp 1 - = 0,225 x 0,950


f 280 >
= 0,2031 kN/cm2
^40x19;
1 -
Vtot,

f, vf = 0,33 x fp = 0,33 x 0.950 = 0,3135 kN/cm2

A máxima tensão devida à flexão que a seção pode suportar pode ser obtida calculando-se:
N 40x1,2
L.= = 0,0211 kN/cm2
b~t 120x19
Considerando-se a = 1,33, tem-se:

L , ^ L , = ^1,33 - ^ J S 0,3135 = 0,3844 kN/cm2


^ V 0.2031 j

C o m o tentativa inicial, pode-se admitir que a máxima tensão de compressão é a que


corresponde à máxima tensão admissível pela flexão. f ^ , o que leva a uma tensão de compressão
total de:

f*v = L , = t , . = 0,0211 + 0.3844 = 0.4055 kN/cm2

A fim de se determinar a posição da linha neutra, x, calculam-se os coeficientes a, b e c

da equação de 2 o grau que fornece o valor de x:


a = V6 x t x f iV = V6 x 19 x 0.4055 = 1,2841

b = - V2x t x f ^ x d = - V2 x 19 x 0,4055 x 100 = - 385,23


c = N ^ — — d' + M = 48 x - 20! + 8500 = 10420
) V2 )
Calculando a raiz de interesse da equação, obtém-se x:
x d = - b - V b ^ 4 x a x ^ = 3 0 0 6 c m

2xa
E então a tensão de tração no aço:

f =nxf f L J L = 27,63 x 0,4055 100 -30-06 = 26,07 kN/cm2


x 30,06

Como a tensão no aço é superior à admissível (í 5 = 16,50 kN/cm 2 ) deve-se repetir o


processo adotando uma tensão total de compressão na alvenaria menor do que a admissível.
Com o novo valor de fafv, recalculam-se os coeficientes a, b e c, a posição da linha neutra, x, e,
então, a tensão de tração no aço. Organizando-se as tentativas e os resultados obtidos em uma
planilha, obtêm-se:
Tabela 7.2 - Tentativas no exemplo 1.

u A b c x f.
0,4055 1,2841 -385,225 10420 30,061 26,07
0,3500 1,1083 -332,500 10420 35,551 17,53
0,3000 0,9500 -285,000 10420 42,615 11,16
0,3400 1,0767 -323,000 10420 36,766 16,16
0,3425 1,0846 -325,375 10420 36,454 16,50

Para a condição de f alv = 0,3425 kN/cm 2 obteve-se x = 36,45 cm e fs = 16,50 kN/cm 2 .

Nesta situação, pode-se determinar a área de aço, como apresenta a equação a seguir:

1 ftxXxf^ 1 ^19 x 36,45 x 0,3425 \


2 48J

As = 4.28 cm2

Vale lembrar que esta área de armadura deve ser disposta segundo cada lado da parede,
pelo fato de a ação do vento poder se dar segundo um ou outro sentido. Deve-se ter o cuidado de
manter o CG da armadura de modo a se ter d' = 20 cm.

7 . 4 . 2 EXEMPLO 2

Determinar a armadura necessária ao muro representado na figura 7.6. O momento é


devido a empuxo lateral. A parede está vinculada no topo e na base.

DADOS:
f p = 11.0 MPa = 1,10 kN/cm2
í s = 165 MPa = 16,5 kN/cm2
N = 12 kN/m
M = 3,50 kN x m/m

Figura 7.6 - Exemplo 2 de flexão composta.

SOLUÇÃO:

Em. = 800 x 11,0 = 8800 MPa

n=- L = 2 1 0 0 0 0 =23.86
EaV 8800

As máximas tensões admissíveis são dadas por:

f J U = 0,225 oo 1,10 i _ ^ 4 0260 Y = 0,2227 kN/cm2


(
L , = 0.225 fp 1 -
x14;
V40t;

L., = 0,33 x f p = 0,33 x 1.10 = 0.363 kN/cm2

A máxima tensão devido à flexão que a seção pode suportar pode ser obtida calculando-se:
N 12
L.. = = 0.0086 kN/cm2
** bxt 100x14

Considerando o fator de majoração das tensões admissíveis combinadas a = 1.0:

f - f a _ ^ f = f i ,oo - 0 , 0 0 8 j f 0,363 = 0,3490 kN/cm?


l L J J l 0,2227
0.2227) j

Como tentativa inicial, pode-se admitir que a máxima tensão de compressão é a que

corresponde à f ^ , ^ (total aproveitamento da capacidade resistente da alvenaria), o que conduz a

uma tensão de compressão total de:

f ^ = f vc = f v , = 0,0086 + 0,3490 = 0,3576 kN/cm2

A posição da linha neutra, x, pode ser expressa por uma equação de 2° grau. A fim de

determinar esta posição, determinam-se os coeficientes a, b e c da equação que fornece o valor de x:

a = V6x t x fiiV = V6 x 100 x 0,3576 = 5,96

b = - V?x t x f V/ x d = - % x 100 x 0,3576 x 7 = - 125,16

(u > f 14 ^
C=N: — - d ' + M = 12 - - 7 + 3 5 0 = 350
\ 2 ) K 2 )

Calculando a raiz de interesse da equação, obtém-se:


- b - v b*- 4 x a x c . „
x = k xd= ——í— = 3.32 cm
2xa
E, então, a tensão de tração no aço:

I =nx f = 23.86 x 0,3576 7 " 3 , 3 2 = 9.46 kN/cm*


* x 3,32
A tensão no aço é inferior à admissível (f = 16,50 kN / cm 2 ). A área de aço é calculada
através da expressão:

= ,'txXxf„ _ _ L ^ 100 x 3,32 x 0,3576 _ } A 5,01 cm>/m


' U 2 j 9.46 V 2 ;

Podem ser posicionadas, por exemplo, dez barras de 8 m m de diâmetro por metro,
configurando A sofo) = 5,00 cm 2 /m.

7 . 5 E X E M P L O S DE CISALHAMENTO

7 . 5 . 1 EXEMPLO 1

Verificar a necessidade de armadura transversal e m uma viga de seção 19 c m °° 40 cm.

DADOS:
V^lOkN
fp = 4 MPa
d = 33 cm

SOLUÇÃO:

T - = ^ = 19T33 = 0,016 k N / c m - 0 , 1 6 MPa

"f , = 0,09 V~í = 0,18 MPa - 0,35 MPa

o»l p
C o m o f cisl < í ctSl não há necessidade de se disporem armaduras de cisalhamento na
viga e m análise.

7 . 5 . 2 EXEMPLO 2

Dimensionar as armaduras transversais para a viga representada na figura 7.7.

DADOS:

f( = 9 MPa (prisma cheio)


Aço CA 50A
SOLUÇÃO:
"fcol, = 0 ', 0 9 / 7p = 0,27 MPa - 0.35 MPa

~f_
CS2 = 0.09VT
' p = 0,75 MPa - 1.00 MPa
16 (N/m

JL.

5m
Viga

40 kN
E
14 cmi o
io
40 kN
Seção

Figura 7.7 - Exemplo 2 de cisalhamento.

Pode-se. então, determinar a máxima força cortante admissível na viga (V 2 ) e a máxima

força cortante que pode ser absorvida sem armaduras de cisalhamento (V,).
V,1 ="fcwl, bd = 0,027 x 14 x 55 = 20,79 kN

\J2 =l c n 2 bd = 0,075 X 14 x 55 = 57,75 kN

A máxima força cortante atuante é de 4 0 kN, que é admissível, devendo as regiões


próximas aos apoios ser armadas para o combate ao cisalhamento. A região central da viga, cerca
de 2,50 m, não precisa de armaduras de cisalhamento, já que nesse trecho as forças cortantes
são inferiores a V,. Observe-se que essa possibilidade em uma viga de alvenaria armada é bastante
diferente de uma viga de concreto armado, em que exige a presença de armaduras mínimas de
cisalhamento mesmo e m regiões pouco solicitadas por força cortante.

A armadura de cisalhamento, supondo-se estribos verticais, correspondente a V = 40 kN


p o d e ser c a l c u l a d a c o m a e q u a ç ã o (6.41). Deve ser o b s e r v a d o e s p a ç a m e n t o m á x i m o de
d/2 = 27,5 cm. Supondo-se que o bloco tenha dimensões e m planta 14 c m °° 39 cm, pode-se
adotar o espaçamento s = 20 cm. Assim:
40x20
A = 0,88 cm2 por furo
f, d 16,5x55

Se for utilizado estribo de dois ramos pode-se adotar 4» 8,0 m m a cada 20 cm. Opcionalmente,

c o m estribo de 1 ramo, 0 =12,5 m m a cada 20 cm. As ilustrações encontram-se na figura 7.8.

n
Região sem estribos
N1 o 8,0 (2 ramos)

N2 (J> 12.5 (1 ramo)

4
N1 c / 2 0 ou N2 c / 2 0

Figura 7.8 - Opções de armação.


8
E x e m p l o de Edifício d e P o r t e Médio o
Ü)
•O
8.1 C A R A C T E R Í S T I C A S DO EDIFÍCIO rr
C

O
A título de ilustração são aqui desenvolvidos a análise estrutural e o dimensionamento
de u m edifício de porte médio de alvenaria estrutural. O edifício possui oito pavimentos tipo, sendo
o primeiro apoiado diretamente sobre o solo e os demais em lajes de concreto armado, que, por
sua vez, se apoiam e m paredes de alvenaria estrutural de blocos de concreto. O edifício possui
ainda um pavimento de cobertura/casa de máquinas e u m ático, que engloba a mesa de motores
para o elevador e a caixa d'água da edificação. Para efeito d o vento, admite-se a velocidade básica
de 38 m/s, terreno de rugosidade categoria IV e vento de baixa turbulência. A alvenaria será não-
armada, de acordo c o m a definição adotada pela NBR 10837 - Cálculo de Alvenaria Estrutural de
Blocos Vazados de Concreto 1 .

O esquema vertical do edifício é mostrado na figura 8.1, e m conjunto com as plantas


baixas dos pavimentos superiores. Observe-se que os pés-direitos nos pavimentos tipo são de
2,80 m de piso a piso. Admitindo-se lajes maciças de concreto de 8 c m de espessura, obtém-se
paredes de 2,72 m de altura. Neste caso, serão então utilizados o bloco jota e o bloco compensador
para ajuste da modulação vertical, conforme discutido no capítulo 2. Todas as lajes possuem 8 c m
de espessura, exceto as de fundo dos reservatórios e a da mesa de motores, que têm 10 cm.

Esquema vertical Casa de máquinas Caixa d'água


27.20 284 284
C. d'água ^25.60 8
M. motores 24.00 S
Cob./c. máq. 22A0[— a 14 181 14 \ 6 ' / 14
o
19.60 Mesa
7- pav. motores Caixa
»
16.80 §
C\J d'água
l_J
£ pav.
164

S
OJ
14.00 C. máquinas
S pav.
14

11.20 S
CM
4 ! pav.
S
CM CM
8.40 Caixa
3' pav. 14 14:121 14
8 d'água
5.60 §
CM
2- pav. 14 256 14
8
CM
2.80 V
1 ! pav. E3
O
C
OO
J
89 106 89

Figura 8.1 - Esquema vertical e arranjo arquitetônico do ático.

A planta baixa do pavimento tipo é apresentada na figura 8.2. C o m base nas dimensões
apresentadas, pode-se perceber o módulo horizontal de 15 cm. Admite-se no presente exemplo
que todas as paredes sejam estruturais.

1 Associação Brasileira de Normas Técnicas (1989).


704

88888
I
2 14 151 14 226 14 271 14
5 õj O 2 ój ÕJ 45Í91 1 st 14 150 t' 76
r
!
J

NNSSJ 286 14 91 14

«- |l|
|;| N lu
n [t11UÍIII
1

14 391 14 271 14

255 91 45

Hall

lu o

14 178 196 121 14

Sala
Dormitório

o
ti!
Cozinha

Dormitório

Banho

E4 E3

44 106 134 106 314

Figura 8.2 - Arranjo arquitetônico do pavimento tipo.

8.2 C A R G A S VERTICAIS

Para a determinação dos carregamentos aqui apresentados, foram admitidos o peso


específico da parede revestida e m 15 kN/m 3 e o peso específico do concreto 25 kN/m 3 .

Para as lajes do pavimento tipo, indicadas na figura 8.3, os carregamentos e as suas


características geométricas são apresentadas na tabela 8.1. Por simplicidade admite-se que o carregamento
nas lajes de cobertura seja, no total após composição, igual às do pavimento tipo. As escadas foram
admitidas com carga total de 3,5 kN/m 2 , com os degraus apoiados e m suas extremidades. A figura 8.3
apresenta, também, as reações nos apoios das lajes, incluindo as reações devidas à escada.

Figura 8.3 - Lajes do pavimento tipo e reações (kN/m).

Tabela 8.1 - Carregamentos e características geométricas do pavimento tipo.

Características geométricas Cargas (kN/m1)


Lajes
Lx (cm) Ly (cm) Espessura (cm) Sobrecarga Revest. Peso próprio Alv. não-estrutural Carga total
L1 = L6 150,0 165,0 8,0 1,5 1.0 2,0 0.0 4,5
L2 = L5 225,0 300,0 8,0 1.5 1.0 2,0 0.0 4,5
L3 = L4 285,0 405,0 8,0 1,5 1.0 2,0 0.0 4.5
L7 = L8 150,0 240,0 8,0 1.5 1.0 2,0 0.0 4,5
L9 270,0 178,0 8,0 1.5 1.0 2,0 0.0 4,5
L10 = L11 225,0 105,0 8,0 1.5 1.0 2,0 0,0 4,5
L12 = L15 330,0 285,0 8,0 1.5 1.0 2,0 0.0 4,5
L13 = L14 330,0 285,0 8,0 1.5 1.0 2,0 0.0 4,5
L16 270,0 128,0 8,0 1.5 1.0 2,0 0.0 4,5

Quanto às cargas devidas à mesa de motores e ao reservatório superior, a figura 8.4 apresenta,

em resumo, as cargas lineares aplicadas ao nível da laje de cobertura, incluindo-se o peso próprio das

paredes. Para a obtenção desses valores, adotaram-se os carregamentos indicados na tabela 8.2.

Tabela 8.2 - Carregamentos e características geométricas do ático.

