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Módulo II
Física Radiológica I
Produzido por:
Depto. Pedagógico - Escola Info Jardins
Rua Campos Sales, 303 - 8º andar
Centro de Barueri - SP
www.escolainfojardins.com.br
SUMÁRIO
HISTÓRICO DA RADIAÇÃO ........................................................................................................... 4
ONDA .................................................................................................................................................. 6
COMPRIMENTO DE ONDA ............................................................................................................. 6
ESPECTRO DAS ONDAS ELETROMAGNÉTICAS ....................................................................... 6
CARACTERÍSTICAS ENERGÉTICAS DOS RAIOS X ................................................................... 7
EXCITAÇÃO....................................................................................................................................... 7
IONIZAÇÃO ....................................................................................................................................... 8
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS RAIOS X .................................................................................. 9
EFEITO TERMOIÔNICO ................................................................................................................... 9
PRODUÇÃO DE RAIOS X ................................................................................................................ 9
RADIAÇÃO BREMSSTRAHLUNG ........................................................................................................ 10
RADIAÇÃO CARACTERÍSTICA ........................................................................................................... 10
PROPRIEDADES FUNDAMENTAIS DOS RAIOS X ................................................................... 10
TUBO DE RAIO X ............................................................................................................................ 11
AMPOLA .......................................................................................................................................... 11
Catodo ............................................................................................................................................. 11
Filamento ........................................................................................................................................ 12
Corpo Focador................................................................................................................................. 12
Anodo .............................................................................................................................................. 13
FILTRAÇÃO ..................................................................................................................................... 13
RESTRITORES ................................................................................................................................. 15
DIAFRAGMAS DE ABERTURA ........................................................................................................... 15
CONES ............................................................................................................................................. 15
DISPOSITIVOS LIMITADORES DE FEIXE DE ABERTURA VARIÁVEL ................................................... 15
TRANSFORMADOR DE ALTA TENSÃO ..................................................................................... 16
RADIAÇÃO BACKGROUND ......................................................................................................... 16
KILOVOLTAGEM (kV) ................................................................................................................... 17
MILIAMPERAGEM (mA) ................................................................................................................ 18
TEMPO DE EXPOSIÇÃO (s) ........................................................................................................... 18
MILIAMPERE-SEGUNDO (mAs) ................................................................................................... 18
ELEMENTOS DE UM CONJUNTO GERADOR DE RAIOS X .................................................... 18
RENDIMENTO DE UMA AMPOLA DE RAIO X .......................................................................... 19
POTÊNCIA DA RADIAÇÃO ........................................................................................................... 20
INTENSIDADE DA RADIAÇÃO .................................................................................................... 20
DOSAGEM DA RADIAÇÃO ........................................................................................................... 21
FÓRMULA UNIVERSAL PARA ACHAR A KV ....................................................................................... 21
INTERAÇÕES DOS ELÉTRONS NO TUBO DE RAIO X............................................................. 22
ESPALHAMENTO COERENTE ............................................................................................................ 22
EFEITO FOTOELÉTRICO .................................................................................................................... 23
EFEITO COMPTON ............................................................................................................................ 24
PRODUÇÃO DE PARES DE ÍONS ......................................................................................................... 25
FOTODESINTEGRAÇÃO ..................................................................................................................... 26
EFEITO ANÓDICO .......................................................................................................................... 26
APLICAÇÕES DAS RADIAÇÕES IONIZANTES ......................................................................... 26
APLICAÇÕES NA MEDICINA ............................................................................................................. 27
Diagnóstico ..................................................................................................................................... 27
Terapia ............................................................................................................................................ 27
APLICAÇÕES NA INDÚSTRIA ............................................................................................................. 27
HISTÓRICO DA RADIAÇÃO
Os estudos de condução elétrica em gases levaram à descoberta dos raios catódicos. Se um
tubo de vidro, munido de dois eletrodos ligados a uma fonte de alta tensão, é evacuado, uma
centelha saltará entre os eletrodos. Em pressões menores a centelha alarga-se, incandescendo todo o
tubo; em pressões ainda menores, aparecem vários espaços escuros no gás incandescente. Em
pressões muito baixas, o interior do tubo fica escuro, mas suas paredes emitem uma fluorescência
(luminescência provocada pela conversão de alguma forma de energia em radiação visível), cuja cor
depende apenas do tipo de vidro. Decidiu-se, imediatamente, que o catodo emitia algum tipo de
raio, raio catódico, que ao atingir a parede do vidro, produzia fluorescência. Objetos colocados no
trajeto desses raios catódicos provocavam uma sombra nas paredes do tubo. Demonstrou-se com
esta experiência que os raios catódicos eram uma corrente de partículas, que posteriormente foram
chamadas de elétrons.
A descoberta dos elétrons por Joseph John Thomson, foi a primeira indicação da existência
de partículas menores que os átomos e permitiu especulações a respeito da estrutura interna do
mesmo, estendendo a esperança de que pudessem ser verificadas experimentalmente.
A descoberta dos elétrons e a construção do tubo de raios catódicos desencadearam a
descoberta de uma nova área da Física: a Radioatividade.
Nos anos seguintes à divulgação da descoberta dos raios catódicos, muitos cientistas
reproduziram as experiências realizadas por J. J. Thomson, como acontecia normalmente quando se
descobria algo de novo na época. Wilhem Conrad Roentgen, também realizou este experimento em
seu laboratório em Würzburg, Alemanha.
Em 08 de novembro de 1895, Roentgen tentou observar um estranho fenômeno descrito pelo
físico Philip Lenard: os raios catódicos que escapavam do tubo iluminavam uma superfície, a uma
certa distância do tubo, que tinha recebido uma camada de material fosforescente (propriedade de
certos materiais de brilharem na obscuridade). Era essa estranha fosforescência que Roentgen
tentava duplicar, quando observou uma luminescência fraca, ao aplicar uma diferença de potencial
de algumas dezenas de quilovolts entre os eletrodos do tubo. Ele apagou a luz da sala para observá-
la melhor. Qual não foi sua surpresa ao notar que uma placa de vidro coberta com platino cianeto de
Bário colocada a um metro do tubo também possuía luminescência! O fenômeno ainda se repetia,
mesmo cobrindo o tubo com papel preto. Colocou então um livro entre o tubo e a placa de vidro,
mas esta continuava luminescendo quando o tubo funcionava. Substituiu o livro por um pedaço de
madeira e depois por uma folha de Alumínio. Os raios atravessavam tudo, inclusive sua mão.
