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Fitorremediação de solos

afetados por sais


Maria B. G. dos S. Freire1, Edivan R. de Souza1 & Fernando J. Freire1

1 Universidade Federal Rural de Pernambuco

Introdução
Definição de fitorremediação
Histórico da fitorremediação em solos afetados por sais
Período de recuperação
Espécies de plantas para fitorremediação
Gênero Atriplex
Uso da biomassa produzida na alimentação animal
Mecanismos e processos envolvidos na fitorremediação
Manejo da fitorremediação
Considerações finais
Referências

Manejo da salinidade na agricultura: Estudos básicos e aplicados


ISBN 978-85-7563-489-9

Fortaleza - CE
2010
Fitorremediação de solos
afetados por sais

INTRODUÇÃO envolvem o emprego de plantas e sua microbiota


associada e de amenizantes do solo, além de práticas
O crescimento de áreas degradadas pela salinidade e, agronômicas que, se aplicadas em conjunto, removem,
ou, sodicidade de solos tem ocorrido no Brasil e no imobilizam ou tornam os contaminantes inofensivos ao
mundo, especialmente em regiões de clima árido e semi- ecossistema (Accioly & Siqueira, 2000).
árido em que a baixa precipitação pluvial não é suficiente Esta prática é utilizada com frequência quando o
para promover a lixiviação dos sais advindos do contaminante do solo trata-se de um metal pesado,
intemperismo dos minerais formadores dos solos. porém pode ser empregada em solo sódico ou salino
Processos de recuperação química destes solos sódico, onde o contaminante é o sal e, ou, o sódio (Qadir
demandam o uso de corretivos e aplicação de lâminas de et al., 2007). Neste caso, a técnica empregada,
lixiviação, exigindo um sistema de drenagem, sendo de fitoextração, utiliza espécies de plantas que absorvem e
elevados custos e difíceis de serem implementados. acumulam o sódio na parte aérea, a qual pode ser
Algumas pesquisas têm apontado a técnica da removida da área. Estes autores afirmam que a
fitorremediação como alternativa de manejo dessas fitoextração é uma estratégia eficiente de recuperação
áreas degradadas, através do cultivo de plantas capazes de solos salino sódicos, com performance comparável à
de acumular os sais em excesso, retirando-os do solo. utilização de corretivos químicos.
Para isso, é preciso utilizar espécies de plantas Para que a técnica se torne mais viável é desejável
capazes não só de tolerar elevados níveis de sais, como que se possa aproveitar a biomassa retirada após a
também de produzir biomassa suficiente para extrair extração. No caso dos metais pesados esta pode ser
quantidades consideráveis dos sais. Por outro lado, a compactada e incinerada ou passar por um processo de
introdução de plantas em áreas sem cobertura vegetal industrialização e reaproveitar alguns elementos
possibilita melhora na estruturação do solo e incrementa metálicos. No caso da remoção de sais, existe um destino
a atividade biológica por meio de microorganismos final que ajuda no processo que é o aproveitamento de
associados às plantas. algumas espécies na alimentação animal. A taxa de
Contudo, são necessários estudos aprofundados sobre remoção de um contaminante é dependente da biomassa
espécies mais adequadas, bem como formas de manejo coletada no final do ciclo, do número de cortes por ano
das mesmas, para que propiciem a melhoria da qualidade e da concentração do contaminante na porção colhida
ambiental em solos degradados pela salinidade e (Accioly & Siqueira, 2000).
sodicidade, além da utilização racional da produção da A fitorremediação apresenta-se como um método de
cultura como fonte de renda adicional no meio rural. remediação de solos contaminados de custo razoável,
ambientalmente mais seguro e de maior aceitação pelo
DEFINIÇÃO DE FITORREMEDIAÇÃO público do que os métodos mais agressivos ao ambiente
(Nascimento et al., 2009). Comentam ainda que é uma
A fitorremediação é uma estratégia de tecnologia emergente, ainda com diversas limitações e
biorremediação que consiste de procedimentos que com poucos exemplos de técnicas comercialmente
488 Maria B.G. dos S. Freire et al.

disponíveis, mas com grande chance de sucesso, devido cultivadas com algodão (Gossypium hirsutum L.), a
a sua viabilidade econômica e benefícios ambientais. primeira cultura pós fitorremediação. As produtividades de
É importante destacar que a fitorremediação envolve, algodão foram de 1,82 Mg ha-1 para o tratamento com
por ação direta da planta ou indireta pelo estímulo gesso e 2,10 Mg ha -1 para o tratamento com
desta sobre a microbiota rizosférica, a descontaminação, fitorremediação. A PST na camada de 0,3 m do solo
por meio da extração ou degradação por diversos decresceu de 70 para 5% no tratamento com gesso e 65
processos: fitoextração, fitodegradação, fitovolatilização, para 6% no tratamento com fitorremediação (Tabela 1).
fitoestimulação e fitoestabilização (Accioly & Siqueira ,
Tabela 1. Percentagem de sódio trocável (PST) de um solo
2000).
de Fresno (Califórnia) em função da aplicação de gesso
O processo aplicável à técnica de remediação pelos (recuperação convencional de solos sódicos) e
vegetais de solos afetados por sais é a fitoextração, em fitorremediação (cultivo de plantas). Baseado em dados
que as plantas extraem e translocam os íons para a parte de Kelley & Brown (1934) e Kelley (1937)
aérea, que pode ser colhida e destinada a um manejo
apropriado, dependendo do tipo de cultura adotada. O
objetivo nesse caso é a redução das concentrações de
sais e depende, principalmente, da habilidade das plantas
em extrair tais elementos, considerando as condições de
clima e solo.

