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ENQUADRAMENTO  DA  PRÁTICA  DA  
TERAPIA  OCUPACIONAL:  
Domínio  &  Processo  
2ª  Edição  
 
 
 
 
 
 
VERSÃO  PORTUGUESA  
AUTORES  
António  Marques,  PhD,  OT,  
Maria  João  Trigueiro,  MSc,  OT,  
Cristina  Caires,  OT,  
Nuno  Lopes,  OT.  
 
Com  as  contribuições  de  
Teresa  Ferreira,  OT,  
Maria  Cândida  Martins,  Linguista,  
Bruno  Oliveira,  MSc,  
Joaquim  Faias,  OT,  
Paula  Portugal,  PhD,  OT,  
Helena  Sousa,  MS,  OT,  
Nuno  Rocha,  MS,  OT,  
Vitor  Silva,  MS,  OT,  
Leonor  Miranda,  MS,  OT,  
Tiago  Coelho,  MS,  OT,  
Ângela  Fernandes,  OT,  
Joana  Cardoso,  MS,  OT,  
Sara  Sousa,  MS,  OT,  
Daniela  Lopes,  OT,  
Patrícia  Cruz,  MS,  OT  
Celso  Teixeira,  MS,  OT.  
 
 
 
 
Enquadramento  da  Prática  da  Terapia  Ocupacional:  Domínio  e  Processo  
 
Copyright  ©  2011,  Instituto  Politécnico  do  Porto,  Escola  Superior  de  Tecnologia  da  Saúde  do  Porto  
 
 
 
 
 
 
 
ENQUADRAMENTO  DA  PRÁTICA  DA  
 
 
 
TERAPIA  OCUPACIONAL:  
 
Domínio  &  Processo  
 
 
 
2ª  Edição  
 
Prólogo à Edição Portuguesa

A segunda edição do Occupational Therapy determinado assunto. Utiliza um painel de


Practice Framework: Domain & Process, especialistas (grupo de pessoas consideradas
conhecido entre nós apenas como peritos em determinado assunto) com o intuito
Enquadramento da Prática da Terapia de obter consenso formal na criação de
Ocupacional, surgiu como resultado da orientação directrizes baseadas na evidência.
estratégica da American Occupational Therapy
Sendo este um documento que diz respeito a
Association (AOTA), que determina a revisão dos
uma área profissional especifica – a Terapia
seus documentos oficiais, a todos os cinco anos. À
Ocupacional – optou-se por integrar na sua
semelhança do sucedido com a primeira versão, a
adaptação cultural apenas terapeutas
Área Técnico-científica de Terapia Ocupacional da
ocupacionais considerados peritos nas suas áreas
Escola Superior de Tecnologia da Saúde do
de actuação. Desta forma, seleccionaram-se por
Instituto Politécnico do Porto, na ausência de
amostragem intencional heterogénea do tipo
documentos nacionais oficiais directores das
representativo, terapeutas ocupacionais
práticas da Terapia Ocupacional, elegeu-o como o
portugueses de diferentes zonas do país, que
documento de referência, a ser utilizado
trabalhassem nas várias áreas de intervenção -
enquanto linha orientadora do processo de
Saúde Mental, Pediatria, Gerontologia e
ensino e aprendizagem ao nível do 1º Ciclo e
Reabilitação Física. Os terapeutas ocupacionais
promovendo, desta forma, a sua divulgação e
seleccionados possuiam 5 ou mais anos de prática
amplo uso naqueles que serão os futuros
profissional e conhecimentos de inglês suficientes
profissionais. Concomitantemente, com a
para uma boa compreensão do documento
adaptação cultural deste documento, pretendeu-
original e aferição da qualidade da tradução.
se contribuir para uma prática da Terapia
Ocupacional em Portugal, fundamentada e Numa primeira fase foi realizada a tradução do

regulada por pressupostos mais universais e por documento Occupational Therapy Practice

princípios baseados na evidência. Framework: Domain & Process – 2nd Edition, de


inglês para português e feita a revisão da
Neste enquadramento, foi assim necessário
tradução por terapeutas ocupacionais fluentes
recorrer a uma metodologia que pretendeu
em ambas as línguas, obtendo-se assim uma
chegar a consenso sobre a versão portuguesa,
versão preliminar.
simultaneamente coerente com o original e clara
e inteligível para os utilizadores portugueses. O Aos 23 terapeutas ocupacionais seleccionados

painel de Delphi é um método qualitativo para participar neste processo, foi enviado por

utilizado na obtenção de consenso acerca de correio electronico um quadro com os 59 termos


i
que geraram maiores dificuldades de tradução ocupacionais, estudantes, professores e
por parte dos tradutores e revisores, no sentido investigadores, foi ainda revista na íntegra pelos
de se obter um nivel de concordância superior a terapeutas ocupacionais coordenadores deste
75%, relativamente às propostas de tradução e processo e por um especialista em lingua
por essa via a validação da versão preliminar. As portuguesa, que se encarregou dos aspectos
duas rondas pelos peritos que integraram este sintácticos da tradução.
painel permitiram recolher sugestões relevantes
para a tradução de alguns termos e obtenção de
um nivel de concordância superior aos 75%
António Marques
relativamente a todos os termos analisados. A
versão final do documento, que agora se Maria João Trigueiro
disponibiliza para ser utilizada por terapeutas

ii
ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA
DE TERAPIA OCUPACIONAL: Domínio & Processo
2ªedição

Conteúdos INTRODUÇÃO
Introdução .................................................................. 1 O Enquadramento da Prática de Terapia Ocupacional:
Domínio da Terapia Ocupacional ................................ 2 Domínio & Processo, 2ª Edição (Enquadramento-II) é um
Visão Geral ............................................................ 2 documento oficial da Associação Americana de Terapia
Promover a Saúde e a Participação ao Longo da Vida, Ocupacional (AOTA). Destinado a audiências internas e externas,
Através do Envolvimento em Ocupações ................. 4
apresenta um resumo de constructos teóricos que se inter-
Áreas de Ocupação ............................................... 6
relacionam e que definem e guiam a prática da terapia
Factores Inerentes ao Cliente ............................... 7
Processo de Terapia Ocupacional ............................. 32
ocupacional1. Foi desenvolvido de modo a conduzir a
Visão Geral .......................................................... 32 contribuição da terapia ocupacional na promoção da saúde e
Avaliação ............................................................. 34 participação de pessoas, organizações e populações, através do
Intervenção ......................................................... 37 envolvimento na ocupação. Não se trata de uma taxonomia,
Resultados .......................................................... 47 teoria ou modelo de terapia ocupacional, devendo, portanto, ser
Perspectivas Históricas e Futuras para o Enquadramento
utilizado juntamente com os conhecimentos e a evidência
da Prática de Terapia Ocupacional ............................ 52

Glossário ................................................................... 60
relevantes para a ocupação e para a terapia ocupacional. As
Referências ............................................................... 72
revisões incluídas nesta edição têm como objectivo aperfeiçoar
Tabelas e Figuras
o documento e incluir linguagem e conceitos relevantes para a
prática, actual e emergente, da terapia ocupacional.
Tabela 1. Áreas de ocupação ...................................... 8

Tabela 2. Factores inerentes ao cliente .................... 12 Estão, igualmente, implícitas neste Enquadramento as
Tabela 3. Requisitos da actividade ............................ 18 crenças nucleares da profissão, nomeadamente a relação
Tabela 4. Competências de desempenho ................. 21 positiva entre ocupação e saúde e a visão das pessoas enquanto
Tabela 5a. Padrões de desempenho — pessoa ......... 26 seres ocupacionais. “Todas as pessoas necessitam de ser capazes
Tabela 5b. Padrões de desempenho — organização 27
de se envolver em ocupações, de acordo com as suas escolhas e
Tabela 5c. Padrões de desempenho — população ... 28
necessidades, de evoluir através do que fazem e de experienciar
Tabela 6. Contextos e ambientes .............................. 28
independência ou interdependência, igualdade, participação,
Tabela 7. Operacionalização do processo de terapia
ocupacional............................................................... 33
segurança, saúde e bem-estar” (Wilcock & Townsend, 2008, p.
Tabela 8. Tipos de intervenção em terapia ocupacional
198). Visando este objectivo, a terapia ocupacional presta
.................................................................................. 38 serviços aos seus clientes que podem ser categorizados em:
Tabela 9. Abordagens de intervenção em terapia
ocupacional............................................................... 43 Pessoas, incluindo família, cuidadores, professores,
Tabela 10. Tipos de resultados.................................. 49 empregadores e outras pessoas significativas;
Tabela 11. Resumo de revisões significativas do
enquadramento ........................................................ 54 Organizações como, por exemplo, empresas, indústrias
Figura 1. Domínio da terapia ocupacional................... 3 ou agências;
Figura 2. Terapia ocupacional ..................................... 3

Figura 3. Processo de terapia ocupacional .................. 3 Populações, inseridas numa comunidade, tais como
Figura 4 aspectos do domínio da terapia ocupacional 4 refugiados, veteranos, sem-abrigo e pessoas em condições de
Figura 5. Processo de prestação de serviços ............. 31 saúde crónicas e incapacitantes (Moyers & Dale, 2007).
O Enquadramento está dividido em duas glossário, referências e uma bibliografia. Embora
secções principais: (1) o domínio que delineia o o Enquadramento inclua um glossário de termos,
âmbito da profissão e as áreas nas quais os e respectivas definições, não contém uma lista
seus profissionais têm um vasto conhecimento exaustiva ou uniforme de termos utilizados na
profissão nem todas as definições desses termos
descritas na literatura.
“O Enquadramento foi
desenvolvido de modo a DOMÍNIO DA TERAPIA OCUPACIONAL
articular a contribuição da
VISÃO GERAL
terapia ocupacional com a Esta edição do Enquadramento inicia-se com
promoção da saúde e uma descrição do domínio da terapia ocupacional.
O domínio, em sentido lato, assenta na
participação de pessoas, declaração – promover a saúde e a participação
organizações e populações, ao longo da vida, através do envolvimento em
ocupações. Assim, o contributo da terapia
através do envolvimento na ocupacional traduz--se na aplicação de valores
ocupação.” essenciais, conhecimentos e competências, que
facilitem o envolvimento dos clientes (pessoas,
e especialização (ver Figura 1); (2) o processo organizações, populações) em actividades diárias
centrado no cliente e ocupação dinâmica, ou ocupações - que queiram e necessitem de
sendo ambos utilizados na prestação de realizar, de forma a promover a saúde e a
serviços de terapia ocupacional (ver Figura 2). participação. A Figura 4 ilustra as componentes
O domínio e o processo orientam os do domínio e respectivas inter-relações
profissionais de terapia para se focalizarem no dinâmicas. Todas estas componentes são,
desempenho de ocupações, resultante da igualmente, importantes e interagem de forma a
interacção dinâmica entre o cliente, as suas influenciar o envolvimento do cliente em
ocupações, o contexto e oambiente ocupações, participação e saúde.
(Christiansen & Baum, 1997; Christiansen, Os terapeutas ocupacionais aprendem a avaliar
Baum & Bass-Hagen, 2005; Law, Baum & Dunn, estas componentes, e as suas relações
2005). Apesar de o domínio e o processo transaccionais, e a aplicar estes conhecimentos
estarem descritos separadamente, estão, na no processo de intervenção, no sentido de
realidade, intrinsecamente ligados por uma promover a saúde e a participação dos seus
relação transaccional (ver Figura 3). clientes. Os terapeutas ocupacionais são
responsáveis por todos os serviços que prestam e
No fim deste documento, são fornecidos pela segurança e eficiência desse processo.
vários recursos, incluindo um apêndice, um

2
Plano de
Perfil
Intervenção
Ocupacional
lllllllllllll
llllllllllll
Análise do Implementação
Desempenho da Intervenção
Ocupacional Colaboração Revisão da
Entre o Intervenção
Profissional e
o Cliente

Promover a Saúde e a
Participação ao Longo
da Vida, Através do
Envolvimentoem
Ocupações

FIGURA 1. DOMÍNIO DA TERAPIA OCUPACIONAL FIGURA 2. TERAPIA OCUPACIONAL

Promover a saúde e a participação ao longo da vida, Domínio e Processo intrinsecamente ligados


através do envolvimento em ocupações

Colaboração
entre o
Profissional e
o Cliente

Promover a
Saúde e a Participação
ao Longo da Vida,
Através do
Envolvimento em
Ocupações

FIGURA 3. PROCESSO DE TERAPIA OCUPACIONAL

A colaboração entre o profissional e o cliente é fulcral para a natureza interactiva


da prestação de serviços

Nota: Os esquemas das figuras 1 a 3 foram criados por Mark Dow. Utilizados com permissão.

3
FACTORES REQUISITOS
ÁREAS DE INERENTES AO COMPETÊNCIAS DE PADRÕES DE CONTEXTO E DA
OCUPAÇÃO CLIENTE DESEMPENHO DESEMPENHO AMBIENTE ACTIVIDADE

Actividades da Valores,Crenças e Competências Hábitos Cultural Objectos


Vida Diária Espiritualidade Sensorio- Rotinas Pessoal Utilizados e
(AVDs)* Funções perceptivas Papéis Físico Suas
Actividades da Corporais Competências Rituais Social Propriedades
Vida Diária Estruturas Motoras e de Praxis Temporal Exigências
Instrumentais Corporais Competências de Virtual Espaciais
(AVDIs) Regulação Exigências
Descanso e Emocional Sociais
Sono Competências Sequência e
Educação Cognitivas Tempo de
Trabalho Competências duração
Brincar/Jogar Sociais e de Acções
Lazer Comunicação Requeridas
Participação Funções
Social Corporais
Requeridas
Estruturas
Corporais
Requeridas

*Referidas, também, como actividades básicas da vida diária (ABVDs) ou actividades pessoais da vida diária
(APVDs)
FIGURA 4 ASPECTOS DO DOMÍNIO DA TERAPIA OCUPACIONAL

Todos os aspectos do domínio concertam-se para promover o envolvimento, a participação e a saúde. Esta figura não
implica uma hierarquia.

É apresentada, a seguir, uma breve explicação perspectivado de forma dualista e holística e, ao


da FIGURA 4. As tabelas, incluídas ao longo do longo da intervenção, todos estes aspectos são
documento, fornecem listas e definições abordados.
completas de termos.
A ciência ocupacional, enquanto disciplina
PROMOVER A SAÚDE E A PARTICIPAÇÃO AO dedicada ao estudo da ocupação, fundamenta a
prática da terapia ocupacional (Zemke & Clark,
LONGO DA VIDA, ATRAVÉS DO ENVOLVIMENTO
1996). As ocupações são essenciais para a
EM OCUPAÇÕES
identidade e sentido de competência do cliente
A terapia ocupacional emprega o termo (pessoa, organização, população), assumindo um
ocupação para englobar o significado de valor e significado especiais e influenciando a
“actividades diárias”. O fundamento da profissão maneira como cada um usa o tempo na tomada
assenta no pressuposto de que o envolvimento de decisões. Podem ser encontradas, na
em ocupações estrutura a vida diária e contribui literatura, várias definições de ocupação que
para a saúde e o bem-estar. Os terapeutas facilitam a compreensão deste conceito básico:
ocupacionais acreditam que as ocupações são
multidimensionais e complexas, pelo que o foco “Actividades com objectivo que, normalmente, se
da sua intervenção se dirige tanto a aspectos prolongam no tempo, têm significado para o
subjectivos (emocionais e psicológicos) como desempenho e envolvem múltiplas tarefas”
objectivos (fisicamente observáveis) do (Christiansen et al., 2005, p. 548).
desempenho. O envolvimento em ocupações é

4
“Actividades diárias que reflectem valores “Partes da actividade diária que podem ser
culturais, dão estrutura à vida e são significativas designadas no léxico de uma cultura” (Zemke &
Clark, 1996, p. vii).
“Todos os aspectos do Por vezes, os terapeutas ocupacionais utilizam
domínio são igualmente tanto o termo ocupação como o de actividade
para descrever a participação em acções da vida
importantes e, em conjunto, diária. Alguns autores propuseram uma
interagem para influenciar o designação diferente para cada um desses termos
(Christiansen & Towsen, 2004; Hinojosa &
envolvimento do cliente em Kramer, 1997; Pierce, 2001; Reed, 2005). Neste
ocupações, participação e Enquadramento, o termo ocupação inclui o termo
actividade.
saúde.”
O envolvimento ocupacional ocorre
para os indivíduos; estas actividades vão ao individualmente ou com outros. Um cliente pode
encontro da necessidade humana de ser considerado independente quando
autocuidados, satisfação e participação na desempenha ou dirige a acção necessária para a
sociedade” (Crepeau, Cohn & Schell, 2003, p. participação, independentemente da quantidade
1031). ou tipo de suporte desejado ou requerido.
Contrastando com definições menos abrangentes
“Actividades em que as pessoas se envolvem na
de independência, os terapeutas ocupacionais
sua vida diária de modo a preencher o seu tempo
consideram o cliente como independente, tanto
e a dar significado à vida. A ocupação envolve
quando ele próprio desempenha a actividade
habilidades e competências mentais e pode ter
como quando desempenha a actividade num
(ou não) uma dimensão física observável”
ambiente adaptado ou modificado ou, ainda,
(Hinojosa & Kramer, 1997, p. 865).
quando supervisiona a actividade realizada por
“Actividades diárias, nomeadas e organizadas, às outros (AOTA, 2002a). Isto está patente quando,
quais são atribuídos valor e significado pelos por exemplo, pessoas com lesão a nível da
indivíduos e por uma cultura. Ocupação é tudo medula espinal são capazes de orientar um
aquilo que as pessoas fazem de modo a cuidador para as auxiliar nas suas actividades da
ocuparem-se, incluindo cuidar delas próprias… vida diária (AVDs), demonstrando independência
aproveitar a vida… e contribuir para o tecido neste aspecto essencial da sua vida.
social e económico das suas comunidades” (Law,
As ocupações são, frequentemente,
Polatajko, Baptiste & Towsend, 1997, p. 32).
partilhadas; as que envolvem dois ou mais
“Relação dinâmica entre um tipo de ocupação, indivíduos são designadas co-ocupações (Zemke
uma pessoa com uma estrutura de & Clark, 1996). A prestação de cuidados é uma co-
desenvolvimento única, significados subjectivos e ocupação porque envolve a participação activa
propósitos, e o desempenho ocupacional daí tanto do cuidador como a do receptor dos
resultante” (Nelson & Jepson-Thomas, 2003, p. cuidados; por exemplo, as co-ocupações
90) necessárias durante a maternidade, tais como as
rotinas socialmente interactivas do comer,
alimentar e dar conforto, podem envolver um dos

5
pais, um companheiro, a criança e outras pessoas O foco da terapia ocupacional no envolvimento
significativas (Olsen, 2004). As actividades em ocupações e na justiça ocupacional
intrínsecas a esta interacção social são “co- complementa a perspectiva de saúde da
ocupações” recíprocas, interactivas e restritas Organização Mundial de Saúde (OMS). A OMS,
(Dunlea, 1996; Esdaile & Olson, 2004). Os clientes num esforço para alargar o conhecimento acerca
podem, também, desempenhar diversas dos efeitos da doença e da incapacidade na
ocupações em simultâneo, de forma integrada, saúde, reconheceu que a saúde pode ser afectada
como quando um cuidador auxilia a criança a pela incapacidade de levar a cabo actividades e de
fazer os trabalhos de casa, paga as contas na participar em situações de vida, causadas por
internet e faz o jantar. A co-ocupação apoia uma barreiras ambientais ou por problemas existentes
visão integrada do envolvimento do cliente no com as estruturas e funções corporais (WHO,
relacionamento com outras pessoas significativas, 2001). Como membros de uma comunidade
num determinado contexto. global, os terapeutas ocupacionais defendem o
bem-estar de todas as pessoas, grupos e
Os terapeutas ocupacionais reconhecem que a
populações, assumindo um compromisso com a
saúde é promovida e mantida quando os clientes
inclusão e a não-discriminação (AOTA, 2004c).
são capazes de se envolver em ocupações e
actividades que permitem a participação, ÁREAS DE OCUPAÇÃO
desejada ou necessária, em casa, na escola, no
Quando os terapeutas ocupacionais trabalham
local de trabalho e na comunidade. Assim sendo,
com clientes, consideram os vários tipos de
os terapeutas ocupacionais preocupam-se não só
ocupação nos quais os mesmos se podem
com as ocupações mas também com a
envolver. A grande diversidade de actividades ou
complexidade de factores que habilitam e tornam
ocupações é dividida em categorias, designadas
possível o envolvimento e a participação em
“áreas de ocupação” – actividades da vida diária,
ocupações positivas e promotoras de saúde
actividades da vida diária instrumentais,
(Wilcock & Townsend, 2008). Em 2003, Townsend
descanso e sono, educação, trabalho,
aplicou o conceito de justiça social à terapia
brincar/jogar, lazer e participação social (ver
ocupacional e criou o termo justiça ocupacional
Tabela 1).
para descrever a preocupação da profissão com
os factores éticos, morais e cívicos que podem As diferenças individuais, na forma como os
tanto suportar como prejudicar o envolvimento clientes percepcionam as suas ocupações,
em ocupações e a participação na vida em casa e reflectem a complexidade e a
na comunidade. A justiça ocupacional assegura multidimensionalidade de cada ocupação. A
aos clientes a oportunidade de participar, perspectiva dos clientes, sobre o modo como uma
integralmente, nas ocupações em que se ocupação é categorizada, varia de acordo com as
envolvem (Christiansen & Townsend, 2004, suas necessidades e interesses; por exemplo, uma
p.278). Os terapeutas ocupacionais que se pessoa pode percepcionar a actividade de lavar a
interessam pela justiça ocupacional reconhecem e roupa como um trabalho, enquanto outra pode
trabalham de modo a apoiar políticas sociais, considerá-la uma actividade da vida diária
acções e leis que permitam às pessoas instrumental (AVDI). Um grupo de pessoas pode
envolverem-se em ocupações que dêem envolver-se num jogo de perguntas como uma
propósito e significado às suas vidas. forma de lazer, enquanto outro pode
percepcioná-lo como uma ocupação educativa.

