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Disciplina: Sociologia Professor: Décio Soares Vicente e-mail: profdecio@outlook.com blog: http://sociedademucholoka.wordpress.

com

O Pateta No Trânsito

A transformação do pateta no trânsito de Sr. Walker para Sr. Wheeler reflete muito bem a realidade de muitas cidades no
Brasil e no mundo.
Este vídeo denominado "Pateta no trânsito" serve como reflexão sobre a importância da paciência e a calma que devemos
ter ao conduzir um veículo, lebrando que todos os motoristas estão enfretando as mesmas condições de trânsito nas vias e
rodovias públicas de seu país; assim também devemos refletir sobre a necessidade de compreendermos os
comportamentos uns dos outros no trânsito, lebrando que temos condutores mais experientes e outros menos experientes,
uns mais simpáticos e outros menos, uns delicados e outros indelicados, chegando ao entendimento que o melhor é saber
que o trânsito é um lugar especial e que deve ser respeitados por todos de igual forma.
Pateta que vive um personagem gentil, o Sr. Walker (tradução: Senhor Pedestre), que não fazia mal a uma mosca
enquanto pedestre, porém se transforma em um terrível monstro, o Sr.Weelings, quando pega o volante.
O que o aluno poderá aprender com esta aula
-Conhecer regras de trânsito;
-Conhecer direitos e deveres do cidadão;
-Socializar os conhecimentos adquiridos no convívio diário;
-Desenvolver noção de direção;
-Trabalhar a conscientização em relação ao respeito ao pedestre.
Duração das atividades
Aproximadamente 50 minutos; uma (1) aula.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
-Ter noção sobre placas de trânsito.
Estratégias e recursos da aula
Motivação:
Professor, vamos iniciar nossa aula apresentando aos alunos alguns vídeos e conteúdos sobre as leis de trânsito.

por Folha SP

“O homem comum é uma criatura de hábitos estranhos e peculiares”, diz o narrador do desenho animado “Pateta no
Trânsito – Senhor Volante”, que Walt Disney lançou nos anos 1950.

O Senhor Walker, por exemplo, protagonista do filmete, é “considerado um bom cidadão e de inteligência razoável” mas
quando ele pega no volante acontece um fenômeno estranho.

O senhor Walker se deixa levar pela sensação de poder. Sua personalidade muda completamente”. Como no clássico “O
Médico e o Monstro” (de Robert L. Stevenson), no comando do carro, Walker assume uma nova personalidade, a do
Senhor Wheeler, agressivo condutor que buzina, xinga, faz manobras perigosas e acelera para chegar ao seu destino.

Os nomes fazem um sentido especial em inglês: “walker” é quem anda a pé; “wheeler”, quem tem rodas…

Qualquer semelhança com a nossa realidade não é mera coincidência. Infelizmente, o Brasil está cheio de Patetas no
trânsito. Como o senhor Wheeler, acreditam que podem se portar feito animais violentos porque gastam uma fortuna em
impostos e, portanto, merecem correr o quanto podem pelo asfalto que pagaram.

O mau comportamento se espraia por todas as classes. Os carros de qualquer tipo e valor desrespeitam igualmente as leis
de trânsito. Por isso, o índice de acidentes e mortes provocados pelo trânsito por aqui não é de todo surpreendente,
embora insuportável. Segundo a CET, 19 pessoas são atropeladas por dia em São Paulo.

Os números são coerentes com a pesquisa da Fundação Seade segundo a qual acidentes de trânsito mataram quase 150
mil pessoas entre 1990 e 2010, só no Estado de São Paulo. O montante significa 7.500 mortes ao ano, muito mais do que
em lugares sob eterno conflito militar, como Israel e Palestina.

Além de imprudente, o Pateta motorizado paulistano é violento. Não bastasse a barbeiragem cotidiana, ele também
provoca 70 ocorrências diárias por causa de brigas geradas no trânsito. Ou seja, basta entrar num carro que o “homem
cordial” semelhante ao Sr. Walker se torna uma besta agressiva, que buzina, xinga e pode até bater por causa do tráfego,
como o Sr. Wheeler.

No Brasil, a taxa de mortes no trânsito é quatro vezes maior do que nos EUA. Não é de se chocar. Afinal, são muito mais
comuns os “rachas” de carros e parece ser maior o número de condutores alcoolizados. Além disso, o policiamento
ostensivo, dia e noite, é muito maior nos EUA.
No afã de gastar dinheiro em obras, os governantes brasileiros economizam em zeladoria, restringindo o policiamento de
tráfego a números reduzidos quando a experiência americana mostra que a onipresença de guardas de trânsito, 24 horas
por dia, provoca um maior respeito às regras e aos sinais. O comportamento do americano no trânsito certamente
melhorou muito desde que Disney fez os filmetes com o Pateta ao volante. Parte dessa evolução se deve também ao fato
de que os EUA acordaram mais cedo para os problemas criados pela prioridade ao automóvel como solução para
mobilidade.

A prefeitura, que tem priorizado o transporte público, poderia também zelar pelos “walkers”. Fossem feitas mais
campanhas de conscientização e educação no trânsito, como a que melhorou o respeito às faixas de pedestre, mais
paulistanos poderiam largar sua personalidade “wheeler”…

Fonte: Folha
http://www.motoscustom.com.br/blog/2013/11/pateta-no-volante/

Pateta no volante

Enviado por Tamára Baranov ter, 26/11/2013 - 02:41


Atualizado em 27/11/2013 - 09:05

Autor: Leão Serva

"O homem comum é uma criatura de hábitos estranhos e peculiares", diz o narrador do desenho animado "Pateta no
Trânsito - Senhor Volante", que Walt Disney lançou nos anos 1950 (veja em goo.gl/6TcGW3). O Senhor Walker, por
exemplo, protagonista do filmete, é "considerado um bom cidadão e de inteligência razoável" () "mas quando ele pega no
volante acontece um fenômeno estranho. O senhor Walker se deixa levar pela sensação de poder. Sua personalidade muda
completamente".

Como no clássico "O Médico e o Monstro" (de Robert L. Stevenson), no comando do carro, Walker assume uma nova
personalidade, a do Senhor Wheeler, agressivo condutor que buzina, xinga, faz manobras perigosas e acelera para chegar
ao seu destino. Os nomes fazem um sentido especial em inglês: "walker" é quem anda a pé; "wheeler", quem tem rodas...

