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Conceitos, Direitos Humanos, Políticas Públicas,

Espaços, Conquistas e Participação Social.

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P O P U L A Ç Ã O L G B T
Í N D I C E
U m g u i a d a c i d a d a n i a n o Pa rá
Conceitos, Direitos Humanos, Políticas Públicas, Apresentação............................................... 04
Espaços, Conquistas e Participação Social.

Conceituando Termos, Orientação Sexual


SIMÃO ROBISON JATENE e Identidade de Gênero................................ 07
Governador do Estado do Pará

MICHELL MENDES DURANS DA SILVA


Nome social de Pessoas Travestis
Secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos e Transexuais................................................ 15
JOSÉ ROBERTO PAES Direitos Humanos da População LGBT:
Gerência de Proteção à Livre Orientação Sexual - GLOS/SEJUDH
Conquistas, Espaços, Políticas
© 2017. Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos - SEJUDH e Legislações................................................. 22
Elaboração, distribuição e informações:
Gerência de Proteção à Livre Orientação Sexual - GLOS/SEJUDH Serviços de Defesa e Promoção
Rua 28 de Setembro, 339 – Comércio – CEP: 66010-100 / Belém (Pa) da Cidadania LGBT........................................ 42
Fone/Fax: (91) 4009-2722
Email: glos.sejudh@gmail.com
Movimento LGBT do Pará............................. 46
Organização Geral:
Beto Paes (GLOS/SEJUDH) Referências................................................... 50
Rafael Ventimiglia (Conselho Estadual da Diversidade
Sexual e Movimento LGBT do Pará)
www.movimentolgbt.para.com

Distribuição gratuita
É permitida a reprodução total
ou parcial, desde que citada a fonte.

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A PR ESE N TAÇ ÃO O Movimento LGBT do Pará, por meio dessas par-
cerias, tem alcançado diversas conquistas que
contribuem para a mudança de paradigmas de
Este guia é parte integrante de um projeto idea- um cenário passivo para uma plena atividade na
lizado pelos membros do Conselho Estadual da busca e conquista de direitos.
Diversidade Sexual - CEDS, em construir um ma- Políticas voltadas para a educação, como o Nome
terial amplo e didático a ser compartilhado com Social nas Unidades Educacionais Estaduais e nas
as diversas Organizações Governamentais e Não Universidades Federal e Estadual do Pará, garan-
Governamentais no sentido de contribuir para as tem não somente o retorno de travestis e tran-
discussões de enfrentamento à LGBTFOBIA e am- sexuais para as escolas e universidades, como
pliação da cidadania LGBT e o empoderamento também ajudam esses sujeitos a permanecerem
de militantes nos diversos municípios paraenses. nesses espaços, qualificarem-se e mudarem as
realidades de suas famílias. Espaços como o Con-
Há muito vem-se discutindo a importância do selho Estadual da Diversidade Sexual, o Comitê
empoderamento da população LGBT sobre suas Gestor do Plano de Segurança Pública e Combate
próprias temáticas para que, assim, possamos à LGBTfobia, permitem-nos estabelecer o diálogo
permanente com gestores das áreas de seguran-
juntos estabelecer ações estratégicas para o al-
ça pública na definição de programas e projetos
cance de políticas públicas.
sobre o enfrentamento dos mais diversos tipos de
Pensar que o Brasil é um dos países mais violen- violências a que os sujeitos LGBTs estão expostos.
tos para a população LGBT e que é o que mais
Com a implantação do Ambulatório do Proces-
mata pessoas travestis e transexuais nos faz re-
so Transexualizador, travestis e transexuais são
fletir sobre o quão é importante que Movimento
abrangidos por uma política real de saúde pública
Social e Poder Público reafirmem as parcerias que
que os resgata da marginalidade de procedimen-
vêm estabelecendo juntos para a garantia de di-
tos clandestinos e das comorbidades em se ten-
reitos, o acesso à educação, o enfrentamento da
tar alinhar a imagem corporal que possuem de si,
violência e a busca por mais políticas públicas de
com as suas identidades e expressões de gênero.
inclusão para essa população.

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Para que possamos transformar a realidade de
nossa população LGBT, precisamos ampliar os CAP ÍT U LO 1
conhecimentos e os debates para todos os espa-
ços da sociedade e sobretudo fortalecer o em-
poderamento de lésbicas, de gays, de bissexuais, CONCEITUANDO TERMOS, ORIENTAÇÃO SEXUAL
de travestis e de transexuais. Este material é só E IDENTIDADE DE GÊNERO
o começo desse processo. Depende de cada um
de nós o utilizarmos na melhoria e qualificação
de nossos debates. Esperamos que se apropriem Quem são os LGBT?
dos conhecimentos aqui adquiridos e, com isso, À medida que a luta pela igualdade dos direi-
tornem-se sujeitos protagonistas de suas próprias tos deste setor da sociedade se fortaleceu, cada
histórias na busca pela efetivação da Cidadania segmento abrangido pelo termo guarda-chuva
LGBT e dos Direitos Humanos no Estado do Pará. – “homossexual” – sentiu a necessidade de dar
visibilidade às suas próprias especificidades. Num
processo que veio da sigla GLS - Gays, Lésbicas e
Simpatizantes, onde se restringia a população de
lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais
Rafael Ventimiglia a somente dois segmentos e, quem não se sentia
Conselheiro Estadual da Diversidade Sexual e
representado por essa sigla, acabava sendo abar-
Coordenador do Movimento LGBT do Pará
cado pelo termo simpatizante, decidiu-se pela
representatividade expressa na sigla GLBT. Contu-
do, em respeito ao empoderamento e à luta cres-
cente da população de mulheres e como forma
de afirmar a participação e importância dessas
atrizes sociais no cenário de luta pelos direitos
humanos, acordou-se que a letra “L” de Lésbicas
deveria estabelecer o seu papel em ser a primeira
letra a ser pronunciada nessa sigla.