Características geométricas Cargas (kN/m2)


Lajes
Lx(cm) Ly (cm) Espessura Sobrecarga Revest. Peso próprio Alv. não- Carga total
(cm) estrutural
Mesa de motores 195,0 188,0 10,0 5.5 1,0 2.5 0.0 10,0
Tampada caixa 270,0 690,0 8,0 0,5 1,0 2.0 0,0 3,5
Fundo da caixa 270,0 690,0 10,0 14,0 1.0 2,5 0,5 18,0
29.49 24.59

Figura 8.4 - Carregamento total devido ao ático (kN/m).

8.3 D I S T R I B U I Ç Ã O DAS C A R G A S V E R T I C A I S

Para a distribuição das cargas verticais foi adotado o procedimento dos grupos isolados de
paredes. Na presente análise apenas os trechos compreendidos entre o térreo e a cobertura serão
considerados. A nomenclatura adotada para as paredes e os grupos considerados é apresentada na
figura 8.5. Observe-se que é evitada a numeração de grupos simétricos. A delimitação de grupos foi
feita considerando-se a separação por aberturas. A tabela 8.3 apresenta as características geométricas
de cada grupo, b e m como as paredes que o constituem.

Dentro do conceito de grupos isolados de paredes interessa determinar a resultante de


cargas verticais presente e m cada grupo, em cada nível da edificação. Essa carga é distribuída de
maneira uniforme pela área total e m planta do grupo de paredes. A determinação é feita de forma
cumulativa do tipo para a base de cada um dos grupos. C o m os resumos de carregamentos aplicados
pelo pavimento tipo/cobertura (figura 8.2) e pelo ático (figura 8.3) é possível determinar essas
resultantes, t o que se mostra nas últimas duas colunas da tabela 0.3. O s valores apresentados
nessa tabela incluem o peso próprio das paredes. Cabe lembrar que as cargas verticais sobre
aberturas (reação de lajes e peso próprio de alvenaria) são repartidas igualmente entre os dois
grupos adjacentes a essas aberturas.

Com base nos resultados apresentados na tabela 8.3, podem-se acumular as cargas verticais
em cada grupo, encontrando-se os valores junto à base de cada parede e m cada um dos oito níveis
escolhidos para a análise. É o que se apresenta na tabela 8.4, que resume a distribuição de ações
verticais no edifício. Com os valores das resultantes em cada nível, podem-se obter as tensões normais
e m cada grupo, bastando dividir essas resultantes pela área total da seção transversal do grupo. É

o que será feito na fase de dimensionamento da estrutura.

Figura 8.5 - Grupos de paredes estruturais.

Tabela 8.3 - Grupos de paredes e resultantes verticais.

Carga Carga vertical


Grupo Paredes do grupo Comprimento (m) Área (m*) vertical ático tipo/cobertura
(kN) (kN)
1 PX1.PY3, PY5 2,910 0,407 0,00 33,73
2 PX7, PX9, PY2, PY4 5,750 0,805 0,00 69,47
3 PX13, PX19, PY1 6,960 0,974 0,00 80,63
4 PX2, PX10, PY7 4,560 0,638 0,00 66,90
5 PX14, PX20, PY6 4,030 0,564 0,00 65,63
6 PX3, PY9, PY11 7,270 1,018 203,74 70,94
7 PX15, PX21, PY8 8,080 1,131 191.80 107,54
8 PY10 1,960 0,274 0,00 20,49
9 PX4, PY13 3,440 0,482 214,82 49,06

Tabela 8.4 - Cargas verticais acumuladas em cada grupo.

Cobertura 72 Pav. (kN)


Grupo 62 Pav. (kN) 5a Pav. (kN) 42 Pav. (kN) 32 Pav. (kN) 22 Pav. (kN) 12 Pav. (kN)
(kN)
1 33.73 67.45 101,18 134.91 168.63 202.36 236,09 269.82
2 69.47 138.95 208,42 277.90 347,37 416.84 486.32 555,80
3 80.63 161.27 241,90 322.53 403,17 483.80 564,44 645,08
4 66,90 133.80 200,70 267.59 334.49 401,39 468.29 535,19
5 65,63 131,25 196.88 262.51 328,13 393,76 459.39 525,02
6 274.68 345.61 416.55 487.49 558,43 629,36 700.30 771,24
7 299,35 406.89 514,43 621.97 729,52 837.06 944.60 1052.14
8 20.49 40.97 61.46 81.94 102,43 122.92 143,40 163,89
9 263.88 312.94 362,00 411.06 460,12 509.18 558,24 607,30
8.4 AÇÕES HORIZONTAIS

8 . 4 . 1 AÇÕES DEVIDAS AO VENTO

Com base nos dados fornecidos é possível determinar os coeficientes de arrasto para o
edifício em análise. Os valores determinados são iguais a 0,95 e 1,36 para as direções X e Y de
atuação do vento, respectivamente. Para completar os cálculos das forças atuantes am cada andar
é necessário determinar o valor do coeficiente S 2 em cada nível, o que depende adicionalmente da
classe da edificação que no presente caso é a B, pois a maior dimensão frontal do edifício está
entre 20 e 50 m, tem-se a classe B. Assim é possível montar a tabela 8.5 que contém as forças
horizontais devidas ao vento em cada pavimento nas direções X e Y. A avaliação é feita em cada
pavimento, considerando-se área frontal que engloba meio pé-direito abaixo e meio acima do
pavimento. Observe-se que no caso do 8* nível, a altura considerada acima do pavimento é de todo
o ático da edificação, ou seja, 4,80 m e que para a direção Y o retângulo acima do nível considerado
possui largura de 2,84 m, e não os 16,04 m ao longo dos demais pavimentos.

Tabela 8.5 - Forças horizontais devidas ao vento.

Cota Pressão F„ F,
Nível
(m)
s2 (10 a kN/m*) (kN) (kN)
1 2,80 0,71 45,55 8.53 27,82
2 5,60 0,78 54,17 10,14 33,09
3 8,40 0,82 59,95 11,23 36,62
4 11,20 0,85 64,42 12,06 39,35
5 14,00 0,87 68,12 12,76 41.61
6 16,80 0,89 71,30 13,35 43.55
7 19,60 0,91 74,10 13,88 45.26
8 22,40 0,92 76,61 32,51 38.03

8 . 4 . 2 AÇÕES CORRESPONDENTES AO DESAPRUMO

Para determinação das forças horizontais correspondentes ao desaprumo, com base na expressão
(4.1) foi utilizada a altura do modelo de 22,40 m. Assim tp = 1/100 x (22,40)"*, ou 9 = 2,113 x io 3 rad.
Para os níveis de 1 a 7, deve-se utilizar o peso de cada pavimento acima desse nível, ou
seja, P = 988 kN, que é o peso total de cada pavimento tipo (vide tabela 8.3). Assim se chega a
uma força equivalente ao desaprumo F d = P x (p= 2,09 kN para as direções X e Y.
Para o nível superior, deve-se utilizar o peso total acima desse nível, ou seja, P = 638 kN (vide
tabela 8.3). A força horizontal equivalente ao desaprumo é, neste caso, igual a F d = P x <p = 1,35 kN.
Compondo-se os valores devidos à ação do vento com os relativos ao desaprumo, chega-se ao
carregamento horizontal total em cada uma das direções de atuação do vento escolhidas neste exemplo.
8.5 DISTRIBUIÇÃO DAS A Ç Õ E S HORIZONTAIS

A atuação do vento nas direções X e V é aqui considerada sem excentricidades. Para a


distribuição das ações horizontais foi escolhido o procedimento das paredes isoladas, admitindo-
se como representativa a associação plana dos painéis de contraventamento. Na verdade, a análise
realizada com a associação tridimensional leva a rotações desprezíveis dos pavimentos para ambas
as direções estudadas.

Para a aplicação do procedimento escolhido é necessário determinar, e m cada uma das


direções, o momento de inércia de flexão de cada uma das paredes, relativo ao eixo baricêntrico
ortogonal à direção de atuação do vento. Cabe lembrar que a avaliação do momento de inércia
deve ser feita compondo-se a seção transversal de cada parede c o m as abas correspondentes às
paredes ortogonais adjacentes. Lembre-se que a largura da aba (ou mesa) não deve ser maior
que seis vezes a espessura da alma e que o comprimento de parede disponível. A título de ilustração,
observe-se a figura 8.6 que apresenta a parede PY1 e m detalhe, c o m as dimensões reais do
grupo de paredes a que ela pertence e as dimensões da seção composta, observando-se o limite
de comprimento da mesa colaborante.

217

PX13

PX19

172 84

(A) Grupo da parede PY1 (cm) (B) Seção transversal composta (cm)

Figura 8 . 6 - Parede PY1.

Na distribuição das ações horizontais na direção Y, deve-se avaliar o momento de inércia

de todas as paredes orientadas segundo o eixo Y com relação ao seu eixo baricêntrico paralelo a

X. Assim, no caso da parede PY1, interessa o momento de inércia de flexão relativo ao eixo X

indicado na figura 8.6 (B), cujo valor é 0,817m 4 . Observe-se que as distâncias máximas ao eixo de

flexão, indicadas na m e s m a figura (1,496 m e 1,574 m), são necessárias para a determinação dos
módulos de resistência à flexão da seção transversal, que é feita dividindo-se o momento de inércia
por essas distâncias. Esses módulos são utilizados para a determinação das máximas tensões
normais produzidas pelo momento fletor atuante na seção transversal.

A distribuição das ações horizontais é feita de maneira proporcional à rigidez de cada


painel relativa ao conjunto completo de painéis que constitui a associação, conforme se mostrou
no item 4.4.1. Assim, para que se possa determinar a solicitação e m cada painel, é necessário
seguir o seguinte roteiro:

a) calcular, e m níveis previamente escolhidos, os esforços solicitantes globais atuantes


na edificação nas direções de atuação do vento;

b) calcular a rigidez relativa de cada painel nas referidas direções;


c) multiplicar o esforço solicitante global desejado (momento fletor ou esforço cortante)

pela rigidez relativa do painel.

A tabela 8.6 apresenta os esforços cortantes e momentos fletores correspondentes às


forças horizontais nas direções X e Y. As forças indicadas constituem a s o m a das ações devidas
ao vento c o m as relativas ao desaprumo. As seções escolhidas para a determinação dos esforços
solicitantes são as da base das paredes e m cada pé-direito. Assim, por exemplo, os esforços no
nível 8 são os que ocorrem logo acima do 7 2 pavimento.

Tabela 8.6 - Esforços solicitantes globais.

Direção X Direção Y
Nível
Força Cortante Momento Força Cortante Momento
(kN) (kN) (kN x m) (kN) (kN) (kN x m)
8 33,86 33,86 94,81 39,38 39,38 110,25
7 15,97 49,83 234,33 47,35 86,72 353,07
6 15,44 65,27 417,07 45,64 132,36 723,69
5 14,85 80,11 641,39 43,70 176,06 1216,65
4 14,15 94,26 905,32 41,44 217,50 1825,64
3 13,32 107,58 1206,55 38,71 256,21 2543,02
2 12,23 119,01 1542,01 35,10 291,30 3350,09
1 10,62 130,43 1907,20 29,91 321,29 4258,50

As tabelas 8.7 e 8.8 apresentam para as direções X e Y, respectivamente, o momento de


inércia de flexão de cada parede e o índice de rigidez relativa, fundamental para a distribuição das
ações. Observe-se que nas tabelas é evitada a repetição de paredes correspondentes, sendo
indicado apenas o número de vezes e m que cada uma se repete na associação.

A partir dos valores apresentados 8 . 6 , 8 . 7 e 8.8, podem-se calcular os esforços solicitantes


ao longo de qualquer uma das paredes da edificação, produzidos pelas ações horizontais, bastando
multiplicar os esforços globais pela rigidez relativa dessa parede. A tabela 8.9 ilustra os esforços
solicitantes nas paredes PX1, PX4, PY1, PY8 e PY13.

Tabela 8.7 - Rigidez das paredes PX.

I n n*l
Parede PX R = 7a
(m4) (m1)
1 0.165800 2 0.331600 0.054363
2 0.029700 2 0,059400 0.009738
3 0.496200 1 0,496200 0.162695
4 0.016200 1 0.016200 0.005312
7 0.206300 2 0,412600 0.067642
9 0.040300 2 0.080600 0.013214
10 0.000420 2 0.000839 0.000138
13 0.236600 2 0,473200 0.077577
14 0.000994 2 0,001988 0.000326
15 0.257000 2 0.514000 0.084266
19 0.117800 2 0.235600 0.038624
20 0.004728 2 0.009456 0.001550
21 0.209100 2 0,418200 0,068560
1= 3.049883

Tabela 8.8 - Rigidez das paredes PY.

I n'l
Parede PY n R = '/„
(m4) <m4)
1 0.817000 2 1,634000 0.100313
2 0.042710 2 0,085420 0.005244
3 0.001822 2 0,003644 0.000224
4 0.174100 2 0.348200 0.021376
5 0.005201 2 0,010402 0.000639
6 0.599200 2 1,198400 0.073571
7 0.719700 2 1,439400 0.088366
8 1.187000 2 2,374000 0.145742
9 0,454000 1 0,454000 0.055743
10 0,087840 1 0,087840 0.010785
11 0.149300 1 0,149300 0.018331
13 0.359900 1 0.359900 0.044189
1= 8.144506

Tabela 8.9 - Esforço cortante (V) e momento fletor (M) nas paredes PX1, PX4, PY1, PY8 e PY13.

PX1 PX4 PY1 PY8 PY13


Nível V M V M V M V M V M
(kN) (kN x m) (kN) (kN x m) (kN) (kN x m) (kN) (kN x m) (kN) (kN x m)
8 1,84 5,15 0.18 0.5 3,95 11,06 5,74 16.07 1,74 4,87
7 2,71 12,74 0.26 1,24 8,7 35,42 12,64 51,46 3,83 15,6
6 3,55 22,67 0.35 2,22 13,28 72,6 19,29 105,47 5,85 31,98
5 4,35 34,87 0,43 3,41 17,66 122,05 25,66 177,32 7,78 53,76
4 5,12 49,22 0.5 4,81 21,82 183,14 31.7 266,07 9,61 80,67
3 5,85 65,59 0.57 6,41 25,7 255,1 37,34 370,63 11,32 112,37
2 6,51 83,83 0.64 8,19 29,23 336,94 42,47 489,53 12.88 148.43
1 7,09 103,68 0.69 10,13 32,23 427,18 46,83 620,64 14,20 188,18
8.6 D I M E N S I O N A M E N T O DAS PAREDES

O dimensionamento das paredes é feito mediante a análise da composição das tensões devidas
aos carregamentos vertical e horizontal em todas as suas seções transversais. No presente texto serão
verificadas as seções junto à base de cada parede, as mesmas nas quais foram determinados os esforços
solicitantes, entre o pavimento térreo e o de cobertura. Para completar a análise, é preciso estabelecer
mais alguns parâmetros de projeto. Adota-se argamassa de resistência característica 5 MPa, o que leva
a uma tensão admissível de tração na alvenaria na direção normal à fiada igual a 0,10 MPa (vide tabela
5.6 para alvenaria não-armada). Nessas condições tem-se a máxima tensão admissível ao cisalhamento
igual a 0,15 MPa. Quando necessário, será admitida a eficiência prisma/bloco igual a 0,8 MPa.