Qualquer semelhança com a nossa realidade não é mera coincidência. Infelizmente, o Brasil está cheio de Patetas no
trânsito. Como o senhor Wheeler, acreditam que podem se portar feito animais violentos porque gastam uma fortuna em
impostos e, portanto, merecem correr o quanto podem pelo asfalto que pagaram. O mau comportamento se espraia por
todas as classes. Os carros de qualquer tipo e valor desrespeitam igualmente as leis de trânsito.

Por isso, o índice de acidentes e mortes provocados pelo trânsito por aqui não é de todo surpreendente, embora
insuportável. Segundo a CET, 19 pessoas são atropeladas por dia em São Paulo. Os números são coerentes com a
pesquisa da Fundação Seade segundo a qual acidentes de trânsito mataram quase 150 mil pessoas entre 1990 e 2010, só
no Estado de São Paulo. O montante significa 7.500 mortes ao ano, muito mais do que em lugares sob eterno conflito
militar, como Israel e Palestina.

Além de imprudente, o Pateta motorizado paulistano é violento. Não bastasse a barbeiragem cotidiana, ele também
provoca 70 ocorrências diárias por causa de brigas geradas no trânsito. Ou seja, basta entrar num carro que o "homem
cordial" semelhante ao Sr. Walker se torna uma besta agressiva, que buzina, xinga e pode até bater por causa do tráfego,
como o Sr. Wheeler.

No Brasil, a taxa de mortes no trânsito é quatro vezes maior do que nos EUA. Não é de se chocar. Afinal, são muito mais
comuns os "rachas" de carros e parece ser maior o número de condutores alcoolizados.

Além disso, o policiamento ostensivo, dia e noite, é muito maior nos EUA. No afã de gastar dinheiro em obras, os
governantes brasileiros economizam em zeladoria, restringindo o policiamento de tráfego a números reduzidos quando a
experiência americana mostra que a onipresença de guardas de trânsito, 24 horas por dia, provoca um maior respeito às
regras e aos sinais.

O comportamento do americano no trânsito certamente melhorou muito desde que Disney fez os filmetes com o Pateta ao
volante. Parte dessa evolução se deve também ao fato de que os EUA acordaram mais cedo para os problemas criados
pela prioridade ao automóvel como solução para mobilidade.

A prefeitura, que tem priorizado o transporte público, poderia também zelar pelos "walkers". Fossem feitas mais
campanhas de conscientização e educação no trânsito, como a que melhorou o respeito às faixas de pedestre, mais
paulistanos poderiam largar sua personalidade "wheeler"...
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/leaoserva/2013/11/1376104-pateta-no-volante.shtml

Vídeos

O trânsito nas cidades grandes: Patetas ao volante?

Publicado em Reflexões, em 16/01/2012 às 16h42


Marcadores: contraexemplos, educação, humor, imagens, sociedade e vídeos

Gostei muito do texto de Martha Medeiros sobre o trânsito de Salvador, reproduzido no ZÉducando! Aqui entre nós, é
impressionante como nossa cidade só consegue ser “a terceira maior cidade do país” em aspectos negativos – em
variedade e qualidade dos serviços prestados, perde para muita “cidadezinha do interior”. Isso, sem falar em bibliotecas,
museus, livrarias, teatros, cinemas e espetáculos de qualidade…

Voltando ao assunto, o novo filme da série Missão Impossível serviu de parâmetro em uma comparação inspirada da
autora. Talvez por ainda não ter visto o novo filme de Tom Cruise, ao ler o texto lembrei-me imediatamente de um antigo
desenho animado da Disney, o curta-metragem Pateta no Trânsito (Motor Mania, no original), de 1950.

No desenho, ao assumir o volante, o Sr. Walker (Sr. Andante, em uma saudosa dublagem antiga), um cidadão paciente e
educado, tornava-se o terrível Sr. Wheeler (Sr. Volante, antes da globalização), um motorista grosseiro, impaciente e
egoísta, capaz das maiores atrocidades no trânsito:
Missão Impossível

Por Martha Medeiros*

No mais novo e divertido filme da série Missão Impossível, Tom Cruise costura, chuleia e prega botão no trânsito de
Dubai. Faz ultrapassagens miraculosas, tira finos, quase atropela uma cáfila de camelos, detona com um Jaguar e sai ileso
feito o Papa-Léguas. A plateia delira: eis um valente super-herói.

Aí o filme termina, as luzes se acendem e cada um volta pra sua vidinha sem efeito especial, em seu carro meia-boca e
sabendo-se longe de ser um ás em qualquer coisa. Somos homens e mulheres comuns, nem tão belos e com uma profissão
pouco empolgante. O que poderíamos ter de semelhante com um personagem tão incrivelmente cartunesco? Ora, ora,
também podemos ter inimigos! Então, elegemos os outros motoristas como nossos opositores e assim transformamos a
vidinha modorrenta num videogame.

Assim perdura nosso complexo de vira-lata. Quanto mais o cara acelera, faz ultrapassagens arriscadas e tem pressa em
chegar antes que o motorista de trás, mais ele atesta sua infantilidade, sua inferioridade e seu despreparo para uma vida
consciente e adulta. São babacas que possuem uma visão completamente deturpada de si mesmos. Contraditórios, eles se
orgulham por beber, por não usar cinto e por dirigir agressivamente, sem se dar conta de que estão demonstrando o
quanto são de segunda categoria.

O que importa é conhecer os truques para voar pelas estradas, sair sem um arranhão e ainda seduzir a garota mais bonita –
que é outra babaca se aguenta tudo isso quieta.

Nossas estradas não são o bicho, a sinalização é deficiente, mas nada é de pior qualidade que nossos motoristas. São
homens (e algumas mulheres também) impotentes para avançar em suas profissões, impotentes para ultrapassar a
concorrência com uma ideia mais criativa, impotentes para conquistar o respeito da sua turma, impotentes para educar os
filhos com responsabilidade, e por isso recorrem a malabarismos e palhaçadas no asfalto.

Usam o carro como um meio de transporte não de um lugar para o outro, mas de um status para o outro – só que são
promovidos a delinquentes, não a agentes secretos.

Para eles, inimigos são os que obedecem às leis, os que têm cautela quando chove, os que reduzem em curvas perigosas e
“atrapalham” os velozes. Será missão impossível reajustar esse foco? A guerra no trânsito só terá menos vítimas quando
motoristas imaturos tiverem amor próprio suficiente para não precisarem se exibir. Ninguém se torna mais admirável por
chegar primeiro, por arriscar a vida e protagonizar cenas dignas de um filme de ação.
Esses continuarão menores que Tom Cruise (que já é pequeno) e sendo meros figurantes de uma viagem que exige
bravura, sim, mas de outro tipo. A bravura de proteger sua família, de não enxergar os outros como rivais e de ter
habilidade para dirigir a própria vida – que exige bem mais que um volante e um acelerador: exige cérebro.