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Surgiu então a sigla LGBT: Lésbicas, Gays, Bissexu- xuais se refere às pessoas que possuem os dois
ais, Travestis e Transexuais¹. sexos ou nenhum deles. Quando se fala que uma
pessoa intersexual não possui nenhum dos sexos,
No dia 08 de junho de 2008, durante a I Conferência Na- entende-se que os órgãos sexuais dessas pessoas
cional LGBT, promovida pelo Governo Federal, envolvendo são desprezados pela ciência e medicina devido
mais de 10 mil pessoas em conferências estaduais e 1. 200 às suas irrisórias características.
delegados nacionais, reunidos em Brasília, decidiu-se pelo
uso da terminologia LGBT para identificar a ação conjun- Gênero
ta de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais no
Brasil. Posteriormente, em dezembro de 2008, no maior Classificação pessoal e social das pessoas como
evento do movimento LGBT do Brasil, o Encontro Brasileiro homens ou mulheres. Orienta papéis e expres-
de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - EB sões de gênero. Independe do sexo. É uma cons-
LGBT também se decidiu pelo uso do termo LGBT.
trução social. Ninguém nasce com o gênero, dife-
rentemente do sexo, as pessoas atribuem gênero
Sexo às outras de acordo com o sexo biológico, o que é
errado, visto que em diversos casos o gênero não
O termo sexo pode fazer relação ao ato sexual ou
condiz com o sexo do indivíduo, definindo-nos
prática sexual, mas aqui, tratamos sexo como a
como homens ou mulheres.
identificação biológica do indivíduo. Faz referên-
cia aos caracteres sexuais como os cromossomos,
Expressão de Gênero
o aparelho reprodutivo e os aspectos endócrinos
do indivíduo (os hormônios). Nesse grupo, os in- Forma como a pessoa se apresenta, sua aparên-
divíduos estão divididos em machos, fêmeas e cia e seu comportamento, de acordo com expec-
ainda em intersexuais. A respeito deste último tativas sociais de aparência e comportamento de
termo, intersexuais são aquelas pessoas que an- um determinado gênero. Depende da cultura em
tes a sociedade os denominava de hermafroditas. que a pessoa vive. Aqui, os indivíduos se definem
Como o termo hermafrodita é um conceito advin- com expressões de gênero masculina, feminina
do da biologia e faz referência a plantas e animais ou andrógina que seria uma classificação trans-
que possuem dois sexos, definiu-se que Interse- versal para uma mesclagem entre o masculino e
feminino.

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Orientação Sexual que não se sentem atraídos afetiva e/ou sexual-
e Identidade de Gênero mente por outros indivíduos, não caracterizando,
por esse motivo, pessoas com transtornos men-
Ao considerar a população LGBT, surgem dois tais ou quaisquer outras psicopatologias.
conceitos importantes: orientação sexual e iden-
tidade de gênero. Lésbica
Dentro da sigla LGBT, lésbicas, gays e bissexuais Pessoa do gênero mulher que tem desejos e/ou
são abrangidos pelo conceito de orientação se- relacionamento afetivo e/ou sexual com outras
xual, enquanto travestis e transexuais se enqua- pessoas do gênero mulher. Não precisam ter tido,
dram no conceito de identidade de gênero, não necessariamente, experiências sexuais com ou-
ignorando o fato de que travestis e transexuais tras mulheres para se identificar como lésbicas.
também possuem orientação sexual.
Gay
Orientação sexual
Pessoa do gênero homem que tem desejos e/ou
É o modo de como eu me sinto atraído afetiva e relacionamento afetivo e/ou sexual com outras
/ou sexualmente pelo outro. É como eu me re- pessoas do gênero homem. Não precisam ter
laciono com indivíduos de gênero diferente, do tido, necessariamente, experiências sexuais com
mesmo gênero ou de mais de um gênero. outros homens para se identificar como gays.
Basicamente, há três orientações sexuais prepon-
derantes: Bissexual
• pelo mesmo gênero - homossexualidade Pessoa do gênero homem ou do gênero mulher
• pelo oposto - heterossexualidade que tem desejos e/ou relacionamento afetivo e/
ou sexual com outras pessoas de ambos os gê-
• pelos dois gêneros - bissexualidade neros. Não precisam ter tido, necessariamente,
É importante esclarecer que existem outras orien- experiências sexuais com outros homens ou com
tações não abordadas aqui e inclusive há quem se outras mulheres para se identificar como bisse-
considere assexuado, ou seja, aqueles indivíduos xuais.

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Identidade de Gênero seguinte definição: “Uma construção de gênero
feminino, oposta ao sexo biológico, seguido de
É uma experiência interna e individual do gênero
uma construção física, de caráter permanente,
de cada pessoa, que pode ou não corresponder
que identifica-se na vida social, familiar, cultural e
ao sexo atribuído no nascimento, incluindo o sen-
interpessoal, através dessa identidade”.5
so pessoal do corpo (que pode envolver, por livre
escolha, modificação da aparência ou função cor- Utiliza-se o artigo definido feminino “A” para falar
poral por meios médicos, cirúrgicos e outros) e da Travesti (aquela que possui seios, corpo, vesti-
outras expressões de gênero, inclusive vestimen- mentas, cabelos, e formas femininas). É incorreto
ta, modo de falar e maneirismos³. usar o artigo masculino, por exemplo, “O“ traves-
ti Maria, pois está se referindo a uma pessoa do
gênero feminino.
Identidade de gênero é a percepção que uma pessoa tem de
si como sendo do gênero masculino, feminino ou de alguma Transexual
combinação dos dois, independente de sexo biológico. Tra-
ta-se da convicção íntima de uma pessoa de ser do gênero
Pessoa que possui uma identidade de gênero
masculino (homem) ou do gênero feminino (mulher). diferente do sexo designado no nascimento. Ho-
mens e mulheres transexuais podem manifestar
o desejo de se submeterem a intervenções médi-
Travesti co-cirúrgicas para realizar a adequação dos seus
atributos físicos de nascença (inclusive genitais)
Pessoa que nasce como sexo macho, mas que à sua identidade de gênero constituída. Diferente
tem sua identidade de gênero oposta ao seu sexo de pessoas travestis, onde somente existem Mu-
biológico, assumindo papel de gênero diferen- lheres Travestis aqui nesse conceito, existem Ho-
te daquele imposto pela sociedade. No caso de mens Transexuais e Mulheres Transexuais.
pessoas travestis com identidade de gênero fe-
minina, muitas modificam seus corpos por meio
de hormonioterapias, aplicações de silicone e/ou
cirurgias plásticas, não sendo regra para todas.
Ainda em relação a pessoas travestis, tem-se a

