Você está na página 1de 26

CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS

ELIZABETH MATIAS PEREIRA

A ENTOMOLOGIA FORENSE E O SEU PAPEL NA MEDICINA


LEGAL: INDICAR O PONTO DE SITUAÇÃO EM PORTUGAL

PORTO - PORTUGAL
2023
CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS

ELIZABETH MATIAS PEREIRA

A ENTOMOLOGIA FORENSE E O SEU PAPEL NA


MEDICINA LEGAL: INDICAR O PONTO DE SITUAÇÃO EM
PORTUGAL.

Projeto de Pesquisa elaborado na disciplina de


Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao
Curso de Ciências Biológicas – Licenciatura da
Faculdade Unigran EAD Como pré-requisito para
obtenção do título de Licenciado em Ciências
Biológicas, sob orientação do Prof. Dr. Luis
Fernando Benitez Macorini

(PORTO - PORTUGAL)
À minha filha Catarina Guimarães.
AGRADECIMENTOS

A Deus, por me proporcionar saúde e força no decorrer deste curso.


A todos os meus professores da graduação, que foram de fundamental importância na
construção da minha vida profissional.
À minha filha por acreditar em minha capacidade.
A Professora Me. Leila Ribeiro, pela sua paciência, conselhos e ensinamentos que foram
essenciais para o desenvolvimento do TCC.
A Doutora Gisele Souza Rosa.
A Coordenadora Me. Perla Loureiro de Almeida
Ao meu orientador Prof. Me e Dr. Luiz Fernando Benitez Macorini, pela orientação durante
este processo.
À minha família.
O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um
objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no
mínimo fará coisas admiráveis.
(José de Alencar)
Conteúdo

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................- 7 -
METODOLOGIA..............................................................................................................................- 9 -
1. O QUE É A BIOLOGIA FORENSE................................................................................................- 10 -
2. ÁREAS DA BIOLOGIA FORENSE (MAIORES ÁREAS DE ATUAÇÃO)...........................................- 11 -
3. ENTOMOLOGIA FORENSE........................................................................................................- 14 -
3.1. História da Entomologia Forense....................................................................................- 14 -
4. COMO A ENTOMOLOGIA FORENSE PODE INFLUENCIAR E/OU AJUDAR A MEDICINA LEGAL - 17 -
4.1. A Entomofauna e o cadáver............................................................................................- 18 -
4.2. Entomologia Forense e sistema judicial..........................................................................- 19 -
5. SITUAÇÃO DA ENTOMOLOGIA FORENSE NA MEDICINA LEGAL NO MUNDO, BRASIL E EM
PORTUGAL.......................................................................................................................................- 20 -
6. CONCLUSÃO.............................................................................................................................- 22 -
REFERÊNCIAS...............................................................................................................................- 24 -
A ENTOMOLOGIA FORENSE E O SEU PAPEL NA MEDICINA
LEGAL: INDICAR O PONTO DE SITUAÇÃO EM PORTUGAL
1
Elizabeth Matias Pereira
2
Prof. Dr. Luis Fernando Benitez Macorini

RESUMO: O presente trabalho apresenta um estudo avaliando a Entomologia Forense e o


Seu Papel Na Medicina Legal e Indica o Ponto De Situação Em Portugal. Já há algum tempo
a biologia tornou-se uma constituinte crucial e comprovadamente exata na resolução de
crimes e investigações criminais. Dentre os vários campos da biologia que podem ser
utilizados na averiguação forense, destaca-se no presente estudo a Entomologia.
Assim, o objetivo deste trabalho foi minuciar a importância das principais áreas e métodos da
biologia forense, e em destaque da entomologia forense, para a resolução de crimes em
Portugal.
Como metodologia, os conceitos analisados foram de modalidade teórica e pesquisa
documental, assim como da revisão bibliográfica em artigos, dissertações, teses e livros onde
foram analisadas de forma a responder ao objetivo do trabalho. Os seguintes descritivos:
entomologia forense em Portugal e noutros países foram utilizados para a verificação das
buscas nas bases de dados relacionadas, no qual deu-se início a esta pesquisa.
Como resultados, pôde-se perceber que o procedimento foi frequentemente melhorado e foi
observado durante as Investigações Forenses que era de suma importância tanto para os
investigadores quanto para a justiça. Concluímos, assim, que isso demonstra a importância do
biólogo forense e comprova os benefícios das técnicas das principais áreas da biologia, em
destaque a entomologia forense, utilizadas nas investigações forenses, que contribuem e
auxiliam na resolução de crimes.

Palavras-chave: Biologia Forense. Investigação Forense. Entomologia Forense.

INTRODUÇÃO

Durante décadas, a Ciência Forense tem sido aliada das agências de aplicação da lei e,
com os avanços da ciência e da tecnologia, essa relação tornou-se essencial para o
desmembramento de inúmeros casos criminais (FISHER, 2014).