Meninos de 18 anos, meninos de 42, meninos de 67: dirijam com prudência se forem homens.

* Publicado no jornal A Tarde de 15 de janeiro de 2012.

Realmente, nossos motoristas (homens e mulheres, de 18 a 81 anos de idade) adoram exibir-se em carrões, cada vez
maiores e mais caros, ou em comportamentos irresponsáveis, egoístas e arriscados, típicos de crianças imaturas. Com o
número de carros aumentando, principalmente pela falta de um sistema de transporte de qualidade, e com esses motoristas
como modelos, como será o trânsito no futuro?

Ah! Aqueles que desejarem conhecer o desenho (é rápido, apenas sete minutinhos), podem conferi-lo abaixo:

http://www.jlcarneiro.com/o-transito-nas-cidades-grandes-patetas-ao-volante/
PATETA NO TRÂNSITO

NOS BONS TEMPOS DO DESENHO ANIMADO, a Disney fazia curtas com seus personagens, normalmente com o
Donald ou o Pateta, explorando um aspecto do cotidiano.
Ontem, enquanto levava minha filha à escola à pé fui observando o caos que se formara num cruzamento próximo à
minha casa. É uma ladeira de duas mãos onde, num determinado ponto, se bifurca; um destes lados se torna outra ladeira
íngreme e de grande movimento também.
Como a sinalização no local há muito deixou de ser visível por falta de manutenção, as pessoas que não estão habituadas
a passar pelo local não respeitam a placa PARE, nem dão a preferência aos que sobem a ladeira íngreme, gerando
acidentes frequentes ou confusões no local.
Neste dia, um senhor de idade avançada com seu Volkswagem enorme de 4 portas (gente idosa adora carros enormes)
travou o cruzamento e, com cara feia, forçava a passagem a qualquer maneira, desrespeitando a sinalização. Os outros
motoristas então, começaram a retrucar e a cena parecia a de uma tourada de rua, ou melhor, briga de bodes dando
chifradas!
Imediatamente lembrei-me do desenho do Pateta no trânsito, em que ele vivia um personagem gentil, o sr.Walker, que
não fazia mal a uma mosca enquanto pedestre, porém se transformava num monstro insandecido, o sr.Weelings, quando
pegava o volante. A brincadeira foi a comparação com o dr. Jekil & mr.Hide, o que as pessoas fazem quando se sentam
atrás do volante.
Se puderem ver o desenho no Youtube, vale a pena. É só entrar no site e digitar na pesquisa "Pateta no trânsito".
Boa diversão.
Em ‘Pateta no trânsito’, pedestre exemplar vira monstro na direção
Luciana La Fortezza

Difícil quem não tenha assistido ao desenho da Walt Disney “Pateta no trânsito” (“Motor Mania”). Engraçado, ele conta a
história do senhor Walker (pedestre em inglês). Criatura de hábitos comuns, é morador de um bairro tranquilo, de pessoas
decentes. É considerado bom cidadão, de inteligência razoável, gentil, amável, pontual e honesto. Senhor Walker não
machucaria uma mosca, tampouco uma formiga. Ele possui um automóvel e se considera um bom motorista. Mas quando
pega no volante, acontece um fenômeno estranho e ele se transforma no senhor Wheller (trocadilho com “wheel”, direção
em inglês).

Levado pela forte sensação de poder, sua personalidade muda completamente e ele se transforma num monstro
incontrolável, um motorista diabólico. Esse tipo de alteração emocional não ocorre apenas na ficção. Segundo o psicólogo
Marcelo Mendes, professor da USC, as pessoas podem mesmo ter uma alteração de personalidade, situação que provoca
comportamento diferenciado no trânsito.

“Ele tem uma alteração de comportamento porque é ansioso, tem medo, é inseguro, tem um conflito familiar, interior e,
muitas vezes, ao desenvolver determinada atividade, mobiliza esse comportamento”, analisa. No entanto, o psicólogo
pondera que a mudança de comportamento pode estar relacionada com as condições do próprio veículo, da via e da
mobilidade humana. “Essa questão da urgência, de chegar logo, de andar de um lugar para o outro com maior otimização
é um dos fatores”, finaliza.
http://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=158333&ano=2009
Senhor e senhora Volante!
Um dos aspectos da vida na cidade grande que mais me perturba é o trânsito.
Atém da questão de eu trabalhar com crimes de trânsito e infrações também, eu moro perto de onde trabalho (aliás,
trabalho, há quatro anos, perto de onde moro desde que nasci), e não me animo a tentar mudar de lotação por causa do
trânsito (que eu NÃO tenho que enfrentar diariamente, e fico desanimada se for ter que encarar todo dia...).

Um dos desenhos animados da Disney mais bacanas que já assisti é um que tem um personagem que parece o Pateta (o
Pateta é um cachorro?), e recebe dois nomes, inspirando-se, obviamente, no clássico "Dr. Jekill e Mr. Hide", de Robert
Louis Stevenson.

A história é: o pacato e tranquilo Mr. Walker (Senhor Andante, que prefiro traduzir como Senhor Pedestre) é incapaz de
matar uma formiga. É simpatico, sorridente, prestativo. Mas ao entrar no seu carro, se transforma no terrível Mr. Wheeler,
um valentão estourado e rabugento.

O filminho é de 1950. Sim, completou 60 anos! E está mais atual que nunca. Imagino que nem o criador do desenho
tivesse imaginado o ponto a que chegaram os "Senhores Volantes" em seus possantes (ou nem isso) veículos automotores.