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Transgênero CAP ÍT U LO 2
É um conceito “guarda-chuva” utilizado para
descrever pessoas que transitam entre os gêne-
Nome social de pessoas travestis
ros como travestis, transexuais, crossdessers e
outros. São pessoas que não se identificam com e transexuais
o gênero que lhes foi atribuído quando do nas- É o nome escolhido por travestis e transexuais,
cimento e procuram alinhar a imagem corporal em substituição ao seu nome de registro civil, e
à imagem psicológica que possuem de si. Suas que melhor se adeque à sua identidade de gênero
identidades de gênero transcendem as definições e aparência física. É o nome pelo qual a pessoa se
convencionais de sexualidade impostas pela so- reconhece e é reconhecida em sua comunidade.
ciedade.
Homossexualidade não é doença
Cisgênero Em 1973, nos Estados Unidos, a American Psychia-
CISgênero são pessoas que se identificam com o tric Association retirou a homossexualidade da lis-
gênero que lhes foi atribuído pelos pais, médi- ta de desvios sexuais, reconhecendo que não se
cos e pela sociedade quando do nascimento do trata de um distúrbio mental (AMERICAN PSYCHO-
indivíduo. São pessoas que, quando a medicina LOGICAL ASSOCIATION TASKFORCE, 2009, p.12).
identificou por meio de seus órgãos genitais, por
Em 9 de fevereiro de 1985, o Conselho Federal de
exemplo um pênis, e com isso foi denominado de
Medicina aprovou a retirada, no Brasil, da homos-
menino ou homem, não se opôs a isso quando de
sexualidade do código 302.0 (desvios e transtor-
sua conscientização enquanto sujeito de direito
nos sexuais) da Classificação Internacional de Do-
e, desta forma, mantém o seu gênero como ho-
enças (BRASIL, 1985).
mem.
Em 17 de maio de 1990, a 43ª Assembleia Mun-
dial da Saúde adotou, por meio da sua Resolução
WHA 43.24, a 10ª Revisão da Lista da Classificação
Internacional de Doenças (CID-10), sendo que nes-

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ta versão da CID “a homossexualidade per se não xual carecem de justificativa médica e são etica-
está mais incluída como categoria” (WORLD HE- mente inaceitáveis”, posicionando-se formalmen-
ALTH ORGANIZATION. A nova classificação entrou te como autoridade de saúde no sentido de que
em vigor entre os países-membros das Nações a homossexualidade é uma variação natural da
Unidas a partir de 1º de janeiro de 1993 (GRASSI; sexualidade humana e não é patológica e que as
LAURENTI, 1998, p. 44). supostas “terapias de reconversão” são ineficazes
e têm caráter nocivo (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERI-
Em 1999, o Conselho Federal de Psicologia formu-
CANA DA SAÚDE, 2012).
lou a Resolução 001/99 (ver o texto no Capítulo 2),
considerando que “a homossexualidade não cons-
titui doença, nem distúrbio e nem perversão”, que “Opção” sexual, NÃO!
“há, na sociedade, uma inquietação em torno das Orientação Sexual, SIM!
práticas sexuais desviantes da norma estabelecida
A homossexualidade é uma orientação e não uma opção
socioculturalmente” (qual seja, a heterossexuali- sexual. Já é de curso corrente na comunidade científica a
dade), e, especialmente, que “a Psicologia pode percepção […] de que a homossexualidade não constitui
e deve contribuir com seu conhecimento para o doença, desvio ou distúrbio mental, mas uma característica
esclarecimento sobre as questões da sexualidade, da personalidade do indivíduo incluída nos aspectos rela-
permitindo a superação de preconceitos e discri- cionados à sexualidade. Sendo assim, não parece razoável
minações” (BRASIL, 1999). imaginar que, mesmo no seio de uma sociedade ainda cheia
de preconceitos, tantas pessoas escolhessem voluntaria-
Assim, tanto no Brasil como em outros países, mente um modo de vida descompassado das concepções
cientificamente, homossexualidade não é consi- morais da maior parte da coletividade, sujeitando-se, por
conta própria, à discriminação e, por vezes, ao ódio e à vio-
derada doença. lência. Independentemente da origem da homossexualida-
de – isto é, se de raiz genética, social, ambas ou quaisquer
“Cura” da homossexualidade outras –, tem-se como certo que um indivíduo é homosse-
Em maio de 2012, a Organização Pan-Americana xual simplesmente porque o é. Na verdade, a única opção
da Saúde publicou o documento “Curas para uma que o homossexual faz é pela publicidade ou pelo segredo
doença que não existe”, no qual afirma que “As das manifestações exteriores desse seu aspecto enquanto
sujeito de direitos. A homossexualidade, assim como a hete-
supostas terapias de mudança de orientação se- rossexualidade não é uma ideologia ou uma crença.

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Homossexualidade A homofobia, a lesbofobia, a bifobia e a trans-
em vez de homossexualismo fobia não são só sentimentos negativos. Elas
se materializam em práticas discriminatórias, de-
Em vista de não ser doença, é mais respeitoso uti-
sigualdade no acesso a direitos, discursos precon-
lizar o termo homossexualidade em preferência
ceituosos e violência. No Brasil, pelo menos 144
a homossexualismo. Isso porque o sufixo “ismo”
pessoas trans foram assassinadas em 2016 tendo
tem entre seus significados a conotação de “con-
a sua orientação sexual e/ou identidade de gê-
dição patológica” e é utilizado “geralmente em
nero como motivação do crime, segundo a Rede
tom jocoso ou depreciativo”, enquanto o sufixo
Trans Brasil.
“dade” denota “qualidade ou modo de ser” (FER-
REIRA, 1999, p.1141; p.1070). LGBTfobia internalizada
LGBTfobia É quando a própria pessoa LGBT assimila os valo-
res negativos predominantes na sociedade acerca
LGBTfobia é toda e qualquer forma de preconceito da homossexualida-
e/ou discriminação que atinge pessoas que des- de e se percebe sob
cumprem normas heterossexistas que regulam essa ótica, podendo
a sexualidade, seja na sua prática sexual, no seu até mesmo impu-
desejo, no seu afeto ou no seu comportamento. tar a outros sujeitos
Lesbofobia, bifobia e transfobia são a mesma dis- a violência de que
criminação, mas voltadas especificamente para também é alvo.
mulheres lésbicas, mulheres e homens bissexuais,
travestis ou transexuais.
Gays, lésbicas, bissexuais e trans são seus alvos
preferenciais, mas não são os únicos. Quando um
homem heterossexual tem medo de se expressar,
vestir, falar ou se comportar de um determinado
jeito porque pode ser chamado de “viado”, ele
também está sendo vítima da LGBTfobia.