1
Graduanda em Ciências Biológicas pela UNIGRAN Capital.
2
Graduado em Biomedicina pelo Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN), Mestre e
Doutor em Ciências da Saúde com área de concentração em Farmacologia e Toxicologia pela
Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).
Com isso, se verifica a importância da Entomologia Forense uma ciência que faz uso
de conhecimentos acerca da biologia e comportamento de insetos para auxiliar um processo
investigativo na elucidação de questões judiciais tais como morte violenta, uso de
entorpecentes, danos em bens ou imóveis, contaminação de materiais ou produtos estocados e
inúmeros outros casos que se apresentam à investigação (OLIVEIRA-COSTA, 2011).
Com uma certa perspicácia olfativa, os insetos captam os diversos odores dos gases
desprendidos nas distintas fases de decomposição cadavérica, muito antes que tais odores
sejam percebidos pelo olfato humano, apresentando grandes evoluções de estudos nas últimas
décadas, permitindo que a perícia entomológica revele, por exemplo, o intervalo pós-morte
(IPM) dos cadáveres analisados, desvende os elementos do local do crime e a causa da morte,
alcançando maior precisão investigativa (CARVALHO ET AL., 2000).
A segurança pública é discutida nas esferas da sociedade, sendo necessário o
entendimento da sua evolução a partir do uso das tecnologias disponíveis à otimização da
investigação policial. As ferramentas de geoinformação ajudam a entender os fenômenos que
contribuem à violência e demarcam os pontos de homicídios. Também é importante na
melhoria da gestão em segurança a utilização de evidências biológicas em locais de crime
com casos de cadáveres desovados, como a Entomologia Forense, que estuda o uso dos
insetos em procedimentos legais. O objetivo é assegurar a importância do
georreferenciamento da criminalidade nas cidades e o uso dos insetos forenses na elucidação
de mortes violentas. Realizou-se revisão bibliográfica do tema, na qual o
georreferenciamento auxilia na gestão da segurança pública, demarcando os pontos de maior
incidência de homicídios e mesmo a entomologia forense sendo uma ciência antiga, há pouca
interação entre academia e polícia técnico-científica. Conclui-se que o georreferenciamento e
a entomologia forense são fortes aliados da segurança pública, um localiza pontos
estratégicos de violência e a outra utiliza insetos necrófagos na identificação de cadáveres
(THAISSA FERNANDES DA SILVA RODRIGUES, 2023).
Mas, para ter uma resposta mais eficaz para esse objetivo geral, traçou-se os seguintes
objetivos específicos em que será abordado a importância dos insetos para estudos de
biologia forense, e indicar o ponto de situação em Portugal e mencionando os objetivos deste
trabalho. Este trabalho é de natureza básica. Os métodos do estudo bibliográfico tiveram
como tipo de pesquisa: exploratória e explicativa. Portanto, nos capítulos dessa pesquisa
verificam-se primeiramente os conceitos e a história da biologia forense, no segundo capítulo
vou abordar temas sobre as áreas da biologia forense (maiores áreas de atuação). Vou
mencionar brevemente suas áreas de abrangência e aplicações criminais, em três categorias
distintas: urbana, produtos estocados e médico-legal. Por fim, no último capítulo, devo
entender a necessidade de explicar que a fauna entomológica em Portugal encontrada é de
grande valor para estudos de biologia forense, dando maior ênfase a entomologia forense
médico-legal, para tal irei fazer a revisão das literaturas sobre este tema. A entomologia
forense aplica o conhecimento de taxonomia, biologia e ecologia de insetos e outros
artrópodes para solucionar problemas de cunho legal (CATTS & GOFF, 1992; SMITH,
1986). De acordo com LORD E STEVENSON (1986), essa ciência é subdividida em três
categorias: urbana, de produtos estocados e médico-legal.
Assim sendo, apresento a minha pergunta para esta pesquisa: Qual o impacto da
Biologia Forense em Portugal e o seu papel na Medicina Legal utilizando a entomologia
forense como vector para uma optimização da resolução de casos médico-legais, modificando
os comportamentos e incentivando o exercício da ciência baseada na evidência? Entendo,
neste contexto, o presente trabalho apresenta um levantamento sobre a importância do
biólogo forense na resolução de crimes em Portugal, bem como os benefícios das técnicas das
principais áreas da biologia, em destaque a entomologia forense, utilizadas na investigação de
um crime.

METODOLOGIA

Como metodologia, os conceitos analisados foram de modalidade teórica e pesquisa


documental, assim como da revisão bibliográfica em artigos, dissertações, teses e livros onde
foram analisadas de forma a responder ao objetivo do trabalho. Os seguintes descritivos:
entomologia forense em Portugal e noutros países foram utilizados para a verificação das
buscas nas bases de dados relacionadas, no qual deu-se início a esta pesquisa.
Como metodologia, de caráter científico: revisão sistemática da literatura. Este
trabalho é de natureza básica. A análise dos dados foi feita com a pesquisa exploratória e
explicativa.
Os dados coletados foram analisados por meio de uma abordagem qualitativa. Os
resultados dos estudos revisados foram organizados e sintetizados de acordo com os temas e
tópicos relevantes.
1. O QUE É A BIOLOGIA FORENSE

A biologia forense é a ramo da biologia que engloba a âmbito criminal. Ela integra
outras áreas que se ligam a botânica, genética, entomologia, ornitologia, toxicologia,
patologia, biologia molecular envolvendo técnicas baseadas em DNA ou proteína.
(WIKIPEDIA, 2023)
Os biólogos forenses podem examinar o sangue além de outros fluidos corporais,
cabelos, ossos, insetos, plantas e animais para auxiliar na identificação de suspeitos
criminosos e apoiar as investigações criminalísticas. A tecnologia é uma grande aliada no
laboratório e no campo e biólogos forenses recolhem e analisam evidências biológicas que
podem ser encontradas em armas, vestes e outros objetos para identificar o tempo e a causa
da morte por exemplo (WIKIPEDIA, 2023).
Além de colaborar na resposta de crimes, o biólogo forense também atua na
investigação relacionada a poluição ambiental por empresas, ameaças à saúde humana e
animal, investigar tráfico de animais e diversos outros crimes envolvendo a fauna e flora
(WIKIPEDIA, 2023).
É fundamental que os biólogos forenses mantenham comprovativos fidedignos e
esmiuçados além de escreverem relatórios sobre os apanhados biológicos. O cuidado e
minúcia é de fundamental importância para a área devido a falhas que podem ser efetivados
por descuidos levando a evidências se tornarem inúteis no tribunal. (WIKIPEDIA, 2023).
Biólogos forenses sênior podem ser testemunhas em tribunais sobre suas averiguações
(MARCEL, 2015).
Na área forense, os recursos de biologia vêm contraindo maior grau de importância no
avançar dos últimos vinte e cinco anos. Isso em função da progressão de técnicas cada vez
mais sofisticadas e em número cada vez maior (CONCURSO, 2018).
Durante décadas, a Ciência Forense tem sido aliada das agências de aplicação da lei e,
com os avanços da ciência e da tecnologia, essa relação tornou-se essencial para o
desmembramento de inúmeros casos criminais (FISHER, 2014).
Ultimamente, parte da população começou a se cativar e dar importância para a
ciência no desvendamento de crimes, fato esse que pode ser explanado pelo progressivo
esclarecimento veiculada em programas de televisão, filmes, documentários e séries sobre o
assunto. Indícios físicos que não são coletadas, documentadas e preservadas de modo
apropriado não detêm valor científico em investigações criminais. A função do perito
criminal que pela definição é um profissional que adquiriu aptidões acima do padrão
relacionadas a um sujeito, técnica ou conhecimento. Portanto, é ele que ficará encarregue de
recolher e investigar a “evidência imperceptível” ali presente, como cabelo, pele, fluidos
corporais, fibras microscópicas, e vestígios de itens presumivelmente desnecessários, mas
que se revelam como importantes componentes do impasse (WIKIPEDIA, 2023).