Fico impressionada, como ocorre realmente uma transformação. E não são só os homens. Eu confesso que todos os dias,
quando enfrento os outros "Volantes" pelas ruas, tento aplicar uma dose de antídoto, para não me transformar também. É
contagioso, e perigoso!
Pesquisando notícias para exemplificar, deparei-me com essa aqui, dizendo que os maiores envolvidos em brigas de
trânsito são os policiais, civis e militares, que têm porte de arma. Gostaria de dizer que estou chocada, mas, infelizmente,
minha experiência demonstra a triste realidade: muitos policiais, por inúmeras razões (estresse, cansaço, depressão,
alcoolismo, ou mau-caratismo mesmo), acham que tomar uma "fechada" no trânsito é ofensa pessoal, e partem para a
briga. E como nós temos o porte de arma, o resultado pode ser desastroso (esse é um, entre os vários motivos que tenho
para ser contra o porte de arma liberado. Com teste psicotécnico e investigação de vida pregressa, ainda entram pessoas
despreparadas para lidar com arma de fogo, imagino se fosse simples como comprar um carro...).
Motociclistas são enormes vítimas, mas confesso que o dia que quase matei um, juro que não vi o cara! Ele surgiu do
nada! Como disse um amigo, motociclista é igual vampiro: não aparece no espelho retrovisor! (teve também o dia que
quase matei outro, porque ele simplesmente desrespeitou não só a regra de trânsito, mas também a regra mais elementar
do bom senso, mas deixa pra lá... e esse veio depois me seguindo, emparelhou comigo, e juro que pensei que fosse tomar
um tiro do infeliz...)

Falando sério: vejo, no trabalho, não as estatísticas frias no papel, mas os casos concretos, dos jovens que morrem em
acidentes de trânsito. Grande parte é de motociclistas, e a maioria é devido à própria imprudência das vítimas. Muitos não
têm carteira de habilitação. Obter a CNH é difícil, tem que ser alfabetizado para passar no teste de legislação, tem que
pagar autoescola, tem que pagar taxas e mais taxas... E hoje em dia, comprar uma moto é fácil até demais: 72 x sem
entrada! E as pessoas compram moto, e acham que é como andar de bicicleta sem ter que pedalar! E morrem como
moscas pelas ruas violentas das nossas cidades.

A nossa agressividade, sei lá se instintiva, pela sobrevivência, não teria mais razão de ser: estamos no apogeu da
civilização ocidental (ou não, vai saber... pode ser no auge do declínio...) e não precisamos nos bater de fato pela
sobrevivência. A luta agora é mais figurada, é a luta pela qualificação, a luta pelo status...Mas no trânsito, nos
transformamos em monstros irracionais!

É assustador, e como já disse, é contagioso! Sou daquelas que xinga, de dentro do carro, jamais para fora... não mostro o
dedo, não persigo quem me fechou nem colo na traseira, não pisco faróis nem buzino (quer dizer, não faço isso a maior
parte do tempo, mas confesso que já incorri, pelo menos uma vez, em cada um dos comportamentos citados. Ainda bem
que caí na real antes de fazer besteira, e voltei para a pista do meio, ou reduzi a velocidade e deixei o outro monstrinho ir
embora, porque um ditado certo é que quando um não quer, dois não brigam!)

Parece que quando estamos dentro de um carro temos que competir até a morte, nos tornamos gladiadores romanos,
precisamos exibir nossa habilidade e maestria como se estivéssemos na F-1...

Me lembro quando éramos crianças, e viajávamos para Itaguara, pela 381, antes da duplicação. Papai ia dirigindo (o
perfeito “Senhor Volante...”) e nós, crianças, todos sem cinto, no carro com excesso de passageiros, íamos contando os
carros que ele ultrapassava. E como ele ultrapassava! Hoje, que sou motorista, vejo os riscos que corríamos. E olhem que
hoje a BR está duplicada e bem sinalizada (obra da Autopista Fernão Dias...),
Creio que o grosso das estatísticas constata que os homens são os campeões nos acidentes e nas brigas de trânsito. Mas
infelizmente, vejo que nós, mulheres, não estamos caminhando em um sentido diferente. Estamos ficando impacientes,
intolerantes e agressivas no trânsito, e em como já estamos em situação de igualdade numérica, apesar das inúmeras
piadas sexistas de “navalhas” e outros adjetivos, temos que cuidar para não nos tornarmos também autoras e vitimas desse
fatídico rol de violência no trânsito.
A gentileza e a educação estão se tornando motivo de piada no trânsito. Parar na faixa, ceder a preferência, tudo isso
quase provoca acidentes, além das inevitáveis buzinadas e gestos... Dá uma falta de paciência... Mas esse estresse se volta
contra nós, também, então, alguém tem que romper o círculo... Seja eu, seja você! Sejamos pacientes!!!!

Você lembra do desenho do Pateta no trânsito?


Mais do que o fundamental respeito às leis de trânsito, todos os dias as cidades brasileiras dependem, para que seu
trânsito não engate definitivamente, de uma série de convenções baseadas no senso comum, na cultura e, em cidades
especialmente contempladas, na civilidade e cortesia.
Mas trata-se de um equilíbrio delicado, e muitas vezes a presença de pequeno número de motoristas se portando mal é
suficiente para tornar o trânsito muito mais tenso (e intenso), esgotando rapidamente a reserva de boa vizinhança dos
demais, e instituindo aquele cada-um-por-si que gera os maiores engates - estacionamento em qualquer lugar, tráfego pelo
acostamento, mudanças de pista forçadas às custas da segurança alheia e tantos outros exemplos - e cada motorista age
como um gato transgressor de Schrödinger, estando ao mesmo tempo em dois estados opostos: se perguntado sobre o
comportamento dos demais, acha tudo um absurdo e barbeiragem; chamado a explicar o seu próprio comportamento,
sempre acha ter uma justificativa.
É o caso do nosso tema de hoje: o bloqueio do cruzamento, que ocorre quando um motorista, para não "perder a vez" em
um sinal amarelo ou aproveitando uma oportunidade de passagem, avança sobre um cruzamento sem ter certeza de que
poderá atravessá-lo completamente - e assim bloqueia artificialmente o trânsito da via transversal até que o trânsito à
frente dele lhe permita, finalmente, avançar.
Este tipo de comportamento ocorre mais em algumas regiões do que em outras e, ao contrário do que possa parecer, não
encontra justificativa na intensidade do trânsito, segundo análise de engenheiros de tráfego: em algumas cidades de alto
tráfego, há questões culturais e medidas efetivas do poder público que conseguem desestimular e prevenir essa
barbeiragem tão estressante para todos à volta.

As medidas incluem melhor sincronização dos semáforos, melhorias em geral no fluxo de veículos e, principalmente, a
presença da autoridade de trânsito nos cruzamentos, já que o motorista-problema assume que o cumprimento das normas
só é realmente obrigatório quando há fiscalização visível. Mas nem todas são plausíveis em todos os locais, e a ausência
delas não justifica que cada indivíduo se julgue no direito de bloquear o tráfego das ruas transversais àquela em que
estiver transitando.

