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Podemos encontrar esse fenômeno em sua mais bela forma entre os primitivos. Seu
país é ao mesmo tempo uma topografia de seu inconsciente. Naquela 'árvore
imponente mora o deus do trovão, naquela fonte mora "a velha”, naquela bosque
está sepultado o lendário rei, naquele vau as mulheres não podem cavalgar devido
à presença de um certo espírito, junto aquela rocha não se pode acender fogo por
causa de um demônio que vive dentro dela, aquele monte de pedras é habitado
pelos espíritos dos ancestrais e as mulheres precisam recitar depressa uma fórmula
mágica para não engravidar, pois o espírito de um ancestral poderia facilmente
penetrar em seu ventre. Todo tipo de figuras e sinais marcam esses lugares e um
temor reverencial circunda o ambiente. Assim que o homem primitivo vive em sua
terra e ao mesmo tempo no país de seu inconsciente. Em toda parte seu
inconsciente lhe vem ao encontro, vivo e real. Como é diferente a relação que temos
com a terra em que vivemos! Sensações totalmente estranhas a nós acompanha o
homem primitivo a cada passo. O que lhe diz o grito do pássaro? Ou o que significa
aquela antiga árvore? Todo esse mundo de sentimentos não está ao nosso alcance e
é substituído por uma pálida satisfação estética. Todavia, o mundo sentimental dos
primitivos não está totalmente perdido para nós. Continua vivo no inconsciente.
Quanto mais nos afastamos dele através de nosso esclarecimento e de nossa
superioridade racional, mais ele recuará, mas tornar-se-á tanto mais potente com
tudo aquilo que cai nele, tudo que é recusado ou excluído por nosso racionalismo
unilateral. (JUNG, Civilização em Transição, par. 44)
Tolkien conclui com a observação que as fadas vem de um lugar chamado Feéria -
uma terra perigosa. Feéria é o reino ou estado no qual as fadas tem seu ser, mas também
há muitas coisas: fadas, elfos, anões, bruxas, trols, gigantes, dragões. Abriga os mares, o
sol, a lua, o céu, a terra, árvores, pássaros, água, pedra, vinho, pão, e seres humanas
mortais e encantados. Na maior parte, as estórias de fada são aventuras dos humanos no
reino perigoso e em suas fronteiras imprecisas.
É impossível dar linguagem ao reino das fadas, pois é sua qualidade ser
indescritível, mas sempre perceptível. Os contos são estórias que aborda ou usa Feéria,
algo que pode ser traduzido como Magia, Encanto.
As fadas aparecem como as amadas/amantes, mensageiras de outro mundo
(podem surgir como pássaros, cisnes), ligado ao mistério da morte.
Fada foge as contingências das três dimensões, tem com sua varinha qualidades
maravilhosas, nem os druidas poderiam interferir em sua ação.
Há três sentidos para Feérie : 1° Ilusão ou Encantamento; 2° Terra da ilusão; 3°
habitantes da Terra das Fadas.
Os celtas podem ser considerados a origem dos contos de fadas (Nelly Novaes
Coelho), pois estes provavelmente receberam esse nome devido a importância que esses
seres sobrenaturais tinham nessa cultura. Porém, as histórias, contos e mitos são formas de
explicação para tudo aquilo que nosso ancestrais não conseguiam compreender e com o
que eles precisavam conviver. Algumas questões são levantadas por diversos pensadores
sobre a diferença entre contos e mitos, mas o que podemos dizer é que lidam com padrões
arquetÍpicos, possuem uma estrutura mais elementar e se configuram a partir da cultura
de onde surgiram.
Druidas
Os druidas era uma casta sacerdotal que mantinha a ordem social e política coesa. A
imagem recorrente dos druidas os situa em meio aos bosques e florestas - a crença era que
os seus deuses e deusas não habitavam o céu ou o topo de uma montanha, mas as árvores,
rios, córregos e colinas - contempla a existência do divino dentro do mundo físico.
Organizados em três classes com funções que por vezes se sobrepunham:
1. “druidas” que eram os legisladores, os responsáveis pelos ensinamentos de
astronomia, astrologia, magia, medicina e pelo aconselhamento dos governantes.
2. os “vates” ou “ovates”, encarregados das profecias e dos ofícios sacerdotais.
3. “bardos”, guardiões da história e da sabedoria celta por meio da poesia e da narração
de histórias.
Frigga é a deusa da fertilidade e mulher de Odin - maior dos deuses nórdicos, deus
da guerra e da morte, sábio. Frigga é representada como mãe, guerreira e sábia que
conhece os segredos dos homens, mas não os revela. Seus símbolos são a roca, o fuso e as
chaves, que significam a duração da vida e a sabedoria.
Ragnarök, traduzido do nórdico antigo, significa “consumação dos destinos dos
poderes supremos”, representa a escatologia nórdica, marcada por uma série de eventos
que conduziriam ao fim do mundo. A palavra significa destino, referindo-se à última e
decisiva batalha dos deuses contra os seus inimigos.
Conto trabalhado: As Crianças trocadas
Referências:
Coelho, Nelly Novaes. O conto de fadas: símbolos, mitos, arquetipos. Paulinas. Edição do
Kindle.
Os melhores contos de fadas celtas / curadoria de Marina Avila; vários tradutores,
prefácio de Alexander Meireles da Silva. São Caetano do Sul, SP: Wish, 2020.
Os melhores Contos de fadas nórdicos. curadoria de Marina Avila; vários tradutores,
prefácio de Lícia Dalcin. São Caetano do Sul, SP: Wish, 2019.
Tolkien, J.R.R. Árvore e Folha. Tradução de Reinaldo José Lopes. RJ: Harper Collins Brasil,
2020.
Langer, Johnni (org.). Dicionário de Mitologia nórdica: símbolos, mitos e ritos. São Paulo:
Hedra, 2015.