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Sistema de Informação de Segurança Elétrica em

um Estabelecimento Assistencial de Saúde


Fábio Iaione1, Andréa T. Riccio Barbosa2, Cassiano Groth3
1
Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia,
Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Brasil
2
Centro de Engenharia Biomédica,
Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), Brasil
3
Elomed Ind. e Com. Ltda, Brasil

Resumo - Este artigo apresenta um sistema de informação referente à segurança elétrica em um ambiente
crítico de um estabelecimento assistencial de saúde. No departamento de engenharia biomédica de um
hospital de grande porte, no Rio Grande do Sul, foi desenvolvido um sistema de segurança englobando
hardware e software. O software desenvolvido coleta, armazena, processa e distribui informações sobre as
condições de segurança elétrica para um posto de enfermagem localizado na UTI pediátrica do hospital.

Palavras-chave: sistema de informação sobre segurança elétrica, normas técnicas, UTI pediátrica.

Abstract - This article presents an information system concerning electrical safety in a critical environment at
a health care establishment. The biomedical engineering department in a large hospital in Rio Grande do
Sul, has developed a security system including hardware and software. The software developed collects,
stores, processes and distributes information about conditions of security electrical in the nursing post
located in pediatric intensive care unit of the hospital.

Key-words: Information system on electrical safety, technical standards, pediatric intensive care unit.