6
O modo como os clientes dão prioridade ao ou estruturas corporais estejam ausentes ou
envolvimento em determinadas áreas de sejam deficitárias. É durante o processo de
ocupação pode variar, conforme o momento; por observação do envolvimento em ocupações ou
exemplo, uma organização comunitária de actividades que o terapeuta ocupacional é capaz
reabilitação psiquiátrica pode dar ênfase à de determinar a influência dos factores inerentes
necessidade de recenseamento dos seus clientes, ao cliente no desempenho.
durante uma campanha presidencial, e, durante
Os factores inerentes ao cliente diferem,
períodos festivos, focar-se na preparação dessas
consoante se considere uma pessoa, uma
festividades. A extensão e a natureza do
organização ou uma população. Descrevem-se,
envolvimento são tão importantes como o
seguidamente, os factores inerentes ao cliente
envolvimento em si mesmo; por exemplo, o
para cada um desses níveis.
excesso de trabalho, sem considerar
suficientemente outros aspectos da vida, como P ESSOA
sono ou relações, põem o cliente em risco de Os valores, crenças e espiritualidade
sofrer problemas de saúde (Hakansson, Dahlin- influenciam a motivação do cliente para se
Ivanoff & Sonn, 2006). envolver em ocupações e dar significado à vida.
Os valores são princípios, padrões ou qualidades
FACTORES INERENTES AO CLIENTE importantes para a pessoa. As crenças são
Os factores inerentes ao cliente são conteúdos cognitivos assumidos como verdades
habilidades, características ou crenças específicas, (Moyers & Dale, 2007, p. 28). A espiritualidade é
existentes em cada pessoa, que podem afectar o “a busca pessoal de respostas a questões
desempenho nas diversas áreas de ocupação. supremas acerca da vida, o significado e a relação
Devido à visão holística dos clientes, os com o sagrado e o transcendente, que podem (ou
terapeutas consideram que os factores inerentes não) advir do desenvolvimento de rituais
ao mesmo envolvem valores, crenças e religiosos e levar à formação de uma
espiritualidade; funções corporais; estruturas comunidade” (Moreira-Almeida & Koenig, 2006,
corporais. Esses factores são afectados pela p. 844).
presença ou ausência de doença, privação e
incapacidade. Para além disso, afectam e são As funções corporais referem-se à “função
afectados pelas competências de desempenho, fisiológica dos sistemas corporais, incluindo
padrões de desempenho, requisitos da actividade, funções psicológicas” (WHO, 2001, p. 10), por
factores contextuais e ambientais. exemplo, funções sensoriais; mentais (afectivas,
cognitivas, perceptivas); cardiovasculares,
Apesar da sua importância, a presença ou respiratórias; endócrinas (ver lista completa na
ausência de funções e estruturas corporais Tabela 2).
específicas não garantem, necessariamente, o
sucesso ou dificuldades do cliente no As estruturas corporais são as “partes
desempenho de ocupações da vida diária. Os anatómicas do corpo como órgãos, membros e
factores que influenciam o desempenho, como suas componentes” (WHO, 2001, p. 10). As
apoios no ambiente físico ou social, podem estruturas e as funções corporais estão
permitir ao cliente manifestar competências interligadas; por exemplo, o coração e os vasos
numa determinada área, mesmo que as funções sanguíneos são estruturas corporais que
suportam a função cardiovascular (ver Tabela 2).

7
TABELA 1. ÁREAS DE OCUPAÇÃO

Diversos tipos de actividades diárias, nas quais se envolvem pessoas, organizações e populações, incluindo AVDs, AVDIs,
descanso e sono, educação, trabalho, brincar/jogar, lazer e participação social.

sequencial; apertar e ajustar • Higiene e cuidados pessoais —


 ACTIVIDADES DA VIDA DIÁRIA
roupa e calçado; aplicar e Obter e usar utensílios;
(AVDs)
remover dispositivos pessoais, remover pêlos corporais (ex.
Actividades orientadas para próteses ou ortóteses. utilização de lâminas, pinças,
tomar conta do próprio corpo loções); aplicar e remover
• Comer — “Capacidade para cosméticos; lavar, secar,
(adaptado de Rogers & Holm,
manter fluidos e alimentos na pentear, escovar e aparar o
1994, pp.181-202). As AVDs
boca, mastigá-los e engoli-los; cabelo; cuidar das unhas (das
são, também, referidas como
os termos comer e engolir são, mãos e dos pés); cuidar da
actividades básicas da vida
normalmente, utilizados pele, ouvidos, olhos e nariz;
diária (ABVDs) e actividades
indistintamente” (AOTA, aplicar desodorizante; limpar a
pessoais da vida diária (APVDs).
2007b). boca; escovar e passar o fio
Estas actividades são
“fundamentais para a vida em • Alimentar — “Processo de dental nos dentes; remover,
Sociedade e permitem a preparar, dispor e levar comida limpar e inserir ortóteses e
sobrevivência e o bem-estar ou fluidos do prato ou copo à próteses dentárias.
básicos” (Christiansen & boca; por vezes, designado • Actividade sexual — Envolver-
Hammecker, 2001, p. 156). auto-alimentação” (AOTA, se em actividades que resultem
2007b). em satisfação sexual.
• Tomar banho, tomar duche —
Obter e usar utensílios; • Mobilidade funcional — • Higiene sanitária — Obter e
ensaboar, enxaguar e secar Deslocar-se de uma posição ou usar utensílios; fazer a gestão
partes do corpo; manter o lugar para outro (durante o das roupas; manter a posição
posicionamento adequado para desempenho de actividades necessária à utilização da
o banho; transferir-se de e para diárias) tal como a mobilidade sanita; transferir-se de e para a
as posições necessárias ao no leito; mobilidade em cadeira sanita; limpar o corpo;
banho. de rodas; transferências (ex. responder, adequadamente, às
cadeira de rodas, cama, carro, necessidades menstruais ou de
• Controlo intestinal e vesical —
casa de banho, continência (inclui o
Controlar, de modo
banheira/chuveiro, cadeira, manuseamento de cateteres,
intencional, os movimentos do
chão). Inclui a deambulação colostomias e supositórios).
intestino e da bexiga e, se
funcional e o transporte de
necessário, usar equipamento
objectos.  ACTIVIDADES DA VIDA DIÁRIA
ou agentes para controlo da
INSTRUMENTAIS (AVDIs)
bexiga (Uniform Data System • Cuidar de dispositivos
for Medical Rehabilitation, pessoais — Usar, limpar e Actividades de suporte da vida
1996, pp. III–20, III–24). manter objectos de cuidados diária, em casa e na
pessoais tais como auxiliares de comunidade, que requerem,
• Vestir — Seleccionar roupa e
audição, lentes de contacto, normalmente, interacções mais
acessórios adequados à altura
óculos, ortóteses, próteses, complexas do que o
do dia, tempo e ocasião; obter
equipamentos adaptados e autocuidado nas AVDs.
roupa da zona de arrumação;
dispositivos contraceptivos e
vestir e despir de modo • Cuidar de outros (inclui
sexuais.

(continua)

8
TABELA 1. ÁREAS DE OCUPAÇÃO

(cont.)

seleccionar e supervisionar • Gestão financeira — Utilizar • Emergência e manutenção da


cuidadores) — Preparar, recursos fiscais, incluindo segurança — Conhecer e pôr
supervisionar ou providenciar métodos alternativos para em prática procedimentos
cuidados a outros. transacções financeiras, preventivos para a manutenção
planear e aplicar recursos de um ambiente seguro;
• Cuidar de animais de financeiros com objectivos de reconhecer situações súbitas
estimação — Preparar, curto e longo prazo. de perigo; iniciar acções de
supervisionar ou providenciar emergência de modo a reduzir
cuidados a animais de • Gestão e manutenção da ameaças à saúde e segurança.
estimação. saúde — Desenvolver, gerir e
manter rotinas promotoras da • Compras — Preparar listas de
• Educação de crianças — saúde e do bem-estar tais compras (mercearia e outras);
Providenciar o cuidado e como exercício físico; nutrição; seleccionar, comprar e
supervisão adequados às diminuição de transportar objectos; escolher
necessidades comportamentos de risco para o meio de pagamento;
desenvolvimentais de uma a saúde; medicação. completar transacções
criança. monetárias.
• Instalação e gestão da
• Gestão da comunicação — habitação — Adquirir e manter  DESCANSO E SONO
Enviar, receber e interpretar uma habitação e o seu recheio
informação, utilizando uma (ex. casa, pátio, jardim, Inclui actividades relacionadas
variedade de sistemas e electrodomésticos, veículos), com a obtenção de descanso e
equipamentos, incluindo incluindo manutenção e sono reparadores que
ferramentas de escrita, arranjo de objectos pessoais suportem o envolvimento
telefones, máquinas de (roupas e outros), e saber activo e saudável noutras áreas
escrever, gravadores como procurar ajuda ou quem de ocupação.
audiovisuais, computadores, contactar.
quadros de comunicação, luzes • Descanso — Acções calmas e
de chamada, sistemas de • Preparação de refeições e sem esforço que interrompem
emergência, máquinas de limpeza — Programar, a actividade física e mental,
escrita em Braille, instrumentos preparar e servir refeições, resultando num estado de
de comunicação para surdos, nutricionalmente equilibradas, relaxamento (Nurit & Michel,
sistemas aumentativos de limpar e arrumar os espaços 2003, p. 227). Inclui identificar
comunicação e assistentes após as refeições. a necessidade de relaxar;
pessoais digitais. reduzir o envolvimento em
• Prática religiosa — Participar actividades físicas, mentais ou
• Mobilidade na comunidade — numa religião, “um sistema sociais exigentes; envolver-se
Movimentar-se na organizado de crenças, em relaxamento ou outras
comunidade; guiar; andar a pé; práticas, rituais e símbolos diligências que restaurem a
andar de bicicleta, utilizar criados para facilitar a energia, calma e interesse
transportes públicos ou proximidade com o sagrado ou renovados no envolvimento.
privados, táxis ou outros meios o transcendente” (Moreira-
de transporte. Almeida & Koenig, 2006, p. • Sono — Série de actividades
844). que resultem em adormecer;

(continua)

9
TABELA 1. ÁREAS DE OCUPAÇÃO

(cont.)

permanecer a dormir; permanecer a dormir sem programas e actividades que


assegurar a sua saúde e a sua interrupções; realizar as propiciem instrução/treino em
segurança, através do acto de necessidades sanitárias e de áreas de interesse definidas.
dormir, incluindo o hidratação nocturnas; atender
ajustamento aos ambientes a necessidades e requisitos de  TRABALHO
físico e social. outros, no ambiente social; Inclui actividades necessárias
interagir com aqueles que ao envolvimento num emprego
• Preparação do sono — (1) partilham o mesmo espaço de
Envolver-se em rotinas que remunerado ou em
dormir como crianças ou
preparem o próprio para um voluntariado (Mosey, 1996, p.
companheiros, providenciando
descanso confortável tais como 341).
cuidados nocturnos como
realizar os cuidados pessoais de amamentar, aleitar e • Interesses e procura de
higiene; despir-se; ler ou ouvir monitorizar, durante o sono; emprego — Identificar e
música para adormecer; acautelar o seu conforto e a seleccionar oportunidades de
desejar boa noite a outros; sua segurança. emprego, baseando-se em
meditar ou rezar; determinar a
qualidades pessoais, limitações
altura do dia e o período de  EDUCAÇÃO e preferências relativamente
tempo desejado para dormir e
Inclui actividades necessárias à ao mesmo (adaptado de
o tempo necessário para
aprendizagem e participação Mosey, 1996, p. 342).
acordar; estabelecer padrões
de sono que suportem o no ambiente. • Procura e aquisição de
crescimento e a saúde (os • Participação na educação emprego — Identificar
padrões são, normalmente, oportunidades de emprego;
formal — Participação
determinados pessoal e académica (ex. matemática, completar, submeter e rever
culturalmente). leitura, obtenção de um curso), materiais apropriados a uma
não académica (ex. intervalo, candidatura; preparar-se e
(2) Preparar o ambiente físico participar em entrevistas; dar
para períodos de inconsciência cantina, corredor),
extracurricular (ex. desporto, continuidade ao processo;
tais como arranjar a cama ou o discutir quais os benefícios do
espaço para dormir; assegurar banda, claques, dança); pré-
vocacional e vocacional. emprego em questão; finalizar
protecção e temperatura
as negociações.
apropriadas; acertar o • Exploração de necessidades ou
despertador; tornar a casa • Desempenho no trabalho —
interesses de educação
segura, incluindo trancar portas pessoal informal (para além da Eficácia no trabalho, incluindo
e fechar janelas ou cortinas; educação formal) — competências e respectivos
desligar aparelhos electrónicos Identificação de temas e padrões; gestão do tempo;
ou luzes. métodos para obtenção de bom relacionamento com
informação ou competências colegas, gestores e clientes;
• Participação no sono — Cuidar criação, produção e
das necessidades pessoais para relacionadas com um tópico.
distribuição de produtos e
dormir tais como o cessar de • Participação na educação serviços; dar início,
actividades para induzir o sono; pessoal informal — continuidade e concluir o
fazer uma sesta; sonhar; Participação em aulas, trabalho a realizar; actuar

(continua)

10
TABELA 1. ÁREAS DE OCUPAÇÃO

(cont.)

conforme as normas e faz-de-conta, jogos de regras, áreas de ocupação; adquirir,


procedimentos do mesmo. construtivos e simbólicos usar e cuidar do equipamento e
(adaptado de Bergen, 1988, pp. objectos necessários ao
• Preparação e adaptação à 64–65). mesmo.
reforma — Determinar
aptidões; desenvolver • Participação no brincar/jogar  PARTICIPAÇÃO SOCIAL
interesses e competências; — Tomar parte no brincar;
seleccionar actividades manter equilíbrio entre o “Padrões de comportamento
vocacionais. brincar e outras áreas de organizados, característicos e
ocupação; obter, utilizar e esperados de um dado
• Exploração do voluntariado — tratar cuidadosamente dos indivíduo, ou de uma
Determinar causas brinquedos, equipamentos e determinada posição, dentro
comunitárias, organizações ou objectos. do sistema social” (Mosey,
oportunidades para “trabalho” 1996, p. 340).
gratuito, de acordo com as suas  LAZER
competências pessoais, • Comunidade — Envolvimento
interesses, localização e tempo “Actividade de carácter em actividades que resultem
disponível. opcional para a qual se está, numa interacção de sucesso a
intrinsecamente, motivado e nível de uma comunidade (ex.
• Participação no voluntariado na qual se envolve durante o vizinhos, organizações,
— Realizar “trabalho” gratuito tempo livre, isto é, no tempo trabalho, escola).
em benefício de causas, não destinado a ocupações
organizações ou serviços obrigatórias como trabalho, • Família — Envolvimento em
seleccionados. autocuidados ou dormir” “actividades que resultem em
(Parham & Fazio, 1997, p. 250). interacções de sucesso quando
 BRINCAR/JOGAR assume papéis familiares
• Exploração do lazer — específicos, necessários e/ou
“Qualquer actividade, Identificar interesses, desejados” (Mosey, 1996, p.
espontânea ou organizada, que competências, oportunidades e 340).
proporcione prazer, actividades relacionadas com o
entretenimento e diversão” lazer. • Pares, amigos — Envolvimento
(Parham & Fazio, 1997, p. 252). em actividades com pessoas
• Participação no lazer — com as quais se mantém
• Exploração do brincar/jogar — Planear e participar em diferentes níveis de intimidade.
Identificar actividades actividades apropriadas;
apropriadas para brincar/jogar, manter equilíbrio entre
podendo incluir: brincar actividades de lazer e outras
exploratório, experimentação,

Nota. Alguns dos termos utilizados, nesta tabela, constam ou são adaptados da Terminologia Uniforme – 3ª edição (AOTA, 1994, pp.
1047-1054), presentemente não aplicada.

11
A categorização dos factores inerentes ao As estruturas incluem os departamentos e as
cliente – funções e estruturas corporais – relações entre os mesmos; liderança; gestão;
delineada na Tabela 2 – baseia-se na Classificação medição do desempenho; estatuto de
Internacional da Função, Incapacidade e Saúde, trabalhador.
proposta pela OMS (2001). Essa classificação foi
P OPULAÇÃO
seleccionada devido ao seu reconhecimento geral
Os valores e crenças podem ser considerados
e à linguagem utilizada, acessível a audiências
como tendo incluídas perspectivas emocionais,
externas.
intencionais e tradicionais (Foucault, 1973).
O RGANIZAÇÃO
As funções incluem: o capital económico, político,
Os valores e crenças incluem o ponto de vista;
social e cultural (Weber, 1978).
código de ética; afirmação de valores; espírito de
grupo. A estrutura pode incluir elementos com estrutura
genética, orientação sexual e condições de saúde
As funções incluem o planeamento; organização;
semelhantes (Baum, Bass-Haugen & Christiansen,
coordenação; operacionalização (missão,
2005, p. 381)
produtos ou serviços); produtividade.

TABELA 2. FACTORES INERENTES AO CLIENTE

Os factores inerentes ao cliente incluem: (1) valores, crenças e espiritualidade; (2) funções corporais; (3) estruturas corporais
do cliente que podem afectar o desempenho nas áreas de ocupação.

 VALORES, CRENÇAS E ESPIRITUALIDADE

Categoria e Definição Exemplos

Valores: Princípios, padrões ou qualidades Pessoa


consideradas valiosas ou desejáveis pelo cliente 1. Honestidade com o próprio e com os outros
que os detém. 2. Convicções religiosas pessoais
3. Compromisso com a família.
Organização
1. Obrigação de servir a comunidade
2. Justiça
População
1. Liberdade de expressão
2. Igualdade de oportunidades para todos
3. Tolerância em relação aos outros.
Crenças: Conteúdos cognitivos assumidos como Pessoa
verdades. 1. Ele/ela não é capaz de influenciar outros
2. O trabalho árduo compensa.
Organização
1. Os lucros são mais importantes do que as pessoas
2. Ser capaz de providenciar um serviço pode levar a
uma mudança positiva no mundo.

12
TABELA 2. FACTORES INERENTES AO CLIENTE

(cont.)

 VALORES, CRENÇAS E ESPIRITUALIDADE (cont.)

Categoria e Definição Exemplos

População
1. As pessoas, ao votar, podem influenciar o
governo
2. A acessibilidade é um direito, não um privilégio.
Espiritualidade: “Busca pessoal de respostas a Pessoa
questões sobre a vida, o seu significado e o 1. Procura diária por um objectivo e significado para
sagrado” (Moyers & Dale, 2007, p. 28). a sua vida
2. Guiar acções pelos valores que defende, para
além da aquisição pessoal de riqueza ou fama.
Organização e População
(ver exemplos de “Pessoa”, relacionados com
indivíduos pertencentes a uma organização e/ou
população).

 FUNÇÕES CORPORAIS: “Funções fisiológicas dos sistemas do corpo (incluindo funções psicológicas)” (WHO, 2001,
p. 10). A secção “Funções Corporais”, na tabela abaixo, está organizada de acordo com as classificações da
Classificação Internacional da Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). Para descrições e definições mais
completas, consultar a OMS (2001).

Categorias Funções Corporais Normalmente Consideradas pelos


Profissionais de Terapia Ocupacional (não se destina a ser
uma lista completa)

Funções mentais (afectiva, cognitiva, perceptiva) Funções mentais específicas


• Funções mentais específicas Julgamento, formação de conceitos, metacognição,
o Cognitivas de nível superior flexibilidade cognitiva, insight, atenção,
consciencialização
o Atenção Atenção mantida, selectiva e dividida

o Memória Memória a curto-prazo, a longo-prazo e de tabalho

o Percepção Discriminação sensorial (ex. auditiva, táctil, visual,


olfactiva, gustativa, vestibular - propriocepção),
incluindo o processamento multi-sensorial, memória
sensorial e relações espaciotemporais (Calvert,
Spence, & Stein, 2004)
o Pensamento Reconhecimento, categorização, generalização,
noção da realidade, pensamento lógico/coerente e
conteúdo adequado ao pensamento
o Funções mentais de sequenciação do Execução de padrões de movimento aprendidos
movimento complexo
o Emocional Coping e regulação comportamental (Schell, Cohn, &
Crepeau, 2008)

13
TABELA 2. FACTORES INERENTES AO CLIENTE

(cont.)

 FUNÇÕES CORPORAIS: “Funções fisiológicas dos sistemas do corpo (incluindo funções psicológicas)” (WHO, 2001,
p. 10). A secção “Funções Corporais”, na tabela abaixo, está organizada de acordo com as classificações da
Classificação Internacional da Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). Para descrições e definições mais
completas, consultar a OMS (2001). (cont.)

Categorias Funções Corporais Normalmente Consideradas pelos


Profissionais de Terapia Ocupacional (não se destina a
ser uma lista completa)

o Experiência do eu e do tempo Imagem corporal, autoconceito, auto-estima

• Funções mentais globais Funções mentais globais


o Estado de consciência Nível de alerta, nível de consciência
o Orientação Orientação em relação à pessoa, local, tempo, a si
próprio e a outros
o Temperamento e personalidade Estabilidade emocional

o Energia e motivação Motivação, controlo de impulsos e apetite

o Sono (processo fisiológico)

Funções sensoriais e dor Funções sensoriais e dor


• Visão e funções associadas, incluindo acuidade Detecção/registo, modulação e integração de
visual, estabilidade visual, funções do campo sensações do corpo e do ambiente
visual Noção visual do ambiente a várias distâncias
• Funções de audição Tolerância aos sons do ambiente; noção da
localização e distância dos sons tais como um carro
a aproximar-se
• Funções vestibulares Sensação de segurança nos movimentos contra a
gravidade
• Funções gustativas Associação do gosto

• Funções olfactivas Associação do odor

• Funções proprioceptivas Noção da posição do corpo e do espaço

• Funções do toque Conforto pela sensação de ser tocado por outros ou


tocar várias texturas como, por exemplo, comida
• Dor (ex. difusa, aguda, fantasma) Localização da dor

• Temperatura e pressão Noção da temperatura

14
TABELA 2. FACTORES INERENTES AO CLIENTE

(cont.)

 FUNÇÕES CORPORAIS: “Funções fisiológicas dos sistemas do corpo (incluindo funções psicológicas)” (WHO, 2001,
p. 10). A secção “Funções Corporais”, na tabela abaixo, está organizada de acordo com as classificações da
Classificação Internacional da Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). Para descrições e definições mais
completas, consultar a OMS (2001). (cont.)