Uma investigação cuidadosa mostrou que os responsáveis por este fato não poderiam ser os
raios catódicos produzidos, pois eles possuíam uma capacidade de penetração no ar de somente uns
poucos centímetros.
Roentgen concluiu que o tubo emitia raios muito mais potentes, ainda desconhecidos e que
poderiam até atravessar corpos humanos e sensibilizar filmes fotográficos. Assim foi descoberta
uma forma fantástica de se observar o interior dos corpos, causando uma verdadeira revolução na
área da Medicina Diagnóstica, e por desconhecer a origem, deu o nome de raio X por ser “X” o
símbolo do desconhecido. Seguindo seus estudos, verificou que os raios X não atravessavam o
Chumbo.
No dia 22 de dezembro, cerca de 45 dias após a descoberta dos raios
X, Roentgen tirou a primeira radiografia, a mão de sua esposa, expondo-a por
cerca de 15 minutos (ele fez isto para tirar a suspeita de sua esposa de que ele
estaria traindo-a durante as noites em que dizia estar trabalhando). O
resultado foi uma imagem imprecisa, mas inconfundível, do esqueleto escuro
da mão esquerda dela, com seus aneis fazendo um borrão escuro no quarto
dedo.
Este trabalho científico foi publicado em 28 de dezembro de 1895, na
Em seu primeiro ensaio escrito, Rutherford observou que as substâncias radioativas têm alto
peso atômico e sua radioatividade parece ser independente de estados químicos. O que confundia,
era o fato de não haver fonte para a emissão dessa energia.
Radioatividade é uma manifestação da desintegração dos núcleos atômicos. Quando o Rádio
emite radiação, está enviando partículas subatômicas: minúsculos elétrons e partículas maiores
(embora extremamente pequenas) com cargas positivas, que hoje sabemos serem núcleos de Hélio,
bem como raios gama (onda eletromagnética de comprimento de ondas muito mais curto do que a
luz visível). Todos os elementos mais pesados, como se verifica, são inerentemente instáveis e se
acham em contínua transmutação. Um átomo de Urânio ou Rádio repetidamente altera a si mesmo,
algumas vezes após segundos ou minutos e, em outras vezes, após milhares de anos. Hoje,
chamamos esse processo de "decaimento" e temos um conhecimento detalhado de cadeias de
decaimento. Por exemplo:
Urânio Tório Rádio Radônio Polônio Chumbo
Como o decaimento era lento na maioria dos elementos que os Curie trabalhavam, e como a
energia disponível no núcleo era enorme, os Curie e outros não conseguiram detectar qualquer
mudança. E na verdade a mudança, a transmutação, é que causa a radiação.
Os Curie e Becquerel deram contribuições decisivas, bem como também alguns
pesquisadores alemães. Mas os grandes saltos teóricos da transmutação foram dados pelos
britânicos e, particularmente, por Rutherford.
Por suas investigações na desintegração dos elementos e a química das substâncias
radioativas, Ernest Rutherford recebeu, em 1908, um prêmio Nobel de Química.
ONDA
Para esclarecer o conceito de onda, imagine a perturbação causada num lago tranqüilo
quando se atira a este uma pedra. Quando a pedra toca na água, parte da sua energia produz ondas
que viajam externamente em círculos cada vez maiores. Embora a água esteja em movimento, ela
não viaja progressivamente para frente. Por exemplo, uma folha que flutua subiria e desceria com as
ondas mas não sairia do seu lugar original. A energia aplicada à água é convertida em ondas que
procedem de dentro para fora.
COMPRIMENTO DE ONDA
EXCITAÇÃO
Em 1913, Niels Henrik David Bohr, dinamarquês, prêmio Nobel de Física em 1922,
retomou uma teoria proposta, em 1900, por Planck, segundo a qual "a energia não é emitida em
forma contínua, mas em blocos, denominados quantum". Com isso, Planck contrariou a idéia
fundamental da Mecânica Clássica, dando origem a Mecânica Quântica.
Bohr relacionou a energia dos elétrons com a Teoria Quântica de Planck e elaborou um
modelo atômico que se fundamenta nos seguintes postulados:
a eletrosfera do átomo está dividida em sete regiões denominadas camadas eletrônicas, onde os
elétrons giram em órbitas circulares de modo que tenham uma energia constante, ou seja, não
perdem nem ganham energia. As camadas são: K, L, M, N, O, P Q, a partir do núcleo;
se um elétron recebe energia suficiente, ele pula para uma camada mais externa; dizemos que
passou para um estado mais excitado;
no estado excitado, o elétron tende a voltar para a camada de origem, devolvendo a energia
recebida na forma de energia radiante, principalmente luz.
Quando um átomo absorve energia de uma fonte externa, alguns de seus elétrons ganham
energia e são elevados a um nível de energia maior. Esse fenômeno é chamado de salto quântico.
Diz-se que o átomo se encontra num estado excitado. Alguns dos níveis de energia mais baixos
ficam livres e, assim, um elétron pode cair de um nível mais alto para um nível de energia mais
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TÉCNICO EM RADIOLOGIA
Física Radiológica I
baixo. Quando isso acontece, a energia absorvida pelo elétron é liberada na forma de fóton de
radiação eletromagnética, com um comprimento de onda diferente do original. Esse fenômeno é
chamado de fluorescência. Muitas substâncias ficam fluorescentes quando atingidas por luz
ultravioleta, a qual não podemos enxergar - vemos apenas a luz de baixa energia produzida pela
fluorescência.
O fóton, portanto, corresponde à diferença entre dois níveis de energia de um elétron,
quando este realiza um salto quântico.
IONIZAÇÃO
O elétron, ao ser excitado, passa de níveis inferiores para níveis superiores de energia.
