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Objeto de conhecimento: Pós- Modernismo Aula: 01 e 0 2 / 1º semana

Disciplina: Língua Portuguesa Professora: Andrea Passos


Estudante:__________________________
Série/Turma:________________________

LITERATURA AFRICANA EM LÍNGUA PORTUGUESA

Introdução
Um belo continente que sempre atraiu o olhar do homem por causa de seus atributos, segredos e belezas
inconfundíveis. A África pode ser vista como um local cheio de belezas naturais, que sempre oferece um enorme
campo para a consumação de realizações incríveis. Muitos idiomas são falados no Continente Africano, destacando-
se: o francês, inglês e o português.

As literaturas africanas em língua portuguesa podem ser consideradas recém-chegadas, pois os países que foram
colonizados por Portugal receberam sua independência no final do século XX. No período de colonização, existiu a
criação de textos literários nas colônias, entretanto os textos eram conforme o ponto de vista do colonizador
português.

Com o passar dos tempos, os escritores perceberam que deveriam escrever a partir das perspectivas locais, com isso
seus textos começaram a serem entendidos como os de Cabo-Verde, Moçambique e Angola. A África é um país
continental onde existem várias culturas e, muitas destas culturas, são desconhecidas no Brasil, apesar de existir
inúmeras igualdades.

A leitura de grandes obras dos escritores africanos pode ser de grande valia para os alunos brasileiros, visto que
poderão aprender sobre este grande continente. Um tema muito discutido atualmente é a diversidade cultural na
comunidade lusófona, e a inevitabilidade de incluir temas ligados à comunidade africana nos processos de
reconhecimento da pluralidade da cultura brasileira.

Desenvolvimento
A literatura africana é o reflexo da vida social do povo, ela é ligada aos processos de modernização e urbanização; e
pode criar novas formas e estilos. Por consequência do processo de colonização, a literatura parece ter adquirido
um posicionamento especial na antropologia, criando etnografias[2] sobre como seria o continente e seus
habitantes. Tal processo é diretamente próximo à ocupação colonial.

Elísio Macamo elaborou uma classificação do conhecimento sobre a literatura africana que são: conhecimento
tradicional, africano e colonial (MACAMO, 2002). Nessa conformidade, desprezando a ideia de cronologia pode-se
pensar que a tradição oral seria uma forma de literatura tradicional, e está presente em todas as culturas africanas,
baseando-se nas relações que são o repertorio histórico pertencente à comunidade, ao grupo e à sociedade.

A literatura colonial seria aquela elaborada por uma produção de textos de origem etnográfica, biográfica escrita
pelos missionários. Os missionários, também, seriam reguladores de línguas nativas, agora domesticada em
gramáticas, dicionários, etc. (COUTO, 2009; MENDONÇA, 1999). Francisco Noa, em sua análise sobre literatura
colonial, relata que existe uma literatura produzida a respeito da África a partir de um “olhar externo”, em constante
renovação (NOA, 1999).

Conforme Deize Bebiano (2000), o conhecimento africano era passado por intermédio da literatura oral. Essa forma
sofria muito preconceito, contudo, no decorrer do tempo, conseguiu ter reconhecimento nos veículos culturais. Até
hoje, a oralidade e o som influenciam a literatura africana conforme as palavras de Pires Laranjeira (1992):

[...] Faz-se por esquecer que a África é ainda um continente da oralidade e do som, mas do que da escrita ou da
imagem, e que privilegiar, portanto, a literatura escrita é, no mínimo, postergar as outras formas de criação literária
par terreno da inferioridade discriminatória, da subserviência artesanal, o que permitiria avaliar os discursos críticos,
quer dos próprios países dessas criações, que dos exógenos, como autênticos baluartes de metalinguagens
demagógicas ou de imprecisas hermenêuticas reducionistas [...], (LARANJEIRA, 1992, p.36).
Objeto de conhecimento: LITERATURA AFRICANA EM LÍNGUA PORTUGUESA Aula: 03 / 1º semana
Disciplina: Língua Portuguesa Professora: Andrea Passos
Estudante:__________________________
Série/Turma:________________________

LITERATURA AFRICANA EM LÍNGUA PORTUGUESA

As literaturas africanas escritas em língua portuguesa coincidem na flexibilidade das narrativas, fazendo, assim,
conviver o antigo com o novo; a escrita com a oralidade; em um discurso mesclado. Também promove uma escrita
dinâmica mestiça resultado dos diálogos entre as formas de textualidade das línguas européias escritas e formas de
textualidade das línguas nativas.