Introdução É pressuposto básico que somente através


do uso adequado da informação e da tecnologia
A humanidade está vivenciando um médica é possível construir uma verdadeira
processo importante de transformação, de uma política de saúde. As tecnologias médicas estão
sociedade de produção industrial para a da cada vez mais complexas e essenciais nos
informação e do conhecimento. A informação procedimentos.
tornou-se, portanto, essencial em qualquer A maioria desta tecnologia médica é
atividade. composta de equipamentos eletromédicos
Da mesma forma que diversas atividades (EEM´s), que necessitam de eletricidade para seu
não podem funcionar sem o apoio da informática, funcionamento. Em conseqüência, há uma
torna-se, progressivamente, cada vez mais difícil necessidade cada vez maior de instalações
a prática médica sem o auxílio das tecnologias da elétricas seguras para atender estes locais, a fim
informação. de que não causem riscos às pessoas envolvidas
Grande parte da atividade dos médicos nos procedimentos médicos.
consiste em processar informações: a obtenção e Uma questão importante é que a falha de
registro de informações sobre o paciente, as um dispositivo elétrico qualquer pode provocar
consultas aos seus colegas de profissão, a risco de morte, tanto para o paciente como para o
pesquisa de literatura científica específica, o usuário de tal dispositivo.
planejamento de procedimentos diagnósticos, as Diversas normas internacionais e nacionais
estratégias de tratamento, a interpretação de abrangem os requisitos para instalações elétricas
resultados de laboratório e os estudos em estabelecimentos assistenciais de saúde
radiológicos ou a condução de estudos (EAS), mais especificamente nos setores de
epidemiológicos, entre outros. tratamentos críticos como Centros Cirúrgicos
É, no entanto, a contínua preocupação com (CC) e Unidades de Tratamento Intensivo (UTI).
o bem-estar do paciente e a conseqüente As normas em ambientes de saúde visam,
necessidade de um processo de decisão ideal, portanto, garantir o fornecimento seguro e
que coloca a medicina em uma posição confiável de energia aos EEM´s, proporcionando
diferenciada em relação aos outros campos segurança aos pacientes e profissionais da área
dependentes do manuseio da informação. de saúde.
A pesquisa descrita neste artigo apresenta Requisitos para segurança) elaborada pelo
um sistema de informação sobre a segurança COBEI da ABNT [1].
elétrica em um ambiente crítico do EAS. Essa norma exige uma série de requisitos
Em um centro de engenharia biomédica para as instalações elétricas dos EAS e a portaria
(CEB) de um hospital de grande porte, no Rio do Ministério da Saúde n. º 2662 de novembro de
Grande do Sul, foi desenvolvido um sistema de 95 e a RDC 50 da ANVISA [2] exige que qualquer
segurança. Tal sistema engloba hardware e reforma ou construção de novo hospital, siga a
software. O software desenvolvido coleta, norma citada.
armazena, processa e distribui informações sobre A norma NBR 13534/95 [1] classifica os
as condições de segurança elétrica para um recintos para fins médicos de acordo com dois
posto de enfermagem localizado na UTI critérios: o primeiro baseia-se no tipo de
pediátrica do hospital. equipamentos eletromédico presente no local
O desenvolvimento deste sistema foi durante o procedimento e o segundo critério
motivado pela percepção dos problemas que refere-se à segurança da alimentação com que os
ocorrem, eventualmente, nesses locais mais equipamentos do local devem ser providos.
críticos, com pacientes em estados mais graves e Em relação ao primeiro critério, a norma
com grande densidade de equipamentos que dão define três grupos: grupo 0, que utiliza
suporte a vida. Além disso, houve motivação pelo equipamento sem parte aplicada ao corpo
fato do hospital, onde foi realizada a pesquisa, humano; grupo 1, com parte do equipamento
estar construindo uma nova UTI pediátrica e com eletromédico aplicada externamente ao corpo, ou
necessidade de se implantar um sistema de parte aplicada a fluidos corporais, porém não
segurança elétrica para atender a norma técnica. aplicada ao coração; e grupo 2, com parte do