2. ÁREAS DA BIOLOGIA FORENSE (MAIORES ÁREAS DE ATUAÇÃO)

A Ciência Forense é uma área interdisciplinar envolvendo várias áreas que são
responsáveis por auxiliar em investigações criminais (FOLTRAN; SHIBATTA, 2011).
Dentro desta Ciência, se contextualiza a biologia forense, na qual se aplicam
conhecimentos da biologia para auxiliar nessas investigações, tendo como base suas
principais áreas, a Genética Forense, Papiloscopia Forense, Hematologia Forense,
Toxicologia Forense, Botânica Forense e Entomologia Forense. Uma área na qual está
ligada a identificação do ser humano é a Genética forense, que tem como objetivo facilitar o
reconhecimento de pessoas utilizando-se traços de DNA encontrados e resíduos como saliva,
sangue, fios de pelos e cabelos. No entanto, esta área não é muito útil quando se trata da
identificação de corpos que estão em avançado estado de decomposição (CORTE; VIEIRA,
2015), no caso de cadáveres em bom estado de conservação, as amostras mais proveitosas
utilizadas na identificação são, sangue e unhas. A Genética forense é de extrema importância
em uma cena criminal, podendo atuar não apenas em identificação de corpos, mas também
em investigações que envolva identificação de parentesco familiar, para casos assim,
habitualmente as amostras utilizadas são sangue ou células epiteliais da mucosa bucal
(AMORIM, 2015).
Para a Papiloscopia Forense na qual é uma forma de identificação humana que
utiliza as impressões digitais, portanto, é possível identificar se suspeitos apresentam
correspondências de impressões digitais como as encontradas em objetos relacionados a cena
do crime. Dividindo-se em 3 partes, a datiloscopia sendo o reconhecimento através das
pontas dos dedos, a quiroscopia que consiste na identificação através das palmas das mãos e a
podoscopia que é o reconhecimento através das impressões digitais dos pés (SENNA, 2014).
Pela Papiloscopia é possível identificar se os suspeitos apresentam correspondências de
impressões digitais como as encontradas em objetos relacionados a cena do crime. Os tipos
de impressões digitais que podem ser encontradas em locais em que ocorreram a
criminalidade são: as moldadas que se localizam em objetos que apresentam um certo tipo de
depressão (em exemplo, o gesso sendo atingido por uma bala), as visíveis que se encontram a
olho nu por ter “absorvido” sangue, tintas entre outros, e as latentes que são vistas através da
utilização de técnicas específicas (SENNA, 2014).
Mortes e crimes violentos são frequentemente veiculadas nos dias de hoje, assim
como em cenas de crime na qual são usadas facas e armas de fogo, a Hematologia Forense é
uma área da ciência em que são estudadas manchas ou gotas de sangue em 4 cenas de crime.
Quando não se tem certeza se o sangue é “real”, é levado uma amostra ao laboratório para
consultar se há material hemático, os testes de orientação possibilitam resposta em cores, no
caso, se há reação de cor, ele se torna positivo (DEL-CAMPO, 2008).
A Toxicologia Forense determina a identificação de substâncias que podem estar
relacionadas na causa da morte do indivíduo, ela é realizada através de materiais biológicos
(saliva, suor, secreções nasais, urina etc.), portanto a toxicologia forense tem como finalidade
detectar substâncias tóxicas que possam levar a algum dano ao organismo podendo acontecer
por vários fatores como o uso de drogas, envenenamento, suicídio e diversas outras razões
(CASTELARI ET AL., 2018).
Há uma variedade de técnicas que podem ser utilizadas na toxicologia forense, mas
varia de acordo com o caso e o tipo de análise que desejam exercer. Analisando uma cena de
crime, podem ser encontrados vestígios vegetais que dão boas sugestões sobre a procedência
dos envolvidos. Pela Botânica Forense podem ser detectadas plantas específicas nas roupas
dos indivíduos envolvidos, e por meio dela ser descobertos os lugares onde ocorreram o
crime ou informações relevantes sobre o caso (BEZERRA; CAVALCANTE; LIMA, 2020).
Há uma complexidade de áreas na Botânica Forense, são elas a Dendrocronologia
(estuda a idade do tronco das árvores), Limnologia (estudo ecológico de águas continentais
ou interiores), Palinologia (estudo do pólen), Ficologia (estudo das algas), Ecologia vegetal
(estuda a abundância das plantas), Biogeografia (estuda os seres vivos no espaço geográfico)
e várias outras (BEZERRA; CAVALCANTE; LIMA, 2020).
É por meio da Botânica Forense que podem ser encontrados indícios ou rastros
vegetais que fornecem boas indicações sobre a origem das pessoas envolvidas na cena de um
crime. É possível identificar informações relevantes sobre o ocorrido, como a descoberta da
autoria do crime ou se o indivíduo teve contato com o local investigado (SCHONS;
CIARNOSCHI; SCHMITZ; SILVA, 2018).
A Botânica possui uma complexidade de áreas, sendo as principais, a
Dendrocronologia, uma ciência na qual estuda a idade dos troncos de árvores por meio dos
anéis de crescimento e sua relação com o ambiente possibilitando conhecer florestas que
ainda não foram estudadas (SCHONS; CIARNOSCHI; SCHMITZ; SILVA, 2018), a
Limnologia é o estudo ecológico de águas continentais ou interiores (lagos, rios e
reservatórios) possuindo uma grande importância no monitoramento e recuperação dos
corpos de água (POMPÊO, 2008), outra ciência correspondentes, se tratando do estudo das
algas é a Ficologia, sendo de grande relevância, em razão de que é produtor primário no
ecossistema aquático, a Ecologia Vegetal é a área na qual estuda a abundância das plantas,
suas interações entre membros da mesma ou diferentes espécies, e como é o seu contato com
o meio ambiente, e a Biogeografia é a ciência na qual explora os seres vivos no espaço
geográfico, determinando o que leva ao indivíduo viver em um certo lugar através de estudos
e observações. No entanto, a Botânica Forense é mais utilizada para estudos relacionados a
Palinologia, ciência na qual estuda o pólen, podendo fornecer pistas relacionadas às variações
sazonais referente ao crime (DAMAS ET AL., 2016).
A Entomologia Forense trata dos insetos contribuindo para a identificação do crime.
Sendo possível por meio dos insetos saber ocorrências que poderão ajudar na elucidação do
crime (SANTANA; BOAS, 2012).
Segundo KEH (1985) os insetos que estão relacionados aos corpos, podem ser
classificados de 4 maneiras, os Necrófagos que são insetos que se alimentam de tecidos em
decomposição, os Omnívoros podendo ter uma refeição ampla (comer diversos alimentos), os
Parasitas e Predadores que tem uma alimentação semelhante um do outro, enquanto os
Parasitas se alimentam da entomofauna cadavérica (insetos que se alimentam de cadáveres),
os predadores se sustentam por meio dos insetos cadavéricos, e os acidentais que se
encontram acidentalmente no local do cadáver (SANTANA; BOAS, 2012).
Em casos que foram usados entorpecentes, dependendo das substâncias que estão
presentes no corpo da vítima, podem acelerar ou diminuir o surgimento dos insetos
necrófagos (insetos que se alimentam de tecidos em decomposição) (CARNEIRO, 2017).
Sendo, a temperatura um fator que pode influenciar no tempo de decomposição e
colonização do corpo, podendo induzir demasiadamente em relação a sua putrefação
(apodrecimento) e a atuação dos insetos (PINHEIRO, ET AL., 2012).
Para CATTS E HASKELL (1991), a Entomologia forense em casos que envolva
morte violenta, são imprescindíveis visto que os primordiais questionamentos são referentes a
identidade do cadáver, a data da morte da vítima, o local em que ocorreu, como aconteceu o
crime ou se o acidente tenha sido acidental ou criminal (SANTANA; BOAS, 2012).
Para casos de morte violenta, se faz necessário identificar o cadáver, uma vez que em
casos que envolva insetos necrófagos isso não se torna impossível, portanto, se tornando
plausível a extração de sangue do trato digestório dos insetos, podendo então, ser realizado o
exame de DNA. Cada divisão na área da Biologia desempenhará um papel importante na
elucidação do crime (SANTANA; BOAS, 2012).