Sendo o cálculo repetitivo, escolhem-se apenas duas paredes para ilustração dos
procedimentos de dimensionamento: PY1 e PY13. Cabe ressaltar que a parede PY13 é a mais solicitada
da edificação, ou seja, aquela que no conjunto das cargas verticais e ações horizontais acaba
apresentando a maior resistência de prisma necessária. Todas as paredes do edifício atendem à
espessura mínima de 14 cm e de esbeltez máxima 20. Quanto à esbeltez, tem-se X = 272/14 = 19,43.
A tabela 8.10 agrupa os resultados correspondentes à parede PY1. Para o carregamento
vertical deve-se apenas observar que PY1 pertence ao grupo G3. Para a determinação das tensões normais,
basta dividir os valores das cargas verticais acumuladas em cada grupo (tabela 8.4) pela sua área total
em planta (tabela 8.3). Para o carregamento horizontal deve-se inicialmente calcular as tensões de
cisalhamento, dividindo-se as forças cortantes na parede (tabela 8.9) pela área de sua alma, que é igual
a 0,430 m2. Observe-se que nenhuma tensão de cisalhamento supera o valor admissível de 0,15 MPa.

Ainda com o carregamento horizontal deve-se determinar as tensões normais nas fibras
extremas da seção transversal da seção da parede composta. Essas tensões são determinadas
dividindo-se os momentos fletores atuantes (tabela 8.9) pelos módulos de rigidez de flexão em torno
do eixo x. Com base nos resultados apresentados no item 8.5 (vide figura 8.6 e parágrafo que a
segue), podem-se calcular esses módulos que se igualam a W, = 0,817/1,496 = 0,546 m 3 e W2
= 0,817/1,574 = 0,519 m 3 . Deve-se verificar se ocorre tração na parede. Se ocorrer e for superior a
0,10 MPa, há a necessidade de providenciar armaduras para absorção da resultante de tração.
A verificação da tração é feita com a expressão 6.42 (f aM - 0,75 falvc -~falvt). Para PY1 existe
a necessidade de se armar os cantos da parede para absorver a tração nos seus três primeiros
níveis. O cálculo dessa armadura é ilustrado a seguir para o primeiro nível da parede, utilizando-se o
procedimento simplificado mostrado no item 6.5.3.
A figura 8.7 apresenta a seção transversal da parede PY1, incluindo as mesas colaborantes
e os diagramas de tensão normal, compondo-se 75% das produzidas pelo carregamento vertical e
100% das relativas às ações horizontais. Cabe notar que duas composições são feitas devido à
reversibilidade das ações horizontais. A primeira delas em que a tração ocorre na porção superior
da seção e a segunda na porção inferior.
0.50 0.82 0.32

0.50 0.78 1.28

0.84
(m)
0.50 0.82 1.32

0,50 0.78 0.29

Figura 8.7 - Composição de tensões normais na base da parede PY1.

A integração das tensões de tração nos dois casos leva aos valores das resultantes
T 1 = 38,17 kN e T 2 = 45,27 kN. Note que essa integração deve ser feita ao longo de toda a região
tracionada, envolvendo alma e abas. As armaduras necessárias para combate à tração podem ser
calculadas dividindo-se as resultantes pela tensão admissível do aço. Admitindo-se aço CA50, o
valor admissível é de 165 MPa, o que leva às áreas de aço de 2,37 cm 2 e 2,70 cm ? , nas porções
superior e inferior, respectivamente. Ao dispor as barras de armadura deve-se tomar o cuidado de
que a montagem não leve o centro de gravidade da armadura a ficar mais próximo da linha neutra
do q u e a resultante de tração correspondente, sob pena de reduzir a sua eficiência devido à
diminuição do braço de alavanca.

Quanto à definição do prisma, é necessário verificar as tensões normais, conforme


apresentado no item 6.5.1:

Jíü£-<1,00 e + 1,33

A primeira verificação se faz apenas com as tensões normais produzidas pelo carregamento
vertical e a segunda, compondo-se essas tensões com as máximas tensões normais causadas pelo
carregamento horizontal. No presente caso há as seguintes tensões admissíveis para a alvenaria

não-armada (vide tabela 5.6):

\VjC = 0,20 x fp [1 - (X/40)3]

U = 0.30xf p
Levando esses valores admissíveis e as tensões atuantes nas duas expressões de
verificação, chega-se às mínimas resistências de prisma que se deve ter e m cada caso. Essas
resistências são apresentadas na tabela 8.10 como f p l e f p 2 , respectivamente. Dividindo-se o maior
dentre os dois citados valores pela eficiência do prisma, chega-se à mínima resistência de bloco
necessária, que é apresentada na última coluna da tabela 8.10.

Tabela 8.10 - Resultados para a parede PY1.

Cargas Ações
verticais horizontais Tração Prismas
Bloco
Nível
N/A, V/A M/W, M/W2 M/W, - 0,75 x N/A <PI F A
P
(MPa)
(MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa)
8 0,08 0,01 0,02 0,02 0,47 0,40 0,58
7 0,17 0,02 0,07 0,06 - 0,94 0,87 1.17
6 0,25 0,03 0,14 0,13 • 1,40 1,40 1,75
5 0,33 0,04 0,24 0,22 - 1,87 1,99 2,49
4 0,41 0,05 0,35 0,34 0,04 2,34 2,64 3,29
3 0,50 0,06 0,49 0,47 0,12 2,81 3,33 4,17
2 0,58 0,07 0,65 0,62 0,21 3,27 4,08 5,10
1 0,66 0,07 0,82 0,78 0,32 3,74 4.86 6,08

A escolha da resistência de bloco e m cada pavimento é feita analisando-se a condição


de todas as paredes, admitindo-se a possibilidade de grauteamento de algumas delas, para evitar
penalizar todas por causa da mais solicitada. No presente exemplo a parede PY1 é representativa
do que ocorre c o m grande parte das paredes da edificação. Neste caso, uma possível definição de
resistência de blocos seria a apresentada na tabela 8.11. Observe-se que foi seguida a regra
prática de 1 MPa por pavimento, o que levou a 8 MPa de resistência máxima de bloco.

Tabela 8.11 - Resistência de blocos.

Pavimento Bloco (MPa)


1-2 8,0
3-4-5 6,0
Demais 4,5

Há paredes e m que seria necessário o grauteamento, já que a resistência do prisma


sem grauteamento não atenderia à verificação das tensões normais. É o que ocorre c o m PY13,
cujos resultados na análise são apresentados, de modo análogo ao de PY1, na tabela 8.12.
Tabela 8.12 - Resultados para a parede PY13.

Cargas Ações
horizontais Tração Prismas
verticais Bloco
Nível
N/A, V/A M/W, M/W2 M/W, -0,75 x N/A f pi fp2 (MPa)
(MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa)
8 0,55 0,00 0,02 0,01 - 3,09 2,37 3,86
7 0,65 0,01 0,07 0,04 - 3,67 2,93 4,58
6 0,75 0,02 0,14 0,09 - 4,24 3,54 5,30
5 0,85 0,02 0,24 0,15 - 4,82 4,22 6,02
4 0,95 0,03 0,36 0,22 - 5,39 4,95 6,74
3 1,06 0,03 0,51 0,31 - 5,97 5,74 7,46
2 1,16 0,04 0,67 0,41 - 6,54 6,58 8,22
1 1,26 0,04 0,85 0,52 - 7,12 7,46 9,32

Neste caso, a parede PY13 está muito solicitada devido às cargas provenientes do ático. Cabe
notar que as tensões normais devidas às ações horizontais são comparáveis às da parede PY1, enquanto
que as produzidas pelas cargas verticais são praticamente o dobro nos pavimentos inferiores. Neste caso
não chega a ocorrer tração em nenhum pavimento. As tensões de cisalhamento são todas admissíveis.
A especificação do grauteamento é um procedimento relativamente simples de ser realizado,
pois basta verificar qual o acréscimo de área necessário em cada caso. Como exemplo, observe-se o que
ocorre na base da PY13, em que a razão entre a resistência de bloco necessária (9,32 MPa) e a
existente (8,0 MPa) define o acréscimo necessário, no caso 17%. Obviamente, esse procedimento é
válido supondo-se que o valor da eficiência se mantém no bloco grauteado, o que usualmente é uma
consideração a favor da segurança. Lembrando-se que a resistência se refere à área bruta, que é cerca
do dobro da área líquida, e que não será utilizado graute de resistência inferior à do bloco, pode-se montar
a tabela 8.13, com o valor do acréscimo da área líquida em função do grauteamento adotado.

Tabela 8.13 - Grauteamento.

Furos
grauteados Razão de área líquida Acréscimo de área

Todos 2/1 100%


1 a cada 2 3/2 50%
1 a cada 3 4/3 33%
1 a cada 4 5/4 25%
1 a cada 5 6/5 20%

Assim, no seu primeiro nível, a parede PY13 deveria ser grauteada, podendo-se adotar
um furo grauteado a cada cinco, ou seja, a cada dois blocos e meio. Um ponto a se considerar é a
preferência pela uniformidade do grauteamento em uma parede, quando as tensões que determinam
o grauteamento são produzidas pelo carregamento vertical. Eventualmente essa uniformidade pode
ser desobedecida em função da necessidade de compatibilidade do projeto estrutural com os
demais, como, por exemplo, o de instalações hidro-sanitárias ou elétricas.
Outro ponto importante a ser destacado refere-se à presença de armaduras, quando
seus posicionamentos e m pavimentos sucessivos são usualmente compatibilizados, de forma a
permitir a passagem da armadura através da laje.

8.7 D I M E N S I O N A M E N T O DAS V E R G A S

De todas as vergas do p a v i m e n t o tipo d o edifício, as mais solicitadas são as dos


dormitórios. O s dados relevantes para o seu dimensionamento estão indicados na tabela 8.14.
Como é desejável que as vergas sejam armadas igualmente e m todos os níveis, o dimensionamento
aqui exemplificado é feito para a menor resistência de prisma, ou seja, 3,6 MPa, que corresponde
à menor resistência de bloco (4,5 MPa) multiplicada pela eficiência de 80%.

Tabela 8.14 - Verga mais solicitada no pavimento tipo.

Comprimento Altura Largura Laje Peso próprio Carga total Momento fletor Força cortante
(m) (m) (m) (kN/m) (kN/m) (kN/m) (kN x m) (kN)

1.21 0,51 0,14 3,64 1,54 5,18 0,948 3,13

Inicialmente verifica-se a eventual necessidade de armadura transversal. Adotando-se a


altura útil d = 47 cm, determina-se a máxima tensão de cisalhamento, dividindo-se o esforço cortante
máximo pela altura útil (b °° d). O valor encontrado é de 0,048 MPa. Para a dispensa de armaduras
transversais (vide tabela 5.7), não se deve ultrapassar o limite de 0,09 (fp)1/2 = 0,17 MPa (< 3,5 MPa).
É o que ocorre, não sendo necessária a disposição de estribos na verga e bastando a existência da
armadura longitudinal da flexão.

Para a determinação dessa a r m a d u r a de flexão, pode-se seguir o e q u a c i o n a m e n t o


apresentado no item 6.3.3. Utilizando a mesma nomenclatura já adotada, tem-se como parâmetros
básicos para o dimensionamento:
faV1 = 0,33 f p = 1,188 MPa
E ^ = 800 fp = 2880 MPa
\ x = 165 MPa (aço CA50A)
E, = 210.000 MPa
n = E J E ^ = 72,92
^ = 1 / ^ = 138,89
k * = (n + m t ) = 0,344
^ = 1-^/3=0,885
d, = 19,34 cm (< d)

Como a altura útil disponível é superior à necessária ao dimensionamento balanceado,

pode-se absorver o momento fletor com armadura simples em seção subarmada. O cálculo da

armadura pode ser feito c o m a planilha apresentada na tabela 8.15.


E x e m p l o d e Edifício d e P o r t e M é d i o

Tabela 8.15 - Seção subarmada (kN.cm).

I K K A. Np Kc k*
1 0,885 0,0685 0,135 0,0147 0,157 0,948
2 0,948 0,0640 0,126 0,0137 0,152 0,949
3 0,949 0,0639 0,126 0,0137 0,152 0,949

Nota-se a rápida convergência, e m que a armadura necessária iguala-se a 0,13 cm 2 , que


é bastante reduzida. Sob o ponto de vista executivo, costuma-se utilizar valor superior ao encontrado,
igualando-se a armadura de flexão das vergas à armadura de cintas que é apenas construtiva. Uma
solução bastante usual consiste na utilização de 1 o 10 mm, que corresponde a 0,8 cm 2 .

8 . 8 E S T A B I L I D A D E GLOBAL DA ESTRUTURA DE CONTRAVENTAMENTO

No caso do presente edifício, não há problemas quanto aos efeitos de segunda ordem que
ficam abaixo do limite de 10% dos de primeira ordem e m ambas direções escolhidas para a análise
das ações horizontais. A tabela 8.16 apresenta os deslocamentos horizontais dos pavimentos,
fundamentais para o cálculo dos momentos de segunda ordem produzidos pelas cargas verticais.

Tabela 8.16 - Translações dos pavimentos e efeitos de segunda ordem.

