#000

ANÁLISE DE ARTIGO:

Impact Of Vitamin D On Physical Efficiency

And Exercise Performance - A Review

6 de janeiro de 2020
 INTRODUÇÃO adiposo diminui a biodisponibilidade da 25-
hidroxivitamina D, sequestrando esta
A “Vitamina D” (VitD) é, na verdade, um substância após a síntese na pele ou
grupo de compostos esteroidais que absorção no trato gastrintestinal), falência
exercem funções similares. hepática, senescência, tom de pele escuro,

É encontrada na forma de vitamina D2 ou uso de protetor solar, e tabagismo.

D3: É interessante notar que, em estudos

 D2 (ou ergocalciferol) é produzida envolvendo apenas atletas não é comum

por fungos e leveduras pela exposição do notar relação entre adiposidade e

ergosterol (pró vitamina D2) aos raios UVB. concentrações de VitD, uma vez que apesar

 D3 (ou colecalciferol) é a forma da da variação entre os indivíduos, o

VitD encontrada nos alimentos de origem percentual de gordura médio é bastante

animal, onde sua produção acontece pela baixo.

exposição do 7-dehidrocolesterol (pró A prevalência da deficiência de VitD na

vitamina D3) ao UVB, na pele de vários população (atletas ou não) é bastante
vertebrados, incluindo os humanos. grande, com variações principalmente entre

Apesar da obtenção de VitD pela as estações do ano e latitude, ambos fatores

alimentação, mais de 90% da vitamina que influenciam a magnitude de exposição

disponível no corpo humano é produzida solar do indivíduo. No caso de atletas,

pela exposição solar, onde os raios UVB modalidades com treinos a céu aberto

convertem a pré vitamina D em pró propiciam melhores níveis da vitamina

vitamina D e, posteriormente, em vitamina quando comparadas a modalidades

D (vide esquema). praticadas em ambiente fechado.

Muitos fatores podem influenciar na

diminuição das concentrações de VitD,
como obesidade (uma vez que o tecido
 25(OH)D antes 25(OH)D após
Autor n Dose Resultados
da intervenção a intervenção
5000UI/dia, 8
Close et al. SUP: 29 nmol/L SUP: 103 nmol/L
n=61 semanas, vs Melhora do sprint de 10m no grupo suplementado
2013 CON: 53 nmol/L CON: 74 nmol/L
placebo

17.4 ng/ml, 80% dos

Książek et al. Sem Correlação positiva entre nível de 25(OH)D e força de pressão palmar, força e altura de
n= 25 indivíduos estavam --
2018 suplementação salto vertical e trabalho total nas extremidades inferiores durante extensão.
com <30 ng/mL

Sem
Koundourakis suplementação, Correlação positiva entre nível de 25(OH)D e força e altura de salto, VO2max. Correlação
n= 67 34 ng/ml 47,24 ng/ml
et al. 2014 6 semanas de negativa entre níveis de 25(OH)D e tempo de sprint de 10 e 20 m.
off-season

5000UI/dia, 8 Melhora na capacidade máxima de corrida, velocidade de corrida no limiar de lactato,

Jastrzębska et SUP: 48,5 mmol/L SUP: 106 mmol/L
n= 36 semanas, vs frequência cardíaca máxima, capacidade de trabalho e captação máxima de oxigênio
al. 2016 CON:47,5 mmol/L CON: 43 mmol/L
placebo em relação ao placebo.

150.000UI,
Wyon et al. SUP: 13,16 ng/ml SUP: 16,76 ng/ml
n= 22 dose única, vs Aumento na força muscular entre os dias 1 e 8 em relação ao placebo.
2015 CON: 16,33 ng/ml CON: 16,33 ng/ml
placebo

5000UI/dia, 8
Skalska et al. SUP: 48,5 nmol/L SUP: 106,3 nmol/L
n= 36 semanas, vs Não houve diferenças entre os grupos em nenhum dos indicadores avaliados.
2019 CON: 47,5 nmol/L CON: 43,5 nmol/L
placebo

30,3 ng/mL, 62% dos

Orysiak et al. Sem Sem correlação entre os níveis de 25(OH)D e força muscular isométrica, performance
n= 50 indivíduos estavam --
2018 suplementação em salto vertical e performance em sprints repetidos.
com <30 ng/mL

50.000UI, a
Fairbairn et cada 2 SUP: 94 nmol/L SUP: 114 nmol/L
n= 57 Não houve diferenças entre os grupos em nenhum dos indicadores avaliados.
al. 2017 semanas, por CON: 95 nmol/L CON: 80 nmol/L
12 semanas

