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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO

HISTÓRIA

MARIA LAURA PESSOA PINTO FERREIRA

A INFLUÊNCIA DO MALLEUS MALLEFICARUM NA IDADE MÉDIA

NAZARÉ DA MATA - PE
2023
MARIA LAURA PESSOA PINTO FERREIRA

A INFLUÊNCIA DO MALLEUS MALLEFICARUM NA IDADE MÉDIA

Projeto de Ensino e Pesquisa apresentado à


UNIVERSIDADE DO PERNAMBUCO, como
requisito parcial à conclusão do Curso de
História.

NAZARÉ DA MATA - PE
2023
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 6
2. OBJETIVOS ............................................................................................................ 8
3. JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 9
4. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 10
5. METODOLOGIA .................................................................................................. 12
6. CRONOGRAMA ................................................................................................... 13
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 14
1. INTRODUÇÃO

O tema deste trabalho trata-se sobre a influência do Malleus Malleficarum na Idade Média. O
problema pesquisa busca responder se realmente foi influência do Malleus Malleficarum na Idade
Média.
O uso sobrenatural e oculto da palavra "bruxa" é definido pela Oxford Languages como uma
referência a mulheres que têm a reputação de lançar feitiços, perscrutar o futuro e usar poderes
sobrenaturais para causar danos. É um substantivo feminino, mas também pode ser usado como
adjetivo para descrever uma mulher como muito feia, azeda e mal-humorada.
Na época medieval, o conceito de bruxas, feitiçaria e magia estava intimamente associado à
história das mulheres. Foi durante o século XVI que surgiu a imagem da mulher bruxa, tanto nos
registros históricos quanto na cultura popular. Estas mulheres estavam à margem das instituições de
poder e as suas identidades permanecem um mistério.
Raquel Discini, pesquisadora de gênero e professora da Faced/UFU, afirma que no século
XVI existiam mulheres conhecedoras que eram consideradas perigosas porque praticavam tradições
pagãs, tinham conhecimento da natureza e do corpo. Essas mulheres eram parteiras, curandeiras e
enlutadas que possuíam uma riqueza de conhecimentos que ia contra as normas da sociedade da
época.
Este conhecimento condenado do passado é agora reconhecido como aromaterapia,
fitoterapia e farmacologia doméstica. Ao longo dos tempos, o estabelecimento do Estado e da Igreja
manteve uma ordem simbólica, que foi ameaçada pela descoberta empírica de plantas como cura
para dores de cabeça, dores de dente, dores de estômago, etc. Esta sabedoria foi adquirida pela
tradição oral e foi observada pela primeira vez por um grupo de pessoas.
Traduzido como "Martelo das Bruxas" ou "Martelo da Feiticeira", Malleus Maleficarum foi
publicado pelo clérigo católico Heinrich Kramer em 1487. Este manual serviu de guia para o tribunal
da Santa Inquisição no final do século XV, permitindo-lhes identificar mulheres que foram
considerados uma ameaça à igreja medieval e ao conhecimento contemporâneo. Forneceu instruções
elaboradas sobre como julgar, punir e identificar bruxas, e infligiu misoginia à sexualidade feminina,
à medida que supostas bruxas passavam por exames sexuais. “Este livro reforça opiniões
preconcebidas sobre as mulheres”, destaca Discini.
Com a ascensão do Iluminismo, o período da 'Caça as Bruxas!' culminou após
aproximadamente três séculos, resultando na execução de inúmeras mulheres na forca e na estaca,
bem como em castigos físicos duradouros. E assim começou.
A verdadeira imagem das bruxas da história pode ser encontrada com a ajuda do feminismo,
que atua como uma ponte entre os séculos passados e os nossos dias. A proposta política do
movimento feminista é uma característica distinta da Europa dos séculos XIX e XX e, antes disso,
não existia tal movimento organizado. É impossível discutir feministas na época das bruxas. Erros
religiosos, sociais e políticos foram infligidos a estas mulheres, e a sua análise tornou-se agora
possível através da ascensão do feminismo.
2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

 Analisar o manual eclesiástico Malleus Malleficarum que foi escrito em 1484.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Apresentar os conceitos acerca do Manual Malleus