HISTÓRICO DA FITORREMEDIAÇÃO
EM SOLOS AFETADOS POR SAIS

Relatos de estudos de fitorremediação em solos a


b
Aplicação de gesso: 37 Mg ha-1 (22 Mg em 1920 e 15 Mg em 1921);
Cultivo de cevada por dois anos, trevo por dois anos, e alfafa por cinco anos;
afetados por sais são encontrados na literatura desde os c
Cultivo de grama bermuda por dois anos, cevada por um ano, alfafa por quatro anos e aveia
por um ano.
anos de 1920 e 1930, em que Kelley e associados Fonte: Radir et al. (2007)

(Kelley, 1937; Kelley & Brown, 1934) realizaram uma


Na fase seguinte dos ensaios de campo na Califórnia,
série de experimentos de campo na Califórnia que fazem
Kelley (1937) iniciou um experimento de fitorremediação
parte dos primeiros estudos sobre fitorremediação em
com a grama bermuda [Cynodon dactylon (L.) Pers.]
solos sódicos. O solo usado na pesquisa foi um
como a primeira cultura fitorremediadora. A gramínea foi
“solonetz” (sódico) de textura argilo-arenosa localizado cultivada por dois anos seguida de cultivo de um ano com
no Rancho Kearney, próximo de Fresno, Califórnia, com cevada, alfafa por quatro anos, e aveia (Avena sativa L.)
as seguintes propriedades químicas nos 30 cm por um ano, totalizando oito anos de cultivo. Após a
superficiais: pH=9,2-9,7; CTC=4,3-4,4 cmol c kg-1 ; fitorremediação, a PST na camada de 0,3 m decresceu
PST=57-70% e CE 1:5 =6,1-7,2 dS m -1 . O solo de 57 para 1%, com uma redução média no perfil (0-1,2
apresentava-se uniforme quanto à textura na camada de m) de 73 para 6% (Tabela 1).
0,6-0,9 m, com uma fina camada compactada de 0,05- Partindo do mesmo princípio de utilização de plantas
0,15 m rica em calcita. como extratoras de sais de solos, em 1920, DeSigmond
Na primeira fase dos estudos, Kelley & Brown (1934) (1924) realizou experimento em Bekescsaba, na Hungria,
aplicaram um total de 37 Mg ha -1 de gesso utilizando uma mistura de gramíneas e leguminosas
parceladamente, 22 Mg em 1920 e 15 Mg em 1921. Após em solo sódico de baixa permeabilidade, obtendo
cada aplicação de gesso as parcelas eram inundadas e melhoramento das condições do solo. Trabalhos
mantidas submersas por três semanas, com água de CE semelhantes com o uso de plantas no manejo de solos
de 0,3 dS m-1 e RAS de 0,7. A mesma quantidade de água sódicos foram desenvolvidos por Knight (1935) em
Fallon, Nevada e por Wursten & Powers (1934) em
foi aplicada no tratamento com fitorremediação. Cevada
Vale, Oregon.
(Hordeum vulgare L.) foi a primeira cultura usada no
Na Índia, o cultivo de gramíneas e arbóreas tolerantes
tratamento com fitorremediação, mantida por dois anos, a sais é um importante passo no manejo de solos salinos
seguida de um ano com cultivo de trevo de cheiro indiano e sódicos (Singh, 1998). Assim, diversos sistemas de
(Melilotus indicus L.), um ano com trevo branco indiano cultivo baseados no uso de plantas no manejo de solos
(M. albus Medik.) e cinco anos com cultivo contínuo de afetados por sais foram usados no século vinte em
alfafa (Medicago sativa L.). Após o cultivo da alfafa, as variados locais no mundo e continuam atualmente,
parcelas foram mantidas em pousio por um ano e especialmente pelo aumento da demanda de gesso para
Fitorremediação de solos afetados por sais 489

Fitorremediação Química
outros fins, encarecendo o produto para a agricultura, e 18
a redução de subsídios ao setor agrícola. 17
16
15
PERÍODO DE RECUPERAÇÃO 14
13
12

Experimentos
De acordo com Nascimento et al. (2009), um dos 11
gargalos à implementação da fitoextração em escala 10
9
comercial é o prazo relativamente longo requerido para 8
a diminuição dos teores de sais no solo a níveis 7
requeridos. Este problema torna-se menos preocupante 6
5
diante das inúmeras vantagens verificadas com o uso de 4
vegetação em área inóspita para o crescimento de 3
2
culturas alimentares, pastagens convencionais, etc. Tais 1
benefícios são citados por Qadir et al. (2007):
0 20 40 60 80 100
a) Elimina o custo com corretivos químicos; Percentagem de decréscimo da PST ou RAS
Fonte: Radir et al. (2007)
b) Possibilita o uso de produtos fornecidos pela Figura 1. Sumário de 17 experimentos comparando o
espécie cultivada; decréscimo da percentagem de sódio trocável – PST e
c) Melhora a estabilidade dos agregados do solo e relação de adsorção de sódio – RAS por meio da
criação de macroporos, o que otimiza as propriedades fitorremediação e recuperação química. As barras indicam
a percentagem de decréscimo em relação aos níveis
hidráulicas do solo e proliferação das raízes;
iniciais de RAS e PST. Fontes: 1 (Robbins, 1986a), 2 e 3
d) Promove maior disponibilidade de nutrientes; (Kausar & Muhammed, 1972), 4 (Qadir et al., 1996), 5
e) Possibilita a recuperação do solo em profundidades e 6 (Rao & Burns, 1991), 7 (Ahmad et al., 2006), 8 (Singh
maiores; e & Singh, 1989), 9 (Ahmad et al., 1990), 10 (Ilyas et al.,
f) Após a fitorremediação e no próprio processo, o 1997), 11 (Kelley & Brown, 1934), 12 (Batra et al., 1997),
solo pode aumentar o sequestro de carbono, tendo 13 e 14 (Muhammed et al., 1990), 15 (Qadir et al.,
implicações ambientais positivas. Além de ser uma 2002), 16 (Ghaly, 2002), 17 (Helalia et al., 1992) e 18
(média dos 17 experimentos). Os experimentos de 1 a 7
solução viável para pequenos agricultores que, foram conduzidos em lisímetros e os demais em
normalmente, dispõem de poucos recursos financeiros. condições de campo
Diversas espécies de plantas podem ser adotadas, no
entanto, quando o objetivo é a retirada do cloro e sódio Entretanto, no Brasil, experimentos conduzidos com
do solo, as halófitas apresentam-se como a alternativa halófitas com objetivo de fitorremediar o solo ainda são
mais indicada, pela capacidade de sobreviver em solos escassos. Dentre as pesquisas que vem sendo
com teores de sódio mais elevados. desenvolvidas nesse sentido, a Atriplex nummularia L.
Em uma avaliação de 17 experimentos conduzidos é a espécie com maior destaque, tendo em vista as
em diferentes partes do mundo, Qadir et al. (2007) características de crescimento vegetativo e a alta
realizaram uma comparação entre corretivos químicos concentração de sais encontrada nos tecidos. Trabalhos
e fitoextração, com resultados bem interessantes desenvolvidos por pesquisadores do Centro de Pesquisa
Agropecuária do Trópico Semi-Árido da EMBRAPA e
(Figura 1). Os tratamentos químicos (aplicação de
do grupo de Ciência do Solo da Universidade Federal
gesso em todos os experimentos) resultaram em um
Rural de Pernambuco vem adotando a Atriplex
decréscimo de 60% dos níveis de sodicidade inicial
nummularia L. como forma de minimizar os efeitos dos
(PST e RAS) enquanto um decréscimo de 48% foi
sais no solo. Na Tabela 2 são apresentados dados já
calculado para os tratamentos que adotaram a publicados de experimentos desenvolvidos por
fitorremediaçãoo. Em alguns experimentos, a pesquisadores nessas instituições.
fitorremediação foi menos eficiente que, segundo os Considerando-se um solo salino-sódico com CEes de
autores, pode-se atribuir a: 1) não foi usada uma cultura 30 dS m-1; sódio trocável de 3,31 cmolc kg-1; CTC de
tolerante à salinidade e sodicidade; 2) o período de 4,68 cmolc kg-1 e PST de 70,58 % na camada de 0-30 cm;
cultivo não foi o suficiente ou o mais adequado. Em e CEes de 16,00 dS m-1; sódio trocável de 4,8 cmolc kg-
média (últimas barras-18), a correção química reduziu 1
; CTC de 6,5 cmolc kg-1 e PST de 73,85 % na camada
a PST ou a RAS em cerca de 60% e a fitorremediação de 30-60 cm. Estimando-se a concentração de sais
em aproximadamente 50%. solúveis (CS), em mg L-1, pela equação: CS = 800 CE
490 Maria B.G. dos S. Freire et al.