A literatura africana é uma literatura de luta e conflito, ela discute de forma ambígua com a tradição, a literatura
colonial e com seu tempo. Ela é uma literatura de características modernas, no sentido de ser aquela que surge da
possibilidade de um conjunto de mudanças, que evidencia um número de conflitos e contradições (HAMILTON,
1999: AUGEL, 2007).

Um estudo notável sobre literatura e nacionalidade na cultura moçambicana elaborado por Patrick Chabal salienta
quatro fases de incremento da literatura africana em língua portuguesa.

A primeira é a percepção de que os escritores transcreviam os modelos da escrita européia. A segunda é a


perseverança do autor em construir e defender uma cultura africana essencial. A terceira fase é o período pós
independência, o autor quer ter seu lugar na sociedade. A quarta é a atualidade, o autor busca novos rumos para o
futuro (CHABAL, 1994).

Na época antecedente a Independência, os escritores de Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tome e
Príncipe e Angola escreviam seus textos com a influência trazida pelo colonizador e, muitas vezes, entravam em
conflito com a sua cultura nativa africana.

Após a ruptura com o colonialismo imperialista, surgiram movimentos literários importantes e obras de grande
proeminência para o desenvolvimento da literatura africana em língua portuguesa. Evidenciando-se a publicação da
revista Claridade (1936-1960) em Cabo Verde; a publicação do livro de poemas Ilha de Nome Santo (1942) de
Francisco José Tenreiro, em São Tomé e Príncipe; a publicação da Revista Msaho (1952) em Moçambique; e a
publicação da Mantenhas Para Quem Luta! (1977) pelo Conselho Nacional de Cultura em Guiné-Bissau.

Deize Bebiano enfatiza que em Angola, nas décadas de 50 e 60, tempo anterior a independência, a procura pela
identidade foi realizada através da poesia. Os temas mais falados eram o que focavam em solidariedade aos
ancestrais, a infância e etc. (BEBIANO, 2006).

Em seu livro Paul Ricoeur (1994) reflete que:

A identidade não poderia ter outra forma do que a narrativa, pois definir-se é, em ultima analise, narrar. Uma
coletividade ou um individuo se definiria, portanto, através de histórias que ele narra a si mesma sobre a si mesma e,
destas narrativas, poder-se-ia extrair a própria essência da definição implícita na qual a coletividade se encontra
(RICOUER, 1994, p. 432).

A literatura africana sofre com preconceitos criados desde os tempos antigos, relatos bíblicos, a elaboração de
alguns mapas e outros trabalhos com outras fontes foram usados para negativar o continente africano e sua
população. Segundo Serrano e Waldman (2007):

“historicamente, o regime de estereotipias imposto a África foi reforçado pela distância e o relativo isolamento do
continente para com o mundo europeu. A África, e em particular a África Negra ou Subsaariana, constituía um
domínio sobre o qual as informações eram fragmentarias e distorcidas, ocultando-se par completar, por trás de um
deserto considerado impenetrável, o Saara”, (SERRANO E WALDMAN, 2007, p.27).

A literatura escrita atualmente em Angola, Guiné-Bissau, Cabo-Verde, São Tomé e Príncipe e Moçambique é
produzida essencialmente em português, com pouca ocorrência em crioulo saliente Pires Laranjeira. A criação em
língua crioula acontece principalmente em Cabo Verde, local onde existe uma tradição neste sentido. A língua
crioula sofreu influência da língua portuguesa trazida pelos colonizadores o que afetou a produção literária africana.

Barbosa (2008) debate sobre o eurocentrismo[3] e sua interferência negativa para história africana. Ocorreram
mudanças significativas na pesquisa da historiografia africana e do continente baseada na Escola dos Annales[4]. Por
conseguinte Barbosa (2008) cita:

“o eurocentrismo é pensado como ideologia e um paradigma, cujo cerne é formado por uma estrutura mental de
caráter provinciano fundada na crença da superioridade do modo de vida e do desenvolvimento europeu-ocidental”,
(BARBOSA, 2008, p. 87).

Assim sendo, ponderar sobre produções intelectuais e culturais africanas sempre foram denegridos pelos
estereótipos gerados com base no pensamento eurocêntrico. Todavia, como já relatado, uma forma de abordar essa
história pode ser via diálogos literários especialmente o de matrizes africanas de língua portuguesa como enfatiza
Amâncio (2008).

Continuando nos pensamentos de Amâncio (2008), as literaturas de matrizes africanas surgem em um cenário
político, bem como em um ambiente cercado de lutas e estratégias desenvolvidas pelos autores nas ações efetivadas
contra a dominação colonial posta na África. Neste contexto Pesavento (2008) explana:

“Neste cruzamento que se estabelece entre história e literatura, o historiador se vale do texto literário não mais
como ilustração do contexto em estudo, como um dado a mais, para compor uma paisagem dada. O texto literário
lhe vale como porta de entrada às sensibilidades de um outro tempo, justo como aquela fonte privilegiada que pode
acessar elementos do passado que outros documentos não proporcionam”, (PESAVENTO, 2008, p. 113).