Quando atinge um nível energético em que o núcleo não exerce mais atração sobre ele, dizemos que
atingiu um nível (distância) infinito.
Para separar definitivamente um elétron de seu átomo, precisamos atingir esse nível infinito.
A essa transposição corresponde um certo conteúdo de energia, chamada energia de ionização.
A seguir, podemos observar o diagrama de representação dos níveis de energia do
Hidrogênio. A passagem n = 1 e n = corresponde ao potencial de ionização do Hidrogênio.
EFEITO TERMOIÔNICO
Os elétrons livres existentes em um corpo metálico possuem, a qualquer temperatura, um
movimento desordenado em virtude de sua agitação térmica (de modo semelhante ao que ocorre
com as moléculas de um gás). Os elétrons que, nesta agitação constante, atingem a superfície do
metal, são atraídos pelos íons positivos da rede cristalina e, à temperatura ambiente, não possuem
energia suficiente para vencer essa atração, permanecendo, assim, no corpo do metal. Entretanto, se
a temperatura do corpo for aumentada, a agitação térmica dos elétrons aumentará e um grande
número deles conseguirá escapar da atração dos íons positivos. Esses elétrons que escapam do
material passam a formar uma nuvem eletrônica próxima à superfície do corpo.
Esse fenômeno de emissão de elétrons pela superfície do metal aquecido é denominado
emissão termoiônica e foi observado, pela primeira vez, pelo inventor americano Thomas Edison.
Por esse motivo, a emissão termoiônica costuma ser também denominada efeito Edison.
PRODUÇÃO DE RAIOS X
Quando uma partícula se move no vácuo, com ausência de força, sua energia se conserva.
Se, porém, ela se choca com um obstáculo ou é freada, parte de sua energia se transforma em
radiações eletromagnéticas, mais precisamente em um fóton de radiação. O comprimento de onda
da radiação emitida depende da quantidade de energia perdida pela partícula. Quanto maior essa
energia, maior a freqüência da radiação emitida e menor, portanto, seu comprimento de onda.
Os raios X podem ser produzidos por dois processos diferentes: radiação característica e
radiação de frenamento (bremsstrahlung).
Radiação Bremsstrahlung:
Durante o bombardeio do feixe catódico contra o anodo, alguns elétrons desse feixe que
estão dotados de alta energia cinética conseguem aproximar-se do núcleo dos átomos-alvo e são
atraídos por ele. Contudo, como estão em alta velocidade, sofrem apenas um encurvamento na sua
trajetória, perdendo parte da sua energia sob a forma de fótons de raio X. Esses raios são chamados
de bremsstrahlung (radiação de frenamento, em alemão), que é a emissão de raios X devido à
desaceleração brusca dos elétrons no alvo.
Os raios X assim gerados se conhecem pela denominação de radiação de freio,
bremsstrahlung ou braking. Esta radiação está integrada por um espectro contínuo de distintos
comprimentos de onda. Esses comprimentos de onda dependem da velocidade dos elétrons que
incidem sobre o alvo, ou seja, da tensão aplicada ao tubo; dependem também do material de que é
feito o alvo.
Quanto maior é o potencial, maior a velocidade dos elétrons e portanto, menor o
comprimento de onda e maior a penetração dos raios X.
Radiação Característica:
Para que se produzam os raios X é preciso que o feixe de radiação catódica desloque
elétrons das camadas L e K dos átomos-alvo. A interação desse feixe com elétrons de outras
camadas resulta na produção de luz visível ou calor. A energia dos raios X, que são produzidos pela
convecção de elétrons, depende da natureza do átomo-alvo, pois cada átomo tem quantidades
definidas de energia em seus orbitais. Por isso, os raios produzidos pelo salto de elétrons de um
orbital para outro são chamados de raios X característicos.
A radiação característica ocorre quando a energia dos elétrons incidentes é transferida aos
elétrons dos átomos-alvo, fazendo com que mudem de nível eletrônico. Ao regressarem ao seu
estado fundamental, emitem o excesso de energia sob a forma de calor e luz.
Esse tipo de radiação tem pouca importância no radiodiagnóstico porque sua intensidade é
baixa comparada à radiação de freio.
TUBO DE RAIO X
A figura a seguir, mostra a estrutura de um tubo de raio X e a blindagem dentro da qual é
montada. O feixe de elétrons é produzido pelo aquecimento de um filamento por meio da passagem
de uma corrente elétrica, filamento este colocado no catodo (eletrodo negativo). Acelerados por um
campo elétrico em direção ao anodo (eletrodo positivo), os elétrons vão se chocar contra um alvo de
Tungstênio (inserido no anodo).
No choque, cerca de 1% do feixe de elétrons transforma-se em radiação X, que escapa do
tubo através de uma janela. Os 99% restantes convertem-se em calor, motivo que explica o sistema
de resfriamento a óleo de que é dotado o equipamento.
A intensidade da radiação X depende da intensidade da corrente elétrica que passa pelo
filamento, enquanto o comprimento de onda é inversamente proporcional à diferença de potencial
existente entre catodo e anodo. Esta característica é importante, uma vez que quanto menor é o
comprimento de onda, maior é o poder de penetração dos raios X.
Ampola:
No tubo (ampola) são gerados os raios X pela conversão da energia dos elétrons em calor
(ou energia térmica) e, em menor quantidade, em raios X (Bremsstrahlung).
O calor é um subproduto indesejável no processo. O tubo de raio X é projetado para
maximizar a produção de raio X e dissipar o calor tão rápido quanto possível.
Os elementos integrantes de um tubo gerador de raio X ficam acondicionados no interior de
um invólucro fechado, de forma geralmente cilíndrica.
Além de desempenhar as funções de isolante elétrico e de suporte estrutural para o anodo e o
catodo, o sistema de encapsulamento serve para manter o vácuo no interior da ampola, pois a
presença de ar é indesejável.
Catodo:
Filamento:
A quantidade de raios X gerados depende do fluxo de elétrons que colidem com o anodo.
