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21.

Antes de executar, o homem соncеbe


O trabalho é antes de tudo um ato que decorre entre o homem e a
natureza. O homem representa, ele próprio, diante da natureza, o papel de uma
força natural. As forças de que o seu corpo é dotado, braços e pernas, cabeça e
mãos, são por ele postas em movimento, a fim de se apropriar das matérias,
dando-lhes uma forma útil à sua vida. Ao mesmo tempo que, através desse
movimento, atua sobre a natureza exterior e a modifica, modifica também a sua
própria natureza e desenvolve as faculdades que nela estavam adormecidas.
Não nos deteremos neste estágio primordial do trabalho ainda não despojado
do seu modo puramente instintivo. O nosso ponto de partida é o trabalho sob
uma forma que pertence exclusivamente ao homem. Uma aranha faz operações
semelhantes às de um tecelão e a abelha confunde, pela estrutura das suas
células de cera, muitos arquitetos hábeis. Mas o que, logo de início, distingue o
pior arquiteto da abelha mais habilidosa é que ele construiu a célula na cabeça
antes de a construir na colmeia. O resultado a que chega o trabalhador
preexiste, idealmente, na imaginação do trabalhador. Não muda apenas a forma
das matérias naturais; realiza, ao mesmo tempo, o seu próprio objetivo de que
tem consciência, que determina como lei o seu modo de ação e a que deve
subordinar à vontade. E esta subordinação não é momentânea. Durante toda a
sua duração, além do esforço dos órgãos que atuam, a obra exige uma atenção
firme que não pode resultar senão de uma tensão constante da vontade.

Marx: «O Capital», livro I, pp. 185-186,


Dietz Verlag, Berlim, 1951.
«O Capital», livro I, f. I. pp. 180-181.
Editions sociales, 1948.

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