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QUESTÕES DE GÊNERO

É importante perceber o gênero a partir de uma visão binária (me-


nino/menina, homem/mulher) ou que tenha determinados papéis
já atribuídos desde o nascimento. Cada pessoa é única, assim como
sua identidade e expressão de gênero e orientação sexual. No dia-
grama ao lado, as linhas com duas setas indicam que a pessoa pode
se situar em qualquer ponto da escala, podendo também mudar de
posição na mesma no decorrer da vida.

Atração

Exp ressã o
Sexo

Adaptado de: http://drjon.livejournal.com/1602168.htmlwww.itspronouncedmetrosexual.com

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CA PÍTU LO 3 VII. Todos são iguais perante a lei e têm direito,
sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. To-
dos têm direito a igual proteção contra qualquer
DIREITOS HUMANOS DA POPULAÇÃO LGBT:
discriminação que viole a presente Declaração e
CONQUISTAS, ESPAÇOS, POLÍTICAS contra qualquer incitamento a tal discriminação;
E LEGISLAÇÕES
XII. Ninguém será sujeito à interferência em sua
Os direitos humanos foram proclamados em As- vida privada, em sua família, em seu lar ou em sua
sembleia Geral das Nações Unidas em 1948, na correspondência, nem a ataque à sua honra e re-
Declaração Universal dos Direitos Humanos. Vá- putação. Todo ser humano tem direito à proteção
rios dos 30 direitos incluídos no documento ori- da lei contra tais interferências ou ataques; entre
ginal estão diretamente relacionados ao tema da outros (ONU,1948).
promoção da cidadania da população LGBT:
Além da Declaração Universal dos Direitos Huma-
I. Todos os seres humanos nascem livres e iguais nos e seus desdobramentos em pactos, tratados e
em dignidade e direitos. São dotados de razão e convenções internacionais, outro marco referen-
consciência e devem agir em relação uns aos ou- cial para os direitos humanos no Brasil é a Cons-
tros com espírito de fraternidade; tituição Federal de 1988. Tanto a Declaração Uni-
II. Todo ser humano tem capacidade para gozar versal como a Constituição afirmam a igualdade
os direitos e as liberdades estabelecidos nesta De- das pessoas. O artigo 5º da Constituição reitera a
claração, sem distinção de qualquer espécie, seja Declaração, estabelecendo que “Todos são iguais
de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”
ou de outra natureza, origem nacional ou social, (BRASIL,2008,p.15). O artigo 3º da Carta Magna
riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição; garante que não haverá “quaisquer outras formas
de discriminação” (Ibid.,p.13).
III. Todo ser humano tem direito à vida, à liberda-
de e à segurança pessoal; A Declaração Universal e a Constituição Federal
estabelecem os princípios para a dignidade huma-
V. Ninguém será submetido à tortura nem a trata- na e o respeito entre as pessoas. Sua universali-
mento ou castigo cruel, desumano ou degradante;

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dade significa que se estendem a todos e todas, sal, integral e equitativo. PORTARIA Nº 1.820, DE
indiscriminadamente, não fazendo exceções que 13 DE AGOSTO DE 2009
favoreçam ou desfavoreçam qualquer pessoa ou A Política tem sua marca no reconhecimento de
grupo de pessoas dentro da sociedade, inclusive que a discriminação por orientação sexual e por
as pessoas LGBT. identidade de gênero incide na determinação so-
Mais recentemente, tanto a Organização das Na- cial da saúde, no processo de sofrimento e adoe-
ções Unidas (ONU) quanto a Organização dos Esta- cimento decorrente do preconceito e do estigma
dos Americanos (OEA) têm aprovado declarações social a que está exposta a população de lésbicas,
e resoluções afirmando que a orientação sexual e gays, bissexuais, travestis e transexuais.
a identidade de gênero também devem ser consi- São diretrizes da Política Nacional de Saúde Inte-
deradas como direitos humanos. gral LGBT 
Exemplos são a Declaração Conjunta nº A/63/635 da I - Respeito aos direitos humanos LGBT contribuin-
ONU e a Resolução AG/RES.2435 da OEA, ambas de do para a eliminação do estigma e da discrimina-
2008 (ver na Caixa de Ferramentas, no item Links). ção decorrentes das LGBTfobias, como a lesbofo-
Política Nacional de Saúde bia, gayfobia, bifobia, travestifobia e transfobia,
consideradas na determinação social de sofrimen-
Integral da População LGBT
to e de doença;
A Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas,
II - Contribuição para a promoção da cidadania e
Gays, Bissexuais, Travestis e Transe-
da inclusão da população LGBT por meio da articu-
xuais (LGBT) instituída pela  Porta-
lação com as diversas políticas sociais, de educa-
ria nº 2.836 de 1º de dezembro de
ção, trabalho, segurança;
2011  tem por objetivo promover a
saúde integral LGBT eliminando a dis- III - Inclusão da diversidade populacional nos pro-
criminação e o preconceito institucio- cessos de formulação, implementação de outras
nal, bem como contribuindo para a políticas e programas voltados para grupos es-
redução das desigualdades e a conso- pecíficos no SUS, envolvendo orientação sexual,
lidação do SUS como sistema univer- identidade de gênero, ciclos de vida, raça-etnia e
território;

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IV  - Eliminação das LGBTfobias e demais formas Nome Social no SUS
de discriminação que geram a violência contra a
A inclusão do nome social de travestis e transe-
população LGBT no âmbito do SUS, contribuindo
xuais no cartão do Sistema Único de Saúde (SUS)
para as mudanças na sociedade em geral;
tem como objetivo reconhecer a legitimidade da
V - Implementação de ações, serviços e procedi- identidade desses grupos e promo-
mentos no SUS, com vistas ao alívio do sofrimen- ver o maior acesso à rede pública.
to, dor e adoecimento relacionados aos aspectos Um dos grandes desafios do Siste-
de inadequação de identidade, corporal e psíqui- ma Único de Saúde, atualmente,
ca relativos às pessoas transexuais e travestis; é combinar as políticas universais,
VI - Difusão das informações pertinentes ao aces- que atendem a toda a população,
so, à qualidade da atenção e às ações para o en- com as políticas que precisam que-
frentamento da discriminação, em todos os níveis brar barreiras sociais, culturais, de
de gestão do SUS; preconceito.
VII - Inclusão da temática da orientação sexual e
Ambulatório do Processo
identidade de gênero de lésbicas, gays, bissexuais,
travestis e transexuais nos processos de educação Transexualizador
permanente desenvolvidos pelo SUS, incluindo os Inaugurado em 08 de outubro de 2015, o Pará é
trabalhadores da saúde, os integrantes dos Con- o 5º Estado a alcançar esta política e possui o 6º
selhos de Saúde e as lideranças sociais; Ambulatório do Processo Transexualizador e o 1º
VIII  - Produção de conhecimentos científicos e da Região Norte do Brasil. Sua conquista levou
tecnológicos visando à melhoria da condição de mais de 8 anos e somente foi alcançado por forte
saúde da população LGBT; e pressão e mobilização articulada pelo Movimen-
to LGBT do Estado do Pará junto ao Ministério da
IX  - Fortalecimento da representação do movi-
Saúde e, sobretudo, junto à Secretaria de Estado
mento social organizado da população LGBT nos
de Saúde Pública - SESPA. 
Conselhos de Saúde, Conferências e demais ins-
tâncias de participação social. Diversas reuniões para a implementação da Políti-
Fonte:http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/
1174-sgep-raiz/lgbt/19323-politica-nacional-de-saude-lgbt
ca foram realizadas, com destaque para a que foi

