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Neurobiologia do TDAH

Autoras: CALAFANGE, Selene. B.; MENDES, Clenes O.

1 - Trabalho apresentado - I Simpósio Internacional da revista NEUROBIOLOGIA –


XIII Simpósio sobre o Cérebro - Universidade Federal de Pernambuco - UFPE –
Julho/ 2005 –Local: Campus da Universidade Federal de Pernambuco, Recife-PE.

2 - Trabalho publicado na Revista Neurobiologia-68(2):apr/jun;2005 – pg 93


1- Introdução

O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é caracterizado por


uma constelação de problemas relacionados com falta de atenção,
hiperatividade e impulsividade. A etiologia observa o fator hereditário como o
mais importante. Múltiplos genes estariam envolvidos, o que justificaria a
heterogeneidade do quadro clínico. O TDAH é um distúrbio bio-psicossocial,
isto é, indica fortes influências genéticas, biológicas, sociais e vivenciais que
contribuem para a intensidade dos problemas experimentados.O presente
estudo pretende pontuar alguns dos aspectos neurobiológicos do Transtorno
do Déficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH, tendo em vista a necessidade
de se especificar as áreas cerebrais envolvidas no transtorno.

2- Objetivos

A carência de marcadores biológicos pode induzir a um diagnóstico duvidoso,


onde se pode agrupar sob a mesma denominação indivíduos que diferem nas
suas manifestações comportamentais, na etiologia do transtorno ou na
resposta ao tratamento. Isto posto, ressaltamos a necessidade de estabelecer
subgrupos que permitam delimitar, de forma clara, a neurobiologia do TDAH, o
que contribuirá para estimativas do estudo deste transtorno sob distintas e
metodológicas perspectivas sejam elas, genéticas, neuroanatômicas,
neuroquímicas ou neurofisiológicas, possibilitando o progresso de alternativas
terapêuticas eficazes.

3- Metodologia

O presente trabalho constou de um levantamento bibliográfico sobre o tema, a


partir de obras encontradas em literatura científica e textos eletrônicos em sites
especializados. De posse o assunto, os temas de interesse foram separados
e interpretados, para a preparação final deste trabalho. Palavras-chave como:
neurobiologia, hiperatividade, desatenção, transtorno do déficit de atenção e
hiperatividade e neuropsicologia,foram utilizadas como critério para a
formulação da pesquisa
4- Neuroanatomia do TDAH

O conhecimento científico sobre as causas do TDAH tem aumentado muito


nas últimas décadas, inclusive no Brasil, indica que o transtorno não é
secundário a fatores culturais (como os pais educam os filhos, as práticas de
determinada sociedade, etc.) como também não é conseqüência do modo
como os pais educam os filhos ou mesmo resultado de conflitos psicológicos.
Estudos demonstram um metabolismo diminuído nas regiões frontais de
pacientes com TDAH quando comparados a pacientes com outros transtornos
psiquiátricos, o que reforça a idéia de uma alteração específica do TDAH e não
um achado ligado a problemas psíquicos ou comportamentais em geral.
A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no ser humano em
comparação com outras espécies animais e parece ser responsável pela
inibição do comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos
inadequados), pela capacidade de prestar atenção, auto-controle e
planejamento para o futuro.
As hipóteses sobre os substratos anatômicos enfocam, geralmente o papel
que desempenha o córtex pré-frontal nesse transtorno. Sabe-se que o
funcionamento executivo (que constitui um grupo de habilidades mentais de
alto nível que incluem inibição de resposta e do planejamento comportamental,
atenção seletiva e organização da informação necessária para a solução de
problemas) está ligado ao córtex pré-frontal.
Nas crianças com TDAH encontrou-se um volume cerebral total 3,2%
menor que os controles, ajustados por variações entre grupos que chegaram a
ser estatisticamente significativas. Existem evidências, mesmo que
controversas, de que esta diminuição global de volume sustenta a alteração de
um circuito específico que implicaria nos sintomas de TDAH.

5- Aspectos Neuroquímicos

O que parece estar alterado nesta região cerebral é o funcionamento de


um sistema de substâncias químicas, os neurotransmissores, (principalmente
dopamina e noradrenalina), que passam informação entre as células nervosas
(neurônios). Estudos com o metilfenidato mostram que o uso da medicação
aumenta a quantidade destas substâncias no cérebro, diminuindo os sintomas
do TDAH.”
Há ainda a hipótese de que o TDAH poderia advir de uma imaturidade
dos sistemas de neurotransmissão e mais concretamente, dos sistemas
monoaminérgicos.

6- Hipótese dopaminérgica

Estudos indicam a existência de ligação entre o TDAH e as alterações


dos sistemas dopaminérgicos, tendo em vista:
1. a ação da dopamina no comportamento motor
2. a observação das técnicas de neuroimagem que relacionam a
distribuição anatômica da dopamina com as regiões cerebrais alteradas no
transtorno;
3.que alguns fármacos eficazes no tratamento do TDAH possuem
atividades dopaminérgicas.

7- Hipótese noradrenérgica

As implicações da noradrenalina no TDAH se assemelham às razoes da


dopamina, isto é, eficácia terapêutica de fármacos com ação noradrenérgica,
distribuição anatômica da noradrenalina etc...Considera-se também o seu
papel modulador de funções corticais como a atenção, a vigilância e as funções
executivas. Especula-se ainda sobre o papel dominante da adrenalina e seu
efeito inibitório na atividade do lócus ceruleus no TDAH.

8- Hipótese serotoninérgica

A dificuldade para validar as hipóteses anteriores induziu o estudo de


outros sistemas de neurotransmissão que pudessem estar relacionados com o
TDAH. Garcia-Mediavilla C.(2003) menciona estudos com ratos os quais
mostram que os altos níveis de dopamina no estriado produzem uma conduta
hiperativa e este estado dopaminérgico alterado poderia determinar a potência
dos efeitos inibidores serotoninérgicos; a serotonina portanto poderia modular a
hiperatividade sem produzir alterações nas concentrações de dopamina.

Conclusão:

A carência de marcadores biológicos pode induzir a um diagnóstico


duvidoso, onde se pode agrupar sob a mesma denominação indivíduos que
diferem nas suas manifestações comportamentais, na etiologia do transtorno
ou na resposta ao tratamento. Isto posto, ressaltamos a necessidade de
estabelecer subgrupos que permitam delimitar, de forma clara, a neurobiologia
do TDAH, o que contribuirá para estimativas do estudo deste transtorno sob
distintas e metodológicas perspectivas sejam elas, genéticas,
neuroanatômicas, neuroquímicas ou neurofisiológicas, viabilizando a
descoberta e o avanço de alternativas terapêuticas eficazes.

Referencias bibliográficas:
KAPCZINSKI F. QUEVEDO J IZQUIERDO I. e col.- Bases biológicas dos
transtornos psiquiátricos -. Riesgo R.; Rohde L. A. – TDAH - Porto Alegre
Artmed - 2ª ed. – 2004.
GARCIA-MEDIAVILLA C. – Neurobiologia del trastorno de hiperactividad –
[Rev Neuro 2003;36 (6) : 555-565l ]
http://www.tdah.org.br/

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