Dessa forma, na instrução de História, as indagações relacionadas ao tempo, ou às formas de se entender as diversas
fases do tempo, poderão ser levadas para as salas de aulas da Educação Básica pelo professor. Os textos literários,
cheios de metáforas podem ser usados perfeitamente, utilizando essa abordagem pedagógica de ensino. Nas
palavras do autor Laranjeira (2001):

A formação e o desenvolvimento das literaturas africanas de língua portuguesa, desde o primeiro livro impresso em
1849, ate a atualidade, passaram pela construção do ideal nacional no discurso. No discurso literário, o nacionalismo
foi a antecipação da nacionalidade, modo específico de a escrita se naturalizar como própria de uma Nação-Estado
em germinação. A consciência nacional, no discurso literário, atravessou, assim, diversos estádios de evolução,
desde meados do século XIX ate a atualidade. (LARANJEIRA, 2001, p. 185).

A literatura pode fornecer outras formas de interpretação, criar novas sensibilidades aos leitores e alunos no ensino
de História nas escolas de Educação Básica e, assim, realizar a implementação da Lei 10639/2003[5], e disponibilizar
um ensino questionador e cauteloso. Para Pesavento (2008), o uso de textos literários no ensinamento de História
poderá levar a compressão, esclarecimento e discussão a um melhor entendimento do “real e de verdade, que uma
narrativa histórica pode produzir, tomando o lugar do que teria acontecido um dia”, (PESAVENTO, 2008, p. 84).

A conexão entre literatura e historia revela um campo de investigação em que as duas se concluem, e são meios que
o homem utiliza para pensar no mundo real. A literatura pode ser considerada um processo inconsciente que
concede uma entrada privilegiada a uma temporalidade transcorrida. Como relata Sevcenko (1989):

“a produção literária revela todo o seu potencial como documento, como uma instancia complexa, repleta das mais
variadas significações que incorpora a historia em todos os seus aspectos”. (SEVCENKO, 1989, p.246).

Vale salientar que os países africanos de idioma português têm sua própria história e experiências, cada um tem suas
típicas composições étnicas distintas, os trajetos políticos culturais são diferentes, mas sofreram e lutaram de
maneiras diferentes contra a violência do colonizador. A luta contra a escravidão foi um laço forte entre estes países,
que os uniram. Conforme Hernandez (2005):

A aproximação entre os países africanos, mais do que por motivo de ordem estrutural, é possibilitada pelos efeitos
do colonialismo, com o agravamento da crise econômica e o endividamento externo, alem das serias conseqüências
da repressão. A união se impõe, a despeito da diversidade de matrizes ideológicos e políticos dos movimentos
nacionalistas dos diferentes países africanos. (HERNANDEZ, 2005, p.162).

Novas diretrizes foram inseridas no estudo da história e cultura afro-brasileira e africana, os professores têm que
ensinar aos alunos a cultura afro-brasileira como componente e criadora da sociedade brasileira. Os negros são
classificados como sujeitos históricos e devem ser valorizados.

Os pensamentos e as ideias de pessoas marcantes na história negra brasileira devem ser ensinados, assim como a
cultura, culinária, música, dança e as religiões de matrizes africanas.

A promulgação da Lei 10639/03 foi em homenagem a morte de Zumbi dos Palmares. Neste dia, também, se
comemora o dia da consciência negra. A data é marcada pela luta contra o preconceito racial. A referida Lei torna-se
obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira em todas as escolas públicas e particulares, e vai do ensino
fundamental ao médio.
Objeto de conhecimento: A África e sua História de Colonização Aula: 01 e 02 / 2º semana
Disciplina: Língua Portuguesa Professora: Andrea Passos
Estudante:__________________________
Série/Turma:________________________

A África e sua História de Colonização


A narrativa do português, na África, está diretamente associada com a sequência de colonização portuguesa no
continente, a ocupação dos portugueses no continente aconteceu em Ceuta por volta do ano de 1415. Com
dimensões enormes e riquezas incalculáveis, o explorador preferiu a exploração do tráfico negreiro, e esta atividade
rendeu muitos lucros para a Coroa.

No período da segunda metade do século XV, os portugueses criaram feitorias nos portos do litoral oeste africano.
As feitorias foram importantes para o abastecimento das caravelas que navegavam em direção as Índias e, depois,
para o embarque das pessoas que foram escravizadas e seriam enviadas para a América. A mão de obra barata e
escrava eram designadas para os engenhos de açúcar instalados na América Portuguesa, Ilha da Madeira em São
Tomé.