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feita entre Movimento LGBT, Governo do Estado e Comitê Gestor do Plano Estadual
Ministério da Saúde no Ministério Público do Es- de Segurança Pública de Combate
1
tado e para a reunião realizada entre Movimento à Homofobia
LGBT e o Governo do Estado na Universidade do
O Comitê Gestor é ligado ao Conselho Estadual de
Estado do Pará, ambas com o propósito de apre-
Segurança Pública - CONSEP e foi criado pela Re-
sentar os limites e avanços na implementação do
solução 155/2010 - CONSEP. Seus membros são
ambulatório, além de tentar ajustar a execução do
indicações do Governo do Estado e da Sociedade
projeto à realidade paraense. 
Civil, cabendo neste, a indicação pelo Movimento
O Ambulatório do Processo Transexualizador foi LGBT do Estado do Pará. Há quatro anos, o Comi-
implementado na Unidade de Referência Especia- tê Gestor do Plano Estadual de Segurança Pública
lizada em Doenças Infecto-Parasitárias - UREDIPE de Combate à Homofobia ganhou força no Estado
do Telégrafo, por meio de uma parceria entre a Se- e, desde então, diversas ações de sensibilização e
cretaria de Estado de Saúde Pública - SESPA, a Se- qualificação dos órgãos de Segurança Pública vêm
cretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos sendo realizadas. As reuniões ocorrem todas as pri-
- SEJUDH e o Movimento LGBT do Estado do Pará meiras segundas-feiras úteis na Secretaria de Esta-
no monitoramento por meio do Controle Social. O do de Segurança Pública e Defesa Social - SEGUP.
ambulatório pretende atender 160 usuários/mês.
Nome Social nas Escolas Públicas
Estaduais do Pará – Portaria SEDUC
016/2008
Endereço: Av. Senador Lemos, Trav. Magno de Araújo, Pas- Para evitar constrangimento para tra-
sagem Isabel, 49 - Telégrafo - Belém (PA) CEP 66113-240.
vestis e transexuais em sala de aula du-
Telefone: (91) 3244-5364 - e-mail: uredipe@gmail.com
rante a frequência  feita pelos profes-
sores – por terem que responder pelo
nome de registro civil – a Secretaria
Estadual de Educação (SEDUC) baixou
a Portaria nº 016/2008 estabelecendo
que todas as escolas da rede pública

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do Pará passarão a registrar, no ato da matrícula comunidade acadêmica e foi apresentada pela
dos alunos, o prenome social (com os quais são Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD) e gestão
chamados de travestis e transexuais). Em vigor superior da Universidade, por meio da ementa da
desde 2 de janeiro de 2009, a portaria é ampa- Resolução N° 2887, publicada no Diário Oficial do
rada pela Constituição Federal de 1988, onde fica Estado, de 25 de setembro de 2015. Os membros
estabelecido que todos os cidadãos são iguais pe- do Conselho Superior (Consun) da UEPA votaram e
rante a lei, independentemente de sexo (gênero).  aprovaram em 16 de setembro de 2015 a ementa.

Nome Social na Universidade Federal Nome Social na Administração


do Pará - UFPA – Resolução 731/2014 Direta e Indireta do Poder Público
Em março de 2015,  foi aprovado o projeto que Estadual – Decreto 1.675/2009
tramitava havia 5 anos dentro da UFPA. A Reso- Em 21 de maio de 2009, o Governo do Estado ra-
lução 731/2014 foi aprovada em 17 de dezem- tificou o Decreto de nº 1.675  que obriga os Ór-
bro de 2014 quando passou a ser aceito o Nome gãos da Administração Direta e Indireta a respei-
Social dentro da academia. Vale ressaltar que a tarem o Nome Social de Travestis e Transexuais,
Resolução atende não somente Travestis e Tran- independente do Registro Civil. Esta foi uma das
sexuais, mas os outros segmentos LGBT também. primeiras legislações nesse sentido e o Pará foi
pioneiro nesta conquista.
Nome Social na Universidade Estadual
do Pará - UEPA – Resolução 2.887/2015 Microcrédito Cidadão LGBT
A Universidade do Estado do Pará passa a assegu- Em 2015, a população LGBT passou a ter acesso
rar que professores, servidores técnicos e alunos específico por meio da GLOS/SEJUDH ao Micro-
gays, lésbicas, transgêneros, transexuais, travestis crédito Cidadão LGBT, Programa do Governo do
e bissexuais usem o nome social nas solenidades Estado, para realizarem seu tão esperado sonho
de colação de grau, lista de ramais telefônicos, de montar um pequeno negócio ou garantir um
usuário em sistemas de informática, comunica- capital de giro. A política já é pauta de reuniões
ção interna e correio eletrônico.  A proposta da do Secretário de Estado de Justiça e Direitos Hu-
utilização do nome social surgiu de um desejo da manos junto ao órgão responsável.