Tabela 2. Produção de matéria seca e extração de sais pela Atriplex nummularia L. em condição de campo e casa-de-vegetação
Finalidade Tempo (dias) Condição MS1 (kg ha-1) Extração (kg) Referência
2
Fitorremediação 135 Casa veg. 7.283 966 (Na, K, Cl) Souza (2010)
Fitorremediação3 130 Casa veg. 3.000 300 de Na Leal et al. (2008)
Fitorremediação 480 Campo 8.040 560,50 (Na, K, Cl) Souza (2010)
IRD4 375 Campo 13.819,8 2.222 (cinzas) Porto et al. (2006)
IRD5 380 Campo 9.436 1.053 (cinzas) Porto et al. (2001)
1
Matéria seca;
2
Estimativa baseada na produção em vaso de 12 kg, planta mantida a 75% da umidade na capacidade de campo (caule + folha);
3
Estimativa baseada na produção em vaso de 8 kg, planta mantida na capacidade de campo (caule + folha);
4
Irrigação com rejeito de dessalinizador, planta irrigada com 300 L semana-1 (caule grosso + caule fino + folha);
5
Irrigação com rejeito de dessalinizador, planta irrigada com 75 L semana-1 (caule grosso + caule fino + folha).

(Rhoades et al., 1992) e calculando-se o Na adsorvido suprir suas demandas inorgânicas, as halófitas
eletrostaticamente, chega-se aos valores de sais de apresentam-se como alternativas economicamente
26.040 kg ha-1 e 14.952 kg ha-1 contidos na primeira e viáveis.
segunda camada, respectivamente. Sendo assim, o
aporte de sais até 60 cm de profundidade é de 40.902 ESPÉCIES DE PLANTAS PARA
kg ha-1. FITORREMEDIAÇÃO
Tomando-se como referência dados de produção de
A seleção de espécies a serem utilizadas na
matéria seca e conteúdos de Na+, K+ e Cl- extraídos pela
fitorremediação deve ser baseada não só na habilidade
Atriplex nummularia L. (Souza, 2010), de 966 kg ha-1 em
de suportar elevados níveis de salinidade e sodicidade,
quatro meses e meio de cultivo em casa de vegetação
mas também na capacidade de fornecer um produto útil
(2.608,2 kg ha-1 ano-1), seriam necessários em torno de na propriedade rural. Outro pré requisito para uso na
oito anos para reduzir em cinquenta por cento os teores fitorremediação em solos afetados por sais é a
de sais até 60 cm de profundidade. Essas estimativas capacidade de suportar ambientes com deficiência de
apontam para uma eficiência de extração de sais pela oxigênio, problema que frequentemente ocorre em solos
Atriplex, mas para conclusões mais detalhadas e dessa natureza, quer pela necessidade de irrigações
direcionadas para as diversas condições de solo e clima intensivas na lixiviação de sais, ou pela dificuldade natural
faz-se necessária a realização de experimentos em de infiltração de água nas épocas chuvosas, mantendo o
condição de campo com um tempo maior de avaliações solo inundado por períodos relativamente longos. Assim,
das propriedades do solo e da planta, para que se possa genótipos que apresentem estas condições conjuntamente
adequar um programa de manejo eficiente de devem ser preferidos para uso na fitorremediação de
fitoextração no semi-árido do Brasil. solos salinos e sódicos.
Além da Atriplex nummularia L., outras espécies Existem inúmeras espécies halófitas que concentram
halófitas podem ser adotadas para biorremediar solos sais e tem boa produção de biomassa vegetal, além de
afetados por sais. Ravindran et al. (2007) encontraram servir como bom alimento forrageiro, com teores de fibra
resultados promissores para as seguintes espécies: e proteína bruta dentro dos padrões exigidos para
produção de animais. Embora muitas dessas halófitas não
Suaueda maritima, Sesuvium portulacastrum,
sejam difundidas no Brasil, podem ser objeto de
Excoecaria agallocha, Clerodendron inerme,
pesquisas futuras, pois são encontrados resultados
Ipomoea pes-caprae e Heliotropium curassavicum
promissores, já que produzem boas quantidades de massa
extraindo do solo, num período de quatro meses: 504,00;
seca em curto período de tempo e, mesmo as que são
473,93; 396,34; 359,50; 325,18 e 301,46 kg ha -1 de
perenes, podem sofrer corte ao longo do ano, fornecendo
NaCl, respectivamente; nos solos sob estes cultivos a forragem para alimentação animal.
relação de adsorção de sódio foi reduzida em 82, 75, 71, Como exemplo dessas halófitas com bom
67, 58 e 50%, respectivamente. desempenho para serem cultivadas em ambientes com
Durante ou após o processo de fitoextração ainda é altas concentrações de sais no solo e água, podendo
bastante questionado o destino final da biomassa vegetal revegetar as áreas salinas e ao mesmo tempo
com altos teores de sais nos tecidos. No caso dos proporcionar o uso como forragem para os animais
elementos contaminantes serem sais que, normalmente, caprinos, ovinos e bovinos, encontram-se: Kochia
os animais requerem na alimentação, principalmente para scoparia (Kafi et al., 2010); Aster trifolium L. (Geissler
Fitorremediação de solos afetados por sais 491