3. ENTOMOLOGIA FORENSE

A palavra Entomologia deriva do grego em que (entomo = inseto; logia = estudo, ou


seja, estudo dos insetos), e Forense vem do latim (forense = foro judicial, ou relativo aos
tribunais) (SEBASTIÃO, 2012).
A Entomologia Forense é um campo da Ciência Forense no qual informações sobre
insetos e outros artrópodes são utilizadas para investigação criminal. Sua principal aplicação
é determinar o tempo mínimo decorrido após a morte de um indivíduo, mas também pode
indicar a mudança de local do cadáver após a morte, a existência de lesões antemortem, e até
mesmo a detecção de drogas através dos insetos. Além disso, a indicação de negligência em
seres humanos e animais vivos é mais um aspecto dessa disciplina, permitindo estabelecer o
período de infestação por insetos nesses casos (KASVI, 2023).
A Entomologia Forense pode ser definida como a aplicação do estudo de insetos e
outros artrópodes na solução de casos criminais e disputas judiciais (HALL, 2001). Por meio
da análise desses animais, em suas fases evolutivas, os especialistas conseguem estabelecer
diversos aspectos relacionados à morte. É uma Ciência que, nas últimas duas décadas, tem
despertado o interesse de peritos e de pessoas ligadas às instituições policiais devido à íntima
relação existente entre esses estudos e as técnicas de investigação, sendo, portanto, utilizada
como ferramenta auxiliar na investigação de crimes contra a pessoa, como casos que
envolvem vítimas de morte violenta (COSTA, 2008).

3.1. História da Entomologia Forense

A primeira aplicação da entomologia forense documentada, refere-se a um caso


ocorrido em 1235 e está relatada em um manual Chinês de Medicina Legal do século XIII,
intitulado “The washing away of wrongs”. Foi um caso de homicídio em que um lavrador
apareceu degolado por um instrumento de ação corto-contundente. Os investigadores, à
procura de vestígios na redondeza, encontraram uma foice com moscas sobrevoando a seu
redor, devido, provavelmente, aos odores exalados de substâncias orgânicas aderidas à
lâmina. Em vista disso, o proprietário da foice foi pressionado pela polícia, levando-o a
confessar a autoria do crime (APUD MCKNIGHT, 1981). Entretanto, essa ciência veio
tornar-se mundialmente conhecida apenas após 1894, com a publicação na França do livro
“La Faune des cadaveres” de Mégnin, no qual o autor incluiu fundamentação teórica,
descrição dos insetos e relatos de casos reais estudados por ele e seus colaboradores. Esses
estudos, ainda hoje, são utilizados como padrão para os achados de insetos cadavéricos que se
sucedem de modo previsível no processo de decomposição (COSTA, 2008).
No ano de 1668, Francesco Redi conduziu um experimento no qual utilizou carne
exposta a moscas. A partir disso, ele foi capaz de deduzir a relação entre a postura de ovos e a
eclosão de larvas. Até então, acreditava-se que as larvas surgiam por geração espontânea. Já
em 1848, o médico francês Orfila observou a presença de diversos artrópodes nos cadáveres,
percebendo a importância deles na decomposição. Desse modo, é possível considerar que
Orfila tenha sido o primeiro a trazer o conhecimento da sucessão entomológica em cadáveres
(CAINÉ, 2010).
A primeira utilização de insetos numa investigação forense, desde o caso investigado
por Sung Tz'u, foi em 1855 e ocorreu na Europa. Foi descoberto um corpo mumificado duma
criança e, através dos insetos encontrados, Bergeret concluiu quando teria ocorrido a morte e,
consequentemente, quem seriam os culpados. Os métodos utilizados por ele são
essencialmente os mesmos utilizados pelos entomologistas forenses de hoje em dia na
estimativa do IPM mínimo. No entanto, as suas observações não se relacionavam com a
sucessão de artrópodes num cadáver (DIAS, 2014).
No início do século XIX, começou a verificar-se que os insetos eram atraídos pelos
cadáveres num estado precoce de decomposição, tendo sido compilada uma lista de insetos
necrófagos, incluindo moscas e escaravelhos. Também se descreveram as possibilidades e
problemas associados ao uso de insetos para a estimação do intervalo pós morte (IPM),
muitas dessas conclusões permanecem relevantes (AMENDT ET AL. 2004).
Assim se deu o início da disciplina de Entomologia Forense, sendo creditada em
muitos tribunais a partir do final do século XIX (Amendt et al. 2004). Durante muito tempo, a
disciplina de Entomologia Forense foi definida como a ciência que aplica o conhecimento
dos insetos (e outros artrópodes) a procedimentos civis e julgamentos criminais
(TURCHETTO E VANIN 2004).
Nos finais do séc. XIX, Pierre Mégnin publicou alguns trabalhos referentes à
importância da utilização da entomologia forense. Um dos seus trabalhos foi “La Faune des
cadáveres: application de l'entomologie à la médicine légale”, publicado em 1894. O seu
estudo baseou-se no facto de que o cálculo do IPM poderia ser realizado pela análise dos
variados artrópodes que aparecem num corpo em decomposição, isto é, a sucessão de insetos,
sem considerar a idade dos mesmos. Hoje em dia utiliza-se este princípio conjuntamente com
a idade dos artrópodes na determinação do IPM (DIAS, 2014).