O português efetivou-se, fortemente, como língua falada em Moçambique e Angola, nos outros países africanos, o
português é usado no dia a dia juntamente com as outras línguas nacionais ou crioulos de origem portuguesa. O
português falado nestes países africanos foi ficando distante daquele falado na Europa, por causa da influência das
línguas locais.

A língua portuguesa é o idioma oficial de cinco países africanos são eles: Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São
Tomé e Príncipe, Moçambique, Guiné Equatorial (adotou o idioma português recentemente). O português tornou-se
o idioma utilizado no ensino, na imprensa, na administração e nas relações internacionais destes países.

Os PALOP (Países Africanos de Língua Portuguesa) se uniram e firmaram vários protocolos de Cooperação
Internacional para o Desenvolvimento em áreas como educação, economia, cultura, preservação da língua
portuguesa e diplomacia. Por causa das guerras civis em Angola e Moçambique refugiados migraram para países
vizinhos momo África do Sul, Zâmbia, República Democrática do Congo e Namíbia.

Literatura de Autoafirmação, Resistência e Consolidação da Identidade Negra


A idealização de diversos movimentos de resistência contra a ocupação da África pelos europeus, bem como a luta
pelos direitos negros contra o racismo fora e dentro da África, em que inspirou o desenvolvimento de uma literatura
comprometida e militante na primeira metade do século XX.

Nos Estados Unidos e no Haiti, surgiu um movimento chamado Pan-Africanismo de grupos afrodescendentes que
lutavam em prol da criação e afirmação de um passado para a etnia negra. Os integrantes do movimento buscavam
valorização na sociedade e opunham-se às práticas de interiorização dos africanos e das pessoas afrodescendentes
que moravam no Ocidente. (SANTOS, 2010, p.1).

A alocução Pan-Africanista era valorizar o passado comum de todos os africanos e afrodescendentes e, também,
enaltecer um futuro de grandes vitórias a partir da união africana. No continente africano, o pan-africanismo
começou a ser reconhecido após o fim da Segunda Guerra Mundial, no momento em que o monopólio europeu
sobre a civilização passou a ser criticado dentro e fora da Europa.

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Alguns estudiosos africanos criticavam o movimento Pan-Africanismo, por achar que ao sugerir uma África unificada
não levava em conta as diversidades e contradições internas de cada país. Por vezes, os estudiosos relatavam que as
lutas fragmentadas eram motivadas por ideais nacionalistas, e estes ideais eram oriundos da cultura política do
colonizador.
Outro movimento de grande repercussão foi à negritude, a qual teve grande amplitude e que era presente na
Europa, África e América. Nas palavras de Diva Damato, a mobilização teve o foco centralizado na busca da
positivação do sentido de “negro” fundamentado na percepção de orgulho racial, que permitiu vincular à tradição
pan-africanista de Du Bois. (DAMATO, 1983, p.34).

A negritude foi apontada como um dos mais importantes movimentos poético-cultural e político-social de
desaprovação do colonialismo e do racismo. Também, foi um dos principais recursos ideológicos na luta de
libertação africana em busca pela independência.

Um dos objetivos do movimento negritude era a criação de uma consciência negra limpa sem marcas do passado
opressor, a luta pelos direitos civis e conseguir reverter o sentido depreciativo de elementos que eram ligados ao
mundo negro. Com isso, buscava a criação de uma nova identidade e a nova identidade seria ostentada com orgulho
e vibração do povo negro.

Os escritores queriam mostrar em suas obras uma mensagem de luta anti-colonial e de que tinham fé nas mudanças
e na construção de uma nova consciência racial que superasse as diferenças de classe e étnicas sua mensagem era
um grito de denúncia contra a opressão. Nas palavras de Laranjeira (2001):

O discurso da Negritude constitui, portanto, a emergência estética da ampla doutrina da africanidade e da ideologia
pan-africanista, contributo inestimável para o fazer literário segundo uma concepção autonomista que, embora
aceitado naturalmente os contributos culturais variados (políticos, ideológicos, científicos, étnicos, populares,
eruditos, etc.) incluindo os europeus, se atém a princípios autonomistas, africanos, anti-colonialistas, recusando a
submissão aos padrões impostos pelas potencias dominantes. (LARANJEIRA, 2001, p. 53).

