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CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM

ANALICE CONCEIÇÃO SANTOS


CAROLINE DOS SANTOS REIS
ELIZIA DOS SANTOS NUNES
JOCILEIDE CRISTINA DOS SANTOS

ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DAS SEQUELAS


EM DECORRÊNCIA DA HANSENÍASE.

Salvador
2021
ANALICE CONCEIÇÃO SANTOS
CAROLINE DOS SANTOS REIS
ELIZIA DOS SANTOS NUNES
JOCILEIDE CRISTINA DOS SANTOS

ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DAS SEQUELAS


EM DECORRÊNCIA DA HANSENÍASE.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de graduação em Enfermagem do Centro
Universitário Estácio da Bahia como requisito para
aprovação na disciplina TCC em Saúde.

Orientador: Profa. Juqueline R. S. Cristal

Salvador
2021
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NOTA: Este artigo segue as normas de publicação da revista Ciência in Cena.


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ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DA HANSENÍASE.

NURSES' PERFORMANCE IN THE PREVENTION OF LEPROSY.

ANALICE CONCEIÇÃO SANTOS


CAROLINE DOS SANTOS REIS
ELIZIA DOS SANTOS NUNES
JOCILEIDE CRISTINA DOS SANTOS

RESUMO
Introdução: A atenção básica com o objetivo de criar instrumentos eficientes que trazem
qualidade de vida e saúde a população, definiu como áreas estratégicas para atuação em todo
o território nacional, além de outros focos de atenção, a eliminação da hanseníase. O
enfermeiro tem papel fundamental nessas estratégias, incluindo: busca por diagnóstico dos
casos e tratamentos; busca pela prevenção; administração no controle dessas doenças.
Objetivo: Avaliar a assistência do enfermeiro na Atenção Básica em Hanseníase na
prevenção das sequelas. Metodologia: Trata-se de uma Revisão Integrativa da Literatura,
composta por artigos obtidos nas bases de dados informatizados da Biblioteca Virtual em
Saúde, abrangendo: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências de Saúde
(LILACS), a Base de Dados de Enfermagem (BDENF), e Medical Literature Analysis and
Retrieval System Online (MEDLINE). Os critérios de inclusão estabelecidos foram: artigos
primários publicados disponíveis na íntegra, no idioma português, inglês e espanhol, de 2010
até á 2020, em formato de artigo. Referencial teórico: Foram incluídos 24 artigos, que
constituíram duas categorias: “Dificuldades da Enfermagem na assistência às pessoas com
Hanseníase ” e “Capacitação da Enfermagem frente à Hanseníase ”. Conclusão: Constatou-
que uma das maiores dificuldades frente aos pacientes com Hanseníase é a manutenção do
tratamento dessas doenças, em especial, a luta contra o abandono.
Palavras- chave: Hanseníase. Enfermeiro. Prevenção. Sequelas.
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ABSTRACT

Introduction: Primary care, with the objective of creating efficient instruments that bring
quality of life and health to the population, defined as strategic areas for action throughout the
national territory, in addition to other focuses of attention, the elimination of leprosy. The
nurse has a fundamental role in these strategies, including: search for diagnosis of cases and
treatments; search for prevention; administration in the control of these diseases. Objective:
To evaluate the assistance provided by nurses in Primary Care in Leprosy in the prevention of
sequelae. Methodology: This is an Integrative Literature Review, consisting of articles
obtained from the computerized databases of the Virtual Health Library, including: Latin
American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS), the Nursing Database
(BDENF), and Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE). The
inclusion criteria established were: primary published articles available in full, in Portuguese,
English and Spanish, from 2010 to 2020, in article format. Theoretical framework: 24
articles were included, which constituted two categories: “Difficulties of Nursing in the care
of people with leprosy” and “Nursing Training in the face of leprosy”. Conclusion: It was
found that one of the greatest difficulties faced by patients with leprosy is the maintenance of
the treatment of these diseases, in particular, the fight against abandonment.
Keywords: Leprosy. Nurse. Prevention. Sequelae.
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INTRODUÇÃO