Direção X Direção Y
Nível Carga vertical
(kN) Translação AM Translação AM
(m) (kN x m) (m) (kN x m)
8 1625,36 0,01993 32,39 0,01550 25,20
7 988,29 0,01621 16,02 0,01271 12,56
6 988,29 0,01258 12,43 0,00996 9,84
5 988,29 0,00917 9,06 0,00734 7,25
4 988,29 0,00614 6,06 0,00496 4,90
3 988,29 0,00360 3,56 0,00294 2,90
2 988,29 0,00167 1,65 0,00138 1,36
1 988,29 0,00045 0,44 0,00037 0,37
1= 81,61 1 = 64,38

Tendo os acréscimos O m e m cada direção, b e m como o momento fletor global na base


e m cada direção, pode-se calcular o parâmetro y2 com a expressão 4.8. Assim:

yzx = 1/(1 - 81,61/1907,20) = 1,04 e = 1/(1 - 64,38/4258,50) = 1,02

Ressaltam-se, t a m b é m , as reduzidas razões flecha no topo/altura, que a s s u m e m os


seguintes valores para as direções X e Y, respectivamente: 1/1124 e 1/1445.
C o m base nestes resultados, percebe-se que a rigidez da estrutura de contraventamento
da edificação é adequada.
8.9 C O N C L U S Ã O

O presente capítulo apresentou um exemplo de edifício de porte médio, mostrando algumas


das etapas mais importantes do desenvolvimento do projeto estrutural. Foram apresentadas as
definições dos carregamentos verticais e horizontais. O carregamento vertical foi distribuído
utilizando-se o procedimento de grupos sem interação, devido à sua viabilidade prática e suficiente
precisão. As ações horizontais foram distribuídas utilizando-se o procedimento das paredes isoladas,
com a adoção de associações planas. Detalhes relativos à consideração das abas na composição
das seções dos painéis foram mostrados a título de ilustração. Os carregamentos foram combinados,
mostrando-se uma forma prática de obtenção das tensões normais e cisalhantes nas paredes.
Obtidas as tensões, foram apresentados exemplos de dimensionamento, incluindo a disposição de
armaduras de tração e a adoção de grauteamento como elemento de acréscimo de resistência à
compressão. Um exemplo de dimensionamento de verga foi inserido, comentando-se os aspectos
mais importantes do seu projeto. Por fim, foi estudada a estabilidade global da edificação mediante
o emprego do parâmetro yz. A adequação da rigidez da estrutura foi complementada com a análise
da relação entre a flecha no topo e a altura do edifício.
Tabelas de Flexão

anexos
TABELA I A - FLEXÃO SIMPLES E M - N B R I O 8 3 7

A' hi,:
(cm2 /k.\')
M
fc [Mpa] 2
(cm /kN)
Kx
7,0 9,5 12,0 14,5 17,0 19,5
0.034 3746.25 2760.39 2185.31 1808,53 1542.57 1344,81 0.0613
0.046 2090.31 1540,23 1219.35 1009.11 860.72 750.37 0.0615
0.057 1326.86 977,69 774.00 640.55 546.35 476.31 0.0618
0,069 913.78 673,31 533.04 441.13 376,26 328.02 0,0620
0.080 665.68 490.50 388.31 321.36 274.10 238.96 0.0623
0,092 505,29 372,32 294,75 243.93 208,06 181.39 0.0625
0,103 395,76 291,61 230,86 191.05 162,96 142.07 0.0628
0.115 317,72 234.11 185,34 153.38 130,83 114,05 0.0630
0,126 260.21 191.73 151.79 125.62 107.14 93.41 0.0633
0.138 216,64 159,63 126.37 104.59 89,21 77.77 0.0635
0.149 182.87 134,75 106.67 88.28 75,30 65.65 0.0638
o» 0,161 156.18 115,08 91.11 75.40 64,31 56.06 0.0640
TJ
eo 0.172 134.74 99.28 78.60 65.04 55,48 48.37 0.0643
0,184 117,25 86.40 68.40 56.61 48.28 42.09 0.0646
a
£1 0,195 102,82 75.77 59.98 49.64 42,34 36.91 0.0648
3
(0 0,207 90.78 66.89 52.96 43.83 37,38 32.59 0.0651
0,218 80.63 59.41 47.03 38.92 33,20 28.94 0.0654
0,230 72.00 53.05 42.00 34.76 29,65 25.85 0.0656
0,241 64.60 47.60 37,68 31.19 26,60 23.19 0.0659
0,252 58.21 42.89 33,96 28.10 23,97 20.90 0.0662
0,264 52.66 38.80 30,72 25.42 21,68 18.90 0.0665
0,275 47,81 35,23 27,89 23.08 19,69 17.16 0.0667
0,287 43.55 32,09 25,40 21.02 17,93 15.63 0.0670
0,298 39,78 29,31 23,21 19.21 16,38 14.28 0.0673
0,310 36.44 26,85 21,26 17.59 15,01 13.08 0.0676
0,321 33.47 24.66 19,52 16.16 13.78 12.01 0.0679
0,333 30.80 22.70 17.97 14.87 12,68 11,06 0.0682
Bal 0,344 28,41 20,93 16,57 13,71 11,70 10,20 0,0685
0,356 27.61 20,35 16.11 13.33 11.37 9.91 0.0723
0,367 26.87 19.80 15.67 12.97 11.06 9.64 0.0763
0.379 26.17 19.28 15,26 12.63 10,77 9.39 0.0805
0.390 25.51 18.80 14,88 12.31 10,50 9.16 0.0849
0.402 24,89 18.34 14,52 12.02 10,25 8.93 0.0895
0,413 24.30 17.91 14,18 11,73 10,01 8.72 0.0942
0,425 23.75 17.50 13,86 11,47 9,78 8.53 0.0992
0,436 23.23 17,12 13,55 11.22 9,57 8.34 0.1044
0.448 22.74 16.75 13,26 10.98 9,36 8.16 0.1099
0,459 22,27 16.41 12,99 10.75 9.17 7.99 0.1156
ro
"D 0.470 21.82 16.08 12,73 10.54 8,99 7.83 0.1217
0,482 21.40 15.77 12.48 10.33 8.81 7.68 0.1280
0,493 21.00 15.47 12,25 10.14 8,65 7.54 0.1346
Oi 0,505 20.62 15.19 12,03 9.95 8.49 7.40 0.1416
a
3 0,516 20.25 14.92 11.81 9.78 8.34 7.27 0.1489
to
0,528 19.90 14.67 11.61 9.61 8.20 7.15 0.1566
0,539 19.57 14.42 11.42 9.45 8.06 7.03 0.1648
0,551 19,25 14.19 11.23 9.29 7.93 6.91 0.1734
0,562 18.95 13.96 11.05 9.15 7.80 6.80 0.1825
0,574 18.66 13.75 10.88 9.01 7.68 6.70 0.1922
0,585 18.38 13.54 10,72 8.87 7,57 6.60 0.2024
0,597 18,11 13.35 10,57 8,74 7,46 6,50 0.2132
0,608 17.86 13.16 10.42 8.62 7,35 6.41 0.2248
0,620 17.61 12,98 10,27 8.50 7.25 6.32 0.2371
0,631 17.37 12,80 10.13 8.39 7.15 6.24 0,2502

O b s . : 1) falv.f = 0 . 3 3 f p 2) fs.t = 1 6 . 5 M p a 3 ) Ealv = 8 0 0 í p 4) Es = 210000 Mpa 147


TABELA I B - FLEXÃO SIMPLES EM SEÇÃO RETANGULAR

Armadura Dupla

- M - -M; -AM-

bxd'á
M. = L\M=M- M.
jA-Jm

/ML AM AM
As' = kl*
A* = M d-d•
d-d'

e /cs'= - y r para o dimensionamento balanceado


W
d'/d K K

0.05 0,061 0.1351


0,10 0.061 0.1627
0.15 0.061 0.2046
0.20 0.061 0.2755
0.25 0.061 0.4216
0,30 0,061 0.8979

Utiliza o m é t o d o d a s t e n s õ e s a d m i s s í v e i s , c o m fo>/ = 0,33 fp. f = 165 MPa e EaV = 800 f p

Unidades: kN e c m
T A B E L A I I A - ANÁLISE DE ELEMENTOS FLETIDOS - MÉTODO DAS TENSÕES ADMISSÍVEIS

fp = 12,5 MPa; f i = 165 MPa; n = 21.00

M1 — - DADOS DO PROJETO

\ f = 1 2 , 5 MPa = 1.25 kN/cm1"


p
jd faV = 0 , 3 3 f p = 4 , 1 2 5 MPa f, = 1 6 5 . 0 MPa

j £ z 1 EAV = 8 0 0 fp = 1 0 0 0 0 M P a = 210000 MPa

l< d X N 1 EQUAÇÕES DO PROJETO


c .<

.1 (V
9 .1 .1
k 1 h - 1 - A .
' 1

-'KLI _ K M
d 1 " bxd ~ f xk s f xk.xd

f-v f. K P np kx k4 2 / (Kx x KJ

0.033 16.5 0,001 0.00004 0,001 0,040 0,987 50,295

0.066 16.5 0,002 0,00015 0,003 0,077 0,974 26,494


0.099 16.5 0,005 0.00034 0,007 0,112 0.963 18,566
0.132 16.5 0,009 0.00058 0,012 0,144 0.952 14,605

0.165 16.5 0,013 0,00087 0,018 0,174 0,942 12,231

0.198 16.5 0,019 0.00121 0,025 0,201 0,933 10,651

0.231 16.5 0,024 0.00159 0,033 0,227 0.924 9.524

0.264 16.5 0,030 0.00201 0.042 0,251 0,916 8.680

0.297 16.5 0,037 0.00247 0,052 0,274 0,909 8.025

0.330 16.5 0,044 0.00296 0,062 0,296 0.901 7.501

0.363 16.5 0,051 0.00348 0,073 0,316 0,895 7.074

0,396 16.5 0,059 0,00402 0,084 0,335 0,888 6.719

0,413 16,5 0,063 0,00430 0,090 0,344 0,885 6,563


n.4i a 15.0 O.Ofifi 0.00503 0.10R n.nfifi 0,ft7ft fi.5>5>3
0.413 13.5 0,070 0,00597 0,125 0,391 0,870 5,883

0.413 12.0 0,074 0.00721 0,151 0,419 0,860 5.546


0.413 10.5 0,079 0.00888 0,186 0,452 0,849 5,209

0.413 9.0 0,085 0.01124 0,236 0,490 0,837 4.875

0.413 7,5 0.091 0.01474 0.310 0,536 0.821 4.543

0.413 6.0 0.098 0,02031 0,426 0,591 0,803 4,215

0.413 4.5 0.106 0.03016 0.633 0,658 0.781 3.893


TABELA I I B - ANÁLISE DE ELEMENTOS FLETIDOS - MÉTODO DAS TENSÕES ADMISSÍVEIS

f p = 11,0 MPa; f s = 165 MPa; n = 23.86

M DADOS DO PROJETO

f(i = 11,0 MPa = 1,10 kN/cm 2


jd
í •WV. = 0,33 (p = 3,63 MPa 1=
S
165,0 MPa

\ E ^ = 800 f p = 8800 MPa E, = 210000 MPa

kd \ S EQUAÇÕES DO PROJETO

lc- 1 fr - 1- k '
-"1 + f / n * L ' 3
' v'
\ K A _ M
d p bxd fs x k7 s / xk{x d

f- f. K P np K k. 2/(KiXKk)

0.033 16,5 0,001 0,00005 0.001 0,046 0,985 44,582


0.066 16,5 0,003 0.00017 0,004 0,087 0,971 23.639
0.099 16.5 0.006 0.00038 0.009 0,125 0.958 16.664
0.132 16.5 0.010 0,00064 0.015 0,160 0.947 13.180
0.165 16,5 0.015 0.00096 0.023 0,193 0.936 11.093
0.198 16,5 0.020 0.00134 0.032 0,223 0.926 9.704
0.231 16,5 0.027 0,00175 0.042 0.250 0.917 8.714
0,264 16,5 0.033 0,00221 0.053 0,276 0.908 7.972
0.297 16,5 0.040 0.00270 0,065 0,300 0.900 7.397
0.330 16,5 0.048 0.00323 0.077 0,323 0.892 6.938
0,363 16,5 0.055 0,00379 0,090 0,344 0,885 6,563
0.363 15,0 0.058 0.00443 0.106 0.366 0.878 6.223
0.363 13.5 0.062 0.00525 0,125 0.391 0.870 5.883
0,363 12.0 0.065 0.00634 0,151 0,419 0.860 5.546
0.363 10.5 0.070 0.00781 0.186 0,452 0.849 5.209
0.363 9.0 0.074 0,00989 0.236 0,490 0.837 4.875
0.363 7.5 0.080 0.01297 0.310 0,536 0.821 4,543
0.363 6.0 0.086 0.01787 0.426 0,591 0.803 4,215
0.363 4.5 0.093 0.02654 0.633 0.658 0.781 3.893
0,363 3.0 0.101 0.04494 1.072 0,743 0.752 3.579
T A B E L A I I C - ANÁLISE DE ELEMENTOS FLETIDOS - MÉTODO DAS TENSÕES ADMISSÍVEIS

fp = 9,5 MPa; f t = 165 MPa; n = 27,63

DADOS DO PROJETO

f p = 9.5 MPa = 0.95 kN/cm ?


jd
f,a v = 0,33f p = 3 , 1 3 5 MPa \ = 165,0 MPa

E ^ = 800 f p = 7600 MPa E t = 210000 MPa

kd EQUAÇÕES DO PROJETO

E
n= K= M M - y vk xk x f

K_
k = k = 1-
1 + f/n x f^ 3
A, K A = M
P= f xkxd
bxd f^xk.

f-v f. K P np K k, 2 / (K, X Kx)

0.033 16.5 0,001 0.00005 0.001 0.052 0.983 38.869


0.066 16.5 0.003 0,00020 0,006 0.100 0.967 20.785
0,099 16,5 0,007 0,00043 0.012 0.142 0.953 14.763
0.132 16.5 0,011 0,00072 0,020 0.181 0.940 11.757
0,165 16,5 0,017 0,00108 0,030 0.216 0.928 9,957
0.198 16,5 0.023 0,00149 0.041 0.249 0.917 8.759

0,231 16.5 0.029 0,00195 0,054 0.279 0.907 7,905


0.264 16.5 0.036 0.00245 0.068 0.307 0.898 7.266
0.297 16,5 0,044 0,00299 0,083 0.332 0.889 6,771
0,314 16,5 0,048 0,00327 0,090 0,344 0,885 6,563