O filamento é normalmente feito de Tungstênio, que tem alto ponto de fusão (3.380o C),
razão pela qual pode ser elevada sua temperatura até cerca de 2.500º C, e não vaporiza facilmente (a
vaporização do filamento provoca o enegrecimento do interior do tubo e a conseqüente mudança
nas características elétricas do mesmo), enrolado em espiral de 0,2 a 0,3 mm de diâmetro e de
comprimento de 1 cm ou menos que libera elétrons termoionicamente.
Alguns tubos apresentam dois filamentos, são os chamados tubos de foco dual. Esses
filamentos têm comprimentos distintos, produzindo áreas de impacto diferentes no anodo. Temos
assim dois tipos de foco:
foco fino: de 0,3 a 1 mm
foco grosso: de 1 a 2,5 mm
O controle do foco fino/foco grosso é feito por uma chave que escolhe ou um ou outro
filamento. Para evitar que se coloque grandes correntes em foco fino (o que poderia danificar o
anodo), um mesmo comando seleciona a corrente e o foco simultaneamente (as duas chaves são
acopladas mecanicamente).
Corpo Focador:
Os elétrons que migram do catodo para o anodo tendem a produzir um feixe divergente. Isso
se deve à repulsão mútua entre eles. Se esse efeito não fosse corrigido, o anodo não seria
bombardeado por um feixe concentrado e conseqüentemente, perderia em eficiência para produzir
raios X. A dispersão dos elétrons é evitada nas ampolas pelo corpo focador. Trata-se de uma
estrutura em forma de parábola posta em torno do filamento e mantida no mesmo potencial que esse
eletrodo. Ele gera um campo elétrico que se contrapõe à tendência repulsiva do feixe catódico e,
assim, focaliza os elétrons para que bombardeiem uma área bem definida do anodo. O sistema de
focalização é geralmente feito com Molibdênio.
Anodo:
O anodo é o pólo positivo do tubo. Existem dois tipos de anodo: anodo fixo e anodo
giratório.
Os tubos de anodo fixo são usualmente utilizados em máquinas de baixa corrente, tais como:
raio X dentário, raio X portátil, etc.
Os de anodos giratórios são usados em máquinas de alta corrente, normalmente utilizadas
em radiodiagnóstico.
O anodo tem as seguintes finalidades: formar o caminho elétrico, servir de suporte para o
alvo e como elemento condutor de calor.
Do ponto de vista da radiografia, uma atenção especial deve ser dada ao alvo contido no
anodo. Sua superfície é atingida pelo fluxo eletrônico, proveniente do filamento, e denomina-se
foco térmico. É importante que essa superfície seja suficientemente grande para evitar um
superaquecimento local, que poderia deteriorar o anodo e permitir uma rápida transmissão do calor.
Para obter-se imagens com nitidez máxima, as dimensões do foco óptico devem ser as
menores possíveis. As especificações de aparelhos geralmente mencionam as dimensões do foco
óptico.
O calor que acompanha a formação de raio X é considerável, e portanto é necessário
especial atenção aos sistemas e métodos para refrigerar o anodo. Essa refrigeração pode ser feita de
diversas maneiras:
refrigeração por irradiação: neste caso o bloco de Tungstênio, que compõe o alvo, se aquece e o
calor se irradia pelo anodo;
refrigeração por convecção: o calor irradiado pelo anodo, se transmite ao prolongamento de
Cobre, o qual está imerso em óleo, que se refrigera por convecção natural ou por circulação;
refrigeração por circulação forçada de água: a refrigeração descrita no ítem anterior, é limitada,
principalmente se o aparelho for operado continuamente. Nesse caso, a circulação de água por uma
serpentina interna à unidade geradora, é eficaz, permitindo o uso do aparelho por longo período de
tempo.
O anodo pode aquecer até atingir seu ponto de fusão. Isso impede a construção de um foco
fino suficiente para uma imagem ideal. Contudo uma grande evolução foi conseguida com a
introdução do anodo giratório. O bloco de Cobre com uma pequena placa de Tungstênio, foi
substituída por um disco, também de Cobre, que gira a alta rotação durante a Exposição, movidos
por um motor elétrico.
Com este movimento de rotação do anodo, o bombardeio é distribuído em toda a extensão
da faixa de Tungstênio, permitindo:
maior tempo;
maior área de bombardeio;
menor ponto focal;
maior dissipação de calor.
Com uma corrente de 60 Hertz de freqüência, os anodos giratórios atingem a velocidade de
3.000 a 10.000 rpm (rotações por minuto).
FILTRAÇÃO
As ampolas de raio X são acondicionadas em invólucros metálicos que são conectados à
terra para evitar a possibilidade de choques elétricos. Dentro do invólucro há óleo mineral ou água,
a fim de aumentar o isolamento elétrico e resfriar a ampola.
O feixe de radiações eletromagnéticas produzido no interior das ampolas é complexo. Possui
radiações de grande comprimento de onda (radiações caloríficas), ondas luminosas e raios X. Entre
estes, existem ondas de alta energia (raios X duros), bem como radiações de grande comprimento
de onda (raios X moles) que não contribuem em nada na qualidade da informação diagnóstica,
aumentando desnecessariamente a dose de radiação na pele do paciente.
Num primeiro momento, existe o que denominamos filtração inerente que é a filtração que o
feixe de raio X sofre ao ultrapassar o vidro constituinte da ampola, ou seja, é uma filtragem que
ocorre sem a intervenção externa do técnico.
Porém devido a grande diversidade de ondas, uma filtração adicional torna-se necessária,
filtros metálicos, geralmente de 1 a 3 mm de Alumínio são colocados na saída das ampolas. Esses
filtros são capazes de reter as radiações fracas, deixando passar apenas os raios X de alto poder de
penetração.
A soma da filtragem inerente mais a filtragem adicional nos dá o que é denominado
filtragem total do feixe de raio X e é muitas vezes especificada em milímetros de Alumínio. Dessa
forma, teremos um feixe composto por fótons de maior energia e portanto, altamente penetrante.
Esse processo é também denominado endurecimento do feixe.
RESTRITORES
O feixe de raio X produzido numa ampola deve ser restringido a um tamanho e forma que
cubra precisamente a área de interesse diagnóstico por meio de restritores, a fim de evitar grande
dispersão da radiação.