Para lembrar da necessidade de manter o trecho desbloqueado, muitas cidades passaram a adotar as chamadas "yellow
boxes", faixas amarelas sobre os cruzamentos. Mas a incivilidade é grande a ponto de ver estes lembretes ignorados, e
ainda surge o efeito complementar de os motoristas alegarem acreditar que todos os demais cruzamentos sem pintura não
precisam ser mantidos abertos.

No meio do caminho tinha um acesso ao hospital

Em um trecho frequentemente engarrafado do caminho que faço todos os dias para vir para casa aqui na capital da pior
mobilidade urbana brasileira, há um cruzamento em que uma das mãos dá acesso a um hospital. O poder público até
tomou a providência de sinalizá-lo com a pintura na superfície da via, mas é raro passar uma semana sem que eu veja se
repetir a triste cena de uma ambulância, com sua urgência peculiar, tendo de aguardar que o trânsito do sentido
transversal a ela ande, porque alguns motoristas sem consciência resolveram desconsiderar o empenho.

E o pior: também não passa uma semana sem que eu receba alguma buzinada de algum apressado atrás de mim, querendo
que eu avance sobre a mesma faixa amarela, quando eu paro corretamente sem bloquear o acesso do hospital. Foi o que
me lembrou do antigo desenho do Pateta, lá no início do artigo, que mostrava a transformação do pedestre em motorista,
se despindo de todas as restrições e virtudes ao sentar de frente para o volante.

O argumento legal

Quem explica é Marcelo José de Araújo, advogado e consultor de trânsito em Curitiba, em trecho que reproduzo de seu
artigo:

Esse alerta ("Não bloqueie o cruzamento") decorre de dois dispositivos do Código de Trânsito, que são o Art. 45 que
estabelece que mesmo que a indicação luminosa do semáforo seja favorável, o condutor não pode adentrar ao cruzamento
diante da possibilidade de ter que parar o veículo, de forma a obstruir o trânsito na via transversal. A infração
correspondente estaria prevista no Art. 182, inc. VII, infração média, que proíbe a parada na área de cruzamento de vias,
prejudicando a circulação de veículos e pedestres.

Primeiramente vemos que a infração prevista no Art. 182, VII do CTB é mais abrangente que a regra de circulação do
Art. 45, pois este nos dá indícios que a infração ocorreria apenas em cruzamentos com sinal luminoso, porém a infração
tipificada pode ocorrer em cruzamentos sinalizados ou não, e da mesma forma a regra de circulação nos dá o indicativo de
que o bloqueio não pode prejudicar apenas o trânsito de veículos (pois na transversal circulam veículos) enquanto o tipo
infracional prevê que o prejuízo pode se dar em desfavor dos pedestres também.

A sugestão

Como em muitos casos de comportamento coletivo, não há garantia de eficácia a partir da melhoria de comportamento de
indivíduos isolados. Mas isso não equivale a dizer que só o poder público ou a intervenção do Estado podem resolver o
problema: atitude se muda pelo exemplo, e cada motorista que se comporta mal é uma justificativa a mais para que seu
vizinho ache que deve fazer o mesmo.

Assumo que ninguém tem interesse no risco de ser multado e acumular pontos na carteira, ainda mais por um motivo tão
fútil quanto andar alguns metros a mais: ao invés de parar na extremidade do cruzamento, parar dentro dele.

Não há como cada motorista impedir que os demais se comportem assim, mas o erro alheio não é justificativa para que
todo mundo se ache no direito de errar igual. E os prejudicados, como no exemplo da ambulância que eu vejo todas as
semanas, não tem culpa da falta de educação e consciência alheia.

Portanto, a medida sugerida é simples: avance sobre o cruzamento só quando tiver certeza suficiente de que poderá
completar o trajeto, e mantenha-se consciente de que a barbeiragem alheia não justifica que você cometa
intencionalmente as suas também!
http://efetividade.net/2009/05/efetividade-no-transito-nao-bloqueie-o-cruzamento.html

Para que serve mesmo a seta?


em Blog por Márcia Pontes
1 comentário
MAI242013
Dia desses presenciei um quase acidente em Blumenau (SC) porque um motorista que puxava a fila resolveu reduzir na subida
do morro e fazer a conversão para entrar num lote lindeiro sem dar seta. O motorista que vinha atrás transportando uma idosa,
que também vinha bem chutadinho, provavelmente com a justificativa de que é subida de morro e que não dá para subir sem
estar no embalo, acabou desviando pela contramão para evitar uma colisão traseira.

Detalhe: subida de morro, sem visibilidade suficiente e eis a pergunta: e se viesse um ônibus, um carro, uma motocicleta
trafegando em pista contrária? Certamente, teria provocado um acidente de proporções gravíssimas porque mais um senhor
pateta do trânsito que se acha o dono da rua não fez o básico: avisar aos outros motoristas as suas intenções no trânsito.

Basta alguns minutos de observação do que acontece no trânsito da nossa cidade a pé ou atrás do volante para que se tenha a
certeza que o art. 196 do Código Brasileiro de Trânsito (CTB) é mesmo um dos mais desrespeitados pelos motoristas que deixam
de indicar com antecedência a manobra de parar o veículo, mudar de direção ou de faixa de circulação. Que aliás, é infração
grave, 5 pontos negativos na carteira e causa um furo de R$ 127,69 no bolso, além de muito sofrimento às vítimas quando a
negligência vira acidente.

Diariamente, no trânsito, pode-se observar que eles deixam de dar seta em praticamente todas as ruas da cidade: as de trânsito
rápido, arteriais, coletoras e principalmente vias locais.

Fico pensando o que leva os motoristas que não dão seta a agirem assim, já que a função principal desse equipamento e desse
fundamento de segurança no trânsito é manter a comunicação não só com os outros motoristas, mas também com os pedestres e
ciclistas.

Muita gente reclama de que trechos específicos viram um caos no horário de pico, mas com certeza o caos seria menor se quem
viesse trafegando por um trecho com rótula avisasse com antecedência acionando a chave de seta que vai entrar na próxima rua e
não vai cruzar a rótula.

Com certeza, menos motoristas parariam o carro na entrada da rótula e se ganharia mais tempo.

