Você está na página 1de 1

Centro de Ensino Raimundo Pires Data____/_____/_____

Aluno:_________________________________________ 1 Ano_______
Professora: Joana Etiene Nota_______
Avaliação de Filosofia
Texto 2
Leia os textos e responda as questões. “Antes de tudo, o trabalho é um processo entre o
O trabalho alienado. homem e a natureza, um processo em que o homem,
por sua própria ação, medeia, regula e controla [...] a
natureza. [...] Ao atuar, por meio desse movimento,
sobre a natureza externa a ele e ao modificá-la, ele
modifica, ao mesmo tempo, sua própria natureza. Ele
desenvolve as potências nela adormecidas e sujeita o
jogo de suas forças a seu próprio domínio. Não se trata
aqui das primeiras formas instintivas, animais, de
trabalho. O estado em que o trabalhador se apresenta
no mercado como vendedor de sua própria força de
trabalho deixou para o fundo dos tempos primitivos o
Aristóteles viveu em uma sociedade escravagista que estado em que o trabalho humano não se desfez ainda
desvalorizava o trabalho manual. No primeiro texto, de sua primeira forma instintiva. Pressupomos o
expõe argumentos para justificar a escravidão, embora trabalho numa forma em que pertence exclusivamente
tenha em outros momentos reconhecido a injustiça da ao homem. Uma aranha executa operações
escravização, como no caso de prisioneiros de guerra. semelhantes às do tecelão, e a abelha envergonha mais
O segundo texto foi extraído da obra de Karl Marx, a de um arquiteto humano com a construção dos favos
quem coube criar, no século XIX, outra concepção de de suas colmeias. Mas o que distingue, de antemão, o
trabalho, que defendia o conceito de humanização pelo pior arquiteto da melhor abelha é que ele construiu o
trabalho livre e estendido a todos. favo em sua cabeça, antes de construí-lo em cera. No
Texto 1 fim do processo de trabalho obtém-se um resultado que
“[...] um ser humano pertencente por natureza não a si já no início deste existiu na imaginação do trabalhador,
mesmo, mas a outra pessoa, é por natureza um e portanto idealmente. Ele não apenas efetua uma
escravo; uma pessoa é um ser humano pertencente a transformação da forma da matéria natural; realiza, ao
outro se, sendo um ser humano, ele é um bem [uma mesmo tempo, na matéria natural, seu objetivo, que ele
propriedade], e um bem é um instrumento de ação sabe que determina, como lei, a espécie e o modo de
separável de seu dono. Em seguida deveremos sua atividade e ao qual tem de subordinar sua vontade.
investigar se existe, ou não, alguém que seja assim por E essa subordinação não é um ato isolado. Além do
natureza, e se é conveniente e justo para alguém ser esforço dos órgãos que trabalham, é exigida a vontade
um escravo ou se ao contrário toda escravidão é orientada a um fim, que se manifesta como atenção
antinatural. Não é difícil atinar teoricamente com a durante todo o tempo de trabalho.” MARX, O capita :
resposta ou aferir- -lhe a certeza pelo que realmente crítica da economia política. São Paulo: Abril Cultural,
acontece. Mandar e obedecer são condições não 1983. p. 149-150. (Coleção Os Pensadores
somente inevitáveis, mas também convenientes.
Alguns seres, com efeito, desde à hora de seu Responda.
nascimento, são marcados para ser mandados ou para
mandar, e há muitas espécies de mandantes e de 1. Aristóteles propõe “investigar se existe, ou não,
mandados [...], pois em todas as coisas compostas, alguém que seja assim por natureza, e se é conveniente
onde uma pluralidade de partes, seja contínua ou e justo para algum ser um escravo ou se, ao contrário,
descontínua, é combinada para constituir um todo toda escravidão antinatural”. Qual a conclusão de
único, sempre se verá alguém que manda e alguém que Aristóteles questão que ele próprio se propôs?
obedece, e, essa peculiaridade dos seres vivos se acha 2. Os textos de Aristóteles e de Marx estão separados
presente neles como uma decorrência da natureza em por vinte e três séculos. Qual é a diferença
seu todo. [...] Na verdade, a utilidade dos escravos fundamental entre eles?
pouco difere da dos animais; serviços corporais para 3. Explique o que Marx quis dizer ao comparar
atender às necessidades da vida são prestados por arquitetos a abelhas e o tecelão à aranha.
ambos, tanto pelos escravos quanto pelos animais
domésticos. A intenção da natureza é fazer também os Boa Sorte!
corpos dos homens livres e dos escravos diferentes –
os últimos fortes para as atividades servis, os primeiros “A força da alienação vem dessa fragilidade dos
eretos, incapazes para tais trabalhos, mas aptos para a indivíduos, quando apenas conseguem identificar o
vida de cidadãos.”ARISTÓTELES. Política. 3. ed. que os separa e não o que os une”.
Brasília: Editora UnB, 1997. p. 17-19. Milton Santos

Você também pode gostar