 Verificar a influência do Malleus Malleficarum na Idade Média
 Analisar os pontos relevantes acerca dos acontecimentos na Idade Média relacionado
ao Manual Malleus Malleficarum
3. JUSTIFICATIVA

O imaginário social da Idade Média foi fortemente influenciado pelo discurso cristão, que
reforçou a noção de inferiorização da mulher. Este conceito se reflete no Malleus Maleficarum, que
caracteriza a natureza feminina como vil e má. Esta retórica serviu como um símbolo poderoso da
autoridade da Igreja sobre a sociedade.
Em 1999, Foucault escreveu em História da Sexualidade que a voz de Tomás de Aquino no
século XIII intensificou o conceito da mulher como um “homem imperfeito”. Esta interpretação,
influenciada pelos ensinamentos aristotélicos, levou ao disciplinamento da sexualidade e a uma
tentativa de controlar o pecado através do estabelecimento de papéis sociais e modelos de conduta
específicos para a dinâmica de poder prevalecente.
Foucault sustentou de forma semelhante em 1971 que o discurso inicia as relações sociais e
suas afirmações correspondentes, tornando-as históricas, tangíveis e políticas, visto que a linguagem
é socialmente construída. Devido à influência das relações de poder, o discurso se constitui sempre
como prática social. Isto significa que as práticas discursivas e não discursivas têm um impacto
recíproco e duplo. A linguagem não deve ser considerada neutra, mas sim repleta de implicações e
interpretações. Desvendar os significados simbólicos e políticos por trás de uma ideia, seja ela falada
ou escrita, é crucial para a compreensão dos seus princípios subjacentes.
Inserido no discurso da religião (ORLANDI, 2006, p. 239), o Malleus Maleficarum reflete
uma forma discursiva que se caracteriza pela autoridade do orador, transcendendo os próprios
autores e enraizada na revelação divina. Esta forma de discurso está envolta em misticismo e
simbolismo. Na tradição cristã, a voz da Igreja - transmitida através dos seus sacerdotes, teólogos e
escritores - é considerada a voz de Deus, conferindo legitimidade às palavras e perpetuando-as nas
diversas esferas sociais.
Na sua abordagem à feminilidade, o Malleus Maleficarum apresenta uma atitude de
misoginia profundamente enraizada que revela uma depreciação sistémica da existência feminina,
tanto nos seus estados naturais como representacionais. Os estereótipos de masculinidade e
feminilidade que se desenvolvem a partir deste paradigma são produtos de construções sócio-
históricas, contrastando fortemente com a diferença biológica entre os sexos separados em masculino
e feminino. A identidade de género é, portanto, mais do que apenas uma questão de constituição
biológica; incorpora determinantes sociais e contextuais que prescrevem os comportamentos
apropriados de masculinidade e feminilidade (HARDY; JIMÉNEZ, 2001, p. 2).
4. REFERENCIAL TEÓRICO

Em 1486, dois dominicanos chamados Heinrich Kramer e James Sprenger escreveram um