Categorias Funções Corporais Normalmente Consideradas pelos


Profissionais de Terapia Ocupacional (não se destina a
ser uma lista completa)

Funções neuromusculoesqueléticas e relacionadas Funções neuromusculoesqueléticas e relacionadas com


com o movimento o movimento
• Funções das articulações e ossos
o Mobilidade articular Amplitude de movimento articular

o Estabilidade articular Alinhamento postural (refere-se à estabilidade


fisiológica da articulação, relacionada com a sua
integridade estrutural. Compara a competência
motora de alinhamento do corpo quando este se
move em relação aos objectos)
o Força muscular Força

o Tónus muscular Grau de tónus muscular (ex. flacidez, espasticidade,


flutuação)
o Resistência muscular Resistência

o Reflexos motores Estiramento, tonicocervical assimétrico,


tonicocervical simétrico
o Reacções involuntárias de movimento Rectificação e apoio

o Controlo do movimento voluntário Coordenação oculomanual/pedal, integração


bilateral, cruzamento da linha média, controlo da
motricidade fina, global e oculomotora (ex. sacada,
perseguição visual, acomodação e binocularidade)
o Padrões de marcha Padrões de marcha e défices tais como marcha
assimétrica, marcha rígida. (Nota: Os padrões de
marcha são considerados relativamente ao modo
como afectam a capacidade para o envolvimento
em ocupações e actividades diárias.)

15
TABELA 2. FACTORES INERENTES AO CLIENTE

(cont.)

 FUNÇÕES CORPORAIS: “Funções fisiológicas dos sistemas do corpo (incluindo funções psicológicas)” (WHO, 2001,
p. 10). A secção “Funções Corporais”, na tabela abaixo, está organizada de acordo com as classificações da
Classificação Internacional da Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). Para descrições e definições mais
completas, consultar a OMS (2001). (cont.)

Categorias Funções Corporais Normalmente Consideradas pelos


Profissionais de Terapia Ocupacional (não se destina a
ser uma lista completa)

Funcionamento dos sistemas cardiovascular, Funcionamento dos sistemas cardiovascular,


hematológico, imunológico e respiratório hematológico, imunológico e respiratório
• Funções do sistema hematológico e Funções da pressão arterial (hipertensão,
imunológico hipotensão, hipotensão postural) e da frequência
• Funções do sistema respiratório cardíaca
(Nota: Os profissionais de terapia ocupacional têm
conhecimento dessas funções corporais e
entendem, de um modo geral, as interacções que
ocorrem entre as mesmas para promover a saúde e
participação na vida, através do envolvimento em
ocupações. Alguns terapeutas podem especializar-
se na avaliação e intervenção numa função
específica, na medida em que esta se relacione com
a promoção do desempenho e envolvimento em
ocupações e actividades que são alvo de
intervenção.)
• Funções e sensações adicionais dos sistemas Taxa, ritmo e profundidade da respiração
cardiovascular e respiratório Resistência física, capacidade aeróbia, estamina e
fadiga
Funções da voz e da fala (Nota: Os profissionais de terapia ocupacional têm
• Funções da voz conhecimento dessas funções corporais e
• Fluência e ritmo entendem, de um modo geral, as interacções que
• Funções alternativas de vocalização ocorrem entre as mesmas para promover a saúde e
Funcionamento dos sistemas digestivo, metabólico participação na vida, através do envolvimento em
e endócrino ocupações. Alguns terapeutas podem especializar-
• Funções do sistema digestivo se na avaliação e intervenção numa função
• Funções dos sistemas metabólico e endócrino específica, tal como incontinência e distúrbios do
Funções genitourinárias e reprodutivas soalho pélvico, na medida em que esta se relacione
• Funções urinárias com a promoção do desempenho e envolvimento
• Funções genital e reprodutiva em ocupações e actividades que são alvo de
intervenção.)

16
TABELA 2. FACTORES INERENTES AO CLIENTE

(cont.)

 FUNÇÕES CORPORAIS: “Funções fisiológicas dos sistemas do corpo (incluindo funções psicológicas)” (WHO, 2001,
p. 10). A secção “Funções Corporais”, na tabela abaixo, está organizada de acordo com as classificações da
Classificação Internacional da Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). Para descrições e definições mais
completas, consultar a OMS (2001). (cont.)

Categorias Funções Corporais Normalmente Consideradas pelos


Profissionais de Terapia Ocupacional (não se destina a
ser uma lista completa)

Funções da pele e estruturas relacionadas Funções da pele e estruturas relacionadas


• Funções da pele Funções protectoras da pele – presença ou
• Funções do cabelo e unhas ausência de feridas, cortes ou abrasões
Função reparadora da pele – regeneração de
feridas
(Nota: Os profissionais de terapia ocupacional têm
conhecimento dessas funções corporais e
entendem, de um modo geral, as interacções que
ocorrem entre as mesmas para promover a saúde e
participação na vida, através do envolvimento em
ocupações. Alguns terapeutas podem especializar-
se na avaliação e intervenção numa função
específica, na medida em que esta se relacione com
a promoção do desempenho e envolvimento em
ocupações e actividades que são alvo de
intervenção.)

 ESTRUTURAS CORPORAIS: Estruturas corporais são “partes anatómicas do corpo, tais como órgãos, membros e
suas componentes, que suportam o funcionamento do corpo” (WHO, 2001, p. 10). A secção “Estruturas
Corporais”, da tabela abaixo, está organizada segundo as classificações da CIF. Para descrições e definições mais
completas, consultar a OMS (2001).

Categorias Exemplos não delineados na secção “Estruturas


Corporais” da tabela

Estrutura do sistema nervoso (Nota: Os profissionais de terapia ocupacional têm


Olhos, ouvidos e estruturas relacionadas conhecimento dessas estruturas corporais e
Estruturas envolvidas na voz e na fala entendem, de um modo geral, as interacções que
Estruturas dos sistemas cardiovascular, ocorrem entre as mesmas para promover a saúde e
imunológico e respiratório participação na vida, através do envolvimento em
Estruturas relacionadas com os sistemas digestivo, ocupações. Alguns terapeutas podem especializar-
metabólico e endócrino se na avaliação e intervenção numa estrutura
Estrutura relacionada com os sistemas específica, na medida em que esta se relacione com
genitourinário e reprodutivo a promoção do desempenho e envolvimento em
Estruturas relacionadas com o movimento ocupações e actividades que são alvo de
Pele e estruturas relacionadas intervenção.)
Nota. Alguns dados adaptados da CIF (WHO, 2001).

17
REQUISITOS DA ACTIVIDADE tempo de duração; as acções ou competências
Os requisitos da actividade dizem respeito às necessárias ao desempenho da mesma; as
características específicas de determinada funções e estruturas corporais utilizadas durante
actividade que influenciam o tipo e a quantidade o seu desempenho (ver Tabela 3 para definições e
de esforço necessários ao seu desempenho. Os exemplos).
terapeutas ocupacionais analisam as actividades
Os requisitos são específicos para cada
de modo a entender o que é requerido pelo
actividade. Uma alteração num dos aspectos da
cliente e determinar qual a relação entre os
actividade pode modificar o grau de exigência de
requisitos da actividade para permitir o
um outro aspecto; por exemplo, o aumento do
envolvimento na ocupação. Os requisitos da
número de passos ou uma alteração na sequência
actividade incluem os objectos específicos
de uma actividade aumenta a exigência ao nível
utilizados na actividade e as suas propriedades; os
da atenção.
requisitos de espaço físico necessários à
actividade; as exigências sociais; a sequência e

TABELA 3. REQUISITOS DA ACTIVIDADE


Aspectos de uma actividade que incluem objectos e suas propriedades, espaço, exigências sociais, sequência ou tempo de
duração, acções e competências requeridas bem como as funções e as estruturas corporais necessárias ao desenvolvimento
da mesma.

Aspectos da Exigência da
Definição Exemplos
Actividade

Objectos e suas Ferramentas, materiais e Ferramentas (ex. tesouras, pratos, sapatos, bola
propriedades equipamento utilizados no de voleibol)
processo de desenvolvimento da
actividade Materiais (ex. tintas, leite, batom)

Equipamento (ex. banca de trabalho, fogão,


cesto de basquetebol)

Propriedades inerentes (ex. pesado, rugoso,


afiado, colorido, ruidoso, amargo)

Exigências espaciais Exigências do ambiente físico Espaço amplo e ao ar livre necessário para a
(relacionadas com o inerente à actividade (ex. tamanho, realização de um jogo de futebol
contexto físico) disposição, iluminação, superfície,
temperatura, ruído, humidade, Largura da porta da casa de banho e do estrado
ventilação) para acomodar uma cadeira de rodas

Controlo de ruído, iluminação e temperatura de


uma biblioteca

18
TABELA 3. REQUISITOS DA ACTIVIDADE
(cont.)

Exigências sociais Ambiente social e contexto cultural Regras do jogo


(relacionadas com o que podem ser exigidos pela
ambiente social e actividade Expectativas dos outros participantes na
contexto cultural) actividade (ex. partilhar material, utilizar
linguagem adequada numa reunião)

Sequência e tempo de Processo utilizado para Passos necessários à preparação de um chá:


duração desenvolver a actividade (ex. Pegar num saco de chá e numa chávena,
passos específicos, sequência, aquecer água, deitar água na chávena e assim
requisitos do tempo de duração) por diante.

o Sequência: Aquecer água antes de colocar o


saco de chá na água.

o Tempo de duração: Deixar o saco de chá


mergulhado na água, durante 2 minutos.

Passos necessários à orientação de uma reunião:


Estabelecer objectivos para a reunião, marcar a
duração e o local, preparar a agenda, apresentar
a ordem de trabalhos.

o Sequência: Fazer com que os intervenientes


se apresentem antes de se iniciar a discussão.

o Tempo de duração: Permitir que haja tempo


suficiente para a discussão do tema e
determinação dos tópicos de acção.

Acções e competências de Competências normalmente Sentir o calor do fogão


desempenho requeridas necessárias a qualquer pessoa para
o desenvolvimento de uma Agarrar uma barra de apoio
actividade; devem ser consideradas
Escolher as roupas de cerimónia
as competências de desempenho
sensoriais, perceptivas, motoras, Determinar como mover os membros de modo
de praxis, emocionais, cognitivas, a controlar o carro
de comunicação e sociais. As
competências de desempenho Ajustar o tom de voz
exigidas por uma determinada
Responder a uma pergunta
actividade estão relacionadas com
outros aspectos da mesma (ex.
objectos, espaço)

19
TABELA 3. REQUISITOS DA ACTIVIDADE
(cont.)

Funções corporais “Funções fisiológicas dos sistemas Mobilidade das articulações


requeridas corporais, (incluindo funções
psicológicas)” (WHO, 2001, p. 10), Nível de consciência
necessárias ao desempenho da
actividade

Estruturas corporais “Partes anatómicas do corpo tais Número de mãos


requeridas como órgãos, membros e suas
componentes, (que suportam o Número de olhos
funcionamento do corpo)” (WHO,
2001, p. 10), necessárias ao
desempenho da actividade

Nota. Alguns dados adaptados da CIF (WHO, 2001).

COMPETÊNCIAS DE DESEMPENHO Rogers e Holm (2008) defenderam que,


Têm sido utilizadas várias abordagens para durante a utilização de competências específicas
descrever e categorizar as competências de numa determinada actividade, são requeridas
desempenho. A literatura de terapia ocupacional, várias funções e estruturas corporais, formando
relativa à investigação e à prática, oferece combinações únicas que irão afectar o
múltiplas perspectivas acerca da complexidade e desempenho na vida real.
tipos de competências, utilizados durante o
Sendo as competências de desempenho
desempenho.
descritas e categorizadas de formas diversas, no
De acordo com Fisher (2006), as competências Enquadramento da Prática de Terapia
de desempenho são acções observáveis, concretas Ocupacional foram definidas como as habilidades
e dirigidas a um objectivo, utilizadas para o que os clientes demonstram durante o
envolvimento nas ocupações da vida diária. Fisher desempenho de acções. As competências de
define, também, estas competências como desempenho podem ser agrupadas em categorias
pequenas unidades mensuráveis de entre uma interligadas e incluem:
cadeia de acções que são observadas à medida
Competências motoras e de praxis
que a pessoa desempenha tarefas significativas.
Estas competências são aprendidas e Competências sensorioperceptivas
desenvolvidas ao longo do tempo e relacionam-se
com contextos e ambientes específicos. Fisher Competências de regulação emocional
categorizou as competências de desempenho em:
Competências cognitivas
Competências Motoras; Competências de
Processo; Competências de Competências sociais e de comunicação
Comunicação/Interacção.

20
TABELA 4. COMPETÊNCIAS DE DESEMPENHO
Habilidades que os clientes demonstram durante a execução de acções.

Competência Definição Exemplos

Competências Motoras: Acções ou comportamentos que • Dobrar-se e alcançar um brinquedo ou


motoras e de praxis um cliente utiliza para se mover e interagir, ferramenta de uma caixa de arrumação
fisicamente, com tarefas, objectos,
contextos e ambientes (adaptado de Fisher, • Dosear a velocidade de movimento para
2006). Inclui planear, sequenciar e executar limpar o quarto
movimentos novos e inovadores. • Coordenar movimentos corporais de modo a
Praxis: Movimentos com propósito e completar uma tarefa do trabalho
executados correctamente (Heilman & • Manter o equilíbrio enquanto deambula
Rothi, 1993). Habilidade para desenvolver numa superfície irregular ou enquanto toma
actos motores sequenciais, como parte de
chuveiro
um plano geral e não como actos
individuais (Liepmann, 1920). Habilidade • Antecipar ou ajustar a postura e a posição
para desenvolver uma actividade motora do corpo em resposta a circunstâncias
aprendida, incluindo seguir um comando ambientais como, por exemplo, obstáculos
verbal, construção visuoespacial,
competências oculares e oromotoras, • Manipular chaves ou um cadeado de modo
imitação de uma pessoa ou objecto e a abrir uma porta
sequenciação de acções (Ayres, 1985;
Filley, 2001). Organização de sequências
temporais de acções, dentro do contexto
espacial, que constituem ocupações
significativas (Blanche & Parham, 2002).

Competências Acções ou comportamentos que o cliente • Posicionar o corpo no local exacto para um
sensorioperceptivas utiliza para localizar, identificar e responder salto seguro
a sensações e para seleccionar, interpretar,
associar, organizar e relembrar eventos • Ouvir e localizar a voz do seu filho numa
sensoriais, baseando-se na discriminação multidão
de experiências, através de uma variedade • Determinar visualmente o tamanho correcto
de sensações que incluem as visuais, de um recipiente para guardar a sopa
auditivas, proprioceptivas, tácteis, Localizar chaves, através do toque de entre
olfactivas, gustativas e vestibulares. vários objectos presentes num bolso ou
carteira (isto é, estereognosia)

• Escolher o momento apropriado para


atravessar a rua em segurança por
determinação da sua própria posição e
velocidade relativamente à velocidade do
tráfico

• Distinguir diferentes sabores presentes num


alimento ou bebida

21
TABELA 4. COMPETÊNCIAS DE DESEMPENHO
(cont.)

Competência Definição Exemplos

Competências de Acções ou comportamentos que um cliente • Responder aos sentimentos dos outros,
regulação emocional utiliza para identificar, gerir e expressar reconhecendo-os ou mostrando-lhes apoio
sentimentos, enquanto se envolve em
actividades ou interage com outros • Persistir numa tarefa apesar da frustração

• Controlar a zanga em relação a outros e


reduzir os actos agressivos

• Recuperar de um choque ou decepção sem


o demonstrar

• Manifestar as emoções adequadas à


situação

• Utilizar estratégias de relaxamento de modo


a lidar com eventos stressantes

Competências Acções ou comportamentos que um cliente • Julgar a importância ou adequação do


cognitivas utiliza para planear e gerir o desempenho vestuário para cada circunstância
de uma actividade
• Seleccionar os utensílios necessários à
limpeza da casa de banho

• Sequenciar as tarefas necessárias à


realização de um projecto escolar

• Organizar actividades dentro do tempo


disponível, de modo a cumprir um prazo

• Priorizar passos e identificar soluções para


ter acesso a transportes

• Criar diferentes actividades com amigos,


que sejam divertidas, inovadoras e
agradáveis

• Multitarefas — realizar mais do que uma


acção ao mesmo tempo, necessárias para
tarefas como trabalho, condução de
veículos e gestão doméstica

Competências sociais Acções ou comportamentos que um • Olhar para onde alguém está a apontar ou a
e de comunicação indivíduo utiliza para comunicar e interagir olhar
com os outros, num ambiente interactivo
(Fisher, 2006) • Gesticular para enfatizar intenções

• Manter uma distância física aceitável,


durante uma conversação

22
TABELA 4. COMPETÊNCIAS DE DESEMPENHO
(cont.)

Competência Definição Exemplos

• Iniciar e responder a questões, utilizando


informação relevante

• Trocar de turnos, durante uma interacção


com outra pessoa verbal e/ou fisicamente

• Reconhecer a perspectiva do outro, durante


uma interacção

Várias funções e estruturas corporais alteração de uma competência de desempenho


permitem e estão na base do desempenho pode afectar outras. Na prática, e em alguma
(Rogers & Holm, 2008). Enquanto as funções literatura, as competências de desempenho são,
corporais, como as mentais (afectivas, cognitivas, normalmente, designadas de forma combinada
perceptivas), sensoriais, neuromusculares e tais como competências perceptivomotoras e
relacionadas com o movimento (WHO, 2001), competências socioemocionais. (ver Tabela 4 para
reflectem as capacidades do corpo, as definições e exemplos em cada categoria).
competências de desempenho são as habilidades
Os terapeutas ocupacionais observam e
que o cliente demonstra ter. As competências de
analisam as competências de desempenho de
praxis podem ser observadas, por exemplo,
forma a compreender as interacções entre os
através de acções do cliente como a imitação, a
factores subjacentes que podem promover ou
sequenciação e a construção; as competências
dificultar o envolvimento em ocupações e o
cognitivas podem ser observadas pela presença
desempenho ocupacional. Ao observar, por
de organização, gestão de tempo e segurança; as
exemplo, uma pessoa a passar um cheque, o
competências de regulação emocional podem ser
terapeuta ocupacional repara nas competências
observadas através do comportamento que o
motoras para segurar e manipular objectos e nas
cliente apresenta no modo como expressa,
competências cognitivas para iniciar e sequenciar
adequadamente, as suas emoções. Várias funções
os passos da actividade. As competências
corporais estão inerentes a cada competência de
observadas são suportadas por funções corporais
desempenho.
inerentes – cognitivas e relacionadas com o
Múltiplos factores, como o contexto no qual a movimento – e pelo contexto ambiental do
ocupação é desempenhada, os requisitos banco. Um desempenho ocupacional óptimo,
específicos da actividade a ser realizada e as visível durante um jogo de ténis ou a tocar piano,
funções e estruturas do cliente, afectam a sua requer múltiplas competências de desempenho.
habilidade para adquirir ou demonstrar as
Outras fontes que fornecem informação à
competências de desempenho. As várias
prática da terapia ocupacional, relacionada com
competências de desempenho estão interligadas
as competências de desempenho, incluem Fisher
e são utilizadas, em conjunto, de modo a permitir
(2006); Bloom, Krathwohl e Masia (1984); Harrow
ao cliente o desempenho da ocupação. A
(1972) e Chapparo e Ranka (1997). A informação
23
detalhada acerca do modo como as competências As pessoas, organizações e populações
são utilizadas, na prática da terapia ocupacional, demonstram padrões de desempenho na sua vida
pode ser encontrada, igualmente, em literatura diária. Estes desenvolvem-se ao longo do tempo e
acerca de teorias específicas como a teoria da são influenciados por todos os outros aspectos do
integração sensorial (Ayres, 1972, 2005) e a teoria domínio. Quando os profissionais consideram os
da aprendizagem motora e do controlo motor padrões de desempenho, entendem melhor a
(Shumway-Cook & Wollacott, 2007). frequência e o modo como as competências de
desempenho e as ocupações são integradas na
PADRÕES DE DESEMPENHO
vida do cliente. Quando um cliente tem
Os padrões de desempenho dizem respeito
capacidade para um desempenho competente
aos hábitos, rotinas, papéis e rituais, utilizados
mas não interioriza essas competências, em
no processo de envolvimento em ocupações ou
actividades. Os hábitos são comportamentos “…apenas os profissionais de
específicos, automáticos, que podem ser úteis,
dominantes ou empobrecidos (Clarck, 2000;
terapia ocupacional têm
Neistadt & Crepeau, 1998) enquanto as rotinas como objectivo final do
são sequências estabelecidas de ocupações ou
actividades que dão estrutura à vida diária. As
processo a promoção da
rotinas podem ser promotoras ou prejudicais para saúde e a participação ao
a saúde (Fiese et al., 2002; Segal, 2004). Os papéis
são conjuntos de comportamentos, esperados
longo da vida, através do
pela sociedade, moldados pela cultura, podendo envolvimento em ocupações.”
ser complementados pela conceptualização e
definição do cliente. Os papéis podem guiar a padrões de desempenho produtivos, a saúde e a
selecção de ocupações ou levar à criação de participação podem ser afectadas negativamente.
estereótipos e à restrição de padrões de Um cliente que tenha, por exemplo, as
envolvimento. Jackson (1998a, 1998b) alertou competências e os recursos necessários para se
para o facto de a descrição das pessoas, através envolver, adequadamente, nos cuidados pessoais,
dos seus papéis, poder ser limitativa e levar a que tomar banho, preparar refeições mas não os
se considerem as ocupações dessas pessoas de integre na sua rotina, pode sofrer de má nutrição
forma segmentada e não de forma integrada. e de isolamento social. (as Tabelas 5A, 5B e 5C
Quando os terapeutas ocupacionais consideram mostram exemplos de padrões de desempenho
os papéis, preocupam-se com o modo como os para pessoas, organizações e populações).
clientes constroem as suas ocupações de forma a
CONTEXTO E AMBIENTE
responder aos papéis e identidade por si
O envolvimento de um cliente em ocupações
percepcionados e a reforçar os seus valores e
ocorre num ambiente social e físico, situado num
crenças. Os rituais são acções simbólicas, com
determinado contexto. Na literatura, os termos
significado espiritual, cultural ou social, que
ambiente e contexto são, normalmente, usados
contribuem para a identidade do cliente e
como sinónimos. No Enquadramento são
reforçam os seus valores e crenças (Fiese et al.,
utilizados ambos os termos de modo a reflectir a
2002; Segal, 2004). Os hábitos, rotinas, papéis e
importância de se considerar a grande variedade
rituais podem promover ou prejudicar o
de condições correlacionadas – tanto internas
desempenho ocupacional.