As áreas não irradiadas não podem contribuir para a dispersão, nem para a dosagem do
paciente. Para acentuar a importância desta regra, uma regulação federal exige que todos os
sistemas de raio X para diagnóstico agora fabricados devem fornecer limitadores de feixe positivo
(diafragma/colimador).
Há diversos tipos de dispositivos que podem ser adicionados ao tubo de raio X com o
objetivo de delimitar o campo de raio X.
Diafragmas de Abertura:
Consistem em lâminas de Chumbo com aberturas retangulares, quadradas ou circulares
colocadas no feixe de raio X perto da janela do tubo e são comumente usados em conjunto com um
cone ou um dispositivo limitador de feixe de abertura variável.
Podem ser movidos à semelhança de um obturador de máquina fotográfica. Com isso, é
possível delimitar um campo para a Exposição aos raios X. Produzem uma área de penumbra quase
nula e são dotados de um sistema de iluminação próprio, o que permite a visualização da área a ser
exposta ao feixe de raio X.
Possui ainda, um movimento de rotação de 360o e uma escala que indica a sua posição. Um
indicador óptico define a distância de tratamento com uma escala variável em torno da distância
usual de tratamento.
O campo luminoso é definido por uma lâmpada de quartzo de alta intensidade, que se
localiza na posição real da fonte, quando a mesma está recolhida. Define com precisão o campo de
radiação na linha de 50% da penumbra geométrica.
Cones:
São tubos metálicos de várias formas e tamanhos, alguns fornecem campos circulares,
enquanto outros fornecem campos retangulares. O comprimento do cone assim como também o
tamanho de sua abertura afetará o tamanho do campo de raio X.
RADIAÇÃO BACKGROUND
Toda vida, em nosso planeta, está exposta à radiação cósmica (partículas com grande
energia provenientes do espaço) e à radiação proveniente de elementos naturais radioativos
existentes na crosta terrestre como Potássio, Césio, etc. A intensidade dessa radiação tem
permanecido constante por milhares de anos. Nossos antepassados sempre estiveram expostos a ela,
e nós também.
Essa radiação se chama radiação natural ou radiação de fundo (“background”) e provém de
muitas fontes.
Cerca de 30% a 40% dessa radiação se deve a raios cósmicos. Alguns materiais radioativos
como: Potássio-40, Carbono-14, Urânio, Tório, etc, estão presentes em quantidades variáveis nos
alimentos. Uma quantidade razoável de radiação vem do solo e de materiais de construção. Assim, a
radiação de fundo pode variar de local para local.
O valor médio de radiação de fundo em locais habitados é de 1,25 mSv ao ano.
Para altitudes de 3.000 m, a radiação de fundo é 20% superior à radiação ao nível do mar.
Isso porque a atmosfera se encarrega de atenuá-la.
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TÉCNICO EM RADIOLOGIA
Física Radiológica I
KILOVOLTAGEM (kV)
De todos os fatores que influem sobre o contraste, a kilovoltagem é o mais importante.
Segundo seu comprimento de onda, influi diretamente sobre a quantidade de radiação
remanescente que chega até o filme radiográfico, ou seja, sobre a qualidade da radiação. A
qualidade da radiação, ou seja, a kilovoltagem, por sua vez, determina o grau de contraste de uma
Exposição radiográfica. No contraste, por seu lado, depende da diferença de densidade.
Vejamos, em primeiro termo, a relação existente entre kV e densidade, ou seja, entre
qualidade e quantidade de radiação X.
A densidade radiográfica varia em relação direta com a kilovoltagem empregada mas como
a densidade depende, sobretudo, do fator mA empregado, vejamos que relações existem entre kV e
mA.
Uma modificação do kV necessita uma correspondente modificação do mA. Com esse fim
pode-se empregar uma tabela que trabalha com os fatores de multiplicação do mA correspondente a
mudanças da kV de 5 em 5 desde 40 a 100 kV, com ou sem coberturas reforçadoras. Essas tabelas,
entretanto, apenas representam um caminho aproximado já que não podem ser aplicadas
uniformemente a todos geradores.
Quando os novos valores de mA não estão localizados na tabela se elegerá o mais
aproximado.
Contudo, devem ser feitas as seguintes observações:
Para compensar uma kV demasiadamente baixa, não deve-se recorrer a um aumento do mA
porque um aumento do mA não compensa uma kV demasiadamente baixa. A kV deve ser, em todos
os casos, suficientemente penetrante para atravessar as partes.
Pelo contrário, pode compensar-se um aumento de kV reduzindo o mA.
Em síntese:
uma falta de kV não é compensada com maior mA;
um excesso de kV pode ser compensado com diminuição do mA.
Para reproduzir todos os detalhes dos elementos de um objeto é necessário que o
comprimento de onda do feixe de raios, sua penetrabilidade ou seja, seu kV seja de adequada
penetração; com uma kV demasiadamente escassa, desaparecem.
Tudo isso demonstra que:
a kV é o fator de contraste;
a kV controla a escala de densidade radiográfica com a qual se fazem visíveis maiores detalhes;
à medida que aumenta a kV ou penetração, a gama de contraste é maior;
acima de determinado kV a escala de contraste se faz demasiadamente larga; abaixo,
demasiadamente curta;
à medida que aumenta a kV deve adaptar-se o mA.
As mudanças no comprimento de onda, ou seja, na kilovoltagem, devem ser suficientes.
Apenas as mudanças de 5 kilovolts têm efeito objetivo sobre a densidade, particularmente
apreciável entre 30 e 55 kV. Acima de 55 kV o aumento da densidade por aumento de 5 kV é
menor.
MILIAMPERAGEM (mA)
O catodo é aquecido devido à passagem de uma corrente elétrica proveniente de um fonte de
baixa tensão. A saída dessa fonte é controlada por um seletor de mA.
Aumentando-se o seletor de mA, mais corrente elétrica passa através do catodo gerando
calor e aumentando sua temperatura. Com o aumento da temperatura, aumenta-se a emissão
termoiônica no catodo. Portanto, o número de mA é determinado pelo aquecimento do filamento.