Figura 1. Escultura de um esqueleto em marfim “Skeleton in the Tumba”, onde o coração é


substituído por uma mosca. Muito comuns na época da Renascença (BENECKE 2004). Disponível em (
mailto:https://www.academia.edu/33101007/UNIVERSIDADE_DE_LISBOA_ENTOMOLOGIA_FORENSE_AN

%C3%81LISE_DA_ENTOMOFAUNA_EM_CAD%C3%81VER_DE_SUS_SCROFA_LINNAEUS_NA_REGI%C3%83O_DE_OEIRAS_PORTUGAL )

Acesso em: (outubro de 23)

No final do século XX, a Entomologia Forense foi aceite em muitos países como uma
ferramenta forense importante (GOFF ET AL. 1991; GREENBERG 1991; CATTS E GOFF
1992; INTRONA ET AL. 1998, 2001). Esta disciplina manteve-se principalmente devido ao
médico Leclercq e ao biólogo Nuorteva, que conservaram um interesse nos casos judiciais,
criando mais bases para o desenvolvimento desta disciplina (MARQUES, 2008).
Os primeiros estudos realizados na Europa para o auxílio da determinação do IPM
mínimo foram realizados por Leclerq e Leclerq, Leclerq, Nuorteva e Nuorteva et al., sendo
seguidos por vários outros trabalhos (MARQUES, 2008).
Uma das áreas mais relevantes da entomologia forense é a entomotoxicologia que
consiste na aplicação de métodos analíticos da toxicologia a insetos de interesse forense. Os
primeiros estudos de entomotoxicologia forense na Europa foram realizados por BEYER ET
AL. E NUORTEVA E NUORTEVA (a partir dum caso de 1977), sendo seguidos por vários
outros trabalhos (DIAS, 2014).
Em Portugal os estudos de sucessão em entomologia forense iniciaram-se em 2005
por Prado e Castro através dos quais foram registadas novas espécies associadas a cadáveres,
incluídas nas famílias Calliphoridae (11 espécies), Piophilidae (6 espécies) [e Sarcophagidae
(10 espécies). Estes estudos contribuíram grandemente para o conhecimento de dípteros
atraídos para cadáveres em Portugal (DIAS, 2014).

4. COMO A ENTOMOLOGIA FORENSE PODE INFLUENCIAR E/OU AJUDAR A


MEDICINA LEGAL

A Entomologia Forense é uma ciência que se dedica ao estudo dos insetos como uma
ferramenta auxiliar na investigação criminal. Os insetos podem ajudar na investigação de um
crime ao fornecer uma estimativa do tempo decorrido desde a morte, também conhecido
como intervalo post-mortem (IPM), com base no tempo que os insetos levam para se
desenvolver do ovo ou larva até a fase em que são encontrados no cadáver (CARINA REIS,
2013).
A Entomologia Forense consiste no estudo da interacção de insetos e outros
artrópodes com questões legais, podendo ser dividida em três áreas principais: a urbana, a
referente a produtos alimentares e a médico-legal (BYRD E CASTNER, 2001). A primeira
diz espeito a disputas relativas ao meio ambiente que envolvam insetos e inclui ações de
negligência relacionadas com infestações, por exemplo, de enfermarias (hospitais) ou de
cadáveres (agências funerárias), com larvas de insetos. A segunda relaciona-se com a
presença de artrópodes ou parte deles, em alimentos ou produtos empregues na sua
confecção. A Entomologia Médico-Legal visa, nomeadamente, a utilidade dos insetos na
resolução de casos criminais (HALL, 2001).
A última área é particularmente importante na investigação criminal, pois permite
determinar onde o crime ocorreu com base nas informações sobre a fauna encontrada na
região; o autor do crime pode ser identificado ao comparar os insetos ou fragmentos
encontrados no suspeito e na vítima, ou no suspeito e no local do crime (DIAS, 2014).
A atração que os líquidos e gases expelidos pelo processo de decomposição do corpo
causam é o que desencadeia o processo de colonização de um cadáver por insetos. Devido ao
seu olfato apurado, os insetos captam os odores expelidos pelos cadáveres muito antes que os
seres humanos os percebam. Sendo assim, eles são os primeiros a chegar à cena do crime,
onde se instalam e se reproduzem. Isso ocorre porque a carne decomposta oferece um
excelente habitat, seja para acasalamento, para a colocação de ovos ou como fonte de
proteína. Portanto, esses insetos funcionam como verdadeiras "testemunhas", pois espécies
específicas são atraídas seletivamente em cada fase de decomposição. As espécies de insetos
e o padrão de colonização de cadáveres podem variar de acordo com várias causas, sendo
uma das mais relevantes a região geográfica ou zona biogeoclimática (DIAS, 2014).
A entomologia forense tem a sua base na interação entre insetos, ciência e o sistema
judicial. Uma das áreas de ação da entomologia forense é a vertente médico-criminal, que é a
área em que se insere este trabalho, pois é a que utiliza os insetos como auxílio para a
resolução de crimes, principalmente na estimativa do intervalo post-mortem (IPM) (DIAS,
2014).
Um cadáver pode também ser considerado um micro-habitat temporário, uma fonte de
alimento em rápida mudança para variadas formas de vida (DIAS, 2014).
A maioria dos animais que aparece na carne em decomposição são artrópodes e dentro
destes, os insetos são o grupo predominante, quer em termos de indivíduos presentes, como
em biomassa (peso total de indivíduos) e em diversidade (número de espécies). Em média,
cerca de 85% dos animais presentes num cadáver são insetos. Estes são essenciais na
reciclagem de material orgânico na natureza, dedicando-se à sua degradação em elementos
mais simples (DIAS, 2014).

