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1. Premissas
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Tais como a Lei 9.099/95, que sob o pretexto de criar um espaço mais informal, flexível e aberto ao diálogo,
apenas aprofundou a feição burocrática e autoritária das agências judiciais; a Lei 9.714/98, que, também sob o
louvável pretexto de estabelecer “novas penas alternativas”, apenas reprisou idéias superadas e absolutamente
inócuas no que se refere à redução da carcerização e mesmo o recente e super divulgado “pacote de reformas”,
cujo ponto mais aplaudido foi a supressão do recurso de protesto por novo Júri, cujos reflexos práticos são,
sabidamente, quase inócuos.
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Pablo de Greiff constata que a teoria legal trabalha como se a punição estivesse colocada dentro de um vácuo
político (2002, p. 374) e para Melissa S. Williams “o lugar da justiça criminal tem sido pouco estudado na teoria
democrática recente” (2002, p. 451).
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per mitir àqueles que são afetados pela norma participar das
discussões nas quais a sua validade é determi nada, pode incrementar
a possibilidade de que a decisão sej a alcançada sobre a base de
infor mações relevantes e mais acuradas ( Idem).
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Segundo o autor, as deliberações, para serem democráticas, devem ser a) inclusivas e públicas; b) livres de
qualquer coerção interna ou externa; c) deve ser possível deliberar sobre todos os interesses e desejos contidos no
que está sendo deliberado e d) as deliberações visam acordos racionais e motivados (Idem, p 381).
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“A falta de exatidão com que se fala de democracia, ligada ao entusiasmo colossal que a democracia desperta no
continente, constitui um dos desafios mais importantes para as ciências sociais” (Casanova, 2002, p. 167).
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“Por mais estranho que pareça, ao analisar qualquer democracia, é necessário se perguntar como anda a repressão,
e não só a que se exerce fisicamente contra as pessoas com perseguições, prisões, desaparecimentos, crimes e
massacres. Na análise de qualquer democracia, cabe ver o contexto da repressão física, moral e econômica contra
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as pessoas como indivíduos e como coletividades, como pessoas e como povos ou como classes, como violação de
direitos de indivíduos ou como violação de direitos de coletividades” (Casanova, Idem).
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“A cidadania brasileira é disjuntiva porque, embora o Brasil seja uma democracia política e embora os direitos
sociais sejam razoavelmente legitimados, os aspectos civis da cidadania são continuamente violados” (Caldeira,
idem, p. 343) mesmo dentro do sistema de justiça e pela atuação de suas instituições, sendo que a autora adota a
seguinte distinção entre as dimensões civil, política e social da cidadania: civil refere-se aos direitos necessários
para a liberdade individual, para a asserção da igualdade perante a lei e aos direitos civis em geral; política refere-
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se ao direito de participar de organizações políticas, de votar e ser votado e social refere-se aos direitos associados
ao estado do bem-estar social (Idem).
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Girard elabora uma teoria da transformação da violência em cultura, especialmente do mecanismo capaz de
controlar a violência, descrevendo os processos de violência recíproca e generalizada como uma “crise sacrificial”
pela qual a humanidade passa, que é uma espécie de guerra de todos contra todos, unidos e nivelados pela
violência: “o mecanismo de violência recíproca pode ser descrito como um círculo vicioso. Uma vez a comunidade
entre nesse círculo, está incapaz de livrar-se. Nós podemos definir este círculo em termos de vingança e repetição”
(1977, p . 81).
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em lei e por vezes considerados pelo Supremo Tribunal Federal como inidôneos
como fundamento de punição mais severa, o que não tem impedido que
continuem sendo largamente utilizados em primeiro grau e mesmo em tribunais
estaduais (Ver a pesquisa Decisões judiciais no crimes de roubo em São Paulo.
A lei, o direito e a ideologia. Ibccrim/ Iddd, 2005).
pelo que o garantismo não veda ou, ao menos, deixa uma porta aberta para a
consideração dessa idéia.
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Contudo, partindo de algumas críticas ao modelo consensual de justiça, é possível que a justiça restaurativa
tangencie os sistemas (c) e (d), daí a necessidade de fundar o novo paradigma sobre bases claras e bem definidas,
distanciando-o daqueles sistemas não desejados.