Quando o interruptor geral é acionado, ocorre um pré-aquecimento do filamento.
A temperatura necessária para liberar a quantidade de mA requerida é atingida somente
durante a preparação do disparo. O tempo de preparo deverá ser o menor possível para a proteção
do filamento. Este tempo de preparação é indispensável para que o filamento atinja a temperatura
necessária e para que o anodo giratório atinja a rotação nominal. O número de elétrons é controlado
pela temperatura do filamento do catodo. Quanto maior for a temperatura do filamento, maior o
número de elétrons disponíveis para formar a corrente de elétrons.
Ajustar a máquina de raio X a uma miliamperagem específica significa, na verdade, ajustar a
temperatura do filamento para produzir a corrente elétrica (mA) indicada.
MILIAMPERE-SEGUNDO (mAs)
Freqüentemente, as unidades mA e mAs são confundidas ou tomadas como termos
sinônimos. Não são. Cada uma dessas unidades refere-se a uma grandeza diferente.
A unidade mA refere-se à grandeza física corrente elétrica (i) e a unidade de medida s
refere-se à grandeza física tempo (t).
Portanto, a unidade mAs representa o número total de elétrons que atingem o anodo num
determinado intervalo de tempo.
POTÊNCIA DA RADIAÇÃO
A força de penetração dos raios X é diretamente proporcional à velocidade dos elétrons. Isso
quer dizer que quanto maior a velocidade dos elétrons, maior será a força de penetração dos raios X.
Isto ocorre porque se a velocidade aumenta, aumenta também a violência da frenagem, que por sua
vez diminui o comprimento de onda dos raios X.
Então se desejarmos radiografar uma região constituída por uma substância de alto número
atômico como o osso ou uma parte muito espessa como o abdômem, temos que aumentar a força
dos raios X.
Para conseguir essa força extra, basta aumentar a velocidade dos elétrons, aumentando-se a
kV.
INTENSIDADE DA RADIAÇÃO
A quantidade de raios num feixe, é diretamente proporcional à quantidade de elétrons
utilizados na corrente. Quanto maior o número de elétrons, maior a quantidade de raios no feixe.
Isso ocorre porque cada elétron que se choca contra a matéria torna-se uma fonte de radiação.
Podemos afirmar então que, aumentando o número de elétrons, aumenta-se o número de fontes de
radiação, que aumenta a quantidade de raios no feixe. Existem duas maneiras de aumentar o número
de raios num feixe. A primeira é aumentando-se o fluxo de elétrons na corrente (mA) e a segunda
aumentando-se o tempo (s) de Exposição.
Numa escala de 200 mA com uma Exposição de 1 s temos:
DOSAGEM DA RADIAÇÃO
Cada região do corpo humano é constituída por tecidos de densidade, forma e espessura
diferentes. Porém, o filme não é capaz de registrar diferenças muito pequenas de densidade. Alguns
cálculos perde em parte o seu sentido na prática, exatamente devido a limitada sensibilidade do
filme.
Contudo, os cálculos matemáticos de dosagem não devem ser considerados inúteis, pois eles
são os que norteiam e dão os parâmetros das técnicas radiográficas àqueles que estão iniciando na
profissão. As várias densidades dos tecidos humanos foram englobadas em três principais grupos,
onde foram incluídos os contrastes artificiais positivos e negativos. Para facilidade do cálculo,
foram arbitrariamente, atribuídos coeficientes a cada um desses grupos.
Ossos e contrastes positivos (água) Coeficiente = 2
Músculos e vísceras Coeficiente = 1,5
Pulmão e contrastes negativos (ar) Coeficiente = 0,2
Empiricamente, foi determinada uma fórmula universal para obtenção da dosagem de
radiação necessária à cada exame.
kV = E x 2 + C
onde:
E = espessura da região a ser radiografada
C = constante do aparelho
kV = poder de penetração dos raios
Para medir a espessura da parte a ser radiografada, é usado um acessório chamado
espessômetro.
Abdome AP 17,5
Ante-braço AP / P 5,5
Arco Zigomático AP / O 15
Braço / Ombro AP / P / O 14
Calcâneo AP / O / Axial 6,5
Cavum P 22,5
Clavícula / Art. Est. AP / O 13,5
Coluna Cervical AP / P / O 20,5
Coluna Dorsal AP / P 25
Coluna Lombar AP 16,5
Coluna Lombar P 19
Crânio AP / P 14,5
Escanometria AP 7,5
Escanometria AP 15
Escanometria AP 16,5
Escápula AP / P / O 16,5
Fêmur AP / P / O 15
Joelho / Perna AP / P / O / Axial 6,5
Espalhamento Coerente:
É também chamado de espalhamento Rayleigh ou espalhamento Thomson. Ocorre quando
um fóton transfere para um átomo-alvo toda a sua energia sem, contudo, removê-lo da eletrosfera.
O elétron salta para um orbital de maior energia e, por isso, o átomo fica num estado excitado.
Depois de algum tempo, o elétron retorna ao seu orbital de equilíbrio, devolvendo a energia que
recebeu sob a forma de um outro fóton. Este tem comprimento de onda igual ao do fóton incidente,
mas se propaga numa direção diferente, caracterizando o espalhamento. O efeito é coerente porque
o comprimento de onda emergente é igual ao comprimento da onda incidente. Ao fim desse
processo não ocorreu transferência de energia nem ionização do átomo-alvo. O único efeito
produzido é a mudança de direção de propagação do fóton. Nas radiografias o espalhamento
coerente não é relevante, pois menos de 5% dos fótons do feixe de raios X sofrem essa interação.
Efeito Fotoelétrico:
Esse efeito ocorre quando um fóton interage com um elétron orbital transferindo para ele
toda a sua energia. Para isso, o fóton precisa ter energia suficiente para deslocar o elétron e ainda
para lhe fornecer energia cinética suficiente a fim de afastá-lo do núcleo. Nessa interação o fóton
desaparece e o átomo é ionizado.
