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samuel.luz@aluno.ufop.edu.br
- Introdução:
Do outro lado vivia outro personagem bíblico: Eva, a sedutora, que aceitou a maçã
da cobra e a deu a Adão, o que levou à queda da humanidade. No final da Idade Média, o
infame "Guia para Caça às Bruxas" apareceu no infame Malleus Maleficarum, que mostrou
como essa ideia foi fortalecida. Afinal, embora o diabo tenha tentado Eva a pecar, foi Eva
quem tentou Adão.
A inferioridade da mulher cristã, foi justificada pelo Apóstolo Paulo e pelo primeiro
livro da escritura sagrada: Gênesis, onde a criação do mito de Eva e sua expulsão do
paraíso podem ser encontrados. O livro de Gênesis mostra que Eva foi criada a partir da
costela de Adão, e a costela sendo um osso curvo, justifica o desvio traiçoeiro desde sua
origem. Eva, com seu desejo do conhecimento da Árvore do Bem e do Mal, ao ser seduzida
pela serpente, leva Adão consigo, tornando-a responsável pela degradação da moral do
homem. Desta forma, a mulher além de ser um ente promíscuo, também representa a
tentação contínua, e a função do homem é evitá-la, para manter seu espírito livre e intacto
do pecado e do sofrimento eterno.
Não há dúvida de que Eva foi a primeira pecadora. O discurso medieval enfatizava
seus erros, tentando analisar o que a motivou a desobedecer à ordem de Deus. Além disso,
vários escritores medievais refletiram sobre essa questão e atribuíram os crimes das
mulheres a diferentes motivos.
A caça às bruxas foi um movimento de repressão religiosa e social que teve início no
século 15 durante o período clássico, culminando nos séculos 16 e 18, principalmente na
Alemanha, Escandinávia, Inglaterra, Escócia e Suíça. Suíça e, em menor medida, Polônia,
Rússia, Finlândia, Islândia, Irlanda, França, Portugal, Itália, Áustria e o Império Espanhol.
Refletindo sobre os diferentes arquétipos da Bíblia, pode-se enfatizar o estereótipo
da mulher e assim afirmar a importância dos textos religiosos como criadores do conceito
de mulher, mesmo para além do período medieval.
A provação da alma da mulher começa quando os mandamentos da igreja dão a ela
orientação espiritual de que ela é filha e herdeira de Eva, a fonte do pecado original e o
instrumento do diabo. O mal, mostrando sua inferioridade, permitindo-se ser enganada pela
serpente . Assim, trair seu parceiro, fazê-lo perder seu paraíso, descobrir e ensinar-lhe os
prazeres da carne. Essa visão tornou-se parte integrante de artigos teológicos, médicos e
científicos, sem dúvida. Dessa forma, sem mostrar o contrário, as mulheres passam a ser
vistas como más e promíscuas, que precisam ser disciplinadas. O direito canônico
apareceu, permitindo que as mulheres fossem espancadas, em todas classes sociais.
Os autores do medievo - digo os escritores da igreja - possuíam um papel
fundamental na construção de livros de liturgia satanista, que de grosso modo descreviam a
figura das bruxas demonizadas, que no momento eram necessárias explicar fenômenos
ditos sobrenaturais que a “ciência” não explicava. Eram procuradas justificativas para os
castigos divinos que derramavam sobre a sociedade e legitimam e estabelecem a ordem
imposta pela igreja católica.
Como outras minorias que vivem na sociedade católica (como as judias), algumas
mulheres foram catalisadoras da imaginação medieval e foram consideradas como tendo
uma conexão estreita com fenômenos sobrenaturais. Por isso, por causa dessa natureza,
as pessoas ficam desconfiadas e temerosas de seus pontos de vista e tratamento.
- Conclusão
A Idade Média reforça a ideia de que existe um forte desprezo pela mulher,
mostrados por feitos que abalaram a estrutura da sociedade no medievo, onde a igreja
católica fez uma exímia associação entre a figura do feminino e a figura diabólica. Desta
forma , coube a mulher a responsabilidade por todas as desgraças sofridas pela
humanidade, já que possuía ligação com Eva, aquela que levou o homem ao pecado, e
assim traiu a confiança de Deus
Pode se dizer, que no decorrer da história, a igreja católica fomentou uma ligação
entre a figura feminina e o sexo melígino. Somente no decorrer do século XVIII, filósofos,
médicos e moralistas começaram a alterar essa visão promíscua imposta pela igreja.
A herança cultural promovida pela igreja Católica do medievo, ainda reproduz
preceitos envolvendo a inferioridade da mulher e sua submissão ao homem. Exemplos
desse fato são, que mulheres ainda não podem exercer o sacerdócio, na área sexual e de
meios reprodutivos, os padres ainda podem intervir. Proibindo o uso de métodos
anticoncepcionais - como o uso de preservativos -. Embora vivamos em outra época, bem
distante da idade média, certas representatividades ainda são difundidas nos dias atuais,
respaldando ações como violência doméstica e subordinação, dificultando a inserção da
mulher em vários segmentos da vida pública.
- Referências