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EXEGESE FINAL - 1 JOÃO 5:18

DIEGO CAPRINI - 4º PERÍODO


SEMINÁRIO MARTIN BUCER

A primeira epístola de João é a primeira e mais extensa de três cartas que levam o
nome do apóstolo.
Essa carta não mostra nenhum remetente específico, nenhuma igreja ou cidade a
quem deveria ser lida, por isso é classificada de epístola geral.
Entendo que o autor dessa carta seja realmente João o apóstolo, pois mesmo que
não haja uma referência direta sobre tal dentro dos textos, podemos observar ao longo dela
que há uma ênfase de autoridade, entendendo-se que o escritor espera a resposta de
maneira obediente dos leitores e ouvintes, dando-se a entender que quem escreveu não
tinha necessidade de apresentações e saudações pois era muito bem conhecido por toda a
audiência.
A questão de datação dessa epístola achei complicada de se tirar conclusões, tendo
em vista que alguns comentários e panoramas bíblicos não trazem a precisão do tempo,
tomo como base o que diz a Bíblia de estudos de MAC Arthur: "É difícil precisar a data em
que essa epístola foi escrita porque não existe nenhuma indicação histórica clara nesse
sentido em 1 João. O mais provável é que João tenha composto essa obra na última parte
do 1º século" (BÍBLIA..., 2010, p. 1765).
Parece-me que na época em que foi escrita a carta, o autor precisou lidar com falsos
profetas e pessoas que estavam sendo influenciadas por filosofias atuais, as quais
esqueceram-se de tudo o que já haviam aprendido por intermédio dos apóstolos.
Observamos isso porque ao longo da epístola o tema geral proposto é sobre um
retorno aos elementos básicos da fé cristã, temos certeza disso quando vemos que o autor
é convicto em todas as suas escritas, não colocando novos elementos da fé, mas
reforçando tudo o que já se havia falado, e todo o texto é envolto de expressões que
parecem de um pai falando aos filhos algo que não era novidade para eles.
Podemos observar em certos pontos que João é duro, pois combate falsos profetas
sem mostrar benevolência a eles, mas com firmeza protege o rebanho dos lobos astutos,
aos quais ele diz que estão fundamentados em doutrinas de demônios quando deixaram a
sã doutrina para trás.
Há muitos debates teológicos a respeito do que João estava combatendo de fato,
pois não são especificadas as doutrinas que estavam sendo proliferadas. 
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Isso se dá porque vemos João combatendo todas essas coisas, dando ênfase aos
elementos básicos da fé, dizendo qual era o princípio e essência de tudo o que temos ou
quem somos em Cristo Jesus, nada em 1 João é relativizado, tudo o que ele passa é muito
objetivo e contundente, sendo até mesmo repetitivo em suas falas com temas semelhantes,
mostrando a importância dos temas aos leitores e ouvintes.

Texto Original em grego:

18 Οἴδαμεν ὅτι πᾶς ὁ γεγεννημένος ἐκ τοῦ Θεοῦ οὐχ ἁμαρτάνει ἀλλ’ ὁ γεννηθεὶς ἐκ
τοῦ Θεοῦ τηρεῖ αὐτόν καὶ ὁ πονηρὸς οὐχ ἅπτεται αὐτοῦ

Traduções:

18 Considerando que todo que é nascido de Deus não vive pecando, mas aquele
que é nascido de Deus é guardado e o maligno não toca nele. (Versão Pessoal)

18 Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes,
Aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca. (ARA)

18 Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não está no pecado; aquele
que nasceu de Deus o protege, e o Maligno não o atinge. (NVI)

18 Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus
é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca. (ACF)

Dentro de todo o contexto da carta, onde João está corrigindo algumas rotas na vida
daqueles que ouvem e a leem, podemos observar que nesse versículo 18 do capítulo 5 há a
ênfase de viver uma vida de santificação perante Deus.
Depois de uma longa caminhada pelos elementos básicos da fé cristã, e de
repetições das mesmas pelo autor na carta, ele vem a finalizar todo o discurso falando sobre
uma vida de comunhão com Deus, oração e intimidade com o Pai. 
Há um detalhe muito importante no versículo 14, quando nos diz que a confiança de
sermos atendidos e ouvidos por Deus está em pedirmos alguma coisa segundo a Sua
vontade, e não é um pedido por bênçãos ou quaisquer outras coisas do gênero, mas é para
perdão de pecados que não são para a morte, ou seja, precisamos estar vigilantes, em
oração e se pecarmos Deus nos perdoará porque essa é a Sua vontade, pois foi para isso
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que ele enviou seu filho Jesus, cumprindo assim o tríplice testemunho que está descrito no
capítulo 5 versículos de 6 a 12 de 1 João.
Agora, entendendo o contexto daquele momento, onde João quer chegar quando
fala sobre orar a Deus segundo a sua vontade, em meio a um povo que estava se perdendo
em heresias e filosofias vãs, posso dizer que temos vitória sobre satanás, sobre o maligno,
porque aqueles que vivem buscando se santificar e também buscam viver a vontade de
Deus em suas vidas, esses são nascidos de novo nele e não vivem pecando, nem contra o
irmão, nem contra a igreja, muito menos contra Deus. 
Não digo aqui que nunca mais pecarão, mas que a sua prática já não é voltada para
afrontar a Deus, mas sim para glorificá-lo, portanto, Deus, com seu grande poder os guarda
das artimanhas do maligno.
Por fim, se oramos a vontade de Deus e a buscamos nele, ainda que satanás se
levante contra os filhos de Deus, ele não tem poder de os agarrar, de os tomar para si, pois
satanás, como diria João Calvino é o cachorro de Deus preso na sua coleira, onde ele pode
chegar até onde Deus permite.
Aprendo que ainda que venham os dias maus, ainda que eu peque, que eu venha na
caminhada a esmorecer, sei que estou seguro nos braços do Pai, pois ele tem a sua
vontade para mim e nela me acalento, pois é boa agradável e perfeita.

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