30 31
Cheque Moradia LGBT
Em 2015, a população LGBT passou a ter acesso Endereço: Rua Campos Sales, S/N - Entre Manoel Barata
e Treze de Maio - Campina - Belém (PA).
específico ao Cheque Moradia, Programa do Go- Telefone: (91) 3201-2700
verno do Estado para realizar seu tão esperado so-
nho da casa própria ou reforma dela. Para partici-
par do programa, os LGBT devem comprovar união Registro de Identificação Social - RIS
estável e possuir imóvel próprio ou cedido.
(Carteira de Nome Social) –
Decreto 726/2013 e Resolução
Endereço: Rua Gama Malcher, 361 - Souza, Belém - PA, CONSEP 210/2012
CEP: 66610-680. Telefone: (91) 3244-5364.
Site: www.cohab.pa.gov.br A Carteira de Nome Social, como é
comumente denominada, é oficial-
mente o Registro de Identificação
Núcleo de Defesa dos Direitos Social - RIS e é um compromisso
Humanos da Defensoria Pública do assumido pelo Governo do Estado
por meio do Decreto nº 726/2013.
Estado do Pará - NDDH O documento é válido para todo o
Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da De- estado e vai garantir tratamento
fensoria Pública do Estado - NDDH tem consegui- nominal em órgãos e entidades do
do dar respostas às demandas da população LGBT Poder Executivo do Pará. O docu-
no que diz respeito à garantia e resguardo de seus mento é emitido, por enquanto,
direitos. O NDDH da Defensoria Pública do Estado somente pela Polícia Civil na Delegacia Geral (an-
do Pará já garantiu, por exemplo, a conquista da tiga Rede Celpa) e, além do nome social, vem com
alteração de Registro Civil de diversas Travestis e o Registro Geral (RG) e órgão expedidor, foto de
Transexuais dentro do Estado do Pará, garantindo identificação, data de nascimento, filiação, CPF e
o nome como são reconhecidos socialmente em profissão. Este documento é extremamente im-
seus registros de nascimento. portante para a população de Travestis e Transe-
xuais, pois resgata esses segmentos da invisibili-

32 33
dade dando tratamento digno e reconhecimento Conselho Estadual da Diversidade
de suas identidades de gênero.  Com o trabalho Sexual do Pará - CEDS/PA – Decreto
dos membros do Comitê Gestor, hoje a Carteira 1.238/2008
de Nome Social é emitida, além da capital Belém,
também nos municípios de Abaetetuba, Altamira, O Conselho Estadual da Diversidade Sexual - CEDS
Barcarena, Bragança, Breves, Cametá, Capanema, é uma instituição participativa permanente, defi-
Castanhal, Itaituba, Marabá, Paragominas, Pa- nida legalmente como parte da estrutura do Esta-
rauapebas, Redenção, Salinópolis, Santarém, Sou- do, cuja função é incidir sobre as políticas públicas
re e Tucuruí nos Polos de Identificação e Emissão para a população LGBT, produzindo decisões (que
de Documentos. Para emitir a Carteira de Nome algumas vezes podem assumir forma de norma
Social basta seguir os passos abaixo: estatal), e que contam em sua composição com a
participação de representantes do Estado e da so-
ciedade civil (Movimento LGBT do Estado do Pará),
1. Realizar o agendamento de atendimento para emissão na condição de membros com igual direito a voz e
da carteira no site: http//agendamento.policiacivil. voto. O poder é partilhado entre representantes
pa.br/public/ do governo e da sociedade, e todos assumem a
2. Comparecer no dia e hora marcados na Sede da Polícia tarefa de propor, negociar, decidir, implementar e
Civil - Delegacia Geral, localizada na Avenida Maga- fiscalizar a realização do interesse público (TATA-
lhães Barata, 209 - Nazaré - Belém - PA, munido (a) de
GIBA; TEIXEIRA, 2007 citado por PONTUAL, 2008;
cópias e Originais da Identidade Civil (Registro Geral -
RG) ou Certidão de Nascimento, CPF e comprovante de CARVALHO, 1998 - com adaptações). O CEDS, de
Residência atualizado em nome da própria pessoa, dos acordo com seu decreto de criação, é de natureza
pais ou declaração de endereço e 2 (duas) fotos 3x4 consultiva e deliberativa, cujo objetivo principal é
recentes e não digitalizadas formular e propor diretrizes de ação governamen-
Atenção: Se menor de idade o (a) titular deverá compare- tal, em âmbito estadual, voltadas para o combate
cer acompanhado dos pais ou responsáveis legais. à discriminação e para a promoção e defesa dos
Delegacia Geral de Polícia Civil do Pará - DG direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e
Endereço: Av. Gov. Magalhães Barata, 209 - Nazaré, Transexuais - LGBT. 
Belém - PA, 66040-903 - Telefone: (91) 4006-9000 O CEDS é composto de 12 membros titulares, me-

34 35
diante participação paritária de representantes da Polícia Civil do Pará. As pessoas que entram em
de Órgãos Públicos estaduais e da Sociedade Ci- contato com estes serviços têm suas identidades
vil, com seus respectivos suplentes. Os órgãos es- preservadas e ajudam outras vítimas de violência.
taduais que compõem o CEDS são: Secretaria de
Estado de Justiça e Direitos Humanos - SEJUDH; Endereço: Rua Avertano Rocha, 417, entre Trav. São Pedro
Secretaria de Estado de Saúde Pública - SESPA; Se- e Trav. Padre Eutíquio - Cidade Velha - Belém (PA).
cretaria de Estado de Educação - SEDUC; Secreta- Telefones: (91) 3212-3626/3241-5907.
ria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social e-mail: dccd@policiacivil.pa.gov.br
decd@policiacivil.pa.gov.br
- SEGUP; Universidade do Estado do Pará; e Secre-
taria de Estado de Cultura - SECULT.
Inclusão do Termo Orientação Sexual
Endereço: Rua 28 de Setembro, 339 - Campina
Belém (PA). Telefone: (91) 4009-2700. na Constituição do Estado do Pará
Site: www.sejudh.pa.gov.br Em 24 de janeiro de 2007, com a Emenda Cons-
titucional de nº 36,  foi incluído, na Constituição
Estadual do Pará em seu Título I -  dos Princípios
Delegacia de Combate aos Crimes Fundamentais, Art. 3º Inciso IV, o termo  ORIEN-
Discriminatórios e Homofóbicos TAÇÃO SEXUAL. Este avanço demonstra um com-
– DCCDH/DIOE prometimento da gestão governamental e do le-
Tratamento especializado para crimes contra ido- gislativo com as minorias e, neste caso, sobretudo
sos e LGBT, este é o diferencial da Delegacia Es- com a população LGBT.
pecializada do Idoso e da Delegacia de Combate a
Dia Estadual de Combate à LGBTfobia –
Crimes Discriminatórios e Homofóbicos - DCCDH.
Qualquer pessoa pode fazer uma denúncia de Lei 7.261/2009
maus tratos contra idosos ou LGBT, não sendo ne- A Lei de nº 7.261, de 21 de abril de 2009, institui
cessário ser a vítima da agressão. Para isso existem o dia 17 de maio como o Dia Estadual de Comba-
os serviços Disque Denúncia, o “Disque 100” da te à Homofobia, passando a integrar o calendário
Secretaria Nacional dos Direitos Humanos e 181 de eventos oficiais do Estado do Pará e estabele-