Este artigo apresenta, portanto, as equipamento aplicada ao coração, ou
características do sistema de informação equipamentos essenciais à manutenção da vida.
desenvolvido. Também serão descritas, para que Na alimentação elétrica em recintos do
o leitor tenha um entendimento maior, as normas grupo 2, de acordo com a norma, cada cômodo
referentes ao assunto e algumas características ou grupo de cômodos deve prever um circuito de
do equipamento (sistema IT-médico) alimentação com Sistema IT (distribuição elétrica
desenvolvido. através de um transformador de isolação
galvânica). O sistema IT-médico deve ser
Metodologia equipado com um transformador isolador (IT) e
um dispositivo supervisor de isolamento (DSI),
Com o projeto de implantação de um nova dispondo de um sistema de alarme posicionado
UTI pediátrica no hospital (Figura 1) houve de tal forma que a instalação possa ser
necessidade de se verificar todas as normas permanentemente supervisionada, durante sua
técnicas referentes a implantação deste setor em utilização, pela equipe médica (lâmpada verde,
um EAS. amarela e alarme audível).
Para atender a nova UTI pediátrica com
relação à norma citada, o CEB do hospital
adquiriu um transformador isolador comercial,
desenvolveu um DSI e um aparelho denominado
anunciador que disponibilizará informações sobre
a situação de segurança elétrica dos leitos da
UTI.
Uma visão geral de um sistema IT-médico
será apresentada a seguir, para possibilitar um
melhor entendimento do sistema de informação
desenvolvido.
Sistema IT-médico – A utilização de
sistemas de energia isolados em hospitais iniciou
entre 1920 e 1930 no continente americano. A
utilização desses sistemas foi motivada por um
número alarmante de incêndios e explosões em
Figura 1 – UTI pediátrica do hospital onde está
salas cirúrgicas, nas quais anestésicos
instalado o sistema de informação sobre
inflamáveis eram usados. Em 1939, o NFPA
segurança elétrica.
(National Fire Protection Association of USA)
iniciou a elaboração de regulamentos para a
Uma das normas técnicas verificadas foi
utilização segura de equipamentos elétricos nos
referente à instalação elétrica. A norma técnica
EAS. Em 1944, o primeiro regulamento foi
que trata sobre o assunto é a norma NBR
publicado nos EUA sob o título: “Safe practice in
13534/95 (Instalações Elétricas em
Hospital Operating Rooms” [1].
Estabelecimentos Assistenciais de Saúde –
A forma mais comum de se obter um O primeiro é o dispositivo supervisor de
sistema de energia isolado, a partir do sistema de isolação (DSI), que mede a resistência entre os
energia convencional, é através de um condutores fase e o condutor de proteção e
transformador isolador com uma razão 1:1 entre o sinaliza (som e luz), quando essa resistência
primário e o secundário [3]. Por isso, um sistema decresce para 50 kΩ [6].
de energia isolado, utilizado na área médica, é Um DSI, denominado DSIMED 5002, foi
chamado de “sistema IT-médico”, sendo o IT as desenvolvido para atender a UTI neonatal do
iniciais de transformador isolador em inglês hospital em estudo. Ele é um equipamento
(Isolation Transformer). microcontrolado que tem a função de medir,
A utilização crescente de equipamentos mostrar e monitorar a resistência elétrica
eletromédicos, na segunda metade do século XX, (indicada em kohms) entre as saídas de um
aumentou a preocupação com a prevenção de transformador isolador (220V/220V ou
acidentes elétricos [4][5]. Essa foi a principal idéia 110V/110V) e o terra de proteção, e também, a
da norma IEC publicada como uma minuta, em temperatura (indicada em °C) e a corrente
1976, pelo Comitê Técnico 62A, intitulada: (indicada em Amperes) de operação desse
“Common aspects of electrical equipment used in transformador.
medical practice”. Junto com inúmeras indicações
sobre a instalação, essa minuta continha dois
argumentos vitais para a instalação de sistemas
de energia isolados em hospitais: aumento da
confiabilidade do sistema de energia e redução
das correntes de fuga [3].
A confiabilidade do sistema se refere à
capacidade do fornecimento de energia sem Figura 2 – aparelho DSI.
interrupção. Isso é importante porque um EEM