4.1. A Entomofauna e o cadáver

A diferença de exploração do corpo ao longo de cada etapa de decomposição, assim


como o conhecimento de cada período de tempo ocupado por cada estágio de
desenvolvimento do inseto, associado a parâmetros abióticos como temperatura e humidade,
permitem a utilização destes artrópodes para a estimação do intervalo pósmorte (CATTS E
GOFF 1992).
Cada grupo de artrópodes desempenha um papel diferente nos diversos estádios de
decomposição da matéria orgânica. O seu desenvolvimento no cadáver é afetado por vários
fatores, sendo a temperatura o mais importante, afetando a taxa de desenvolvimento e
podendo provocar diapausa (o suspender completo do desenvolvimento), o que afeta os
posteriores estudos de sucessão entomológica (LEFEBVRE E PASQUERAULT 2004).
Vários autores sugerem que tem que haver um cuidado na interpretação dos resultados
dos estudos em carcaças animais. Norris (1965) observou que experiências realizadas em
condições diferentes dos naturais e com alterações mínimas em alguns parâmetros podem
alterar grandemente o resultado das experiências. Por exemplo, os insetos respondem
diferentemente a um cadáver retalhado comparando com um cadáver intacto. O tamanho do
cadáver e a espécie animal usada também afetam o comportamento da entomofauna (KEH
1985).
Em relação à entomofauna que se espera encontrar no cadáver, os grupos que são
considerados de maior importância forense são os Diptera, os Coleoptera, os Himenoptera e
os Araneida. Estes quatro grupos podem representar cerca de 78% da fauna sarcosaprófaga
(PAYNE 1965). Dentro destas ordens, famílias como os Staphylinidae, Ptinidae,
Calliphoridae, Sarcophagidae e Muscidae tomam uma importância elevada como indicadores
forenses ajudando no cálculo do intervalo após a morte. Outras famílias podem ser
consideradas como indicadores forenses da área, mas para isso, é necessário que seja
elaborada uma lista com todos os insetos do local, quer associados ao cadáver, quer
associados à flora presente (CARVALHO ET AL. 2000).

4.2. Entomologia Forense e sistema judicial

A entomologia forense tem a sua base na interação entre insetos, ciência e o sistema
judicial. Uma das áreas de ação da entomologia forense é a vertente médico-criminal, que é a
área em que se insere este trabalho, pois é a que utiliza os insetos como auxílio para a
resolução de crimes, tem sido utilizada como forma de contribuir para o esclarecimento de
algumas questões judicias, relacionando o processo de aparecimento de diferentes espécies de
insetos no cadáver, desde a postura dos ovos até o seu estado adulto, estudando
pormenorizadamente os seus caracteres em relação ao tempo de evolução da decomposição
do cadáver principalmente na estimativa do intervalo post-mortem (IPM), que sobretudo se
encontrem em avançado estado de putrefação, onde alguns métodos usualmente
recomendados falham (DIAS, 2014).
É impossível dizer, com completa certeza, quando a morte ocorreu, exceto em casos
em que esta é presenciada. Apesar disso, através de achados no cadáver e no local do crime é
possível estimar um intervalo de tempo em que é mais provável a morte ter ocorrido. Quanto
menos tempo tiver decorrido após a morte mais precisa será essa estimativa. Esse intervalo é
obtido pela conjugação de vários dados obtidos pela observação do cadáver e do local de
morte, nomeadamente, rigor mortis, livor mortis, algor mortis, e decomposição, atendendo-se
às condições ambientais do local, sendo a temperatura um fator de elevada importância
(DIAS, 2014).
Um cadáver pode também ser considerado um micro-habitat temporário, uma fonte de
alimento em rápida mudança para variadas formas de vida. A maioria dos animais que
aparece na carne em decomposição são artrópodes e dentro destes, os insetos são o grupo
predominante, quer em termos de indivíduos presentes, como em biomassa (peso total de
indivíduos) e em diversidade (número de espécies). Em média, cerca de 85% dos animais
presentes num cadáver são insetos. Estes são essenciais na reciclagem de material orgânico
na natureza, dedicando-se à sua degradação em elementos mais simples (DIAS, 2014).

5. SITUAÇÃO DA ENTOMOLOGIA FORENSE NA MEDICINA LEGAL NO


MUNDO, BRASIL E EM PORTUGAL

O interesse pela Entomologia Forense foi retomado na segunda metade do século XX


por Leclercq 1969, que publicou a obra, Entomology and Legal Medicine e posteriormente
por Smith 1986, com o livro A Manual of Forensic Entomology (JOSÉ ROBERTO PUJOL-
LUZ, 2009).
Atualmente a sua aplicação tornou-se rotina, especialmente na América do Norte, nos
principais centros de investigação do mundo como, o Federal Bureau Investigation (FBI) e na
Europa, onde muitos grupos de pesquisa têm se dedicado ao estudo desse tema. Os
entomologistas forenses têm um papel importante em investigações médico-legais em vários
países da Europa, nos Estados Unidos e no Canadá, uma vez que, são frequentemente
chamados para depor em tribunal, porque atuam em investigações que abrangem a descoberta
de cadáveres já em decomposição, pesquisando evidências entomológicas que auxiliem a
desvendar como, onde e quando a morte ocorreu e, se esta, foi natural ou acidental
(SEBASTIÃO, 2012).
Em Portugal, vários são os investigadores que contribuem com os seus trabalhos para
o desenvolvimento desta ciência forense, nomeadamente: o realizado pela Professora Doutora
Laura Cainé, no âmbito da obtenção do grau de doutor na Faculdade de Medicina da
Universidade de Coimbra, intitulado “Entomologia Forense: identificação genética de
espécies em Portugal” que teve como principais objetivos, a comparação de diferentes
métodos de extração de DNA utilizados em Entomologia Forense Molecular, a análise das
principais diferenças relativas à ocorrência de espécies encontradas em distintas condições
ambientais e climáticas em cadáveres humanos em Portugal (método molecular); o trabalho
elaborado pela Professora Doutora Catarina Padro e Castro, no âmbito da obtenção do grau
de doutor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (SEBASTIÃO, 2012).
As ciências forenses desempenham uma função essencial no sistema judicial, ao
fornecer informação científica fundamental para a investigação criminal e para os tribunais.
O trabalho laboratorial em ciências forenses direciona-se para o reconhecimento,
identificação, individualização e avaliação de vestígios físicos em procedimentos legais,
aplicando as ciências naturais. Este importante campo do saber, ajuda a justiça a enc.ontrar
resoluções de várias inquietações dentro das ciências forenses (SEBASTIÃO, 2012)
Em Portugal contam com o apoio da Associação Portuguesa De Ciências Forenses; O
Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) que é uma unidade orgânica da
Universidade do Porto (U.Porto) e com estrutura de escola universitária e centro de ensino,
investigação científica, cultural e prestação de serviços à comunidade; O Instituto Nacional
de Recursos Biológicos (INRB, I.P.), em resultado da fusão do INIAP com o Laboratório
Nacional de Investigação Veterinária (LNIV), da integração das atribuições, no domínio da
investigação, da Direção Geral de Proteção de Culturas (DGPC) e da integração do Banco
Português de Germoplasma Vegetal; O grupo dos Recursos Faunísticos Silvestres (ReFaS)
que consiste num agrupamento de especialistas do INIAV que desenvolvem atividades
técnico-científicas orientadas para espécies animais selvagens, visando o conhecimento da
ecologia, biologia, conservação, produtividade e técnicas de maneio para apoiar o
planeamento e a gestão multifuncional de áreas agrícolas e florestais numa ótica de
sustentabilidade; O Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, I. P.
(INMLCF, I. P.), considerado uma instituição nacional de referência, tem a natureza de
laboratório do Estado, estando integrado na administração indireta do Estado, dotado de
autonomia administrativa e financeira e de património próprio, prosseguindo atribuições do
Ministério da Justiça.
Atualmente os juízes e outros magistrados, têm uma formação abrangente, mas muitas
vezes é necessário conhecimento técnico-científico especializado, tornando-se fundamental o
recurso a perícias de diversas áreas Caraterização da Colonização e Sucessão da Fauna
Cadavérica em Habitat Representativo de sua região e pais (SEBASTIÃO, 2012).
6. CONCLUSÃO

