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Atividade Prática Supervisionada

Raphael Passaro Baumgardt. RA: D2549J-2

Cassio Brito. RA: D3987a6

Adriano Santos. RA: N15824


PARECER JURIDICO

São Paulo, 12 de Novembro, de 2018.

INTERESSADO: Escola Particular Alvorada

Dos fatos:

Trata-se de parecer tecido em interesse da Escola Particular Alvorada, Pessoa Jurídica


de Direito Privado, prestadora de serviços educacionais. O cliente enseja cuidadosa
analise e consultoria jurídica sobre um recente caso fático de vazamento de dados
pessoais de seus alunos, todos estes na faixa etária escolar, tendo-os entre crianças e
adolescentes, incluindo fotografias, números cadastrais, endereços, e informações
pessoais sigilosas, e o subsequente sequestro dos dados, mantidos e armazenados em
sistema informatizado próprio, na sede da empresa. O sequestrador dos dados exigiu
da empresa certa quantia em “bit coins”, e garantiu, em explicita demonstração de ato
tipicamente criminoso, jogar os dados pessoais ilicitamente pinçados, na rede mundial
de computadores, caso o valor não seja pago pela empresa em prazo temporal estipulado
por este. O interessado deseja conhecer todos os pormenores e as consequências
jurídicas, caso os dados e as imagens sejam, di facto, vazados a publico, e as medidas
cabíveis e necessárias, caso uma ação conjunta por danos morais e à imagem, exercida
por seus contratantes, contra a pessoa jurídica contratada, venha a ser impetrada nos
Órgãos Jurisdicionais.

É o relatório, passo a opinar.

Fundamentação:

O vazamento de dados pessoais se torna uma constante, em um cotidiano fático


dominado pelas altas tecnologias de ponta, e pela informatização na prestação de
serviços, tanto especializados, quanto os mais comuns. Em concorrência com o
crescente aumento da informatização, a incidência de crimes virtuais torna-se, em uma
sociedade pós-moderna, em um relevante e complexo problema, de Direito. Debates
acerca de uma ampla gama de direitos, como o da personalidade, da privacidade, da
intimidade, e da proteção á imagem e à vida privada se tornam pontos emergentes, em
campo propício á lesão destes direitos, assim como acerca da responsabilidade civil
pelos prestadores de serviço, na proteção e no resguardo dos direitos individuais de
clientes e consumidores. Segundo o Código de Defesa do Consumidor as Escolas são
consideradas estabelecimentos de ensino e por isso fornecedores de serviço de
educação, portanto a relação estabelecida entre a escola e o aluno é de consumo, logo
está sob as regras protetivas do CDC.

(...)“Art. 144. O fornecedor de serviços responde independentemente da existência de


culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre
sua fruição e riscos.”(...)

Funda-se esta na teoria do risco do empreendimento, segundo a qual todo aquele que se
dispõe a exercer alguma atividade no campo do fornecimento de bens e serviços têm o
dever de responder pelos fatos e vícios resultantes do negócio, sejam estes serviços
bancários, e mesmo, de ensino, como é o caso do interessado.

Senão vejamos o entendimento do nosso Superior Tribunal de Justiça: “(...) Na relação


de consumo, existindo caso fortuito interno, ocorrido no momento da realização do
serviço, como na hipótese em apreço, permanece a responsabilidade do fornecedor (...).
Os estabelecimentos de ensino têm dever de segurança em relação ao aluno no período
em que estiverem sob sua vigilância e autoridade, dever este do qual deriva a
responsabilidade pelos danos ocorridos. (Resp 762075/ DF, Ministro Luis Felipe
Salomão, Quarta Turma, Dje 29/06/09).”

Entende-se por dano, também o dano moral. Não há previsão no CDC de exclusão. A
responsabilidade advém do fato de se colocar no mercado produto ou serviço que visa o
lucro, ou a atividade mercantil. Existem projetos de lei em tramitação no Congresso
Nacional que objetivam regulamentar a privacidade no trato de dados pessoais e os
deveres daqueles que coletam, gerenciam e armazenam dados de seus clientes.

A Lei nº 13.709/2018 dispõe sobre o tratamento de dados pessoais:(...) Art. 42. O


controlador ou o operador que, em razão do exercício de atividade de tratamento de
dados pessoais, causar a outrem dano patrimonial, moral, individual ou coletivo, em
violação à legislação de proteção de dados pessoais, é obrigado a repará-lo. (...)
A Lei nº 13.709/2018 entra em vigor no dia 15/01/2020. O CDC continua aplicável. Há
vedação taxativa: não pode se exonerar ou atenuar, ou impossibilitar a obrigação de
indenização. O fornecedor também não se exonera em caso de ignorar vícios de
qualidade por inadequação dos produtos e serviços. A escola não poderia alegar que não
instalara um sistema adequado, de proteção a seus terminais informatizados.

Conclusão:

A conclusão do parecer jurídico é de que o Interessado poderia, sim, ser condenado em


uma ação indenizatória conjunta, por danos morais, impetrada por seus contratantes,
pelo vazamento de dados pessoais mantidos em seu banco informatizado. O parágrafo
único do art. 950 do novo Código Civil institui direito protestativo do lesado para exigir
pagamento da indenização de uma só vez, mediante arbitramento do valor pelo juiz. O
fato dos contratantes serem incapazes, e relativamente, incapazes, comuta ainda, outras
legislações específicas, de tutela de direitos fundamentais, como o Estatuto da Criança e
do Adolescente (Lei no. 8.069/90). Aplicam-se também às ações previstas as normas do
Código de Processo Civil. Sempre que houver a mesma fundamentação de fato ou de
Direito poderá haver litisconsórcio.

A questão da fixação do quantum indenizatório. A caracterização do dano moral in re


ipsa, de forma que demonstrado o fato, resta comprovado o dano. Cabe à jurisdição a
apreciação do conjunto probatório, dos fatos, e a fixação do valor. No caso do dano in re
ipsa, não é necessária a apresentação de provas que demonstrem a ofensa moral da
pessoa. O próprio fato já configura o dano. A inversão do ônus da prova é uma
faculdade conferida ao magistrado, não um dever, e fica a critério da autoridade judicial
conceder tal inversão quando for verossímil a alegação do consumidor, nos termos do
inciso VIII do art. 6* do Código de Defesa do Consumidor.

É o parecer.

São Paulo, 12 de Novembro de 2018.

Raphael Passaro Baumgardt OAB D2449J-2

Cassio Brito OAB- D3987a6

Adriano Santos OAB N15824-7

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