et al., 2009); Panicum turgidum e Suaeda fruticosa dias


(Khan et al., 2009).
Ravindran et al. (2007), comparando seis espécies de
halófitas na recuperação de solos salinos em campo,
observaram declínio gradual da RAS e da CE do solo num
período de 120 dias de cultivo, paralelamente ao aumento

CE - dS m-1
da CE medida em extrato de tecidos vegetais (Figuras 2
e 3). Das seis espécies, a Suaeda marítima e a Sesuvium
portulacastrum exibiram maior acumulação de sais em
seus tecidos, coincidindo com os menores valores de RAS
no solo cultivado com as mesmas. Vale ressaltar o curto
período de cultivo das espécies, de apenas 120 dias, sendo
possível a obtenção de resultados mais expressivos em
intervalos mais prolongados.
Fonte: Ravindran et al. (2007)
Espécies:
dias 1. Suaeda marítima
2. Sesuvium portulacastrum
3. Excoecaria agallocha
4. Clerodendron inerme
5. Ipomoea pes-caprae
6. Heliotropium curassavicum
Figura 3. Condutividade elétrica (CE) de amostras de solos
salinos naturais cultivados com seis espécies de
RAS

halófitas. Valores mostrados são as médias ± desvios


padrões de cinco repetições. *Significativo a 5% de
probabilidade

com mais de 400 espécies distribuídas nas diversas regiões


áridas e semiáridas do mundo, particularmente na Austrália,
onde apresenta uma elevada diversidade de espécies e
Fonte: Ravindran et al. (2007)
Espécies: subespécies (Franclet & Le Houérou, 1971). É um arbusto
1. Suaeda marítima de vida longa que se constitui em um dos recursos
2. Sesuvium portulacastrum forrageiros adaptados a terrenos de sequeiro das regiões
3. Excoecaria agallocha áridas e semiáridas em diversos continentes.
4. Clerodendron inerme As halófitas podem regular a concentração de sais de
5. Ipomoea pes-caprae várias maneiras: eliminação do sal, através de eliminação
6. Heliotropium curassavicum
de substância volátil, glândulas e pêlos vesiculares
Figura 2. Relação de adsorção de sódio (RAS) de amostras
de solos salinos naturais cultivados com seis espécies de
(Atriplex); suculência, diluição dos sais pelo aumento do
halófitas. Valores mostrados são as médias ± desvios volume celular; redistribuição do sal, Na+ e Cl- podem ser
padrões de cinco repetições. *Significativo a 5% de translocados pelo floema de um local de maior
probabilidade concentração para outro de menor; entre outros processos
(Zhu, 2001).
Barrett-Lennard (2002) sugerem 26 espécies de A literatura brasileira ainda é escassa no que concerne
plantas resistentes a sais possíveis de serem utilizadas em aos trabalhos que exploram a Atriplex nummularia Lindl,
fitorremediação na Austrália, capazes de fornecer produtos sob condição de campo com intuito de recuperação de
ou serviços de valor para a agricultura, mas isso vai solos afetados por sais. Uma grande parte dos trabalhos
depender das peculiaridades de cada região. está relacionada com aspectos anatômicos e fisiológicos,
e poucos relacionados à fitorremediação dos solos. No
GÊNERO ATRIPLEX entanto é de extrema importância aliar o conhecimento
da anatomia e fisiologia da planta com os aspectos
Dentre as culturas mais utilizadas na fitorremediação relacionados ao solo.
de solos afetados por sais, destacam-se espécies do gênero A tolerância das plantas à salinidade, notadamente de
Atriplex, pertencente à família Chenopodiaceae, que conta muitas halófitas, é devida a mecanismos fisiológicos
492 Maria B.G. dos S. Freire et al.