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M as , m es m o as si m , é di fí ci l d ar um s i gni fi c ado
especí fi co à m edi aç ão que l he i dent i fi que os aspect os es s e nci ai s em rel aç ão
a out ros i ns t rum ent os de resol ução de confl i t os . Um a m anei ra p ro fí cu a d e
defi ni -l a é a p art i r da di s t i nção ent re m edi ação e conci l i a ção. C on ci l i ação,
cuj a noção é m ai s p róx i m a do s ens o com um em nos s o paí s , poi s é apl i cáv el
às m edi das des pe nal i z adoras dos J ui z ados Especi ai s C ri m i n ai s (Lei
9.099/ 95), s endo q ue a opos i ção d as noções de “j us t i ça cons ens u al ” e d e
j ust i ça rest aurat i va, que abri ga a m edi ação pen al , é um pont o cent ral p ar a
afast ar, des d e j á, poss í vei s crí t i cas à m edi ação, bas ead a s na eq u i v o cad a
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M E D IA Ç Ã O C O N C IL I A Ç Ã O
Visão do é u ma r e l a ç ã o e nt r e p e s so as é um p r o b l e ma qu e d e ve s er
conflito q u e d e ve s e r ge r i da d e mo d o r e s ol vi d o
c o n s t r ut i vo
Resposta f a ci l i t a r o di ál o go a t r a vé s do p r o p or u m e s b oç o d e ac o r d o e
i d e al ao r e c o nh e ci me n t o da s e mo ç õ e s o r i en t ar a d i s c u ss ão sobre os
conflito e d o s va l or e s e l e me n t o s co mu n s , de mo d o a
ma x i mi za r a va n t a ge m p a r a t o d o s
O b j e t i vo p o t e nc i al i za r a c ap a c i da de s o l u çã o ne go c i a d a d o c o n f l i t o
das p a r t es de ge r i r e m os
e f ei t os d o co n f l i t o
A t i vi d a d e d o explica o c o nc ei t o de e x p l i c a q ue o o bj e t i vo é a l c a n ç ar
me d i a d o r me d i a ç ã o , e s cl ar e c end o q u e o u m a c o r d o , e s t ab e l ec e a s et a p as
a c o r do é só u ma das p a r a t a l f i m e d e f i n e a s r e gr as
p o s s i b i l i da d es r e s ul t a n t es da b á s i c a s . P o de p r o p or u m e s b o ç o d o
me d i a ç ã o a c o r do
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Agradecimento especial ao professor Roberto Cornelli, doutorando em
Criminologia na Universidade de Milão-Bicocca, pela elaboração e envio da tabela,
ainda não publicada.
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d e i x a q ue as p ar t e s d i s c ut a m d i r i ge a d i s c u ss ã o pa r a a s q ue s t õ es
s e é i s s o q u e qu e r e m q u e ma n t ê m ma i s f i ns ú t ei s p a r a o
a c o r do
e n c o r aj a um e x a me do
p a s s ad o c o mo modo de d e s e nc o r aj a a s p ar t e s a f a l a r e m d o
p e r mi t i r o r ec o n he c i me n t o d o p a s s ad o , f oc al i za n d o , a o i n vé s , o
outro p r e se n t e e seu f ut u r o – c o mo
r e s ol ve r o pr o bl e ma p o s t o à me s a
e n c o r aj a a e x pr ess ã o da s
e mo ç õ e s c o mo el e me n t o s as e mo ç õ e s são vi s t a c o mo
ú t ei s a o p r oc e ss o me d i a d or e s t r a n ha s a o pr o ce s s o d e r e s o l uç ão
d o s c on f l i t o s e d es vi a m d e s t e. O
f o c al i za s u a a t e n ç ão s o b r e a s
c o n c i l i a d or p r oc u r a evi t a r e xi bi ç ã o
r e l a ç õ es e nt r e a s p a r t e s
e mo c i o n a l
f o c al i za a a t e n ç ão sobre o
p r o b l e ma e s u a so l uç ão
D e f i ni ç ão d e B e m -e s t a r das pa r t e s e a c o r do a ss u mi d o p e l as p a r t es
sucesso a u me n t o d e s u a c a pa ci d a d e de
ge r i r as c on s e qü ê nc i a s do
conflito
a) a m edi aç ão pod e ser consi der ada, em pri m ei ro l uga r, com o u m a m era
t écni ca d e i nt erven ção s oci al , em que um s uj ei t o t ercei ro e neut ro , t en d e a
prom over a s uper aç ão do con fl i t o ex i s tent e ent r e doi s i ndi ví duos , p o r m ei o
do encont ro e do co nfront o;
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A extrajudiciariedade é uma característica fundamental da mediação.
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