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ARGUMENTO

Defende um ponto de vista e tenta convencer e persuadir o receptor.


TIPOS DE ARGUMENTOS:
ARGUMENTO DE AUTORIDADE: Baseia-se nas afirmações de uma fonte confiável, seja
um especialista em uma área específica, seja um jornal, uma revista ou uma empresa
consagrada. Pode-se citar esse tipo de argumento por meio de discurso direto ou indireto.
EX:Assim parece ser porque, para Piaget, “toda moral consiste num sistema de regras e a
essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por essas
regras” (Piaget, 1994, p.11).
ARGUMENTO POR CAUSA E CONSEQUENCIA: Para comprovar uma tese, pode-se
utilizar de causa (motivos, razões, os porquês) e de consequências (resultados, os efeitos, a
decorrência) de algum fato.
EX: Assim, é correto afirmar que “falar demais e alto” (A) causa/provoca/tem como
consequência a “afonia” (B), apresentando a razão que liga A e B: as cordas vocais se cansam
ARGUMENTO DE PROVA CONCRETA: Busca-se evidenciar uma tese por meio de
informações concretas, extraídas da realidade. Podem ser usados dados estatísticos ou fatos
notórios (de domínio público). EX: “... diante de fatos, não há o que questionar... No caso do
Brasil, homicídios estão assumindo uma dimensão terrivelmente grave.
ARGUMENTO DE SENSO COMUM: Traz uma afirmação que representa consenso geral,
incontestável. São mais utilizados quando se quer defender uma opinião que é massificado;
ninguém irá apelar contra, pois é conhecido universalmente.
Ex.:O homem depende do ambiente para viver.
A mulher de hoje ocupa um papel social diferente da mulher do século XIX.
Um bom texto se fortalece com bons argumentos;
Não existe um argumento mais forte ou mais fraco. Tudo depende do tema e do
contexto em que ele se insere.
Usar argumentos consistentes podem levar alguém a mudar sua opinião ou atitude.

JUSTIÇA DE TRANSIÇAO:
A justiça criminal de transição é comumente identificada como a principal resposta a
crimes sistemáticos perpetrados por regimes ditatoriais. Tal concepção de justiça de
transição, entretanto, revela apenas uma face das diferentes respostas possíveis, de maneira
que o papel do Direito em períodos de mudança política pode ser explorado a partir das várias
formas de ação: punição, investigação histórica, reparações, purificação e
constitucionalização. Assim, estas práticas podem oferecer uma maneira de tanto deslegitimar
o regime político do passado, quanto legitimar seu sucessor ao estruturar a oposição política
dentro da ordem democratizante. De acordo com Ruti Teitel, há ao menos cinco concepções
de justiça associadas à justiça de transição: a justiça penal, a justiça histórica, a justiça
reparatória, a justiça administrativa e a justiça constiucional de transição.
Enquanto a justiça criminal e a justiça reparatória são consideradas comumente as
principais expressões da justiça de transição, a investigação histórica e a narrativa
desempenham papel importante na transição, ligando o passado ao presente. Recordes
transicionais são incorporados ao legado repressivo do Estado, e o recorde traça uma linha
que tanto redefine o passado quanto reconstrói a identidade política do Estado. A justiça
histórica de transição ilumina a relação construtiva entre regimes da verdade e regimes
políticos, clareando a relação dinâmica de conhecimento para o poder político. A justiça
histórica pode ser alcançada através de “Comissões de Verdade”, as quais muitas vezes
clamam pela realização da justiça criminal de transição. Além disso, os precedentes
jurisprudenciais também se transformam em documentos históricos que revelam as injustiças
cometidas pelo regime repressivo.
Além da justiça histórica, a justiça administrativa e o uso o Direito Público para redefinir
os parâmetros da qualidade de membro político, participação e liderança que constituem a
comunidade política, também representam um modelo de justiça de transição. Mais do que
outras respostas transicionais, medidas coletivas explícitas representam um desafio para a
construção do Estado Democrático de Direito. A justiça administrativa ilumina o potencial
distintivo do Direito para reestruturar a relação entre o indivíduo e a comunidade política em
transição. Tais medidas de Direito Público definem novas condições limítrofes em uma base
política explícita. Através da justiça administrativa, o Direito Público é utilizado para
responder ao regime passado, e também para remodelar a ordem política sucessora.
Por fim, a justiça constitucional e o constitucionalismo transicional cumprem os
propósitos do constitucionalismo constitutivo convencional, mas também cumprem
propósitos transformativos. De acordo com Ruti Teitel “Enquanto nossas instituições são
concebidas como textos fundadores voltados para o futuro; em períodos de mudanças
políticas radicais, constituições são, ao invés de textos mediadores, simultaneamente voltadas
para o passado e o futuro, compreendendo modalidades constitucionais e graus de
incorporação variáveis. Neste sentido, o constitucionalismo transicional e a justiça criminal
compartilham afinidades na relação de contingência que as normas protegidas carregam para
o sistema anterior, bem como para a nova ordem política.
As diferentes concepções de justiça de transição procuram mediar dilemas intrínsecos ao
papel do direito na transição política radical. O direito deve garantir não apenas a justiça, mas
também a ordem e a conciliação.