A hanseníase é uma das doenças mais antigas da humanidade que temos


conhecimento. Os registros mais antigos datam de 600 a.C. e vêm da Ásia, que, ao lado da
África, são consideradas o berço da doença. Também conhecida como “lepra”, a hanseníase
atinge principalmente pele e nervos periféricos podendo levar a sérias limitações físicas. A
melhoria das condições de vida e o avanço do conhecimento científico modificaram o quadro
da hanseníase, que há mais de 20 anos tem tratamento e cura. É uma doença que
obrigatoriamente tem que ser notificada em todo o território nacional sendo investigada de
imediato. (BRASIL, 2008).
No Brasil, no período de 2007 a 2011, uma média de 37.000 casos novos d e
h a n s e n í a s e foi detectada a cada ano, sendo 7% deles em menores de 15 anos (BRASIL,
2017a). Quando se inicia o tratamento quimioterápico contra a Hanseníase o doente deixa de
ser transmissor da doença, já que as primeiras doses da medicação matam os bacilos
tornando-os incapazes de infectar outras pessoas. (BRASIL, 2002).
Apesar da evolução do conhecimento sobre esta doença no que se refere ao
diagnóstico e os avanços na terapia medicamentosa, ela ainda é um grande problema de saúde
pública mundial, principalmente em países subdesenvolvidos. (MAGALHÃES & ROJAS,
2007).
No Brasil, a hanseníase ainda é considerada um problema de saúde pública, uma vez
que o país figura entre as cinco nações que não alcançaram a meta de controle desse agravo,
proposta pela OMS, persistindo com elevada endemicidade. (BRASIL, 2008).
É perceptível que ainda temos um longo caminho à trilhar no ponto de vista da
formação de profissionais, enfermeiros, os quais atuam, com ações inovadoras de cuidado e
alcancem os preceitos do SUS, não como sistema de saúde, mas como uma organização que
se assemelha a saúde enquanto um direito e bem social. (BARRÊTO et al., 2013).
Com o objetivo de criar instrumentos eficientes que trazem qualidade de vida e saúde
a população, a Atenção Básica definiu como áreas estratégicas para atuação em todo o
território nacional, além de outros focos de atenção, a eliminação da hanseníase e o controle
da tuberculose. (BRASIL, 2006).
Nessa perspectiva, Leopardi (2006), é indispensável na Estratégia Saúde da Família
um panorama cultural em que a enfermagem relacione o autocuidado e sua preponderância na
assistência, funcionando como base na facilitação e capacitação individual, de manter e reaver
o bem- estar e ajudar os pacientes a enfrentar dificuldades que irão surgir.
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Esse trabalho tem como justificativa a razão da importância do conhecimento e da


abordagem que o profissional enfermeiro deve ter, para agir frente à pacientes da Atenção
Básica que são portadores de Hanseníase, dando suporte ao seu referencial estratégico no
cuidado e prevenção; por ser o enfermeiro, possuidor de uma visão global para problematizar
questões relativas a causas e consequências de algum agravo a indivíduos ou grupo de
indivíduos, somando esforços no combate a essas doenças.
Sendo relevante o enfermeiro ser capaz de realizar um atendimento integral aos
doentes de hanseníase aproveitando o momento da consulta para estabelecer um vínculo de
confiança com os pacientes, a fim de melhorar a qualidade do atendimento e a adesão desses
usuários às ações que serão desenvolvidas ao longo do tratamento.
Dessa forma o objetivo desse trabalho foi avaliar a assistência do enfermeiro na
Atenção Básica em Hanseníase na prevenção das sequelas.

METODOLOGIA (REVISÃO)

Este artigo trata-se de uma revisão sistemática de literatura de natureza qualitativa.


Para tanto, foi realizada uma busca nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do
Caribe em Ciências de Saúde (LILACS), a Base de Dados de Enfermagem (BDENF), e
Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE). LILACS,
MEDLINE, PUBMED, nos idiomas inglês, espanhol e português, a busca do material foi feita
em artigos publicados entre os anos de 2000 até 2020, dando-se prioridade nos mais atuais.
Palavras chaves: Hanseníase. Enfermeiro. Prevenção. Sequelas.
Neste trabalho, optamos pela revisão bibliográfica narrativa, uma vez que ela dá maior
flexibilidade de busca do material a ser analisado. Este foi coletado na forma de artigos
científicos e site relacionados à promoção de saúde pública, bem como nos módulos do Curso
de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família no trato com a prevenção da
Hanseníase. Optamos por utilizar como material, artigos científicos produzidos com até dez
anos de publicação, totalizando 33 em língua portuguesa, inglesa e espanhola e livros
científicos totalizando 5, por serem mais acessíveis para os profissionais de saúde.
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REFERENCIAL TEÓRICO