especializados de acumulação de sais no interior das A estrutura de tricomas vesiculares e dos elementos
células, ou de eliminação através de vesículas especiais de condução do xilema em folhas jovens e adultas de
existentes na superfície das folhas. Quando cheias, essas Atriplex nummularia Lindl produzidas sob diferentes
vesículas se rompem e liberam os sais em finas camadas níveis de salinidade em experimentos sob condições de
de cristais que se aderem à superfície da folha. Estes campo e casa de vegetação foi estudado por Pimentel-
cristais de sais contribuem na economia de água pela Galindo (2001). Verificou-se que a extensibilidade da
planta, pela reflexão dos raios solares, minimizando as parede das vesículas promoveu aumento nas dimensões
perdas de água, reduzindo a temperatura da folha e da célula vesicular, em resposta à elevação da salinidade,
mantendo a turgidez das células (Glenn et al., 1998). Na compensando a redução na área foliar e na densidade dos
Atriplex nummularia os dois mecanismos acontecem tricomas, tanto em folhas jovens quanto em folhas adultas,
juntamente, mas o de acumulação no interior dos tecidos resultando numa significativa capacidade acumuladora de
da planta é de maior importância e ocorre principalmente sais no interior dessas células.
nas folhas, que apresentam aspecto brilhoso de coloração Avaliando o potencial da Atriplex nummularia na
verde-acinzentada (Figura 4). fitorremediação de solo salino-sódico sob irrigação com
águas salinas (175, 500 e 1.500 S cm-1), Leal et al. (2008)
A B
verificaram o potencial do gesso como potencializador da
fitoextração de sódio (ausência e aplicação de 50% da
dose recomendada pela necessidade de gesso), em
experimento de casa de vegetação. As avaliações se
deram até 130 dias após o transplantio. Os autores
afirmam que a Atriplex nummularia comportou-se como
planta hiperacumuladora de sódio, possuindo potencial de
uso na fitoextração deste elemento no solo. No entanto
Figura 4. (A) Folha de Atriplex nummularia aos 10 meses de
só puderam detectar reduções significativas de sódio no
idade cultivada em campo (foto própria); (B) Detalhe de
vesículas de acúmulo de sais em folha de Atriplex solo a partir de 100 dias após o transplantio. Observa-se
nummularia (Porto et al., 2001) a necessidade de estudos a longo prazo, seja em casa-
de-vegetação ou no campo, para a obtenção de resultados
Cabral (1998) avaliou a influência das halófitas do mais consistentes da atuação desta planta na redução dos
gênero Atriplex na salinidade e sodicidade do solo no teores de sais em solos.
município de São Bento do Una – PE em três subáreas Outro aspecto que deve ser considerado em um
(sem cultivo de Atriplex, cultivo de Atriplex nummularia, programa de fitorremediação é o tempo gasto para
cultivo de Atriplex undulata) com espaçamento de 5 x 5 recuperar a área. Barrett-Lennard (2002) estimou que
m. As amostragens iniciaram-se aos dois anos de idade sob condições de não irrigação, espécies halófitas com
para a Atriplex nummularia e 3 meses para a Atriplex uma produtividade de 10 t ha -1 e 25% de concentração
undulata em profundidades variando de 0 a 120 cm em de sal na biomassa seca (250 g kg-1 ) seria necessário
pontos localizados a 0,5; 1,0; 1,5 e 2,0 m do caule da planta. em torno de vinte anos consecutivos para remover
Verificou-se que a Atriplex nummularia foi mais eficiente metade do conteúdo inicial de sais (86 Mg ha -1 ) presente
no processo de ciclagem do sódio e contribuiu para maior em dois metros de profundidade de um solo afetado por
retenção de umidade no solo. sais. Tomando-se como referência dados de produção
Krishnapillai & Ranjan (2005), usando um solo salino- da massa seca de Atriplex nummularia (Porto et al.,
sódico abandonado de um parque da província de 2006) e teores de Na + nas diferentes partes da planta
Manitoba (Canadá), aplicaram a técnica de fitoextração (Leal et al., 2008), estima-se que a Atriplex extraia em
com a Atriplex patula e avaliaram o potencial de
torno de 500 kg ha -1 ano-1 de sódio nas condições do
remoção de sais durante um período de 150 dias de cultivo
Nordeste Brasileiro. Nesse contexto, considerando um
em laboratório com potes em camada de 20 cm de
solo com percentagem de sódio trocável média de 51%,
profundidade. As plantas foram colhidas aos 150 dias,
atingindo altura de 45 cm; após a análise da massa concentração de sódio trocável de 5,7 cmol c kg -1 ,
seca estimou-se que o potencial de remoção foi de 0,25 densidade do solo de 1,3 g cm-3 e condutividade elétrica
kg m-3 de cloreto e 0,06 kg m-3 de sódio. Com esses do extrato de saturação média do solo de 26 dS m-1 ,
resultados, estimou-se que as plantas chegariam a valores seriam contabilizados algo em torno de 3.600 e 14.600
de extração de 2.500 kg ha-1 de cloreto e 600 kg ha-1 de kg ha -1 de sódio presentes em 20 e 80 cm de
sódio, ao considerar uma profundidade do sistema profundidade do solo, respectivamente. Sendo assim,
radicular de 20 cm. seriam necessários dezessete anos de cultivos sucessivos
Fitorremediação de solos afetados por sais 493