24
como externas – que influenciam o seu actividade, padrões de comportamento e
desempenho. expectativas aceites pela sociedade da qual o
cliente é membro. O contexto pessoal diz respeito
às características demográficas do indivíduo,
“Os profissionais de terapia como idade, género, estatuto socioeconómico e
ocupacional aplicam a teoria, nível de educação, que não são parte de uma
condição de saúde (OMS, 2001). O contexto
a evidência, o conhecimento e temporal inclui estádios da vida, altura do dia ou
as competências, referentes à do ano, duração, ritmo de actividade ou história.
O contexto virtual refere-se a interacções, em
utilização terapêutica de situações simuladas, em tempo real ou quase
ocupações, de modo a real, com ausência de contacto físico. Uns
contextos são externos ao cliente (ex. o virtual),
afectar, positivamente, a outros são internos (ex. o pessoal) e alguns
saúde, o bem-estar e a podem ter características externas, crenças e
valores interiorizados (ex. o cultural).
satisfação na vida do
O envolvimento do cliente em ocupações
cliente.”” evolui nos seus ambientes social e físico e reflecte
a sua interdependência com esses ambientes. Os
O termo ambiente refere-se aos ambientes
contextos culturais influenciam, frequentemente,
externos – físico e social – que rodeiam o cliente e
o modo como as ocupações são escolhidas,
nos quais decorrem as suas ocupações diárias. O
priorizadas e organizadas. Os contextos e os
ambiente físico refere-se ao ambiente não
ambientes afectam a acessibilidade do cliente às
humano, natural e construído assim como os
ocupações e influenciam a qualidade do
objectos que o integram. O ambiente social é
desempenho e a satisfação com o mesmo. Um
construído pela presença, relações e expectativas
cliente que tenha dificuldade em ter um
da pessoa, grupos e organizações com os quais o
desempenho eficiente, num certo ambiente ou
cliente contacta.
contexto, pode ser bem sucedido quando o
O termo contexto refere-se a uma variedade ambiente ou o contexto é alterado. O contexto,
de condições inter-relacionadas que se no qual o envolvimento nas ocupações tem lugar,
encontram no cliente e à sua volta; são, é único para cada cliente. Os contextos e os
normalmente, menos tangíveis do que os ambientes estão relacionados, tanto entre si
ambientes físico e social embora exerçam uma como com os restantes aspectos do domínio (ver
forte influência no desempenho. No Tabela 6 para uma descrição dos diferentes tipos
Enquadramento, são descritos os contextos de contextos e ambientes).
cultural, pessoal, temporal e virtual. O contexto
cultural inclui costumes, crenças, padrões de

25
TABELA 5A. PADRÕES DE DESEMPENHO — PESSOA
Padrões de comportamento, habituais ou de rotina, relacionados com as actividades da vida diária de um indivíduo ou de
outras pessoas significativas.

Exemplos

HÁBITOS — “Comportamentos automáticos,


– Coloca, automaticamente, as chaves do carro no mesmo lugar
integrados em padrões mais complexos,
permitindo que as pessoas funcionem no – Olha, espontaneamente, para ambos os lados antes de atravessar
dia-a-dia” (Neistadt & Crepeau, 1998, p. a rua
869). Os hábitos podem ser úteis,
dominantes ou empobrecidos e podem – Balanceia, repetidamente, para trás e para a frente, quando lhe é
suportar ou prejudicar o desempenho nas pedido que inicie uma tarefa
áreas de ocupação.
– Activa e desactiva, repetidamente, o sistema de alarme, antes de
entrar em casa

– Mantém a distância exacta entre todos os cabides, quando está a


pendurar as roupas no armário

ROTINAS — Padrões de comportamento


– Segue e completa a sequência matinal de utilização da sanita,
observáveis, regulares, repetitivos que dão
toma banho, faz a higiene e veste-se
estrutura à vida diária. As rotinas podem ser
satisfatórias, promotoras ou danosas; – Segue a sequência de passos necessários à preparação de uma
requerem algum tempo de dedicação e refeição
estão inseridas nos contextos cultural e
ecológico (Fiese et al., 2002; Segal, 2004).

RITUAIS — Acções simbólicas, com


– Utiliza uma escova antiga de cabelo, que herdou, e escova o
significado espiritual, cultural ou social, que
cabelo 100 vezes, todas as noites, como a sua mãe fazia
contribuem para a identidade do cliente e
reforçam valores e crenças. Os rituais têm – Prepara as refeições das férias com os preparativos favoritos ou
uma forte componente afectiva e tradicionais, utilizando a loiça apropriada
representam um conjunto de eventos (Fiese
et al., 2002; Segal, 2004). – Beija um livro sagrado antes de o abrir para ler

PAPÉIS — Conjunto de comportamentos


– Mãe de um adolescente com perturbações de desenvolvimento
esperados pela sociedade, moldados pela
cultura, podendo ser conceptualizados e – Estudante, com dificuldades de aprendizagem, que estuda
definidos pelo cliente. informática

– Executivo que volta ao trabalho após ter tido um AVC

Nota. Informação para a secção “Hábitos” desta tabela adaptada de Dunn (2000b).

26
TABELA 5B. PADRÕES DE DESEMPENHO — ORGANIZAÇÃO
Padrões de comportamento relacionados com o funcionamento diário de uma organização.

Exemplos

ROTINAS — Padrões de desempenho


– Organiza, regularmente, reuniões calendarizadas para o pessoal,
observáveis, regulares, repetitivos que
directores, quadros superiores
dão estrutura à vida diária. As rotinas
podem ser satisfatórias, promotoras ou – Segue práticas de documentação para relatórios anuais e planos
danosas; requerem algum tempo de estratégicos
dedicação e estão inseridas nos contextos
cultural e ecológico (Fiese et al., 2002; – Entrega a documentação num tempo adequado
Segal, 2004).
– Segue a cadeia de comando

– Segue rotinas de segurança (ex. marcar a entrada/saída, utilizar


códigos de acesso)

– Mantém o código de vestuário (ex. usar roupa informal, à sexta-feira)

– Socializa durante as pausas, o almoço ou junto à zona do café

– Segue rotinas no início e no fim (ex. abrir/encerrar as instalações)

– Sugere actividades que vão ao encontro das expectativas ou


standards de desempenho

RITUAIS — Acções simbólicas, com


– Organiza celebrações, em ocasiões festivas, piqueniques da empresa
significado, que contribuem para a
identidade da organização e reforçam – Realiza cerimónias de introdução, reconhecimento e reforma
valores e crenças (adaptado de Fiese et
al., 2002; Segal, 2004). – Programa retiros e conferências anuais

– Mantém actividades de angariação de fundos de modo a apoiar


associações locais de caridade

PAPÉIS — Conjunto de comportamentos


– Organização sem fins lucrativos providencia alojamento a pessoas que
estabelecidos pela organização,
vivem com doença mental
esperados pela sociedade, moldados pela
cultura, podendo ser conceptualizados e – Organização humanitária distribui donativos de comida e roupa a
definidos pelo cliente. refugiados

– Universidade educa e promove serviços à comunidade local

Nota. Neste documento, os hábitos são abordados, apenas, na tabela 5A (Pessoa).

27
TABELA 5C. PADRÕES DE DESEMPENHO — POPULAÇÃO
Padrões de comportamento relacionados com uma população.

Exemplos

ROTINAS — Padrões de desempenho


– Segue práticas promotoras de saúde tais como vacinação
observáveis, regulares, repetitivos que dão
programada para crianças e exames anuais de rotina para adultos
estrutura à vida diária. As rotinas podem
ser satisfatórias, promotoras ou danosas; – Segue práticas inerentes a negócios tais como fornecimento de
requerem algum tempo de dedicação e serviços às populações necessitadas (ex. empréstimos para grupos
estão inseridas nos contextos cultural e minoritários)
ecológico (Fiese et al., 2002; Segal, 2004).
– Segue procedimentos legislativos tais como os que estão associados
a seguros de saúde

– Segue os costumes sociais no que se refere a saudações

RITUAIS — Acções sociais partilhadas, com


– Organiza eventos culturais
significado tradicional, emocional,
intencional e tecnológico, contribuindo – Realiza desfiles ou manifestações
para a existência de valores e crenças na
população. – Exibe símbolos nacionais/associativos

– Segue práticas religiosas, espirituais e culturais tais como tocar no


mezuzah, usar água benta quando chega/parte, orar em Meca

PAPÉIS
– VER DESCRIÇÃO DESTAS ÁREAS PARA OS INDIVÍDUOS, NA
POPULAÇÃO

Nota. Neste documento, os hábitos são abordados, apenas, na tabela 5A (Pessoa).

TABELA 6. CONTEXTOS E AMBIENTES

Contexto e ambiente (incluindo cultural, pessoal, temporal, virtual, físico e social) referem-se a uma variedade de
condições relacionadas entre si que se encontram no cliente, e no que o rodeia, influenciando o seu desempenho.

O termo contexto refere-se a uma variedade de condições inter-relacionadas que se encontram no cliente e no que o
rodeia. Os contextos incluem o cultural, pessoal, temporal e virtual. O termo ambiente refere-se ao meio externo,
físico e social, que rodeia o cliente e no qual decorrem as suas ocupações de vida diária.

Contexto e
Definição Exemplos
Ambiente

Cultural Costumes, crenças, padrões de actividade, standards Pessoa: Dar um aperto de mão quando está
de comportamento e expectativas aceites pela a ser apresentado
sociedade da qual o cliente faz parte. Inclui etnicidade,
valores e aspectos políticos como leis que afectam o Organização: Empregados assinalarem o
acesso a recursos e afirmam direitos pessoais. Inclui, fim da semana de trabalho, usando roupa
igualmente, oportunidades de educação, emprego e informal à sexta-feira

28
TABELA 6. CONTEXTOS E AMBIENTES

(cont.)

Contexto e
Definição Exemplos
Ambiente

apoio económico. População: Celebrar o Natal

Pessoal “Aspectos do indivíduo que não fazem parte de uma Pessoa: Homem desempregado de vinte e
condição ou estado de saúde” (WHO, 2001, p. 17). O cinco anos com diploma do Ensino
contexto pessoal inclui idade, género e estatutos Secundário
socioeconómico e educativo. Pode, também, incluir
níveis organizacionais (ex. voluntários e empregados) e Organização: Voluntários a trabalhar num
níveis populacionais (ex. membros da sociedade). refúgio para os sem-abrigo

População: Adolescentes grávidas ou mães


pela primeira vez

Temporal “Localização do desempenho ocupacional no tempo” Pessoa: Uma pessoa reformada há 10 anos
(Neistadt & Crepeau, 1998, p. 292); experiência do
tempo, moldada pelo envolvimento em ocupações. Os Organização: Campanha anual para
aspectos temporais da ocupação “que contribuem para angariação de fundos
os padrões das ocupações diárias” são “o População: Participação em sestas ou chás
ritmo…sincronização…duração…e sequência” (Larson &
das cinco
Zemke, 2004, p. 82; Zemke, 2004, p. 610). Inclui
estádios da vida, altura do dia ou ano, duração, ritmo
de actividade ou história.

Virtual Ambiente no qual a comunicação ocorre, através de Pessoa: Envio de uma mensagem de texto a
sistemas informáticos ou ondas electromagnéticas, um amigo
com ausência de contacto físico. Inclui simulações do
ambiente, em tempo real ou com ligeiro desfasamento, Organização: Conferência de vídeo,
via salas de conversação (chat rooms), e-mail, video- chamada de audioconferência, mensagem
conferência, transmissões de rádio. instantânea, quadros interactivos
População: Comunidade virtual de
jogadores

Físico Ambiente não humano, natural e construído, incluindo Pessoa: Casa, apartamento próprio
os objectos nele contidos.
Organização: Edifício de escritórios, fábrica
• O ambiente natural inclui terreno geográfico,
qualidades sensoriais do ambiente, plantas e População: Sistema de transportes
animais

• O ambiente construído e os seus objectos incluem


edifícios, mobílias, ferramentas e outros
instrumentos.

29
TABELA 6. CONTEXTOS E AMBIENTES

(cont.)

Contexto e
Definição Exemplos
Ambiente

Social Constituído pela presença, relacionamentos e Pessoa: Amigos, colegas


expectativas de pessoas, organizações, populações.
Organização: Quadro de aconselhamento
• Disponibilidade e expectativas de pessoas de uma empresa
significativas tais como cônjuge, amigos e
População: Governo de uma cidade
cuidadores

• Relacionamentos com indivíduos, grupos ou


organizações

• Relacionamentos com sistemas (ex. político,


legal, económico) que influenciam o
estabelecimento de normas, expectativas
relacionadas com determinado papel e rotinas
sociais.

30
AVALIAÇÃO

Perfil ocupacional — Primeiro passo no processo de avaliação, aquele que dá um melhor entendimento da história
ocupacional e experiências do cliente, padrões da sua vida diária, interesses, valores e necessidades. Os problemas e
preocupações do cliente, acerca do desempenho de ocupações e actividades da vida diária, são identificados e as
prioridades do cliente são determinadas.

Análise do desempenho ocupacional — Momento do processo de avaliação durante o qual as características,


problemas ou potenciais problemas do cliente são identificados de modo mais específico. O desempenho é,
normalmente, observado em contexto de modo a identificar o que o suporta e o que o prejudica. As competências
de desempenho, padrões de desempenho, contexto ou contextos, requisitos da actividade e factores inerentes ao
cliente são todos considerados; porém, apenas podem ser avaliados os aspectos seleccionados. Os resultados
pretendidos são identificados.

INTERVENÇÃO

Plano de intervenção — Plano que irá conduzir as acções levadas a cabo, sendo desenvolvido em colaboração com o
cliente e baseado em teorias seleccionadas, quadros de referência e evidência. Os resultados a ser atingidos são
confirmados.

Implementação da intervenção — Acções levadas a cabo, ao longo do tempo, de modo a influenciar e a promover um
melhor desempenho por parte do cliente. As intervenções são direccionadas para os resultados pretendidos,
anteriormente identificados. A resposta do cliente é monitorizada e documentada.

Revisão da intervenção — Revisão do plano e processo de implementação, incluindo o seu progresso direccionado
aos resultados pretendidos.

RESULTADOS

(Promover a Saúde e Participação ao Longo da Vida, Através do Envolvimento em Ocupações)

Resultados — Determinação do sucesso no alcançar dos resultados pretendidos. A informação da avaliação dos
resultados é utilizada para planear acções futuras com o cliente e para avaliar o serviço (isto é, a avaliação do
programa).
FIGURA 5. PROCESSO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
O processo de prestação de serviços é aplicado no domínio da profissão para promover a saúde e participação do
cliente.

31
PROCESSO DE TERAPIA OCUPACIONAL
VISÃO GERAL novos desenvolvimentos e conhecimentos, no
decurso do mesmo.
Esta segunda edição do Enquadramento da
Prática de Terapia Ocupacional descreve o A terapia ocupacional envolve a facilitação da
processo que delineia a forma como os interacção entre o cliente, os ambientes ou
terapeutas ocupacionais operacionalizam os seus contextos e as actividades ou ocupações, como
conhecimentos na prestação de serviços aos suporte da saúde e participação ao longo da vida.
clientes (ver Figura 5). Este processo inclui Os terapeutas ocupacionais aplicam a teoria, a
avaliação, intervenção e monitorização de evidência, o conhecimento e as competências,
resultados; ocorre no âmbito do domínio; envolve respeitantes à utilização terapêutica de
a colaboração entre o terapeuta ocupacional e o ocupações, de forma a influenciar, positivamente,
cliente. Aos terapeutas ocupacionais é requerido a saúde, o bem-estar e a satisfação do cliente com
que tenham as credenciais apropriadas e que a sua vida.
actuem de acordo com os padrões éticos, as leis
vigentes e os requisitos necessários à realização A definição mais lata de cliente, incluída neste
de cada passo no processo da terapia documento, é indicadora do crescente
ocupacional. envolvimento da profissão na prestação de
serviços, não só a pessoas individuais mas
Em muitas profissões, é utilizado o processo de também a organizações e populações.
avaliação, intervenção e definição de resultados Independentemente de o cliente ser uma pessoa,
da intervenção. No entanto, apenas os terapeutas organização ou população, as suas vontades,
ocupacionais têm, como objectivo final do necessidades, riscos ocupacionais e problemas
processo, a promoção da saúde e participação ao são avaliados, sendo toda a informação recolhida,
longo da vida, através do envolvimento em sintetizada e enquadrada numa perspectiva
ocupações. Estes profissionais utilizam, também, ocupacional. Esta perspectiva é baseada em
as ocupações como um método de teorias, conhecimentos e competências, gerados
implementação da intervenção, através do e utilizados pela profissão, com base na evidência.
envolvimento dos clientes, ao longo do processo, As preocupações do cliente são tidas em
em ocupações seleccionadas pelo seu valor consideração relativamente a problemas ou riscos
terapêutico. É exclusiva desta profissão, a para o desempenho ocupacional.
utilização da ocupação, quer como meio quer
como fim (Trombly, 1995). Os profissionais de terapia ocupacional
desenvolvem uma relação colaborativa com os
Apesar de, para melhor organização, o clientes de modo a compreender as suas
Enquadramento descrever o processo de modo experiências e os seus desejos para a intervenção
linear, na realidade, este não ocorre (ver Figura 2). A abordagem colaborativa, que é
sequencialmente, passo-a-passo (ver Tabela 7). utilizada ao longo do processo, privilegia a
Em vez disso, o processo é fluído e dinâmico, contribuição do cliente e do terapeuta
permitindo aos terapeutas ocupacionais ocupacional. Os clientes trazem conhecimento
trabalhar, tendo como objectivo a obtenção de sobre as suas experiências de vida, esperanças e
resultados e, simultaneamente, reflectir sobre ele sonhos para o futuro; identificam e partilham as
e alterar o plano geral no sentido de o ajustar a suas necessidades e prioridades. Os terapeutas
ocupacionais trazem conhecimento sobre o modo
32
TABELA 7. OPERACIONALIZAÇÃO DO PROCESSO DE TERAPIA OCUPACIONAL
Avaliação Intervenção Resultados

Promover a Saúde
e Participação ao
Análise do Desempenho Implementação da Longo da Vida,
Perfil Ocupacional Plano de Intervenção Revisão da Intervenção
Ocupacional Intervenção através do
Envolvimento em
Ocupações

Identificar
• Sintetizar informação • Desenvolver um • Determinar os • Reavaliar o plano • Focar-se nos
• Quem é o sobre o perfil plano que inclua: tipos de com vista a atingir resultados na
cliente? ocupacional intervenção da os resultados medida em
• -Objectivos terapia pretendidos que os mesmos
• Por que é que o • Observar o mensuráveis e ocupacional, a ser se relacionam
cliente procura desempenho do concretos com um utilizados, • Modificar o plano, com a
os serviços? cliente na espaço de tempo levando-os a cabo consoante as promoção da
ocupação/actividade definido; necessidades saúde e
• Quais as desejada • Monitorizar a participação ao
ocupações e • -Abordagem de resposta do • Determinar a longo da vida,
actividades que • Ter, em atenção, a intervenção da cliente de acordo continuação, através do
são bem eficácia das terapia ocupacional com as contínuas interrupção ou o envolvimento
sucedidas e/ou competências e baseada em teorias avaliações e seguimento por em ocupações
quais as que padrões de e na evidência; reavaliações outro profissional
estão a causar desempenho; • Seleccionar
problemas? seleccionar • -Mecanismos para o medidas de
avaliações para fornecimento do avaliação dos
• Que contextos identificar factores serviço resultados
e ambientes (contexto(s) ou
suportam ou requisitos da • Considerar as • Medir os
inibem os actividade, factores necessidades e o resultados e a
resultados inerentes ao cliente) plano de alta sua
desejados? que podem estar a implementaçã
influenciar • Seleccionar as o
• Qual a história competências e medidas de
ocupacional do padrões de avaliação dos
cliente? desempenho resultados

• Quais as • Interpretar • Fazer


prioridades e os informação recomendações ou
resultados decorrente da referenciar a outros,
pretendidos avaliação para conforme for
pelo cliente? identificar aspectos necessário
facilitadores e
barreiras ao
desempenho.

• Desenvolver e refinar
hipóteses acerca dos
pontos fortes e
fracos do
desempenho
ocupacional do
cliente

• Colaborar com o
cliente na criação de
objectivos que vão ao
encontro dos
resultados
pretendidos

• Delinear áreas para a


intervenção,
baseadas na melhor
prática e nas
melhores evidências Continuar a renegociar planos de intervenção e resultados pretendidos

Interacção contínua entre a avaliação, intervenção e resultados decorre durante todo o processo
33
como o envolvimento em ocupações afecta a desempenho humano. Os terapeutas
saúde e o desempenho. Esta informação é ocupacionais também utilizam os seus
acoplada ao raciocínio clínico e perspectivas conhecimentos e competências na redução dos
teóricas do profissional para, de modo crítico, efeitos da doença, incapacidade e privação assim
observar, analisar, descrever e interpretar o como na promoção da saúde e bem-estar.

