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BACHARELADO EM ESTATÍSTICA
Cuiabá
2020
HELITON JOSÉ DA SILVA
LÓGICA MATEMÁTICA
Cuiabá
2020
Sumário
1. Introdução...............................................................................................................................4
3. Lógica Matemática.................................................................................................................6
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1. Introdução
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2. Breve Histórico da Lógica e Lógica Matemática
A lógica propriamente dita tem sua origem na Grécia Antiga, com os filósofos clássicos
como Aristóteles (que expõe os primeiros conceitos através de sua obra denominada
“Organon”, ou “Instrumento da Ciência”) e de Zenão (fundador da Escola Estoica de
Filosofia). Nesse período, começaram a se desenvolver os conceitos gerais que viriam a ser
utilizados para o desenvolvimento da lógica matemática. A partir desses dois pensadores,
surgiram duas vertentes, ou escolas de pensamento para a lógica: A Peripatética (desenvolvida
através dos pensamentos de Aristóteles) e a escola Estoica (fundada por Zenon e desenvolvida
por Crisipo). Mas somente no século XIX, através dos Estudos de George Boole (1815-
1864), que a lógica matemática surgiu, com o lançamento de sua obra intitulada “A Análise
Matemática da Lógica”, de 1847. Além de Boole, houve também outro matemático de
fundamental importância para o desenvolvimento da lógica matemática, que era o Alemão
Gottlob Frege (1848-1925). Frege notou que muitos matemáticos da época construíam suas
proposições a partir de ideias não verdadeiramente estruturadas, que por vezes levavam a
conclusões equivocadas (no caso da matemática, teoremas equivocados). Pensando nisso,
Frege propôs definir regras para a construção das demonstrações, iniciando com premissas
singelas, para que não houvesse dúvidas das proposições posteriores.
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3. Lógica Matemática
“Que bom!”
“Saudações ao rei!”
Nos exemplos acima, não há forma de atribuir um valor falso ou verdadeiro à expressão, fato
este que torna a proposição inexistente.
3.1.2 Princípios
II. Princípio do Terceiro Excluído: Uma proposição ou é verdadeira ou falsa não existindo
uma terceira possibilidade.
III. Princípio da Não-Contradição: Uma proposição não pode ser verdadeira e falsa
simultaneamente.
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Já a negação de uma proposição, consiste em produzir uma afirmação contrária ao da
declaração apresentada.
Exemplo 1:
Exemplo 2:
De modo geral, se uma proposição for verdadeira, significa que sua negação é falsa; mas o
contrário também se confirma, pois, se uma proposição for falsa, significa que sua negação é
verdadeira.
Exemplo:
PROPOSIÇÃO NEGAÇÃO
O Brasil foi campeão da copa de 2010. O Brasil não foi campeão da copa de 2010.
(FALSA) (VERDADEIRA)
O Brasil não foi campeão da copa de 2010. O Brasil foi campeão da copa de 2010.
(VERDADEIRA) (FALSA)
3.2. Conectivos
Os conectivos lógicos são palavras ou símbolos que ligam uma oração / frase à outra,
estabelecendo uma relação entre as proposições simples, formando uma proposição composta.
Usando a letra p e q como representações para uma proposição, podemos criar uma tabela
para todos os conectivos:
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Exclusiva limpa ou não está
Condicional → Se p então q Se a casa está
fechada, então não
tem ninguém lá.
Bidimensional ↔ P se e somente se q Mário poderá jogar
bola se e somente se
terminar a lição de
casa.
Através da tabela de conectivos, percebemos que para cada operação lógica, existem variadas
possibilidades de acontecimentos: na operação condicional, p pode ser falso e q verdadeiro,
logo a proposição é falsa, pois uma implica na outra; no caso de p ser verdadeira e q
verdadeiro, portanto a proposição é verdadeira. Essa relação de verdadeiro-falso acontece em
todas as operações lógicas e de maneiras distintas, razão pela qual faz-se necessário montar
uma tabela com as possíveis soluções.