0.314 15,0 0.050 0.00383 0,106 0.366 0.878 6,223


0.314 13.5 0.053 0.00454 0,125 0.391 0.870 5,883
0.314 12,0 0,057 0.00548 0,151 0.419 0.860 5.546
0,314 10,5 0,060 0.00675 0,186 0,452 0.849 5,209
0.314 9.0 0,064 0.00854 0.236 0.490 0.837 4.875
0.314 7.5 0.069 0.01120 0.310 0.536 0.821 4.543
0.314 6.0 0,074 0,01543 0,426 0.591 0.803 4.215
0.314 4.5 0,081 0.02292 0,633 0.658 0.781 3,893
0.314 3.0 0.088 0.03881 1,072 0.743 0.752 3.579
T A B E L A I I D - ANÁLISE DE ELEMENTOS FLETIDOS - MÉTODO DAS TENSÕES ADMISSÍVEIS

fp = 8.0 MPa; f s = 165 MPa; n = 32,81

M DADOS DO PROJETO

fp = 8.0 MPa = 0,80 kN/cnf


jd
L = ° - 3 3 f„ = 2 - 6 4 M P a f5 = 165,0 MPa

J T E iV = 800 fp = 6400 MPa E„ = 210000 MPa


s
d
EQUAÇÕES DO PROJETO
í1

' * '
*tv

k - 1 k - r K
o* v -
d
O * 4 -
' b x d " fs x k, * fsxk,x d

f-v f. K P np k. k. 2/(KIXK1)

0.033 16.5 0,001 0,00006 0.002 0.062 0.979 33,157


0.066 16.5 0,004 0.00023 0.008 0.116 0.961 17,932
0.099 16.5 0,008 0,00049 0.016 0.164 0.945 12,864
0.132 16.5 0,013 0.00083 0.027 0,208 0.931 10,335
0.165 16.5 0,019 0,00124 0.041 0,247 0.918 8.822
0.198 16.5 0,025 0,00170 0.056 0,283 0.906 7,815
0.231 16.5 0,033 0,00220 0.072 0,315 0.895 7,099
0,264 16,5 0,040 0,00275 0,090 0,344 0,885 6,563
0.264 15.0 0,042 0,00322 0.106 0,366 0,878 6,223
0.264 13,5 0,045 0,00382 0,125 0,391 0,870 5.883
0.264 12.0 0,048 0,00461 0,151 0,419 0,860 5,546
0.264 10.5 0,051 0.00568 0,186 0.452 0.849 5,209
0,264 9,0 0,054 0.00719 0.236 0.490 0,837 4,875
0,264 7,5 0,058 0.00943 0.310 0,536 0,821 4,543
0,264 6,0 0,063 0.01300 0.426 0.591 0,803 4,215
0,264 4,5 0,068 0.01930 0,633 0.658 0.781 3.893
0,264 3,0 0,074 0.03268 1,072 0.743 0,752 3.579
T A B E L A I I E - ANÁLISE DE ELEMENTOS FLETIDOS - MÉTODO DAS TENSÕES ADMISSÍVEIS

fp = 6,5 MPa; f, = 165 MPa; n = 40,38

M DADOS DO PROJETO

f = 6.5 MPa = 0.65 kN/cm*


p
jd
^ = 0 , 3 3 ^ = 2,145 MPa í = 165,0 MPa

- f - ifX k_
c E ^ = 800 f p = 5200 MPa E s = 210000 MPa
£
N

kd X
EQUAÇÕES DO PROJETO

n- E* M = '/2 xk xk xf
v' ' r' ' E F bxd2 2 ' ' *v
?'. ' - ' '
Ic- 1 k -
'' - K' '
d A w A/f

p bxd / xfc ' fa xktx d

1. K P np K K 2 / (Kz X Kx)

0,033 16.5 0,001 0.00007 0,003 0.075 0.975 27.446


0.066 16.5 0,004 0,00028 0.011 0,139 0.954 15.080
0,099 16.5 0.009 0,00059 0.024 0.195 0,935 10,967
0,132 16,5 0.015 0.00098 0.039 0.244 0,919 8.916
0,165 16,5 0.021 0.00144 0.058 0.288 0.904 7.690
0,198 16.5 0.029 0.00196 0.079 0.326 0,891 6,875
0,215 16,5 0,033 0,00224 0,090 0,344 0,885 6,563
0.215 15.0 0,034 0.00262 0,106 0.366 0,878 6.223
0,215 13,5 0,036 0.00311 0.125 0.391 0.870 5,883
0.215 12,0 0,039 0.00375 0,151 0.419 0,860 5.546
0,215 10,5 0.041 0.00462 0,186 0,452 0,849 5,209
0.215 9.0 0,044 0.00584 0,236 0,490 0.837 4.875
0.215 7.5 0,047 0.00766 0,310 0,536 0,821 4.543
0.215 6.0 0,051 0.01056 0.426 0,591 0.803 4.215
0.215 4.5 0,055 0.01569 0.633 0.658 0.781 3.893
0.215 3.0 0.060 0.02655 1,072 0,743 0.752 3.579
T A B E L A I I F - ANÁLISE DE ELEMENTOS FLETIDOS - MÉTODO DAS TENSÕES ADMISSÍVEIS

f p = 5.0 MPa; f, = 165 MPa; n = 52.50

DADOS DO PROJETO

f = 5.0 MPa = 0.50 kN/cm ?

f«. = 0,33 fP = 1,65 MPa 165,0 MPa

EAV = 800 fp = 4000 MPa E = 2 1 0 0 0 0 MPa

EQUAÇÕES DO PROJETO

E.
n -

1
k =
1 + f/hxf„
d A K M
P =
b x d f *k. f x k xd

f-v f. K P np K K 2 / (Kz x Kx)

0,033 16,5 0,002 0,00010 0.005 0,095 0968 21,736


0,066 16.5 0,005 0,00035 0.018 0,174 0,942 12,231

0,099 16.5 0,011 0.00072 0.038 0,240 0,920 9,074

0,132 16.5 0,018 0.00118 0,062 0,296 0,901 7,501

0,165 16,5 0,025 0,00172 0,090 0,344 0,885 6,563

0.165 15.0 0,027 0,00201 0,106 0,366 0.878 6,223

0.165 13.5 0,028 0,00239 0,125 0,391 0,870 5,883


0.165 12,0 0,030 0,00288 0,151 0,419 0.860 5,546

0.165 10,5 0,032 0,00355 0,186 0,452 0,849 5,209


0.165 9,0 0,034 0,00450 0,236 0,490 0,837 4,875
0.165 7,5 0,036 0,00590 0,310 0,536 0,821 4,543

0.165 6,0 0,039 0,00812 0,426 0,591 0,803 4,215


0,165 4.5 0,042 0,01207 0.633 0,658 0,781 3,893
0,165 3,0 0,046 0.02043 0,072 0,743 0,752 3,579
T A B E L A I I G - ANÁLISE DE ELEMENTOS FLETIDOS - MÉTODO DAS TENSÕES ADMISSÍVEIS

f p = 3,5 MPa; f% = 165 MPa; n = 75,00

M DADOS DO PROJETO

f = 3.5 MPa = 0.350 kN/cm 2


p
jd
f ^ = 0.33 f p = 1.555 MPa f s = 165.0 MPa

jt s

kd
\
N
X J
EoV = 8 0 0 fp = 2 8 0 0 M P a = 21 0000 M P a

EQUAÇÕES DO PROJETO
v» c> ;

lc- 1 k - 1 -
' 1 ' 3

d
o * * 1 -
' b x d / x k, f 9 x k r x d

L, t. K p np k. k, 2 / (Kx x K J

0,033 16,5 0,002 0.00013 0.010 0.130 0,957 16,030


0,066 16,5 0.005 0.00046 0.035 0,231 0,928 9.389

0,083 16,5 0.010 0.00068 0.051 0,273 0,909 8.067

0,099 16,5 0.014 0.00093 0,070 0,310 0.897 7.188

0,116 16,5 0,018 0,00120 0,090 0,344 0,885 6,563

0,116 15,0 0,019 0,00141 0,106 0,366 0.878 6.223

0,116 13,5 0.020 0,00167 0,125 0,391 0.870 5.883


0,116 12,0 0,021 0,00202 0,151 0,419 0.860 5.546

0,116 10,5 0.022 0,00249 0.186 0,452 0.849 5.209


0.116 9.0 0.024 0,00315 0.236 0.490 0.837 4.875
0,116 7,5 0.025 0,00413 0.310 0.536 0.821 4,543
0,116 6,0 0.027 0.00569 0.426 0,591 0,803 4,215
0,116 4,5 0.030 0.00845 0.633 0,658 0,781 3,893
0,116 3,0 0.032 0.01430 0.072 0,743 0,752 3,579
TABELA I I I A - MOMENTO RESISTENTE PARA O DIMENSIONAMENTO BALANCEADO

f p = 12.5 MPa; f s = 165 MPa; n = 21.00

DADOS DO PROJETO

L = 0.33fp

E * = 800fp .

E„ = 210000 MPa / M
d ^
SITUAÇÃO B A L A N C E A D A

p = 0.00430 V
s
'yls '1
k,^ = 0.344 ^ J

b
d
14,0 19,0 29,0 50,0 100,0 120,0

5.0 22.00 29.86 45.57 78.57 157,14 188.57


7,0 43,12 58.52 89.32 154.00 307,99 369.59
10,0 88.00 119.43 182.28 314,28 628.56 754.27
14.0 172.48 234.08 357.27 615.99 1231.98 1478.38

20.0 351.99 477.71 729.13 1257.12 2514.24 3017.09


25.0 549.99 746.42 1139.27 1964,25 3928.51 4714.21
30.0 791.99 1074.84 1640.54 2828.52 5657.05 6788.46
35.0 1077.98 1462,98 2232.96 3849.94 7699.87 9239.84

40.0 1407.98 1910.83 2916.52 5028,49 10056.97 12068.37

45.0 1781.97 2418.39 3691,22 6364.18 12728.36 15274.03


50.0 2199.96 2985.66 4557.07 7857.01 15714.02 18856.83

55.0 2661.96 3612.65 5514,05 9506.98 19013.97 22816,76


60.0 3167.95 4200.36 6562,18 11314,10 22628.10 27153,83

65.0 3717.94 5045.77 7701,44 13278.35 26566.70 31868,04

70.0 4311.93 5851.90 8931,85 15399.74 30799.48 36959,38

75.0 4949.92 6717,74 10253.40 17678.27 35356.55 42427.86

80.0 5631.91 7643.30 11666.09 20113.95 40227.90 48273.47


TABELA I I I B - MOMENTO RESISTENTE PARA O DIMENSIONAMENTO BALANCEADO

fp = 11.0 MPa; f5 = 165 MPa; n = 23.86

DADOS DO PROJETO

L = 0.33fp

E ^ = 800fp .

E. = 210000 MPa
d
< 4 1
^
/ y\\ M.
/
SITUAÇÃO B A L A N C E A D A ^

p = 0.00379 V

Kob = ° - 3 4 4

b
d
14,0 19,0 29,0 50,0 100,0 120,0

5.0 19.36 26.27 40.10 69,14 138.28 165.94


7.0 37.94 51.50 78,60 135,52 271.04 325,24

10.0 77.44 105,10 160,41 276,57 553.13 663,76


14.0 151.78 205,99 314,40 542,07 1084.14 1300,97

20.0 309.75 420,38 641.63 1106,27 2212.53 2655.04


25.0 483.99 656,85 1002,55 1728.54 3457.08 4148.50
30.0 696.95 945,86 1443.68 2489,10 4978.20 5973,84

35.0 948.62 1287.42 1965,01 3387,94 6775.89 8131.06

40.0 1239,02 1287.42 2566,54 4425.07 8850.14 10620.16

45.0 1568,13 2128,18 3248.28 5600.48 11200.95 13441.15


50,0 1935,97 2627,38 4010,22 6914.17 13828,34 16594.01

55.0 2342.52 3179,14 4852.36 8366.15 16732,29 20078.75


60.0 2707.79 3783.43 0774.71 9950,40 19912,01 23805.37

65.0 3271,79 4440.28 6777.27 11684,95 23369,89 28043.87

70.0 3794,50 5149.67 7860.03 13551,77 27103,54 32524.25

75.0 4355,93 5911.61 9022,99 15556,88 31113,76 37336.52

80.0 4956,08 6726,10 10266.16 17700,27 35400,55 42480.66


TABELA I I I C - MOMENTO RESISTENTE PARA o DIMENSIONAMENTO BALANCEADO

fp = 9,5 MPa; f5 = 165 MPa; n = 27.63

MJZIP
DADOS DO PROJETO

L = 0.33f p

E * = 800fp .

E„ = 210000 MPa

'O
d
SITUAÇÃO B A L A N C E A D A

p = 0.00327 \
AX/
k x , = 0.344 ^

b
d
14,0 19,0 29,0 50,0 100,0 120,0

5.0 16,72 22.69 34,63 59,71 119,43 143.31


7.0 32,77 44.47 67,88 117,04 234,08 280.89
10,0 66.88 90.76 138.53 238,85 477,71 573.25
14,0 131.08 177,90 271,53 468.15 936.30 1123,57

20.0 267.52 363,06 554.14 955.41 1910,83 2292.99


25.0 417.99 567,28 865,84 1492.83 2985,66 3582.80
30.0 601.91 816,88 1246,81 2149.68 4299.36 5159,23
35.0 819.27 1111,86 1697,05 2925,95 5851,90 7022,28

40.0 1070,06 1452.23 2216,56 3821.65 7643,30 9171.96


45.0 1354.30 1837.97 2805,33 4836.78 9673.55 11608,26
50,0 1671,97 2269.10 3463,37 5971.33 11942.66 14331,19
55,0 2023,09 2745,62 4190,68 7225.31 14450,61 17340,74

60.0 2407.64 3267,51 4987.25 8598.71 17197.43 20636.91


65,0 2825,63 3834,79 5853,10 10091.54 20183.09 24219.71
70,0 3277,06 4447,45 6788,21 11703.80 23407.61 28089.13
75,0 3761,94 5105,49 7792.58 13435,49 26870.98 32245.17

80,0 4280.25 5808.91 8866,23 15286,60 30573.20 36687.84


TABELA I I I D - MOMENTO RESISTENTE PARA O DIMENSIONAMENTO BALANCEADO

f p = 8.0 MPa; f, = 165 MPa; n = 32,81

DADOS DO PROJETO

L = 0.331, MJZ^f
3rw> t*
E * = 800fp .