CONTEXTO DA HANSENÍASE

A hanseníase é uma doença infecto - contagiosa de evolução crônica que se manifesta,


principalmente, por lesões cutâneas com diminuição de sensibilidade térmica, dolorosa e tátil.
Tais manifestações são resultantes da ação do Mycobacterium leprae (M. leprae), agente
causador da doença de Hansen, em acometer células cutâneas e nervosas periféricas. Durante
os surtos reacionais, vários órgãos podem ser acometidos, tais como, olhos, rins, supra-renais,
testículos, fígado e baço (EIDT, 2004).
Podem ocorrer deformidades e incapacidades de olhos, mãos e pés com a evolução da
doença (MEDINA et al., 2004).
A lepra como era conhecida na antiguidade é uma das mais antigas patologias
registradas pela humanidade. Mesmo fazendo parte do sofrimento humano desde a
Antiguidade, a sua identidade etiológica foi descoberta apenas ao final do século XIX, quando
o médico norueguês Gerhard Henrik Armauer Hansen, ao analisar material de lesões
cutâneas, descobriu a Mycobacterium, o bacilo causador da doença e que pertence ao mesmo
gênero do bacilo que causa a tuberculose. (GOMES, 2000; SANTOS, FARIA & MENEZES,
2008).
O termo “lepra” foi proibido em documentos oficiais. A nomenclatura foi modificada
a partir da intervenção do governo brasileiro com a lei 9.010 de 1995, onde se passou a ser
designada de hanseníase em homenagem a Gerhard Armauer Hansen, médico norueguês que
descobriu o bacilo causador da doença, em 1873. Com a mudança no nome da moléstia,
pretendia-se acabar com o preconceito e estigma que a doença carregava (SILVEIRA et al.
2014).
Trata-se de uma doença de evolução crônica que se manifesta, principalmente, por
lesões cutâneas com diminuição de sensibilidade térmica, dolorosa e tátil. Com a mudança no
nome da moléstia, pretendia-se acabar com o preconceito e estigma que a doença carregava
(SILVEIRA et al. 2014).
Em 1962, foi abolido o isolamento compulsório. Porém, a associação da doença lepra,
considerada contagiosa, mutilante e incurável continuou pairando na realidade da sociedade.
Desta forma, o preconceito foi mantido, e os portadores dessa doença continuaram cercados
de medo e sofrimento (SILVEIRA; SILVA, 2006).
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Desta forma, o preconceito foi mantido, e os portadores dessa doença continuaram


cercados de medo e sofrimento (SILVEIRA; SILVA, 2016).
Com o passar dos anos e o aumento do número de casos de hanseníase no Brasil, esta
doença passou a gerar preocupação para o Estado brasileiro, tornando-se um problema de
saúde pública. A partir do século XX, academias e escolas de medicina passaram a se engajar
no debate sobre medidas de prevenção e controle da doença, uma vez que apenas exilar os
doentes não mostrava funcionalidade e controle da patologia (BRASIL, 2001).
A partir do século XX, academias e escolas de medicina passaram a se engajar no
debate sobre medidas de prevenção e controle da doença, uma vez que apenas exilar os
doentes não mostrava funcionalidade e controle da patologia. (BRASIL, 2013).
Até os anos 50, nenhuma doença era tão estigmatizada quanto a hanseníase, uma vez
que o isolamento compulsório dividia opiniões médicas. O histórico de maus-tratos aos
pacientes em hospitais-colônias e leprosários era constante e fazia parte da realidade do
paciente com lepra.
Neste contexto, pode-se deduzir que os caminhos percorridos em busca de alternativas
de tratamento para a doença, caracterizada por preconceitos e estigmas, não foram fáceis
(SANTOS; FARIA; MENEZES, 2008).
Segundo OPROMOLLA et. al., (2020, p.2) para que um paciente possa ter cuidados e
atenção humanizado e ter a garantia de um tratamento digno e eficaf, é preciso que ela passe
por algumas etapas, tais como consultas, exames e assistência básica.
O trabalho de assistência, especialmente, representa para o paciente em tratamento é
de extrema importância durante o período entre diagnóstico e tratamento. Por isso, parece-nos
fundamental que ele seja estimulado e ajudado independente da sua condição física ou
financeira. A prioridade é fazer entender a doença, suas etapas, seu tratamente e suas
limitações de forma humanizada. (SOUZA, 2015).
No Brasil, a hanseníase é uma das doenças mais antigas do mundo, e que carrega
consigo um histórico de exclusão e muito preconceito ao longo de sua história. (BRASIL,
2008).
Antigamente, esta doença era conhecida como lepra e os indivíduos acometidos por
esta moléstia eram excluídos do convívio familiar, assim como da sociedade em geral. Esses
passavam a residir em “leprosários”, os quais eram hospitais-colônias que abrigavam os
chamados “leprosos”, uma vez que esta medida era a única forma de prevenir a doença, a
partir do entendimento das autoridades da época (CID et. al., 2012).
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Neste contexto, pode-se deduzir que os caminhos percorridos em busca de alternativas