O tempo passou e o movimento passou a lutar pela liberdade das colônias africanas das mãos do europeu. A crítica
poética prosseguiu com um caráter mais político. Na década de 50, o grupo negritude movimentou-se para organizar
políticas africanas em desfavor da colonização européia no continente.
Objeto de conhecimento: Pós- Modernismo Aula: 03
Disciplina: Língua Portuguesa Professora: Andrea Passos
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Escritores Africanos e Suas Obras Literárias

Ao mesmo tempo em que lutavam por liberdade, os autores de obras literárias começam a aparecer e a espalhar
seus ideais através de seus livros e tentar mudar os pensamentos de seu povo através da literatura e da cultura. Os
autores buscam suas inspirações literárias na terra, nos conflitos regionais e nas belezas naturais da região.

Como o continente africano é de dimensões continentais e não seria possível relatar neste artigo todos os autores e
suas obras, mas será mostrado alguns de maior repercussão.

Wole Soyinka: nascido na Nigéria escreveu obras como: O Leão e a Joia; A Quality of Violence; The Swamp Dewllers;
A Dance in the Forests; The Road; King Baabu.
Antônio Agostinho Neto: nascido na Angola, escreveu obras como: Quatro Poemas de Agostinho Neto; Póvoa do
Varzim; Casa dos Estudantes do Império; Sagrada Esperança; Sá da Costa; A Renúncia Impossível; Luanda.
Nadine Gordimer: nascida na África do Sul escreveu obras como: A Arma da Casa; The Lying Days; A World of
Strangers; Face to Face; A Soldier´s Embrace; Loot.
Naguib Mahfuz: nascido no Egito escreveu, obras como: Miramar; Trilogia do Cairo; A Taberna do Gato Preto; Os
filhos do Nosso Bairro; Noites das Mil e Uma Noites.
Mia Couto: nascida em Moçambique, escreveu obras como: Antes de Nascer o Mundo; Vozes Anoitecidas; Estórias
Abensonhadas; O Fio das Missangas; Terra Sonambula; O Gato e o Escuro; A Confissão da Leoa.
José Eduardo Agualusa: nascido em Angola, escreveu obras como: A Conjura; A Feira dos Assombrados; Estação das
Chuvas; Nação Crioula; Um Estranho em Goa; O vendedor de Passados; Teoria Geral do Esquecimento.
José Luandino Vieira: nascido em Angola, escreveu obras como: A Cidade e a Infância; Luanda; A vida Verdadeira de
Domingos Xavier; Nosso Musseque; O Livro dos Rios;
Paulina Chiziane: nascida em Moçambique, escreveu obras como: Niketche; Uma História de Poligamia; Balada de
Amor ao Vento; O Alegre Canto de Perdiz; Na Mao de Deus;
Artur Carlos Mauricio Pestana dos Santos (Pepetela) nascido em Angola, escreveu obras como: O Planalto e a Estepe;
As Aventuras de Ngunga; O Cão e os Caluandas; Geração de Utopias; Mayombe;
Objeto de conhecimento: LITERATURA AFRICANA Aula: 01 e 02 /3º semana
Disciplina: Língua Portuguesa Professora: Andrea Passos
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Caminhos Históricos

A ligação entre portugueses e africanos foi pactuada no século XV, as relações eram pelas feitorias de captura de
escravos que eram destinados às economias de plantations na América em principal o Brasil. Com o término do
tráfico e a independência brasileira, os colonizadores começam a pensar na necessidade de criar um novo império.

Conforme Valentin (2000), os portugueses criaram a ideia de que a África não poderia viver sem o império devido ao
fato de a Espanha estar olhando para o continente africano, para isso, deveriam construir um novo Brasil.

“A ideia vai marcar todo o pensamento nacionalista português dos séculos XIX e XX, que vê na construção de um
novo sistema colonial a preservação da herança histórica e a garantia da existência na nação”. (VALENTIN, 2000, p.
181).

A grande arma do imperialismo é o poder que tem em nomear e rotular. Os pensamentos dos dominantes são
preconceituosos e proporcionou reflexões confusas sobre a África. As opiniões racistas e preconceituosas foram
legitimadas e inseridas na comunidade cientifica, o que gerou um pensamento político para reafirmar a
superioridade ocidental e amparar à invasão europeia a África.

A dialética colonialista introduziu o discurso da inferioridade para defender seus métodos e ações na continente
africano, o prestígio europeu seria uma benesse para aquele povo atrasado. O estilo de vida europeu serviria de
espelho para aquele povo modelar seus modos e caminhar para e evolução humana. Segundo Fanon (2005).

[...] o colonialismo não se contenta em impor a sua lei ao presente e ao futuro do dominado. O colonialismo não se
contenta com encerrar o povo nas suas redes, com esvaziar a cabeça do colonizado de qualquer forma e de qualquer
conteúdo. Por uma espécie de perversão da lógica, orienta-se para o passado do povo oprimido, distorce-o,
desfigura-o e aniquila-o. (FANON, 2005, p. 244).