E, = 210000 MPa K Í f l
a r

4>/ ll
5
d _
SITUAÇÃO B A L A N C E A D A

p = 0.00275 V

1 ^ = 0.344
^ 4
b
d
14,0 19,0 29,0 50,0 100,0 120,0

5.0 14,08 19,11 29.17 50.28 100.57 120.68


7.0 27.60 37.45 57.16 98.56 197,12 236.54
10.0 56.32 76.43 116.66 201,14 402.28 482.73
14.0 110.39 149.81 228.66 394,23 788.47 946,16

20.0 225.28 305-73 466.64 804.56 1609.12 1930,94


25.0 351.99 477.71 729.13 1257,12 2514.24 3017.09
30.0 506,87 687.90 1049.95 1810,26 3620.51 4344,61
35.0 689.91 936.30 1429.10 2463.96 4927.92 5913,50

40.0 901,10 1222.93 1866.57 3218,23 6436.46 7723.76


45.0 1140.46 1547,77 2362.38 4073,07 8146.15 9775.38
50.0 1407.98 1910.83 2916.52 5028,49 10056.97 12068.37

55.0 1703.65 2312.10 3528.99 6084.47 12168.94 14602.73


60.0 2027.49 2751.59 4199.79 7241.02 14482.04 17378,45
65,0 2379,48 3229,29 4928.92 8498.14 16996.29 20395.54

70,0 2759.63 3745,22 5716.38 9855.83 19711.67 23654.00


75,0 3167.95 4299.36 6562.18 11314.10 22628.19 27153.83
80.0 3604.42 4891.71 7466.30 12872.93 25745.85 30895.02
TABELA I I I E - MOMENTO RESISTENTE PARA O DIMENSIONAMENTO BALANCEADO

f p = 6.5 MPa; f, = 165 MPa; n = 40.38

DADOS DO PROJETO

L = 0.33f p MJP^T
E * = 800fp .

/ J
4 V J/j d
E, = 210000 MPa K^í I / M
d ^
SITUAÇÃO B A L A N C E A D A

p = 0.00224 V

k x , = 0.344 ^

b
d
14,0 19,0 29,0 50,0 100,0 120,0

5.0 11,44 15.53 23.70 40.86 81,71 98.06


7.0 22.42 30.43 46.45 80.08 160.16 192.19
10.0 45.76 62.10 94.79 163,43 326.85 392.22
14.0 89.69 121.72 185.78 320.31 640.63 768.76

20.0 183.04 248.41 379.15 653.70 1307.41 1568.89


25.0 286.00 388,14 592.42 1021.41 2042.82 2451.39
30.0 411.83 558.92 853.08 1470.83 2941.66 3530.00
35,0 560.55 760.75 1161.14 2001.97 4003.93 4804,72

40.0 732,15 993.63 1516.59 2614,81 5229.63 6275.55


45.0 926,62 1257.56 1919.44 3309.37 6618,75 7942,50
50.0 1143,98 1552.55 2369.67 4085.65 8171.29 9805.55

55.0 1384.22 1878.58 2867,31 4943.63 9887.26 11864.71

60.0 1647.33 2235.67 3412.33 5883.33 11766.66 14119.99


65.0 1933.33 2623.80 4004,75 6904.74 13809,48 16571.38
70.0 2242.20 3042.99 4644.75 8007.87 16015.73 19.218.88

75.0 2573.96 3493.23 5331.77 9192.70 18385.41 22062.49


80,0 2928.59 3974.52 6066,37 10459,25 20918.51 25102.21
TABELA I I I F - MOMENTO RESISTENTE PARA O DIMENSIONAMENTO BALANCEADO

f p = 5.0 MPa; f s = 165 MPa; n = 52.50

DADOS DO PROJETO

L = 0.33fp

E * = 800fp .

E = 210000 MPa < í f l / J / 1 i M r y /

SITUAÇÃO B A L A N C E A D A

p = 0.00172 V

Kx, = ° - 3 4 4

b
d
14,0 19,0 29,0 50,0 100,0 120,0

5.0 8.80 11.94 18,23 31,43 62,86 75,43


7.0 17.25 23.41 35,73 61,60 123.20 147.84
10.0 35.20 47.77 72,91 125.71 251.42 301.71
14.0 68.99 93.63 142,91 246.40 492.79 591.35

20.0 140.80 191.08 291,65 502,85 1005,70 1206.84


25.0 220.00 298.57 455,71 785.70 1571,40 1885.68
30.0 316.79 429.94 626,22 1131.41 2262.82 2715,38
35.0 431.19 585.19 893,18 1539,97 3079,95 3695,94

40.0 563.19 164.33 1166.61 2011,39 4022.79 4827.35


45.0 712.79 967.36 1476.49 2545,67 5091.34 6109.61
50.0 879.99 1194.27 1822.83 3142.80 6285.61 7542.73
55.0 1064,78 1445.06 2205.62 3802,79 7605.59 9126.70

60.0 1267.18 1719.74 2624.87 4525,64 9051,28 10861,53


65.0 1487.18 2018.31 3080.58 5311,34 10622,68 12747,21
70.0 1724.77 2340.76 3572.74 6159,90 12319,79 14783,75

75.0 1979.97 2887,10 4101.36 7071,31 14142,62 16971,14

80.0 2252.76 3057.32 4666,44 8045.58 16091,16 19309,39


TABELA I I I G - MOMENTO RESISTENTE PARA o DIMENSIONAMENTO BALANCEADO

fp = 3.5 MPa; f, = 165 MPa; n = 75.00

/
DADOS DO PROJETO

^
= 0.33fp

= 800 f p .
aJS^
E r = 210000 MPa
d , I / J / j J M
SITUAÇÃO B A L A N C E A D A " I
p = 0.00121 X

k , ^ 0.344 ^

b
d
14,0 19,0 29,0 50,0 100,0 120,0

5.0 6.16 8.36 12,76 22,00 44.00 52,80


7.0 12,07 16,39 25,01 43,12 86,24 103,49
10.0 24,64 33,44 51,04 88,00 176,00 211,20
14.0 48.29 65.54 100,04 172,48 344,95 413,95

20.0 98,56 133,76 204.16 351.99 703,99 844,79


25.0 154,00 209,00 318.99 549,99 1099.98 1319,98
30.0 221,76 300,95 459.35 791,99 1583.97 1900,77
35.0 301,83 409,63 625.23 1077,98 2155.96 2587,16

40.0 394,23 535,03 816.63 1407,98 2815,95 3379,14


45.0 498,95 677,15 1033,54 1781,97 3563,94 4276,73
50.0 615,99 835,99 1275,98 2199,96 4399,93 5279,91

55,0 745.35 1011,54 1543,93 2661,96 5323,91 6388,69


60.0 887.03 1203,82 1837,41 3167,95 6335,89 7603,07
65.0 1041.02 1412,82 2156,40 3717.94 7435.88 8923,05

70.0 1207.34 1638.53 2500,92 4311,93 8623,86 10348,63


75.0 1385.98 1880.97 2870.95 4949.92 9899,83 11879.80
80.0 1579,93 2140,12 3266.51 5631,91 11263.81 13516,57
Tabelas de Flexão

TABELA IV - TABELA DE CÁLCULO À FLEXÃO NO ESTÁDIO I I

K„ K. K, K, K, nK' np

0.033 0.068 0.977 0.073 5.486 0.0024 0.0025


0.036 0.074 0.975 0.080 5,264 0,0029 0.0030
0.039 0.080 0.973 0.087 5,068 0.0034 0,0035
0.042 0.086 0.971 0.094 4,893 0.0039 0,0040
0.045 0.093 0.969 0.103 4,711 0.0046 0,0048
0,048 0.099 0.967 0.110 4,571 0,0053 0.0054
0.051 0.106 0.965 0.119 4,423 0,0061 0.0063
0,054 0,112 0.963 0.126 4.307 0,0068 0.0071
0.057 0.119 0.960 0.135 4,183 0,0077 0.0080
0.060 0.125 0.958 0,143 4,086 0,0086 0.0089
0.063 0.132 0.956 0.152 3.981 0.0096 0.0100
0.066 0.138 0.954 0.160 3,898 0.0105 0.0110
0,069 0.145 0.952 0.170 3,807 0.0117 0.0123
0.072 0.152 0.949 0.179 3,723 0.0129 0.0136
0.075 0.158 0.947 0.188 3.655 0.0140 0.0148
0.078 0.165 0.945 0.198 3.581 0.0154 0.0163
0.081 0.172 0,943 0,208 3.512 0.0168 0.0179
0,084 0.179 0.940 0,218 3.447 0.0183 0.0195
0.087 0.185 0.938 0,227 3.394 0.0197 0.0210
0.090 0.192 0.936 0.238 3,336 0,0214 0.0228
0.093 0,199 0,934 0,248 3,281 0.0231 0,0247
0,096 0,206 0,931 0.259 3,229 0,0249 0.0267
0.099 0.213 0.929 0,271 3.179 0.0268 0.0288
0.102 0.220 0.927 0.282 3.132 0.0288 0,0310
0.105 0.227 0.924 0,294 3.087 0.0308 0.0333
0.108 0.234 0.922 0.305 3,045 0.0330 0.0357
0.111 0.241 0.920 0.318 3,004 0.0352 0.0383
0.114 0.249 0.917 0.332 2,960 0,0379 0.0413
0.117 0.256 0.915 0,344 2,923 0,0403 0.0440
0.120 0.263 0.912 0.357 2,887 0,0428 0.0469
0.123 0.270 0.910 0.370 2,853 0.0454 0.0499
0.126 0.278 0.907 0.385 2,816 0.0486 0.0535
0,129 0.285 0.905 0.399 2.785 0.0514 0.0568
0.132 0.293 0.902 0.414 2,750 0.0548 0.0607
0.135 0.300 0.900 0.429 2,722 0.0579 0.0643
0.138 0.308 0.897 0.445 2,690 0.0615 0.0685
0.141 0.315 0.895 0,460 2,663 0,0648 0.0724
0.323 0.892 2,634 0.0688 0.0771
0.147 0.330 0.890 0,493 2.610 0.0723 0.0813
0.150 0.338 0.887 0.511 2,582 0,0766 0.0863
0,153 0,346 0.885 0,529 2,556 0,0810 0.0915
0.156 0.354 0.882 0.548 2,531 0,0855 0.0970
0.159 0.362 0,879 0.567 2,507 0,0903 0.1027
0.162 0.370 0.877 0.587 2,483 0,0953 0.1087
0.165 0.378 0.874 0.608 2.460 0.1004 0.1149

Equações básicas: km = » = "57d


T A B E L A I V - TABELA DE CÁLCULO À FLEXÃO NO ESTÁDIO I I
(CONTINUAÇÃO)

K K k. k. k, n k, np

0.168 0.386 0.871 0.629 2.439 0.1057 0.1213


0,171 0,394 0,869 0,650 2,417 0,1113 0.1281
0.174 0.402 0.866 0.672 2.397 0.1170 0.1351
0.177 0.410 0.863 0.695 2.377 0.1230 0.1425
0,180 0.418 0,861 0.718 2,358 0.1292 0.1501
0,183 0.427 0,858 0.745 2.337 0.1365 0.1591
0,186 0.435 0,855 0,770 2,319 0.1432 0.1675
0.189 0.444 0.852 0.799 2.299 0.1510 0.1773
0,192 0,452 0,849 0.825 2,282 0.1583 0.1864
0.195 0,461 0,846 0,855 2,264 0,1668 0,1971
0.198 0,469 0,844 0.883 2,248 0.1747 0.2071
0,201 0,478 0,841 0,916 2,231 0,1840 0.2189
0.204 0.487 0.838 0.949 2.214 0.1936 0,2312
0,207 0,496 0,835 0.984 2.198 0.2037 0.2441
0.210 0.505 0.832 1.020 2.182 0.2142 0.2576
0.213 0.514 0,829 1,058 2,167 0.2252 0.2718
0.216 0.523 0.826 1.096 2.152 0,2367 0.2867
0,219 0.533 0,822 1,141 2,136 0.2501 0.3042
0,222 0.542 0,819 1,183 2,122 0.2628 0.3207
0.225 0.551 0.816 1,227 2.109 0.2760 0.3381
0.228 0.561 0.813 1,278 2.094 0.2914 0.3585
0.231 0.570 0,810 1.326 2.081 0.3060 0.3778

0,237 0.590 0.803 1.439 2.054 0.3410 0.4245


0,240 0.600 0.800 1.500 2,041 0.3600 0.4500
0.243 0.610 0.797 1,564 2.029 0.3801 0.4771
0,246 0,620 0,793 1,632 2,016 0.4013 0,5058
0,249 0.631 0.790 1.710 2,003 0.4260 0,5395
0.252 0.641 0.786 1.786 1.992 0.4500 0.5723
0,255 0.651 0.783 1.865 1.981 0.4754 0.6072
0,258 0,662 0,779 1.959 1.969 0.5052 0.6483
0.261 0.673 0,776 2.058 1.957 0.5372 0,6926
0,264 0.684 0,772 2.165 1,946 0.5715 0.7403
0.267 0.695 0.768 2.279 1.935 0.6084 0,7918
0,270 0.706 0,765 2.401 1,925 0.6482 0.8477
0,273 0,718 0,761 2,546 1.914 0.6953 0,9140
0.276 0.729 0.757 2.690 1.904 0.7423 0.9805
0.279 0.741 0,753 2.861 1.893 0.7982 1.0600
0,282 0,753 0,749 3,049 1,883 0.8597 1,1478
0.285 0.765 0.745 3,255 1.873 0.9276 1.2452
0,288 0.778 0.741 3,505 1.863 1.0097 1.3633
0.291 0.790 0.737 3.762 1.854 1.0947 1.4860
0.294 0.803 0.732 4,076 1,844 1,1985 1.6366
0.297 0.816 0.728 4.435 1.835 1.3172 1.8094
0.300 0.829 0,724 4.848 1.826 1.4542 2.0095

