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DOMÉSTICOS
fúngico, constituição do
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substrato, lesões à
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CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Um programa de monitoramento de micotoxinas pode apresentar grande
variabilidade associada à análise de produtos como os cereais. A
concentração de micotoxinas não poderá ser determinada com 100% de
exatidão. Isto é o resultado da variância da amostragem (92,7%), sub-
amostragem (7,2%) e da análise (0,1%). Para diminuição desta variabilidade
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de resultados, os seguintes aspectos deverão ser considerados em um
monitoramento:
• Adoção de programa amostral compatível com a realidade, mas
executado integralmente, e em todas as amostras;
• Aumentar o número das sub-amostragens tornando-as sistematizadas
mas com distribuição aleatória;
• Aumentar o número de partículas por unidade de massa através da
moagem de grãos;
• Efetuar o maior número de análises possível;
• Colher as amostras quando o material a ser amostrado encontra-se
em movimento de preferência com amostradores automáticos;
• Nas rações terminadas, nos casos de suspeita de micotoxicose,
recolher as amostras próximas ao ponto final de consumo;
• Protocolar as amostras corretamente, permitindo a localização do sub-
lote contaminado ou sem a presença de micotoxinas.
Para o controle da produção de micotoxinas e micotoxicoses
recomendamos especial atenção aos seguintes fatores:
• Evitar situações estressantes: Observa-se uma maior prevalência de
micotoxinas onde os tratos culturais dispensados a cultura são menores,
a concorrência de ervas daninhas, a restrição hídrica e outros fatores são
responsáveis por maiores contaminações;
• Lesões à integridade do cereal: Os problemas de mau empalhamento
e infestação por insetos, determinam a contaminação ainda nos estágios
iniciais da cultura. A escolha de híbridos com características
morfológicas adequadas deve ser a preocupação inicial na escolha da
semente;
• Colheita: A deficiente regulagem dos equipamentos de colheita,
transporte e manipulação do cereal representam a condenação do
material pela lesão no cereal exposição do nutriente ao fungo;
• Umidade do cereal: Colheita no estado de maturação fisiológica e
secagem imediata em temperatura correta, reduzem o tempo para a
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proliferação fúngica e conseqüente perda de nutrientes, bem como
formação de toxinas;
• Armazenagem: Umidade correta de estocagem e aeração, bem como
o emprego de inibidores fúngicos, pré/pós-produção da ração, devem ser
considerados no programa de prevenção de micotoxinas durante a
armazenagem. A limpeza prévia e criteriosa do silo dever ser rotineira.
• Seleção de híbridos resistentes: Esta nova possibilidade de seleção de
materiais com características intrínsecas de proteção ao crescimento
fúngico e conseqüente possibilidade de produção de micotoxinas,
representa um avanço considerável;
• Neutralização química: O uso de substâncias com capacidade
seqüestrante ou de inativação enzimática em um programa de
prevenção de micotoxinas é em muitas situações a única alternativa
tecnicamente viável para evitar prejuízos sanitários e econômicos.
TRICOTECENOS:
As principais micotoxinas deste grupo compreendem a: Toxina T-2,
Deoxynivalenol (DON), Diacetoxyscirpenol (DAS), todas produzidas por
diversos gêneros de fungos, principalmente por espécies de Fusarium.
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Estudos com intoxicações crônicas envolvendo toxina T-2 ou DAS
revelaram redução no consumo de ração e ganho de peso, lesões orais,
necrose dos tecidos linfóide, hematopoiético e mucosa oral, com eventuais
distúrbios nervosos (posição anormal das asas, falta de reflexos),
empenamento anormal e diminuição na espessura da casca dos ovos.
Particularmente em poedeiras, as lesões orais foram provocadas em 50%
dos lotes quando estas aves receberam 2 ppm da toxina T-2, decrescendo
paralelamente a produção de ovos. E mais, a toxina T-2 é, in vitro, tóxica
para macrófagos de frangos, inibindo a sua capacidade fagocitária. Esta
toxina também pode formar peróxidos a partir dos lipídeos, tendo como
conseqüência a diminuição da concentração de vitamina E nas aves. Outras
aves como perus e gansos são mais susceptíveis a toxina T-2 que frangos de
corte. Em gansos, a partir de 0,1 mg/kg de peso vivo ocorre a queda na
produção de ovos. Os níveis de postura e eclodibilidade diminuíram em
50%, quando foram administrados 300 mg de toxina T-2/kg de peso vivo. As
micotoxinas T-2 e DAS produzem lesões orais em frangos de corte em níveis
a partir de 1 ppm na ração. Ocorreram efeitos tóxicos mais significativos
com níveis de 4 ppm onde as aves apresentam baixo consumo, retardo no
crescimento, alterações no quadro sanguíneo e neurotoxidade. Também
foram observadas lesões orais em peruzinhos alimentados com ração
contendo concentrações de 5 ppm da toxina T-2 e redução de ganho de
peso com 10 ppm da mesma micotoxina. Numa comparação direta,
concluiu-se que peruzinhos são mais sensíveis que frangos de corte.