TESE: Trata-se de estudo acerca da situação intitulada como “O caso dos denunciantes
invejosos”, onde o governo passa de democrático para a ditadura e obediência das vontades
de determinado partido eleito ao poder, os Camisas- Púrpuras, que se utilizam da
inobservância da lei para efetivar seus ideais. É nesse contexto de submissão imposta pelo
Estado que muitas pessoas decidem fazer vingança com as próprias mãos, com denúncia dos
inimigos ao Estado que fará cumprir a lei, de acordo com suas vontades, mas sempre
favorecendo aos membros de seu partido.
RESUMO DO LIVRO:
O livro “O caso dos denunciantes invejosos” foi confeccionado pelo Doutor e Pós-Doutor em
Direito, Dimitri Dimoulis, pela Universidade do Sarre na Alemanha, da qual foi professor e
que também fora da Universidade de Metz na França. Atualmente, faz parte do corpo docente
da Universidade Metodista de Piracicaba, da Universidade Bandeirante de São Paulo e, ainda,
é diretor do Instituto Brasileiro de Estudos Constitucionais (IBEC). Autor de vários livros,
dezenas de trabalhos em periódicos e coletâneas científicas no Brasil, Alemanha, Grécia,
Inglaterra, Holanda e Itália.
O Caso dos Denunciantes Invejosos procurou demonstrar a situação de um país em que teve
o privilégio de viver por algum tempo sob o regime pacífico, constitucional e democrático e,
acabou por ser interrompido em razão de uma grave crise econômica e conflitos entre
diversas ideologias econômicas, políticas e religiosas.
Parte de sua obra encontra fundamento em uma outra obra intitulada “The morality of law”,
de Lon L. Fuller, este graduado em Economia e Direito pela Universidade de Stanford. Lon
Fuller ministrou a matéria de Teoria Geral do Direito nas Faculdades de Direito de Oregon,
Illinois e Duke e, professor na Faculdade de Direito da Universidade de Harvard, tendo
publicado várias obras na área do direito civil, filosofia e teoria do direito e vários artigos,
tentando repassar a problemática ali apresentada de forma mais autêntica e transparente
possível.
O livro do Prof. Dimitri é compreendido por duas partes. A primeira expõe os pareceres de
Lon Fuller e a segunda contribui para uma melhor interpretação do caso, a seguir
mencionado, ao emitir mais cinco pareceres de autoria do próprio Prof. Dimitri.
Ainda na primeira parte, relatou-se que, na vigência do regime ditatorial no século XX, no
mandato do partido dos Camisas-Púrpuras, indivíduos foram denunciados propositalmente
por seus inimigos pessoais, denominados invejosos, por isso Denunciantes Invejosos, e
condenados à pena de morte por crimes de pouca gravidade. O que faz valer a legislação
vigente à época, momento marcado por intensas restrições à liberdade de expressão
repercutindo em todos os âmbitos dos direitos humanos. E como resultado tem-se uma gama
de pessoas condenadas a pena capital (morte) em razão de subverter o sistema.
O fato é que na ilusão de mudanças legislativas, superação da crise econômica e conflitos de
interesses entre as distintas linhas de poder, o eleitor, enxergou nos Camisas-Púrpuras uma
saída, mas para sua frustração nada fora alterado. Aliás, aprofundaram-se os abusos de
autoridade e, como se não bastasse, curiosamente, a anistia foi concedida somente para os
membros do partido eleito. Enfim, era o quadro de privilégio e poder irrestrito em detrimento
do silêncio de muitos inocentes.
Com o desmantelamento desse inigualável governo de submissões e incoerências, surge a
problemática de se punir ou perdoar os delitos ocorridos na ditadura tanto dos denunciantes
quanto daqueles que cumpriram ordens, ou seja, de todos os colaboradores do sistema; de
prevalecer o direito posto ao direito justo.
Veja, agora a discussão tomou corpo no sentido de que é necessário remontar às definições de
moral e justiça, defendendo teorias a nelas inerentes para solucionar tal acontecimento.
Caberá, portanto, numa reflexão teórica e filosófica sobre os elementos constitutivos do
direito e sua relação com a moral e justiça, a exigência de uma pesquisa ontológica acerca do
fato para eventualmente obter possíveis respostas.
Para a formação da obra, infinitos argumentos e posicionamentos foram utilizados. Os
pareceres apresentados por Fuller decidiram no sentido da impunidade dos supostos crimes