Com fótons de raio X, são principalmente arrancados elétrons da camada K. A vaga que se
forma nessa camada é preenchida por outro elétron proveniente da camada L ou mais raramente da
camada M. Esse salto eletrônico em direção à camada K é acompanhado pela emissão de raio X
característico. Assim, o efeito fotoelétrico produz:
raios X característicos;
fotoelétron ejetado;
íon positivo.
Para que possa ocorrer um efeito fotoelétrico, o fóton incidente deve possuir energia
suficiente para romper a atração eletrostática que o núcleo exerce sobre o elétron e ainda para
fornecer a esta partícula uma quantidade de movimento suficiente para que ela abandone o átomo.
Isso significa que, quanto mais interno é o elétron, maior deverá ser a quantidade de energia
necessária para arrancá-lo do seu orbital. O desalojamento de elétrons periféricos dá origem ao
aparecimento de fótons de baixa energia (calor ou luz visível), enquanto, ao serem removidos
elétrons dos orbitais K e L, surgem, além dessas radiações, fótons muito energéticos cujo
comprimento de onda está situado na faixa dos raios X (raios X característicos).
Quando a energia do fóton e a energia de ligação do elétron são aproximadamente iguais, as
chances para que ocorra o efeito fotoelétrico aumentam.
A tabela a seguir mostra a energia de ligação da camada K de átomos que participam do
processo de radiografias.
O efeito fotoelétrico é desejável para a radiografia, pois permite a formação de imagens com
elevado contraste entre os órgãos. Todavia, ele é também responsável por um efeito indesejável,
pois, ionizando o meio-alvo, aumenta a quantidade de radiação absorvida pelo corpo. Dentre as
formas de interação dos raios X com a matéria, esta é a que mais transfere energia ao corpo.
O efeito fotoelétrico é mais pronunciado em elementos pesados (Z alto).
Efeito Compton:
Na interação Compton, os raios X transferem para os átomos-alvo parte da sua energia, a
fim de promover o deslocamento de elétrons que estão situados principalmente nos orbitais mais
periféricos da eletrosfera. A energia não transferida deixa o átomo como um fóton emergente, cuja
energia é menor do que aquela do fóton incidente. Assim, nesse tipo de interação, um fóton
continua a se propagar depois de interagir com o meio, seguindo, no entanto, uma direção diferente
daquela que possuía antes da interação. O resultado disso é a produção de par iônico (elétron/átomo
positivo) e de fóton dotado de baixa energia. A energia do fóton incidente é usada não só para
deslocar o elétron-alvo do seu orbital, mas também para fornecer-lhe energia cinética para que
abandone o átomo a que pertencia. A quantidade de energia perdida para deslocar o elétron
periférico é pequena quando comparada aquela do efeito fotoelétrico. Isso se deve ao fato de que,
estando longe do núcleo, tais elétrons se ligam a ele fracamente.
Dois fatores determinam a quantidade de energia que permanece no fóton emergente:
a energia inicial do fóton incidente;
o ângulo com que o fóton emergente se desvia da trajetória do fóton incidente (ângulo de desvio).
Quanto maior for o ângulo de desvio, maior será a energia transferida para o elétron e,
conseqüentemente, menos energético será o fóton emergente. Em alguns casos, o fóton emergente
se propaga de volta ao longo de sua trajetória inicial, formando assim um ângulo de desvio de 180º.
O ângulo de desvio é inversamente proporcional ao momentum do fóton incidente. Quanto maior o
momentum, mais dificilmente eles são desviados. Utilizando-se raios X de alta energia, por
exemplo, 1 MeV, a maioria dos fótons emergentes sofre desvio do tipo refração, isto é, continua a
se afastar da ampola de raios X que os produziu. Entretanto, na faixa de energia usadas no
diagnóstico radiológico, uma fração importante dos fótons emergentes sofre desvio do tipo reflexão
e se move numa direção e sentido que os aproxima da ampola de raio X.
O perfil de distribuição de fótons espalhados por efeito Compton, quando se usam raios X
de 100 keV, é semelhante ao de uma pêra, cuja extremidade mais delgada aponta em direção à
ampola. Os fótons emergentes com baixo ângulo de desvio são os mais energéticos. Eles
representam um problema de solução impossível durante as radiografias pois, possuindo elevada
energia, não são retidos pelos filtros que estão acoplados à ampola. Além do mais, o pequeno
ângulo de desvio favorece a sua passagem pela grade e mantém a sua chance de atingir a placa
radiográfica, enegrecendo a película e comprometendo a qualidade da imagem.
Os fótons espalhados por efeito Compton aumentam a probabilidade de irradiação dos
técnicos encarregados de executar o exame radiológico. Isso é sobretudo importante durante as
radioscopias, quando os tempos de Exposição são longos. Ocorre que, mesmo desviados de 90 o, os
fótons emergentes permanecem com a maior parte da energia original, o que mantém o seu poder de
penetração. Como se propagam em direções aleatórias, esses raios secundários são dificilmente
atenuados por blindagens usadas na proteção dos operadores de raio X.
A probabilidade de uma ocorrência de uma reação Compton depende da densidade do
absorvedor e do número de elétrons por grama de material. Contudo, não depende do número
atômico do elemento-alvo. Quanto maior a energia do fóton incidente, menor será a probabilidade
de ocorrência desse efeito.
O efeito Compton é mais pronunciado em elementos leves (Z baixo).
Fotodesintegração:
Na fotodesintegração o fóton de raio X de alta energia (7 a 15 MeV) é absorvido pelo núcleo
que, assim, se desestabiliza e acaba por ejetar um nêutron, um próton, uma partícula alfa ou mesmo
um grupo de partículas.
EFEITO ANÓDICO
Nas zonas extremas das placas radiográficas expostas à radiação há diferenças de densidade
motivadas por um fenômeno que se conhece como efeito anódico.
É um fenômeno no qual a intensidade da radiação emitida na extremidade do catodo do
campo de raio X é maior do que aquela emitida na extremidade do anodo. Isso é devido ao ângulo
da face do anodo, de forma que há maior atenuação ou absorção dos raios na extremidade do anodo.
Estudos mostram que pode variar de 30 a 50%, dependendo do ângulo alvo, utilizando um
filme de 43 cm e com distância foco-filme de 102 cm.