de tratamento para a doença, caracterizada por preconceitos e estigmas, não foram fáceis
(SANTOS; FARIA; MENEZES, 2008).

ASPECTOS EPIDEMIOLOGICOS DA HANSENÍASE

De acordo com Magalhães & Rojas (2007), a epidemiologia da hanseníase,


particularmente sua distribuição geográfica, permanece com numerosas lacunas e enigmas. As
principais áreas endêmicas no mundo se encontram com um clima tropical, elevadas
temperaturas e precipitações pluviométricas. Em regiões de clima temperado e frio,
entretanto, a hanseníase também já apresentou incidências altas, mas com eliminação sem
uma explicação definitiva.
De acordo com Moura (2010) os níveis de endemia no Brasil estão diretamente
associados às condições socioeconômicas de vida e de saúde desfavoráveis, bem como a um
elevado número de pessoas convivendo em um mesmo ambiente.
Outra informação referente ao aspecto epidemiológico: Hanseníase é uma doença
multifatorial com componentes, sociais e biológicos, que afetam os sistemas imunológico,
dermatológico, neurológico e ortopédico nas pessoas infectadas e que pode levar a inúmeras
deficiências físicas. (OMS, 2015).
Moura, 2010, a meta proposta pela OMS passou a ser a eliminação da doença como
problema de saúde pública, tendo como objetivo atingir a taxa de prevalência de menos de um
caso em cada 10.000 habitantes, quebrando assim a cadeia epidemiológica da doença e o
aparecimento de novos casos.
A Hanseníase é uma patologia infecciosa, sistêmica que repercute nos nervos
periféricos mais importantes causando a neurite, podendo não apresentar sinais e sintomas ou
ainda podendo causar dor intensa, hipersensibilidade, edema e ainda a paralisia muscular.
(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2000).
Tayah et al. (2007) chama a atenção para a doença, como um grave problema de saúde
pública no Brasil. Além dos agravantes inerentes a qualquer doença, existe uma enorme
repercussão psicológica gerada pelas incapacidades físicas, advindas da doença.
De acordo com Ministério da Saúde (2008), as alterações neurológicas ocorrem por
lesões nos troncos nervosos periféricos, causadas tanto pela ação direta do bacilo nos nervos
como pelos estados reacionais e manifestam-se por meio de dor ou espessamento dos nervos
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periféricos, diminuição ou perda de sensibilidade e/ou da força motora nas áreas com a
inervação afetada.
As lesões neurais, quando não diagnosticadas e tratadas precoce e adequadamente,
levam as incapacidades, tais como: mãos e pés insensíveis que possibilitam a ocorrência de
queimaduras, ferimentos, úlceras e fissuras, predispondo a infecções que podem destruir as
estruturas da pele, dos músculos e ossos e provocar deformidades. (TALHARI et al.2006)
Levando em consideração que a hanseníase é uma doença curável em todas as suas
formas, o seu maior problema não se encontra apenas no âmbito social, mas vai além dele, o
diagnóstico da hanseníase é um fator primordial para que o prognóstico da doença seja
favorável.
Dessa forma o diagnóstico da hanseníase é essencialmente clínico, realizado pela
análise da história e das condições de vida do paciente e pelo exame dermatoneurológico, que
visa identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e/ou comprometimento
de nervos periféricos. (SAMPAIO, 2007).
A classificação operacional dos casos é dividida em paucibacilar (PB), cujos casos
apresentem até cinco lesões de pele, e multibacilar (MB), que apresentam mais de cinco
lesões de pele (BRASIL, 2016).
Segundo Visschedijk, 2011 o homem é considerado o único reservatório natural do
bacilo de Hanseníase.
No mundo, apenas o Brasil ainda não alcançou a meta de eliminação da hanseníase
como problema de saúde pública, atualmente, o país possui o segundo maior número de novos
diagnósticos da doença, ficando atrás apenas da Índia.
Com isso, uma pessoa doente ocorre o contágio quando o indivíduo não tratado
elimina bacilos, infectando pessoas susceptíveis (BRASIL, 2002).
Embora a hanseníase tenha tratamento e cura (Leonardo Oliveira, 2020), existe a
possibilidade de recidiva e do surgimento de reações hansênicas que desenvolvem e agravam
as sequelas após a alta medicamentosa, de modo que a problemática não finda após a
conclusão da poliquimioterapia (PQT), pois alguns podem desenvolver complicações mais
graves decorrentes de neurite periférica, que provoca deteriorização, do sentido do tato e uma
incapacidade correspondente de sentir dor e temperatura. (Santos KS, Fortuna CM, 2015).
Daí se faz a importância de um tratamento seguro e da atuação de um profissional
especializado em seu acompanhamento.
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O PAPEL DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DA HANSENÍASE