Geralmente quem não dá seta tenta justificar tal egoísmo no trânsito em função da habilidade que pensa que tem, ou que a
manobra é tão rápida que nem precisa dar seta. Mas o fato é que temos de rever nossos próprios conceitos sobre trânsito, sobre
segurança no trânsito e sobre a importância da comunicação entre as pessoas que estão no trânsito.
Estar encapsulado na carapaça de lata dirigindo aumenta a sensação de isolamento, faz muitas pessoas se desligarem do resto do
mundo e se sentirem as donas da rua. Por este motivo que questiono o nome do projeto “Se Essa Rua Fosse Minha” porque
quem não dá seta acredita mesmo que a rua é toda dele e faz o que faz, incorporando bem o sentido de “dono da rua”.

Manda a direção defensiva que sinalizemos a manobra de conversão ou de mudança de faixa com, pelo menos, 100 metros de
antecedência para aumentar as possibilidades de que um motorista distraído enxergue as luzes de seta piscando e avisando:
“reduza que vou entrar na próxima rua.”

Outro atentado à segurança no trânsito é não manter a distância de segurança do carro da frente, assim como abusar da
velocidade, andar chutado ou colado atrás do outro motorista.

Também não adianta vir chutado, frear repentinamente e dar seta só depois que a manobra está pela metade, assim como não
adianta saber usar a chave de seta, mas não fazer a revisão periódica de luzes de segurança e sair por aí feito um galo cego no
trânsito.

Cuidado ainda maior temos que ter com os alunos nas autoescolas, a nova geração de condutores, já que uma das faltas que mais
reprova os candidatos em exames práticos de direção é não dar seta, conforme o art. 19 da Resolução 168/2004 do CONTRAN,
inciso II, letra “e”, sobre as Faltas Graves e 3 pontos negativos: “e) não sinalizar com antecedência a manobra pretendida ou
sinalizá-la incorretamente.”

Tem tanta gente pelas cidades afora que acha que dirige melhor que os outros, que xinga os outros de pitoco, meia roda e de
tantas outras coisas, quando na verdade, eles estão se apresentando às pessoas em alto e em bom tom. Principalmente, quando
mudam de faixa, convergem ou param o carro sem avisar o motorista que vem atrás.

Precisamos de mais respeito aos outros que estão no trânsito. Precisamos de mais colaboração, de mais cidadania e de menos

motoristas ego ístas, de menos donos da rua nesse espaço compartilhado que
é o trânsito.
http://portaldotransito.com.br/blog/post/para-que-serve-mesmo-a-seta

JAIR ANTONIO SILVA DE LIMA: Bacharel em Direito pela Universidade Federal da Bahia. Pós-graduando em Direito
Público pela Uniderp. Pós-graduando em Direito Penal e Processo Penal pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Servidor do Ministério da Justiça. Pesquisador do Grupo de Pesquisa de Direitos Humanos e Cidadania da Universidade
Federal da Bahia.

Resumo: Este artigo busca apresentar a segurança no trânsito como um dos direitos fundamentais constantes do rol aberto
de direitos da Constituição da República de 1988, o qual tem como principal fundamento a efetividade do direito à vida.

Palavras-chave: Segurança no trânsito. Direito fundamental.

Sumário: 1. Introdução. 2. Dos direitos fundamentais. 3. Da segurança no trânsito. 4. Conclusão.


1. INTRODUÇÃO

O Brasil contabiliza a cada ano grande acréscimo no número de mortes no trânsito. Para Gomes (2011, p. 01) “a tragédia
gerada no Brasil pelos acidentes de trânsito está devidamente quantificada”. Ocorreram “cerca de 35 mil mortes por ano,
400 mil feridos, 1,5 milhão de acidentes e R$ 22 bilhões por ano só para cobrir gastos com desastres em estradas
federais”. É nesse contexto que se analisa a importância da segurança no trânsito, destacando sua posição como direito
fundamental.

2. DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

A “Constituição brasileira de 1988 atribuiu significado ímpar aos direitos individuais”, de modo que a inserção do
“catálogo dos direitos fundamentais no início do texto constitucional denota a intenção do constituinte de lhes emprestar
significado especial” (MENDES, 2002, p. 57). Esses direitos constituem patrimônio comum da humanidade, construído
ao longo dos anos e, ao se analisar a Constituição atual comparando-a com a Constituições brasileiras que a antecederam,
percebe-se “a existência de algumas inovações de significativa importância da seara dos direitos fundamentais”
(SARLET, 2009, p. 63).

A expressão direitos fundamentais, embora esteja positivada na Constituição da República de 1988, não é única utilizada
para designar o rol de direitos e garantias individuais do homem. Conforme leciona Silva Neto (2006, p. 513), embora “se
encontre sedimentada na doutrina”, nota-se que são utilizados muitos outros termos, apontados como seus sinônimos, a
saber: “direitos do homem ou direitos humanos, direitos individuais, liberdades públicas ou ainda direitos políticos
subjetivos”.

Conquanto essas expressões sejam utilizadas como sinônimos, apresentam dessemelhanças se forem observadas com
maior rigor técnico (SILVA NETO, 2006). Recorrendo às lições do professor Manoel Jorge e Silva Neto, que – buscando
demonstrar a distinção entre “direitos fundamentais”, “direitos do homem” e “direitos humanos” – assevera:

a designação de “fundamentais” é dedicada àquele conjunto de direitos assim considerados por específico sistema
normativo-constitucional, ao passo que ‘direitos do homem’ ou ‘direitos humanos’ são terminologias recorrentemente
empregadas nos tratados e convenções internacionais. (SILVA NETO, 2006, p. 513)

De acordo com o autor, os direitos fundamentais são aqueles positivados em um dado sistema constitucional, ao passo
que direitos humanos ou do homem seriam aqueles presentes em tratados e convenções internacionais. Neste mesmo
sentido, temos a lição de Ingo Sarlet (2009, p. 29), que afirma que “direitos humanos guardariam relação com os
documentos de direito internacional”, por seu caráter e “validade universal, para todos os povos e tempos, de tal sorte que
revelam um inequívoco caráter supranacional (internacional)”.

A utilização da expressão “direitos do homem”, de conotação marcantemente jusnaturalista, prende-se ao fato de que se
torna necessária a demarcação precisa entre a fase que, nada obstante sua relevância para a concepção contemporânea dos
direitos fundamentais e humanos, precedeu o reconhecimento destes pelo direito positivo interno e internacional e que,
por isso também pode ser denominada de uma “pré-história” dos direitos fundamentais. (SARLET, 2009, p. 30).