M n o© M A
Equações básicas: k = —r—-r2 nxk = -—-—— p = — —
M Y f^x b x d 2 f x b x d 2 bxd
T A B E L A V A - TABELA UNIVERSAL DE CÁLCULO À FLEXÃO NO ESTÁDIO I I n = 15

m K k. 100 p Y. Y- m k. k. 100 p Y. Y-,


1 0.938 0,688 46.88 1.76 1.76 51 0.227 0.924 0.22 22.04 3.09
2 0.882 0.706 22.06 2.53 1,79 52 0.224 0.925 0,22 22.41 3.11
3 0.833 0,722 13.89 3.16 1,82 53 0.221 0.926 0.21 22.11 3.13
4 0.789 0.737 9.87 3.71 1,85 54 0,217 0.928 0.20 23.14 3.15
5 0.750 0.750 7.50 4.22 1.89 55 0.214 0.929 0.19 23.51 3.17
6 0.714 0,762 5.95 4.70 1,92 56 0.211 0.930 0.19 23.88 3.19
7 0.682 0.773 4.87 5.15 1,95 57 0,208 0.931 0.18 24.25 3.21
8 0,652 0,783 4.08 5.60 1.98 58 0.205 0.932 0.18 24.62 3.23
9 0.625 0,792 3.47 6.03 2,01 59 0.203 0,932 0.17 24.99 3.25
10 0.600 0,800 3.00 6.45 2,04 60 0.200 0.933 0.17 25.35 3.27
11 0.577 0.808 2.62 6.87 2.07 61 0.197 0.934 0.16 25.72 3.29
12 0.556 0.815 2.31 7.28 2.10 62 0.195 0.935 0.16 26.09 3,31
13 0.536 0,821 2.06 7.69 2,13 63 0.192 0.936 0.15 26.46 3.33
14 0,517 0,828 1.85 8.09 2,16 64 0.190 0.937 0.15 26.83 3.35
15 0.500 0.833 1.67 8.49 2.19 65 0.188 0.938 0.14 27.19 3,37
16 0.484 0,839 1,51 8.88 2,22 66 0.185 0.938 0.14 27.56 3,39
17 0,469 0,844 1.38 9.27 2,25 67 0.183 0.939 0.14 27.93 3.41
18 0.455 0,848 1.26 9.66 2,28 68 0.181 0,940 0,13 28.30 3,43
19 0,441 0,853 1.16 10.05 2,31 69 0.179 0.940 0.13 28.67 3.45
20 0.429 0,857 1,07 10.43 2.33 70 0.176 0,941 0.13 29.03 3.47
21 0.417 0.861 0.99 10.82 2.36 71 0.174 0.942 0.12 29.40 3.49
22 0.405 0.865 0.92 11.20 2.39 72 0.172 0.943 0.12 29.77 3.51
23 0,395 0.868 0.86 11.58 2.42 73 0.170 0.943 0.12 30.14 3.53
24 0,385 0.872 0.80 11.96 2.44 74 0.169 0.944 0.11 30.50 3.55
25 0,375 0,875 0.75 12.34 2.47 75 0.167 0.944 0.11 30.87 3.56
26 0,366 0,878 0.70 12.72 2,50 76 0.165 0.945 0.11 31.24 3.58
27 0,357 0,881 0,66 13.10 2,52 77 0,163 0,946 0.11 31.60 3.60
28 0.349 0,884 0.62 13.48 2,55 78 0,161 0.946 0.10 31.97 3.62
29 0.341 0,886 0.59 13.85 2,57 79 0,160 0.947 0.10 32.34 3.64
30 0.333 0.889 0.56 14.23 2.60 80 0,158 0.947 0.10 32.71 3.66
31 0.326 0.891 0.53 14.61 2,62 81 0.156 0,948 0.10 33.07 3.67
32 0,319 0,894 0.50 14.98 2,65 82 0.155 0.948 0.09 33.44 3.69
33 0.313 0,896 0.47 15.35 2,67 83 0.153 0.949 0.09 33.81 3,71
34 0,306 0.898 0.45 15,73 2,70 84 0,152 0.949 0.09 34.17 3.73
35 0,300 0,900 0.43 16.10 2,72 85 0.150 0.950 0.09 34.54 3.75
36 0,294 0,902 0.41 16.47 2,75 86 0.149 0.950 0.09 34.91 3.76
37 0,288 0,904 0.39 16.85 2.77 87 0.147 0.951 0.08 35.27 3.78
38 0,283 0,906 0.37 17.22 2,79 88 0.146 0.951 0.08 35.64 3.80
39 0,278 0,907 0.36 17.59 2,82 89 0.144 0.952 0.08 36.01 3.82
40 0,273 0,909 0.34 17.96 2,84 90 0.143 0.952 0.08 36.37 3.83
41 0.268 0,911 0.33 18.33 2,86 91 0.142 0.953 0.08 36.74 3.85
42 0,263 0.912 0.31 18.71 2,89 92 0.140 0.953 0.08 37.11 3.87
43 0,259 0.914 0.30 19.08 2,91 93 0.139 0.954 0.07 37.47 3.89
44 0,254 0.915 0.29 19.45 2,93 94 0.138 0.954 0.07 37.84 3.90
45 0,250 0.917 0.28 19.82 2,95 95 0.136 0.955 0.07 38.21 3.92
46 0,246 0.918 0,27 20.19 2,98 96 0.135 0.955 0.07 38.57 3,94
47 0.242 0,919 0,26 20.56 3,00 97 0.134 0,955 0.07 38.94 3.95
48 0.238 0,921 0.25 20.93 3,02 98 0.133 0.956 0.07 39.31 3.97
49 0,234 0,922 0.24 21.30 3,04 99 0,132 0.956 0.07 39.67 3.99
50 0,231 0.923 0.23 21.67 3.06 100 0.130 0.957 0.07 40.04 4.00
T A B E L A V B - TABELA UNIVERSAL DE CÁLCULO À FLEXÃO NO ESTÁDIO I I n = 25

m K K 100 p Y. Yriv m K K 100 p Y. Y*

1 0.962 0.679 48,08 1.75 1.75 51 0.329 0.890 0,32 18.66 2.61
2 0.926 0.691 23,15 2,50 1.77 52 0.325 0.892 0.31 18.95 2.63
3 0.893 0.702 14.88 3,09 1.79 53 0.321 0.893 0.30 19,24 2.64
4 0.862 0.713 10.78 3,61 1.80 54 0.316 0.895 0,29 19.53 2.66
5 0.833 0.722 8.33 4.08 1.82 55 0.313 0.896 0.28 19.82 2.67
6 0.806 0.731 6,72 4,51 1,84 56 0.309 0.897 0,28 20,11 2.69
7 0.781 0.740 5.58 4.92 1.86 57 0.305 0.898 0.27 20,40 2.70
8 0.758 0.747 4,73 5,32 1.88 58 0.301 0.900 0.26 20.69 2.72
9 0.735 0.755 4.08 5.69 1.90 59 0.298 0.901 0.25 20.98 2,73
10 0.714 0.762 3,57 6.06 1,92 60 0.294 0.902 0,25 21,27 2.75
11 0.694 0.769 3,16 6,42 1,94 61 0.291 0.903 0,24 21,56 2.76
12 0.676 0.775 2,82 6.77 1.95 62 0.287 0.904 0,23 21,85 2.77
13 0.658 0.781 2,53 7.11 1.97 63 0.284 0.905 0,23 22,13 2.79
14 0.641 0.786 2,29 7.45 1.99 64 0.281 0.906 0,22 22,42 2.80
15 0.625 0.792 2,08 7.79 2.01 65 0.278 0.907 0.21 22,71 2,82
16 0.610 0.797 1,91 8.12 2.03 66 0.275 0.908 0,21 23,00 2,83
17 0.595 0.802 1,75 8.44 2.05 67 0.272 0.909 0,20 23,29 2,84
18 0.581 0.806 1.61 8,76 2.07 68 0.269 0.910 0,20 23,57 2,86
19 0.568 0.811 1,50 9,08 2.08 69 0.266 0,911 0,19 23.86 2,87
20 0.556 0.815 1,39 9,40 2,10 70 0.263 0.912 0.19 24.15 2.89
21 0.543 0.819 1,29 9,71 2,12 71 0.260 0.913 0,18 24,44 2,90
22 0.532 0.823 1.21 10.03 2.14 72 0,258 0.914 0,18 24,72 2.91
23 0.521 0.826 1,13 10.34 2.16 73 0.255 0.915 0.17 25,01 2.93
24 0.510 0.830 1,06 10.65 2.17 74 0.253 0.916 0,17 25,30 2.94
25 0.500 0.833 1,00 10.95 2.19 75 0.250 0.917 0,17 25,58 2,95
26 0.490 0.837 0,94 11,26 2,21 76 0.248 0.917 0,16 25,87 2,97
27 0.481 0.840 0,89 11,57 2.23 77 0.245 0.918 0,16 26.16 2.98
28 0.472 0.843 0,84 11,87 2,24 78 0.243 0.919 0,16 26.44 2.99
29 0.463 0.846 0,80 12,17 2.26 79 n. toa(\
U H U 0.920 0,15
A < C cO, / O 3.01
O A1

30 0.455 0.848 0,76 12,47 2.28 80 0.238 0.921 0.15 27,02 3.02
31 0.446 0.851 0,72 12,77 2.29 81 0.236 0.921 0,15 27,30 3,03
32 0.439 0.854 0,69 13.07 2.31 82 0.234 0.922 0,14 27,59 3,05
33 0.431 0.856 0,65 13,37 2.33 83 0,231 0.923 0,14 27,88 3.06
34 0.424 0.859 0,62 13,67 2.34 84 0.229 0.924 0,14 28.16 3.07
35 0.417 0.861 0.60 13,97 2,36 85 0.227 "0.924 0,13 28,45 3,09
36 0.410 0.863 0,57 14,26 2,38 86 0.225 0.925 0,13 28.73 3,10
37 0.403 0.866 0.54 14,56 2.39 87 0.223 0.926 0,13 29,02 3.11
38 0.397 0.868 0,52 14,86 2.41 88 0.221 0.926 0,13 29,31 3,12
39 0.391 0.870 0,50 15,15 2.43 89 0.219 0.927 0.12 29,59 3,14
40 0.385 0.872 0.48 15.45 2,44 90 0.217 0.928 0.12 29.88 3,15
41 0.379 0.874 0,46 15,74 2,46 91 0.216 0.928 0,12 30,16 3,16
42 0.373 0.876 0.44 16.03 2.47 92 0.214 0.929 0.12 30,45 3.17
43 0.368 0.877 0,43 16,33 2,49 93 0.212 0.929 0,11 30,73 3,19
44 0.362 0.879 0.41 16,62 2,51 94 0.210 0.930 0,11 31,02 3,20
45 0.357 0.881 0.40 16,91 2,52 95 0.208 0.931 0,11 31,31 3.21
46 0.352 0.883 0.38 17,21 2,54 96 0.207 0.931 0.11 31,59 3,22
47 0.347 0.884 0,37 17.50 2,55 97 0.205 0.932 0.11 31.88 3,24
48 0.342 0.886 0.36 17.79 2,57 98 0.203 0.932 0.10 32.16 3,25
49 0.338 0,887 0,34 18,08 2,58 99 0.202 0.933 0,10 32,45 3,26
50 0.333 0.889 0.33 18,37 2,60 100 0.200 0.933 0,10 32,73 3,27
T A B E L A V C - TABELA UNIVERSAL DE CÁLCULO À FLEXÃO NO ESTÁDIO I I n = 35

m K k. 100 p Y. 'U m k. k, 100 p Y. 'U

1 0.972 0.676 48,61 1.74 1.74 51 0,407 0.864 0,40 17,03 2.38
2 0.946 0.685 23.65 2,49 1,76 52 0,402 0.866 0,39 17,28 2.40
3 0.921 0.693 15.35 3,07 1.77 53 0,398 0.867 0,38 17,53 2.41
4 0.897 0.701 11,22 3.57 1,78 54 0,393 0.869 0,36 17.78 2.42
5 0.875 0.708 8.75 4.02 1,80 55 0.389 0.870 0,35 18,03 2.43
6 0.854 0.715 7.11 4.43 1.81 56 0.385 0.872 0,34 18.28 2.44
7 0.833 0.722 5.95 4.82 1,82 57 0.380 0.873 0,33 18,53 2.45
8 0.814 0.729 5.09 5.19 1.84 58 0,376 0.875 0.32 18,77 2.47
9 0.795 0.735 4.42 5.55 1,85 59 0.372 0.876 0.32 19.02 2.48
10 0.778 0.741 3.89 5.89 1,86 60 0.368 0.877 0,31 19,27 2.49
11 0.761 0,746 3.46 6.22 1,88 61 0,365 0.878 0,30 19,52 2,50
12 0.745 0.752 3,10 6.55 1,89 62 0,361 0.880 0,29 19,76 2,51
13 0.729 0,757 2.80 6.86 1,90 63 0.357 0.881 0.28 20,01 2.52
14 0.714 0.762 2,55 7.17 1,92 64 0,354 0.882 0,28 20.26 2.53
15 0.700 0,767 2,33 7.48 1,93 65 0,350 0.883 0,27 20,51 2.54
16 0.686 0.771 2,14 7.78 1.94 66 0.347 0.884 0.26 20,75 2.55
17 0.673 0.776 1,98 8.07 1.96 67 0.343 0.886 0.26 21.00 2.57
18 0.660 0.780 1,83 8.36 1.97 68 0.340 0.887 0.25 21.25 2.58

19 0.648 0.784 1.71 8.65 1.98 69 0.337 0.888 0,24 21,49 2.59
20 0.636 0.788 1,59 8.93 2.00 70 0.333 0.889 0,24 21,74 2.60
21 0.625 0,792 1,49 9,21 2,01 71 0.330 0.890 0,23 21,98 2,61
22 0.614 0.795 1,40 9.49 2.02 72 0.327 0.891 0,23 22,23 2,62
23 0.603 0,799 1.31 9.77 2.04 73 0.324 0.892 0.22 22.47 2,63
24 0.593 0.802 1,24 10.04 2.05 74 0.321 0.893 0.22 22.72 2.64
25 0.583 0.806 1.17 10.32 2.06 75 0.318 0.894 0.21 22.96 2.65
26 0.574 0.809 1.10 10.59 2,08 76 0.315 0.895 0,21 23.21 2.66
27 0.565 0.812 1,05 10.85 2.09 77 0.313 0.896 0.20 23.45 2.67

28 0.556 0.815 0.99 11.12 2.10 78 0.310 0.897 0.20 23.70 2.68
29 0.547 0.818 0,94 11.39 2.11 79 0.307 0.898 0.19 23.94 2.69
30 0.538 0.821 0.90 11.65 2.13 80 0.304 0.899 0,19 24,19 2.70
31 0.530 0,823 0,86 11.92 2.14 81 0,302 0.899 0,19 24.43 2.71
32 0.522 0,826 0.82 12.18 2.15 82 0.299 0.900 0,18 24,68 2.73
33 0.515 0,828 0.78 12.44 2.17 83 0,297 0,901 0,18 24,92 2.74
34 0.507 0.831 0,75 12.70 2.18 84 0,294 0.902 0,18 25,17 2.75
35 0.500 0.833 0,71 12.96 2.19 85 0.292 0.903 0.17 25.41 2.76
36 0.493 0.836 0.68 13.22 2.20 86 0.289 0.904 0.17 25.65 2.77
37 0.486 0.838 0.66 13.48 2.22 87 0.287 0.904 0,16 25.90 2.78
38 0.479 0.840 0,63 13.74 2.23 88 0.285 0.905 0,16 26.14 2.79
39 0.473 0.842 0.61 13.99 2.24 89 0.282 0.906 0.16 26.38 2.80