Atualmente o papel do enfermeiro para as ações de prevenção, promoção e controle


da Hanseníase no Brasil aumentou com a vigorosa expansão do SUS, onde os enfermeiros
exercem o papel de organização do serviço de saúde em todos os níveis de complexidade.
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).

De acordo com o Ministério da Saúde (2011), a Hanseníase chegou a um marco


importante, com a implantação da poliquimioterapia com dose supervisionada, onde
supervisão e execução são atribuições da equipe de enfermagem.

Nas Estratégias de Saúde da Família (ESF), o controle da Hanseníase é realizado


pelos enfermeiros, onde desempenham papel estratégico para atenção integral e humanizada
voltada para os pacientes, além da organização dos serviços.

O Programa Saúde da Família (PSF) surge então como uma estratégia de


reorientação do modelo assistencial a partir da atenção básica, em conformidade com os
princípios do Sistema Único de Saúde.

Bandeira (2010) relata que a busca de novos modelos de assistência decorre de um


momento histórico social, onde o modelo tecnicista/hospitalocêntrico não atende mais à
emergência das mudanças do mundo moderno e, consequentemente, às necessidades de
saúde das pessoas.

Em 2019, por meio do Decreto nº 9.795, de 17 de maio (BRASIL, 2019), a Secretaria


de Vigilância em Saúde (SVS/MS) criou a Coordenação-Geral de Vigilância das Doenças
em Eliminação (CGDE), com o objetivo de fortalecer o enfrentamento de um grupo de
doenças que tendem a coexistir em áreas que apresentam condições econômicas, sociais e
ambientais desfavoráveis, e com importante dificuldade de acesso da população à rede de
serviços de saúde.

O Programa Nacional de Eliminação da Hanseníase (PNEH) estabeleceu em 2004 o


redirecionamento da política de eliminação da doença enquanto problema de saúde pública e
da atenção à hanseníase no Brasil, em um novo contexto que permite aferir a real magnitude
da endemia no País.

O Programa Nacional de Controle da Hanseníase do Ministério da Saúde desenvolve


um conjunto de ações que visam orientar a prática em serviço em todas as instâncias e
diferentes complexidades, de acordo com os princípios do SUS, fortalecendo as ações de
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vigilância epidemiológica da hanseníase, a promoção da saúde com base na educação


permanente e a assistência integral aos portadores deste agravo.