pode estar sendo usado para auxiliar ou O equipamento tem um visor LCD e um
substituir, temporariamente ou permanentemente, teclado de membrana, pelo qual os valores de
funções vitais do organismo. alarme para a resistência de isolação,
A redução das correntes de fuga que temperatura e corrente são ajustados. O visor
passam pelo condutor de proteção é importante fornece informações sobre eventos como baixa
porque proporciona uma redução na “tensão de resistência de isolação, sobre temperatura e
contato” do condutor de proteção (PE). Essa sobre corrente e realiza a sinalização, quando
tensão, se em contato com o corpo de um necessário. O microcontrolador do equipamento
paciente, pode gerar uma corrente significativa foi programado em linguagem C.
através do mesmo. Cabe observar que a maioria Para realizar os ajustes, o equipamento é
dos equipamentos eletromédicos, durante a ligado e pressiona-se a tecla “+” por 1 segundo,
utilização, está freqüentemente em contato com o no visor de LCD aparece a mensagem: “ ajuste
paciente e/ou com os profissionais da área do DSI”, logo em seguida aparece uma
médica. Portanto, o perigo de choque elétrico mensagem “assumir configurações padrões? Sim
sempre existe nesse ambiente [4]. Além disso, a = tecle +, Não = tecle – “, caso a resposta seja
diminuição da tensão de contato é importante sim, o aparelho assume a configuração padrão de
devido aos seguintes fatores [7]: alarme para: resistência de isolação de 50 KΩ,
• O paciente pode não ser capaz de temperatura do transformador isolador de 100 ºC,
responder normalmente a uma situação perigosa e corrente de carga do transformador isolador de
devido à: doença, inconsciência ou anestesia; 50 A. Caso a configuração padrão não seja
• A resistência elétrica natural da pele adequada, deve-se, através da tecla “+” ou “-“
normalmente proporciona uma proteção ajustar o valor da temperatura de alarme do
importante contra a corrente elétrica. Entretanto, transformador isolador (valor entre 80 e 120ºC), o
em alguns tratamentos, esta proteção pode estar valor de alarme da corrente de carga do
comprometida pela inserção de um cateter no transformador isolador (valor entre 5 e 50 A) e o
corpo do paciente, pelo tratamento da pele para valor de alarme de resistência de isolação.
fixação de um eletrodo ou outra situação crítica. Este equipamento é ligado a outro que
Nessas situações, a corrente elétrica passando fornece informações sobre a situação elétrica ao
pelo organismo pode inibir a atividade elétrica posto de enfermagem. Este equipamento central
natural do coração e provocar uma parada de informação pode monitorar até 10 aparelhos
cardíaca. DSI e cada aparelho DSI pode monitorar até 10
Implantação do sistema - Para evitar os leitos de UTI. Esta interligação é realizada através
problemas citados, alguns equipamentos são de cabo utilizando-se o padrão RS 485.
utilizados para monitorar o sistema elétrico que Deve-se também, no aparelho DSI, realizar
alimenta esse setor crítico (no caso a UTI - o ajuste do endereço do DSI na rede RS 485.
pediátrica), sendo a utilização destes
normalmente exigida por normas [5].
Todos os ajustes realizados devem ser O teclado de membrana do anunciador
salvos e gravados. possui as seguintes teclas: Silenciar, testar, enter,
Um esquema de funcionamento do DSI é + e -.
apresentada na Figura 3. Para o perfeito funcionamento do
anunciador este deve ser configurado. Para tal
deve-se ligar o anunciador e manter pressionada
a tecla “enter”. Aparecerá no visor a mensagem:
“configurar Anunciador? Não = - e Sim = +.” Caso
seja sim, deve-se ajustar o número de DSIs
presentes na rede RS485 usando as teclas “+” e
“-“ e pressionar a tecla “enter” (a quantidade de
DSIs deve variar entre 1 e 10). Em seguida deve-
se pressionar a tecla “+” ou “-“ para configurar ou
não um determinado DSI. Aparecerá no display a
seguinte mensagem: “Configurar DSI 1? Não= - e
Sim = +”. Teclando-se “+”, deve-se
posteriormente ajustar o endereço do DSI na rede
RS 485 usando as teclas “+” e “-“ e pressionar a
tecla “enter”. Este valor deve variar de 3 a 32.
Logo após deve-se ajustar o número de leitos
ligados ao IT/DSI, usando as teclas “+” e “-“ e