para extrair metade do conteúdo de sódio, quando se da espécie, ou como feno ou silagem quando cultivada,
considera uma extração de 500 kg ha -1 ano-1 de sódio. mas a forma de feno é a mais utilizada (Araújo, 2009).
Vale salientar que os dados dos teores de sódio extraídos A disponibilidade de ovinos a serem abatidos no
de Leal et al. (2008) foram obtidos de plantas com 130 Nordeste Brasileiro não supre a demanda interna por este
dias após o transplantio, em virtude da ausência de dados produto. Assim, a superação dos problemas que
com idades superiores. interferem no fornecimento de carne ovina, dentro das
Pesquisas futuras ainda são necessárias para a exigências de qualidade, regularidade e quantidade
definição do manejo mais adequado da cultura, como requerida pelos demais segmentos da cadeia produtiva,
espaçamento, podas, irrigação e adubação. Contudo pode representar perspectiva concreta de aumento de
existem alguns trabalhos em andamento comparando a renda para os agricultores do Nordeste (Souto et al.,
Atriplex nummularia com outras técnicas de recuperação 2005).
de solos salino sódicos (gesso, estercos, polímero O termo “Agricultura Biossalina” é bem amplo e tem
sintético), verificando a efetividade da poda no sido utilizado para descrever agricultura em escala que
desenvolvimento da cultura e na retirada de sais do solo aborda a salinidade nos níveis água e solo, ou ambas
e avaliando a influência da umidade do solo na extração (Masters et al., 2007). As halófitas crescem sob
de sais pela planta (Souza, 2010). condições salinas e, historicamente, têm sido usadas
Fato curioso é observado em relação a sua capacidade como forragem para ruminantes ou como componentes
de produção de biomassa com alto teor de proteína sem de rações mistas para substituir volumoso, podendo
uso de fertilização nitrogenada, apesar do N ser ajudar na conversão, pelo animal, em carne, lã e outros
componente dos aminoácidos formadores das proteínas. subprodutos [Araújo (2009); Mattos (2009); Norman et
Em estudo da microbiota associada às plantas de Atriplex al. (2008); Masters et al. (2007); Ghaly (2002)].
nummularia em condições de campo no Agreste de O Brasil possui um grande potencial para a exploração
Pernambuco, já foi possível determinar a presença de de pequenos ruminantes domésticos frente às condições
inúmeras bactérias, algumas delas fixadoras de N que, favoráveis para a produção de carne e seus derivados,
possivelmente, explicam esta observação (Santos, 2010). além de calçados e vestuários oriundos do abate desses
animais. As condições ambientais propícias, aliadas à
USO DA BIOMASSA PRODUZIDA ampla disponibilidade de terras, principalmente nas
NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL fronteiras em expansão do semiárido nordestino,
propiciam custo de produção relativamente baixos,
Historicamente têm-se buscado alternativas para favorecendo esse mercado. Entretanto, os sistemas de
convivência com os longos períodos de estiagens e a produção vigentes representam um retrato de baixos
baixa oferta de biomassa em regiões da caatinga, e isso níveis de organização da cadeia produtiva, com reflexos
vem se intensificando nos últimos anos, como tentativa de nos índices de produtividade, na qualidade dos produtos e
fixar o homem no campo. A concentração de chuvas em na falta de regularidade na oferta (Leite, 2005).
um período curto do ano tem levado a busca de A ovinocaprinocultura no Nordeste tem elevada
forrageiras que consigam suportar estas longas estiagens. importância por constituir fonte alternativa de renda para
Em contrapartida, tentativas de acúmulo de água e a agricultura familiar, tradicionalmente adotada em áreas
manejo errôneo em cultivos irrigados têm possibilitado o secas. Contudo, não atingiu todo seu potencial pela
aparecimento de reservatórios salinos e áreas escassez de alimento nas épocas de estiagem, assim, o
salinizadas, dificultando a produção racional da carne conhecimento e aprimoramento de dietas alternativas para
ovina (Araújo, 2009). A caatinga, vegetação natural e esses rebanhos, ressaltando a função das forrageiras
base da alimentação dos ruminantes na região Nordeste halófitas, notadamente a Atriplex nummularia L., seria
do Brasil, encontra-se submetida a um processo de fundamental para o incremento da produtividade dos
degradação que diminui a produção de fitomassa, rebanhos e, consequentemente, para a melhoria das
reduzindo ainda mais o alimento disponível para os condições de vida da população rural.
animais nos meses secos do ano. As halófitas têm a capacidade de fornecer alimento
A erva-sal (Atriplex nummularia Lind.) é uma planta verde, muitas vezes durante a estação seca, quando
halófita, que pode ser considerada como alimento ocorre escassez de alimento (Masters et al., 2007).
volumoso de digestibilidade aparente variando de 39% a Quando se trabalha com produção intensiva, a integração
70% (Souto et al., 2005). Sua oferta tem sido feita na de rações formuladas com forragens halófitas também se
forma de pastejo direto em área de geração espontânea apresenta com uma estratégia promissora.
494 Maria B.G. dos S. Freire et al.

Os pastos de erva-sal podem produzir alimento ovinos se alimentando de uma mistura 1:1 de feno
suficiente e de boa qualidade para justificar os custos de (digestibilidade da massa seca de 0,57) e atriplex (1,5 kg
estabelecimento dos sistemas de produção. Além disso, de massa seca dia-1) foi significativamente maior que na
suplementos com alto teor de fibras, como palha ou ingestão somente de feno (0,9 kg massa seca dia -1) ou
restolhos de culturas, podem complementar a dieta dos somente atriplex (0,7 kg de massa seca dia -1 ). Com a
animais e melhorar seu desempenho (Norman et al., mistura, o ovino apresentou um ganho de peso de 70 g
2008). O corte de forrageiras halófitas estimula o dia-1 .
crescimento de ramos mais tenros, possibilitando assim Outros resultados interessantes foram observados por
o pastejo e a melhor digestibilidade pelos ruminantes, Thomas et al. (2007) oferecendo vários tipos de dietas,
devendo-se, sobretudo, escolher uma altura e idade em que os ovinos preferiram aquelas com alto teor de
adequada para esse corte, evitando assim a morte do sais e alta energia; assim, os autores concluíram que
vegetal cultivado (Souza, 2010). suplementos com alta energia são mais fáceis de serem
Norman et al. (2008) comentam que a Atriplex consumidos junto com atriplex. Sugerem, ainda, que
nummularia apresenta bons valores de proteína bruta suplementos volumosos devem ter digestibilidade entre
(140 g kg-1 de massa seca) e digestibilidade da celulase 0,52 e 0,60 para complementar com uma dieta com alto
pepsina (0-52 g kg-1 de massa seca). Contudo, apresenta teor salino.
altas concentrações de sais solúveis nas folhas (220 Mattos (2009), avaliando o desempenho de dietas a
g kg-1 de massa seca), enxofre (4-6 g kg-1 de massa base de palma forrageira e feno de atriplex para
seca) e nitrato (173 g kg -1 de massa seca). Estas cordeiros da raça Santa Inês em confinamento no semi-
concentrações são maiores que as recomendadas árido Nordestino (Petrolina – PE), concluíram que o nível
para os ruminantes e poderiam conduzir à redução da de 35% de palma forrageira e 20% de feno de atriplex
ingestão da biomassa da planta (Masters et al., 2007). (complementadas com grão de milho moído, farelo de
A acumulação de sais resulta em concentração de cinzas soja e uréia) na dieta, resultou em maior taxa de
nas folhas de 150-270 g kg-1 de massa seca, podendo crescimento; todavia, do ponto de vista econômico, a
diminuir a digestibilidade. No entanto, há escassez de inclusão de 67,9% de palma e 8,3% de feno de atriplex
estudos que avaliem a produção de biomassa e valor promoveu melhor retorno financeiro, com rentabilidade de
nutritivo, em particular sob condições de campo, em que 69%. Os resultados indicam que a utilização de palma
as características espaciais e morfológicas da planta forrageira (Opuntia fícus-indica Mill) em dietas
diferem das observadas em sistemas controlados completas à base de feno de erva-sal (Atriplex
(Norman et al., 2008). nummularia L.) apresenta-se como alternativa viável
Norman et al. (2008), comparando a performance de para a produção de cordeiros em confinamento.
ovelhas alimentadas com Atriplex nummularia e Observou-se, ainda, que tais dietas possibilitam uma
Atriplex amnicola atribuem a preferência pela primeira produção de carne que não compromete os aspectos de
às seguintes características: as plantas de Atriplex qualidade relacionados à composição centesimal, fração
nummularia são eretas, de forma cônica e podem lipídica e características sensoriais.
alcançar dois metros de altura, com folhas largas de 2- A substituição total da palma forrageira por farelo de
5 cm de diâmetro com formato oblongo. Muitas das milho e feno de atriplex (48% de feno de atriplex)
folhas são encontradas próximas aos galhos mais tenros. possibilitou um ganho de peso médio diário de 233 g dia-1
Já as plantas de Atriplex amnicola são prostradas, (Araújo, 2009). A associação do feno de atriplex com o
chegando a diâmetros que variam de 1 a 4 m com média farelo de milho e farelo de soja promoveu ganho de peso
de altura menor que 1 m. As folhas são menores (0,5 de acima dos relatados por Souto et al. (2005), que
diâmetro e 1-2 cm de altura) e estão em galhos mais encontraram ganhos de 190 g dia -1 em ovinos
lenhosos. Embora não testado, especula-se que a consumindo dieta com 38% de feno de Atriplex, 7% de
arquitetura da planta promova a facilidade da mordida ao melancia forrageira e 55% de raspa de mandioca.
animal alimentando-se da Atriplex nummularia. Os Souto et al. (2004) avaliaram o consumo e a
autores observaram maior ganho de peso e crescimento digestibilidade aparente de nutrientes em cinco dietas
de lã para alimentação a base de Atriplex nummularia. para carneiros contendo diferentes níveis de feno de
A complementação entre atriplex e a utilização de erva-sal (Atriplex nummularia L.): 38,30; 52,55; 64,57;
outro volumoso com baixa qualidade tem sido 74,85 e 83,72%, associadas à melancia forrageira
demonstrada em vários experimentos de nutrição animal. (Citrulus lanatus cv. citroides) e à raspa de mandioca
Warren et al. (1990) observaram que o ganho de peso de (Manihot esculenta Crantz) enriquecida com 5% de
Fitorremediação de solos afetados por sais 495