Nesse contexto, a hanseníase configura-se como importante endemia para a saúde


pública do Brasil, com registro de casos novos em todas as Unidades Federadas, tornando-se
imprescindível a incorporação de ações estratégicas que visem garantir a atenção integral e
minimizar o sofrimento nessa parcela da população. (BRASIL, 2019),

A principal missão do (PNEH) é contribuir com os estados e municípios para o


alcance e a manutenção da meta de eliminação da hanseníase enquanto problema de saúde
pública, isto é, prevalência de menos de 1 caso por cada 10.000 habitantes com
acompanhamento da ocorrência de casos novos.

Assim, devido à dimensão da doença e do seu impacto para a saúde pública, a


hanseníase é considerada uma prioridade pelo Ministério da Saúde, o qual tem, ao longo dos
últimos anos, unido esforços com estados, municípios e instituições parceiras no que
permeia a vigilância e o controle da doença no país. (BRASIL, 2019),

Vale destacar que, além da preocupação com o enfrentamento da doença em seu


caráter clínico e epidemiológico, o Ministério da Saúde também adotou medidas para dirimir
o problema da discriminação contra as pessoas atingidas pela hanseníase.

Na mesma Portaria nº 165 (BRASIL, 1976), o termo “lepra” foi substituído por
“hanseníase” em toda a documentação oficial da área da saúde e na rotina dos serviços de
saúde no Brasil, já que a terminologia associada à palavra anterior remetia a um forte
estigma no imaginário da sociedade. (BRASIL, 2019).

Nesse contexto, o enfermeiro é apontado pela sua atuação, pois pode facilitar o
acesso específico que assegure a prevenção de incapacidade e a terapêutica medicamentosa
(DIAS E PEDRAZZANI, 2008).

As ações desenvolvidas pelos enfermeiros na prevenção da Hanseníase se relacionam


com a busca e diagnóstico dos casos e tratamentos, além da prevenção de incapacidades,
administração do controle e sistema de registro da vigilância epidemiológica.

Nesse contexto, a enfermagem é parte e motivadora para o trabalho coletivo, onde


atua diretamente nas ações de controle da hanseníase, fazendo pesquisa com o portador,
família e comunidade que o mesmo está inserido (VERONESI, 2004).
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Os profissionais de enfermagem possuem um papel muito importante nas ações de


controle da hanseníase, dentre elas tem: prevenção da hanseníase busca e diagnóstico dos
casos, tratamento e seguimento dos portadores, prevenção e tratamento de incapacidades,
gerência das atividades de controle, sistema de registro e vigilância epidemiológica e
pesquisas (DUARTE, 2009).

Algumas ações realizadas pelo enfermeiro como a consulta de enfermagem abre os


caminhos para o encontro entre paciente e Unidade de Saúde. Nela será feito o histórico,
exame físico, diagnóstico, prescrição e evolução de enfermagem. A escuta deve estar
concentrada em todas as fases, pois uma boa conversa será determinante para o
conhecimento e analise do perfil da saúde e da doença. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA
SAÚDE, 2000, pg 19).

A prática da conversação depende do enfermeiro, esta busca a qualidade de vida com


abordagem contextualizada e participativa (SILVA, 2009).

Se o enfermeiro, durante a consulta, constrói um processo de confiança e


compromisso com o usuário, motivando-o e, ao mesmo tempo corresponsabilizando-o,
em todas as fases do processo de cuidado, a probabilidade de abandono deste é
reduzida (DUARTE, 2009).

Outra ação que caracteriza da enfermagem é a sistematização de cuidados, onde


compreende o diagnostico precoce, realização dos exames dermatoneurológicos,
prevenção de incapacidades, apoio psicológico durante o tratamento ate a cura,
conforme visto no Programa de Eliminação da Hanseníase. (BRASIL, 2010).

No decorrer do tratamento o enfermeiro deve oferecer apoio, levantando as


principais ansiedades acerca da doença, para que possa orientar sobre a doença,
tratamento, e orientar quanto à prevenção de incapacidades, autocuidado e tudo o que
insere no tratamento, como administrar as tomadas de medicamentos, além dos
principais efeitos adversos que podem causar (SILVA, 2009).

Foi identificado, ainda, que durante a consulta de enfermagem o enfermeiro é


capaz de elaborar possíveis diagnósticos de enfermagem e o plano assistencial. Além
disso, o enfermeiro deve realizar o plano de cuidados o qual deve ser pactuado com o
cliente, enfocando-o como responsável pelo autocuidado. (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2010).
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Para a prevenção da Hanseníase as ações vão além de ficar somente na unidade.