36 37
ce que neste dia deverá haver um amplo debate
sobre assunto de que trata a lei, entre o Poder Secretaria de Estado de Saúde Pública - SESPA
Público e a Sociedade Civil em geral. Endereço: Rua Pres. Pernambuco, 489 - Batista Campos –
Belém (PA).
Grupo de Trabalho de Interlocução Telefone: (91) 4006-4200 - Site: www.sespa.pa.gov.br
Secretaria de Estado de Saúde Pública
e Instituições da Sociedade Civil –
Portaria 960/2014 Comitê Técnico Estadual de Saúde
Integral da População LGBT – Anexo
O GT de Interlocução SESPA e Instituições da So-
ciedade Civil Organizada, representantes do Mo- da Resolução 147/2014
vimento LGBT do Estado do Pará e Fórum de ONG O Comitê Técnico Estadual de Saúde da Popula-
HIV/AIDS/HV foi criado pela Portaria de nº 960 em ção LGBT foi criado pelo anexo da Resolução 147
10 de setembro de 2014, cujos objetivos são de de 07 de outubro de 2014, cujos objetivos são de
discutir a Política Nacional de Saúde Integral de elaborar plano de trabalho tendo como base as
Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais deliberações e diretrizes nacionais de combate à
(Política Nacional de Saúde Integral LGBT) e pro- LGBTFOBIA e promoção da cidadania LGBT; Aco-
por sua implementação no Componente Estadual lher, avaliar e orientar a SESPA sobre as propostas
do Sistema Único de Saúde; promover articulação advindas da sociedade civil, organizações não go-
com organizações de base comunitária sobre as- vernamentais e outros setores governamentais,
pectos operacionais para o enfrentamento dos que tenham como objetivo a promoção do acesso
agravos HIV/AIDS e Hepatites Virais; organizar Fó- e a qualidade da atenção em saúde da população
runs de Discussão da Política Nacional de Saúde LGBT;  Elaboração de propostas de intervenções
Integral LGBT e  apresentar proposições referen- em saúde tendo como base o princípio da equi-
tes às ações que poderão ser realizadas pelas ins- dade, e que envolvam os diversos programas de
tituições da sociedade civil organizada represen- atenção em saúde, bem como os diferentes ór-
tante do movimento LGBT e do Fórum Paraense gãos prestadores da Secretaria Estadual da Saú-
de ONG Aids e Hepatites Virais que poderão ser de; Contribuir no monitoramento e avaliação das
financiadas pelo Sistema Único de Saúde. políticas e ações públicas do Sistema Único de

38 39
Saúde - SUS do Estado do Pará com especial aten- A capital é o primeiro município do Pará a garan-
ção ao princípio de equidade, considerando-se o tir o direito. Com a sanção da lei, o uso do nome
contexto do estigma e discriminação vivenciado social será permitido em fichas cadastrais, for-
pela população LGBT e suas necessidades em saú- mulários e documentos congêneres, nos atos e
de; e Propor e participar de iniciativas interseto- procedimentos promovidos no âmbito da Admi-
riais, especialmente em conjunto com as demais nistração Pública Direta, Indireta, Autarquias, Em-
instâncias do Sistema Único de Saúde - SUS (mu- presas Públicas, nos estabelecimentos de ensino
nicipais e federal), relacionadas ao desenvolvi- Públicos e Privados, bem como espaços privados
mento de ações de promoção da cidadania LGBT que prestem atendimento ao público.
e de enfrentamento da LGBTfobia.
Lei das Datas de Promoção
da Cidadania da População LGBT
Secretaria de Estado de Saúde Pública - SESPA em Belém – Lei 9.270/2017
Endereço: Rua Pres. Pernambuco, 489 - Batista Campos –
Belém (PA). Aprovada pela Câmara Municipal de Belém e com
Telefone: (91) 4006-4200 - Site: www.sespa.pa.gov.br lei sancionada pelo prefeito de Belém, foram
determinadas as datas de Promoção da Cidada-
nia da População LGBT no Município de Belém
(PA):  29 de janeiro - Dia da Visibilidade de Pes-
Nome Social no âmbito do Município soas Travestis e Transexuais; 17 de maio - Dia do
de Belém – Lei 9.199/2016 Enfrentamento à LGBTFOBIA; 28 de junho - Dia do
Orgulho LGBT; e dia 29 de agosto - Dia da Visibili-
A partir de janeiro de 2016 transexuais e travestis dade de Mulheres Lésbicas e Bissexuais.
possuem  o direito de identificação por meio do
nome social garantido no município de Belém por
intermédio da Lei nº 9.199, sancionada pelo pre-
feito da capital. O nome social é aquele pelo qual
transexuais e travestis se reconhecem e são co-
nhecidos em seu meio social.

40 41
SERVIÇOS DE DEFESA E PROMOÇÃO
DA CIDADANIA LGBT Como acessar:
SEJUDH - Rua 28 de Setembro, 339 - Campina – Belém (PA)
CEP: 66010-100
Secretaria de Estado de Justiça Secretário de Estado: Michell Durans
e Direitos Humanos - SEJUDH Gerente de Proteção à Livre Orientação Sexual: José Roberto
Chaves Paes
Gerência de Proteção à Livre
E-mail:glos.sejudh@gmail.com
Orientação Sexual - GLOS
Telefone: (91) 4009-2700
A Gerência de Proteção à Livre Orientação Sexu-
al - GLOS é vinculada à Secretaria de Estado de
Justiça e Direitos Humanos - SEJUDH e desenvol-
ve ações voltadas à formulação de políticas de Disque 100
proteção e defesa de direitos da pessoa margi- O Disque Direitos Humanos (Disque 100) é um
nalizada e violentada por sua orientação sexual serviço da Secretaria de Direitos Humanos da
e identidade de gênero. Em aliança com outros Presidência da República, vinculado à Ouvidoria
segmentos marginalizados como mulheres, afro- Nacional de Direitos Humanos. Tem um módulo
-descendentes, índios, crianças e adolescentes, específico para receber denúncias de discrimina-
populações nativas, usuários de drogas e outros, ção e violência contra pessoas LGBT. O serviço é
a Gerência tem por objetivo principal o combate gratuito e funciona 24 horas por dia, 7 dias por
à LGBTfobia em consonância com as políticas da semana.
Secretaria Especial de Direitos Humanos do Go-
verno Federal, articulada com o Movimento LGBT. Sempre que possível, é dado seguimento às de-
Hoje, a GLOS é o principal meio de interlocução núncias pelos órgãos de direitos humanos nos es-
entre o Governo do Estado e o Movimento LGBT tados e municípios. As estatísticas do Disque 100
do Estado do Pará. são essenciais para retratar com dados oficiais a
situação enfrentada pelas pessoas LGBT no Brasil.