Corroborando com o afirmado, José Afonso da Silva, ao apresentar a teoria dos direitos fundamentais, também traz à
baila a dificuldade de “definir-lhe um conceito sintético e preciso” (SILVA, 2008, p. 175). Contudo, inspirado na obra de
Perez Luño, apresenta a seguinte definição:

Direitos fundamentais do homem constitui a expressão mais adequada a este estudo, porque, além de referir-se a
princípios que resumem a concepção do mundo e informam a ideologia política de cada ordenamento jurídico, é
reservada para designar, no nível do direito positivo, aquelas prerrogativas e instituições que ele concretiza em garantias
de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas. No qualificativo fundamentais acha-se a indicação de que se
trata de situações jurídicas sem as quais a pessoa humana não se realiza, não convive e, às vezes, nem mesmo sobrevive;
fundamentais do homem no sentido de que todos, por igual, devem ser, não apenas formalmente reconhecidos, mas
concreta e materialmente efetivados. (SILVA, 2008, p. 178)
Malgrado existirem posicionamentos ao menos equivocados quando da utilização da terminologia “direitos
fundamentais”, ela será adotada neste trabalho como a expressão que designa o complexo de direitos do homem presentes
em dado sistema constitucional.

Não se pode olvidar que, por outro viés, podem-se compreender os direitos fundamentais levando-se em conta o seu
aspecto formal, de modo que, alguns doutrinadores chamam-no de diretos fundamentais formalmente constitucionais
(CANOTILHO, 1998).

Nessa acepção, J.J. Gomes Canotilho apud Ana Carolina Lopes, considera que a “fundamentalidade de um direito se
relaciona com sua especial dignidade no ordenamento, a qual assume caráter formal e material” (OLSEN, 2006, p. 17).
Nesse mesmo sentido é o posicionamento de Robert Alexy (2009), para o qual os direitos fundamentais na acepção
formal são direitos do homem transformados em direito positivo.

Quanto à acepção material, afirma-se tratar-se de direitos provenientes de leis e regras do direito internacional que, muito
embora não estejam expressos na Constituição, são por ela elevados a este patamar de direitos fundamentais. Isto porque
a “existência da materialidade dos direitos fundamentais, que não adere à tese de previsão de direitos fundamentais como
resultado de expressa alusão no texto constitucional” (ALEXY, 1999, p. 73).

Pode-se, então, distinguir os direitos materialmente fundamentais dos que são formalmente fundamentais. Enquanto estes
são posições jurídicas que, por decisão do Legislador-Constituinte, foram consagradas no catálogo de direitos
fundamentais, aqueles são direitos que, apesar de se encontrarem fora do catálogo, por seu conteúdo e importância podem
ser equiparados aos direitos formalmente fundamentais.

Na Constituição de 1988 encontra-se a previsão dos direitos materialmente fundamentais, como se vê:

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:

(...)

§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por
ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte (destacamos)

Logo, como assevera Silva Neto (2006, p. 520), os direitos materialmente fundamentais poderão ser encontrados “tanto
quando decorrerem do regime e dos princípios constitucionais, como no caso de subscrição de normas internacionais pelo
Estado brasileiro”. Ressalta, ainda, o autor que compõem o círculo de proteção do indivíduo os direitos fundamentais os
que:

(...) i) decorrem dos princípios e regime adotados pela Constituição de 1988; ii) estão presentes no bloco de
constitucionalidade; iii) resultam de norma internacional; iv) residem na própria legislação ordinária, quando é a
Constituição que os absorve em virtude dos comandos imperativos que expede. (SILVA NETO, 2006, p. 520)

É possível concluir que o rol de direitos fundamentais não é taxativo. Trata-se de um rol aberto, a ser preenchido, em
muitos casos pelo exercício interpretativo, à luz dos princípios constitucionais. Este entendimento é também defendido
por Ingo Sarlet ao apontar que

Em primeiro lugar, cumpre referir que o conceito materialmente aberto de direitos fundamentais consagrado pelo art. 5º, §
2º, da CF aponta para a existência de direitos fundamentais positivados em outras partes do texto constitucional e até
mesmo em tratados internacionais, bem assim para previsão expressa da possibilidade de se reconhecer direitos
fundamentais não-escritos, implícitos nas normas do catálogo, bem como decorrentes do regime e dos princípios da
Constituição (SARLET, 2009, p. 71).

Compartilhando deste mesmo entendimento, Cunha Jr (2010) comenta o dispositivo constitucional em análise e afirma
que

Este dispositivo consagra uma concepção material de direitos fundamentais, ao estabelecer que direitos e garantias
fundamentais consagrados expressamente no texto Lex Mater não impedem a descoberta de outros princípios implícitos
no sistema jurídico constitucional. Nesse sentido, o rol de direitos fundamentais elecado na Constituição deve ser
considerado apenas como exemplificativo (numerusapertus) não como um rol exaustivo (numerusclausus). (CUNHA JR,
2010)
Forçoso é concluir que os direitos fundamentais não se exaurem no rol expresso do texto constitucional, incluindo outros
direitos necessários a propiciar vida digna ao cidadão brasileiro, bem como ao estrangeiro residente no Brasil.
3. DA SEGURANÇA NO TRÂNSITO

A segurança no trânsito é direito de todo o cidadão, subscrito no parágrafo 2º do artigo 1º do Código de Trânsito
Brasileiro, que estabelece que os órgãos e entidades que compõem o Sistema Nacional de Trânsito devem assegurar, a
todo cidadão, condições seguras para transitarem nas vias terrestres.

Art. 1º (...)

§ 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema
Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas destinadas a assegurar
esse direito. (CTB)

O direito à segurança no trânsito, além de estar expressamente previsto no CTB, decorre do próprio direito fundamental à
segurança, estabelecido no art. 5º, CF, conforme assevera Santos (2008):

Já nas relações do trânsito, o direito constitucional de um trânsito seguro decorre do próprio direito fundamental genérico
da segurança, que nos artigos 5º e 6º, pertencentes ao título II (Dos direitos e garantias fundamentais) da nossa
Constituição Federal, assim expressam:

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, igualdade, segurança e propriedade, nos termos
seguintes: [...]

Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a
proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (SANTOS, 2008, p. 06)

No mesmo sentido, Arnaldo Rizzardo (2003) afirma que o direito ao trânsito seguro encontra-se no rol de direitos
fundamentais. Destaca, ainda, que não se trata apenas de segurança, mas de planejamento e organização suficientes para
defender a vida e incolumidade física:

Tão importante tornou-se o trânsito para a vida nacional que passou a ser instituído um novo direito – ou seja, a garantia
de um trânsito seguro. Dentre os direitos fundamentais, que dizem com a própria vida, como a cidadania, a soberania, a
saúde, a liberdade, a moradia e tantos outros, proclamados no art. 5º da Constituição Federal, está o direito ao trânsito
seguro, regular organizado, planejado, não apenas no pertinente à defesa da vida e da incolumidade física, mas também
relativamente à regularidade do próprio trafegar, de modo a facilitar a condução dos veículos e a locomoção das pessoas.
(RIZZARDO, 2003, p. 29) (negritamos)

Para Santos (2008), esse direito é espécie do gênero direito à segurança e foi positivado por nosso legislador que,
objetivando a redução da violência verificada no trânsito brasileiro, atribuiu aos órgãos e entidades que compõe o Sistema
Nacional de Trânsito o dever de adotar as medidas indispensáveis à sua concretização.

Com isso, o legislador de trânsito, na busca de soluções para a violência e as crescentes perdas no trânsito, especificou
esse direito fundamental de segurança, com o surgimento do direito fundamental de todos a um trânsito em condições
seguras (trânsito seguro), como uma espécie do gênero advindo da norma constitucional e para concretizar o conteúdo do
direito humano fundamental genérico (segurança) nas relações do trânsito.

Dessa forma, o Código de Trânsito Brasileiro, em seu art. 1º, § 2º, erigiu o direito fundamental de um trânsito seguro, ou
seja, que o trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema
Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas destinadas a assegurar
esse direito. (SANTOS, 2008, p. 07)

Nei Pires Mitidiero, comentando o Código de Trânsito, acrescenta que a segurança do trânsito é um princípio a ser
observado.

Esse regramento, então, nasceu da imprescindibilidade de que o trânsito fosse seguro à sociedade, fluido, cômodo,
confortável e de que preservasse o meio ambiente, exsurgindo, daí, um cartel de princípios informadores do trânsito. Ei-
los: o da preservação da segurança do trânsito, o da garantia da sua fluidez, o da comodidade e confortabilidade do
trânsito, o da defesa e proteção ambiental, o do respeito à corrente de trânsito, o da confiança mútua ou recíproca, o da
sinalização, o da direção defensiva e o da maior vulnerabilidade, esses os principais e mais atuantes. (MITIDIERO, 2005,
p. 52)
Complementa o jurista, dando ênfase ao “primaz desvelo” das normas insertas no CTB, qual seja, de propicia um trânsito
seguro (MITIDIERO, 2005).

Aventou-se, na norma, ao Sistema Nacional de Trânsito, enfatizando o seu primaz desvelo, o de propiciar um trânsito
seguro ao cidadão. Ademais, proclama o art. 6º, infra, o Sistema deve estabelecer as diretrizes da Política Nacional de
Trânsito e, nesse intento, adotar e executar medidas que visem a um trânsito seguro, de ideal fluidez, cômodo e
confortável, que preserve o meio ambiente. Objetiva, por igual, estabelecer metas educativas para o trânsito, o que pode
ser traduzido, ao fim, como formas de torná-lo seguro. (MITIDIERO, 2005, p. 52)

A legislação infraconstitucional reafirma o que estabeleceu o constituinte originário quando elevou o direito à segurança à
categoria de direito fundamental, inserindo-o no artigo 5º da Constituição da Federal. Para tanto, o CTB qualifica o direito
à segurança constitucionalmente garantido, especificando que este direito também deverá ser garantido nas operações de
trânsito. Frise-se que esta segurança é necessária até mesmo para que se garanta outros direitos igualmente fundamentais,
como o direito à vida, à integridade física, à liberdade.

No que se refere ao direito à vida, Alexandre de Morais (2006, p. 176) entende que o “Estado deve assegurá-lo em sua
dupla acepção, sendo a primeira relacionada ao direito de continuar vivo e a segunda de ter vida digna quanto à
subsistência”.

O direito humano fundamental à vida deve ser entendido como direito e um nível de vida adequado com a condição
humana, ou seja, direito à alimentação, vestuário, assistência médico-odontológica, educação, cultura, lazer e demais
condições vitais. O Estado deverá garantir esse direito a um nível adequado de condição humana respeitando os princípios
fundamentais da cidadania, dignidade da pessoa humana e valores sociais do trabalho e da livre iniciativa... (MORAES,
2006, p. 176)

O direito à vida é inviolável, o que justifica constar expressamente como fundamental, sendo também “pressuposto para o
reconhecimento de outros direitos ao ser humano” (SILVA NETO, 2008, p. 524).

Neste sentido, Lenza (2011, p. 872) afirma que este direito “abrange tanto o direito de não ser morto, privado da vida,
portanto, o direito de continuar vivo, como também o direito de ter uma vida digna”.
Ora, se o direito à vida constitui-se no direito de continuar vivo, ele é também um dos fundamentos do direito
fundamental à segurança no trânsito. Por que se deve garantir a segurança no trânsito? Para que vidas não sejam ceifadas
em acidentes[1]. Porque o cidadão tem direito à vida e à integridade física. Em outra análise, pode-se afirmar que o
direito à segurança no trânsito, ao ser efetivado, garantindo que o cidadão possa trafegar nas públicas de forma segura,
viabiliza o direito à vida.

4. CONCLUSÃO

À giza de conclusão, conforme já destacado, o rol de direitos fundamentais não é taxativo. Trata-se de um rol
aberto, a ser preenchido, em muitos casos, pelo exercício interpretativo à luz dos princípios constitucionais. Ainda que se
negue a presença expressa do direito fundamental ora estudado, teríamos que apontá-lo como integrante do bloco de
constitucionalidade, conforme estabelece o parágrafo 2º do art. 5º da CF.

Conclui-se, portanto, que o direito à segurança no trânsito é fundamental também pelo fato de decorrer de outros direitos
fundamentais, como o direito à vida. Aponte-se, ainda, que o art. 144 da CF atribui ao Estado o dever de garantir a
segurança pública, evidentemente, como forma de efetivação dos direitos prescritos no art. 5º. Nas palavras de Alexandre
de Moraes (2006), o Estado tem o dever de preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do seu patrimônio,
o que, certamente, inclui a garantia de condições seguras de trânsito de pessoas a bens.

A Constituição Federal preceitua que a segurança pública, dever do Estado, responsabilidade de todos, é exercida para a
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, sem, contudo, reprimir-se abusiva e
inconstitucional, a manifestação do pensamento ... (MORAES, 2006, p. 1817).

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