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Bruxas
É certo afirmar que a Idade Média foi um longo período histórico marcado por
várias superstições e interpretações deturpadas da realidade. Vários foram os
historiadores que estudaram este período e o classificaram como Idade das Trevas
fazendo referência ao perene obscurantismo intelectual por qual passava a sociedade
ocidental. Já outros historiadores designam a Idade Média como um período de intenso
florescimento cultural, onde a arte e a literatura sempre estavam unidas com a
religiosidade.
A prática da magia na Idade Média fora muito intensa o que fez com que o papa
Inocêncio VIII proclamasse sua bula contra a prática da bruxaria, a
Summisdesiderantes,em 1484 .
A verdade é que a prática da bruxaria era muito frequente uma vez que a Idade
Média era revestida de um misticismo tanto esotérico quanto religioso capaz de fazer
com que as pessoas principalmente as mulheres tivessem uma curiosidade muito grande
na arte da magia. Podemos dizer que as bruxas operavam certos fenômenos que hoje
podem ser explicados através do espiritismo científico como fenômenos mediúnicos. O
espiritismo na forma como o conhecemos hoje sempre esteve presente em várias
religiões de diferentes épocas da humanidade. Na Grécia antiga o oráculo de Delfos é
um exemplo claro da prática mediúnica, onde a sacerdotisa de Apolo chamada de
pitonisa ao entrar em transe fazia predições onde muitas delas se cumpriam. Os
mistérios de Elêusis na cidade de Elêusis próxima a Atenas, em homenagem à deusa
Deméter, também é um outro exemplo da prática mediúnica. Na Idade Média isso não
foi diferente. Da mesma forma que as pessoas possuíam temeridade muito forte a Deus,
também havia pessoas que cultuavam Satã.
São estesdentre vários outros absurdos que torna este livro um compêndio
maquiavélico misturado a argumentos escolásticos fazendo com que até o papa
Inocêncio VIII nomeasse Henrich Kramer e James Sprenger como seus arautos da igreja
em defesa da fé. A verdadeira intenção da Igreja era se aproveitar da histeria coletiva
originada da manifestação repressiva da sexualidade feminina em favor do seu
fortalecimento político, já que a religião na Idade Média era mais política do que
doutrinária. Quem ditava as regras da sociedade pelo princípio da Igreja ser a
representante de Deus na Terra era o papa. "Roma locuta causa finita". Aquilo que a
Igreja ditava era lei e não podia jamais ser contestado por nenhum mortal. O Martelo
das feiticeiras foi reprovado pelos doutores da Igreja de Colônia, declarando que este
livro era antiético, mas mesmo assim o mentor dessa armadilha, Henrich Kramer inseriu
uma falsa nota de apoio da universidade em posteriores edições impressas do livro. O
ano de 1487 é geralmente aceito como a data de publicação. A Igreja Católica proibiu o
livro pouco depois da publicação, colocando- o no Index LibrorumProhibitorum
(Índice dos livros proibidos), no Concílio de Trento em 1559, mas apesar disso, entre os
anos de 1487 e 1520, a obra foi publicada treze vezes.
Após estas análises chegamos à conclusão de que a bruxaria fora um signo
interpretado de uma maneira que fizesse crer a ligação perene da mulher medieval com
o diabo.É verdade que a prática da bruxaria durante a Baixa Idade Média alcançou
números altíssimos principalmente entre as mulheres, mais qual foi o real significado
desta prática dado pela Igreja Católica? Segundo Michel Foucault o discurso possui
apenas uma literação e os seus pontos-de-vista são diversos.
Assim fez a Igreja durante todo o transcurso de sua história: não descansou em
momento algum até que o último vestígio da identidade sagrada da mulher fosse
totalmente destruído, de forma que Cristo por ser o ser divino enviado por Deus Pai
jamais pudesse compartilhar com uma natureza satânica e demoníaca e desta forma o
exemplo de seu falso celibatarismo pudesse se sustentar durante séculos para a
edificação e manutenção do patrimônio financeiro instaurado pela Igreja Católica.