- Conjunção: p ^ q
P Q P^Q
V V V
V F F
F V F
F F F
Exemplos de conjunção:
R: Proposição falsa. A maré alta implica um grande volume de água, e se o mar não tem água,
a maré alta não pode acontecer, assim, p ^ q = F
R: Proposição verdadeira. O carro estar funcionando implica que Márcio pode usá-lo para
locomoção, assim, p ^ q = V
- Disjunção Inclusiva: p v q
P Q PvQ
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V V V
V F V
F V V
F F F
Exemplos de disjunção inclusiva:
- Disjunção Exclusiva: p v q
P Q PvQ
V V F
V F V
F V V
F F F
Exemplos de Disjunção Exclusiva:
- Condicional: p → q
P Q P→Q
V V V
V F F
F V V
F F V
Exemplos de condicional:
R: Proposição falsa. A primeira proposição pode ser verdadeira, mas a segunda não.
Logo, p→q = F
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-Bicondicional: p ↔ q
P Q P↔Q
V V V
V F F
F V F
F F V
Exemplos de bicondicional:
e) Maria vai à escola somente quando não estiver mais com febre.
(condição fundamental é que ela esteja sem febre para ir à escola)
f) O presidente é eleito apenas com a maioria absoluta de votos, ou seja, cinquenta por cento
somado a um.
(condição fundamental para alguém se eleger presidente)
A tabela verdade serve para representar todos os valores possíveis de uma declaração
com mais de uma proposição simples (ou seja, uma proposição composta P) para que dessa
forma as n soluções sejam vistas de forma mais clara.
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O número de linhas da tabela verdade dependerá do número de proposições simples que
formam a proposição composta P; dessa forma, o número de linhas da tabela verdade será
dada por 2n, onde n representa o número de proposições simples.
p q p ^ q ~ (p ^ q)
V V V F
V F F V
F V F V
F F F V
Para a negação ~ (p ^ q), será falsa quando p ^ q for falso (primeira linha) e verdadeira
quando p ^ q for falso (demais linhas).
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Solução: nesse caso, o número de proposições simples é 3; logo, o número de linhas será 2 3 =
8 linhas.
p q r p^q^r
Exemplo:
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p → p: é uma tautologia, pois todos as letras na coluna são V (verdade); aliás, é
particularmente impossível um valor falso, já que p é condicionado a ele (de acordo
com o princípio da identidade).
Uma proposição P(q,r) implica uma outra proposição Q(q,r), se Q(q,r) tem o valor verdadeiro
todas as vezes que P(q,r) também forem verdadeiros.
p q p^q pvq
V V V V
V F F V
F V F V
F F F F
Pela tabela-verdade das proposições, notamos que somente na primeira linha p ^ q assume o
valor V (verdadeiro), assim como p v q, logo, na primeira linha há uma relação de implicância
das proposições. Dizemos então, que a primeira proposição implica a seguinte, ou:
p^q→pvq
PROPRIEDADES DA IMPLICAÇÃO LÓGICA
A implicação lógica acontece em razão de duas propriedades: a
reflexiva e a transitiva:
Reflexiva: P(p,q,r,..) → P (p,q,r,...)
Transitiva: Se P(p,q,r,...) → Q (p,q,r,...) e
Q(p,q,r,...) → R (p,q,r,..), então
P(p,q,r,...) → R (p,q,r,...)
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Teorema da implicação:
A proposição P(q,r,s,...) implica a proposição Q(q,r,s,...) ou P(q,r,s,...) → Q(q,r,s,...), se e
somente se a condicional é tautológica (isto é, possuem mesmo valor V)
Suponhamos que tenhamos uma proposição P(q,r,s,...) e Q(q,r,s,...), dizemos que elas são
equivalentes se as tabelas verdades das proposições são idênticas. Usa-se a notação seguinte
para representar essa equivalência:
P(q,r,s,...) ↔ Q(q,r,s,...)
Se as proposições são tautológicas ou contradições, dizemos, por conseguinte, que estas são
equivalentes.