AVALIAÇÃO selecção e aplicação das várias teorias e


quadros de referência, ao longo do processo
O processo de avaliação inicia-se com uma
avaliativo. Assim, os conhecimentos e
análise feita pelo terapeuta ocupacional, focada
competências do terapeuta ocupacional, nestas
na percepção dos interesses e necessidades do
áreas, influenciam a informação recolhida ao
cliente, determinando o que este,
longo da avaliação. O conhecimento e a
efectivamente, pode fazer, o que já fez,
evidência acerca dos problemas de
identificando os factores que actuam enquanto
desempenho ocupacional e das condições de
facilitadores ou barreiras à saúde e
diagnóstico são utilizados para conduzir a
participação. A avaliação ocorre, tanto formal
recolha e síntese de informação com vista à sua
como informalmente, em todas as intervenções
interpretação e ao planeamento da
com o cliente. O tipo e o foco da avaliação
intervenção. As competências do terapeuta
diferem, dependendo do contexto da prática.
ocupacional para interpretar os resultados do
Essa avaliação consiste no perfil ocupacional e
total da avaliação conduzem a uma clara
na análise de desempenho ocupacional. O
delimitação dos pontos fortes e limitações que
perfil ocupacional inclui informação relativa ao
afectam o desempenho ocupacional do cliente.
cliente, suas necessidades e problemas, bem
como preocupações em áreas ocupacionais. A PERFIL OCUPACIONAL
análise do desempenho ocupacional focaliza-se O perfil ocupacional é definido como o
na recolha e interpretação da informação, resumo da informação que descreve a história
utilizando instrumentos de avaliação ocupacional, experiências, padrões de rotina
desenhados para observar, medir e questionar diária, interesses, valores e necessidades. Dado
os factores que suportam ou dificultam o que o perfil é traçado no sentido de criar um
desempenho ocupacional. entendimento das perspectivas e historial do
cliente, o seu formato varia dependendo de ser
Embora os métodos, através dos quais o
uma pessoa, uma organização ou uma
terapeuta ocupacional recolhe informações do
população. Utilizando uma abordagem
cliente, sejam descritos no Enquadramento,
centrada no cliente, o terapeuta ocupacional
separada e sequencialmente, na realidade, a
recolhe a informação necessária para perceber
informação é influenciada pelas necessidades
o que é, realmente, importante e significativo
da pessoa e pelo contexto no qual se trabalha.
para ele. O perfil inclui inquéritos relativos
A informação relativa ao perfil ocupacional é
àquilo que o cliente deseja e necessita de fazer,
recolhida ao longo do processo de terapia
tanto no presente quanto no futuro, bem como
ocupacional.
experiências passadas e interesses que possam
O conhecimento e as competências do auxiliar na identificação dos seus pontos fortes
terapeuta ocupacional, bem como os princípios e limitações. A clarificação da informação
teóricos e as argumentações constatadas, recolhida, durante a realização do perfil
guiam o seu raciocínio clínico no processo de ocupacional, delimita, subsequentemente, o

34
plano de intervenção e os resultados Quais as áreas de ocupação bem sucedidas e
identificados. Durante o processo de recolha de quais as que estão a criar problemas ou riscos
informação, são identificadas as prioridades do (ver Tabela 1)?
cliente e os resultados por este ambicionados,
Que contextos e ambientes facilitam ou limitam
levando a um maior envolvimento na ocupação
a participação e envolvimento em ocupações
para promover a saúde e participação. Os
desejadas?
clientes identificam as ocupações que lhes dão
sentido à vida e seleccionam os objectivos e as Qual a história ocupacional do cliente (ex.
prioridades que consideram importantes. experiências de vida, valores, interesses,
Valorizar e respeitar a colaboração do cliente, padrões prévios de envolvimento em
no processo terapêutico, ajuda a promover o ocupações e actividades da vida diária e
seu envolvimento e conduz a intervenções mais significados associados às mesmas)?
eficazes.
Quais as prioridades do cliente e que resultados
O processo e o tempo para se completar um deseja alcançar?
perfil ocupacional variam conforme as
circunstâncias. Os terapeutas ocupacionais Uma vez recolhidos e documentados os
podem recolher informação, formal ou dados para o perfil, o terapeuta revê a
informalmente, numa sessão ou ao longo de informação; identifica pontos fortes, limitações
um período mais alargado, enquanto durar o e necessidades do cliente; desenvolve uma
trabalho com o cliente em causa. Obter hipótese de trabalho, tendo em conta as
informação, tanto em entrevistas formais como possíveis razões para os problemas e
em conversas casuais, ajuda a estabelecer uma preocupações identificados. A informação
relação terapêutica com o cliente. Idealmente, contida no perfil ocupacional guia a selecção de
a informação obtida, durante o medidas de avaliação de resultados. Se o cliente
desenvolvimento do perfil ocupacional, conduz identificado é uma organização ou população,
a uma abordagem centrada no cliente, no que os pontos fortes e as limitações serão as que
diz respeito à avaliação, planeamento de afectam a entidade colectiva em detrimento do
intervenção e implementação das fases da indivíduo.
mesma.
ANÁLISE DO DESEMPENHO OCUPACIONAL
Especificamente, a informação recolhida O desempenho ocupacional é a realização da
responde às seguintes questões: ocupação seleccionada, resultante de uma
interacção dinâmica entre o cliente, o contexto,
Quem é o cliente (pessoa, incluindo família, o ambiente e a actividade. A avaliação do
cuidadores, pessoas significativas; organização desempenho ocupacional inclui um ou mais dos
ou população)? seguintes pontos:
Por que está o cliente à procura do serviço e Sintetizar informação do perfil ocupacional para
quais as suas actuais preocupações focar em áreas específicas de ocupação e em
relativamente ao envolvimento em ocupações e contextos que necessitam de ser analisados;
actividades da vida diária?
Observar a prestação do cliente no decorrer de
actividades relevantes para as ocupações em

35
causa, observando a eficácia das competências formais ou informais, estruturadas ou não
e padrões de desempenho; estruturadas e critérios estandardizados ou
normalizados. É dada preferência às avaliações
Seleccionar e utilizar avaliações específicas para
estandardizadas, sempre que apropriadas, de
medir competências e padrões de desempenho,
forma a garantir dados objectivos,
conforme o caso;
relativamente a vários aspectos do domínio,
Seleccionar instrumentos de avaliação, quando que influenciam o envolvimento e o
necessário, para, mais especificamente, desempenho. “Obter informação fiável e
identificar e medir contextos ou ambientes, válida, através da utilização de avaliações
requisitos da actividade e factores inerentes ao estandardizadas, proporciona um elevado nível
cliente que possam influenciar competências e de segurança que pode fundamentar a
padrões de desempenho; necessidade dos serviços de terapia
ocupacional” (Gutman, Mortera, Hinojosa &
Interpretar os dados da avaliação para Kramer, 2007, p. 121).
identificar o que pode estar a suportar e/ou
dificultar o desempenho; A análise de actividades é um processo
importante utilizado pelos terapeutas
Desenvolver e definir hipóteses relativas ocupacionais de modo a perceberem as
aos pontos fortes e às limitações ocupacionais necessidades que uma determinada e desejada
do cliente; actividade coloca ao cliente. “A análise de
actividades foca-se nas exigências habituais de
Criar, em colaboração com o cliente,
uma actividade, na variedade de competências
objectivos que vão ao encontro dos resultados
envolvidas e nos diversos significados culturais
desejados;
que lhe podem ser atribuídos.” (Crepeau, 2003,
Determinar procedimentos que meçam p. 192). Quando se termina a análise de uma
os resultados da intervenção e delinear uma actividade, que o cliente deseja e necessita de
possível abordagem ou abordagens fazer, e se percebem os requisitos envolvidos, é
interventivas; feita a sua comparação com as competências e
habilidades específicas do cliente.
Delinear a ou as potenciais abordagens
de intervenção, de acordo com as práticas mais A análise de actividades baseada na
adequadas, dependendo da evidência ocupação coloca a pessoa [cliente] em
primeiro plano porque tem em consideração
existente.
os interesses, objectivos e habilidades da
Múltiplos métodos são, frequentemente, pessoa em particular [cliente], bem como as
utilizados, durante o processo de avaliação, de exigências da própria actividade. Estas
forma a perceber o cliente, o contexto, a considerações traçam os esforços do
terapeuta com vista a ajudar a …pessoa
ocupação ou actividade e o desempenho
[cliente] a alcançar os seus objectivos, através
ocupacional. Tais métodos podem incluir uma
de uma avaliação e intervenção,
entrevista com o cliente e pessoas significativas, cuidadosamente, delineadas (Crepeau, 2003,
a observação do desempenho em contexto, p. 193).
uma revisão dos registos e a avaliação directa
de aspectos específicos do desempenho. Observar os contextos e ambientes em que o
Podem ser utilizadas ferramentas de avaliação, desempenho ocupacional ocorre, ou pode

36
ocorrer, proporciona um olhar aprofundado
sobre influências subliminares e enraizadas ao “O resultado mais alargado e
envolvimento. O contexto e o ambiente externo abrangente do processo de
(ex. ambiente físico e social, contextos virtuais)
intervenção da terapia
oferecem os meios que suportam ou inibem o
desempenho do cliente (ex. largura das portas, ocupacional é o apoio à saúde e
como parte do ambiente físico, permitindo o participação na vida activa,
acesso a cadeiras de rodas; presença ou
através do envolvimento em
ausência de um prestador de cuidados, como
parte do ambiente social; acesso a um ocupações.”
computador para comunicar, como parte do
contexto virtual). Ambientes diferentes (ex. sobre os outros – individual e colectivamente.
comunidades, instituições, casas) oferecem Tendo um conhecimento do modo como cada
diferentes meios e recursos à prestação de um desses aspectos influencia, dinamicamente,
serviços (ex. a avaliação de uma criança ou os outros, os terapeutas ocupacionais podem
bebé num hospital, sem a presença dos avaliar melhor como os mesmos contribuem
cuidadores primários, leva a resultados para o desempenho do cliente e para as
diferentes, comparativamente à mesma intervenções que o suportam.
avaliação feita em casa com um dos pais). Quando se trata de trabalhar com
O contexto individual do cliente afecta a organizações ou com populações, os terapeutas
prestação de serviços porque influencia as ocupacionais têm em consideração o
crenças, percepções e expectativas pessoais. O desempenho ocupacional colectivo dos
contexto cultural existe entre grupos pequenos membros desses grupos.
de indivíduos inter-relacionados, como a família
INTERVENÇÃO
nuclear, e em grupos mais alargados de
indivíduos, como a população de um país ou O processo de intervenção consiste num
grupos étnicos. As expectativas, crenças e conjunto de acções desenvolvidas pelos
costumes de diversas culturas podem afectar a terapeutas ocupacionais, em colaboração com
identidade e as escolhas das actividades por os seus clientes, de forma a facilitar o
parte do cliente e têm de ser equacionadas envolvimento nas ocupações relacionadas com
quando se avalia a forma como e quando o saúde e participação. Os terapeutas
serviço vai ser prestado. Note-se que, na Figura ocupacionais utilizam a informação recolhida
2, contexto e ambiente são descritos como sobre o cliente durante o processo de avaliação
envolvendo e suportando o processo. e, ainda, princípios teóricos para implementar
intervenções centradas na ocupação. A
A análise do desempenho ocupacional intervenção é, então, proporcionada de modo a
requer um conhecimento de interacções auxiliar o cliente a alcançar bem-estar físico,
complexas e dinâmicas entre competências e mental e social; identificar e compreender as
padrões de desempenho, contexto, ambiente, suas expectativas; satisfazer necessidades;
requisitos da actividade e factores inerentes ao modificar ou fazer face ao ambiente. Diversos
cliente. Os terapeutas ocupacionais tipos de intervenção da terapia ocupacional são
supervisionam cada um destes aspectos e apresentados na Tabela 8.
observam a importância que cada um tem
37
TABELA 8. TIPOS DE INTERVENÇÃO EM TERAPIA OCUPACIONAL

USO TERAPÊUTICO DO EU – Utilização consciente da sua personalidade, entendimento, percepções e julgamento, por
parte do profissional de terapia ocupacional, como parte do processo terapêutico (adaptado de Punwar & Peloquin,
2000, p. 285).

USO TERAPÊUTICO DE OCUPAÇÕES E ACTIVIDADESa – Ocupações e actividades seleccionadas para clientes específicos
e que vão ao encontro dos objectivos terapêuticos. Para utilizar actividades e ocupações de forma terapêutica, o
contexto ou contextos, os requisitos da actividade e os factores inerentes ao cliente devem ser considerados
relativamente aos objectivos terapêuticos definidos. A utilização de tecnologias de apoio, a aplicação de princípios de
design universal e as modificações do ambiente suportam a capacidade do cliente no seu envolvimento em ocupações.

Intervenções com base na Objectivo: O cliente concentra-se em ocupações delineadas para si e que vão
ocupação ao encontro dos objectivos identificados.
Exemplos:
Completa a higiene pessoal matinal e veste-se, utilizando acessórios
adequados
Compra produtos alimentares e prepara refeições
Utiliza o sistema de transportes
Concorre a um emprego
Diverte-se em parques e utiliza equipamentos de lazer da comunidade
Participa em festivais da sua comunidade
Estabelece um padrão de auto-cuidados e actividades de relaxamento, ao
preparar-se para dormir
Actividades com propósito Objectivo: O cliente envolve-se em actividades específicas seleccionadas,
permitindo-lhe o desenvolvimento de competências que reforcem o seu
envolvimento ocupacional
Exemplos:
Pratica a selecção de roupas e como as vestir/despir e apertar
Pratica formas seguras para entrar e sair da banheira
Pratica a elaboração de listas de alimentos e o uso de trem de cozinha
Pratica a utilização de mapas e a leitura de horários de transportes
públicos
Relembra como responder a um questionário e/ou formulário
Pratica a utilização de equipamentos desportivos e de lazer
Ensaia formas de cumprimentar pessoas e iniciar uma conversa
Pratica a utilização de switchs para controlar o ambiente doméstico
Métodos preparatórios Objectivo: O terapeuta selecciona métodos e técnicas que preparam o cliente
para o desempenho ocupacional. São utilizados como preparação ou, em
simultâneo, com as actividades com propósito ou com base na ocupação.
Exemplos:
Proporciona o enriquecimento sensorial, promovendo estados de alerta
Administra agentes físicos com vista à preparação dos músculos para o
movimento

38
TABELA 8. TIPOS DE INTERVENÇÃO EM TERAPIA OCUPACIONAL

(cont.)

Guia a pessoa na imaginação de imagens e no exercício de uma respiração


rítmica para promover o descanso e o relaxamento
Selecciona próteses que facilitem o movimento
Sugere um programa de exercício físico, em casa, praticando Pilates e Yoga
Providencia exercícios de fortalecimento das mãos, utilizando silicone ou
theraband
Treina a assertividade, como preparação para o self-advocacy
PROCESSO DE CONSULTADORIA – Tipo de intervenção em que os terapeutas ocupacionais aplicam os seus
conhecimentos e mestria para colaborar com o cliente. O processo colaborativo envolve identificar o problema, criar
e experimentar possíveis soluções e alterá-las, sempre que necessário, para garantir a sua eficácia. Quando se está
num processo de consultadoria, o terapeuta não é directamente responsável pelos resultados da intervenção (Dunn,
2000a, p. 113).

Pessoa Aconselha a família quanto a soluções arquitectónicas


Aconselha a família no estabelecimento de rotinas de preparação do sono
das crianças
Organização Recomenda a uma empresa modificações nos padrões de trabalho e
utilização de postos de trabalho, ergonomicamente desenhados
Recomenda estratégias de evacuação, em caso de acidente, a
comunidades residenciais, tendo em consideração os acessos e barreiras
ambientais existentes
População Aconselha cidadãos idosos na condução de veículos

PROCESSO DE EDUCAÇÃO – Processo de intervenção que envolve a partilha de conhecimento e informação sobre
ocupação, saúde e participação mas que não resulta, efectivamente, no desempenho em actividades/ocupações.

Pessoa Ensina um professor a utilizar estratégias sensoriais reguladoras

Organização Ensina a equipa de uma instituição de sem-abrigo a estruturar as


actividades do dia-a-dia e de lazer para as pessoas que a frequentam
População Aconselha as entidades oficiais, responsáveis por uma comunidade, acerca
das mais-valias e das estratégias para tornar os passeios e as bicicletas
acessíveis a toda a comunidade
ADVOCACY – Esforços direccionados no sentido de promover a justiça ocupacional, dando aos clientes o poder para
procurar e obter os recursos necessários à sua participação em ocupações diárias.

Pessoa Colabora com o indivíduo, no sentido de proporcionar condições


adequadas no seu local de trabalho
Organização Presta serviços à direcção de uma organização, coordenando o apoio
domiciliário a pessoas com deficiência

39
TABELA 8. TIPOS DE INTERVENÇÃO EM TERAPIA OCUPACIONAL

(cont.)

População Colabora com adultos com doença mental grave no sentido de


criar consciência pública quanto ao impacto do estigma
Colabora e aconselha as fontes de financiamento público para as
populações com incapacidade, no sentido da inclusão de
indivíduos com cancro numa fase anterior à sua remissão
a
Informação adaptada de Pedretti e Early (2001)

Pretende-se que a intervenção se dirija à exemplo, grupos com deficiência, veteranos em


promoção da saúde. A promoção da saúde é situação de sem-abrigo ou refugiados.
definida como “o processo que capacita o
O termo pessoa inclui, também, outros que
indivíduo a ganhar controlo e a melhorar a sua
podem auxiliar, ou serem indirectamente
saúde” (WHO, 1986).
auxiliados, tais como prestador de cuidados,
Wilcock (2006) afirma que “Seguir uma professor, pai, empregado, cônjuge. Quando se
abordagem de promoção da saúde e do bem-estar, focaliza a prestação de serviços no indivíduo ou
focada na ocupação, implica que se acredite que a num pequeno grupo de indivíduos, que apoie
primeira preocupação se deve centrar no potencial ou cuide do cliente que necessite dos serviços
para o que a pessoa pode fazer, ser e esforçar-se (ex. cuidador, professor, companheiro,
por vir a ser, sendo a saúde um produto daqui
empregado, cônjuge), o profissional dirige a sua
derivado. Um estilo de vida ocupacional variado e
intervenção com base nos factores do cliente;
rico irá, consequentemente, manter e melhorar a
saúde e o bem-estar uma vez que capacita a pessoa
competências e padrões de desempenho em
para ser não só criativa mas também física, mental e questão; contexto e ambiente; requisitos da
socialmente arrojada. (p. 315) actividade que influenciem o desempenho
ocupacional nas ocupações que o indivíduo
As intervenções podem variar dependendo deseja ou necessita de realizar. O foco da
do cliente – pessoa, organização ou população intervenção é modificar o ambiente/contexto;
– e do contexto no qual o serviço é prestado os requisitos ou padrões da actividade;
(Moyers & Dale, 2007). A terminologia utilizada promover a saúde; estabelecer, ou
para identificar os clientes varia, ainda, de restabelecer, e manter o desempenho
acordo com o tipo de contextos em que ocupacional de forma a prevenir, no futuro,
decorrem os serviços e os modelos dos incapacidades e problemas de desempenho
mesmos; por exemplo, trabalhando num ocupacional.
hospital, a pessoa pode ser identificada como
paciente e trabalhando, numa escola, pode ser As intervenções prestadas a organizações
estudante, professor, familiar ou são planeadas de modo a influenciar a
administrativo. Quando se garante serviços a organização em causa, indo ao encontro das
uma organização, o cliente pode ser necessidades dos seus membros, consumidores
identificado como consumidor. Quando se ou diferentes elementos interessados
presta assistência a uma população, o cliente (stakeholders), da forma mais eficaz e eficiente.
pode ser uma entidade específica como, por Os profissionais focalizam-se nas características
da organização ou agência, missão, valores,
40
cultura e estrutura organizacional, políticas e intervenção. Durante o processo de
procedimentos, sistema e ambiente natural. Os intervenção, a informação resultante da
profissionais avaliam até que ponto cada uma avaliação é integrada na teoria; modelos de
dessas questões auxilia ou impede o boas práticas; quadros de referência; evidência.
desempenho dos indivíduos dentro da Esta informação guia o raciocínio clínico do
organização no seu todo; por exemplo, para terapeuta ocupacional no desenvolvimento,
habilitar o pessoal de enfermagem de uma implementação e revisão do plano de
unidade especializada a prestar um serviço de intervenção.
qualidade, um terapeuta ocupacional pode
PLANO DE INTERVENÇÃO
recomendar que as paredes de cada corredor
O plano de intervenção orienta as acções do
sejam pintadas de cores diferentes,
terapeuta ocupacional, descreve as abordagens
proporcionando aos residentes uma mais
da terapia ocupacional e os tipos de
rápida identificação dos seus quartos.
intervenções seleccionados de forma a atingir
As intervenções direccionadas a populações os resultados identificados pelo cliente. O plano
destinam-se a todos os membros do grupo, de de intervenção é elaborado em colaboração
forma colectiva e não individualmente. Os com o cliente e baseia-se nas suas prioridades e
terapeutas ocupacionais dirigem as suas objectivos. Dependendo de o cliente ser uma
intervenções a potenciais ou actuais problemas pessoa, organização ou população, outros como
de saúde bem como a condições incapacitantes familiares, pessoas significativas, membros de
da população ou comunidade. O seu objectivo é uma direcção, prestadores de serviços e grupos
melhorar a saúde de todas as pessoas da comunitários, podem, igualmente, colaborar no
população, garantindo serviços e apoios que desenvolvimento do plano. O plano de
possam ser implementados dentro da intervenção é orientado por:
comunidade para melhorar o desempenho
Objectivos, valores, crenças e
dessa população. A intervenção centra-se,
necessidades ocupacionais do cliente;
maioritariamente, em actividades que
promovam a saúde, em ensino de estratégias Saúde e bem-estar do cliente;
de autogestão e em modificações do ambiente;
por exemplo, os terapeutas ocupacionais Competências e padrões de
podem conceber programas de apoio desempenho do cliente;
alimentar, em centros de dia, dirigidos a
Influência colectiva do contexto,
famílias carenciadas de áreas metropolitanas
ambiente, requisitos da actividade e
populosas, implementados por estudantes
factores do cliente;
universitários, em regime de voluntariado; os
terapeutas podem trabalhar com uma grande Contexto da prestação de serviços onde
variedade de populações com dificuldades em a intervenção vai ser providenciada (ex.
aceder ou a envolver-se em ocupações expectativas do cuidador, objectivo da
saudáveis, devido a condições como pobreza, organização, requisitos da entidade
sem-abrigo ou discriminação. pagadora, regulamentações aplicáveis);

O processo de intervenção é dividido em três As melhores evidências disponíveis.


fases: 1) plano de intervenção; 2)
implementação da intervenção; 3) revisão da
41
A selecção e o desenho do plano e os atingir mudanças positivas no envolvimento do
objectivos da intervenção estão, directamente, cliente, numa ocupação, na saúde e na
relacionados com os problemas actuais e participação.
potenciais do cliente, no seu envolvimento em
As intervenções podem centrar-se num único
ocupações ou actividades. O plano de
aspecto do domínio como, por exemplo, num
intervenção inclui os seguintes passos:
padrão de desempenho específico ou em vários
1. Desenvolver o plano. O terapeuta aspectos do domínio tais como padrões de
ocupacional desenvolve o plano com o cliente. desempenho, competências de desempenho e
O plano inclui: contexto. Dado que os factores estão
interligados, e se influenciam mutuamente num
Objectivos mensuráveis e concretos
processo dinâmico e contínuo, os terapeutas
dentro de um intervalo de tempo definido
ocupacionais esperam que o cliente tenha a
Abordagem ou abordagens de capacidade de se adaptar, mudar e desenvolver
intervenção da terapia ocupacional (ver numa área que irá afectar as outras. Devido a
Tabela 9) esta inter-relação dinâmica, a avaliação e o
planeamento da intervenção continuam
- Criar ou promover durante o processo de implementação. A
implementação da intervenção inclui os
- Estabelecer ou restabelecer
seguintes passos:
- Manter
1. Determinar e colocar em prática o tipo
- Modificar de intervenção ou intervenções de terapia
ocupacional (ver Tabela 8)
- Prevenir
Uso terapêutico do eu
Mecanismos para a garantia do serviço
Uso terapêutico de ocupações e
- Indivíduos que garantam a intervenção
actividades
- Tipos de intervenção
- Intervenções com base na ocupação
- Frequência e duração dos serviços
- Actividades com propósito
2. Considerar potenciais necessidades e
- Métodos preparatórios
planos de alta
Processo de Consultadoria
3. Seleccionar medidas de avaliação dos
resultados Processo Educativo