As visitas domiciliares devem ser realizadas pelos enfermeiros e médicos quando
necessário e pelos Agentes Comunitários de Saúde mensalmente. Esta ferramenta é
compreendida como grande instrumento de trabalho, onde tem como proposta inicial a
atenção domiciliar e a reinserção das pessoas a comunidade. (COSTA, 2010).

De acordo com Dias, Pinheiro e Barroso (2006), as práticas de saúde executadas


pelos profissionais de enfermagem consistem em ações de promoção à saúde, prevenção de
doenças, reabilitação e, particularmente no âmbito hospitalar, diminuição do sofrimento.

Segundo Acioli (2014), desenvolver mais as práticas de consulta de enfermagem,


visita domiciliar e realização de atividades educativas, ajuda no processo de recuperação e
aceitação do tratamento.

É fundamental a reflexão sobre esta atividade no campo da assistência,


principalmente no que concerne ao cuidado prestado pelo enfermeiro, de forma a
compreender o indivíduo no contexto familiar e social em que se encontra inserido.
(NASCIMENTO, 2011).

Uma das competências essenciais do enfermeiro é a prestação de um cuidado


holístico, envolver o indivíduo com seu autocuidado, falar a respeito da doença quebrando
estigmas, orientá-lo quanto à promoção integral da saúde, noções de higiene e cuidados
necessários para evitar sequelas da hanseníase de acordo com a realidade de cada indivíduo.
(AGUIAR, 2014).

Assim para Silva (2009) É função de o enfermeiro proporcionar uma educação


continuada dos auxiliares e técnicos de enfermagem, bem como dos agentes comunitários de
saúde, e principalmente, realizar consultas de enfermagem que proporcionem, dentre outras
funções, a identificação dos fatores de risco e de adesão no tratamento de hanseníase.

Faz-se necessário que os profissionais encontrem-se aptos a identificar, suspeitar e


contribuir com a quebra de transmissão e terapêutica precoce. Também deve prevenir as
complicações advindas da doença (FILHO, SANTOS, PINTO, 2010).

A detecção tardia é um problema comum no Brasil, levando de um ano e meio a dois


anos. Essa situação repercute na vida do paciente que já apresentam lesões motoras e/ou
sensitivas, seguida de deformidades e incapacidades (ARANTES, 2010).
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Nessa perspectiva, segundo Leopardi (2006) é imprescindível na ESF uma


perspectiva cultural em que a Enfermagem relacione o cuidado e sua influência na
assistência, funcionando como suporte na facilitação e capacitação a indivíduos ou grupos,
para manter ou reaver o seu bem-estar e ajudá-los a enfrentar dificuldades ou a morte, de
uma forma culturalmente significativa e satisfatória.

A estratégia de saúde da família tem um papel importante na promoção, prevenção e


controle de agravos na saúde pública, sendo por tanto a principal porta de entrada e
organização dos serviços de saúde. (RIBEIRO, 2017).

Mesmo diante desse cenário, os processos de trabalhos a serem executados esbarram


em dificuldades que podem limitar as ações de controle da hanseníase, como identificamos no
decorrer desse estudo.
No cotidiano da unidade de saúde, o enfermeiro enfrenta o desafio relativo à adesão ao
tratamento. Tal situação envolve, principalmente, o próprio preconceito do próprio. Isto
ocorre pela falta de informação e conscientização sobre sua doença. (COSTA, 2010).
Por sua vez, repercute no tratamento tardio, acarretando dificuldade na investigação
dos contatos (BAIALARDI, 2007).
Assim, cabe ao profissional de enfermagem romper esse ciclo promovendo
informação, comunicação sobre a doença. Além de identificar outras dimensões que dificulte
a adesão ao tratamento, que não está atrelada apenas ao paciente. Essas inúmeras atribuições a
serem desenvolvidas pelos enfermeiros, principalmente, na atenção Básica coloca em
evidência o quão importante é seu processo de trabalho para saúde pública Brasil.
É através da Consulta de Enfermagem que se busca a criação de vínculo e confiança
com o cliente, com o objetivo de prestar um atendimento de qualidade, humanizado e efetivo,
com a prioridade da cura e prevenção de incapacidades e no que diz respeito ao exame
dermatoneurológico, como nas orientações (FREITAS, 2014). Corroborando com os achados
nos artigos em estudo.
Segundo Lima (2013), a consulta de enfermagem é significativa tanto para o
enfermeiro quanto para o indivíduo portador de Hanseníase, pois representa um verdadeiro
encontro viabilizando etapas importantes, compreendendo o registro da história de vida desse
paciente.
Outra ação que caracteriza da enfermagem é a sistematização de cuidados, onde
compreende o diagnóstico precoce, realização dos exames dermatoneurológicos, prevenção
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de incapacidades, apoio psicológico durante o tratamento até a cura, conforme visto no


