A história sempre demonstrou um protagonismo masculino, não seria uma surpresa, pois, a mulher foi sempre foi esquecida ou colocada como secundaria na história devido a uma relação de gênero e poder onde a mulher era considerada um sexo frágil e o homem era visto como ser independente do qual a mulher necessitava. Nesse texto teremos contato com a visão filosófica clássica e a visão moral católica e como essas visões tratava as mulheres. A filosofia clássica moldou o que seria o pensamento ocidental contemporâneo, pois, transmitiu funções, princípios morais, costumes, transformando em tradições herdadas esses princípios. Porem a mulher, de acordo com a filosofia clássica era vista como um objeto, criaturas irracionais, sem pensar próprio, pouco criativas, sem espirito estético, dependentes do seu próprio corpo, portanto, necessitam de ser submissas e controladas pelos homens. Essas praticas acabaram criando um sistema onde a mulher era vista como subordinado. Para a filosofia tanto quanto para a religião a humanização começa com a utilização da palavra, da razão, do diálogo, de tal forma que os gregos consideravam bárbaros aqueles que não utilizavam sua língua. Para Aristóteles “o homem é por natureza um animal político” querendo dizer que é o único a ter a palavra, logo o politico se manifestava nas Polis (cidades-Estados), usavam as palavras nas praças para dialogarem ou intercambiarem, assim eram excluídos os bárbaros, as mulheres, os estrangeiros e os escravos, pois estavam sendo colocados no mesmo patamar, ou seja, se o escravo era considerado um ser inferior, a mulher também ser considerada um ser inferior por não ter palavra, mas não só por isso mas também por não ter um discurso próprio e de nomear o mundo a partir de si mesma, somente podia repetir a palavra que havia sido interpretada pelo homem. Além da visão de Aristóteles, havia a visão de Platão de que as mulheres eram reencarnações dos homens que na sua primeira existência, foram covardes e não souberam conduzir suas vidas, nem em termos de ética, nem da produção do conhecimento. Sendo o poder e o saber masculinos a mulher era subordinada e nunca eram mencionadas. Depois de certo tempo a mulher passou a ser vista como um ser reprodutor, as descrevendo a partir de sua constituição biológica. No período clássico o símbolo do órgão sexual masculino significava sorte e se colocava em lugares destacados, como em jardins e ambientes específicos, já o da mulher servia para identificar bordeis e locais sem moral. Além do útero ser considerado um “animal dentro de outro animal”, afim de denegrir a imagem já inferiorizada da mulher, na qual era vista somente como reprodutor. Outros exemplos foi a comparação de animais machos e fêmeas, onde os machos eram dotados de pênis e as fêmeas de útero, que em geral os animais machos eram mais fortes e tinham certas partes mais desenvolvidas que o corpo das fêmeas e que esses corpos são mais frágeis e além disso eram feitos justamente para a reprodução. O autor diz que “A cultura grega argumentava que o corpo físico da mulher, sua menstruação, seu útero, sua capacidade para a reprodução eram características que a excluíram da lei, do governo, da guerra e também da religião. A persistência dessas crenças denegriu aqueles processos e órgãos exclusivos das mulheres.”, a mulher era julgada por seu corpo, e tinham de ser submissas por serem inferiores aos homens, logo suas capacidades eram negadas, pois elas nessa visão tinham que servir somente para a reprodução de herdeiros. E até nisso os homens eram considerados protagonistas, pois, “se o homem tivesse um sêmen forte, produziria um menino e se tivesse um sêmen débil, produziria uma menina”. Galeno no século II d.C. dizia que existia somente um sexo e que a mulher era um “homem incompleto”, sem perfeição, pois o que era retraído dentro do corpo da mulher, era visível do lado externo no corpo do homem. Galeno e seus seguidores ignoravam completamente o órgão sexual feminino, não argumentando sobre a relação que tinha com os órgãos masculinos. Essas características da filosofia grega clássica moldaram a ideia sobre a mulher nessa época, fazendo-as seres somente existentes para a reprodução, sem qualquer participação publica, pois elas não tinham palavra e sim repetiam discursos masculinos, além disso eram inferiorizadas também por terem útero, sendo considerada um homem inferior e capado de inteligência e moral. Já na visão moral católica as mulheres eram consideradas inferiores do mesmo jeito que na visão filosófica clássica, a diferença é a motivação que passa a ser mais religiosa. As mulheres eram consideradas descendentes de Eva, a primeira mulher, que foi gerada da costela de Adão o primeiro homem, já aqui e demonstrada parte da ideia da inferioridade feminina, pois Adão era uma criação de Deus e veio do barro e Eva é uma criação, a partir da costela de Adão, sendo uma esposa e “secretaria” de Adão (essa é a segunda versão da Criação, na primeira Adão e Eva surgiram juntos do barro). Eva também foi a primeira pecadora, que foi tentada pela serpente e comeu o “fruto proibido” e pediu para Adão a comer também, assim desobedecendo a ordem de Deus. Já nessa parte a culpa sobre o primeiro pecado caiu sobre Eva, apesar de Adão também ter comido, pois dizia-se que Eva o seduziu a comer, e além disso por ser muito inocente, ela foi enganada pela serpente facilmente. Mas não só Eva era citada na igreja católica, mas também Maria a mãe de Jesus Cristo, que era dedicada e obediente, e mesmo sendo virgem foi mãe do filho de Deus, a pedido do próprio, e esse filho traria redenção e salvação a todos. Maria, diferente de Eva não ficou com uma imagem negativa na visão católica, do contrário, ela foi até mesmo santificada por suas características. Mas Maria era um certo modelo de mulher inalcançável, pois ela teve um filho mesmo sendo virgem, ou seja, não havia cometido o “pecado original” (certas interpretações da bíblia dizem que o “fruto proibido” seria o sexo). Dito isso, as mulheres eram consideradas filhas de Eva, pois eram pecadoras de nascença e induziam os homens ao pecado, assim sendo culpadas pelas tentações. “O clero, os homens da religião que exerceram o poder através da escrita, transmitiram o conhecimento, ao seu tempo e além dele, de como a mulher deveria agir, como poderia pensar e sobre o que poderia falar.” – citação do texto. A igreja vivia em negação sobre as mulheres, tanto que criou um estatuto de celibato e castidade para seus clérigos. Para a igreja a mulher teria comportamento mais domestico e religioso, exercia a pratica da virtude, da obediência, silencio e imobilidade em nome da ética católica parcial. Numa tentativa inalcançável de se parecer mais com Maria. Hoje em dia se instaura uma ideia de igualitarismo onde homens e mulheres são vistos como iguais, apesar de certas ideias religiosas e filosóficas clássicas permanecerem até hoje, a mulher dos dias atuais e dotada de bastante liberdade de escolha, como quer se vestir, se quer trabalhar e até votar, algo que era proibido para elas até tempos atras, muitas mulheres são especialistas e conhecidas por seus feitos. Hoje em dia tanto homens quanto mulheres são vistos como iguais, sem importar o sexo para demonstrar que nossa sociedade evoluiu bastante e se desprendeu dessas amarras que limitavam as pessoas a pensamentos misóginos.