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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

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HIS822 - SEMINARIO EM HISTORIA ANTIGA E MEDIEVAL VI - Turma 11

Professor: FABIO FAVERSANI

A mulher na idade média.

- Introdução:

A mulher no período do medievo foi representada por personagens como rainhas,


poetisas, filósofas e freiras. Até os dias atuais ainda há um preceito que as mulheres desse
período eram meras donzelas que esperavam ser salvas por seu príncipe encantado.
Realmente a Idade Média era um período onde a cultura do patriarcalismo persistia.
Assim como as classes sociais, os papéis femininos eram ditados biblicamente o
ortodoxamente pelos preceitos bíblicos, feitos pelos apóstolo Paulo: “Mas quero que saibais
que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus, cabeça
de Cristo". A mulher não é vista somente como figura vítima passiva, era contínua de
opressão imutável. As visões propostas, vem da construção da própria Virgem Maria, figura
terrena mais importante da cristandade, que foi mantida durante esse período.

- Eva, figura de representação

Do outro lado vivia outro personagem bíblico: Eva, a sedutora, que aceitou a maçã
da cobra e a deu a Adão, o que levou à queda da humanidade. No final da Idade Média, o
infame "Guia para Caça às Bruxas" apareceu no infame Malleus Maleficarum, que mostrou
como essa ideia foi fortalecida. Afinal, embora o diabo tenha tentado Eva a pecar, foi Eva
quem tentou Adão.
A inferioridade da mulher cristã, foi justificada pelo Apóstolo Paulo e pelo primeiro
livro da escritura sagrada: Gênesis, onde a criação do mito de Eva e sua expulsão do
paraíso podem ser encontrados. O livro de Gênesis mostra que Eva foi criada a partir da
costela de Adão, e a costela sendo um osso curvo, justifica o desvio traiçoeiro desde sua
origem. Eva, com seu desejo do conhecimento da Árvore do Bem e do Mal, ao ser seduzida
pela serpente, leva Adão consigo, tornando-a responsável pela degradação da moral do
homem. Desta forma, a mulher além de ser um ente promíscuo, também representa a
tentação contínua, e a função do homem é evitá-la, para manter seu espírito livre e intacto
do pecado e do sofrimento eterno.
Não há dúvida de que Eva foi a primeira pecadora. O discurso medieval enfatizava
seus erros, tentando analisar o que a motivou a desobedecer à ordem de Deus. Além disso,
vários escritores medievais refletiram sobre essa questão e atribuíram os crimes das
mulheres a diferentes motivos.
A caça às bruxas foi um movimento de repressão religiosa e social que teve início no
século 15 durante o período clássico, culminando nos séculos 16 e 18, principalmente na
Alemanha, Escandinávia, Inglaterra, Escócia e Suíça. Suíça e, em menor medida, Polônia,
Rússia, Finlândia, Islândia, Irlanda, França, Portugal, Itália, Áustria e o Império Espanhol.
Refletindo sobre os diferentes arquétipos da Bíblia, pode-se enfatizar o estereótipo
da mulher e assim afirmar a importância dos textos religiosos como criadores do conceito
de mulher, mesmo para além do período medieval.
A provação da alma da mulher começa quando os mandamentos da igreja dão a ela
orientação espiritual de que ela é filha e herdeira de Eva, a fonte do pecado original e o
instrumento do diabo. O mal, mostrando sua inferioridade, permitindo-se ser enganada pela
serpente . Assim, trair seu parceiro, fazê-lo perder seu paraíso, descobrir e ensinar-lhe os
prazeres da carne. Essa visão tornou-se parte integrante de artigos teológicos, médicos e
científicos, sem dúvida. Dessa forma, sem mostrar o contrário, as mulheres passam a ser
vistas como más e promíscuas, que precisam ser disciplinadas. O direito canônico
apareceu, permitindo que as mulheres fossem espancadas, em todas classes sociais.
Os autores do medievo - digo os escritores da igreja - possuíam um papel
fundamental na construção de livros de liturgia satanista, que de grosso modo descreviam a
figura das bruxas demonizadas, que no momento eram necessárias explicar fenômenos
ditos sobrenaturais que a “ciência” não explicava. Eram procuradas justificativas para os
castigos divinos que derramavam sobre a sociedade e legitimam e estabelecem a ordem
imposta pela igreja católica.
Como outras minorias que vivem na sociedade católica (como as judias), algumas
mulheres foram catalisadoras da imaginação medieval e foram consideradas como tendo
uma conexão estreita com fenômenos sobrenaturais. Por isso, por causa dessa natureza,
as pessoas ficam desconfiadas e temerosas de seus pontos de vista e tratamento.
- Conclusão
A Idade Média reforça a ideia de que existe um forte desprezo pela mulher,
mostrados por feitos que abalaram a estrutura da sociedade no medievo, onde a igreja
católica fez uma exímia associação entre a figura do feminino e a figura diabólica. Desta
forma , coube a mulher a responsabilidade por todas as desgraças sofridas pela
humanidade, já que possuía ligação com Eva, aquela que levou o homem ao pecado, e
assim traiu a confiança de Deus
Pode se dizer, que no decorrer da história, a igreja católica fomentou uma ligação
entre a figura feminina e o sexo melígino. Somente no decorrer do século XVIII, filósofos,
médicos e moralistas começaram a alterar essa visão promíscua imposta pela igreja.
A herança cultural promovida pela igreja Católica do medievo, ainda reproduz
preceitos envolvendo a inferioridade da mulher e sua submissão ao homem. Exemplos
desse fato são, que mulheres ainda não podem exercer o sacerdócio, na área sexual e de
meios reprodutivos, os padres ainda podem intervir. Proibindo o uso de métodos
anticoncepcionais - como o uso de preservativos -. Embora vivamos em outra época, bem
distante da idade média, certas representatividades ainda são difundidas nos dias atuais,
respaldando ações como violência doméstica e subordinação, dificultando a inserção da
mulher em vários segmentos da vida pública.

- Referências

-SAGRADA, BÍBLIA; BÍBLIA, COMO ESTUDAR A. Bíblia. Antigo testamento. Flórida:


CPAD, 1995.

-Pedrozo, Paulo Roberto Rocha. "Resenha de:" O pecado e o medo a culpabilização no


ocidente (séculos 13-18)" de Jean Delumeau." EccoS Revista Científica 5.2 (2003): 154-156.

- dos Santos, Dulce O. Amarantes. "Caminhos e atalhos da historiografia sobre as mulheres


medievais." História Revista 1.2 (1996): 5.

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