3000UI/dia, 12
Todd et al. SUP: 47,37 nmol/L SUP: 83,68 nmol/L A suplementação de VitD não teve efeito significativo no VO2max, função muscular, ou
n= 43 semanas, vs
2016 CON: 43,1 nmol/L CON: 49,22 nmol/L função pulmonar.
placebo

Tabela 1 - SUP: Grupo suplementado com vitamina D; CON: Grupo controle; n: Número de participantes
 METABOLISMO DA VitD E e a forma ligada à albumina estão
disponíveis para uso em processos
MECANISMOS DO RECEPTOR
metabólicos. Indivíduos negros, apesar da
DE VitD concentração diminuída de VitD, também
apresentam menor quantidade de PLVD,
A atividade da VitD depende grandemente
evitando que haja deficiência proeminente.
das enzimas do citocromo P450 (CYP450),
responsável pela ativação ou inativação de
enzimas envolvidas no metabolismo deste
nutriente (vide esquema). Tais enzimas são
“magnésio dependentes”, sendo que a
adequação dos níveis deste mineral podem
ajudar a atingir concentrações ótimas de
VitD.

O Receptor de VitD, ou RVD consiste em 3

domínios, um domínio C, que se liga ao DNA,
um domínio E, que se conecta a um ligante e
um último F, que é o domínio ativador.
Funções que envolvem o RVD são discutidas
VITAMINA D NA
mais à frente.
PERFORMANCE ESPORTIVA
Ainda é importante destacar o papel da
Proteína Ligadora de Vitamina D, ou PLVD A prevalência de deficiência de VitD em

(VDBP ou DBP em inglês), que se liga a atletas é bastante grande. Já é bem

aproximadamente 90% da 25(OH)D sérica. estabelecido que a suplementação com esta

Quase 10% da 25(OH)D fica ligada à vitamina é eficiente em elevar os níveis

albumina, e menos de 1% circula séricos (na maioria das vezes avaliados pela

livremente, sendo que apenas a forma livre concentração sérica de 25(OH)D), mas
ainda é bastante discutido qual impacto
desta intervenção na performance
esportiva.
Os estudos incluídos na presente revisão
mostram uma tendência de melhora na
performance de atletas, principalmente
quando os níveis antes da suplementação
estavam abaixo de 30 ng/ml (~75 nmol/L).
Quando os indivíduos já apresentavam este
valor antes da intervenção, os resultados da
suplementação eram não significativos ou
nulos.
O colecalciferol não começa a ser estocado
no tecido muscular e adiposo, para uso
futuro, em concentrações inferiores a 40~50
ng/ml (100~125 nmol/L), sendo que nessa
faixa de concentração toda a produção
endógena e aporte da alimentação são
desviados para processos metabólicos.
POTENCIAIS MECANISMOS DO
IMPACTO DA VITAMINA D NA
PERFORMANCE ATLÉTICA
Desde a década de 70 estudos mostram que
a deficiência severa de VitD induz mudanças
morfológicas no tecido muscular, com
atrofia de fibras do tipo II. Tais alterações
são revertidas com a adequação dos níveis
séricos, sendo que a suplementação de VitD,
nesses casos, induz a miogênese e síntese
proteica muscular, causando um aumento
na proporção de fibras do tipo II. Esses
mesmos mecanismos não são relevantes
em indivíduos sem deficiência severa.
As concentrações de RVD aumentam no
tecido muscular após uma lesão. Ademais, a
presença da 1-α-hidroxilase nas fibras
danificadas permite que o tecido muscular
sintetize a forma ativa 1,25-(OH)2D,
sugerindo um papel importante da
vitamina na recuperação muscular.
CONCLUSÃO
 As evidências sugerem que, para
avaliar os níveis de vitamina D, deveríamos
usar as concentrações de 25(OH)D livre
(biodisponível).
 Muitos estudos não levam em
consideração que atletas podem demandar
concentrações mais elevadas de vitamina
D pelo maior metabolismo do tecido
muscular.
  Ainda há debate sobre suplementação
profilática de VitD para atletas sem
deficiência, porém é prudente que haja a
suplementação para indivíduos com
concentrações abaixo de 30ng/ml (75
nmol/L).

REFERÊNCIAS

Wiciński M, Adamkiewicz D, Adamkiewicz M,

Śniegocki M, Podhorecka M, Szychta P, Malinowski B.
Impact of Vitamin D on Physical Efficiency and
Exercise Performance—A Review. Nutrients. 2019;
11(11):2826.