A Entomologia Forense regula-se na análise da sucessão de aparecimento de insetos


no cadáver, na identificação do grau de evolução dos estádios imaturos das diferentes
espécies e na identificação das espécies através do estudo genético. Em grande parte dos
casos, as larvas das famílias Calliphoridae e Sarcophagidae, principalmente, são
extremamente importantes para esta ciência forense, isto porque, como já foi referido
anteriormente, são os primeiros insetos a chegar ao cadáver (CARINA REIS, 2013).
Atualmente, os entomologistas forenses têm um papel importante em investigações
médico-legais em vários países da Europa, nos Estados Unidos e no Canadá, uma vez que,
são frequentemente chamados para depor em tribunal, porque atuam em investigações que
abrangem a descoberta de cadáveres já em decomposição, pesquisando evidências
entomológicas que auxiliem a desvendar como, onde e quando a morte ocorreu e, se esta, foi
natural ou acidental (CARINA REIS, 2013).
Em Portugal, vários são os investigadores que contribuem com os seus trabalhos para
o desenvolvimento desta ciência forense, nomeadamente: o realizado pela Professora Doutora
Laura Cainé, no âmbito da obtenção do grau de doutor na Faculdade de Medicina da
Universidade de Coimbra, intitulado “Entomologia Forense: identificação genética de
espécies em Portugal” que teve como principais objetivos, a comparação de diferentes
métodos de extração de DNA utilizados em Entomologia Forense Molecular, a análise das
principais diferenças relativas à ocorrência de espécies encontradas em distintas condições
ambientais e climáticas em cadáveres humanos em Portugal (método molecular); o trabalho
elaborado pela Professora Doutora Catarina Padro e Castro, no âmbito da obtenção do grau
de doutor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, intitulado “Seasonal carrion
Diptera and Coleoptera communities from Lisbon (Portugal) and the utility of Forensic
Entomology in Legal Medicine”, correspondendo à utilização do método clássico, realizando
o estudo da comunidade de insetos, da sua sazonalidade e sucessão na zona de Lisboa,
através da identificação de espécies indicadoras forenses, associadas aos diferentes estádios
de decomposição de um cadáver.
O estudo da entomologia forense, no seu método clássico e/ou molecular, permite em
termos de investigação criminal, dados concretos e decisivos no que respeita à identificação
de cadáveres, mesmo em estados elevados de decomposição, bem como permite estimar o
tempo decorrido após a morte, sendo por isso, está ciência forense, uma excelente ferramenta
auxiliar em investigação criminal.
Como resultado mais significativo deste estudo, torna-se perceptivo que uma
sociedade que pratica tantos crimes, muitas vezes a incorreta preservação do local ou a falta
de técnicas usadas, podem dificultar na elucidação do delito, a Biologia Forense, ciência que
usa a biologia no âmbito criminalístico, tem um bom resultado em variados casos de delito,
visto que, as técnicas, os vestígios biológicos e as aplicações do conhecimento científico
podem facilitar o entendimento na resolução, instigando que sejam cada vez mais
empregadas em soluções de crimes em Portugal, no Brasil e no Mundo.
Através dessa pesquisa, conclui-se que o conhecimento sobre como a Biologia
Forense pode auxiliar por meio de suas subdivisões e os seus vestígios biológicos e é de
grande relevância, visto que, muito é veiculado a respeito dessas técnicas em programas ou
documentários para internet e televisão, porém, poucos sabem realmente sobre o tema. Ainda
deve ser considerado, que Portugal é um país que já utiliza a biologia forense em processos
criminalísticos, mas ainda apresenta uma grande lacuna com relação a outros países como os
EUA, Brasil, Canadá, dado que, a falta de profissionais especializados e as tecnologias de
qualidade estejam em escassez principalmente pela omissão de investimentos em
equipamentos por parte do governo, fazendo com que as técnicas cientificas sejam menos
usadas.
Na pesquisa bibliográfica efetuada não foi possível encontrar um vasto conteúdo de
estudo sobre a indicação do ponto de situação em Portugal em relação Entomologia Forense e
o seu papel na Medicina Legal, tornando talvez este trabalho pioneiro nesta área.
REFERÊNCIAS