Programa de Eliminação da Hanseníase (BRASIL, 2010).
Souza (2013), dizem que a prática da enfermagem é essencial na prevenção da
Hanseníase, pois as ações implantadas devem ser capazes de evitar o abandono do
tratamento que pode ocasionar implicações sérias, aumentando o risco de transmissão dos
casos diagnosticados e não cuidados adequadamente, permitindo que a sequência de
transmissão continue devido à interrupção da ação medicamentosa.
Oliveira (2008) reflete sobre o papel estratégico do enfermeiro no controle da
Hanseníase no Brasil, mostrando um crescimento notável na participação desse profissional
quanto ao combate à doença, coordenando ações em saúde que apresentam complexidade.
O trabalho da enfermagem tem um cunho bidimensional, de forma a desenvolver seu
ofício tanto no contexto assistencial quanto no gerencial. (SOUZA ET AL 2013)
Matumoto et al. (2011) sintetizou essa prática como voltada para o indivíduo - com a
produção do cuidado e gestão de projetos terapêuticos - e para o coletivo - com monitoração
da situação epidemiológica da população e gerenciamento da equipe dos serviços de saúde.
Devido à inexistência da dicotomia assistencial-gerencial, o profissional ficará
propenso a sentir sobrecarga de trabalho pela demanda crescente.
Estudos apontam a sobrecarga de trabalho como o principal elemento que atrapalha o
processo de trabalho, seguida por excesso de demanda, morosidade da gestão, escassez de
recursos (humanos e materiais) e a fragmentação com descontinuidade da assistência
Portanto, a revisão das práticas de enfermagem nesse contexto, de modo a adequar as ações às
necessidades de saúde da população atendida. (SODER ET AL., 2018; RODRIGUES ET
AL., 2015; PIRES ET AL., 2016).
Além disso, recomenda-se ações que potencializem e fortaleçam a participação dos
profissionais de enfermagem no Programa Municipal de Controle e Prevenção da Hanseníase,
a fim de capacitá-los para uma atenção qualificada para o diagnóstico precoce, tratamento e
prevenção da doença (SILA et al, 2009).
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CONCLUSÃO

Após a realização do presente estudo adquiriu-se uma visão mais ampliada sobre o
tema Hanseníase onde buscamos conhecer as ações de assistência de enfermagem, realizadas
pelo enfermeiro, na prevenção, promoção, diagnostico, tratamento e controle da hanseníase,
além das interações dos enfermeiros enquanto agente da promoção e educação em saúde,
alcançando o objetivo proposto.

Observou-se ainda a importância de se ter uma equipe bem capacitada onde todos
possam ver o paciente não apenas como um doente, mas sim um cliente que precisa ser bem
recebido, orientado, acompanhado, sendo encorajado ao tratamento oferecido, e jamais
discriminado.

O enfermeiro detém o poder da transformação e este quando bem utilizado gera em


meio a tantas adversidades, alento ao cliente que necessita do serviço único de saúde.
Entender qual a importância do enfermeiro no controle da hanseníase é verificar as
estratégias adotadas nas ESF, diante da promoção de saúde aos portadores de Hanseníase.

Concluiu-se que é de fundamental importância o papel do enfermeiro diante do


controle e identificação de novos casos de hanseníase aumentando a responsabilidade no
desafio de cuidar sendo responsáveis por essa transformação.

Então se faz necessário ter mais estudos relacionados a esse tema, pois, o estudo
apresenta limitações. Recomenda-se que novos estudos sejam realizados a fim de que se
enfatize a importância do enfermeiro no cuidado ao paciente com hanseníase e,
principalmente, nas consultas de enfermagem.

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