pressionar a tecla “enter”. A quantidade máxima
de leitos é oito. Deve-se também configurar se o
DSI deve ser lido pelo anunciador.
Outros ajustes necessários para que o
anunciador funcione adequadamente são os
parâmetros data e hora. Para ajustá-los, o
anunciador deve ser ligado e deve-se manter
pressionada a tecla “-“. O display apresentará a
mensagem: “ Ajuste data/hora Ano 20(00-99): xx.”
Para realizar este ajuste do ano desejado devem-
se usar as teclas “+” e “-“ e pressionar a tecla
“enter”. Logo após aparece a mensagem no
display “Ajuste data/hora Mês (01-12): xx”. Para
ajustar o mês deve-se utilizar a tecla “+” e “-“ e
Figura 3 – Esquema de funcionamento do pressionar a tecla enter. Para se ajustar o dia, a
aparelho DSI. hora e o minuto é realizado o mesmo
procedimento com as teclas “+”, “-“ e “enter”.
As informações relevantes sobre a situação Também é possível ajustar o tempo para silenciar
elétrica que alimenta os leitos da UTI pediátrica o alarme, quando este é acionado, caso haja
são fornecidas ao posto de enfermagem central problema no sistema elétrico. Aparecerá a
do setor. Estas informações são apresentadas em mensagem no display: “Ajuste silencia. Minutos:
um display e através de alarme sonoro em um xx”. Neste caso, também são usadas as teclas
aparelho denominado Anunciador (Figura 4). “+”, “-“ e “enter”. Após todos os ajustes
terminados aparecerá no display: “Ajuste
terminado”.
Funcionamento do sistema – Depois da
Display
configuração inicial, o aparelho DSI fica coletando
os dados, através de seus sensores, e compara
os valores coletados com os valores máximos
permitidos (valores configurados). O anunciador
Teclado de
obtém estas informações do DSI e transfere o
membrana
resultado para o display. Caso o valor coletado
esteja fora dos limites estabelecidos, o
anunciador irá disparar um alarme sonoro e as
informações do problema serão apresentadas no
visor. Uma pessoa no posto de enfermagem,
distante do leito com problemas, será avisada
Figura 4 – Anunciador que fica alocado no posto sobre o problema e qual o local (DSI e leito) o fato
de enfermagem da UTI pediátrica. está ocorrendo.
Em uma situação normal, todos os DSI são
lidos pelo anunciador constantemente e ao final
de cada verificação, aparece no display a caso fosse internado algum paciente no leito que
mensagem “Anunciador IT *”, o asterisco move-se é alimentado com o sistema elétrico avariado,
quando todos os DSIs da rede forem lidos. este poderia sofrer choques elétricos.
Quando o anunciador está alarmando, vai
aparecer no display a mensagem indicando qual
dos DSIs está com problema. Por exemplo,
aparecendo a seguinte mensagem no display
“Falha DSIs: ->0 1 2 9”, significa que DSIs 0, 1, 2
e 9 estão alarmando e que o DSI 0 está
selecionado. Pressionando-se a tecla “+”, a seta
se desloca pelos DSIs permitindo a seleção do
desejado. Após a seleção de um DSI, deve-se
pressionar a tecla “Silenciar”. Todas as
mensagens de falha do IT/DSI selecionado são
mostradas com intervalo de 1 segundo. Logo em
seguida, o anunciador apresentará os números
dos leitos do IT/DSI selecionado, em duas etapas,
se forem mais de quatro leitos atendidos. O
anunciador também apresentará no display o
tempo em minutos para o alarme sonoro voltar a
soar.
Com o alarme e as informações
apresentadas no display do anunciador, o corpo
clínico é avisado que há algum problema que
compromete a segurança elétrica do paciente,
podendo tomar providências para que o problema
seja resolvido.
Todos os problemas que ocorrem com os
DSIs são armazenados nos sistema e, caso
necessário, eles poderão ser visualizados. Este
histórico também poderá ser apagado, quando
desejado.
Para verificar a data e hora no anunciador,
deve-se pressionar a tecla “-“.
A Figura 5 apresenta o esquema de
funcionamento do anunciador em situações de
funcionamento: sem problemas, com problemas,
para visualizar hora e para apagar o histórico de
problemas da memória.
Este sistema de informação, referente à
condição elétrica no setor, evita que situações
que possam comprometer a saúde do paciente
ocorram.
Figura 5 – Esquema com informações geradas
Resultados pelo anunciador.