4. Recomendar ou referir para outros, Advocacy.


sempre que necessário.
2. Supervisionar as respostas do cliente à
IMPLEMENTAÇÃO DA INTERVENÇÃO intervenção, através de avaliação contínua e
A implementação da intervenção é o reavaliação da sua evolução, na persecução dos
processo de colocar o plano em prática. Envolve objectivos.
alteração dos factores do cliente, actividade,
contexto e ambiente, tendo como objectivo
42
TABELA 9. ABORDAGENS DE INTERVENÇÃO EM TERAPIA OCUPACIONAL

Estratégias específicas seleccionadas para dirigir o processo de intervenção, baseadas nos resultados desejados pelo
cliente, na avaliação dos dados e na evidência.
Abordagem Foco de intervenção Exemplos

Criar, promover (promoção Competências de Criar uma aula de pais, no sentido de ajudar casais com o
da saúde)a – Abordagem de desempenho primeiro filho a envolverem as suas crianças em jogos e
intervenção que não parta brincadeiras apropriadas ao seu desenvolvimento
do pressuposto de que Promover o controlo eficaz do stresse, criando rotinas de
Padrões de
existe uma incapacidade no rentabilização do tempo em clientes saudáveis
desempenho
presente ou que existem
condições que interfiram
Contexto(s) e Promover uma diversidade de experiências sensoriais
com o desempenho. Esta
ambiente(s) físico(s) lúdicas, recomendando uma variedade de equipamentos
abordagem é delineada de
para parques e outras áreas de recreação
modo a promover um
contexto mais rico e Requisitos da Servir comida caseira na área comum de refeições de
experiências de actividade actividade forma a proporcionar a socialização
que melhorem o
desempenho para todos os Factores inerentes Promover o aumento da resistência, recomendando
indivíduos, em contextos ao cliente (funções actividades ao ar livre para as crianças, nas férias
naturais de vida (adaptado do corpo, escolares
de Dunn, McClain, Brown & estruturas do Delinear um programa de dança para seniores,
Youngstrm, 1998, p. 534). corpo) fomentando a resistência e a flexibilidade

Estabelecer, restabelecer Competências de Providenciar cadeiras de escritório ajustáveis para


(correcção, reabilitação)a - desempenho melhorar a posição do cliente
Abordagem de intervenção
Trabalhar com centros comunitários para idosos de modo
delineada para modificar as
a oferecer programas educacionais com o objectivo de
variáveis do cliente, para
melhorar as capacidades de condução de cidadãos com 65
criar uma habilidade ou
anos ou mais
competência, que ainda não
tenha sido desenvolvida, ou Padrões de Colaborar com os clientes no sentido de os ajudar a
para restabelecer uma desempenho estabelecer rotinas matinais necessárias para chegar a
habilidade ou competência horas à escola ou ao trabalho
que tenha ficado danificada Promover aulas para pacientes com cancro e suas famílias
(adaptado de Dunn et. al., que ajudem a lidar com o cansaço
1998; p.533).
Colaborar com os clientes, ajudando-os a estabelecer
rotinas saudáveis de sono e de despertar
Desenvolver programas de caminhada, nos centros
comerciais locais, para funcionários e membros da
comunidade
Factores inerentes Apoiar aulas diárias de educação física para toda a
ao cliente (funções população de crianças de uma escola com o objectivo de
do corpo, aumentar a sua força e resistência física
estruturas do
Colaborar com escolas e empresas, no sentido de
corpo)
estabelecer modelos de design universal em edifícios,
salas de aulas e outros

43
TABELA 9. ABORDAGENS DE INTERVENÇÃO EM TERAPIA OCUPACIONAL
(cont.)

Aumentar, gradualmente, o tempo necessário para


terminar um jogo de computador de forma a alargar o
tempo de concentração do cliente
Abordagem Foco de intervenção Exemplos
Manter – Abordagem de Competências de Manter a habilidade do cliente para organizar as
intervenção delineada para desempenho ferramentas, pintando um quadro com a sua forma
oferecer ao cliente o delineada
suporte que lhe permitirá
Desenvolver um programa de reciclagem de
preservar as competências
conhecimentos para as indústrias de forma a lembrar os
de desempenho, que voltou
funcionários da necessidade contínua de utilizarem os
a adquirir, e/ou continue a
equipamentos e conhecimentos de protecção no trabalho
ir ao encontro das suas
necessidades ocupacionais. Promover programas para idosos, em lares ou centros de
O pressuposto é que, sem dia, de modo a não perderem as suas capacidades
uma manutenção contínua motoras e de praxis
da intervenção, o
desempenho irá decair e/ou
as necessidades
ocupacionais não serão
atingidas, resultando na
afectação da saúde e
qualidade de vida.

Padrões de Garantir que o cliente mantém um horário adequado à


desempenho medicação, providenciando-lhe um auxiliar de memória
com alarme
Estabelecer padrões de desempenho ocupacional de
modo a manter um estilo de vida saudável, após uma
perda significativa de peso
Contexto(s) ou Manter um acesso seguro e independente aos indivíduos
ambiente(s) físico(s) com baixa visão, recomendando um aumento de pontos
de luz nos corredores
Em caso de desastre natural, trabalhar em estruturas
denominadas “albergues”, proporcionando actividades
lúdicas e de lazer aos refugiados ou outros de modo a
construir um ambiente que se assemelhe à normalidade
Incorporar princípios do design universal nas casas,
permitindo que os indivíduos envelheçam nas suas
habitações
Requisitos da Manter a jardinagem, como actividade, para pessoas com
actividade artrite nas mãos, recomendando ferramentas com pegas
modificadas ou mais largas, bancos para se sentarem
durante a actividade, utilizar canteiros subidos, etc.

44
TABELA 9. ABORDAGENS DE INTERVENÇÃO EM TERAPIA OCUPACIONAL
(cont.)
Factores inerentes Proporcionar actividades multi-sensoriais nas quais os
ao cliente (funções residentes em lares possam participar de forma a
do corpo, manterem-se alerta
estruturas do
Providenciar acessórios manuais com suporte no polegar
corpo)
para serem utilizados pelos clientes, em períodos de
actividade stressante ou intensa e prolongada, de modo a
evitar dor nas articulações
Abordagem Foco de intervenção Exemplos
Modificar (compensar, Padrões de Providenciar uma tabela visual que ajude os alunos a
adaptar)a – Abordagem de desempenho seguir rotinas, facilitando a transição entre as actividades
intervenção dirigida à na escola e em casa
“procura de meios para
Simplificar sequências de tarefas, ajudando um indivíduo
modificar o contexto actual
com fraca cognição a completar a sua rotina de higiene
ou os requisitos da
matinal
actividade de forma a
suportar o desempenho, no
seu contexto natural,
incluindo técnicas
compensatórias [tais
como]…, realçando algumas
características de forma a
providenciar pistas ou
reduzir outras para diminuir
a distracção” (Dunn et. al.,
1998, p. 533).

Contexto(s) e Ajudar uma família na construção de uma rampa, em casa,


ambiente(s) físico(s) para um membro familiar que regresse após reabilitação
física
Aconselhar-se com empreiteiros, aquando da construção
de uma casa, de forma a proporcionar às famílias a criação
de espaço para a habitação dos pais na velhice (ex. quarto
e casa de banho completa no andar principal de uma
residência com vários pisos)
Alterar a quantidade de pessoas, numa sala, de modo a
reduzir factores de distracção no cliente
Requisitos da Adaptar as superfícies de escrita nas salas de aulas do 4º
actividade ano, acrescentando tampos inclinados e ajustáveis
Apoiar um cliente com doença terminal bem como a sua
família, modificando as tarefas de cada um para manter o
envolvimento
Consultar os funcionários da escola sobre a localização de
tomadas, facilitando o acesso aos computadores,
dispositivos de comunicação aumentativa e de controlo

45
TABELA 9. ABORDAGENS DE INTERVENÇÃO EM TERAPIA OCUPACIONAL
(cont.)

ambiental

Providenciar um assento, no local de trabalho, que


permita a um cliente, com reduzida capacidade para se
manter de pé, continuar a desempenhar a sua actividade
Abordagem Foco de intervenção Exemplos
Prevenir (prevenção da Padrões de Prevenir más posturas quando o cliente tiver de
incapacidade)a – desempenho permanecer sentado, por longos períodos, oferecendo
Abordagem de intervenção cadeiras com suportes apropriados para as costas
destinada a clientes, com ou
sem disfunções, que se
encontrem em risco a nível
do desempenho
ocupacional. Esta
abordagem destina-se a
prevenir o aparecimento ou
evolução de barreiras ao
desempenho, no seu
contexto. As intervenções
podem ser dirigidas a
clientes, contextos ou
variáveis da actividade
(adaptado de Dunn et. al.,
1998, p. 534).

Padrões de Ajudar na prevenção do uso de substâncias químicas


desempenho ilícitas, introduzindo estratégias de rotina diária, iniciadas
pelo próprio, que apoiem comportamentos livres de
drogas
Contexto(s) ou Prevenir o isolamento social, promovendo a participação
ambiente(s) físico(s) em actividades de grupo, após o trabalho
Reduzir o risco de quedas, modificando o ambiente e
removendo perigos identificados em casa (ex. tapetes)
Requisitos da Prevenir lesões nas costas, providenciando instrução
actividade sobre o modo como levantar objectos adequadamente
Factores inerentes Prevenir lesões por stresse de repetição, sugerindo aos
ao cliente (Funções clientes que utilizem equipamentos de apoio ao pulso
do corpo, quando têm de processar texto
Estruturas do
Consultar cadeias de hotéis para oferecer programas de
corpo)
educação ergonómica destinados a prevenir lesões nas
costas dos empregados de limpeza
a
Outra nomenclatura usada por Moyers and Dale (2007, p. 34)
46
REVISÃO DA INTERVENÇÃO ocupacional a uma instituição de sem-abrigo
A revisão da intervenção é o processo (organização); (3) a angariação de fundos para a
contínuo de reavaliação e revisão do plano de implementação de grupos de apoio para os
intervenção, da eficácia obtida por este e do cuidadores de pessoas com Alzheimer, nos EUA
progresso com vista à obtenção de resultados. (população).
À semelhança do planeamento da intervenção,
este processo conta com a colaboração do RESULTADOS
cliente, em função dos seus objectivos. O resultado mais alargado e abrangente do
Dependendo de o cliente ser uma pessoa, processo de intervenção da terapia ocupacional
organização ou população, os vários é apoiar a saúde e a participação na vida activa,
intervenientes como, por exemplo, os membros através do envolvimento em ocupações. Esta
da família, pessoas significativas, membros de premissa traduz a crença da profissão de que o
uma direcção, prestadores de serviços e grupos envolvimento activo em ocupações promove,
comunitários, podem, igualmente, colaborar na facilita e mantém a saúde e a participação. Os
revisão da intervenção. A reavaliação e a resultados são vistos como importantes
revisão podem conduzir a mudanças no plano dimensões da saúde, reflectindo a intervenção,
de intervenção. incluindo a capacidade para funcionar, as
percepções com a saúde e a satisfação com os
A revisão da intervenção inclui os seguintes
cuidados (adaptado de Request for Planning
passos:
Ideas, 2001). Os resultados são o produto final
1. Reavaliação do plano e o modo como é do processo de terapia ocupacional e atestam o
implementado de forma a atingir os resultados que este tipo de intervenção pode conseguir
pretendidos para com os seus clientes.

2. Modificação do plano sempre que for Os três conceitos inter-relacionados, que se


necessário incluem nos resultados globais da profissão, são
definidos como:
3. Determinação da necessidade de
continuar ou cessar os serviços de terapia 1 – Saúde – “Conceito positivo enfatizando
ocupacional ou encaminhar para outros os recursos pessoais e sociais bem como as
serviços. capacidades físicas” (WHO; 1986).

A revisão da intervenção pode incluir 2 – Participação – “Envolvimento numa


medidas de avaliação, que analisem o modo situação da vida” (WHO, 2001, p. 10). A
como os serviços de terapia ocupacional estão a participação acontece, naturalmente,
ser prestados, incluindo, por exemplo, a análise quando os clientes se encontram
da satisfação do cliente e a sua percepção sobre activamente envolvidos em ocupações ou
os benefícios da terapia ocupacional (adaptado em actividades da vida diária significativas e
de Maciejewcki, Kawiecki & Rockwood, 1997). com objectivo, num contexto desejado.
Pode incluir-se, como exemplos, (1) uma carta Outros resultados específicos da intervenção
de agradecimento por parte da família de uma da terapia ocupacional são
criança com espinha bífida (pessoa); (2) um multidimensionais e apoiam o resultado final
pedido de serviços adicionais de terapia da participação (ver Tabela 10).
47
3 – Envolvimento na ocupação – O desejadas, é vital para qualquer avaliação de
compromisso feito com o desempenho de resultados. Como termo de comparação, e em
ocupações, como resultado de uma escolha, colaboração com o cliente, o terapeuta
motivação e significado, inclui aspectos ocupacional pode rever o perfil ocupacional de
objectivos e subjectivos da realização de forma a avaliar mudanças.
actividades significativas e propositadas para
Os benefícios da terapia ocupacional são
a pessoa, organização ou população. A
multifacetados e podem ocorrer em todos os
intervenção da terapia ocupacional foca-se
aspectos do domínio em causa. Apoiar a saúde
na criação ou facilitação de oportunidades
e a participação activa na vida, através do
que permitam o envolvimento nessas
envolvimento numa ocupação, é o resultado
ocupações.
mais abrangente da intervenção. São, ainda,
Para determinar o sucesso do cliente na resultados importantes a melhoria do
obtenção de saúde e participação activa na desempenho do cliente em ocupações, a
vida, através do envolvimento em ocupações, felicidade percebida, a auto-eficácia e a
os terapeutas ocupacionais avaliam resultados esperança da sua vida; por exemplo, pais, cujos
observáveis. Esta avaliação tem em conta as filhos tenham recebido terapia ocupacional,
relações hipoteticamente formuladas de entre valorizaram o facto de entenderem, por outro
os vários aspectos do desempenho ocupacional; prisma, os comportamentos dos filhos e de
por exemplo, a habilidade do cliente para adquirirem competências parentais mais
utilizar as competências de desempenho na sua eficazes (Cohn, Miller & Tickle-Degnan, 2000).
rotina (padrões de desempenho) e o aumento As intervenções delineadas para cuidadores
da força ou amplitude de movimento (funções que trabalhem com indivíduos com demência
do corpo) que permitam envolver-se na gestão melhoram a qualidade de vida tanto de quem
da casa (AVDI). recebe como de quem oferece os cuidados. Os
cuidadores que receberam intervenção
As crenças e pressupostos, subjacentes ao
assinalavam menor declínio no desempenho
desempenho ocupacional do cliente,
ocupacional dos receptores de cuidados, menor
encontram--se implícitos em qualquer avaliação
necessidade de ajuda, maior auto-eficácia e
de resultados utilizada pelos terapeutas
maior bem-estar consigo próprios (Gitlin &
ocupacionais. As ferramentas de avaliação e as
Corcoran, 2005; Gitlin, Corcoran, Winter, Boyce
medidas variáveis tornam-se, muitas vezes, na
& Hauck, 2001; Gitlin et. al., 2003).
definição operacional dos resultados. Assim, os
terapeutas ocupacionais seleccionam os Os resultados, para os indivíduos, podem
resultados a ser medidos, em função das incluir impressões subjectivas, relacionadas
necessidades e desejos do cliente, congruentes com os objectivos, tais como uma melhor
com modelos teóricos que influenciam a aparência, confiança, esperança, alegria, auto-
prática, baseados nos conhecimentos das eficácia, manutenção de actividades às quais se
propriedades métricas de instrumentos dê valor, resiliência ou bem-estar
estandardizados, ou na validação e protocolos percepcionado. Os resultados podem incluir,
de instrumentos não estandardizados, bem também, progressos mensuráveis em factores
como na evidência disponível. Para além disto, relacionados com o desempenho ocupacional,
a percepção do sucesso, por parte do cliente, tais como integridade da pele, quantidade de
quando este se envolve em ocupações horas de sono, resistência, desejo, iniciativa,
48
equilíbrio, competências visuomotoras, níveis populações podem incluir a promoção da
de participação, participação em actividades e saúde, justiça social e acesso a serviços. As
reintegração na comunidade. Os resultados definições e conotações dos resultados são
para organizações podem incluir um aumento específicas para pessoas, organizações e
da motivação, no local de trabalho, aumento da populações bem como para empregadores e
produtividade, redução de lesões e aumento da supervisores.
satisfação dos funcionários. Os resultados para
TABELA 10. TIPOS DE RESULTADOS
Os exemplos listados especificam como pode ser operacionalizado o amplo escopo dos resultados do envolvimento
em ocupações. Não pretendem ser totalmente inclusivos.

Resultado Descrição

Desempenho Acto de realizar ou completar uma actividade seleccionada ou ocupação, resultante da


ocupacional transacção dinâmica entre cliente, contexto e actividade. Melhorar ou promover as
competências e padrões ocupacionais do desempenho leva ao envolvimento em
actividades ou ocupações (adaptado de Law et. al., 1996, p. 16).

Melhorar – Utilizar, quando está presente uma limitação ao desempenho. Estes


resultados comprovam o aumento do desempenho ocupacional para a pessoa,
organização ou população. São exemplos de resultados: (1) a habilidade de uma criança
com autismo para brincar de forma interactiva com um dos seus pares (pessoa); (2) a
habilidade de um idoso para regressar a casa, vindo de uma estrutura de apoio (pessoa);
(3) diminuir a incidência de dores nas costas de enfermeiros, como resultado de um
programa educacional que foque os mecanismos corporais necessários ao desempenho
das tarefas profissionais tais como dobrar-se, levantar objectos, etc. (organização); (4)
construção de parques infantis acessíveis a todas as crianças (população).

Enriquecer – Utilizar, quando não está presente uma limitação do desempenho.


Estes resultados comprovam o desenvolvimento das competências e padrões de
desempenho, a partir das já existentes, ou a prevenção de potenciais problemas. São
exemplos de resultados: (1) aumentar a confiança e a competência de mães
adolescentes para educar os seus filhos, como resultado do trabalho de grupos sociais e
de aulas de desenvolvimento infantil (pessoa); (2) aumentar a inscrição da população
idosa em centros de dia locais, como resultado de programas sociais de exercício e bem-
estar (organização); (3) aumentar a habilidade dos funcionários de uma escola para lidar
e moderar situações de violência entre adolescentes, como resultado de um treino em
resolução de conflitos direccionado para o “bullyng”; (4) aumentar oportunidades aos
idosos para participar em actividades comunitárias, como resultado de programas de
intercâmbio (população).

49
TABELA 10. TIPOS DE RESULTADOS
(cont.)

Resultado Descrição

Adaptação Mudança na forma como o cliente responde, quando confrontado com um desafio
ocupacional. “Esta mudança é implementada quando se conclui que as abordagens
habituais do cliente são inadequadas para controlar, em determinado grau, o desafio”
(adaptado de Schultz & Schkade, 1997, p. 474). São exemplos de respostas adaptativas:
(1) os clientes modificarem os seus comportamentos de modo a ganhar privilégios numa
instituição de tratamento para adolescentes (pessoa); (2) uma empresa reestruturar os
seus horários diários e planificações de forma a conseguir um fluxo de trabalho constante
e consistente, reduzindo picos de stresse (organização); (3) uma comunidade garantir
acessos facilitados a meios de transporte colectivos e construir bancos de jardim
“reservados” a idosos para os mesmos poderem descansar e socializar (população).

Saúde e bem-estar A saúde é um recurso para a vida e não um objectivo de vida. Para as pessoas, é um
estado completo de bem-estar físico, mental e social bem como um conceito positivo que
enfatiza os recursos pessoais e sociais e, ainda, as suas capacidades físicas (WHO, 1986). A
saúde de organizações e populações inclui os aspectos da saúde dos indivíduos e,
também, a responsabilidade social dos membros de uma sociedade como um todo. O
bem-estar é “um processo activo, através do qual pessoas, organizações e populações
tomam consciência e optam por escolhas dirigidas a uma existência de maior sucesso”
(Hettler, 1984, p. 1170). O bem-estar é mais do que a ausência de sintomas de doença; é
um estado de equilíbrio e de boa forma física e mental (adaptado de Taber’s Cyclopedic
Medical Dictionary, 1997, p. 2110). São exemplos desses resultados: (1) participação em
saídas de grupo na comunidade de clientes com esquizofrenia, integrados em residências
(pessoa); (2) implementação de programas globais nas empresas para identificar soluções
que garantam o equilíbrio entre o trabalho, o lazer e a vida familiar (organização) ; (3)
decréscimo da incidência de obesidade infantil (população).

Participação Envolvimento em ocupações desejadas de modo satisfatório para o indivíduo,


congruentes com as expectativas culturais.

Prevenção “A promoção da saúde é essencial bem como a preocupação em criar condições


necessárias à saúde a nível do indivíduo, estruturas, sociedade e ambiente, através da
compreensão dos determinantes da mesma: paz, abrigo, educação, alimentação,
rendimentos, ecossistema equilibrado, recursos sustentáveis, justiça social e equidade
(Kronenberg, Algado, & Pollard, 2005, p. 441). A terapia ocupacional promove um estilo
de vida saudável ao indivíduo, grupo, organização, comunidade (social) e, também, a nível
do governo ou política (adaptado de Brownson & Scaffa, 2001). São exemplos desses
resultados: (1) cadeira e áreas de lazer adequadas a uma criança com problemas
ortopédicos (pessoa); (2) implementação de programas de lazer e actividades educativas
em centros de dia que acolhem indivíduos com doença mental grave (organização); (3)
acesso a serviços de terapia ocupacional, em áreas desprotegidas, independentemente de
antecedentes étnicos e culturais (população).