livro chamado Malleus Maleficarum. As suas percepções exclusivamente degradantes das mulheres
baseavam-se nas crenças do Cristianismo medieval que pintava as mulheres como naturalmente
inclinadas para o mal e vulneráveis à sedução do diabo. Dadas as circunstâncias prementes daquela
época, como a instabilidade económica, a turbulência política e as doenças galopantes, torna-se
compreensível que as pessoas procurassem um bode expiatório para os seus infortúnios através da
caça às bruxas e colocassem a culpa nas mulheres, rotulando-as como fornecedoras do mal. A
punição por suas supostas transgressões foi à morte pelo fogo.
No século XIV, a Europa Ocidental viveu um período tumultuado e repleto de crises. A fome
generalizada causada por abastecimento insuficiente de alimentos, juntamente com explosões
violentas nas áreas rurais e urbanas, serviram apenas como o começo. A aflição mais devastadora, no
entanto, veio na forma de repetidos episódios da Peste Negra, que ceifou inúmeras vidas em
comunidades em toda a região. Durante este século, as questões morais dentro da Igreja e as disputas
em curso em torno do cisma papal provocaram pânico generalizado e levaram à implementação de
métodos de controlo mais severos. Os ensinamentos da Igreja tornaram-se cada vez mais severos,
enfatizando as intenções destrutivas do diabo para com o Cristianismo. Como resultado, medidas
violentas como a Inquisição e o uso da tortura foram frequentemente utilizadas nos interrogatórios.
Instalou-se um medo escatológico amplamente difundido da ira divina sobre os homens
medievais devido às consequências do momento histórico, que parecia recair sobre aqueles que
desobedecessem aos princípios da fé (DELUMEAU, 1996, p. 108). A criação de documentos
oficiais, denunciando qualquer forma de heresia, culminou no século XV, à medida que avançava a
continuidade e expansão do medo e dos esforços para restaurar a ordem através do Cristianismo.
Uma seita líder do cristianismo que atormentava as práticas de magia e sua subsidiária de bruxaria
representava proporções extensas, especialmente entre as mulheres, que seguiam um pacto com o
diabo e, portanto, estavam sujeitas a perseguições.
Publicado em 1486 pelos monges dominicanos Heinrich Kramer e James Sprenger, O
Martelo das Bruxas, ou Malleus Maleficarum em sua forma original, foi criado durante seu tempo
como inquisidores ativos na Alemanha. Ambos os autores eram bem conhecidos da hierarquia da
Igreja e já haviam participado de julgamentos de bruxaria. O manual passou a ser usado como guia
de instrução para a Inquisição Católica e juízes seculares da região. Sua tradução para o português
segue a reputação do Malleus Maleficarum original de orientação sobre o processo de bruxas.
Utilizada e consultada por líderes protestantes pós-Reforma, a obra esteve na moda por 200 anos,
após sua 13ª edição publicada até 1520 (JÚNIOR et. al., 2007, p. 241).
5. METODOLOGIA

Com o intuito de alcançar os resultados e respostas sobre a problematização deste projeto


de pesquisa será necessária utilizar a metodologia de pesquisa através da revisão bibliográfica
com fonte de pesquisa documental primária em artigos, revistas, teses, meios eletrônicos e livros,
com nível exploratório bibliográfico, onde será possível ampliar o conhecimento acerca do tema
que será abordado neste artigo.
O estudo será baseado em uma revisão de literatura. O trabalho ainda terá forma
descritiva, pois diversos dados serão levantados e analisados perante o assunto.
Além de bibliográfico e documental, o artigo possuirá característica qualitativa, sendo que
se trata de um estudo da gestão da manutenção de equipamentos onde artigos, sites, teses e livros
do seguimento serão consultados através de plataformas como Google scholar, Scielo e etc. com
seleção de materiais há 15 anos no máximo.
6. CRONOGRAMA

Cronograma para Execução do Projeto de Pesquisa

Organização das Atividades Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.

Escolha do Tema x

Verificação dos Objetivos e da Problematização x x

Pesquisa Bibliográfica x x x x

Desenvolvimento da Literatura x x

Análise das Referências x

Pré - Finalização do Projeto x x

Correção do Projeto x

Entrega do Projeto x
REFERÊNCIAS

DELUMEAU, Jean. História do medo no Ocidente: 1300 - 1800. São Paulo: Companhia das
Letras, 1996.

HARDY, Ellen; JIMÉNEZ, Ana Luísa. Masculinidad y Gênero. Cubana Salud Pública, Havana, v.
27, n. 2, 2001.

JÚNIOR, Eduardo C P; SILVEIRA, Fabiano A M; ROBERTO, Giordano B S. Roteiro pra leitura


do Malleus Maleficarum. In: GUSTIN, Miracy Barbosa de Sousa (org). História do Direito. Belo
Horizonte: Mandamentos, 2007.

KRAMER, Heinrich; SPRENGER, James. O Martelo das Feiticeiras (Malleus Maleficarum). Rio
de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2010.

MURARO, Rose Marie. O Martelo das Feiticeiras. DHnet. Consultado em 16 de fevereiro de 2016

ORLANDI, Eni p. O discurso religioso. In: A linguagem e seu funcionamento: as formas do


discurso. Campinas: Pontes, 2006.

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