Somando-se a toda esta história, as literaturas africanas despertam com a ideia de recusa do pensamento colonial,
transforma-se em um espaço de protesto, contestação e rejeição. O propósito é reescrever sua história e não aceitar
ser um pelego da historiografia ocidental. A inserção de elementos da oralidade, a desestruturação gramatical da
língua oficial, o comprometimento político e a utilização de expressões nativas, são a vontade dos escritores em se
distanciar da visão colonial.

Contar história vem da base da conjuntura humana e está alusivo com a obrigação de resgatar a experiência da
perpetuidade e da fragilidade da vida. A presença da oralidade na África está diretamente ligada à magnitude da
memória e do testemunho. O discernimento sobre a África será possível por meio desta herança de conhecimento
que pacientemente é transmitido de boca ao ouvido.

A oralidade é um dos elementos que representam a cultura africana e invadem a escrita formal da língua
portuguesa, admitindo um novo papel e, assim, concedendo outro tom as narrativas. A comunicação oral é um dos
fundamentais temas das literaturas, muitas das vezes por ser uma marca das ideologias nacionalistas.

A integração de elementos da oralidade, a desestruturação gramatical da língua oficial, a denúncia, o


comprometimento político, a utilização de dialetos e expressões nativas, caracterizam a angustia dos escritores em
se distanciar do colonialismo e constituir algo que fosse visto como genuinamente africano, criar um contra discurso
colonialista.
Nesse sentido, a oralidade foi utilizada como estratégia para desfazer a imagem construída pelo ocidente em relação
à África. A admissão dessa nova forma de narrativa nas obras literárias foi à forma que os autores acharam para
evidenciar as características marcantes das culturas locais que foram menosprezadas pelo colonizador. Dessa forma,
valorizando a oralidade é possível exaltar a sabedoria milenar do povo e o seu passado que foi guardado na
memória, e contado verbalmente ao longo do tempo para as gerações futuras. Segundo Hernandez (2005).

A predominância da oralidade na África é resultante de condições históricas (...). Apesar disso, muitos críticos
partem do princípio de que há algo de ontologicamente oral em África, e que a escrita é um acontecimento
disjuntivo e alienígeno. (HERNANDEZ, 2005, p.169).

As literaturas escritas em língua portuguesa coincidem na flexibilidade das narrativas, juntando o novo com o antigo,
a escrita com a oralidade, num discurso heterogêneo. Resulta em uma escrita mestiça, resultado dos diálogos entre
as formas de escrita européias e as nativas, as palavras falam entre o que poderá ser e o que já se foi, procuram uma
identidade ao exercício incessante da sobrevivência nas diferenças.

A literatura africana em língua portuguesa nasceu através de vozes que se uniram pelo mesmo ideal, elas
transmitiram as atrocidades sofridas pelo seu povo, o seu sonho de liberdade e de luta pela independência. Suas
belezas e riquezas foram descritos em prosas e versos que ultrapassaram as fronteiras do continente e ajudou a
escrever toda a sua história.

No endossamento de Rita Chaves e Tânia Macedo (2007), em réplica à indagação sobre qual lugar ocupa a literatura
em um local destroçado pela miséria, analfabetismo, confrontos armados e a péssima qualidade de vida.

Se nos deixarmos levar pela lógica das estatísticas, temos de assinalar que, de fato, a atividade literária da África não
supera a marca do traço. Porem, segundo Mia Couto, um de seus maiores prestigiados escritores, essa duríssima
realidade não pode ser vista como um impedimento para o lugar de sonho que a literatura também pode abrigar
(CHAVES; MACEDO, 2007, p. 44).

As literaturas foram e são locais de protestos, representação de sentimentos e ideias, permanecem empenhada e
vigilante no seu dever de pensar em uma África melhor. Sua missão é desmontar as estranhezas e idéias de uma
cultura genuinamente africana, seu estudo deve presumir o homem mestiço, a cultura hibrida e a experiência
colonial.

Ocorreu a criação de novos produtos culturais que foram marcados por histórias de mudanças desde período pós-
colonial, gerando, portanto, o sujeito híbrido culturalmente que nasceu na poesia Identidade de Mia Couto que
começa com a significadora frase: “Preciso ser um outro para ser eu mesmo (...)”.
Objeto de conhecimento Aula: LITERATURA AFRICANA 03 / 3º semana
Disciplina: Língua Portuguesa Professora: Andrea Passos
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LITERATURA AFRICANA

A literatura africana em língua portuguesa teve uma importância muito grande na construção cultural e histórica das
ex-colônias portuguesas na África. Utilizando a linguagem dos colonizadores, os escritores de maneira criativa e
inovadora, construíram nas últimas décadas uma tradição literária que se evidencia de forma própria em cada nação.