cometidos pelos Denunciantes Invejosos acreditando ser uma denúncia coerente, conforme o
primeiro e segundo deputados; da necessidade de elaborar uma legislação especial retroativa,
determinando quem seriam os denunciantes, prescrevendo sanções, como posicionamento
ímpar do quarto deputadoe,veementemente contestado pelo quinto deputado por se tratar de
um ato inconstitucional; ou, da punição dos denunciantes pelo delito de homicídio ao utilizar
os tribunais como forma de satisfazer o interesse pessoal e perdoar aqueles que agiram por
motivo de convicção política.
Já os cinco novos pareceres apresentados por Dimitri apontam fundamentos que remontam ao
princípio da legalidade, dignidade da pessoa humana, devido processo legal,
proporcionalidade da pena, direito à vida e tantos outros. Uns tendendo à impunidade
alegaram que punir perpetuaria o círculo de violências e sofrimentos (Prof. Wendelin e Profa.
Sting), desnaturaria a soberania nacional já que o regime foi escolhido pelo povo. Nesse
passo, deveria o juiz e o legislador averiguar a utilidade social de suas decisões
(entendimento do Prof. Wendelin). Para outros (Prof. Goldenage e Prof. Satene), como sinal
de interpretação dos princípios que informam o Direito, agindo como operador da justiça, os
denunciantes deveriam ser punidos.
De acordo ao Satene, os Denunciantes Invejosos deveriam ser punidos como partícipes ou
autores. As propostas da terceira (Profa. Sting) e quinta (Profa. Bernadotti) professoras foram
surpreendentes. A terceira invocou o seu parecer sob o ponto de vista feminista, já que os
pareceres do Fuller foram elaborados pelos homens, o que considera uma afronta ao direito
de ser e fazer das mulheres e, por isso, acredita que o direito serve de instrumento para punir
aquele que violar o direito de propriedade do homem, que encara a mulher como um mero
objeto. Descarta, pois, a punibilidade dos denunciantes para não perpetuar o círculo vicioso
da ótica masculina.
A quinta revela uma posição voltada para a seara filosófica, remetendo ao estudo da política e
do poder como fator preponderante para a resposta do problema. Deve-se, então, analisar o
contexto histórico, em razão do Direito ser resultado das lutas políticas. E o fato dele estar
codificado não implica que o magistrado deve ficar adstrito a execução somente das normas
jurídicas. Cogitou a possibilidade de editar leis retroativas, mas, no mesmo momento,
mencionou o efeito violador ao princípio da legalidade. E, finalmente, constatou que a melhor
solução seria punir com sanções de natureza política os denunciantes já que o direito é uma
questão de poder.
O caso em estudo abarca o confronto entre o direito, a moral e a justiça, os quais deveriam
estar numa relação de complementaridade e, dependendo do caso concreto, um ceder ao
outro, mas mantendo um equilíbrio para não fragmentar a ordem jurídica e o real desejo e
necessário de concretizar a justiça social. Para tal, torna-se imperativo uma melhor
interpretação principiológica da Constituição para uma bela e real aplicação e construção do
Direito numa nítida passagem de uma justiça de transição.
Haverá, portanto, de ser interpretado os princípios informadores da Constituição de
determinado grupo social para a aplicação de um direito considerado justo tendo em vista que
o próprio direito se faz de instrumento para o alcance de finalidades: estas voltadas ou não
para a coletividade.
Ressalta-se que o fato exposto no livro se caracteriza pela interdisciplinaridade, de maneira a
mover as inquietações das matérias de introdução ao estudo do direito, filosofia, teoria do
direito no sentido de se exigir uma reflexão mais profunda sobre a questão do fundamento de
validade do direito em razão de falhas interpretativas ou de satisfação de interesses
particulares. Nesse viés, observam-se os acontecimentos que sucederam ao problema da
função do Direito e decorrentes por uma posição de relevância do poder e o confronto entre
um documento jurídico, o intrínseco humano e a realidade.
Destaca posicionamentos interessantes de um acontecimento fictício, porém, de conteúdo
plenamente aplicável ao mundo real. Constata-se a apurada metodologia científica utilizada,
adotando uma sequência de raciocínio e argumento consistentes, lógicos com propostas
originais.

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