ureia, em formulação. Os resultados obtidos para algumas espécies como Distichlis spicata e Sporobolus
consumo e digestibilidade aparente, da maioria dos virginicus irrigadas com água subterrânea de 30 dS m-
1
nutrientes, revelaram um bom potencial para combinação produziram acima de 45 t ha-1 ano-1 de massa seca de
entre o feno da erva-sal com a melancia forrageira e a feno. Estes resultados demonstram o potencial de
raspa de mandioca, em dietas para ovinos no semi-árido fornecimento de forragem de plantas utilizadas na
nordestino. fitorremediação de solos afetados por sais, material esse
Souto et al. (2005), nas mesmas condições passível de ser utilizado no incremento de produção de
experimentais, observaram que as médias diárias de animais em condições de estresse hídrico e salino.
ganho de peso vivo obtido pelos carneiros, ao longo do Araújo et al. (2002) estimaram a relação benefício/
período de engorda, revelaram um bom potencial custo de dietas para engorda de ovinos em confinamento
forrageiro do feno de erva-sal combinado em quaisquer contendo diferentes percentuais de feno de erva sal,
das proporções estudadas com melancia forrageira e com encontrando que a dieta contendo 64,57% de feno
raspa de mandioca. permitiu ganho de peso intermediário, mas foi a que
A utilização do feno de erva-sal, como fonte volumosa apresentou melhor relação benefício/custo, evidenciando
em dietas para ovinos, garantiu um aporte de nutrientes a viabilidade econômica e ambiental de uso da atriplex na
alimentação de ovinos em confinamento.
e ganhos de peso vivo de até 145 g dia-1 (Souto et al.,
2005). A elevação dos níveis de feno de erva sal nas
MECANISMOS E PROCESSOS ENVOLVIDOS
dietas, não alterou o consumo da massa seca e proteína
NA FITORREMEDIAÇÃO
bruta, demonstrando que os ovinos podem apresentar boa
tolerância à participação de plantas halófitas em suas
O processo da fitorremediação envolve não apenas a
dietas (Souto et al., 2004). O nível médio de consumo de
extração de sais pela cultura utilizada, mas é a junção dos
massa seca das dietas com o feno de erva sal foi de efeitos de alguns mecanismos que atuam em conjunto
1.033 g dia-1. para a melhoria do solo inicialmente degradado (Figura
Santos et al. (2009) avaliaram a composição de macro 5). Qadir et al. (2007) citam como mecanismos:
e microminerais de silagens e os teores de ácidos a) O incremento na pressão parcial de CO2 na zona
orgânicos (lático, acético e butírico) em dietas compostas radicular pela respiração das raízes e aumento da
de erva sal (Atriplex nummularia Lindl.) e capim elefante atividade biológica com o cultivo das plantas elevaria a
(Pennisetum purpureum Schum.) nas proporções de dissolução de calcita em solos calcáreos, promovendo a
100:0, 80:20, 60:40, 40:60, 20:80 e 0:100 e concluíram que
em todas as proporções os teores de macrominerais e
microminerais foram considerados adequados, além da
melhoria no perfil de ácidos orgânicos.
As informações obtidas permitem sugerir o uso
combinado da erva sal, da melancia forrageira e da
raspa de mandioca, como fontes de nutrientes em dietas
para acabamento de ovinos no semiárido. Resultados
promissores misturando a Atriplex com concentrados
também foram encontrados por Abu-Zanat &Tabbaa
(2006).
Quanto à oferta de forragem, a Atriplex spp irrigada
com água salina de drenagem apresentou rendimentos de
2,2-5,3 t ha-1 ano-1 de massa seca (Watson & O’Leary,
1993). Gêneros como Atriplex, Salicornia, Distichlis,
Cressa e Batis apresentaram bons rendimentos com
água de condutividade elétrica de até 70 dS m-1 (Masters
et al., 2007). Embora algumas dessas plantas necessitem
Adaptada: Qadir et al. (2007)
de cuidados especiais quanto à propagação, Atriplex
Figura 5. Ilustração dos processos atuantes na
lentiformis, Batis maritima, Atriplex canescens, fitorremediação de solos afetados por sais: aumento na
Salicornia bigelovii e Distichlis Palmeri produziram pressão parcial de CO2 na zona radicular, liberação de
mais de 10 t ha -1 ano-1 (Glenn & O’Leary, 1985). De prótons (H+), efeitos físicos das raízes, aumento no teor
acordo com o Centro Internacional de Agricultura Salina de matéria orgânica e remoção de sais pela colheita da
(Internacional Center for Biosaline Agriculture, 2004), parte aérea das plantas
496 Maria B.G. dos S. Freire et al.