42 43
O que você precisa informar para Por que são importantes essas
registrar uma denúncia no Disque 100 informações?
ou diretamente na Ouvidoria Nacional A Ouvidoria e o Disque Direitos Humanos - Dis-
de Direitos Humanos? que 100 são responsáveis por receber, examinar e
1. Quem sofre a violência? (Vítima) encaminhar as denúncias de violações de direitos
humanos. A verificação da situação de violação
2. Qual tipo de violência? só poderá ser feita pelos órgãos competentes da
(Violência física, psi- rede de direitos humanos, com informações sufi-
cológica, maus-tratos, cientes de onde encontrar a vítima e de como é
abandono etc.) a violação.
3. Quem pratica a violên- O que acontece após o registro
cia? (Suspeito)
da denúncia?
4. Como chegar ou localizar a Vítima/Suspeito As denúncias recebidas são analisadas e encami-
nhadas aos órgãos de proteção, defesa e respon-
5. Endereço (Estado, Município, Zona, Rua, Qua- sabilização em direitos humanos, no prazo máxi-
dra, Bairro, Número da casa e ao menos um mo de 24 horas, respeitando a competência e as
ponto de Referência, concreto e que define atribuições específicas, porém priorizando qual
um lugar específico) órgão intervirá de forma imediata no rompimento
6. Há quanto tempo? (Frequência) do ciclo de violência e proteção da vítima.

7. Qual o horário?
8. Em qual local?
fonte: http://www.sdh.gov.br/disque-direitos-humanos/disque-direitos-humanos

9. Como a violência é praticada?


10. Qual a situação atual da vítima?
11. Algum órgão foi acionado?

44 45
CA PÍTU LO 4 de formação política, capacitação para o controle
social, ações de prevenção, visibilidade e resgate
da história dos precedentes de luta.
Hoje, o Movimento LGBT do Estado do Pará pos-
MOVIMENTO LGBT DO PARÁ
sui mais de 33 Instituições afiliadas com ou sem
Personalidade Jurídica, desenvolvendo projetos e
Histórico
O Movimento LGBT do Estado do Pará é uma as-
sociação de ONGs Paraenses cujo principal obje-
tivo é a plena cidadania da população LGBT. Pre-
sente em mais de 25 municípios do Estado por
meio de suas instituições afiliadas, vem, ao longo
dos anos, conquistando melhorias para a dignida-
de dessa população por intermédio da luta por
mais políticas públicas que de fato garantam um
mínimo de convivência harmônica entre as popu-
lações minoritárias e a sociedade. ações que trabalhem pela proteção dos cidadãos
quanto às práticas discriminatórias, estabelecen-
Fundado em 28 de fevereiro de 2008, possui um do a universalidade, equidade e melhores condi-
histórico de luta muito anterior a esta data. Inicia ções de acesso aos Direitos Humanos.
em 1995 com o surgimento do MHB - Movimen-
to Homossexual de Belém, em um contexto no Em 2016, conseguimos nos tornar o quinto es-
qual a principal bandeira de luta estava atrelada tado brasileiro a ter no seu corpo estrutural de
às melhores condições de vida e tratamento dos saúde pública um Ambulatório do Processo Tran-
portadores de HIV/AIDS no Estado do Pará. sexualizador, ambulatório este que é responsável
pelo atendimento multidisciplinar às meninas tra-
Por meio da parceria público/privada, desenvol- vestis e meninos e meninas transexuais na modi-
veu e continua desenvolvendo diversas atividades ficação de seus corpos, diminuição da morbidade

46 47
e melhoria da qualidade de vida desses sujeitos. • Cheque Moradia LGBT;
Assim como o Ambulatório, outras políticas pú-
blicas já compõem o rol de conquistas no Estado:
• Nome Social nas Escolas Públicas Estaduais;
• Nome Social nas Universidades Estadual e Fe-
deral do Pará;
• Conselho Estadual da Diversidade Sexual;
• Gerência de Proteção à Livre Orientação Sexual;
• Registro de Identificação Social - RIS (Carteira
de Nome Social);
• Delegacia de Combate aos Crimes Discrimina-
tórios e Homofóbicos;
• Comitê de Combate à Homofobia (CONSEP);
• Comitê de Saúde Integral da População LGBT;
• GT de Interlocução SESPA x Sociedade Civil;
• Inclusão da não discriminação por orientação
sexual na Constituição do Estado do Pará;
• Dia Estadual e Municipal (Belém) de Combate
• Lei do Nome Social no Município de Belém; à Homofobia.
• Nome Social na Administração Direta e Indireta
do Governo do Estado do Pará;
• Microcrédito Cidadão LGBT;

48 49
REFERÊNCIAS (Footnotes)
JESUS, Jaqueline Gomes de.  Orientações sobre Identidade de 1 A denominação Homofobia é utilizada neste documento
Gênero - Conceitos e Termos: Guia técnico sobre pessoas tran- como aquela relativa às diferentes formas de violência contra
sexuais, travestis e demais transgêneros, para formadores de a População de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transe-
opinião. Brasília: Autor, 2012. 24 p. Disponível em: <http://pt.s- xuais. O termo homofobia não foi alterado para a sua atual e
cribd.com/doc/87846526/Orientacoes-sobre-Identidade-de- correta denominação (LGBTfobia), por se tratar de um docu-
-Genero-Conceitos-e-Termos>. Acesso em: 28 mar. 2017. mento oficial cuja terminologia se refere à data de sua criação
no ano de 2008.
REIS, Toni; HARRAD, David.  Guia Agentes da Cidadania
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cas, advocacy e participação social. Curitiba: Ajir Artes Gráficas
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NACIONAL DE SAÚDE INTEGRAL DE LÉSBICAS, GAYS, BISSEXU-
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em: <http://www.dedihc.pr.gov.br/arquivos/File/Plano_LGBT_
Web.pdf>Acessoem: 01 ago.2010

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