ANA ROSA (Brasil). Portal São Francisco. Biologia Forense. 1998. Disponível em:
https://www.portalsaofrancisco.com.br/biologia/biologia-forense. Acesso em: 01 out. 2023.
BARBOSA, Bruno Corrêa. Entomologia Forense. 2013. Disponível em:
https://www.infoescola.com/biologia/entomologia-forense/. Acesso em: 01 out. 2013.
BIOLOGIA FORENSE. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia
Foundation,2023. Disponível em:<https://pt.wikipedia.org/w/index.php?
title=Biologia_forense&oldid=65803379>. Acesso em: 3 mai. 2023.
BIRD, Jason; TOMBERLIN, Jeffery. Insects of Forensic Importance. Forensic Entomology :
Insects of Forensic Importance. 3rd Edition. The Utility of Arthropods in Legal
Investigations, Boca Raton. 2019.
CAINÉ, Laura Sofia Ramos Mendes - Entomologia forense : identificação genética de
espécies em Portugal [em linha]. Coimbra : 2010. Tese de doutoramento. Disponível na
WWW:<http://hdl.handle.net/10316/14540
CANEPARO, Maria Fernanda da Cruz; CORRêA, Rodrigo César; MISE, Kleber Makoto;
ALMEIDA, Lúcia Massutti de. Entomologia médico-criminal. Estudos de Biologia,
Curitiba, v. 34, n. 83, p. 1-223, 27 nov. 2012. Pontificia Universidade Catolica do Parana -
PUCPR. http://dx.doi.org/10.7213/estud.biol.7334.
CARNEIRO, Aparecida Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser.
2005. Tese (Doutorado em Educação) – Curso de Educação – Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2005
CASTRO, Catarina. Seasonal carrion Diptera and Coleoptera communities from Lisbon
(Portugal) and the utility of forensic entomology in legal medicine. 2011. 186. Tese de
doutoramento, Biologia (Ecologia) - Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2011.
CENTEIO, Neiva Amenelique Gonçalves. ENTOMOLOGIA FORENSE DA VIDA
SELVAGEM: MORFOLOGIA COMPARADA DE ESTÁDIOS IMATUROS E
ADULTOS DE CALLIPHORIDAE RECOLHIDOS EM CADÁVERES DE FAUNA
SELVAGEM.: mestrado em ecologia e gestão ambiental. 2011. 77 f. Dissertação (Mestrado)
- Curso de Biologia, Biologia Animal, Universidade de Lisboa Faculdade de Ciências,
Lisboa, 2022. Disponível em:
https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5563/1/ulfc092736_tm_neiva_centeio.pdf. Acesso
em: 01 out. 2023.
CONGRESSO NACIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 15., 2015, Ribeirão
Preto. HISTÓRICO E IMPORTÂNCIA DA ENTOMOLOGIA FORENSE: SABELA
FERREIRA DE MORAES. Ribeirão Preto: Unaerp, 2015. 5 p. Disponível em:
https://www.conic-semesp.org.br/anais/files/2015/trabalho-
1000020419.pdf#:~:text=Entomologia%20Forense%20%C3%A9%20um%20estudo%20de
%20interesse%20legal%2C,de%20grande%20confiabilidade%2C%20pois%2C%20atuam
%20como%20%E2%80%9Ctestemunhas%20silenciosas%E2%80%9D. Acesso em: 01 out.
2023.
COSTA J.O 2010. Entomologia Forense - Quando os insetos são vestígios - 3ª edição.
COSTA J.O 2013. Insetos “Peritos” – Entomologia Forense no Brasil
COSTA, Susana. A justiça em laboratório. Aná. Psicológica, Lisboa, v. 20, n. 3, p. 311-329,
jul. 2002. Disponível em <http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-
82312002000300006&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 04 maio 2023
GUELLITY MARCEL. Eu Quero Biologia. Biologia Forense – Áreas de atuação, salário e
empregos. 2015. Disponível em: https://www.euquerobiologia.com.br/2015/10/biologia-
forense-areas-de-atuacao-salario-e-empregos.html. Acesso em: 01 out. 2023.
GUELLITY, MARCEL (13 de outubro de 2015). «Biologia Forense – Áreas de atuação,
salário e empregos». Consultado em 22 de fevereiro de 2018.
HALL, Martin et al. Entomologia forense. Science in School. Disponível em:
https://www.scienceinschool.org/pt-pt/article/2015/forensic-pt-pt/. Acesso em: 01 out. 2023.
INIAV (org.). Laboratório de entomologia. 2023. Disponível em:
https://www.iniav.pt/sanidade-vegetal/lab-entomologia. Acesso em: 01 out. 2023.
LEITE, Antonio Francisco Silva. A importância do da entomologia forense para área de
saúde: uma revisão integrativa. 2018. 18 f. Tese (Doutorado) - Curso de Enfermagem,
Coordenação do Curso de Enfermagem, Universidade Federal do Maranão, Maranhão, 2018.
MARCEL, G. Biologia Forense – Áreas de atuação, salário e empregos. 13 out 2015. Post.
Disponível em: https://www.euquerobiologia.com.br/2015/10/biologia-forense-areas-de-
atuacao-salario-e-empregos.html. Acesso em: 14/11/2023.
MARQUES, Ana Maria de Almeida. UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE
CIÊNCIAS D EPARTAMENTO DE B IOLOGIA A NIMAL ENTOMOLOGIA
FORENSE: análise da entomofauna em cadáver de sus scrofa (linnaeus), na região de oeiras,
portugal. 2008. 55 f. Tese (Doutorado) - Curso de Ciências, Biologia Animal, Universidade
de Lisboa Faculdade de Ciências, Lisboa, 2008.
QCONCURSO (Rio de Janeiro). Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Perito Criminal –
Farmácia. 2018. Disponível em:
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/f4151184-84. Acesso em: 01
out. 2023.
REIS, Carina. Segurança e Ciências Forenses: entomologia forense. Entomologia Forense.
2013. Disponível em: https://segurancaecienciasforenses.com/2013/01/15/entomologia-
forense/. Acesso em: 01 out. 2023.
Revista EDUCAmazônia - Educação Sociedade e Meio Ambiente, Humaitá,
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA – ISSN 1983-3423 – IMPRESSA – ISSN 2318 –
8766 – CDROOM – ISSN 2358-1468 - DIGITAL ON LINE 330 Vol XXV, Núm 2, jul-dez,
2020, pág. 330-345. A CIÊNCIA PARA A RESOLUÇÃO DE CRIMES: O PAPEL DA
BOTÂNICA FORENSE NO ÂMBITO CRIMINAL
RODRIGUES, Thaissa Fernandes da Silva et al. A importância do geoprocessamento
criminal e a entomologia forense para a segurança pública (Paper 551). 2023. Periodico
UFPA - PAPERS DONAE. Disponível em:
https://www.periodicos.ufpa.br/index.php/pnaea/article/view/14464. Acesso em: 01 out.
2023.
SANTOS, Anderson. As principais linhas da biologia forense e como auxiliam na resolução
de crimes. Revista Brasileira de Criminalística, v. 7, n. 3, p. 12-20, outubro 2018.
SANTOS, Vanessa Sardinha dos. "O que é Biologia Forense?"; Brasil Escola. Disponível
em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/biologia/o-que-e-biologia-forense.htm. Acesso em
14 de novembro de 2023.
SEBASTIÃO, Manuel Lemba. Contribuição da Entomologia na Investigação Forense da
Morte.: caraterização da fauna cadavérica do município de viana, luanda/angola. 2012. 94 f.
Tese (Doutorado) - Curso de Medicina, Medicina Legal e Ciências Forenses, Faculdade de
Medicina da Universidade de Coimbra, Coimbra, 2012.
SERAFIM, Teresa (ed.). Nova mosca dos cadáveres detectada em Portugal, Espanha e
Itália. Público. Portugal, 08 ago. 2017. Destaque, p. 1-29.
SOLANO, K.V. & RAMÍREZ-MORA, M.A., 2015. - Morfología de los genitales masculinos
de tres especies de Muscidae (Insecta: Diptera) de importancia forense en Colombia. Bol.
Cient. Mus. Hist. Nat. U. de Caldas, 19 (1): 235-244. DOI: 10.17151/bccm.2015.19.1.17.
WIKIPEDIA. Wikipedia. BIOLOGIA FORENSE. 2023. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Biologia_forense. Acesso em: 01 out. 2023.

Você também pode gostar