liberação de Ca2+, HCO3- e CO32- na solução do solo; em permenaneçam na área afetada e que se procure
solos não calcáreos, o aumento na pressão parcial de conciliar um manejo das mesmas com culturas agrícolas,
CO2 resultaria na liberação de H+ e redução do pH do preferencialmente em forma de consórcio. Trabalhos
solo; em que o Ca 2+ na primeira situação e o H+ na nesse sentido vêm sendo desenvolvidos em sistemas
segunda, atuariam na substituição do Na+ do complexo de agrosilvipastoris, que associam a planta fitorremediadora
troca do solo, minimizando seus efeitos sobre as com culturas agrícolas e animais.
propriedades físicas do solo e sobre as plantas; Quando a salinidade e, ou, sodicidade é oriunda de
b) A liberação de prótons pelas raízes no processo de causas antrópicas, se o processo de acúmulo for contido,
absorção de elementos do solo contribui para a redução após a fitorremediação, a medida que o solo possibilitar
do pH nas proximidades das raízes. É reconhecido o o crescimento de outras plantas podem ser adotadas
processo de extrusão de H+, associada à atividade de uma culturas agrícolas inicialmente tolerantes aos sais, sendo
H+-ATPase da membrana plasmática das células, e esse substituídas gradativamente por outros cultivos, desde
atuaria no pH e substituiria o Na + liberando-o para a que o manejo adotado após a recuperação não implique
solução do solo, facilitando sua absorção pela planta; em nova exposição do problema.
c) O efeito físico das raízes está relacionado a sua Outro ponto que deve ser observado quanto ao tempo
importância na formação de macroporos e manutenção de recuperação são as propriedades do solo, ou seja, se
da estrutura do solo, facilitando a infiltração de água no o problema predominante for a sodicidade, com elevados
perfil juntamente com o Na + liberado do complexo de teores de sódio trocável comparado a um solo salino-
troca, bem como as trocas gasosas, principalmente em sódico, com acúmulo de sais solúveis além do sódio
camadas mais profundas, difíceis de serem atingidas por trocável, provavelmente esse último será recuperado em
menor tempo. Mas tudo depende dos níveis destes sais
outras técnicas de recuperação de solos salinos e
solúveis e trocáveis. Nesse sentido, o tipo de salinização
sódicos;
é um fator que fornecerá subsídios para indicar o tempo
d) O aumento nos teores de matéria orgânica com o
do processo de recuperação e o manejo das possíveis
cultivo de plantas atuaria na agregação das partículas do
práticas agropecuárias que poderão ser implementadas.
solo, possibilitando maior estabilidade de agregados;
e) Extração de sais pela parte aérea das plantas, na
CONSIDERAÇÕES FINAIS
dependência da produção de biomassa aérea e da
concentração de sais no tecido vegetal retirado do
A necessidade de recuperação dos solos afetados por
sistema (folhas, ramos, galhos, caules). Todos os
sais, assim como aqueles que apresentam problemas de
mecanismos associados à fitorremediação dependem da
acidez e contaminação por metais pesados é
espécie de planta envolvida e das condições ambientais
fundamental, já que o recurso solo tem se tornado cada
reinantes no meio. Assim, plantas que tenham a
vez mais importante quando se pretende manejar
capacidade de aumentar a pressão parcial de CO 2 no
adequadamente os diversos sistemas produtivos
solo, de liberar mais prótons para o meio externo, de mantendo a sustentabilidade do ambiente.
adicionar mais matéria orgânica ao sistema e, finalmente, O uso de plantas para fitorremediar o solo está se
de extrair maiores quantidades de sais, seriam as mais tornando cada vez mais presente devido aos benefícios
indicadas para uso na fitorremediação de solos afetados que propiciam às propriedades químicas e físicas do solo,
por sais. Adicionalmente, é preciso que as mesmas além da possibilidade de um manejo sustentável e
tenham a capacidade de sobreviver e produzir aproveitamento dos produtos advindos dos vegetais, quer
satisfatoriamente em regiões de clima árido e semiárido, seja diretamente para o agricultor e, ou, para os animais
onde normalmente são mais frequentes os solos salinos explorados na pecuária regional.
e sódicos. Pesquisas na área de fitorremediação de solos
afetados por sais, embora escassas no Brasil, evidenciam
MANEJO DA FITORREMEDIAÇÃO a possibilidade de recuperação de solos degradados pela
salinidade e sodicidade por agricultores, especialmente
O conhecimento dos processos de acúmulo de sais aqueles com reduzidos recursos financeiros e técnicos,
nos solos é importante para que o manejo da haja vista o preço para implementação dessas
fitorremediação seja efetivo. Por exemplo, ao se “tecnologias verdes”. Nesse sentido, os resultados das
considerar um solo salino em que a fonte dessa pesquisas e os próprios ensaios experimentais devem ser
acumulação de sais é de origem primária, o processo da repassados e inseridos nessas comunidades rurais para
fitorremediação deverá ser contínuo, ou seja, é que as mesmas observem os benefícios através das
interessante que as espécies fitorremediadoras experiências in situ.
Fitorremediação de solos afetados por sais 497

As espécies adotadas para fitorremediação são as Cabral, C.D.G. Dinâmica da salinidade no sistema solo-planta
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solo-animal-homem”, precisando acontecer uma Geissler, N.; Hussin, S.; Koyro, H.W. Interactive effects of
conscientização de pesquisadores, extensionistas e NaCl salinity and elevated atmospheric CO2 concentration
respectivos órgãos de trabalho, para que só assim os on growth, photosynthesis, water relations and chemical
composition of the potential cash crop halophyte Aster
agricultores também se conscientizem sobre a sua
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adoção. As pesquisas ainda são escassas, motivo pelo p. 220–231, 2009.
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