O sistema foi instalado no departamento de


pesquisa do hospital, onde permaneceu por Discussão e Conclusões
aproximadamente 3 meses, em teste.
Posteriormente, foi instalado para monitorar um O sistema de segurança elétrica e
leito da UTI pediátrica. Durante a utilização, informação desenvolvido têm o intuito de
ocorreu um evento de sinalização sonoro e aumentar o nível de segurança para o corpo
comunicação escrita no display. Constatou-se clínico e para o paciente, durante a sua
que ocorreu uma queda na resistência de internação nos centros de terapia intensiva.
isolamento do sistema IT, e uma verificação nos Através dele, é possível detectar problemas
equipamentos alimentados por esse sistema elétricos durante a utilização de equipamentos
revelou uma “caixa de tomadas” com um cabo eletromédicos, bem como proporcionar um meio
rompido provocando um curto-circuito entre uma de registro do que ocorre durante a utilização
das fases e o terra. destes equipamentos. Com esta supervisão, o
Nota-se que sem o uso deste sistema de leito ou o equipamento eletromédico com
informação que alarma quando há problemas, o problema poderá ser retirado de operação
corpo clínico não seria informado do ocorrido e,
imediatamente após apresentar algum defeito, Referências
que forneça risco ao paciente.
O ajuste das funções do anunciador e a [1] Associação Brasileira de Normas Técnicas
obtenção das informações ocorrem de modo fácil - Instalações elétricas em estabelecimentos
para o operador do sistema. As informações assistenciais de saúde– Requisitos para
obtidas são bastante úteis para o bom segurança, NBR 13534. Rio de Janeiro, 1995.
funcionamento do setor clínico.
O sistema de informação e de segurança [2] Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
elétrica para ambientes hospitalares desenvolvido Resolução – RDC nº 50. Dispõe sobre o
atende de maneira satisfatória os requisitos da Regulamento Técnico para planejamento,
norma ABNT NBR 13534 (1995) [1]. Já está em programação, elaboração e avaliação de
uso em todos os leitos da UTI pediátrica e projetos físicos de estabelecimentos
proporcionando a segurança adequada aos assistenciais de saúde (2002).
pacientes e corpo clínico.
Observa-se, entretanto, que este sistema [3] Hofheinz, W. Electrical Safety –
pode ser instalado em qualquer ambiente crítico Ungrounded Power Supply Systems (IT-
de ambientes assistenciais de saúde, ou seja, Systems) in Medical Sites. WGKT, Grünberg,
leitos de UTI ou em salas cirúrgicas. Germany: 2003.
Uma proposta de aperfeiçoamento seria a
realização da comunicação de dados sem cabos. [4] Naseerudin, S.M. Electrical Safety in
O DSI se comunicaria com o anunciador que Healthcare Facilities Journal. IEP-SAC Saudi
estaria presente em uma das paredes da UTI, ou Arabia 2004: 99-103.
no posto de enfermagem central, sem a
necessidade de cabos entre os módulos. [5] Atkin, D. H.; Orkin, L.R. Eletrocution in the
As redes locais sem fio (WLANs) Operating Room. Anesthesiology. 1973: 38 2
constituem-se como uma alternativa às redes 181-183.
convencionais com fio, fornecendo as mesmas
funcionalidades, mas de forma flexível, de fácil [6] Ellinas, L. Tackling O.R. shock hazards.
configuração e com boa conectividade em áreas Health Care in Canada. 1978: p. 28-29.
prediais. Dependendo da tecnologia utilizada,
rádio freqüência ou infravermelho, e do receptor, [7] ECRI. O. Renovations and the Use of
as rede WLANs podem atingir distâncias de até Isolated Power and Explosion-Proof Plugs.
18 metros [8]. Health Devices, Canadá, 1992, v. 21, n. 9,
Outra possibilidade de aperfeiçoamento do p.334-335.
sistema seria instalar um anunciador também no
setor de manutenção do hospital para que a [8] Martincosky, D. H.P. J. C Sistema Para
equipe de manutenção fosse acionada em caso Telemetria de Eletrocardiograma Utilizando
de problemas. O sistema de informação de Tecnologia Bluetooth. [dissertação].
segurança elétrica também poderia ser interligado Florianópolis (SC): Programa de Engenharia
com o sistema de gerenciamento de tecnologia Biomédica, IEB / UFSC; 2003.
médica, denominado Sistema de Manutenção
Hospitalar 4.0, instalado no Centro de Engenharia
Biomédica do hospital. Com esta interligação, Contato
todos os problemas ocorridos no local ficariam
registrados automaticamente.
Andréa T. Riccio Barbosa, pesquisadora do
Hospital São Vicente de Paulo,
Agradecimentos aricciobarbosa@yahoo.com.br.

Ao corpo técnico do centro de engenharia Fábio Iaione, Professor Adjunto da Universidade


biomédica e ao corpo clínico do hospital que Federal da Grande Dourados,
contribuíram nos testes finais. fabio.iaione@ufgd.edu.br.

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