50
TABELA 10. TIPOS DE RESULTADOS
(cont.)

Resultado Descrição

Qualidade de Vida Avaliação dinâmica da satisfação do cliente com a sua vida (percepção de progressos no
sentido dos objectivos de cada um), esperança (crença, real ou percepcionada, de que o
indivíduo é capaz de caminhar rumo aos seus objectivos, através de vias escolhidas), auto-
conceito (composto pelas crenças e sentimentos acerca de si próprio), saúde e
funcionalidade (estado de saúde, capacidades para cuidar de si próprio e factores
económicos tais como vocação, educação, rendimentos (adaptado de Radomski, 1995;
Zhan, 1992). São exemplos desses resultados: (1) participação total e activa de uma
criança com surdez numa família de ouvintes, durante uma actividade recreativa (pessoa);
(2) pessoas em residências protegidas serem capazes de planear saídas e viajarem de
forma independente, como resultado de um treino de competências de vida autónoma
(organização); (3) formação de um lobby, que apoie oportunidades para redes sociais,
actividades de advocacy e partilha de informação científica, para indivíduos que tenham
sofrido um AVC e suas famílias (população).

Competência nos papéis Habilidade do cliente para cumprir as exigências dos papéis nos quais se envolve.

Self-advocacy Promover e apoiar, activamente, o próprio ou outros (pessoa, organização, população)


requer um conhecimento dos pontos fortes e necessidades; identificação de objectivos;
conhecimentos de responsabilidades e direitos legais; comunicação destes aspectos a
outros (adaptado de Dawson, 2007). Os resultados podem incluir: (1) um estudante, com
dificuldades de aprendizagem, requisitar e receber apoio necessário, como livros de texto
gravados (pessoa); (2) uma comissão de trabalhadores requisitar e receber teclados
ergonómicos para os seus computadores (organização);
(3) pessoas com deficiência postularem um design universal para todas as construções
públicas e privadas (população).

Justiça ocupacional Aceder e poder participar na totalidade das ocupações significativas e enriquecedoras a
que os outros têm acesso, incluindo oportunidades para a inclusão social e recursos para
participar em ocupações que satisfaçam a pessoa, a saúde e as necessidades sociais
(adaptado de Townsend & Wilcock, 2004). Os resultados podem incluir: (1) indivíduos com
deficiência mental, como consultores no estabelecimento de programas a oferecer a
centros de dia (pessoa); (2) trabalhadores com tempo suficiente para poder almoçar com
os filhos nos ATL (organização); (3) indivíduos com doença mental persistente serem bem
recebidos, em centros de dia, como resultado de uma campanha contra a estigmatização
(organização); (4) opções alternativas de alojamento adaptadas aos idosos para poderem
“envelhecer em casa” (população).

Os resultados específicos, bem como a O foco nos resultados está presente ao longo
documentação relativa aos mesmos, variam, de todo o processo de terapia ocupacional. O
conforme o contexto da prática, e são terapeuta ocupacional e o cliente colaboram
influenciados pelos diferentes intervenientes durante a avaliação de forma a identificar os
em cada um dos contextos. resultados desejados, inicialmente, pelo cliente

51
e relacionados com ocupações ou actividades apropriadas às mudanças, no
diárias valorizadas por ele. Durante a desempenho ocupacional do cliente, e
implementação da intervenção, e na consistentes com os resultados
reavaliação, o cliente e o terapeuta podem
Seleccionar medições de resultados ou
modificar os resultados desejados, de modo a
instrumentos, para um cliente em
responder a alterações de necessidades,
particular, que sejam congruentes com
contextos e habilidades de desempenho. Com
os objectivos dele
uma análise mais aprofundada do desempenho
ocupacional, e enquanto ocorre o Seleccionar medições de resultados,
desenvolvimento do plano de intervenção, o baseadas em capacidades comprovadas,
terapeuta ocupacional e o cliente podem para prever futuros resultados.
redefinir os resultados desejados. A
implementação do processo de recolha de 2. Utilização dos resultados para medir e
resultados inclui os seguintes passos: quantificar o progresso e ajustar objectivos e
intervenções
1. Selecção do tipo de resultados e medidas,
incluindo, sem se limitar: desempenho Comparar o progresso no cumprimento
ocupacional, adaptação, saúde e bem-estar, dos objectivos com os resultados ao
participação, prevenção, qualidade de vida, longo da intervenção
competências nos papéis, self-advocacy e
Avaliar a utilização dos resultados para
justiça ocupacional (ver tabela 10)
tomar decisões em relação a uma futura
Seleccionar medições de resultados no intervenção (ex. continuar ou cessar a
início do processo de intervenção (ver intervenção, providenciar follow-up,
“Avaliação”, supracitada) encaminhar para outros serviços).

Seleccionar medições de resultados que


sejam válidas, fiáveis e sensivelmente

documentos oficiais, prática e educação. A


PERSPECTIVAS HISTÓRICAS E FUTURAS
segunda edição da Terminologia Uniforme
PARA O ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA (AOTA, 1989) foi adoptada pela Representative
DE TERAPIA OCUPACIONAL Assembly (RA) da AOTA e publicada em 1989. O
documento focava, apenas, a delineação e a
O Enquadramento da Prática de Terapia
definição das áreas de desempenho
Ocupacional emergiu da análise de documentos
ocupacional e as suas componentes dirigidas
relacionados com a Terminologia Uniforme.
aos serviços de terapia ocupacional. A última
O primeiro documento foi designado revisão, Terminologia Uniforme – 3ª edição
Occupational Therapy Product Output Reporting (UT–III; AOTA, 1994) foi adoptada pela RA e
System and Uniform Terminology for Reporting “expandida no sentido de reflectir as práticas
Occupational Therapy Services (AOTA, 1979). actuais e incorporar aspectos contextuais do
Esse texto original criou uma terminologia desempenho” (p. 1047). Cada revisão reflectiu
consistente que podia ser utilizada em as mudanças mais actuais da prática e ofereceu

52
a terminologia mais consistente que podia ser introduzem melhorias na redacção do texto
utilizada na profissão. Originalmente, um bem como mudanças e conceitos emergentes
documento que procurava responder a um na terapia ocupacional. A fundamentação para
requisito federal, que exigia a uniformização do as mudanças específicas está listada na Tabela
sistema de declaração, evoluiu, gradualmente, 11.
para a descrição e delimitação dos domínios da
O Enquadramento é um documento em
terapia ocupacional.
permanente mudança que sofrerá revisão a
No Outono de 1998, a Comission on Practice cada cinco anos, a qual examinará a utilidade e
(COP) da AOTA iniciou o projecto que culminou a necessidade de futuros aperfeiçoamentos e
no trabalho publicado sob o título de alterações. Provavelmente, a próxima
Enquadramento da Prática de Terapia publicação irá mudar, como resultado do
Ocupacional: Domínio & Processo (Framework; progresso da profissão, no sentido da Visão das
AOTA, 2002b). Durante esse período, a AOTA Comemorações do Centenário da AOTA, em
publicou The Guide to Occupational Therapy 2017, visando a “terapia ocupacional, enquanto
Practice (Moyers, 1999), o qual delineava profissão com poder, largamente reconhecida,
muitas das mudanças de perspectiva, de cariz científico, baseada na evidência, com
actualmente existentes, tendo a COP revisto, uma força de trabalho diversificada e,
cuidadosamente, esse documento. À luz dessas globalmente, comprometida em garantir as
mudanças, e de acordo com o feedback necessidades da sociedade no campo
recebido durante o processo de revisão da UT- ocupacional” (AOTA, 2007a).
III, a COP determinou que as exigências da
Embora o Enquadramento represente o mais
prática tinham mudado e que já era tempo de
recente dos desenvolvimentos da profissão, o
desenvolver um tipo de documento diferente.
texto é construído sobre uma série de valores
Uma vez que o Enquadramento é um abraçados pela profissão do terapeuta
documento oficial da AOTA, é revisto a cada ocupacional, desde o seu início, em 1917. Esta
cinco anos. Durante o período de revisão, o visão de fundação tem, no seu epicentro, a
COP recolheu feedback dos seus membros, bem crença profunda do valor das ocupações
como de académicos, autores e profissionais, terapêuticas como uma forma de controlar a
de modo a determinar as mudanças
necessárias. As revisões garantiram a
manutenção da integridade do Enquadramento
alterando, apenas, o necessário. Estas revisões
reflectem as contribuições da presente COP,

53
TABELA 11. RESUMO DE REVISÕES SIGNIFICATIVAS DO ENQUADRAMENTO

Domínio Alteração Benefício pretendido Fundamentação

Título Apoio à saúde e Aumentar a Mudar o título original da Figura 1,


participação ao longo da objectividade da Envolvimento nas Ocupações para Suportar a
vida, através do intenção Participação no Contexto (s), enfatiza que o
envolvimento em veículo que a terapia ocupacional utiliza para
ocupações promover a saúde e a participação ao longo da
vida é o envolvimento em ocupações. Foi
eliminado “no contexto” para encurtar o título,
uma vez que este é, subsequentemente,
discutido no texto e implícito na definição de
ocupação.

Espiritualidade Transferência de Reflectir sobre o modo Com frequência, os indivíduos consideram a


Contexto para Factores como os terapeutas espiritualidade como algo interior ao cliente e
Inerentes ao Cliente ocupacionais entendem não ao contexto. Moreira-Almeida e Koenig
e analisam significados, (2006) discutiram espiritualidade, religião e
valores e crenças de crenças pessoais como componentes da
entre um leque qualidade de vida. As suas definições estão
diversificado de clientes incluídas no texto.

Competências Alargar Categorias, Garantir uma Baseando-se no seu trabalho, relativo à


de desempenho através de linguagem linguagem, que inclua Avaliação de Competências Motoras e de
mais abrangente um conjunto alargado Processamento (AMPS), Fisher (2006)
de avaliações e de providencia categorias e definições mais
intervenções, bem pormenorizadas das competências funcionais.
como terminologias É realizado um esforço, aquando da revisão,
utilizadas, geralmente, para responder às críticas feitas ao
pela literatura que trata Enquadramento de 2002, segundo as quais as
Competências categorias de Fisher são limitadas. Para alargar
as categorias de competências, através de uma
linguagem mais genérica e inclusiva, a COP
considerou, aprofundadamente, as diferenças
entre funções corporais, habilidades,
capacidades, competências, níveis de
competência e componentes da ocupação. Na
maioria dos artigos, os autores utilizam uma
terminologia relacionada com competências
alternadas com capacidades e habilidades,
confundindo a questão.

54
TABELA 11. RESUMO DE REVISÕES SIGNIFICATIVAS DO ENQUADRAMENTO
(cont.)

A somar à dificuldade de fornecer ao leitor


uma listagem de competências de
desempenho, as categorias propostas não são,
completamente, distintas umas das outras.
Sem pretender criar uma distinção artificial
entre categorias, é necessário tolerar a
sobreposição nestas áreas de competência. De
acordo com Filley (2001), “a aprendizagem de
competências e aquisição da praxis podem
muito bem ser fenómenos idênticos” (p. 89). A
percepção é, muitas vezes, discutida na
literatura cognitiva; a cognição social implica
um conjunto específico de competências, tal
como o fazem as competências
socioemocionais, e as competências
sensoriomotoras são, muitas vezes,
consideradas como um todo.

Domínio Alteração Benefício pretendido Fundamentação

Descanso e sono Transferir de Actividades Realçar a importância O descanso e o sono são duas das quatro
da Vida Diária para Área do descanso e do sono, grandes categorias de ocupação discutidas por
de Ocupação em especial quando Adolf Meyer (1922). Contrariamente a
relacionados com o quaisquer outras áreas de ocupação, todas as
apoio ou prejuízo para pessoas descansam como resultado do seu
o envolvimento noutras envolvimento em ocupações e procuram o
ocupações sono durante várias horas por dia ao longo da
sua vida. Dentro da ocupação descanso e sono,
estão outras ocupações tais como: preparação
do indivíduo e do contexto para dormir;
interacção com outros com quem partilha o
espaço onde dorme; ler ou ouvir música para
adormecer; fazer a sesta; sonhos e pesadelos;
cuidados de higiene antes do sono; cuidados a
prestar durante a noite; deveres e garantia de
segurança. Dormir afecta, significativamente,
outras áreas de ocupação. Jonsson (2007)
sugeriu que dar um lugar de evidência ao sono
no Enquadramento, enquanto área de
ocupação, poderá servir para promover
escolhas de estilos de vida a levar em
consideração, aspecto importante na ocupação
e na saúde.

55
TABELA 11. RESUMO DE REVISÕES SIGNIFICATIVAS DO ENQUADRAMENTO
(cont.)

Domínio Alteração Benefício pretendido Fundamentação

Contexto Alteração para Contexto Permitir um uso mais Os termos contexto e ambiente, não sendo
e Ambiente abrangente de uma sinónimos, são utilizados, muitas vezes,
linguagem coerente aleatoriamente. Na literatura generalista,
com as audiências ambiente é usado com mais frequência. Os
externas à prática da terapeutas ocupacionais tendem a utilizar
terapia ocupacional e ambiente em detrimento de contexto. Esta
às teorias de terapia alteração permite um cruzamento entre os
ocupacional dois termos. Na narrativa, contexto utiliza-se
para incluir ambiente.

Justiça Incluir narrativas Realçar a importância A discussão de conceitos de justiça


ocupacional específicas para a terapia dos valores da terapia ocupacional encoraja os terapeutas a examinar
ocupacional sobre a ocupacional na a multiplicidade de contributos para o
importância da justiça comunidade envolvimento e participação social. Townsend
social. e Wilcock (2004), tanto quanto se conhece, são
líderes deste importante conceito. Gupta e
Walloch (2006) oferecem um belo resumo
desse trabalho.

Área de Alteração Benefício pretendido Fundamentação


processo

Cliente Incluir Pessoa, Alargar o espectro dos Segundo The Guide to Occupational
Organização, População serviços de terapia Therapy Practice (Moyers & Dale, 2007), “A
ocupacional e fornecer linguagem na literatura da terapia ocupacional
uma linguagem tem o seu enfoque, frequentemente, no
consistente com indivíduo. Esta alteração destaca a forma como
advocacy e grupos que a terapia ocupacional pode contribuir, muitas
concebem directrizes vezes, em áreas de prática não convencionais,
junto de grupos de pessoas, organizações e
populações.

56
TABELA 11. RESUMO DE REVISÕES SIGNIFICATIVAS DO ENQUADRAMENTO
(cont.)

Domínio Alteração Benefício pretendido Fundamentação

Raciocínio Identificar a forma como Realçar a importância A argumentação clínica foi alargada no
clínico a visão, que os das competências de documento de forma a destacar a sua
terapeutas ocupacionais resolução de problemas importância, ao longo do processo de terapia
têm do cliente, é do terapeuta ocupacional. Intrínseco a qualquer interacção
formada através de ocupacional na entre o terapeuta e o cliente, está o
conhecimentos, interacção com o pensamento crítico, implícito nas
competências e cliente competências de raciocínio clínico que
evidência informam e conduzem a intervenção.

Análise de Incluir a discussão sobre Realçar a importância Os terapeutas ocupacionais possuem um


actividades; a análise das actividades desta competência elevado grau de competências para identificar
em si, e sobre si mesmas, crítica que informa a as exigências de uma actividade e sintetizar
Síntese de bem como a sua relação intervenção essa informação, comparando-a às
actividades com o cliente necessidades e habilidades do cliente, no
sentido de reconhecer dificuldades específicas
no desempenho ocupacional.

Self-advocacy Incluir o self-advocacy, Promover o enfoque no Quando se trabalha com pessoas, populações
enquanto resultado empowerment, como ou organizações, a terapia ocupacional oferece
característica chave da uma intervenção que promove o self-
saúde e participação advocacy, como meio para melhorar a saúde e
a participação.

Prática baseada Salientar o papel de Articular com o valor de A terapia ocupacional é uma profissão firmada
na evidência pesquisa nas práticas uma profissão pautada em princípios de uma prática informativa,
informativas pela ciência baseada e aplicada na ciência.

57
TABELA 11. RESUMO DE REVISÕES SIGNIFICATIVAS DO ENQUADRAMENTO
(cont.)

Terminologia Alteração Benefícios pretendidos Fundamentação

Transacional e Incluir a ideia de que as Criar a distinção entre O termo Transacional é utilizado para
interactiva áreas do domínio são as relações de descrever o processo dinâmico dentro do qual
transacional e o cliente é conceitos nos domínios as áreas da terapia ocupacional se
interactivo e as interacções entre interceptam.
clientes e terapeutas
Interactivo é o modo como os clientes e os
terapeutas se ligam entre si e/ou com outros.

Assim, a terapia ocupacional é a interacção


entre terapeutas e clientes, numa ou mais
áreas do domínio, de forma a encontrar o
objectivo globalizante do envolvimento numa
ocupação que promova a saúde e a
participação.

Actividade/ Utilizar ocupação para Facilitar a leitura do Reconhecendo o trabalho efectuado por
ocupação e incluir actividade na documento académicos, nesta área, os autores
Actividade com narrativa reconhecem as diferenças existentes entre
propósito actividade e ocupação. Contudo, o presente
documento não pretende lançar-se nesse
debate. No Enquadramento, o termo ocupação
é utilizado incluindo actividade e as actividades
são usadas, especificamente, para tarefas que
se consideram isoladas do cliente. Os termos
actividade com propósito empregam-se para
descrever um tipo de intervenção,
determinado pelo terapeuta, de forma a ser
“propositado” para adquirir determinados
objectivos de intervenção, não tendo em conta
se esta é, ou não, uma actividade escolhida
como sendo significativa para o cliente.

Resultados Alteração Benefício pretendido Fundamentação

Resultados Incluir Justiça Reconhecer o Reconhecer que um resultado importante da


ocupacional e self- compromisso da intervenção da terapia ocupacional pode ser o
advocacy nos Tipos de terapia ocupacional na de capacitar todos os indivíduos para serem
resultados (Tabela 10). justiça ocupacional e na capazes de adquirir as suas necessidades
autodeterminação para básicas e ter iguais oportunidades e
todos os indivíduos. possibilidades de atingir o seu potencial,
através do envolvimento em ocupações
diversificadas e significativas.

58
a doença e manter a saúde. (Slagle, 1924). observação sistemática e no tratamento
Foi enfatizada a importância em estabelecer (Dunton, 1934). Parafraseando o léxico de hoje,
uma relação terapêutica com cada cliente e os fundadores propuseram uma visão da
delinear um plano de tratamento baseado no profissão baseada na ocupação, centrada no
conhecimento do ambiente, valores, objectivos cliente, no contexto e na evidência – a visão
e desejos do indivíduo (Meyer, 1922). Postulou- articulada no Enquadramento actual.
se uma prática científica, baseada na

59
GLOSSÁRIO
A (ABVDs) e actividades pessoais da vida
diária (APVDs). Estas actividades são
“fundamentais para a vida em
Abordagem centrada no cliente
Sociedade e permitem a sobrevivência
Orientação que privilegia os desejos e o bem-estar básicos” (Christiansen &
e prioridades do clientes, no desenho e Hammecker, 2001, p. 156) (ver Tabela
implementação das intervenções 1).
(adaptado de Dunn, 2000a, p. 4).
Actividades da vida diária
Abordagens de intervenção intrumentais (AVDIs)

Estratégias específicas seleccionadas Actividades de suporte da vida


para dirigir o processo de intervenção, diária, em casa e na comunidade, que
baseadas nos resultados desejados pelo requerem, normalmente, interacções
cliente, na avaliação de dados e na mais complexas do que o autocuidado
evidência (ver Tabela 9). nas AVDs (ver Tabela 1).

Actividades Adaptação

Conjunto de acções humanas Forma como o cliente responde,


dirigidas a objectivos específicos. quando confrontado com um desafio
ocupacional. “Esta mudança é
Actividades com propósito implementada quando se conclui que
as abordagens de resposta habituais do
Comportamentos com objectivos cliente são inadequadas para controlar,
específicos, que contribuem para uma em determinado grau, o desafio”
determinada ocupação, utilizados em (Schultz & Schkade, 1997, p. 474).
contexto terapêutico; actividades
especificamente seleccionadas,
Advocacy
permitindo ao cliente o
desenvolvimento de competências que “Persecução de resultados que
reforcem o seu envolvimento influenciam – incluindo política pública
ocupacional. e decisões acerca da alocação de
recursos nos sistemas político,
Actividades da vida diária (AVDs)
económico, social e instituições – e que
Actividades orientadas para tomar afectam, directamente, a vida das
conta do próprio corpo (adaptado de pessoas” (Advocacy Institute, 2001,
Rogers & Holm, 1994, pp.181-202). As citado em Goodman-Lavey & Dunbar,
AVDs são, também, referidas como 2003, p. 422).
actividades básicas da vida diária

60
Ambiente educação, trabalho, brincar/jogar, lazer
e participação social (ver Tabela 1).
Meio externo, físico e social, que
rodeia o cliente e no qual decorrem as
Avaliação
suas ocupações diárias (ver Tabela 6).
“Processo de obtenção e
Ambiente físico interpretação dos dados necessários
para a intervenção. Inclui planear e
Meio não humano, natural e
documentar o processo de avaliação e
construído, incluindo os objectos nele
respectivos resultados” (AOTA, 2005, p.
contidos.
663).

Ambiente social B
Meio constituído pela presença,
relacionamentos e expectativas de Bem-estar
pessoas, organizações, populações. “Processo activo, através do qual
pessoas, organizações e populações
Análise de actividades tomam consciência e optam por
“…foca-se nas exigências habituais escolhas dirigidas a uma existência de
de uma actividade, na variedade de maior sucesso” (Hettler, 1984, p. 1170).
competências envolvidas e nos diversos O bem-estar é mais do que a ausência
significados culturais que lhe podem de sintomas de doença; é um estado de
ser atribuídos.” (Crepeau, 2003, p.192). equilíbrio e de boa forma física e
mental (adaptado de Taber’s Cyclopedic
Medical Dictionary,1997, p. 2110).
Análise do desempenho
ocupacional
Brincar/ Jogar
Parte do processo de avaliação -
recolha e interpretação da informação, “Qualquer actividade espontânea ou
utilizando instrumentos de avaliação organizada que providencie prazer,
desenhados para observar, medir e entretenimento e diversão” (Parham &
questionar os factores que suportam Fazio, 1997, p. 252) (ver Tabela 1).
ou dificultam o desempenho
C
ocupacional.