Exemplo:
Construindo a tabela verdade para as proposições p→q , ~p v q temos:
p q ~p p→q ~p v q
V V F V V
V F F F F
F V V V V
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F F V V V
Pela tabela, nota-se que os valores de p→q e ~p v q são idênticos; sendo assim, dizemos que
as proposições são equivalentes, ou:
p→q ↔ ~p v q
Definição: chama-se sentença aberta, sendo apenas de uma variável, uma expressão p(x) tal
que p(a) é falsa (F) ou verdadeira (V) para todo a A. O conjunto A recebe o nome de
conjunto-universo da variável x e qualquer elemento a A é um valor da variável x. (FILHO,
2003)
Uma sentença aberta com uma variável é também chamada de função proposicional com uma
variável em A.
Exemplos:
x+1>8
x+2=3
Uma sentença aberta possui o que se chama de conjunto-verdade. Chama-se de conjunto
verdade de uma sentença aberta p(x) em conjunto A, o conjunto de todos os elementos a ⊂
A, tais que p(a) é uma proposição verdadeira (V). Nos exemplos anteriores, temos os
seguintes conjuntos verdades:
a) x + 1 > 8
Vp= {x | x N ^ x + 1 > 8} = {8, 9, 10, ...} ⊂ N
b) x + 2 = 3
Vp= {x | x N ^ x + 2 = 3} = {1} ⊂ N
Para uma sentença aberta com duas variáveis p(x, y), o conjunto-verdade é o conjunto de
todos os elementos de A x B, tais que os elementos p(a, b) é uma proposição verdadeira. Isto
é:
Exemplo:
3.6.2. Quantificadores
Exemplo:
x N, x + 3 > 9 (lê-se: “para todo x pertencente aos naturais, com x somado a 3 maior que
9)
Exemplo:
Exemplo:
∃!x Z | 2x = -2 (lê-se: “existe um único x pertencente aos inteiros, tal que o dobro de x é -2
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I. Todo número inteiro possui o seu simétrico?
II. A Guerra dos Cem Anos durou mais de cem anos.
III. O pico na neblina.
IV. O Pico da Neblina.
A) III e IV D) I e IV
B) I e II E) I, II E III
C) II
Solução: Usando cada inicial do nome das pessoas, e organizando as afirmações com seus
respectivos conectivos, temos:
I – a v c – V (disjunção inclusiva)
II – b ^ e – F (conjunção)
III – a v d – F (disjunção inclusiva)
IV – a v e – V (disjunção inclusiva)
Se analisarmos III, vemos que as preposições “a” e “d” são falsas, pois o valor da disjunção
inclusiva, que depende de apenas uma para ser verdade, é FALSO. Sabendo disso, e agora
olhando em I, percebemos que “c” é verdade, pois “a” é falso em III.
Em II, percebemos que “b” é falso, pois em IV “e” foi verdade. Com base na análise,
podemos reorganizar de acordo com o valor de cada preposição.
Ana (F) – Ana não é advogada.
Beatriz (F) – Beatriz não é bancária.
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Clarisse (V) – Clarisse é cantora.
Débora (F) – Débora não é dentista
Elaine (V) – Elaine é estilista.
3) (INSTITUTO AOCP) Seja a sentença “Se Lúcia é médica, então Lucas é professor”,
assinale a afirmativa que apresenta a sentença equivalente à sentença inicial.
Solução: Em relação a Rivaldo – Pai de Tiago (V) – Pai de Carlota (V) – Irmão Ângelo (V)
Em relação a Ângelo – Pai de Diogo – Irmão de Rivaldo (V)
Em relação a Diogo: Pai de Mariana – Primo de Tiago e Carlota (V)
4. Referências
FILHO, Edgard de Alencar. Iniciação à lógica matemática. São Paulo: Nobel, 2002.
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TASINAFFO, Paulo Marcelo. UM breve histórico do desenvolvimento da lógica matemática
e o surgimento da Teoria da Computação. ITA,2008. Disponível em:
http://www.bibl.ita.br/xivencita/COMP07.pdf. Acesso em: 02 de novembro de 2020.
ABAR, Celina. Esboço do Desenvolvimento da Lógica. PUC SP, 2004. Disponível em:
https://www4.pucsp.br/~logica/Desenvolvimento.htm. Acesso em: 02 de novembro de 2020.
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