Os autores africanos conseguiram passar em suas obras a forma de pensar de seu povo, sua cultura, sua terra e,
principalmente, expressar de forma clara seus sentimentos e emoções. Os escritores procuraram afastar os horrores
vividos pelo povo no período colonial e, também, na época das guerras.

Uma das maiores lições que os autores deixaram em seus livros, foi o pensamento de que a África negra não pode,
nem deve ser considerado um estorvo para o mundo, deve-se pensar nela como um pequeno desafio não somente na
parte literária, mas, em toda forma de expressão humana, busca-se contribuir com a África de forma honesta e levar
esperança ao seu povo.

Com o poder da educação e argumentação pode-se lutar por mudanças e conseguir ter um mundo melhor. No
momento atual, percebe-se que a literatura africana encantou o mundo, com seus grandes autores expressando de
maneira natural seus sonhos e anseios para com sua terra.

A literatura africana em língua portuguesa passou por diversas etapas para construir sua identidade cultural. As
manifestações artísticas e culturais que antes eram oprimidas pelos governos tiranos, hoje são mostradas ao mundo e
tornaram-se muito interessantes.

Ainda há muito que aprender sobre as literaturas africanas em língua portuguesa no Brasil, por isso existe a Lei 10639
em que tornou obrigatório o ensino da Literatura, História, Cultura Africana e Afro-brasileira nas escolas, fazendo
com que aumente a curiosidade das pessoas sobre as literaturas africanas.

A literatura pode ser entendida como um condutor que contorna os obstáculos sofridos pelo povo africano, e tornou-se
um instrumento de criação da realidade social.
Objeto de conhecimento: LITERATURA AFRICANA Aula: 01 E 02/ 4º semana
Disciplina: Língua Portuguesa Professora: Andrea Passos
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Exercícios

Instrução: Responda às questões 1 e 2 a partir da


leitura dos textos a seguir, exemplares da literatura
africana em Língua Portuguesa.

TEXTO 1 TEXTO 3

“Portugal colonial” “Poema”


Nada te devo nem o sítio onde nasci Pés descalços
nem a morte que depois comi nem a vida pisam caminhos de areia Pés descalços
repartida p'los cães nem a notícia pisam sujos caminhos de areia Pés cansados negros e
curta descalços
a dizer-te que morri pisam tristes sujos caminhos de areia Pés negros
nada te devo Portugal colonial pisam tristes caminhos da vida
cicatriz doutra pele apertada (Idílio Rocha, poeta moçambicano. In: NEVES, João A.
Poetas e contistas africanos de expressão portuguesa.
(David Mestre, poeta angolano. In: DÁSKALOS, M. A.; São Paulo: Brasiliense, 1963, p. 66.)
APA, L.; BARBEITOS, A. Poesia africana de língua
portuguesa: antologia. Rio de Janeiro: Lacerda
Editores, 2003, p. 104.) Considerando a relação entre os poemas e o contexto
histórico-social de sua produção, é possível perceber:

a)um discurso de resistência e de combate à opressão.


TEXTO 2 b)uma abordagem nostálgica do passado.
c)um distanciamento dos poetas em relação aos
“Revolta” problemas sociais.
Revolta dentro do peito Por aquilo que não fiz E que d)manifestações poéticas contra o preconceito racial.
eu devia ter feito.
[...]
Revolta dentro de nós, Tendo em vista o modo como recobram a herança do
Revolta arrastando os passos... Vozes mancharam-me colonialismo português, os poemas sugerem uma
a voz, Braços prenderam os braços... Vôo desfeito no relação com Portugal pautada por sentimentos de:
berço...
Revolta crua e sem fim, Revolta triste e infeliz, Por a) revolta.
trazer esta revolta Fechada dentro de mim, Num b) impotência.
verso que nunca fiz. c) gratidão.
d) amizade.
(Aguinaldo Fonseca, poeta cabo-verdiano. In:
FERREIRA, Manuel (Org.). No reino de Caliban. Lisboa:
Seara Nova, 1975, p. 155.)
Objeto de conhecimento: LITERATURA AFRICANA Aula: 03/ 4º semana
Disciplina: Língua Portuguesa Professora: Andrea Passos
Estudante:__________________________
Série/Turma:________________________

Exercícios
Venenos de Deus, remédios do diabo: as incuráveis vidas de Vila Cacimba

(COUTO, Mia. Venenos de Deus, remédios do diabo: as incuráveis vidas de Vila Cacimba. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, pp. 110-113)