É que o feixe de raios gerado a nível do foco anódico tem a forma de um cone. Ao longo do
eixo longitudinal do tubo a intensidade dos raios X difere em ambos extremos do mesmo e,
portanto, do cone de projeção dos raios X.
Essas variações de intensidade dos raios X se devem ao fato de que a superfície anódica
forma um determinado ângulo com respeito ao feixe longitudinal do tubo.
Para o catodo, a intensidade dos raios X aumenta ao contrário que para o anodo vai
diminuindo.
As variações de intensidade dos raios X dependem do ângulo de emissão dos raios X desde
o foco anódico. Quanto mais agudo é este ângulo, tanto maior o efeito anódico. Por esta razão, o
efeito anódico é mais acentuado nos tubos de anodo giratório que costuma ser mais agudo, de uns
16º, que nos tubos de anodo fixo com ângulos de inclinação de 20º.
Sintetizando, pode-se dizer, portanto, que o efeito anódico é a variação da intensidade dos
raios X ao longo do cone de distribuição do feixe de raios X e que este fenômeno é motivado pelo
ângulo de inclinação do foco anódico.
O efeito anódico depende da distância foco-filme e do tamanho do filme radiográfico.
O efeito anódico aumenta a medida que se diminui a distância foco-filme e a medida que
aumenta o tamanho do filme. Em conseqüência, o efeito anódico:
é inversamente proporcional à distância foco-filme;
é diretamente proporcional ao tamanho do filme
Tendo em conta que do lado catódico o efeito anódico é maior, se colocará o extremo
catódico do tubo do lado de maior espessura. Se, por exemplo, trata-se de uma radiografia da coluna
dorsal sendo sua espessura maior na parte inferior, no local onde se interpõe o mediastino, o
extremo catódico deve ser colocado a este nível. No caso de uma radiografia do aparelho renal, o
extremo catódico se colocará no lado superior já que a este nível a espessura é máxima.
Aplicações na Medicina:
O uso de materiais radioativos na Medicina engloba tanto o diagnóstico como a terapia,
sendo eles ferramentas essenciais na área de oncologia.
Diagnóstico:
Os ensaios realizados para diagnóstico podem ser “in vivo” ou “in vitro”.
Nos ensaios “in vivo”, o radioisótopo é administrado diretamente no paciente. O material a
ser administrado, contendo uma pequena concentração do radioisótopo, deve ter afinidade com o
tecido ou o órgão que se quer observar.
A radiação emitida produz uma imagem que revela o tamanho, a forma, as condições do
órgão e, principalmente, sua dinâmica de funcionamento.
Pode-se dizer que este tipo de ensaio é utilizado para todos os órgãos e sistemas do corpo
humano, destacando-se, entre muitos, os estudos do miocárdio, da função renal e tireoidiana e a
detecção de neuroblastomas.
Os ensaios “in vitro” consistem na retirada de material orgânico do paciente, em geral
plasma sangüíneo (sangue), e na reação de substâncias marcadas com material radioativo com
algumas substâncias presentes no plasma, e posteriormente, medidas em detectores de radiação. A
Atividade detectada indica a presença e a concentração das substâncias que estão sendo analisadas.
Terapia:
Nesta prática, a irradiação do paciente, a fim de destruir as células cancerígenas de um
órgão, pode ser feita de três formas distintas:
a fonte radioativa é posicionada a certa distância do paciente e a irradiação se dá por feixe
colimado (teleterapia);
a fonte radioativa é posicionada em contato direto com o tumor ou inserida no mesmo
(braquiterapia);
a substância radioativa é injetada no paciente, a qual se instala no órgão de interesse por
compatibilidade bioquímica.
Recentemente, os materiais radioativos têm sido utilizados também para o tratamento da dor.
É o caso do uso de 153Sm em pacientes portadores de metástases ósseas de câncer, nos quais o uso
de analgésicos potentes não surtem efeitos.
Aplicações na Indústria:
Na Indústria, os materiais radioativos têm uma grande variedade de usos, destacando-se,
principalmente, o controle de processos e produtos, o controle de qualidade de soldas e a
esterilização.
Medidores de nível, espessura, densidade e detectores de fumaça utilizam princípios
semelhantes. Uma fonte radioativa é colocada em posição oposta a um detector e o material a ser
controlado, que passa entre a fonte e o detector, age como blindagem da radiação, fazendo com que
o fluxo detectado varie.
Na gamagrafia, o controle de qualidade de soldas baseia-se na impressão de filmes
radiográficos por raios gama, mostrando a estrutura interna da solda e eventuais defeitos.
Fontes radioativas de alta Atividade são utilizadas, principalmente, para esterilização de
materiais cirúrgicos, tais como suturas, luvas, seringas, esterilização de alimentos e produção de
polímeros.
Radioisótopos são usados em hidrologia para medição de várias grandezas, como vazão de
rios, direção de correntes marinhas, direção e vazão do fluxo subterrâneo de águas, taxa de
infiltração de água no solo.
Aplicações na Agricultura:
Na Agricultura, os materiais radioativos são utilizados para controle de pragas e pestes,
hibridação de sementes, preservação de alimentos, estudos para aumento de produção etc.
A conservação de alimentos por períodos prolongados é conseguida por meio de
esterilização desses alimentos com altas doses de radiação, e o controle de pragas e pestes pode ser
efetuado por meio da esterilização por raios gama.
Geração de Energia:
Alguns tipos de reatores são utilizados na geração de energia nucleoelétrica, variando
basicamente o tipo de combustível e o refrigerante do núcleo. O princípio de geração de energia é o
mesmo em todos eles, ou seja, a energia liberada pelo núcleo é utilizada para gerar vapor, o qual
movimenta uma turbina.
Dentre as inúmeras contribuições que o uso de materiais radioativos traz para o dia-a-dia de
nossa sociedade, resultando na melhoria da qualidade de vida, pode-se citar, além dos usos já
descritos, a datação de amostras arqueológicas, a esterilização de esgotos urbanos, a identificação e
quantificação de metais pesados no organismo humano, as baterias de marca-passos, as fontes
luminosas para avisos de emergência etc.