Contudo, gansos também são muito sensíveis à Toxina T-2 quando em
concentrações próximas de 3 ppm, que podendo ser letal par os animais
desta espécie.
Estudos similares realizados com DON, entretanto tem mostrado que,
com exceção a um decréscimo transitório nos níveis de hemoglobina, ou um
levíssimo efeito na qualidade do ovo, não há evidência significativa que esta
toxina afete o desempenho de aves.
As aves são capazes de tolerar concentrações relativamente altas de
DON na dieta e um pouco menos em relação à toxina T-2 e DAS. Nos níveis
de DON normalmente encontrados em rações contaminadas (0.35 a 8.0
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ppm), não houve indicações de algum problema sanitário perceptível com
frangos. Concentrações de DON acima de 82,8 ppm foram administradas em
poedeiras Legorn por 27 dias sem nenhum efeito sobre o desempenho e
também sem apresentar lesões nas aves. Outros estudos descreveram
lesões muito leves e redução na qualidade de ovos em aves que receberam
18 ppm de DON na dieta.
Os tricotecenos geralmente não induzem aumento de mortalidade
para outras aves, requerendo níveis de várias centenas de partes por milhão
para resultar em mortes. De forma semelhante, em surtos de toxicose,
atribuídos a toxina T-2 que afetaram patos domésticos, gansos, eqüinos e
suínos, somente houve mortalidade em gansos, sugerindo uma grande
sensibilidade desta ave.
FUMONISINAS
Os efeitos tóxicos das fumonisinas em aves foram estudados
primeiramente, usando-se cultivos de Fusarium moniliforme como fonte
desta micotoxina. O cultivo foi administrado às aves junto com a ração.
Foram alimentados de frangos de corte de 1 dia durante 3 semanas com
rações que continham em torno de 525 ppm de fumonisina B1. As aves que
receberam 450 e 525 ppm tiveram uma diminuição significativa no ganho
de peso e conversão alimentar, aumento no peso dos rins, fígado e
concentração de hemoglobina. Comparado-se aos controles, todas as aves
que foram alimentadas com fumonisina B1 apresentaram níveis elevados de
esfinganina e esfingosina (precursores dos esfingosídeos celulares) no soro
sanguíneo. Devido a inibição da biosíntese de esfingolipídeos, por ação das
fumonisinas, os autores sugerem que as dietas contendo mais que 75 ppm
de fumonisina B1 pode ser tóxico para pintos. Mas estes autores também
não enfatizaram que Fusarium moniliforme produz, além de fumonisinas,
outras micotoxinas como moniliformina, fusarina, ácido fusárico e um
número ainda desconhecido de metabólitos citotóxicos. Como eles não
purificaram a fumonisina e sim utilizaram o cultivo “bruto” de Fusarium
moniliforme, deve-se aceitar com reservas estes resultados. Em um estudo
realizado com perus, foi demonstrado que somente houve efeito deletério
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de fumonisina B1 em níveis acima de 200 ppm na dieta. Entretanto, outro
trabalho, utilizando metodologia semelhante, mostrou que 75 ppm já
apresenta toxicidade para peruzinhos. O emprego de fumonisina B1
purificada, nas doses de 0, 20, 40 e 80 ppm em frangos de 1 até 21 dias de
idade, demonstrou que estes níveis de toxina não levaram a efeitos
adversos sobre ganho de peso, conversão alimentar ou consumo de água.
Quanto a interações entre fumonisina B1 e outras micotoxinas, não houve
ação sinérgica entre esta e aflatoxina em perus. No entanto este sinergismo
ocorreu com moniliformina em frangos e com toxina T-2 em perus quando
foi administrado 300 ppm fumonisina mais 5 ppm T-2.
Esta relativa inocuidade de fumonisinas foi contestada em estudos
experimentais, intoxicando pintos de 1 dia com 10 mg/kg (ppm) de ração
durante 6 dias. Observaram que fumonisina B1 pode contribuir para o
aparecimento de petéquias, aumentando o tempo de coagulação sanguínea
e diminuindo a concentração de albumina sérica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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alimentos. Rev. Arg. Microb., Buenos Aires, v.28, n.3, p.147-162, 1996.
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