– Noutro dia, você zangou-se comigo porque eu não o chamava pelo seu nome inteiro. Mas eu conheço o seu segredo.
– Não tenho segredos. Quem tem segredos são as mulheres.
– O seu nome é Tsotsi. Bartolomeu Tsotsi.
– Quem lhe contou isso? De certeza que foi o cabrão do Administrador.
Acabrunhado, Bartolomeu aceitou. Primeiro, foram os outros que lhe mudaram o nome, no baptismo. Depois, quando pôde voltar a ser ele
mesmo, já tinha aprendido a ter vergonha de seu nome original. Ele se colonizara a si mesmo. E Tsotsi dera origem a Sozinho [Bartolomeu
Sozinho].
– Eu sonhava ser mecânico, para consertar o mundo. Mas aqui para nós que ninguém nos ouve: um mecânico pode chamar-se Tsotsi?
– Ini nkabe dziua.
– Ah, o Doutor já anda a aprender a língua deles?
– Deles? Afinal, já não é a sua língua?
– Não sei, eu já nem sei...
O português confessa sentir inveja de não ter duas línguas. E poder usar uma delas para perder o passado. E outra para ludibriar o presente.
– A propósito de língua, sabe uma coisa, Doutor Sidonho? Eu já me estou a desmulatar.
E exibe a língua, olhos cerrados, boca escancarada. O médico franze o sobrolho, confrangido: a mucosa está coberta de fungos, formando uma
placa esbranquiçada.
– Quais fungos? – reage Bartolomeu. – Eu estou é a ficar branco de língua, deve ser porque só falo português...
O riso degenera em tosse e o português se afasta, cauteloso, daquele foco contaminoso. [...]
O médico olha para o parapeito e estremece de ver tão frágil, tão transitório aquele que é seu único amigo em Vila Cacimba. O aro da janela
surge como uma moldura da derradeira fotografia desse teimoso mecânico reformado.
– Posso fazer-lhe uma pergunta íntima?
– Depende – responde o português.
– O senhor já alguma vez desmaiou, Doutor?
– Sim.
– Eu gostava muito de desmaiar. Não queria morrer sem desmaiar.
O desmaio é uma morte preguiçosa, um falecimento de duração temporária. O português, que era um guarda-fronteira da Vida, que facilitasse
uma escapadela dessas, uma breve perda de sentidos.
– Me receite um remédio para eu desmaiar.
O português ri-se. Também a ele lhe apetecia uma intermitente ilucidez, uma pausa na obrigação de existir.
– Uma marretada na cabeça é a única coisa que me ocorre.
Riem-se. Rir junto é melhor que falar a mesma língua. Ou talvez o riso seja uma língua anterior que fomos perdendo à medida que o mundo foi
deixando de ser nosso. [...]

Vocabulário:
Ini nkabe dziua – Expressão que significa “Eu não sei” (língua chisena, falada no Centro de Moçambique)

ATIVIDADE DE LEITURA

QUESTÃO 4
Identidade nacional representa um conjunto de sentimentos que fazem com que um indivíduo se sinta parte de uma sociedade ou nação. A
língua é um importante elemento na constituição da identidade de um povo. Ela permite reconhecer membros da comunidade, diferenciar
estrangeiros e transmitir tradições. No Texto Gerador 1, podemos perceber uma certa crise de identidade por parte do personagem africano
Bartolomeu, obrigado a conviver com duas línguas. Com base nessas informações, responda:

a) De que países eram essas duas línguas?

b) Selecione um fragmento do texto que confirme essa crise de identidade de Bartolomeu.


Colégio Estadual Albérico Gomes Santana

Somente unidos nas ações podemos construir uma escola democrática e participativa!

Aluno (a) ___________________________________Data ___/____/____

Disciplina: _____________ Professor(a) da Disciplina: ___________________________

Valor Atribuído Valor Obtido

Avaliação da Aprendizagem ( ) Parcial ( ) Final – 2021

VI Unidade
Instruções gerais/legendas:

1. Preencha o cabeçalho completo e responda sua avaliação com letra legível;

2. Use somente caneta esferográfica azul ou preta para responder esta avaliação;
3. Não será permitido o uso de corretivo nesta avaliação;
4. Fica expressamente proibido o uso de celular, calculadora, tablet ou quaisquer outros aparelhos eletrônicos durante a avaliação;
5. Leia e releia atentamente sua avaliação e evite deixar alguma questão sem resposta.

0 a b c d e
1
0 a b c d e
2
0 a b c d e
3

QUESTÃO 4

A) ____________________________________________________________________________________________________________
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B) ____________________________________________________________________________________________________________
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