Ciência ocupacional
Áreas de ocupação
Área académica interdisciplinar, que
Diversos tipos de actividades diárias,
faz parte das Ciências Sociais e do
nas quais se envolvem pessoas,
Comportamento, dedicada ao estudo
organizações e populações, incluindo:
da forma, função e significado das
AVDs, AVDIs, descanso e sono,

61
ocupações humanas (Zemke & Clark, contextos e ambientes (adaptado de
1996). Fisher, 2006). Inclui planear, sequenciar
e executar movimentos novos e
Cliente inovadores. (ver Praxis)

Entidade que é alvo dos serviços de


Competências sensorioperceptivas
terapia ocupacional. Os clientes podem
incluir (1) pessoas e outros elementos Acções ou comportamentos que o
relevantes na sua vida, incluindo cliente utiliza para localizar, identificar
família, cuidadores, professores, e responder a sensações e para
empregadores, e outros que possam seleccionar, interpretar, associar,
ajudar ou ser servidos indirectamente; organizar e relembrar eventos
(2) organizações tais como empresas, sensoriais, baseando-se na
indústrias ou agências; (3) populações discriminação de experiências, através
dentro de uma comunidade (Moyers & de uma variedade de sensações que
Dale, 2007). incluem as visuais, auditivas,
proprioceptivas, tácteis, olfactivas,
Competências cognitivas gustativas e vestibulares.

Acções ou comportamentos que um


Competências sociais e de
cliente utiliza para planear e gerir o
comunicação
desempenho de uma actividade.
Acções ou comportamentos que um
Competências de desempenho indivíduo utiliza para comunicar e
interagir com os outros, num ambiente
Habilidades que os clientes interactivo (Fisher, 2006).
demonstram durante a execução de
acções (ver Tabela 4).
Contexto

Competências de regulação Variedade de condições relacionadas


emocional entre si que se encontram no cliente, e
no que o rodeia, influenciando o seu
Acções ou comportamentos que um desempenho. O contexto pode ser:
cliente utiliza para identificar, gerir e cultural, pessoal, temporal e virtual (ver
expressar sentimentos, enquanto se Tabela 6).
envolve em actividades ou interage
com outros.
Co-ocupações

Competências motoras e de praxis Actividades que envolvem dois ou


mais indivíduos (Zemke & Clark, 1996).
Acções ou comportamentos que um
cliente utiliza para se mover e interagir,
fisicamente, com tarefas, objectos,

62
Crença Domínio

Conteúdo cognitivo assumido como Esfera de actividade, assunto, ou


verdade pelo cliente (Moyers & Dale, função (American Heritage Dictionary,
2007). 2006).

Cultural (contexto) E
“Costumes, crenças, padrões de Educação
actividade, standards de
comportamento e expectativas aceites Actividades necessárias à
pela sociedade da qual o cliente faz aprendizagem e participação no
parte. Inclui etnicidade, valores e ambiente (ver Tabela 1).
aspectos políticos como leis que
afectam o acesso a recursos e afirmam Envolvimento
direitos pessoais. Inclui, igualmente,
Acto de partilhar actividades.
oportunidades de educação, emprego e
apoio económico” (AOTA, 1994, p.
1054). Esperança

Crença real ou percepcionada de


D que a pessoa consegue atingir certo
objectivo, seguindo uma determinada
Descanso via (Lopez et al., 2004).
Acções calmas e sem esforço que
interrompem a actividade física e Espiritualidade
mental, resultando num estado de • “Busca pessoal de respostas a questões
relaxamento (Nurit & Michel, 2003, p. supremas acerca da vida, o significado e a
227). relação com o sagrado e o transcendente,
que podem (ou não) advir do
desenvolvimento de rituais religiosos e
Desempenho ocupacional
levar à formação de uma comunidade”
Realização de uma actividade (Moreira-Almeida & Koenig, 2006, p. 844).
seleccionada, resultante da transacção
dinâmica entre o cliente, o contexto, o Estruturas corporais
ambiente e a actividade. Melhorando
“Partes anatómicas do corpo, tais
ou promovendo as competências e
como órgãos, membros e suas
padrões ocupacionais do desempenho,
componentes, que suportam o
leva ao envolvimento em actividades
funcionamento do corpo” (WHO, 2001,
ou ocupações (adaptado de Law et. al.,
p. 10). (ver Tabela 2).
1996, p. 16).

63
F pode ser vista como a visão
superordinária de nós próprios,
incluindo auto-estima e auto-conceito,
Factores inerentes ao cliente
ao mesmo tempo que reflecte e é
Factores intrínsecos do cliente, influenciada pelo mundo social no qual
podendo afectar o seu desempenho nos encontramos” (Christiansen, 1999,
nas áreas de ocupação. Esses factores pp. 548-549).
incluem: valores, crenças e
espiritualidade; funções corporais; Independência
estruturas corporais. (ver Tabela 2).
Estado autodirigido do ser,
caracterizado pela habilidade individual
Funções corporais
para participar em ocupações,
“Funções fisiológicas dos sistemas necessárias e preferidas, de modo
do corpo (incluindo funções satisfatório e de acordo com o tipo e
psicológicas)” (WHO, 2001, p. 10). (ver quantidade de assistência externa
Tabela 2). desejada ou requerida.

H A autodeterminação é essencial
para a obtenção e manutenção da
independência;
Hábitos

“Comportamentos automáticos, A independência do indivíduo


integrados em padrões mais está relacionada com a forma como ele
complexos, permitindo que as pessoas desempenha as actividades relativas a
funcionem no dia-a-dia” (Neistadt & uma determinada ocupação, as
Crepeau, 1998, p. 869). Os hábitos actividades, num ambiente adaptado
podem ser úteis, dominantes ou ou modificado, como usa dispositivos e
empobrecidos, e podem suportar ou estratégias alternativas ou como
prejudicar o desempenho nas áreas de supervisiona a actividade realizada por
ocupação. outros;

A independência é definida pela


I
cultura e os valores individuais, os
sistemas de suporte e a habilidade para
Identidade conduzir a sua própria vida;
“Definição composta da pessoa que A independência de um
inclui aspectos interpessoais… possíveis indivíduo não deve ser baseada em
ou potenciais (aquilo que podemos vir a critérios preestabelecidos, percepções
ser) e valores (o que revela importância de observadores externos nem naquilo
e fornece uma base estável para as que significa ser independente” (AOTA,
escolhas e as decisões) … A identidade 2002a, p. 660).

64
Instrumentos de avaliação colaboram na selecção e delineação
das actividades relevantes, ou com
“Ferramentas e instrumentos
significado específico para o cliente,
específicos, utilizados durante o
que suportem os seus interesses,
processo de avaliação” (AOTA, 2005,
necessidades, saúde e participação na
p.663).
vida diária.

Interdependência J
“Confiança que a pessoa tem nos
outros, como uma natural Justiça ocupacional
consequência da vivência em grupo” “Justiça relacionada com
(Christiansen & Townsend, 2004, p. oportunidades e recursos necessários à
277). “A interdependência desenvolve participação ocupacional suficiente
um espírito de inclusão social, ajuda para satisfazer as necessidades
mútua e um compromisso e pessoais e de plena cidadania”
responsabilidade moral para (Christiansen & Townsend, 2004, p.
reconhecer e suportar a diferença” (p. 278).
146).
“Experienciar significado e
Interesses enriquecimento nas ocupações da
pessoa; participar num leque de
“Tudo o que se considera agradável ocupações, saúde e inclusão social;
ou gratificante de fazer” (Kielhofner, fazer escolhas e partilhar o poder de
2002, p. 25). decidir na vida diária; obter privilégios
iguais em diversas formas de
Intervenção participação em ocupações” (Towsend
& Wilcock, 2004).
Conjunto de acções desenvolvidas
pelos terapeutas ocupacionais, em
colaboração com os seus clientes, de Justiça social
forma a facilitar o envolvimento nas “Distribuição e partilha ética de
ocupações relacionadas com saúde e recursos, direitos e responsabilidades
participação. O processo de entre as pessoas, reconhecendo os seus
intervenção inclui o plano, a direitos iguais, como cidadãos. A justiça
implementação e a revisão (ver Tabela social reconhece o direito igual para
7). poder satisfazer necessidades básicas,
necessidade de distribuir as
Intervenção baseada na ocupação oportunidades de forma mais alargada
e, finalmente, exigência de redução e,
Tipo de intervenção da terapia
sempre que possível, eliminação de
ocupacional, centrada no cliente, na
desigualdades não justificadas’”
qual terapeuta ocupacional e cliente

65
(Commission on Social Justice, 1994, Ocupação
p. 1).
“Actividades com objectivo que,
“Promoção de mudanças sociais e normalmente, se prolongam no tempo,
económicas de forma a aumentar a têm significado para o desempenho e
consciência individual, comunitária e envolvem múltiplas tarefas”
política, os recursos e as oportunidades (Christiansen et al., 2005, p.548).
para a saúde e bem-estar” (Wilcock, “Actividades diárias que reflectem
2006, p. 344). valores culturais, dão estrutura à vida e
são significativas para os indivíduos;
L estas actividades vão ao encontro da
necessidade humana de autocuidados,
Lazer satisfação e participação na sociedade”
(Crepeau, Cohn & Schell, 2003, p.
“Actividade de carácter opcional
1031).
para a qual se está, intrinsecamente,
“Actividades em que as pessoas se
motivado e na qual se envolve durante
envolvem na sua vida diária de modo a
o tempo livre, isto é, no tempo não
preencher o seu tempo e a dar
destinado a ocupações obrigatórias
significado à vida. A ocupação envolve
como trabalho, autocuidados ou
habilidades e competências mentais e
dormir” (Parham & Fazio, 1997, p. 250).
pode ter (ou não) uma dimensão física
observável” (Hinojosa & Kramer, 1997,
M
p. 865).
“Actividades… diárias, nomeadas e
Métodos preparatórios
organizadas, às quais são atribuídos
Métodos e técnicas dirigidos que valor e significado pelos indivíduos e
preparam o cliente para o desempenho por uma cultura. Ocupação é tudo
ocupacional. São utilizados como aquilo que as pessoas fazem de modo a
preparação ou, em simultâneo, com as ocuparem-se, incluindo cuidar delas
actividades com propósito ou com base próprias… aproveitar a vida… e
na ocupação. contribuir para o tecido social e
económico das suas comunidades”
O (Law, Polatajko, Baptiste & Towsend,
1997, p. 32).
Objectivo “Relação dinâmica entre um tipo de
ocupação, uma pessoa com uma
“Resultado ou sucesso para o qual estrutura de desenvolvimento única,
os esforços são dirigidos; propósito; significados subjectivos e propósito, e o
fim” (Webster’s Encyclopedic desempenho ocupacional daí
Unabridged Dictionary of the English resultante” (Nelson & Jepson-Thomas,
Language, 1994, p. 605). 2003, p. 90)

66
“Partes da actividade diária que Perfil ocupacional
podem ser designadas no léxico de uma
Resumo da informação que descreve
cultura” (Zemke & Clark, 1996, p. vii).
a história ocupacional do cliente,
Organizações experiências e padrões de rotina diária,
interesses, valores e necessidades.
Entidades ou companhias com um
objectivo comum tais como empresas,
Pessoal (contexto)
indústrias ou agências.
“Aspectos do indivíduo que não
P fazem parte de uma condição ou
estado de saúde” (WHO, 2001, p. 17). O
Papéis contexto pessoal inclui idade, género e
estatutos socioeconómico e educativo.
Conjunto de comportamentos
Pode, também, incluir níveis
esperados pela sociedade, moldados
organizacionais (ex. voluntários e
pela cultura, podendo ser
empregados) e níveis populacionais (ex.
conceptualizados e definidos pelo
membros da sociedade).
cliente.

Participação Pessoas
“Envolvimento numa situação de Indivíduos, incluindo famílias,
vida” (WHO, 2001, p. 10). cuidadores, professores,
empregadores, e outros elementos
Participação social significativos.

Padrões organizados de
Populações
comportamento, característicos e
esperados de um dado indivíduo, ou de Grandes grupos, considerados como
uma determinada posição, dentro do um todo, tais como refugiados,
sistema social” (Mosey, 1996, p. 340) veteranos sem-abrigo e pessoas com
(ver Tabela 1). necessidades especiais. Ex. necessidade
de cadeira de rodas.
Padrões de desempenho
Praxis
Tipos de comportamento
relacionados com as actividades da vida Movimentos com propósito e
diária de um indivíduo, ou de outras executados correctamente (Heilman &
pessoas significativas, que são habituais Rothi, 1993). Habilidade para
ou de rotina. Podem incluir hábitos, desenvolver actos motores sequenciais,
rotinas, rituais e papéis (ver Tabela como parte de um plano geral e não
5A,5B,5C). como actos individuais (Liepmann,

67
1920). Habilidade para desenvolver colaboração entre o terapeuta
uma actividade motora aprendida, ocupacional e o cliente.
incluindo seguir um comando verbal,
construção visuoespacial , Promoção da saúde
competências oculares e oromotoras,
imitação de uma pessoa ou objecto e “Processo de capacitar as pessoas
sequenciação de acções (Ayres, 1985; para o aumento do seu controlo e
Filley, 2001). Organização de melhoria da sua saúde. Para atingir
sequências temporais de acções, completo estado de bem-estar físico,
dentro do contexto espacial, que mental e social, um indivíduo ou grupo
constituem ocupações significativas deve ser capaz de identificar e levar a
(Blanche & Parham, 2002). (ver cabo aspirações, satisfazer
Competências motoras e de praxis) necessidades e alterar ou lidar com o
ambiente” (WHO, 1986).
Prevenção “Criação das condições necessárias à
saúde a nível dos indivíduos, estruturas,
“A promoção da saúde é essencial
sociedade e ambiente, através do
bem como a preocupação em criar
entendimento dos determinantes da
condições necessárias à saúde a nível
mesma: paz, abrigo, educação,
do indivíduo, estruturas, sociedade e
alimentação, rendimentos, um
ambiente, através da compreensão dos
ecossistema equilibrado, recursos
determinantes da mesma: paz, abrigo,
sustentáveis, justiça social e igualdade”
educação, alimentação, rendimentos,
(Trentham & Cockburn, 2005, p. 441).
ecossistema equilibrado, recursos
sustentáveis, justiça social e equidade
Q
(Kronenberg, Algado, & Pollard, 2005,
p. 441). A terapia ocupacional promove
Qualidade de vida
um estilo de vida saudável ao indivíduo,
grupo, organização, comunidade Elogio dinâmico da satisfação de
(social) e, também, a nível do governo vida do cliente (percepção de
ou política (adaptado de Brownson & progressos no sentido dos objectivos
Scaffa, 2001). de cada um), esperança (compreensão
real ou percepcionada de que o
Processo indivíduo é capaz de atingir os seus
objectivos, seleccionando o caminho a
Forma como os profissionais de
seguir), autoconceito (conjunto das
terapia ocupacional operacionalizam a
crenças e sentimentos acerca de si
sua proficiência para providenciar
próprio), saúde e funcionamento
serviços aos seus clientes. O processo
(estado de saúde, capacidades de
inclui avaliação, intervenção e
cuidar de si próprio e factores
monitorização de resultados; ocorre no
económicos tais como vocação,
âmbito do domínio; envolve a

68
educação, rendimentos) (adaptado de Rituais
Radomski, 1995; Zhan, 1992).
Acções simbólicas, com significado
R espiritual, cultural ou social, que
contribuem para a identidade do
cliente e reforçam valores e crenças. Os
Raciocínio clínico
rituais têm uma forte componente
“Processo cognitivo complexo e afectiva e representam um conjunto de
multifacetado, utilizado pelos eventos (Fiese et al., 2002; Segal,
profissionais, para planear, dirigir, 2004).
desempenhar e reflectir durante a
intervenção” (Crepeau, 2003, p.1027). Rotinas

Padrões de comportamento
Requisitos da actividade
observáveis, regulares, repetitivos que
Aspectos de uma actividade que dão estrutura à vida diária. As rotinas
incluem objectos e suas propriedades, podem ser satisfatórias, promotoras ou
espaço, exigências sociais, sequência ou danosas; requerem algum tempo de
tempo de duração, acções e dedicação e estão inseridas nos
competências requeridas bem como as contextos cultural e ecológico (Fiese et
funções e as estruturas corporais al., 2002; Segal, 2004).
necessárias ao desenvolvimento da
mesma. (ver Tabela 3). S

Resultados Saúde

Tudo o que a terapia ocupacional Recurso para a vida e não um


pretende alcançar junto dos que objectivo de vida. É um estado
recorrem aos seus serviços (adaptado completo de bem-estar físico, mental e
de Fuhrer, 1987). Mudança desejada social bem como um conceito positivo
pelo cliente, podendo ser dirigida a que enfatiza os recursos pessoais e
qualquer área do seu desempenho sociais e, ainda, as suas capacidades
ocupacional (adaptado de Kramer, físicas (adaptado de WHO, 1986).
McGonigel, & Kaufman, 1991).
Self-advocay
Reavaliação
Compreensão dos pontos fortes e
Reobservação do desempenho e
necessidades; identificação de
objectivos do cliente de forma a
objectivos; conhecimentos de
determinar o tipo e quantidade de
responsabilidades e direitos legais;
alterações a fazer.
comunicação destes aspectos a outros
(adaptado de Dawson, 2007).

69
Sono aspectos físicos, cognitivos,
psicossociais, sensoriais e outros
Estado natural e periódico de
relativos ao desempenho, nos vários
descanso da mente e do corpo, no qual
contextos, de forma a suportar o
os olhos estão, normalmente, fechados
envolvimento da pessoa nas
e a consciência completa ou,
actividades diárias, interferindo na
parcialmente, perdida, existindo uma
saúde, bem-estar e qualidade de vida
diminuição de movimentos corporais e
(AOTA, 2004a).
de responsividade aos estímulos
externos. Durante o sono, o cérebro
Temporal (contexto)
dos humanos e de outros mamíferos
passa por um característico ciclo de “Localização do desempenho
actividade de ondas cerebrais que ocupacional no tempo” (Neistadt &
incluem intervalos de sonho” (The Free Crepeau, 1998, p. 292); experiência do
Dictionary, 2007). tempo, moldada pelo envolvimento em
ocupações. Os aspectos temporais da
Série de actividades que resultem
ocupação “que contribuem para os
em adormecer; permanecer a dormir;
padrões das ocupações diárias” são “o
assegurar a sua saúde e a sua
ritmo…sincronização…duração…e
segurança, através do acto de dormir,
sequência” (Larson & Zemke, 2004, p.
incluindo o ajustamento aos ambientes
82; Zemke, 2004, p. 610). Inclui
físico e social. (ver Tabela 1).
estádios da vida, altura do dia ou ano,
T duração, ritmo de actividade ou
história.

Terapia ocupacional
Trabalho
Prática baseada no uso terapêutico
“Actividade necessária ao
das actividades diárias (ocupações) com
envolvimento num emprego
pessoas ou grupos de modo a
remunerado ou em voluntariado”
promover a sua participação nos papéis
(Mosey, 1996, p. 341) (ver Tabela 1).
e situações da casa, escola, local de
trabalho, comunidade e outros
Transacção
contextos. Os serviços de terapia
ocupacional são providenciados com o Processo que envolve dois ou mais
objectivo de promover a saúde e o indivíduos que influenciam e afectam,
bem--estar àqueles que têm, ou estão recíproca, contínua e mutuamente,
em risco de desenvolver, uma doença, uma relação, ao longo do
lesão, desordem, condição, deficiência, desenvolvimento da mesma (Dichie,
incapacidade, limitação nas actividades Cutchin & Humphry, 2006).
ou restrição na participação. Os
terapeutas ocupacionais abordam

70
V Virtual (contexto)

Ambiente no qual a comunicação


Valores ocorre, através de sistemas
informáticos ou ondas
Princípios, padrões ou qualidades
electromagnéticas, com ausência de
consideradas valiosas ou desejáveis
contacto físico. Inclui simulações do
pelo cliente que os detém. (ver Tabela
ambiente, em tempo real ou com
2)
ligeiro desfasamento, via salas de
conversação (chat rooms), e-mail,
videoconferência, transmissões de
rádio.

71
American Journal of Occupational Therapy, 59, 663–
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AUTORES
VERSÃO ORIGINAL
THE COMMISSION ON PRACTICE Ellen S. Cohn, ScD, OTR/L, FAOTA
Susanne Smith Roley, MS, OTR/L, FAOTA, Penelope A. Moyers Cleveland, EdD, OTR/L,
Chairperson, 2005–2008 BCMH, FAOTA
Janet V. DeLany, DEd, OTR/L, FAOTA, Mary Jane Youngstrom, MS, OTR, FAOTA
Chairperson-Elect, 2007–2008
Cynthia J. Barrows, MS, OTR/L For
Susan Brownrigg, OTR/L
DeLana Honaker, PhD, OTR/L, BCP THE COMMISSION ON PRACTICE
Deanna Iris Sava, MS, OTR/L Susanne Smith Roley MS, OTR/L, FAOTA,
Vibeke Talley, OTR/L Chairperson
Kristi Voelkerding, BS, COTA/L, ATP
Deborah Ann Amini, MEd, OTR/L, CHT, Adopted by the Representative Assembly
SIS Liaison 2008C5.
Emily Smith, MOT, ASD Liaison
Pamela Toto, MS, OTR/L, BCG, FAOTA, This document replaces the 2002
Immediate-Past SIS Liaison OccupationalTherapy Practice Framework:
Sarah King, MOT, OTR, Immediate-Past Domain and Process.
ASD Liaison
Deborah Lieberman, MHSA, OTR/L, FAOTA, Copyright © 2008, by the American
AOTA Headquarters Liaison Occupational Therapy Association. To be
published in the American Journal of
With contributions from Occupational Therapy, 62
M. Carolyn Baum, PhD, OTR/L, FAOTA (November/December).

VERSÃO PORTUGUESA Vitor Silva, MS, OT,


AUTORES Leonor Miranda, MS, OT,
António Marques, PhD, OT, Tiago Coelho, MS, OT,
Maria João Trigueiro, MSc, OT, Ângela Fernandes, OT,
Cristina Caires, OT, Joana Cardoso, MS, OT,
Nuno Lopes, OT. Sara Sousa, MS, OT,
Daniela Lopes, OT,
Com as contribuições de Patrícia Cruz, MS, OT
Teresa Ferreira, OT, Celso Teixeira, MS, OT.
Maria Cândida Martins, Linguista,
Bruno Oliveira, MSc, Enquadramento da Prática da Terapia
Joaquim Faias, OT, Ocupacional: Domínio e Processo
Paula Portugal, PhD, OT, Copyright © 2011, Instituto Politécnico do
Helena Sousa, MS, OT, Porto, Escola Superior de Tecnologia da Saúde
Nuno Rocha, MS, OT, do Porto

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