40 0.467 0,844 0.58 14,25 2.25 90 0.280 0.907 0,16 26,63 2.81
41 0.461 0,846 0,56 14,50 2.27 91 0,278 0,907 0,15 26.87 2.82
42 0.455 0,848 0,54 14.76 2.28 92 0,276 0.908 0,15 27,11 2.83
43 0.449 0,850 0,52 15,01 2.29 93 0.273 0.909 0,15 27.36 2.84
44 0.443 0.852 0,50 15,27 2.30 94 0,271 0.910 0,14 27.60 2.85
45 0.438 0.854 0,49 15.52 2.31 95 0.269 0.910 0,14 27,84 2.86
46 0.432 0.856 0,47 15.77 2,33 96 0.267 0.911 0,14 28,09 2.87
47 0.427 0.858 0,45 16,02 2,34 97 0.265 0.912 0,14 28,33 2.88
48 0.422 0.859 0.44 16,28 2,35 98 0.263 0.912 0,13 28,57 2.89
49 0.417 0.861 0,43 16,53 2,36 99 0.261 0.913 0,13 28,82 2.90
50 0.412 0.863 0.41 16.78 2.37 100 0.259 0.914 0,13 29.06 2.91
TABELA V D - TABELA UNIVERSAL DE CÁLCULO À FLEXÃO NO ESTÁDIO I I n = 45

m K K 100p Y. Y-r m k. k, 100 p Y. Y*

1 0.978 0,674 48.91 1.74 1.74 51 0.469 0,844 0.46 16.06 2.25
2 0.957 0.681 23.94 2.48 1.75 52 0.464 0.845 0,45 16.28 2,26
3 0.938 0.688 15.63 3.05 1.76 53 0.459 0.847 0.43 16.51 2,27
4 0.918 0.694 11.48 3.54 1.77 54 0.455 0.848 0.42 16.73 2,28
5 0.900 0.700 9.00 3.98 1.78 55 0.450 0.850 0.41 16.96 2.29
6 0.882 0.706 7.35 4.39 1.79 56 0,446 0.851 0.40 17,18 2.30
7 0.865 0.712 6.18 4.77 1.80 57 0.441 0,853 0.39 17.41 2.31
8 0.849 0.717 5.31 5.13 1.81 58 0,437 0,854 0.38 17,63 2,31
9 0.833 0.722 4.63 5.47 1.82 59 0.433 0,856 0.37 17.85 2.32
10 0.818 0.727 4.09 5.80 1.83 60 0.429 0,857 0.36 18.07 2,33
11 0.804 0.732 3.65 6.12 1.84 61 0.425 0,858 0.35 18.30 2.34
12 0.789 0.737 3.29 6.42 1.85 62 0.421 0.860 0.34 18,52 2.35
13 0.776 0.741 2.98 6.72 1.86 63 0.417 0.861 0.33 18.74 2.36
14 0.763 0.746 2.72 7.02 1.88 64 0.413 0.862 0.32 18.96 2.37
15 0.750 0,750 2.50 7.30 1.89 65 0.409 0.864 0.31 19.18 2.38
16 0.738 0.754 2.31 7.58 1.90 66 0.405 0,865 0.31 19,40 2.39
17 0.726 0.758 2.13 7.86 1.91 67 0.402 0.866 0.30 19,62 2.40
18 0.714 0.762 1.98 8.13 1.92 68 0.398 0.867 0.29 19.84 2.41
19 0.703 0.766 1.85 8.40 1.93 69 0.395 0,868 0.29 20.06 2.42
20 0.692 0.769 1.73 8.67 1.94 70 0.391 0,870 0.28 20.28 2.42
21 0.682 0.773 1.62 8.93 1.95 71 0.388 0,871 0.27 20.50 2.43
22 0.672 0.776 1.53 9.19 1,96 72 0.385 0.872 0.27 20.72 2,44
23 0.662 0.779 1,44 9.44 1.97 73 0.381 0,873 0.26 20.94 2.45
24 0.652 0.783 1,36 9.70 1.98 74 0.378 0,874 0,26 21.16 2.46
25 0.643 0.786 1.29 9.95 1.99 75 0.375 0,875 0.25 21.38 2.47
26 0.634 0.789 1.22 10.20 2.00 76 0.372 0,876 0.24 21.60 2.48
27 0.625 0.792 1.16 10.45 2.01 77 0.369 0,877 0.24 21.82 2.49
28 0.616 0.795 1.10 10.69 2.02 78 0.366 0,878 0.23 22.04 2.50
29 0.608 0,797 1.05 10.94 2.03 79 0.363 0,879 0.23 22,26 2.50
30 0.600 0,800 1,00 11,18 2.04 80 0.360 0,880 0.23 22.47 2.51
31 0.592 0.803 0.96 11.42 2.05 81 0.357 0,881 0.22 22.69 2.52
32 0.584 0.805 0.91 11.66 2.06 82 0.354 0.882 0.22 22.91 2.53
33 0.577 0.808 0.87 11.90 2.07 83 0.352 0.883 0.21 23.13 2.54
34 0.570 0.810 0.84 12.14 2.08 84 0.349 0.884 0.21 23.34 2.55
35 0.563 0.813 0.80 12.38 2.09 85 0.346 0.885 0.20 23.56 2.56
36 0.556 0,815 0.77 12.61 2.10 86 0,344 0,885 0,20 23.78 2.56
37 0,549 0,817 0.74 12.85 2.11 87 0.341 0,886 0,20 24.00 2.57
38 0.542 0,819 0.71 13.08 2.12 88 0,338 0,887 0.19 24.21 2.58
39 0.536 0.821 0.69 13.31 2.13 89 0.336 0.888 0.19 24.43 2.59
40 0.529 0.824 0.66 13.55 2.14 90 0,333 0.889 0.19 24.65 2.60
41 0.523 0.826 0.64 13.78 2.15 91 0.331 0,890 0.18 24.86 2.61
42 0.517 0.828 0.62 14.01 2.16 92 0.328 0,891 0.18 25.08 2.61
43 0.511 0.830 0,59 14.24 2.17 93 0.326 0,891 0.18 25.30 2.62
44 0.506 0.831 0.57 14.47 2,18 94 0.324 0,892 0.17 25.51 2.63
45 0.500 0.833 0.56 14.70 2.19 95 0.321 0,893 0.17 25.73 2.64
46 0.495 0.835 0.54 14.93 2.20 96 0.319 0,894 0.17 25.95 2.65
47 0.489 0.837 0.52 15.15 2.21 97 0,317 0,894 0.16 26.16 2.66
48 0.484 0.839 0.50 15.38 2.22 98 0,315 0.895 0.16 26.38 2,66
49 0.479 0.840 0.49 15.61 2.23 99 0.313 0.896 0.16 26.59 2.67
50 0.474 0.842 0.47 15.83 2.24 100 0.310 0.897 0.16 26.81 2.68
TABELA V E - TABELA UNIVERSAL DE CÁLCULO À FLEXÃO NO ESTÁDIO I I N = 55

m K k. 100 p Y. 'U m K K 100 p Y. •u


1 0.982 0.673 49.11 1,74 1.74 51 0.519 0.827 0.51 15.42 2.16
2 0.965 0.678 24.12 2.47 1.75 52 0,514 0.829 0,49 15.63 2.17
3 0.948 0.684 15,80 3.04 1.76 53 0,509 0.830 0,48 15.83 2.17
4 0.932 0.689 11.65 3.53 1.76 54 0,505 0.832 0,47 16.04 2.18
5 0.917 0.694 9.17 3.96 1.77 55 0,500 0.833 0,45 16.25 2.19
6 0,902 0.699 7.51 4.36 1.78 56 0,495 0.835 0.44 16.45 2.20
7 0.887 0.704 6,34 4.73 1.79 57 0.491 0.836 0,43 16.66 2.21

8 0.873 0.709 5.46 5.08 1.80 58 0.487 0.838 0.42 16.87 2.21
9 0.859 0.714 4.77 5.42 1.81 59 0,482 0.839 0.41 17.07 2.22
10 0.846 0.718 4,23 5.74 1.81 60 0.478 0.841 0,40 17.28 2.23
11 0.833 0.722 3.79 6,05 1.82 61 0,474 0.842 0,39 17.48 2.24
12 0.821 0.726 3.42 6,34 1.83 62 0.470 0.843 0.38 17.69 2.25
13 0.809 0.730 3.11 6,63 1.84 63 0.466 0.845 0,37 17.89 2.25
14 0.797 0.734 2.85 6.92 1.85 64 0,462 0.846 0.36 18.09 2.26
15 0.786 0.738 2,62 7,19 1.86 65 0,458 0.847 0,35 18.30 2.27
16 0.775 0,742 2.42 7.46 1.87 66 0,455 0.848 0.34 18,50 2.28
17 0.764 0.745 2.25 7.73 1.87 67 0.451 0,850 0.34 18.70 2.28
18 0.753 0.749 2,09 7.99 1,88 68 0.447 0.851 0.33 18.91 2,29
19 0.743 0,752 1.96 8,24 1.89 69 0.444 0.852 0,32 19.11 2.30
20 0.733 0.756 1.83 8.50 1.90 70 0.440 0.853 0.31 19.31 2.31
21 0.724 0.759 1.72 8,75 1,91 71 0,437 0.854 0.31 19.51 2.32
?? 0.714 0.762 1.62 8,99 1.92 72 0,433 0.856 0,30 19.71 2.32
23 0.705 0.765 1.53 9.23 1.93 73 0.430 0,857 0,29 19.91 2.33
24 0.696 0.768 1.45 9.48 1.93 74 0.426 0.858 0,29 20.12 2.34
25 0,688 0.771 1.38 9.71 1.94 75 0.423 0.859 0.28 20.32 2.35
26 0.679 0.774 1.31 9.95 1.95 76 0.420 0.860 0.28 20.52 2.35
21 0.671 0.776 1.24 10.18 1.96 77 0.417 0.861 0.27 20.72 2.36
28 0.663 0,779 1.18 10.41 1.97 78 0,414 0.862 0.27 20.92 2.37
29 0.655 0.782 1.13 10.64 1.98 79 0.410 0.863 0,26 21.12 2.38
30 0.647 0,784 1.08 10.87 1.99 80 0,407 0.864 0.25 21.32 2.38
31 0.640 0,787 1.03 11.10 1.99 81 0,404 0.865 0.25 21.52 2.39
32 0.632 0.789 0.99 11.33 2.00 82 0.401 0.866 0.24 21.72 2.40
33 0.625 0.792 0.95 11.55 2,01 83 0.399 0,867 0,24 21.92 2.41
34 0.618 0,794 0.91 11.77 2.02 84 0.396 0.868 0.24 22.12 2.41
35 0.611 0,796 0.87 11.99 2.03 85 0,393 0.869 0.23 22.31 2.42
36 0.604 0.799 0.84 12.21 2.04 86 0,390 0.870 0.23 22.51 2.43
37 0.598 0.801 0.81 12.43 2.04 87 0,387 0.871 0.22 22.71 2.43
38 0.591 0,803 0.78 12.65 2.05 88 0.385 0.872 0.22 22.91 2.44
30 0.S8S 0,805 0.75 12,07 2,05 80 0,382 0.873 0,21 23.11 2.45
40 0.579 0,807 0.72 13.09 2.07 90 0,379 0.874 0,21 23.31 2.46
41 0.573 0,809 0,70 13.30 2.08 91 0,377 0.874 0,21 23.51 2.46
42 0.567 0.811 0.68 13.52 2.09 92 0,374 0.875 0.20 23.70 2.47
43 0.561 0,813 0.65 13.73 2.09 93 0.372 0.876 0.20 23.90 2.48
44 0.556 0,815 0.63 13.94 2.10 94 0,369 0.877 0.20 24,10 2.49
45 0.550 0,817 0.61 14.16 2.11 95 0.367 0.878 0.19 24.30 2.49
46 0.545 0,818 0.59 14.37 2.12 96 0,364 0.879 0.19 24.49 2.50
47 0.539 0,820 0.57 14.58 2.13 97 0.362 0.879 0.19 24.69 2.51
48 0.534 0.822 0.56 14,79 2,13 98 0.359 0.880 0.18 24,89 2.51
49 0.529 0,824 0.54 15.00 2.14 99 0,357 0.881 0.18 25.09 2.52
50 0.524 0,825 0,52 15.21 2.15 100 0.355 0,882 0.18 25,28 2.53
Márcio Roberto Silva Corrêa

Engenheiro Civil (1979), pela Universidade


Federal de Juiz de Fora. Mestre (1983), Doutor
(1991), pela Escola de Engenharia de Sáo
Carlos, Universidade de Sáo Paulo, onde
atualmente é Professor Doutor Fez Pós-
Doutorado (2001) na University ol Newcastle,
Australia Leciona disciplinas em nível de
graduação e pós-graduação nas áreas de
resistência dos materiais, atvenana estrutural o
análise de estruturas de concreto Desenvolve
pesquisa nas referidas áreas, com dezenas de
trabalhos publicados em revistas, congressos e
outros eventos denfficos no Brasil e no exterior.
Tem experiência profissional em projeto de
estruturas de concreto e alvenaria Ministrou
vários cursos em universidades o associações
de engenheiros no Brasil Proferiu palestras em
universidades no Brasil o no exterior. Foi membro
da comissão executiva da nova NB-1. tendo
participado diretamente na redação de alguns de
seus capítulos.
O presente texto compreende uma atual e
ampla cobertura dos vários aspectos do
projeto estrutural e reflete o estado da arte
do projeto e prática de alvenaria no Brasil.
Uma vez que os princípios do projeto da
alvenaria são universais, grande parte do
material apresentado é igualmente aplicável
à construção em alvenaria em outros países.

O livro é relevante não apenas para alunos,


como também para pesquisadores e engenheiros
projetistas, e vem se juntar ao relativamente
reduzido número de textos amplos sobre projeto
de alvenaria disponíveis na literatura mundial.

Você também pode gostar